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a formação da literatura de cordel brasileira - Repositorio ...

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165<br />

igual a seu litoral<br />

No Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

on<strong>de</strong> morava o governo <strong>da</strong> nação<br />

combinado com a reunião<br />

on<strong>de</strong> ativo exercia tão guerreiro<br />

o batalhão <strong>de</strong> quarenta era o primeiro<br />

que <strong>de</strong>fendia o governo em palacete<br />

tem a fama a rua <strong>de</strong> paquete<br />

catedral magnífica como ve<strong>de</strong><br />

a artilharia <strong>de</strong> guerra tem a se<strong>de</strong><br />

no Botafogo, o palacio do Catete<br />

(Tipografia São Francisco: Juazeiro do Norte, s.d., p. 11-12)<br />

Nesta edição <strong>da</strong> Tipografia São Francisco, não consta o nome do poeta como<br />

autor, e sim o <strong>de</strong> José Bernardo como proprietário. Posteriormente, na edição <strong>de</strong> 1962, esse<br />

surge como editor-proprietário; e na <strong>de</strong> 1979, as suas filhas restituem a autoria ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong>ste folheto, colocando em primeiro plano o nome <strong>de</strong> Melchía<strong>de</strong>s, seguido <strong>da</strong> in<strong>formação</strong><br />

“Proprietarias: Filhas <strong>de</strong> José Bernardo <strong>da</strong> Silva”.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> atualização mostra a preocupação <strong>da</strong>s editoras <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l <strong>de</strong> fornecer<br />

informações atualiza<strong>da</strong>s aos leitores-ouvintes, pois ninguém iria comprar um folheto com uma<br />

in<strong>formação</strong> “erra<strong>da</strong>”. Isso <strong>de</strong>monstra que, mesmo tratando-se <strong>de</strong> um texto publicado por<br />

escrito, a sua circulação em uma situação <strong>de</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong>, faz com que as informações tenham<br />

que ser necessariamente atualiza<strong>da</strong>s, com risco <strong>de</strong> per<strong>da</strong> do seu valor enunciativo. Na<br />

<strong>literatura</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, diferentemente <strong>da</strong> sua congênere culta, os textos não estão fixados <strong>de</strong> uma<br />

vez para sempre, eles po<strong>de</strong>m mu<strong>da</strong>r (e <strong>de</strong> fato mu<strong>da</strong>m) quando se alteram os suportes e as<br />

condições <strong>de</strong> apropriação por parte dos leitores-ouvintes. Por esse motivo, não se po<strong>de</strong><br />

interpretar esse tipo <strong>de</strong> atualização como uma “<strong>de</strong>turpação” do texto original, até porque<br />

como proprietários dos direitos <strong>de</strong> publicação <strong>de</strong>ssas obras, os editores sentem-se no direito (e<br />

até na obrigação mesmo) <strong>de</strong> reatualizar as informações, para <strong>de</strong>sespero dos puristas e dos<br />

geneticistas textuais.<br />

Igualmente, esses <strong>de</strong>safios e pelejas, sobretudo no período <strong>de</strong> <strong>formação</strong> do sistema<br />

literário do cor<strong>de</strong>l, quando muitos cantadores começaram a imprimir folhetos, esses <strong>de</strong>safios<br />

funcionavam como propagan<strong>da</strong> para os cantadores envolvidos nessas conten<strong>da</strong>s, seja real ou<br />

fictícia, ou parcialmente fictícia. O Desafio <strong>de</strong> Zé Du<strong>da</strong> com Silvino Pirauá <strong>de</strong>screvendo os

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