Visualizar - Revista [B+]
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www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
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2 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
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5
sumário<br />
12<br />
Escola de<br />
negócios<br />
20<br />
bloco<br />
de notas<br />
26<br />
imóveis+<br />
28<br />
mídia+<br />
47<br />
Mulheres<br />
fortalecidas<br />
Para comemorar o mês<br />
da mulher, em março,<br />
apresentamos dez exemplos de<br />
mulheres profissionais baianas<br />
que fazem a coisa acontecer e<br />
revolucionam nos mais notórios<br />
setores de atuação.<br />
56<br />
O primeiro<br />
da Copa<br />
Após herdar do pai a<br />
construtora Andrade<br />
Mendonça, Antonio<br />
Andrade Jr. acumula<br />
realizações que são<br />
referência nacional na<br />
construção civil, a exemplo<br />
do Castelão, primeiro<br />
estádio entregue para a<br />
Copa de 2014.<br />
6 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
NEGÓCIOS 31<br />
AGRONEGÓCIO 38<br />
O município de Taperoá, no<br />
baixo sul baiano, é o maior<br />
produtor mundial de guaraná,<br />
superando a tradicional<br />
Amazônia, mas continua sem<br />
reconhecimento.<br />
LOJAS-CONTÊINERES 32<br />
Contêineres abandonados viram lojas de roupa<br />
CIÊNCIA E PESQUISA 42<br />
Inovação nos institutos de pesquisa da Bahia<br />
EXPERIÊNCIAs 34<br />
Butique de colchões de luxo<br />
STARTUP 36 | [C] Luiz Marques 46<br />
SUSTENTABILIDADE 63<br />
EMPRESA VERDE 64<br />
Softwares de gestão instalados<br />
nas grandes empresas ajudam<br />
a mapear estratégias para a<br />
implantacão da cultura da<br />
sustentabilidade nos negócios.<br />
ENERGIA EÓLICA 70<br />
Empresas adaptam tecnologia aos ventos locais<br />
PRO BEM 68<br />
Movimentos resgatam ações de amor por Salvador<br />
TENDÊNCIAS 71<br />
Como se integrar ao comércio justo<br />
[C] ISAAC EDINGTON 74<br />
LIFESTYLE 75<br />
DECORAÇÃO 76<br />
Ambientes profissionais<br />
requerem cada vez mais<br />
projetos arquitetônicos que<br />
otimizem o espaço para<br />
aumentar produtividade e<br />
qualidade de vida no trabalho.<br />
COMPORTAMENTO 82<br />
A conectividade na natureza social<br />
SABOR 86<br />
Prepare um prato gourmet em casa<br />
NOTAS DE TEC 88<br />
arte & entretenimento 89<br />
CARNAVAL 90<br />
Infraestrutura gigantesca e<br />
ações publicitárias fazem do<br />
período do Carnaval uma<br />
época de grandes negócios,<br />
movimentando R$1 bilhão<br />
nos seis dias de festa.<br />
MODA 98<br />
Um baiano no sambódromo<br />
MÚSICA 102<br />
Nova Iorque no Nordeste de Amaralina<br />
APLAUSOS 94<br />
[C] Cris Olivieri 104 | [C] Jorge Cajazeira 106<br />
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7
editorial<br />
Com a bola toda<br />
Antonio Andrade Jr. está mesmo com a bola toda. O CEO da<br />
construtora Andrade Mendonça estampa a capa de nossa<br />
edição 17 com os méritos de entregar o primeiro estádio<br />
da Copa do Mundo de 2014, o Castelão, em Fortaleza, além<br />
de empreendimentos do porte do Salvador Shopping e<br />
Salvador Norte Shopping, da ampliação do Shopping Barra,<br />
da construção das concessionárias Eurovia e Harley-<br />
Davidson, além das fábricas da Kimberly-Clark, Knauf e o<br />
Centro de Distribuição de O Boticário. O repórter Murilo<br />
Gitel conversou com Antonio Andrade para conhecer as<br />
tendências desse mercado, como a Andrade Mendonça<br />
ampliou sua atuação e o que ele espera para os próximos<br />
anos. E olha que não é pouca coisa.<br />
Se o assunto é oportunidades do mercado,<br />
aproveitamos para falar sobre as carreiras que andam<br />
na crista da onda. A jornalista Andréa Castro traz<br />
informações sobre as áreas do conhecimento que têm alta<br />
demanda por profissionais. Uma delas é a área de ciência<br />
e pesquisa, em que aprofundamos o tema para conhecer<br />
como as instituições de pesquisa se comportam na Bahia<br />
e como as empresas se apropriam desse conhecimento<br />
para investir em inovação.<br />
É claro que não podíamos esquecer da grande festa<br />
momesca, que atrai turistas, negócios e investimentos para<br />
Salvador. Veja um panorama do que aconteceu nos circuitos,<br />
as parcerias firmadas, as ações de marketing e opiniões<br />
sobre como deixar um legado socioeconômico para a cidade.<br />
Indo para o interior, a repórter Carolina Coelho foi<br />
para dentro das plantações da região que mais produz<br />
guaraná no mundo. O munícipio baiano de Taperoá bate<br />
recordes em exportação, com um grão bem avaliado e que<br />
deixa o guaraná amazonense para trás.<br />
ESPECIAL MULHERES<br />
A <strong>Revista</strong> [B + ] também homenageia todas as mulheres,<br />
baianas e brasileiras, com um especial dedicado a<br />
ressaltar a força feminina. Anna Penido, Claudia<br />
Tourinho, Eliana Calmon, Goya Lopes, Ines Carvalho,<br />
Leila Brito, Lila Lopes, Lise Weckerle, Malu Fontes e<br />
Tereza Paim são algumas delas, entre tantas outras,<br />
que inspiram homens e mulheres por suas atuações<br />
profissionais e pessoais, e nos servem de exemplo para<br />
construir uma sociedade mais justa e igualitária, com<br />
oportunidades para todos. Feliz Mês da Mulher.<br />
Boa leitura.<br />
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Vista), Saraiva (Iguatemi e Salvador Shopping),<br />
Soler (Hiperbompreço Iguatemi), e bancas do<br />
aeroporto, rodoviária, Campo Grande, Pituba,<br />
Dois de Julho, Nazaré, Barra, Rio Vermelho.<br />
Pergunte na banca mais próxima da sua casa.<br />
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Conselho Editorial<br />
César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio<br />
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Segundo e Sérgio Nogueira<br />
Conselho Institucional<br />
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A edição 17 traz na capa a produção do escritório<br />
Person Design. Agradecemos a Ana Paula<br />
Paixão (diretora de atendimento), Livia Fauaze<br />
(executiva de atendimento), Felipe Arcoverde<br />
(diretor de design), Júlia Amoroso (designer) e<br />
Cátia Martins (diretora de marketing). Foto do<br />
Stúdio Rômulo Portela.<br />
Tiragem: 10 mil exemplares<br />
Periodicidade: Bimestral<br />
Impressão: Grasb<br />
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m 2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss,<br />
95g/m 2 , da Suzano Papel e Celulose, produzidos a<br />
partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada<br />
árvore utilizada foi plantada para este fim.<br />
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A <strong>Revista</strong> [B + ] abre vaga para<br />
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11
Escola de Negócios<br />
A escolha<br />
profissional<br />
Foto: Manu Dias/SecomBA<br />
Seja por oportunidades que o mercado<br />
oferece ou pelo caráter de inovação<br />
dessas áreas, algumas carreiras se<br />
destacam como as mais promissoras da<br />
atualidade. Diante de um cenário cheio<br />
de caminhos e alternativas, que escolhas<br />
tomar e como estar bem preparado, seja<br />
na graduação, pós ou MBA?<br />
por Andréa Castro<br />
E<br />
scolher uma graduação ou pós-graduação<br />
está longe de ser uma tarefa simples. Assim<br />
como decidir a sua carreira, se especializar<br />
requer planejamento e cuidado. É fundamental<br />
pesquisar e saber quais são nossas reais necessidades<br />
profissionais, pois, a cada situação, uma pós é mais<br />
indicada do que outra. Para quem já tem experiência<br />
no mercado de trabalho e está em busca de uma<br />
formação complementar, o headhunter Márcio Lopes<br />
alerta: “Formação acadêmica é importante, mas não é<br />
um fator determinante na contratação de um executivo<br />
no mercado local. Então, escolher um curso que de fato<br />
faça a diferença é essencial”. Ele lembra que, mesmo<br />
assim, um profissional tem que voltar várias vezes<br />
à sala de aula para manter-se competitivo e capaz.<br />
“Dar o próximo passo na carreira exige atualização e<br />
o mercado de educação é farto, basta averiguar para<br />
achar o seu lugar certo”, conclui Lopes.<br />
“Todas as escolhas abrem portas. É importante que<br />
se observem as oportunidades de trabalho e o perfil da<br />
formação, mas é fundamental que procure fazer algo<br />
que realmente irá gostar”. A orientação é de Carolina<br />
Stilhano, gerente de marketing da Catho, maior site<br />
de classificados de currículos e vagas de emprego da<br />
América Latina. Segundo ela, tal atitude permitirá que<br />
o profissional se dedique mais à ocupação escolhida e<br />
tenha chances de sucesso. Incontestável. No entanto, o<br />
mercado é exigente e revela preferências por algumas<br />
carreiras e tipos de formação diante das demandas<br />
criadas pela sociedade contemporânea.<br />
Exploração de petróleo, tecnologia da informação,<br />
biotecnologia, engenharia de obras, design, meio<br />
ambiente e turismo são algumas das áreas que estão<br />
em alta, apresentando excelentes oportunidades de<br />
trabalho, tanto para quem almeja um cargo valorizado<br />
em uma organização, como para quem deseja<br />
empreender e ser dono do seu próprio negócio.<br />
12 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Fotos: Divulgação<br />
O geólogo Antônio Huoya Mariano trabalha na<br />
Petrobras e afirma que há bastante campo de<br />
atuação na Bahia, inclusive no interior do estado<br />
Carolina Stilhano, da Catho, diz que é<br />
importante observar as oportunidades do<br />
mercado para tomar uma decisão<br />
[1] Exploração de petróleo,<br />
gás e mineração<br />
Diante das possibilidades oferecidas pelas descobertas<br />
do pré-sal no Brasil, essa área tornou-se ainda mais<br />
promissora. É o que afirma Antônio Huoya Mariano, que<br />
atua há seis anos como geólogo de campo na Petrobrás,<br />
acompanhando as buscas por áreas de interesse de<br />
petróleo. “Quando me formei, em 2005, havia uma<br />
carência muito grande por profissionais na área. Hoje,<br />
já existe muita gente qualificada, mas o mercado segue<br />
aquecido e a demanda é crescente”, destacou Mariano.<br />
O geólogo trabalha em escala de plantão durante 14 dias<br />
e folga 21. “Muita gente acha que é moleza, mas não é<br />
fácil ficar praticamente isolado, durante duas semanas,<br />
em uma espécie de contêiner climatizado”, alerta. No<br />
entanto, Mariano gosta do que faz e não se arrepende.<br />
“Meu pai, que também é geólogo, me apresentou a<br />
profissão e me interessei por essa possibilidade de<br />
trabalhar fora de escritório, em maior contato com<br />
a natureza, e excelentes oportunidades surgiram”,<br />
lembra. O geólogo trabalhou também na Vale, em Minas<br />
Gerais, e afirma que há bastante campo de atuação na<br />
Bahia, inclusive no interior do estado. Segundo ele, só<br />
a Petrobras abre concurso com cerca de 50 vagas pelo<br />
menos uma vez por ano para profissionais da área. A<br />
média salarial estimada está em torno de R$12 mil.<br />
[2] Engenharia de obras<br />
“É uma das áreas que apresentam e ainda apresentarão<br />
crescimento em ofertas de emprego, devido ao aquecimento<br />
econômico e aos eventos que serão realizados no país, como<br />
a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016”, destaca Carolina<br />
Stilhano, gerente da Catho. O engenheiro de obras pesadas<br />
Jorge Vieira trabalha há cerca de oito anos construindo<br />
estradas e pontes e acredita ter acertado na profissão. “É uma<br />
área em que nunca falta trabalho e, quando a economia vai<br />
bem, as oportunidades são ainda melhores”, comemora o<br />
profissional da Contek Engenharia S/A, que presta serviços<br />
para o Governo do Estado, através do Departamento de<br />
Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba). De acordo<br />
com o engenheiro, se depender dos investimentos que estão<br />
sendo alocados para o setor pelo governo, tanto estadual como<br />
federal, a área promete gerar ainda muito mais emprego e<br />
renda. Só na Bahia, até 2014, serão restaurados mais de dois<br />
mil quilômetros de estradas, atingindo a meta de nove mil<br />
quilômetros de rodovias revitalizadas. O engenheiro Jorge<br />
Vieira seguiu a profissão do pai e lembra que desde garoto o<br />
acompanhava em obras, se interessando pelo ofício. Mas faz a<br />
ressalva: “É uma profissão que exige sacrifício, muitas vezes<br />
fico longe da família, moro praticamente no local de trabalho”.<br />
Em compensação, estima-se que um engenheiro de obras<br />
iniciante ganhe em torno de R$5 mil, enquanto o salário de<br />
um já estabelecido no mercado chegue a R$15 mil.<br />
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[3] Engenharia em<br />
biotecnologia e bioprocessos<br />
Cada vez mais presente no mercado, com atuação em<br />
diversas modalidades da indústria (química, farmacêutica,<br />
de biocombustíveis, biomassa, entre outras) e na utilização<br />
de tecnologias focadas para a recuperação dos impactos<br />
causados ao meio ambiente, o engenheiro especializado<br />
na área tem sido demandado de forma crescente. Esses<br />
profissionais são habilitados a conceber, projetar, construir<br />
e operar equipamentos destinados a reproduzir, em<br />
escala industrial e econômica, os processos controlados<br />
por transformações biológicas envolvendo células vivas<br />
de natureza microbiana, animal ou vegetal. Diante da<br />
notória demanda do mercado, a Universidade Estadual da<br />
Bahia (Uneb) passará a ministrar o curso em biotecnologia<br />
a partir do primeiro semestre de 2014 no campus de<br />
Juazeiro. “O curso faz parte do projeto de expansão da<br />
universidade por percebermos que esta é uma área que<br />
está sendo cada vez mais solicitada e Juazeiro foi escolhido<br />
por se tratar de um município com bastante potencial,<br />
sobretudo no agronegócio, e pouca oferta desse tipo de<br />
serviço”, afirma o relator do projeto de implantação do<br />
curso, Jairton Fraga. Segundo ele, um profissional iniciante<br />
na área recebe em torno de R$5 a 7 mil por mês, mas com<br />
perspectivas bem maiores, caso se qualifique, embora<br />
ressalte que a cultura empresarial baiana ainda valorize<br />
pouco a área de pesquisa.<br />
[4] Gestão ambiental<br />
“É uma área em ascensão. As empresas demandam<br />
processos com tecnologias mais limpas, avaliação<br />
de impactos ambientais, ações sustentáveis, que<br />
englobem o desenvolvimento econômico, ambiental<br />
e social”, explica o coordenador do curso superior<br />
tecnológico em gestão ambiental da Universidade<br />
Salvador (Unifacs), Nilton Tosta. De acordo com<br />
o acadêmico, o profissional da área também<br />
deve desenvolver habilidades e características<br />
além daquelas inerentes à profissão, buscando<br />
conhecimentos na área de administração, línguas,<br />
entre outras, e o mercado tende a valorizar não só<br />
o conhecimento técnico, mas a ética do profissional.<br />
Tanto empresas privadas como instituições<br />
governamentais têm exigido cada vez mais a<br />
qualificação especializada nessa área. “Temos alunos<br />
que estão iniciando a carreira e outros que já estão<br />
no mercado de trabalho, como administradores e<br />
engenheiros, buscando um upgrade na qualificação”,<br />
informa. Tosta também ressaltou que muitas empresas<br />
no interior da Bahia estão buscando especialistas na<br />
área e o Polo já tem demandado esse tipo de mão de<br />
obra há algum tempo. A faixa salarial está em torno<br />
de R$4 mil, para engenheiro ambiental, podendo<br />
chegar a R$22 mil, no caso de diretor de<br />
engenharia de meio ambiente.<br />
Foto: Divulgação<br />
14 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
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[5] Segurança da informação<br />
“Tudo se move em torno da informação. É um bem que as<br />
empresas precisam preservar”, destaca Charles Lima Soares,<br />
coordenador do novo curso de segurança da informação<br />
oferecido pelo Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge).<br />
A área envolve profissionais aptos a zelar pela integridade<br />
e proteção das informações no âmbito das organizações,<br />
principalmente contra acessos não autorizados, prezando pela<br />
confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados.<br />
Estes profissionais são preparados para realizar análises de<br />
riscos, administrar sistemas de informação, projetar e gerenciar<br />
redes de computadores seguras, realizar auditorias, planejar<br />
contingências e definir planos de recuperação de sinistros.<br />
“Sabemos que existe uma forte demanda de mercado, que foi o<br />
que nos motivou a apostar no curso”, afirmou Charles. Segundo<br />
o acadêmico, as oportunidades nessa área se concentram mais<br />
nas empresas de médio e grande portes. Ele também ressalta a<br />
importância de uma qualificação paralela à graduação, focada<br />
em plataformas específicas (Linux e/ou Windows, por exemplo),<br />
e a busca por certificações internacionais. “O profissional que<br />
quer ter um perfil diferenciado e deseja ampliar o mercado de<br />
atuação tem que buscar essas certificações. Hoje ele está em<br />
Salvador, amanhã pode estar em São Paulo, onde tem outras<br />
oportunidades, e depois, até fora do país”, destaca o coordenador.<br />
Segundo Charles, na Bahia, o profissional da área pode encontrar<br />
propostas em torno de R$3 a 4 mil.<br />
[6] Sistemas para internet<br />
Quantas horas você passa conectado à internet em seu computador,<br />
smartphone, tablet ou televisão, acessando notícias, redes sociais,<br />
vídeos, jogos? É essa sua necessidade que amplia o mercado para<br />
os profissionais de sistema para internet. Para se inserirem nesse<br />
mercado, os profissionais aprendem sólidos conhecimentos teóricos<br />
e práticos no ambiente internet, aspectos inerentes à atividade<br />
de planejamento e desenvolvimento de sistemas web, aplicações<br />
multimídia e banco de dados. São qualificados em assuntos como<br />
e-commerce, projetos de ensino a distância, design, além de PHP<br />
e Java, entre outras linguagens de programação. O profissional<br />
pode atuar em agências digitais, gerenciar sistemas de comércio<br />
eletrônico e provedores de conteúdo, atuar em empresas de<br />
tecnologia da informação ou em órgãos públicos. “O mercado está<br />
em franca expansão, bastante aquecido em Salvador. Inclusive,<br />
muitas empresas locais estão importando profissionais do Rio de<br />
Janeiro e de São Paulo por falta de mão de obra qualificada em<br />
nosso estado”, alerta o coordenador do curso superior de graduação<br />
tecnológica em sistemas para internet da Unifacs, Alex Coelho. A<br />
implantação do Parque Tecnológico na Bahia permitirá que novas<br />
empresas de tecnologia da informação se instalem na região. O<br />
salário estimado para o profissional da área está em torno de R$3<br />
mil na Bahia, segundo Coelho.<br />
[7] Tecnologia em jogos digitais<br />
“A área de games é a que mais cresce no<br />
mundo do entretenimento”, palavras de Lynn<br />
Alves, responsável pelo projeto do novo curso<br />
de tecnologia em jogos digitais que está<br />
sendo implantado pela Uneb. De acordo com<br />
a Associação Brasileira de Desenvolvedores<br />
de Jogos Digitais - Abragames, esse mercado<br />
já movimenta US$68 bilhões no mundo. Cada<br />
vez mais presente no cotidiano das pessoas<br />
e das empresas, os jogos digitais contribuem<br />
para diversos setores, desde a indústria até<br />
a educação, passando pela agricultura e o<br />
entretenimento. O mercado é tão promissor, que<br />
a Microsoft oficializou a produção do console<br />
de jogos Xbox 360, fornecido pela Flextronics<br />
Brasil. Segundo a consultoria PWC<br />
16 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Foto: Divulgação<br />
(PricewaterhouseCoopers), o mercado brasileiro de jogos eletrônicos,<br />
que em 2011 movimentou R$840 milhões e é quarto maior do mundo,<br />
crescerá em média 7,1% por ano até 2016, quando atingirá R$4 bilhões.<br />
A indústria de jogos eletrônicos mantém, atualmente, mais de cinco<br />
mil profissionais empregados no país. Em 2008, a realidade era outra<br />
e o número era somente 560, de acordo com a Abragames. A evolução<br />
do setor em tão pouco tempo deve-se a crescentes investimentos<br />
na tecnologia e um aumento no consumo da cultura digital, dizem<br />
especialistas. Diante do potencial revelado pelo mercado, o governo<br />
federal também tem investido na área. A tecnologia de desenvolvimento<br />
e produção de jogos digitais está entre as estratégias do programa TI<br />
Maior, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que movimentará<br />
cerca de R$500 milhões no país. Segundo Lynn Alves, na Bahia, o<br />
mercado ainda é incipiente, mas deve aquecer bastante nos próximos<br />
cinco anos, sobretudo com a implantação do Parque Tecnológico. Capitais<br />
como Recife e São Paulo, que já sediaram grandes eventos do gênero, já<br />
apresentam um mercado mais maduro e profissionalizado.<br />
[8] Design<br />
“O design é um fator decisivo no<br />
novo cenário competitivo. Ele agrega<br />
valor ao produto e desencadeia um<br />
processo de estímulos visuais que<br />
afetam a própria empresa e sua força<br />
de vendas. A empresa que valoriza o<br />
design como diferencial, seja na sua<br />
linha de produtos, serviços ou ações<br />
promocionais, transmite uma imagem<br />
avançada de alto padrão organizacional”,<br />
destaca o designer Vinícius Carvalho,<br />
executivo da empresa Cocada Design.<br />
Em pleno desenvolvimento nas<br />
diversas modalidades da indústria,<br />
a área de design encontra cada vez<br />
mais campo, seja na construção de<br />
produtos - embalagens, móveis, carros,<br />
aviões, ou na área de programação<br />
visual - editoração, identidade visual,<br />
web. A vinda de grandes eventos<br />
esportivos para o Brasil também<br />
tem melhorado as perspectivas do<br />
mercado. “A Copa e Olimpíadas serão<br />
eventos que já aguardamos como<br />
momento de um boom em todos os<br />
setores, principalmente no nosso setor<br />
promocional”, afirma o executivo. O<br />
designer ressalta que os desafios do<br />
profissional que atua na região Nordeste<br />
são grandes. “É uma profissão que aqui<br />
se confunde muitas vezes com as áreas<br />
de publicidade, arquitetura e decoração.<br />
Temos que trabalhar muito o lado do<br />
convencimento com o cliente final<br />
para que o mesmo entenda e valorize<br />
a importância deste profissional”.<br />
Segundo ele, um profissional já<br />
estabilizado na Bahia ganha, em<br />
média, R$ 4mil, enquanto um designer<br />
sênior em São Paulo chega a receber<br />
numa faixa salarial de R$8 mil. Ainda<br />
assim, o mercado baiano tem atraído<br />
novos profissionais pelo seu potencial<br />
promissor. Na Uneb, o curso é um dos<br />
mais disputados. “No vestibular de 2012,<br />
a concorrência chegou a cerca de mil<br />
candidatos para as 40 vagas oferecidas”,<br />
revela o coordenador do curso de design,<br />
Antônio da Silva Neto.<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
17
Foto: Raul Golinelli/GovBA<br />
[9] Biomedicina<br />
“O fato de a população estar cada vez mais esclarecida tem aumentado<br />
a busca por exames complementares, tanto de diagnóstico como de<br />
prevenção, o que amplia o mercado de trabalho para profissionais da<br />
área. Os serviços de análises clínicas e imagem são os mais demandados”,<br />
declara a coordenadora do curso de biomedicina da Faculdade de<br />
Tecnologia e Ciências (FTC), Luciene Lessa. O profissional pode escolher<br />
entre especializar-se em análises clínicas, hematológicas, citológicas<br />
e moleculares ou em acupuntura, reprodução humana assistida<br />
(fecundação invito), imagem, dentre outras. “É uma área que abre<br />
muitas perspectivas, pois permite ao profissional não só conseguir com<br />
certa facilidade uma vaga de trabalho, mas também empreender, ter<br />
seu próprio laboratório ou clínica de análises, de imagem, acupuntura,<br />
citopatologia e, até mesmo, de estética”, destaca Lessa. A acadêmica<br />
afirma que na própria faculdade há a disciplina de empreendedorismo,<br />
que permite ao profissional abrir o seu negócio. “Antigamente, quem fazia<br />
o tratamento de uma imagem, por exemplo, tinha que ser um médico, os<br />
custos eram bem mais caros”, esclarece. Outro campo destacado como<br />
promissor pela coordenadora é o de pesquisa, seja por novas vacinas ou<br />
exames de DNA, desde que o profissional se especialize.<br />
Foto: FMU<br />
[10] Gestão em Turismo<br />
Depois do dia 30 de outubro de 2007,<br />
de uma forma ou de outra, o Brasil foi<br />
para o centro das discussões na mídia<br />
internacional. Além de uma economia<br />
que já se destacava, o país acabara de<br />
ser formalizado sede da Copa do Mundo<br />
de 2014 pela Federação Internacional<br />
de Futebol (Fifa). Os holofotes estão<br />
em nossa direção e o Brasil está em<br />
evidência. Para receber bem o turista,<br />
o profissional dessa área cuida do<br />
planejamento, organização, promoção<br />
e divulgação de viagens, eventos e<br />
atividades de lazer e negócios; gerencia<br />
a organização de feiras, congressos e<br />
exposições; em prefeituras e órgãos<br />
públicos, coordena a exploração<br />
turística de uma região, promovendo<br />
e divulgando as atrações locais; entre<br />
outras atividades. Os números revelam<br />
que, na Bahia, muito está sendo<br />
investido e ainda há muito a se investir,<br />
o que pode gerar oportunidades. De<br />
acordo com a Fundação Instituto<br />
de Pesquisas Econômicas (Fipe), em<br />
pesquisa para o Ministério do Turismo<br />
em 2011, o setor movimentou R$7,8<br />
bilhões na Bahia. O estudo aponta<br />
ainda que o estado é o terceiro principal<br />
destino turístico e o líder absoluto<br />
do Nordeste, com mais visitantes<br />
do que a soma de todos os outros<br />
estados. O turismo da Bahia cresceu<br />
de nove milhões para 11 milhões de<br />
turistas de 2009 para 2011, incluídos<br />
os brasileiros de outros estados, os<br />
baianos viajando pela Bahia e os<br />
estrangeiros, esses últimos chegando ao<br />
número de 558 mil. Para transformar<br />
o estado em um destino náutico, já foi<br />
aprovado pelo Tesouro Nacional um<br />
investimento de R$170 milhões em<br />
recursos do Banco Interamericano de<br />
Desenvolvimento (BID) para aplicação<br />
na zona turística da Baía de Todos os<br />
Santos. Ou seja, perspectivas para<br />
boas oportunidades de negócio e<br />
aumento da empregabilidade na área<br />
não faltam. [<strong>B+</strong>]<br />
18 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
19
loco de notas<br />
Foto: Divulgação<br />
Camaçari é sede da primeira<br />
fábrica da Kimberly-Clark no<br />
Nordeste<br />
Fabricante líder mundial de produtos de<br />
higiene pessoal, a Kimberly-Clark irá se<br />
englobar à forte onda de investimentos<br />
que está transformando o cenário econômico<br />
do Nordeste com a construção de<br />
uma nova fábrica e um centro de distribuição<br />
no Polo Industrial de Camaçari. Com<br />
investimentos iniciais de R$100 milhões,<br />
as instalações são estratégicas para a expansão<br />
dos negócios na região, que nos<br />
últimos dois anos teve um aumento de<br />
30% nas vendas. Com quatro unidades produtivas<br />
nas regiões Sul e Sudeste, a K-C<br />
Brasil está construindo, em Camaçari, sua<br />
primeira fábrica na região. A unidade será<br />
responsável pela produção de fraldas, absorventes<br />
e papel higiênico, além de gerar<br />
430 empregos diretos e 1.200 indiretos,<br />
contando com um centro de distribuição e<br />
instalada em área de 220 mil m 2 . A K-C<br />
Brasil utilizou instrumentos de medição e<br />
avaliação do impacto ambiental para planejar<br />
a fábrica e o centro de distribuição<br />
em Camaçari, com objetivo de reduzir os<br />
efeitos negativos e ampliar os positivos.<br />
Grupo Boticário investe<br />
R$535 milhões<br />
nas unidades na Bahia<br />
O Grupo Boticário, que controla as unidades de negócio O Boticário,<br />
Eudora, quem disse, berenice?, The Beauty Box e Skingen Inteligência<br />
Genética, investe R$535 milhões no estado da Bahia. Os recursos<br />
são aplicados para a construção de uma fábrica em Camaçari e de<br />
um centro de distribuição (CD) em São Gonçalo dos Campos, região<br />
metropolitana de Feira de Santana (BA). A construção se iniciou em<br />
agosto de 2012, gerando mil postos de trabalho temporários e tem<br />
previsão para iniciar os empreendimentos no segundo semestre de<br />
2013, quando serão abertas 700 oportunidades de emprego diretas e<br />
indiretas. A Bahia foi escolhida por se tratar de um estado geograficamente<br />
estratégico para escoamento dos produtos para os estados<br />
das regiões Norte e Nordeste. As obras devem gerar cerca de 1.000<br />
postos de trabalho temporários.<br />
Foto: Divulgação<br />
20 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
ISM ganha novo gerente<br />
A fábrica da Indústria São Miguel (ISM), em Alagoinhas, produtora do refrigerante<br />
Goob, está sob o comando do novo gerente geral e também gerente comercial, Francisco<br />
Galdos Anduaga. Ele tem mais de 18 anos liderando equipes e desenvolvendo<br />
negócios em empresas multinacionais. A unidade baiana da ISM, que tem capacidade<br />
para produzir 15 milhões de litros ao mês, prepara-se para lançar energético e água mineral.<br />
O presidente do grupo, Jorge Añaños, revela que os planos da empresa até 2015<br />
são ampliar presença nas Américas, expandir para a Ásia e a África, além de duplicar<br />
a cada três anos o faturamento anual da empresa. O Grupo ISM conta com dez mil colaboradores<br />
diretos e indiretos em 64 cidades e nos 193 mil pontos de vendas.<br />
Foto: Divulgação<br />
Foto: Paulo Cesar Lopes Jr<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
21
loco de notas<br />
Russos mostram interesse<br />
em investir na Bahia<br />
“A Bahia é o primeiro estado fora<br />
do eixo Rio-São Paulo com perspectivas<br />
reais para a realização de negócios”.<br />
A afirmação foi feita pelo<br />
diretor do Conselho Empresarial<br />
Rússia-Brasil, Aleksander Medvedovsky,<br />
durante o primeiro Encontro<br />
Empresarial Bahia-Rússia, realizado<br />
em 18 de fevereiro, na sede da<br />
Federação das Indústrias do Estado<br />
da Bahia (Fieb), no Stiep. Medvedovsky<br />
disse que as áreas de infraestrutura<br />
para o setor de óleo e gás,<br />
mineração, energia, petroquímica,<br />
agronegócio e ferrovias são as preferidas<br />
entre os russos. Como é o<br />
caso de um grupo de altos executivos<br />
deste país, que aportaram para<br />
vasculhar as minas de escândio, o<br />
tálio e o lítio, de propriedade do ex-<br />
-rei da soja Olacyr de Moraes. Esses<br />
metais largamente usados pela<br />
indústria de tecnologia de ponta e<br />
que chegam a ser dez vezes mais<br />
caros que o ouro.<br />
Bahia terá primeira mina de<br />
vanádio das Américas<br />
Em fase de implantação no interior<br />
baiano, a Vanádio de Maracás S/A,<br />
primeira mina de vanádio das Américas,<br />
conta com um aporte de R$555<br />
milhões em investimentos. Parte desse<br />
valor é proveniente do Banco Nacional<br />
de Desenvolvimento Econômico<br />
e Social (BNDES) e outra parte de<br />
acionistas do grupo canadense Largo<br />
Resources, sócio majoritário da empresa<br />
de mineração. No pico das obras de<br />
construção do empreendimento, cerca<br />
de 1,5 mil empregos diretos serão<br />
gerados no município. O lançamento<br />
da pedra fundamental da Vanádio de<br />
Maracás aconteceu no dia 21 de fevereiro,<br />
em Maracás (a 365km de Salvador),<br />
com a presença do governador<br />
da Bahia, Jaques Wagner.<br />
Aeroportos da Infraero têm nova<br />
forma de acesso à internet<br />
Fotos: João Alvarez/Sistema Fieb<br />
A Infraero disponibilizou uma nova forma de acesso gratuito à internet sem<br />
fio nos seus 12 terminais, incluindo o Aeroporto Internacional de Salvador.<br />
Para acessar o serviço, o passageiro cadastrado entra com a data e o número<br />
do voo, assento e aeroporto de origem. A mudança também é válida para<br />
os passageiros em conexão que tenham vindo de terminais que ainda não<br />
oferecem o serviço.<br />
22 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Exportações baianas crescem<br />
e já representam 60% do Nordeste<br />
Segundo dados são da Coordenação de Comércio Exterior da Superintendência<br />
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a Bahia teve um<br />
crescimento na participação de exportações do Nordeste e atingiu 60% do<br />
total da região, se tornando líder no setor. Em 2012, as vendas externas baianas<br />
alcançaram US$ 11,27 bilhões, um recorde histórico para o estado. Em<br />
razão do desempenho das commodities agrícolas e minerais e do aumento<br />
das vendas para a Ásia, lideradas pela China, as exportações baianas cresceram<br />
2,3% no ano passado em relação a 2011.<br />
Programa Winning Women Brasil estimula<br />
empresas de mulheres brasileiras<br />
A consultoria internacional Ernst&Young Terco lançou no Brasil o programa<br />
Winning Women, com objetivo de unir empresárias de sucesso e empreendedoras<br />
com potencial de crescimento. A iniciativa, que já funciona nos<br />
EUA e no Reino Unido, irá reunir 15 líderes de negócio de médio porte<br />
parra receber apoio e aconselhamento de executivas de empresas brasileiras<br />
de grande porte, como Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Lisa<br />
Folkersma (ONU) e Sylvia Coutinho (HSBC).<br />
Projeto da ponte Salvador-Itaparica<br />
deve ser concluído em 2018<br />
O projeto da ponte Salvador-Itaparica está previsto para ser licitado no primeiro<br />
semestre de 2014 e concluído em 2018. Uma consultoria a ser contratada<br />
pelo governo da Bahia irá concluir os estudos e lançar o edital de<br />
licitação para a ponte, que integra o Sistema Viário Oeste (SVO). A previsão<br />
de orçamento é de R$7 bilhões, englobando os 12km de ponte, a duplicação<br />
das rodovias e os investimentos com infraestrutura.<br />
Foto: Divulgação
loco de notas<br />
ABIH-BA reúne associados no<br />
Sheraton Hotel da Bahia<br />
Foto: Divulgação<br />
A ABIH-BA reuniu seus associados no Sheraton<br />
Hotel da Bahia, no final de fevereiro,<br />
para que o presidente do grupo, Guilherme<br />
Paulus (fundador da operadora CVC),<br />
apresentasse o novo empreendimento e sua<br />
diretoria aos hoteleiros baianos, além de<br />
discorrer sobre as perspectivas do turismo<br />
nacional e internacional para o ano de 2013.<br />
“Este encontro foi um dos primeiros eventos<br />
no Sheraton Hotel da Bahia, ainda em soft<br />
openning, marcando a reabertura de um ícone<br />
da hotelaria baiana”, pontuou José Manoel<br />
Garrido, presidente da ABIH-BA.<br />
Bahiatursa e American Airlines<br />
fecham parceria<br />
Um acordo feito entre a Bahiatursa e a American Airlines<br />
irá promover a Bahia junto ao mercado norte-americano.<br />
As realizações contam com três eventos com os principais<br />
agentes de turismo das cidades de New York, Chicago e<br />
Miami, a ser feito ainda no primeiro semestre. A nova rota<br />
direta Salvador-Miami, que entrou em operação desde o<br />
dia 15 de novembro de 2012, tem operado com uma média<br />
de 80% de ocupação, segundo divulgação da companhia.<br />
Um terço do café consumido<br />
no mundo é produzido no Brasil<br />
Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Internacional<br />
do Café (OIC), das 144,5 milhões de sacas de café<br />
consumidas no mundo, 50,8 milhões foram produzidas no<br />
Brasil. Com isso, é possível dizer que, de cada três xícaras<br />
de café consumidas no mundo, uma é de origem brasileira.<br />
De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do<br />
Brasil (Cecafé), as exportações do produto geraram uma<br />
receita de US$6,4 bilhões para o país em 2012.<br />
Foto: Divulgação<br />
24 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Salvador está entre<br />
os melhores destinos<br />
da América do Sul<br />
A pesquisa Travellers Choice<br />
2012, feita através de<br />
notas atribuídas por 75<br />
milhões de internautas de<br />
mais de 30 países, apontou<br />
Salvador como um dos 25<br />
melhores destinos na América<br />
do Sul. Salvador ocupa a<br />
12ª posição do ranking, atrás<br />
de outras cidades brasileiras<br />
como Rio de Janeiro (3ª),<br />
Florianópolis (7ª), São Paulo<br />
(10ª) e Búzios (11ª). Entraram<br />
também para o ranking as<br />
cidades de Foz do Iguaçu<br />
(14ª), Parati (17ª), Manaus<br />
(18ª) e Bonito (19ª).<br />
Foto: Divulgação<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
25
imóveis+<br />
Quintas de Arembepe<br />
A Design Resorts ainda celebra o sucesso de vendas da primeira etapa do<br />
Jardins do Litoral, mas já planeja o lançamento de outro empreendimento em<br />
Camaçari: o Quintas de Arembepe. No momento, a empresa se dedica aos aspectos<br />
de licenciamento ambiental, adequando o projeto que deve ser lançado<br />
no segundo semestre de 2014. A ideia é criar um novo bairro planejado em um<br />
terreno de 340 hectares, um mix de residências, comércio e serviços, em área<br />
próxima ao Jardins do Litoral. O diretor da Design Resorts no Brasil, Luis Festas,<br />
divide o seu tempo acompanhando o cronograma do Jardins do Litoral, que terá<br />
ainda mais duas etapas, e planejando esse novo empreendimento.<br />
Por<br />
Núbia<br />
Cristina<br />
Entrega do Hangar<br />
O diretor de novos negócios e marketing da OR - Odebrecht<br />
Realizações Imobiliárias, Franklin Mira, confirma a entrega<br />
do Hangar em 2013, um dos principais acontecimentos do<br />
mercado imobiliário local. Localizado em um terreno de mais<br />
de 28 mil m 2 na primeira rótula do Aeroporto de Salvador, o<br />
complexo vai reunir mais de 800 empresas. São nove torres<br />
no total, com sete ou oito pavimentos cada: duas hoteleiras e<br />
sete torres empresariais, com espaços moduláveis que variam<br />
entre 33 e 845m 2 . O Hangar terá ainda um Green Mall com<br />
infraestrutura de serviços e mais de 50 pontos comerciais.<br />
Três pisos exclusivos para garagens, com mais de 2.500 vagas<br />
disponíveis, ligados diretamente à Avenida Luiz Viana Filho<br />
(Paralela). Existem ainda outras novidades em curso: “Estamos<br />
trabalhando em novos projetos com a marca e as características<br />
da Odebrecht. Inovação e produtos diferenciados, que<br />
trazem a satisfação de produtos únicos”, afirma Mira.<br />
Iberostate e Ponto 4/Coelho<br />
da Fonseca consolidam<br />
parceria institucional<br />
O Iberostate Praia do Forte e a imobiliária Ponto 4/<br />
Coelho da Fonseca firmam parceria para comercialização<br />
de unidades. O pontapé inicial da parceria<br />
foi o lançamento do Reserva do Mar Premium Residences<br />
by Iberostate, condomínio com 36 apartamentos<br />
de frente para o mar e uma estrutura<br />
exclusiva que oferece aos moradores todos os serviços<br />
do Hotel Iberostar. Com projeto do arquiteto<br />
Ivan Smarcevski, as unidades foram divididas em<br />
blocos, com apartamentos térreos (150m 2 ) e duplex<br />
(220m 2 ), todos localizados a menos de 80 metros<br />
do mar. Para criar um ambiente de privacidade e<br />
conforto, o projeto prevê ainda grandes espaços comuns,<br />
em um condomínio fechado, com recepção,<br />
concierge e área de lazer exclusiva com uma piscina<br />
com mais de 800m 2 com bar molhado. Os corretores<br />
da Ponto4/Coelho da Fonseca atendem no<br />
stand de vendas do Iberostate, em Praia do Forte.<br />
Novidade no Rio Vermelho<br />
Tentando desconversar, o arquiteto Antonio Caramelo<br />
confirma a informação de que está trabalhando<br />
em um novo projeto para a Odebrecht Realizações<br />
(OR) no Rio Vermelho. A OR teria comprado<br />
imóveis na Rua Barro Vermelho, um local eminentemente<br />
residencial que dá acesso à paradisíaca<br />
Praia do Buracão, e planeja erguer um empreendimento<br />
de alto padrão. “Existem estudos, a Odebrecht<br />
pesquisa muita coisa”, afirma o arquiteto. Uma<br />
fonte do mercado imobiliário baiano confirma que<br />
a empresa comprou vários imóveis na região.<br />
Foto: Divulgação<br />
26 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Energia Renovável<br />
A Produman Engenharia foi contratada<br />
pela ERB - Energias Renováveis do Brasil,<br />
para a implantação global de um<br />
empreendimento de energia renovável<br />
que está sendo instalado no município<br />
de Candeias. Trata-se de uma unidade<br />
de cogeração que vai atender ao complexo<br />
industrial da Dow Brasil, localizado<br />
em Aratu, utilizando eucalipto de<br />
reflorestamento como matéria-prima<br />
para geração do vapor (fonte de energia<br />
para o parque industrial). Até o momento,<br />
as obras do projeto, que é fruto<br />
de uma parceria entre a Dow e a ERB,<br />
geraram 223 empregos para a comunidade<br />
de Candeias e localidades próximas.<br />
A unidade vai entrar em operação<br />
no segundo semestre deste ano.<br />
Terras Alphaville<br />
Foto: Divulgação<br />
Fontes do mercado imobiliário apontam<br />
que a Alphaville Urbanismo<br />
planeja seis novos lançamentos no<br />
interior do estado em 2013 com a<br />
marca Terras Alphaville, mas o diretor<br />
comercial e novos negócios da<br />
Alphaville, Fábio Valle, não confirma,<br />
embora reforce a importância do estado<br />
para os planos de crescimento da<br />
empresa. “Acreditamos que a Bahia e<br />
o Nordeste são estratégicos, por isso,<br />
destinamos grande parte dos nossos<br />
investimentos para essa região”. Ele<br />
reforça que a Alphaville já tem sete<br />
empreendimentos na Bahia, “tendo a<br />
sua presença consolidada”.<br />
A força da MRV no Nordeste<br />
Foto: Divulgação<br />
O diretor comercial do Nordeste da MRV Engenharia e Participações S/A,<br />
Yuri Chain, acredita que este será um ano excepcional para a empresa na<br />
região. Em 2013, a MRV pretende lançar oito mil unidades no Nordeste.<br />
No primeiro semestre está previsto o lançamento de um empreendimento<br />
de 400 apartamentos em Salvador, no bairro de Narandiba, e outro nas<br />
proximidades do Salvador Norte Shopping, em São Cristóvão. Além disso,<br />
dois novos empreendimentos serão lançados na cidade de Feira de Santana.<br />
“Somos hoje uma das maiores construtoras de projetos residenciais do<br />
Nordeste. Os planos para a região são ambiciosos, apostamos cada vez mais<br />
nos projetos aqui desenvolvidos e o nosso grande objetivo é retribuir toda a<br />
confiança em nossa marca, possibilitando às pessoas a compra do primeiro<br />
imóvel, ajudando a melhorar a qualidade de vida”, destaca Chain.<br />
Em 2012, a empresa bateu recorde de lançamentos e vendas no<br />
Nordeste, alcançando a posição de maior regional da MRV Brasil em vendas,<br />
celebrando um crescimento de 50% em relação a 2011. “Vendemos quase seis<br />
mil imóveis na região e isso só foi possível em virtude de algumas conquistas<br />
pontuais”. A MRV se consolidou na Bahia como uma das duas maiores<br />
construtoras em volume de obras e vendas no estado, conquistando dois<br />
novos e importantes mercados: Camaçari e Feira de Santana.<br />
Graduado em administração de empresas, com MBA em marketing<br />
pelo IBMEC, esse mineiro que fixaria residência em Salvador, se a rotina<br />
de viagens pelas principais cidades nordestinas permitisse, ingressou na<br />
MRV Engenharia em 1997, como estagiário da área de marketing. Nessa<br />
época a empresa era uma pequena construtora local, que ensaiava dar<br />
os primeiros passos em outras cidades do interior de São Paulo. “Tive a<br />
felicidade e o privilégio de acompanhar o crescimento da companhia, a<br />
cada ano nossas metas eram mais desafiadoras e sistematicamente nos<br />
surpreendíamos em superá-las”.<br />
Em 2007, no momento em que a construtora estava comprando os<br />
primeiros terrenos em Salvador e Fortaleza, o diretor comercial aceitou o<br />
desafio de criar a regional Nordeste. “De imediato, percebi que seria uma<br />
grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional, por isso aceitei<br />
prontamente o desafio de começar tudo praticamente do zero, numa região<br />
desconhecida para mim”. Hoje, ele conhece bem a cultura, o comportamento<br />
e as diferenças regionais. “Considero-me o mais nordestino dos mineiros”, diz.<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
27
mídia+ | perfil<br />
Foto: Divulgação<br />
O<br />
publicitário Paulo Coelho acumula a<br />
experiência de 20 anos à frente da Mago<br />
Comunicação, uma das principais agências<br />
baianas, tendo como clientes hoje Festival de Verão,<br />
Carnaval de Salvador, Sammar Veículos, Churrascaria<br />
Boi Preto, além de ter sido presidente do Sindicato<br />
das Agências de Propaganda (Sinapro Bahia). No<br />
dia 13 de dezembro de 2012, o reconhecimento: a<br />
Associação Baiana do Mercado Publicitário premiou<br />
Paulo Coelho como o melhor dirigente de agência de<br />
propaganda no estado da Bahia.<br />
Tal vivência faz Paulo conhecer a fundo a<br />
realidade do mercado tanto na Bahia como no<br />
Brasil. Por isso critica o atual modelo do mercado<br />
publicitário nacional, onde faltam investimentos<br />
regionais dos grandes anunciantes, e o fraco<br />
desempenho da economia baiana. Para ele, a<br />
verdade é que a propaganda baiana diminuiu. “É um<br />
sentimento de saudosismo, talvez, de um tempo em<br />
que o mercado baiano era pujante, com clientes e<br />
profissionais ótimos para trabalhar”.<br />
É preciso<br />
repartir o<br />
bolo<br />
Paulo Coelho, diretor da Mago<br />
Comunicação, anda nada satisfeito<br />
com as oportunidades do mercado<br />
baiano e declara que as agências<br />
que trabalham só com o setor<br />
privado estão “dentro d’água”<br />
A Bahia ainda é uma escola para a<br />
publicidade como nos tempos em que<br />
exportamos grandes profissionais?<br />
Já foi! Era assim em uma época em que a propaganda<br />
na Bahia era pulsante. Aqui a gente não tem mais um<br />
mercado vigoroso, para formar bons profissionais de<br />
publicidade. Você lembra da Romelsa, Tio Correia e<br />
tantas outras lojas de eletrônicos e supermercados<br />
que eram locais? Pois é, hoje não temos mais nada. A<br />
verdade é que, sem anunciantes, a propaganda baiana<br />
diminuiu. Pernambuco tem um PIB muito menor do que<br />
o nosso e já passou a gente em termos de publicidade.<br />
Os únicos grupos grandes que ainda existem aqui são<br />
a Odebrecht e a OAS. E a Odebrecht, dentro do seu<br />
campo de atuação industrial, não tem grande interesse<br />
em publicidade e os setores de comunicação estão<br />
baseados em São Paulo. A situação é que nada anda<br />
quando você tira o centro de decisões daqui. A Bahia<br />
recebe grandes indústrias, como Ford, Bosch, Nestlé,<br />
mas só o setor operacional está aqui. O cara que pensa<br />
o desenvolvimento da marca e dos produtos está fora.<br />
E os grandes anunciantes nacionais seguem<br />
sem investir aqui, mesmo com a força que<br />
o Nordeste ganhou comercialmente?<br />
A relevância que o Nordeste ganhou na econômica<br />
ainda não se reflete na publicidade. Se você observar,<br />
nosso percentual de consumo está em torno de 12% da<br />
28 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
economia do Brasil. Agora nossa participação no bolo de<br />
mídia publicitária é de 3,5%. É desigual. Poucas empresas<br />
nacionais fazem uma atuação como a Vivo faz, por exemplo.<br />
A Mago atende a Vivo dando suporte para as três agências<br />
nacionais da marca (Young, África e DPZ) para ações dentro<br />
da realidade da Bahia.<br />
Quem é que não reparte esse bolo?<br />
Um diretor de marketing não quer repartir o seu poder por<br />
todo o país, em agências menores, em veículos menores.<br />
Se o cara tem R$10 milhões para investir, é claro que<br />
todos os veículos gigantes nacionais vão ficar babando<br />
por esse dinheiro. Se repartir por todo o país, é claro que<br />
teria resultado nas vendas, mas o cara iria perder seus<br />
benefícios, viagens e tudo mais.<br />
Você já conseguiu furar esse modelo?<br />
Olha que eu tenho 20 anos de mercado e só consegui uma<br />
vez. Foi quando fizemos uma campanha da Bombril com<br />
Ivete Sangalo. Agora por quê? Porque foi a área comercial<br />
de Recife que pressionou, alegando que estavam<br />
perdendo mercado para o Assolan no Norte e Nordeste.<br />
Assim foi destinada uma verba para cá e a gente ganhou<br />
a concorrência. O resultado é que deu um impacto<br />
fortíssimo. Isso deveria servir de case para mostrar que<br />
devemos fazer isso toda hora!<br />
As marcas perdem então oportunidade<br />
de venda e de posicionamento?<br />
Claro. A Ford está aqui já tem tanto tempo e parece<br />
não perceber que em Salvador tem uma praia de nome<br />
Placaford. Esse nome surgiu por causa de uma grande<br />
placa promocional da Ford que existia em frente à praia,<br />
que foi moda durante os anos 60. Imagine se fazem um<br />
acordo com a prefeitura e colocam novamente a placa,<br />
explicando que ela remete à história do lugar, à origem<br />
da empresa no Brasil! Não acontece porque quem pensa<br />
marketing não está aqui para conhecer a nossa história.<br />
Mas por que as agências locais<br />
não propõem essas ações?<br />
Olha, a gente já bateu cabeça com algumas coisas. No<br />
primeiro momento, achamos que era inocentemente falta<br />
de conhecimento das agências nacionais. Então, fomos<br />
nos apresentar como parceiros proativos, capazes de<br />
criar soluções regionais. Eles nos recebem muito bem,<br />
mas ao virar as costas nos dão “uma banana”! São muito<br />
vorazes e agressivos para manter o mundo deles. Só<br />
quem tem o poder de mudar isso é o anunciante, mas<br />
nem sempre conseguimos sem o apelo da área de venda.<br />
Quem é o mercado anunciante que<br />
sustenta as agências na Bahia hoje?<br />
Como não temos os grandes anunciantes, o mercado é<br />
varejo e serviço. Para se ter uma ideia, o mercado de<br />
educação antes tinha 20 instituições que anunciavam.<br />
Agora, com a consolidação [das empresas], só<br />
temos cerca de dez anunciantes, e destes, cinco são<br />
atendidos por agência de fora. Uma Área 1 e Ruy<br />
Barbosa, depois que foram compradas por grupos de<br />
fora do estado, são clientes de agência de Recife. Até<br />
nisso estamos perdendo.<br />
Há algum movimento para<br />
solucionar essas questões?<br />
Estamos conversando com o governo do estado, mas ainda<br />
de forma muito incipiente, para cobrar das empresas<br />
que estão vindo para cá que trabalhem com as agências<br />
locais. Não faz sentido uma indústria se instalar aqui e<br />
trazer toda a inteligência de fora. Mas há uma pobreza tão<br />
grande de nessa gestão que estamos caminhando para ter<br />
um estado de massa, onde cinco ou dez famílias são ricas e<br />
todo o resto não tem oportunidade.<br />
Em 2012, você ganhou o prêmio de melhor<br />
diretor de agência da Bahia. Está satisfeito<br />
com os resultados que vem alcançando?<br />
Empresarialmente não estou nem um pouco satisfeito com<br />
as oportunidades que o mercado nos dá. Como empresário<br />
ainda não consegui ser aquele médico que não sente a dor<br />
do paciente. Eu sinto dor e me incomodo muito em ver<br />
um monte de estagiário sem conseguir entrar no mercado,<br />
ou quando atendo um cliente em potencial e a coisa não<br />
decola. É um sentimento de saudosismo, talvez, de um<br />
tempo em que o mercado baiano era pujante, com clientes<br />
e profissionais ótimos para trabalhar. Hoje poucos clientes<br />
ligam para as imagens deles, só querem vender, e isso<br />
não é culpa só deles, mas é porque não existe uma<br />
formação do mercado.<br />
Como presidente da Sinapro, você acompanhou<br />
todo o mercado das agências. Essa situação que<br />
você aponta é uma realidade de todas as agências?<br />
Quando falamos no cenário geral das agências, temos<br />
que ir com calma. A gente tem que reconhecer que a<br />
Bahia tem as agências que mais atendem contas públicas<br />
do país. Link, Propeg, SLA, Leiaute são algumas delas<br />
que atendem enormes contas de governos e empresas<br />
estatais. As agências com esse viés político estão muito<br />
bem atendidas. Na área comercial, privada, é que<br />
estamos dentro d’água. [<strong>B+</strong>]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
29
mídia+<br />
Foto: Divulgação<br />
APOIO<br />
Institucional<br />
Bruno Cartaxo na Morya Bahia<br />
Depois de 11 anos atuando na Ideia3 Comunicação, Bruno Cartaxo<br />
retorna à Morya, agência onde iniciou sua carreira, ainda como estagiário.<br />
Premiado em diversos festivais nacionais e internacionais,<br />
Cartaxo assume a direção de criação. Desde 2011, a Morya Brasil<br />
faz parte do Grupo ABC, maior holding de comunicação do Brasil e<br />
um dos 18 maiores grupos de marketing e comunicação do mundo.<br />
Galo Skol: ideia com<br />
resultados gigantes<br />
Visibilidade, engajamento social, responsabilidade<br />
com o meio ambiente, reciclagem, incentivo<br />
à cultura local e valorização da arte. Esses<br />
foram os ingredientes usados pela agência<br />
baiana Marcativa Comunicação Estratégica na<br />
criação do Galo Skol, um gigante de 15 metros<br />
de altura e 12 toneladas, fabricado com mais<br />
de 37 mil latinhas de Skol pela artista plástica<br />
pernambucana Thiana Santos. A iniciativa foi<br />
uma homenagem prestada à cidade de Recife<br />
e ao Galo da Madrugada, o maior bloco de<br />
Carnaval do mundo. O projeto envolveu cinco<br />
associações de catadores de latas e ONGs, e<br />
mais de 60 trabalhadores locais, durante os<br />
meses de janeiro e fevereiro. “Foi um projeto<br />
que gerou orgulho para todos os envolvidos,<br />
pois conseguimos através de uma estratégia<br />
de marketing diferenciada ativar a marca do<br />
nosso cliente Skol somando valores sustentáveis”,<br />
afirmou Aline Lasza, diretora de atendimento<br />
e novos negócios da Marcativa.<br />
A armadilha do crack<br />
Para conversar com o jovem tem que chocar positivamente,<br />
sair do anonimato dos comerciais tradicionais, dialogar com<br />
as redes sociais e ser de fácil entendimento. A campanha<br />
contra o crack criada pela Engenhonovo para a Secretaria da<br />
Segurança Pública faz parte do programa Pacto Pela Vida, do<br />
governo da Bahia. É uma campanha real, feita após conversas<br />
com usuários reais, que também deram depoimentos para o<br />
rádio e para vídeos na internet. Também é realista quando<br />
afirma que o crack é uma armadilha, uma ilusão.<br />
SLA realiza campanhas do governo federal<br />
Com atuação na Bahia, Ceará, Sergipe e Distrito Federal, a SLA<br />
possui uma carteira diversificada de clientes, e, entre eles, os ministérios<br />
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Justiça; e Desenvolvimento<br />
Social e Combate à Fome. Duas produções tiveram<br />
destaque nacional: a campanha nacional do desarmamento e a de<br />
recadastramento do Bolsa Família. Com o conceito “Proteja sua<br />
família. Desarme-se”, a campanha do desarmamento trouxe uma<br />
abordagem emocional e buscou desconstruir a ideia de que ter<br />
arma é proteção, tendo utilizado os meios TV, rádio, revista, mobiliário<br />
urbano, painel de metrô, busdoor e internet. Já a campanha<br />
do Bolsa Família teve como objetivo convocar os beneficiários do<br />
programa para a atualização cadastral.<br />
30 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Experiências 34 | Startup 38 | [C] Luiz Marques 48<br />
negócios<br />
40 44<br />
Bahia: Maior<br />
produtor de guaraná<br />
do mundo<br />
A ciência<br />
aqui e agora
negócios | experiências<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
Terra<br />
à vista:<br />
Lojas-contêineres<br />
descobrem a Bahia<br />
Ambientalmente corretas<br />
e atraentes no aspecto<br />
visual, as estruturas<br />
reaproveitadas viram<br />
negócios cada vez mais<br />
lucrativos. A primeira loja<br />
em Salvador foi inaugurada<br />
em novembro. Mais oito<br />
franquias devem ser criadas<br />
na Bahia durante 2013<br />
As sócias Ana<br />
Santiago (à<br />
esq.) e Patrícia<br />
Fernandes tiveram<br />
que enfrentar a<br />
burocracia do TVL<br />
para inaugurar a<br />
loja feita dentro de<br />
um contêiner<br />
por<br />
Murilo<br />
Gitel<br />
O<br />
empresário gaúcho André Krai<br />
desejava investir em uma rede<br />
própria de lojas de roupa, mas o valor<br />
alto dos aluguéis fez com que ele guardasse<br />
a ideia na gaveta, durante certo tempo. Uma<br />
viagem a Cingapura, no entanto, reacendeu<br />
o sonho adiado. Foi no país asiático que ele<br />
conheceu uma loja móvel instalada em uma<br />
caixa de metal que lembrava um contêiner. Ele<br />
conta que achou a ideia sensacional e, quando<br />
voltou para o Brasil, viu na grande quantidade<br />
de contêineres abandonados nos portos a<br />
matéria-prima ideal para as suas lojas.<br />
“É uma estrutura inteligente, barata,<br />
ecologicamente correta, sustentável e,<br />
principalmente, versátil”, destaca Krai, que<br />
afirma ter feito o maior acerto na vida. “Poucos<br />
acreditaram que daria certo, porque o<br />
contêiner tem uma estrutura feia, bruta<br />
e transformá-lo em algo delicado, bonito<br />
e confortável foi um desafio”, declara.<br />
Atualmente proprietário da franquia Container<br />
Ecology Store, o empresário possui cerca de<br />
80 lojas em quase todos os estados do país<br />
(menos Piauí e Acre) e algumas no exterior,<br />
principalmente na Espanha. Os negócios<br />
em contêineres do grupo administrado por<br />
André Krai abrangem os setores de moda,<br />
alimentação (rede de temakerias), salões de<br />
beleza e rede de produtos para crianças e<br />
bebês. “Abrimos 30 franquias em 2012 e temos<br />
a meta de inaugurar mais 50 em 2013”, projeta<br />
o empresário. Segundo ele, o crescimento<br />
médio na receita supera os 80% ao ano.<br />
32 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Foto: Edson Pelence<br />
Eles mandam uma equipe de montagem<br />
para içá-los e padronizá-los no próprio<br />
terreno onde vai ficar a loja”, explica<br />
Patrícia, que afirma ter tido um investimento<br />
total de R$ 450 mil para viabilizar o negócio.<br />
As estruturas das lojas utilizam também<br />
materiais reciclados internos e externos, tais<br />
como araras que são feitas de corrimão de<br />
ônibus, decks de casca de arroz, prateleiras<br />
de madeira legal e cadeira de latão.<br />
“A Bahia vem crescendo muito. Temos a expectativa<br />
de abrir mais oito franquias em 2013 e já temos<br />
candidatos em diversas cidades do estado”<br />
André Krai, proprietário da Container Ecology Story<br />
Fotos: Divulgações<br />
Mercado baiano<br />
E se engana quem pensa que o mercado baiano apenas assiste aos<br />
negócios em contêineres virarem uma tendência cada vez mais viável no<br />
Brasil. “Temos a expectativa de abrir mais oito franquias na Bahia em 2013<br />
e já temos candidatos em diversas cidades”, adianta André. A primeira<br />
inauguração aconteceu em novembro, na Barra (Rua Francisco Otaviano<br />
n° 78), por meio de iniciativa das empresárias Patrícia Fernandes, Ana<br />
Santiago e Veruska Quaresma. Formada por três contêineres, a loja vende<br />
marcas como Abercrombie, Índigo Jeans, Hollister, Lacoste Live, Coca Cola<br />
Clothing, Shop 126, Lança Perfume (beachwear e acessórios) e Triton.<br />
“Os clientes ficam encantados. Não imaginavam que aqui dentro fosse<br />
tão lindo e aconchegante. Ficam surpresos, muitos nunca viram [loja em<br />
contêiner]”, relata Patrícia. Segundo a empresária, o pacote disponibilizado<br />
pela franqueadora inclui o transporte das estruturas e a instalação dos<br />
contêineres no terreno por uma equipe local da Ecology Store.<br />
“São contêineres com mais de 20 anos de uso, que são reciclados e<br />
preparados para a montagem da loja. Cada contêiner veio em uma carreta.<br />
Burocracia para o TVL<br />
Mas como toda ideia nova costuma<br />
implicar dificuldades para ser aceita,<br />
viabilizar um negócio com esse grau de<br />
inovação também pode ser um caminho<br />
de espinhos. “Achei que teríamos menos<br />
trabalho quanto a preparar o terreno,<br />
colocar todas as ferragens embaixo,<br />
construir piso, montar deck, área de<br />
estacionamento, aprovação de prefeitura”,<br />
enumera Patrícia.<br />
De acordo com a empresária, os<br />
funcionários da prefeitura não sabiam<br />
como aprovar o projeto porque ele ficava<br />
“dentro de um contêiner”, desconheciam<br />
sobre qual categoria enquadrá-lo. “Tive<br />
que tentar a aprovação três vezes. Só para<br />
liberar o TVL [Termo de Viabilidade de<br />
Locação], eu tive que explicar, mandar<br />
arquiteto, engenheiro e mexer com<br />
uma pessoa conhecida para conseguir a<br />
liberação”, relembra.<br />
Outra batalha para a sócia da loja foi<br />
conseguir a aprovação do seguro junto ao<br />
banco. Como os negócios em contêineres<br />
só começaram a se desenvolver no Brasil<br />
nos últimos cinco anos, o fator risco pode<br />
ser levado em conta. “O Itaú, do qual sou<br />
correntista há muitos anos, reprovou<br />
nosso pedido. Já a Caixa Econômica<br />
Federal aprovou.”<br />
Mesmo assim, as perspectivas são as<br />
melhores possíveis. “Queremos abrir mais<br />
duas lojas em Salvador em curto prazo,<br />
mas ainda é tudo muito novo, estamos<br />
sentindo o mercado”, pondera Patrícia,<br />
cuja meta é fechar dezembro com um<br />
faturamento 100% maior em relação aos<br />
resultados dos últimos meses de 2012. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
33
negócios | experiências<br />
Luxo<br />
até na<br />
hora de<br />
dormir<br />
É possível um colchão ser<br />
tão desejado a ponto de<br />
ser um artigo de grife? A<br />
resposta de Wilna Carneiro<br />
é sim. Butique de colchões<br />
desperta interesse das<br />
classes A e B de Salvador<br />
por Renata Prezza<br />
F<br />
ilha de Feira de Santana, a empresária Wilna Carneiro apostou<br />
na ideia de vender colchões de luxo e levou para a Alameda<br />
das Espatódeas, em Salvador, a loja da Vivar Sleep Center,<br />
direcionada às classes A e B. Optar por investir em um produto bastante<br />
segmentado não foi uma escolha aleatória. Consolidada no Rio Grande<br />
do Sul há 11 anos, a vinda da marca para terras baianas foi pensada<br />
em conjunto, como explica Wilna: “A Vivar foi fundada por Bruno<br />
Dias, que cresceu dentro de uma fábrica de colchões acompanhando os<br />
negócios com o pai Rubens. A experiência lhe permitiu perceber que a<br />
redução da qualidade dos colchões em busca de melhores preços, que<br />
o mercado impunha, era um caminho prejudicial para o consumidor<br />
e também para o comerciante. Com isso, procurou, além de produtos<br />
com alto padrão de qualidade, oferecer um atendimento consultivo que<br />
garantisse a compra mais adequada para cada cliente”.<br />
Segundo a franqueada, assim como acontece no Sul do país, os<br />
consumidores baianos já começaram a dizer que querem comprar um<br />
Vivar, ao invés de, simplesmente, colchões e travesseiros, comparando<br />
a grife às luxuosas marcas de roupa, carros e joias. Ocupam o estoque<br />
da loja os melhores colchões do mundo: Restopedic, Serta e a linha<br />
exclusiva Vivar, que segue o padrão norte-americano. Os produtos<br />
variam de R$2 mil a R$20 mil.<br />
Adaptada ao cenário baiano, a franquia soteropolitana já ensina à<br />
matriz. “O start-up de uma empresa envolve, além de dinheiro, muita<br />
energia e dedicação. Desde a concepção do projeto, passando pela reforma<br />
e adaptação da loja, investimos também em treinamento. Técnicos da rede<br />
vieram para cá e até hoje realizam treinamentos constantes. O interessante é<br />
que tem ocorrido uma troca muito positiva, pois eles ficam encantados com o<br />
jeito de ser do baiano e isso dá mais leveza ao grupo”, avalia Wilna.<br />
Com pouco mais de um ano em Salvador, a franqueada diz já assegurar<br />
um bom retorno sobre o generoso investimento inicial. O planejamento<br />
comercial foi realizado em 90%, contrariando a realidade do setor, que não<br />
teve a expectativa atendida em 2012. “Hoje já estamos com o dobro do<br />
faturamento relativo ao mesmo período do ano passado”, garante Wilna, que<br />
estuda inaugurar a segunda loja ainda em 2013. [<strong>B+</strong>]<br />
Fotos: Divulgação<br />
34 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
35
negócios | startup<br />
O shopping<br />
na palma da<br />
sua mão<br />
Iniciativa de startup de três<br />
jovens baianos une a tecnologia<br />
às lojas de shoppings para levar<br />
ao consumidor as promoções<br />
das melhores vitrines através<br />
de um aplicativo para celulares.<br />
A inovação rendeu a segunda<br />
colocação do concurso Wayra<br />
Contest no Campus Party<br />
por Carolina Coelho<br />
fotos Rômulo Portela<br />
A<br />
o entrar no shopping, você se depara<br />
com 400 lojas e três andares à sua frente.<br />
Para achar o que procura é preciso gastar<br />
algumas horas e bater muita perna em meio a multidão<br />
que não para de circular. Quem nessa situação nunca<br />
desejou ter uma bússola para ir direto à loja que oferece<br />
o produto desejado com o melhor preço?<br />
Pensando em unir quem quer comprar a quem quer<br />
vender, a equipe do SmartPanda criou um aplicativo que<br />
mostra todas as promoções disponíveis do shopping direto<br />
no seu celular. Com download gratuito, o programa quer<br />
trazer a tecnologia existente nos celulares para facilitar as<br />
compras e aumentar as vendas.<br />
A ideia partiu de três jovens baianos, Davi Barbosa<br />
(28), Ivo Machado (25) e Vicente Machado (27), que<br />
após se conhecerem no evento do Startup Weekend<br />
Salvador, realizado em agosto de 2012, puderam mesclar<br />
experiências e campos de atuação para criar o aplicativo<br />
SmartPanda. Lançado em janeiro deste ano, a novidade já<br />
está funcionando nos shoppings Paseo Itaigara e Estrada<br />
do Coco, e tem previsão para agregar o shopping Itaigara,<br />
Iguatemi e Salvador Norte ainda no primeiro semestre.<br />
36 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
“Nossa geração<br />
está muito atenta<br />
às inovações<br />
online, mas<br />
ainda não<br />
perdemos a<br />
vontade de tocar<br />
no produto’’<br />
Davi Barbosa,<br />
sócio do aplicativo<br />
Davi, Vicente e Ivo<br />
mostram os diversos<br />
dispositivos para<br />
acessar o aplicativo<br />
Smart Panda<br />
Mesmo com toda a ascensão do e-commerce, o trio aposta nas lojas<br />
físicas como principais alvos de consumo. “Nossa geração está muito atenta<br />
às inovações online, mas ainda não perdemos a vontade de tocar no produto,<br />
experimentá-lo antes de comprar”, explica Davi. “Além disso, ainda existe<br />
muita gente que se sente inseguro com as compras online por estar mais<br />
exposto a fraudes no cartão de crédito, sem contar com o tempo que é<br />
preciso esperar para o produto chegar até você”, ele continua.<br />
A aliança dos lojistas e do aplicativo é fundamental para o sucesso<br />
do SmartPanda: “Os vendedores contribuem 90% para que nossa<br />
ferramenta atenda as necessidades dele”, explica Vicente. São os<br />
próprios lojistas que cadastram as promoções no programa, de uma<br />
a cinco por dia, dependendo do plano escolhido entre os pacotes que<br />
variam de R$34,90 a R$151,90 mensais.<br />
O SmartPanda TV vem integrado ao aplicativo, que possibilita a<br />
interatividade da mídia indoor, com a passagem de todos os anúncios<br />
da promoção para uma televisão. O serviço também pode ser útil para<br />
os shoppings, divulgando os descontos através dos painéis interativos<br />
existentes em algumas praças de alimentação. A novidade tem agradado os<br />
lojistas, que veem o produto como incremento para as vendas. “Como temos<br />
certa deficiência de público, é uma ótima iniciativa para atrair as pessoas.<br />
Diferente de uma placa de outdoor, sei que estou alcançando o público-alvo<br />
certo”, afirma Camila Alemary, lojista do shopping Paseo.<br />
Para prevenir que o consumidor<br />
receba uma enxurrada de promoções<br />
que não lhe interessa, o aplicativo faz<br />
uma análise do perfil da pessoa assim<br />
que ela faz o login através do Facebook.<br />
Dados como gênero, idade e futuramente<br />
a identificação de palavras mais escritas<br />
são usadas como informações para<br />
personalizar as promoções exibidas.<br />
Assim o aplicativo não corre o risco<br />
de ser considerado uma forma de<br />
panfletagem online.<br />
Apesar de recente, o aplicativo<br />
ganhou credibilidade nacional depois<br />
de conquistar o segundo lugar do Wayra<br />
Contest no Campus Party, em São Paulo.<br />
Mais de 90 startups do Brasil inteiro se<br />
inscreveram na competição da Telefônica.<br />
Os vencedores levaram para casa um<br />
smartphone e o prêmio mais cobiçado da<br />
noite: o contato para o acesso direto com o<br />
presidente da Wayra, Carlos Pessoa.<br />
Animados, os rapazes já planejam novos serviços a serem<br />
adicionados no programa a longo do ano. O próximo passo é permitir<br />
que o consumidor possa reservar o produto via o aplicativo, indo à loja<br />
apenas para fazer o pagamento e retirar a peça. “Estamos indo bem<br />
para quem está no começo. Isso só mostra que podemos fazer muito<br />
mais”, comemora Davi. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
37
negócios | agronegócio<br />
GUARANÁ:<br />
MAIOR PRODUTOR DO<br />
MUNDO FICA NA BAHIA<br />
No baixo sul baiano, o município de<br />
Taperoá vem chamando a atenção pela<br />
quantidade de guaraná que produz. Na<br />
última temporada, entre novembro de<br />
2011 e março de 2012, foram colhidas<br />
2.540 toneladas do fruto. O número<br />
já supera a produção do tradicional<br />
guaraná amazonense e empresas<br />
alemãs já importam da região. No<br />
entanto, o guaraná baiano continua sem<br />
reconhecimento nacional e investimento<br />
para se tornar um polo de exportação<br />
por Carolina Coelho<br />
P<br />
oucos sabem, mas a Bahia é o maior<br />
produtor de guaraná do mundo. O<br />
cipó paullinia cupana, originário da<br />
Amazônia e famoso pelo seu efeito estimulante,<br />
parece ter se adaptado bem às terras baianas e<br />
vem rendendo bons frutos para os agricultores<br />
da região do baixo sul. Na colheita passada,<br />
feita entre novembro de 2011 a março de 2012,<br />
os mais de 15 mil agricultores familiares da<br />
região conseguiram 2.540 toneladas de guaraná,<br />
contra 1.080 toneladas colhidas na Amazônia. A<br />
expectativa para este ano é ainda maior. A atual<br />
safra espera atingir a marca de 2,8 mil toneladas.<br />
Taperoá tem a liderança mundial da<br />
produção, com 800t por ano, mas outros<br />
municípios situados na Costa do Dendê, como<br />
Valença, Ituberá, Igrapiúna, Camamu, Nilo<br />
Peçanha, Maraú, Tancredo Neves e Gandu,<br />
Foto: Carolina Coelho<br />
38 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
também são fortes produtores, englobando juntos<br />
cerca de 7.600 hectares de área plantada. Enquanto na<br />
Amazônia a produção é de 130kg por hectare, a Bahia<br />
chega a produzir 400kg na mesma área.<br />
O interesse cada vez maior das fábricas de bebidas e<br />
indústrias farmacêuticas pela cafeína obtida do guaraná<br />
(também conhecida como guaraína) tem estimulado os<br />
agricultores e aumentado o preço do guaraná baiano<br />
no mercado. Se em 1999 o quilo do grão do guaraná era<br />
comercializado por R$0,90, atualmente o preço chega<br />
a R$14. Para elevar o lucro, os agricultores precisam<br />
transformar o grão em pó, o que, apesar de causar uma<br />
perda de 30% do produto, faz o produto a ser vendido<br />
por R$40 o quilo. O manejo desta técnica mais precisa,<br />
entretanto, ainda não abrange todas as famílias produtoras.<br />
Com uma taxa de cafeína de 3,5 a 5,5%, em média,<br />
o guaraná pode atingir até 8% do composto em sua<br />
composição. A preferência das indústrias compradoras<br />
pelo guaraná de teor mais alto tem feito os agricultores<br />
buscarem o melhor método de secamento e processamento<br />
para alcançar o padrão desejado. Ainda sem as pesquisas<br />
necessárias e a tecnologia adequada, os agricultores<br />
continuam trabalhando na base da tentativa para descobrir<br />
o que fazer para manter o nível da cafeína elevado.<br />
Amazônia x Bahia<br />
Até os anos 80, o município de Maués, no Amazonas,<br />
era líder absoluto na produção de guaraná, porém a<br />
ampliação do uso comercial da semente animou os<br />
agricultores da antiga zona cacaueira e em menos de<br />
dez anos a Bahia se transformou no maior produtor<br />
mundial. O solo vermelho da região do baixo sul,<br />
seus elevados teores de compostos de ferro, com boa<br />
drenagem interna, são adequados para a produção<br />
de mais de 70 culturas viáveis comercialmente - uma<br />
das maiores taxas do Brasil, se tornando o principal<br />
aliado para o sucesso do plantio.<br />
Além do excelente solo, a Bahia leva mais uma<br />
vantagem. Os danos causados pelas doenças fúngicas,<br />
muito frequentes nas plantações de guaraná do<br />
Amazonas, como antracnose e fusariose, chegam<br />
a resultar perdas de 100% nas colheitas, o que não<br />
ocorre por aqui. Outra doença na cultura, como o<br />
superbrotamento, que causa o excesso das gemas<br />
vegetativas do fruto, também não são vistas na<br />
plantação baiana.<br />
A idade dos guaranazeiros também é um fator<br />
que influencia, já que depois que as plantas passam<br />
dos 20 anos a produção do fruto do guaraná cai<br />
Fotos: Carolina Coelho<br />
(em cima) Depois de colhido, o guaraná<br />
leva de três a quatro dias para atingir<br />
maturação. (ao lado) Colheita feita entre os<br />
meses de novembro a abril pretende bater<br />
a marca das 2,8 mil toneladas<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
39
gradativamente. Por manter uma longa tradição de<br />
cultivo, as plantas da Amazônia já não produzem<br />
mais como antigamente. Para evitar que isso<br />
aconteça por aqui, a Câmara Setorial do Guaraná da<br />
Bahia já pensa em fazer a substituição das plantações<br />
antigas por mudas mais novas.<br />
Todas essas constatações foram feitas quando<br />
uma equipe de técnicos da Empresa Baiana de<br />
Desenvolvimento Agrícola (EBDA) fez uma visita,<br />
em agosto de 2012, às plantações de guaraná na<br />
Amazônia para conhecer as tecnologias utilizadas<br />
pelos produtores amazonenses. “Vimos que o<br />
sistema de produção está mais avançado por aqui”,<br />
confirma Gerval Teófilo, técnico da EBDA e secretário<br />
executivo da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia.<br />
O sistema de reprodução da planta, porém, se<br />
mantém como uma das grandes diferenças entre o<br />
guaraná amazonense e o baiano. Enquanto o Amazonas<br />
trabalha por meio da estaquia e da enxertia com alta<br />
produtividade, a Bahia continua utilizando o método de<br />
reprodução das sementes por falta de pesquisas.<br />
Padronização, comercialização e consumo<br />
Inaugurada em 2010, a Câmara Setorial do<br />
Guaraná tem acompanhado a atividade e<br />
organizado as famílias e cooperativas da região<br />
para estimular a produção do guaraná. O grupo<br />
promove anualmente palestras, seminários e<br />
atividades em campo com técnicos especializados<br />
para instruir os agricultores sobre a melhor forma<br />
de fazer o plantio e comercialização, além de<br />
realizar concursos para eleger o melhor guaraná.<br />
São eles também os responsáveis por solicitarem<br />
pesquisas especializadas à Embrapa sobre o<br />
guaraná baiano.<br />
Além de buscar promover a divulgação do<br />
produto em grandes feiras de agricultura, a<br />
Câmara quer instaurar um padrão de qualidade do<br />
guaraná baiano. “Por enquanto não há um padrão<br />
para o guaraná daqui porque cada agricultor faz e<br />
vende de um jeito, e isso acaba sendo prejudicial<br />
para o crescimento em conjunto da região”,<br />
observa Norival Vieira, ex-vice-prefeito de Taperoá.<br />
Atualmente, a Ambev é a maior compradora<br />
do guaraná da região. Os grãos baianos vão de<br />
caminhão até Belém para depois seguir viagem<br />
por vias marítimas até chegar à fábrica da Ambev<br />
em Manaus, onde os grãos são processados<br />
e comercializados para consumo nacional e<br />
internacional em forma de bebidas, extrato e pó.<br />
Você conhece a lenda do guaraná?<br />
Existem muitas lendas que explicam a origem do guaraná.<br />
A mais famosa conta a história de um casal de índios da<br />
tribo Maués, que por muitos anos sonhou em ter um filho<br />
e pediu a Tupã para dar a eles uma criança. Sabendo<br />
que eram boas pessoas, o rei dos deuses concedeu o<br />
pedido, trazendo a eles um lindo menino. O tempo passou<br />
e o menino cresceu sadio, generoso e bom. No entanto,<br />
Jurupari, o deus da escuridão, com extrema inveja da<br />
felicidade alheia, se transformou em uma serpente<br />
venenosa e mordeu o rapaz, matando-o imediatamente.<br />
A triste notícia se espalhou pela aldeia e fortes raios<br />
caíram naquela noite, um deles enviado por Tupã com a<br />
mensagem de que deveriam tirar os olhos do curumim<br />
e plantar em terra firme, regando com lágrimas durante<br />
quatro luas. Dali nasceria a planta da vida, que daria força<br />
aos jovens e revigoramento aos mais velhos.<br />
Agricultores<br />
familiares são os<br />
únicos produtores<br />
de guaraná na<br />
região do baixo sul<br />
Após debulhamento, guaraná é torrado<br />
e o grão se desprende da casca<br />
Máquinas artesanais<br />
fazem todo o<br />
processamento do<br />
guaraná da região<br />
40 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Fotos: Carolina Coelho<br />
Secretário da Câmara do<br />
Guaraná, Gerval Teófilo aponta<br />
área que precisa receber<br />
novas mudas de guaraná<br />
Gerval e o agricultor Cosme<br />
avaliam condições das<br />
plantações que não recebem<br />
chuva desde dezembro<br />
De onde veio o guaraná de Taperoá?<br />
Em meados de 1970, cerca de 35 famílias japonesas<br />
oriundas do Amazonas e do Pará se instalaram em terras<br />
taperoenses movidas pela promessa de melhoria de<br />
vida em solos férteis, após a decadência do seu principal<br />
produto, a pimenta-do-reino, na região Norte. Junto com<br />
eles, vieram algumas sementes de guaraná, além de<br />
pimenta jamaicana, baunilha, noz-moscada, cravo-da-índia<br />
e canela, fato que influenciou para sempre a vida social,<br />
cultural e agrícola do lugar. Atualmente, são poucos os<br />
japoneses que ainda continuam no município, mas as<br />
especiarias continuam sendo cultivadas na região, junto<br />
com outras culturas, tais quais dendê, cacau, mamão,<br />
mandioca, mangostão, fazendo da agricultura a principal<br />
fonte de renda de Taperoá.<br />
Outras empresas, além de cooperativas baianas,<br />
também compram o guaraná baiano para a produção<br />
de cosméticos, a exemplo da Natura, e bebidas naturais,<br />
como a Frutyba, que há 11 anos fabrica seus produtos<br />
no município de Ituberá. Para Norival, a comercialização<br />
ainda é pouca se comparada ao potencial de produção da<br />
região. “Temos condições para ampliar quatro ou cinco<br />
vezes mais a nossa produção, mas antes disso precisamos<br />
investir em marketing e incentivar o consumo interno do<br />
guaraná para aumentar nossa demanda”, diz ele.<br />
Já Gerval Teófilo vai por outra linha de pensamento<br />
para aumentar a produção. O secretário acredita que<br />
a região precisa dominar a transformação do guaraná<br />
em cafeína para poder vender diretamente para as<br />
indústrias farmacêuticas e de bebidas energéticas.<br />
Porém a falta da tecnologia e maquinário necessários<br />
impossibilita a realização do projeto.<br />
Uma antiga fábrica de guaraná existente em<br />
Nilo Peçanha, mas que nunca chegou a ser ativada<br />
por questões de políticas governamentais internas,<br />
continua sem poder beneficiar os agricultores.<br />
Guaraná orgânico direto para Alemanha<br />
Fundada em 1992, a Cooperativa do Projeto Onca<br />
nasceu depois que um alemão comprou alguns hectares<br />
de terra em Taperoá e as distribuiu para agricultores<br />
da região, para que produzissem guaraná orgânico e<br />
exportassem diretamente para a Alemanha. Na safra de<br />
2011/2012, as 60 famílias do projeto exportaram para<br />
a empresa Zinfo cerca de oito toneladas de guaraná em<br />
pó, vendidos a US$17 o quilo.<br />
Certificado pelo IBD, que todo ano manda técnicos<br />
às plantações para fazer as avaliações, o selo orgânico é<br />
garantido pelo uso de exterco e biogel na compostagem<br />
do adubo e técnicas mais precisas no processamento<br />
do guaraná. Além de exigir a certificação orgânica, a<br />
empresa alemã só compra o guaraná que contém mais<br />
de 4% de cafeína em sua composição. E depois, bem<br />
longe das terras brasileiras, a empresa faz a extração e<br />
usa o guaraná para a fabricação de doces e bebidas.<br />
Este ano a safra orgânica não promete superar<br />
a do ano anterior. “Vamos sofrer uma queda de 30%<br />
na nossa produção por conta da seca. A chuva é<br />
fundamental durante a floração e aqui não chove<br />
desde dezembro”, lamenta o agricultor Carlos<br />
Cosme, há 30 anos produtor de guaraná na região.<br />
Como as plantações de Taperoá ainda não são<br />
equipadas com sistema de irrigação, a solução é<br />
torcer pela chuva para assegurar a sobrevivência<br />
das plantas e famílias. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
41
negócios | inovação<br />
Foto: Brisa Dultra<br />
futuro<br />
da ciência<br />
é agora<br />
Dentre os desafios,<br />
buscar soluções para<br />
doenças complexas<br />
através do uso de<br />
células-tronco<br />
Depois de anos com sua<br />
indústria de transformação pouco<br />
expressiva, a Bahia e o Brasil<br />
buscam formas de fortalecer o<br />
setor de pesquisa e inovação local<br />
por Brisa Dultra<br />
U<br />
ma curiosa pesquisa da Universidade<br />
Federal da Bahia (Ufba) divulgou,<br />
em 2011, que a maioria dos<br />
jovens entrevistados no estado não conhece<br />
nenhuma instituição de pesquisa ou nomes de<br />
cientistas baianos. A investigação explicitou<br />
um desconhecimento que pode ser sentido<br />
empiricamente: Você sabe o que é um instituto de<br />
pesquisa? Conhece algum da Bahia? Quem seriam<br />
os pesquisadores baianos da contemporaneidade?<br />
De acordo com a Fundação de Amparo<br />
à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb),<br />
instituição científica ou tecnológica é “qualquer<br />
órgão ou entidade da administração pública<br />
estadual – direta ou indireta – ou privada,<br />
que tenha por missão institucional executar<br />
atividades de pesquisa básica ou aplicada, de<br />
caráter científico e/ou tecnológico”.<br />
Alzir Antonio Mahl, coordenador da diretoria de<br />
inovação da Fapesb, explica mais: “Pesquisa básica<br />
é aquela mais geral, que não necessariamente<br />
tem uma utilidade específica, também chamada<br />
de pesquisa científica. Já a pesquisa aplicada<br />
é aquela que serve para o desenvolvimento de<br />
um produto específico, tem uma meta, ajuda<br />
no desenvolvimento de algum produto”, afirma.<br />
Ele acrescenta: “Apesar de os institutos serem,<br />
em sua maioria, instituições públicas ou sem<br />
fins lucrativos, existem empresas privadas que<br />
contam com um departamento de pesquisa e<br />
desenvolvimento, fazendo investigações para<br />
desenvolver projetos ou produtos, como a Braskem,<br />
IBM, Telecom e tantas outras. Entretanto, elas não<br />
são consideradas institutos de pesquisa, justamente<br />
por não ter como atividade-fim a pesquisa”.<br />
42 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Os setores de pesquisa e desenvolvimento (P&D)<br />
de uma organização podem levar a uma vantagem<br />
competitiva. Sendo assim, a criação de um setor de<br />
P&D pode proporcionar ganhos diretos à organização,<br />
como no caso do Grupo BB: “Instauramos um setor de<br />
pesquisa e desenvolvimento para inovar em produtos<br />
sustentáveis, para introduzir no mercado produtos úteis<br />
e diferenciados. Unimos”, disse Plínio Bevervanson,<br />
palestrante do Fórum de Sustentabilidade do EcoD<br />
e Sebrae. O grupo criou a Linha Green de produtos<br />
sustentáveis, aproveitando um nicho pouco explorado,<br />
alongou o ciclo de vida de caixas de papelão, chegando<br />
ao reaproveitamento de 120 mil unidades no ano,<br />
reduzindo consumo e alcançando lucros. Segundo<br />
Plínio, bons resultados também foram alcançados<br />
buscando novos insumos, como a fibra de coco,<br />
utilizada por ele na fabricação de canecas.<br />
Ao ser perguntado sobre os planos para a área de<br />
pesquisa e desenvolvimento das indústrias, em coletiva<br />
sobre as perspectivas para a economia industrial baiana<br />
em 2013, o presidente da Federação das Indústrias do<br />
Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas disse<br />
que ainda existe resistência dos próprios empresários<br />
em investir em pesquisa: “É preciso que seja feito um<br />
trabalho de cataquese com esses agentes da economia.<br />
Além disso, estamos investindo principalmente em<br />
educação, pois acreditamos que, sem uma mão de obra<br />
preparada, nenhuma mudança na inovação e indústria<br />
de transformação acontecerá”, declarou.<br />
O Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia)<br />
é um dos poucos conhecidos como instituto de pesquisa<br />
pelos baianos. Para o diretor Mitermayer Galvão, o<br />
reconhecimento é fruto de um competente trabalho<br />
de pesquisa: “Nós trabalhamos em diversas frentes,<br />
desenvolvendo pesquisas básicas que, em grande<br />
parte, se tornam pesquisas aplicadas. Desenvolvemos<br />
um teste para diagnosticar leptospirose que salva<br />
vidas, além de agilizar o trabalho dos médicos. É<br />
importante que, cada vez mais, gestores, industriais<br />
e pesquisadores trabalhem em conjunto para que<br />
o resultado das pesquisas beneficie ainda mais a<br />
sociedade”, declarou, lembrando que o maior desafio<br />
da pesquisa, hoje, é formar cidadãos aptos a trabalhar<br />
com ciência. “É preciso diminuir a quantidade de aulas<br />
teóricas, aumentando a parte prática; é preciso que, na<br />
alfabetização, os meninos já aprendam um pouco do<br />
trabalho de pesquisa, que os meninos tenham contato<br />
com laboratórios”, listou.<br />
Em fevereiro de 2012, a Fiocruz recebeu a visita<br />
do ministro Alexandre Padilha, que destacou a<br />
importância deste centro para a produção brasileira<br />
de ciência e tecnologia na área de saúde, propiciando<br />
um melhor tratamento de pacientes com câncer e Aids:<br />
“Fiquei impressionado com o perfil dos pesquisadores<br />
e a qualidade do trabalho realizado na Fiocruz Bahia.<br />
A perspectiva é de que continue produzindo pesquisa<br />
de ponta, aplicada e científica, inovação tecnológica e<br />
construindo nomes e produtos para a saúde pública do<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
A bióloga Rejâne Lira é uma<br />
das principais responsáveis por<br />
levar o conhecimento científico<br />
a escolas públicas de Salvador<br />
Plínio Bevervanson acaba<br />
de instaurar um setor de<br />
pesquisa e desenvolvimento<br />
na BB Brindes, empresa da<br />
qual é o diretor<br />
Foto: Brisa Dultra<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
43
Vista aérea do complexo de laboratórios<br />
e pesquisa da Fiocruz, em Brotas<br />
Fotos: Brisa Dultra<br />
Marco Vinícius é um<br />
dos alunos bolsistas do<br />
projeto “Ciência, Arte e<br />
Magia”. A pesquisa dele<br />
investiga propriedades<br />
especiais da carapaça<br />
do escorpião, que fica<br />
fluorescente quando<br />
absorve luz<br />
país” afirmou. A Fiocruz Bahia tem tradição e destaque na<br />
formação de alunos e produção científica, contando com<br />
pesquisadores concursados, verbas estaduais e federais e<br />
parcerias com outras instituições, públicas e privadas.<br />
Exemplos de crescimento econômico demonstram o<br />
desempenho determinante da pesquisa científica e da<br />
inovação na competitividade das empresas, na melhoria<br />
de qualidade de vida, na universalização dos acessos, na<br />
redução das desigualdades, e na garantia de um equilíbrio<br />
ético e ambiental do nosso desenvolvimento. Além disso, é<br />
uma fatia de mercado que precisa de profissionais.<br />
Estímulo a inovação e ciência<br />
Para a bióloga Rejâne Lira, ninguém nasce cientista<br />
ou pesquisador, mas trilha um caminho que o leva à<br />
carreira. Para incentivar que mais meninos sigam nessa<br />
direção, a cientista e pesquisadora está à frente de uma<br />
pequena, mas valorosa equipe. Ela coordena o projeto<br />
Ciência, Arte e Magia, que começou em 2005, tendo como<br />
objetivo criar e incentivar entre os jovens uma cultura<br />
científica: “Só 2,7% dos nossos jovens querem seguir a<br />
carreira científica, se isso continua, a economia do país<br />
sofrerá impactos enormes”, conta.<br />
O projeto dá bolsas a estudantes de escolas públicas<br />
interessados na área: “Fazemos uma seleção em algumas<br />
escolas de Salvador, como o Thales de Azevedo, Alfredo<br />
Magalhães, Nilton Sucupira. Temos professores que<br />
orientam esses alunos em suas pesquisas e que têm como<br />
apoio um grupo de consultores que inclui profissionais de<br />
diversas áreas”, explica. Os estudantes podem estudar o que<br />
quiserem, desde que se dediquem com afinco ao tema.<br />
É o caso de Marco Vinícius dos Santos, 15 anos,<br />
que está estudando escorpiões: “Eu adoro esses bichos<br />
e, pesquisando, descobri que a carapaça deles possui<br />
cumarina, uma substância fluorescente que os proteje<br />
dos raios ultravioletas. A partir disso podemos pensar em<br />
produtos como camisas feitas desse material, por exemplo”,<br />
diz Vinicius, mostrando a aplicabilidade do tema.<br />
De acordo com Rêjane, houve um considerável aumento<br />
de investimento estatal na área: “Nesses 20 anos, muita<br />
coisa vem mudando. Inclusive os incentivos, que hoje<br />
existem em maior quantidade, o que mostra que o governo<br />
está realmente preocupado com a questão da inovação”.<br />
O Brasil vem, então, fortalecendo o sistema público de<br />
ciência e tecnologia, nas últimas décadas. Segundo dados<br />
do Ministério da Ciência e Tecnologia, o montante aplicado<br />
nas áreas de pesquisa tecnológica, entre recursos públicos<br />
e privados, passou de 1,3% do PIB, em 2000, para 1,72% em<br />
2009, totalizando o investimento de R$54,2 bilhões naquele<br />
ano. A quantidade de pesquisadores e pessoal de apoio<br />
Foto: Divulgação<br />
44 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
envolvido em pesquisa e desenvolvimento cresceu 72% entre<br />
2000 e 2008, aumento direcionado principalmente para as<br />
instituições de ensino superior.<br />
Dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec)<br />
2008 apontam que as empresas privadas brasileiras ainda<br />
investem pouco em pesquisa e desenvolvimento. Mesmo<br />
com as iniciativas de incentivo à inovação, há uma grande<br />
dificuldade em se obter indicadores que demonstrem o<br />
desenvolvimento inovador nas empresas brasileiras, como<br />
aponta estudo de João Fernando Gomes de Oliveira, diretorpresidente<br />
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).<br />
As causas para esta realidade vêm de longe, durante<br />
formação do nosso sistema industrial, na década de 1950,<br />
quando havia concentração de multinacionais nos setores<br />
de bens de capital e de consumo duráveis. “As empresas<br />
estatais ficavam à frente de setores de infraestrutura<br />
- como os de transporte e energia -, e as empresas<br />
nacionais privadas, grosso modo, permaneciam nos bens<br />
de consumo perecíveis e semiduráveis. A atuação das<br />
multinacionais no Brasil era focada na produção para<br />
atender mercados específicos, enquanto investimentos<br />
em pesquisa e desenvolvimento eram realizados em seus<br />
países de origem. Esse fato certamente limitou o estímulo<br />
à inovação, já naquela época. O desenvolvimento<br />
industrial brasileiro estabelecia-se sem a cultura de<br />
P&D na empresa”, escreveu João Fernando, em artigo<br />
publicado na revista USP de maio de 2011.<br />
Cenário baiano<br />
Os avanços realizados nas diversas áreas de conhecimento<br />
científico no Brasil começam a ganhar força na Bahia e ser<br />
utilizados na produção industrial do estado. O histórico<br />
de fomento à inovação é recente, mas já apresenta os<br />
primeiros resultados. “No apoio para o desenvolvimento<br />
tecnológico e para o empreendedorismo, poderiam ser<br />
citadas as atividades da Incubadora Inavapoli, na Escola<br />
Politécnica da Ufba, sob a liderança do professor Armando<br />
Ribeiro; o curso de especialização em jornalismo científico<br />
e tecnológico, sob a coordenação da professora Simone<br />
Bortoliero, só para citar alguns”, afirmou Antonio Renildo<br />
Santana Souza, diretor de inovação da Fapesb.<br />
Os recursos são obtidos, principalmente, através da<br />
submissão de propostas de projetos de pesquisa a editais<br />
e chamadas públicas de agências de fomento como a<br />
Fapesb, em nível estadual, e a Capes, o CNPq e a Finep,<br />
em nível federal. São também fontes de financiamento o<br />
Ministério da Saúde, o Ministério do Desenvolvimento e<br />
Integração, o Ministério das Comunicações, entre outros,<br />
e também empresas privadas que investem em ciência,<br />
tecnologia e inovação.<br />
“Desde 1950, a atuação<br />
das multinacionais no<br />
Brasil era focada na<br />
produção para atender<br />
mercados específicos,<br />
enquanto investimentos<br />
em pesquisa e<br />
desenvolvimento eram<br />
realizados em seus países<br />
de origem. Esse fato<br />
certamente limitou o<br />
estímulo à inovação”<br />
Embora a pesquisa básica seja muito relevante<br />
para a geração de conhecimento, é imprescidível<br />
o investimento em pesquisa aplicada, pois<br />
há ainda no Brasil um distanciamento entre<br />
o desenvonvolvimento da ciência e as reais<br />
necessidades do mercado, ou seja, existe uma grande<br />
dificuldade para transformar o conhecimento gerado<br />
em riquezas e serviços necessários e úteis para<br />
a sociedade. Neste sentido, é preciso aproximar<br />
mais as universidades dos órgãos de governo e das<br />
empresas brasileiras. “É imperativo disseminarmos<br />
a cultura da inovação nas cadeias produtivas,<br />
diminuirmos também a burocracia e os custos para<br />
o registro de patentes e estimularmos ainda mais os<br />
empreendedores tecnológicos”, afirmou o presidente<br />
da Fapesb, Roberto Paulo Machado Lopes.<br />
Felizmente, isso já vem acontecendo, mesmo que<br />
de maneira incipiente. O estudante de engenharia<br />
Daniel Veiga é prova de que não há fórmulas para<br />
se alcançar o sucesso. No seu caso, para ajudar um<br />
irmão que perdeu os movimentos após acidente<br />
vascular cerebral (AVC), ele passou meses num<br />
laboratório de robótica até desenvolver uma<br />
palmilha inteligente, batizada de Motus, capaz<br />
de levantar a ponta do pé de uma pessoa com<br />
deficiência física, ainda que o cérebro não seja<br />
capaz de emitir tal comando. É torcer para que<br />
este seja o começo de uma geração mais voltada ao<br />
campo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico<br />
na Bahia. Talento nós temos. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
45
negócios | economia<br />
O Sétimo Selo<br />
luiz marques<br />
Filho<br />
Economista,<br />
superintendente da<br />
FEA-Ufba, diretor<br />
da ADVB-BA e<br />
professor da<br />
Faculdade Baiana<br />
de Direito<br />
No filme O Sétimo Selo, de Ingmar<br />
Bergman, um cavaleiro medieval cheio de<br />
orgulho e soberba convida a morte para uma<br />
disputa através de uma partida de xadrez.<br />
Caso ele vencesse, ficaria vivo, ao contrário,<br />
iria embora com a própria morte. O ano<br />
de 2013 parece ser o ambiente em que a<br />
economia brasileira, outrora cheia de orgulho<br />
e soberba, está jogando uma espécie de<br />
partida de xadrez.<br />
Nós crescemos nos últimos anos do<br />
governo Lula. De 2007 a 2010, nossa média<br />
de crescimento do PIB foi de 6,3% ao ano -<br />
excluindo 2009, devido à crise bancária dos<br />
Estados Unidos. Viramos o queridinho dos<br />
Brics, com mercado interno aquecido.<br />
Contudo, 2011 e 2012 demonstraram<br />
que o modelo “lulista” de crescimento,<br />
puxado por explosão de crédito interno,<br />
aumento da renda das famílias e pelas<br />
exportações de commodities, chegou ao<br />
final. As famílias já estão no limite do<br />
endividamento, as exportações caíram com<br />
a redução do crescimento chinês e mundial,<br />
e o investimento interno das companhias<br />
privadas anda a passo de tartaruga, em uma<br />
espécie de armadilha da liquidez criada pelo<br />
excesso de intervenção federal na economia.<br />
Para piorar, o investimento público teima em<br />
não sair do papel. Onde estão as megaobras<br />
de infraestrutura para a Copa do Mundo?<br />
Onde está a exploração do pré-sal?<br />
O B dos Brics já começa a ser questionado<br />
e tem gente querendo entrar nesse time, que<br />
não significa nada, mas não deixa de ser uma<br />
marca para nosso país. Tenhamos cuidado<br />
com México, Indonésia e Turquia. Eles já<br />
ameaçam nossa posição.<br />
O ano começa com o medo da inflação e a<br />
luta para turbinar um crescimento econômico<br />
que em 2012 foi muito baixo. Para piorar<br />
nosso déficit em transações correntes, a<br />
relação do Brasil com o mundo (comércio,<br />
serviços e transferências) continua alto e<br />
sendo financiado com dinheiro especulativo<br />
que vem de fora para aplicar em nossos<br />
papéis de renda fixa. Afinal, mesmo com a<br />
Selic baixando, ela ainda é muito elevada<br />
para os padrões internacionais. No ano<br />
passado, nosso déficit em conta corrente<br />
foi de quase U$50 bilhões. Nos últimos<br />
cinco anos, nosso déficit externo acumulado<br />
foi de U$203 bilhões (números do Banco<br />
Central). Esta elevada dependência de moeda<br />
estrangeira é preocupante, mas para o<br />
governo parece que está tudo bem.<br />
Porém, para não trazer apenas más<br />
notícias, que bom que nossas multinacionais<br />
continuam a fazer negócios e crescendo no<br />
exterior. Somos hoje um player internacional.<br />
Ao mesmo tempo ainda somos atrativos em<br />
muitos setores, mas é fundamental destravar<br />
os investimentos privados e públicos. Temos<br />
que ter um novo modelo de crescimento não<br />
mais baseado no crédito interno, mas sim na<br />
expansão dos investimentos produtivos.<br />
Quando somos orgulhosos, somos<br />
incapazes de ver as nossas próprias falhas e<br />
de realizar autocríticas. Não podemos enrolar<br />
a realidade da economia. Não dá para enrolar.<br />
Voltar a investir é fundamental. O governo<br />
Dilma precisa entender isso e deixar a área<br />
privada atuar, além de tirar os investimentos<br />
públicos do papel.<br />
No filme de Bergman, ao final da partida<br />
de xadrez, o orgulhoso cavaleiro medieval,<br />
confrontado por um xeque-mate dado pela<br />
morte, e sabendo que iria perder, derruba as<br />
peças do tabuleiro tentando enrolar a morte<br />
e terminar a partida, sem vencedores. Ela<br />
sorri, coloca as peças no lugar e fala irônica:<br />
“Calma amigo, eu conheço todos os truques.<br />
Não dá para enrolar”.<br />
“O B dos Brics já começa<br />
a ser questionado e tem<br />
gente querendo entrar<br />
nesse time. Tenhamos<br />
cuidado com o México,<br />
Indonésia e Turquia. Eles<br />
já ameaçam nossa posição”<br />
46 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
ESPECIAL MULHER<br />
ELAS fazem a diferença<br />
H<br />
á algo comum a todas as mulheres<br />
que é o poder de desempenhar<br />
diversos papéis ao mesmo tempo<br />
com maestria. Ter de ser mãe, filha,<br />
esposa, profissional bem-sucedida, cuidar de si<br />
e ser feliz são tarefas tão bem desempenhadas<br />
por elas que só nos cabe admirar a força da<br />
mulher. Se na história fez-se necessário marcar<br />
um dia para que todos reconhecessem tais<br />
feitos - celebrado no dia 8 de março como o Dia<br />
da Mulher -, aproveitamos então esta edição<br />
para unir exemplos de dez mulheres baianas<br />
que fazem as coisas acontecerem.<br />
Mulheres que, por exemplo, revolucionam<br />
o Judiciário brasileiro, lutam para melhorar<br />
o setor da educação no país, rompem as<br />
barreiras do machismo, desistem de carreiras<br />
consolidadas para seguir sonhos ainda<br />
maiores e firmam seus nomes entre os mais<br />
notórios nos setores de atuação.<br />
por Pedro Hijo<br />
“Empoderar mulheres e promover<br />
a equidade de gênero em todas as<br />
atividades sociais e da economia<br />
são garantias para o efetivo<br />
fortalecimento das economias, o<br />
impulsionamento dos negócios, a<br />
melhoria da qualidade de vida de<br />
mulheres, homens e crianças, e para<br />
o desenvolvimento sustentável”<br />
ONU Mulheres e Pacto Global das Nações Unidas<br />
ícones: thenounproject.com<br />
www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
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48 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com<br />
Foto: Divulgação
Eliana Calmon<br />
ombudswoman do poder<br />
Primeira mulher a integrar o Superior Tribunal<br />
de Justiça, a ministra Eliana Calmon é símbolo de<br />
um judiciário mais aberto e transparente<br />
Aos 68 anos de idade, a ministra Eliana<br />
Calmon diz sentir falta de Salvador, sua terra<br />
natal. “Sinto saudades do mar, de quando<br />
morava no bairro do Canela e podia caminhar<br />
na beira da praia”, lembra. Faz 24 anos que<br />
ela é uma moradora de Brasília, transferida<br />
para lá depois de ser promovida ao Tribunal<br />
Regional Federal da capital do país. Teve que<br />
se adaptar à nova realidade. Mas Eliana não<br />
tem medo de mudanças.<br />
Quando se tornou corregedora do<br />
Conselho Nacional de Justiça, em 2010,<br />
trouxe com ela a responsabilidade de<br />
fiscalizar o desempenho de juízes de<br />
todo o país. Logo em seu discurso de<br />
posse, anunciou que teria tolerância zero<br />
com qualquer desvio do Judiciário. A<br />
promessa foi cumprida. Ao deixar o cargo,<br />
dois anos depois, a ministra conseguiu<br />
firmar o seu nome como um dos que<br />
mais revolucionaram o poder sem ceder<br />
à politicagem barata. Quando expôs as<br />
mazelas e a conduta irregular de uma série<br />
de juízes, virou símbolo de idoneidade e<br />
deu o primeiro passo para um Judiciário<br />
mais transparente.<br />
Sem medo de falar, a ministra<br />
protagonizou polêmicas e foi, muitas vezes,<br />
o centro das discussões, principalmente<br />
após dizer, em entrevista, que estaria<br />
sendo atrapalhada por “bandidos que estão<br />
escondidos atrás da toga”, referindo-se aos<br />
juízes corruptos. “Eu sou uma pessoa que<br />
sempre chamo as coisas pelo nome que elas<br />
têm”, diz. “O poder Judiciário ficou hermético<br />
e nós não podemos ter cortinas de fumaça,<br />
porque estamos trabalhando com interesse<br />
público”, completa.<br />
Em sua gestão, foi aberto um número<br />
recorde de processos para apurar a conduta<br />
irregular dos juízes. Além disso, Eliana<br />
Calmon fomentou a quebra de sigilo sobre<br />
dados dos rendimentos dos magistrados,<br />
expulsou corruptos de seus cargos e diminuiu<br />
práticas que permitiam às autoridades<br />
receber vários salários extras. “Eu agi com<br />
transparência”, diz. “Eu entendia que não era<br />
possível passar a mão por cima da corrupção<br />
e encontrei muitos desafios, principalmente<br />
pela má gestão acompanhada desse sigilo<br />
absoluto de ninguém saber como administrar<br />
a coisa pública”.<br />
Os desafios surgiram muito antes de<br />
Calmon se tornar corregedora. Primeira<br />
mulher a integrar o STJ, ela teve que vencer<br />
o chamado “Clube do Bolinha do Tribunal”,<br />
como ela mesma diz. Eliana Calmon<br />
tem suas raízes fincadas no movimento<br />
feminista dos anos 70 e diz que se o<br />
preconceito existiu, para ela nunca teve<br />
importância. Mas ela sabe o peso de ser<br />
mulher em um meio dominado por homens.<br />
“Quando me candidatei a uma vaga, muitos<br />
colegas me disseram que ainda não era<br />
hora de uma mulher ocupar aquele cargo.<br />
Respondi que só conhecia a Constituição, e<br />
por ela não havia diferença entre homens e<br />
mulheres”, diz.<br />
Hoje, Eliana Calmon chefia a escola de<br />
jovens magistrados, Enfam, e se diz otimista<br />
com o quadro dos alunos. “Eu tenho<br />
encontrado ao longo da minha carreira uma<br />
série de jovens juízes magníficos, e que<br />
querem mudanças. Tenho de acreditar na<br />
juventude e na força deste discurso pela<br />
modernidade”, diz a ministra.<br />
www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
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ESPECIAL MULHER<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
Anna Penido<br />
Educação coletiva<br />
ex-coordenadora do Unicef e atual<br />
diretora do Instituto Inspirare,<br />
Anna Penido cria soluções<br />
inovadoras para antigos problemas<br />
da educação no país. “A educação é a<br />
alavanca da transformação social”<br />
Ainda adolescente, Anna Penido entrou<br />
para um grupo de jovens de sua escola que<br />
desenvolvia oficinas de escrita na periferia de<br />
Salvador. Foi lá que percebeu que a realidade<br />
era maior do que imaginava. As oficinas<br />
eram uma forma de fazer com que aquela<br />
comunidade pudesse falar de si mesma,<br />
através da produção de matérias e jornais.<br />
A ideia cresceu quando começou a cursar<br />
jornalismo. “Tudo o que eu aprendia na<br />
faculdade eu passava para aqueles meninos<br />
da comunidade”, lembra. “Ali, vi que com a<br />
comunicação eu poderia dar visibilidade ao<br />
invisível”. O resultado foi tão significativo que<br />
Anna aproveitou a possibilidade de estagiar<br />
em multinacionais para espalhar a ideia<br />
das oficinas por todo o Brasil. Para onde seu<br />
trabalho a levava, ia junto a possibilidade de<br />
conhecer novas comunidades e pôr em prática<br />
aquilo que já tinha sido aprovado em Salvador.<br />
Em 1999, depois de se profissionalizar, ela<br />
deu origem à Cipó - Comunicação Interativa,<br />
uma organização sem fins lucrativos para<br />
formar jovens da rede pública de Salvador<br />
através de cursos voltados para a área<br />
da comunicação. Desde então, a Cipó é<br />
responsável pela inclusão de mais de dois mil<br />
jovens no mercado de trabalho. Em 2007, foi<br />
convidada para ser coordenadora do Fundo<br />
das Nações Unidas para a Criança (Unicef),<br />
em São Paulo e Minas Gerais. “Foi durante estes quatro anos<br />
a frente do Unicef que pudemos criar uma ação para centros<br />
urbanos, fortalecer as lideranças jovens de comunidades<br />
populares e colocá-las em contato com o poder público”, lembra.<br />
Os sonhos da jornalista ultrapassaram a fronteira do<br />
Brasil. Anna Penido passou o ano de 2010 na Universidade de<br />
Harvard, nos Estados Unidos, participando de um programa de<br />
liderança do impacto social. A ideia foi potencializar a promoção<br />
de mudanças sociais e pensar sobre a relação dos jovens com<br />
os adultos, ou seja, como adultos podem empoderar estes<br />
adolescentes para que eles possam expandir suas liberdades e<br />
tornarem-se cidadãos mais efetivos. Na prática, Anna percorreu<br />
seis países desenvolvendo oficinas entre os mais variados grupos<br />
de jovens: desde adolescentes franceses que veem na cultura do<br />
hip-hop sua única fonte de aprendizagem, até jovens da cidade<br />
de Dacca, em Bangladesh, considerada pela revista britânica The<br />
Economist, em 2012, como a pior cidade do mundo para se viver.<br />
O convite para dirigir o Inspirare surgiu logo que<br />
Anna voltou ao Brasil. O primeiro programa do instituto,<br />
encabeçado por ela, chama-se Porvir, uma iniciativa de<br />
comunicação e mobilização social que produz e compartilha<br />
livremente na internet conteúdos voltados à educação.<br />
“Eu gosto de construir coletivamente<br />
coisas a partir do zero. Não adianta sentar<br />
e esperar pelo governo. Mudar o mundo é<br />
uma tarefa de todos”<br />
50 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com
Tal como os traços inconfundíveis de Carybé ou o olhar<br />
certeiro de Verger, a estamparia de Goya Lopes mostra a<br />
Bahia através de sua raiz: a África. A cultura afro-brasileira<br />
é a principal fonte de inspiração dessa soteropolitana de<br />
jeito manso e voz calma, criadora da grife Didara que,<br />
há mais de 25 anos, firma seu nome entre as principais<br />
referências do gênero no país.<br />
Depois de estudar design na Europa nos idos dos anos<br />
70 e perceber a falta que as estampas étnicas faziam,<br />
Goya voltou ao Brasil para por em prática o seu sonho<br />
de contar por meio de roupas e peças de decoração a<br />
história e os resultados da diáspora africana. Criou então<br />
a Didara. Desenvolveu peças de decoração e roupas tão<br />
emblemáticas que ganhou fãs como o cantor Moraes<br />
Moreira, a banda Ara Ketu e o americano Jimmy Cliff.<br />
O trabalho de estamparia levou Goya a ser convidada<br />
a fazer parte do grupo criativo do setor que discute a<br />
moda no Ministério da Cultura. “Eu vejo marcas baianas<br />
que se apoiam no conceito étnico para se firmarem, então,<br />
por que a moda não seria cultura?”, pergunta. Hoje, a<br />
artista já desenha um novo caminho para ampliar a grife e<br />
montar peças inspiradas em outras culturas brasileiras.<br />
Goya Lopes<br />
Moda afro-brasileira<br />
“O meu papel é o de contar uma história,<br />
disseminar a descendência a partir do<br />
belo, através das cores e dos traços”<br />
Foto: Divulgação<br />
“Acho que talvez a multiplicidade<br />
de papéis seja o maior desafio que<br />
uma mulher pode ter na vida”<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
Lila Lopes<br />
Cultura empresarial<br />
Você pode não ter ouvido falar em Lila Lopes, mas, com certeza<br />
já foi a algum evento, consumiu um produto ou ouviu a música<br />
de algum artista que ela assinou. Não seria exagero falar que, na<br />
área de empresariado e marketing, Lila é um dos nomes que mais<br />
despontam no Norte/Nordeste, principalmente depois da criação<br />
da 8BISZ, empresa de ativação promocional fruto da união do<br />
Grupo EVA, da Lícia Fábio Produções e de Pagana Carvalho,<br />
com clientes que vão desde o setor coorporativo até produtos<br />
culturais. O cantor Magary Lord, revelação do carnaval de 2012,<br />
por exemplo, foi um achado da empresa.<br />
Formada em administração de empresas, Lila coleciona passagens<br />
por companhias de gêneros bem distintos. Já foi executiva de<br />
empresas como o shopping Iguatemi, Banco Econômico, Rede Bahia<br />
e Centro Universitário Jorge Amado. O currículo, tão variado, é um<br />
diferencial para ela. “Acho que tenho essa sensibilidade de dialogar<br />
com as especificidades de cada indústria e adequá-las aos princípios<br />
do marketing e da comunicação que são universais”, defende.<br />
Faz dois anos que Lila uniu-se à Lícia Fábio Produções para criar o<br />
grupo Farol que ela mesma define como um dos maiores desafios de<br />
sua carreira. O grupo engloba quatro empresas: a Usina, UP, 8BISZ e a<br />
Lícia Fábio Produções. Apesar de promover tantos eventos, Lila se diz<br />
avessa à badalação. É que, além do papel empresarial, Lila Lopes ainda<br />
é esposa e mãe de três crianças. “Eles sabem que eu preciso estar<br />
trabalhando na maior parte do tempo, eu explico e eles entendem”, diz.<br />
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ESPECIAL MULHER<br />
Foto: Divulgação<br />
Ines Carvalho<br />
em prol da sustentabilidade<br />
Baiana, de Salvador, e administradora de empresas, Ines<br />
Carvalho iniciou o seu contato com a sustentabilidade quando<br />
foi convidada para formar o conselho estratégico do Instituto<br />
Faça Parte, organização que trabalha no fomento à cultura do<br />
voluntariado educativo dentro das escolas. A organização deu<br />
origem ao movimento Todos Pela Educação, uma tentativa de<br />
certificar qualitativamente o ensino brasileiro e incentivar a<br />
formação de política pública.<br />
Sempre envolvida nas questões de mobilização social,<br />
Ines Carvalho atendeu ao convite de Isaac Edington, em<br />
2008, para fundarem o Instituto EcoDesenvolvimento. No<br />
EcoD, é responsável por mobilizar atores sociais e engajálos<br />
em prol do desenvolvimento sustentável. A principal<br />
dificuldade, segundo ela, é mostrar que a sustentabilidade<br />
vai muito além da preservação do verde. “O mundo mudou,<br />
os recursos ficaram escassos, então, como podemos rever a<br />
nossa noção de convivência?”, provoca. A resposta está na<br />
conscientização: “Se todos sabem o que é sustentabilidade, a<br />
sociedade passa a discutir o assunto”. Desde o ano passado,<br />
Ines é uma das mulheres que formam a Rede de Líderes em<br />
Sustentabilidade do Ministério do Meio Ambiente. São cerca de<br />
300 personalidades que participam de encontros para discutir<br />
meios de incluir o assunto na pauta de discussões da sociedade.<br />
Não é novidade que o setor de saúde no Brasil sofre pela<br />
escassez de recursos para financiamento do serviço público.<br />
De encontro a este quadro, estão as redes filantrópicas,<br />
que desempenham um papel de fundamental importância.<br />
Estimativas indicam que 51% da assistência prestada ao Sistema<br />
Único de Saúde (SUS) no Brasil vem de instituições beneficentes.<br />
Órgãos como a Fundação José Silveira, que atende cerca de um<br />
milhão de pessoas por ano e emprega aproximadamente seis<br />
mil colaboradores em todo o estado da Bahia. À frente desta<br />
instituição, está Leila Brito que há mais de 20 anos trabalha na<br />
fundação e há quatro ocupa o cargo de superintendente.<br />
Assistente social de formação, a baiana Leila Brito entrou<br />
na FJS como estagiária do curso de administração hospitalar.<br />
Desde então, viu a instituição crescer e aumentar seu<br />
número de projetos. Hoje, aos 45 anos, Leila é a líder de um<br />
dos principais órgãos sem fins lucrativos do país. “Quando<br />
aceitei o convite de comandar esta equipe, aproveitei algumas<br />
características essencialmente femininas, como a habilidade<br />
de saber ouvir e de construir relacionamentos sólidos”, diz.<br />
O desafio é grande. A Fundação José Silveira, com mais<br />
76 anos de história, passa por uma fase de modernização<br />
e ampliação de suas áreas de atuação. Além de contribuir<br />
com a promoção da saúde dos baianos, também atua em<br />
mais 13 estados do país.<br />
Leila Brito<br />
Líder da saúde<br />
Foto: Divulgação<br />
52 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com
Tereza Paim<br />
Amor pela comida<br />
Tereza deixou a consolidada carreira de<br />
engenheira para se dedicar a um sonho.<br />
Não deu outra: hoje ela é um dos maiores<br />
nomes da gastronomia baiana<br />
Falar com Tereza Paim é ter a sensação de que<br />
você está conversando com uma velha amiga,<br />
mesmo sem nunca a ter conhecido antes. Já<br />
pergunto sobre a tatuagem que tem grifada no<br />
pulso, a palavra atitude. “A tatuagem é para me<br />
lembrar de que o mundo precisa de atitude... Às<br />
vezes gosto de olhar para o meu pulso e pensar<br />
‘está na hora de tomar uma atitude’”, diz.<br />
Tereza conhece o poder desta palavra. Aos<br />
41 anos largou uma bem-sucedida carreira<br />
como engenheira para abraçar a gastronomia<br />
e teve que enfrentar a indignação dos amigos<br />
e parentes mais próximos. “Eu era feliz no que<br />
eu fazia, mas teve uma hora que uma pedra<br />
bateu na minha cabeça e me disse: Eu quero<br />
cozinhar”. A pedra na cabeça atende pelo<br />
nome de João, seu filho de 11 anos que, ao<br />
nascer, despertou nela a ideia de correr atrás<br />
de seu sonho. “Quando a gente não segue um<br />
dom, o dom segue a gente”, filosofa a baiana<br />
nascida no município de Tanquinho, próximo<br />
a Feira de Santana, e que chegou a Salvador<br />
com apenas 13 anos.<br />
Faz nove anos que ela resolveu se entregar<br />
à culinária, que antes era apenas um hobby.<br />
Estudou, se profissionalizou e hoje tem dois<br />
restaurantes, o Casa de Tereza, no Rio Vermelho,<br />
e o Terreiro Bahia, na Praia do Forte, além de<br />
um serviço de catering (bufê), voltado para a<br />
área coorporativa, que, inclusive, foi o escolhido<br />
pela produção do show da cantora norteamericana<br />
Beyoncé, quando veio a Salvador.<br />
Em tão pouco tempo de história como cozinheira,<br />
Tereza já acumula prêmios. Em 2012, foi escolhida pela<br />
edição soteropolitana da revista Veja como a chef do ano<br />
e seus dois restaurantes são pontos certos não só para os<br />
locais como também para os turistas que visitam a cidade.<br />
“Com o bobó de camarão e a moqueca de peixe, qualquer<br />
um fica louco”, garante.<br />
Sempre que Tereza se refere ao restaurante é no<br />
coletivo. Substitui o esperado “eu”, de quem já se<br />
sente consagrada, por um humilde “nós”, como quem<br />
aplaudisse a participação da equipe que, com ela, integra<br />
os restaurantes. “Toda a minha equipe edificou esse<br />
prédio, levantou essas paredes”, diz. “Acho que deu certo<br />
porque formamos um grupo que tem vontade, que tem<br />
boa vontade. O sucesso não é meu, não acredito no mito, o<br />
sucesso é da equipe. É como um time de futebol: Ronaldo<br />
não faria o gol se ninguém cruzasse para ele”, completa em<br />
estilo bem brasileiro. Dá para notar a participação coletiva<br />
até mesmo na decoração do Casa de Tereza. O restaurante,<br />
que vai além de ser um espaço para a boa comida, é um<br />
centro cultural detalhadamente ornamentado por 11<br />
artistas plásticos baianos.<br />
“Quero continuar andando, continuar<br />
sonhando e acordando cedo para<br />
batalhar pela realização destes sonhos”<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
53
ESPECIAL MULHER<br />
“Meu papel é movimentar a dúvida, é falar:<br />
‘Psiu! Talvez você não tenha visto isso”<br />
Foto: Divulgação<br />
Malu Fontes<br />
Jornalismo provocativo<br />
Basta fazer uma rápida pesquisa para concluir que o<br />
número de desafetos é tão grande quanto o número de<br />
leitores ávidos pelo texto provocativo de Malu Fontes.<br />
E não é para menos: com quase 30 anos de carreira, a<br />
jornalista e doutora em comunicação já passou pelos<br />
principais jornais de Salvador, é um dos principais<br />
nomes da imprensa baiana atual e não pensa duas<br />
vezes antes de criticar aquilo que acha errado.<br />
Inquieta (basta perguntar para os seus alunos de<br />
jornalismo na Ufba), Malu se opõe àquilo que chama<br />
de “encantamento narcísico equivocado do baiano”, ou,<br />
trocando em miúdos, a linearidade de opinião e falta de<br />
crítica, principalmente, da imprensa local. Seja através<br />
de seus comentários em jornal, rádio ou Twitter - onde<br />
divide sua indignação diariamente com mais de dez mil<br />
seguidores -, ela não pretende ser a porta-voz da “boca<br />
no trombone”, quer apenas fomentar a polêmica para<br />
que surja a reflexão. Entre os assuntos preferidos, estão<br />
a política e a mídia baiana, principalmente a televisiva,<br />
a que se dedicou a criticar em sua extinta coluna<br />
no jornal A Tarde, na época, alimentando a fúria de<br />
apresentadores de TV de programas populares.<br />
Apesar de ter nascido em Salvador, o sobrenome<br />
denuncia: Lise Weckerle tem sangue alemão correndo<br />
nas veias. Seus pais chegaram muito jovens ao Brasil e<br />
aqui abriram as Óticas Ernesto, empresa com mais de<br />
60 anos no mercado e que hoje é gerenciada por ela e<br />
seus filhos. Seu desempenho à frente da loja lhe rendeu<br />
não só prêmios (como o de Sensibilidade e Liderança,<br />
em 1997), como também o convite para presidir a<br />
Associação Comercial da Bahia em 2005.<br />
A gestão foi marcada pelo ineditismo. Lise foi a primeira<br />
mulher a presidir a associação, que é a mais antiga do país,<br />
com mais de 200 anos de história, e a focar as atenções<br />
da casa para as pequenas e médias empresas. Foi em seu<br />
mandato que os microempresários tiveram qualificação<br />
através de cursos, palestras e oficinas e muitos puderam sair<br />
da ilegalidade. Sobre ser a primeira presidente, Lise é clara:<br />
“A mulher, normalmente, tem mais sensibilidade para lidar<br />
com o outro. Acredito que isso tenha me ajudado, mas o que<br />
pesa mesmo é a competência do indivíduo”.<br />
Depois de oito anos de mandato, Lise encarou<br />
um novo desafio. Convidada para gerenciar o setor<br />
social da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, ela<br />
trabalha voluntariamente todos os dias na intenção de<br />
movimentar os projetos da instituição.<br />
Lise Weckerle<br />
Sensibilidade para o comércio<br />
proprietária das Óticas Ernesto, Lise foi a<br />
primeira mulher a presidir a Associação<br />
Comercial da Bahia e a voltar as<br />
atenções para o microempresário<br />
Foto: Divulgação<br />
54 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com
Cláudia Tourinho<br />
Justiça eficiente<br />
Juíza federal de Salvador, Cláudia<br />
Tourinho é a responsável por dar<br />
uma nova cara à Vara responsável<br />
por causas previdenciárias e<br />
agilizar os processos referentes ao<br />
setor. Sua gestão serve de modelo<br />
para outros estados do país<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
Quem vê todo o trabalho realizado pela juíza<br />
federal Cláudia Tourinho à frente 21ª Vara de<br />
Juizados Especiais da Bahia não imagina que<br />
ela tenha alguma vez na vida titubeado sobre<br />
qual profissão deveria escolher para seguir.<br />
Por sempre ter vivido no meio jurídico (sua<br />
família paterna é formada quase toda por<br />
juízes), Cláudia sempre teve uma rejeição à<br />
carreira de direito pela grande demanda de<br />
trabalho que a afastava de seu pai. Mas, por<br />
alguns acasos da vida, ela seguiu o caminho<br />
da família e, hoje, não se vê fazendo outra<br />
coisa. Desde então, Cláudia já foi assessora<br />
de subprocurador-geral da República e<br />
promotora de Justiça no Distrito Federal, só<br />
para citar alguns cargos.<br />
Foi em 2006, de volta a Salvador, que<br />
Cláudia Tourinho assumiu o controle de uma<br />
das seis varas da cidade. Na época, encontrou<br />
cerca de 18 mil processos esperando por<br />
conclusão e uma equipe desestimulada.<br />
Começou com uma triagem, separando os<br />
casos por assunto para organizar a casa. Aos<br />
poucos, foi mudando a equipe e escolhendo<br />
profissionais que se dedicavam a trabalhar<br />
com mais rapidez e incentivando esses<br />
servidores. “A cada pacote com mil processos<br />
que nós conseguíamos dar um resultado efetivo, a<br />
gente organizava uma festinha para comemorar, o que<br />
estimulava a produção”, diz Cláudia. Desde que assumiu,<br />
o número de processos na vara caiu para dois mil.<br />
O desafio foi grande. A vara coordenada por<br />
Cláudia recebe causas primariamente voltadas para as<br />
questões previdenciárias, o setor com o maior número de<br />
processos que tramitam nos juizados especiais, segundo<br />
pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica<br />
Aplicada (Ipea). Além disso, estas causas demandam<br />
a presença de uma série de outros profissionais, como<br />
médicos ortopedistas para perícia, que, na maioria<br />
das vezes, estão em falta. Para resolver este problema,<br />
Cláudia realiza mutirões aos sábados, chamando médicos<br />
e servidores, enxugando o número de pendências e<br />
diminuindo o tempo de espera para a resolução dos<br />
casos. “Nós trabalhamos muito com pessoas idosas,<br />
pessoas doentes, gente que precisa daquele resultado”,<br />
diz a juíza. “Temos que trabalhar encarando cada<br />
processo como se fosse uma vida. É preciso ter essa<br />
sensibilidade”, completa.<br />
A gestão serve de modelo para outros estados do<br />
país e a região que engloba a vara coordenada por<br />
Cláudia Tourinho tem elevados índices de produtividade,<br />
segundo pesquisa do Conselho Nacional de Justiça. “A<br />
casa realmente precisava de mudanças e fico feliz por ter<br />
ajudado. É um trabalho muito gratificante”. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
55
capa<br />
DNA de<br />
Empreendedor<br />
Antonio Andrade Jr. está à frente da Andrade Mendonça, construtora<br />
baiana que entregou o primeiro estádio da Copa do Mundo de 2014, o<br />
Castelão. O gestor defende o modelo de PPP, comenta os projetos em curso<br />
e relembra os sapos que teve de engolir, conforme previu Paes Mendonça,<br />
para fazer da empresa uma das companhias que mais crescem no país<br />
por Murilo Gitel<br />
S<br />
alvador, 1977. Depois de<br />
uma década de sucesso<br />
dedicada ao varejo de<br />
alimentos, onde foi sócio de Mamede<br />
Paes Mendonça, o empresário<br />
sergipano Antonio Andrade criava a<br />
construtora Andrade Mendonça.<br />
O primeiro empreendimento<br />
entregue pelo grupo foi um<br />
pequeno condomínio residencial,<br />
em Feira de Santana. A partir de<br />
então, realizou obras residenciais,<br />
comerciais e industriais, como a<br />
mansão de alto luxo Carlos Costa<br />
Pinto e os supermercados Paes<br />
Mendonça e Bompreço.<br />
Um acidente de carro, em 1988,<br />
entretanto, interrompeu a trajetória<br />
ascendente do empresário. Antonio<br />
Andrade Júnior, com apenas 22 anos,<br />
herda a construtora. “Foi quando o<br />
João Carlos Paes Mendonça me disse<br />
que eu passava a ter 32 anos, como<br />
se ganhasse mais uma década de<br />
vida”, relembra o atual presidente da<br />
empresa, em entrevista concedida à<br />
[B + ] em seu escritório.<br />
Imagem do pai,<br />
fundador da construtora,<br />
está presente até<br />
mesmo no escritório de<br />
Antonio Andrade Jr.<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
56 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
“Seu pai me falou uma vez que você não é de<br />
engolir sapos. Saiba que, a partir de hoje, você vai<br />
ter que engolir uma lagoa inteira de sapos”, advertira<br />
novamente o amigo João Carlos Paes Mendonça ao<br />
jovem. O conselho do experiente empresário fazia<br />
sentido. “Ainda quando eu era estagiário, aos 19 anos,<br />
ouvi uma vez de um dos diretores da construtora que<br />
eu não precisava trabalhar porque eu era filho do dono.<br />
Que eu devia surfar, curtir a vida”, recorda.<br />
Consolidação<br />
Toninho, como é conhecido entre os mais íntimos,<br />
não ouviu o conselho. Quase 25 anos se passaram<br />
e a Andrade Mendonça acumula realizações. Da<br />
sociedade com a incorporadora Cyrela, nasceu a<br />
Cyrela Andrade Mendonça, em 2006. “Em quatro<br />
anos, a empresa conquistou oito prêmios Ademi, um<br />
recorde na história da premiação, e gerou<br />
R$2 bilhões em vendas.”<br />
Em julho de 2011, a Cyrela Brazil Realty<br />
comprou a participação da Andrade Mendonça<br />
na companhia. “Naquele momento não havia mais<br />
mercado para que continuássemos. A parceria foi<br />
a melhor possível. Foi bom para os dois lados. Se<br />
hoje eu tivesse que escolher uma incorporadora<br />
imobiliária para fazer parceria, eu escolheria a<br />
Cyrela”, avalia o empresário.<br />
O Salvador Shopping, considerado um divisor<br />
de águas na história da Andrade Mendonça, cuja<br />
construção e ampliação para o grupo JCPM foram<br />
realizadas entre 2007 e 2009, é tido pelo empreendedor<br />
como um dos grandes ícones da construtora. “É<br />
diferente em tudo. Ele mudou o conceito no Brasil. Os<br />
shoppings eram galpões com várias lojas. O Salvador<br />
Shopping foi concebido como uma grande avenida<br />
coberta, com estacionamento, ar condicionado, com<br />
vida e segurança”, pontua.<br />
Para Antonio Andrade Júnior, o empreendimento<br />
tornou-se referência nacional na construção<br />
comercial. O fortalecimento da parceria com o Grupo<br />
JCPM resultaria ainda na construção do Salvador<br />
Norte Shopping.<br />
Primeira arena<br />
Juntamente com a Galvão Engenharia, a construtora<br />
baiana entregou a Arena Castelão no dia 16 de<br />
dezembro, quatro meses antes do prazo estabelecido<br />
pela Fifa – o que tornou o estádio de Fortaleza o<br />
primeiro a ser concluído em vista da Copa das<br />
Confederações (2013) e do Mundial de 2014.<br />
(em cima) Entre os pais Antonio e Maria<br />
José Andrade, ainda menino. (embaixo)<br />
Com o amigo João Carlos Paes<br />
Mendonça, à época da construção do<br />
Salvador Shopping: divisor de águas<br />
Foto: Acervo Pessoal<br />
Foto: Divulgação<br />
“O maior legado que a Copa<br />
do Mundo vai deixar para o<br />
Brasil são as PPPs. Sem elas,<br />
a Copa não seria realizada.<br />
Vamos acabar percebendo<br />
que elas também servem<br />
para resolver o problema<br />
da educação e da<br />
saúde, por exemplo”
capa<br />
“O meu amigo<br />
João Carlos [Paes<br />
Mendonça] me<br />
disse que também<br />
vai construir<br />
estádio na<br />
próxima Copa<br />
do Mundo. Aí<br />
eu respondi a<br />
ele que até lá<br />
eu já vou ter<br />
construído<br />
foguetes para<br />
a Nasa”<br />
Com a bola “Cafusa”, da<br />
Copa das Confederações,<br />
em uma mão, e a réplica<br />
do estádio Castelão na<br />
outra - pioneirismo<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
“A Andrade Mendonça usou a expertise que tem no<br />
DNA, de tocar as obras do setor privado com eficiência e<br />
qualidade, aliada ao DNA da Galvão Engenharia, que é lidar<br />
com o cliente público”, destaca o empresário de 46 anos. O<br />
Castelão teve investimento de R$518 milhões, oriundos do<br />
BNDES e do governo do Ceará.<br />
Segundo o empresário, a maior dificuldade para construir<br />
o Castelão foi o fato de que, quando a obra começou,<br />
praticamente não havia projeto. “Tinha um anteprojeto. A nossa<br />
dificuldade era fazer a obra, os projetos e atender às exigências<br />
da Fifa, que às vezes criava uma nova demanda enquanto já<br />
estávamos com o empreendimento em andamento”.<br />
Tradicionalmente centrada no segmento privado, a<br />
construtora baiana mergulha, cada vez mais fundo, no setor<br />
de obras públicas. Antes de entregar o Castelão, a Andrade<br />
Mendonça já havia concluído, no primeiro semestre de<br />
2012, o Centro de Eventos do Ceará (ExpoCeará), também<br />
em parceria com a Galvão Engenharia. Maior centro de<br />
convenções da América Latina, o empreendimento ocupa<br />
uma área de 170 mil m 2 e demandou investimentos de<br />
R$357 milhões (governo cearense).<br />
PPPs<br />
Antonio Andrade Júnior afirma que a experiência com a<br />
Galvão Engenharia só somou bons frutos e adianta que a<br />
construtora baiana está aberta para parceria com novas<br />
companhias a fim de construir obras públicas, com apenas<br />
uma condição: a empresa parceira precisa ter o que ele<br />
chama de “DNA de obra pública”.<br />
“O maior legado que a Copa do Mundo vai deixar para<br />
o Brasil são as PPPs. Sem elas, a Copa não seria realizada.<br />
Vamos acabar percebendo que elas também servem para<br />
resolver o problema da educação e da saúde, por exemplo”,<br />
aposta o empresário. Parte interessada nesse modelo<br />
de negócio, ele justifica sua opinião em pontos como a<br />
negligência e ineficácia que o poder público costuma ter ao<br />
lidar com grandes empreendimentos e recursos, que muitas<br />
vezes acabam comprometidos devido à corrupção.<br />
Cronograma das obras do Castelão<br />
13/12/2010<br />
início das obras<br />
11/11/2011<br />
50,09%<br />
10/12/2011<br />
54%<br />
15/05/2012<br />
67,60%<br />
20/08/2012<br />
83%<br />
58 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
“O setor privado faz um investimento. Se der prejuízo<br />
no futuro, o governo banca a diferença. Do contrário, as<br />
obras não saem. Ninguém investe para os outros baterem<br />
palma e não entrar dinheiro... Mas isso é muito melhor do<br />
que o Estado fazer tudo. Iria se gastar bem mais do que<br />
o previsto, a obra não ficaria pronta no prazo”, defende<br />
Antonio Andrade Júnior.<br />
Investimentos<br />
Atualmente, o gestor considera que o mercado imobiliário<br />
na Bahia passa por um momento de ajuste, depois do boom<br />
que o segmento teve nos últimos anos. “Cresceu mais do<br />
que podia suportar. Hoje estamos só observando. Todo o<br />
dia tem maré cheia e maré baixa”, compara o empresário.<br />
A obra do setor que a construtora trabalha hoje é o<br />
residencial Adelaide, na Av. Contorno.<br />
No segmento comercial, depois de concluir a<br />
ampliação do Shopping Barra, a Andrade Mendonça<br />
também realiza a construção das concessionárias<br />
Eurovia (Renault/Nissan), em Lauro de Freitas, e<br />
Harley-Davidson, na avenida Paralela. Já no industrial, a<br />
construtora ergue em Camaçari as fábricas da Kimberly-<br />
Clark, Knauf e o Centro de Distribuição de O Boticário.<br />
“Em 2013, a nossa expectativa é de continuar<br />
crescendo, aproveitando as oportunidades de<br />
novas obras para os setores público e privado”,<br />
projeta Antonio Andrade Júnior. Ele acredita que os<br />
investimentos em infraestrutura serão intensificados<br />
por conta dos grandes eventos que se aproximam, como<br />
a Copa do Mundo e as Olimpíadas.<br />
Mas será difícil para a construtora bater o<br />
desempenho de 2012, quando foi considerada uma<br />
das empresas do setor que mais crescem no país pelo<br />
Ranking da Engenharia Brasileira – 500 Grandes da<br />
Construção, da revista O Empreiteiro. Com variação de<br />
93% em sua receita de 2010 para 2011, a companhia<br />
baiana deu um salto na classificação geral, ao passar da<br />
164ª para a 63ª posição.<br />
Já no ranking da revista Exame PME, a pesquisa da<br />
Deloitte apontou a Andrade Mendonça como a segunda<br />
empresa da indústria da construção que mais cresce no<br />
Brasil, com variação positiva no faturamento de 502,5%,<br />
no período de 2009 a 2011.<br />
“Se tudo o que estamos planejando para este ano<br />
for concretizado, é bem possível que consigamos até<br />
superar os resultados de 2012”, calcula o empresário, ao<br />
adiantar que a construtora está em vias de fechar um<br />
grande negócio ainda para 2013, sem revelar detalhes.<br />
“O meu amigo João Carlos [Paes Mendonça] me<br />
disse que também vai construir estádio na próxima<br />
Copa do Mundo. Aí eu respondi a ele que até lá eu já<br />
vou ter construído foguetes para a Nasa”, brinca um<br />
bem-humorado Antonio Andrade Júnior.<br />
Variação de receita<br />
da Andrade Mendonça:<br />
De 2010 para 2011: 93%. Saltou da 164ª para a 63ª<br />
posição no ranking das maiores construtoras do país.<br />
Fonte: revista O Empreiteiro<br />
2009-2010-2011: 502,5%. Segunda empresa da<br />
indústria da construção que mais cresceu no Brasil.<br />
Fonte: revista Exame PME<br />
Veia de empreendedor<br />
O empresário, que é administrador por formação, embora<br />
também tenha cursado engenharia, pontua que a<br />
Andrade Mendonça tem como uma espécie de slogan o<br />
cumprimento de prazos, a seriedade e o bom acabamento<br />
das obras. “Tudo isso está na nossa veia”, acrescenta.<br />
14/09/2012<br />
87%<br />
19/10/2012<br />
91,06%<br />
16/12/2012<br />
100%<br />
inauguração com a<br />
presença da presidente<br />
Dilma Rousseff<br />
27/01/2013<br />
Primeiras partidas da<br />
nova Arena Castelão.<br />
Fortaleza x Sport<br />
Ceará x Bahia<br />
abril de 2013<br />
Prazo-limite (Fifa)<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
59
capa<br />
Ao ser perguntado sobre quais características<br />
profissionais ele teria herdado do pai e de<br />
Paes Mendonça, Antonio Andrade Júnior cita<br />
valores como a seriedade, a ética, a correção e a<br />
organização. “Meu pai era o primeiro a chegar ao<br />
escritório, antes mesmo das faxineiras, porque<br />
dizia que depois as demandas o impediam de<br />
trabalhar como ele gostaria.”<br />
Na concepção do jovem empresário,<br />
empreender é um risco. “Na época da Cyrella,<br />
cheguei a ser avalista de R$ 974 milhões. É<br />
preciso saber correr os riscos, ter estômago<br />
para isso. Administrar não é para qualquer<br />
um. Tem que estar no DNA”, ressalta.<br />
Relaxamento é palavra proibida no<br />
dicionário desse sergipano que veio ainda<br />
criança para a Bahia, onde chegou a receber<br />
o título de Cidadão Baiano em 2010. “Aqui<br />
na empresa, me dizem às vezes: o cliente<br />
está satisfeito. Aí eu respondo: sim, mas<br />
eu não estou”, conta. “Nós não podemos<br />
nos conformar, temos sempre que buscar o<br />
melhor”, prega o gestor.<br />
Sobre Paes Mendonça, faz um<br />
reconhecimento emocionado. “Quando eu<br />
perdi meu pai, ele me deu a mão, não só no<br />
sentido comercial, mas em várias questões<br />
de minha vida. João Carlos ajudou a formar<br />
minha conduta, meu modo de ser, de ver as<br />
coisas. O patrimônio não foi a maior herança<br />
que o meu pai deixou, mas sim a amizade<br />
com ele”, confessa.<br />
Maratonista<br />
Além de correr diariamente atrás das grandes<br />
obras para a construtora, o que pouca gente<br />
imagina é que o pai de Antônio, 12 anos, e Ana,<br />
7 anos, é também maratonista nas horas vagas.<br />
Em 2011, o executivo-atleta completou os 21<br />
quilômetros da tradicional Meia-Maratona de<br />
Nova York, que teve 67 mil inscritos. “É como se<br />
o Castelão, que acabamos de entregar, estivesse<br />
completamente lotado”, equipara.<br />
Antonio Andrade Júnior garante que<br />
também já percorreu do Farol da Barra ao<br />
Farol de Itapuã diversas vezes, e que mais<br />
difícil do que correr uma maratona é a<br />
preparação que essa modalidade do atletismo<br />
exige. Nas horas vagas, outro esporte<br />
praticado por ele é o tênis.<br />
Foto: Divulgação<br />
Área externa da<br />
Arena Castelão<br />
Nas horas vagas, o empresário troca a maratona<br />
de negócios por outra mais saudável. Em 2011,<br />
chegou a correr a Meia-Maratona de NY<br />
Foto: Divulgação<br />
No tempo que sobra para estar com a família, Antonio Andrade<br />
Júnior costuma reunir a mulher e os filhos na casa da Ilha de<br />
Itaparica, que ele pretende tornar em breve autossuficiente<br />
em energia, por meio de investimentos em tecnologias de<br />
baixo carbono. “Não dá para pensar o mundo de hoje sem<br />
sustentabilidade. É mais caro, mas o retorno compensa”, pondera.<br />
Para o empresário, a maratona dos negócios, que culmina na<br />
distância do convívio familiar, é um dos seus maiores obstáculos.<br />
“Cansei de passar semanas sem ver meus filhos, mesmo estando<br />
em Salvador. Quando eu saía, eles estavam dormindo. Quando eu<br />
retornava, eles também já estavam dormindo”, desabafa.<br />
São os ossos do ofício, Antonio. Ou melhor: como já previa Paes<br />
Mendonça: são os sapos da lagoa. [B + ]<br />
60 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
62 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Apoio:<br />
sustentabilidade<br />
Pro Bem | 70<br />
Tendências | 73<br />
[C] Isaac Edington | 74<br />
Responsabilidade<br />
social<br />
Gestão sustentável<br />
nas grandes empresas<br />
66
sustentabilidade | empresa verde<br />
Foto: Rogerio Borges<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
GANHA STATUS NO<br />
SETOR DE ENERGIA<br />
por Rogério Borges<br />
Ana Queiroz, na<br />
sede da Coelba,<br />
em Salvador<br />
A<br />
gestão sustentável – esse mito dos nossos tempos<br />
– acaba de ser promovida à condição de realidade<br />
palpável no dia a dia empresarial, via indicadores tão<br />
absolutos como os de faturamento e contas a pagar. Na Coelba,<br />
distribuidora do grupo Neoenergia, entra em plena operação,<br />
em março, um software de gestão ampla que inclui os impactos<br />
socioambientais de todos os processos da empresa.<br />
O sistema, comum nas grandes corporações pelo menos<br />
desde os anos 90, já integrava todos os outros processos<br />
da empresa, fornecendo indicadores de desempenho em<br />
tempo real. A novidade, na Coelba, é a inclusão dos dados<br />
de sustentabilidade. Ainda muito identificado, no imaginário<br />
popular, com o ideal poético do “preserve o verde”, o termo<br />
sustentabilidade vem ganhando estatuto de condição absoluta<br />
para a gestão empresarial.<br />
À frente da área de sustentabilidade da Coelba desde<br />
2006, a administradora Ana Queiroz explica que, sem isso,<br />
deixou de ser possível atender às macroestratégias tradicionais<br />
da empresa: desenvolvimento profissional, remuneração<br />
dos acionistas e satisfação dos clientes. De fato, o tema<br />
sustentabilidade, enquanto processo, é agora uma das<br />
macroestratégias do Balanced Scorecard (Indicadores<br />
Balanceados de Desempenho, uma metodologia<br />
de medição e gestão de desempenho) da Coelba. A<br />
integração via software de gestão representa, nesse<br />
sentido, para ela, “um salto qualitativo muito grande”.<br />
Longe de se tratar de uma atitude voluntarista<br />
ou poética, a ascensão da sustentabilidade “é um<br />
processo de amadurecimento também”, avalia Ana<br />
Queiroz, que está na empresa desde 2002. Há 13<br />
anos o que havia era “projetos de meio ambiente<br />
e projetos sociais, muitas vezes filantrópicos,<br />
muito relacionados a clientes e comunidade em<br />
geral”, conta – “os conceitos foram evoluindo e nós<br />
fomos acompanhando as ondas do processo de<br />
responsabilidade social”.<br />
O grande salto deu-se em 2004, com a<br />
contratação de uma consultoria para fazer um<br />
diagnóstico e o planejamento estratégico ligado ao<br />
tema. Seguindo a agenda do Instituto Ethos, a Coelba<br />
desenvolveu um modelo de gestão da área, que<br />
na época ainda era chamada “de responsabilidade<br />
64 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
social”, um conceito que começou a ser introduzido de<br />
forma transversal em todos os processos da empresa e no<br />
relacionamento com os seus diversos públicos. Foi aí que o<br />
tema começou a aparecer no mapa de estratégias da Coelba.<br />
Hoje existe um comitê gestor, multidisciplinar, que<br />
continua a seguir os valores do Ethos. Cada líder das<br />
diversas áreas da empresa conta com um grupo próprio<br />
que faz a gestão do tema que lhe diz respeito. A área de<br />
sustentabilidade faz a gestão do todo e apoia.<br />
Depois, em 2009, o grupo Neoenergia passou a tratar<br />
o tema da sustentabilidade “com um zoom maior”, define<br />
Queiroz. Foi quando se fez o mapeamento dos impactos<br />
socioambientais de todos os processos da distribuidora<br />
baiana de energia – que resultou no software integrado,<br />
com dados em tempo real.<br />
“A cada ano se avança um pouco mais”, explica<br />
ela. “Também não acreditamos em sair do oito para o<br />
oitenta. É impossível porque você, principalmente, tem<br />
que mudar a cultura”. Isso talvez explique a fusão de<br />
“sustentabilidade e comunicação” numa mesma estrutura<br />
gerencial, como acontece na Coelba.<br />
“São dois temas transversais a todos os processos”,<br />
diz Queiroz. O desafio, para ela, é fazer a gestão dos<br />
impactos, a gestão do tema e ainda auxiliar a força<br />
de trabalho a fazer a conexão entre a sua atividade<br />
e a sustentabilidade. “É um desafio muito grande<br />
traduzir para todos os nossos públicos os princípios de<br />
sustentabilidade presentes no nosso negócio”, afirma.<br />
Desafio que, de acordo com ela, vem sendo vencido.<br />
Exemplo disso é que a proposta de desenvolvimento do<br />
software que entra em operação em março não partiu da<br />
área de sustentabilidade, mas do setor de planejamento<br />
estratégico. A contratação da Fundação Dom Cabral, de<br />
Minas Gerais, para treinar líderes e potenciais líderes da<br />
Coelba em relação ao tema foi outro passo nessa direção.<br />
A acelerada implantação da cultura da sustentabilidade<br />
verifica-se, por exemplo, no projeto “Produção Limpa”, em<br />
que a empresa “não faz o menor traçado, faz aquele traçado<br />
com menor impacto no meio ambiente”, ilustra Ana Queiroz.<br />
Na origem, em termos de tecnologia empresarial, o<br />
tema “meio ambiente” e depois o da “responsabilidade<br />
social” eram patrimônio da área de comunicação,<br />
especialmente no relacionamento com as comunidades<br />
envolvidas pelos empreendimentos. Como ferramenta<br />
de gestão ampla, os indicadores de sustentabilidade<br />
continuam a ser importantes para a gestão da imagem<br />
pública das corporações, mas com um novo viés. Um dos<br />
indicadores monitorados pela área de sustentabilidade<br />
da Coelba é, por exemplo, o número de reclamações de<br />
clientes. Ao identificar um aumento desses registros,<br />
a área responsável recebe uma sinalização do<br />
problema nos relatórios de acompanhamento. A<br />
partir daí, a área de sustentabilidade atua nos<br />
processos internos para eliminar os problemas que<br />
deram origem às reclamações.<br />
Ao mesmo tempo, é verificado se esse aumento no<br />
número de reclamações está refletido nas publicações<br />
da mídia. A checagem na área de imprensa visa<br />
também aferir o índice de procedência do que o<br />
consumidor reclama na mídia – que tem reflexos na<br />
gestão da imagem da empresa.<br />
Ney Maron, diretor<br />
de sustentabilidade<br />
e comunicação na<br />
Renova Energia<br />
Foto: Valter Pontes<br />
Renova<br />
A solução da simbiose com a comunicação repete-se<br />
na Renova Energia, que conta com uma diretoria<br />
“de sustentabilidade e comunicação”. À frente da<br />
estrutura, o engenheiro civil e advogado Ney Maron<br />
explica que nem sempre foi assim.<br />
Aqui não foi a comunicação que deu origem ao<br />
tema da sustentabilidade – uma diretoria estatutária da<br />
Renova desde a fundação – mas o oposto. A componente<br />
da comunicação foi incluída mais recentemente, numa<br />
mudança de estatuto que acabou de ser aprovada pelo<br />
conselho de administração.<br />
A comunicação passou a fazer parte do escopo<br />
da diretoria “pela própria característica do nosso<br />
negócio de relacionamento com as comunidades”. Já<br />
havia uma aptidão dentro da área de meio ambiente,<br />
direcionada às comunidades, “nosso principal<br />
stakeholder” na avaliação de Maron.<br />
A Renova, por exemplo, não adquire propriedades<br />
ao implantar geradores eólicos, mas trabalha em áreas<br />
arrendadas, o que leva a uma relação com a comunidade<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
65
Foto: Divulgação<br />
Um cenário em transformação no<br />
semiárido baiano. (embaixo) Renova<br />
investe em projetos socioeducativos<br />
nas comunidades onde atua<br />
Fotos: Divulgação<br />
que Maron define como visceral, o que demanda<br />
comunicação. “Nós trabalhamos, literalmente, nos quintais<br />
das casas das pessoas”, verifica.<br />
Mas a própria opção pelo arrendamento, pela convivência com<br />
o uso tradicional da terra, é uma decisão ligada à sustentabilidade<br />
na atividade-fim. A empresa atua exclusivamente com energias<br />
renováveis: solar, pequenas centrais hidrelétricas e energia eólica,<br />
sendo mesmo a maior do país neste último setor. No caso da eólica,<br />
a Renova já parte do princípio de compatibilidade com outras<br />
atividades de uma maneia geral.<br />
“Diferente de outras formas de geração de energia ou outro tipo<br />
de atividade em que você troca, altera completamente o uso do<br />
solo, no caso da eólica há sempre a possibilidade de convivência da<br />
atividade original com a nova atividade de geração”, explica Maron.<br />
Nem todos os parques eólicos do país vêm<br />
sendo implantados em propriedades arrendadas.<br />
Essa foi uma opção da Renova. Para ele, em vez<br />
da nova atividade “representar uma ameaça, a<br />
expulsão daquela pessoa do campo – por melhor<br />
que seja a remuneração você estaria trocando,<br />
alterando o modo de vida de uma forma muito<br />
intensa – ela tem representado a possibilidade de<br />
fixação do homem do campo”.<br />
Na região de Caetité, a 650km de Salvador,<br />
onde foi implantado o complexo de geração de<br />
energia eólica Alto Sertão I, o arrendamento<br />
da propriedade significa um aporte financeiro<br />
importante para as comunidades, que altera<br />
a realidade socioeconômica para melhor. Na<br />
maioria das propriedades arrendadas, além<br />
disso, o aerogerador da Renova ocupa as<br />
partes altas do terreno ou encostas de serras,<br />
que eram totalmente inexploradas. Projetos<br />
socioambientais, de geração de renda,<br />
também fazem parte das ações da Renova<br />
junto às comunidades.<br />
Assim como na Coelba, do ponto de vista da<br />
Renova a área de sustentabilidade tem caráter<br />
estratégico, embora o conceito tenha cores<br />
diferentes. Maron sublinha que “existe já uma<br />
característica forte de sustentabilidade no ramo de<br />
atuação”, ligado à geração de energia renovável.<br />
As tomadas de decisão ligadas à<br />
sustentabilidade permeiam as atividades da<br />
empresa de uma forma mais ampla do que<br />
no âmbito da diretoria que lhe toma o nome.<br />
O desenvolvimento de novos equipamentos e<br />
novas tecnologias de implantação dos parques<br />
eólicos é exemplo disso. A utilização de acessos<br />
menores, por exemplo, implica uma menor<br />
supressão, menor intervenção. Isso ocorre “não<br />
especificamente na nossa diretoria, mas na<br />
empresa como um todo”, sublinha.<br />
Um dos grandes problemas de implantação<br />
de empreendimentos de geração hídrica são os<br />
entraves de natureza socioambiental. “Quando<br />
você pensa naquilo apenas como um problema,<br />
um obstáculo, um entrave, você tem uma ação<br />
totalmente reativa, tentando se desvencilhar de<br />
uma situação que é totalmente desfavorável”,<br />
diz Maron, que tem especialização em direito<br />
ambiental. Quando a sustentabilidade é<br />
vista como uma possibilidade de ativo, de<br />
diferenciação, as perspectivas mudam. [<strong>B+</strong>]<br />
66 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
67
sustentabilidade | pro bem<br />
Movimentos para<br />
o bem de Salvador<br />
A terceira maior capital do país anda carente depois<br />
de anos desprovida de cuidados. Para aumentar a<br />
autoestima dos cidadãos e aflorar o amor por sua<br />
capital, grupos sociais e empresariais se unem em<br />
campanhas para incentivar melhorias em Salvador<br />
Foto: Divulgação<br />
Carlos Amaral, presidente da Fecomércio, Victor Ventin, presidente do Fórum<br />
Empresarial, e Renato Tourinho, presidente da Abap-BA. (ao lado) Jovens artistas<br />
lançaram o Musas, que coloriu as ruas da comunidade Gamboa de Baixo<br />
Foto: KinKin<br />
Salvador Viva, Ame, Cuide<br />
Promovido pelo Fórum Empresarial da Bahia,<br />
o movimento reúne as principais entidades<br />
empresariais baianas em prol de um novo<br />
comportamento, de zelo e carinho, dos cidadãos<br />
pela capital baiana. Com a participação de artistas,<br />
empresários e publicitários, a campanha promete<br />
sensibilizar o soteropolitano a fazer a sua parte para<br />
que a cidade seja mais bela, humana e melhor de<br />
se viver. Os idealizadores lançaram a campanha em<br />
janeiro deste ano e querem alterar comportamentos<br />
como o de jogar lixo na rua, pichar e depredar<br />
monumentos e prédios, estacionar carros na calçada<br />
e ouvir som acima do volume permitido. Acesse a<br />
campanha no www.salvadorvivaamecuide.com.br.<br />
Movimenta Salvador<br />
O Instituto Movimenta Salvador nasceu em agosto<br />
de 2012, tendo entre seus conselheiros membros<br />
de entidades empresariais, culturais, científicas, da<br />
sociedade civil e representações de classe. Aberto<br />
à participação de qualquer grupo, o movimento<br />
apolítico funciona como um grande fórum de debate e<br />
discussão e, ao mesmo tempo, um gerador de projetos<br />
para solucionar os principais problemas da cidade,<br />
contribuindo com o poder público. As ações pretendem<br />
ajudar para que Salvador se estruture para erguer-se<br />
menos caótica e mais moderna rumo ao futuro.<br />
Nossa Salvador<br />
O Movimento Nossa Salvador foi lançado em março de<br />
2011. A organização integra a Rede Social Brasileira<br />
por Cidades Justas e Sustentáveis, e teve seu pontapé<br />
inicial com a divulgação de 55 indicadores sociais<br />
em áreas como educação, saúde, segurança e meio<br />
ambiente. “Atuamos em três frentes de trabalho:<br />
programa de indicadores sociais, acompanhamento da<br />
gestão pública e educação para a cidadania”, explicou<br />
Aldo Ramon Almeida, executivo da organização. O<br />
prefeito de Salvador, ACM Neto, aderiu à Plataforma<br />
Cidades Sustentáveis e se comprometeu a promover no<br />
município princípios de sustentabilidade e a prestar<br />
contas das ações desenvolvidas por meio de relatórios<br />
acompanhados pelo Nossa Salvador.<br />
Salvador, meu amor<br />
Essa campanha surgiu com o objetivo também de resgatar<br />
o cuidado dos soteropolitanos por Salvador. O movimento<br />
é independente e estimula gestos voluntários de amor dos<br />
cidadãos. Idealizada pelo publicitário Maurício Galvão,<br />
a campanha reúne grupos, entre eles o Musas, o Balé<br />
da Comunidade, o Mobicidade Salvador e o Canteiros<br />
Coletivos, que querem fazer uma contribuição, mesmo que<br />
pequena, para ajudar a fomentar o potencial da cidade e<br />
valorizar os espaços públicos. Sem financiamento próprio,<br />
as ações são divulgadas via redes sociais, e usa como<br />
campanha o mote “Gente boa se atrai”.<br />
68 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
69
sustentabilidade | tendências<br />
‘Caetitezação’: Renova e Alston<br />
firmam parceria de €1 bilhão<br />
Acordo entre a empresa líder na geração de<br />
energia eólica contratada no Brasil com a<br />
companhia francesa busca adaptar a tecnologia<br />
aos ventos do semiárido baiano, considerados os<br />
melhores do mundo para a atividade<br />
por Murilo Gitel*<br />
N<br />
em adianta procurar nos dicionários: a palavra<br />
“caetitezação” não consta em absolutamente nenhum<br />
deles. O neologismo tampouco tem algo a ver com o músico<br />
Caetano Veloso, caso alguém arrisque por essa via. O termo<br />
está relacionado ao município de Caetité, no semiárido baiano,<br />
e não sai do vocabulário da Renova Energia e da francesa<br />
Alston, que anunciaram no dia 6 de fevereiro, em São Paulo, um<br />
memorando de entendimento orçado em um bilhão de euros<br />
(mais de R$2,7 milhões) para o fornecimento, ao longo de três<br />
a quatro anos, de 440 aerogeradores eólicos, cuja capacidade<br />
mínima instalada é de 1,2 GW.<br />
A entrega dos equipamentos, que serão produzidos pela<br />
fábrica da Alston em Camaçari, será iniciada em 2015. De<br />
acordo com as empresas, o volume de energia previsto na<br />
parceria equivale à quase totalidade de geração atual do<br />
mercado eólico brasileiro. O acordo com a Alston também inclui<br />
serviços de manutenção e operação.<br />
“Caetitezação significa o nosso entendimento de que não basta<br />
‘tropicalizar’ a energia eólica, mas sim adaptar a tecnologia aos<br />
ventos locais, além de criar uma cadeia de suprimentos”, explica<br />
Mathias Becker, diretor-presidente da Renova Energia.<br />
Inaugurada em novembro de 2011, a fábrica da Alston<br />
em Camaçari tem capacidade instalada de 300 MW por<br />
ano, com um único turno de trabalho. Agora, depois da<br />
parceria com a Renova, será viabilizado um novo turno,<br />
ainda no primeiro semestre de 2013, o que deve elevar a<br />
capacidade para 600 MW anuais.<br />
Para o presidente mundial do setor de energia renovável<br />
da Alston, Jerome Pécresse, a parceria representa o maior<br />
acordo mundial on-shore (em terra firme) da companhia<br />
na área eólica. “Vamos produzir tecnologias adaptadas às<br />
condições climáticas locais, por meio da otimização das<br />
turbinas”, destaca o executivo francês.<br />
(em cima) Mathias Becker, presidente da Renova<br />
Energia, anuncia parceria com a Alston em<br />
evento em São Paulo (embaixo) Parque eólico da<br />
Renova em Caetité. Região chamada de “mina<br />
de ouro” concentra melhores ventos do mundo<br />
Fotos: Divulgação<br />
Linhas de transmissão<br />
Principal entrave ao projeto da Renova em<br />
solo baiano, as linhas de transmissão sob<br />
responsabilidade da Companhia Hidroelétrica do<br />
São Francisco (Chesf) ainda não estão prontas, o<br />
que impede a distribuição da energia produzida<br />
pelos parques da empresa. A construção envolve<br />
os municípios de Bom Jesus da Lapa e Igaporã.<br />
“Estamos apoiando a Chesf quanto à criação das<br />
linhas de transmissão, tanto nas questões de<br />
licenciamento, fundiária e de gerenciamento da<br />
obra”, ressalta Mathias Becker. O prazo que a Chesf<br />
estimou para a conclusão é dezembro de 2013.<br />
Enquanto isso, o governo federal tem um prejuízo<br />
semestral de cerca de R$100 milhões, por força de<br />
contrato, pois tem de pagar por uma energia que não<br />
está sendo consumida.<br />
* O repórter viajou a São Paulo a convite da Renova Energia.<br />
70 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Já ouviu falar<br />
em Comércio Justo?<br />
por Clara Corrêa www.ecod.org.br<br />
O fair trade, como é conhecido<br />
internacionalmente, consiste em uma<br />
parceria comercial baseada em diálogo,<br />
transparência e respeito, em busca de<br />
uma maior equidade no comércio global.<br />
Entenda como ele funciona<br />
A<br />
Federação Internacional de<br />
Comércio Alternativo (Ifat)<br />
define o objetivo do comércio justo<br />
como uma prática que estabelece<br />
contato direto entre o produtor e<br />
o comprador, desburocratizando<br />
o comércio e poupando-os da<br />
dependência de atravessadores<br />
e das instabilidades do mercado<br />
global de commodities. O conceito<br />
se baseia na importância de o<br />
consumidor adquirir produtos<br />
comercializados de maneira<br />
responsável, que possibilite<br />
remuneração justa e condições de<br />
trabalho favoráveis, incluindo o uso<br />
sustentável dos recursos naturais.<br />
Os principais personagens<br />
do comércio justo no mercado<br />
internacional são os produtores,<br />
os importadores, os licenciados<br />
e as world shops. A gama de<br />
produtos certificados pela<br />
Fairtrade Labelling Organizations<br />
International (FLO) inclui café, chá,<br />
arroz, cacau, mel, açúcar, frutas<br />
frescas e produtos manufaturados,<br />
tais como bolas de futebol. Eles são<br />
vendidos em 18 países, com 70 a 90<br />
mil pontos de venda convencionais.<br />
As empresas podem ser<br />
especializadas em comércio justo ou<br />
atuar no comércio tradicional com<br />
marcas convencionais, incorporando<br />
itens com o selo de comércio justo<br />
em suas linhas. Os licenciados são<br />
empresas que têm o direito de usar<br />
o selo de Fair Trade mediante o<br />
pagamento de licenças, concedidas<br />
pelas iniciativas nacionais. Topa<br />
entrar nesse negócio?<br />
Princípios do Comércio Justo<br />
Fotos: Divulgação<br />
(em cima) Produtos certificados com o Fair Trade. Garantia de uma produção<br />
justa do campo à prateleira (embaixo) O objetivo do comércio justo é também<br />
promover o desenvolvimento de famílias produtoras em todo o mundo<br />
[1] Criação de oportunidades para os produtores economicamente<br />
desfavorecidos. [2] Transparência e responsabilidade: tratar de forma<br />
justa e respeitosa os parceiros comerciais. [3] Construção de capacidades:<br />
desenvolver as habilidades dos produtores. [4] Pagamento de um preço justo:<br />
esse valor, no contexto regional ou local, é aquele que tenha sido acordado<br />
através do diálogo e da participação. [5] Equidade de gênero: o trabalho<br />
feminino valorizado e recompensado. [6] Condições de trabalho: um ambiente<br />
de trabalho seguro e saudável para os produtores. [7] O meio ambiente:<br />
incentivo a métodos de produção sustentável.<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
71
sustentabilidade | tendências<br />
Bahia inicia coleta de medicamentos<br />
em projeto piloto<br />
O lixo e o vaso sanitário podem se transformar, em breve, em um destino<br />
obsoleto para as farmacinhas domésticas na Bahia, juntando-se assim a<br />
outros nove estados que já possuem a coleta de medicamentos. O projeto,<br />
iniciado em dezembro de 2012, ainda será um piloto com tempo<br />
limitado de duração: apenas seis meses. De início serão dez pontos de<br />
descarte de medicamentos em desuso, vencidos ou restantes em Salvador.<br />
A coleta amostral deverá atingir também as cidades de Feira de Santana,<br />
Camaçari e Itabuna. Os rejeitos dos medicamentos coletados serão<br />
destinados à incineração. A coleta faz parte dos estudos de viabilidade<br />
técnica, econômica e avaliação dos impactos sociais para a implantação<br />
da logística reversa de medicamentos no estado, que subsidiará o acordo<br />
setorial realizado pela Anvisa. A ideia é que, durante esse período, seja<br />
coletada a maior quantidade possível desses resíduos para embasar a<br />
urgência da implantação.<br />
Pontos de coleta em Salvador:<br />
- Farmácias Santana do Shopping Iguatemi e Shopping Litoral Norte<br />
- Farmácia de Manipulação Erva Doce (Pituba)<br />
- Farmácias Wal Mart (Hiperbompreço Iguatemi e Hiperbompreço Cabula)<br />
- Farmácias Pague Menos (Itapuã e Brotas)<br />
- Farmácias Popular (São Caetano e Ribeira)<br />
Tinta térmica reduz<br />
consumo de energia<br />
em até 60%<br />
Revestir o telhado com tinta térmica pode ser<br />
uma boa alternativa para economizar no consumo<br />
de energia, reduzir o impacto da radiação<br />
e a temperatura interna dos ambientes. O<br />
produto é feito à base de água e microesferas<br />
ocas de vidro, que possibilitam a redução de<br />
até 60% do consumo de energia elétrica na<br />
refrigeração de residências, galpões, prédios<br />
e armazéns. A tinta, que também diminui até<br />
84% da radiação no telhado e entre 10% e 15%<br />
da temperatura por telha, foi desenvolvida<br />
para revestir navios, aeronaves, tubulações e<br />
alvenarias em geral. Além de custar menos, o<br />
produto é mais sustentável do que a espuma<br />
de poliuretano (derivado de petróleo), opção<br />
muito utilizada no mercado brasileiro, em<br />
obras de revestimento e isolamento térmico.<br />
72 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
73
sustentabilidade | desenvolvimento urbano<br />
A MARCA SALVADOR<br />
O JOGO JÁ COMEÇOU<br />
Isaac<br />
Edington<br />
É secretário do<br />
Escritório Copa do<br />
Mundo Brasil Fifa<br />
2014 TM , da Prefeitura<br />
de Salvador<br />
Salvador irá sediar três jogos da<br />
Copa das Confederações, em 2013, e<br />
seis jogos da Copa do Mundo, em 2014.<br />
Investimentos que superam R$1,2 bilhão<br />
em infraestrutura, um forte portfólio de<br />
projetos, eventos e iniciativas devem<br />
contribuir para que esses megaeventos<br />
deixem legados na cidade. Não só de<br />
infraestrutura, que são os mais visíveis,<br />
mas que possam deixar um legado social,<br />
que contribua para melhorar a qualidade<br />
de vida do soteropolitano. Entretanto,<br />
devemos ampliar a nossa compreensão a<br />
respeito da oportunidade única que esses<br />
eventos, de magnitude sem precedentes<br />
na história de nossa cidade, podem trazer<br />
para o posicionamento e fortalecimento da<br />
nossa imagem, da “marca Salvador”. Um<br />
legado institucional de grande valia para o<br />
nosso desenvolvimento.<br />
Costumo dizer que uma Salvador<br />
ordenada, limpa, conservada, segura<br />
e hospitaleira é muito boa para os<br />
soteropolitanos, assim como para os que<br />
nos visitam, além de criar um importante<br />
posicionamento de imagem e positividade<br />
que fortalece a cidade sob todos os aspectos.<br />
Se formos bem sucedidos na experiência<br />
que nossos visitantes terão aqui, haverá um<br />
fluxo de retorno em efeito cascata. O turismo<br />
de eventos alavanca o turismo de lazer e o<br />
mercado de eventos está profundamente<br />
ligado à atividade turística.<br />
A questão, meus caros, é que a disputa<br />
entre as seleções participantes só irá<br />
começar lá na frente, com o advento de<br />
cada jogo. No entanto, a disputa entre<br />
os destinos já começou no Brasil. O<br />
Ministério do Turismo divulgou uma lista<br />
com 184 destinos turísticos em municípios<br />
distribuídos por 21 estados e estima que<br />
600 mil estrangeiros e três milhões de<br />
brasileiros deverão circular pelo Brasil no<br />
mês da Copa do Mundo.<br />
Em termos mundiais, a captação e a<br />
promoção de megaeventos são consideradas<br />
atividades que mais oferecem retorno<br />
socioeconômico ao país e às cidades que<br />
os sediam. Portanto, sermos eficientes na<br />
atração de visitantes e darmos um show<br />
de bola de hospitalidade e organização<br />
promoverá uma imagem positiva da<br />
“marca Salvador” e poderá render frutos<br />
importantes para o nosso posicionamento<br />
em relação aos demais destinos,<br />
habilitando, assim, a cidade para captar<br />
novos megaeventos.<br />
Um fator muito importante nesse<br />
contexto é o fato de a Copa Mundo ser um<br />
momento inigualável de concentração da<br />
imprensa internacional nos países-sede.<br />
Entretanto, caro leitor, a cobertura da<br />
imprensa está além dos gramados. Essa<br />
turma, além de trabalhar, também anda<br />
pela cidade, dorme em hotéis, pega táxi, vai<br />
a restaurantes, a baladas, se diverte. Tudo<br />
como turistas normais, o que, por isso só, já<br />
mereceria a nossa atenção. Talvez antes de<br />
o homem pisar em Marte, não teremos outra<br />
oportunidade como essa de promover nossa<br />
cultura, nossa gastronomia, nossas praias,<br />
nosso patrimônio histórico e tantos outros<br />
atributos de nossa cidade. Portanto, vamos<br />
recebê-los de braços abertos e mostrar o que<br />
temos de melhor. Tenham certeza de que<br />
esse esforço valerá muito a pena.<br />
A prefeitura de Salvador e o governo do<br />
estado têm um papel muito importante para<br />
a realização das Copas em nossa cidade.<br />
Todavia, a população e os empresários não<br />
podem ser apenas expectadores. Todos<br />
podem e devem contribuir, cada um a sua<br />
maneira, investindo em qualificação de<br />
mão de obra, apoiando projetos e inciativas<br />
relacionadas às Copas, contribuindo<br />
para manter a ordem pública, ajudando<br />
a preservar o patrimônio público ou,<br />
simplesmente, sendo um cidadão consciente.<br />
74 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
lifestyle<br />
Funcionalidade no design dos escritórios<br />
76<br />
sabor | 86<br />
Notas de Tec | 88<br />
82<br />
Tecnologias digitais e o comportamento social
lifestyle | decoração<br />
Muito estilo,<br />
funcionalidade<br />
e bem-estar nos<br />
escritórios<br />
Planejamento, otimização<br />
dos espaços, ergonomia<br />
e a escolha correta<br />
dos materiais são<br />
imprescindíveis para quem<br />
deseja investir no ambiente<br />
de trabalho<br />
por Gina Reis<br />
E<br />
m tempos de rotina intensa e congestionamentos<br />
infindáveis, investir em um ambiente profissional<br />
adequado é essencial para garantir bem-estar e<br />
produtividade à empresa. Esse novo modo de vida aumenta<br />
a demanda por profissionais que consigam adequar o<br />
seu espaço às necessidades da sua empresa. A partir<br />
do conhecimento da rotina produtiva, o arquiteto irá<br />
desenvolver um planejamento adequado e que caiba no<br />
bolso do cliente. “Ao estruturar um ambiente de trabalho,<br />
não se deve esquecer nenhuma necessidade. Devemos<br />
pensar desde a quantidade de pessoas que vai usar o<br />
ambiente à otimização do espaço”, ressalta a arquiteta<br />
Márcia Meccia. Para Maurício Lins, diretor de marketing<br />
do Núcleo de Decoração da Bahia e proprietário da Artline,<br />
loja especializada em móveis corporativos, é importante<br />
também oferecer soluções que se preocupem com o conforto<br />
da equipe, que, por sua vez, tende a ficar grande parte do dia<br />
nos escritórios. “A ergonomia é fundamental para aumentar<br />
a produtividade, garantindo qualidade de vida no trabalho.<br />
Hoje, o mercado oferece mesas e cadeiras apropriadas para<br />
longas jornadas, certificadas pelo Inmetro-ABNT”, afirma.<br />
Conformar o local à rotina da empresa envolve ainda<br />
a escolha de uma iluminação correta, investimento em<br />
acústica, em uma cartela de cores apropriada, revestimentos<br />
práticos, além de objetos e móveis decorativos que imprimam<br />
personalidade na medida. “O espaço não pode ser impessoal,<br />
nem pessoal demais. Deve haver um equilíbrio”, enfatiza<br />
Márcia Meccia. O objetivo é criar um ambiente que estimule<br />
e facilite a produção de forma inspiradora e agradável.<br />
Para ilustrar esse novo momento, a <strong>Revista</strong> [B + ] selecionou<br />
projetos de diferentes perfis e conversou com os profissionais<br />
responsáveis sobre soluções e diferenciais.<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
76 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
60m ² de<br />
funcionalidade<br />
Fotos: Rômulo Portela<br />
Transformar 60m 2 ²em um escritório que<br />
atendesse a duas empresas de ramos<br />
distintos. Esse foi o desafio da arquiteta<br />
Márcia Meccia ao desenvolver o projeto<br />
para abrigar seu escritório e da sua filha,<br />
Rafaela Meccia, que atua no setor de<br />
eventos. Para conseguir uma dinâmica<br />
interna e conciliar as duas atividades,<br />
Márcia explorou o uso de divisórias de<br />
vidro e alumínio abertas e fechadas,<br />
associadas às persianas. Na empresa,<br />
alguns espaços são compartilhados.<br />
Dentre eles, a copa, que fica no centro<br />
do escritório e permite que as pessoas<br />
- clientes, parceiros e funcionários - se<br />
sirvam. Outro importante diferencial<br />
no projeto é a instalação de duas<br />
entradas independentes. Isso permite<br />
um trânsito confortável de visitantes<br />
para as duas empresas. Márcia destaca<br />
ainda a ergonomia e a disposição dos<br />
móveis, que facilitam a circulação e<br />
a importância da iluminação. “Todos<br />
os ambientes exploram a iluminação<br />
natural. A luz garante conforto visual ao<br />
local de trabalho”, afirma. A arquiteta<br />
também dedicou atenção especial à<br />
acústica, através do uso de materiais<br />
específicos, pensados em parceria<br />
com a Audium, empresa especializada<br />
em consultoria e projetos de áudio e<br />
acústica e implantação de sistemas de<br />
áudio. Além da acústica, um projeto<br />
lógico de rede de computadores foi feito<br />
para o bom funcionamento do escritório,<br />
evitando, assim, desgastes futuros.<br />
Para a decoração, Márcia imprimiu<br />
personalidade, com pequenos toques<br />
e obras de arte do seu acervo pessoal.<br />
Dentre elas, uma tela da artista plástica<br />
Fátima Tosca e uma tela familiar de<br />
1923. “Investir em uma obra de arte<br />
é uma das melhores formas de<br />
harmonizar bom gosto e identidade<br />
ao local de trabalho”.<br />
Ficha técnica<br />
Pisos Eliane<br />
Móveis e divisórias Artline<br />
Armários planejados Bontempo<br />
Peças especiais de marcenaria Tomac<br />
Iluminação Arcluz<br />
Acústica Audium<br />
Obras de arte acervo pessoal<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
77
Modernidade<br />
e eficiência<br />
Fotos: Rômulo Portela<br />
Convidadas para assinar o espaço de<br />
138m 2 de uma agência marítima no<br />
bairro do Comércio, em Salvador, a<br />
arquiteta Beth Câmara e a designer<br />
de interiores Bharbara Ckamara<br />
concordam que o resultado do trabalho<br />
assegurou ao escritório uma atmosfera<br />
segura e confortável. Para isso, as<br />
profissionais investiram em um espaço<br />
e organogramas enxutos e eficientes<br />
que atendessem a uma equipe pequena.<br />
“Concebemos uma ilha central para<br />
concentrar o operacional da empresa. A<br />
sala de reunião atende, principalmente,<br />
os proprietários da empresa que não<br />
residem em Salvador. Quando eles estão<br />
aqui, precisam de um espaço provisório<br />
para atuar”, conta Bharbara Ckamara.<br />
Como o funcionamento da empresa é<br />
acompanhado via internet, era necessário<br />
um cuidado com essa conectividade para<br />
atender à matriz. “Por se tratar de um<br />
prédio antigo, tivemos que fazer alguns<br />
ajustes e milagres não aparentes”, ressalta<br />
Bharbara. Houve cautela, por exemplo,<br />
com a fiação, a tubulação e o cabeamento<br />
do prédio. O quadro de disjuntores foi<br />
substituído por um sistema DR (sistema<br />
de proteção à pessoa). As esquadrias<br />
antigas também foram substituídas por<br />
modelos de PVC para melhorar a acústica<br />
do local. A concepção da iluminação foi<br />
feita pela Construart. Para a decoração,<br />
a escolha foi por um mobiliário bonito,<br />
com preço competitivo e boa ergonomia,<br />
encontrado na Artline. “Um dos detalhes<br />
que me deixaram muito feliz foi o uso<br />
do backlight ocupando toda a parede<br />
com uma imagem do mar da Grécia.<br />
Nosso cliente é grego. Como o espaço<br />
só possui um amplo janelão que não<br />
atenderia à sala de reunião, conseguimos,<br />
através do backlight, trazer o exterior e a<br />
luminosidade para dentro deste ambiente”,<br />
destaca Bharbara.<br />
Ficha técnica<br />
Móveis, divisórias, piso vinílico e carpete Artline<br />
Marcenaria Modelli<br />
Iluminação Construart<br />
Bancada de vidro da recepção Ornato<br />
78 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Fotos: Rômulo Portela<br />
Seriedade e<br />
sofisticação<br />
Ficha técnica<br />
Piso Portobello Shop<br />
Iluminação La Lampe<br />
Climatização Artemp<br />
Persianas Luxaflex<br />
Cadeiras da sala da diretoria<br />
Clássica Design/Toque da casa<br />
Móveis Jocal Moveis<br />
Tapetes persas Bagdá<br />
Obras de artes Galeria Fabio Pena Cal<br />
Escultura de Bronze<br />
Roberto Alban Galeria de Arte<br />
Acessórios e adornos decorativos<br />
Empório Magma e Bizâncio<br />
Mesa de reunião em mármore<br />
preto absolutto Pavimenti<br />
Marcenaria da diretoria, feita<br />
com lâmina de madeira nobre<br />
Madeireira Paulista<br />
Marcenaria do painel da recepção<br />
Movelare Marcenaria<br />
Marcenaria dos demais escritórios<br />
e cadeiras Modulare Officer<br />
Milena Saraiva foi a profissional<br />
responsável por transmitir para um espaço<br />
de 200m 2 a elegância, a austeridade e a<br />
nobreza ao projeto de um grande escritório<br />
nacional de advocacia que inaugurou,<br />
recentemente, sua filial em Salvador.<br />
Aproximadamente 40 advogados atuam<br />
na empresa, dividida em recepção, sala de<br />
reunião, sala da diretoria, setor jurídico,<br />
departamentos comercial, contábil,<br />
administrativo e copa. “Os escritórios de<br />
advocacia, de uma forma geral, seguem<br />
um leiaute mais tradicional. É uma<br />
característica da profissão, assim como, na<br />
medicina, opta-se sempre por privilegiar<br />
ambientes mais claros. Por outro lado, nesse<br />
projeto, particularmente, fiquei surpresa<br />
pelo interesse do cliente em investir<br />
em obras de arte, peças de antiquário e<br />
mobiliário clássico. Sobretudo, por ele ser<br />
bastante jovem. Isso me fascinou”, revela a<br />
arquiteta. Todo o escritório foi decorado com<br />
obras de arte dos artistas Henrique Passos<br />
e João José Rescála, além de esculturas<br />
de bronze. Entre as exigências para a<br />
concepção do projeto, estava a utilização de<br />
materiais nobres. Destaca-se no escritório<br />
uma mesa de reunião feita em mármore<br />
preto absoluto, com cinco metros de<br />
comprimento, da loja Pavimenti. Parte dos<br />
móveis tem design assinado. As cadeiras da<br />
sala da diretoria, adquiridas na Toque da<br />
Casa, são revestidas em couro natural. Na<br />
recepção, um sofá em couro, uma poltrona<br />
em linho branco e uma cômoda clássica<br />
deixam o ambiente ainda mais elegante.<br />
Compõe ainda a decoração dos ambientes<br />
uma seleção de tapetes persas. As cores<br />
sóbrias utilizadas nos móveis e objetos<br />
de decoração passam a seriedade e a<br />
sofisticação tão desejadas para o local. Para<br />
complementar a ambientação, a iluminação<br />
desenvolvida pela Luxaflex tornou o<br />
escritório ainda mais intimista e, ao mesmo<br />
tempo, funcional.<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
79
Fotos: Divulgação<br />
Sustentabilidade<br />
e praticidade<br />
Ficha técnica<br />
Estrutura Metálica Rótula Metalúrgica<br />
Estrutura Metálica Inox OMK<br />
Revestimentos Imarf, Eliane, Portobello,<br />
Atlas, Incopedras e 3A Composites<br />
Revest. paredes externas Ibratin<br />
Louças e Metais Deca<br />
Iluminação Philips, LG<br />
Abajures La Lampe<br />
Piso Elevado Remaster<br />
Cabeamento Furukawa<br />
Vidros Cebrace<br />
Acústica Sonnar<br />
Mobiliário de escritório Marelli<br />
Mobiliário recepção Natuzzi,<br />
Diagrama e Vintage Decor<br />
Elevador Thyssenkrupp<br />
A nova sede da Caramelo Arquitetos<br />
Associados foi premiada pelo Americas<br />
Property Awards 2012 na categoria<br />
Melhor Arquitetura de Escritório do<br />
Brasil e das Américas (Central e Sul).<br />
Implantado em um terreno estreito,<br />
de 507m 2 , o escritório tem três<br />
pavimentos, contabilizando uma área<br />
total de 1.267m 2 . Os critérios para sua<br />
concepção foram: a escolha de materiais<br />
e conceitos construtivos ecológicos,<br />
conforto, praticidade, sustentabilidade<br />
e humanização dos ambientes. A<br />
fachada frontal é composta por pele<br />
de vidro autolimpante e, para uma<br />
maior penetração da luz natural, foram<br />
utilizadas claraboias “teto-piso” nas<br />
laterais dos pavimentos. As luminárias<br />
em LED – lâmpadas econômicas com<br />
vida útil de cerca de 60 mil horas -<br />
complementam a iluminação natural.<br />
As faces laterais e posteriores do<br />
edifício são formadas por paredes<br />
duplas, tendo ao meio uma manta<br />
reciclada de garrafas PET. Nos três<br />
pavimentos, o projeto contempla<br />
recepção, salas de reunião, mezanino<br />
com sala multiuso para apresentação<br />
de projetos, salas individuais e<br />
coletivas, auditório com capacidade<br />
para até 50 pessoas, estação compacta<br />
de armazenamento e tratamento de<br />
águas cinza para reuso, área de serviço<br />
e apoio gastronômico. Ao desenvolver<br />
o projeto, Antonio Caramelo buscou<br />
criar um ambiente que inspirasse a<br />
coletividade e a integração através do<br />
uso da transparência e da fluidez. A<br />
decoração dos ambientes foi concebida<br />
por Antonio Caramelo em parceria<br />
com Milena Saraiva. Nas paredes e<br />
nos pisos, o predomínio é de cores<br />
claras. Já nos mobiliários, investiu-se<br />
em cores vibrantes, com forte<br />
presença do laranja.<br />
80 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
81
lifestyle | comportamento<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
100%<br />
conectados<br />
Como a utilização constante das<br />
novas tecnologias tem influenciado<br />
o comportamento social e<br />
profissional do homem moderno<br />
por Andréa Castro<br />
Mesmo com contraindicações, o<br />
estudante de publicidade Diego<br />
Almeida agradece às tecnologias<br />
por elas reduzirem distâncias<br />
T<br />
ablets, notebooks, netbooks,<br />
smartphones… A sociedade<br />
contemporânea conta com um<br />
verdadeiro arsenal de novos aparatos<br />
tecnológicos, cada vez mais presentes no dia a<br />
dia das pessoas. O que pouca gente sabe – ou<br />
talvez ninguém ainda ao certo – são os efeitos<br />
do uso exacerbado dessas novas tecnologias no<br />
comportamento humano. Alguns “sintomas”, no<br />
entanto, são consenso entre os especialistas.<br />
O cidadão que, hoje, não possui telefone celular<br />
ou perfil em uma rede social é considerado, no<br />
mínimo, ultrapassado – quando não chamado de<br />
E.T.. O “normal” é que as pessoas estejam sempre<br />
conectadas, façam uso de diversas plataformas<br />
e dispositivos eletrônicos, tanto na vida social<br />
como profissional. Mas até que ponto o uso dessas<br />
tecnologias deixa de ser algo inofensivo para se<br />
tornar um transtorno? “Para uma atividade tornarse<br />
compulsiva, deve proporcionar algum grau de<br />
recompensa, prazer ou aliviar uma ansiedade. O<br />
uso contínuo e compulsivo da internet tem levado<br />
à fragilidade dos relacionamentos e cria uma<br />
dependência igual aos jogos, drogas e álcool”, alerta o<br />
psiquiatra Geonaldo Costa.<br />
De acordo com o especialista, uma pessoa pode<br />
ser considerada “viciada” quando passa, em média,<br />
sete horas em uso do computador todos os dias, a<br />
82 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
depender do tipo e do objetivo do uso. A adicção à<br />
internet seria comparada aos transtornos dos impulsos<br />
e do espectro obsessivo compulsivo, como o excesso<br />
de exercícios físicos, de trabalho, de sexo ou compras.<br />
“Alguns sintomas percebidos nessas pessoas são os<br />
sinais de abstinência - como agitação psicomotora e<br />
condutas e pensamentos obsessivos pelo que pode estar<br />
acontecendo na internet, necessidade de aumentar o<br />
tempo conectado, fadiga, déficit de atenção, depressão e<br />
ansiedade”, afirma o médico.<br />
O presidente da Fundação de Neurologia e<br />
Neurocirurgia – Instituto do Cérebro, Antônio Andrade,<br />
também destaca a ansiedade como um dos principais<br />
efeitos negativos causados pelo uso constante das<br />
novas tecnologias. “Algumas áreas do cérebro são<br />
excitadas com estímulos constantes provocados por<br />
essas tecnologias e têm que processar esses estímulos<br />
para dar respostas ao corpo, acarretando ansiedade,<br />
grau de hipervigília acentuado, dificuldade de<br />
aprendizado, inibição dos hormônios do sono, entre<br />
outros distúrbios”, explica o especialista.<br />
Substituindo o real pelo virtual<br />
As mudanças na vida social, no entanto, são as mais<br />
perceptíveis. De acordo com Andrade, as pessoas,<br />
muitas vezes, deixam de lado o contexto real para<br />
buscar uma realização virtual. “Elas querem mostrar<br />
nas redes sociais algo que é imaginário, uma falsa<br />
impressão de êxito. Esses distúrbios ainda estão<br />
sendo estudados, não sabemos exatamente quais os<br />
impactos causados, mas já foi constatado que esse<br />
excesso de comunicação, muitas vezes, gera solidão”,<br />
alerta o neurologista. Segundo ele, as pessoas quando<br />
se mantêm sempre conectadas, em salas de bate-papo,<br />
por exemplo, ficam indisponíveis para vivenciar<br />
experiências concretas, se isolando do mundo real.<br />
O psiquiatra Geonaldo Costa também ressalta<br />
os prejuízos de natureza social causados pelo uso<br />
exagerado dessas tecnologias. Em alguns casos,<br />
comenta o psiquiatra, as pessoas chegam a colocar<br />
em risco o emprego – seja pelo uso inadequado<br />
de e-mails, redes sociais, ou pelo tempo gasto em<br />
atividades que concorram com as do trabalho.<br />
“Muitas vezes, as pessoas limitam o contato pessoal,<br />
perdem o interesse por outras atividades, preferem<br />
o mundo virtual ao mundo real, com perda da<br />
noção de tempo e negligenciando impulsos básicos,<br />
sentimentos de irritação, insônia, tensão ou depressão<br />
e, eventualmente, gerando desentendimentos com<br />
amigos e familiares”, explica.<br />
“A família cobra um pouco mais de atenção nos<br />
eventos sociais, às vezes em um simples almoço em<br />
casa, quando eu fico checando e-mails e mensagens”,<br />
conta a executiva Ericka Gordiano, que passa cerca de<br />
20 horas por dia conectada, tanto para uso profissional<br />
como pessoal. Ericka admite que bate um sentimento de<br />
abstinência se ficar sem os seus equipamentos eletrônicos.<br />
“Fico ansiosa, sinto que está faltando alguma coisa”, revela.<br />
Mas se, por um lado, ela pode ficar mais distante de<br />
quem está perto, por conta desses aparatos, acaba ficando<br />
mais próxima de quem está longe. Ericka morou no Rio de<br />
Janeiro e mantém contato com muitos amigos através das<br />
redes sociais. “Nos falamos basicamente pela internet, é<br />
muito mais prático e mais barato, nos aproxima”, reforça.<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
“As pessoas, muitas vezes, deixam<br />
de lado o contexto real para buscar<br />
uma realização virtual”<br />
Antônio Andrade, presidente da<br />
Fundação de Neurologia e<br />
Neurocirurgia – Instituto do Cérebro<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
83
Para Geonaldo Costa, muitas vezes,<br />
as pessoas limitam o contato pessoal,<br />
perdem o interesse por outras atividades,<br />
preferem o mundo virtual ao mundo real<br />
Ericka Gordiano<br />
busca meios<br />
eficientes de agilizar<br />
as tarefas do trabalho<br />
Foto: Divulgação<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
Tanto a internet como os telefones móveis podem reduzir<br />
distâncias, ao facilitar o contato com pessoas que estão longe.<br />
O estudante de publicidade Diego Almeida bem sabe disso. Sua<br />
família vive em Paulo Afonso e o celular é o seu principal canal<br />
de comunicação com eles. “Ligo todo dia, principalmente para<br />
falar com minha mãe, que quer saber tudo o que acontece por<br />
aqui e me passar as novidades de lá”, comenta o estudante.<br />
Além de se dedicar aos estudos, Diego é atendente de call<br />
center de uma empresa da área de saúde. Ele passa boa parte do<br />
seu dia atendendo ligações por conta do trabalho, mas sempre<br />
que tem uma folga está no celular fazendo chamadas. “Eu fico<br />
ligado no celular 24 horas por dia. No horário do trabalho eu só<br />
recebo mensagens, mas sempre que tenho uma pausa, retorno as<br />
ligações perdidas”, afirma. Segundo Diego, ele nunca passou por<br />
uma situação de ficar muito tempo desconectado, sem rede de<br />
internet ou celular e brinca que o celular é praticamente um filho<br />
para ele, do qual não pode se separar.<br />
Desenvolvendo habilidades<br />
Diego também é usuário assíduo da internet.<br />
“Fico até altas horas trocando e-mails, postando<br />
coisas nas redes sociais... Tenho uma vida ativa<br />
na rede, preciso saber o que está rolando”,<br />
contou o estudante de 23 anos, que também<br />
acredita que esses recursos tecnológicos podem<br />
estimular a descobrir novos conhecimentos e a<br />
absorver um volume grande de informações.<br />
Se o uso constante das novas tecnologias<br />
pode potencializar uma série de efeitos<br />
negativos, também pode ajudar a desenvolver<br />
algumas habilidades. “Para a maioria<br />
das pessoas, a internet proporciona uma<br />
mudança positiva de hábitos. A busca por<br />
novos conhecimentos, a facilidade de obter<br />
informações, a realização de compras e<br />
transações bancárias e o estabelecimento<br />
de novas relações acabam estimulando a<br />
criatividade, capacidade de pesquisa, estudo e<br />
comunicação”, destaca Costa.<br />
A tecnologia também ajuda na vida<br />
profissional da designer Ericka Gordiano. Além<br />
da formação em design, ela possui MBA em<br />
gestão empresarial e trabalha para a empresa<br />
Agogô Marketing Promocional, como executiva<br />
de atendimento na Secretaria Estadual para<br />
Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil<br />
2014 (Secopa), além de desenvolver trabalhos<br />
paralelos como freelancer. Com tantas<br />
atribuições, Ericka busca meios mais eficientes<br />
de interagir e agilizar as tarefas no seu<br />
trabalho. “Quando participo de uma reunião,<br />
não uso papel e caneta. Já coloco todas as<br />
demandas no meu tablet e envio ao cliente<br />
tudo o que foi discutido imediatamente após o<br />
encontro”, destaca a profissional.<br />
Já Costa lembra também que, da mesma<br />
forma em que o uso da tecnologia pode<br />
induzir ao isolamento físico, pode ajudar as<br />
pessoas com traços de introversão e solidão a<br />
estabelecerem novas relações, participarem de<br />
grupos com afinidades, reduzindo a inibição e<br />
melhorando a autoestima.<br />
Com efeitos positivos ou negativos, a<br />
introdução desses “brinquedinhos” tecnológicos<br />
na vida do homem moderno é irreversível.<br />
Cabe a cada um tirar o melhor proveito dessa<br />
variedade disponível no mercado e ficar estar<br />
atento aos exageros. [B + ]<br />
84 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
lifestyle | sabor<br />
Um toque profissional ao HOBBY<br />
Não venha com essa de que prato gourmet é coisa de profissional. O comerciante e amante de corrida<br />
de carros Ricardo Castro ensina a preparar uma receita que parece ter saído direto da cozinha de um<br />
restaurante clássico, mesmo sem nunca ter feito curso para aprender a cozinhar<br />
por Carolina Coelho<br />
Fotos: Carolina Coelho<br />
A<br />
o chegar à casa de Ricardo Castro (35), percebese<br />
logo que o lugar principal da casa é a<br />
cozinha. Integrado à sala de estar, o santuário<br />
gastronômico foi desenvolvido especialmente por um<br />
arquiteto para ser palco de muitos encontros culinários. O<br />
projeto não foi à toa. Há dois anos o comerciante do ramo<br />
de concessionárias foi convidado a fazer parte da Confraria<br />
Prestige, grupo gastronômico formado por 25 empresários<br />
que têm em comum a paixão de cozinhar. Apesar de não<br />
ser profissional e de nunca ter feito curso na área, Ricardo<br />
conta que sua habilidade é resultado de muita prática.<br />
O interesse começou de uma forma, digamos, óbvia.<br />
“Sempre gostei de comer, e o prazer em comer me levou<br />
ao prazer de fazer”, conta ele. Desde criança, o cozinheiro<br />
já apontava certa vocação ao ficar responsável pelos<br />
churrascos dominicais na casa dos tios e, depois que<br />
atingiu sua independência financeira, pode custear<br />
seus próprios ingredientes e investir em equipamentos<br />
profissionais. No começo, ele conta que tudo era feito por<br />
instinto, mas, depois que entrou para a confraria, teve<br />
a oportunidade de aprender algumas técnicas com os<br />
confrades mais profissionais.<br />
Ao ser perguntado se já havia se intimidado por estar<br />
entre especialistas, revela que certa vez ficou responsável<br />
por fazer um prato com massa fresca, mas que, por nunca<br />
ter manuseado o alimento, jogou tudo de vez e claro,<br />
não cozinhou adequadamente. Para reparar a situação,<br />
colocou a massa no gelo e serviu com o molho quente. O<br />
prato virou motivo de chacota, mas não desestimulou o<br />
aprendiz. “Todo mundo está sujeito a erros na cozinha”,<br />
divaga. O descuido, entretanto, foi compensado quando<br />
seu chef preferido, Edinho Engel, avaliou como perfeito<br />
seu molho funghi ao gambero. “Foi uma grande realização<br />
pessoal como cozinheiro”, compartilhou.<br />
Para escolher esta receita, Ricardo contou com a<br />
ajuda do chef Severino Silva, do restaurante Oui, um dos<br />
seus amigos-confrades. E já que tudo começou com a<br />
paixão pela carne, essa receita não poderia ser diferente.<br />
86 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Prato do dia:<br />
Magret de pato com batata<br />
dauphine e molho foie gras<br />
Carne:<br />
- 300g de<br />
magret de pato<br />
- Sal a gosto<br />
- Pimenta a gosto<br />
Modo de preparo:<br />
Retire o excesso de gordura<br />
dos lados e frite em uma<br />
frigideira sem óleo com a<br />
gordura virada para baixo.<br />
Batata dauphine:<br />
- 1kg batata<br />
- 100g queijo parmesão<br />
- Noz-moscada<br />
- 1 colher de chá<br />
de fermento<br />
- Sal a gosto<br />
- Pimenta-do-reino<br />
a gosto<br />
- 2 ovos<br />
- 2 colheres de sopa<br />
farinha de trigo<br />
Modo de preparo:<br />
Coloque as batatas para assar<br />
e depois amasse até formar<br />
um purê. Adicione o restante<br />
dos ingredientes, deixando<br />
a farinha para o final, até<br />
dar consistência. Por último,<br />
acrescente o sal e a pimenta.<br />
Frite em fogo baixo.<br />
Molho:<br />
- 2/3 garrafa de vinho<br />
Miolo seleção tinto<br />
- 100ml de<br />
vinho do porto<br />
- 70g de foie gras<br />
- 2 colheres de sopa<br />
de manteiga<br />
- 1 colher de sopa<br />
de farinha de trigo<br />
- 1 alho-poró<br />
- 1 colher de chá<br />
de mostarda<br />
- 250ml de caldo<br />
de carne básico<br />
(1 cenoura cortada em<br />
bastões, salsão, uma<br />
cebola roxa sem casca, um<br />
bouquet garni , 1 caldo de<br />
carne e 100g de ossobuco<br />
sem tutano e limpo)<br />
- Sal a gosto<br />
- Pimenta-do-reino<br />
a gosto<br />
Modo de preparo 1 :<br />
Refogue com azeite o<br />
alho-poró junto com cebola<br />
laminada, salsa picada e<br />
alho. Após amolecida a<br />
cebola, acrescente 200ml de<br />
água e deixe três minutos<br />
em fogo baixo. Leve ao<br />
liquidificador, bata e reserve.<br />
Modo de preparo 2 :<br />
Misture em uma panela<br />
a manteiga e a farinha<br />
até formar uma pasta<br />
homogênea. Acrescente<br />
meia garrafa de vinho tinto,<br />
a mostarda e o caldo de<br />
carne. Mexa e acrescente a<br />
pimenta-do-reino e o molho<br />
de alho-poró em fogo baixo.<br />
Acrescente mais 200ml de<br />
vinho tinto e o vinho do<br />
porto. Depois da evaporação,<br />
acrescente o sal e o foie gras.<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
87
lifestyle | notas de tec<br />
Google terá Wi-Fi grátis<br />
em 150 bares brasileiros<br />
Smartphones, tablets e computadores poderão ter acesso ao novo projeto<br />
do Google, Free WiFi, que contemplará 150 bares e restaurantes<br />
das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto<br />
Alegre, Florianópolis e Campinas. A conexão será entre 10 Mbps ou 30<br />
Mbps, dependendo do tipo de rede utilizada pelo bar e será compartilhada<br />
entre todos os clientes do estabelecimento sem nenhuma restrição<br />
para a navegação. A iniciativa, exclusiva para o Brasil, foi criada em<br />
parceria com a Enox On-Life Media e terá duração de 90 dias.<br />
5 aplicativos que<br />
não podem faltar<br />
no seu aparelho<br />
Paper Camera:<br />
Filtros para imagens<br />
transformam suas fotos<br />
do smartphone em<br />
um estilo de cartoon/<br />
novela. As coleções são<br />
divididas em cartoon,<br />
sketch, comic book, half<br />
tone, noir e neon.<br />
Yammer:<br />
Uma espécie de Twitter<br />
para fins corporativos,<br />
com o gerenciamento<br />
de equipes a distância<br />
por meio de atualizações<br />
que mostram o que cada<br />
membro do grupo está<br />
fazendo no momento.<br />
Novo app do Google manda<br />
vídeos do iPhone para o YouTube<br />
Mais um aplicativo para iPhone foi liberado pelo Google, o YouTube Capture. O novo<br />
programa permite filmar, melhorar a qualidade dos vídeos e publicá-los no YouTube e<br />
nas redes sociais de forma simples e prática. Há também funções para reduzir tremores<br />
e corrigir desvios de coloração, opção para o vídeo ficar publicamente disponível ou não<br />
e a possibilidade de compartilhar apenas um trecho da filmagem. Com esse lançamento,<br />
o Google passa a ter 18 aplicativos para iPhone na App Store.<br />
Aplicativo do Sebrae lança 438 ideias de negócios<br />
Lançado em dezembro de 2012, o aplicativo gratuito Ideias de Negócios tem como objetivo<br />
ajudar os potenciais empresários com informações sobre o comércio. Divididas em<br />
29 setores, as 438 ideias propostas pela Sebrae apresentam diversos esclarecimentos<br />
específicos para cada tipo de negócio, como localização, mercado, equipamentos, investimento,<br />
capital de giro e custos. Para fazer o download da ferramenta, o usuário pode<br />
digitar o nome do aplicativo na busca da Apple Store.<br />
Fuze Meeting:<br />
Um layout diferenciado<br />
facilita a realização das<br />
conferências online<br />
desse programa, que<br />
também permite o<br />
compartilhamento de<br />
arquivos durante as<br />
reuniões.<br />
Adobe Ideas:<br />
Voltado para quem<br />
trabalha com design e<br />
usa programas como<br />
o Photoshop ou o<br />
Illustrator, esse aplicativo<br />
substitui o lápis e o papel<br />
pelos dedos e a tela.<br />
CamCard:<br />
Funciona como um<br />
scanner de cartões de<br />
visita. Basta fotografar<br />
o cartão e o software<br />
reconhece nome,<br />
empresa, e-mail e<br />
telefones, criando um<br />
novo contato na agenda.<br />
LG lança celular concorrente do iPhone 5<br />
A empresa coreana anunciou o lançamento do seu novo smartphone, Optimus G Pro, o<br />
primeiro com tela Full HD e concorrente direto do iPhone 5. Com tela de 5,5 polegadas,<br />
processador Snapdragon 600 com 1,7 GHz de quatro núcleos, câmera de 13 megapixels e<br />
2 GB de memória RAM, o aparelho roda em sistema Android versão Jelly Bean. O dispositivo<br />
começou a ser vendido em fevereiro na Coreia do Sul, mas ainda não tem previsão<br />
para lançamento em outros mercados.<br />
88 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
arte &<br />
entretenimento<br />
90 98<br />
Marketing<br />
Carnaval que gera R$1 bilhão<br />
Glamour<br />
Estilista baiano no sambódromo<br />
Aplausos 94 | Afródromo 95 | Tambores em Amaralina 102<br />
[C] Cristiane Olivieri 104 | [C] Jorge Cajazeira 106
arte & entretenimento | carnaval 2013<br />
O mercado<br />
do Carnaval<br />
de Salvador<br />
Foto: Isabel Sant´Ana/SeturBA<br />
Empresários nacionais investem<br />
no Carnaval de Salvador como<br />
uma boa oportunidade para os<br />
negócios. Prova disso é que a folia<br />
movimentou, em 2013, mais de<br />
R$1 bilhão na cidade. Mas cresce<br />
o número de pessoas que defende<br />
uma reinvenção do modelo da festa<br />
e da forma de se fazer negócios.<br />
A intenção é garantir um legado<br />
socioeconômico mais eficiente<br />
depois dos seis dias de festa<br />
por Jessica Sandes<br />
O<br />
trio elétrico, criado para superar a Fobica de Adolfo<br />
Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares<br />
Macedo (Osmar), ultrapassou os limites do som,<br />
tornando o Carnaval de Salvador uma verdadeira vitrine para<br />
artistas, marcas e produtos. Dos cerca de três milhões de<br />
turistas que visitam a cidade anualmente, aproximadamente<br />
500 mil chegam durante os seis dias da folia momesca. Em<br />
virtude disso, investir na capital baiana durante o período segue<br />
sendo atrativo para um grande número de empresas. Segundo<br />
informações da prefeitura municipal, apenas nesta época mais<br />
de R$1 bilhão foram movimentados em Salvador, este ano.<br />
Para construir a infraestrutura, contratar bandas, realizar<br />
ações publicitárias, auxiliar na limpeza das ruas e na saúde<br />
dos foliões, os patrocinadores oficiais do Carnaval da capital<br />
baiana investiram, em 2013, cerca de R$16 milhões: R$6,7 mi<br />
(Petrobrás), R$5,2 mi (Brahma) e R$3,9 mi (Itaú).<br />
Maior patrocinadora deste ano, a Petrobrás foi responsável<br />
pelo abastecimento de todos os 120 caminhões sonoros da<br />
festa, com aproximadamente 96,5 mil litros do biodiesel B50,<br />
90 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
que reduz a emissão de gases do efeito estufa. A<br />
quantidade de combustível disponibilizada foi<br />
20% maior neste Carnaval, quando comparada a<br />
2012. Já o banco Itaú foi responsável pelo palco<br />
sustentável, localizado na Praça Castro Alves, entre<br />
os dias 10 e 12 de fevereiro. A iniciativa utilizou<br />
uma tecnologia holandesa que supre os gastos<br />
elétricos a partir da energia produzida pela dança<br />
dos foliões, e entre as atrações estiveram Gaby<br />
Amarantos, a banda Calypso, Moraes Moreira. A<br />
empresa também foi responsável pela saída de<br />
alguns trios sem corda.<br />
A Companhia de Bebidas das Américas<br />
(AmBev), por meio da marca Brahma,<br />
disponibilizou, nos circuitos do Carnaval,<br />
banheiros contêineres com ar-condicionado,<br />
espelhos e sabonetes. Outras ações foram o<br />
Brahma Zone, com internet wi-fi gratuita no<br />
circuito Dodô (Barra-Ondina), e o aplicativo<br />
GPS Brahma, que ofereceu informações sobre a<br />
localização dos trios elétricos.<br />
Gerente regional de eventos da AmBev,<br />
Gabriella Esper revelou que o Carnaval é, “sem<br />
dúvidas, um dos maiores investimentos da AmBev<br />
no Nordeste”. De acordo com a gestora, para atender<br />
às expectativas dos participantes, o investimento<br />
vai além dos dias de festa: “Uma equipe da empresa<br />
fica responsável por promover pesquisas ao longo<br />
do ano com o objetivo de identificar as principais<br />
demandas dos espectadores, para melhor atendê-los<br />
durante o Carnaval”.<br />
Nessa época do ano, as cervejarias apresentam<br />
um grande interesse em investir na folia momesca,<br />
fato que é explicado pelo pesquisador Paulo<br />
Miguez: “Anos após anos, os grandes anunciantes<br />
comparecem ao Carnaval da Bahia, principalmente<br />
companhias de bebidas e instituições bancárias.<br />
Isso, obviamente, ocorre pelo fato de que a<br />
festa tem uma grande visibilidade nacional<br />
e internacional”, comenta ao falar sobre a<br />
movimentação de turistas e moradores da cidade,<br />
e sobre as transmissões televisivas. Para se ter<br />
ideia, o setor hoteleiro registrou, em 2013, 85% de<br />
taxa de ocupação durante todo o período da festa<br />
carnavalesca, de acordo com a sessão Bahia da<br />
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-<br />
BA). “É um palco privilegiado para apresentação e<br />
exibição das marcas”, frisa Miguez.<br />
Apesar dos pontos positivos, o especialista em<br />
marketing Claudio Cardoso questiona a<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
91
Foto: Max Haack_Ag Haack<br />
quantidade de marcas expostas ao mesmo tempo nas<br />
ruas e avenidas da cidade. Segundo ele, talvez o retorno<br />
para as empresas fosse maior caso houvesse apenas um<br />
patrocinador no evento. “Apesar de causar uma poluição<br />
visual, a exposição das marcas gera retorno para as<br />
empresas sim, porém a organização que patrocina todo<br />
o evento pode ter a mesma aparição na TV que aquela<br />
que patrocinou apenas alguns blocos ou camarotes, por<br />
exemplo”, explica Cardoso, ao falar da falta de exclusividade<br />
na divulgação das marcas. “Talvez o Carnaval não seja tão<br />
atrativo assim para os empresários”, provoca.<br />
O fato é que seja nas ruas, em blocos ou em eventos<br />
indoor, os empresários apostam no retorno gerado pela<br />
folia. Os camarotes, por exemplo, também são alvos das<br />
grandes marcas. As empresas chegaram a investir cerca<br />
de R$ 46 milhões neste segmento este ano. O destinos das<br />
verbas são diversos, desde salões de beleza a gastronomia<br />
e lounges de massoterapia. Os valores empreendidos<br />
variam entre R$500 mil e R$6 milhões, e geram mais de<br />
25 mil empregos temporários entre a montagem e os dias<br />
de funcionamento dos serviços.<br />
Considerado um local frutífero para network,<br />
o camarote Casa de Daniela Mercury recebeu<br />
aproximadamente 1.500 pessoas por dia. Cerca de<br />
200 profissionais de comunicação, entre repórteres de<br />
veículos impressos, TV, e rádio, foram credenciados<br />
diariamente pelo espaço. A promoter Lícia Fábio afirma<br />
que toda a badalação que envolve o Carnaval é um<br />
excelente meio de promover a cidade que, após a festa,<br />
colhe os frutos em áreas como turismo e negócios. “É<br />
preciso olhar o entretenimento como business e pode ser<br />
até uma solução para alguns problemas sociais. Toda a<br />
folia gera empregos, empresas vêm para cá fazer eventos<br />
e convenções. É como você imaginar uma Disney. E por<br />
que não?”, enfatiza.<br />
Renovar é preciso<br />
Em meio aos confetes e serpentinas, tem quem defenda<br />
que a folia baiana precisa ser renovada. Uma possibilidade<br />
vista como interessante por alguns foi apresentada pelo<br />
músico Carlinhos Brown. O Afródromo desfilou este ano<br />
experimentalmente no circuito Osmar (Campo Grande).<br />
92 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
A proposta carnavalesca, que deve ser implantada no<br />
Comércio a partir de 2014, gerou opiniões diversas,<br />
inclusive a de que a iniciativa é um equívoco. Segundo o<br />
presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, o Afródromo<br />
isolaria os blocos afros e ainda obrigaria o poder público a<br />
ter mais gastos com a criação do novo circuito.<br />
O prefeito ACM Neto, que acompanhou o desfile<br />
comandado por Brown, assegurou o desenvolvimento<br />
do Afródromo para o próximo Carnaval. “Gostei muito<br />
da proposta. Para mim, foi uma decisão acertada<br />
trazê-lo para o Campo Grande este ano. Podem ter<br />
certeza do fortalecimento desta iniciativa para o ano<br />
que vem”, frisou. Quem também aposta na ideia é a<br />
cervejaria Nova Schin, da empresa Brasil Kirin, que<br />
investiu no desfile experimental do Afródromo e<br />
promete o patrocínio do movimento, em 2014, além de<br />
investimentos em eventos ao longo do ano, na cidade.<br />
Em 2013, a Brasil Kirin também patrocinou diversos<br />
camarotes e mais de 20 blocos nos dois circuitos.<br />
Presente no Carnaval de Salvador há 25 anos, o<br />
Shopping Iguatemi é responsável pela distribuição<br />
de 70% dos abadás e camarotes vendidos na cidade.<br />
O empreendimento registra um aumento de compra<br />
e venda de 22% em seus estabelecimentos. O<br />
número corresponde ao segundo melhor período de<br />
movimentação do shopping. O resultado é inferior<br />
apenas ao apresentado durante a época de Natal.<br />
Apesar de os números serem positivos, Ewerton Visco,<br />
um dos sócios do empreendimento, é um dos que<br />
defende que o Carnaval “precisa ser reinventado”.<br />
Visco, que foi homenageado pelo camarote da cantora<br />
Daniela Mercury, no dia 10 de fevereiro, pelo seu<br />
aniversário e pela parceria de 18 anos com o espaço,<br />
acredita também que o evento é uma oportunidade<br />
valiosa de internacionalizar marcas. “Em nossa cabeça,<br />
esse é o maior evento do mundo, queremos fazer parte<br />
da renovação dele, salienta o empresário.<br />
Apesar de toda a mobilização de empresários e<br />
artistas, o legado econômico do Carnaval de Salvador<br />
não supera as expectativas do secretário municipal<br />
de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme<br />
Bellintani. Para ele, a ocupação média de 85%, atingida<br />
no setor hoteleiro durante os seis dias de folia, deve ser<br />
mantida durante todo o ano. “O Carnaval é um aperitivo<br />
importante para que turistas e empresas voltem em<br />
outro momento, mas precisamos explorar mais a cidade<br />
como turismo de lazer, com mais eventos festivos e<br />
coorporativos de qualidade, trazendo retorno para as<br />
marcas e para a cidade”, completou. Nos demais meses, a<br />
rede hoteleira atinge cerca de 68% de ocupação.<br />
Lícia Fábio homenageia<br />
Ewerton Visco pela parceria<br />
de 18 anos do Iguatemi com o<br />
Camarote Daniela Mercury<br />
Foto: Divulgação<br />
Foto: Tatiana Azeviche/Setur<br />
Foto: Agecom/BA<br />
O prefeito ACM Neto, o ministro do Turismo,<br />
Galvão Vieira, e a ministra da Cultura, Marta<br />
Suplicy, o deputado federal Nelson Pelegrino<br />
e o governador Jaques Wagner<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
93
arte & entretenimento | aplausos do carnaval<br />
Comercial<br />
Foto: Margarida Neide<br />
A Gillete, líder no mercado de lâminas no Brasil, trouxe para os festejos,<br />
em parceria com Claudia Leitte, o coreano Psy, autor do sucesso da internet<br />
“Gangam Style”, para acompanhar a cantora no trio do seu bloco<br />
Largadinho. Para adaptar a música aos interesses comerciais, a empresa<br />
adaptou o refrão à expressão “quero ver raspar”, com o objetivo de<br />
estimular a comercialização dos seus produtos.<br />
Foto: Divulgação<br />
Isaac Edington (Ecopa), prefeito ACM Neto e Guilherme<br />
Bellintani (sec. de Turismo, Cultura e Desenvolvimento)<br />
A Cafusa, bola oficial da Copa<br />
No domingo de Carnaval, Salvador entrou em contagem regressiva dos 125<br />
dias para a Copa das Confederações da Fifa e iniciou ações de posicionamento<br />
da cidade como sede dos jogos de 2013. A bola oficial da competição, a Cafusa,<br />
foi usada para representar o pontapé inicial da mobilização. Por iniciativa do<br />
Escritório Municipal da Copa do Mundo, o secretário Isaac Edington percorreu<br />
os circuitos da folia e levou a bola para ser autografada por diversas estrelas do<br />
Carnaval baiano. Ela será leiloada posteriormente com o objetivo de arrecadar<br />
recursos para projetos de combate à pobreza na cidade de Salvador.<br />
Carnaval on-line<br />
Foto: Margarida Neide<br />
Com transmissão ao vivo, os internautas puderam acompanhar os circuitos com<br />
alta qualidade de imagem e som. Pela terceira vez, ao vivo, no circuito Dodô (Barra-Ondina),<br />
o portal YouTube apresentou a folia baiana, com a chancela do Google.<br />
O espectador teve a opção de escolher o que queria ver entre quatro câmeras exclusivas.<br />
O canal de entretenimento Vevo Channel também fez a transmissão da<br />
boate do Camarote Salvador, ao vivo, para diversos países. A primeira experiência<br />
do canal com um evento musical no Brasil havia acontecido no ano passado, em<br />
um show do rapper Pitbull no camarote. O sucesso foi tanto que este ano o canal<br />
voltou para realizar mais uma transmissão durante todos os seis dias da folia.<br />
Gastronomia requintada<br />
O camarote Contigo deu um show no quesito gastronomia.<br />
Algodão-doce sabor goiaba, saladas cremosas e<br />
pratos quentes de salmão foram algumas das especialidades<br />
escolhidas pelos chefs Douglas Van Der Ley,<br />
Isaac Azar e Micheli Biratoni, que ficaram responsáveis<br />
pelos pratos do local. O espaço gourmet contou ainda<br />
com a parceria dos restaurantes Boi Preto, Pizzaria Di<br />
Mari, Atelier da Cozinha, além da mesa especial de cozinha<br />
baiana, que ficou a cargo da quituteira Dadá e do<br />
tabuleiro da baiana Iracema.<br />
Foto: Alessandra Lori<br />
Festa temática<br />
A Suzano Papel e Celulose<br />
aproveitou os festejos do<br />
Carnaval para comemorar<br />
os 30 anos da linha Suzano<br />
Report. Nos camarotes da<br />
PM, o clima retrô esteve no<br />
túnel do tempo criado para<br />
recepcionar os foliões. Já no<br />
espaço de Daniela Mercury,<br />
um lounge foi ambientado<br />
com máquinas de fliperama<br />
e de chiclete bola. Nos<br />
dois circuitos, houve distribuição<br />
de minirremas da<br />
edição comemorativa. Com<br />
750 folhas, o “resmão” conta<br />
com abertura flip-top e um<br />
design vintage que remete<br />
a um ícone da década de<br />
1980: a fita cassete.<br />
Design<br />
O Camarote Salvador também foi<br />
destaque em design. O patrocinador<br />
Le Blub Accor trouxe uma escultura<br />
da Torre Eiffel para homenagear a<br />
França, tema do camarote este ano.<br />
No Espaço Accor, desenvolvido pelo<br />
arquiteto Ruy Espinheira, dançarinas<br />
de “can-can” desafiavam os foliões<br />
a dançarem o ritmo em troca de<br />
brindes exclusivos da rede de hotéis.<br />
Foto: Marcus Claussen<br />
94 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
“Senhoras e senhores,<br />
esse é o Afródromo”<br />
Para nossa alegria, do Brasil e do mundo<br />
Fotos: Divulgação<br />
A<br />
s frases acima foram ditas pelo músico Carlinhos<br />
Brown durante o desfile que marcou o início do<br />
Afródromo, projeto que promete ser um grande marco<br />
no resgate da cultura afro no Carnaval de Salvador,<br />
patrocinado pela Nova Schin. O cortejo formado pelos<br />
principais blocos afros da Bahia, Ilê Aiyê, Filhos do<br />
Congo, Commanche do Pelô, Bankoma, Didá, Pracatum,<br />
Os Negões, Bloco da Capoeira, Filhos de Gandhy,<br />
Cortejo Afro, dentre outros, transformou a passarela<br />
do Campo Grande em um belo espetáculo a céu aberto.<br />
“É isso que buscamos. Reconhecimento do nosso<br />
valor cultural com desfiles em horários nobres junto<br />
com outros blocos. Só estamos reivindicando o nosso<br />
espaço”, disse Alberto Pitta, presidente da Liga dos<br />
Blocos Afros e Indígenas da Bahia.<br />
A multidão que acompanhou o desfile ficou satisfeita com<br />
o que viu. “Confesso que não estava tão confiante quanto à<br />
aceitação do povo em relação ao Afródromo, mas me enganei.<br />
Além de bonito, o desfile está valorizando boa parte dos<br />
blocos afros que fizeram parte do Carnaval da Bahia e que<br />
estavam correndo risco de desaparecer”, disse a contabilista<br />
Cássia Reis, antes de seguir o cortejo ao som da música<br />
Asanshu, cantada por todos em alto e bom som.<br />
Dentre as muitas presenças ilustres que fizeram questão<br />
de prestigiar e acompanhar o desfile afro de perto, destacamse<br />
o secretário de cultura do Estado, Albino Rubim, o cineasta<br />
americano, Spike Lee, que aproveitou o momento para gravar<br />
imagens para o seu documentário ‘Go Brazil Go’, além de<br />
líderes do movimento negro baiano, como Vovô do Ilê e Silvio<br />
Humberto, do Instituto Steve Biko.<br />
Publieditorial<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
95
ESTAÇÃO CERVEJÃO<br />
Baianos e turistas em clima de baile carnavalesco<br />
O<br />
Fotos: Valter pontes<br />
Museu du Ritmo também vestiu sua fantasia durante o Carnaval 2013. Bem<br />
caracterizado de baile carnavalesco, com direito a fanfarras e marchinhas<br />
da velha guarda, a estreia da Estação Cervejão foi uma alternativa triunfante em<br />
meio à folia momesca, atraindo baianos e turistas que queriam curtir o Carnaval<br />
longe dos circuitos oficiais. O evento inédito promovido pela Nova Schin em parceria<br />
com Carlinhos Brown foi na casa de eventos situada no bairro do Comércio, que<br />
durante todo o verão recebeu os Ensaios da Timbalada e o Sarau du Brown, também<br />
patrocinados pela Nova Schin.<br />
No segunda-feira, 11 de fevereiro, a banda percussiva feminina Didá foi a<br />
responsável pela abertura da festa e o cacique Brown foi o anfitrião da folia, recebendo<br />
como convidados especiais a banda Timbalada e a cantora Mira Callado, ex-participante<br />
do The Voice Brasil. “Estamos juntos aqui para fazer mais uma experimentação e<br />
recuperar a alma dos bailes carnavalescos”, disse Carlinhos Brown durante o show.<br />
O segundo dia do evento, 12 de fevereiro, encerrou o Carnaval com as canções<br />
carnavalescas da década de 70 cantadas pela banda Lateral Elétrica, e as apresentações<br />
da banda Vivendo do Ócio e Didá. Carlinhos Brown surgiu no palco com chapéu de<br />
caubói e agradeceu o público por mais uma noite inesquecível na Estação Cervejão.<br />
Durante os dois dias, o Museu du Ritmo foi envelopado com a comunicação<br />
visual da campanha de Verão e Carnaval da Nova Schin. “A alegria, diversão e<br />
descontração são os elementos que norteiam a nossa campanha e têm tudo a ver<br />
com essa festa. A Estação Cervejão no Museu du Ritmo veio para somar e ser<br />
mais uma opção de entretenimento para os foliões”, afirmou Guru, gerente de<br />
eventos da Brasil Kirin Bahia e Sergipe.<br />
Ações no Carnaval<br />
e no ano inteiro<br />
Durante o Carnaval de Salvador, a<br />
Nova Schin patrocinou camarotes<br />
como o Cerveja & Cia, Oceania e Via<br />
Folia e mais de 20 blocos dos circuitos<br />
Barra-Ondina e Campo Grande–Centro,<br />
como Cerveja & Cia, Cheiro de<br />
Amor, Eva, Timbalada e Harmonia do<br />
Samba. Há 11 anos, a marca apoia o<br />
famoso Carnaval baiano pela sua relevância<br />
no Nordeste e no mundo. A<br />
diretora de marketing da Brasil Kirin,<br />
Maria Inez Murad, defende que, para<br />
haver a manutenção da efervescência<br />
cultural da cidade de Salvador, é imprescindível<br />
que existam projetos de<br />
entretenimento durante todo o ano.<br />
“Além das ações durante o Carnaval,<br />
investimos em Salvador durante todo<br />
o ano. Promovemos atrações de divertimento<br />
para a população que, além<br />
de trazer alegria para esta cidade, são<br />
também uma forma de fidelizar nossos<br />
clientes”, comenta.<br />
Nova Schin em números<br />
31,8% de market share<br />
na Grande Salvador.<br />
5% de crescimento em volume de<br />
vendas em 2012 em relação a 2011.<br />
10% é a previsão de<br />
crescimento para 2013.<br />
3,1% do total de embalagens do<br />
mercado no Nordeste são da<br />
recém-lançada de Nova Schin<br />
300 ml retornável.<br />
8,3 bilhões de litros foi o que<br />
movimentou o mercado de cerveja<br />
no Brasil em 2012.<br />
1,3 bilhão só no Nordeste.<br />
Carlinhos Brown em dois momentos:<br />
cantando e dançando com Mira Callado e<br />
avaliando os bons resultados da ação com<br />
Guru, gerente da Brasil Kirin<br />
Publieditorial<br />
96 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Moulin Rouge em terras baianas<br />
O<br />
Camarote Salvador foi preenchido de irreverência,<br />
sensualidade e ousadia com as ações da cerveja<br />
Devassa by Playboy, que chegou pela primeira vez à<br />
Bahia diretamente para o camarote mais badalado<br />
da folia. Recém-lançada no mercado do Sudeste, o<br />
produto é uma parceria com a Playboy Enterprises e é<br />
direcionado para o público moderno e descolado, ideal<br />
para ser consumido em ocasiões de descontração. A<br />
marca Devassa patrocina pela quarta vez consecutiva o<br />
Camarote Salvador e este ano trouxe junto com o novo<br />
produto uma série de ações que reforçaram os atributos<br />
de ousadia e irreverência da marca, inspiradas no tema<br />
Moulin Rouge, um dos símbolos mais marcantes de Paris,<br />
tema do camarote. “A decoração este ano foi especial e<br />
tem tudo a ver com a atmosfera irreverente e ousada do<br />
nosso lançamento mais recente”, explica Aurelio Leiro,<br />
diretor regional da Brasil Kirin Bahia e Sergipe.<br />
No centro do Camarote Salvador foi montado<br />
o Moulin Devassa, com direito ao moinho de vento<br />
estilizado e dançarinas que deram um show à parte.<br />
As pin-ups da Devassa by Playboy, que estavam<br />
distribuídas por todos os espaços do camarote, também<br />
ajudaram a compor o clima Devassa, que envolveu os<br />
foliões noite afora. Ainda reunindo referências do que<br />
há de mais característico no entretenimento de Paris,<br />
a Devassa montou uma cabine de fotos, onde os foliões<br />
puderam posar com acessórios e adereços e deixar<br />
extravasar o lado devassa de cada um. Ao final da<br />
brincadeira, os foliões receberam uma tira de fotos com<br />
os cliques divertidos do grupo.<br />
A Devassa by Playboy é uma cerveja tipo pilsen,<br />
produzida com lúpulo especial, que permite o envase em<br />
embalagem transparente. Com teor alcoólico de 4,7%, a<br />
Devassa by Playboy é refrescante, seu sabor residual é<br />
mais agradável e o amargor tem duração mais curta.<br />
Alinne Moraes é a garota Devassa<br />
Fotos: Valter pontes<br />
Os executivos Aurelio Leiro (diretor regional da Brasil Kirin Bahia<br />
e Sergipe), Maria Inez Murad (diretora de marketing), Assis<br />
Carvalho (diretor comercial Norte), Guru (gerente de eventos da<br />
Bahia e Sergipe) e Paulo Góes (sócio do Camarote Salvador)<br />
Criada pela agência Mood e produzida pela O2 Filmes, o filme da campanha<br />
lançada durante o Verão convida os consumidores a ter sua<br />
primeira vez com a Devassa. A história traz Deco Silva, de 30 anos e<br />
mostra a repercussão que a primeira vez do personagem causa na web<br />
e em veículos de comunicação. Além disso, expõe como hoje o mundo<br />
virtual interage com real. A atriz Alinne Moraes, de forma irreverente<br />
e ousada, incentiva Deco e os consumidores a terem sua primeira<br />
vez com uma Devassa, dizendo: “A Devassa te pega pelo colarinho, te<br />
seduz pelo aroma e te dá água na boca”. Assista: http://goo.gl/zAw1d<br />
Fotos: Divulgação<br />
Publieditorial<br />
www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
97
arte & entretenimento | moda<br />
Carnavalesco<br />
da moda<br />
Chamado este ano para ser figurinista da escola de samba<br />
Porto da Pedra, no Rio de Janeiro, o estilista baiano Fábio<br />
Sande comemora a valorização do seu trabalho pela folia<br />
carioca e se arrisca a dizer: “O Carnaval de Salvador é feio”<br />
por Carolina Coelho<br />
Foto: Rômulo Portela<br />
98 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
“Em nenhuma época do ano há<br />
um respeito pelos estilistas daqui.<br />
Conheço excelentes profissionais<br />
que deixaram de trabalhar porque<br />
não eram bem remunerados. A<br />
moda da Bahia está acabando”<br />
Foto: Divulgação<br />
E<br />
m um visual despojado, vestindo short jeans<br />
rasgado e chinelo de dedo, Fábio Sande nos<br />
recebe em um dos seus ateliês personalizados<br />
com decoração toda em preto e branco, enquanto seu<br />
motorista o espera para levá-lo a uma hora marcada<br />
no salão. Quem acompanha as novidades do mundo da<br />
moda sabe que Fábio é uma figura marcada nos eventos<br />
fashions da capital baiana, além de ser o queridinho<br />
das noivas, misses, debutantes e formandas – e também<br />
das mães, irmãs e avós, coestrelas das festas – que<br />
depositam no estilista o sonho de estarem perfeitas no<br />
dia mais importante de suas vidas.<br />
Apesar de ter um tino afinado para embelezar<br />
mulheres, a paixão do estilista está mesmo é no<br />
Carnaval. Desde dezembro de 2012, Fábio está entre<br />
idas e vindas entre o Rio de Janeiro e Salvador, depois<br />
que foi convidado pelo carnavalesco Leandro Valente<br />
para confeccionar alguns dos figurinos da escola de<br />
samba carioca Porto da Pedra. As fantasias da musa<br />
da escola, do casal porta-bandeira e mestre-sala foram<br />
confeccionadas por Fábio aqui na Bahia e levadas<br />
para o Rio de Janeiro. Lá, o estilista ainda participou<br />
da composição dos carros alegóricos, arranjando os<br />
minuciosos detalhes que fazem do Carnaval carioca a<br />
festa do luxo e da beleza.<br />
Aos 39 anos e com a experiência de uma vida<br />
regada a muita moda e Carnaval, Fábio é enfático ao<br />
dizer: “O Carnaval de Salvador é muito feio, tudo é<br />
entupido de propagandas e ninguém se preocupa em<br />
deixar os trios bonitos”. Sem um cuidado especial com<br />
o patrimônio carnavalesco baiano, o estilista chama<br />
a atenção para as filmagens feitas pelas emissoras de<br />
televisão, que só mostram os trios e seus cantores e não<br />
o carnaval da pipoca. “Ninguém quer ver os ambulantes<br />
dormindo nas sarjetas, as caixas de isopor e a sujeira<br />
deixada no chão”, opina. E continua: “Os organizadores<br />
daqui ainda não entenderam que é preciso vender o<br />
belo. A escola de samba é o que é porque é uma coisa<br />
linda de se ver”, argumenta ele.<br />
Convidada para ser<br />
musa do Galagay<br />
Bahia, Monique<br />
Evans veste e usa<br />
adereços produzidos<br />
por Fábio Sande<br />
Foto: Alexandre Macieira/RIOTUR<br />
Casal de mestre-sala e porta-bandeira<br />
da escola de samba Porto da Pedra com<br />
fantasias confeccionadas pelo estilista<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />
99
Foto: Rômulo Portela<br />
Um dos vestidos<br />
de noiva produzidos<br />
pelo estilista para sua<br />
coleção de fim de ano<br />
Com vestidos únicos e<br />
personalizados, Fábio não<br />
faz aluguel de roupas, mas<br />
mantém um ateliê com alguns<br />
modelos para exposição<br />
Foto: Josefa Coimbra<br />
No Carnaval do axé, Fábio já participa há 14<br />
anos montando a decoração de alguns camarotes<br />
e confeccionando o figurino de cantoras baianas,<br />
como Emanuelle Araújo, Aline Rosa, Carla<br />
Cristina, Gilmelândia, Simone Sampaio e Viviane<br />
Tripodi. Mesmo as estrelas desfilando com seus<br />
vestidos em cima dos trios, o estilista afirma<br />
que não há uma valorização do trabalho dele<br />
por aqui. “É só as pessoas fazerem mais sucesso<br />
para começar a procurar profissionais de fora”,<br />
diz. Ele afirma que não há ressentimento, mas<br />
que esse comportamento desestimula o mercado<br />
de moda baiano. “Em nenhuma época do ano<br />
há um respeito pelos estilistas daqui. Conheço<br />
excelentes profissionais que deixaram de<br />
trabalhar porque não eram bem remunerados”.<br />
Por isso, o estilista lamenta não ter um<br />
concorrente no mesmo nível profissional que o<br />
seu, e afirma: “A moda da Bahia está acabando”.<br />
Sem o incentivo do mercado, que não absorve os<br />
novos estilistas e com a mão de obra custando<br />
muito caro para quem está começando, ele não<br />
vê um horizonte favorável para a produção da<br />
moda baiana. Mas ele conta que nem sempre<br />
foi assim. Ainda pequeno, podia acompanhar<br />
o trabalho dos estilistas baianos Di Paula, Ney<br />
Galvão e Júlio César Habbib, que despertavam<br />
nele admiração e identificação.<br />
Quando o Carnaval acaba, Fábio investe sua<br />
produção nos vestidos e acessórios de festa, que<br />
custam entre R$3 mil e R$15 mil, dependendo<br />
dos materiais usados. Todos os tecidos e os cristais<br />
diferenciados, ele traz do Rio de Janeiro. “Não<br />
encontro nada para vender aqui, então preciso<br />
trazer de fora. Não vou a São Paulo porque todo o<br />
mundo tem o que vende lá. No Rio ainda encontro<br />
coisas distintas”, revela. Trabalhando há dez<br />
anos com uma equipe formada por costureiras,<br />
bordadeiras, aderecista, secretária e motorista, ele<br />
consegue confeccionar cerca de 180 vestidos de<br />
festa por ano e ainda fazer o lançamento de uma<br />
nova coleção em dezembro.<br />
Agora, de volta à Bahia depois de três<br />
meses de intenso trabalho, Fábio retorna aos<br />
atendimentos às suas clientes, que esperavam<br />
ansiosamente pelo seu retorno. Ao ser<br />
perguntado sobre a possibilidade de deixar tudo<br />
aqui e ir morar no Rio de Janeiro, ele pensa e<br />
responde: “No Rio de Janeiro, eu sou apenas<br />
mais um, aqui já tenho meu público”. [B + ]<br />
100 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 101
arte & entretenimento | música<br />
Foto: Brisa Dultra<br />
Meninos ensaiam<br />
atentamente: para<br />
eles, a música é um<br />
caminho promissor<br />
Quabales,<br />
performance e música<br />
O projeto criado pelo integrante do<br />
Stomp Marivaldo dos Santos traz<br />
novidades do grupo inglês para o<br />
Nordeste de Amaralina, como a<br />
íntima ligação entre performance e<br />
música, além da utilização de objetos<br />
pouco convencionais na percussão<br />
por brisa dultra<br />
N<br />
ascido e criado no Nordeste de Amaralina,<br />
Marivaldo dos Santos foi morar em Nova<br />
Iorque em 1991, para dar aula de capoeira e<br />
se aprofundar na carreira de músico. Cinco anos após<br />
chegar à Big Apple, o baiano participou de uma seleção<br />
para ser o novo membro do Stomp, grupo inglês que<br />
mescla música e performance, utilizando instrumentos<br />
percussivos não convencionais. Foi convocado para<br />
fazer parte da trupe e, desde então, apresenta-se em<br />
empolgantes espetáculos que misturam música, dança<br />
e teatro: “Eu realmente não acreditava que ia ser<br />
escolhido. Era uma seleção muito grande. Hoje, o grupo<br />
faz parte da minha vida”.<br />
Há algum tempo, Marivaldo já vinha maturando<br />
a ideia de replicar o modelo artístico e performático<br />
do Stomp, através de um projeto social no Nordeste<br />
de Amaralina: “Sempre que nós estávamos em<br />
turnê, conhecíamos projetos sociais das cidades. Vi<br />
muita coisa diferente, que podia ser aplicada aqui<br />
no Nordeste. Eu queria retribuir ao meu bairro as<br />
oportunidades que tive na infância, dando chance a<br />
outros meninos de conhecer a música, de fazer com<br />
que a arte mude a vida deles, sendo também uma<br />
possibilidade profissional no futuro”.<br />
102 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
Foto: Divulgação<br />
(em cima) Marivaldo, entre Marquinhos e Denny,<br />
comanda ensaio do grupo Quabales, antes do<br />
Carnaval. (embaixo) De vassouras a vasos d’água,<br />
tudo pode ser um instrumento para o Quabales<br />
Marivaldo em ensaio com<br />
o Stomp, em Nova Iorque<br />
Fotos: Brisa Dultra<br />
Quabales, nome de um instrumento criado por<br />
Marivaldo, é também o nome do projeto, que contou<br />
com a ajuda de muitas pessoas para ganhar corpo:<br />
“A sede onde acontecem as oficinas de percussão<br />
e expressão corporal é uma casa da Associação de<br />
Moradores do Nordeste de Amaralina, que acabou<br />
abraçando a ação. Além disso, recebi o apoio do<br />
Stomp e de pessoas iluminadas, como Daniela<br />
(Mercury) e Ivete (Sangalo) que me deram um<br />
grande suporte para divulgar a ação, ganhar espaço<br />
na mídia e mobilizar mais pessoas”.<br />
Hoje, são mais de 50 alunos matriculados, que<br />
todas as segundas e quartas participam de aulas<br />
com métodos semelhantes aos do grupo inglês:<br />
“Conto principalmente com a ajuda dos músicos<br />
Denny Conceição e Marquinhos Show, que são<br />
voluntários do projeto e dão aula para esses<br />
meninos”, conta Marivaldo. Para Denny, participar<br />
do Quabales é gratificante: “Assim como Marivaldo,<br />
eu também sou nascido e criado no Nordeste. Aqui<br />
aprendi a tocar. Quero poder ensinar também, trocar<br />
experiência com esses jovens, fazer crescer o projeto,<br />
para que ele de fato se torne algo tão grande como o<br />
Stomp”, declara o músico.<br />
Marquinhos conta que ainda são muitos os desafios: “Falta<br />
mesmo estrutura, um local mais adequado para ensaios,<br />
apoio financeiro mesmo, para gente fazer manutenção dos<br />
instrumentos, comprar coisas novas, pagar professores, enfim,<br />
tornar o Quabales uma ação reconhecida pela sociedade e<br />
buscada pelos jovens do bairro”, conta o músico.<br />
Durante o Carnaval, o Quabales fez apresentação no<br />
Camarote Expresso 2222, de Gil, e também se apresentou na<br />
festa carnavalesca já tradicional do Nordeste: “O bairro tem<br />
uma programação especial no Carnaval e o Quabales fez uma<br />
apresentação no arrastão, que passeia pelas ruas do Nordeste<br />
fazendo muito batuque e performances como as do Stomp”. Depois<br />
da festa, Marivaldo retorna à Nova Iorque, onde vive com sua<br />
esposa Fernanda dos Santos. Lá, ele se apresenta no teatro do grupo<br />
Stomp, fazendo parte do elenco fixo que se apresenta na cidade.<br />
Além de ser um membro antigo do grupo, ele tem projetos<br />
independentes, como é o caso de uma banda em que toca rap:<br />
“É uma banda de elite, com trompete, trombone, sax, teclado e<br />
guitarra. Em maio, por exemplo, virei ao Brasil com o Blue Men, me<br />
apresentar nessa turnê”, conta. Durante a sua estada, vai aproveitar<br />
para vir ao Quabales, coisa que pretende fazer, pelo menos, de<br />
três em três meses: “Quero estar perto, para consolidar o projeto e<br />
fazê-lo crescer. Como disse um morador daqui – Prefiro o toque dos<br />
tambores do que a zoada dos tiros”. [B + ]<br />
www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 103
arte & entretenimento | off broadway<br />
Uma Salvador nova<br />
parecida com a antiga<br />
CRISTIANE<br />
GARCIA OLIVIERI<br />
Advogada, master em<br />
administração das artes<br />
e mestre em política<br />
cultural (USP- ECA)<br />
Apoiado pelos eleitores indignados<br />
com o abandono total da cidade, Salvador<br />
elegeu novo prefeito que assumiu em<br />
janeiro. Os desafios são enormes, face às<br />
tantas necessidades da população e ao<br />
tempo transcorrido sem qualquer projeto<br />
ou investimento público. Mas crise pode<br />
gerar soluções inusitadas. Há, de fato,<br />
ações prementes e emergenciais a serem<br />
implantadas de imediato – tão básicas quanto<br />
recolher o lixo das ruas, ou tentar organizar<br />
o trânsito. Mas, para além desse incômodos<br />
cotidianos, há, principalmente, a necessidade<br />
de desenvolver um plano estratégico para o<br />
futuro e para o desenvolvimento desta que foi<br />
a primeira capital do país, e é especialista em<br />
felicidade e hospitalidade.<br />
Torço, assim, para que essa nova gestão<br />
olhe para o potencial natural da cidade, que<br />
está ligado à produção musical e artística,<br />
ao turismo e à economia deles decorrente.<br />
Essa indiscutível vocação para produção de<br />
arte e de conteúdo, que parece simplesmente<br />
brotar das ruas, precisa ser incluída como<br />
prioridade da gestão pública e de suas<br />
políticas. Não para direcionar, classificar<br />
ou escolher, mas, para oferecer caminhos<br />
de formação, organização, distribuição,<br />
divulgação, e fortalecimento, gerando, assim,<br />
a implantação de uma indústria criativa com<br />
impacto econômico relevante.<br />
Experiências contemporâneas vividas<br />
por outras cidades têm demonstrado que o<br />
investimento e apoio às atividades artísticas e<br />
criativas geram desenvolvimento, empregos,<br />
sustentabilidade, auto estima, e a inclusão<br />
das comunidades. Em muitos casos, coloca a<br />
cidade no mapa de destinos do mundo. Ou<br />
seja, o investimento público em atividades da<br />
economia criativa gera não só emprego direto<br />
de suas atividades, como impacta no fluxo de<br />
turismo para a região, com desenvolvimento<br />
social, cultural, urbanístico e econômico.<br />
O caso do Museu Guggenheim é<br />
emblemático. A implantação do Museu em<br />
Bilbao mudou a história da cidade, que<br />
enfrentava crise econômica e estrutural. Foi<br />
construído pela gestão pública apesar da<br />
descrença de grande parte da população, e<br />
converteu Bilbao em destino para massa de<br />
turistas internacionais. Esse caso demonstra<br />
como o investimento em um espaço cultural<br />
criou, de fato, emprego, transformou a região,<br />
e gerou riqueza da mesma forma que faria a<br />
instalação de uma fábrica, mas com impacto<br />
bastante diverso para a população.<br />
E Salvador precisa de um Guggenheim?<br />
Provavelmente, não. Mas, a cidade precisa de<br />
um projeto novo e pode aprender com essa<br />
e tantas outras experiências que permitiram<br />
a requalificação de bairros e de patrimônio<br />
histórico, a transformação de cidades em<br />
cenário de filmes, ou a implantação de polos<br />
de criatividade. A partir dessa observação<br />
e aprendizado, criar seu próprio modelo de<br />
desenvolvimento. O principal e mais difícil<br />
insumo, que é a criatividade, já existe na<br />
cidade. Cabe, agora, agregar políticas que,<br />
usando talentos locais (soteropolitanos de<br />
nascença ou por opção), repensem e proponham<br />
novas formas de gerar riqueza e bem estar para<br />
os cidadãos. Uma Salvador nova, parecida com<br />
aquela antiga que produziu tantos artistas e<br />
pensadores, mas com projeto estratégico de<br />
médio e longo prazo.<br />
1<br />
De acordo com o Diário espanhol Expansión, de 11<br />
de Janeiro de 2006, desde a data da sua abertura,<br />
em 1997, até 2006, o museu já tinha coberto 18<br />
vezes o seu custo de construção ao atingir os 1,3<br />
bilhão de euros de lucro. No final de 2005, o PNB<br />
gerado pelo museu, 184.046.738€, representava<br />
0,34% do PNB gerado pelo País Basco.<br />
104 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
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arte & entretenimento | atrás do trio<br />
Só não vai<br />
quem já morreu<br />
Jorge<br />
Cajazeira<br />
Executivo da Suzano<br />
Papel e Celulose,<br />
mestre e doutor em<br />
administração de<br />
empresas, presidente<br />
mundial da ISO 26000<br />
para Responsabilidade<br />
Social e presidente do<br />
Sindpacel - Sindicato<br />
Patronal de Papel e<br />
Celulose do Estado da<br />
Bahia<br />
Surpreende-me as críticas que tenho lido e<br />
ouvido sobre o Carnaval da Bahia. Tais críticas<br />
dão coro às provocações de pernambucanos<br />
e cariocas que veem no nosso Carnaval um<br />
concorrente forte e que precisa ser vencido.<br />
O fato é que o Carnaval da Bahia é realmente<br />
um espetáculo, que me perdoem cariocas<br />
e pernambucanos, sem comparativo em<br />
criatividade e emoção. Aqui, não existe o<br />
patrocínio do dinheiro dos bicheiros, tampouco<br />
existem leis para barrar a musicalidade<br />
de outro lugar. A revista Veja, em 24 de<br />
fevereiro de 1993, publicou uma reportagem<br />
de capa intitulada “A Bahia Ganhou”, quando,<br />
capitaneada pelo sucesso de Daniela Mercury, a<br />
festa baiana começava a desafiar a hegemonia<br />
do Rio no gosto popular. Na época, discutiam-se<br />
dois modelos: o espetáculo promovido pelas<br />
escolas de samba, mais bonitos de ser ver pela<br />
televisão ou a festa de rua, em que cada folião é<br />
parte integrante.<br />
Curiosamente, o Carnaval da Bahia, como<br />
é hoje, descende diretamente do conceito<br />
carnavalesco pernambucano. Em 1950, o Clube<br />
Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife,<br />
em viagem ao Rio de Janeiro, foi convidado<br />
para uma apresentação em Salvador pelas<br />
ruas da cidade. Nessa época, a capital baiana<br />
comemorava o Carnaval de forma bucólica, sem<br />
trios, sem algazarras, eram os caretas sambando<br />
pelas ruas e tomando umas biritas para<br />
descontrair ao som de bandinhas de coreto.<br />
Os integrantes do bloco Vassourinhas não<br />
imaginavam o impacto daquela apresentação<br />
improvisada. Uma multidão contaminada<br />
com os frevos atropelou tudo pelas ruas com<br />
trombadas e empurrões, em um prenúncio de<br />
todo o arsenal que compõe hoje a pipoca do<br />
Chiclete, o que levou a banda se refugiar no<br />
Palácio do Governo, enquanto o povo pulava de<br />
alegria. O acontecimento histórico inspirou o<br />
clássico do Carnaval baiano “Varre, varre, varre<br />
Vassourinhas...”, cantado por Moraes Moreira.<br />
Hoje as críticas à festa soteropolitana<br />
focam na perda do princípio básico do<br />
Carnaval que é a participação popular.<br />
Criticam-se os blocos carnavalescos que com<br />
suas cordas privatizam o espaço público e os<br />
camarotes que tornaram a festa indoor, com<br />
seus bailes privados regados a champanhe que<br />
faz a alegria das celebridades convidadas. A<br />
meu ver, as críticas não procedem.<br />
Desde os tempos da mortalha, hoje abadás,<br />
a pequena burguesia e a elite se divertiam<br />
em clubes privados, com bailes de máscaras<br />
ao som de marchinhas. Quem tem mais de 40<br />
anos se lembra da Segunda-Feira Gorda, do<br />
Bahiano de Tênis. O bloco carnavalesco Trazos-Montes,<br />
da Associação Atlética da Bahia,<br />
já tinha corda e para se diferenciar usava<br />
um macacão no lugar da mortalha, além do<br />
aparato de som e luzes inigualáveis no trio.<br />
Essas são as origens do Carnaval como<br />
é hoje. Dos bailes do Bahiano derivam os<br />
camarotes, do bloco Traz-os-Montes derivam<br />
os blocos pagos e do trio Tapajós (criado por<br />
Orlando de Campos) vem o Carnaval popular<br />
que se mantém vivo nos blocos sem corda e<br />
nas pipocas dos grandes trios. Na Baixa dos<br />
Sapateiros, no passado, a festa dos negros<br />
era embalada pelos grupos Embaixada<br />
Africana e Pândegos D’África. Hoje os<br />
blocos afros são parte do circuito principal e<br />
atração máxima pela indumentária colorida<br />
e o som dos atabaques. Mais uma prova de<br />
que cabe tudo na folia baiana.<br />
É claro que precisamos dar mais ordem<br />
à bagunça. É inaceitável o xixi pelas ruas, a<br />
exploração dos táxis, a ausência de controle e<br />
ordem com os vendedores ambulantes. Mas,<br />
se não aqui, em qual outro lugar no mundo<br />
se pode escutar artistas do quilate de Daniela<br />
Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leite e Durval<br />
Lelys absolutamente de graça? Por isso, me<br />
surpreende a falta de carinho com que se trata<br />
essa festa maravilhosa, democrática, inovadora,<br />
brilhante. No Carnaval da Bahia, já diria<br />
Caetano, só não vai quem já morreu.<br />
106 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com
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