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homens, mulheres ea exploração sexual comercial de ... - Promundo

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A partir do final dos anos 80, o Brasil se insere no <strong>de</strong>bate sobre a ESCCA,<br />

tentando superar o enfoque repressor e assistencialista da legislação anterior,<br />

introduzindo na legislação nacional a concepção das crianças e adolescentes<br />

como atores sociais, portanto, portadores <strong>de</strong> direitos exigíveis em leis. Além<br />

disso, a questão saiu da alçada exclusiva dos Juizados <strong>de</strong> Menores, por meio<br />

da <strong>de</strong>scentralização político-administrativa, restringindo o papel dos estados<br />

e ampliando as competências e responsabilida<strong>de</strong>s dos municípios e da comunida<strong>de</strong>.<br />

Outra mudança importante foi o aumento da participação da população<br />

nas organizações representativas (Conselhos Municipais, Estaduais e<br />

Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).<br />

A importância dada ao tema na agenda nacional teve como consequência<br />

a emergência <strong>de</strong> diversas vozes, que tentaram minimizar a<br />

prática (consi<strong>de</strong>rando-a parte da “liberda<strong>de</strong>” <strong>sexual</strong> e fazendo referência<br />

ao direito dos mais jovens a ter relações sexuais). Atualmente é possível<br />

afirmar que há uma relação entre a ESCCA e as normas sociais <strong>de</strong> gênero<br />

que regem as interações entre <strong>homens</strong> e <strong>mulheres</strong> no Brasil. Ou seja, este<br />

tipo <strong>de</strong> violência resulta <strong>de</strong> um sistema social complexo, bas<strong>ea</strong>do no <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre <strong>homens</strong> e <strong>mulheres</strong>, que restringe rigidamente<br />

<strong>homens</strong> e <strong>mulheres</strong>, meninos e meninas, limitando os seus direitos <strong>de</strong><br />

escolhas e se refletindo no modo <strong>de</strong> viver e <strong>de</strong> se relacionar <strong>de</strong>sses indivíduos<br />

(Barker, G.; Ricardo, C.; Nascimento, M., 2007:8).<br />

A maior parte das vítimas <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> violência, no Brasil, é claramente<br />

formada por crianças e adolescentes do sexo feminino. Este dado traduz as<br />

concepções generalizadas sobre o corpo feminino, visto como objeto passível<br />

<strong>de</strong> uso in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da vonta<strong>de</strong> da mulher. Ao mesmo tempo, reflete a<br />

concepção <strong>de</strong> que a <strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> masculina é incontrolável e que os <strong>homens</strong><br />

necessitam mais <strong>de</strong> sexo do que as <strong>mulheres</strong> (Ricardo & Barker, 2007).<br />

No entanto, apesar <strong>de</strong> não ser majoritária, é <strong>de</strong> fundamental importância<br />

reconhecer que a ESCCA sofrida por meninos é uma r<strong>ea</strong>lida<strong>de</strong>. Os dados, se<br />

comparados com o volume <strong>de</strong> estudos da ESCCA do sexo feminino, são ainda<br />

mais escassos. Nesse sentido, é urgente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilização, tanto<br />

por parte do Estado, como da socieda<strong>de</strong> civil e aca<strong>de</strong>mia, no tocante ao levantamento<br />

<strong>de</strong> dados e análises que venham a contribuir para a implementação<br />

<strong>de</strong> programas e políticas <strong>de</strong> combate a essa prática (Ricardo & Barker, 2007).<br />

Diante <strong>de</strong>sta r<strong>ea</strong>lida<strong>de</strong>, e para que se crie uma política <strong>de</strong> prevenção e<br />

enfrentamento a este tipo <strong>de</strong> abuso, é necessário, em primeiro lugar, enten<strong>de</strong>r<br />

como a socieda<strong>de</strong> brasileira enxerga esse tipo <strong>de</strong> violência contra<br />

crianças e adolescentes. Para po<strong>de</strong>r contribuir com esse entendimento,<br />

este estudo tentou perceber: (1) se a socieda<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra a ESCCA <strong>de</strong><br />

fato violência; (2) se i<strong>de</strong>ntifica atores “culpados” por esse tipo <strong>de</strong> crime;<br />

(3) que visão tem das crianças e adolescentes envolvidos e; (4) quais as<br />

saídas apontadas para a resolução <strong>de</strong>sse problema nacional.<br />

Consi<strong>de</strong>rações éticas<br />

O <strong>Promundo</strong> a<strong>de</strong>re à pratica emergente relativa aos códigos éticos em<br />

pesquisa em ciências humanas e sociais e compartilha da perspectiva <strong>de</strong><br />

que os interesses dos grupos pesquisados <strong>de</strong>vem prece<strong>de</strong>r os interesses da<br />

pesquisa. Esta pesquisa seguiu osprocedimentos éticos formais: todos os<br />

informantes <strong>de</strong>ram o seu “consentimento esclarecido” por escrito; receberam<br />

informações sobre o <strong>Promundo</strong> e sobre o conteúdo e os objetivos da<br />

pesquisa; e foram informados sobre a opção <strong>de</strong> não respon<strong>de</strong>rem a alguma<br />

das questões. O <strong>Promundo</strong> segue também as práticas padrão em termos<br />

da confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>, segurança e integrida<strong>de</strong> das informações.<br />

Populações do Estudo<br />

Com o objetivo geral <strong>de</strong> map<strong>ea</strong>r as percepções, atitu<strong>de</strong>s e práticas<br />

<strong>de</strong> adultos <strong>homens</strong> e <strong>mulheres</strong> sobre diferentes temas relacionados com<br />

<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong>, prostituição, pornografia e ESCCA <strong>de</strong> ambos os sexos, o<br />

<strong>Promundo</strong> implementou esse estudo em quatro cida<strong>de</strong>s brasileiras.<br />

O Estudo<br />

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