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Ano XX<br />

2014 - NÚMERO 124<br />

ISSN 1415 - 2460<br />

Raimundos<br />

lança álbum<br />

“Cantigas de Roda”<br />

Março-Abril/2014<br />

Baranga chega ao<br />

“5º dos Infernos”<br />

Confronto<br />

celebra carreira com<br />

o disco “Imortal”<br />

E mais: Fábio Massari, notícias, shows e lançamentos


Março-Abril/2014


começará em maio em Vancouver, Canadá. A turnê será composta por 40<br />

shows especiais. M<br />

baterista Willie Buchan anunciou ao<br />

microfone que a apresentação não poderia<br />

continuar. A “Resurrection Tour<br />

of Chaos”, que passou pelo Brasil em<br />

dezembro, precisou ser cancelada. O<br />

grupo vinha excursionando com Hatebreed<br />

e Napalm Death. M<br />

04<br />

Iron Maiden, Slayer e Ghost<br />

Bob e também integrante do grupo,<br />

divulgou através do Facebook que o<br />

músico faleceu devido a problemas<br />

cardíacos. M<br />

câncer no estômago. O tributo intitulado<br />

“Ronnie James Dio: This Is Your<br />

Life” terá 13 faixas com músicas do<br />

Black Sabbath, Rainbow e da carreira<br />

solo. Está previsto para ser lançado no<br />

dia 1º de abril. Metallica, Motörhead<br />

e Rob Halford são alguns dos nomes<br />

que participaram do tributo. M<br />

lea, baixista do Red Hot Chili<br />

Peppers, publicou uma longa<br />

nota no site oficial da banda<br />

explicando que tocou no Super Bowl<br />

com playback. Segundo o músico, a<br />

organização da NFL (Liga de Futebol<br />

Americano) exigiu para que não<br />

houvesse nenhum problema no som<br />

durante a transmissão do evento. M<br />

Março-Abril/2014<br />

Março-Abril/2014<br />

m semana de Rock in Rio, três ótimas<br />

atrações passaram por São Paulo para<br />

E aquecer os motores: Ghost, Slayer e Iron<br />

Maiden que garantiram a diversão no estaciona-<br />

Foto: Stephan Solon / XYZ Live<br />

tratado batera Paul Bostaph. E dá-lhe “Mandatory<br />

Suicide”, “Hallowed Point” e<br />

“Dead Skin Mask”. Mesmo<br />

com a voz falha, Tom Araya<br />

não deixava a peteca cair e<br />

aos berros seguia com “Hate<br />

Worldwide” e as clássicas<br />

“Seasons in the Abyss”,<br />

“South of Heaven” e “Raining<br />

Blood”, fechando com “Angel<br />

of Death” em homenagem<br />

ao falecido guitarrista, Jeff<br />

Hannemman.<br />

Encerrando a noite, a<br />

atração principal Iron Mainden<br />

trouxe sua turnê “Maiden<br />

England 2013”, resumindo<br />

em tudo o que seus fãs mais<br />

apreciam, os bons e velhos<br />

clássicos, onde o disco mais<br />

recente incluso foi o “Fear of<br />

the Dark”, de 1992, mas com ênfase no clássico “Sevent<br />

Son of a Seeventh Son”, de 1988. Tendo como<br />

abertura “Doctor Doctor” do UFO, a banda entra em<br />

cena com “Moonchild” e “Can I Play with Madness” do<br />

mento do Anhembi.<br />

álbum já citado “Sevent Son of a Seeventh Son”.<br />

A abertura ficou a cargo dos suecos do Ghost, A novidade do set ficou por conta de “The Prisoner”,<br />

do primeiro disco que contou com os vocais de<br />

com seu doom progressivo com temáticas satânicas,<br />

que dividiu opiniões dentre o seletivo público Bruce Dickinson, “The Number of the Beast”, seguida<br />

por “2 Minutes to Midnight”. O clima ficou mais<br />

heavy metal. Com clima macabro, seus integrantes<br />

caracterizados foram um show a parte. A curta denso com “Afraid to Shoot Strangers” e levantando<br />

missa negra começou com a abertura de seu mais os mortos com “The Trooper”, com direito ao mascote<br />

Eddie roubando a cena. Na sequência, rolou o<br />

recente disco, “Infestissumam”, com sua introdução<br />

de mesmo nome, seguida por “Per Aspera Ad Inferi”.<br />

Bastante performática, seguiu com músicas de “Phantom of the Opera”, “Run to the Hills” e “Wast-<br />

clássico maior “The Number of the Beast”, além de<br />

seu primeiro álbum “Opus Eponymous”, como “Con ed Years”. O clima escureceu mais uma vez com<br />

Clavi Con Dio”, “Prime Mover” e “Stand by Him”, “Seventh Son of a Seventh Son”, “The Clairvoyant”<br />

voltando a recente “Year Zero” passando por “Ritual”<br />

e encerrando o show com “Monstrance Clock”. Maiden” e mais uma vez Eddie no palco. O bis ficou<br />

e “Fear of the Dark”, para encerrar o ato com “Iron<br />

Com um set igualmente curto, os americanos do por conta de “Aces High”, com introdução de discurso<br />

de Churchill, passando por “The Evil That Men<br />

Slayer desfilaram seu thrash metal característico<br />

numa paulada atrás da outra, abrindo a pancadaria Do” e fechando com “Running Free”.<br />

com “World Painted Blood”, seguida de “Disciple” Tirando alguns problemas relacionado com som<br />

e “War Ensemble”, apesar de não se ouvir em bom e o alagamento da pista por conta de um encanamento<br />

rompido, quem foi com certeza não se<br />

volume as guitarras, a dupla Kerry King e Gary<br />

Holt davam um show a parte junto ao recém-recon-<br />

arrependeu. M<br />

06<br />

Março-Abril/2014<br />

Março-Abril/2014<br />

Román LauRito (Tihuana)<br />

BRuno PomPeo (VoodoopRiesT e<br />

Guns N’ Roses - Appetite for Destruction<br />

aggRession Tales)<br />

Nirvana - Nevermind<br />

Exodus - Tempo Of The Damned<br />

Sex Pistols - Never Mind the Bollocks<br />

Slayer - Seasons In The Abyss<br />

Sepultura - Chaos A.D.<br />

Frank Zappa - Hot Rats<br />

Titãs - Cabeça Dinossauro<br />

Death – Symbolic<br />

Metallica - Metallica (Black Album)<br />

Decapitated – Carnival is Forever<br />

AC/DC - Back in Black<br />

Pantera – Cowboys From Hell<br />

Tihuana - Ilegal<br />

Meshuggah – Obzen<br />

Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir a sua Praia<br />

Igor stravinsky – A Sagração da Primavera<br />

Charlie Brown Jr. - Transpiração Contínua e Prolongada Bad Religion – Stranger than Fiction<br />

Carcass – Surgical Steel<br />

BaRt SiLva (Baleia MuTanTe)<br />

AC/DC - Back in Black<br />

Jão tRavaSSoS (MaRília gaBRiela)<br />

The Clash - London Calling<br />

Xou da Xuxa - Vol. 2<br />

Dick Dale and his Del-Tones - Best of<br />

Pirlimpimpim - Pluct Plact Zum<br />

the King of the Surf Guitar<br />

RPM - Radio Pirata (Ao Vivo)<br />

The Police - Outlandos D’amour<br />

Top Model - Internacional<br />

Sepultura - Roots<br />

Elba Ramalho - Alegria<br />

Nirvana - Nevermind<br />

Titãs - Cabeça Dinossauro<br />

Alice in Chains - Dirt<br />

Titãs - O Blesq Bloom<br />

Faith no More - The Real Thing<br />

Faith No More - Live at Brixton Academy<br />

Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir a sua Praia<br />

Falcão - O Dinheiro Não é Tudo mas é 100%<br />

Kid viniL<br />

aLf (ex-RuMBoRa e supeRgalo)<br />

Beatles - White Album<br />

The Cult - Love<br />

T. Rex - Electric Warrior<br />

Legião Urbana - Dois<br />

Slade - Slade Alive<br />

Raimundos - Raimundos<br />

The Who - Quadrophenia<br />

Amadeus - Trilha Sonora do filme<br />

Lou Reed - Berlin<br />

Tim Maia - Racional Vol.1<br />

Ramones - Road To Ruin<br />

Duran Duran - Duran Duran<br />

The Clash - London Calling<br />

Howlin’ Wolf - The very best of<br />

David Bowie - Alladin Sane<br />

The B52’s - The B52’s<br />

Rolling Stones - Their Satanic Majesties Requests<br />

Queens Of The Stone Age - Lullabies to Paralyze<br />

Faces - A Nod is as Good as a wink...to a blind horse Kraftwerk - The Man Machine<br />

CaniSSo (RaiMundos)<br />

Zeh monStRo (naMe The Band)<br />

Ramones - Ramones<br />

Neil Young - Harvest<br />

Devo - Oh No, It’s Devo!<br />

Ramones - Rocket to Russia<br />

Nine Inch Nails - Pretty hate machine<br />

Lou Reed - Transformer<br />

Metallica - And Justice For All<br />

The Sonics - Here Are the Sonics<br />

Pantera - Far Beyond Driven<br />

Buzzcocks - Love Bites<br />

Red Hot Chili Peppers - Mother’s Milk<br />

The Clash - The Clash<br />

Alice in Chains - Dirt<br />

America - America<br />

Dead Kennedys - Bedtime for democracy<br />

Buddy Holly - Buddy Holly<br />

Suicidal tendencies - Suicidal Tendencies<br />

Husker Du - Warehouse: Songs and Stories<br />

Faith No More - King For a Day... Fool For a Lifetime Crosby, Stills & Nash - Crosby, Stills & Nash<br />

Créditos fotos: Roman Laurito (Rafael Melo) - Zeh Monstro (Daniela Ometto)<br />

Bruno Pompeo (Mumu Silva/Pri Secco) - Kid Vinil (Divulgação) - Alf (Divulgação)<br />

Bart (Divulgação) - Canisso (Marcos Chapeleta) - Jão Travassos (Rafael Melo)<br />

Março-Abril/2014<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

Fotos: Divulgação<br />

expectativas do disco que tem a produção de<br />

Billy Graziadei, líder do Biohazard, também comentou<br />

a respeito do bem sucedido crowdfunding<br />

entre os fãs, a nova turnê com shows de duas<br />

A Dynamite Online conversou com o baixista horas de duração, entre outros assuntos. Confira<br />

Canisso sobre o novo projeto que comentou as a entrevista completa abaixo.<br />

14<br />

13<br />

Março-Abril/2014<br />

Fotos: Divulgação<br />

grupo carioca Confronto, considerado<br />

um dos grandes no-<br />

Ribeiro (bateria) falou sobre o<br />

Felipe Chehuan (vocal) e Felipe<br />

mes do cenário metal/hardcore atual trabalho, o processo de<br />

sulamericano, lançou recentemente o criação, participações especiais,<br />

novo álbum “Imortal”. A Dynamite esteve<br />

na audição do disco e aproveitou relembrou o início do Confronto e<br />

entre outros temas. Também<br />

para bater um papo com a banda. turnês internacionais.<br />

18<br />

Março-Abril/2014<br />

Batemos um papo com o Paulão, que<br />

começou a tocar bateria em 1980 e<br />

já passou pelas bandas Centurias e<br />

Firebox. Hoje, além do Baranga, está<br />

grupo chega agora ao quinto álbum, intitulado<br />

“O 5º dos Infernos”. A formação simpatia, o músico falou de suas in-<br />

também na banda Camboja. Com muita<br />

permanece desde o início com Xande fluências, o novo disco do Baranga, o<br />

(vocal/guitarra), Deca (guitarra), Soneca underground, entre outros assuntos.<br />

(baixo) e Paulão (bateria).<br />

Confira.<br />

DYNAMITE: O que diferencia esse álbum com religião, por sempre usarem a palavra<br />

dos outros?<br />

diabo?<br />

Paulão: A produção foi mais caprichada, Paulão: Com religião não, mas com o diabo<br />

melhores microfones, mais opções de amplificadores,<br />

mixagem mais cuidadosa para<br />

já, as vezes ele baixa no palco. (risos)<br />

captar a pegada, ou seja, mais “sujo” e DYNAMITE: Qual é o segredo para a formação<br />

da banda durar tanto tempo?<br />

pesado como a banda é ao vivo, além das<br />

composições estarem mais pesadas, mais Paulão: Sorte que nenhum da banda anda<br />

Motorhead.<br />

armado. (risos)<br />

Cara nem eu sei, já passamos por vários<br />

DYNAMITE: Vocês já tiveram algum problema “perrenhos”, mas estamos aí, no palco es-<br />

24<br />

Março-Abril/2014<br />

Foto: Marcelo Ribeiro<br />

O projeto homônimo<br />

começou na verdade<br />

há 14 anos, em outubro de<br />

1999, quando o “reverendo” – como<br />

tudo que importa ou não a um clique é chamado até hoje - ainda era VJ da<br />

de distancia, é bacana a ideia de poder MTV Brasil. “Tudo começou durante uma<br />

folhear um livro atrás de conhecimento. viagem que fiz a Islândia”, lembra. “A idéia<br />

O tema no caso é a música. Mas não uma de explorar uma produção musical que ninguém<br />

imaginava que existia era muito interes-<br />

música qualquer e sim, aquela, digamos,<br />

ainda pouco explorada, na maior parte das sante”. E assim surgiu o programa Mondo<br />

vezes, à margem de grandes gravadoras<br />

e até mesmo, da internet. Estamos a eterna procura por bons sons.<br />

Massari, misturando um pouco de viagem e<br />

falando de “Mondo Massari”, quarto E como se isso já não fosse bacana o<br />

livro do jornalista Fabio Massari, suficiente, o reverendo ainda guarda<br />

que chega às prateleiras via mais um projeto para o final deste<br />

Edições Ideal.<br />

semestre, em parceria com<br />

Março-Abril/2014<br />

27<br />

Ano XX<br />

2014 - NÚMERO 124<br />

Í N D I C E E X P E D I E N T E E D I T O R I A L<br />

04 Retrospectiva<br />

AC/DC promete álbum novo e turnê mundial em 2014 para comemorar<br />

os 40 anos de carreira, segundo o vocalista da banda australiana,<br />

O Brian Johnson. A revelação ocorreu através de uma entrevista à rádio<br />

Gater 98.7, na Flórida. A gravação do sucessor de “Black Ice”, de 2008,<br />

vocalista do Exploited, Wattie,<br />

sofreu um enfarte durante<br />

O um show em Lisboa. O cantor<br />

se sentiu mal no palco, em seguida o<br />

SHOWS<br />

RETROSPECTIVA<br />

NEWS<br />

(Fotos: Divulgação)<br />

guitarrista Bob Casale, um<br />

dos fundadores do grupo<br />

O Devo, morreu aos 61 anos.<br />

Segundo Gerald Casale, irmão de<br />

randes nomes do metal<br />

gravaram um álbum em<br />

Ghomenagem ao cantor Ronnie<br />

James Dio, morto em 2010, vítima de<br />

06 Shows<br />

Arena Anhembi – SP (20/09/2013)<br />

Por: Rodrigo “Khall” Ramos<br />

SHOWS<br />

13 Os 10 Mais!<br />

14 Raimundos<br />

F<br />

Os 10 mais!<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

Facebook recentemente foi invadido por uma corrente na qual usuários divulgavam<br />

suas listas pessoais com os dez álbuns preferidos ou simplesmente os que lembravam<br />

naquele momento. Foi com esse espírito que a Dynamite teve a ideia de perguntar<br />

O<br />

para alguns músicos do rock nacional sobre seus discos marcantes. Veja o resultado.<br />

Raimundos<br />

Tudo sobRe o novo álbum<br />

A<br />

revista Dynamite chega com tudo trazendo o<br />

melhor da cena independente brasileira!<br />

Nesta edição, você confere uma entrevista<br />

exclusiva com os Raimundos. O baixista Canisso<br />

trocou uma ideia sobre o novo álbum “Cantigas de<br />

Roda”, trabalho inédito que teve a produção de Billy<br />

Graziadei, do Biohazard.<br />

O Confronto lançou o elogiado álbum “Imortal”.<br />

A Dynamite esteve na audição e aproveitou para<br />

conversar com os integrantes Felipe Chehuan<br />

(vocal) e Felipe Ribeiro (bateria).<br />

O Baranga também está com disco novo, intitulado “O 5º dos Infernos”. O<br />

batera Paulão concedeu uma entrevista bem humorada na qual falou sobre o<br />

álbum e a trajetória do grupo.<br />

Ainda nessa edição, alguns músicos do cenário nacional fizeram uma lista<br />

com seus dez discos preferidos, também Fábio Massari falou sobre seu novo<br />

livro, e claro, tudo o que rolou no cenário independente, resenhas de CDs,<br />

resumo dos melhores shows e as notícias mais incendiárias do rock.<br />

Boa leitura!<br />

Marcos Chapeleta – Editor<br />

ISSN 1415 - 2460<br />

Raimundos<br />

lança álbum<br />

“Cantigas de Roda”<br />

ConfRonto<br />

BaRanga chega ao<br />

celebra carreira com<br />

“5º dos Infernos”<br />

o disco “Imortal”<br />

E mais: fábio Massari, notícias, shows e lançamentos<br />

Março-Abril/2014<br />

s Raimundos lançaram recentemente<br />

via web o novo álbum de inéditas<br />

O “Cantigas de Roda”, o primeiro em 12<br />

anos.<br />

18 Confronto<br />

CONFRONTO<br />

DO UNDERGROUND PARA O MUNDO<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

O<br />

24 Baranga<br />

Baranga<br />

rock’n’roll alto, pesado e divertido<br />

Por: Adriano Coelho - Fotos: Divulgação<br />

ormado em 2000, com influências<br />

de Motorhead, AC/DC e Rose Tatoo,<br />

Fa proposta da banda Baranga sempre<br />

foi compor letras em português. O<br />

27 Fábio Massari<br />

Fabio Massari<br />

Para ler boa Música<br />

Por: Tatiana Tavares<br />

Expediente DYNAMITE – Edição 124 – Março-Abril/2014<br />

Publisher e Jornalista Responsável: André “Pomba” Cagni MTB 34553 (pomba@dynamite.com.br)<br />

Editor: Marcos “Chapeleta” (online@dynamite.com.br)<br />

Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos (khall@dynamite.com.br)<br />

Rádio e TV Online: Marcelo Blanco Barreto (rtv@dynamite.com.br)<br />

Relações Públicas: André Gomes “Juquinha” (andrejuquinharp@dynamite.com.br)<br />

Colaboraram nesta edição: Adriano Coelho, Alexandre Cintra, Aloísio Ribeiro, Angélica<br />

Kernchen, Denis Zanin, Diego Fernando, Dum de Lucca Neto, Edu Lawless, Fabia Fuzeti, Fabio<br />

Mori, Fernando Menechelli, Fernando Montinho, “Flavio El Loco” Ferraz, Gabi Torrezani, Givaldo<br />

Menezes, Greg Tasso, Humberto Finatti, Ique Iahn, Jair Santana, Jeniffer Souza, Luciano “Carioca”<br />

Vitor, Maíra Hirose, Marcel Nadal Michelman, Marcelo Luis dos Santos Coleto, Marcelo Teixeira,<br />

Márcio Baraldi, Nilson Rizada Martins, Patrícia Cecatti, Paulo Ueno, Peete Neto, Renan Facciolo e<br />

Rodrigo “Khall” Ramos.<br />

Contato:<br />

Tel/Fax: (11) 3064-1197<br />

R. 13 de Maio, 363 - Bela Vista - São Paulo/SP - CEP:01327-000<br />

Site: www.dynamite.com.br<br />

E-mail: online@dynamite.com.br<br />

m tempos de<br />

informação em<br />

Evelocidade supersônica<br />

e conteúdo sobre quase<br />

Capa: Divulgação<br />

A Revista Dynamite e o portal Dynamite Online são geridos pela Associação Cultural Dynamite,<br />

CNPJ 07.157.970/0001-44, através do projeto Pontos de Cultura da Secretaria de Estado da<br />

Cultura do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura do Governo Federal.<br />

Março-Abril/2014 03


RETROSPECTIVA<br />

NEWS<br />

(Fotos: Divulgação)<br />

O<br />

AC/DC promete álbum novo e turnê mundial em 2014 para comemorar<br />

os 40 anos de carreira, segundo o vocalista da banda australiana,<br />

Brian Johnson. A revelação ocorreu através de uma entrevista à rádio<br />

Gater 98.7, na Flórida. A gravação do sucessor de “Black Ice”, de 2008,<br />

começará em maio em Vancouver, Canadá. A turnê será composta por 40<br />

shows especiais. M<br />

O<br />

guitarrista Bob Casale, um<br />

dos fundadores do grupo<br />

Devo, morreu aos 61 anos.<br />

Segundo Gerald Casale, irmão de<br />

Bob e também integrante do grupo,<br />

divulgou através do Facebook que o<br />

músico faleceu devido a problemas<br />

cardíacos. M<br />

O<br />

vocalista do Exploited, Wattie,<br />

sofreu um enfarte durante<br />

um show em Lisboa. O cantor<br />

se sentiu mal no palco, em seguida o<br />

baterista Willie Buchan anunciou ao<br />

microfone que a apresentação não poderia<br />

continuar. A “Resurrection Tour<br />

of Chaos”, que passou pelo Brasil em<br />

dezembro, precisou ser cancelada. O<br />

grupo vinha excursionando com Hatebreed<br />

e Napalm Death. M<br />

04<br />

Grandes nomes do metal<br />

gravaram um álbum em<br />

homenagem ao cantor Ronnie<br />

James Dio, morto em 2010, vítima de<br />

câncer no estômago. O tributo intitulado<br />

“Ronnie James Dio: This Is Your<br />

Life” terá 13 faixas com músicas do<br />

Black Sabbath, Rainbow e da carreira<br />

solo. Está previsto para ser lançado no<br />

dia 1º de abril. Metallica, Motörhead<br />

e Rob Halford são alguns dos nomes<br />

que participaram do tributo. M<br />

Flea, baixista do Red Hot Chili<br />

Peppers, publicou uma longa<br />

nota no site oficial da banda<br />

explicando que tocou no Super Bowl<br />

com playback. Segundo o músico, a<br />

organização da NFL (Liga de Futebol<br />

Americano) exigiu para que não<br />

houvesse nenhum problema no som<br />

durante a transmissão do evento. M<br />

Março-Abril/2014<br />

Março-Abril/2014


Através de um comunicado<br />

oficial, o Slipknot anunciou<br />

que o baterista Joey<br />

Jordison está fora do grupo. O texto<br />

diz que a saída ocorreu devido a<br />

“razões pessoais” e que mais detalhes<br />

será divulgado em um “futuro<br />

próximo”. M<br />

O<br />

The Cure anunciou que tem planos de lançar um novo álbum este<br />

ano. O 14º disco de estúdio da banda, liderada por Robert Smith, irá<br />

se chamar “4:14 Scream” e foi gravado durante as sessões do último<br />

trabalho, “4:13 Dream”, lançado em 2008. O grupo também pretende lançar<br />

uma série de DVDs ao vivo. M<br />

O<br />

guitarrista Slash, ex-<br />

Guns N’ Roses, Velvet<br />

Revolver e atualmente<br />

em carreira solo, informou<br />

através de seu Twitter que retornará<br />

ao Brasil em 2014. A revelação<br />

ocorreu quando o músico<br />

desejou feliz aniversário a um<br />

fã-clube brasileiro: “Feliz terceiro<br />

aniversário para @slasharmybrasil.<br />

Obrigado por seu apoio incansável!<br />

Vejo vocês no Brasil este<br />

ano!” M<br />

O<br />

rock nacional está de<br />

luto. Morreu, aos 56 anos,<br />

Hélcio Aguirra, lendário<br />

guitarrista do Golpe de Estado.<br />

O músico foi encontrado sem vida<br />

em seu apartamento. A família<br />

acredita que ele tenha sofrido um<br />

infarto enquanto dormia. M<br />

Março-Abril/2014<br />

Março-Abril/2014<br />

Depois de interromper a demolição<br />

da pista, conseguir<br />

apoio de empresas, campanhas<br />

pelas redes sociais e organizar protestos<br />

contra o fechamento da Chorão Skate<br />

Park, artistas e os fãs do líder do Charlie<br />

Brown Jr. não conseguiram evitar a<br />

extinção do local. Os proprietários do espaço<br />

rejeitaram a proposta de continuar<br />

com o projeto, mesmo oferendo aluguéis<br />

adiantados e seguro fiança. Eles apenas<br />

aceitariam se houvesse um fiador. M<br />

O<br />

guitarrista do Queen, Brian<br />

May, de 66 anos, respirou<br />

aliviado após receber seus<br />

últimos exames. O músico estava com<br />

suspeita de estar com câncer de próstata,<br />

porém os testes deram negativos. M<br />

O<br />

Misfits, considerado um dos<br />

maiores ícones do punk rock mundial,<br />

se apresenta no dia 27 de abril,<br />

no Espaço Victory, em São Paulo. Formado<br />

por Jerry Only (baixo/vocal), Dez Cadena<br />

(guitarra) e Eric “Chupacabra” Arce<br />

(bateria), o grupo vem para promover o<br />

álbum “Misfits The Devil’s Rain”. M<br />

Chegou às lojas do país o<br />

livro “Na estrada com os<br />

Ramones”, obra escrita pelo<br />

empresário das turnês dos Ramones,<br />

Monte A. Melnick, em parceria com<br />

Frank Meyer. O livro distribuído<br />

pela Edições Ideal é considerado por<br />

Marky Ramone o melhor já escrito<br />

sobre seu lendário grupo. M<br />

Max Cavalera (Soulfly/<br />

Cavalera Conspiracy) foi<br />

escalado para compor uma<br />

música para a Copa do Mundo 2014.<br />

A faixa será usada pelo canal ESPN.<br />

O baterista Zyon Cavalera, filho de<br />

Max, participou da faixa que terá um<br />

toque de percussão brasileira. M<br />

Sem muitos detalhes, o guitarrista<br />

Richie Sambora declarou<br />

ao site americano TMZ que<br />

deve voltar ao Bon Jovi: “Voltarei<br />

alguma hora, sim. Não é para sempre”.<br />

A revelação ocorreu enquanto<br />

o músico desembarcava no aeroporto<br />

de Los Angeles. M<br />

A<br />

banda de hard rock norteamericana<br />

Extreme anunciou<br />

seu retorno aos palcos<br />

europeus onde tocará na íntegra o<br />

clássico álbum “Pornograffitti”, de<br />

1990. Esse trabalho é o mais popular<br />

da banda no qual apresenta os<br />

sucessos “Hole Hearted”, “Get The<br />

Funk Out” e a balada “More Than<br />

Words”. A turnê “Pornograffitti<br />

Live!” começa no dia 17 de Junho<br />

na Alemanha e segue até 13 de Julho<br />

na Holanda. M<br />

Fergie Frederiksen, ex-vocalista<br />

do grupo norte-americano<br />

Toto, morreu vítima de câncer<br />

no fígado. O músico lutava contra<br />

a doença desde 2010. Frederiksen<br />

participou da banda entre os anos de<br />

1984 e 1986, gravando apenas o álbum<br />

“Isolation, lançado em 1984. M<br />

05


SHOWS<br />

SHOWS<br />

Iron Maiden, Slayer e Ghost<br />

Arena Anhembi – SP (20/09/2013)<br />

Por: Rodrigo “Khall” Ramos<br />

Foto: Stephan Solon / XYZ Live<br />

06<br />

E<br />

m semana de Rock in Rio, três ótimas<br />

atrações passaram por São Paulo para<br />

aquecer os motores: Ghost, Slayer e Iron<br />

Maiden que garantiram a diversão no estacionamento<br />

do Anhembi.<br />

A abertura ficou a cargo dos suecos do Ghost,<br />

com seu doom progressivo com temáticas satânicas,<br />

que dividiu opiniões dentre o seletivo público<br />

heavy metal. Com clima macabro, seus integrantes<br />

caracterizados foram um show a parte. A curta<br />

missa negra começou com a abertura de seu mais<br />

recente disco, “Infestissumam”, com sua introdução<br />

de mesmo nome, seguida por “Per Aspera Ad Inferi”.<br />

Bastante performática, seguiu com músicas de<br />

seu primeiro álbum “Opus Eponymous”, como “Con<br />

Clavi Con Dio”, “Prime Mover” e “Stand by Him”,<br />

voltando a recente “Year Zero” passando por “Ritual”<br />

e encerrando o show com “Monstrance Clock”.<br />

Com um set igualmente curto, os americanos do<br />

Slayer desfilaram seu thrash metal característico<br />

numa paulada atrás da outra, abrindo a pancadaria<br />

com “World Painted Blood”, seguida de “Disciple”<br />

e “War Ensemble”, apesar de não se ouvir em bom<br />

volume as guitarras, a dupla Kerry King e Gary<br />

Holt davam um show a parte junto ao recém-recontratado<br />

batera Paul Bostaph. E dá-lhe “Mandatory<br />

Suicide”, “Hallowed Point” e<br />

“Dead Skin Mask”. Mesmo<br />

com a voz falha, Tom Araya<br />

não deixava a peteca cair e<br />

aos berros seguia com “Hate<br />

Worldwide” e as clássicas<br />

“Seasons in the Abyss”,<br />

“South of Heaven” e “Raining<br />

Blood”, fechando com “Angel<br />

of Death” em homenagem<br />

ao falecido guitarrista, Jeff<br />

Hannemman.<br />

Encerrando a noite, a<br />

atração principal Iron Mainden<br />

trouxe sua turnê “Maiden<br />

England 2013”, resumindo<br />

em tudo o que seus fãs mais<br />

apreciam, os bons e velhos<br />

clássicos, onde o disco mais<br />

recente incluso foi o “Fear of<br />

the Dark”, de 1992, mas com ênfase no clássico “Sevent<br />

Son of a Seeventh Son”, de 1988. Tendo como<br />

abertura “Doctor Doctor” do UFO, a banda entra em<br />

cena com “Moonchild” e “Can I Play with Madness” do<br />

álbum já citado “Sevent Son of a Seeventh Son”.<br />

A novidade do set ficou por conta de “The Prisoner”,<br />

do primeiro disco que contou com os vocais de<br />

Bruce Dickinson, “The Number of the Beast”, seguida<br />

por “2 Minutes to Midnight”. O clima ficou mais<br />

denso com “Afraid to Shoot Strangers” e levantando<br />

os mortos com “The Trooper”, com direito ao mascote<br />

Eddie roubando a cena. Na sequência, rolou o<br />

clássico maior “The Number of the Beast”, além de<br />

“Phantom of the Opera”, “Run to the Hills” e “Wasted<br />

Years”. O clima escureceu mais uma vez com<br />

“Seventh Son of a Seventh Son”, “The Clairvoyant”<br />

e “Fear of the Dark”, para encerrar o ato com “Iron<br />

Maiden” e mais uma vez Eddie no palco. O bis ficou<br />

por conta de “Aces High”, com introdução de discurso<br />

de Churchill, passando por “The Evil That Men<br />

Do” e fechando com “Running Free”.<br />

Tirando alguns problemas relacionado com som<br />

e o alagamento da pista por conta de um encanamento<br />

rompido, quem foi com certeza não se<br />

arrependeu. M<br />

Março-Abril/2014<br />

Março-Abril/2014


Matchbox Twenty triunfa em São<br />

Paulo<br />

Espaço das Américas – SP<br />

(17/09/2013)<br />

Texto: Fernando Montinho<br />

Foto: Stephan Solon/XYZ Live<br />

Quase 20 anos de carreira, enunciados<br />

como atração do Rock in Rio,<br />

Matchbox Twenty fez uma<br />

pequena tour que passou por São<br />

Paulo e Curitiba antes do Rio de Janeiro.<br />

Liderado por Rob Thomas, a banda “MTV”<br />

enfileirou seus grandes hits, apostando e<br />

fazendo os fãs vibrarem, desde os mais antigos<br />

como “Bent”, “Disease”, “Real World” e<br />

“3AM”, até os mais recentes como “She’s So<br />

Mean” e “Radio”. Com baladinhas certeiras,<br />

houve destaque para “Back 2 Good”,” If<br />

You’re Gone” a emocionante “Bright Lights”,<br />

e o recente single, “Overjoyed”.<br />

Confesso que me senti misturado na<br />

emoção, ali não se viu ninguém com<br />

menos de 25 anos. Os trintões até cinquentões<br />

estavam a todo vapor por lá. Não<br />

foi apenas de grandes hits que o show foi<br />

conduzido, Rob emocionado foi ovacionado<br />

pela plateia com o arranjo celestial de<br />

“Unwell”, o segundo maior hit da banda.<br />

Na lindona “More Than You Think You Are”<br />

o cantor afirmou que estava esperando 17<br />

anos para tocar aqui e só sairia do palco<br />

quando fosse expulso, também agradeceu<br />

a disposição da plateia que não parava um<br />

minuto. A sinergia entre eles e o público<br />

foi o que fez do show uma verdadeira<br />

montanha-russa de sentimentos.<br />

Rob Thomas conduziu a festa como a<br />

uma orquestra,<br />

e tão<br />

perfeitamente<br />

quanto, fazendo<br />

com<br />

que nos<br />

conectássemos<br />

com<br />

cada movimento,<br />

cada<br />

riff das guitarras,<br />

cada<br />

acorde do<br />

baixo, cada<br />

batida da<br />

bateria foi<br />

singular,<br />

emocionando<br />

e deixandose<br />

emocionar<br />

em diversos<br />

momentos,<br />

distribuindo<br />

aos ventos “this is fucking beautiful“.<br />

Destacando- se também, Paul Doucette<br />

disse que ele estava em casa e não satisfeito,<br />

passou por todos os instrumentos,<br />

pelo palco e pela plateia, deixando a impressão<br />

de que conhecia os fãs brasileiros<br />

há muito tempo.<br />

Quase duas horas de pura energia eles<br />

saíram do palco e voltaram com um bis<br />

de seis músicas, entre elas “Our Song”,”<br />

How Long”, do disco mais recente e uma<br />

cover ultra rock n’ roll de “Don’t Change”<br />

do INXS. Com climão de fim da condução,<br />

pois já passavam das 23h30, Matchbox<br />

Twenty fechou a noite com “Push”, o ultra<br />

mega hit do primeiro álbum, “Yourself or<br />

Someone Like You”, que levou o Espaço<br />

das Américas a baixo, encerrando de<br />

forma triunfal a primeira apresentação da<br />

banda no Brasil. Rob Thomas, prometeu<br />

que não vai mais esperar 17 anos para<br />

tocar aqui e com essa promessa se despediu<br />

dos fãs paulistanos. M<br />

Março-Abril/2014 07<br />

Março-Abril/2014


Alice in Chains faz show memorável<br />

Espaço das Américas – SP (26/09/2013)<br />

Por: Marcos Chapeleta - Foto: Renan Facciolo<br />

O<br />

Alice in Chains se despediu dos fãs brasileiros<br />

com uma apresentação memorável. O Espaço<br />

das Américas, em São Paulo, estava tomado<br />

por seguidores do grupo da velha e nova geração. O<br />

único show na capital paulista da turnê do novo álbum<br />

“Devil Put Dinossaurs Here” começou por volta das<br />

21h30, horário que já era programado.<br />

O grupo fez durante um pouco mais de uma hora<br />

um apanhado da carreira. Ao subir no palco, não<br />

economizou hits e tocou logo no início “Them Bones”<br />

e “Dam that River”, ambas do segundo álbum “Dirt”,<br />

considerado o melhor disco da banda. Em seguida,<br />

veio “Hollow”, single do novo álbum “Devil Put Dinossaurs<br />

Here” e “Check my Brain”, do álbum “Black<br />

Gives Way to Blue”, o primeiro com a atual formação.<br />

As faixas mais novas deixou clara a continuação da<br />

obra do Alice in Chains.<br />

O vocalista William DuVall disse em português<br />

que é muito bom rever o público brasileiro outra vez.<br />

Sem muito papo, a banda tocou seu maior sucesso,<br />

“Man in the Box”. Essa foi cantada pelos pulmões<br />

dos presentes. A balada “Your Decision” veio para<br />

refrescar um pouco o ambiente, seguida de “Last of<br />

My Kind”, duas faixas do disco “Black Gives Way to<br />

Blue”. “Stone”, mais uma canção nova (não mais tão<br />

nova) que foi bem recebida pelo público. A introdução<br />

08<br />

na bateria de Sean<br />

Kinney dava pista<br />

da maravilhosa “No<br />

Excuses”, outro<br />

grande momento do<br />

show. Falando na<br />

bateria, o bumbo trazia<br />

a sigla “LSMS”,<br />

uma singela homenagem<br />

aos antigos<br />

integrantes Layne<br />

Staley e Mike Starr,<br />

vocalista e baixista<br />

respectivamente,<br />

ambos mortos por<br />

overdose.<br />

Do primeiro disco<br />

“Facelift”, além de<br />

“Man in the Box”, a<br />

banda tocou seguidas<br />

“It Ain’t Like<br />

That” e “We Die<br />

Young”, ambas traz<br />

o riff pesado do guitarrista Jerry Cantrell. O terceiro<br />

álbum, apelidado como “Tripod”, foi lembrado com<br />

“Sludge Factory” e “Grind”. No momento da apresentação<br />

dos músicos da banda, foi colocada no palco<br />

duas camisas da seleção brasileira de futebol, uma<br />

escrita Starr e a outra Staley. Mais uma homenagem<br />

aos eternos integrantes. A primeira parte da apresentação<br />

foi encerrada com “Nutshell”, outra bela música<br />

do Alice in Chains da fase áurea.<br />

Para surpresa dos fãs, todo o grupo, exceto o baixista<br />

Mike Inez, retornou ao palco vestidos com camisas da<br />

seleção. Em um raro momento, Jerry Cantrell brincou<br />

com Inez ao achar estranho ele não estar usando<br />

também uma camisa. O bis contou com outros grandes<br />

sucessos: “Would?” e “Rooster”. No final, o publico foi<br />

presenteado com palhetas jogadas pelos músicos.<br />

A formação atual do grupo está impecável, o vocalista<br />

William DuVall representa muito bem a frente do<br />

grupo, hoje em dia o cantor conquistou os fãs. Por<br />

acaso, a sua voz em diversos momentos lembra muito<br />

a de Layne Staley. O baixista Mike Inez é o músico<br />

que interage com a galera sem economizar sorrisos<br />

e palhetas. O guitarrista Jerry Cantrell, hoje em dia<br />

de cabelos curtos e camisa de flanela dobrada na<br />

manga, mostrou um ar sereno. Já o baterista Sean<br />

Kinney mantém o seu estilo e pegada precisa. M<br />

Março-Abril/2014


Gogol Bordello mostra para São Paulo com quantos loucos se faz um<br />

bom punk cigano<br />

HSBC Brasil – SP (25/09/2013)<br />

Por: Gabi Torrezani - Foto: Fabia Fuzeti<br />

Depois de se apresentar no palco Sunset do<br />

Rock In Rio, a banda/coletivo globalizado<br />

Gogol Bordello agitou o HSBC Brasil com<br />

um show fantástico de 2 horas, cheio de diversidade,<br />

energia e empolgação. Para esquentar o público, o<br />

duo Brothers of Brazil, composto por Supla e João<br />

Suplicy fez seu show misturando punk, samba e<br />

bossa que se encaixou muito bem no espírito da<br />

noite!<br />

Gogol Bordello trouxe seu punk com ritmos ciganos<br />

em 20 músicas em um bom mix dos três últimos<br />

álbuns da banda, mas foi dado enfoque ao novíssimo<br />

álbum, “Pura Vida Conspiracy”. Os fãs enlouquecidos<br />

e possuídos pelo espírito gypsy punk não<br />

decepcionaram: soltaram o berro do começo<br />

ao fim do show. A banda também não deixou<br />

nada a desejar: comandada pelo ucraniano<br />

Eugene Hütz, preencheu cada milímetro cúbico<br />

do HSBC Brasil com a onda multicultural dessa<br />

música tão animada e diferente feita por eles.<br />

A empolgação era total: o público não parou<br />

de pular um segundo. As pessoas dançavam,<br />

batiam cabeça. Os pontos altos do show foram<br />

os hits “Not a Crime”, “Immigraniada”, “Break<br />

the Spell” e “Start Wearing Purple”. No final,<br />

a banda surpreendeu a todos quando voltou<br />

ao palco para tocar “Alcohol”, uma balada de<br />

bêbado amada pelos fãs, mas que quase nunca<br />

rola nos shows do Gogol. Um mega presente,<br />

dava pra sentir o estado de transe da galera.<br />

A banda é composta por integrantes de<br />

vários locais do mundo: Ucrânia, Rússia, EUA,<br />

Equador, Israel e outros. A formação está em<br />

constante transformação e todos os membros<br />

fazem parte, de alguma forma, de movimentos<br />

migratórios. Levantando a bandeira do Immigrant<br />

Punk, Gogol Bordello tem por trás de<br />

quase todas as suas músicas a intenção de<br />

quebrar fronteiras – geográficas e musicais.<br />

Isso fica explícito logo na música que abre o<br />

show, “We Rise Again”: “Las fronteras dividen,<br />

solo crean cicatrices”.<br />

O vocalista e líder da banda Eugene Hütz<br />

honrou sua fama de cigano doido e parecia<br />

enlouquecido do começo ao fim. Com uma<br />

garrafa de vinho na mão, seu violão e suado<br />

da cabeça aos pés, Eugene contagiou a todos.<br />

É importante, porém, dizer que todos os membros<br />

representam muito bem a diversidade da banda e<br />

têm destaque em momentos especiais do show. Uma<br />

salva de palmas para Sergey Ryabtsev, responsável<br />

pela marca registrada das músicas de Gogol Bordello:<br />

o violino. O Russo esbanjou simpatia e energia,<br />

cativando a todos aqueles que estavam do lado<br />

esquerdo do palco.<br />

Eu duvido que haja alguém que não tenha saído<br />

desse show completamente suado, cansado de tanto<br />

pular e com um sorriso no rosto. Absolutamente<br />

catártico, o show do Gogol Bordello prova que de<br />

cigano, punk e louco todo mundo tem um pouco. M<br />

Março-Abril/2014 09<br />

Março-Abril/2014


Sem visual retrô, B-52’s faz ótimo<br />

show em São Paulo<br />

HSBC Brasil – SP (05/10/2013)<br />

Por: Nilson Rizada Martins<br />

Foto: Marcos Chapeleta<br />

banda, tocou um pouco de cada álbum. Parecia estar<br />

muito entrosado e a vontade no palco, como num<br />

estúdio de ensaio. Foi bem alternado os clássicos<br />

no repertório: “Planet Clair”, na abertura do show,<br />

“Private Idaho”, “Legal Tender”, “Dance This Mess<br />

Around”, “Mesopotamia”, “Whammy Kiss”, “Party<br />

Out Of Bounds”, “Love Smack”, “Lava”, “Love In The<br />

Year 3000”, entre outras bem dançantes. Com chave<br />

A<br />

banda B-52’s fez um ótimo show em São de ouro, fecharam com “Rock Lobster”. Achei que o<br />

Paulo no HSBC Brasil, mostrando que ainda B-52’s poderia ter tocado “52 Girls” e “Give My Back<br />

tem muita lenha pra queimar, apesar dos My Man”. Mas tudo certo, foi um show bem profissional.<br />

boatos do fim da banda após turnê na América do<br />

sul. Com a afinação perfeita de Kate Pierson, Cindy Com a saída do guitarrista Keith Strickland,<br />

Wilson e Fred Schneider, em quase uma hora e aposentando no ano passado, Fred, Kate e Cindy<br />

meia, o grupo fez um show bem bacana ao animar montaram uma banda pra lá de especial e de peso<br />

a plateia deixando o gosto de quero mais. Na parte com ótimos músicos: Paul Gordon (guitarra), Tracy<br />

musical não teve o que falar, já o visual da banda Wormworth (baixo), com um visual melhor que as<br />

não é mais aquele famoso e irreverente dos anos protagonistas Kate e Cindy, e Sterling Campbell (baterista).<br />

Que time fantástico.<br />

50, com penteados glamourosos que os tornaram a<br />

melhor banda new wave no primeiro Rock In Rio, em A parte musical estava muito semelhante as<br />

janeiro de 1985.<br />

gravações dos discos, isso deixou aquele ar de<br />

A banda sofreu no início do show com uma pane nostalgia nos levando para o início dos anos 80.<br />

geral na energia elétrica, causando um grande mal Valeu muito ver esse show, se foi o último, vimos<br />

estar entre o público, mas logo a energia voltou e uma grande apresentação de despedida do B-52’s.<br />

com ela toda a magia do B-52’s. Fred, como sempre<br />

bem humorado, falou: “Não pagaram a conta” o Brasil. Quem sabe até com um futuro disco novo,<br />

Espero que não seja e que venham mais vezes para<br />

e ganhou risos na plateia. O trio, acompanhado da pois como já havia dito, estão em ótima forma. M<br />

10 Março-Abril/2014


Black Sabbath faz show histórico<br />

Praça da Apoteose – RJ<br />

(13/10/2013)<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

Foto: Néstor J. Beremblum (T4F)<br />

A<br />

Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, recebeu<br />

no dia 13 (data perfeita para a ocasião)<br />

cerca de 40 mil pessoas que presenciaram<br />

a reunião histórica de Ozzy Osbourne, Tony Iommi<br />

e Geezer Bluter, os três membros originais do Black<br />

Sabbath. A noite foi de grande celebração ao heavy<br />

metal e não era por menos, estavam ali no palco os<br />

pais do gênero. O terceiro show no país da turnê do<br />

álbum “13” seguiu o repertório executado nos países<br />

vizinhos, mas isso em nenhum momento foi problema.<br />

O show começou por volta das 20h com os gritos<br />

de Ozzy Osbourne antes mesmo de entrar no palco.<br />

Quando a cortina gigante desceu e a sirene começou<br />

a tocar, o público ficou maluco. “War Pigs” foi a música<br />

escolhida para começar o espetáculo, seguindo<br />

pelo riff pesado de “Into the Void”. Diversas vezes o<br />

vocalista Ozzy, com a felicidade estampada no rosto,<br />

gritava o nome de Tony Iommi. Ele chegou até a se<br />

curvar algumas vezes diante do mestre.<br />

Um dos pontos altos do show foi quando a banda<br />

tocou o clássico “Black Sabbath”. Sem deixar a<br />

plateia respirar, Geezer Butler iniciou seu solo no<br />

baixo para chamar “N.I.B”, mais um momento marcante.<br />

Na mesma música alguém jogou um morcego<br />

de borracha no palco, e com bom humor, Ozzy colocou<br />

na boca e jogou de volta na galera. Em “Rat Salad”,<br />

Tommy Clufetos mostrou porque está na turnê<br />

fazendo um ótimo solo de bateria, em seguida ele<br />

manteve o ritmo no bumbo para iniciar “Iron Man”.<br />

Nesse momento, a plateia já estava anestesiada.<br />

Das músicas novas do album “13”, foram executadas<br />

“Age of Reason”,<br />

“End of the<br />

Beginning” e “God is<br />

Dead”. A última foi a<br />

mais bem recebida<br />

pela plateia. O Sabbath<br />

encerrou a apresentação<br />

com “Dirty<br />

Women” e “Children<br />

of the Grave”.<br />

Claro que teve bis,<br />

e foi apoteótico com<br />

“Paranoid”.<br />

Durante as duas<br />

horas de show, Ozzy<br />

parecia que tinha<br />

voltado no tempo,<br />

mesmo com suas<br />

limitações da idade,<br />

o Mr. Madman andou<br />

de um lado para o<br />

outro, bateu palma e<br />

ainda deu seus pulos que lembram um sapo. O frontman<br />

parecia um maestro conduzindo uma orquestra<br />

pedindo para o público cantar, pular e balançar os<br />

braços. Tony Iommi, mesmo com sua postura mais<br />

reservada, deixou escapar sorrisos ao ver o público<br />

emocionado com seus riffs históricos. Geezer Butler<br />

é referência no baixo com seus arranjos e sua<br />

pegada forte. O baterista Tommy Clufetos, conhecido<br />

por tocar na banda solo de Ozzy, representou muito<br />

bem o posto de Bill Ward que desistiu de participar<br />

da reunião por divergências contratuais. A noite foi<br />

histórica para os amantes do metal, estavam ali os<br />

verdadeiros mestres, a essência da música pesada!<br />

Antes do Black Sabbath, teve como banda convidada<br />

o Megadeth. O grupo liderado por Dave Mustaine<br />

fez um show de 50 minutos, porém utilizou toda a<br />

sua estrutura de palco. Só não usou os subgraves,<br />

era possível notar a falta de peso no som. Coisas<br />

que acontecem com bandas de abertura. Entre as 10<br />

músicas, o grupo tocou canções como “Hangar 18”,<br />

“Sweating Bullets”, “Tornado of Souls”, “Symphony of<br />

Destruction” e “Holy Wars… The Punishment Due”.<br />

Mustaine lembrou da primeira passagem na cidade<br />

carioca em 1991 e agradeceu diversas vezes pela<br />

receptividade do público. M<br />

Março-Abril/2014<br />

11


você” como ela vez em Belo Horizonte ao ver o<br />

Lana Del Rey não economiza carisma<br />

em show em BH<br />

ney Spears distribuindo selinho em seus fãs<br />

cartaz do menino Victor, você jamais verá Brit-<br />

Chevrolet Hall – MG (07/11/2013) na primeira musica do show, tão pouco sentira<br />

Texto: Fernando Montinho<br />

a sensação que Lana sente ao sensualizar no<br />

Foto: Glauber Oliveira<br />

palco de forma natural. Produto ou não, sejamos<br />

sinceros, Lana e seus produtores fizeram o que<br />

as pessoas queriam para essa geração e fez<br />

muito bem.<br />

Sobre o avassalador show que a mesma fez<br />

iniciando sua tour nacional, no Chevrolet Hall,<br />

só posso dizer que foi a perfeição em formato de<br />

Lolita. Cola fez Lana e os jovens gays e lesbicas<br />

(sim esse publico é predominante nos shows<br />

dela, ainda bem) se esgoelarem os versos de<br />

“come on baby, let’s ride” na sequencia a moça<br />

emendou “Body Electric” “Born to Die” e “Blue<br />

Jeans “ nem mesmo em “Carmen” uma música<br />

um pouco obscura ficou em silêncio, Lana já tinha<br />

os adolescentes alvoroçados em suas mãos<br />

e tocou “Young and Beautiful” sem cerimônias,<br />

ao mesmo tempo todos gritavam por “Off The<br />

Races” música que a Lolita não toca desde o<br />

lançamento de “Born to Die”. Ainda que a capela<br />

deu para ver que Lana não se prende em setlist,<br />

isso mesmo ela toca o que quer e atendendo<br />

pedidos incluiu “Dark Paradise”, acredito que a<br />

musica mais amada dos fãs. Para surpresa da<br />

própria Lana todos cantaram sem hesitar uma<br />

estrofe. “Without You” veio acompanhada de uma<br />

pequena cover de Bob Dylan para “Knockin’ on<br />

Heaven’s Door”<br />

Lana não parava de se esbaldar pela ovulação<br />

de seus “Lanitos”, com o calor da molecada apresentou<br />

“Summertime Sadnnes “ e saiu para um<br />

encore deixando o vídeo intro de “Ride” rolando<br />

para voltar e receber de uma fã um cocar de<br />

índio para cantar “Ride” em grande estilo, nesse<br />

clima de interação, Lana contou que houve uma<br />

época difícil quando ela vivia em Nova Iorque e<br />

O<br />

que dizer de uma moça de 28 anos que<br />

conheceu dois brasileiros que a ajudaram muito<br />

tem um pai rico e arrasta críticas de<br />

e dedicou a canção “Video Games” para esses<br />

muita gente que recalca o seu talento<br />

dois brasileiros que estiveram e sempre estarão<br />

afirmando que a mesma não canta nada em<br />

em sua vida.<br />

épocas de auto-tune? Cantar em contralto como<br />

O show encerrou com “National Anthem” e Lana<br />

Lana faz é sublime, comparar a moça com divas<br />

mais uma vez descendo até a grade para agradecer<br />

e beijar cada um de seus fãs.<br />

pop que abusam de danças e cenários patéticos<br />

por puro entretenimento barato é desgastante.<br />

Posso então aqui deixar meu elogio por essa<br />

Lana ali com seu Lá e Ré faz muito para uma<br />

moça que trata tão bem seus fãs e fazem deles<br />

geração que se arrasta entre duelos de Applause,<br />

Work Bitch e Roar, apenas porque ser<br />

os querubins de seu sucesso, diferente do que<br />

se vê de um cantor jovem canadense que não dá<br />

sexy sem ser vulgar fez de Lana um ícone em<br />

a mínima para quem paga para ver seus shows,<br />

uma geração que anseia por muito mais. Você<br />

Lana é sim musa absoluta que ainda venderá<br />

jamais verá Madonna ser tão humilde ao ponto<br />

milhões de disco e incomodara quem está acostumado<br />

a mesmice radiofônica imposta. M<br />

de parar o show para cantar “parabéns pra<br />

12<br />

Março-Abril/2014


Os 10 mais!<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

O<br />

Facebook recentemente foi invadido por uma corrente na qual usuários divulgavam<br />

suas listas pessoais com os dez álbuns preferidos ou simplesmente os que lembravam<br />

naquele momento. Foi com esse espírito que a Dynamite teve a ideia de perguntar<br />

para alguns músicos do rock nacional sobre seus discos marcantes. Veja o resultado.<br />

Román Laurito (Tihuana)<br />

Guns N’ Roses - Appetite for Destruction<br />

Nirvana - Nevermind<br />

Sex Pistols - Never Mind the Bollocks<br />

Sepultura - Chaos A.D.<br />

Titãs - Cabeça Dinossauro<br />

Metallica - Metallica (Black Album)<br />

AC/DC - Back in Black<br />

Tihuana - Ilegal<br />

Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir a sua Praia<br />

Charlie Brown Jr. - Transpiração Contínua e Prolongada<br />

Bart Silva (Baleia Mutante)<br />

AC/DC - Back in Black<br />

The Clash - London Calling<br />

Dick Dale and his Del-Tones - Best of<br />

the King of the Surf Guitar<br />

The Police - Outlandos D’amour<br />

Sepultura - Roots<br />

Nirvana - Nevermind<br />

Alice in Chains - Dirt<br />

Faith no More - The Real Thing<br />

Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir a sua Praia<br />

Kid Vinil<br />

Beatles - White Album<br />

T. Rex - Electric Warrior<br />

Slade - Slade Alive<br />

The Who - Quadrophenia<br />

Lou Reed - Berlin<br />

Ramones - Road To Ruin<br />

The Clash - London Calling<br />

David Bowie - Alladin Sane<br />

Rolling Stones - Their Satanic Majesties Requests<br />

Faces - A Nod is as Good as a wink...to a blind horse<br />

Canisso (Raimundos)<br />

Ramones - Ramones<br />

Devo - Oh No, It’s Devo!<br />

Nine Inch Nails - Pretty hate machine<br />

Metallica - And Justice For All<br />

Pantera - Far Beyond Driven<br />

Red Hot Chili Peppers - Mother’s Milk<br />

Alice in Chains - Dirt<br />

Dead Kennedys - Bedtime for democracy<br />

Suicidal tendencies - Suicidal Tendencies<br />

Faith No More - King For a Day... Fool For a Lifetime<br />

Bruno Pompeo (Voodoopriest e<br />

Aggression Tales)<br />

Exodus - Tempo Of The Damned<br />

Slayer - Seasons In The Abyss<br />

Frank Zappa - Hot Rats<br />

Death – Symbolic<br />

Decapitated – Carnival is Forever<br />

Pantera – Cowboys From Hell<br />

Meshuggah – Obzen<br />

Igor stravinsky – A Sagração da Primavera<br />

Bad Religion – Stranger than Fiction<br />

Carcass – Surgical Steel<br />

Jão Travassos (Marília Gabriela)<br />

Xou da Xuxa - Vol. 2<br />

Pirlimpimpim - Pluct Plact Zum<br />

RPM - Radio Pirata (Ao Vivo)<br />

Top Model - Internacional<br />

Elba Ramalho - Alegria<br />

Titãs - Cabeça Dinossauro<br />

Titãs - O Blesq Bloom<br />

Faith No More - Live at Brixton Academy<br />

Falcão - O Dinheiro Não é Tudo mas é 100%<br />

Alf (ex-Rumbora e Supergalo)<br />

The Cult - Love<br />

Legião Urbana - Dois<br />

Raimundos - Raimundos<br />

Amadeus - Trilha Sonora do filme<br />

Tim Maia - Racional Vol.1<br />

Duran Duran - Duran Duran<br />

Howlin’ Wolf - The very best of<br />

The B52’s - The B52’s<br />

Queens Of The Stone Age - Lullabies to Paralyze<br />

Kraftwerk - The Man Machine<br />

Zeh Monstro (Name The Band)<br />

Neil Young - Harvest<br />

Ramones - Rocket to Russia<br />

Lou Reed - Transformer<br />

The Sonics - Here Are the Sonics<br />

Buzzcocks - Love Bites<br />

The Clash - The Clash<br />

America - America<br />

Buddy Holly - Buddy Holly<br />

Husker Du - Warehouse: Songs and Stories<br />

Crosby, Stills & Nash - Crosby, Stills & Nash<br />

Março-Abril/2014<br />

Créditos fotos: Roman Laurito (Rafael Melo) - Zeh Monstro (Daniela Ometto)<br />

Bruno Pompeo (Pri Secco) - Kid Vinil (Divulgação) - Alf (Divulgação)<br />

Bart (Divulgação) - Canisso (Marcos Chapeleta) - Jão Travassos (Rafael Melo)<br />

13


Raimundos<br />

Tudo sobre o novo álbum<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

Fotos: Divulgação<br />

O<br />

s Raimundos lançaram recentemente<br />

via web o novo álbum de inéditas<br />

“Cantigas de Roda”, o primeiro em 12<br />

anos.<br />

A Dynamite Online conversou com o baixista<br />

Canisso sobre o novo projeto que comentou as<br />

expectativas do disco que tem a produção de<br />

Billy Graziadei, líder do Biohazard, também comentou<br />

a respeito do bem sucedido crowdfunding<br />

entre os fãs, a nova turnê com shows de duas<br />

horas de duração, entre outros assuntos. Confira<br />

a entrevista completa abaixo.<br />

14<br />

Março-Abril/2014


DYNAMITE: Fale sobre o novo álbum, “Cantigas<br />

de Roda”.<br />

Canisso: Um disco típico do Raimundos, com<br />

tudo o que temos direito, feito pelos fãs e para<br />

os fãs. Tem um pouco de tudo o que você pode<br />

esperar num disco nosso, desde as mais pesadas<br />

e hardcore, até os skazões e power ballads.<br />

DYNAMITE: O disco foi lançado recentemente<br />

na internet, como está sendo a aceitação do<br />

público?<br />

Canisso: Surpreendente, a gente não esperava<br />

uma acolhida tão calorosa, ainda não vi uma<br />

resenha ruim.<br />

DYNAMITE: Esse é<br />

o primeiro disco de<br />

inéditas desde<br />

2002. Pode<br />

dizer que é<br />

um disco<br />

especial<br />

na carreira da<br />

banda?<br />

Canisso: Sim,<br />

finalmente concordamos<br />

que a banda conseguiu se reposicionar na cena<br />

e um disco de inéditas vai ter espaço para ser<br />

divulgado, fruto do ótimo trabalho que fizemos<br />

para divulgar essa formação.<br />

DYNAMITE: O Billy Graziadei, líder do Biohazard,<br />

foi o produtor do disco. Como surgiu o<br />

convite?<br />

Canisso: Conhecemos o Billy superficialmente<br />

nos anos 90, eu mesmo o encontrei diversas<br />

vezes, temos muitos amigos em comum. Um<br />

desses amigos é o surfista Binho Nunes, que<br />

numa das últimas vezes que nos encontramos<br />

mostrou algumas faixas da sua banda Biffkillers,<br />

mixadas pelo Billy, mostrando toda a qualidade<br />

dele como produtor. O Binho fez a “ponte” e fizemos<br />

o convite.<br />

DYNAMITE: Vocês optaram em lançar o trabalho<br />

independente e ainda contaram<br />

com os fãs realizando um crowdfunding.<br />

Como surgiu essa ideia?<br />

Canisso: Tivemos algumas experiências<br />

com shows<br />

de crowdfunding. A<br />

ideia já<br />

existia,<br />

mas<br />

não<br />

tínhamos nos<br />

aprofundado muito<br />

no assunto. Ao<br />

conversarmos<br />

com o próprio<br />

Billy sobre detalhes<br />

do projeto, ele veio<br />

mais uma vez com a<br />

mesma ideia, fizemos<br />

uma boa pesquisa e<br />

escolhemos a plataforma<br />

que melhor se adapta<br />

ao formato que buscávamos, foi assim que<br />

conhecemos o Catarse.<br />

DYNAMITE: E foi um sucesso esse financiamento<br />

coletivo dos fãs.<br />

Canisso: Sim, uma agradável surpresa, fomos<br />

bastante comedidos e espartanos na definição<br />

da meta a ser batida, praticamente queríamos<br />

apenas custear a viagem e os custos de<br />

gravação, muitos dos custos adicionais seriam<br />

pagos pelos shows da banda. O fato de termos<br />

conseguido praticamente o dobro do que esperávamos<br />

vai nos dar um fôlego extra pra deixar o<br />

projeto ainda mais legal.<br />

Março-Abril/2014<br />

15


DYNAMITE: Depois do “Lapadas do<br />

Povo”, esse é o segundo disco gravado<br />

no exterior. A ideia foi do Billy?<br />

Canisso: Sim, mesmo procurando estúdios<br />

de qualidade aqui no Brasil jamais<br />

teríamos a disponibilidade e a sofisticação<br />

técnica que o Billy alcançou ao montar seu<br />

estúdio para conseguirmos equipar tudo<br />

isso com estúdios daqui, fatalmente iríamos<br />

estourar os custos, sem garantia nenhuma<br />

que chegaríamos naquele patamar<br />

de qualidade.<br />

DYNAMITE: Canisso, você acabou ficando<br />

de fora dessa viagem. O que houve<br />

cara? Problemas com o visto?<br />

Canisso: Não sei o que aconteceu, no consulado<br />

fui informado que meu visto havia<br />

sido aprovado, só que passaria por um<br />

processo administrativo, o que poderia levar<br />

alguns dias, nunca esperava que fosse<br />

atrapalhar tanto nosso projeto. Mas tudo<br />

bem, colocamos o fim dessa novela em novembro<br />

quando eu gravei os baixos.<br />

16<br />

DYNAMITE: Vocês pretendem lançar o trabalho<br />

em CD ou vinil?<br />

Canisso: As cópias em vinil e CD físico serão<br />

limitadas aos apoiadores que pagaram por elas,<br />

só serão disponibilizadas na internet versões<br />

digitais das músicas, quem quiser agora vai ter<br />

que procurar no iTunes.<br />

DYNAMITE: A banda tem tocado em grandes<br />

festivais, em abril inclusive estará o Lollapalooza.<br />

Podemos dizer que estão em um ótimo momento.<br />

Canisso: Fruto de muito trabalho de toda<br />

uma equipe empenhada para tudo dar certo,<br />

desde roadies, técnicos, iluminador, produtores,<br />

empresário e banda, nosso time está<br />

afiadíssimo e o resultado aparece nos shows.<br />

DYNAMITE: E a turnê, já existem planos?<br />

Canisso: Muitos, teremos várias surpresas<br />

para testar na nova tour. Pretendemos tocar<br />

grande parte do novo disco no set, sem deixar<br />

de lado aquelas mais emblemáticas, prevejo<br />

shows épicos de mais de duas horas, pelo<br />

menos enquanto a gente aguentar tocar. M<br />

Março-Abril/2014


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Março-Abril/2014 17


CONFRONTO<br />

DO UNdERGROUNd PARA O MUNdO<br />

Por: Marcos Chapeleta<br />

Fotos: Divulgação<br />

Ogrupo carioca Confronto, considerado<br />

um dos grandes nomes<br />

do cenário metal/hardcore<br />

sulamericano, lançou recentemente o<br />

novo álbum “Imortal”. A Dynamite esteve<br />

na audição do disco e aproveitou<br />

para bater um papo com a banda.<br />

18<br />

Felipe Chehuan (vocal) e Felipe<br />

Ribeiro (bateria) falou sobre o<br />

atual trabalho, o processo de<br />

criação, participações especiais,<br />

entre outros temas. Também<br />

relembrou o início do Confronto e<br />

turnês internacionais.<br />

Março-Abril/2014


DYNAMITE: Queria que vocês contassem um<br />

pouco da história nesses vários anos de correria.<br />

Felipe Chehuan: A gente é amigo desde<br />

moleque, a gente se conheceu através da<br />

música, através do som, por ter muita afinidade.<br />

Eu e o Felipe Ribeiro, a gente era vizinho, hoje<br />

não mais, porém a gente se conheceu na adolescência<br />

mesmo, ali surgiu a ideia de montar o<br />

Confronto e os outros caras a gente também já<br />

se conhecia, todo mundo meio que já era amigo.<br />

O Confronto foi formado em 99 com o intuito de<br />

montar uma banda com o som agressivo, pesado,<br />

extremamente pesado, com uma mensagem<br />

política, uma mensagem de transformação, uma<br />

mensagem contra tudo aquilo que a gente acha<br />

das mazelas sociais, com tudo aquilo que a<br />

gente acha de errado, tudo aquilo que a gente<br />

já viveu, aquilo que a gente tem como exemplo<br />

no nosso cotidiano oriundos da Baixada (Fluminense),<br />

exemplos que não faltavam para escrever<br />

as letras.<br />

Felipe Ribeiro: Nesse tempo a gente dez turnês<br />

sul-americana, rodamos o Brasil todo, fomos<br />

diversas vezes à Europa. A gente fica muito feliz<br />

em poder dizer hoje que a gente rodou boa parte<br />

do mundo que é uma realidade muito diferente,<br />

muito difícil, quase inimaginável para as pessoas<br />

que tem a nossa mesma origem, os nossos<br />

vizinhos, as pessoas que nos cercam.<br />

Felipe Chehuan: Com a primeira turnê, até<br />

então ninguém nunca tinha viajado para fora do<br />

país, a banda nos proporcionou isso, foi a música<br />

que nos proporcionou isso. Muito diferente<br />

de muitas bandas que vão, os caras já conheciam,<br />

já viajaram. Chegando lá, a gente teve um<br />

choque cultural tão grande que até então a nossa<br />

perspectiva de mundo era o que a gente tinha<br />

visto no cotidiano durante a vida inteira e quando<br />

você chega em um país de primeiro mundo<br />

com tudo funcionando, você fica primeiramente<br />

chocado e depois fica puto, então você pensa<br />

“caraca, a vida que eu vivo não é vida”. Isso nos<br />

motivou cada vez mais.<br />

DYNAMITE: Não existiria o Confronto se<br />

vocês morassem lá.<br />

Felipe Ribeiro: Provavelmente não como ele é.<br />

Felipe Chehuan: Isso nos trouxe mais indignação,<br />

sabe. Para se falar cada vez mais, botar<br />

o dedo na ferida mesmo.<br />

DYNAMITE: Vocês estão esse tempo no underground,<br />

com certeza é uma vitória irem<br />

para o outro lado conquistar mais um espaço.<br />

Felipe Chehuan: Com certeza, tocar com bandas<br />

que nos influenciaram. Tudo isso é fantástico.<br />

Março-Abril/2014 19


DYNAMITE: Fala sobre o disco novo, “Imortal”,<br />

o novo filho de vocês.<br />

Felipe Ribeiro: Pois é cara, foi um disco que<br />

a gente fez com todo o carinho. A gente cuidou<br />

muito da produção dele, a gente gravou no Rio<br />

de Janeiro no Estúdio Superfuzz o que é muito<br />

bom, porque está no quintal da nossa casa. A<br />

gente teve uma liberdade muito grande de fazer<br />

as coisas do jeito que a gente queria. Quem<br />

produziu esse disco foi o Davi Baeta que já<br />

trabalha com a gente há 10 anos, ele já conhece<br />

a gente, já tem felling, sabe o que a gente quer,<br />

temos uma sintonia muito boa. Nesse disco a<br />

gente conseguiu fazer tudo o que queria sabe,<br />

toda a sonoridade que a gente buscava, a gente<br />

conseguiu nesse disco. E cara, estamos tendo<br />

uma resposta muito boa. O disco acabou de sair,<br />

a gente teve notícia agora da gravadora que já<br />

está caminhando para esgotar e o disco acabou<br />

de sair. As resenhas estão animais, muito boas,<br />

a gente fica com aquela sensação de dever<br />

cumprido.<br />

Felipe Chehuan: Tudo valeu a pena durante<br />

esse período. Todos os finais de semana que a<br />

gente ensaiou, todo o tempo que a gente perdeu<br />

20<br />

longe da família e juntos lá trancados ensaiando.<br />

Tudo isso compensou com esse trabalho tão<br />

bem aceito por toda a galera.<br />

DYNAMITE: Pelo que percebi, foi uma grande<br />

celebração porque teve várias participações<br />

de amigos e de uma galera conceituada no<br />

meio da musica. Como rolou essas parcerias?<br />

Felipe Chehuan: As parcerias que foram programadas<br />

foi com a galera do Uneartlhy e do<br />

Lacerated que são bandas excelentes do Rio de<br />

Janeiro e que estão ativas, tocando, fazendo um<br />

som brutal e extremo, e estão sempre levando<br />

como nós a cara do Rio para o mundo. A parceria<br />

com o Carlos Vândalo foi meio que casual.<br />

O Dorsal Atlântica estava gravando no mesmo<br />

estúdio que a gente, eu estava finalizando as<br />

vozes no Superfuzz e ele estava saindo. A gente<br />

se encontrou na porta do estúdio praticamente,<br />

ele disse que tinha ouvido já o nosso som e<br />

que tinha gostado muito. Aquilo nos motivou a<br />

perguntar: “Você está aqui, a gente é fã e influenciado<br />

pelo Dorsal, você está a fim de cantar<br />

uma música?”. No dia eu estava gravando “Flo-<br />

Março-Abril/2014


es da Guerra” e foi a música que ele chegou e<br />

detonou. É algo muito gratificante, porque ele é<br />

uma pessoa que não aparece muito nos shows,<br />

é um cara mais reservado.<br />

Felipe Ribeiro: No fim do Dorsal, ele ficou meio<br />

recluso.<br />

Felipe Chehuan: E a gente encontrar ele ali e<br />

ser tão simpático com a gente, na hora a gente<br />

teve a ideia de chamar o cara e deu certo. Com<br />

o Gordo, a gente já tocou tantas vezes com o<br />

Ratos de Porão e criamos uma certa amizade<br />

com todos os membros da banda. A gente fez<br />

uma música, que é a “1 Hora”, e começa com<br />

uma porradaria muito violenta no início, então<br />

tive a ideia de dividir a ideia com os caras:<br />

“Imaginem o Gordo cantando essa música?”.<br />

É a cara do Ratos, sacou? Com uma afinação<br />

baixona que a gente toca e com o vocal gravão<br />

do Gordo, iria ficar irado. Então, fomos chamar<br />

o cara. Liguei para ele que topou na hora. Ele<br />

disse: “Eu gravo, só não dá para ir ao Rio, mas<br />

a gente grava aqui em São Paulo”. E foi perfeito,<br />

porque a gente veio aqui e gravamos no estúdio<br />

do Pompeu e estava lá a galera do Korzus, todo<br />

mundo acompanhou e foi animal, cara! É uma<br />

música que fala sobre trabalhadores e reflete<br />

todo que está acontecendo no país nesse momento<br />

tão difícil que a gente está vivendo. Tudo<br />

a ver, tudo a ver!<br />

DYNAMITE: E a capa lindona, foi o alemão<br />

Patrick Wittstock que fez e não foi a primeira<br />

vez que ele trabalhou com vocês, né?<br />

Felipe Ribeiro: O Patrick já tinha trabalhado<br />

com a gente no DVD e no disco anterior. E cara,<br />

isso surgiu em 2007 quando a gente conheceu<br />

ele. É a maior satisfação, porque ele é<br />

um alemão e conseguiu absorver exatamente<br />

tudo o que a gente queria, toda a<br />

nossa proposta de som. Ele conseguiu<br />

fazer o conceito da capa exatamente do<br />

jeito que a gente imaginava com as características<br />

dele. Ele conseguiu pegar as<br />

nossas ideias, nossas raízes sul-americanas<br />

e ao mesmo tempo acrescentar<br />

a estética europeia dele, tem esses dois<br />

lados que casou muito bem. Ele já fez<br />

projetos para o Amon Amarth por exemplo,<br />

para o Grave, para o Heaven Shall<br />

Burn, trabalhos para a Century Media,<br />

Metal Blade. Então é assim, a gente tem<br />

a ideia, passa as letras para ele que pega o conceito,<br />

monta e manda.<br />

Felipe Chehuan: O mais bacana é ver da parte<br />

dele um interesse de pesquisar sobre o que a<br />

gente quer falar, sempre tudo voltado ao lance<br />

brasileiro e o cara corre atrás e consegue refletir<br />

através de um trabalho super profissional tudo<br />

aquilo que a gente gostaria de uma maneira<br />

fabulosa.<br />

DYNAMITE: Você disse que passam as letras<br />

e ele já imagina a arte. Não teve nenhuma<br />

ideia inicial, um piloto para ele se espelhar?<br />

Felipe Ribeiro: Cara, em alguma coisa sim,<br />

nesse menos. Ele praticamente fez o conceito<br />

inteiro. Ele pediu a letra de “Imortal” e elaborou<br />

tudo. No disco anterior, que foi o “Sanctuarium”,<br />

a gente falou que queria fazer alguma coisa com<br />

o Zumbi dos Palmares. Você já parou para imaginar<br />

um alemão tentando traduzir uma imagem<br />

com Zumbi dos Palmares e favela? Parece uma<br />

coisa quase surreal e ele fez perfeito.<br />

Felipe Chehuan: No álbum anterior, a ideia<br />

era juntar o que é a favela hoje com o que foi<br />

os quilombos do passado, o que é de fato algo<br />

interligado. O escravo do passado é o pobre de<br />

hoje, sacou? Ele captou isso aí e fez uma capa<br />

ducaralho, sabe.<br />

DYNAMITE: E o clipe de “Imortal”, parabéns,<br />

puta imagem e fotografia. Diria que é um<br />

clipe polêmico.<br />

Felipe Ribeiro: Deu o que falar cara, teve uma<br />

galera que ficou meio chocada. Fica aquela tensão<br />

de “o que vai acontecer?”.<br />

Março-Abril/2014 21


Felipe Chehuan: Tem a energia da gente tocando<br />

ao vivo e ao mesmo tempo aquelas cenas<br />

bem lentas do cara caminhando, dando os<br />

últimos passos, fazendo lá a sua refeição, se<br />

barbeando, tomando um banho. O clipe foi produzido<br />

e dirigido pela Pavê Gastronomia Visual<br />

que é uma excelente produtora de vídeos lá do<br />

Rio, com a direção de Eduardo Souza, mais o<br />

James O’Malley e o Gabriel Menezes. Cara, o<br />

clipe foi produzido, dirigido e escrito pelo próprio<br />

Eduardo.<br />

Felipe Ribeiro: Foi mais ou menos parecido<br />

com o Patrick. Ele pediu a letra e criou o roteiro.<br />

Felipe Chehuan: Ele foi o cara desse clipe.<br />

Felipe Ribeiro: Inclusive, a Pavê já está produzindo,<br />

começando o roteiro do nosso próximo<br />

videoclipe. O nosso segundo single que vai ser a<br />

música “Meu Inferno”.<br />

DYNAMITE: Pode ser então uma eterna<br />

parceria. (risos)<br />

Felipe Chehuan: É uma coisa que a gente até<br />

brinca, o Confronto só vai agregando gente.<br />

Quem vai chegando na nossa vida não sai.<br />

Felipe Ribeiro: A família vai crescendo. (risos)<br />

22<br />

Felipe Chehuan: A gente tem 14 anos de banda<br />

com a mesma formação, roadie é o mesmo<br />

desde sempre...<br />

Felipe Ribeiro: E vai vindo outro, vindo outro,<br />

vai chegando o técnico de som...<br />

Felipe Chehuan: O clima é de irmandade mesmo,<br />

de respeito. Cara, a gente nunca mandou<br />

ninguém embora.<br />

DYNAMITE: É bem difícil isso, só me veio na<br />

cabeça algo parecido assim com os Paralamas<br />

do Sucesso.<br />

Felipe Chehuan: Os Beatles talvez. (risos)<br />

DYNAMITE: Caras, lembro bem de vocês tocando<br />

na Verdurada...<br />

Felipe Chehuan: Tocamos em todo o canto.<br />

Felipe Ribeiro: A gente fica muito feliz porque a<br />

gente consegue agregar um público muito diverso,<br />

muito diversificado. Isso é uma coisa importante<br />

que a gente sempre buscou com a banda.<br />

A nossa ideia sempre foi agregar, sempre foi<br />

somar ideias, a gente fica muito feliz porque tem<br />

gente inclusive que diz isso para a gente que é<br />

difícil classificar o nosso som, falam que a gente<br />

Março-Abril/2014


tem o punch hardcore, mas o som é metal, tem<br />

muito groove. Nosso som tem o peso do death<br />

metal com o groove do Pantera, consegue ver<br />

elementos do Sepultura. A gente fica muito feliz<br />

com isso, muito gente vem falando isso. Quem<br />

gosta de som pesado vai curtir o Confronto,<br />

independente do cara gostar de thrash, death<br />

metal, hardcore, a nossa ideia sempre foi essa<br />

mesmo.<br />

Felipe Chehuan: A ideia<br />

quando montamos<br />

a banda<br />

era de agregar<br />

todo mundo. Não<br />

importa o estilo do<br />

cara, vamos tocar<br />

na Verdura, vamos<br />

tocar no show com o<br />

Napalm, vamos tocar<br />

no Garage, vamos<br />

tocar no Hangar, vamos<br />

tocar onde chamar<br />

a banda. Passou uma<br />

mensagem é com a<br />

gente mesmo.<br />

Felipe Ribeiro: Para você<br />

ver como isso funciona na<br />

prática, a gente divide palco com<br />

Dead Fish e com Napalm Death, com o Ratos de<br />

Porão e com o Krisiun, a gente tocou com o Testament<br />

e com o Agnostic Front, com o Madball e<br />

com o Black Dahlia Murder, isso para a gente é<br />

muito positivo.<br />

Felipe Chehuan: A gente toca com todo mundo,<br />

pra gente não tem peso porque a gente é fã de<br />

todos eles. E saber que a nossa banda tem a<br />

oportunidade de dividir o mesmo palco com toda<br />

essa galera, é sinônimo de muita felicidade pra<br />

gente, cara.<br />

DYNAMITE: Um dos assuntos do momento<br />

são essas experimentações com animais.<br />

Vocês como straigh edge acham que existe<br />

alguma solução?<br />

Felipe Chehuan: Cara, a gente sempre foi a<br />

favor de toda a libertação animal, a gente é completamente<br />

contra os testes em animais, a gente<br />

sempre defendeu isso.<br />

Felipe Ribeiro: Nos países desenvolvidos é<br />

inadmissível isso fazer testes em animais.<br />

Felipe Chehuan: Quando gente montou a<br />

banda, já se falava de libertação, de ações como<br />

essa que existiu em São Roque e cara, chegou<br />

no Brasil 14 anos depois uma ação com o apelo<br />

popular.<br />

Felipe Ribeiro: O mais legal é que a ação em<br />

si foi a dimensão que isso tomou, a popularização<br />

começou a discutir sobre o assunto,<br />

isso é o fundamental. Porque<br />

não adianta você fazer ações isoladas<br />

sem que as pessoas saibam<br />

do que se trata. O legal é que<br />

as pessoas absorveram e estão<br />

discutindo o assunto e a gente<br />

está vendo uma parcela muito<br />

grande da população a favor<br />

de ações como essa. A gente<br />

já está envolvido com isso há<br />

muitos anos.<br />

Felipe Chehuan: Fazem<br />

o questionamento de tudo<br />

como o assunto primordial<br />

para uma discussão que é<br />

de extrema importância e<br />

que ninguém dava muita ideia.<br />

Era um fato completamente isolado e<br />

hoje através de um fato que aconteceu na libertação<br />

de 160 animais, o povo está discutindo<br />

sobre o assunto, assim como as ações populares<br />

que a gente está vendo, as ações do Black<br />

Bloc, tudo isso causa uma discussão dentro da<br />

sociedade. As pessoas começam a rever tudo<br />

aquilo, a vida sofrida de tantas pessoas que isso<br />

acaba um dia causando um estopim para uma<br />

transformação, para o povo sair do sofá e fazer<br />

alguma coisa para mudar.<br />

Felipe Ribeiro: Talvez toda essa movimentação<br />

não cause uma mudança drástica da noite para<br />

o dia, mas acho que o fator fundamental é levantar<br />

a discussão. Nunca se viu tantas pessoas<br />

falando sobre política, sobre problemas sociais,<br />

o que mostra uma crise de representatividade<br />

muito grande, as pessoas se viam isoladas. Se<br />

fala muito em democracia, mas quando você vê<br />

isso na prática percebe que não há representatividade<br />

nenhuma sobre o que está acontecendo<br />

lá em cima. Você está longe do jurídico, do executivo,<br />

você está longe de tudo. Quando se traz<br />

isso a tona e começa a discutir o assunto para<br />

mim isso já é uma vitória muito grande. M<br />

Março-Abril/2014 23


Baranga<br />

Rock’n’roll alto, pesado e divertido<br />

Por: Adriano Coelho - Fotos: Divulgação<br />

Formado em 2000, com influências<br />

de Motorhead, AC/DC e Rose Tatoo,<br />

a proposta da banda Baranga sempre<br />

foi compor letras em português. O<br />

grupo chega agora ao quinto álbum, intitulado<br />

“O 5º dos Infernos”. A formação<br />

permanece desde o início com Xande<br />

(vocal/guitarra), Deca (guitarra), Soneca<br />

(baixo) e Paulão (bateria).<br />

DYNAMITE: O que diferencia esse álbum<br />

dos outros?<br />

Paulão: A produção foi mais caprichada,<br />

melhores microfones, mais opções de amplificadores,<br />

mixagem mais cuidadosa para<br />

captar a pegada, ou seja, mais “sujo” e<br />

pesado como a banda é ao vivo, além das<br />

composições estarem mais pesadas, mais<br />

Motorhead.<br />

DYNAMITE: Vocês já tiveram algum problema<br />

24<br />

Batemos um papo com o Paulão, que<br />

começou a tocar bateria em 1980 e<br />

já passou pelas bandas Centurias e<br />

Firebox. Hoje, além do Baranga, está<br />

também na banda Camboja. Com muita<br />

simpatia, o músico falou de suas influências,<br />

o novo disco do Baranga, o<br />

underground, entre outros assuntos.<br />

Confira.<br />

com religião, por sempre usarem a palavra<br />

diabo?<br />

Paulão: Com religião não, mas com o diabo<br />

já, as vezes ele baixa no palco. (risos)<br />

DYNAMITE: Qual é o segredo para a formação<br />

da banda durar tanto tempo?<br />

Paulão: Sorte que nenhum da banda anda<br />

armado. (risos)<br />

Cara nem eu sei, já passamos por vários<br />

“perrenhos”, mas estamos aí, no palco es-<br />

Março-Abril/2014


quecemos tudo, podemos estar meio “tretados”,<br />

mas na hora do show vira festa. Acho<br />

que é por aí. Nunca saiu porrada, isso que<br />

é importante, existe respeito.<br />

DYNAMITE: Apesar de ter letras um pouco<br />

machistas, o Baranga soa como uma<br />

coisa divertida e não agressiva. Vocês<br />

pensam nisso antes de compor?<br />

Paulão: As letras são compostas pelo<br />

Xande, não pensamos muito nessa coisa<br />

de mensagem, nosso negócio é rock n’ roll<br />

alto, pesado e divertido.<br />

DYNAMITE: Como é viver de underground?<br />

Paulão: Não é fácil, no Brasil seria viver<br />

para sempre no underground, é um dia após<br />

o outro. As vezes voltamos de uma roubada<br />

meio abalados, mas no dia seguinte<br />

vamos em frente, esquecemos, pensamos<br />

no palco, que é nosso lance. Quando vem<br />

um “moleque” de 15 anos e fala “vocês são<br />

foda”, isso vale tudo!<br />

DYNAMITE: Quais as principais influências<br />

do Paulão?<br />

Março-Abril/2014 25


Paulão: Aqui no Brasil é o Rolando Castelo Jr.<br />

(Patrulha do Espaço), Marinho Thomaz (Casa<br />

das Máquinas) e Franklin Paolillo (Tutti Frutti).<br />

No Exterior é o eterno John Bonham (Led Zeppelin),<br />

Cozy Powell (Rainbow), Animal Taylor<br />

(Motorhead), Tommy Aldridge (Whitesnake) e<br />

Phil Rudd (AC/DC). E na filosofia de vida; o<br />

Lemmy Kilmister (Motorhead).<br />

DYNAMITE: Em relação ao novo rock, bandas<br />

que surgiram nos últimos dez anos,<br />

você escuta, ou ignora?<br />

Paulão: Gosto muito do Nashville Pussy, Airbourne<br />

e Chrome Division. Os brasileiros são<br />

Carro Bomba, Cracker Blues, Saco de Ratos,<br />

Matanza, AVC, Sakrah, Oitão e Tomada.<br />

DYNAMITE: Como faz para ter pique como<br />

músico depois dos 50 anos?<br />

Paulão: Eu digo que sou rockeiro antes de<br />

ser músico, porque tocar rock pesado, não é<br />

bem ser músico, entende? É um jeito diferente<br />

de viver a vida, músico toca outros estilos,<br />

eu não, só sei fazer uma coisa, socar a<br />

26<br />

batera ao lado de Marshalls bem alto. (risos)<br />

DYNAMITE: Qual o show que mais gostou<br />

até hoje de assistir?<br />

Paulão: Foram muitos, ver o AC/DC é sempre<br />

muito bom, eles são tudo que o rock<br />

deve ser. O que mudou minha vida foi o Van<br />

Halen em 1983, aqui em São Paulo, fiquei<br />

uma semana xarope. No Brasil, assistir o<br />

Patrulha do Espaço sempre me emociona,<br />

porque eles me colocaram nessa vida e<br />

toco bateria por causa do Jr., é a estrada<br />

que sigo até hoje.<br />

DYNAMITE: Faça um pequeno comentário<br />

sobre o funk ostentação.<br />

Paulão: Reflete o lixo social em que vivemos,<br />

sem educação, sem saúde, falta de<br />

estrutura familiar, enfim, mediocridade total,<br />

Esse é o Brasil de hoje.<br />

DYNAMITE: Agradecimentos, Paulão.<br />

Paulão: Agradeço ao Pomba, eterno Vodu,<br />

e a você Adriano, DJ das minhas festas. M<br />

Março-Abril/2014


Fabio Massari<br />

Para ler boa música<br />

Por: Tatiana Tavares<br />

Foto: Marcelo Ribeiro<br />

Em tempos de<br />

informação em<br />

velocidade supersônica<br />

e conteúdo sobre quase<br />

tudo que importa ou não a um clique<br />

de distancia, é bacana a ideia de poder<br />

folhear um livro atrás de conhecimento.<br />

O tema no caso é a música. Mas não uma<br />

música qualquer e sim, aquela, digamos,<br />

ainda pouco explorada, na maior parte das<br />

vezes, à margem de grandes gravadoras<br />

e até mesmo, da internet. Estamos<br />

falando de “Mondo Massari”, quarto<br />

livro do jornalista Fabio Massari,<br />

que chega às prateleiras via<br />

Edições Ideal.<br />

O projeto homônimo<br />

começou na verdade<br />

há 14 anos, em outubro de<br />

1999, quando o “reverendo” – como<br />

é chamado até hoje - ainda era VJ da<br />

MTV Brasil. “Tudo começou durante uma<br />

viagem que fiz a Islândia”, lembra. “A idéia<br />

de explorar uma produção musical que ninguém<br />

imaginava que existia era muito interessante”.<br />

E assim surgiu o programa Mondo<br />

Massari, misturando um pouco de viagem e<br />

a eterna procura por bons sons.<br />

E como se isso já não fosse bacana o<br />

suficiente, o reverendo ainda guarda<br />

mais um projeto para o final deste<br />

semestre, em parceria com<br />

Março-Abril/2014<br />

27


a mesma editora. “Malcolm”, misturando música e<br />

quadrinhos. Com ilustrações do gaúcho Luciano<br />

Thomé, a única coisa que Massari adianta a respeito<br />

é Malcolm do título é o Malcolm McLaren,<br />

o que faz entender que o livro conta de alguma<br />

forma, a história dos Sex Pistols. Quanto a este,<br />

ainda vamos ter que aguardar um pouco.<br />

Durante pouco mais de um ano no ar, Massari<br />

apresentou bandas japonesas, italianas,<br />

mexicanas. Tudo muito bem temperado com<br />

informação e novidade, em uma época em que a<br />

Internet ainda engatinhava. De lá para cá, muita<br />

estrada foi percorrida e agora, ele resolveu juntar<br />

boa parte dessas histórias em um livro. “Gosto<br />

da idéia do livro, da coisa mais aprofundada, sem<br />

essa correria por conteúdo e informação que faz<br />

parte da vida atual de todo mundo”, explica.<br />

As quase 500 páginas podem ser divididas em<br />

duas partes. Em um primeiro momento, um trabalho<br />

menos formal, colocado em um papel diferente,<br />

mais “despojado”. São resenhas, impressões<br />

e entrevistas que ilustram o que foi o projeto. Do<br />

período em que o programa esteve no ar na Music<br />

television brazuca, destaque para entrevista com<br />

Marianne Faithfull, em janeiro de 2000 e com Molotov,<br />

em fevereiro daquele mesmo ano.<br />

Mas mesmo depois da saída da MTV, Mondo<br />

Massari continuou fazendo seu trabalho de garimpo<br />

sonoro com alguns pequenos intervalos.<br />

Ganhou as páginas da Rolling Stone brasileira,<br />

de onde se destacam algumas resenhas como<br />

“Motion To Rejoin”, do Brightblack Morning Light<br />

e “One Shot Deal”, de Frank Zappa. Há ainda<br />

um texto sobre a passagem do The Police pelo<br />

Rio de Janeiro, em 1982.<br />

Depois da mídia impressa, Mondo Massari<br />

ganhou o mundo virtual com uma coluna no<br />

portal Yahoo Brasil, entre 2010 e 2011. “Acabei<br />

passando por todas as mídias, ainda que isto<br />

não tenha sido exatamente planejado”.<br />

Na segunda parte, com papel de gramatura<br />

superior e organizado de maneira mais formal,<br />

estão várias entrevistas realizadas por Massari<br />

no programa de rádio ETC, na Oi FM. “A ideia<br />

aqui era colocar as conversas como elas aconteceram”,<br />

lembra. “Queria mostrar as entrevistas<br />

sem edição. As coisas no rádio acabam sendo<br />

muito rápidas e resolvi deixar o texto correr solto,<br />

as vezes até com perguntas que se repetem ou<br />

alguma falha que acabou não indo ao ar”. Entre<br />

28<br />

as entrevistas, uma conversa com a dupla The<br />

Kills, durante a segunda vez em que estiveram<br />

tocando no Brasil.<br />

O livro tem prefácio de Felipe Hirch, mais<br />

conhecido por seus trabalhos em teatro e recentemente<br />

pela série “A Menina Sem Qualidades”,<br />

exibida este ano pela MTV Brasil, mais<br />

um apaixonado por música. “Ele conhece muita<br />

coisa e também gosta de correr atrás de coisa<br />

nova. Foi a primeira pessoa em que pensei para<br />

escrever alguma coisa, alguém que de alguma<br />

forma, também estivesse em descobrir o que<br />

anda acontecendo musicalmente pelo mundo”,<br />

conta o “Reverendo”.<br />

Sendo assim, vale a pena, procure um lugar<br />

confortável, escolha uma seleção de músicas<br />

bacana e boa leitura. Não é todo dia que a informação<br />

chega até você sem pressa, podendo ser<br />

degustada com prazer e não apenas digerida,<br />

como em um restaurante de fast food.M<br />

Março-Abril/2014


EARS UP<br />

Fique por dentro dos últimos lançamentos de CDs.<br />

O site da revista (www.dynamite.com.br) traz mais lançamentos.<br />

Cotação:<br />

MMMMM (Excelente);<br />

MMMM (Ótimo);<br />

MMM (Bom);<br />

MM (Regular);<br />

M (Fraco)<br />

Pearl Jam<br />

Lightning Bolt<br />

(Universal Music)<br />

Por: Humberto Finatti<br />

(Zap N’ Roll)<br />

MMMMM<br />

Talvez o último representante<br />

digno e gigante<br />

da gloriosa geração grunge<br />

que surgiu no rock americano<br />

no início dos anos 90,<br />

em Seattle (a cidade que deu ao mundo o Nirvana<br />

e mais Alice In Chains, Mudhoney, Screaming Trees<br />

e toda uma constelação de grupos inesquecíveis<br />

e que inscreveram de modo feroz, na música e<br />

no comportamento, seus nomes na história do<br />

rock’n’roll), o quinteto Pearl Jam viu seu novo trabalho<br />

de estúdio, “Lightning Bolt” (o décimo disco<br />

de inéditas da banda, excetuando-se aí dezenas<br />

de registros ao vivo lançados por ela ao longo de<br />

mais de vinte anos de atividade). O blog já ouviu<br />

atentamente o trabalho nestes últimos, dias várias<br />

vezes. E pode atestar que é o melhor disco do PJ<br />

nos últimos anos, um CD que se equilibra muito<br />

bem entre rocks mais agressivos e momentos mais<br />

bucólicos. Ainda assim, sinaliza que o fim da existência<br />

do grupo pode estar mais perto do que se<br />

imagina. Sim, sinaliza este provável e próximo fim<br />

porque mesmo o episódio do vazamento do disco<br />

na internet não causou, afinal de contas, nenhuma<br />

comoção em escala planetária nos fãs. E além<br />

desse fato em si (de não haver nenhuma catarse<br />

gigantesca e midiática em torno do vazamento do<br />

novo disco na web), é preciso observar com atenção<br />

a trajetória do Pearl Jam desde sua gênese<br />

até os dias atuais. No rigor da análise crítica é<br />

consenso afirmar que, na verdade, o quinteto<br />

formado por Eddie Vedder (vocais), Stone Gossard<br />

e Mike McCready (guitarristas), Jeff Ament<br />

(baixista) e Matt Cameron (batera) gravou apenas<br />

uma obra-prima em sua já longa trajetória, o hoje<br />

mega clássico “Ten”, o irretocável álbum de estreia<br />

do conjunto lançado em 1991. Seguiu-se a ele o<br />

ainda muito bom “Vs” (editado em 1993) e daí pra<br />

frente, nos sete álbuns seguintes, o PJ se esforçou<br />

muito mais em manter a fórmula que deu certo no<br />

primeiro álbum do que efetivamente superar artisticamente<br />

a sua estreia em disco. Isso resultou<br />

em uma série de discos medianos (“Vitalogy”, “No<br />

Code”, “Binaural”) e outros que, embora tenham<br />

causado impacto no momento de seu lançamento,<br />

logo em seguida se perderam na poeira do esquecimento<br />

pop (de resto, algo tão comum hoje,<br />

nesses tempos de internet e onde discos e bandas<br />

não duram praticamente nada, já que a eles pouco<br />

valor artístico e monetário é agregado: quem ainda<br />

perde tempo e dinheiro pra sair de casa, ir até uma<br />

loja de discos e comprar um álbum, quando tudo<br />

está disponível de graça na internet? Este é seguramente<br />

o maior paradoxo e a maior DESGRAÇA<br />

da música atual: por melhor que possa ser ela<br />

se torna desimportante a partir do momento em<br />

que o ouvinte não mais dá mais valor artístico e/<br />

ou monetário a determinada obra), e aí podem ser<br />

listados “Pearl Jam” (de 2006) e “Backspacer” – um<br />

trabalho potente lançado em 2009, mas… quem se<br />

lembra das músicas dele ainda hoje? O que tornou<br />

o PJ grande, aliás gigante como banda, de fato, foi<br />

a credibilidade e o respeito que o grupo liderado<br />

por Vedder adquiriu junto aos fãs e à imprensa ao<br />

longo dos anos. Sempre fazendo performances<br />

ao vivo avassaladoras e eivadas de emoção e<br />

sempre engajado em lutas sociais e políticas das<br />

mais pertinentes (como enfrentar, anos atrás, o<br />

monopólio da venda de ingressos para espetáculos<br />

nos Estados Unidos, que estava concentrado<br />

nas mãos da empresa Ticketmaster, que cobrava<br />

o que bem entendia pelas entradas; o PJ na época<br />

peitou a empresa e se deu mal na história sendo<br />

impedido de tocar em dezenas de cidades e sofrendo<br />

um prejuízo financeiro milionário com os<br />

concertos cancelados; no entanto isso só aumentou<br />

e de forma gigantesca o respeito, a admiração<br />

e o carinho que os fãs tinham e continuam tendo<br />

pela banda), o PJ foi driblando o fato de jamais<br />

Março-Abril/2014 29


ter conseguido gravar outro álbum igual ao “Ten”<br />

simplesmente assumindo uma postura de defensor<br />

irrestrito dos direitos dos cidadãos (sejam eles<br />

políticos, sociais, comportamentais ou religiosos) e<br />

também fazendo alguns dos shows mais sensacionais<br />

que se tem notícia no rock nos últimos vinte<br />

anos. Nesse sentido, o blog zapper é testemunha<br />

ocular do que está escrito aí em cima: assistiu o<br />

Pearl Jam ao vivo em duas ocasiões. A primeira delas,<br />

em 2005, em um estádio do Pacaembu lotado<br />

em São Paulo (quando o quinteto fez sua primeira<br />

turnê brasileira), e com a banda encerrando o set<br />

com a clássica “Alive”, e que levou quarenta e cinco<br />

mil pessoas às lágrimas. E a segunda em abril passado,<br />

na edição deste ano do festival Lollapalooza,<br />

também na capital paulista. Diante de um público<br />

de setenta mil pessoas Eddie Vedder comandou<br />

um set de pouco mais de duas horas, e que foi uma<br />

autêntica catarse coletiva. O grupo repassou toda<br />

a sua trajetória no palco, Vedder em determinado<br />

momento parabenizou São Paulo “por respeitar o<br />

direito ao casamento civil das pessoas do mesmo<br />

sexo” (em referência a lei que tinha sido aprovada<br />

naquela semana no Estado paulista), a banda novamente<br />

arrancou água dos olhos do sujeito aqui<br />

(em “Jeremy”, “Daughter”, “Alive” e em “Black”)<br />

e ainda encerrou o set de maneira arrebatadora<br />

e magnífica, tocando uma cover espetacular de<br />

“Baba O’Riley”, outro mega clássico da história do<br />

rock, gravado pela lenda The Who no álbum “Who’s<br />

Next” (de 1971, e eternamente na lista zapper dos<br />

dez maiores discos da história do rock).Mas tudo<br />

um dia chega ao fim. O PJ já acumula vinte e três<br />

anos de atividade e o tempo pesa nas costas.<br />

E este peso se reflete em um álbum como este<br />

“Lightning Bolt”. Longe de ser um disco mediano<br />

ele exibe, em suas doze faixas (e como já foi dito<br />

no começo desta resenha), um equilíbrio bastante<br />

satisfatório entre momentos mais “hard” e acelerados<br />

nas melodias, e canções mais introspectivas<br />

e bucólicas. É o PJ repisando uma fórmula consagrada<br />

que, se não mostra novas músicas com o<br />

impacto artístico do primeiro álbum, ainda mantém<br />

o grupo em evidência muito também pela excelência<br />

de seus músicos e pela interação que há entre<br />

eles – afinal, são mais de duas décadas tocando<br />

juntos. Assim é que o CD abre em clima abrasivo<br />

com “Getaway” e “Mind Your Manners” (que não<br />

à toa foi escolhida para ser o primeiro single do<br />

novo disco). Na sequência a banda enfeixa talvez<br />

algumas das melhores canções compostas por ela<br />

nos últimos anos, caso da enérgica faixa-título e do<br />

rock à clássica moda grunge “Infallible”. Também<br />

há a providencial road song conduzida por violões<br />

(em “Swallowed Whole”, um dos grandes momentos<br />

do disco) e um mezzo blues algo acelerado em “Let<br />

The Records Play” (outro instante bacaníssimo). E<br />

yep, há a dose de momentos, hã, mais “intimistas”.<br />

Que curiosamente estão concentrados no final do<br />

álbum, quando o conjunto enfeixa em sequência<br />

as bonitas e um pouco melancólicas “Sleeping By<br />

Myself”, “Yellow Moon” (mais um momento precioso<br />

do trabalho, com violões e timbres de órgãos vintage<br />

pontuando os arranjos) e “Future Days”. Todas<br />

inclusive mais climáticas e bem resolvidas do que a<br />

30<br />

balada “Sirens”, escolhida como segundo single de<br />

“Lightning Bolt”. É um disco que, no resultado final,<br />

soa melhor do que “Backspacer”, lançado em 2009.<br />

Mas o recado deixado aqui pelo Pearl Jam é bem<br />

claro: não vai mais haver mudanças bruscas de<br />

rota ou grandes novidades na carreira do gigante<br />

grunge. E talvez eles estejam sim mais próximos<br />

da aposentadoria do que se imagina. Com um<br />

trabalho que pode fechar dignamente sua trajetória<br />

(e que, mesmo não sendo uma obra-prima, ainda<br />

é infinitamente melhor do que a gigantesca maioria<br />

dos lançamentos das bandinhas indies escrotas<br />

de hoje em dia) e consciente de que já legou uma<br />

obra de fôlego para o rock’n’roll, o Pearl Jam pode<br />

tranquilamente, e se quiser, dizer adeus aos fãs.<br />

Vai deixar saudades, claro. Mas vai sair ainda em<br />

grande forma e deixando sempre a lembrança de<br />

que, sim, eles escreveram um capítulo grandioso<br />

nessa emocionante história do rock mundial.<br />

Manic Street<br />

Preachers<br />

Rewind The Film<br />

(Sony Music)<br />

Por: Humberto Finatti<br />

(Zap N’ Roll)<br />

MMMMM<br />

Eles existem há quase<br />

três décadas (o grupo<br />

foi formado em 1986), o<br />

primeiro disco foi lançado<br />

há mais de vinte anos (em 1992), são gigantescos<br />

e adorados na Inglaterra (mais até talvez do que o<br />

Oasis), mas quase ilustres desconhecidos fora da<br />

Velha Ilha. E mesmo com tanto tempo de estrada e<br />

em um momento em que o rock planetário amarga<br />

uma entressafra pavorosa (com bandas horrendas<br />

fazendo trabalhos igualmente horrendos e desaparecendo<br />

tão rápido quanto surgem), os Manic<br />

Street Preachers colocam na praça seu décimo<br />

primeiro álbum de estúdio, “Rewind The Film”. É um<br />

disco lindíssimo, intenso, emotivo e emocionante.<br />

E já tem o voto destas linhas zappers pra melhor<br />

disco de rock de 2013. A própria história e trajetória<br />

dos Manics (como a banda é carinhosamente<br />

chamada pelo seu mega exército de fãs apaixonados<br />

na Grã-Bretanha) é emocionante, digna de um<br />

filme. Formada em 1986 pelos amigos adolescentes<br />

James Dean Bradfield (vocais e guitarras), Nicky<br />

Wire (baixo) e Sean Moore (bateria), logo receberam<br />

a adesão de um quarto integrante, o também<br />

guitarrista Richard James Edward, ou simplesmente<br />

Richey James. Essa formação lançou o disco de<br />

estreia em 1992, “Generation Terrorists”, que logou<br />

recebeu aclamação da crítica por mostrar um rock<br />

de guitarras bastante agressivo e politizado – algo<br />

que estava em falta no rock inglês naquele momento.<br />

E logo Richey se tornou a figura central do quarteto:<br />

ele compunha a maioria das canções, escrevia<br />

ótimas letras (todas de cunho político e/ou existencial)<br />

e também chamava a atenção pelos seus constantes<br />

problemas de depressão emocional. Não<br />

demorou muito para a Inglaterra “adotar” os Manics<br />

e os fãs tratarem Richey James como aquele<br />

Março-Abril/2014


“irmão tristonho e problemático” que todos queriam<br />

ter e cuidar. Vieram mais dois trabalhos de estúdio<br />

(entre os quais o hoje clássico “The Holy Bible”,<br />

editado em 1994) e Richey James começou a dar<br />

sinais de que estava pensando em se suicidar. Uma<br />

das imagens mais emblemáticas da cultura pop<br />

dessa época é quando ele foi fotografado escrevendo<br />

num dos seus braços, com gilete, a frase “4<br />

real”, um trocadilho com “é real”. O músico explicaria,<br />

durante uma entrevista, que aquela inscrição<br />

significava que as dores emocionais que ele sentia<br />

eram de verdade e não apenas mera alegoria para<br />

impressionar os fãs.<br />

Pois foi no dia primeiro de fevereiro de 1995 que<br />

Richey saiu de sua casa de carro, rumou para uma<br />

ponte em Cardiff (cidade do País de Gales onde<br />

a banda nasceu), muito notória por ser um ponto<br />

onde os que queriam se matar se jogavam dela no<br />

rio que passava embaixo, e ali desapareceu para<br />

sempre. A polícia fez buscas minuciosas na região<br />

e no rio, mas o corpo do músico nunca foi encontrado<br />

(seu carro abandonado, com documentos<br />

dentro, sim) e há quem ache que ele está vivo até<br />

hoje, e vivendo muito longe de qualquer atividade<br />

que seja relacionada à música. Pelo sim, pelo não,<br />

o desaparecimento do guitarrista causou comoção<br />

nacional na Velha Ilha entre os fãs dos Manics, que<br />

até hoje choram a sua ausência. E em novembro<br />

de 2008 (treze anos após seu desaparecimento) a<br />

polícia inglesa oficialmente o deu como “presumivelmente<br />

morto”. Só essa história, do desaparecimento<br />

do saudoso Richard James Edward, já daria<br />

uma aura fantástica à trajetória do Manic Street<br />

Preachers. Mas o conjunto, mesmo traumatizado<br />

com o sumiço de seu amado integrante, decidiu<br />

seguir em frente. E seguiu lançando discos geniais<br />

como “Eeverything Must Go” (de 1996), “This Is My<br />

Truth Tell Me Yours” (editado em 1998) ou “Know<br />

Your Enemy” (lançado em 2001). Já nos anos 2000<br />

os Manics oscilaram entre alguns cds medianos<br />

(onde enveredaram até pela eletrônica, como em<br />

“Lifeblood”, de 2004) e outros de cunho emocional<br />

avassalador, como o belíssimo “Journal for Plague<br />

Lovers”, editado há quatro anos e que trazia as últimas<br />

letras escritas por Richey James e que haviam<br />

sido musicadas posteriormente pelo trio remanescente.<br />

Pois este “Rewind The Film” surge após um hiato<br />

de três anos na carreira do grupo – eles haviam<br />

lançado o último disco de estúdio em 2010. E<br />

quando se esperava apenas algo morno vindo dos<br />

Manics eis que a banda surge com um álbum monstro<br />

em sua beleza musical e estética. Com melodias<br />

tristonhas e construídas com sólida e soberba<br />

base instrumental (onde foram agregados ao trio<br />

guitarra/baixo/bateria sons preciosos de pianos, sopros,<br />

cellos, violinos, cordas variadas e teclados) o<br />

disco encanta o ouvinte de forma arrebatadora, da<br />

primeira à última música. É um trabalho ao mesmo<br />

tempo de fôlego e emotivo ao extremo, onde não<br />

falta espaço para a contemplação da melancolia<br />

em “This Sullen Welsh Heart”, para a seloridade<br />

dançante (com direito a naipe de metais) em “Show<br />

Me The Wonder” (o primeiro single do álbum), para<br />

a infinita tristeza da faixa-título, para o rock angustiado<br />

e de guitarras abrasivas de “3 Ways to See<br />

Despair” nem para a melodia belíssima de “Running<br />

Out of Fantasy” (que possui uma das conduções<br />

de violão mais fantásticas que estas linhas bloggers<br />

sentimentais tiveram o prazer de ouvir no rock<br />

inglês, ops, galês nos últimos anos). Fora “Manorbier”,<br />

uma canção instrumental (!) que possui uma<br />

ambiência melódica algo fantasmagórica, criada<br />

por timbres de teclados. E o resultado dela também<br />

é lindíssimo, no final das contas. É mesmo impressionante<br />

que um grupo, depois de quase trinta anos<br />

de estrada, consiga lançar um disco com esse nível<br />

de qualidade e excelência. Assim como o americano<br />

Bruce Springsteen, o Manic Street Preachers<br />

– perdoem o mega clichê – está se parecendo<br />

com vinho: está envelhecendo cada vez melhor. E<br />

em um ano em que já saíram poucos, mas grandes<br />

discos (como o novo de David Bowie), “Rewind<br />

The Film” (uma ode quase imagética e pictórica à<br />

reflexão existencial e aos desencantos da alma que<br />

permeiam a todos nós) dificilmente será superado<br />

pela concorrência.<br />

Tomada<br />

XII - Estradas, Sons,<br />

Estórias na Terra do<br />

Rock Tupiniquim<br />

(Coaxo do Sapo)<br />

Por: Dum de Lucca<br />

MMMMM<br />

Para sobreviver em um<br />

país onde o bom rock autoral<br />

é engolido por porcarias<br />

enlatadas como o NX<br />

Zero, Fresno, e por estilos musicais toscos como<br />

pagode, axé, sertanejo, funk de mentira e afins, a<br />

estratégia e a ousadia são fundamentais. Longe<br />

das ferramentas da indústria de massa, que impõe<br />

aos desmiolados ruindades sonoras as pencas, os<br />

grupos de rock formados por músicos profissionais<br />

produzem com qualidade e independência CDs,<br />

shows e correrias, provando que o que vale é fazer,<br />

e não sonhar e reclamar. Um exemplo é a banda<br />

Tomada, que acaba de lançar o DVD “XII – Estradas,<br />

Sons, Estórias na Terra do Rock Tupiniquim”,<br />

uma produção feita de forma totalmente independente<br />

e na raça. Nele estão os doze anos de batalha<br />

dos paulistanos, histórias, vídeos, making of, performances<br />

ao vivo, enfim, muito rock and roll.<br />

O DVD tem a direção de Marcelo “Pepe” Bueno e<br />

Eduardo Donato e sua essência é contar a história<br />

dessa que é, hoje, uma das mais legais bandas de<br />

rock do Brasil. Em seus 105 minutos de duração, o<br />

menu disponibiliza um documentário, videoclipes,<br />

performance ao vivo no CCSP, 2012, e o making of<br />

do CD “O Inevitável”, 2011. Misturando tudo, Pepe<br />

Bueno, que é baixista, e Ricardo Alpendre, vocalista,<br />

ambos da formação original do Tomada, contam<br />

causos e fatos que marcaram a trajetória, detalhando<br />

episódios que formataram o que o grupo<br />

é hoje. Desde o início, a entrada de Alpendre, as<br />

alterações de formações, os primeiros concertos,<br />

os CDs e todas as dificuldades pelas quais a rock<br />

band brazuca passou para se manter na ativa, e<br />

Março-Abril/2014 31


atingir um patamar top na cena. A narrativa e as<br />

entrevistas têm bom humor, momentos de delírio<br />

regados a birra, o que dá leveza ao registro e torna<br />

agradável de ver.<br />

Bem editado, no timing, achei bem interessante<br />

saber como o grupo fez a transição ao se assumir<br />

totalmente. Ou seja, encarar uma carreira<br />

séria, se dedicar a isso, e mostrar como e o que<br />

foi necessário para atingir as metas, mesmo que<br />

no mundo do rock independente nacional metas<br />

são tão subjetivas como tomates com asas. Para o<br />

Tomada, como fica evidente, esses 12 anos foram<br />

marcados por vontade, oportunidades, dúvidas,<br />

mudanças, mais do que tudo, dedicação e crença<br />

em seu próprio potencial. Cinco clipes, “Catarina”,<br />

“Doses Depois”, “Volta/Boogie do Maluco”, “Minha<br />

Diva” e “Ela Não Tem Medo” dão a medida, especialmente<br />

para quem ainda não conhece, do rock<br />

bem feito e ajustado do Tomada. Um DVD completo,<br />

bem feito, que só tem um pecado: não ter o<br />

nome da banda no título.<br />

Arctic Monkeys<br />

AM<br />

(Sony Music)<br />

Por: Dum de Lucca<br />

MMMM<br />

O Arctic Monkeys é a<br />

banda da geração 2000<br />

que mais deu certo. Ao<br />

contrário da grande maioria<br />

de seus contemporâneos,<br />

os ingleses, após o<br />

avassalador início em 2006, com “Whatever People<br />

Say I`m, That´s What I Kwon”, que ganhou o Mercury<br />

Prize, consolidaram uma bem sucedida carreira.<br />

Quer dizer, o temido segundo disco, “Favourite<br />

Worst Nightmare”, de 2007, não apenas seguiu a<br />

chama viral do anterior como apareceu na primeira<br />

posição nas paradas britânicas logo após seu<br />

lançamento. O terceiro “Hamburg”, de 2009, manteve<br />

a qualidade e praticamente aniquilou grupos<br />

da mesma safra como Franz Ferdinand, Bloc Party,<br />

The Fratellis, Editors, The Killers, The Klaxons, The<br />

National e The Vaccines. Depois veio “Suck it See”,<br />

2011, para confirmar que os macaquinhos de verdade<br />

[não os aloprados daqui] chegaram ao quarto<br />

disco com saúde plena. Mandaram bem com um<br />

trabalho mais pesado, com mais solos de guitarras<br />

e mantendo sua boa linha harmônica habitual.<br />

Detalhe. Ao vivo o Arctic Monkeys é infinitamente<br />

superior aos demais, como pude comprovar.<br />

E o esperado novo álbum, “AM”? Seria mais um<br />

bom disco? A expectativa era imensa. E, também,<br />

a consciência de que para um grupo dos anos<br />

2000 parecia impossível emendar 5 trabalhos de<br />

boa qualidade. Pessimismo? Não, constatação.<br />

Afinal, qual das bandas citadas acima emplacou<br />

ao menos dois discos bons? Fora o próprio Arctic<br />

Monkeys, nenhuma. Bem, quem esperava um<br />

trabalho com muitas novidades pode se decepcionar.<br />

Os macaquinhos optaram por produzir canções<br />

equilibradas, distantes da velocidade e da urgência<br />

que caracterizaram os dois primeiros discos, mais<br />

31<br />

empenhados em dar continuidade a “Hamburg” e<br />

“Suck it See”. São doze faixas onde fica clara intenção<br />

dos ingleses em, definitivamente, se livrarem<br />

do incomodo rótulo de indie para trilhar um caminho<br />

mais consistente, musicalmente mais rock. Será?<br />

As duas primeiras, “Do I Wanna Know” e “R U Mine”<br />

evidenciam a vontade em se ligar a raízes musicais<br />

pela linha de T. Rex, dando mais ênfase no esmero<br />

das composições do que a solos e velocidade. A<br />

primeira é quase uma marcha, a outra, com uma<br />

bela guitarra na introdução, têm riffs marcantes<br />

setentistas e é bem quebrada. A preocupação com<br />

a construção perfeita entre vozes e viradas é nítida.<br />

“One for The Road” segue na mesma rota, e ai é<br />

que o álbum se mostra enxuto, sem exageros, com<br />

riffs e solos firmes e bem colocados. Na real, nessa<br />

hora, na quarta faixa, “Anabelle”, a impressão é<br />

que a obstinação de Alex Turner e seus brothers é<br />

manter distância da estética anterior.<br />

Em “I Want it All” o Arctic Monkeys sobe o tom<br />

e mostra as garras, sob um solo de guitarra cirúrgico<br />

que rasga a base da cozinha, sempre boa e<br />

eficiente. Mais influências óbvias de T. Rex, Bowie,<br />

Small Faces, por aí. A baladona “No. Party 1 Anthen”<br />

é triste, um pouco melancólica e doce. Paisagens<br />

urbanas, situações cotidianas e solitudes,<br />

povoam a letra da canção: “So you’re on the prowl<br />

wondering whether she left already or not; Leather<br />

jacket, collar popped like Cantona; Never knowing<br />

when to stop; Sunglasses indoors, par for the<br />

course; Lights in the floors and sweat on the walls;<br />

Cages and poles”. Com certeza a melhor balada já<br />

produzida pelos caras de Sheffield em seus cinco<br />

CDs. Muito melódica e com todas as concessões<br />

que as baladas devem e podem ter, não deixa de<br />

lado as influências de Oasis, The Who e Beatles,<br />

sempre presentes. Um aspecto que caracteriza o<br />

CD “AM” é a platitude, a leveza e o equilíbrio que o<br />

grupo imprimiu ao trabalho, muito consistente. Se<br />

a banda, como parece, perseguiu esse resultado,<br />

conseguiu. Se os fãs vão gostar, isso é outra coisa.<br />

Tenho dúvidas.<br />

Apesar de bem produzido e maduro o álbum<br />

peca por um certo marasmo, tem uma sonolência<br />

incrustada em sua raiz primal. “Mad Sounds” poderia<br />

ser assinada por Noel Gallagher, e é nessa<br />

hora que senti saudades da pegada enérgica do<br />

Arctic Monkeys de 2007. Mas ela veio em “Fireside”,<br />

grooveada e potente, ampliando os sentidos<br />

e repleta de guitarras voando e um teclado bem<br />

leve. A sensação que tenho ao ouvir faixa após<br />

faixa, é que depois do estouro de mídia e público<br />

os ingleses tentam sonoridades não diferentes,<br />

mas quase opostas ao punch habitual. E assim rola<br />

“Why’d You Only Call Me When You`re High”, que<br />

segue a mesma toada. Já a mais revigorante “Snap<br />

Out of It” me dá a nítida impressão que eles passaram<br />

muito tempo ouvindo Marc Bolan. Depois,<br />

sem muita novidade no direcionamento da obra,<br />

seguem “Knee Socks” e “I Wanna Be Yours”. Na<br />

real, de novo, e por que é necessário ficar claro,<br />

“AM” não é tudo isso, por toda a capacidade que o<br />

Arctic Monkeys já provou que tem. Porém, nem por<br />

isso é ruim. Só fica a sensação de que a banda tem<br />

mais para dar.<br />

Março-Abril/2014


Março-Abril/2014<br />

Os Mutantes<br />

Fool Metal Jack<br />

(Krian Music Group)<br />

Por: Dum de Lucca<br />

MMMM<br />

Os Mutantes é sem<br />

dúvida a banda brazuca<br />

mais respeitada, cultuada,<br />

e conhecida no exterior.<br />

Sempre que viajo a gringa<br />

citam ou me perguntam<br />

sobre o grupo paulistano. E já viu né, vira um<br />

mantra contar para os rockers europeus como<br />

anda o Sergio Dias Baptista e seus projetos, o<br />

único membro original na formação atual. Impressiona<br />

o que eles gostam e conhecem: Músicas,<br />

discos, histórias e formações. Essa conquista<br />

deve-se, sobretudo, ao fato de que o som, os<br />

timbres, as frequências, o astral e as ambiências<br />

produzidas, deflagram canções extremamente<br />

surpreendentes, criativas, e providas de uma<br />

grande variedade de elementos técnicos e referenciais.<br />

Desde o primeiro álbum, “Os Mutantes”,<br />

1968, passando pela “Divina Comedia ou Ando<br />

Meio Desligado”, 1970, até a fase progressiva<br />

já sem Rita Lee e Arnaldo Baptista com o ótimo<br />

“Tudo foi Feito Pelo Sol”, 1975, o grupo chamou<br />

a atenção pelo talento, dinâmica e a radical construção<br />

de uma sonoridade única e visceral. O<br />

carimbo Mutantes. Um grande magna que explora<br />

os limites exteriores da música pop, entrando de<br />

cabeça com distorção, feedback, psicodelismo,<br />

música concreta e efeitos de estúdio de todos<br />

os tipos que criaram um estilo incomparável na<br />

música nacional. É rock, mas a cima de tudo, é<br />

música. Após a saída de Arnaldo Baptista, Rita<br />

Lee e Liminha (integrantes da fase áurea), e o<br />

termino das atividades em 1976, a banda demorou<br />

mais de 30 anos para se reunir. Foi em 2006, para<br />

tocar ao vivo que Sergio, Arnaldo, Zélia Duncan e<br />

Dinho Leme colocaram o grupo na estrada. Depois<br />

vieram artistas como Bia Mendes (voz), Fabio<br />

Recco (voz), Vinicius Junqueira (baixo), Henrique<br />

Peters (teclado, flauta e voz), Vitor Trida (teclado,<br />

guitarra, violão, flauta e voz) e Simone Soul (percussão).<br />

Foi uma fase de dúvidas, afinal, como<br />

reagiriam os fãs após tanto tempo? Deu certo, já<br />

que a partir daí o grupo não parou de tocar pelo<br />

mundo, reconquistando seu tempo de glórias. O<br />

que, obviamente, gerou novos discos. “Haih … Ou<br />

Amortecedor”, 2009, e “Fool Metal Jack”, 2013,<br />

tentam dar ao Os Mutantes a mesma aura que<br />

conquistaram em suas duas fases anteriores.<br />

Em seu novo álbum Os Mutantes procuraram<br />

manter a chama da inventividade e a busca por<br />

sons, climas e nuances que proporcionem uma<br />

“buena onda” aos ouvintes. E mais do que isso,<br />

identificação. Pode parecer difícil, até mesmo pelos<br />

geniais trabalhos que já produziu em sua história,<br />

alcançar um resultado bom, ainda mais com um<br />

público que sempre espera o máximo de Sergio<br />

Dias e sua banda. E é aí que pega, pois não é fácil<br />

se manter Os Mutantes todo tempo. São doze canções,<br />

a maioria cantada em inglês, onde se mixam<br />

toques psicodélicos, elementos orientais, rock<br />

pesado, folk, raízes brasileiras, pingos eletrônicos<br />

e colagens, o que gerou imagens sonoras quase<br />

tão instigantes como seus primeiros discos. Houve<br />

quem não entendesse o trampo, afirmando que o<br />

grupo se perdeu em um emaranhado de tendências<br />

e produziu músicas sem sintonia umas das outras.<br />

Um absurdo, pois a diversidade sonora sempre fez<br />

parte do DNA do grupo paulistano. Porém, é óbvio<br />

que para ouvir “Fool Metal Jack” é preciso se despir<br />

das expectativas do passado, se não, não rola.<br />

Não vou comentar todas as faixas, contudo<br />

Sergio Dias (vocais e guitarras), Vinicius Junqueira<br />

(teclados e vocais), Henry Peters (teclados<br />

e vocais), Vitor Trida (guitarra, violão e vocais),<br />

Bia Mendes (vocais) e Dinho Leme (bateria),<br />

surfaram por diferentes influências – que diga-se<br />

sempre estiveram ao lado de Os Mutantes -, com<br />

fluidez e competência . “The Dream is Gone” é<br />

uma balada folk que me lembrou, de cara, Tom<br />

Petty, e algumas nuances de Pink Floyd. Muito<br />

bem produzida, como todo o CD, serve de locomotiva<br />

para a faixa título,“Fool Metal Jack”, uma<br />

rasgada homenagem ao diretor de cinema Stanley<br />

Kubrick e seu filme “Full Metal Jacket”, lançado<br />

em 1987. Soturna, tem vocais arrastados e um<br />

pouco dementes. Vale dizer que a nova formação<br />

cumpre bem seu papel para deixar Sergio Dias<br />

a vontade para mostrar o quanto bom guitarrista<br />

é. Solos precisos, técnicos e com muito feeling.<br />

Já “Picadilly Willie” é rock pesado que remete<br />

a era de “Tudo foi Feito Pelo Sol”, com pitadas<br />

de quebradeiras mais contemporâneas. Tem um<br />

lindo Hammond e um vigoroso baixo, que fazem<br />

a cama para a alma da música. Uma batera forte<br />

abre “Look Out”, com seu baixo estilingado que<br />

adorna sutis entonações que claramente fazem<br />

alusão a indígenas americanos, como se fosse<br />

um xamã solto no rock. Nela, todas as noções<br />

de um bom rock básico. E, sim, as guitarras<br />

poderosas e bem feitas de Sergio Dias. A faixa<br />

cantada em português, “Eu Descobri”, é etérea,<br />

têm bongôs, baixo, flautas e synths, em um clima<br />

que mistura ambiências orientais e brasileiras.<br />

Não dá para dissociar “Time & Space” de David<br />

Bowie, pelo menos no início. Uma faixa leve com<br />

violões acústicos e um clima árido que cresce<br />

com o decorrer do tempo. O progressivo mostra a<br />

cara em “Once Upon a Flight”, saída diretamente<br />

do gênero que dominou parte da cena dos anos<br />

1970. É bem tocada, mas não acrescenta muito<br />

ao se comparar com a muito oriental “Bangladesh”,<br />

essa com tablas, violões, cítara, e o mantra<br />

Hare Krishna entoado. “Valse LSD” tem um<br />

quê, na voz, de Schoemberg em seu Pierrot Lunaire,<br />

mas só de leve, como uma brisa que passa<br />

para desembocar em um rio progressivo suave.<br />

A faixa dispensável do álbum, apesar de ter uma<br />

guitarra possessiva e crua, é “Ganja Man”, um<br />

reggae que não combina muito com a banda.<br />

Apesar de alguns momentos de inconsistência,<br />

“Fool Metal Jack” é um bom disco. Mesmo não<br />

sendo um trabalho cinco estrelas, têm momentos<br />

que evidenciam o brilho de um grupo que tenta<br />

manter sua identidade.<br />

32


Março-Abril/2014

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