Sociologia
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Antonio Carlos Banzato A. Santos e Rafael Lopes Sousa<br />
5.1 O Método do Pensamento Marxista<br />
É um pensamento materialista, que parte do<br />
objetivo para o subjetivo. A realidade é o campo<br />
de ação do homem. A realidade social é, porém,<br />
obra dos próprios homens. A história é, pois, feita<br />
pelos homens, não a partir das condições que<br />
desejariam, mas a partir da herança deixada pelas<br />
gerações passadas. É um pensamento dialético,<br />
que busca nas intervenções humanas e em suas<br />
contradições as explicações para a sociedade.<br />
Pode-se dizer, então, que é um pensamento<br />
que não se limita a interpretar o mundo, mas<br />
busca também transformá-lo. Até o advento do<br />
marxismo, não havia nenhuma descrição nem explicação<br />
científica da divisão social que acompanhava<br />
a humanidade desde os primórdios.<br />
Perceba que para Marx, a sociedade estrutura-se<br />
em níveis. O primeiro é a infraestrutura,<br />
que é constituída pela base econômica, aliás, esse<br />
é, segundo Marx, o aspecto fundamental de toda<br />
sociedade, isto é, transformar matérias-primas e<br />
fontes de energia em riqueza. Assim, a infraestrutura<br />
engloba a relação do homem com a natureza,<br />
no esforço de produzir a própria existência.<br />
Condiciona, assim, as relações dos homens entre<br />
si e o desenvolvimento das forças produtivas.<br />
Assim, cada grande etapa do desenvolvimento<br />
das forças produtivas corresponde a uma<br />
forma diferente de organização da sociedade. Por<br />
exemplo, no século XVIII, os agentes daquela sociedade<br />
fizeram uma mudança na técnica: com<br />
as mesmas matérias-primas e ferramentas que<br />
usavam os artesãos individualmente, agruparam<br />
operários em grandes oficinas, onde cada grupo<br />
fazia uma parte da produção total, que até então<br />
era feita separadamente por cada artesão. Essa<br />
nova técnica ficou conhecida como manufatura e<br />
substituiu a fase doméstica da produção.<br />
O segundo nível é chamado de superestrutura<br />
e é constituído de uma base jurídico-política,<br />
que é representada pelo estado que repercute as<br />
ideias da classe dominante. É composto também<br />
por uma estrutura ideológica repercutida nas formas<br />
de consciência social, entre as quais se destacam:<br />
a religião, a educação, a arte e as leis. Por<br />
esses mecanismos, a classe dominada acaba sendo<br />
sujeitada ideologicamente e seus valores de<br />
vida passam a refletir as ideias e valores da classe<br />
dominante.<br />
Observe a força da ideologia na produção<br />
dos discursos sociais. O que você pensa sobre<br />
isso?<br />
5.2 A Práxis<br />
Para Marx não existe uma “natureza humana”<br />
idêntica em todo tempo e lugar. O existir<br />
humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz<br />
à medida que transforma a natureza<br />
pelo trabalho. O trabalho é um projeto humano<br />
e como tal depende da consciência que antecipa<br />
a ação humana pelo pensamento. Marx chama<br />
essa ação humana, de transformar a realidade, de<br />
práxis.<br />
Atenção<br />
O conceito de práxis é muito anterior à filosofia<br />
marxista, com raízes no pensamento de Aristóteles,<br />
mas foi por intermédio do pensador alemão<br />
Karl Marx que tal conceito, progressivamente, se<br />
aprofundou, passando a ser o elemento central<br />
do materialismo histórico. Marx concebe a práxis<br />
como atividade humana prático-crítica, que<br />
nasce da relação entre o homem e a natureza.<br />
A natureza só adquire sentido para o homem à<br />
medida que é modificada por ele, para servir aos<br />
fins associados à satisfação das necessidades do<br />
gênero humano.<br />
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