Sustentabilidade - IHMC Public Cmaps (2)
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titutos ou fundações como canal para concretizar seus in-<br />
vestimentos sociais, com predominância das áreas de edu-<br />
cação (74%), meio ambiente (37%) e saúde (35%) (Be-<br />
ting, 2000).<br />
Evelyn Ioschpe, ex-presidente do Gife – Grupo de Insti-<br />
tutos, Fundações e Empresas, estima em um mínimo de<br />
500 milhões de dólares o montante anual de investimento<br />
em programas sociais realizado pelas empresas brasileiras.<br />
Sua estimativa se baseia no gasto de 400 milhões de dóla-<br />
res realizado em 1998 pelas 42 organizações integrantes<br />
do Gife, parte dos quais se superpõe aos 200 milhões apli-<br />
cados pelas empresas cujos programas se candidataram ao<br />
Prêmio ECO – Prêmio Contribuição Empresarial, tam-<br />
bém chamado Prêmio Empresa e Comunidade, promovi-<br />
do pela Câmara Americana de Comércio.<br />
Esses indicadores sinalizam para uma nítida tendência de<br />
crescimento no número de empresas e volume de recursos<br />
mobilizados em prol de programas sociais. Tendência aná-<br />
loga de expansão tem sido observada no tocante à temáti-<br />
ca do voluntariado empresarial. Profundamente arraiga-<br />
da no contexto norte-americano, os resultados da primei-<br />
ra pesquisa nacional 12 sobre o voluntariado nas empresas<br />
brasileiras, realizada em 1999, revelam que cresceram, nos<br />
últimos anos, as ações realizadas por empresas para pro-<br />
mover o envolvimento de seus funcionários em atividades<br />
voluntárias.<br />
Este estudo comprova que, como há décadas ocorre nos Es-<br />
tados Unidos, um número significativo de empresas bra-<br />
sileiras valoriza o voluntariado como um instrumento di-<br />
namizador de sua estratégia de gestão de recursos huma-<br />
nos. Desenvolvimento de habilidades interpessoais, lide-<br />
rança e trabalho em equipe, forma de canalização da mo-<br />
tivação do funcionário e de geração de um clima organi-<br />
zacional positivo são fatores positivos identificados com o<br />
envolvimento em ações voluntárias na comunidade.”<br />
Cardoso assinala que o fenômeno da cidadania empre-<br />
sarial no Brasil ainda esbarra em uma série de dificulda-<br />
des e obstáculos a serem superados para sua plena conso-<br />
lidação. E aqui as discrepâncias com o padrão consolidado<br />
da filantropia empresarial norte-americana ganha especial<br />
12 Ver Ceats, Senac, Gife, Ciee (1999).<br />
Programas da Comunidade Solidária e as parcerias com a iniciativa privada<br />
relevância. Um número expressivo de empresas brasileiras<br />
tem como público-alvo populações próximas de sua área<br />
de atuação, desenvolvendo programas em benefício de seus<br />
empregados e de suas famílias ou em prol da melhoria da<br />
comunidade em que está inserida. Como a grande maioria<br />
das empresas está localizada nos estados mais prósperos da<br />
Federação, essa opção por uma ação na vizinhança eviden-<br />
temente dificulta a canalização de recursos para as áreas e<br />
setores em que as necessidades são mais prementes.<br />
Ressalta-se também que na maior parte das empresas<br />
com programas sociais o gerenciamento do investimento<br />
não é feito por departamentos especializados, o que con-<br />
tribuiria para uma maior qualidade e eficiência na aplica-<br />
ção de recursos. São poucas as empresas que acompanham<br />
de perto e avaliam o que acontece com as ações sociais por<br />
elas apoiadas ou realizadas. Essa relativa deficiência de pes-<br />
soal qualificado para coordenar as ações sociais também di-<br />
ficulta a produção de um conhecimento de qualidade sobre<br />
os resultados dos projetos bem como o intercâmbio de ex-<br />
periências e a geração de sinergia entre iniciativas similares<br />
(Cardoso, 2000).<br />
A publicação regular do balanço social da empresa re-<br />
presenta a oportunidade para um salto qualitativo em ter-<br />
mos de maior visibilidade e transparência ao compromisso<br />
empresarial com a solidariedade e a cidadania. Ao contrá-<br />
rio das doações feitas a ONGs e organizações comunitárias,<br />
como nos Estados Unidos, as empresas brasileiras tendem<br />
a operar diretamente suas iniciativas filantrópicas, o que li-<br />
mita sua contribuição para o fortalecimento da capacidade<br />
operacional das organizações da sociedade civil enquanto<br />
executoras de programas sociais.<br />
Por outro lado, os incentivos fiscais às doações no Bra-<br />
sil ainda são tímidos, o que impede o florescimento do in-<br />
vestimento social de empresas e, no caso das pessoas físicas,<br />
são praticamente inexistentes, com exceção das doações aos<br />
Fundos da Criança e Adolescente.<br />
Elisabete Ferrarezi<br />
Segundo o estudo do Ipea, somente 8% das empresas<br />
pesquisadas recorreram às isenções fiscais permitidas pela<br />
legislação federal do Imposto de Renda de 1998, para re-<br />
alizar ações sociais. As deduções de impostos estaduais e<br />
municipais como, por exemplo, o ICMS ou o ISS, são ain-<br />
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