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Documento (.pdf) - Universidade do Porto

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Angela Bartens – Observações sobre o uso <strong>do</strong>s afixos derivacionais 67<br />

variantes –uda e –ura, a primeira seria a original mas já não muito<br />

produtiva hoje em dia e estaria substituída pela segunda no kriyôl<br />

moderno (Couto 1994: 87). Como no caso <strong>do</strong> cabo-verdiano, o sufixo<br />

–ndadi parece ser crioulo, a variante –dadi mais bem portuguesa.<br />

Com efeito, Rougé (1988: 16) considera que por exemplo koldadi<br />

‘qualidade’ e bardadi ‘verdade’ entraram na forma integral no kriyôl.<br />

Por fim, é de notar que o sufixo causativo -ndV, -ntV tem como fonte<br />

primária o sufixo mandinga –ndi, também causativo, ainda que a<br />

influência convergente <strong>do</strong> sufixo português –antar não é de excluir<br />

(Couto 1994: 86; Rougé 1988: 17).<br />

Em quanto à opacidade semântica <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s, parece que os<br />

afixos produtivos produzem deriva<strong>do</strong>s maioritariamente transparentes<br />

como há de esperar-se. No caso <strong>do</strong>s exemplos não transparentes de<br />

derivações com o sufixo diminutivo cita<strong>do</strong>s na Tabela 2 pode tratar-se<br />

de calcos duma língua de adstrato. Por fim, ainda que Couto não diga<br />

nada sobre a produtividade <strong>do</strong> sufixo –si, duvi<strong>do</strong> que seja produtivo.<br />

A parte <strong>do</strong> exemplo cita<strong>do</strong> na Tabela 2, os demais deriva<strong>do</strong>s lista<strong>do</strong>s<br />

por Couto (1994: 87; sem bases!) não parecem transparentes, cf. bensi<br />

‘benzer, rezar’, mansi ‘pernoitar’, notsi ‘passar o dia’ [sic], obidisi<br />

‘obedecer’, lebsi ‘difamar, desrespeitar’.<br />

Como podemos observar, o kriyôl comparte a maioria <strong>do</strong>s afixos<br />

derivacionais com o cabo-verdiano, com certas divergências: o inventário<br />

consta de catorze afixos, não vinte e quatro como no cabo-verdiano;<br />

15 <strong>do</strong>s afixos de origem portuguesa, -asku, -dia, -ia, –si não se<br />

citam nos <strong>do</strong>is inventários cabo-verdianos principalmente consulta<strong>do</strong>s;<br />

16 a inexistência <strong>do</strong> sufixo causativo -ndV, -ntV no cabo-verdiano<br />

explica-se pela menor duração <strong>do</strong> contacto com as línguas de sub-<br />

/adstrato; e, comparan<strong>do</strong> as funções citadas nas Tabelas 1 e 2, nota-se<br />

que com vários afixos, o campo de aplicação é diferente (em geral,<br />

mais restringi<strong>do</strong>) daquele <strong>do</strong>s afixos homólogos <strong>do</strong> cabo-verdiano.<br />

15<br />

Os números 14 e 24 não deveriam considerar-se de forma absoluta, porque é muito provável que<br />

nas tabelas figurem afixos cuja produtividade é muito baixa, como, por exemplo, o caso, já menciona<strong>do</strong>,<br />

<strong>do</strong> kriyôl –eru/-era.–eru/-era.<br />

16<br />

Veiga (1995: 128), pelo contrário, lista –ise, o mesmo sufixo que kriyôl –si deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> sufixo<br />

português –ecer.

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