Sustentabilidade - IHMC Public Cmaps (2)
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ações de monitoramento e avaliação e para planejamento<br />
financeiro. Além de viabilizar o acompanhamento técnico-<br />
financeiro da utilização de recursos, um sistema como esse<br />
permite a negociação com as empresas, incluindo apresen-<br />
tação de cálculos de custos, definição nítida de beneficiá-<br />
rios e programação de desembolsos financeiros (Ferrarezi,<br />
2001).<br />
A visibilidade dos resultados possibilita ainda informar<br />
aos cidadãos sobre o uso de recursos de origem privada,<br />
mas com fins públicos, e permite a obtenção de legitimida-<br />
de social e política. A visibilidade do alcance dos resultados<br />
é estratégica para o processo de institucionalização e sus-<br />
tentabilidade de projetos inovadores, a longo prazo.<br />
No centro desse processo está a noção-chave de que o<br />
interesse público é não apenas dever do Estado, mas respon-<br />
sabilidade de todos. Para os empresários, a crença de que<br />
também cabe à sociedade agir é um motivador da respon-<br />
sabilidade social da empresa.<br />
A reunião de expressivas empresas em torno de interes-<br />
ses comuns, com mediações e comportamentos próprios,<br />
parece caminhar no sentido do alargamento do espaço so-<br />
cial de provimento de bens e serviços públicos, podendo<br />
vir a ter uma expressão política significativa nesse cenário,<br />
com a introdução de novos conceitos e concepções de de-<br />
senvolvimento e cidadania participativa no meio empresa-<br />
rial. Pode-se afirmar que uma das contribuições desse setor<br />
à área social foi a de trazer a “racionalidade empresarial” aos<br />
projetos sociais, refletida na preocupação com a qualidade<br />
dos serviços, a eficiência das atividades-meio (gerência de<br />
projetos, monitoramento e avaliação, gestão de recursos,<br />
etc.) e a eficácia nos resultados.<br />
São muitas as reformas necessárias para a consolidação<br />
de um arcabouço jurídico que propicie o aumento dos in-<br />
vestimentos privados no terceiro setor. Mas mesmo com<br />
esse ambiente ainda pouco propício, há indícios para acre-<br />
ditar que o investimento social das empresas ganhará cada<br />
vez mais destaque no cenário nacional, como demonstram<br />
experiências como as dos programas do Conselho da Co-<br />
munidade Solidária (que propiciam a interação entre ato-<br />
res públicos e privados nas políticas públicas, agregando a<br />
esses atores novos papéis); a crescente importância dada às<br />
estratégias de promoção do desenvolvimento local integra-<br />
do e sustentável – DLIS que combinam participação social,<br />
empresas e governos para investimento no capital humano<br />
Programas da Comunidade Solidária e as parcerias com a iniciativa privada<br />
e social das comunidades (estratégicas para o crescimento<br />
econômico e desenvolvimento sustentável), e os impera-<br />
tivos éticos da responsabilidade das empresas para com o<br />
bem comum.<br />
Elisabete Ferrarezi<br />
Elisabete Ferrarezi é mestre em Administração Pública pela FGV/SP e dou-<br />
torada em Sociologia pela UnB. Desde 1996 pertence à carreira de Especia-<br />
lista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Governo Federal, e<br />
atualmente coordena cursos para carreiras na Escola Nacional de Adminis-<br />
tração Pública – Enap. A autora agradece a colaboração das colegas da Co-<br />
munidade Solidária Rosana Sperandio, Beth Braz e Ruth Feijó, que forne-<br />
ceram dados e sugestões para este texto. Contato: elisabete.ferrarezi@enap.<br />
gov.br<br />
Elisabete Ferrarezi<br />
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