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a formação da literatura de cordel brasileira - Repositorio ...

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formando opinião nova ou reforçando uma i<strong>de</strong>ologia já existente. Assim termina o folheto:<br />

Levantou o juiz e disse<br />

Com sua austera presença:<br />

Em vista <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

Do Conselho <strong>de</strong> sentença<br />

Dou ao réu a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Que a Justiça lhe dispensa.<br />

(BATISTA, 1997, p. 101)<br />

Entretanto, uma coisa nos chama a atenção: o fato do réu ter ido a julgamento,<br />

quando sabemos que dificilmente isso acontecia em situações criminais <strong>de</strong>sse tipo no sertão<br />

nor<strong>de</strong>stino, principalmente nessa época. A maneira como o julgamento é apresentado,<br />

distribuído entre o <strong>de</strong>fensor e o acusador, sendo o réu absolvido <strong>de</strong> forma justa pelos jurados,<br />

leva-nos a pensar que, talvez, o poeta, aproveitando-se <strong>de</strong> um fato ocorrido, quizesse louvar a<br />

Justiça <strong>de</strong> sua época, atitu<strong>de</strong> muito frequente entre os poetas populares. Falar bem <strong>da</strong>s<br />

instituições do Governo angariava boas relações e favorecia o próprio exercício <strong>de</strong> uma<br />

profissão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> indigna, “coisa <strong>de</strong> malandro”, <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupado, sendo os poetas,<br />

frequentemente, perseguidos pela polícia ou pelos fiscais que cobravam dos poetas o imposto<br />

relacionado com a permissão <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ven<strong>de</strong>r nas feiras.<br />

Outro folheto importante atribuído a Pirauá é a História <strong>de</strong> Zezinho e Mariquinha.<br />

Há outra versão <strong>de</strong>ssa história publica<strong>da</strong> pela Editora H. Antunes, em verso e em prosa,<br />

intitula<strong>da</strong> História <strong>de</strong> Zezinho e Mariquinhas. Da primeira dispomos <strong>de</strong> três folhetos,<br />

publicados pela editora Luzeiro, <strong>de</strong> São Paulo; um sem <strong>da</strong>ta e dois <strong>de</strong> 1974. Da segun<strong>da</strong>,<br />

dispomos <strong>de</strong> duas versões publica<strong>da</strong>s pela Editora H. Antunes, do Rio <strong>de</strong> Janeiro; uma<br />

também sem <strong>da</strong>ta e outra <strong>de</strong> 1952. A primeira, muito mais longa, possui 125 sextilhas; a<br />

segun<strong>da</strong>, apenas 96. Ambas as edições têm suas capas colori<strong>da</strong>s com imagens <strong>de</strong> casais<br />

enamorados. De enredo simples, é a típica história <strong>de</strong> um rapaz pobre e <strong>de</strong> uma moça rica que<br />

são impedidos <strong>de</strong> se casaram <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>snível social. Entretanto, contrariando as<br />

expectativas, a história tem um fim trágico, pois tendo a moça sido obriga<strong>da</strong> a casar-se com<br />

outro, Zezinho, ao voltar do estrangeiro rico e pronto para se casar com Mariquinha, morre <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgosto ao saber do casamento <strong>da</strong> sua ama<strong>da</strong>:<br />

Zezinho, abre a mão,<br />

Já que morreste por mim!

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