Tomo III.pdf - Ibama

mangue, com aterros e cortes de vegetação, além de cultivos agrícolas diversos como laranja,
tangerina, manga e mandioca.
De maneira geral, o local escolhido para implantação do projeto, em Aritaguá, apesar de estar
situado numa região que abriga algumas espécies remanescentes de mata atlântica, apresenta
baixa diversidade biológica e reduzida riqueza de espécies, quando comparado com outras
áreas adjacentes, como a região de Ponta da Tulha.
Mastofauna
Os trabalhos de amostragem para a mastofauna foram realizados em quatro campanhas nos
períodos de 08 a 14/05/2010 e 31/05/2010 a 05/06/2010 (período chuvoso), 16 a 22/10/2010
(período seco) e 23/05 a 08/06/2011 (período chuvoso). Foram utilizados 3 métodos de
amostragem: busca ativa em transectos, armadilhas para roedores e marsupiais e, rede para
morcegos.
A ADA forma uma poligonal com um mosaico de fitofisionomias onde predomina a cabruca
de cacau, muitas delas abandonadas. Nestas, foram observadas zonas de vegetação associada
a áreas alagáveis e utilizadas como pastagem de bovinos (búfalos domesticados). Nesse
aspecto, a presença do morcego hematófago Desmodus rotundus nos pontos 4 e 5, além de
relatos de sua agressão aos bovinos, indica que qualquer alteração ambiental nesses locais
(supressão da mata e/ou afastamento do gado) pode determinar também, alteração no
comportamento dos morcegos estimulando-os a procurarem outros locais de abrigo ou outros
mamíferos para sua alimentação, inclusive o ser humano e animais domésticos. Nesse
contexto há necessidade de maior atenção na adoção das medidas ambientais para eliminação
e/ou mitigação desse impacto.
Predomina na área uma mastofauna diversificada e com raras espécies de importância para a
conservação, características comuns em ambientes alterados. A composição de espécies
mostra que a maioria é cinegética, geralmente encontrada em ambientes perturbados, com
exceção dos caetitus (Tayassu tajacu) que raramente são observados em ambientes
densamente habitados, por efeito da elevada pressão de caça. Porém, o registro do caetitu foi
restrito ao único fragmento identificado como Floresta Ombrofila em Estagio Médio de
Regeneração, o que indica uma possível retração da fauna associada à ambientes florestados a
este fragmento. É nesse fragmento, também, que foi registrada a única espécie de importância
para a conservação, o macaco-prego Cebus xanthosthernos Wied-Neuwied, 1826, próximo da
reserva legal de uma fazenda. A presença do macaco-prego passa a dar importância ao
fragmento devido à sua inserção na categoria da IUCN (criticamente em perigo de extinção).
Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2008, Vol. II), a baixa densidade de C. xanthosternos nas matas do sul
da Bahia tem a sua explicação principalmente na caça, tanto para a alimentação, quanto para a
manutenção de indivíduos como animais de estimação e, considerando que o fragmento em
questão está isolado, a simples caça de uma uma fêmea jovem e uma fêmea adulta por ano,
nem mesmo com uma população com 740 indivíduos sobrevivendo em uma área de 20.000 ha
seria suficiente para manter a espécie por 100 anos (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2008, Vol. II).
A AID mantém em grande parte a mesma característica da ADA, porém com algumas áreas
de extrema importância ecológica como a restinga e o manguezal, ambientes restritivos e que
permitem, principalmente, espécies de hábitos especializados.
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