Educação infantil: a importância da iluminação e cor no ... - IPOG
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<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e<br />
aprendizado <strong>da</strong> criança<br />
Resumo<br />
Mônica Janesch - monijanesch@gmail.com<br />
Pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores<br />
Instituto de Pós-graduação - <strong>IPOG</strong><br />
O objetivo principal do presente estudo é refletir sobre a <strong>iluminação</strong> – natural e artificial –<br />
dos espaços de ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> educação <strong>infantil</strong> e <strong>no</strong> que isso influencia <strong>no</strong> desenvolvimento e<br />
aprendizado <strong>da</strong> criança baseado <strong>no</strong> pressuposto de que a criança e a luz tem uma relação<br />
direta. A creche é o segundo lar <strong>da</strong> criança, onde ela passa grande parte do dia fazendo<br />
várias ativi<strong>da</strong>des como se socializando, aprendendo, brincando, alimentando, descansando,<br />
entre outras. A pesquisa busca saber qual <strong>iluminação</strong> é adequa<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> uma dessas<br />
ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s. O artigo tem como proposta apresentar uma pesquisa bibliográfica<br />
e uma visita a campo numa escola que tem séries de educação <strong>infantil</strong>, localiza<strong>da</strong> em Rio do<br />
Sul, avaliando, de a<strong>cor</strong>do com o uso <strong>da</strong> sala analisa<strong>da</strong>, a sua <strong>iluminação</strong> e a preocupação<br />
que a instituição tem com este assunto. O resultado desta pesquisa apresenta que a luz pode<br />
influenciar a criança deixando-a mais relaxa<strong>da</strong> ou mais atenta, por exemplo. Mostrando que<br />
é possível aplicar esses conceitos para melhorar a quali<strong>da</strong>de de ensi<strong>no</strong> e convívio.<br />
Palavras-chave: Iluminação, <strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>, Sala de aula, Criança<br />
1. Introdução<br />
As pessoas ficam ca<strong>da</strong> vez mais dentro de ambientes construídos.Vivemos em uma<br />
residência, frequentamos mercados, lojas, restaurantes, entre outros, ou seja, são <strong>no</strong>s espaços<br />
inter<strong>no</strong>s que passamos a maior parte do <strong>no</strong>sso tempo seja quando adulto ou criança. Desde<br />
muito pequena, algumas delas, tem a rotina de frequentar parte do dia a sua casa e parte a<br />
escola, por necessi<strong>da</strong>de ou escolha dos pais. To<strong>da</strong>via, esses espaços são importantes nessa<br />
fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, são neles que passam grande parte do tempo, contudo eles devem ser agradáveis,<br />
confortáveis, atraentes. Segundo Dal Prá (2011), “cabe a comuni<strong>da</strong>de escolar estar atenta as<br />
necessi<strong>da</strong>des de transformação e mu<strong>da</strong>nça e auxiliar o/a professor/a integrar alu<strong>no</strong>s e espaço,<br />
desafiando-as cognitivamente, emocionalmente, socialmente, psiquicamente”.<br />
Um espaço que não agra<strong>da</strong> e que causa desconforto para o alu<strong>no</strong> pode trazer resultados<br />
negativos na educação, como continua explicando Dal Prá (2011):<br />
Se o espaço escolar não for o espaço estimulador, envolvente e que desperte o<br />
interesse <strong>da</strong>s crianças de alguma forma elas tentarão demonstrar suas insatisfações.<br />
Essas insatisfações podem ser expressas em seus comportamentos, na forma como<br />
se relacionam uns com os outros e com a educadora. Já sabemos que a falta de<br />
ativi<strong>da</strong>des significativas, espaço e brinquedo adequados para brincar gera ansie<strong>da</strong>de<br />
e agitação.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
Um dos elementos importantes dentro <strong>da</strong>s salas é a <strong>iluminação</strong>.<br />
No interior desse espaço o fator que influencia em como vemos ele é a <strong>iluminação</strong>.<br />
Foi por meio <strong>da</strong> luz, que se apresentou uma <strong>no</strong>va possibili<strong>da</strong>de de expressão de uma<br />
outra alternativa de transformação dos ambiente que se habita. Na atuali<strong>da</strong>de, não se<br />
imagina explorar a plenitude <strong>da</strong> expressivi<strong>da</strong>de arquitetônica sem o uso <strong>da</strong><br />
<strong>iluminação</strong>, seja ela artificial ou natural. (BRONDANI, 2006)<br />
Ao observar as salas de aula de creches e pré-escolas percebe-se uma grande preocupação<br />
com o mobiliário, proporcional a facha etária <strong>da</strong> criança em relação a média de altura, as<br />
<strong>cor</strong>es e de<strong>cor</strong>ação nas paredes, porém, ao identificarmos a <strong>iluminação</strong> vemos basicamente um<br />
simples ponto de luz centralizado <strong>no</strong> espaço. A singulari<strong>da</strong>de que encontramos a <strong>iluminação</strong><br />
desses ambientes é <strong>no</strong> que está baseado esse trabalho.<br />
Esta pesquisa tem o objetivo demonstrar que a <strong>iluminação</strong> não é um simples ponto de luz<br />
centralizado, e sim um complexo item indispensável num projeto para fazer do ambiente<br />
projetado um espaço que transmita sensações, emoções e que, valorizado, permita visualizar a<br />
de<strong>cor</strong>ação. No mercado hoje existem inúmeros tipos de lâmpa<strong>da</strong>s com sistemas, <strong>cor</strong>es,<br />
funções, tec<strong>no</strong>logias, aplicações diferentes que podem mu<strong>da</strong>r totalmente o ambiente, criar<br />
cenários ou provocar essas sensações varia<strong>da</strong>s ao indivíduo.<br />
Para isto é preciso ter conhecimento dessa varie<strong>da</strong>de de lâmpa<strong>da</strong>s e luminárias, assim como<br />
saber aplicá-las, conhecer o efeito que elas proporcionam e o resultado que se quer atingir <strong>no</strong><br />
espaço. Tudo isso é definido num projeto de <strong>iluminação</strong> de autoria do profissional capacitado,<br />
o lithing designer.<br />
O projeto pode ser feito tanto para ambientes inter<strong>no</strong>s como exter<strong>no</strong>s, dentre eles as salas de<br />
aula que são o assunto deste estudo. Aos dizeres de Bron<strong>da</strong>ni (2006), “considerar as<br />
características <strong>da</strong>s lâmpa<strong>da</strong>s e luminárias é requisito para obter-se uma boa <strong>iluminação</strong><br />
artificial. Bem explora<strong>da</strong>, pode transformar os ambientes, criando um clima diferenciado aos<br />
usuários”.<br />
Não é só a luz que pode proporcionar esses estímulos e sensações ao usuário do ambiente, as<br />
<strong>cor</strong>es também podem interferir. Esses dois fatores, aliados, dão ao projeto uma solução<br />
completa e mais eficaz sobre o alu<strong>no</strong>.<br />
A preferência pelas salas de aula <strong>da</strong> educação <strong>infantil</strong> para estudo desse trabalho justifica-se<br />
em função de serem os primeiros a<strong>no</strong>s em que a criança frequenta a escola, onde não há<br />
somente a obrigação de estu<strong>da</strong>r, mas o brincar e o socializar são o mais relevante entre a<br />
estrutura pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s escolas.<br />
2. A educação <strong>infantil</strong> e o espaço<br />
No passado, quem era responsável pela inserção <strong>da</strong> criança <strong>no</strong> meio cultural e social era a<br />
família. Hoje, a família tem um perfil diferenciado onde todos trabalham, fazendo com que<br />
grande parte desse compromisso fique com a creche.<br />
É importante dizer que a grande maioria <strong>da</strong>s crianças pequenas que freqüentam esta<br />
instituição passa nela, aproxima<strong>da</strong>mente, doze horas diária. O tempo de convívio
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
com outras pessoas, outros objetos, outros espaços e outros tempos torna-se muito<br />
reduzido. Este <strong>da</strong>do revela que o tempo-espaço <strong>da</strong> creche exerce na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criança<br />
um papel fun<strong>da</strong>mental e distinto dos demais tempos e espaços (escola, família, rua,<br />
entre outros), exigindo que seja pensado, discutido e refletido. (BATISTA, 2008)<br />
Isso faz com que a escola tenha um papel importante para a criança tanto na parte educacional<br />
como na social onde se aprende a conviver em grupo, a brincar, a se expressar, a conversar.<br />
Lugar de socialização, de convivência, de trocas e iterações, de afetos, de ampliação<br />
e inserção sociocultural, de constituição de identi<strong>da</strong>des e de subjetivi<strong>da</strong>des; neste<br />
lugar, partilham situações, experiências, culturas, rotinas, cerimônias institucionais,<br />
regras de convivência; estão sujeitas a tempos e espaços coletivos bem como a graus<br />
diferentes de restrições e controles dos adultos. (CORSINO, 2003)<br />
Esse espaço físico exige um conjunto de fatores que, juntos, contribuirão para o<br />
desenvolvimento <strong>infantil</strong>, como profissionais com boa formação, materiais educativos,<br />
equipamentos. Dentro disso deve-se lembrar de que o espaço físico de uma escola de ensi<strong>no</strong><br />
fun<strong>da</strong>mental e de uma creche podem ser semelhantes, mas o conteúdo deles é totalmente<br />
diferente.<br />
Um trabalho de quali<strong>da</strong>de para as crianças pequenas exige ambientes aconchegantes,<br />
seguros, estimulantes, desafiadores, criativos, alegres e divertidos, onde as<br />
ativi<strong>da</strong>des elevem sua auto estima, valorizem e ampliem as suas experiências e seu<br />
universo cultural, agucem a curiosi<strong>da</strong>de, a capaci<strong>da</strong>de de pensar, de decidir, de<br />
atuar, de criar, de imaginar, de expressar. Ambientes que se abram à brincadeira, que<br />
é o modo como as crianças dão sentido ao mundo, produzem história, criam cultura,<br />
experimentam e fazem arte. (CORSINO, 2003)<br />
O espaço é importante para aju<strong>da</strong>r a atender to<strong>da</strong>s essas expectativas volta<strong>da</strong>s para a educação<br />
<strong>infantil</strong> onde este deve estimular a criança, favorecer <strong>no</strong> aprendizado. Ele deve ser<br />
compreendido aos seus olhos, como ela vivencia e não como um projeto executado. Como<br />
colocou Guimarães(s.d.), “o espaço é algo projetado, o lugar é construído nas<br />
relações.Portanto o espaço e o lugar devem ser aliados, o espaço deve ser transformado para<br />
estimular a criança a vê-lo como um lugar”.<br />
O planejamento dentro desses espaços geralmente segue uma rotina, como exemplo é cita<strong>da</strong> a<br />
pesquisa feita por Batista (2008):<br />
O roteiro obedeceu à sequencia cro<strong>no</strong>lógica <strong>da</strong> rotina, seguindo todos os passos que<br />
o<strong>cor</strong>rem ao longo do dia: entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças; espera de entrar na sala; entra<strong>da</strong> na<br />
sala; ativi<strong>da</strong>de livre; lanche; ro<strong>da</strong>; ativi<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica; parque; higiene; almoço;<br />
higiene; ro<strong>da</strong>; descanso; lanche; ro<strong>da</strong>; ativi<strong>da</strong>de pe<strong>da</strong>gógica; parque; higiene; janta;<br />
higiene; ativi<strong>da</strong>de livre; espera pelos pais.<br />
Deste modo a criança precisa se a<strong>da</strong>ptar a rotina. Em muitos casos to<strong>da</strong>s essas ativi<strong>da</strong>des são<br />
realiza<strong>da</strong>s em um único espaço, to<strong>da</strong>via este deve ser atrativo e mutável para que em ca<strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de ele seja adequado, que estimule a criança de a<strong>cor</strong>do com o momento. Quando a<br />
instituição possui espaços diferentes para ca<strong>da</strong> uso, onde um está preenchido com berços,<br />
outros com mesas e cadeiras também não deixam de ter a necessi<strong>da</strong>de de estar de a<strong>cor</strong>do com<br />
a ativi<strong>da</strong>de exerci<strong>da</strong> para que estes estimulem a criança <strong>da</strong> forma deseja<strong>da</strong>.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
Assim, <strong>da</strong>r maior atenção às características sócio-físicas dos ambientes e às relações<br />
entre estes e a criança, garantindo a ela oportuni<strong>da</strong>des de contato com espaços<br />
variados, tanto construídos pelo homem quanto naturais, é uma maneira de<br />
proporcionar à infância condições plenas de desenvolvimento, gerando a consciência<br />
de si e do entor<strong>no</strong> que são provenientes <strong>da</strong> riqueza experiencial (ELALI,2003).<br />
3. A percepção <strong>da</strong> luz artificial em crianças<br />
Conhecemos o mundo pela percepção dos <strong>no</strong>ssos sentidos. É por meio do tato, olfato, pala<strong>da</strong>r<br />
e visão que conhecemos, sentimos e vemos os objetos.<br />
“A percepção é o mecanismo mais importante, pois relaciona o homem com seu espaço<br />
inter<strong>no</strong>. As pessoas observam e percebem o meio ambiente através dos sentidos, e qualquer<br />
informação vem a nós pela percepção, ou <strong>da</strong> percepção de alguma pessoa” (BRONDANI,<br />
2006).<br />
A forma e as <strong>cor</strong>es percebemos com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> visão. Nossa visão é a primeira referencia que<br />
temos de uma comi<strong>da</strong>, por exemplo, e depois vem o olfato e por último o pala<strong>da</strong>r. Segundo<br />
Dondis (1997), “praticamente desde <strong>no</strong>ssa primeira experiência <strong>no</strong> mundo, passamos a<br />
organizar <strong>no</strong>ssas necessi<strong>da</strong>des e <strong>no</strong>ssos prazeres, <strong>no</strong>ssas preferências e <strong>no</strong>ssos temores, com<br />
base naquilo que vemos”.<br />
É pelo olhar que classificamos muitas coisas, que sabemos se gostamos ou não de<br />
determinado objeto. Mas para isso o sentido <strong>da</strong> visão precisa do auxílio <strong>da</strong> luz, pois sem ela<br />
não vemos as <strong>cor</strong>es ou a forma do objeto. Aos dizeres de Nakayama (2007)<br />
As on<strong>da</strong>s eletromagnéticas (visíveis e não visíveis) atuam <strong>no</strong>s seres huma<strong>no</strong>s<br />
desencadeando vários estímulos. Através <strong>da</strong> pele, ele viabiliza a produção de<br />
vitaminas e outros processos químicos e, através dos olhos, onde a radiação visível<br />
penetra mais incisivamente, ela estimula reações <strong>no</strong> <strong>cor</strong>po e o processo <strong>da</strong> visão.<br />
Vemos por que há luz, de a<strong>cor</strong>do com Bormio (2008), “a o<strong>cor</strong>rência <strong>da</strong> visão é condiciona<strong>da</strong> à<br />
presença de um único elemento – a luz, seja natural ou artificial, e que sem esta, o olho<br />
huma<strong>no</strong> não pode observar formas, <strong>cor</strong>es, espaços ou movimentos”. Ela atua tanto <strong>no</strong> sistema<br />
psicológico quanto <strong>no</strong> sistema nervoso do ser huma<strong>no</strong>.<br />
Ao nascermos temos percepções visuais, capaci<strong>da</strong>de de analisar um objeto e seus detalhes<br />
inatas. e com o passar dos a<strong>no</strong>s vamos evoluindo e tornando essa percepção mais elabora<strong>da</strong>.<br />
As crianças veem com mais nitidez, pois, diferente dos adultos, elas tem seu campo visual<br />
para to<strong>da</strong>s as direções. Conforme uma pesquisa realiza<strong>da</strong> com adultos e crianças Bron<strong>da</strong>ni<br />
(2006), chegou a conclusão de que a <strong>cor</strong> <strong>da</strong> luz tem um apelo muito mais significativo para a<br />
criança do que para o adulto.<br />
Pois é por meio dela que vemos e conhecemos tudo, num ambiente sem luz tudo perde vi<strong>da</strong>,<br />
não se conhece na<strong>da</strong>, na<strong>da</strong> tem forma.<br />
Segundo Dondis (1997), “a experiência visual humana é fun<strong>da</strong>mental <strong>no</strong> aprendizado para<br />
que possamos compreender o meio ambiente e reagir a ele(...)”.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
“O espaço é o resultado <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de do sistema de percepção. Uma mu<strong>da</strong>nça nas condições<br />
de <strong>iluminação</strong> de um ambiente significa uma mu<strong>da</strong>nça na <strong>no</strong>ssa percepção” (TRAPANO,<br />
BASTOS; 2006).<br />
4. A luz <strong>no</strong>s espaços inter<strong>no</strong>s<br />
A luz <strong>da</strong> forma e <strong>cor</strong> ao espaço. Essa luz que clareia e traz sensações ao usuário pode ser de<br />
duas formas: a luz natural por meio de janelas e aberturas em geral e/ou a luz artificial<br />
disposta <strong>no</strong> ambiente alimenta<strong>da</strong> pela energia elétrica. Como Trapa<strong>no</strong> e Bastos (2006) expõe,<br />
“a luz pode definir espaços dentro de uma grande área. A hierarquia de ambos os tipos de luz<br />
– natural e artificial – e a organização <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> acentuam a identificação de tarefas<br />
distintas”.<br />
A luz natural incide pelas janelas e demais aberturas existentes <strong>no</strong> ambiente. Um ambiente<br />
que recebe sua luz traz motivação, energia a quem está dentro dele, além de trazer benefícios<br />
à saúde. Ela pode ser desagradável quando em excesso causando ofuscamento e calor<br />
excessivo, mas contra isso temos elementos que a controlam como persianas, prateleiras de<br />
luz na parte interna, brises na parte externa, entre outros. Há situações em que somente a luz<br />
natural não é suficiente. Para atender a necessi<strong>da</strong>de do uso do espaço, então, como alternativa<br />
temos a luz artificial.<br />
Segundo a Osram (s.d.), “para a <strong>iluminação</strong>, tanto natural quanto artificial, a função é o<br />
primeiro e mais importante parâmetro para a definição de um projeto. Ela irá determinar o<br />
tipo de luz que o ambiente precisa”. A luz artificial pode <strong>no</strong>s trazer diferentes sensações e<br />
estímulos de a<strong>cor</strong>do com sua temperatura de <strong>cor</strong>, índice de reprodução de <strong>cor</strong>,<br />
fonte,localização, intensi<strong>da</strong>de sempre seguindo o mínimo exigido pela <strong>no</strong>rma técnica. Ela<br />
pode somente complementar a luz natural, como pode ser a única fonte de luz do local. Vários<br />
detalhes influenciam para que a luz cause o efeito desejado ao usuário.<br />
Na NBR 5413 <strong>da</strong> Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) trás recomen<strong>da</strong>ções<br />
para os níveis de <strong>iluminação</strong> de salas de aula que devem ser seguidos na elaboração dos<br />
projetos.<br />
A localização, ou seja, a disposição <strong>da</strong>s luminárias é determina<strong>da</strong> pelo profissional, lighting<br />
designer, <strong>no</strong> projeto. Após um estudo do projeto identificando suas necessi<strong>da</strong>des e objetivos<br />
dentro dos resultados e com a escolha <strong>da</strong> luminária e lâmpa<strong>da</strong> que aten<strong>da</strong>m aos requisitos são<br />
loca<strong>da</strong>s <strong>no</strong> ambiente. Aos dizeres de Osram (s.d.), são detalha<strong>da</strong>s três perguntas básicas que<br />
devemos fazer antes de iniciar um projeto de <strong>iluminação</strong>: Como a luz deverá ser distribuí<strong>da</strong><br />
<strong>no</strong> ambiente? Como a luminária irá distribuir a luz? Qual é a ambientação que queremos <strong>da</strong>r,<br />
com a luz, a este espaço?<br />
Um ambiente é percebido pela <strong>iluminação</strong> que ele apresenta. Como afirmam Fonseca e Porto<br />
(2007), “só percebemos <strong>cor</strong> porque há luz e sua quali<strong>da</strong>de é essencial para a percepção <strong>da</strong> <strong>cor</strong>,<br />
que é o resultado <strong>da</strong> reflexão <strong>da</strong> luz incidente sobre a matéria.(...) Desta forma, devemos<br />
conhecer bem as características <strong>da</strong>s fontes de luz artificial”.<br />
Ca<strong>da</strong> tipo de lâmpa<strong>da</strong> possui classificações que interferem <strong>no</strong> resultado final do projeto. Uma<br />
delas é a temperatura que <strong>cor</strong>, que, aos dizeres de Silva (2004), “é a grandeza que define a <strong>cor</strong>
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<strong>da</strong> luz emiti<strong>da</strong> pela lâmpa<strong>da</strong>, pois existem várias tonali<strong>da</strong>des de <strong>cor</strong>. (...) Quanto mais alta for<br />
a temperatura, mais branca será a luz e quanto mais baixa, mais amarela e avermelha<strong>da</strong> será”.<br />
Ou seja, a Temperatura de Cor é a aparência <strong>da</strong> luz, que podem ser quente, neutra e fria.<br />
Os termos “luz quente” e “luz fria”, portanto, referem-se a sensação visual de uma<br />
luz mais aconchegante ou mais branca, respectivamente. Um dos requisitos para o<br />
conforto visual á a utilização <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> para <strong>da</strong>r ao ambiente o aspecto<br />
desejado. Sensações de aconchego ou estímulos podem ser provoca<strong>da</strong>s quando<br />
combinam a tonali<strong>da</strong>de de <strong>cor</strong> <strong>cor</strong>reta <strong>da</strong> fonte de luz ao nível de iluminância<br />
pretendido. (OSRAM, s.d.)<br />
O mau uso <strong>da</strong> <strong>cor</strong> <strong>da</strong> luz artificial em um ambiente pode causar desconforto e mal estar<br />
interferindo na ativi<strong>da</strong>de realiza<strong>da</strong> nesse espaço. Segundo Nakayama (2007), “a percepção <strong>da</strong><br />
<strong>cor</strong> de um objeto pode sofrer variações, dependendo <strong>da</strong> fonte de luz ou mesmo <strong>da</strong> superfície<br />
refletora”. Por exemplo, uma luz de <strong>cor</strong> amarela num ambiente de trabalho faz com que a<br />
pessoa ren<strong>da</strong> me<strong>no</strong>s, pois ela <strong>da</strong> a sensação de aconchego, tranqüili<strong>da</strong>de. Já a luz branca <strong>no</strong><br />
ambiente faz o funcionário ter mais produtivi<strong>da</strong>de, pois deixa a pessoa as agita<strong>da</strong>, atenta.<br />
Essa influência <strong>da</strong> <strong>cor</strong> interfere bastante <strong>no</strong> organismo do ser huma<strong>no</strong> como explica<br />
Nakayama (2007): “Recentes estudos mostram que as on<strong>da</strong>s de <strong>cor</strong> azul reduzem a produção<br />
de melatonina <strong>no</strong> homem, aju<strong>da</strong>ndo-o a despertar e até a ver melhor”.<br />
Outra classificação importante é o índice de reprodução de <strong>cor</strong>es (sigla IRC) que também<br />
influencia em como vemos o ambiente pois, de a<strong>cor</strong>do com Silva (2004), “serve para medir o<br />
quanto a luz artificial consegue imitar a luz natural”. Ou seja, quanto maior o IRC emitido por<br />
uma lâmpa<strong>da</strong>, mais fiel é a reprodução <strong>da</strong> <strong>cor</strong> do objeto iluminado.<br />
Como, por exemplo, iluminações de aveni<strong>da</strong>s não requerem uma reprodução de <strong>cor</strong> fiel, já<br />
uma loja de roupas exige um ótimo IRC, pois o cliente precisa ter a visão real do objeto para<br />
decidir se quer compra-lo ou não.<br />
To<strong>da</strong>via, num mesmo ambiente podemos criar cenários diferentes, estimular ou não o usuário,<br />
alterar as <strong>cor</strong>es do que está nele, tudo isso de a<strong>cor</strong>do com o uso e objetivo do projeto. A luz<br />
tem grande <strong>importância</strong> para estimular os sentidos, assim como o som, a textura. Efeitos de<br />
luz e sombras, faixas de luz, dimerização deixam o espaço com cenários diferentes.<br />
Segundo Dalvite (s.d.), “a <strong>iluminação</strong> tem papel fun<strong>da</strong>mental para o desempenho <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong>des, pois é através dela que se tem a percepção visual dos espaços e do objeto foco <strong>da</strong><br />
atenção”.<br />
5. A relação entre a <strong>cor</strong> e a luz<br />
Perceber, transmitir, re<strong>cor</strong><strong>da</strong>r, e muitos outros fatores estão ligados aos efeitos psicológicos<br />
que a <strong>cor</strong> tem sobre o ser huma<strong>no</strong>. Como relata Bron<strong>da</strong>ni (2006), “as <strong>cor</strong>es constituem<br />
estímulos psicológicos para a sensibili<strong>da</strong>de humana, influindo <strong>no</strong> indivíduo, para gostar ou<br />
não de algo, para negar ou afirmar, para abster-se ou agir”.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
A <strong>cor</strong>, assim como a luz, pode interferir em como o indivíduo que frequenta o espaço se sente.<br />
E esta pode ser valoriza<strong>da</strong> com um bom projeto de <strong>iluminação</strong>, pois a quali<strong>da</strong>de e a<br />
quanti<strong>da</strong>de de luz alteram a percepção <strong>da</strong>s <strong>cor</strong>es e vice-versa.<br />
Aos dizeres de Fonseca e Porto (2007):<br />
A <strong>cor</strong> é um fator de estímulo num ambiente e as pessoas buscam estímulos o tempo<br />
todo. Para as pessoas sem deficiência visual, cerca de 80% do que percebem é<br />
através <strong>da</strong> visão e a <strong>cor</strong> é um atributo importante nesta relação. Tem influência na<br />
percepção <strong>da</strong> harmonia dos espaços e <strong>no</strong> bem estar do usuário. Podemos utilizá-la<br />
com diversos fins, para favorecer desempenho, relaxamento, ativi<strong>da</strong>de, etc.<br />
Voltando o assunto para a educação <strong>infantil</strong>, que é o momento em que a criança está<br />
ingressando <strong>no</strong> ambiente escolar, conhecendo pessoas que estão fora do seu meio de convívio<br />
explica Lacy (1996) que, “tons quentes de rosa, pêssego e <strong>da</strong>masco aju<strong>da</strong>rão a proporcionar a<br />
sensação de segurança que é tão importante para as crianças.(...) Os tons claros de verde<br />
combinam bem com essas <strong>cor</strong>es quentes e aju<strong>da</strong>m a criar uma atmosfera calma e relaxante”.<br />
A respeito do laranja e do amarelo Lacy (1996) afirma: “O laranja é benéfico para as crianças<br />
tími<strong>da</strong>s, mas também para as extroverti<strong>da</strong>s, porque canaliza suas energias para a criativi<strong>da</strong>de.<br />
(...) Não use o amarelo na de<strong>cor</strong>ação, uma vez que essa <strong>cor</strong> só faria deixar a criança insegura e<br />
perdi<strong>da</strong>”.<br />
Lacy (1996), cita em seu livro uma experiência aplica<strong>da</strong> pelo professor Wohlfarth <strong>no</strong> Canadá<br />
onde ele analisou quatro escolas primárias semelhantes:<br />
O professor Wohlfrarth usou um tom quente de amarelo com azul-claro na pintura<br />
<strong>da</strong>s paredes (...) Também substituiu as frias lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes por uma<br />
<strong>iluminação</strong> de espectro total. Ca<strong>da</strong> escola foi reforma<strong>da</strong> de maneira diferente. A<br />
primeira escola permaneceu com suas <strong>cor</strong>es e <strong>iluminação</strong> originais para servir de<br />
controle. Na segun<strong>da</strong> escola, tanto as <strong>cor</strong>es como a <strong>iluminação</strong> foram altera<strong>da</strong>s. Na<br />
terceira escola, só a <strong>iluminação</strong> foi altera<strong>da</strong>; na quarta, foram mu<strong>da</strong><strong>da</strong>s apenas as<br />
<strong>cor</strong>es.<br />
Os resultados dessa pesquisa, segundo Lacy (1996), revelam que a segun<strong>da</strong> alteração foi mais<br />
marcante:<br />
Esse resultado demonstra a diferença que fizeram, juntas, as <strong>cor</strong>es e a <strong>iluminação</strong><br />
para os alu<strong>no</strong>s <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> escola. Os resultados dos exames e testes de QI também<br />
melhoraram muito; os alu<strong>no</strong>s melhoraram de humor e reduziram-se as faltas por<br />
motivos de saúde. (...) Usando-se duas <strong>cor</strong>es, uma de espectro quente e outra de<br />
espectro frio, cria-se o equilíbrio necessário para a psique.<br />
Portanto, a <strong>cor</strong> influencia <strong>no</strong> comportamento <strong>da</strong> criança onde ca<strong>da</strong> uma pode gerar um<br />
estímulo ou até mesmo um desconforto <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>. A associação <strong>da</strong>s <strong>cor</strong>es adequa<strong>da</strong>s para o<br />
uso do ambiente com a <strong>iluminação</strong> certa são, comprova<strong>da</strong>mente, ideais para um resultado<br />
satisfatório tanto em se tratando de estética como <strong>no</strong> comportamento e bem estar <strong>da</strong> criança.<br />
6. Metodologia
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
A proposta deste trabalho foi, por meio de pesquisas em revistas, artigos, teses, dissertações e<br />
livros, compreender os parâmetros que determinam a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong>. Os requisitos<br />
necessários à <strong>iluminação</strong> natural e artificial para salas de educação <strong>infantil</strong>.<br />
Realizou-se uma pesquisa de campo <strong>no</strong> estabelecimento que atende também a educação<br />
<strong>infantil</strong> Colégio Dom Bosco, localizado na ci<strong>da</strong>de de Rio do Sul, Santa Catarina. A visita foi<br />
realiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> dia 11 de abril de 2012 juntamente com a administradora <strong>da</strong> escola Riolan<strong>da</strong><br />
Cavilha a quem foi aplicado um questionário e posteriormente um levantamento fotográfico<br />
para futuras análises onde os resultados de to<strong>da</strong> a pesquisa foram transcritos neste artigo.<br />
O questionário aplicado foi elaborado para conhecer a rotina <strong>da</strong>s crianças na escola assim<br />
como saber dos conhecimentos que a entrevista<strong>da</strong> tem quanto à <strong>iluminação</strong>. De a<strong>cor</strong>do com as<br />
resposta <strong>da</strong> entrevista<strong>da</strong> foi escolhi<strong>da</strong> a turma em que será aprofun<strong>da</strong>do o estudo e onde foi<br />
realizado um levantamento fotográfico.<br />
Através desta pesquisa aplica<strong>da</strong> visou-se tomar conhecimento de como a <strong>iluminação</strong> é usa<strong>da</strong><br />
em ambientes de ensi<strong>no</strong> <strong>infantil</strong> e o conhecimento que o profissional que dirige o<br />
estabelecimento possui a respeito dos efeitos que a <strong>iluminação</strong> e a <strong>cor</strong> tem <strong>no</strong><br />
desenvolvimento e estado <strong>da</strong> criança.<br />
7. Resultado <strong>da</strong> Visita<br />
O objeto de estudo deste artigo é o Colégio Dom Bosco que atende crianças de 04 meses até o<br />
ensi<strong>no</strong> médio. O foco na educação <strong>infantil</strong> deste trabalho direciona a visita onde, por meio <strong>da</strong><br />
entrevista, é informado seu sistema e rotina. Todos os <strong>da</strong>dos informados são resultados <strong>da</strong><br />
entrevista feita a administradora Riolan<strong>da</strong> Cavilha e <strong>da</strong> análise do levantamento fotográfico<br />
realizado.<br />
As crianças passam somente o período vesperti<strong>no</strong> na escola, onde o horário de chega<strong>da</strong> é as<br />
13:00 horas e saí<strong>da</strong> as 18:00 horas. As turmas estão dividi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma:<br />
Berçário 01 – de 04 meses a 02 a<strong>no</strong>s;<br />
Berçário 02 – de 02 a 03 a<strong>no</strong>s;<br />
Infantil 01 – de 03 a 04 a<strong>no</strong>s;<br />
Infantil 02 – de 04 a 05 a<strong>no</strong>s;<br />
Infantil 03 – de 05 até próximo de seis.<br />
O objeto de estudo e análise será a sala do Berçário 02. Essas crianças tem uma rotina que<br />
varia de a<strong>cor</strong>do com programação pe<strong>da</strong>gógica para ca<strong>da</strong> dia, mas durante o tempo em que<br />
passam na escola elas tem o período de acolhimento na chega<strong>da</strong>, de descanso, de alimentação,<br />
de ativi<strong>da</strong>des em sala de aula e ativi<strong>da</strong>des extras.<br />
Os espaços físicos que agregam a essa rotina envolvem, além <strong>da</strong> sala de aula, a sala de vídeo,<br />
a sala de informática, o parque na área externa, as quadras de esporte e o ginásio onde o uso e<br />
o tempo de permanência desses espaços variam conforme o planejamento <strong>da</strong> professora.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
Figura 01 – Sala do berçário 02<br />
Fonte: A Autora<br />
Na análise feita na sala de aula, onde a criança passa a maior parte do dia, conforme <strong>da</strong>dos<br />
colhidos na visita e na entrevista, há uma grande preocupação com a <strong>iluminação</strong> natural e<br />
ventilação dos ambientes. Há a ciência <strong>da</strong> <strong>importância</strong> que esta tem <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>da</strong><br />
criança, tanto que a entrevista fez a sugestão de que os peitoris <strong>da</strong>s janelas fossem mais baixos<br />
para que as crianças tivessem mais contato com o exterior. Ela levanta o problema <strong>da</strong> falta de<br />
sincronismo entre a <strong>iluminação</strong> natural e a ventilação, onde consegue possibilitar um, mas<br />
abrindo mão do outro, não conseguindo conciliar ambos. Um exemplo de problema <strong>da</strong>do por<br />
ela é o ofuscamento nas telas dos computadores nas salas de informática. Como também<br />
comenta a autora Elali (2003):<br />
As aberturas, especialmente as janelas, constituem um problema quase generalizado:<br />
suas dimensões são insuficientes tanto para ventilação quanto para <strong>iluminação</strong> <strong>da</strong>s<br />
salas de aula, (...), e seu peitoril geralmente é alto demais para a estatura <strong>da</strong>s<br />
crianças, não permitindo que a maioria <strong>da</strong>s mesmas visualize adequa<strong>da</strong>mente a área<br />
externa.<br />
Quanto ao controle <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong>, conforme evidencia a figura 01, é feita por <strong>cor</strong>tinas de<br />
tecido fi<strong>no</strong> que não bloqueiam ou desviam essa <strong>iluminação</strong>. Em contraparti<strong>da</strong> a orientação<br />
solar é um fator positivo desta sala, pois tem duas aberturas volta<strong>da</strong>s para o sul e uma para<br />
leste, como as aulas só o<strong>cor</strong>rem <strong>no</strong> período vesperti<strong>no</strong> não a incidência direta do sol que<br />
poderia causar maior ofuscamento nas crianças.<br />
Outro fator, além <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> natural, que deixa o ambiente agradável é a pintura. As <strong>cor</strong>es<br />
claras e considera<strong>da</strong>s tranquilizadoras do ambiente analisado ampliam o espaço e transmitem<br />
a sensação de limpeza e bem estar.<br />
Já a <strong>iluminação</strong> artificial é padrão, todos os ambientes utilizados por elas tem uma <strong>iluminação</strong><br />
feita por luminárias onde a fluorescente fica aparente, sem qualquer proteção contra o<br />
ofuscamento, conforme se observa na figura 01. E, sobre este assunto, a entrevista<strong>da</strong> não
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
possui conhecimento profundo sobre os efeitos que os tipos diferentes de luz existentes e <strong>no</strong><br />
que eles interferem <strong>no</strong> comportamento do alu<strong>no</strong>. Há uma preocupação em ter to<strong>da</strong>s as<br />
lâmpa<strong>da</strong>s com a mesma temperatura de <strong>cor</strong>, <strong>no</strong> caso <strong>da</strong>s salas de aula: branca, mas não há<br />
uma movimentação dessa <strong>iluminação</strong> ou mu<strong>da</strong>nça deste padrão de a<strong>cor</strong>do com o uso <strong>da</strong> sala,<br />
ela é fixa.<br />
Figura 02 – Sala de troca de fral<strong>da</strong>s<br />
Fonte: A Autora<br />
Outro ambiente que mostra o padrão <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> é a sala de troca de fral<strong>da</strong>s que possui o<br />
mesmo sistema com fluorescentes aparentes onde a criança, deita<strong>da</strong>, visualiza diretamente<br />
aquela luminária, sem algum artifício quanto ao ofuscamento conforme observa-se na figura<br />
02. Outro detalhe observado neste ambiente é a falta de um controle de incidência <strong>da</strong> luz<br />
natural, já que a <strong>iluminação</strong> vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> janela também pode causar ofuscamento ao usuário do<br />
espaço.<br />
Um sistema diferenciado existente na creche é a dimerização <strong>da</strong> luz artificial, somente <strong>no</strong><br />
Berçário 01, que é utiliza<strong>da</strong> <strong>no</strong> controle <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> luz na hora de dormir deixando o<br />
ambiente não totalmente escuro, mas com uma luz ambiente confortável ao so<strong>no</strong> do bebê.<br />
Percebe-se, com esta entrevista, que há pontos positivos e outros passíveis de melhoras. Já<br />
que as aulas acontecem a tarde e que a orientação solar <strong>da</strong> sala analisa<strong>da</strong> favorece, é<br />
importante priorizar a luz natural <strong>no</strong> ambiente conforme a instituição faz, só tomando cui<strong>da</strong>do<br />
com o seu controle para evitar o ofuscamento. Mas como as crianças usam a mesma sala para<br />
usos diferentes é interessante estimula-las com outros efeitos de luz, nesse caso artificial.<br />
Segundo Goulart, Dias e Barros (1989), “em uma pesquisa feita com alu<strong>no</strong>s entre 6 e 13 a<strong>no</strong>s<br />
o resultado foi que a luz natural é associa<strong>da</strong> a clari<strong>da</strong>de, ao sol. Já a luz artificial é vista como<br />
energia, luz para ler”. As crianças não unem os dois conceitos. Como é o caso <strong>da</strong> escola
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, o alu<strong>no</strong> percebe as janelas sempre abertas quando eles estão em sala, as vezes a<br />
<strong>cor</strong>tina é fecha<strong>da</strong> para controle mas, neste caso, a <strong>iluminação</strong> artificial passa despercebi<strong>da</strong>.<br />
8. Proposta de Iluminação<br />
De a<strong>cor</strong>do com os estudos feitos a respeito dos efeitos <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> natural e artificial <strong>no</strong> ser<br />
huma<strong>no</strong> e dos sistemas analisados <strong>no</strong>s ambientes visitados do estabelecimento de ensi<strong>no</strong><br />
<strong>infantil</strong> propõe-se uma melhoria que fará <strong>da</strong> luz um aliado <strong>no</strong> desenvolvimento e aprendizado<br />
dessas crianças.<br />
O fator primordial a se considerar é a luz natural, pois ela tem o efeito de estimular, <strong>da</strong>r<br />
energia além de fazer bem a saúde do indivíduo. Nos ambiente e momentos onde as crianças<br />
desenvolvem ativi<strong>da</strong>des e/ou brincadeiras, sempre que possível permitir a <strong>iluminação</strong> deste<br />
por meio <strong>da</strong> luz natural, mas com cautela. Um cui<strong>da</strong>do a ser tomado é quanto ao ofuscamento,<br />
já que pode trazer incômodo á criança. O ofuscamento pode ser solucionado por meio de<br />
artifícios que controlam essa luz como, por exemplo, persianas.<br />
As persianas são elementos que controlam a <strong>iluminação</strong> natural, flexíveis, conforme é a<br />
incidência <strong>da</strong> luz nas salas de aula podem ser regula<strong>da</strong>s. A escolha <strong>da</strong>s formas horizontais ou<br />
verticais deve ser determina<strong>da</strong> de a<strong>cor</strong>do com a posição de entra<strong>da</strong> do sol na sala <strong>da</strong> abertura<br />
em questão. Além de permitir a ventilação, é de fácil instalação, limpeza e não interferem na<br />
parte estrutural <strong>da</strong> edificação.<br />
A sala de aula analisa<strong>da</strong> tem basicamente três usos: ativi<strong>da</strong>des, descanso e alimentação. São<br />
usos diferentes que pedem varia<strong>da</strong>s aparências ao ambiente.<br />
Nas ativi<strong>da</strong>des em geral é importante, se possível a luz natural para estimular as crianças. Mas<br />
a luz artificial pode criar cenários que mu<strong>da</strong>m a aparência <strong>da</strong> sala, como por exemplo, luzes<br />
colori<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>ndo o cenário <strong>da</strong> sala conforme a história que a professora está contando, ou<br />
luminárias focando objetos e trabalhos dos alu<strong>no</strong>s valorizando-os, luminárias fazendo o jogo<br />
de luz e sombra, entre outros. Se a ativi<strong>da</strong>de é de desenho ou leitura, a luz branca tem grande<br />
eficiência.<br />
Já na hora de descanso esse mesmo ambiente deve se transformar em um espaço tranquilo,<br />
calmo, onde, com as persianas fecha<strong>da</strong>s e a luz amarela dimeriza<strong>da</strong> traz este sentimento a<br />
quem está nele.<br />
Quando for servi<strong>da</strong> a comi<strong>da</strong> é importante fazer com que esse espaço seja agradável, tranquilo<br />
para que a criança coma com calma, sem pressa. Diminuir a incidência <strong>da</strong> luz natural e ligar<br />
um sistema de luz amarela na luz artificial vai passar essa sensação de aconchego ao<br />
ambiente.<br />
Em espaço de uso específico, como a sala de vídeo, as luzes na <strong>cor</strong> branca deixam a criança<br />
atenta, assim como a sala de informática. As luminárias devem estar dispostas <strong>no</strong> forro de<br />
modo a não causar reflexo <strong>no</strong>s monitores e/ou televisão assim como as janelas devem ter uma<br />
proteção que evite esse mesmo problema.
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
To<strong>da</strong>s as luminárias instala<strong>da</strong>s devem possuir aletas ou proporcionar uma luz indireta para<br />
que estas não causem ofuscamento ao alu<strong>no</strong>, citado muitas vezes neste artigo, é o problema<br />
que mais causa desconforto e desatenção.<br />
Quanto ao uso <strong>da</strong>s <strong>cor</strong>es, o verde encontrado nas paredes do espaço analisado trás calma e<br />
tranquili<strong>da</strong>de a quem esta nele. Mas é possível complementar com outras <strong>cor</strong>es para não<br />
deixar ele monóto<strong>no</strong> como, por exemplo, detalhes em laranja, pois, segundo Lacy (1996), essa<br />
<strong>cor</strong> estimula a criativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança.<br />
9. Conclusão<br />
Este estudo revelou que a <strong>iluminação</strong> em ambientes de educação <strong>infantil</strong>, em sua maioria, é<br />
básica. Havendo a ausência do projeto de <strong>iluminação</strong> e, consequentemente, dos seus<br />
benefícios.<br />
A pré-escola e a creche são ambientes de ensi<strong>no</strong> que possuem vários momentos, usos que<br />
devem entreter a criança, seja na hora de aprender, brincar ou dormir. Para isto a de<strong>cor</strong>ação é<br />
um fator importante, mas junto com ela deve estar a <strong>iluminação</strong> que, de forma adequa<strong>da</strong>, pode<br />
contribuir <strong>no</strong> desempenho do alu<strong>no</strong>. Portanto, avaliar o espaço <strong>da</strong> educação <strong>infantil</strong> e<br />
relacionar com os efeitos <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>da</strong> <strong>cor</strong> em crianças de 0 a 6 a<strong>no</strong>s pode trazer<br />
soluções possíveis para proporcionar maior conforto. Dentro desta avaliação pode-se citar:<br />
Conforto visual, uma <strong>iluminação</strong> adequa<strong>da</strong> faz com que a criança não tenha a necessi<strong>da</strong>de<br />
de “forçar” a visão causando desconforto ou ofuscamento;<br />
Estímulos, <strong>iluminação</strong> com diferencia<strong>da</strong>s <strong>cor</strong>es, intensi<strong>da</strong>des, ou focos diferentes criam<br />
vários cenários num mesmo ambiente proporcionando, portanto, estímulos para<br />
desempenhar determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de;<br />
Elementos de<strong>cor</strong>ativos <strong>no</strong> espaço, com uma <strong>iluminação</strong> de trabalho ou <strong>iluminação</strong><br />
de<strong>cor</strong>ativa podem chamar a atenção para espaços diferentes do ambiente;<br />
Cores, o uso de <strong>cor</strong>es específicas de a<strong>cor</strong>do com a ativi<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong> <strong>no</strong> espaço<br />
contribui <strong>no</strong> desempenho do alu<strong>no</strong>;<br />
Efeitos psicológicos, a luz e a <strong>cor</strong> podem não fazer a criança dormir, mas a aju<strong>da</strong> a relaxar;<br />
Contato com a área externa, grande aberturas que permitam a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> luz natural<br />
assim como a visualização com a área externa é essencial para o bem estar do alu<strong>no</strong>, assim<br />
como sua sensação de liber<strong>da</strong>de.<br />
Um projeto de <strong>iluminação</strong> pode tornar o ambiente mais confortável aos olhos <strong>da</strong> criança. Esse<br />
projeto deve partir <strong>da</strong> premissa de como a <strong>iluminação</strong> natural age <strong>no</strong> ambiente e<br />
complementar, se necesário, com a luz artificial. A luz natural é considera<strong>da</strong> uma <strong>iluminação</strong><br />
geral, usa<strong>da</strong> para a maior parte <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des em sala.<br />
Mas a <strong>iluminação</strong> artificial deve ser explora<strong>da</strong> criando cenários, com o uso <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s<br />
lâmpa<strong>da</strong>s e luminárias e os efeitos que proporcionam para em determinados momentos <strong>da</strong>s<br />
aulas mu<strong>da</strong>r o espaço e assim proporcionar ao alu<strong>no</strong> uma dinâmica, um estímulo, uma<br />
<strong>no</strong>vi<strong>da</strong>de.<br />
E, aliado com a <strong>iluminação</strong> devem estar as <strong>cor</strong>es do ambiente que também influenciam <strong>no</strong>
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
comportamento do ser huma<strong>no</strong>. Os dois aliados trazem um resultado melhor ao projeto.<br />
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2006.<br />
Anexo<br />
Anexo – Entrevista base para diálogo com entrevista<strong>da</strong>:<br />
1. Como é de<strong>no</strong>mina<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> turma e, respectivamente, quais as i<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s crianças?<br />
2. Como é a rotina <strong>da</strong>s crianças na creche <strong>da</strong> turma escolhi<strong>da</strong>?<br />
3. Quantos ambientes elas usam durante o período que estão na creche?<br />
4. Como você avalia a <strong>iluminação</strong> dos ambientes?<br />
5. Há alguma preocupação com a forma em que eles são iluminados?
<strong>Educação</strong> <strong>infantil</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>iluminação</strong> e <strong>cor</strong> <strong>no</strong> desempenho e aprendizado <strong>da</strong> criança janeiro/2013<br />
6. Nos ambientes, é utiliza<strong>da</strong> a <strong>iluminação</strong> natural, artificiais ou ambas?<br />
7. As salas tem seu sistema de <strong>iluminação</strong> projetado por um profissional <strong>da</strong> área?<br />
8. Você considera importante a <strong>iluminação</strong> para o aprendizado <strong>da</strong> criança?