25.12.2013 Views

a formação da literatura de cordel brasileira - Repositorio ...

a formação da literatura de cordel brasileira - Repositorio ...

a formação da literatura de cordel brasileira - Repositorio ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

320<br />

Pedra Azul. Ele mesmo esclarece que to<strong>da</strong>s essas pelejas foram fruto <strong>da</strong> sua imaginação, nas<br />

quais haviam adversários inventados e outros bem reais, «neste último caso eu publicava para<br />

aten<strong>de</strong>r o pedido <strong>de</strong> alguns trovadores que queriam ver seus nomes envolvidos nessas pelejas,<br />

gênero muito apreciado pelo povo.» (CASCUDO, 2005, p. 357).<br />

Aparte <strong>de</strong>sse primeiro veio poético, segundo Mário Souto Maior, Athay<strong>de</strong> não foi<br />

um poeta <strong>de</strong> temática «sobrenatural, apesar <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus folhetos enfocarem o céu, padre<br />

Cícero, o Diabo, ou o inferno. Não era, também, o poeta do circunstancial, <strong>de</strong> fazer um<br />

jornalismo paralelo, (...). Era, sim, um poeta voltado para o amor, para a aventura, para o<br />

grotesco, para o mundo <strong>da</strong> imaginação.» (MAIOR, 2000, p. 25). E <strong>de</strong> fato, meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> sua<br />

produção poética são Romances <strong>de</strong> Amor, Sofrimento e Reinos encantados, inclusive versões<br />

poéticas <strong>de</strong> clássicos <strong>da</strong> <strong>literatura</strong> romântica <strong>brasileira</strong> e estrangeira, como Iracema, do<br />

escritor cearense José <strong>de</strong> Alencar; Amor <strong>de</strong> perdição, <strong>de</strong> Camilo Castelo Branco; Romeu e<br />

Julieta, <strong>de</strong> William Shakespeare; e A <strong>da</strong>ma <strong>da</strong>s camélias, <strong>de</strong> Alexandre Dumas.<br />

Mas, além <strong>de</strong>sses romances prestigiados pela crítica literária e <strong>de</strong> lugar reservado<br />

no panteão ilustre <strong>da</strong>s histórias literárias, os poetas populares versaram em folhetos <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l<br />

obras literárias totalmente esqueci<strong>da</strong>s e classifica<strong>da</strong>s como sub<strong>literatura</strong>. Essas classificações<br />

arbitrárias e duvidosas não circulam <strong>de</strong> maneira uniforme <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tudo<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> classe social do leitor, dos seus hábitos, representações e práticas concretas com<br />

os objetos impressos.<br />

É o caso <strong>de</strong> Elzira, a morta virgem, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Pedro Ribeiro Vianna 110 . Esse<br />

romance, publicado por editoras do Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> São Paulo, ven<strong>de</strong>u <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> cópias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> sua publicação, em 1883, até a sua última edição, em<br />

1924. O romance inspirou-se num caso verídico <strong>de</strong> uma jovem que preferiu morrer tísica e<br />

imacula<strong>da</strong> a ser obriga<strong>da</strong> a casar com quem não amava. Na primeira página do romance<br />

publicado por José Bernardo, em 1950, aparece a seguinte in<strong>formação</strong>: «Extraído do legitimo<br />

romance do mesmo nome», sem, no entanto, oferecer nenhuma in<strong>formação</strong> sobre a autoria <strong>da</strong><br />

referi<strong>da</strong> obra romanesca.<br />

Outro romance em prosa versado por Athay<strong>de</strong> foi a História <strong>de</strong> Roberto do diabo.<br />

Cascudo em sua obra Cinco livros do povo, corrobora a sua autoria e afirma que essa obra foi<br />

«publica<strong>da</strong> no Recife, Pernambuco, e <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> agôsto <strong>de</strong> 1938. São 244 sextilhas,<br />

ABCBDB. Fiel ao original em prosa (...)» (CASCUDO, 1953, p. 174). Irani Me<strong>de</strong>iros, ao<br />

contrário, a atribui a Leandro Gomes, incluindo-a em sua antologia No reino <strong>da</strong> poesia<br />

110 De tão esquecido pelos historiadores literários, esse escritor nem sequer aparece como verbete no Pequeno<br />

Dicionário <strong>de</strong> Literatura Brasileira, editado pela Cultrix, editora <strong>da</strong> USP.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!