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Aula 07 e 08 – Ultrassonografia - Ufabc

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Princípios de Ultrassom<br />

Prof. Emery Lins<br />

emery.lins@ufabc.edu.br


SUMÁRIO<br />

AULA 1 - Princípios de Ultrassom<br />

- Introdução<br />

- Princípios físicos<br />

- Transdutores<br />

- Sistemas de Imagens de Ultrassom<br />

AULA 2 – Aplicações da <strong>Ultrassonografia</strong>


Introdução<br />

A idéia de utilizar o eco das ondas sonoras como forma de detecção de<br />

objetos (ecolocalização) data do início do século XX após estudos com<br />

golfinhos e morcegos.<br />

Após a 1o. Guerra Mundial este princípio passou a ser utilizado em<br />

instrumentos de navegação em profundidade aquáticas utilizando ondas<br />

sonoras, originando o SONAR (SOund Navigation and Ranging) em 1917.<br />

Em 1941 esse princípio foi aplicado na navegação aérea com ondas de<br />

rádio-frequência, a qual originou o RADAR (RAdio Detection and Ranging).


Introdução<br />

Somente após a 2o. Guerra Mundial cresceu o interesse do uso de ecos de<br />

ondas de som na medicina.<br />

Os médicos Douglas Howry e D. Ronderic Bliss foram pioneiros ao realizar<br />

estudos com ultrassom. Em 1949 desenvolveram o primeiro sistema com<br />

objetivo médico e em 1950 realizaram a primeira imagem médica com<br />

ultrassom.<br />

Os primeiros estudos revelaram a necessidade de pulsos curtos (com<br />

período tau) e repetidos (período de repetição PR) para determinar a<br />

localidade da interface dos tecidos


Princípios físicos<br />

Ondas de ultrassom são ondas mecânicas com freqüência acima da faixa<br />

de audição humana (> 20KHz).<br />

Por ser onda mecânica, ela precisa de um meio para propagar, e a<br />

velocidade de propagação da onda depende das propriedades de<br />

cada meio.<br />

O ultrassom se propaga pela vibração do meio; logo, depende da<br />

pressão exercida pela onda e das propriedades de vibração do<br />

meio.<br />

Fonte: http://telecom.inescn.pt/research/audio/cienciaviva/natureza_som.html


Princípios físicos<br />

Características básicas das ondas de ultrassom:<br />

– O comprimento de onda é distância entre dois máximos (ou mínimos) consecutivos.<br />

– A amplitude revela o comportamento da pressão exercida no meio (expansão ou conpressão<br />

quando a amplitude é máxima).<br />

– Período é o tempo gasto para que uma oscilação seja completada. Ele introduz o conceito de<br />

frequência que é a taxa de repetiçoes que ocorrem em um intervalo de tempo definido.<br />

– A velocidade de propagação das ondas é a relação entre o comprimento de onda e o período<br />

de oscilaçã; é constante para um determinado meio.<br />

Fonte: J. Ederle, S. Blanchard e J. Bronzino. Introduction to Biomedical Engineering. 2 nd Ed.


Princípios físicos<br />

Meio<br />

Velocidade (m/s)<br />

Ar<br />

Água doce<br />

Sangue<br />

Músculo<br />

Gordura<br />

330<br />

1435<br />

1560<br />

1570<br />

1580<br />

Fonte: Schiabel, H. Notas de aula da disciplina: Princípios de Imagens Médicas.


Princípios físicos<br />

Uma característica também intrínseca de cada meio é a sua<br />

Impedância acústica:<br />

Ela demonstra a resistência do meio em extender e contrair de acordo<br />

com a pressão exercida pela onda acústica.<br />

Por definição:<br />

Z= p v<br />

onde Z é a impedância característica do meio, p é a pressão exercida<br />

pela ultrassom e v é a velocidade de uma partícula.


Princípios físicos<br />

A definição considera um sistema onde a pressão é aplicada sobre<br />

uma única partícula do meio.<br />

Agora se considerarmos todas as partículas do meio, de forma que a área<br />

sob pressão é a área total do meio, e adicionarmos a informação de<br />

deslocamento das partículas a impedância pode ser vista como função da<br />

densidade do meio.<br />

Z= p c 0<br />

= m.a<br />

area . 1 c 0<br />

=<br />

m<br />

area .d . d T<br />

Z= . c 0<br />

[kg/ m 2 . s]= [ Rayls ]


Princípios físicos<br />

Material<br />

Ar<br />

Gordura<br />

Água<br />

Músculo<br />

Outros tecidos moles<br />

Osso<br />

0,0004<br />

1,38<br />

1,48<br />

1,64<br />

1,63<br />

7,80<br />

(10 6 Rayls)


Princípios físicos<br />

Vamos investigar o que ocorre na interface entre dois meios diferentes<br />

Inicialmente apresentamos a equação de propagação de onda em um<br />

meio qualquer. Neste caso, em função da pressão da onda:<br />

Este formalismo considera uma onda propagante como a combinação de<br />

ondas que caminham em sentidos opostos. Por isso, deve-se considerar o<br />

numero de onda k. Além dessa expressão, devemos relembrar:


Princípios físicos<br />

Na interface entre os dois meios, teremos:<br />

e para uma onda qualquer no meio 1 a expressão de propagação pode ser<br />

re-escrita da forma:<br />

Onde RF é o fator de reflexão da interface. Porém a onda propagando no<br />

meio 2 observa a interface como fonte, de forma que:


Princípios físicos<br />

Entretanto, a velocidade das partículas no meio 2 depende do fator de<br />

reflexão, da pressão inicial e da impedância do meio 1. Assim:<br />

dessa forma temos que:<br />

e com manipulação matemática, encontra-se:<br />

Por fim, define-se o fator de transmissão (TF) da forma:


Princípios físicos<br />

Em uma nova configuração, os ângulos de incidência, reflexão e<br />

refração do ultrassom deve ser considerado:<br />

Na interface a velocidade das partículas e a pressão são contínuas, de<br />

forma que na direção x (perpendicular à propagação):


Princípios físicos<br />

E como solução é encontrada a igualdade dos ângulos de incidência e<br />

reflexão, além da lei de Snell para ultrassom:<br />

Já na direção z (propagação da onda), temos:<br />

Dessa forma, entende-se que há uma impedância efetiva para cada onda,<br />

que depende do ângulo de incidência (meio 1) e do ângulo de transmissão<br />

(meio 2):


Princípios físicos<br />

Nesta configuração, o fator de reflexão passa a ser:<br />

e o de transmissão passa a ser:


Princípios físicos<br />

Meio 1<br />

Z 1<br />

ΘI<br />

ΘR<br />

Lei de Snell:<br />

Z 2<br />

Θ T<br />

Meio 2<br />

Coeficientes de Reflexão e Transmissão (Intensidade):


Princípios físicos<br />

Exercício 1: Calcule o fator de reflexão de uma ultrassom passando<br />

perpendicularmente da água para um músculo e da água para um<br />

osso. Que informação pode ser obtida destes valores?<br />

Exercício 2: Para uma onda incidente em uma interface entre água e<br />

mel, determine o fator de reflexão a 45° e a 50° a velocidade do<br />

som para a água (meio 1) e para o mel (meio 2) são de 1.48 km/s e<br />

2.05 km/s e de 1.48 Mrayls e 2.89 MRayls


Princípios físicos<br />

Uma outra propriedade física relevante para as imagens de ultrassom<br />

é a absorção da onda pelos tecidos.<br />

Quando o ultrassom se propaga no meio há perdas de sua energia por<br />

diversos fatores como atrito, pressão e estresse, os quais convertem essa<br />

energia cedida pela onda em calor local.<br />

Essas perdas de energia caracterizam a absorção da onda pelo tecido. Em<br />

geral cada tecido possui um coeficiente de absorção particular.<br />

A lei que governa a absorção do ultrassom pela estrutura é a lei de Beer e<br />

determina a amplitude da onda como função da profundidade de<br />

penetração da onda


Princípios físicos<br />

O coeficiente de atenuação é frequentemente apresentado em<br />

unidades de decibéis por centímetro (dB/cm).<br />

Porém os dados experimentais também tem revelado que a absorção<br />

do meio depende da freqüência de oscilação do ultrassom, de forma<br />

que:<br />

onde γ é o expoente da lei de potência. Por fim, a amplitude do<br />

ultrassom passa a ser regida pela equação:<br />

A absorção é um dos fatores que limita a penetração da ultrassom nos<br />

tecidos.


Transdutores<br />

Um transdutor de ultrassom gera ondas acústicas pela conversão de<br />

energia térmica, elétrica ou magnética, em energia mecânica.<br />

A técnica mais eficiente para gerar ultrassom na faixa de aplicações<br />

médicas é através do efeito piezoelétrico.<br />

O efeito piezoelétrico foi inicialmente demonstrado por Jacques e<br />

Pierre Currie em 1880.<br />

Neste experimento, eles observaram um potencial elétrico nos<br />

terminais de um cristal de quartzo quando o mesmo sofria um<br />

estresse mecânico.<br />

O efeito piezoelétrico inverso também foi observado, de forma que se<br />

um potencial era aplicado nos terminais do cristal havia uma<br />

deformação na sua superfície.<br />

Assim, um cristal piezoelétrico converte um sinal elétrico oscilante em<br />

uma onda acústica, e vice-versa.


Transdutores<br />

Esquema simplificado de um transdutor


Transdutores<br />

Princípio de funcionamento de um transdutor:<br />

Seja um transdutor descrito como o esquema abaixo<br />

sob freqüências longe da ressonância, o transdutor apresenta<br />

características de um capacitor de placas paralelas.


Transdutores<br />

onde C0 é a capacitância do transdutor, d é o deslocamento, V é a<br />

tensão aplicada e ε S é a permissividade do capacitor de placas<br />

paralelas medida na condição de repouso.<br />

No esquema, T é a pressão exercida pelo cristal no ambiente. Um<br />

outro parâmetro relevante é a deformação S que relaciona a<br />

mudança no comprimento do cristal com o seu tamanho inicial.<br />

S= d<br />

d<br />

Uma forma de relacionar a pressão exercida T com a deformação do<br />

cristal S é conhecida como equação modificada de Hooke


Transdutores<br />

Onde C D é a constante de rigidez do transdutor, D é o deslocamento<br />

dielétrico quando um campo E é aplicado e h é a constante<br />

piezoelétrica.<br />

Quando um impulso de voltagem é aplicado nos terminais do<br />

transdutor, o efeito piezoelétrico cria forças impulsivas nos lados do<br />

transdutor dadas por:<br />

a solução é possível porque a impedância acústica do material<br />

permanece a mesma, de forma que a velocidade do som entre os<br />

terminais é dada por:


Transdutores<br />

A transformada inversa de Fourier revela o espectro de frequências da<br />

força exercida pelo transdutor:


Transdutores<br />

A maioria dos sistemas de imagens por ultrassom opera com mais de<br />

um transdutor, formando uma matriz de transdutores<br />

Um típico arranjo de transdutores é o seu posicionamento em linha<br />

onde uma única dimensão é composta pelos sensores.<br />

Os elementos estão sempre separados a distâncias regulares, entre<br />

meio e dois comprimentos de onda de propagação na água.


Transdutores<br />

A vantagem de operar com uma matriz de transdutores é que eles são<br />

rapidamente focalizados e direcionados com controle eletrônico,<br />

enquanto os transdutores com elemento único precisam de controle<br />

mecânico da direção e possui foco fixo.<br />

Os dois tipos mais comuns de matrizes de transdutores são as<br />

matrizes lineares e as matrizes faseadas.<br />

O transdutor de matriz linear desloca a abertura ativa (conjunto de<br />

O transdutor de matriz linear desloca a abertura ativa (conjunto de<br />

transdutores que capturam o eco) varrendo todos os elementos da<br />

matriz, conforme mostra a figura abaixo.


Transdutores<br />

O resultado são imagens compostas como abaixo, onde um número<br />

fixo de linhas é formado.<br />

Fonte: J. Ederle, S. Blanchard e J. Bronzino. Introduction to Biomedical Engineering. 2 nd Ed.


Transdutores<br />

Os transdutores de matrizes faseadas mantem a abertura ativa fixa e<br />

direciona eletrônicamente com pequenas variações angulares.<br />

Cada linha é direcionada com um pequeno incremento do ângulo em<br />

relação ao anterior


Transdutores<br />

O resultado são imagens compostas como abaixo, onde um número<br />

fixo de linhas é formado.<br />

Fonte: J. Ederle, S. Blanchard e J. Bronzino. Introduction to Biomedical Engineering. 2 nd Ed.


Transdutores<br />

FG-32ua (by Pentax ®)<br />

Transdutor Endoscópico<br />

EUP-OL334<br />

Transdutor Laparoscópico<br />

C3-7ED - SonoAce<br />

Transdutor Convexo<br />

EUP-ES322<br />

EUP-ES533<br />

Transdutores Trans-Esofágicos<br />

Fonte: Schiabel, H. Notas de aula da disciplina: Princípios de Imagens Médicas.


Sistemas de Imagens de Ultrassom<br />

Os sistemas de Imagens de Ultrassom estão relacionados com o tipo<br />

de órgão que será diagnosticado.<br />

O comprimento de Onda (freqüência de operação) do ultrassom é um<br />

dos fatores determinantes da resolução do sistema. Em geral, para<br />

obter uma imagem de um órgão com resolução de 1 mm é<br />

necessário um ultrassom de 1.5 Mhz<br />

A freqüência também é determinante para realizar exames em órgãos<br />

mais profundos. Isso porque o coeficiente de absorção é<br />

diretamente proporcional à freqüência do ultrassom.<br />

Em geral, freqüências entre 2 e 5 MHz são usadas em exames de alta<br />

penetração (cardiologia, abdómen, obstétricos).<br />

Exames com alta penetração e alta resolução operam em freqüências<br />

até 20 Mhz (mama, tireóide, oftálmicos, do testículo e da periferia<br />

vascular)


Sistemas de Imagens de Ultrassom<br />

Para microscopia ultrasônica as frequências estão entre 100 e 200<br />

Mhz.<br />

Existem vários modos de formar uma imagem de ultrassom, dentre os<br />

quais destacamos:


Sistemas de Imagens de Ultrassom<br />

Modo A – Amplitude<br />

• Mais antigo (1930);<br />

• fornece informações unidimensionais (detecção em uma linha);<br />

• Detecção das reflexões nas interfaces;<br />

• Tempo de ida-volta proporcional à profundidade de cada interface;<br />

• Aplicações na oftalmologia;<br />

• Diagnostica tumores, corpos estranhos e descolamento da retina;<br />

Fonte: Schiabel, H. Notas de aula da disciplina: Princípios de Imagens Médicas.


Sistemas de Imagens de Ultrassom<br />

Modo B - Brilho<br />

• mais utilizado;<br />

• imagens em duas dimensões;<br />

• Os princípios são os mesmos daqueles do<br />

mapeamento A exceto que o transdutor é<br />

movimentado;<br />

• estabelece informação sobre a estrutura<br />

interna do corpo;<br />

• tem sido usado no diagnóstico do fígado,<br />

mama, coração e feto;<br />

• pode detectar gravidez, e pode<br />

estabelecer informação sobre anomalias<br />

uterinas.<br />

Ultra-som de mama<br />

Fonte: Schiabel, H. Notas de aula da disciplina: Princípios de Imagens Médicas.


Modo M – Movimentação Temporal<br />

• gráficos de movimentação temporal;<br />

• bastante empregado em ecocardiografia;<br />

• O modo M combina certas características<br />

do modo A e o modo B;<br />

• O transdutor é mantido estacionário<br />

como no modo A e os ecos aparecem<br />

como pontos no modo B.<br />

Ecocardiografia em Modo M -<br />

ambos ventrículos rodeados de<br />

abundante derrame pericárdico


Sistemas de Imagens de Ultrassom


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo A<br />

Modo A<br />

http://www.cnpdia.embrapa.br/publicacoes/download.php?file=DOC<strong>08</strong>_2003.pdf


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo B<br />

• Modo A discretizado em escala de cinza<br />

– Cada pixel recebe um valor associado a sua<br />

amplitude<br />

http://www.incor.usp.br/spdweb/frame_cursos.htm


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo B


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo B


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo M<br />

• Modo A dinâmico em tons de cinza<br />

– Ecocardiografia<br />

Fonte: Prof. Sérgio Furuie


<strong>Ultrassonografia</strong> – Modo M<br />

http://en.wikipedia.org/wiki/File:PLAX_Mmode.jpg


<strong>Ultrassonografia</strong> – Efeito Doppler<br />

• Frequência Aparente – Fonte e Detector<br />

(Deslocamento)<br />

– Aplicações: Velocidade Relativa entre Fonte e Detector<br />

• Velocidade de Fluxo, Radares Automotivos


<strong>Ultrassonografia</strong> – Eco Doppler<br />

∆ f<br />

2 v<br />

cos<br />

α =<br />

f<br />

o<br />

c


<strong>Ultrassonografia</strong> – Eco Doppler


<strong>Ultrassonografia</strong> Intravascular<br />

(IVUS)<br />

Lumen<br />

Cateter de<br />

Ultrassom<br />

Região<br />

Imageada<br />

Placa<br />

Aterosclerótica


IVUS vs Angiografia<br />

Convencional<br />

A<br />

A<br />

B<br />

B


IVUS vs Angiografia<br />

Convencional<br />

A<br />

A<br />

B<br />

B


IVUS vs Angiografia<br />

Convencional<br />

A<br />

A<br />

B<br />

B


<strong>Ultrassonografia</strong> 3D e 4D<br />

• Transdutores<br />

– Varredura Espacial – Aquisição de Múltiplos<br />

Cortes

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