muhuraida - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG ...
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<strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s coisas entra também o Risco e Pintura, a qual se aplicará aqueles objetos<br />
que a narração não for capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver perfeitamente e em clareza.” 198<br />
Assim, no rastro do Compêndio <strong>de</strong> observações..., para o perfeito conhecimento<br />
<strong>da</strong>s terras <strong>de</strong> ultramar, o aba<strong>de</strong> Correia dos Santos lança o <strong>de</strong>safio:<br />
O primeiro passo <strong>de</strong> uma nação para aproveitar as suas vantagens é conhecer<br />
perfeitamente as terras que habita, o que em si encerram, o que <strong>de</strong> si produzem, o <strong>de</strong> que<br />
são capazes. A história natural é a única ciência que tais luzes po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r; e sem um<br />
conhecimento sólido nesta parte, tudo se ficará <strong>de</strong>vendo aos acasos, que raras vezes<br />
bastam para fazer a fortuna e a riqueza <strong>de</strong> um povo. 199<br />
Consi<strong>de</strong>rando que as expedições científicas <strong>de</strong> reconhecimento territorial,<br />
histórico-geográfico, humano e econômico se <strong>de</strong>ram antes do advento <strong>da</strong> fotografia, os<br />
<strong>de</strong>senhos que <strong>de</strong>signavam a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado espaço físico constituíam-se<br />
como uma <strong>da</strong>s principais fontes <strong>de</strong> informação para os naturalistas envolvidos naquele<br />
tipo <strong>de</strong> projeto. Além <strong>de</strong> servir ao conhecimento técnico <strong>da</strong> época, uma <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
funções dos <strong>de</strong>senhos naturalistas era o <strong>de</strong> preservação: o material que não podia ser<br />
enviado à Europa (paisagens, animais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, índios) era cristalizado por meio<br />
<strong>da</strong>s imagens produzi<strong>da</strong>s pelos <strong>de</strong>senhos. Por causa <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> limitação, o “viajante-<br />
naturalista era treinado para compor esse material e preservar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos indícios<br />
colhidos ao longo <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong>.” 200<br />
A partir <strong>da</strong> técnica <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> estampas – <strong>de</strong>senhos feitos a aquarela ou a<br />
nanquim e reproduzíveis em chapas <strong>de</strong> metal –, a representação <strong>de</strong> aspectos<br />
etnográficos, geográficos, botânicos e zoológicos serviriam para ilustrar o que<br />
Domenico Van<strong>de</strong>lli – catedrático <strong>de</strong> Botânica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra e diretor do<br />
Jardim <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lisboa – chamaria <strong>de</strong> História natural <strong>da</strong>s colônias. 201 To<strong>da</strong>via,<br />
conforme avalia Ana Maria Belluzzo, a “acolhi<strong>da</strong> e a assimilação do nosso personagem<br />
198<br />
SÁ, 1783, p. 80.<br />
199<br />
Cf. História, Ciências, Saú<strong>de</strong>, vol. III, 2001, p. 832.<br />
200<br />
RAMINELLI, in História, Ciências, Saú<strong>de</strong>, vol. III, 2001, p. 970.<br />
201<br />
Tal obra fora i<strong>de</strong>aliza<strong>da</strong> por Van<strong>de</strong>lli, mas nunca seria publica<strong>da</strong> (cf. RAMINELLI, in História,<br />
Ciências, Saú<strong>de</strong>, vol. III, 2001, p. 970).<br />
212