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análise numérica da ancoragem em ligações do tipo viga-pilar de ...

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ANÁLISE NUMÉRICA DA ANCORAGEM EM LIGAÇÕES<br />

DO TIPO VIGA-PILAR DE EXTREMIDADE<br />

Edson Costa <strong>de</strong> Assis Júnior<br />

São Carlos<br />

2005<br />

Dissertação apresenta<strong>da</strong> à Escola <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong> São Carlos <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, como<br />

requisito para a obtenção <strong>do</strong> Título<br />

<strong>de</strong> Mestre <strong>em</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />

Estruturas.<br />

Orienta<strong>do</strong>r: José Samuel Giongo


Ficha catalográfica prepara<strong>da</strong> pela Seção <strong>de</strong> Tratamento<br />

<strong>da</strong> Informação <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Biblioteca – EESC/USP<br />

Assis Júnior, Edson Costa <strong>de</strong><br />

A848a Análise <strong>numérica</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> / Edson Costa <strong>de</strong> Assis<br />

Júnior. –- São Carlos, 2005.<br />

Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) –- Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />

São Carlos-Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2005.<br />

Área: Engenharia <strong>de</strong> Estruturas.<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. José Samuel Giongo.<br />

1. Concreto arma<strong>do</strong>. 2. Concreto arma<strong>do</strong> – <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

e <strong>ligações</strong>. 3. Ligações <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

4. Análise <strong>numérica</strong>. I. Título.


As pessoas que mais amo,<br />

meus pais, Edson e Anésia e meus irmãos, Danilo e Irla.


AGRADECIMENTOS<br />

A Deus pela saú<strong>de</strong>, força, resignação, paciência e <strong>de</strong>terminação para enfrentar e<br />

superar mais um <strong>de</strong>safio na minha vi<strong>da</strong>.<br />

A minha família, <strong>em</strong> especial, meus pais, Edson Costa <strong>de</strong> Assis e Maria Anésia<br />

<strong>de</strong> Jesus Assis e meus irmãos, Danilo Bruno <strong>de</strong> Jesus Assis e Irla Bruna <strong>de</strong> Jesus Assis,<br />

pelo incentivo, amor e compreensão.<br />

Ao professor José Samuel Giongo, pela orientação e amiza<strong>de</strong> construí<strong>da</strong> ao<br />

longo <strong>de</strong>sses anos.<br />

Aos professores, Mounir Khalil El Debs e Roberto Chust <strong>de</strong> Carvalho pelas<br />

contribuições <strong>da</strong><strong>da</strong>s no exame <strong>de</strong> qualificação.<br />

Aos engenheiros <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa AEOLUS Engenharia e Consultoria Lt<strong>da</strong>, Marco<br />

Antônio Nagliati e Edmilson Roberto Gavioli, pela colaboração e fornecimento <strong>do</strong><br />

projeto que viabilizou as <strong>análise</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso.<br />

Aos colegas e companheiros <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento, Rodrigo Gustavo Delalibera,<br />

Selma Hissae Shimura <strong>da</strong> Nóbrega e Petrus Gorgônio Bulhões <strong>da</strong> Nóbrega, pelo auxílio<br />

no entendimento <strong>da</strong>s <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s.<br />

A bibliotecária Elena Luzia Palloni Gonçalves <strong>da</strong> biblioteca central <strong>da</strong> Escola <strong>de</strong><br />

Engenharia <strong>de</strong> São Carlos pelas correções <strong>da</strong>s referências.<br />

Aos professores e funcionários <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Estruturas<br />

pelo apoio <strong>da</strong><strong>do</strong> direta ou indiretamente para a realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Aos amigos e companheiros <strong>de</strong> república, Geilson Márcio Albuquerque <strong>de</strong><br />

Vasconcelos e Jefferson Lins <strong>da</strong> Silva, pelos aprendiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> convivência,<br />

companheirismo e amiza<strong>de</strong>.<br />

Aos amigos, Jerônymo Peixoto Athay<strong>de</strong> Pereira e Walter Luiz Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Oliveira, pelo acolhimento, amiza<strong>de</strong> e aju<strong>da</strong> indispensável durante este perío<strong>do</strong>.<br />

Aos d<strong>em</strong>ais conterrâneos <strong>da</strong> minha queri<strong>da</strong> Alagoas, terra que me a<strong>do</strong>tou,<br />

Alexandre (Topó), Márcio Félix, Valber Pedrosa, Fábio Lopes, Eduar<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong>,<br />

Gustavo Codá, Rafael Piatti, André Dória, Saulo Almei<strong>da</strong>, Eduar<strong>do</strong> Lucena e Antônio<br />

Netto.<br />

Aos colegas <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento e aqueles que fizeram parte <strong>da</strong> turma <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong><br />

2003, Claudius Barbosa, Wesley Wutzow, Sandra Almei<strong>da</strong>, Daniane Vicentini, Michel<br />

Mace<strong>do</strong>, Kenneth Borja, Caio Gorla, Fernan<strong>do</strong> Fontes, César Ataí<strong>de</strong>, Vladimir Haach,<br />

<strong>de</strong>ntre outros que eu não citei, pela amiza<strong>de</strong> sela<strong>da</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste t<strong>em</strong>po e pelos<br />

momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e alegria vivencia<strong>do</strong>s a ca<strong>da</strong> dia.<br />

Ao CNPq, Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico,<br />

pelo suporte financeiro.


SUMÁRIO<br />

RESUMO .........................................................................................................................8<br />

ABSTRACT.....................................................................................................................9<br />

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................10<br />

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................14<br />

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................15<br />

1.1 Consi<strong>de</strong>rações gerais.......................................................................................15<br />

1.2 Objetivo...........................................................................................................17<br />

1.3 Justificativa .....................................................................................................17<br />

1.4 Méto<strong>do</strong> ............................................................................................................17<br />

1.5 Estrutura <strong>da</strong> dissertação...................................................................................18<br />

2 ASPECTOS BÁSICOS DA ANCORAGEM ......................................................19<br />

2.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais.....................................................................................19<br />

2.2 A<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto .................................................................19<br />

2.3 Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão.............................26<br />

2.3.1 Ancorag<strong>em</strong> reta .......................................................................................26<br />

2.3.2 Ancorag<strong>em</strong> com gancho <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> ................................................28<br />

2.3.3 Ancoragens especiais ..............................................................................32<br />

2.3.3.1 Ancorag<strong>em</strong> <strong>em</strong> laço.............................................................................32<br />

2.3.3.2 Placa <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>.............................................................................33<br />

2.3.3.3 Barra transversal sol<strong>da</strong><strong>da</strong> ....................................................................34<br />

2.4 Tópicos compl<strong>em</strong>entares.................................................................................35<br />

2.4.1 Emen<strong>da</strong> por traspasse..............................................................................35<br />

2.4.2 Armadura <strong>de</strong> suspensão ..........................................................................37<br />

3 ARRANJOS CONSTRUTIVOS DAS ANCORAGENS EM LIGAÇÕES DE<br />

ELEMENTOS ESTRUTURAIS..................................................................................38<br />

3.1 Cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico ..............................................38<br />

3.1.1 Barras retas..............................................................................................38<br />

3.1.2 Barras com ganchos <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.......................................................43<br />

3.2 Decalag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> forças nas armaduras ..........................................44<br />

3.3 Ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> .........................................................................46<br />

3.4 Ancorag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração nas seções <strong>de</strong> apoio ..............................51<br />

3.5 Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>..............................53<br />

3.5.1 Ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> ...................................................................................57<br />

3.5.1.1 Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura–<strong>pilar</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.....................................57<br />

3.5.1.2 Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura–<strong>pilar</strong> intermediário ...................................62<br />

3.5.1.3 Ligação <strong>viga</strong> intermediária–<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>...............................63<br />

3.5.1.4 Ligação <strong>viga</strong> intermediária–<strong>pilar</strong> intermediário..................................67<br />

3.5.2 Ligação <strong>viga</strong>–<strong>viga</strong> ...................................................................................68<br />

3.5.3 Ligação <strong>viga</strong>–laje ....................................................................................69<br />

3.5.4 Ligação laje–laje .....................................................................................72


4 CRITÉRIOS ADOTADOS NA AVALIAÇÃO NUMÉRICA DAS<br />

ANCORAGENS NAS LIGAÇÕES .............................................................................76<br />

4.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais.....................................................................................76<br />

4.2 Procedimentos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong>.........................................................................77<br />

4.2.1 Mo<strong>de</strong>los constitutivos <strong>do</strong>s materiais .......................................................77<br />

4.2.1.1 Concreto ..............................................................................................77<br />

4.2.1.2 Aço ......................................................................................................80<br />

4.2.2 Discretização <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> <strong>análise</strong>.......................................................81<br />

4.2.2.1 Seleção <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos ........................................................................81<br />

4.3 Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)..................82<br />

4.3.1 Descrição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo experimental <strong>de</strong> Ortiz (1993) ...............................82<br />

4.3.2 Simulação <strong>numérica</strong>................................................................................85<br />

4.3.3 Resulta<strong>do</strong>s e discussões...........................................................................88<br />

5 ESTUDO DE CASO..............................................................................................94<br />

5.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais.....................................................................................94<br />

5.2 Apresentação...................................................................................................95<br />

5.3 Descrição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> ...................................96<br />

5.4 Procedimentos <strong>de</strong> concepção e <strong>análise</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos...................101<br />

5.5 Resulta<strong>do</strong>s e discussões.................................................................................106<br />

5.5.1 Ligação V325-P31 ................................................................................106<br />

5.5.1.1 Armadura superior ............................................................................106<br />

5.5.1.2 Armadura inferior..............................................................................111<br />

5.5.2 Ligação V341-P31 ................................................................................115<br />

5.5.2.1 Armadura superior ............................................................................115<br />

5.5.2.2 Armadura inferior..............................................................................120<br />

6 CONCLUSÃO .....................................................................................................124<br />

6.1 Consi<strong>de</strong>rações finais .....................................................................................124<br />

6.1.1 Quanto à <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong> ....................................................................124<br />

6.1.2 Quanto aos parâmetros <strong>de</strong> <strong>análise</strong>.........................................................125<br />

6.2 Sugestões para próximos trabalhos ...............................................................126<br />

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................128<br />

7


RESUMO<br />

ASSIS JÚNIOR, E. C. (2005). Análise <strong>numérica</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) – Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São<br />

Carlos, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, São Carlos.<br />

Este trabalho é uma contribuição ao estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> aço <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos fleti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> <strong>em</strong> edifícios usuais.<br />

São investiga<strong>da</strong>s importantes pesquisas que mostram os avanços <strong>em</strong> relação ao<br />

entendimento <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a nas últimas déca<strong>da</strong>s. É proposto um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> aferição <strong>do</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>los constitutivos <strong>do</strong>s materiais, concreto e aço, no programa <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos<br />

ADINA para verificações <strong>de</strong> projeto seguin<strong>do</strong> recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> NBR 6118:2003 e MC<br />

CEB-FIP 1990. São realiza<strong>da</strong>s <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los bidimensionais <strong>em</strong><br />

<strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> os quais são compara<strong>do</strong>s a mo<strong>de</strong>los experimentais e<br />

retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> projetos já existentes. Os parâmetros <strong>de</strong> <strong>análise</strong> são o momento <strong>de</strong><br />

fissuração e a força <strong>de</strong> tração a ancorar na seção mais solicita<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, conferi<strong>do</strong>s com<br />

valores calcula<strong>do</strong>s por méto<strong>do</strong>s analíticos e/ou expressões normativas, as tensões e<br />

<strong>de</strong>formações máximas <strong>em</strong> pontos ao longo <strong>do</strong> trecho ancora<strong>do</strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong><br />

longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e a influência <strong>da</strong> força normal. Os resulta<strong>do</strong>s revelam que as<br />

simplificações e hipóteses assumi<strong>da</strong>s para a concepção <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos são<br />

consistentes.<br />

Palavras-chave: concreto arma<strong>do</strong>, concreto arma<strong>do</strong> – <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> e <strong>ligações</strong>, <strong>ligações</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong>.


ABSTRACT<br />

ASSIS JÚNIOR, E. C. (2005). Numerical analysis of the anchorage in the exterior<br />

beam-column connections. Master's <strong>de</strong>gree dissertation – Engineering School at São<br />

Carlos, São Paulo University, São Carlos.<br />

This work contributes to the study of anchorage of longitudinal reinforc<strong>em</strong>ent steel bars<br />

in connections of flexural el<strong>em</strong>ents in reinforced concrete buildings. Some important<br />

researches are investigated showing the advances of the subject in the last <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>s. An<br />

evaluation method of material’s constitutive mo<strong>de</strong>ls, steel and concrete, using the Finite<br />

El<strong>em</strong>ent Analysis in the software ADINA is proposed, to project verifications according<br />

to NBR 6118:2003 and MC CEB-FIP 1990 recommen<strong>da</strong>tions. Comparisons between<br />

numerical analysis by using a two-dimensional mo<strong>de</strong>l of exterior beam-column<br />

connections and experimental analysis and using existing projects are ma<strong>de</strong>. The<br />

analysis parameters are the cracking moment and the anchored steel bar tension force in<br />

the most requested beam section, compared to the values calculated by analytical<br />

methods and/or <strong>de</strong>sign expressions, the maximum stresses and strains in points along to<br />

anchored steel bar of the beam longitudinal reinforc<strong>em</strong>ent and the influence of the<br />

normal force. The results show that the assumed simplifications and hypothesis for the<br />

numerical mo<strong>de</strong>l conception are consistent.<br />

Keywords: reinforced concrete, reinforced concrete – anchorage and connections,<br />

exterior beam-column connections, numerical analysis.


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 2.1 – (a) A<strong>de</strong>rência por a<strong>de</strong>são; (b) A<strong>de</strong>rência por atrito; (c) A<strong>de</strong>rência mecânica<br />

– A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995)........................................................................................20<br />

Figura 2.2 – Ensaio <strong>de</strong> arrancamento..............................................................................22<br />

Figura 2.3 – El<strong>em</strong>ento infinitesimal................................................................................22<br />

Figura 2.4 – Situações <strong>de</strong> boa e má a<strong>de</strong>rência – PROMON (1976)................................25<br />

Figura 2.5 – Esforços reais <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995). ................27<br />

Figura 2.6 – Fendilhamento cônico (barras traciona<strong>da</strong>s) – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995). .............................................................................................................................28<br />

Figura 2.7 – Fendilhamento lateral <strong>do</strong> concreto (barras comprimi<strong>da</strong>s) – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

FUSCO (1995). ...............................................................................................................28<br />

Figura 2.8 – Distribuição <strong>da</strong>s pressões no interior <strong>do</strong> gancho gradual e s<strong>em</strong>icircular –<br />

BAUER (1949) apud SILVA (1986). .............................................................................30<br />

Figura 2.9 – Ancorag<strong>em</strong> <strong>em</strong> laço – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SÜSSEKIND (1981). ........................33<br />

Figura 2.10 – Ancorag<strong>em</strong> mecânica com placas sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995). .............................................................................................................................34<br />

Figura 2.11 – Ancorag<strong>em</strong> com barras transversais sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s – NBR 6118:2003............35<br />

Figura 2.12 – Emen<strong>da</strong> por traspasse <strong>de</strong> barras traciona<strong>da</strong>s.............................................36<br />

Figura 2.13 – Tirante <strong>de</strong> suspensão – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995)............................37<br />

Figura 3.1 – Tipos <strong>de</strong> ganchos – NBR 6118:2003..........................................................43<br />

Figura 3.2 – Decalag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> momento fletor <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>:.............................44<br />

Figura 3.3 – Zona <strong>de</strong> compressão transversal – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995). ...........46<br />

Figura 3.4 – Detalhe construtivo para barras retira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviço – FUSCO (1995)......47<br />

Figura 3.5 – Cobertura <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> força <strong>de</strong> tração solicitante pelo diagrama<br />

resistente – Modifica<strong>do</strong> <strong>da</strong> NBR 6118:2003...................................................................48<br />

Figura 3.6 – Diagrama <strong>de</strong> momentos fletores <strong>de</strong> cálculo estratifica<strong>do</strong>...........................49<br />

Figura 3.7 – Ancorag<strong>em</strong> <strong>de</strong> barras <strong>em</strong> apoios intermediários – (a) prolongamentos <strong>da</strong>s<br />

barras até os apoios; (b) interrupção <strong>da</strong>s barras antes <strong>do</strong>s apoios...................................49<br />

Figura 3.8 – Procedimento prático para <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras positivas<br />

<strong>da</strong>s lajes – CUNHA e SOUZA (1994). ...........................................................................50<br />

Figura 3.9 – Procedimento prático para <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras<br />

negativas <strong>da</strong>s lajes – CUNHA e SOUZA (1994)............................................................51<br />

Figura 3.10 – (a) Barra <strong>em</strong> ponta reta; (b) Barra <strong>em</strong> gancho – PROMON (1976). ........53<br />

Figura 3.11 – Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong> a momento<br />

fletor positivo – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ............................57


Figura 3.12 – Resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong> eficiência <strong>de</strong> nós <strong>de</strong> pórticos e esta<strong>do</strong><br />

fissura<strong>do</strong> <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> para os arranjos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> NILSSON e LOSBERG<br />

(1976). .............................................................................................................................58<br />

Figura 3.13 – Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong> a momento<br />

fletor negativo – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ...........................59<br />

Figura 3.14 – a) Espaçamento entre as barras e b) Detalhamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> – Modifica<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978)............................................................................60<br />

Figura 3.15 – Emen<strong>da</strong> por traspasse no nó – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG<br />

(1978). .............................................................................................................................61<br />

Figura 3.16 – Arranjo <strong>de</strong> armaduras proposto para h > 1, 5h<br />

– MC CEB-FIP 1990. ....61<br />

v p<br />

Figura 3.17 – Panorama <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> tensões elásticas na ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura –<br />

<strong>pilar</strong> intermediário e <strong>de</strong>talhamento recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> – LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

.........................................................................................................................................62<br />

Figura 3.18 – Viga engasta<strong>da</strong> elasticamente <strong>em</strong> <strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ...............................................................................63<br />

Figura 3.19 – Mecanismos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> tensões – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ (1993). 65<br />

Figura 3.20 – Arranjos <strong>de</strong> armaduras propostos para a ligação <strong>viga</strong> intermediária – <strong>pilar</strong><br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ..........................66<br />

Figura 3.21 – Mo<strong>de</strong>los e arranjos <strong>de</strong> armaduras para ligação <strong>viga</strong> intermediária – <strong>pilar</strong><br />

intermediário – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978). .............................67<br />

Figura 3.22 – Fluxo <strong>de</strong> tensões na ligação <strong>viga</strong>-<strong>viga</strong> – LEONHARDT e MÖNNIG<br />

(1978). .............................................................................................................................68<br />

Figura 3.23 – Zona <strong>de</strong> distribuição <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> suspensão – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ...............................................................................68<br />

Figura 3.24 – Engastamento parcial <strong>da</strong> ligação <strong>viga</strong>-laje – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978). ...............................................................................70<br />

Figura 3.25 – Engastamento na <strong>viga</strong> <strong>de</strong> apoio – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e<br />

MÖNNIG (1978).............................................................................................................70<br />

Figura 3.26 – Laje <strong>em</strong> balanço pendura<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma <strong>viga</strong> inverti<strong>da</strong> – LEONHARDT e<br />

MÖNNIG (1978).............................................................................................................71<br />

Figura 3.27 – Momentos fletores e forças normais <strong>de</strong> tração – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995). .............................................................................................................................73<br />

Figura 3.28 – Arranjos típicos <strong>da</strong>s armaduras para reservatório eleva<strong>do</strong> – CUNHA e<br />

SOUZA (1994)................................................................................................................74<br />

Figura 3.29 – Arranjos típicos <strong>da</strong>s armaduras para reservatório enterra<strong>do</strong> – CUNHA e<br />

SOUZA (1994)................................................................................................................75<br />

Figura 4.1 – Relação uniaxial tensão-<strong>de</strong>formação <strong>do</strong> concreto – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA<br />

(2002). .............................................................................................................................77<br />

Figura 4.2 – Relação uniaxial tensão-<strong>de</strong>formação <strong>do</strong> aço...............................................80<br />

Figura 4.3 – El<strong>em</strong>ento finito 2-D SOLID – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA 8.0 (2002).............81<br />

Figura 4.4 – El<strong>em</strong>ento finito TRUSS – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA 8.0 (2002)....................82<br />

11


Figura 4.5 – Ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> BCJ2 (Da<strong>do</strong>s geométricos) – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ<br />

(1993). .............................................................................................................................83<br />

Figura 4.6 – Instrumentação <strong>da</strong> barra <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong> – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ORTIZ (1993). ................................................................................................................84<br />

Figura 4.7 – Detalhe <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> na região <strong>do</strong><br />

nó – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ (1993)....................................................................................84<br />

Figura 4.8 – Disposição geométrica <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo numérico <strong>da</strong> ligação BCJ2. .................85<br />

Figura 4.9 – Disposição <strong>da</strong> malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos <strong>da</strong> ligação BCJ2.......................86<br />

Figura 4.10 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-1......................89<br />

Figura 4.11 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-2......................90<br />

Figura 4.12 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-3......................90<br />

Figura 4.13 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-4......................91<br />

Figura 4.14 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-5......................91<br />

Figura 5.1 – Quarta parte <strong>da</strong> forma estrutural <strong>do</strong> pavimento-<strong>tipo</strong>...................................95<br />

Figura 5.2 – Detalhamento <strong>da</strong>s armaduras longitudinais e transversais <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s na<br />

ligação com o <strong>pilar</strong> P31: (a) V325; (b) V341; (c) Seção transversal. .............................97<br />

Figura 5.3 – Disposição <strong>da</strong>s armaduras longitudinal e transversal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> P31: .........100<br />

Figura 5.4 – Simplificações quanto à disposição <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s.<br />

.......................................................................................................................................102<br />

Figura 5.5 – Pontos <strong>de</strong> medição na armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong>: .............................105<br />

Figura 5.6 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-1. .............................................................................................106<br />

Figura 5.7 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-2. .............................................................................................107<br />

Figura 5.8 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-3. .............................................................................................107<br />

Figura 5.9 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-4. .............................................................................................111<br />

Figura 5.10 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-5. .............................................................................................112<br />

Figura 5.11 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-6. .............................................................................................112<br />

Figura 5.12 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-1. .............................................................................................115<br />

Figura 5.13 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-2. .............................................................................................116<br />

Figura 5.14 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-3. .............................................................................................116<br />

Figura 5.15 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-4. .............................................................................................117<br />

12


Figura 5.16 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-5. .............................................................................................120<br />

Figura 5.17 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-6. .............................................................................................121<br />

Figura 5.18 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-7. .............................................................................................121<br />

Figura 5.19 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-8. .............................................................................................122<br />

13


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 2.1 – Valores <strong>do</strong> coeficiente α 0t (NBR 6118:2003)...........................................36<br />

Tabela 3.1 – Coeficientes para os fatores redutores <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

(IBRACON, 2003). .........................................................................................................40<br />

Tabela 3.2 – Valores <strong>de</strong> c d , k e λ (IBRACON, 2003). ................................................40<br />

Tabela 3.3 – Fatores <strong>de</strong> majoração e/ou minoração <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>. ....42<br />

Tabela 3.4 – Diâmetros <strong>do</strong>s pinos <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento – NBR 6118:2003............................43<br />

Tabela 4.1 – Valores <strong>do</strong> coeficiente α F (MC CEB-FIP 1990). .....................................80<br />

Tabela 4.2 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais <strong>do</strong> pórtico BCJ2..............................................87<br />

Tabela 4.3 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos verifica<strong>do</strong>s. ......92<br />

Tabela 4.4 – Valores <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra nos pontos E-2 e E-3........................92<br />

Tabela 5.1 – Momento resistente <strong>de</strong> cálculo, força última correspon<strong>de</strong>nte e força<br />

aplica<strong>da</strong> nas <strong>viga</strong>s..........................................................................................................103<br />

Tabela 5.2 – Valores <strong>da</strong> força normal e <strong>da</strong> pressão aplica<strong>da</strong> nos mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>.<br />

.......................................................................................................................................103<br />

Tabela 5.3 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> V325-P31 e V341-P31.............104<br />

Tabela 5.4 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325...................................................................................109<br />

Tabela 5.5 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V325 na seção na face <strong>do</strong> apoio....................................................................................110<br />

Tabela 5.6 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325. ...................................................................................113<br />

Tabela 5.7 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V325 na seção na face <strong>do</strong> apoio....................................................................................114<br />

Tabela 5.8 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341...................................................................................118<br />

Tabela 5.9 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V341 na seção na face <strong>do</strong> apoio....................................................................................119<br />

Tabela 5.10 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341. ...................................................................................123<br />

Tabela 5.11 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V341 na seção na face <strong>do</strong> apoio....................................................................................123


1 Introdução<br />

1.1 Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

No advento <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong> como alternativa para concepção <strong>de</strong> estruturas<br />

<strong>em</strong> geral, as <strong>ligações</strong> eram ti<strong>da</strong>s como simples “prolongamentos” <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos<br />

suporta<strong>do</strong>s nos apoios, pois, acreditava-se que o comportamento estrutural ao longo <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong> peça fosse invariável e uniforme. Ao passar <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po percebeu-se que, <strong>em</strong>bora a<br />

estrutura estivesse corretamente dimensiona<strong>da</strong>, ocorriam sérios probl<strong>em</strong>as ou até<br />

mesmo a ruína <strong>da</strong>s edificações geralmente na região <strong>de</strong> encontro <strong>da</strong>s peças.<br />

Esse probl<strong>em</strong>a motivou o surgimento <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s para o pleno entendimento <strong>do</strong><br />

fluxo <strong>de</strong> tensões nas <strong>ligações</strong> a fim <strong>de</strong> se obter arranjos ótimos <strong>da</strong>s armaduras que<br />

garantiss<strong>em</strong> a sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e exeqüibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Com o avanço <strong>da</strong>s pesquisas,<br />

observou-se que a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>da</strong>s armaduras é uma <strong>da</strong>s possíveis causas<br />

para a ruína <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>.<br />

Nos el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>, a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> t<strong>em</strong> como<br />

finali<strong>da</strong><strong>de</strong> assegurar a soli<strong>da</strong>rização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is materiais, barras ou fios <strong>de</strong> aço e concreto,<br />

que é a própria justificativa <strong>da</strong> existência <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong> como material estrutural.<br />

É oportuno l<strong>em</strong>brar que o concreto absorve as <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> compressão, sen<strong>do</strong> que<br />

as <strong>de</strong> tração, por conseguinte, são absorvi<strong>da</strong>s por barras <strong>de</strong> aço nas regiões on<strong>de</strong> elas<br />

ocorr<strong>em</strong>.<br />

A eficiência <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> não está vincula<strong>da</strong> às tensões longitudinais, mas sim<br />

às tensões atuantes na seção transversal <strong>da</strong> barra a ser ancora<strong>da</strong>. Visan<strong>do</strong> melhores<br />

condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, essas tensões <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong> compressão. Portanto, é preferível


Introdução<br />

que as barras ancora<strong>da</strong>s estejam situa<strong>da</strong>s <strong>em</strong> zonas <strong>de</strong> compressão perpendiculares ao<br />

eixo <strong>da</strong>s barras, conforme Fusco (1995).<br />

As pontas <strong>da</strong>s barras ancora<strong>da</strong>s pod<strong>em</strong> ser retas ou curvas. Fusco (1995) relatou<br />

que nas ancoragens retas, as forças são transmiti<strong>da</strong>s por solicitações tangenciais. Nas<br />

ancoragens curvas, parte <strong>da</strong> força a ancorar é transmiti<strong>da</strong> para o concreto por<br />

compressão (solicitações normais) e não apenas por solicitações tangenciais. Contu<strong>do</strong>,<br />

essas tensões são acompanha<strong>da</strong>s por tensões transversais <strong>de</strong> tração que tend<strong>em</strong> a<br />

provocar o fendilhamento <strong>do</strong> concreto. Nos trechos curvos, on<strong>de</strong> estão concentra<strong>da</strong>s as<br />

tensões normais, há um aumento na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> por atrito.<br />

Os fatores relevantes para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s<br />

barras <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos fleti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> são: conformação superficial <strong>da</strong>s<br />

barras, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e resistência <strong>do</strong> concreto, posição <strong>da</strong> armadura <strong>em</strong> relação às etapas <strong>de</strong><br />

concretag<strong>em</strong>, as forças <strong>de</strong> tração nas barras e o arranjo <strong>da</strong> própria <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com os critérios <strong>de</strong> dimensionamento e <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s armaduras<br />

<strong>de</strong> tração ancora<strong>da</strong>s por a<strong>de</strong>rência, estabeleci<strong>do</strong>s pela NBR 6118:2003, apenas parte <strong>da</strong>s<br />

barras <strong>da</strong>s armaduras <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos suporta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser leva<strong>da</strong>s aos apoios. As barras<br />

prolonga<strong>da</strong>s até os apoios, <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais lineares e bidimensionais, para<br />

ser<strong>em</strong> convenient<strong>em</strong>ente ancora<strong>da</strong>s necessitam, não só <strong>do</strong> que foi exposto nos<br />

parágrafos anteriores, mas também <strong>de</strong> condições geométricas, isto é, dimensões <strong>do</strong>s<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> apoio na direção <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento estrutural analisa<strong>do</strong>, suficientes para<br />

transferir a força a ancorar.<br />

Já as ancoragens <strong>da</strong>s barras tira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviço (<strong>de</strong>calag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagramas <strong>de</strong><br />

momentos fletores) antes <strong>do</strong>s apoios são verifica<strong>da</strong>s com as condições <strong>de</strong> resistência <strong>do</strong><br />

concreto e <strong>do</strong> aço, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário para transferir as<br />

forças atuantes nas barras para o concreto que as envolve.<br />

A razão <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> enfoca uma questão claramente abor<strong>da</strong><strong>da</strong> na norma<br />

brasileira aqui trata<strong>da</strong>, sobre as condições que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser satisfeitas pelas armaduras<br />

longitudinais <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a absorver as forças <strong>de</strong> tração junto aos apoios. Em gran<strong>de</strong><br />

parte <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> edifícios, as <strong>viga</strong>s têm larguras <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s <strong>em</strong> função<br />

<strong>da</strong>s espessuras <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alvenaria, que na maioria <strong>da</strong>s situações leva o projetista a<br />

a<strong>do</strong>tar valores entre 10cm e 20cm. Por isso, verifica-se que <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações,<br />

a área <strong>de</strong> aço <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais prolonga<strong>da</strong>s até <strong>viga</strong>s estreitas e<br />

<strong>pilar</strong>es com a menor dimensão paralela ao eixo <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, não aten<strong>de</strong> ao critério quanto à<br />

16


Objetivo<br />

área <strong>de</strong> aço necessária para garantir a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> diagonal <strong>de</strong> compressão e resistir à<br />

força <strong>de</strong> tração ( R st ) .<br />

Por causa <strong>da</strong>s pequenas espessuras disponíveis para <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras<br />

pod<strong>em</strong> ser necessários ganchos nas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, os quais <strong>em</strong> alguns casos, também são<br />

insuficientes conforme a verificação <strong>da</strong> força a ancorar nos apoios. Com isso, supõe-se<br />

que outros mecanismos colabor<strong>em</strong> significativamente para garantir uma <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

segura <strong>da</strong>s armaduras <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos suporta<strong>do</strong>s.<br />

1.2 Objetivo<br />

Os objetivos <strong>do</strong> trabalho foram avaliar numericamente <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong><strong>pilar</strong><br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> e aprofun<strong>da</strong>r os conhecimentos a respeito <strong>do</strong> comportamento <strong>da</strong>s<br />

<strong>ligações</strong> entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>, principalmente com relação as<br />

ancoragens <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais.<br />

1.3 Justificativa<br />

A limitação <strong>da</strong>s dimensões <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos estruturais e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

aten<strong>de</strong>r aos critérios <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> pod<strong>em</strong> ocasionar o congestionamento <strong>da</strong>s armaduras<br />

que concorr<strong>em</strong> na região <strong>de</strong> encontro <strong>da</strong>s peças. Por causa <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> armadura nas<br />

<strong>ligações</strong>, essas regiões oferec<strong>em</strong> condições mais difíceis <strong>de</strong> concretag<strong>em</strong>. Por isso, é<br />

imprescindível averiguar o comportamento <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>.<br />

1.4 Méto<strong>do</strong><br />

O méto<strong>do</strong> <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> se fun<strong>da</strong>mentou <strong>em</strong> revisão bibliográfica acerca <strong>de</strong><br />

trabalhos já <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e disponíveis na literatura técnica a respeito <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e<br />

algumas <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s com base <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los teóricos.<br />

Posteriormente, foram conduzi<strong>da</strong>s simulações <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los bidimensionais, no<br />

programa Automatic Dynamic Incr<strong>em</strong>ental Nonlinear Analysis – ADINA (2002), <strong>de</strong><br />

<strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos estruturais já existentes.<br />

A avaliação <strong>numérica</strong> teve como propósitos, a verificação <strong>do</strong> comportamento<br />

<strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> <strong>em</strong> termos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações <strong>em</strong> pontos<br />

17


Introdução<br />

localiza<strong>do</strong>s na região <strong>do</strong> nó, <strong>do</strong> momento <strong>de</strong> fissuração e <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração a ancorar na<br />

seção mais solicita<strong>da</strong> e a <strong>análise</strong> <strong>da</strong> influência <strong>da</strong> força normal atuante nos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong><br />

apoio nas regiões no<strong>da</strong>is.<br />

1.5 Estrutura <strong>da</strong> dissertação<br />

A dissertação foi estrutura<strong>da</strong> <strong>em</strong> seis capítulos resumi<strong>da</strong>mente apresenta<strong>do</strong>s a<br />

seguir:<br />

− O capítulo 1 expõe uma breve introdução a respeito <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a proposto, o objetivo<br />

e a justificativa que motivaram a pesquisa, e o méto<strong>do</strong> <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> trabalho;<br />

− O capítulo 2 apresenta os aspectos básicos relativos à <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> como, sua<br />

relação com a a<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto e outras variáveis que<br />

interfer<strong>em</strong> no seu comportamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, e os <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

comumente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s nas <strong>ligações</strong> entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto<br />

arma<strong>do</strong> <strong>de</strong> edificações usuais;<br />

− O capítulo 3 trata <strong>de</strong> uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> <strong>da</strong>s prescrições normativas sobre<br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s pesquisas que revelam sua participação no<br />

comportamento <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>;<br />

− O capítulo 4 traz to<strong>da</strong> discussão sobre o méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong>,<br />

b<strong>em</strong> como as consi<strong>de</strong>rações e hipóteses assumi<strong>da</strong>s, e um ex<strong>em</strong>plo preliminar<br />

para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002);<br />

− O capítulo 5 mostra um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso real <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um edifício resi<strong>de</strong>ncial <strong>em</strong> concreto arma<strong>do</strong>;<br />

− O capítulo 6 apresenta as conclusões <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> e as propostas para os<br />

próximos trabalhos.<br />

18


2 Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

2.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais<br />

O princípio <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é assegurar que as forças atuantes <strong>de</strong> tração e/ou <strong>de</strong><br />

compressão sejam transferi<strong>da</strong>s na massa <strong>de</strong> concreto adjacente as barras <strong>da</strong> armadura.<br />

Essa transferência só existe por causa <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência gera<strong>da</strong>s a partir <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento relativo entre o concreto e o aço. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa consi<strong>de</strong>ração, neste<br />

contexto são apresenta<strong>do</strong>s os diversos <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> comumente<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s na construção civil para obras <strong>em</strong> concreto arma<strong>do</strong>.<br />

O texto <strong>de</strong>ste capítulo apresenta os <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> que são usa<strong>do</strong>s apenas<br />

nas <strong>ligações</strong> entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>, por isso, o levantamento<br />

bibliográfico privilegia os tópicos relaciona<strong>do</strong>s a essas regiões haven<strong>do</strong>,<br />

consequent<strong>em</strong>ente, algumas limitações.<br />

Nessa etapa são apresenta<strong>da</strong>s às i<strong>de</strong>alizações <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> transferências<br />

<strong>da</strong>s tensões, <strong>em</strong> especial <strong>da</strong>s barras nervura<strong>da</strong>s, e a evolução nos estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s ancoragens<br />

e <strong>do</strong>s parâmetros inerentes.<br />

2.2 A<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto<br />

A concepção <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> consiste na intrínseca<br />

união entre o aço e o concreto. A relação entre esses <strong>do</strong>is materiais <strong>de</strong> naturezas<br />

diferentes se estabelece por meio <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência que funciona como um mecanismo <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> tensões, que garante a compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações entre a<br />

armadura e as fibras circunvizinhas <strong>de</strong> concreto.


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

A a<strong>de</strong>rência po<strong>de</strong> ser dividi<strong>da</strong> esqu<strong>em</strong>aticamente <strong>em</strong> três segmentos: a<strong>de</strong>rência<br />

por a<strong>de</strong>são, por atrito e mecânica (Figura 2.1). Embora conste na literatura, na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminá-las experimentalmente <strong>em</strong> separa<strong>do</strong>.<br />

A a<strong>de</strong>rência por a<strong>de</strong>são funciona como uma colag<strong>em</strong> entre a nata <strong>de</strong> cimento e a<br />

armadura oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> físico-químicas existentes entre ambos. Tal proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, basicamente, <strong>da</strong> aspereza e <strong>da</strong> limpeza superficial <strong>da</strong>s barras. Contu<strong>do</strong>, apenas<br />

esse efeito é insuficiente para resistir a pequenos escorregamentos o que propiciam a<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong>ssa ligação entre os materiais. Para fins usuais, consi<strong>de</strong>ra-se essa parcela<br />

seja <strong>de</strong>struí<strong>da</strong> pelas ações <strong>de</strong> serviço ou retração <strong>do</strong> concreto.<br />

Ao passo que haja um pequeno <strong>de</strong>slocamento relativo e seja <strong>de</strong>struí<strong>da</strong> a ligação<br />

por a<strong>de</strong>são, surge o efeito <strong>de</strong> atrito inerente à rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s armaduras e <strong>da</strong>s pressões<br />

transversais às quais as barras são submeti<strong>da</strong>s. Essas pressões são provenientes <strong>da</strong>s<br />

tensões <strong>de</strong> compressão transversais causa<strong>da</strong>s pelas ações, pela retração ou expansão <strong>do</strong><br />

concreto.<br />

Com a relação à a<strong>de</strong>rência mecânica, essa parcela torna-se evi<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong> as<br />

barras <strong>da</strong> armadura são nervura<strong>da</strong>s, pois as saliências propositais, nas <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s<br />

“barras <strong>de</strong> alta a<strong>de</strong>rência” atuam como peças <strong>de</strong> apoio, mobilizan<strong>do</strong> tensões <strong>de</strong><br />

compressão no concreto. Entretanto, nas barras lisas, esse efeito mecânico também está<br />

presente <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s superficiais no processo <strong>de</strong> fabricação <strong>do</strong> aço.<br />

F b1<br />

Fb1<br />

(a)<br />

concreto<br />

aço<br />

barras lisas<br />

F b2<br />

g<br />

t<br />

(c)<br />

(b)<br />

g t<br />

τb<br />

barras nervura<strong>da</strong>s<br />

Figura 2.1 – (a) A<strong>de</strong>rência por a<strong>de</strong>são; (b) A<strong>de</strong>rência por atrito; (c) A<strong>de</strong>rência mecânica<br />

– A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995).<br />

Fb2<br />

F b2<br />

20


A<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto<br />

Sob o aspecto prático, a ligação entre os el<strong>em</strong>entos constituintes <strong>do</strong> concreto<br />

arma<strong>do</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> tensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e sua distribuição ao<br />

longo <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong> contato cuja eficiência é quantifica<strong>da</strong> mediante a relação tensão<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência versus <strong>de</strong>slizamento, a qual representa a variação <strong>da</strong> tensão que surge na<br />

interface <strong>do</strong> aço com o concreto, relaciona<strong>da</strong> ao <strong>de</strong>slocamento relativo entre a barra <strong>da</strong><br />

armadura e o concreto envolvente. Valores máximos <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>slizamento pod<strong>em</strong> ser<br />

usa<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>finir a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência, geralmente associa<strong>do</strong>s a um certo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação e fissuração.<br />

O surgimento <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência está vincula<strong>do</strong> à variação <strong>da</strong>s tensões no<br />

aço ao longo <strong>do</strong> segmento <strong>de</strong> barra. Para isso, Leonhardt e Mönnig (1977) citaram as<br />

seguintes causas:<br />

a) Ações: as quais estão atribuí<strong>da</strong>s às alterações <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> tração e compressão no<br />

aço;<br />

b) Fissuras: propiciam o surgimento <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong>s concentrações <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência;<br />

c) Forças <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> nos extr<strong>em</strong>os <strong>da</strong>s barras: <strong>de</strong>ve-se garantir a transferência <strong>da</strong><br />

força atuante na barra para o concreto por meio <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência;<br />

d) Variações <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura: saben<strong>do</strong>-se que a condutibili<strong>da</strong><strong>de</strong> térmica <strong>do</strong> aço é maior e<br />

mais acelera<strong>da</strong> que a <strong>do</strong> concreto, nas situações <strong>em</strong> que os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> concreto estão<br />

sujeitos a altas t<strong>em</strong>peraturas, como num incêndio, as tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência imped<strong>em</strong> que<br />

as barras se dilat<strong>em</strong> livr<strong>em</strong>ente até que se atinja o valor máximo <strong>de</strong>ssas tensões<br />

ocasionan<strong>do</strong> a ruptura <strong>do</strong> cobrimento <strong>de</strong> concreto;<br />

e) Retração <strong>do</strong> concreto: conceitua-se como <strong>de</strong>formação volumétrica causa<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> água <strong>do</strong> concreto <strong>em</strong> contato com o ar <strong>em</strong> que, <strong>da</strong><strong>da</strong> a expulsão <strong>da</strong> água inicialmente<br />

nas fibras externas, surg<strong>em</strong> <strong>de</strong>formações diferenciais entre a periferia e o núcleo,<br />

ocasionan<strong>do</strong> tensões auto-equilibra<strong>da</strong>s que provocam a fissuração <strong>do</strong> concreto;<br />

f) Deformação lenta <strong>em</strong> peças comprimi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> concreto: trata-se <strong>de</strong> um acréscimo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que, manti<strong>do</strong> o carregamento constante, ocorre uma<br />

migração <strong>da</strong> água quimicamente inerte para regiões <strong>do</strong> concreto on<strong>de</strong> a mesma já tenha<br />

evapora<strong>do</strong> proporcionan<strong>do</strong> o encurtamento <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento estrutural e o acréscimo nas<br />

tensões <strong>de</strong> compressão atuantes nas barras <strong>de</strong> aço.<br />

Da<strong>da</strong> à complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> que envolve a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência, o ensaio <strong>de</strong><br />

arrancamento (Pullout test), padroniza<strong>do</strong> pela RILEM/CEB/FIP, tornou-se o mais<br />

tradicional méto<strong>do</strong> para avaliação <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (Figura 2.2).<br />

21


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> uma força <strong>de</strong> tração F t na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> saliente <strong>da</strong> barra, essa<br />

provoca o surgimento <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o perímetro <strong>da</strong> barra que está <strong>em</strong><br />

contato com o concreto. Escreven<strong>do</strong> a relação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>da</strong>s forças atuantes num<br />

el<strong>em</strong>ento infinitesimal conforme a Figura 2.3, encontra-se o seguinte valor <strong>de</strong> τ b<br />

(tensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

A ⋅σ +π⋅φ⋅τ ⋅ dx= A ⋅σ + A ⋅dσ As dσs φ dσs<br />

τ b = ⋅ →τ b = ⋅<br />

π⋅φ dx 4 dx<br />

s s b s s s s<br />

A s : área <strong>da</strong> seção transversal <strong>da</strong> barra <strong>de</strong> aço;<br />

φ : diâmetro <strong>da</strong> barra;<br />

u =π⋅φ: perímetro <strong>da</strong> barra.<br />

τb τb<br />

dx<br />

F t<br />

φ<br />

τ b<br />

Ft


A<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto<br />

Em relação ao comportamento teórico <strong>da</strong>s tensões, (Figura 2.2), há duas<br />

condições as quais relacionam a força <strong>de</strong> tração ( t F ) e a força última ( F tu ). Quan<strong>do</strong><br />

Ft < Ftu,<br />

a a<strong>de</strong>rência é mobiliza<strong>da</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong> comprimento <strong>da</strong> barra. Para Ft = Ftu,<br />

ocorre<br />

o arrancamento <strong>da</strong> barra, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a soli<strong>da</strong>rização existente entre os materiais e a<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> última <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é atingi<strong>da</strong>. Entretanto, para os fins <strong>do</strong> ensaio, a força<br />

última <strong>de</strong> arrancamento é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> mediante o <strong>de</strong>slocamento convencional <strong>da</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> oposta à aplicação <strong>da</strong> força visto que antes <strong>do</strong> arrancamento <strong>da</strong> barra há<br />

uma propagação continua<strong>da</strong> <strong>da</strong>s fissuras no concreto que enfatiza o fim <strong>da</strong> ligação entre<br />

os el<strong>em</strong>entos constituintes.<br />

To<strong>da</strong>via, alguns pesquisa<strong>do</strong>res observaram quanto à vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ensaio <strong>de</strong><br />

arrancamento para a avaliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras. A questão é que<br />

a distribuição <strong>de</strong> tensões obti<strong>da</strong> nesse ensaio diverge <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas regiões <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>, pois existe uma compressão longitudinal<br />

<strong>do</strong> concreto a qual não há nas zonas <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> tração <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s<br />

fleti<strong>da</strong>s. Logo, é recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras seja verifica<strong>da</strong><br />

por meio <strong>do</strong> ensaio com mo<strong>de</strong>lo <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong> (SILVA, 1986; FUSCO, 1995).<br />

A <strong>de</strong>scrição minuciosa <strong>de</strong>sse ensaio foi apresenta<strong>da</strong> por Moreno Júnior e Rossi<br />

(2002) que estu<strong>da</strong>ram o fluxo <strong>de</strong> tensões na região <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> uma barra numa<br />

<strong>viga</strong> <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> com concreto <strong>de</strong> alta resistência a fim <strong>de</strong> avaliar a influência<br />

<strong>da</strong> resistência à compressão <strong>do</strong> concreto e o comportamento <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />

Para a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong> cálculo ( f bd ), o MC CEB-<br />

FIP 1990 e a NBR 6118:2003 a<strong>do</strong>tam uma expressão que representa a média <strong>da</strong><br />

resistência uma vez que sua variação não é uniform<strong>em</strong>ente distribuí<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong><br />

barra. Assim,<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

f = f γ<br />

ctd ctk ,inf c<br />

η = 1, 0 para as barras lisas;<br />

1<br />

η = 1, 4 para barras entalha<strong>da</strong>s;<br />

1<br />

f = η⋅η⋅η⋅ f<br />

(2.2)<br />

bd 1 2 3 ctd<br />

23


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

η = 2, 25 para barras nervura<strong>da</strong>s;<br />

1<br />

η = 1, 0 para situações <strong>de</strong> boa a<strong>de</strong>rência;<br />

2<br />

η = 0,7 para situações <strong>de</strong> má a<strong>de</strong>rência;<br />

2<br />

η = 1, 0 para φ ≤ 32mm ;<br />

3<br />

η 3 = ( 132 −φ ) 100 para φ> 32mm .<br />

On<strong>de</strong>:<br />

φ é o diâmetro <strong>da</strong> barra, <strong>em</strong> mm.<br />

Como se percebe, a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente <strong>da</strong><br />

conformação superficial <strong>da</strong> barra, <strong>da</strong> localização <strong>da</strong> barra no el<strong>em</strong>ento estrutural,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as zonas <strong>de</strong> boa ou má a<strong>de</strong>rência, <strong>do</strong> diâmetro <strong>da</strong>s barras e <strong>da</strong> resistência à<br />

tração <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> concreto ( f ctd ) .<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s fatores relativos aos coeficientes <strong>de</strong> conformação superficial<br />

é feita segun<strong>do</strong> as prescrições <strong>da</strong> NBR 7477:1982 que por meio <strong>do</strong>s ensaios <strong>de</strong> tração<br />

simétrica (tirantes) estabelec<strong>em</strong> os valores <strong>de</strong> conformação superficial mínimo para<br />

ca<strong>da</strong> categoria <strong>de</strong> aço, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> às recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> NBR 7480:1996 relaciona<strong>da</strong>s a<br />

esse aspecto.<br />

Soroushian e Choi (1989) verificaram que o diâmetro <strong>da</strong>s barras exerce pouca<br />

influência na variação <strong>da</strong> resistência última <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e na curva tensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência<br />

versus <strong>de</strong>slizamento. Segun<strong>do</strong> os autores, a tensão última <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e o diâmetro <strong>da</strong>s<br />

barras são inversamente proporcionais. Na região pré-pico <strong>da</strong> curva, as tensões <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rência tend<strong>em</strong> a ser maior quão menor for o diâmetro <strong>da</strong> barra. Contu<strong>do</strong>, essa<br />

tendência é menos significativa na região pós-pico on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formações.<br />

Quanto às zonas <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, essas regiões estão especifica<strong>da</strong>s na Figura 2.4,<br />

sen<strong>do</strong> que as regiões I são <strong>de</strong> boa a<strong>de</strong>rência e as regiões II são as <strong>de</strong> má a<strong>de</strong>rência. A<br />

NBR 6118:2003 estabelece <strong>em</strong> boa situação quanto à a<strong>de</strong>rência os trechos que se<br />

enquadr<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma <strong>da</strong>s seguintes posições:<br />

a) com inclinação maior que 45° <strong>em</strong> relação a horizontal;<br />

b) para o caso <strong>de</strong> barra horizontal ou com inclinação menor que 45° com a horizontal,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que localiza<strong>da</strong>s no máximo a 30cm acima <strong>da</strong> face inferior <strong>da</strong> peça ou junta <strong>de</strong><br />

concretag<strong>em</strong> mais próxima;<br />

c) quan<strong>do</strong> a peça tiver altura máxima <strong>de</strong> 30cm;<br />

24


A<strong>de</strong>rência entre o aço e o concreto<br />

d) quan<strong>do</strong> a altura <strong>da</strong> peça for menor <strong>do</strong> que 60cm, a região que dista 30cm a partir <strong>da</strong><br />

face inferior;<br />

e) exceto nos 30cm superiores <strong>de</strong> peças com espessura maior que 60cm;<br />

f) nos casos <strong>de</strong> lajes e <strong>viga</strong>s concreta<strong>da</strong>s simultaneamente, a parte inferior po<strong>de</strong> estar <strong>em</strong><br />

uma região <strong>de</strong> boa a<strong>de</strong>rência e a superior <strong>em</strong> região <strong>de</strong> má e a laje, se tiver espessura<br />

menor <strong>do</strong> que 30cm estará <strong>em</strong> uma região <strong>de</strong> boa a<strong>de</strong>rência.<br />

II<br />

I<br />

h < 30<br />

f<br />

I<br />

α


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o coeficiente <strong>de</strong> minoração <strong>da</strong> resistência <strong>do</strong> concreto, γ c = 1,4 , t<strong>em</strong>-se o<br />

valor <strong>da</strong><strong>do</strong> na eq.(2.4).<br />

0, 21 ck f<br />

f ctd = ⋅<br />

γ<br />

23<br />

23<br />

ctd ck<br />

c<br />

(2.3)<br />

f = 0,15⋅<br />

f<br />

(2.4)<br />

Uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> ampla sobre o comportamento <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>em</strong> estruturas <strong>de</strong><br />

concreto arma<strong>do</strong>, assim como a influência <strong>de</strong> fatores os quais não são trata<strong>do</strong>s com<br />

maiores <strong>de</strong>talhes, como, classe <strong>do</strong> aço; resistência <strong>de</strong> escoamento <strong>do</strong> aço; número <strong>de</strong><br />

barras <strong>em</strong> uma mesma cama<strong>da</strong>; armadura transversal; <strong>tipo</strong>, veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e duração <strong>da</strong><br />

ação; número <strong>de</strong> ciclos e amplitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> ação cíclica, <strong>de</strong>ntre outros, pod<strong>em</strong> ser<br />

encontra<strong>da</strong>s <strong>em</strong> Fernan<strong>de</strong>s (2000) e Castro (2002).<br />

2.3 Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão<br />

2.3.1 Ancorag<strong>em</strong> reta<br />

Nas barras nervura<strong>da</strong>s ancora<strong>da</strong>s com extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> reta, as reais tensões <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> são apresenta<strong>da</strong>s na Figura 2.5 consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> fissuração <strong>do</strong><br />

concreto. Ao passo que seja alcança<strong>da</strong> a resistência última <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, a transferência<br />

<strong>de</strong> tensões é feita a partir <strong>de</strong> bielas comprimi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong>limita<strong>da</strong>s pelas fissuras<br />

causa<strong>da</strong>s pelas tensões transversais <strong>de</strong> tração as quais pod<strong>em</strong> ocasionar o fendilhamento<br />

<strong>do</strong> concreto paralelamente ao eixo <strong>da</strong> barra <strong>de</strong> aço. Para que essas tensões sejam<br />

atenua<strong>da</strong>s ou anula<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>ve existir uma compressão transversal ao eixo <strong>da</strong> barra que<br />

favoreça a a<strong>de</strong>rência e garanta a manutenção <strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s bielas diagonais<br />

comprimi<strong>da</strong>s. Por isso, não se justificam as antigas regras <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, preconiza<strong>da</strong>s<br />

nos primórdios <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong>, pelas quais as barras longitudinais <strong>de</strong>veriam ser<br />

ancora<strong>da</strong>s <strong>em</strong> zonas <strong>de</strong> compressão longitudinal <strong>da</strong> peça (FUSCO, 1995).<br />

26


Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão<br />

σ ce<br />

τb<br />

σtt<br />

θ<br />

σce<br />

Figura 2.5 – Esforços reais <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995).<br />

As ancoragens retas <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão pod<strong>em</strong> se apresentar<br />

sob compressão ou tração. As barras traciona<strong>da</strong>s têm o comportamento s<strong>em</strong>elhante ao<br />

<strong>da</strong>s barras comprimi<strong>da</strong>s.<br />

No entanto, Fusco (1995) relacionou duas diferenças básicas entre as barras<br />

nessas duas situações. Nas ancoragens traciona<strong>da</strong>s, as tensões longitudinais <strong>de</strong> tração<br />

produz<strong>em</strong> fissuração <strong>da</strong> peça acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong> microfissuração que rompe o concreto ao<br />

longo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> comprimento e reduz <strong>em</strong> parte a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong><br />

barra. No caso <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras comprimi<strong>da</strong>s, o efeito <strong>da</strong> compressão<br />

longitudinal <strong>da</strong> peça proporciona maior integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> concreto e, além disso, a<br />

existência <strong>de</strong> uma compressão direta <strong>do</strong> topo <strong>da</strong> barra produz um efeito <strong>de</strong> ponta <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> que eleva sua eficiência.<br />

Esse efeito permite a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> reta <strong>de</strong> barras lisas nas quais é obrigatório o uso<br />

<strong>de</strong> gancho nas ancoragens traciona<strong>da</strong>s. Mesmo que parte <strong>da</strong> força resisti<strong>da</strong> pela<br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> seja absorvi<strong>da</strong> pelo efeito <strong>de</strong> ponta nas barras sob compressão, que<br />

possibilita uma redução no comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, é recomendável a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>s<br />

mesmos critérios para <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong>s barras<br />

traciona<strong>da</strong>s, uma vez que, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>formação lenta <strong>do</strong> concreto situa<strong>do</strong> na região<br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra, esse efeito po<strong>de</strong> ser muito reduzi<strong>do</strong>.<br />

Embora seja favorável à <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, a concentração <strong>de</strong> tensões existente na<br />

ponta <strong>da</strong> barra possibilita o surgimento <strong>de</strong> um fenômeno local <strong>de</strong> ruptura (Figura 2.6 e<br />

Figura 2.7). Uma maneira usual <strong>de</strong> se evitar esse fenômeno é a utilização <strong>de</strong> armaduras<br />

transversais <strong>em</strong> maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra traciona<strong>da</strong> e além <strong>do</strong> trecho<br />

<strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, para o caso <strong>de</strong> barras comprimi<strong>da</strong>s. Sugere-se que, quan<strong>do</strong> existir uma<br />

cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cobrimento <strong>de</strong> pequena espessura, uma <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura transversal<br />

σ tt<br />

27


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

seja coloca<strong>da</strong> além <strong>da</strong> zona <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, numa distância até <strong>de</strong> 4φ<br />

<strong>de</strong>ssa extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> (FUSCO, 1995).<br />

To<strong>da</strong>via, Glanville (1930) 1 apud Allwood e Bajarwan (1996) d<strong>em</strong>onstrou que o<br />

melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>da</strong>s barras comprimi<strong>da</strong>s se <strong>de</strong>ve, <strong>em</strong> parte, ao efeito Poisson<br />

causa<strong>do</strong> pelo aumento <strong>do</strong> diâmetro <strong>da</strong> barra que, por conseguinte, eleva a tensão radial,<br />

mobilizan<strong>do</strong> uma parcela relevante <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência por atrito.<br />

Extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra traciona<strong>da</strong><br />

Figura 2.6 – Fendilhamento cônico (barras traciona<strong>da</strong>s) – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995).<br />

F<br />

Extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra comprimi<strong>da</strong><br />

Figura 2.7 – Fendilhamento lateral <strong>do</strong> concreto (barras comprimi<strong>da</strong>s) – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

FUSCO (1995).<br />

2.3.2 Ancorag<strong>em</strong> com gancho <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Des<strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, t<strong>em</strong>-se discuti<strong>do</strong> a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> com o uso <strong>de</strong><br />

gancho haja vista a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores intervenientes na sua<br />

1<br />

GLANVILLE, W. H. (1930). Studies in reinforced concrete-bond resistance. Building Research<br />

Technical Paper, n.10.<br />

-<br />

+<br />

σ tt<br />

F<br />

28


Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte. O avanço <strong>da</strong> tecnologia <strong>do</strong>s materiais e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

projetos promoveram consi<strong>de</strong>ráveis reduções nas dimensões <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos estruturais e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> elevar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente <strong>da</strong>s ancoragens se<br />

fez necessário.<br />

A regra básica <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> com gancho é a combinação i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> trechos retos<br />

e curvos <strong>de</strong> maneira tal que a parcela reta situa<strong>da</strong> antes <strong>do</strong> início <strong>da</strong> curvatura, permita<br />

ou não apenas pequenos escorregamentos no início <strong>do</strong> gancho que representa uma<br />

segurança adicional <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> à carga <strong>de</strong> ruptura.<br />

Conforme se constata no meio técnico, a avaliação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras com<br />

ganchos na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> se <strong>de</strong>u, pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente, mediante ensaios <strong>de</strong> arrancamento.<br />

Esses ensaios consistiam na retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> concreto cujo<br />

comprimento a<strong>de</strong>rente era apenas o gancho, sen<strong>do</strong> o trecho reto prece<strong>de</strong>nte isola<strong>do</strong> por<br />

meio <strong>de</strong> dispositivo plástico ((BAUER, 1949 2 ; REHM, 1969 3 ; MÜLLER, s.d. 4 ) apud<br />

SILVA, 1986; HRIBAR e VASKO, 1969; MINOR e JIRSA, 1975; MARQUES e<br />

JIRSA, 1975).<br />

Em princípio, a eficiência <strong>do</strong>s ganchos era estima<strong>da</strong> <strong>em</strong> razão apenas <strong>da</strong><br />

a<strong>de</strong>rência entre o concreto e o aço ao longo <strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong> trecho curvo.<br />

Entretanto, verificou-se no âmbito <strong>da</strong>s pesquisas que esses el<strong>em</strong>entos trabalham<br />

à flexão no concreto. Bauer (1949) apud Silva (1986) estu<strong>do</strong>u o comportamento <strong>da</strong>s<br />

tensões internas <strong>em</strong> ganchos <strong>de</strong> forma gradual (curvatura secundária na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>) e<br />

s<strong>em</strong>icircular conforme ilustra<strong>do</strong> na Figura 2.8. O gancho gradual apresentou uma<br />

distribuição mais uniforme <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> compressão, traduzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> melhores<br />

condições <strong>de</strong> segurança.<br />

No gancho s<strong>em</strong>icircular, a tensão máxima (ocorri<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> curva) foi<br />

superior à mínima (atuante no final <strong>da</strong> curvatura) <strong>de</strong> 3 a 4 vezes, enquanto, no gancho<br />

gradual, essas tensões foram aproxima<strong>da</strong>mente iguais. A eficiência <strong>do</strong>s ganchos<br />

graduais foi <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 20% a 30% superior a <strong>do</strong>s s<strong>em</strong>icirculares. Contu<strong>do</strong>, a<br />

<strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s ganchos graduais resi<strong>de</strong> na difícil construção <strong>de</strong> sua forma a qual<br />

exigiria uma produção quase artesanal que elevaria o custo <strong>da</strong>s peças <strong>de</strong> concreto<br />

arma<strong>do</strong>.<br />

2<br />

BAUER, R. (1949). Der Haken im Stahlbetonbau. Berlin, Wilhelm Ernst.<br />

3<br />

REHM, G. (1969). Kriterien zur Beurteilung von Bewehrungsstäben mit hochwertig<strong>em</strong> Verbund.<br />

Berlin, Wilhelm Ernst.<br />

4<br />

MÜLLER, H. H. (s.d.). Versuche zur erfor<strong>de</strong>rlichen gera<strong>de</strong>n Endlänge von Hakenverankerungen.<br />

29


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

Figura 2.8 – Distribuição <strong>da</strong>s pressões no interior <strong>do</strong> gancho gradual e s<strong>em</strong>icircular –<br />

BAUER (1949) apud SILVA (1986).<br />

Rehm (1969) apud Silva (1986) verificou a influência <strong>da</strong> posição <strong>do</strong> gancho<br />

durante a concretag<strong>em</strong> e <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente final <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong>. Suas conclusões atestaram que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa à força última <strong>de</strong> um<br />

gancho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> disposição conveniente <strong>do</strong>s ganchos na seção <strong>de</strong> concreto e <strong>do</strong><br />

diâmetro <strong>de</strong> curvatura, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que, quanto maior for esse parâmetro, maior será a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fissuração <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s laterais <strong>do</strong> concreto envolvente.<br />

Minor e Jirsa (1975) avaliaram outros fatores pertinentes à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente<br />

<strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras nervura<strong>da</strong>s com gancho. Tratou-se <strong>de</strong> uma avaliação<br />

essencialmente experimental <strong>em</strong> que foram produzi<strong>do</strong>s 80 prismas <strong>de</strong> concreto conten<strong>do</strong><br />

barras curvas com diferentes configurações geométricas. O comprimento <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência,<br />

o ângulo <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento, o raio <strong>de</strong> curvatura e o diâmetro <strong>da</strong> barra foram as variáveis<br />

<strong>em</strong> questão. Os mecanismos <strong>de</strong> <strong>análise</strong> utiliza<strong>do</strong>s foram às curvas <strong>de</strong> tensão versus<br />

<strong>de</strong>slizamento. Esses gráficos foram obti<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> monitoramento <strong>do</strong> <strong>de</strong>slizamento<br />

<strong>de</strong> alguns pontos ao longo <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong> durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> carga.<br />

Nesse trabalho, concluiu-se que:<br />

− Para igual razão entre o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> e o diâmetro <strong>da</strong> barra,<br />

quanto maior for o ângulo <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento e/ou menor a relação raio <strong>de</strong> curvatura<br />

e diâmetro <strong>da</strong> barra<br />

⎛ ⎞<br />

⎜<br />

r<br />

⎟,<br />

maior será o <strong>de</strong>slizamento numa <strong>da</strong><strong>da</strong> barra sob<br />

⎝ db<br />

⎠<br />

tração;<br />

− Numa <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> que possui tanto trecho reto como curvo, o maior<br />

escorregamento se dá na parte curva;<br />

− Há uma pequena diferença na resistência entre ancoragens retas e curvas exceto<br />

para comprimentos <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> muito pequenos os quais são impraticáveis na<br />

construção civil.<br />

30


Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão<br />

Esses resulta<strong>do</strong>s indicaram que no <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> nó <strong>em</strong> que as barras com gancho<br />

são exigi<strong>da</strong>s, curvas <strong>de</strong> 90° são preferíveis as <strong>de</strong> 180° .<br />

Marques e Jirsa (1975) avaliaram a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> armadura <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> com <strong>pilar</strong> sujeita a vários graus <strong>de</strong> confinamento no nó, buscan<strong>do</strong> as<br />

condições encontra<strong>da</strong>s <strong>em</strong> nós <strong>de</strong> pórticos. Variáveis, como, os efeitos <strong>da</strong> força axial no<br />

<strong>pilar</strong>, o cobrimento e a armadura transversal na ligação, foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s<br />

na <strong>análise</strong> <strong>do</strong> comportamento <strong>da</strong>s barras com <strong>do</strong>bras padroniza<strong>da</strong>s. Com bases nos<br />

resulta<strong>do</strong>s, os pesquisa<strong>do</strong>res atestaram que:<br />

− A influência <strong>da</strong> força axial, que foi avalia<strong>da</strong> apenas para <strong>ligações</strong> com ganchos a<br />

90°, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> como <strong>de</strong>sprezível. As forças axiais produz<strong>em</strong> <strong>de</strong>formações laterais<br />

que causam fendilhamento no mesmo plano com que é produzi<strong>do</strong> por barras<br />

curvas. Assim, a força axial não oferece restrição quanto ao fendilhamento <strong>do</strong><br />

cobrimento e po<strong>de</strong> reduzir a resistência por causa <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações laterais na<br />

mesma direção;<br />

− No que se refere ao confinamento lateral, a presença <strong>de</strong> armadura transversal,<br />

representa<strong>da</strong> por laços pouco espaça<strong>do</strong>s, são especialmente benéficos no caso <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s barras ancora<strong>da</strong>s. A diminuição <strong>do</strong> cobrimento reduz a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

resistente <strong>do</strong> nó.<br />

As verificações <strong>de</strong> Minor e Jirsa (1975), no que tange ao raio <strong>de</strong> curvatura e<br />

ângulo <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento, foram ratifica<strong>da</strong>s <strong>em</strong> Fusco (1995). Conforme este, as tensões <strong>de</strong><br />

transversais <strong>de</strong> tração pod<strong>em</strong> ser absorvi<strong>da</strong>s pelo próprio concreto e o risco <strong>de</strong><br />

fendilhamento é minora<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o raio <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento <strong>da</strong> barra seja<br />

suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong> e os diâmetros mínimos especifica<strong>do</strong>s pela norma vigente sejam<br />

respeita<strong>do</strong>s. Caso o raio <strong>de</strong> curvatura supere o limite especifica<strong>do</strong>, eleva-se o risco <strong>de</strong><br />

fendilhamento e com isso, obriga-se a colocação <strong>de</strong> uma armadura adicional.<br />

Essa armadura <strong>de</strong>ve ser transversal e composta por barras retas dispostas<br />

perpendicularmente ao plano <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento, dimensiona<strong>da</strong> para a absorver 25% <strong>da</strong><br />

maior <strong>da</strong>s forças existentes na <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> e constituí<strong>da</strong> por pelo menos duas barras <strong>de</strong><br />

φ= 6,3mm , <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> concavi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra. Essa armadura, além <strong>de</strong> absorver as<br />

tensões transversais <strong>de</strong> tração e diminuir o risco <strong>de</strong> fendilhamento <strong>do</strong> concreto, também<br />

po<strong>de</strong> servir como apoio direto à parte curva <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong> e assim reduzir a<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> compressão <strong>do</strong> concreto. Seu <strong>em</strong>prego é limita<strong>do</strong> aos casos<br />

especiais <strong>em</strong> que se faz a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> simultânea <strong>de</strong> várias barras <strong>em</strong> posições muito<br />

31


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

próximas. Em situações usuais, sua presença é <strong>de</strong>snecessária, pois, presume-se que essa<br />

função seja cumpri<strong>da</strong> pela armadura transversal <strong>da</strong>s peças estruturais.<br />

Em vistas aos trechos retos que compõ<strong>em</strong> a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> com ganchos na<br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, é justificável a presença <strong>do</strong> trecho reto anterior à curva. A função <strong>de</strong>sse<br />

segmento é evitar que o gancho atue à plena carga, crian<strong>do</strong> risco <strong>de</strong> fendilhamento <strong>do</strong><br />

concreto. Caso seja solicita<strong>do</strong>, o gancho absorve to<strong>da</strong> a força a ser ancora<strong>da</strong>, isto é, na<strong>da</strong><br />

passa adiante para prolongamentos <strong>da</strong> barra.<br />

No que se refere ao prolongamento reto após o gancho, há um consenso quanto à<br />

sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> na transferência <strong>de</strong> forças atuantes nas barras para o concreto<br />

circunvizinho. Esse segmento serve apenas para colaborar na resistência <strong>do</strong> gancho à<br />

flexão sob gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slizamentos, impedin<strong>do</strong> assim que esses ganchos se abram quan<strong>do</strong><br />

solicita<strong>do</strong>s o que permite melhor apoio <strong>do</strong> concreto sobre a parte côncava <strong>do</strong> gancho<br />

((MÜLLER, s.d.) apud SILVA, 1986; FUSCO, 1995). Os ensaios <strong>de</strong> MÜLLER (s.d.)<br />

apud SILVA (1986) mostraram que o comprimento reto ao final <strong>do</strong>s ganchos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com os padrões <strong>da</strong> DIN 1045, po<strong>de</strong>ria até ser encurta<strong>do</strong>. Contu<strong>do</strong>, é recomendável sua<br />

manutenção pelo fato <strong>da</strong> inexatidão <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s e <strong>do</strong>bramentos.<br />

Vale ressaltar que os ganchos <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> pod<strong>em</strong> ser aplica<strong>do</strong>s apenas para<br />

ancoragens traciona<strong>da</strong>s. Os ganchos não são aconselháveis <strong>em</strong> barras comprimi<strong>da</strong>s, uma<br />

vez que, introduz<strong>em</strong> tensões <strong>de</strong> flexão na barra as quais acentuam ao fendilhamento <strong>do</strong><br />

concreto.<br />

2.3.3 Ancoragens especiais<br />

2.3.3.1 Ancorag<strong>em</strong> <strong>em</strong> laço<br />

O uso <strong>do</strong> laço como dispositivo <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é uma solução cabível quan<strong>do</strong> se<br />

dispõe <strong>de</strong> exigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento e pouca largura na ligação. A transferência <strong>da</strong><br />

força proveniente <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong> acontece, <strong>em</strong> sua pre<strong>do</strong>minância, pela resistência<br />

ao esmagamento <strong>do</strong> concreto, <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> laço, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a a<strong>de</strong>rência como um efeito<br />

favorável secundário. Conforme Süssekind (1981), para o dimensionamento <strong>do</strong> laço<br />

basta averiguar a condição pela eq.(2.5) ten<strong>do</strong> como referência a Figura 2.9.<br />

⎛ φ ⎞ f − <br />

r ≥ ⎜0,35 + 0,7 ⋅ ⎟⋅φ⋅<br />

⋅<br />

⎝ a⎠ f <br />

yk b be<br />

ck b<br />

(2.5)<br />

32


Ancoragens usuais <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>de</strong> flexão<br />

Em que:<br />

f ck : resistência característica à compressão <strong>do</strong> concerto;<br />

f yk : resistência característica à tração <strong>do</strong> aço;<br />

be : comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> efetivo, medi<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong> face <strong>do</strong> apoio;<br />

a : menor <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is valores a1 e 2<br />

a indica<strong>do</strong>s na Figura 2.9.<br />

O valor <strong>de</strong> r é prefixa<strong>do</strong> uma vez que o diâmetro <strong>do</strong> laço é obti<strong>do</strong> <strong>de</strong>scontan<strong>do</strong> a<br />

largura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> o cobrimento mínimo <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong>. Para esse caso, a questão consiste<br />

na escolha <strong>do</strong> diâmetro φ a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e <strong>do</strong> espaçamento entre os laços.<br />

Detalhe I<br />

r<br />

be<br />

<br />

b, nec<br />

R st<br />

Rst<br />

Detalhe I<br />

Figura 2.9 – Ancorag<strong>em</strong> <strong>em</strong> laço – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SÜSSEKIND (1981).<br />

a<br />

1<br />

a<br />

2<br />

2R<br />

st<br />

2R st<br />

Já <strong>em</strong> Fusco (1995) é recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> que se a<strong>do</strong>te, para o dimensionamento <strong>do</strong>s<br />

laços, o diâmetro <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento igual ao <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> nos ganchos, ou seja, d b = 5φ.<br />

2.3.3.2 Placa <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

A placa <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é recomendável quan<strong>do</strong> não há possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> os meios usuais disponíveis (<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> por a<strong>de</strong>rência,<br />

gancho e laço). Geralmente, essa situação ocorre quan<strong>do</strong> se t<strong>em</strong> limitação <strong>da</strong>s<br />

dimensões <strong>da</strong>s peças <strong>de</strong> apoio (apoios estreitos).<br />

Segun<strong>do</strong> Leonhardt e Mönnig (1978), a placa <strong>de</strong>ve ser dimensiona<strong>da</strong> para uma<br />

tensão admissível <strong>em</strong> áreas parcialmente carrega<strong>da</strong>s. Caso seja ultrapassa<strong>da</strong> essa tensão,<br />

a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>ve ser verifica<strong>da</strong> por meio <strong>de</strong> ensaios. No que<br />

diz respeito ao <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> carregamento, quan<strong>do</strong> o mesmo não for pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente<br />

33


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

estático, recomen<strong>da</strong>-se utilizar 70% <strong>da</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> oscilação ou 50% <strong>da</strong> resistência à<br />

ruptura estática e avaliar a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente por meio <strong>de</strong> ensaios.<br />

De acor<strong>do</strong> com Fusco (1995), o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> barras com ancoragens mecânicas,<br />

feitas com placas <strong>de</strong> aço sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s nas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura, é uma<br />

solução conveniente, nos casos <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> balanço<br />

que receb<strong>em</strong> cargas concentra<strong>da</strong>s excepcionalmente eleva<strong>da</strong>s e situações <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s <strong>de</strong><br />

transição <strong>em</strong> balanço, <strong>em</strong> cujas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s se apói<strong>em</strong> <strong>pilar</strong>es <strong>da</strong> estrutura. Essas<br />

placas pod<strong>em</strong> ser liga<strong>da</strong>s à barra <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Figura 2.10.<br />

h=φ<br />

d=3φ<br />

Figura 2.10 – Ancorag<strong>em</strong> mecânica com placas sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995).<br />

Hegger, Sherif e Roeser (2003) concluíram que a resistência <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong><br />

ancora<strong>da</strong>s unicamente com placas <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é cerca <strong>de</strong> 20% maior que as ancora<strong>da</strong>s<br />

com ganchos.<br />

2.3.3.3 Barra transversal sol<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

As barras transversais sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s são usa<strong>da</strong>s como um compl<strong>em</strong>ento <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> por a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong>s barras longitudinais. Conforme Leonhardt e Mönnig<br />

(1978), a parcela <strong>da</strong> força suporta<strong>da</strong> por uma barra transversal é função <strong>do</strong> <strong>de</strong>slizamento<br />

local <strong>da</strong> barra longitudinal e, portanto, a razão <strong>da</strong> localização <strong>da</strong> barra transversal no<br />

trecho <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>. Quanto aos pequenos <strong>de</strong>slocamentos, a disposição <strong>da</strong>s barras<br />

φ<br />

34


Tópicos compl<strong>em</strong>entares<br />

transversais no início <strong>do</strong> trecho <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é mais favorável. Dispostas no fim <strong>do</strong><br />

trecho <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, essas barras colaboram com mais intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> sob gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>slocamentos.<br />

A inclusão <strong>de</strong> barras transversais sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> armadura<br />

<strong>de</strong> flexão é prevista pela NBR 6118:2003 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam atendi<strong>da</strong>s as seguintes<br />

prescrições (Figura 2.11):<br />

a) diâmetro <strong>da</strong> barra sol<strong>da</strong><strong>da</strong> φt ≥0,60φ; b) a distância <strong>da</strong> barra transversal ao ponto <strong>de</strong> início <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> seja ≥5φ; c) a resistência ao cisalhamento <strong>da</strong> sol<strong>da</strong> <strong>de</strong>ve superar à força mínima <strong>de</strong> 0,3 ⋅ As ⋅ f yd<br />

(30% <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong>).<br />

<br />

b, nec<br />

b, nec<br />

> 5φ<br />

> 5φ<br />

b, nec<br />

<br />

b, nec<br />

> 5φ<br />

Figura 2.11 – Ancorag<strong>em</strong> com barras transversais sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s – NBR 6118:2003.<br />

2.4 Tópicos compl<strong>em</strong>entares<br />

2.4.1 Emen<strong>da</strong> por traspasse<br />

A presença <strong>da</strong> <strong>em</strong>en<strong>da</strong> por traspasse é verifica<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> se t<strong>em</strong> uma alternância<br />

significativa no panorama <strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> tensões na região <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> entre el<strong>em</strong>entos<br />

estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>. Para tanto, faz-se oportuno enten<strong>de</strong>r e esclarecer como<br />

se estabelece à transferência <strong>de</strong> tensões entre as barras <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>em</strong> especial, as<br />

nervura<strong>da</strong>s.<br />

> 5φ<br />

35


Aspectos básicos <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

A essência <strong>da</strong> transferência <strong>de</strong> tensões por traspasse está na transmissão <strong>de</strong><br />

forças <strong>da</strong> uma barra para outra por meio <strong>de</strong> bielas <strong>de</strong> concreto inclina<strong>da</strong>s <strong>em</strong> relação ao<br />

eixo <strong>da</strong> barra, na qual, parte <strong>do</strong>s perímetros <strong>da</strong>s barras participa. Assim como funciona a<br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras retas, a formação <strong>da</strong>s bielas comprimi<strong>da</strong>s ocasiona o surgimento<br />

<strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> transversais <strong>de</strong> tração as quais elevam o risco <strong>de</strong> rompimento <strong>do</strong><br />

cobrimento <strong>de</strong> concreto.<br />

A limitação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> parte <strong>do</strong> perímetro <strong>da</strong>s barras leva a suposição <strong>de</strong><br />

que apenas o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico ( bnec , )<br />

36<br />

seria insuficiente para garantir<br />

a <strong>em</strong>en<strong>da</strong> por traspasse e, por isso, as normas prescrev<strong>em</strong> um coeficiente <strong>de</strong> majoração<br />

para o comprimento <strong>da</strong> barra a ser ancora<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> a NBR 6118:2003, α 0t é um coeficiente <strong>em</strong> função <strong>da</strong> porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

barras <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s na mesma seção, conforme a Tabela 2.1e 0, tmíné<br />

o maior valor entre<br />

0,3 α t b, 15φ e200mm, para o caso <strong>de</strong> barras traciona<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>s, (ver Figura 2.12).<br />

0<br />

Tabela 2.1 – Valores <strong>do</strong> coeficiente α 0t (NBR 6118:2003).<br />

Porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> barras<br />

<strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s na mesma seção<br />

≤20 25 33 50 >50<br />

Valores <strong>de</strong> 0t α 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0<br />

R st<br />

α <br />

0t b, nec<br />

> <br />

0t,mín<br />

Figura 2.12 – Emen<strong>da</strong> por traspasse <strong>de</strong> barras traciona<strong>da</strong>s.<br />

Caso as barras <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s estejam comprimi<strong>da</strong>s, a norma brasileira estabelece<br />

que o cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> traspasse <strong>de</strong>ve ser feito segun<strong>do</strong> a eq.(2.6):<br />

Sen<strong>do</strong>, 0 cmín ,<br />

0 c b, nec 0 c, mín<br />

R st<br />

= ≥ (2.6)<br />

o maior valor entre 0,6 b, 15φ e 200mm.


Tópicos compl<strong>em</strong>entares<br />

2.4.2 Armadura <strong>de</strong> suspensão<br />

O uso <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> suspensão se justifica nos chama<strong>do</strong>s apoios indiretos<br />

nos quais funcionam como um tirante interno que transfere a força aplica<strong>da</strong> pela <strong>viga</strong><br />

suporta<strong>da</strong> ao banzo inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporte, até o seu banzo superior (Figura 2.13).<br />

Esta armadura é constituí<strong>da</strong> por estribos verticais e <strong>de</strong>ve distribuí<strong>da</strong> ao longo <strong>de</strong><br />

uma distância d 2 , sen<strong>do</strong> d a altura útil <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporte medi<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong> centro <strong>do</strong><br />

nó. No que se refere a sua distribuição, recomen<strong>da</strong>-se que seja coloca<strong>da</strong> 70% <strong>da</strong> A susp na<br />

<strong>viga</strong> suporte e o 30% restante na <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong>. No <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong> estribos, <strong>em</strong> caso<br />

<strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s, é usual que os estribos <strong>da</strong> <strong>viga</strong> principal, interrompam aqueles<br />

<strong>de</strong> <strong>viga</strong>s secundárias (LEONHARDT E MÖNNIG, 1978; SÜSSEKIND, 1981).<br />

A área <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> suspensão é <strong>da</strong><strong>da</strong> segun<strong>do</strong> a eq.(2.7), sen<strong>do</strong>, V d , força<br />

cortante no apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong> e f yd , resistência <strong>de</strong> cálculo ao escoamento <strong>do</strong> aço.<br />

Mais <strong>de</strong>talhes sobre esse tópico é abor<strong>da</strong><strong>do</strong> no it<strong>em</strong> que trata sobre <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>viga</strong>.<br />

F 2<br />

A<br />

F<br />

B<br />

2F<br />

F 2<br />

A<br />

V<br />

d<br />

susp = (2.7)<br />

f yd<br />

F 2<br />

<strong>viga</strong> suporte<br />

2F<br />

<strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong><br />

F 2<br />

<strong>viga</strong> suporte<br />

Figura 2.13 – Tirante <strong>de</strong> suspensão – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995).<br />

F 2<br />

37<br />

F 2


3 Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong><br />

<strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

3.1 Cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico<br />

3.1.1 Barras retas<br />

De acor<strong>do</strong> com o MC CEB-FIP 1990 e a NBR 6118:2003, o comprimento <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico <strong>de</strong> uma barra reta <strong>de</strong> armadura passiva ( b ) é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o<br />

segmento <strong>de</strong> barra necessário para ancorar a força na barra igual a As⋅ fyd<br />

. O valor <strong>do</strong><br />

comprimento é calcula<strong>do</strong> pelo equilíbrio entre as forças resistente ( R d ) e solicitante<br />

( S d ) , medi<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> ponto consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> início <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> e estabeleci<strong>do</strong><br />

conforme eq.(3.1):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

φ : diâmetro <strong>da</strong> barra;<br />

Sd = Rd<br />

A ⋅ f = f ⋅⋅πφ 2<br />

πφ<br />

⋅ fyd = fbd⋅b⋅πφ<br />

4<br />

s yd bd b<br />

φ f<br />

b<br />

= ⋅<br />

4 f<br />

f yd : resistência ao escoamento <strong>de</strong> cálculo à tração <strong>do</strong> aço;<br />

f bd : resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong> cálculo <strong>da</strong> armadura passiva.<br />

yd<br />

bd<br />

2<br />

(3.1)


Cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico<br />

Na maioria <strong>do</strong>s casos práticos, verifica-se que a área <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> aço a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> é<br />

costumeiramente maior que a área <strong>de</strong> armadura calcula<strong>da</strong>. Com isso, a tensão nas barras<br />

diminui e permite que o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> seja reduzi<strong>do</strong> na mesma proporção.<br />

Assim, introduz-se o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário conforme eq.(3.2)<br />

cujo valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> razão entre as áreas efetiva e calcula<strong>da</strong> e <strong>do</strong> parâmetro α 1<br />

relaciona<strong>do</strong> ao uso <strong>de</strong> gancho a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

α = 1, 0 para barras s<strong>em</strong> gancho;<br />

1<br />

1<br />

A<br />

=α ⋅ ⋅ ≥<br />

(3.2)<br />

bnec , 1 b<br />

scalc ,<br />

Asef<br />

,<br />

bmín ,<br />

α = 0,7 para barras traciona<strong>da</strong>s com gancho, com espessura <strong>do</strong> cobrimento ≥3φ, medi<strong>da</strong> no plano normal ao <strong>do</strong> gancho;<br />

A s, calc : área calcula<strong>da</strong> <strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> aço;<br />

A s, ef : área efetiva <strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> aço;<br />

b : comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico;<br />

bmín , : maior valor entre 0,3 b, 10φ e100mm. Para casos especiais, as normas anteriormente cita<strong>da</strong>s prevê<strong>em</strong> a inclusão <strong>de</strong><br />

outros fatores <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário. Segun<strong>do</strong> o MC<br />

CEB-FIP 1990 e o Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Concreto – IBRACON (2003), esses<br />

parâmetros adicionais são representa<strong>do</strong>s pelos coeficientes 2 α , 3 α , 4 α e α 5 , e pod<strong>em</strong><br />

ser obti<strong>do</strong>s conforme exposto na Tabela 3.1 e na Tabela 3.2. Logo, o comprimento <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário passa a ser calcula<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> eq.(3.3).<br />

On<strong>de</strong>:<br />

A<br />

=α ⋅α ⋅α ⋅α ⋅α ⋅ ⋅ ≥<br />

(3.3)<br />

bnec , 1 2 3 4 5 b<br />

scalc ,<br />

Asef<br />

,<br />

bmín ,<br />

α 1:<br />

consi<strong>de</strong>ra a eficiência <strong>do</strong> gancho;<br />

α 2 : consi<strong>de</strong>ra a eficiência <strong>de</strong> barras transversais sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s;<br />

α 3 : consi<strong>de</strong>ra a eficiência <strong>de</strong> um bom cobrimento;<br />

39


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

α 4 : consi<strong>de</strong>ra a eficiência <strong>da</strong> armadura transversal não sol<strong>da</strong><strong>da</strong>, conforme a posição<br />

relativa à armadura ancora<strong>da</strong>;<br />

α 5 : consi<strong>de</strong>ra a eficiência <strong>de</strong> pressão transversal à <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>.<br />

Tabela 3.1 – Coeficientes para os fatores redutores <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> (IBRACON, 2003).<br />

Armadura<br />

Fator Tipo <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

Barras retas, s<strong>em</strong><br />

α<br />

gancho<br />

1<br />

Forma <strong>da</strong>s barras Barras retas, com<br />

gancho ou laços<br />

α 2<br />

Barras transversais<br />

sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

α 3<br />

Cobrimento <strong>da</strong>s<br />

armaduras<br />

α 4<br />

Barras transversais<br />

não sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

α 5<br />

Pressão transversal p<br />

MPa<br />

c 1<br />

c<br />

d<br />

a<br />

⎧a<br />

2<br />

≤ ⎨<br />

⎩c1<br />

Ganchos ou barras<br />

<strong>do</strong>bra<strong>da</strong>s<br />

1<br />

tração compressão<br />

1 α = 1 1 α =<br />

1<br />

α 1 = 0,7 p/ cd><br />

3φ<br />

α = 1 p/ c ≤3φ d<br />

1 1 α =<br />

Qualquer α 2 = 0,7<br />

α 2 = 0,7<br />

Barras retas, s<strong>em</strong><br />

gancho<br />

Barras retas, com<br />

gancho ou laços<br />

Qualquer<br />

Qualquer<br />

( c )<br />

α 3 = 1−0,15 d −φ φ<br />

0,7 ≤α ≤1<br />

3<br />

( c )<br />

α 3 = 1−0,15 d −3φ φ<br />

0,7 ≤α ≤1<br />

4<br />

3<br />

3 1 α =<br />

3 1 α =<br />

α 4 = 1−kλ<br />

α 4 = 1<br />

0,7 ≤ α ≤ 1<br />

α 5 = 1−0,04p 0,7 ≤α ≤1<br />

Tabela 3.2 – Valores <strong>de</strong> c d , k e λ (IBRACON, 2003).<br />

c d<br />

k e λ<br />

c c<br />

c c =<br />

d<br />

c1 a<br />

⎧a<br />

⎪<br />

cd≤⎨c ⎪⎩ c<br />

Laços horizontais Barras retas<br />

1<br />

2<br />

5<br />

5 1 α =<br />

( ∑<br />

, )<br />

λ= A −A<br />

A<br />

As<br />

A<br />

A<br />

A st<br />

A s<br />

s<br />

st st mín s<br />

Ast<br />

A<br />

A st<br />

40<br />

k = 0,1<br />

k = 0,05<br />

k =<br />

0


Cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico<br />

Para o caso <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras comprimi<strong>da</strong>s, não se<br />

recomen<strong>da</strong> o uso <strong>de</strong> ganchos, e o comprimento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelas mesmas<br />

expressões que o <strong>da</strong>s barras traciona<strong>da</strong>s.<br />

As prescrições <strong>do</strong> ACI 318:2002 estabelec<strong>em</strong> expressões distintas para o cálculo<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barra reta traciona<strong>da</strong> e comprimi<strong>da</strong>.<br />

Para as barras longitudinalmente traciona<strong>da</strong>s, o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong><br />

uma barra reta po<strong>de</strong> ser obti<strong>do</strong> conforme a eq.(3.4):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

f<br />

α⋅β⋅γ⋅λ<br />

y<br />

db = 0,91⋅<br />

⋅ ⋅d<br />

'<br />

b<br />

f ⎛c+ K ⎞<br />

c<br />

tr<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ db<br />

⎠<br />

<br />

(3.4)<br />

db : comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico <strong>de</strong> barras traciona<strong>da</strong>s, segun<strong>do</strong> ACI 318:2002<br />

(mm);<br />

d b : diâmetro nominal <strong>da</strong> barra (mm);<br />

f y : resistência ao escoamento <strong>do</strong> aço (MPa);<br />

'<br />

f c : resistência à compressão <strong>do</strong> concreto <strong>em</strong> MPa, para um quantil <strong>de</strong> 1%;<br />

αβγλ: , , , fatores <strong>de</strong> majoração e/ou minoração <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>,<br />

apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 3.3;<br />

c : distância entre as barras ou cobrimento;<br />

K tr : índice <strong>de</strong> armadura transversal.<br />

Para o caso <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> reta <strong>em</strong> barras longitudinalmente comprimi<strong>da</strong>s, o<br />

comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é <strong>da</strong><strong>do</strong> pela eq.(3.5). Essa distinção é justifica<strong>da</strong> para que<br />

seja reduzi<strong>do</strong> o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, já que não há os efeitos <strong>de</strong> tração por<br />

flexão que provocam a fissuração.<br />

f<br />

dc = 0, 24⋅db⋅<br />

(3.5)<br />

y<br />

'<br />

fc<br />

41


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

Em que dc é o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras comprimi<strong>da</strong>s (mm), segun<strong>do</strong> ACI<br />

318:2002, cujo valor não po<strong>de</strong> ser menor que 0,044⋅ d ⋅ f e200mm. b y<br />

Tabela 3.3 – Fatores <strong>de</strong> majoração e/ou minoração <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>.<br />

Fator †<br />

Condição Valor<br />

α<br />

relativo à localização<br />

para armadura horizontal localiza<strong>da</strong> mais que<br />

300mm <strong>da</strong> face superior <strong>da</strong> peça<br />

<strong>da</strong> armadura para outros casos<br />

β<br />

relativo ao<br />

revestimento<br />

γ<br />

relativo ao diâmetro<br />

<strong>da</strong> armadura<br />

λ<br />

relativo a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> concreto<br />

α= 1, 3<br />

α= 1, 0<br />

para armaduras s<strong>em</strong> revestimento β= 1,0<br />

para to<strong>da</strong>s as outras situações <strong>de</strong> armaduras<br />

revesti<strong>da</strong>s com epóxi<br />

para barras revesti<strong>da</strong>s com epóxi com o<br />

cobrimento menor que 3d b ou com um<br />

espaçamento livre menor que 6d b<br />

β= 1, 2<br />

β= 1, 5<br />

para barras com diâmetro menor ou igual a<br />

20mm<br />

γ= 0,8<br />

para barras com diâmetro maior ou igual a<br />

25mm<br />

γ= 1, 0<br />

para concreto <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> (concreto<br />

leve)<br />

λ= 1, 3<br />

para concreto com <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> abaixo <strong>da</strong> normal<br />

(s<strong>em</strong>i-low-<strong>de</strong>nsity concrete)<br />

λ= 0,56 ⋅<br />

f<br />

fct<br />

para concreto com <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> normal λ= 1, 0<br />

† Não é necessário a<strong>do</strong>tar para o produto <strong>de</strong> α e β um valor maior que 1, 7 ;<br />

∗ Esse valor não po<strong>de</strong> ser menor que 1,0 quan<strong>do</strong> f ct é especifica<strong>da</strong>.<br />

No que se refere ao parâmetro relativo à distância entre as barras ou cobrimento<br />

( c ) , seu valor é o menor encontra<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntre as situações <strong>de</strong>scritas abaixo:<br />

a) à distância entre o centro <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong> e a superfície <strong>de</strong> concreto mais próxima;<br />

b) a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> espaçamento entre os centros <strong>da</strong>s barras ancora<strong>da</strong>s.<br />

Por fim, o índice <strong>de</strong> armadura transversal é obti<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com eq.(3.6):<br />

K<br />

tr<br />

Atr ⋅ fyt<br />

=<br />

10,5 ⋅ s⋅n (3.6)<br />

42<br />

*<br />

'<br />

c


Cálculo <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> básico<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

A tr : área total <strong>de</strong> armadura transversal disposta ao longo <strong>de</strong> uma distância s que<br />

atravessa o plano potencial <strong>de</strong> fendilhamento na armadura ancora<strong>da</strong>;<br />

f yt : resistência ao escoamento <strong>da</strong> armadura transversal;<br />

s : espaçamento máximo <strong>da</strong> armadura transversal, entre os estribos dispostos ao longo<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>da</strong> armadura principal, medi<strong>do</strong> <strong>de</strong> centro a centro;<br />

n : número <strong>de</strong> barras ancora<strong>da</strong>s ao longo <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> fendilhamento.<br />

Para que as falhas por arrancamento sejam evita<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>-se estabelecer um<br />

⎛ ⎞<br />

valor limite <strong>de</strong> 2,5 para + c Ktr<br />

⎜ ⎟.<br />

⎝ db<br />

⎠<br />

O ACI 318:2002 também permite a redução <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s<br />

barras para os casos <strong>em</strong> que a armadura calcula<strong>da</strong> seja menor que a armadura efetiva,<br />

mediante a razão entre ambas, respectivamente.<br />

3.1.2 Barras com ganchos <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

A NBR 6118:2003 estabelece três <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> ganchos nas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s barras<br />

longitudinais à tração, que são: os s<strong>em</strong>icirculares, com ponta reta <strong>de</strong> comprimento não<br />

inferior a 2φ ; <strong>em</strong> ângulo <strong>de</strong> 45° (interno), com ponta reta não inferior a 4φ ; <strong>em</strong> ângulo<br />

reto, com ponta reta não inferior a 8φ (ver Figura 3.1).<br />

2Ø<br />

4Ø<br />

8Ø<br />

Figura 3.1 – Tipos <strong>de</strong> ganchos – NBR 6118:2003.<br />

Os diâmetros internos mínimos para <strong>do</strong>bramento <strong>do</strong>s ganchos <strong>em</strong> função <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>de</strong> aço a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 3.4.<br />

Tabela 3.4 – Diâmetros <strong>do</strong>s pinos <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento – NBR 6118:2003.<br />

Bitola (mm)<br />

CA-25<br />

Tipo <strong>de</strong> aço<br />

CA-50 CA-60<br />

φ< 20<br />

4φ 5φ 6φ<br />

φ≥ 20<br />

5φ 8φ -<br />

43


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

Com relação às recomen<strong>da</strong>ções <strong>do</strong> ACI 318:2002, o comprimento <strong>da</strong> ponta reta<br />

<strong>de</strong>ve ser no mínimo 12φ , para os ganchos a 90° , e <strong>de</strong> 4φ , para os ganchos a 180° .<br />

3.2 Decalag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> forças nas armaduras<br />

A prática freqüente para retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> barras <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> flexão se<br />

dá pelo <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> forças Rst ( Mdz ) , no senti<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>sfavorável<br />

e paralelo ao eixo <strong>da</strong> peça, <strong>de</strong> um valor a , o qual é corriqueiramente substituí<strong>do</strong> pela<br />

<strong>de</strong>calag<strong>em</strong> aproxima<strong>da</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> momentos fletores (Figura 3.2).<br />

De acor<strong>do</strong> com a NBR 6118:2003, esse valor <strong>de</strong> a é inerente ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

cálculo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> armadura transversal <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a absorver as<br />

tensões <strong>de</strong> tração oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> ação <strong>da</strong> força cortante e representa um valor <strong>de</strong> segurança<br />

conveniente para se contabilizar os efeitos provoca<strong>do</strong>s pela fissuração oblíqua. A<br />

diferença básica entre ambos é que para o mo<strong>de</strong>lo I, admite-se que as bielas diagonais<br />

<strong>de</strong> compressão tenham inclinação <strong>de</strong> θ = 45°<br />

<strong>em</strong> relação ao eixo longitudinal <strong>da</strong> peça e<br />

que V c t<strong>em</strong> valor constante, ao contrário <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo II, o qual permite uma escolha<br />

arbitrária <strong>do</strong> ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>da</strong>s bielas comprimi<strong>da</strong>s ( θ ) varian<strong>do</strong> no intervalo<br />

30°≤θ≤ 45°<br />

e o valor <strong>de</strong> V c é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> com valores menores.<br />

a <br />

a <br />

a <br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.2 – Decalag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> momento fletor <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>:<br />

(a) Viga biapoia<strong>da</strong>; (b) Viga contínua com <strong>do</strong>is tramos.<br />

a <br />

a<br />

<br />

a <br />

44


Decalag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> forças nas armaduras<br />

Os valores <strong>de</strong> a e seus respectivos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> cálculo são expressos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com eq.(3.7) e eq.(3.8):<br />

⎡ V<br />

⎤<br />

= ⋅⎢ ⋅ ( 1+ cot α) −cot α⎥<br />

(mo<strong>de</strong>lo I) (3.7)<br />

⎢⎣ 2⋅(<br />

VSd , máx −Vc)<br />

⎥⎦<br />

Sd , máx<br />

a d g g<br />

( )<br />

a = 0,5 ⋅d⋅ cot gθ−cotgα (mo<strong>de</strong>lo II) (3.8)<br />

On<strong>de</strong>:<br />

θ : ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>da</strong>s bielas <strong>de</strong> compressão <strong>do</strong> concreto;<br />

α : ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>da</strong> armadura transversal <strong>em</strong> relação ao eixo longitudinal <strong>da</strong><br />

peça, varian<strong>do</strong> 45°≤θ≤ 90°;<br />

d : distância entre o centrói<strong>de</strong> <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> flexão traciona<strong>da</strong> e a fibra <strong>de</strong> concreto<br />

comprimi<strong>da</strong> mais afasta<strong>da</strong>;<br />

V Sd , máx : força cortante solicitante máxima <strong>de</strong> cálculo;<br />

V c : parcela <strong>da</strong> força cortante resisti<strong>da</strong> por mecanismos compl<strong>em</strong>entares ao mo<strong>de</strong>lo <strong>em</strong><br />

treliça;<br />

a ≥0,5 ⋅d<br />

, no caso geral;<br />

<br />

a ≥0, 2⋅d<br />

, para estribos inclina<strong>do</strong>s a 45°.<br />

<br />

Uma alternativa para a <strong>de</strong>calag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> força é aumentar a força <strong>de</strong><br />

tração <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> seção, pela eq.(3.9):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

z : braço <strong>de</strong> alavanca;<br />

M Sd RSd , cor = + 0,5 ⋅VSd⋅( cot gθ−cotgα )<br />

(3.9)<br />

z<br />

M Sd : momento fletor solicitante <strong>de</strong> cálculo.<br />

45


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

3.3 Ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

Para que se garanta uma boa <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, é razoável que a mesma seja feita,<br />

preferencialmente, <strong>em</strong> zonas <strong>de</strong> compressão transversal às barras. Logo, numa peça<br />

fleti<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se assegure o comprimento necessário <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> ( bnec , )<br />

46<br />

, se uma<br />

<strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> tração pu<strong>de</strong>r ser elimina<strong>da</strong>, ela po<strong>de</strong> ser interrompi<strong>da</strong> na própria zona <strong>de</strong><br />

tração.<br />

Na maioria <strong>do</strong>s casos, as zonas <strong>de</strong> compressão transversal são introduzi<strong>da</strong>s pelas<br />

bielas <strong>de</strong> concreto resistentes à força cortante cuja eficiência e uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo<br />

<strong>do</strong> comprimento <strong>da</strong> barra ancora<strong>da</strong> está diretamente liga<strong>da</strong> ao espaçamento <strong>do</strong>s estribos<br />

(Figura 3.3).<br />

M V<br />

V M<br />

1 1<br />

2 2<br />

R<br />

st,2<br />

R<br />

st,1<br />

Seção <strong>de</strong> início <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

b,nec<br />

R st,1<br />

Figura 3.3 – Zona <strong>de</strong> compressão transversal – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO (1995).<br />

Um <strong>de</strong>talhe construtivo para barras retira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviço <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos sujeitos à<br />

flexão é apresenta<strong>do</strong> na Figura 3.4. Nas barras lisas é obrigatório o gancho na<br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> uma vez que sua presença inibe o escorregamento inicial <strong>da</strong> barra. Já nas<br />

barras nervura<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>-se a<strong>do</strong>tar uma <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> reta s<strong>em</strong> gancho justifica<strong>da</strong> pelas<br />

nervuras e mossas que mobilizam essencialmente a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> mecânica, a qual resiste<br />

b<strong>em</strong> aos efeitos <strong>da</strong> <strong>de</strong>formação lenta e <strong>do</strong> escorregamento longitudinal. Entretanto, nos<br />

trechos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> flexão <strong>em</strong> que são eleva<strong>da</strong>s as tensões na armadura sob<br />

as ações <strong>de</strong> serviço, o gancho <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s barras lisas ou a simples interrupção<br />

<strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> alta a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong>ve ser evita<strong>do</strong>, pois, po<strong>de</strong> provocar o surgimento <strong>de</strong> uma


Ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

fissura <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> abertura. Por isso, sugere-se que as barras sejam ligeiramente<br />

levanta<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> peça (FUSCO, 1995).<br />

Seção <strong>de</strong> início <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

> b,nec<br />

2φ a 4φ<br />

Figura 3.4 – Detalhe construtivo para barras retira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviço – FUSCO (1995).<br />

Seguin<strong>do</strong> as prescrições <strong>da</strong> NBR 6118:2003, o segmento <strong>da</strong> barra traciona<strong>da</strong> a<br />

ser ancora<strong>do</strong> t<strong>em</strong> início na seção teórica on<strong>de</strong> sua tensão σ s começa a diminuir (a força<br />

<strong>de</strong> tração nas barras <strong>da</strong> armadura começa a ser transferi<strong>da</strong> para o concreto). Com isso,<br />

prolonga-se pelo menos 10φ além <strong>do</strong> ponto teórico <strong>de</strong> tensão σ s nula, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

nenhum caso ser inferior ao comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário ( bnec , )<br />

.<br />

Uma vez que seja <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> a armadura longitudinal e escolhi<strong>do</strong> o diâmetro<br />

<strong>da</strong>s barras que a compõe, o probl<strong>em</strong>a passa a residir na escolha <strong>do</strong>s comprimentos<br />

ótimos e <strong>do</strong>s arranjos ao longo <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento estrutural. O critério a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no<br />

<strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração consiste na divisão <strong>do</strong> diagrama <strong>em</strong> segmentos<br />

cujas distâncias entre si equival<strong>em</strong> ao momento fletor capaz <strong>de</strong> ser absorvi<strong>do</strong> pela barra<br />

<strong>da</strong> armadura unitária <strong>de</strong> área A s . Portanto, os pontos <strong>de</strong> interseção <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong><br />

momento fletor <strong>de</strong>cala<strong>do</strong> com os feixes <strong>de</strong> linhas indicam <strong>em</strong> que seção as barras <strong>da</strong><br />

armadura pod<strong>em</strong> ser retira<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviço e ancora<strong>da</strong>s.<br />

Conforme se constata na Figura 3.5, a partir <strong>do</strong> ponto A <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> forças<br />

<strong>de</strong>cala<strong>do</strong> <strong>de</strong> um valor a , inicia-se o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> barra <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal <strong>de</strong> tração <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos estruturais solicita<strong>do</strong>s por flexão simples<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cálculo. Este diagrama equivale ao diagrama <strong>de</strong> forças<br />

corrigi<strong>do</strong> R Sd , cor . Para barra reta, o trecho <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>ve ser prolonga<strong>do</strong> além <strong>de</strong> B,<br />

47


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

no mínimo <strong>de</strong> 10φ . Nas seções intermediárias entre A e B, o diagrama resistente<br />

lineariza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve cobrir o diagrama solicitante.<br />

Para o caso <strong>da</strong>s lajes, a NBR 6118:2003 recomen<strong>da</strong> que se a<strong>do</strong>te a = 1,5d<br />

.<br />

Diagrama <strong>de</strong> força <strong>de</strong> tração solicitante<br />

R sd,cor<br />

R =<br />

st<br />

M sd/z<br />

A<br />

R<br />

sd<br />

B<br />

> 10Ø<br />

b,<br />

nec<br />

> 10Ø<br />

b,<br />

nec<br />

B<br />

A<br />

<br />

> 10Ø<br />

48<br />

Diagrama <strong>de</strong> força <strong>de</strong> tração resistente<br />

Figura 3.5 – Cobertura <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> força <strong>de</strong> tração solicitante pelo diagrama<br />

resistente – Modifica<strong>do</strong> <strong>da</strong> NBR 6118:2003.<br />

Para facilitar o uso <strong>da</strong> <strong>de</strong>calag<strong>em</strong>, po<strong>de</strong>-se aplicar um procedimento simplifica<strong>do</strong><br />

que consiste <strong>em</strong> envolver o diagrama <strong>de</strong> momento fletor já <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> <strong>de</strong> a , por uma<br />

“esca<strong>da</strong>” <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus verticais, <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> conforme indica<strong>do</strong> na Figura 3.6, retiran<strong>do</strong>se<br />

<strong>de</strong> serviço e ancoran<strong>do</strong> as correspon<strong>de</strong>ntes barras, <strong>de</strong>grau por <strong>de</strong>grau. É evi<strong>de</strong>nte que<br />

esse procedimento é s<strong>em</strong>elhante ao proposto pela NBR 6118:2003, entretanto,<br />

ligeiramente a favor <strong>da</strong> segurança. Contu<strong>do</strong>, a proposição se torna bastante conveniente<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> a sua simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> (SÜSSEKIND, 1981; CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO,<br />

2004).


Ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

M d<br />

M d<br />

M d<br />

M d<br />

4<br />

4<br />

4<br />

4<br />

b,nec<br />

a <br />

b,nec<br />

b,nec<br />

Figura 3.6 – Diagrama <strong>de</strong> momentos fletores <strong>de</strong> cálculo estratifica<strong>do</strong>.<br />

No que tange aos apoios internos, há duas situações a se consi<strong>de</strong>rar acerca <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>:<br />

− Quan<strong>do</strong> o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> barra se iniciar na face <strong>do</strong> apoio ou<br />

além <strong>de</strong>la e a força a ancorar na armadura ( R st ) diminuir <strong>em</strong> direção ao centro<br />

<strong>do</strong> apoio, recomen<strong>da</strong>-se que esse seja medi<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong>ssa face;<br />

− Se o diagrama <strong>de</strong> momentos fletores <strong>de</strong> cálculo não atingir a face <strong>do</strong> apoio, as<br />

barras prolonga<strong>da</strong>s até o apoio <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

M d<br />

necessário ( bnec , )<br />

marca<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> ponto no qual o eixo <strong>da</strong> barra intercepta o<br />

diagrama <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> e, obrigatoriamente, <strong>de</strong>ve ultrapassar 10φ <strong>da</strong> face <strong>de</strong> apoio.<br />

barra<br />

<strong>viga</strong><br />

<strong>pilar</strong><br />

diagrama<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>do</strong><br />

A<br />

b,nec<br />

M d<br />

barra<br />

<strong>viga</strong><br />

<strong>pilar</strong><br />

diagrama<br />

<strong>de</strong>sloca<strong>do</strong><br />

A<br />

b,nec<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.7 – Ancorag<strong>em</strong> <strong>de</strong> barras <strong>em</strong> apoios intermediários – (a) prolongamentos <strong>da</strong>s<br />

barras até os apoios; (b) interrupção <strong>da</strong>s barras antes <strong>do</strong>s apoios.<br />

10Ø<br />

49


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

Nas <strong>ligações</strong> entre <strong>viga</strong>s, o ponto <strong>de</strong> início <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> a<br />

partir <strong>de</strong> 1 3 <strong>da</strong> largura <strong>do</strong> apoio, sen<strong>do</strong> o comprimento total <strong>da</strong> barra a ancorar igual a<br />

( 13)<br />

b<br />

+ ⋅ .<br />

bnec ,<br />

w<br />

Segun<strong>do</strong> Cunha e Souza (1994), a <strong>de</strong>calag<strong>em</strong> <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> momento fletor<br />

para as lajes é bastante trabalhosa. Por isso, na prática, costuma-se <strong>de</strong>talhar as barras <strong>da</strong>s<br />

armaduras <strong>de</strong> flexão positiva, traspassa<strong>da</strong>s uma <strong>da</strong> outra conforme a Figura 3.8.<br />

-<br />

Para vãos isola<strong>do</strong>s:<br />

10%<br />

Para vãos centrais:<br />

10% <br />

20% <br />

20%<br />

é o comprimento teórico <strong>do</strong> vão <strong>da</strong> laje.<br />

Para vãos extr<strong>em</strong>os:<br />

20% <br />

5%<br />

20%<br />

(Procedimento alternativo)<br />

Figura 3.8 – Procedimento prático para <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras positivas<br />

<strong>da</strong>s lajes – CUNHA e SOUZA (1994).<br />

Com relação às armaduras <strong>de</strong> flexão negativa <strong>da</strong>s lajes, Cunha e Souza (1994)<br />

apresentaram seis possíveis disposições <strong>da</strong>s barras <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s espaçamentos<br />

comumente <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s (ver Figura 3.9).<br />

5% <br />

50


Ancorag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração nas seções <strong>de</strong> apoio<br />

com gancho<br />

s<strong>em</strong> gancho<br />

0,25 0,25 máx<br />

máx<br />

0,30máx φ c.20 φ c.10; c.12,5; c.15 φ c.7,5; c.6,7; c.5<br />

0,30máx<br />

0,25 0,25<br />

máx<br />

máx<br />

0,15 0,15 máx<br />

máx<br />

0,30máx<br />

0,20máx 0,30máx 0,20máx<br />

- maior comprimento <strong>do</strong>s vãos menores <strong>da</strong>s lajes adjacentes.<br />

máx<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

0,25máx 0,25máx<br />

0,19 0,19<br />

máx<br />

máx<br />

0,125 0,125 máx<br />

máx<br />

0,30máx<br />

0,30máx 0,225 0,225<br />

máx<br />

máx<br />

0,15máx 0,15máx<br />

Figura 3.9 – Procedimento prático para <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras<br />

negativas <strong>da</strong>s lajes – CUNHA e SOUZA (1994).<br />

Para Carvalho e Figueire<strong>do</strong> Filho (2004), a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> racionalização <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong>ve prece<strong>de</strong>r aos critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento a ser<strong>em</strong> utiliza<strong>do</strong>s.<br />

Em alguns casos, é mais rentável sob o aspecto econômico a extensão <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong><br />

armadura ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento estrutural a cortá-las como sugere a NBR<br />

6118:2003. Segun<strong>do</strong> os autores, se o custo <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> no projeto e no corte<br />

e <strong>do</strong>bra <strong>da</strong> armadura for superior ao custo <strong>do</strong> material economiza<strong>do</strong>, é preferível optar<br />

pelo uso <strong>da</strong>s barras com comprimento igual ao <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento.<br />

3.4 Ancorag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração nas seções <strong>de</strong> apoio<br />

A <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração nas seções <strong>de</strong> apoio está prevista na NBR<br />

6118:2003 sob três condições cujo entendimento é essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

trabalho. Essas recomen<strong>da</strong>ções atestam que as forças <strong>de</strong> tração junto aos apoios <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s<br />

simples ou contínuas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser resisti<strong>da</strong>s pelas armaduras longitudinais, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />

mais severa <strong>de</strong>ntre elas, a saber:<br />

51


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

a) na ocorrência <strong>de</strong> momentos fletores positivos, as armaduras obti<strong>da</strong>s por meio <strong>do</strong><br />

dimensionamento <strong>da</strong> seção;<br />

b) <strong>em</strong> apoios extr<strong>em</strong>os, para garantir <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong> diagonal <strong>de</strong> compressão, armaduras<br />

capazes <strong>de</strong> resistir a uma força <strong>de</strong> tração ( )<br />

R = a d ⋅ V + N<br />

st d d<br />

cortante no apoio e N d é a força <strong>de</strong> tração eventualmente existente;<br />

52<br />

, on<strong>de</strong> V d é a força<br />

c) <strong>em</strong> apoios extr<strong>em</strong>os e intermediários, por prolongamentos <strong>de</strong> uma parte <strong>da</strong> armadura<br />

<strong>de</strong> tração <strong>do</strong> vão ( s, vão )<br />

( M vão ) <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que:<br />

− As, apoio 13 ( As,<br />

vão )<br />

A , correspon<strong>de</strong>nte ao máximo momento fletor positivo <strong>do</strong> tramo<br />

≥ ⋅ se M apoio for nulo ou negativo e <strong>de</strong> valor absoluto<br />

M ≤ 0,5M<br />

;<br />

apoio vão<br />

− As, apoio 14 ( As,<br />

vão )<br />

≥ ⋅ se M apoio for negativo e <strong>de</strong> valor absoluto<br />

M > 0,5M<br />

.<br />

apoio vão<br />

Para as condições <strong>de</strong>scritas <strong>em</strong> b e c , no caso <strong>de</strong> apoio extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, as barras<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser ancora<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> face <strong>do</strong> apoio, com comprimentos iguais ou superiores<br />

ao maior <strong>do</strong>s seguintes valores:<br />

bnec , ;<br />

( r + 5,5φ<br />

) , com r igual ao raio efetivo <strong>do</strong> gancho;<br />

60mm .<br />

Comumente se a<strong>do</strong>ta no meio técnico, os <strong>de</strong>talhamentos apresenta<strong>do</strong>s na Figura<br />

3.10 para apoios extr<strong>em</strong>os. A questão é que nos apoios estreitos e extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong> <strong>ligações</strong><br />

monolíticas, a largura <strong>da</strong> peça <strong>de</strong> apoio po<strong>de</strong> ser insuficiente para alojar o comprimento<br />

<strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário, mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> gancho na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> barra.<br />

Portanto, quan<strong>do</strong> se t<strong>em</strong> bef , < bnec , no apoio é necessário diminuir a tensão ( σ s ) nas<br />

barras estendi<strong>da</strong>s até o apoio, aumentan<strong>do</strong>-se, proporcionalmente, a área calcula<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

armadura no apoio ( s, calc, apoio )<br />

A , que o resulta <strong>em</strong>:<br />

<br />

A = ⋅A<br />

s, ef , apoio<br />

bnec ,<br />

bef<br />

,<br />

s, calc, apoio<br />

(3.10)


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

Sen<strong>do</strong>, bef , w<br />

= b −c,<br />

com b w igual a largura <strong>do</strong> apoio na direção <strong>do</strong> eixo <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e c é o<br />

cobrimento <strong>da</strong> armadura.<br />

c<br />

b,<br />

ef<br />

As,<br />

calc, apoio<br />

b w<br />

R d<br />

φ<br />

R st<br />

8Ø<br />

<br />

c b, ef<br />

(a) (b)<br />

d b<br />

b w<br />

Rd<br />

As,<br />

calc, apoio<br />

Figura 3.10 – (a) Barra <strong>em</strong> ponta reta; (b) Barra <strong>em</strong> gancho – PROMON (1976).<br />

Em apoios intermediários, o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> po<strong>de</strong> ser igual a 10φ ,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja qualquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ocorrência <strong>de</strong> momentos positivos nessa<br />

região. Caso não se possa garantir essa condição, as barras <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser contínuas ou<br />

<strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s sobre o apoio.<br />

3.5 Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

Durante algum t<strong>em</strong>po, o posicionamento <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras nos encontros<br />

entre peças estruturais era feito <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a experiência <strong>do</strong> projetista <strong>em</strong> função <strong>de</strong><br />

obras anteriores. Contu<strong>do</strong>, a racionalização <strong>do</strong>s materiais com vistas à contenção <strong>de</strong><br />

custos e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas computacionais que fornec<strong>em</strong> resulta<strong>do</strong>s mais<br />

precisos quanto à <strong>análise</strong> estrutural, provocaram uma otimização <strong>de</strong> dimensões <strong>da</strong>s<br />

peças e, com isso, possibilitou a disposição mais racional.<br />

As <strong>ligações</strong> entre os el<strong>em</strong>entos estruturais são <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s como regiões<br />

especiais visto que sua <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> geométrica não permite a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s hipóteses<br />

<strong>de</strong> Bernoulli quanto à variação linear <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações ao longo <strong>da</strong> seção transversal.<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s que tratam <strong>da</strong> verificação <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> tensões nesses trechos revelam<br />

φ<br />

R st<br />

53


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

que há uma mu<strong>da</strong>nça no direcionamento <strong>da</strong>s forças internas que, conseqüent<strong>em</strong>ente,<br />

alteram a distribuição <strong>da</strong>s tensões.<br />

A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> no que tange ao comportamento <strong>de</strong>ssas regiões obriga que as<br />

mesmas tenham uma resistência superior <strong>em</strong> relação aos el<strong>em</strong>entos que nelas<br />

converg<strong>em</strong>. Essa resistência está associa<strong>da</strong> a diversos fatores que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s intrínsecas aos materiais até aos aspectos relativos à geometria <strong>da</strong>s peças.<br />

Em vistas à concepção estrutural, a eficiência <strong>do</strong>s arranjos <strong>da</strong>s armaduras nas<br />

<strong>ligações</strong> não está apenas associa<strong>da</strong> a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção <strong>do</strong>s esforços<br />

solicitantes, mas também, ao controle <strong>de</strong> fissuração, s<strong>em</strong> que para isso, ocasione o<br />

congestionamento <strong>de</strong> barras nos trechos <strong>em</strong> questão. Uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong><br />

arranjo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> é pela utilização <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> bielas e tirantes cujos aspectos básicos<br />

pod<strong>em</strong> ser encontra<strong>do</strong>s com <strong>de</strong>talhes <strong>em</strong> Silva e Giongo (2000).<br />

Os trabalhos que estão relaciona<strong>do</strong>s abaixo tratam <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parte<br />

<strong>da</strong>s pesquisas que se têm <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s ao longo <strong>da</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> uma idéia<br />

parcial <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>-<strong>da</strong>-arte referente ao estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>:<br />

− Nilsson e Losberg (1976) realizaram um abrangente estu<strong>do</strong> sobre o panorama <strong>do</strong><br />

fluxo <strong>de</strong> tensões elásticas <strong>em</strong> nós <strong>de</strong> pórticos <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> e a a<strong>de</strong>quação<br />

<strong>do</strong>s arranjos <strong>da</strong>s armaduras.<br />

− Ue<strong>da</strong>, Lin e Hawkins (1986) <strong>de</strong>senvolveram um mo<strong>de</strong>lo computacional capaz <strong>de</strong><br />

prever a força axial última e a <strong>de</strong>formação nesse estágio, e o comprimento <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> necessário <strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> armaduras <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s ancora<strong>da</strong>s <strong>em</strong> <strong>pilar</strong> <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>. O mo<strong>de</strong>lo incorpora a relação tensão <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência versus<br />

<strong>de</strong>slizamento, relação tensão versus <strong>de</strong>formação para o aço, condição <strong>de</strong><br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong> entre o aço e o concreto, modificação para concreto confina<strong>do</strong>,<br />

critério <strong>de</strong> falha e um procedimento para o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

equivalente para barras com gancho.<br />

− Soroushian et al. (1988) analisaram o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> <strong>viga</strong> ancora<strong>da</strong>s<br />

com curvas a 90° <strong>em</strong> <strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> para aferição <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo analítico<br />

para simulação <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> arrancamento. Nos trabalhos experimentais foram<br />

extraí<strong>do</strong>s os efeitos <strong>do</strong> diâmetro <strong>da</strong>s barras, <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> confinamento e <strong>da</strong><br />

resistência <strong>do</strong> concreto. A relação força <strong>de</strong> arrancamento versus <strong>de</strong>slizamento foi<br />

obti<strong>da</strong> mediante expressões <strong>em</strong>píricas. Posteriormente, Soroushian e Choi<br />

(1991) aprimoraram o mo<strong>de</strong>lo para <strong>ligações</strong> ancora<strong>da</strong>s com barras retas.<br />

54


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

− Leon (1989) investigou a influência <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras<br />

<strong>da</strong>s armaduras nas <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-pliar intermediários.<br />

− Andreasen (1991) <strong>de</strong>screveu uma investigação <strong>de</strong> cunho experimental para<br />

verificar o comportamento <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> armaduras <strong>de</strong> <strong>viga</strong>s<br />

dispostas <strong>em</strong> múltiplas cama<strong>da</strong>s.<br />

− Luo et al. (1994) avaliaram a eficiência <strong>do</strong>s arranjos <strong>de</strong> armaduras constituí<strong>da</strong>s<br />

por barras ancora<strong>da</strong>s mediante <strong>em</strong>en<strong>da</strong>s por traspasse <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong><br />

<strong>de</strong> cobertura-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>. O mecanismo <strong>de</strong> ruína e fissuração, a<br />

distribuição <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações ao longo <strong>da</strong>s barras, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, a<br />

resistência e a ductili<strong>da</strong><strong>de</strong> foram as variáveis discuti<strong>da</strong>s.<br />

− Barbosa e Almei<strong>da</strong> (2001) apresentaram uma discussão sobre os nós <strong>de</strong> pórtico<br />

<strong>de</strong> concreto que abrangeram aspectos relativos aos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ruína, aos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> bielas e tirantes e aos arranjos <strong>da</strong>s armaduras.<br />

− Lundgren e Magnusson (2001) avaliaram a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> barras nervura<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />

apoios diretos e indiretos, varian<strong>do</strong> a resistência <strong>do</strong> concreto e a taxa <strong>de</strong><br />

armadura transversal. Constataram que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> aumenta<br />

substancialmente com a presença <strong>de</strong> estribos e, é tão maior quanto for à<br />

resistência <strong>do</strong> concreto. Entretanto, para concretos <strong>de</strong> alta resistência a ruína <strong>da</strong><br />

ligação aço-concreto ocorre <strong>de</strong> maneira frágil <strong>em</strong> conseqüência <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

redistribuição <strong>de</strong> forças <strong>de</strong> tração entre as barras ancora<strong>da</strong>s.<br />

− Lundgren (2002) fez uma <strong>análise</strong> comparativa numérico-experimental sobre a o<br />

comportamento <strong>de</strong> barras ancora<strong>da</strong>s por <strong>em</strong>en<strong>da</strong>s <strong>de</strong> traspasse <strong>em</strong> nós <strong>de</strong> canto.<br />

Suas avaliações <strong>numérica</strong>s foram conduzi<strong>da</strong>s por meio <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos<br />

finitos e foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a não-lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s materiais.<br />

− Alva e El Debs (2002) observaram os fenômenos não-lineares que ocorr<strong>em</strong> nas<br />

<strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>, submeti<strong>da</strong>s às ações cíclicas, via <strong>análise</strong><br />

<strong>numérica</strong>, incorporan<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>los que utilizam conceito <strong>de</strong> <strong>da</strong>no e plastici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

− Barbosa e Almei<strong>da</strong> (2003) fizeram um estu<strong>do</strong> acerca <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> para<br />

verificar o comportamento <strong>da</strong>s barras longitudinais no nó submeti<strong>do</strong> a<br />

carregamento cíclico reverso, a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras e o processo <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> esforços.<br />

− Hegger, Sherif e Roeser (2003) realizaram um trabalho investigativo <strong>em</strong> relação<br />

aos parâmetros que influenciam a resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> <strong>ligações</strong><br />

externas e internas entre <strong>viga</strong>s e <strong>pilar</strong>es. A eficiência <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong><br />

55


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> foi atribuí<strong>da</strong> à relação entre o momento <strong>de</strong> fissuração e o momento<br />

teórico, seguin<strong>do</strong> a mesma lógica <strong>em</strong>prega<strong>da</strong> por Nilsson e Losberg (1976). Esse<br />

estu<strong>do</strong> forneceu conclusões interessantes acerca <strong>da</strong>s vantagens referentes ao uso<br />

<strong>de</strong> placas <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> sobre os ganchos <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

− Atta et al. (2003) realizaram uma extensa pesquisa experimental sobre o<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> monolíticas <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> feitas com concreto <strong>de</strong> alta<br />

resistência. Em Atta et al. (2004) foram conduzi<strong>da</strong>s <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s para<br />

compl<strong>em</strong>entar os estu<strong>do</strong>s sobre a influência <strong>do</strong> concreto <strong>de</strong> alta resistência nos<br />

nós <strong>de</strong> pórtico. Em ambos os trabalhos foram averigua<strong>do</strong>s o efeito <strong>da</strong> força axial<br />

no <strong>pilar</strong>, <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> estribos e os mecanismos <strong>de</strong> confinamento na região<br />

no<strong>da</strong>l.<br />

Dentre os trabalhos acima cita<strong>do</strong>s e os disponíveis na literatura, é notável a<br />

pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> enfoque <strong>da</strong>s pesquisas, <strong>em</strong> sua gran<strong>de</strong> parte, nas <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong>.<br />

Nos itens a seguir é apresenta<strong>do</strong> o comportamento estrutural previsto para as<br />

<strong>ligações</strong> ora trata<strong>da</strong>s, quan<strong>do</strong> submeti<strong>da</strong>s a ações monotônicas, e alguns possíveis<br />

arranjos propostos para as barras <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> tração e cisalhamento nas referi<strong>da</strong>s<br />

regiões.<br />

56


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

3.5.1 Ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong><br />

3.5.1.1 Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura–<strong>pilar</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

O comportamento estrutural <strong>da</strong> ligação entre <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura – <strong>pilar</strong> extr<strong>em</strong>o<br />

po<strong>de</strong> ser avalia<strong>do</strong> <strong>em</strong> duas situações nas quais, t<strong>em</strong>-se o momento fletor ora tracionan<strong>do</strong><br />

as fibras internas ora as fibras externas.<br />

Nilsson e Losberg (1976) reproduziram, mediante o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos<br />

finitos, a trajetória <strong>da</strong>s tensões elásticas principais <strong>em</strong> nós <strong>de</strong> pórticos ortogonais<br />

submeti<strong>do</strong>s a momento fletor positivo (tração nas fibras internas). De acor<strong>do</strong> com o que<br />

se apresenta na Figura 3.11, eleva<strong>da</strong>s tensões diagonais <strong>de</strong> tração originam as fissuras<br />

que conduz<strong>em</strong> ao risco <strong>de</strong> fendilhamento <strong>da</strong> zona comprimi<strong>da</strong> na flexão.<br />

Y<br />

X<br />

tração<br />

compressão<br />

Figura 3.11 – Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong> a momento<br />

fletor positivo – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

O objetivo <strong>de</strong>ssa pesquisa foi verificar a eficiência <strong>do</strong>s possíveis arranjos <strong>de</strong><br />

armaduras, sen<strong>do</strong> essa <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> pela relação entre o momento fletor <strong>de</strong> ruína <strong>do</strong> nó<br />

( M u,exp<br />

) , <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> experimentalmente, e o momento fletor <strong>de</strong> ruína teórico ( M uteo , )<br />

<strong>da</strong> seção na face <strong>da</strong> ligação, <strong>da</strong> barra mais <strong>de</strong>sfavorável. Conforme os resulta<strong>do</strong>s<br />

dispostos na Figura 3.12, a eficiência máxima foi obti<strong>da</strong> para o nó com armadura <strong>em</strong><br />

Y<br />

X<br />

57


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

laço, que dispunha <strong>de</strong> barras inclina<strong>da</strong>s adicionais no vértice interno cuja área total <strong>de</strong>ve<br />

ser maior ou igual à meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> área <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>de</strong> flexão <strong>da</strong> <strong>viga</strong>.<br />

eficiência<br />

(%)<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0<br />

0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 (%)<br />

Figura 3.12 – Resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong> eficiência <strong>de</strong> nós <strong>de</strong> pórticos e esta<strong>do</strong><br />

fissura<strong>do</strong> <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> para os arranjos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> NILSSON e LOSBERG<br />

(1976).<br />

Em segui<strong>da</strong>, os próprios Nilsson e Losberg (1976) <strong>de</strong>terminaram o fluxo <strong>de</strong><br />

tensões elásticas nessa ligação submeti<strong>da</strong> a momento fletor negativo (tração nas fibras<br />

externas). Segun<strong>do</strong> se constata na Figura 3.13, as fissuras principais surgiram ao longo<br />

<strong>do</strong> perímetro <strong>da</strong> ligação e <strong>em</strong> uma <strong>da</strong>s diagonais. O risco <strong>de</strong> ruína <strong>de</strong>sse <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> nó se<br />

<strong>de</strong>ve a um provável esmagamento <strong>do</strong> concreto na região <strong>do</strong> vértice interno.<br />

X<br />

58


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

Y<br />

X<br />

tração<br />

compressão<br />

Figura 3.13 – Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong> a momento<br />

fletor negativo – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

Para a situação acima exposta, Leonhardt e Mönnig (1978) sugeriram que, para<br />

se evitar que a pressão relativa à mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> direção cause o fendilhamento <strong>do</strong><br />

concreto, a barra <strong>da</strong> armadura coloca<strong>da</strong> no perímetro externo <strong>da</strong> ligação <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>do</strong>bra<strong>da</strong> com um raio razoavelmente gran<strong>de</strong>. Essa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é mais evi<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong><br />

à distância ao bor<strong>do</strong> ou entre as barras for muito pequena. O diâmetro necessário para a<br />

<strong>do</strong>bra é obti<strong>do</strong> pela eq.(3.11).<br />

Sen<strong>do</strong>:<br />

bnec ,<br />

φ : diâmetro <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura;<br />

d b : diâmetro <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra;<br />

e : espaçamento entre as barras.<br />

d<br />

Y<br />

X<br />

φ f yk<br />

≥2, 48⋅<br />

⋅ (3.11)<br />

e f<br />

ck<br />

59


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

Conforme a Figura 3.14 a , recomen<strong>da</strong>-se a<strong>do</strong>tar e= erquan<strong>do</strong><br />

e> 2er, e, caso<br />

contrário, a<strong>do</strong>ta-se e , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que er= 3φ≥ 3cm,<br />

sen<strong>do</strong> e r a distância <strong>do</strong> eixo <strong>da</strong> barra<br />

mais externa ao bor<strong>do</strong>.<br />

O <strong>de</strong>talhamento mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> é apresenta<strong>do</strong> na Figura 3.14 b para o qual se<br />

observa que a armadura <strong>de</strong> fendilhamento coloca<strong>da</strong> no interior <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra <strong>de</strong>ve ser<br />

utiliza<strong>da</strong> somente quan<strong>do</strong> db < db,<br />

nec.<br />

Além <strong>do</strong> mais, <strong>em</strong> nós estreitos, o com dimensões<br />

pequenas, para diminuir as tensões <strong>de</strong> compressão no concreto, o vértice interno <strong>de</strong>ve<br />

ser chanfra<strong>do</strong> ou curvo.<br />

a)<br />

b)<br />

e r<br />

e>2er<br />

e<br />

armadura <strong>de</strong> fendilhamento<br />

d /2<br />

b<br />

e r<br />

e<br />

e


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

4<br />

junta <strong>de</strong> concretag<strong>em</strong><br />

Figura 3.15 – Emen<strong>da</strong> por traspasse no nó – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG<br />

(1978).<br />

hv<br />

Quan<strong>do</strong> a relação > 1, 5 for verifica<strong>da</strong>, o MC CEB-FIP 1990 propôs um<br />

h<br />

p<br />

arranjo caracteriza<strong>do</strong> pela presença <strong>de</strong> estribos horizontais com a função <strong>de</strong> resistir às<br />

tensões <strong>de</strong> tração horizontais que porventura possam surgir. Neste mo<strong>de</strong>lo, os<br />

R = R − R<br />

comprimentos <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser garanti<strong>do</strong>s por b1<br />

para a força st st1 st2<br />

<strong>da</strong> barra traciona<strong>da</strong> externa e 0,6 b1<br />

para a barra comprimi<strong>da</strong> interna.<br />

Rst1<br />

0,8<br />

z 1<br />

hp<br />

Rc1 Rst2<br />

R c 2<br />

z 2<br />

+<br />

b1<br />

z cotg0<br />

1<br />

2<br />

Rst<br />

=Rst1-Rst2<br />

Z<br />

z 1cotg0<br />

2<br />

0,6 b1<br />

Figura 3.16 – Arranjo <strong>de</strong> armaduras proposto para h > 1, 5h<br />

– MC CEB-FIP 1990.<br />

v p<br />

61


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

3.5.1.2 Ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura–<strong>pilar</strong> intermediário<br />

A trajetória <strong>da</strong>s tensões elásticas é apresenta<strong>da</strong> na Figura 3.17. Conforme<br />

Leonhardt e Mönnig (1978) a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> reta <strong>da</strong>s barras <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> bor<strong>do</strong><br />

inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, só <strong>de</strong>ve ser a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> o momento fletor no topo <strong>pilar</strong> for pequeno<br />

<strong>em</strong> relação ao <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, pois as tensões <strong>de</strong> compressão provenientes <strong>da</strong> flexão,<br />

transversais à barra, colaboram com uma <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> segura. Caso o momento fletor<br />

atuante no topo <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> seja gran<strong>de</strong>, recomen<strong>da</strong>-se prolongar as barras a ancorar <strong>do</strong><br />

<strong>pilar</strong> até o banzo traciona<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e <strong>em</strong>endá-las por traspasse nas barras <strong>da</strong> <strong>viga</strong>.<br />

R sc<br />

M<br />

d<br />

R<br />

st<br />

Arranjo <strong>de</strong> armadura indica<strong>do</strong> para<br />

gran<strong>de</strong>s momentos no topo <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

Biela <strong>de</strong> compressão<br />

Fissura<br />

Fluxo <strong>de</strong> tensões i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> para nós <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> T<br />

Arranjo <strong>de</strong> armadura indica<strong>do</strong> para<br />

pequenos momentos no topo <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

Figura 3.17 – Panorama <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> tensões elásticas na ligação <strong>viga</strong> <strong>de</strong> cobertura –<br />

<strong>pilar</strong> intermediário e <strong>de</strong>talhamento recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> – LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

62


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

3.5.1.3 Ligação <strong>viga</strong> intermediária–<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Conforme Leonhardt e Mönnig (1978), o comportamento <strong>da</strong> ligação <strong>viga</strong><br />

intermediária – <strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> é caracteriza<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is efeitos prepon<strong>de</strong>rantes na<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> resistente <strong>do</strong> nó: surgimento <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> tração diagonal provoca<strong>da</strong> pela<br />

transmissão <strong>do</strong> momento fletor <strong>da</strong> <strong>viga</strong> para o <strong>pilar</strong> e a ocorrência <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong>s tensões<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência na armadura <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> apoio causa<strong>da</strong> pela alternância <strong>de</strong> tensões ao<br />

longo <strong>da</strong> região <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> pela altura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> (ver Figura 3.18). Em <strong>viga</strong>s <strong>de</strong> pequena<br />

altura, as tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ating<strong>em</strong> facilmente sua resistência última e as fissuras<br />

provocam diminuição <strong>da</strong> resistência <strong>da</strong> zona comprimi<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

compressão<br />

tração<br />

I<br />

tração<br />

compressão<br />

tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência<br />

na barra l.<br />

tração<br />

compressão<br />

solicitação nas armaduras distribuição <strong>de</strong> tensões caminhos <strong>de</strong> tensões<br />

Figura 3.18 – Viga engasta<strong>da</strong> elasticamente <strong>em</strong> <strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

Ortiz (1993) avaliou experimentalmente este <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> ligação sob ações<br />

monotônicas, utilizan<strong>do</strong> diferentes arranjos <strong>de</strong> armadura e <strong>de</strong> carregamentos, com a<br />

finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r melhor o mecanismo interno <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong>scrito<br />

mediante a <strong>análise</strong> <strong>do</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças.<br />

O equilíbrio <strong>da</strong>s forças verticais <strong>de</strong>ve ser analisa<strong>do</strong> <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> nó, on<strong>de</strong> as<br />

barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> alternam <strong>de</strong> tração para compressão mediante a<br />

ação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência. Quan<strong>do</strong> a região no<strong>da</strong>l é solicita<strong>da</strong>, as barras <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>,<br />

no la<strong>do</strong> seu interno, transfer<strong>em</strong> tensões por meio <strong>de</strong> forças diagonais entre o <strong>pilar</strong> e as<br />

barras <strong>da</strong> armadura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> posiciona<strong>da</strong>s no interior <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> e as bielas inclina<strong>da</strong>s<br />

vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>viga</strong>. As forças oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s bielas secundárias não são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como<br />

parte <strong>da</strong> biela diagonal principal. Entretanto, as fissuras que surg<strong>em</strong> nos vértices <strong>da</strong><br />

ligação pod<strong>em</strong> se prolongar ao longo <strong>da</strong>s barras e perturbar a ação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência,<br />

principalmente se não houver estribos no trecho. Dessa maneira, as tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência<br />

63


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

são direciona<strong>da</strong>s para a parte inferior <strong>do</strong> nó on<strong>de</strong> o concreto está altamente comprimi<strong>do</strong><br />

(ver <strong>de</strong>talhe 01 <strong>da</strong> Figura 3.19).<br />

O la<strong>do</strong> externo <strong>do</strong> nó apresenta uma situação mais complexa. A <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s<br />

barras <strong>da</strong> <strong>viga</strong> se dá pela ponta reta após o gancho por <strong>em</strong>en<strong>da</strong> nas barras <strong>da</strong> armadura<br />

<strong>do</strong> <strong>pilar</strong>, entretanto, parte <strong>de</strong>ssa <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é garanti<strong>da</strong> pelo cobrimento <strong>da</strong>s barras (ver<br />

<strong>de</strong>talhe 2 <strong>da</strong> Figura 3.19), on<strong>de</strong> as forças <strong>de</strong> arrancamento causa<strong>da</strong>s pela a<strong>de</strong>rência são<br />

equilibra<strong>da</strong>s pela resistência à tração <strong>do</strong> concreto.<br />

No <strong>de</strong>talhe 03 <strong>da</strong> Figura 3.19 é mostra<strong>do</strong> como as forças nas bielas ag<strong>em</strong> nas<br />

barras <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>. O núcleo <strong>da</strong> ligação é mais rígi<strong>do</strong> que o cobrimento e<br />

promove tensões <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência mais altas nesse la<strong>do</strong> <strong>da</strong>s barras, principalmente quan<strong>do</strong> a<br />

taxa apropria<strong>da</strong> <strong>de</strong> estribos é coloca<strong>da</strong>. A presença <strong>de</strong> estribos permite que o la<strong>do</strong><br />

externo <strong>do</strong> nó trabalhe <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua altura, amarran<strong>do</strong> as barras verticais e auxilian<strong>do</strong> na<br />

ação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />

Já o equilíbrio horizontal é garanti<strong>do</strong> pela interação <strong>da</strong> biela diagonal com as<br />

barras <strong>da</strong> armadura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e a força cortante <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>. Os estribos colaboram levan<strong>do</strong> as<br />

forças horizontais <strong>de</strong> parte externa mais baixa <strong>da</strong> biela para o la<strong>do</strong> interno <strong>do</strong> nó e <strong>de</strong> lá,<br />

a biela (ou as bielas secundárias) leva essas forças para a região superior. Na região<br />

superior <strong>da</strong> ligação, os estribos trabalham <strong>da</strong> mesma maneira, elevan<strong>do</strong> a a<strong>de</strong>rência <strong>da</strong>s<br />

barras <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> e prevenin<strong>do</strong> a abertura <strong>de</strong> fissuras.<br />

S<strong>em</strong> os estribos, as barras verticais não são suporta<strong>da</strong>s e as forças horizontais<br />

tend<strong>em</strong> a <strong>em</strong>purrar as barras para fora <strong>do</strong> cobrimento. As forças <strong>de</strong> tração no<br />

cobrimento <strong>de</strong> concreto superam a resistência <strong>do</strong> material e, conseqüent<strong>em</strong>ente, ocorre o<br />

surgimento <strong>de</strong> fissuras que fragilizam a ligação que, <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, rompe-se.<br />

Os testes mostraram que a presença <strong>do</strong>s estribos não influencia a resistência a<br />

fissuração <strong>do</strong> nó que é uma função <strong>da</strong> resistência <strong>do</strong> concreto e <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong> tensões.<br />

To<strong>da</strong>via, a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> última é consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> efeito <strong>de</strong><br />

confinamento estabeleci<strong>do</strong> pelos estribos. Este confinamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> taxa e <strong>do</strong><br />

arranjo <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> cisalhamento na ligação.<br />

64


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

ver Detalhes 02 e 03<br />

Barra <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

R<br />

cc<br />

Detalhe 02<br />

R R<br />

sc,<strong>pilar</strong> st,<strong>pilar</strong><br />

R cc,<strong>pilar</strong><br />

V d,<strong>pilar</strong><br />

R<br />

st,<strong>pilar</strong><br />

R<br />

cc<br />

R<br />

ct<br />

R<br />

cc<br />

R<br />

ct<br />

R<br />

cc<br />

R<br />

ct<br />

R<br />

cc<br />

R<br />

ct<br />

Seção 1-1<br />

V<br />

d,<strong>pilar</strong><br />

R<br />

cc,<strong>pilar</strong><br />

R sc,<strong>pilar</strong><br />

Barra <strong>da</strong> armadura <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

R sc,estribo<br />

R<br />

sc,estribo<br />

Barra <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

Detalhe 01<br />

R<br />

st,<strong>viga</strong><br />

R cc,<strong>viga</strong><br />

V<br />

d,<strong>viga</strong><br />

Barra <strong>da</strong> armadura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

1<br />

R<br />

cc<br />

R<br />

cc<br />

1 Barra <strong>da</strong> armadura <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

Detalhe 03<br />

65<br />

R sc,<strong>pilar</strong><br />

R<br />

st,<strong>pilar</strong><br />

Figura 3.19 – Mecanismos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> tensões – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ (1993).<br />

Os <strong>de</strong>talhamentos apresenta<strong>do</strong>s para esse <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> ligação estão expostos na<br />

Figura 3.20. De acor<strong>do</strong> com Leonhardt e Mönnig (1978), as barras inclina<strong>da</strong>s, as quais


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

não são usualmente a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter uma área igual a 50% <strong>da</strong> área <strong>da</strong> armadura a<br />

ancorar e o diâmetro <strong>da</strong>s barras <strong>de</strong>ve ser igual a 70% <strong>do</strong> diâmetro <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>quela<br />

armadura.<br />

No que tange ao posicionamento <strong>do</strong>s estribos <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>, eles <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter o<br />

espaçamento reduzi<strong>do</strong> para no máximo 100mm e a distribuição <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>ve ser no<br />

mínimo <strong>em</strong> um trecho <strong>de</strong> comprimento igual a duas vezes a largura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>, medi<strong>do</strong> na<br />

direção <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, acresci<strong>do</strong> <strong>da</strong> altura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> ( 2hp hv)<br />

+ .<br />

Para a disposição <strong>da</strong> armadura apresenta<strong>da</strong> na Figura 3.20 a , a eficiência total<br />

foi atingi<strong>da</strong> somente com a taxa <strong>de</strong> armadura ( ρ ) inferior a 0,6%. Para taxas maiores,<br />

essa eficiência caiu para 80%. Recomen<strong>da</strong>-se que o diâmetro interno <strong>da</strong> curvatura <strong>da</strong>s<br />

barras <strong>de</strong>ve ser maior ou igual a 8φ e comprimento reto após a curvatura <strong>da</strong> barra <strong>da</strong><br />

ancora<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> <strong>de</strong>ve ser no mínimo igual a 35φ e <strong>de</strong>ve ser <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong> na barra<br />

traciona<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

Em <strong>ligações</strong> submeti<strong>da</strong>s a altas forças normais (nos pavimentos mais baixos <strong>de</strong><br />

um edifício), se for constata<strong>do</strong> que a seção <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> esteja to<strong>da</strong> comprimi<strong>da</strong> (pouca<br />

influência <strong>do</strong> momento fletor transmiti<strong>do</strong> pela <strong>viga</strong>), as barras <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> pod<strong>em</strong> ser ancora<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira reta na largura <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> conforme a Figura 3.20 b<br />

(GIONGO, 2004).<br />

p<br />

e < 10cm<br />

4Ø<br />

2 h + h<br />

35Ø<br />

hp<br />

h v<br />

2 h p+<br />

h<br />

e < 10cm<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.20 – Arranjos <strong>de</strong> armaduras propostos para a ligação <strong>viga</strong> intermediária – <strong>pilar</strong><br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

hp<br />

66<br />

h v


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

3.5.1.4 Ligação <strong>viga</strong> intermediária–<strong>pilar</strong> intermediário<br />

As <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> cruz são arranja<strong>da</strong>s por analogia <strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> tensões<br />

representa<strong>da</strong>s nas <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> T. A Figura 3.21 apresenta o comportamento <strong>da</strong><br />

ligação mediante as ações <strong>do</strong>s esforços solicitantes. As disposições <strong>de</strong> armaduras são<br />

equivalentes ao esforço pre<strong>do</strong>minante ao qual o nó é submeti<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com a<br />

seqüência apresenta<strong>da</strong>, o primeiro é recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se t<strong>em</strong> alternância <strong>de</strong> esforços<br />

no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> ligação. Já o segun<strong>do</strong>, é a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> as ações verticais são<br />

pre<strong>do</strong>minantes.<br />

R<br />

sc<br />

M d<br />

R st<br />

R sc<br />

M<br />

d<br />

R<br />

st<br />

R M R<br />

st d sc<br />

Fissura<br />

R st<br />

M<br />

d<br />

R<br />

sc<br />

Fluxo <strong>de</strong> tensões i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> para nós <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> cruz<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.21 – Mo<strong>de</strong>los e arranjos <strong>de</strong> armaduras para ligação <strong>viga</strong> intermediária – <strong>pilar</strong><br />

intermediário – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

67


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

3.5.2 Ligação <strong>viga</strong>–<strong>viga</strong><br />

A <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> na ligação <strong>viga</strong>-<strong>viga</strong> é assegura<strong>da</strong> pela transmissão <strong>da</strong> reação <strong>de</strong><br />

apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong> para a <strong>viga</strong> suporte mediante armadura <strong>de</strong> suspensão que, assim<br />

como o próprio nome sugere, t<strong>em</strong> como função “suspen<strong>de</strong>r” a força oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> biela <strong>de</strong><br />

compressão para a região comprimi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong> <strong>de</strong> apoio, conforme a Figura 3.22.<br />

V<br />

d<br />

Figura 3.22 – Fluxo <strong>de</strong> tensões na ligação <strong>viga</strong>-<strong>viga</strong> – LEONHARDT e MÖNNIG<br />

(1978).<br />

A armadura <strong>de</strong> suspensão é constituí<strong>da</strong> por estribos que envolv<strong>em</strong> a armadura<br />

longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> ancora<strong>do</strong>s na parte <strong>de</strong> cima. Caso a força a<br />

ancorar seja eleva<strong>da</strong> ou haja congestionamento <strong>de</strong> armaduras na região <strong>da</strong> ligação, a<br />

armadura <strong>de</strong> suspensão <strong>de</strong>ve ser distribuí<strong>da</strong> nas regiões adjacentes ao nó (ver Figura<br />

3.23).<br />

> b /2 w,2<br />

/2<br />

1<br />

d<br />

d 2 /2<br />

> b /2 w,1<br />

b w,1<br />

d /2 2<br />

> b /2 w,1<br />

<strong>viga</strong> 1 - <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> 2 - <strong>viga</strong> <strong>de</strong> apoio<br />

bw,1- largura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> 1<br />

b w,2-<br />

largura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> 2<br />

d 1 - altura útil <strong>da</strong> <strong>viga</strong> 1<br />

d2 - altura útil <strong>da</strong> <strong>viga</strong> 2<br />

Figura 3.23 – Zona <strong>de</strong> distribuição <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> suspensão – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

bw,2<br />

68


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

De acor<strong>do</strong> com Leonhardt e Mönnig (1978), com base na analogia <strong>de</strong> treliça, não<br />

é necessário armadura <strong>de</strong> cisalhamento adicional no local, entretanto, a armadura <strong>de</strong><br />

suspensão não po<strong>de</strong> ser inferior à armadura <strong>de</strong> cisalhamento necessária. Numa outra<br />

observação <strong>de</strong>sses pesquisa<strong>do</strong>res, se os comprimentos <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> reta <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong><br />

armadura <strong>de</strong> tração proveniente <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong> for<strong>em</strong> insuficientes, <strong>de</strong>ve-se a<strong>do</strong>tar<br />

ganchos <strong>de</strong>ita<strong>do</strong>s ou inclina<strong>do</strong>s <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> verticais, pois, há tendência à formação <strong>de</strong><br />

fissuras <strong>de</strong> flexão na <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Fusco (1995), a força <strong>de</strong> suspensão ( R tt ) só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

inferior a reação <strong>de</strong> apoio quan<strong>do</strong> as duas <strong>viga</strong>s tiver<strong>em</strong> suas faces superiores no mesmo<br />

nível. Nesse caso, a força <strong>de</strong> suspensão po<strong>de</strong> ser calcula<strong>da</strong> pela eq.(3.12).<br />

On<strong>de</strong> h1 ≤ h2,<br />

sen<strong>do</strong> 1<br />

3.5.3 Ligação <strong>viga</strong>–laje<br />

R R<br />

h<br />

1<br />

stw, susp = apoio ⋅ (3.12)<br />

h 2<br />

h a altura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporta<strong>da</strong> e 2<br />

h a altura <strong>da</strong> <strong>viga</strong> suporte.<br />

Na ligação <strong>viga</strong>-laje, a diferença <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>zes entre os el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

componentes po<strong>de</strong> comprometer a segurança <strong>de</strong>sta região. No esta<strong>do</strong> elástico, a ação<br />

<strong>da</strong>s lajes nas <strong>viga</strong>s ocorre por intermédio <strong>de</strong> um carregamento variável e não uniforme<br />

ao longo <strong>do</strong> seu comprimento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> apoio e <strong>da</strong> relação entre os<br />

vãos, que acarreta na dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong>s esforços nas <strong>viga</strong>s.<br />

Nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> cálculos simplifica<strong>do</strong>s, os quais são a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelas normas <strong>em</strong><br />

geral, os esforços nas lajes são verifica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> separa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s que as sustentam,<br />

admitin<strong>do</strong>–se que esses apoios sejam rígi<strong>do</strong>s. Essa consi<strong>de</strong>ração não contabiliza a<br />

influência <strong>da</strong> <strong>de</strong>slocabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s <strong>de</strong> sustentação, que caso seja significativa, eleva<br />

o valor <strong>do</strong>s esforços nas peças e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s tensões.<br />

Segun<strong>do</strong> Leonhardt e Mönnig (1978), o arranjo <strong>da</strong>s armaduras nessa região é<br />

função <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> vínculo entre a laje e a <strong>viga</strong>. No que se refere à ligação <strong>da</strong> laje<br />

<strong>em</strong> <strong>viga</strong>s <strong>de</strong> bor<strong>do</strong>, para um engastamento parcial, po<strong>de</strong>-se a<strong>do</strong>tar uma malha<br />

construtiva contra fissura na parte superior ou, se a armadura <strong>da</strong> laje for composta por<br />

barras, pelo menos 1/3 <strong>da</strong> armadura positiva <strong>do</strong> vão <strong>de</strong>ve ser <strong>do</strong>bra<strong>da</strong> na região próxima<br />

69


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

ao apoio (ver Figura 3.24). Essa condição é a mais corriqueira, pois, as <strong>viga</strong>s quase<br />

s<strong>em</strong>pre apresentam pequena altura e, portanto, pouca rigi<strong>de</strong>z à torção.<br />

Figura 3.24 – Engastamento parcial <strong>da</strong> ligação <strong>viga</strong>-laje – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

LEONHARDT e MÖNNIG (1978).<br />

Assumin<strong>do</strong> um engastamento perfeito, é conveniente <strong>do</strong>brar as barras <strong>da</strong><br />

armadura <strong>em</strong> <strong>do</strong>is locais para o escalonamento <strong>da</strong> armadura principal. Para que o<br />

engastamento seja obti<strong>do</strong>, é necessário que o ramo horizontal superior <strong>do</strong> estribo <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

<strong>de</strong> apoio se esten<strong>da</strong> cerca <strong>de</strong> 0, 20 na laje para evitar o aparecimento <strong>de</strong> fissuras <strong>de</strong><br />

flexão na face superior <strong>da</strong> laje (ver Figura 3.25). T<strong>em</strong>-se uma situação <strong>de</strong> engastamento<br />

prefeito na ligação entre laje isola<strong>da</strong> e a <strong>viga</strong> suporte.<br />

~0,20<br />

Figura 3.25 – Engastamento na <strong>viga</strong> <strong>de</strong> apoio – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> LEONHARDT e<br />

MÖNNIG (1978).<br />

h<br />

h<br />

70


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

O grau <strong>de</strong> engastamento entre a laje e a <strong>viga</strong> é proporcional ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

fissuração <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos na região <strong>do</strong> apoio. Com isso, o engastamento é tão maior<br />

quanto à rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong> <strong>viga</strong> à torção, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a peça se apresente no estádio I.<br />

Portanto, quan<strong>do</strong> as <strong>viga</strong>s não for<strong>em</strong> suficient<strong>em</strong>ente rígi<strong>da</strong>s, não ocorre o<br />

engastamento e o momento fletor no meio <strong>do</strong> vão <strong>da</strong> laje não po<strong>de</strong> ser reduzi<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> parcela absorvi<strong>da</strong> pelo engastamento.<br />

Nos casos usuais <strong>de</strong> edifícios, nos quais as larguras <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s são limita<strong>da</strong>s a<br />

valores <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 10cm a 20cm, é ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rar lajes engasta<strong>da</strong>s nas <strong>viga</strong>s<br />

por falta <strong>de</strong> inércia à torção. Assim, é conveniente a<strong>do</strong>tar uma armadura constituí<strong>da</strong> por<br />

barras junto à face superior <strong>da</strong> laje afim <strong>de</strong> que se limit<strong>em</strong> às aberturas <strong>da</strong>s fissuras.<br />

Nas <strong>viga</strong>s inverti<strong>da</strong>s, as lajes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser trata<strong>da</strong>s como forças aplica<strong>da</strong>s,<br />

indican<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> armaduras <strong>de</strong> suspensão na parte inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> (ver Figura 3.26).<br />

h<br />

Laje <strong>em</strong> balanço vincula<strong>da</strong><br />

Figura 3.26 – Laje <strong>em</strong> balanço pendura<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma <strong>viga</strong> inverti<strong>da</strong> – LEONHARDT e<br />

MÖNNIG (1978).<br />

Quanto à ligação entre <strong>viga</strong>s e lajes contínuas <strong>de</strong> vários vãos, é recomendável<br />

prolongar pelos menos um terço <strong>da</strong> armadura positiva <strong>do</strong> vão até os apoios<br />

intermediários.<br />

Caso seja consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a redistribuição <strong>de</strong> momentos, pod<strong>em</strong>-se esten<strong>de</strong>r to<strong>da</strong>s as<br />

barras <strong>da</strong> armadura principal. A armadura <strong>de</strong>ve ser prolonga<strong>da</strong> para ambos os la<strong>do</strong>s,<br />

s<strong>em</strong> redução, com um comprimento , ≥ 3h<br />

, (LEONHARDT e MÖNNIG, 1978).<br />

bnec<br />

71


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> barras <strong>do</strong>bra<strong>da</strong>s para armaduras <strong>de</strong> lajes é incomum na prática <strong>da</strong><br />

construção <strong>de</strong> obras comuns. Essa solução se apresenta como uma alternativa que,<br />

<strong>em</strong>bora seja econômica com relação à racionalização <strong>do</strong>s materiais, torna-se onerosa<br />

sob o aspecto <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> produção. Sen<strong>do</strong> assim, para esse <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> ligação,<br />

costumeiramente, a<strong>do</strong>tam-se os arranjos apresenta<strong>do</strong>s na Figura 3.9.<br />

3.5.4 Ligação laje–laje<br />

As <strong>ligações</strong> laje–laje pod<strong>em</strong> ser verifica<strong>da</strong>s nos reservatórios <strong>em</strong> geral, piscinas<br />

e muros <strong>de</strong> arrimo. Na prática, essas estruturas são projeta<strong>da</strong>s como um conjunto <strong>de</strong><br />

lajes, <strong>em</strong>bora as pare<strong>de</strong>s possam ser dimensiona<strong>da</strong>s como <strong>viga</strong>s ou como <strong>viga</strong>-pare<strong>de</strong>,<br />

a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> ambos os <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> armadura (<strong>de</strong> laje e <strong>de</strong> <strong>viga</strong> ou <strong>de</strong> <strong>viga</strong>-pare<strong>de</strong>).<br />

Da<strong>da</strong> à complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s estruturas <strong>em</strong> questão, exist<strong>em</strong> vários processos <strong>de</strong><br />

cálculo aproxima<strong>do</strong>s (Marcus, Barès, Na<strong>da</strong>i, Czerny, Stiglat/Wippel, entre outros) que<br />

auxiliam na verificação <strong>do</strong>s esforços solicitantes atuantes nas peças estruturais que<br />

compõ<strong>em</strong> os reservatórios.<br />

Um aspecto relevante nessas <strong>ligações</strong> é que a reação <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> uma laje<br />

ocasiona o surgimento <strong>de</strong> forças <strong>de</strong> tração nas lajes <strong>de</strong> suporte. Em conseqüência, as<br />

lajes componentes <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser dimensiona<strong>da</strong>s à flexão composta, pois<br />

nelas atuam força <strong>de</strong> tração, força cortante e momento fletor (ver Figura 3.27).<br />

Esses esforços pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s mediante regras <strong>em</strong>píricas <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>da</strong>s cargas ou por meio <strong>de</strong> coeficiente tabela<strong>do</strong>s existentes na literatura a<br />

respeito <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>s reações <strong>de</strong> apoio <strong>da</strong>s lajes (CUNHA e SOUZA, 1994;<br />

FUSCO, 1995).<br />

Para Fusco (1995), o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cálculo mais simples é aquele no qual ca<strong>da</strong><br />

pare<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma laje engasta<strong>da</strong> <strong>em</strong> três bor<strong>da</strong>s e simplesmente apoia<strong>da</strong><br />

na bor<strong>da</strong> superior liga<strong>da</strong> à laje <strong>da</strong> tampa e submeti<strong>da</strong> ao carregamento correspon<strong>de</strong>nte à<br />

altura interna total <strong>da</strong> caixa.<br />

A laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é calcula<strong>da</strong> como placa com as quatro bor<strong>da</strong>s engasta<strong>da</strong>s,<br />

submeti<strong>da</strong>s ao peso próprio acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> peso total <strong>da</strong> água no interior <strong>do</strong> reservatório.<br />

Já a laje <strong>da</strong> tampa é calcula<strong>da</strong> como laje contínua simplesmente apoia<strong>da</strong>, submeti<strong>da</strong> à<br />

ação <strong>do</strong> peso próprio e <strong>de</strong> uma ação variável normal. Para to<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se<br />

consi<strong>de</strong>rar as forças <strong>de</strong> tração aplica<strong>da</strong>s, <strong>em</strong>bora na prática sejam <strong>de</strong>spreza<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong><br />

são <strong>de</strong> pequena intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

72


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

Pare<strong>de</strong>s transversais<br />

Pare<strong>de</strong>s longitudinais<br />

Laje <strong>de</strong> fun<strong>do</strong><br />

Figura 3.27 – Momentos fletores e forças normais <strong>de</strong> tração – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> FUSCO<br />

(1995).<br />

Quanto às disposições construtivas, as <strong>ligações</strong> pare<strong>de</strong>-pare<strong>de</strong> e pare<strong>de</strong>-fun<strong>do</strong><br />

pod<strong>em</strong> ser chanfra<strong>da</strong>s para melhorar a estanquei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s arestas e reduzir os riscos <strong>de</strong><br />

fissuração.<br />

Conforme Cunha e Souza (1994), os <strong>pilar</strong>es <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se esten<strong>de</strong>r por to<strong>da</strong> a altura<br />

<strong>do</strong> reservatório para que se evite o esmagamento <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s nos pontos <strong>de</strong> apoios<br />

(região crítica nas <strong>viga</strong>s-pare<strong>de</strong>). Quanto às dimensões <strong>da</strong>s lajes, <strong>em</strong> especial <strong>da</strong>s<br />

pare<strong>de</strong>s e o fun<strong>do</strong>, é recomendável que a espessura mínima não seja inferior a 12cm,<br />

afim <strong>de</strong> que sejam facilita<strong>do</strong>s os serviços <strong>de</strong> armação e concretag<strong>em</strong>.<br />

Os arranjos típicos <strong>da</strong>s armaduras, b<strong>em</strong> como <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> são mostra<strong>do</strong>s na<br />

Figura 3.28 e na Figura 3.29. A presença <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> reforço na ligação é<br />

justifica<strong>da</strong>, pelo procedimento <strong>de</strong> divisão <strong>do</strong> reservatório <strong>em</strong> faixas com carregamentos<br />

<strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>s diferentes cujo objetivo é a economia <strong>em</strong> armadura. Assim, pod<strong>em</strong> ser<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s diferentes quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> armadura <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> faixa (armadura mais <strong>de</strong>nsa nas<br />

faixas inferiores, e mais reduzi<strong>da</strong>s nas superiores).<br />

73


Arranjos construtivos <strong>da</strong>s ancoragens <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos estruturais<br />

Figura 3.28 – Arranjos típicos <strong>da</strong>s armaduras para reservatório eleva<strong>do</strong> – CUNHA e<br />

SOUZA (1994).<br />

74


Ligações entre el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong><br />

Figura 3.29 – Arranjos típicos <strong>da</strong>s armaduras para reservatório enterra<strong>do</strong> – CUNHA e<br />

SOUZA (1994).<br />

75


4 Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s<br />

ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

4.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais<br />

A proposta para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> consiste na avaliação, via<br />

<strong>análise</strong> <strong>numérica</strong>, <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> <strong>em</strong> edifícios <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> que enfocam o<br />

comportamento <strong>da</strong>s ancoragens <strong>da</strong>s armaduras longitudinais junto às faces superior e<br />

inferior e <strong>da</strong> a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s arranjos <strong>da</strong>s armaduras, sob o efeito <strong>de</strong> ações monotônicas.<br />

A priori, neste capítulo são apresenta<strong>do</strong>s os critérios referentes às aproximações<br />

e hipóteses <strong>de</strong> comportamento físico e discretização na mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>numérica</strong> e, <strong>em</strong><br />

segui<strong>da</strong>, são conduzi<strong>da</strong>s <strong>análise</strong>s comparativas para aferição entre uma ligação <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> analisa<strong>da</strong> experimentalmente por Ortiz (1993) e o mo<strong>de</strong>lo<br />

numérico produzi<strong>do</strong> no programa ADINA (2002).<br />

Embora haja diferenças entre os resulta<strong>do</strong>s experimentais e numéricos, as<br />

hipóteses assumi<strong>da</strong>s parec<strong>em</strong> razoáveis para uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> inicial <strong>da</strong> <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> representa<strong>da</strong>s por mo<strong>de</strong>los bidimensionais.


Procedimentos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong><br />

4.2 Procedimentos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong><br />

4.2.1 Mo<strong>de</strong>los constitutivos <strong>do</strong>s materiais<br />

4.2.1.1 Concreto<br />

O comportamento mecânico <strong>do</strong> concreto obe<strong>de</strong>ceu ao mo<strong>de</strong>lo não-linear<br />

apresenta<strong>do</strong> na Figura 4.1 o qual é basea<strong>do</strong> na relação tensão versus <strong>de</strong>formação<br />

uniaxial, generaliza<strong>da</strong> para se obter <strong>em</strong> tensões biaxiais e triaxiais.<br />

Essa relação t<strong>em</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s peculiares, como, o enfraquecimento <strong>do</strong> material<br />

sob acréscimos <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> compressão, envoltórias <strong>de</strong> ruína que <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a ruptura<br />

na tração e o esmagamento na compressão e uma estratégia para mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong> material na pós-fissuração e esmagamento (ADINA, 2002).<br />

ε ε<br />

cc,u cc<br />

c<br />

f ct<br />

α f<br />

ct<br />

f cc,máx<br />

~ fcc,u<br />

Figura 4.1 – Relação uniaxial tensão-<strong>de</strong>formação <strong>do</strong> concreto – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA<br />

(2002).<br />

Para a geração <strong>da</strong> curva mostra<strong>da</strong> na Figura 4.1 é necessário que se tenha um<br />

conhecimento prévio <strong>em</strong> relação ao comportamento <strong>do</strong> concreto por meio <strong>de</strong> valores<br />

experimentais e/ou estima<strong>do</strong>s. Esses valores são representa<strong>do</strong>s pelas tensões e<br />

<strong>de</strong>formações explicita<strong>da</strong>s no gráfico que funcionam como <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> os quais<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser forneci<strong>do</strong>s pelo usuário.<br />

Neste caso, foi conveniente a<strong>do</strong>tar os parâmetros <strong>de</strong> cálculo estabeleci<strong>do</strong>s pela<br />

NBR 6118:2003, com algumas exceções, uma vez que a idéia central é a <strong>análise</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> situações usuais <strong>de</strong> projeto.<br />

ε<br />

c<br />

77


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

No ramo negativo <strong>da</strong> curva que representa o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> concreto comprimi<strong>do</strong>, há<br />

quatro parâmetros, a saber:<br />

f cc, máx : resistência máxima à compressão <strong>do</strong> concreto;<br />

f cc, u : resistência última à compressão <strong>do</strong> concreto;<br />

ε cc : <strong>de</strong>formação específica à compressão <strong>do</strong> concreto referente à cc, máx<br />

ε cc, u : <strong>de</strong>formação específica última à compressão <strong>do</strong> concreto.<br />

f ;<br />

Para a resistência máxima à compressão <strong>do</strong> concreto ( cc, máx )<br />

78<br />

f foi conferi<strong>do</strong> o<br />

valor <strong>de</strong> 85% <strong>da</strong> resistência <strong>de</strong> cálculo à compressão <strong>do</strong> concreto ( f cd ) . Entretanto, a<br />

resistência última à compressão <strong>do</strong> concreto ( cc, u )<br />

f foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong><br />

aproxima<strong>da</strong>mente igual à resistência máxima à compressão <strong>do</strong> concreto, já que esses<br />

valores têm que ser obrigatoriamente diferentes no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concreto disponível no<br />

programa ADINA (2002).<br />

Quanto às <strong>de</strong>formações, foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os valores <strong>de</strong> 0,002 e 0,0035 para ε cc<br />

e ε cc, u , respectivamente.<br />

Para o trecho <strong>da</strong> curva referente ao comportamento <strong>do</strong> concreto à tração, é<br />

preciso fornecer a resistência à tração <strong>do</strong> concreto ( f ct ) que, nesta situação, a<strong>do</strong>tou-se<br />

como sen<strong>do</strong> igual à resistência à tração <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> concreto <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com eq.(4.1):<br />

f<br />

f = ↔ f = 0,7 ⋅ f = 0,3 ⋅ f<br />

( )<br />

ctk ,inf 23<br />

ctd<br />

γc<br />

ctk ,inf ct, m ck<br />

ctd = 0,15⋅<br />

23<br />

ck ↔ ck =γc⋅ cd<br />

ctd = 0,19 ⋅<br />

23<br />

cd<br />

f f f f<br />

f f<br />

(4.1)<br />

Após a ruptura <strong>do</strong> concreto traciona<strong>do</strong>, admitiu-se que, <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s efeitos <strong>da</strong><br />

resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, o concreto íntegro entre as fissuras contribui para a resistência<br />

a qual <strong>de</strong>cresce gra<strong>da</strong>tivamente até atingir a resistência ( f )<br />

seja capaz <strong>de</strong> absorver tensões <strong>de</strong> tração.<br />

α⋅ <strong>em</strong> que o mesmo não<br />

No que se refere ao coeficiente α , esse foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> conforme o mo<strong>de</strong>lo<br />

proposto por Figueiras (1983) para o comportamento <strong>do</strong> concreto traciona<strong>do</strong>, pois se<br />

ctd


Procedimentos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong><br />

ass<strong>em</strong>elha ao mo<strong>de</strong>lo conferi<strong>do</strong> pelo programa, cujo valor é tal que 0,5 ≤α≤ 0,7 . Para<br />

este trabalho, estabeleceu-se α = 0,7 .<br />

Além <strong>do</strong>s parâmetros acima indica<strong>do</strong>s, foi necessário fornecer o coeficiente <strong>de</strong><br />

Poisson, ν= 0,20 , a massa específica <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong>,<br />

módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> concreto e a energia <strong>de</strong> fraturamento ( G F ) .<br />

c<br />

79<br />

5 3<br />

2,5 10 −<br />

γ = ⋅ kN cm , o<br />

O módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> concreto foi admiti<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o módulo <strong>de</strong><br />

elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> tangente inicial <strong>do</strong> concreto ( E ci ) nas <strong>análise</strong>s não-lineares, expresso pela<br />

eq.(4.2), conforme a NBR 6118:2003:<br />

Sen<strong>do</strong> ci E e f ck <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>em</strong> MPa.<br />

E = 5600⋅<br />

f<br />

(4.2)<br />

12<br />

ci ck<br />

Por <strong>de</strong>finição, a energia <strong>de</strong> fraturamento ( G F ) é a energia necessária para a<br />

propagação <strong>de</strong> fissuras por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> área no concreto traciona<strong>do</strong> que po<strong>de</strong> ser<br />

estima<strong>da</strong> pela eq.(4.3), segun<strong>do</strong> prescrição <strong>do</strong> MC CEB-FIP 1990:<br />

( ) 0,7<br />

G =α ⋅ f f<br />

(4.3)<br />

F F cj co<br />

On<strong>de</strong> f cj é a resistência média <strong>do</strong> concreto à compressão e fco = 10MPa<br />

.<br />

De acor<strong>do</strong> com a NBR 12655:1996, na ausência <strong>de</strong> valores experimentais, a<br />

resistência média <strong>do</strong> concreto à compressão ( f cj ) po<strong>de</strong> ser estima<strong>da</strong> pela eq.(4.4):<br />

f = f + 1, 65 ⋅ S<br />

(4.4)<br />

cj ck d<br />

Em que S d é o <strong>de</strong>svio-padrão <strong>da</strong> <strong>do</strong>sag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> MPa . Para as <strong>análise</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>,<br />

consi<strong>de</strong>rou-se S = 4,0MPa<br />

<strong>em</strong> concordância com os critérios <strong>da</strong> NBR 12655:1996.<br />

d<br />

O coeficiente F<br />

α <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> diâmetro máximo <strong>do</strong> agrega<strong>do</strong> ( )<br />

mostra<strong>do</strong> na Tabela 4.1, seguin<strong>do</strong> os padrões <strong>de</strong> MC CEB-FIP 1990.<br />

φ como é<br />

máx


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

Tabela 4.1 – Valores <strong>do</strong> coeficiente α F (MC CEB-FIP 1990).<br />

máx ( ) mm φ 2<br />

F ( Nmm mm )<br />

α<br />

8 0,02<br />

16 0,03<br />

32 0,05<br />

Ressalta-se que foi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kupfer para a geração <strong>da</strong> curva triaxial<br />

<strong>de</strong> ruptura, conforme os ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> conti<strong>do</strong>s no programa <strong>em</strong> uso.<br />

4.2.1.2 Aço<br />

Para a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> comportamento mecânico <strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> aço utiliza<strong>da</strong>s no<br />

concreto arma<strong>do</strong>, atribuiu-se um mo<strong>de</strong>lo elasto-plástico perfeito conforme se apresenta<br />

na Figura 4.2. O critério <strong>de</strong> ruptura que rege esse <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> material foi o <strong>de</strong> von Mises.<br />

f y<br />

s<br />

E s<br />

ε y,máx<br />

Figura 4.2 – Relação uniaxial tensão-<strong>de</strong>formação <strong>do</strong> aço.<br />

Assim como no mo<strong>de</strong>lo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para o concreto, foram conferi<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong><br />

cálculo para a concepção <strong>do</strong> diagrama tensão versus <strong>de</strong>formação <strong>do</strong> aço, conforme os<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pela NBR 6118:2003.<br />

Como se percebe, <strong>de</strong>ve-se informar a <strong>de</strong>formação específica máxima <strong>de</strong><br />

escoamento <strong>do</strong> aço ( ymáx , )<br />

ε que no caso foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> igual a 0,01, o módulo <strong>de</strong><br />

elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aço <strong>de</strong> armadura passiva ( E s ) que para fins <strong>de</strong> projeto po<strong>de</strong> ser<br />

admiti<strong>do</strong> igual a 210GPa e a resistência <strong>de</strong> escoamento <strong>do</strong> aço ( f y ) cujo valor <strong>de</strong><br />

ε<br />

s<br />

80


Procedimentos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong><br />

cálculo para o aço categoria CA-50, o mais <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> na construção civil no Brasil, é<br />

<strong>de</strong> f = 435MPa<br />

.<br />

yd<br />

Além <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s discuti<strong>do</strong>s, algumas informações compl<strong>em</strong>entares são<br />

pertinentes:<br />

Coeficiente <strong>de</strong> Poisson: ν= 0,30 ;<br />

Massa específica <strong>do</strong> aço:<br />

-5 3<br />

γs =7,85⋅10 kN cm .<br />

4.2.2 Discretização <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> <strong>análise</strong><br />

4.2.2.1 Seleção <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos<br />

Para a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> concreto <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los planos, foi<br />

utiliza<strong>do</strong> o el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> superfície 2-D solid que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por el<strong>em</strong>entos<br />

quadrilaterais e/ou triangulares, conforme apresenta<strong>do</strong>s na Figura 4.3, com <strong>do</strong>is graus <strong>de</strong><br />

liber<strong>da</strong><strong>de</strong> por nó (translações no<strong>da</strong>is nos eixos pertencentes ao plano).<br />

z<br />

y<br />

4 nós<br />

quadrilateral<br />

3 nós<br />

triangular<br />

8 nós<br />

quadrilateral<br />

9 nós<br />

quadrilateral<br />

6 nós 7 nós<br />

triangular<br />

triangular<br />

Figura 4.3 – El<strong>em</strong>ento finito 2-D SOLID – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA 8.0 (2002).<br />

Já as barras <strong>de</strong> aço que compunham a armadura foram discretiza<strong>da</strong>s por meio <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> barra (“truss”) <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s quanto aos possíveis números <strong>de</strong> nós por<br />

el<strong>em</strong>ento segun<strong>do</strong> a Figura 4.4. Como se trata <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos constituintes <strong>de</strong> estruturas<br />

<strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> é sugeri<strong>do</strong> que se opte por el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> barra com 3 ou 4 nós cujo<br />

grau <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> implica apenas no <strong>de</strong>slocamento ao longo <strong>do</strong> eixo longitudinal.<br />

81


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

z<br />

y<br />

2 nós<br />

4 nós<br />

3 nós<br />

Figura 4.4 – El<strong>em</strong>ento finito TRUSS – Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> ADINA 8.0 (2002).<br />

4.3 Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

Em vistas a analisar a eficácia <strong>do</strong> programa e a coerência <strong>da</strong>s respostas<br />

forneci<strong>da</strong>s, nesta etapa foi realiza<strong>da</strong> a simulação <strong>numérica</strong> <strong>de</strong> uma ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> analisa<strong>da</strong> experimentalmente por Ortiz (1993), escolhi<strong>da</strong> por razões <strong>de</strong><br />

comodi<strong>da</strong><strong>de</strong> já que o arranjo <strong>da</strong>s barras não oferece gran<strong>de</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s sob o aspecto<br />

<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong>.<br />

4.3.1 Descrição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo experimental <strong>de</strong> Ortiz (1993)<br />

O programa experimental realiza<strong>do</strong> por Ortiz (1993) consistiu na avaliação <strong>de</strong><br />

sete <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong> intermediária-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> para as quais foram<br />

utiliza<strong>do</strong>s diferentes <strong>de</strong>talhamentos <strong>de</strong> armadura e <strong>de</strong> cargas atuantes.<br />

Os mo<strong>de</strong>los experimentais <strong>em</strong> escala real foram construí<strong>do</strong>s com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reproduzir uma situação <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> <strong>viga</strong> contínua com <strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pórtico <strong>de</strong> edifício. Para isso, os el<strong>em</strong>entos estruturais <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ligação, <strong>viga</strong> e<br />

<strong>pilar</strong>, tiveram as dimensões escolhi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> a representar uma estrutura real.<br />

Neste contexto, são apresenta<strong>da</strong>s apenas as particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> ligação BCJ2, a<br />

qual foi mo<strong>de</strong>la<strong>da</strong> e os seus resulta<strong>do</strong>s serviram como parâmetro para calibrag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>los constitutivos <strong>do</strong>s materiais na simulação <strong>numérica</strong>. Os <strong>de</strong>talhes geométricos<br />

<strong>de</strong>ste pórtico são apresenta<strong>do</strong>s na Figura 4.5.<br />

82


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

40<br />

40<br />

A<br />

Ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> força<br />

7 x 15<br />

08 estribos - φ 8,0mm<br />

A'<br />

20<br />

115<br />

2,5<br />

10<br />

r<br />

30<br />

20<br />

B B'<br />

4 x φ 16,0mm<br />

2 x φ 8,0mm<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

5 x 15<br />

06 estribos - φ 8,0mm<br />

5<br />

01 estribo - φ 8,0mm<br />

20<br />

5<br />

5 x 15<br />

83<br />

fim <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> tração <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

06 estribos - φ 8,0mm<br />

20<br />

30<br />

raio <strong>de</strong> curvatura <strong>da</strong>s barras <strong>do</strong>bra<strong>da</strong>s<br />

r = 6,5<br />

CORTE A - A' CORTE B -B'<br />

2,5<br />

2 x 3φ 16,0mm<br />

Figura 4.5 – Ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> BCJ2 (Da<strong>do</strong>s geométricos) – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ<br />

(1993).<br />

Quanto às proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais, a resistência média <strong>do</strong> concreto à<br />

compressão aos 28 dias ( c,28)<br />

<strong>de</strong>, 38MPa e 3,7MPa , respectivamente.<br />

f e a resistência média <strong>do</strong> concreto à tração ( )<br />

f foram<br />

Já as armaduras <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> foram compostas por <strong>do</strong>is <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> aço. Nas<br />

barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is el<strong>em</strong>entos foi utiliza<strong>do</strong> o aço Swedish Kam<br />

Ks60 <strong>de</strong> resistência ao escoamento igual a 720MPa e para os estribos e as barras <strong>da</strong><br />

armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, foi utiliza<strong>do</strong> o aço BS 4449 cuja resistência ao escoamento é<br />

<strong>de</strong> 571MPa .<br />

ct


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

Quanto à <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>, foram verifica<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>formações <strong>em</strong> alguns pontos <strong>da</strong><br />

armadura longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong>. Para tanto, uma barra <strong>de</strong>ssa armadura foi<br />

instrumenta<strong>da</strong> com strain-gauges nos locais indica<strong>do</strong>s na Figura 4.6.<br />

52<br />

2,5<br />

E-1 E-2<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

Figura 4.6 – Instrumentação <strong>da</strong> barra <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong> – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ORTIZ (1993).<br />

Como a ação <strong>do</strong> momento fletor é prepon<strong>de</strong>rante, as barras <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> foram <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s por traspasse nas barras longitudinais <strong>do</strong><br />

<strong>pilar</strong> conforme se mostra na Figura 4.7.<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

20<br />

<strong>viga</strong> <strong>pilar</strong><br />

Barra <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

Barra <strong>da</strong> armadura longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

Figura 4.7 – Detalhe <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> na região <strong>do</strong><br />

nó – A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ORTIZ (1993).<br />

84


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

4.3.2 Simulação <strong>numérica</strong><br />

A simulação <strong>numérica</strong> se fun<strong>da</strong>mentou na mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>da</strong> ligação cont<strong>em</strong>plan<strong>do</strong><br />

a não-lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> física <strong>do</strong>s materiais e calibran<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo com <strong>da</strong><strong>do</strong>s provenientes<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s experimentais, ou seja, valores médios, salvo exceções.<br />

A concepção geométrica <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los bidimensionais se resume na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

pontos, retas e superfícies. Para isso, é imprescindível atentar para alguns aspectos<br />

relativos ao lançamento <strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> <strong>análise</strong>, pois, uma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> disposição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

geométrico melhora as condições para a discretização <strong>da</strong> malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, um possível refinamento até que se atinja uma plausível acurácia<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

A disposição <strong>da</strong> geometria <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo é apresenta<strong>da</strong> na Figura 4.8. No que se<br />

refere à discretização <strong>da</strong> malha, Figura 4.9, para a representação <strong>do</strong> material concreto,<br />

admitin<strong>do</strong> um esta<strong>do</strong> plano <strong>de</strong> tensões, foi escolhi<strong>do</strong> o el<strong>em</strong>ento 2-D solid com oito nós<br />

e para o aço, o el<strong>em</strong>ento truss com três nós. Essa escolha é justifica<strong>da</strong> pela busca <strong>de</strong><br />

uma compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos na interface entre os <strong>do</strong>is materiais.<br />

Vale salientar que outra hipótese aqui consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> é a <strong>de</strong> que o concreto e o aço<br />

são perfeitamente a<strong>de</strong>rentes, não sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o atrito entre ambos.<br />

Figura 4.8 – Disposição geométrica <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo numérico <strong>da</strong> ligação BCJ2.<br />

85


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

Figura 4.9 – Disposição <strong>da</strong> malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos <strong>da</strong> ligação BCJ2.<br />

As letras B e C são as condições <strong>de</strong> contorno que representam o <strong>tipo</strong> e a posição<br />

<strong>do</strong>s apoios no pórtico. A letra B indica um apoio com restrição <strong>de</strong> translação na direção<br />

horizontal. Já a letra C significa que há restrição <strong>de</strong> translação nas duas direções<br />

concernentes ao plano.<br />

As proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais são mostra<strong>da</strong>s na Tabela 4.2. Experimentalmente,<br />

foram avalia<strong>da</strong>s apenas a resistência média <strong>do</strong> concreto à compressão ( c,28)<br />

86<br />

f , 38MPa ,<br />

e a resistência média <strong>do</strong> concreto à tração ( f ct ) , 3,7MPa . O módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

concreto foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por eq.(4.2), substituin<strong>do</strong> f ck por f c,28.<br />

Os d<strong>em</strong>ais parâmetros<br />

para aferição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> concreto foram assumi<strong>do</strong>s como foi exposto no it<strong>em</strong> 4.2.1.1.<br />

Quanto às proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s aços, a resistência ao escoamento e o módulo <strong>de</strong><br />

elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na <strong>análise</strong> experimental. As variáveis restantes<br />

foram a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s conforme apresenta<strong>do</strong> no it<strong>em</strong> 4.2.1.2.<br />

Da<strong>da</strong> a geometria, a disposição <strong>da</strong> malha e os atributos relativos ao concreto e o<br />

aço, iniciou-se o procedimento <strong>de</strong> <strong>análise</strong> cujo objetivo foi atingir a mesma força <strong>de</strong><br />

ruína que foi alcança<strong>da</strong> no estu<strong>do</strong> experimental.<br />

Conseguiu-se tal propósito aplican<strong>do</strong> a força <strong>em</strong> 125 passos <strong>de</strong> carga, mediante<br />

o méto<strong>do</strong> iterativo completo <strong>de</strong> Newton (Full Newton Method), com o coman<strong>do</strong> line


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

searches ativa<strong>do</strong> e o número máximo <strong>de</strong> iterações por passo. Além disso, foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> o<br />

critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento como o critério <strong>de</strong> convergência, com a tolerância <strong>de</strong> 5% .<br />

Material<br />

Tabela 4.2 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais <strong>do</strong> pórtico BCJ2.<br />

Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> Valor médio<br />

fcc, máx → resistência máxima à compressão <strong>do</strong> concreto<br />

− 3,80<br />

Concreto<br />

Aço<br />

Swedish<br />

Kam<br />

Ks60<br />

Aço BS<br />

4449<br />

2 ( kN cm )<br />

fcc, u → resistência última à compressão <strong>do</strong> concreto<br />

2 ( kN cm )<br />

εcc → <strong>de</strong>formação específica à compressão <strong>do</strong> concreto<br />

referente à f cc, máx<br />

εcc, u → <strong>de</strong>formação específica última à compressão <strong>do</strong><br />

concreto<br />

2<br />

fct → resistência à tração <strong>do</strong> concreto ( )<br />

− 3, 79<br />

− 0,0035<br />

− 0,002<br />

kN cm 0,37<br />

α⋅ fctd<br />

→ resistência à tração <strong>do</strong> concreto pós-fissura<strong>do</strong><br />

2 ( kN cm )<br />

0, 22<br />

ν→ coeficiente <strong>de</strong> Poisson 0, 20<br />

3<br />

γc→ massa específica <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong> ( kN cm )<br />

-5<br />

2,5⋅ 10<br />

2<br />

GF → energia <strong>de</strong> fraturamento ( kN ⋅ cm cm )<br />

4<br />

7,64 10 −<br />

⋅<br />

Eci → módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> tangente inicial <strong>do</strong><br />

2<br />

concreto ( kN cm )<br />

2<br />

f y → resistência ao escoamento <strong>do</strong> aço ( )<br />

3452,07<br />

kN cm 72,00<br />

εymáx , → <strong>de</strong>formação específica máxima <strong>de</strong> escoamento<br />

<strong>do</strong> aço<br />

0,01<br />

ν→ coeficiente <strong>de</strong> Poisson 0,30<br />

γs→ massa específica <strong>do</strong> aço ( 3 )<br />

Es → módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aço ( 2 )<br />

f y → resistência ao escoamento <strong>do</strong> aço ( 2 )<br />

5<br />

kN cm 7,85 10 −<br />

⋅<br />

kN cm 18000<br />

kN cm 57,10<br />

εymáx , → <strong>de</strong>formação específica máxima <strong>de</strong> escoamento<br />

<strong>do</strong> aço<br />

0,01<br />

ν→ coeficiente <strong>de</strong> Poisson 0,30<br />

γs→ massa específica <strong>do</strong> aço ( 3 )<br />

Es → módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> aço ( 2 )<br />

5<br />

kN cm 7,85 10 −<br />

⋅<br />

kN cm 22840<br />

87


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

4.3.3 Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

Os parâmetros comparativos estabeleci<strong>do</strong>s foram a relação força aplica<strong>da</strong> versus<br />

<strong>de</strong>formação <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong>, a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />

solicitação <strong>da</strong>s barras nos pontos analisa<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> termos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações, e a<br />

força tração à medi<strong>da</strong> que as seções transversais se afastam <strong>da</strong> face <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> <strong>análise</strong> experimental feita por Ortiz (1993), as<br />

primeiras fissuras surgiram no canto superior <strong>da</strong> ligação entre a <strong>viga</strong> e o <strong>pilar</strong> no<br />

instante <strong>em</strong> que a força aplica<strong>da</strong> na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong> foi <strong>de</strong> 27kN , e a primeira<br />

fissura diagonal no nó ocorreu quan<strong>do</strong> a força foi <strong>de</strong> 50kN , a qual foi <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como<br />

sen<strong>do</strong> a força <strong>de</strong> fissuração <strong>do</strong> nó. Para esse valor <strong>da</strong> força, o momento <strong>de</strong> fissuração foi<br />

M = 6250kN<br />

⋅ cm . Na ruína <strong>do</strong> pórtico, a força última foi <strong>de</strong> 125kN e o momento<br />

r<br />

correspon<strong>de</strong>nte foi M = 15625kN<br />

⋅ cm .<br />

u<br />

Para tal verificação, foi forneci<strong>da</strong> a evolução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações nas barras <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

ao longo <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> força nos cinco pontos menciona<strong>do</strong>s na Figura 4.6 (ver Figura<br />

4.10, Figura 4.11, Figura 4.12, Figura 4.13 e Figura 4.14).<br />

Os resulta<strong>do</strong>s experimentais foram apresenta<strong>do</strong>s mediante valores pontuais, ou<br />

seja, a <strong>de</strong>formação foi registra<strong>da</strong> <strong>em</strong> alguns estágios <strong>de</strong> força, ao passo que, pela <strong>análise</strong><br />

<strong>numérica</strong>, pu<strong>de</strong>ram-se apreciar os acréscimos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações ao longo <strong>da</strong> história <strong>do</strong><br />

carregamento.<br />

No âmbito geral, a aproximação entre os resulta<strong>do</strong>s experimentais e os<br />

numéricos melhorou à proporção que se verificou a <strong>de</strong>formação nas barras nos pontos<br />

mais internos <strong>da</strong> região no<strong>da</strong>l, com exceção <strong>do</strong> ponto E-4.<br />

É notável que o mo<strong>de</strong>lo numérico mostrou-se com um comportamento mais<br />

rígi<strong>do</strong> no nó até o instante <strong>em</strong> que força aplica<strong>da</strong> foi a <strong>de</strong> 50kN . A partir <strong>da</strong>í, a<br />

<strong>de</strong>formação <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> <strong>viga</strong> se elevaram substancialmente. Uma possível justificativa<br />

para tal fato se <strong>de</strong>ve a limitação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo quanto à <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> contato entre a<br />

armadura e o concreto.<br />

Tal hipótese se traduz na completa absorção <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> tração pelas barras<br />

<strong>da</strong> armadura no instante <strong>em</strong> que o concreto atinge sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência à<br />

tração. Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o atrito entre os el<strong>em</strong>entos constituintes <strong>do</strong> concreto arma<strong>do</strong> no<br />

estágio <strong>de</strong> pós-fissuração <strong>do</strong> concreto reduz as tensões nas barras e, conseqüent<strong>em</strong>ente,<br />

as <strong>de</strong>formações.<br />

88


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

Em quase to<strong>do</strong>s os pontos <strong>de</strong> <strong>análise</strong>, a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z se <strong>de</strong>u num intervalo<br />

aproxima<strong>do</strong> ao instante <strong>de</strong> força aplica<strong>da</strong> igual a 50kN . Isso significa que o momento<br />

<strong>de</strong> fissuração obti<strong>do</strong> numericamente se aproxima <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong> na <strong>análise</strong> experimental.<br />

Entretanto, é conveniente perceber que, no ponto E-2 (o mais próximo <strong>da</strong> seção<br />

mais solicita<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong>) a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z se iniciou quan<strong>do</strong> a força na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> foi um valor tal que 30kN ≤ F ≤ 35kN<br />

, o que está razoável, visto que as primeiras<br />

fissuras apareceram no mo<strong>de</strong>lo experimental e nessa região, quan<strong>do</strong> a força aplica<strong>da</strong> foi<br />

<strong>de</strong> 27kN .<br />

Força (kN)<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

0<br />

-0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00<br />

Deformação (‰)<br />

Valores experimentais <strong>de</strong> Ortiz (1993) Valores numéricos - ADINA<br />

Figura 4.10 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-1.<br />

E-1<br />

E-2<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

89


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

Força (kN)<br />

Força (kN)<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

0<br />

150<br />

125<br />

100<br />

-0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00<br />

75<br />

50<br />

25<br />

Deformação (‰)<br />

Valores experimentais <strong>de</strong> Ortiz (1993) Valores numéricos - ADINA<br />

Figura 4.11 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-2.<br />

0<br />

-0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00<br />

Deformação (‰)<br />

Valores experimentais <strong>de</strong> Ortiz (1993) Valores numéricos - ADINA<br />

Figura 4.12 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-3.<br />

E-1<br />

E-1<br />

E-2<br />

E-2<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

90


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

Força (kN)<br />

Força (kN)<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

0<br />

150<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

-0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00<br />

Deformação (‰)<br />

Valores experimentais <strong>de</strong> Ortiz (1993) Valores numéricos - ADINA<br />

Figura 4.13 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-4.<br />

0<br />

-0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00<br />

Deformação (‰)<br />

Valores experimentais <strong>de</strong> Ortiz (1993) Valores numéricos - ADINA<br />

Figura 4.14 – Diagrama força aplica<strong>da</strong> versus <strong>de</strong>formação no ponto E-5.<br />

E-1<br />

E-1<br />

E-2<br />

E-2<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

E-3<br />

E-4<br />

E-5<br />

91


Critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na avaliação <strong>numérica</strong> <strong>da</strong>s ancoragens nas <strong>ligações</strong><br />

De acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no instante <strong>de</strong> ruína <strong>da</strong> ligação, a Tabela 4.3<br />

apresenta os valores <strong>da</strong>s tensões máximas alcança<strong>da</strong>s e as respectivas <strong>de</strong>formações nos<br />

pontos <strong>da</strong> barra <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> <strong>em</strong> estu<strong>do</strong> tanto na <strong>análise</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

numérico como no experimental. Além disso, é mostra<strong>da</strong> a razão entre os valores<br />

forneci<strong>do</strong>s, a qual chega à ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 3,18 no ponto E-4.<br />

É interessante observar que, para o mo<strong>de</strong>lo experimental, houve um acréscimo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação no trecho ancora<strong>do</strong> entre o fim <strong>do</strong> gancho (ponto E-4) e o ponto situa<strong>do</strong><br />

na <strong>em</strong>en<strong>da</strong> por traspasse (E-5). No mo<strong>de</strong>lo numérico, a <strong>de</strong>formação nas barras diminuiu<br />

à proporção que o trecho ancora<strong>do</strong> a<strong>de</strong>ntrou no apoio.<br />

Tabela 4.3 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos verifica<strong>do</strong>s.<br />

2<br />

σ s ( kN cm )<br />

( ) ‰ ε Posição<br />

N<br />

s<br />

∗<br />

†<br />

E NE N E NE<br />

E-1 27,20 10,80 2,52 1,51 0,60 2,52<br />

E-2 51,41 43,20 1,19 2,86 2,40 1,19<br />

E-3 36,70 32,94 1,11 2,04 1,83 1,11<br />

E-4 22,87 7,20 3,18 1,27 0,40 3,18<br />

E-5 11,96 12,60 0,95 0,67 0,70 0,95<br />

∗ Resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong> realiza<strong>da</strong> no programa ADINA;<br />

†<br />

Resulta<strong>do</strong> experimental aproxima<strong>do</strong> verifica<strong>do</strong> por Ortiz (1993).<br />

No que diz respeito à força <strong>de</strong> tração por barra, essa gran<strong>de</strong>za foi medi<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

apenas <strong>do</strong>is pontos correspon<strong>de</strong>ntes a E-2 e E-3. A correlação entre os valores numérico<br />

e experimental se mostrou satisfatória (ver Tabela 4.4).<br />

Tabela 4.4 – Valores <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra nos pontos E-2 e E-3.<br />

Rst , numérico kN Rst,experimental ( kN ) R , R ,exp<br />

E-2 103,34 96,00 1,08<br />

E-3 73,77 72,00 1,03<br />

Posição ( )<br />

92<br />

st numérico st erimental<br />

Mediante os resulta<strong>do</strong>s ora apresenta<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>-se afirmar que, <strong>do</strong>s cinco pontos<br />

analisa<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> apenas <strong>do</strong>is pontos (E-1 e E-4) houve diferenças significativas entre os<br />

resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo numérico e pelo mo<strong>de</strong>lo experimental. Contu<strong>do</strong>,<br />

neste instante, faz-se necessário ressaltar as prováveis razões que ocasionam tais<br />

<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s.


Simulação preliminar para aferição <strong>do</strong> programa ADINA (2002)<br />

É importante enfatizar que o mo<strong>de</strong>lo numérico se trata <strong>de</strong> uma representação<br />

simplifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo real para o qual são admiti<strong>da</strong>s hipóteses que,<br />

indubitavelmente, já proporciona alteração nos resulta<strong>do</strong>s.<br />

A ausência <strong>de</strong> parâmetros fun<strong>da</strong>mentais para aferição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los constitutivos<br />

<strong>do</strong>s materiais, como o módulo <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> concreto, <strong>de</strong>ntre outros e que neste<br />

caso, foram estima<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> equações normativas, também dificultam uma melhor<br />

performance <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo. Além disso, a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> atrito entre o concreto e o<br />

aço é um fator relevante que promove distorção na resposta por motivos que outrora já<br />

foi comenta<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> exist<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as provenientes <strong>da</strong> construção <strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo experimental, tais como, os erros nas avaliações <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais,<br />

realização <strong>do</strong> ensaio e instrumentação, os quais não são contabiliza<strong>do</strong>s na <strong>análise</strong><br />

<strong>numérica</strong>.<br />

Mesmo com esses pormenores, o estu<strong>do</strong> comparativo mostrou a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>análise</strong> <strong>numérica</strong> com o programa ADINA (2002) para a avaliação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong><br />

barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>de</strong> <strong>viga</strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong> – <strong>pilar</strong> para as quais<br />

ficam restritas as d<strong>em</strong>ais <strong>análise</strong>s na seqüência <strong>do</strong> trabalho.<br />

93


5 Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

5.1 Consi<strong>de</strong>rações iniciais<br />

Neste capítulo é apresenta<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso acerca <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>de</strong> uma <strong>viga</strong> numa típica ligação <strong>do</strong> <strong>tipo</strong><br />

<strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um edifício resi<strong>de</strong>ncial <strong>em</strong> concreto arma<strong>do</strong>.<br />

As <strong>ligações</strong> utiliza<strong>da</strong>s no presente trabalho faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a estrutural que<br />

compõe o edifício resi<strong>de</strong>ncial Wassily Kandinsky <strong>em</strong> São Carlos (SP), cujo projeto<br />

estrutural foi feito pela <strong>em</strong>presa AEOLUS Engenharia e Consultoria Lt<strong>da</strong>.<br />

Nas investigações aqui <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s são <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>s as mesmas i<strong>de</strong>alizações e<br />

consi<strong>de</strong>rações que foram utiliza<strong>da</strong>s na mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>numérica</strong> <strong>da</strong> ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> BCJ2 analisa<strong>da</strong> experimentalmente por Ortiz (1993) e apresenta<strong>da</strong> no<br />

capítulo 4.<br />

O momento <strong>de</strong> fissuração e a força <strong>de</strong> tração a ancorar na seção <strong>de</strong> transição<br />

entre a <strong>viga</strong> e o <strong>pilar</strong>, as tensões e <strong>de</strong>formações máximas <strong>em</strong> alguns pontos ao longo <strong>do</strong><br />

trecho ancora<strong>do</strong> <strong>da</strong>s armaduras <strong>de</strong> longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e a influência <strong>da</strong> força normal<br />

aplica<strong>da</strong> no <strong>pilar</strong> são os parâmetros <strong>de</strong> <strong>análise</strong> obti<strong>do</strong>s nos mo<strong>de</strong>los numéricos e<br />

compara<strong>do</strong>s aos valores <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pelos méto<strong>do</strong>s analíticos e/ou por expressões<br />

sugeri<strong>da</strong>s pela NBR 6118:2003.


Apresentação<br />

5.2 Apresentação<br />

O edifício resi<strong>de</strong>ncial Wassily Kandinsky é composto por pavimento térreo, oito<br />

pavimentos-<strong>tipo</strong>, <strong>do</strong>is pavimentos duplex e cobertura. Na Figura 5.1 é mostra<strong>da</strong> a quarta<br />

parte <strong>da</strong> forma estrutural <strong>do</strong> pavimento <strong>tipo</strong> para o qual ficaram restritas as <strong>análise</strong>s já<br />

que as <strong>ligações</strong> foram verifica<strong>da</strong>s na altura <strong>do</strong> primeiro, quarto e sexto pavimentos-<strong>tipo</strong>.<br />

As referi<strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> foram os encontros entre o <strong>pilar</strong> P31 e as <strong>viga</strong>s V325 e<br />

V341. Como as <strong>análise</strong>s se limitam a mo<strong>de</strong>los bidimensionais, esses nós foram<br />

avalia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> separa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong> os efeitos <strong>de</strong> um <strong>em</strong> relação ao outro.<br />

Ligação analisa<strong>da</strong><br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

Figura 5.1 – Quarta parte <strong>da</strong> forma estrutural <strong>do</strong> pavimento-<strong>tipo</strong>.<br />

95


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

5.3 Descrição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong><br />

A <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> geometria <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> foi basea<strong>da</strong> nas<br />

mesmas hipóteses admiti<strong>da</strong>s por Ortiz (1993).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, consi<strong>de</strong>raram-se nessas seções apoios que restringiam a translação<br />

horizontal <strong>do</strong> pórtico no <strong>pilar</strong> e o ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> forças concentra<strong>da</strong>s na <strong>viga</strong>.<br />

Para garantir o equilíbrio <strong>da</strong> ligação <strong>em</strong> <strong>análise</strong> e reproduzir o efeito <strong>de</strong> compressão <strong>da</strong><br />

força normal no <strong>pilar</strong>, foi coloca<strong>do</strong> um apoio na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior <strong>de</strong>sse el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> a impedir apenas o <strong>de</strong>slocamento vertical.<br />

Os <strong>de</strong>talhamentos <strong>da</strong>s armaduras longitudinais e transversais <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s V325 e<br />

V341 na região <strong>de</strong> ligação com o <strong>pilar</strong> P31 são apresenta<strong>do</strong>s na Figura 5.2.<br />

135<br />

135<br />

Força normal no <strong>pilar</strong> P31<br />

104<br />

Ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong><br />

força na <strong>viga</strong> V325<br />

112,50<br />

Ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong><br />

força na <strong>viga</strong> V325<br />

9 x 12,5<br />

10 estribos - φ 5,0mm<br />

(a)<br />

A<br />

A'<br />

60<br />

96


Descrição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong><br />

60<br />

Força normal no <strong>pilar</strong> P31<br />

45 45<br />

45<br />

14<br />

135<br />

135<br />

20<br />

1,5<br />

r<br />

r<br />

Ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong><br />

força na <strong>viga</strong> V341<br />

160<br />

Ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong><br />

força na <strong>viga</strong> V341<br />

11 x 10<br />

12 estribos - φ 5,0mm<br />

r = 2,5φ = 3,15<br />

60<br />

4 x 12,5<br />

4 estribos - φ 5,0mm<br />

raio <strong>de</strong> curvatura <strong>da</strong>s barras <strong>do</strong>bra<strong>da</strong>s<br />

(b)<br />

4 x φ 12,5mm<br />

4 x φ 6,3mm<br />

3 x φ 12,5mm<br />

B<br />

B'<br />

Viga V325 Viga V341<br />

=<br />

CORTE A - A' CORTE B - B'<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

Armadura longitudinal superior<br />

Armadura <strong>de</strong> pele<br />

Armadura longitudinal inferior<br />

Figura 5.2 – Detalhamento <strong>da</strong>s armaduras longitudinais e transversais <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s na<br />

ligação com o <strong>pilar</strong> P31: (a) V325; (b) V341; (c) Seção transversal.<br />

(c)<br />

97


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

Conforme é percebi<strong>do</strong>, as <strong>viga</strong>s são idênticas quanto à geometria <strong>da</strong> seção e a<br />

disposição <strong>da</strong>s armaduras longitudinais. Contu<strong>do</strong>, as taxas <strong>da</strong>s armaduras transversais e<br />

o <strong>tipo</strong> <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> se difer<strong>em</strong> <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dimensional <strong>do</strong><br />

apoio.<br />

A <strong>viga</strong> V325 se une ao <strong>pilar</strong> P31 na sua maior dimensão e, portanto, foi<br />

suficiente a<strong>do</strong>tar barras com <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> ponta reta para as armaduras superior e<br />

inferior. A verificação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> ( b ) foi feita <strong>em</strong><br />

comparação com a prescrição <strong>da</strong> NBR 6118:2003 referente a esse aspecto.<br />

Conforme foi esmiuça<strong>do</strong> no it<strong>em</strong> 3.1, o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras é<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela expressão abaixo:<br />

φ f<br />

b = ⋅<br />

4 f<br />

Substituin<strong>do</strong> os <strong>da</strong><strong>do</strong>s inerentes às proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> V325, t<strong>em</strong>-se que:<br />

<br />

b<br />

φ fyd φ fyd<br />

1, 25 43,50<br />

= ⋅ = ⋅ = ⋅ = 77,11cm<br />

23<br />

23<br />

4 fbd 4 η⋅η⋅η⋅ 1 2 3 0,19⋅fcd 4<br />

0,19⋅14,3 2, 25⋅0,7 ⋅1⋅ 10<br />

Esse resulta<strong>do</strong> revela que o comprimento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras<br />

<strong>de</strong> ambas as armaduras favorec<strong>em</strong> a segurança, já que o valor <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> é cerca <strong>de</strong> 30% maior que o comprimento <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela<br />

recomen<strong>da</strong>ção normativa.<br />

Como as barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 possu<strong>em</strong> as mesmas<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s barras que compõ<strong>em</strong> as armaduras longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325, o<br />

comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> é o mesmo ( = 77,11cm)<br />

b<br />

yd<br />

bd<br />

98<br />

. Porém, pela limitação <strong>de</strong><br />

espaço no apoio, as barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais foram ancora<strong>da</strong>s com gancho <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s por traspasse nas barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

O comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> total <strong>da</strong>s barras, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os trechos retos e a<br />

parte curva, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no projeto foi:<br />

<br />

bprojeto ,<br />

= 64,80cm


Descrição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong><br />

Assim, admitin<strong>do</strong> as barras ancora<strong>da</strong>s com gancho <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o<br />

comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> passa a ser 70% <strong>do</strong> valor calcula<strong>do</strong> <strong>de</strong> b . Logo:<br />

bnec , = 0,70⋅ b = 0,70⋅77,11 ≅54cm<br />

Pela <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> efetivo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela<br />

geometria <strong>do</strong> apoio e recomen<strong>da</strong>ções normativas quanto o diâmetro <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento<br />

( 5φ ) e a ponta reta após o gancho ( 8 )<br />

<br />

≥ φ , verificou-se que:<br />

b, ef , gancho ≥ 26,65<br />

Assumin<strong>do</strong> as barras <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s por traspasse, há também a redução <strong>de</strong> 30% <strong>do</strong><br />

comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>. Avalian<strong>do</strong> o comprimento <strong>de</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> efetivo cujo<br />

diâmetro <strong>de</strong> <strong>do</strong>bramento e a ponta reta após o gancho são 8φ e ≥35φ, respectivamente,<br />

t<strong>em</strong>-se que:<br />

<br />

bef , , <strong>em</strong>en<strong>da</strong>≥60,75<br />

Essas respostas atestam que, <strong>em</strong>bora ambos aten<strong>da</strong>m aos critérios exigi<strong>do</strong>s por<br />

norma, a <strong>em</strong>en<strong>da</strong> por traspasse se aproxima mais <strong>do</strong> valor apresenta<strong>do</strong> no projeto.<br />

É oportuno relatar que, a presença <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> força nas faces <strong>do</strong><br />

topo e <strong>da</strong> base <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s <strong>de</strong>veu-se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> verificação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> nas barras<br />

<strong>da</strong> armadura superior e inferior, respectivamente. Além <strong>da</strong> função <strong>de</strong> absorver as<br />

tensões ocasiona<strong>da</strong>s pelas ações permanentes e aci<strong>de</strong>ntais, a existência <strong>de</strong>ssas<br />

armaduras também se justifica pela consi<strong>de</strong>ração <strong>em</strong> projeto <strong>do</strong> efeito <strong>do</strong> vento sob<br />

esses el<strong>em</strong>entos estruturais.<br />

No que tange a armadura <strong>de</strong> pele, a mesma aten<strong>de</strong> às prescrições <strong>da</strong> NBR<br />

6118:2003 uma vez que as <strong>viga</strong>s têm altura ( h ) igual a 60cm .<br />

No projeto estrutural <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> P31, o <strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s armaduras longitudinal e<br />

transversal possui três variações ao longo <strong>do</strong>s an<strong>da</strong>res correspon<strong>de</strong>ntes ao pavimento<strong>tipo</strong><br />

(ver Figura 5.3). Mediante esse fato, foram escolhi<strong>do</strong>s nós entre os an<strong>da</strong>res que<br />

permitiss<strong>em</strong> analisar a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s nessas transições.<br />

cm<br />

cm<br />

99


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

Em relação aos esforços solicitantes no <strong>pilar</strong> <strong>em</strong> questão, admitiu-se apenas a<br />

ação <strong>da</strong> força normal sobre o el<strong>em</strong>ento para a <strong>análise</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong>. A composição<br />

<strong>de</strong>sse esforço consi<strong>de</strong>rou, além <strong>da</strong>s ações habituais para o dimensionamento <strong>de</strong> <strong>pilar</strong>es,<br />

a ação <strong>do</strong> vento nas duas direções <strong>da</strong> seção transversal.<br />

N1<br />

20<br />

104<br />

N3 - 2 x 17 φ 6,3mm c/20 c = 170<br />

16<br />

N4 - 3 x 17 φ 6,3mm c/20 c = 35<br />

20<br />

104<br />

N13 - 15 φ 5,0mm c/20 c = 250<br />

(a)<br />

16<br />

N14 - 3 x 15 φ 5,0mm c/20 c = 35<br />

100<br />

60<br />

N1 c = 360<br />

N12 - 10 φ 16mm c = 360<br />

N1 - 6 φ 20mm c = 418<br />

95<br />

N2 c = 380<br />

N11 - 10 φ 20mm c = 360<br />

115<br />

N2 - 12 φ 25mm c = 438<br />

75<br />

20<br />

20<br />

104<br />

104<br />

N9 - 15 φ 5,0mm c/20 c = 250<br />

N10 - 3 x 15 φ 5,0mm c/20 c = 35<br />

N6 - 2 x 15 φ 5,0mm c/20 c = 170<br />

16<br />

N7 - 3 x 15 φ 5,0mm c/20 c = 35<br />

(c) (b)<br />

Face superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong>;<br />

Medi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> centímetros (cm).<br />

Figura 5.3 – Disposição <strong>da</strong>s armaduras longitudinal e transversal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> P31:<br />

(a) Ligação entre o 1º e 2º pavimento-<strong>tipo</strong>; (b) Ligação entre o 4º e 5º pavimento-<strong>tipo</strong>;<br />

(c) Ligação entre o 6º e 7º pavimento-<strong>tipo</strong>.<br />

16<br />

100<br />

60<br />

N8 - 10 φ 20mm c = 380<br />

75<br />

N5 - 18 φ 20mm c = 380<br />

100


Procedimentos <strong>de</strong> concepção e <strong>análise</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

5.4 Procedimentos <strong>de</strong> concepção e <strong>análise</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

Em linhas gerais, a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

foi verifica<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as <strong>viga</strong>s solicita<strong>da</strong>s até o mais próximo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> limite<br />

último, manten<strong>do</strong> o <strong>pilar</strong> submeti<strong>do</strong> à ação <strong>da</strong> força normal solicitante <strong>de</strong> cálculo.<br />

Os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> <strong>análise</strong> foram o momento <strong>de</strong> fissuração e a força <strong>de</strong> tração<br />

( R st ) na seção <strong>da</strong> face <strong>de</strong> ligação <strong>da</strong> <strong>viga</strong> com o <strong>pilar</strong>, o comportamento <strong>da</strong>s armaduras<br />

longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> ao longo <strong>do</strong> trecho <strong>da</strong>s barras ancora<strong>da</strong>s discuti<strong>do</strong> também <strong>em</strong><br />

função <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações máximas <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pontos e a influência <strong>da</strong><br />

força normal advin<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

Para possibilitar uma <strong>análise</strong> comparativa com os méto<strong>do</strong>s analíticos <strong>de</strong> cálculo<br />

<strong>do</strong>s parâmetros avalia<strong>do</strong>s, as <strong>viga</strong>s V341 e V325 foram admiti<strong>da</strong>s como sen<strong>do</strong><br />

duplamente arma<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> arma<strong>da</strong>s duas vezes. Isso significa que a<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> área <strong>da</strong> armadura longitudinal superior e inferior é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte uma<br />

<strong>da</strong> outra.<br />

Logo, <strong>em</strong> vistas a obter respostas mais representativas, os mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

foram concebi<strong>do</strong>s com algumas simplificações que <strong>de</strong> certa maneira alteraram a<br />

configuração original <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los físicos, mas que não comprometeram a melhor<br />

performance <strong>de</strong>sses. Essas simplificações estão relaciona<strong>da</strong>s à disposição <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong><br />

armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong> segun<strong>do</strong> a Figura 5.4.<br />

Como se mostra na Figura 5.4, consi<strong>de</strong>raram-se a armadura longitudinal superior<br />

disposta <strong>em</strong> apenas uma cama<strong>da</strong>, a influência <strong>da</strong> armadura <strong>de</strong> pele foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

porquanto sua função estrutural é <strong>de</strong> evitar fissuração exagera<strong>da</strong> <strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />

serviço e apenas a armadura traciona<strong>da</strong> foi ancora<strong>da</strong> no <strong>pilar</strong>, ten<strong>do</strong> a armadura<br />

comprimi<strong>da</strong> a função <strong>de</strong> porta-estribos.<br />

O ponto <strong>de</strong> aplicação <strong>da</strong> força ( F ) foi estabeleci<strong>do</strong> <strong>em</strong> função <strong>da</strong> armadura<br />

traciona<strong>da</strong>. Assim, sen<strong>do</strong> a armadura traciona<strong>da</strong> a superior, a força foi aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong> cima<br />

para baixo no topo <strong>da</strong> <strong>viga</strong>. No caso contrário, <strong>em</strong> que a armadura traciona<strong>da</strong> foi a<br />

inferior, a força foi aplica<strong>da</strong> <strong>de</strong> baixo para cima na base <strong>da</strong> <strong>viga</strong>.<br />

Quanto aos apoios laterais <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> que restring<strong>em</strong> o <strong>de</strong>slocamento horizontal,<br />

esses foram combina<strong>do</strong>s, conforme consta na Figura 5.4, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar um<br />

binário nas extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> que garantiss<strong>em</strong> o equilíbrio <strong>do</strong> nó.<br />

101


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

(a) (b)<br />

(c) (d)<br />

Figura 5.4 – Simplificações quanto à disposição <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s.<br />

Mediante as condições <strong>de</strong> equilíbrio e compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, foram verifica<strong>do</strong>s os<br />

momentos resistentes <strong>de</strong> cálculo para ca<strong>da</strong> situação e, por meio <strong>de</strong>stes, foram estima<strong>da</strong>s<br />

as forças concentra<strong>da</strong>s últimas na extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s. Assumiram-se, nos mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos, forças a aplicar menores que as forças últimas (ver Tabela 5.1).<br />

102


Procedimentos <strong>de</strong> concepção e <strong>análise</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

Tabela 5.1 – Momento resistente <strong>de</strong> cálculo, força última correspon<strong>de</strong>nte e força<br />

aplica<strong>da</strong> nas <strong>viga</strong>s.<br />

M Rd<br />

Viga Armadura<br />

( kN ⋅ cm)<br />

F última<br />

( kN )<br />

F aplica<strong>da</strong><br />

( kN )<br />

325 LS 10521,60 61,47 61,00<br />

325 LI 8392,10 53,51 53,00<br />

341 LS 10521,60 59,24 59,00<br />

341 LI 8392,10 52,01 52,00<br />

LS é armadura longitudinal superior;<br />

LI é armadura longitudinal inferior.<br />

No que diz respeito à força normal atuante no <strong>pilar</strong> P31, essa foi <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> <strong>em</strong> três<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>s já que foram avalia<strong>do</strong>s três mo<strong>de</strong>los para ca<strong>da</strong> ligação. Por questões <strong>do</strong><br />

programa <strong>em</strong> uso, a força normal foi substituí<strong>da</strong> por uma pressão equivalente distribuí<strong>da</strong><br />

na face superior <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> e calcula<strong>da</strong> pela razão entre a força normal e a área bruta <strong>da</strong><br />

seção transversal <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento (ver Tabela 5.2).<br />

A força normal atuante no <strong>pilar</strong> foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela <strong>análise</strong> <strong>de</strong> esforços <strong>da</strong><br />

estrutura contabilizan<strong>do</strong> as ações convenient<strong>em</strong>ente cabíveis, inclusive a ação <strong>do</strong> vento,<br />

e a interação entre os pórticos.<br />

É importante esclarecer que as pressões aplica<strong>da</strong>s nos mo<strong>de</strong>los foram<br />

uniformiza<strong>da</strong>s porque as diferenças não são significativas e também não havia senti<strong>do</strong><br />

admitir o <strong>pilar</strong> submeti<strong>do</strong> a duas forças normais. Assim como no caso <strong>da</strong> força<br />

concentra<strong>da</strong> nas <strong>viga</strong>s, optou-se por a<strong>do</strong>tar menores valores por questões <strong>de</strong><br />

convergência nas simulações.<br />

Tabela 5.2 – Valores <strong>da</strong> força normal e <strong>da</strong> pressão aplica<strong>da</strong> nos mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong>.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Ligação<br />

Pressão <strong>de</strong> cálculo<br />

kN cm<br />

Pressão aplica<strong>da</strong><br />

kN cm<br />

Força normal <strong>de</strong> cálculo<br />

( kN )<br />

2 ( )<br />

2 ( )<br />

1 3018 1,45 1,45<br />

2 V325-P31 2080 1,00 1,00<br />

3<br />

1449 0,70 0,70<br />

1 3082 1,48 1,45<br />

2 V341-P31 2107 1,01 1,00<br />

3<br />

1458 0,70 0,70<br />

Mo<strong>de</strong>lo 1 é a ligação entre 1ºe 2º pavimento-<strong>tipo</strong>;<br />

Mo<strong>de</strong>lo 2 é a ligação entre 4ºe 5º pavimento-<strong>tipo</strong>;<br />

Mo<strong>de</strong>lo 3 é a ligação entre 6ºe 7º pavimento-<strong>tipo</strong>.<br />

Na Tabela 5.3 segue os parâmetros relativos às proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais<br />

utiliza<strong>do</strong>s nas <strong>análise</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s no projeto estrutural.<br />

103


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

Tabela 5.3 – Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s materiais <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong> V325-P31 e V341-P31.<br />

Material Proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Valor<br />

f 2<br />

kN cm − 1, 22<br />

Concreto<br />

C-20<br />

Aço<br />

CA-50<br />

cc, máx<br />

2<br />

f cc, u<br />

kN cm − 1, 21<br />

ε cc<br />

- − 0,0035<br />

ε cc, u<br />

- − 0,002<br />

f ct<br />

2<br />

kN cm 0,11<br />

α ⋅ fctd<br />

2<br />

kN cm 0,08<br />

ν - 0, 20<br />

γ c<br />

G F<br />

E ci<br />

f y<br />

3<br />

kN cm<br />

2<br />

kN ⋅ cm cm<br />

-5<br />

2,5⋅ 10<br />

4<br />

5,95 10 −<br />

⋅<br />

2<br />

kN cm 2504, 40<br />

2<br />

kN cm 43,50<br />

ε ymáx ,<br />

- 0,01<br />

ν - 0,30<br />

γ s<br />

E s<br />

3<br />

kN cm<br />

5<br />

7,85 10 −<br />

⋅<br />

2<br />

kN cm 21000<br />

Em relação à <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> malha e discretização <strong>da</strong>s superfícies <strong>de</strong> concreto e<br />

<strong>da</strong>s barras <strong>de</strong> aço, foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos 2-D solid com oito nós e truss com três<br />

nós, respectivamente. As razões que motivaram a escolha <strong>de</strong> tais el<strong>em</strong>entos, b<strong>em</strong> como<br />

outras hipóteses essenciais para a geração a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los são s<strong>em</strong>elhantes<br />

àquelas que foram assumi<strong>da</strong>s e explana<strong>da</strong>s na simulação <strong>numérica</strong> apresenta<strong>da</strong> no<br />

capítulo anterior.<br />

Para a avaliação <strong>do</strong> trecho ancora<strong>do</strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s armaduras longitudinais <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong>, foram escolhi<strong>do</strong>s alguns pontos conforme exposto na Figura 5.5. Neles, foi<br />

coleta<strong>da</strong> a evolução <strong>da</strong> tensão, <strong>de</strong>formação e força <strong>de</strong> tração na direção <strong>do</strong> eixo <strong>da</strong>s<br />

barras ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> história <strong>do</strong> carregamento.<br />

Observan<strong>do</strong> a Figura 5.5 b , optou-se por manter as <strong>em</strong>en<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s barras<br />

traspassa<strong>da</strong>s justapostas às barras <strong>da</strong> armadura longitudinais <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> <strong>da</strong> mesma maneira<br />

que na ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> BCJ2 feita por Ortiz (1993), visto que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na<br />

simulação <strong>numérica</strong> foram plausíveis conforme foi discuti<strong>do</strong>.<br />

Essa opção foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> porque no projeto estrutural não havia uma indicação ou<br />

<strong>de</strong>talhamento <strong>da</strong>s armaduras na região <strong>da</strong> ligação entre o <strong>pilar</strong> e a <strong>viga</strong>.<br />

104


Procedimentos <strong>de</strong> concepção e <strong>análise</strong> <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

(a)<br />

(b)<br />

P-3<br />

P-6<br />

P-2<br />

P-5<br />

P-2<br />

P-3 P-1<br />

P-4<br />

P-8<br />

P-7 P-5<br />

P-6<br />

Figura 5.5 – Pontos <strong>de</strong> medição na armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong>:<br />

(a) Ligação V325-P31; (b) Ligação V341-P31.<br />

P-1<br />

P-4<br />

105


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

5.5 Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

5.5.1 Ligação V325-P31<br />

5.5.1.1 Armadura superior<br />

Para a simulação <strong>do</strong>s três mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong> ligação V325-P31 foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os<br />

mesmos critérios <strong>de</strong> convergência e <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> carga. O critério <strong>de</strong> convergência<br />

foi o <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento, com a tolerância <strong>de</strong> 5%, utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> iterativo completo<br />

<strong>de</strong> Newton.<br />

Na avaliação <strong>da</strong> armadura superior, o mo<strong>de</strong>lo I atingiu a total convergência com<br />

61 passos <strong>de</strong> carga, enquanto que os mo<strong>de</strong>los II e III só alcançaram tal propósito com 70<br />

passos <strong>de</strong> carga.<br />

A discussão se inicia com a <strong>análise</strong> <strong>do</strong> comportamento <strong>da</strong>s barras na região<br />

no<strong>da</strong>l para a qual foram concebi<strong>do</strong>s diagramas que relacionam o momento <strong>de</strong> cálculo na<br />

<strong>viga</strong> versus <strong>de</strong>formação durante a aplicação <strong>do</strong>s carregamentos nos pontos P-1, P-2 e P-<br />

3 (ver Figura 5.6, Figura 5.7 e Figura 5.8, respectivamente).<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.6 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-1.<br />

106


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

M d (kN.cm)<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.7 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-2.<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.8 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-3.<br />

107


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

De acor<strong>do</strong> com o que se mostra na Figura 5.6, o momento <strong>de</strong> fissuração,<br />

verifica<strong>do</strong> na seção na qual a <strong>viga</strong> é mais solicita<strong>da</strong>, está compreendi<strong>do</strong> no intervalo<br />

2000kN ⋅cm ≤M≤2500kN ⋅ cm para os três mo<strong>de</strong>los. A ratificação <strong>de</strong>ssa resposta é<br />

r<br />

feita por meio <strong>da</strong> sua comparação com a expressão aproxima<strong>da</strong> sugeri<strong>da</strong> pela NBR<br />

6118:2003 para o cálculo <strong>de</strong>sse parâmetro.<br />

A norma brasileira prescreve que o momento <strong>de</strong> fissuração po<strong>de</strong> ser estima<strong>do</strong><br />

segun<strong>do</strong> a eq.(5.1):<br />

Em que, neste caso:<br />

M<br />

α ⋅ f ⋅I<br />

ct c<br />

r = (5.1)<br />

yt<br />

α é o fator que correlaciona aproxima<strong>da</strong>mente a resistência à tração na flexão com a<br />

resistência à tração direta. Para as peças <strong>de</strong> seções retangulares, α= 1,5 ;<br />

y t é a distância <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> seção bruta à fibra mais traciona<strong>da</strong>;<br />

I c é o momento <strong>de</strong> inércia <strong>da</strong> seção bruta <strong>de</strong> concerto.<br />

f ct é a resistência direta <strong>do</strong> concreto. Para <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> momento <strong>de</strong> fissuração <strong>de</strong>ve<br />

ser usa<strong>do</strong> o ,inf<br />

ctk<br />

23<br />

f ( 0, 21 fck<br />

)<br />

⋅ no esta<strong>do</strong> limite <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> fissura.<br />

Com base nessas informações, o momento <strong>de</strong> fissuração <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 é:<br />

23 3<br />

0,21⋅20 14⋅60 1, 5 ⋅ ⋅<br />

α⋅ fct ⋅Ic<br />

M 10 12<br />

r = = = 1949,59kN<br />

⋅ cm<br />

y<br />

60<br />

t<br />

2<br />

No que se refere à transferência <strong>de</strong> tensão <strong>do</strong> aço para o concreto, os resulta<strong>do</strong>s<br />

foram bastante razoáveis visto que as <strong>de</strong>formações reduziram significativamente à<br />

medi<strong>da</strong> que as seções transversais <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> <strong>viga</strong> se afastaram <strong>da</strong> face <strong>pilar</strong>.<br />

Quanto à força normal, <strong>em</strong>bora não seja tanto expressiva nas situações<br />

analisa<strong>da</strong>s, é perceptível que sua influência elevou as tensões e, conseqüent<strong>em</strong>ente, as<br />

<strong>de</strong>formações nas barras.<br />

No ponto P-1, ponto na seção <strong>do</strong> apoio, a evolução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações foi quase<br />

idêntica nos três mo<strong>de</strong>los até gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> carregamento. Próximo à ruína <strong>da</strong> ligação,<br />

108


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

houve certa dispersão <strong>da</strong>s curvas que <strong>de</strong>scaracterizaram o efeito majorante <strong>da</strong> força<br />

normal.<br />

To<strong>da</strong>via, os pontos P-2 e P-3, que apresentaram um comportamento<br />

praticamente linear ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> solicitação, foram mais <strong>de</strong>formáveis com a<br />

elevação <strong>da</strong> força normal.<br />

Na avaliação <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações no instante <strong>da</strong> ruína, a Tabela 5.4<br />

contém essas variáveis registra<strong>da</strong>s nos pontos <strong>de</strong> <strong>análise</strong>.<br />

De uma maneira geral, os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s foram consistentes apesar <strong>de</strong><br />

apresentar algumas incoerências sob o ponto <strong>de</strong> vista comparativo.<br />

Tabela 5.4 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325.<br />

2<br />

σ kN cm<br />

( ) ‰ ε<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição s ( )<br />

I<br />

II<br />

III<br />

P-1 21,21 1,01<br />

P-2 1,69 0,08<br />

P-3 0,87 0,04<br />

P-1 17,21 0,82<br />

P-2 1,58 0,08<br />

P-3 0,85 0,04<br />

P-1 21,48 1,02<br />

P-2 1,29 0,06<br />

P-3 0,77 0,04<br />

Na Tabela 5.5 consta a <strong>análise</strong> entre a força <strong>de</strong> tração nas barras <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> nos mo<strong>de</strong>los numéricos e pelo méto<strong>do</strong><br />

analítico.<br />

A força <strong>de</strong> tração foi calcula<strong>da</strong> analiticamente segun<strong>do</strong> a eq.(5.2):<br />

R<br />

M<br />

Sd , face<br />

st,sup<br />

= (5.2)<br />

Em que M Sd , face é o momento solicitante <strong>de</strong> cálculo na face <strong>do</strong> apoio.<br />

Rd , face<br />

z<br />

Nesta situação, o momento solicitante se confun<strong>de</strong> com o momento resistente<br />

M . Logo, M , = M , = 7245,41kN⋅<br />

cm.<br />

Sd face Rd face<br />

s<br />

109


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

O braço <strong>de</strong> alavanca ( )<br />

110<br />

z foi estima<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> z = d −0,4⋅ x,<br />

on<strong>de</strong> d é a<br />

altura útil <strong>da</strong> <strong>viga</strong> e x é a posição <strong>da</strong> linha neutra. Neste caso, x = 15,51cm<br />

e<br />

d = 55,75cm,<br />

e, por conseguinte, z = 49,55cm.<br />

Então, a força <strong>de</strong> tração a ancorar foi:<br />

MSd, face MRd,<br />

face 7245,41<br />

Rst,sup = = = = 146,22kN<br />

z z 49,55<br />

Dividin<strong>do</strong> pelo número barras que compõe a armadura longitudinal superior,<br />

t<strong>em</strong>-se:<br />

146,22<br />

Rst,sup = = 36,56kN<br />

4<br />

Tabela 5.5 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V325 na seção na face <strong>do</strong> apoio.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição<br />

st,sup, numérico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 1 )<br />

st,sup, analítico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 2 )<br />

( 1)<br />

( 2 )<br />

I 26,04 0,71<br />

II P-1<br />

21,12 36,56<br />

0,58<br />

III<br />

26,37<br />

0,72<br />

Os resulta<strong>do</strong>s verifica<strong>do</strong>s para a força <strong>de</strong> tração <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> nos mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos variaram <strong>de</strong> 58% a 72% <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração calcula<strong>da</strong> pelo méto<strong>do</strong> analítico.


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

5.5.1.2 Armadura inferior<br />

A verificação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V325 seguiu os mesmos mol<strong>de</strong>s que a <strong>da</strong> armadura superior. Nesses mo<strong>de</strong>los, utilizouse<br />

o mesmo critério <strong>de</strong> convergência que o <strong>da</strong> <strong>análise</strong> <strong>da</strong> armadura superior. Os mo<strong>de</strong>los<br />

I e II convergiram com as forças aplica<strong>da</strong>s <strong>em</strong> 60 passos <strong>de</strong> carga, enquanto que o<br />

mo<strong>de</strong>lo III com 53 passos <strong>de</strong> carga.<br />

Em resumo, observan<strong>do</strong> os diagramas momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio versus<br />

<strong>de</strong>formação nos pontos P-4, P-5 e P-6 (Figura 5.9, Figura 5.10 e Figura 5.11), vê-se que<br />

o comportamento <strong>da</strong> armadura inferior é bastante s<strong>em</strong>elhante ao <strong>da</strong> armadura superior<br />

durante to<strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong>s cargas.<br />

O que difere a armadura superior <strong>da</strong> inferior é apenas o número <strong>de</strong> barras que as<br />

compõ<strong>em</strong>. Portanto, o momento <strong>de</strong> fissuração <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela recomen<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> NBR<br />

6118:2003, segun<strong>do</strong> a eq.(5.1), é igual, pois, esse parâmetro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> variáveis que<br />

não se alteram com tal divergência. O momento <strong>de</strong> fissuração constata<strong>do</strong><br />

numericamente foi satisfatório uma vez que seu valor se encontrou no mesmo intervalo<br />

que o <strong>da</strong> armadura superior ( 2000kN cm M 2500kN<br />

cm)<br />

r<br />

111<br />

⋅ ≤ ≤ ⋅ como se verifica na<br />

Figura 5.9 que se refere ao ponto situa<strong>do</strong> na seção <strong>de</strong> ligação com o <strong>pilar</strong>.<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.9 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-4.


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

M d (kN.cm)<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.10 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-5.<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

P-3 P-2 P-1<br />

P-6 P-5 P-4<br />

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.11 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-6.<br />

112


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

Os diagramas revelam <strong>de</strong> maneira clarivi<strong>de</strong>nte a tendência <strong>de</strong> minoração <strong>da</strong>s<br />

tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos ao longo <strong>do</strong> trecho <strong>do</strong> ancora<strong>do</strong> <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal.<br />

A pouca significância <strong>da</strong> força normal prevaleceu assim como na armadura<br />

superior. Sua presença foi mais contun<strong>de</strong>nte na seção mais próxima <strong>da</strong> face <strong>do</strong> apoio<br />

que coinci<strong>de</strong> com a <strong>viga</strong> quan<strong>do</strong> essa passou <strong>do</strong> estádio I para o II, ou seja, atingiu o<br />

momento <strong>de</strong> fissuração. Essa influência <strong>de</strong>caiu continua<strong>da</strong>mente ao passo que as seções<br />

a<strong>de</strong>ntraram no <strong>pilar</strong>.<br />

As tensões e <strong>de</strong>formações máximas nos pontos P-4, P-5 e P-6 avalia<strong>da</strong>s nos três<br />

mo<strong>de</strong>los são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 5.6.<br />

Tabela 5.6 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V325.<br />

2<br />

σ kN cm<br />

( ) ‰ ε<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição s ( )<br />

I<br />

II<br />

III<br />

P-4 24,43 1,16<br />

P-5 1,73 0,08<br />

P-6 1,20 0,06<br />

P-4 23,58 1,12<br />

P-5 1,47 0,07<br />

P-6 0,98 0,05<br />

P-4 26,36 1,26<br />

P-5 1,25 0,06<br />

P-6 0,84 0,04<br />

A comparação entre a força <strong>de</strong> tração a ancorar obti<strong>da</strong> pelo méto<strong>do</strong> analítico e os<br />

mo<strong>de</strong>los numéricos está exibi<strong>da</strong> na Tabela 5.7. Utilizan<strong>do</strong> a eq.(5.2), a força <strong>de</strong> tração a<br />

ancorar <strong>da</strong> armadura longitudinal inferior ( st,inf, analítico )<br />

os <strong>da</strong><strong>do</strong>s a seguir:<br />

− M , = M , = 5778,99kN⋅<br />

cm;<br />

Sd face Rd face<br />

− d = 57,38cm;<br />

− x = 12,41cm<br />

;<br />

− z = 52,42cm.<br />

s<br />

113<br />

R foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

Logo, a força <strong>de</strong> tração a ancorar foi:<br />

MSd, face MRd,<br />

face 5778,99<br />

Rst,inf = = = = 110,24kN<br />

z z 52,42<br />

Dividin<strong>do</strong> pelo número barras <strong>da</strong> armadura longitudinal inferior, t<strong>em</strong>-se:<br />

110,24<br />

Rst,inf = = 36,75kN<br />

3<br />

Tabela 5.7 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V325 na seção na face <strong>do</strong> apoio.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição<br />

st,inf, numérico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 1 )<br />

st,inf, analítico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 2 )<br />

( 1)<br />

( 2 )<br />

I 30,05 0,82<br />

II P-4<br />

29,00 36,75<br />

0,79<br />

III<br />

32,42<br />

0,88<br />

Os valores <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração alcança<strong>do</strong>s por simulação <strong>numérica</strong> ficaram entre<br />

79% e 88% <strong>da</strong>quele <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> analítico. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> armadura<br />

inferior referente a essa questão foram melhores que os <strong>da</strong> armadura superior.<br />

114


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

5.5.2 Ligação V341-P31<br />

5.5.2.1 Armadura superior<br />

Os mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong> ligação V341-P31 para a <strong>análise</strong> <strong>da</strong> armadura superior foram<br />

simula<strong>do</strong>s obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> ao mesmo critério <strong>de</strong> convergência e tolerância que foram<br />

estabeleci<strong>do</strong>s para os mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong> ligação V325-P31.<br />

Entretanto, para o mo<strong>de</strong>lo I, que correspon<strong>de</strong> à ligação entre o 1º e 2º<br />

pavimento-<strong>tipo</strong>, conseguiu-se atingir aproxima<strong>da</strong>mente 95,58% <strong>da</strong>s ações atuantes cuja<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi conferi<strong>da</strong> <strong>em</strong> 65 passos <strong>de</strong> carga. Para os mo<strong>de</strong>los II e III, obteve-se<br />

êxito na aplicação plena <strong>da</strong>s ações, com as cargas aplica<strong>da</strong>s <strong>em</strong> 65 passos para ambos.<br />

Para os pontos P-1, P-2, P-3 e P-4 foram concebi<strong>do</strong>s gráficos que relacionam o<br />

acréscimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação durante a solicitação <strong>do</strong> pórtico e o momento fletor no eixo <strong>do</strong><br />

<strong>pilar</strong> (ver Figura 5.12, Figura 5.13, Figura 5.14 e Figura 5.15).<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

P-2<br />

P-3 P-1<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.12 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-1.<br />

P-4<br />

115


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

M d (kN.cm)<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

P-2<br />

P-3 P-1<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.13 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-2.<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

P-4<br />

P-2<br />

P-3 P-1<br />

Figura 5.14 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-3.<br />

P-4<br />

116


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

P-2<br />

P-3 P-1<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.15 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-4.<br />

O momento <strong>de</strong> fissuração previsto para a <strong>viga</strong> V341 segun<strong>do</strong> a NBR 6118:2003,<br />

expresso pela eq.(5.1), é igual aquele estima<strong>do</strong> para a <strong>viga</strong> V325, pois, elas são<br />

s<strong>em</strong>elhantes <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os aspectos. Sen<strong>do</strong> assim, M = 1949,59kN<br />

⋅ cm .<br />

De acor<strong>do</strong> com a Figura 5.12, o momento fissuração se dá nos três mo<strong>de</strong>los<br />

numéricos <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> M = 2500,00kN<br />

⋅ cm . A razão entre o momento <strong>de</strong> fissuração<br />

r<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela norma brasileira e o encontra<strong>do</strong> pelos mo<strong>de</strong>los numéricos é tal que,<br />

Mr, analítico Mr, numérico ≅ 0,78 , o que indica que a prescrição normativa está favorável a<br />

segurança neste caso e os mo<strong>de</strong>los forneceram resulta<strong>do</strong>s convincentes.<br />

Com exceção <strong>do</strong> ponto na face <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> (P-1), nos d<strong>em</strong>ais pontos, as<br />

<strong>de</strong>formações evoluíram linearmente <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os estágios <strong>de</strong> carregamento e foram tão<br />

maiores quanto à força normal.<br />

Para o trecho reto horizontal <strong>do</strong> trecho ancora<strong>do</strong> <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura<br />

superior, a interferência <strong>da</strong> força normal foi mais evi<strong>de</strong>nte na seção mais solicita<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>viga</strong> após a fissuração <strong>do</strong> concreto. No ponto P-2 (final <strong>do</strong> trecho horizontal reto –<br />

Figura 5.13) é notável que esta influência praticamente inexista.<br />

Pela avaliação <strong>do</strong>s pontos P-3 e P-4, as barras nos trechos <strong>da</strong> região <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra e<br />

<strong>do</strong> segmento reto vertical ficaram comprimi<strong>da</strong>s no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o carregamento <strong>do</strong>s<br />

r<br />

P-4<br />

117


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

mo<strong>de</strong>los. No ponto P-3 (no fim <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra), as <strong>de</strong>formações foram maiores que as<br />

registra<strong>da</strong>s no final <strong>da</strong> <strong>em</strong>en<strong>da</strong> (ponto P-4) e, <strong>em</strong> ambos, as <strong>de</strong>formações foram<br />

superiores, <strong>em</strong> módulo, aquelas verifica<strong>da</strong>s no ponto P-2.<br />

Esse comportamento verifica<strong>do</strong> tanto na <strong>do</strong>bra quanto na ponta reta vertical é<br />

justificável, pois, a ponta reta vertical na região <strong>do</strong> nó colabora na absorção <strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s<br />

tensões <strong>de</strong> compressão advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> nas quais<br />

as barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>da</strong> <strong>viga</strong> estão <strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

Na etapa última <strong>de</strong> carga para ca<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lo, foram averigua<strong>da</strong>s as tensões e<br />

<strong>de</strong>formações máximas encontra<strong>da</strong>s nos pontos <strong>de</strong> <strong>análise</strong> que estão apresenta<strong>da</strong>s na<br />

Tabela 5.8. Essa verificação confirma os comentários feitos nos parágrafos anteriores a<br />

respeito <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s nos pontos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Tabela 5.8 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341.<br />

2<br />

σ kN cm<br />

( ) ‰ ε<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição s ( )<br />

I<br />

II<br />

III<br />

P-1 30,82 1,47<br />

P-2 1,74 0,08<br />

P-3 -13,60 -0,65<br />

P-4 -10,48 -0,50<br />

P-1 30,95 1,47<br />

P-2 1,59 0,08<br />

P-3 -12,48 -0,59<br />

P-4 -6,89 -0,33<br />

P-1 23,52 1,12<br />

P-2 1,46 0,07<br />

P-3 -11,20 -0,53<br />

P-4 -4,34 -0,21<br />

A força <strong>de</strong> tração a ancorar obti<strong>da</strong> para a armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 por<br />

meio <strong>da</strong>s simulações <strong>numérica</strong>s, b<strong>em</strong> como a calcula<strong>da</strong> pelo méto<strong>do</strong> analítico, consta na<br />

Tabela 5.9. Como a dimensão <strong>do</strong> apoio paralela ao comprimento <strong>da</strong> <strong>viga</strong> é menor, o<br />

momento fletor é superior ao <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> para a <strong>viga</strong> V325.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s necessários para a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração analiticamente<br />

estão expostos a seguir:<br />

− M , = M , = 9920,37kN⋅<br />

cm;<br />

Sd face Rd face<br />

− d = 55,75cm;<br />

s<br />

118


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

− x = 15,51cm<br />

;<br />

− z = 49,55cm.<br />

Substituin<strong>do</strong> na eq.(5.2), t<strong>em</strong>-se que a força <strong>de</strong> tração a ancorar foi:<br />

MSd, face MRd,<br />

face 9920,57<br />

Rst,sup = = = = 200,21kN<br />

z z 49,55<br />

Como o número barras <strong>da</strong> armadura longitudinal superior é quatro, t<strong>em</strong>-se:<br />

200,21<br />

Rst,sup = = 50,06kN<br />

4<br />

Em termos comparativos, os valores numéricos variaram <strong>de</strong> 58% a 76% <strong>da</strong> força<br />

<strong>de</strong> tração calcula<strong>da</strong> pelo méto<strong>do</strong> analítico.<br />

Tabela 5.9 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura superior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V341 na seção na face <strong>do</strong> apoio.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição<br />

st,sup, numérico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 1 )<br />

st,sup, analítico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 2 )<br />

( 1)<br />

( 2 )<br />

I 37,83 0,76<br />

II P-1<br />

38,00 50,06<br />

0,76<br />

III<br />

28,87<br />

0,58<br />

119


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

5.5.2.2 Armadura inferior<br />

Assim como nos mo<strong>de</strong>los utiliza<strong>do</strong>s na avaliação <strong>da</strong> armadura superior, houve<br />

probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> convergência no mo<strong>de</strong>lo não-linear I. Para tal, as ações foram aplica<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />

65 passos <strong>de</strong> carga e o percentual máximo atingi<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 95,48%.<br />

Nos mo<strong>de</strong>los II e III, alcançou-se a convergência total <strong>da</strong> força concentra<strong>da</strong> e a<br />

pressão no topo <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> aplica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 65 e 52 passos, respectivamente. O critério <strong>de</strong><br />

convergência e a tolerância aceitável foram idênticos aos d<strong>em</strong>ais mo<strong>de</strong>los <strong>da</strong>s <strong>ligações</strong><br />

anteriores.<br />

Para os pontos P-5, P-6, P-7 e P-8 assumi<strong>do</strong>s para a avaliação <strong>da</strong> armadura<br />

longitudinal inferior foram concebi<strong>do</strong>s diagramas que confrontam o momento fletor no<br />

eixo <strong>do</strong> apoio e o aumento progressivo <strong>da</strong>s <strong>de</strong>formações no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> história <strong>do</strong><br />

carregamento (ver Figura 5.16, Figura 5.17, Figura 5.18 e Figura 5.19).<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.16 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-5.<br />

P-8<br />

P-7<br />

P-6<br />

P-5<br />

120


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

M d (kN.cm)<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.17 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-6.<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.18 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-7.<br />

P-8<br />

P-7<br />

P-8<br />

P-7<br />

P-6<br />

P-6<br />

P-5<br />

P-5<br />

121


Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso<br />

M d (kN.cm)<br />

11000<br />

10000<br />

9000<br />

8000<br />

7000<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

-0,75 -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00<br />

Deformação (‰)<br />

Mo<strong>de</strong>lo I - Nd = 3018kN Mo<strong>de</strong>lo II - Nd = 2080kN Mo<strong>de</strong>lo III - Nd = 1449kN<br />

Figura 5.19 – Diagrama momento fletor no eixo <strong>do</strong> apoio <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 versus<br />

<strong>de</strong>formação no ponto P-8.<br />

A questão <strong>do</strong> momento <strong>de</strong> fissuração <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a NBR 6118:2003 recai<br />

na mesma situação que ocorreu para a ligação V325-P31. Por esse motivo, assumiu-se<br />

esse parâmetro como sen<strong>do</strong> igual ao <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> para a armadura superior. Logo, o<br />

momento <strong>de</strong> fissuração <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341 para o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> armadura inferior é<br />

M = 1949,59kN<br />

⋅ cm . De acor<strong>do</strong> com a Figura 5.16, o momento <strong>de</strong> fissuração <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

r<br />

nos três mo<strong>de</strong>los foi caracteriza<strong>do</strong> <strong>em</strong> M = 2500,00kN<br />

⋅cm<br />

, que satisfaz a verificação<br />

r<br />

<strong>de</strong>sse parâmetro.<br />

No geral, o comportamento <strong>da</strong> armadura inferior, no que se refere à evolução <strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>formações nos pontos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, foi s<strong>em</strong>elhante ao <strong>da</strong> armadura superior. Houve um<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tensão nas seções mais afasta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> face interna <strong>do</strong> <strong>pilar</strong> e<br />

na região <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra e <strong>da</strong> <strong>em</strong>en<strong>da</strong>, e as barras trabalharam comprimi<strong>da</strong>s durante to<strong>da</strong><br />

solicitação.<br />

Os motivos que justificam tal comportamento são os mesmos que foram<br />

apresenta<strong>do</strong>s na <strong>análise</strong> <strong>da</strong> armadura superior. A Tabela 5.10 mostra as tensões e<br />

<strong>de</strong>formações máximas nos pontos P-5, P-6, P-7 e P-8. Os resulta<strong>do</strong>s foram satisfatórios<br />

no âmbito geral, <strong>em</strong>bora tenha havi<strong>do</strong> certa inconsistência nos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ponto P-5.<br />

Esperava-se que no mo<strong>de</strong>lo II o resulta<strong>do</strong> fosse superior ao <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo III.<br />

P-8<br />

P-7<br />

P-6<br />

P-5<br />

122


Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

Tabela 5.10 – Valores máximos <strong>da</strong>s tensões e <strong>de</strong>formações nos pontos analisa<strong>do</strong>s na<br />

armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong> V341.<br />

2<br />

σ kN cm<br />

( ) ‰ ε<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição s ( )<br />

I<br />

II<br />

III<br />

P-5 40,60 1,93<br />

P-6 1,99 0,10<br />

P-7 -14,47 -0,69<br />

P-8 -9,59 -0,46<br />

P-5 35,81 1,71<br />

P-6 1,91 0,09<br />

P-7 -11,43 -0,54<br />

P-8 -6,06 -0,29<br />

P-5 38,45 1,83<br />

P-6 1,70 0,08<br />

P-7 -9,28 -0,44<br />

P-8 -3,46 -0,17<br />

A Tabela 5.11 apresenta os valores <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração obti<strong>do</strong>s mediante os<br />

mo<strong>de</strong>los numéricos e pelo méto<strong>do</strong> analítico. Para o cálculo <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração<br />

analiticamente, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s foram os seguintes:<br />

− M , = M , = 7912,55kN⋅cm;<br />

Sd face Rd face<br />

− d = 57,38cm;<br />

− x = 12,41cm<br />

;<br />

− z = 52,41cm.<br />

Esses valores foram substituí<strong>do</strong>s na eq.(5.2) e, <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, o resulta<strong>do</strong> foi<br />

dividi<strong>do</strong> pelo número <strong>de</strong> barras que compõ<strong>em</strong> a armadura longitudinal inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V341 <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que foi d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> <strong>em</strong> outras ocasiões.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s numéricos encontra<strong>do</strong>s possu<strong>em</strong> uma variação entre 87% e 99%<br />

<strong>do</strong> valor analítico e, conforme ocorreu na ligação V325-P31, esses valores foram<br />

melhores <strong>do</strong> que aqueles encontra<strong>do</strong>s para a armadura superior.<br />

Tabela 5.11 – Valores últimos <strong>da</strong> força <strong>de</strong> tração por barra <strong>da</strong> armadura inferior <strong>da</strong> <strong>viga</strong><br />

V341 na seção na face <strong>do</strong> apoio.<br />

Mo<strong>de</strong>lo Posição<br />

st,inf, numérico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 1 )<br />

st,inf, analítico<br />

( )<br />

R kN<br />

( 2 )<br />

s<br />

( 1)<br />

( 2 )<br />

I 49,80 0,99<br />

II P-5<br />

43,93 50,32<br />

0,87<br />

III<br />

47,17<br />

0,94<br />

123


6 Conclusão<br />

6.1 Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Nesta dissertação, o enfoque primordial foi a busca <strong>do</strong> melhor entendimento <strong>da</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos fleti<strong>do</strong>s. Para tanto, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> uma revisão<br />

bibliográfica que buscou com<strong>pilar</strong> importantes estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong><br />

déca<strong>da</strong>s a respeito <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a.<br />

Como compl<strong>em</strong>ento e contribuição ao estu<strong>do</strong>, foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> com<br />

o qual foi possível reproduzir mo<strong>de</strong>los numéricos bidimensionais <strong>de</strong> <strong>ligações</strong>. Por<br />

motivos excepcionais, realizaram-se apenas <strong>análise</strong>s restritas as <strong>ligações</strong> <strong>do</strong> <strong>tipo</strong> <strong>viga</strong><strong>pilar</strong><br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>. No geral, os ex<strong>em</strong>plos realiza<strong>do</strong>s mostraram resulta<strong>do</strong>s plausíveis.<br />

6.1.1 Quanto à <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong><br />

O programa ADINA (2002) se mostrou um procedimento eficaz para a<br />

investigação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> propósito que foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

trabalho.<br />

É óbvio que não se esperava alcançar resulta<strong>do</strong>s iguais aqueles <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s por<br />

experimentos ou por méto<strong>do</strong>s analíticos <strong>de</strong> cálculo <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s hipóteses admiti<strong>da</strong>s<br />

para a viabilização <strong>da</strong>s <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s que <strong>de</strong> certa maneira distorc<strong>em</strong> os resulta<strong>do</strong>s<br />

a obter.<br />

Além disso, tratou-se aqui <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>numérica</strong> <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> concreto<br />

arma<strong>do</strong> que é outro agravante. Como o concreto é um material heterogêneo e <strong>de</strong><br />

diferente comportamento quan<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> à tração e à compressão, sua avaliação se<br />

torna mais difícil e penosa.


Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Acredita-se que os mo<strong>de</strong>los constitutivos <strong>do</strong>s materiais tenham si<strong>do</strong><br />

razoavelmente calibra<strong>do</strong>s e a não consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong> atrito entre o aço e o concreto foi o<br />

fator mais relevante <strong>em</strong> relação à obtenção <strong>de</strong> melhores respostas.<br />

Como foi um estu<strong>do</strong> inicial sobre o t<strong>em</strong>a, para a discretização <strong>da</strong>s barras <strong>da</strong>s<br />

armaduras e <strong>da</strong>s superfícies <strong>de</strong> concreto buscou-se utilizar o meio mais simples ao invés<br />

<strong>do</strong> melhor para a geração <strong>da</strong> malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos, o que não comprometeu os<br />

resulta<strong>do</strong>s.<br />

6.1.2 Quanto aos parâmetros <strong>de</strong> <strong>análise</strong><br />

Como a proposta foi analisar <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> projeto reais, a aferição <strong>de</strong>sses só foi<br />

possível mediante comparação entre os resulta<strong>do</strong>s numéricos e as expressões analíticas<br />

e prescrições normativas que são habitualmente utiliza<strong>da</strong>s no projeto e<br />

dimensionamento <strong>de</strong> edificações.<br />

Assim, os parâmetros-chave para aferição <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los reproduzi<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> caso foram o momento <strong>de</strong> fissuração e a força <strong>de</strong> tração a ancorar na seção mais<br />

solicita<strong>da</strong> <strong>da</strong>s <strong>viga</strong>s. Essas variáveis também serviram para a verificação <strong>do</strong>s valores<br />

experimentais <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo concebi<strong>do</strong> por Ortiz (1993), porém, havia o registro <strong>da</strong> relação<br />

<strong>de</strong>formação <strong>em</strong> alguns pontos <strong>da</strong> armadura longitudinal e força concentra<strong>da</strong> aplica<strong>da</strong> na<br />

extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>viga</strong> os quais foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia.<br />

Em síntese, os resulta<strong>do</strong>s referentes ao momento <strong>de</strong> fissuração e à força <strong>de</strong><br />

tração a ancorar foram satisfatórios. Na comparação entre os valores obti<strong>do</strong>s pelos<br />

mo<strong>de</strong>los numéricos e aqueles <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pelo méto<strong>do</strong> analítico as respostas se<br />

apresentaram favoráveis à segurança.<br />

Em to<strong>do</strong>s os mo<strong>de</strong>los avalia<strong>do</strong>s, verificou-se que a seção transversal <strong>em</strong> comum<br />

entre o <strong>pilar</strong> e a <strong>viga</strong> é a mais crítica e que as <strong>de</strong>formações e, por conseqüência, as<br />

tensões nas barras pertencentes às armaduras longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> <strong>de</strong>cresceram à<br />

proporção que as seções <strong>da</strong>s barras se afastaram <strong>da</strong> face interna <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>.<br />

Nos mo<strong>de</strong>los cuja <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras foi <strong>de</strong> ponta reta, as barras trabalharam<br />

somente a tração durante to<strong>da</strong> a aplicação <strong>da</strong>s solicitações.<br />

Já nas <strong>ligações</strong> com as barras ancora<strong>da</strong>s com <strong>do</strong>bra e ponta reta vertical<br />

<strong>em</strong>en<strong>da</strong><strong>da</strong> por traspasse nas barras <strong>da</strong> armadura longitudinal <strong>do</strong> <strong>pilar</strong>, ao passo que as<br />

seções <strong>da</strong>s barras foram se afastan<strong>do</strong> <strong>da</strong> seção <strong>de</strong> transição entre a <strong>viga</strong> e o <strong>pilar</strong>, a<br />

tensão foi <strong>de</strong>cain<strong>do</strong> até o fim <strong>do</strong> trecho horizontal reto. Na parte curva, as barras<br />

125


Conclusão<br />

passaram a trabalhar comprimi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s tensões <strong>de</strong> compressão provenientes<br />

<strong>da</strong> ação <strong>da</strong> força normal atuante no <strong>pilar</strong>.<br />

Na ligação <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> BCJ2 experimentalmente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Ortiz (1993) e<br />

simula<strong>do</strong> numericamente neste trabalho, no qual o <strong>pilar</strong> foi submeti<strong>do</strong> apenas pelo seu<br />

peso próprio, constatou-se que, no mo<strong>de</strong>lo numérico, na seção final <strong>da</strong> <strong>do</strong>bra, as barras<br />

permaneceram comprimi<strong>da</strong>s até o surgimento <strong>da</strong> primeira fissura diagonal no nó e, <strong>em</strong><br />

segui<strong>da</strong>, essas barras passaram a estar traciona<strong>da</strong>s até o instante final <strong>de</strong> carregamento.<br />

A participação <strong>da</strong> força normal foi avalia<strong>da</strong> apenas nos ex<strong>em</strong>plos apresenta<strong>do</strong>s<br />

no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso. Neles, percebeu-se que a sua influência é mais significativa no<br />

instante pós-fissuração <strong>do</strong> concreto. Sua atuação ten<strong>de</strong> a provocar a flambag<strong>em</strong> <strong>do</strong> <strong>pilar</strong><br />

ocasionan<strong>do</strong> o alargamento <strong>da</strong> seção <strong>do</strong> el<strong>em</strong>ento estrutural. Esse efeito provoca o<br />

surgimento <strong>de</strong> um incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> tensão o qual é adiciona<strong>do</strong> à tensão que provém <strong>da</strong><br />

flexão <strong>da</strong> <strong>viga</strong>. Por essa razão, observou-se nos mo<strong>de</strong>los que as barras <strong>da</strong>s armaduras<br />

longitudinais <strong>da</strong> <strong>viga</strong> foram mais solicita<strong>da</strong>s na proporção que se elevou a força normal.<br />

Para a <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>da</strong>s barras traciona<strong>da</strong>s, sua atuação é benéfica até certa<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> por causa <strong>da</strong> sua contribuição para o aumento <strong>do</strong> confinamento na região<br />

no<strong>da</strong>l que, por sua vez, melhora as condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. To<strong>da</strong>via, como a força<br />

normal eleva as tensões longitudinais <strong>de</strong> tração nas barras, essas pod<strong>em</strong> provocar<br />

fissuração <strong>do</strong> concreto adjacente e, conseqüent<strong>em</strong>ente, reduzir a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>ancorag<strong>em</strong></strong>.<br />

6.2 Sugestões para próximos trabalhos<br />

Mediante as idéias e conclusões observa<strong>da</strong>s, segu<strong>em</strong>-se alguns tópicos <strong>de</strong> cunho<br />

sugestivo para possíveis extensões <strong>da</strong> pesquisa:<br />

− Reprodução <strong>de</strong> protó<strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> estruturas reais para comparação e<br />

aferição <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos;<br />

− Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> influência <strong>da</strong>s armaduras transversais (estribos) e <strong>de</strong> combate ao<br />

fendilhamento, conforme consta na literatura, no comportamento <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong><br />

<strong>da</strong>s armaduras longitudinais;<br />

− Verificação experimental e <strong>numérica</strong> <strong>de</strong> outros <strong>tipo</strong>s <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> (<strong>viga</strong>-<strong>viga</strong>,<br />

<strong>viga</strong>-laje e laje-laje);<br />

126


Sugestões para próximos trabalhos<br />

− Simulação <strong>numérica</strong> <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los bidimensionais para <strong>análise</strong> <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong><br />

<strong>ligações</strong> <strong>viga</strong>-<strong>pilar</strong> <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o contato entre o aço e o<br />

concreto;<br />

− Avaliação <strong>do</strong> refinamento <strong>da</strong> malha <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos na região no<strong>da</strong>l para a<br />

melhoria <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a cerca <strong>do</strong> comportamento <strong>da</strong>s barras na região<br />

ancora<strong>da</strong>;<br />

− Investigação <strong>da</strong> <strong>ancorag<strong>em</strong></strong> <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los tridimensionais.<br />

127


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