Daisy Justus 1 (p. 1 1)
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Sem porquê. Um texto de trabalho. Ao ler Clarice o leitor se co<br />
loca a elaborar o texto da sua própria identidade, experiência<br />
que pode ser dolorosa, mas será sempre renovadora.<br />
Concluímos com Yudith Rosenbaum, uma estudiosa de<br />
Clarice, que aponta para o legado clariciano afirmando que ele<br />
"penetra as vivências mais sutis em busca do núcleo essencial<br />
do ser. Em cada um, parece vibrar a nota da escrita dissonante<br />
de Clarice, rompendo o pacto do esperado e desvendando uma<br />
nova sensibilidade. Seu legado para o nosso tempo estaria,<br />
talvez, na força do estranhamento como vislumbre do que<br />
escapa ao olhar anestesiado pelo excesso de familiaridade. E<br />
o inesperado surge quando a palavra, desnudada também de<br />
seus enredamentos falseadores, sussurra sua verdade em meio<br />
às pausas de tantos ruídos".17<br />
Uma escrita que contorna essa alguma coisa da femi<br />
nilidade que permanece absolutamente fora do alcance da<br />
palavra, interdita no sentido mais forte do termo, presente no<br />
mutismo que se intercala entre os ditos. E se faz ao mesmo<br />
tempo, paradoxalmente, uma palavra especial, diferente, que<br />
tem caráter de fala, que ressoa por toda a parte, em ouvidos<br />
reais e surpreendidos.<br />
"Quem me awmpanha que me a.-ompanhe: a caminhada é longa,<br />
é sofrida mas é vivida. Porque agora te falo a sério: não estou brincando<br />
com palavras. Encarno-me nas frases voluptuosas e ininteligíveiJ que<br />
se enovelam para além da.r palavras. E um Jilêncio se evola sutil do<br />
entrerhoque da.rfra.fes". (p. 25)<br />
Referências Bibliográficas:<br />
1- GURGEL, Gabriela Lírio. A Procura da Palavra no Escuro.<br />
Rio de Janeiro: 7letras, 2001<br />
17 idem 8 p. 91<br />
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