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www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

1


2 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

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4 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


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5


sumário<br />

12<br />

Escola de<br />

negócios<br />

20<br />

bloco<br />

de notas<br />

26<br />

imóveis+<br />

28<br />

mídia+<br />

47<br />

Mulheres<br />

fortalecidas<br />

Para comemorar o mês<br />

da mulher, em março,<br />

apresentamos dez exemplos de<br />

mulheres profissionais baianas<br />

que fazem a coisa acontecer e<br />

revolucionam nos mais notórios<br />

setores de atuação.<br />

56<br />

O primeiro<br />

da Copa<br />

Após herdar do pai a<br />

construtora Andrade<br />

Mendonça, Antonio<br />

Andrade Jr. acumula<br />

realizações que são<br />

referência nacional na<br />

construção civil, a exemplo<br />

do Castelão, primeiro<br />

estádio entregue para a<br />

Copa de 2014.<br />

6 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


NEGÓCIOS 31<br />

AGRONEGÓCIO 38<br />

O município de Taperoá, no<br />

baixo sul baiano, é o maior<br />

produtor mundial de guaraná,<br />

superando a tradicional<br />

Amazônia, mas continua sem<br />

reconhecimento.<br />

LOJAS-CONTÊINERES 32<br />

Contêineres abandonados viram lojas de roupa<br />

CIÊNCIA E PESQUISA 42<br />

Inovação nos institutos de pesquisa da Bahia<br />

EXPERIÊNCIAs 34<br />

Butique de colchões de luxo<br />

STARTUP 36 | [C] Luiz Marques 46<br />

SUSTENTABILIDADE 63<br />

EMPRESA VERDE 64<br />

Softwares de gestão instalados<br />

nas grandes empresas ajudam<br />

a mapear estratégias para a<br />

implantacão da cultura da<br />

sustentabilidade nos negócios.<br />

ENERGIA EÓLICA 70<br />

Empresas adaptam tecnologia aos ventos locais<br />

PRO BEM 68<br />

Movimentos resgatam ações de amor por Salvador<br />

TENDÊNCIAS 71<br />

Como se integrar ao comércio justo<br />

[C] ISAAC EDINGTON 74<br />

LIFESTYLE 75<br />

DECORAÇÃO 76<br />

Ambientes profissionais<br />

requerem cada vez mais<br />

projetos arquitetônicos que<br />

otimizem o espaço para<br />

aumentar produtividade e<br />

qualidade de vida no trabalho.<br />

COMPORTAMENTO 82<br />

A conectividade na natureza social<br />

SABOR 86<br />

Prepare um prato gourmet em casa<br />

NOTAS DE TEC 88<br />

arte & entretenimento 89<br />

CARNAVAL 90<br />

Infraestrutura gigantesca e<br />

ações publicitárias fazem do<br />

período do Carnaval uma<br />

época de grandes negócios,<br />

movimentando R$1 bilhão<br />

nos seis dias de festa.<br />

MODA 98<br />

Um baiano no sambódromo<br />

MÚSICA 102<br />

Nova Iorque no Nordeste de Amaralina<br />

APLAUSOS 94<br />

[C] Cris Olivieri 104 | [C] Jorge Cajazeira 106<br />

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7


editorial<br />

Com a bola toda<br />

Antonio Andrade Jr. está mesmo com a bola toda. O CEO da<br />

construtora Andrade Mendonça estampa a capa de nossa<br />

edição 17 com os méritos de entregar o primeiro estádio<br />

da Copa do Mundo de 2014, o Castelão, em Fortaleza, além<br />

de empreendimentos do porte do Salvador Shopping e<br />

Salvador Norte Shopping, da ampliação do Shopping Barra,<br />

da construção das concessionárias Eurovia e Harley-<br />

Davidson, além das fábricas da Kimberly-Clark, Knauf e o<br />

Centro de Distribuição de O Boticário. O repórter Murilo<br />

Gitel conversou com Antonio Andrade para conhecer as<br />

tendências desse mercado, como a Andrade Mendonça<br />

ampliou sua atuação e o que ele espera para os próximos<br />

anos. E olha que não é pouca coisa.<br />

Se o assunto é oportunidades do mercado,<br />

aproveitamos para falar sobre as carreiras que andam<br />

na crista da onda. A jornalista Andréa Castro traz<br />

informações sobre as áreas do conhecimento que têm alta<br />

demanda por profissionais. Uma delas é a área de ciência<br />

e pesquisa, em que aprofundamos o tema para conhecer<br />

como as instituições de pesquisa se comportam na Bahia<br />

e como as empresas se apropriam desse conhecimento<br />

para investir em inovação.<br />

É claro que não podíamos esquecer da grande festa<br />

momesca, que atrai turistas, negócios e investimentos para<br />

Salvador. Veja um panorama do que aconteceu nos circuitos,<br />

as parcerias firmadas, as ações de marketing e opiniões<br />

sobre como deixar um legado socioeconômico para a cidade.<br />

Indo para o interior, a repórter Carolina Coelho foi<br />

para dentro das plantações da região que mais produz<br />

guaraná no mundo. O munícipio baiano de Taperoá bate<br />

recordes em exportação, com um grão bem avaliado e que<br />

deixa o guaraná amazonense para trás.<br />

ESPECIAL MULHERES<br />

A <strong>Revista</strong> [B + ] também homenageia todas as mulheres,<br />

baianas e brasileiras, com um especial dedicado a<br />

ressaltar a força feminina. Anna Penido, Claudia<br />

Tourinho, Eliana Calmon, Goya Lopes, Ines Carvalho,<br />

Leila Brito, Lila Lopes, Lise Weckerle, Malu Fontes e<br />

Tereza Paim são algumas delas, entre tantas outras,<br />

que inspiram homens e mulheres por suas atuações<br />

profissionais e pessoais, e nos servem de exemplo para<br />

construir uma sociedade mais justa e igualitária, com<br />

oportunidades para todos. Feliz Mês da Mulher.<br />

Boa leitura.<br />

conecte-se a nossa rede<br />

www.revistabmais.com<br />

www.revistabmais.com/ipad<br />

Escreva para a [B + ]<br />

Comentários, sugestões de pautas e correções:<br />

redação@revistabmais.com<br />

Pontos de Venda<br />

A <strong>Revista</strong> [B + ] pode ser lida no site, iPad e<br />

encontrada em pontos de vendas, como:<br />

Livrarias Cultura (Salvador Shopping), Nobel<br />

(Shopping Paralela), Leitura (Shopping Bela<br />

Vista), Saraiva (Iguatemi e Salvador Shopping),<br />

Soler (Hiperbompreço Iguatemi), e bancas do<br />

aeroporto, rodoviária, Campo Grande, Pituba,<br />

Dois de Julho, Nazaré, Barra, Rio Vermelho.<br />

Pergunte na banca mais próxima da sua casa.<br />

8 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

9


expediente<br />

Conselho Editorial<br />

César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio<br />

Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho,<br />

Isaac Edington, Jack London, Jorge<br />

Portugal, José Carlos Barcellos, José<br />

Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho,<br />

Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin,<br />

Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos<br />

Segundo e Sérgio Nogueira<br />

Conselho Institucional<br />

Aldo Ramon (Júnior Achievement)<br />

António Coradinho (Câmara Portuguesa)<br />

Antoine Tawil (FCDL)<br />

Jorge Cajazeira (Sindipacel)<br />

José Manoel Garrido Gambese Filho<br />

(ABIH-BA)<br />

Mário Bruni (ADVB)<br />

Adriana Mira (Fieb)<br />

Paulo Coelho (Sinapro)<br />

Pedro Dourado (ABMP)<br />

Renato Tourinho (Abap)<br />

Wilson Andrade (Abaf)<br />

Diretor Executivo<br />

Claudio Vinagre<br />

claudio.vinagre@revistabmais.com<br />

Editor Chefe<br />

Fábio Góis<br />

fabio.gois@revistabmais.com<br />

Repórteres<br />

Brisa Dultra, Carolina Coelho<br />

e Murilo Gitel<br />

redacao@revistabmais.com<br />

Projeto Gráfico e Diagramação<br />

Person Design<br />

Fotografia<br />

Stúdio Rômulo Portela<br />

Revisão<br />

Rogério Paiva<br />

Colaboradores<br />

Alessandra Lori, Ana Paula Paixão,<br />

Andréa Castro, Clara Corrêa, Emanuelle<br />

Xisto, Felipe Arcoverde, Gina Reis, Jessica<br />

Sandes, João Alvarez, Josefa Coimbra,<br />

Lilian Mota, Lise Lobo, Márcia Luz,<br />

Marcus Claussen, Margarida Neide, Max<br />

Haack, Núbia Cristina, KinKin, Pedro<br />

Hijo, Renata Prezza, Renato Ato, Rogério<br />

Borges, Uilma Carvalho, Valter Pontes,<br />

Yasmin Queiroz<br />

Colunistas<br />

Cristiane Olivieri, Isaac Edington, Jorge<br />

Cajazeira, Luiz Marques Filho<br />

Portal<br />

Enigma.net<br />

Assessoria de Imprensa<br />

Frente & Verso Comunicação Integrada<br />

iPad<br />

uTochLabs<br />

www.revistabmais.com/ipad<br />

Realização<br />

Editora Sopa de Letras Ltda.<br />

CNPJ<br />

13.805.573/0001-34<br />

Redação [<strong>B+</strong>]<br />

71 3022-8762<br />

redacao@revistabmais.com<br />

www.revistabmais.com<br />

Publicidade<br />

publicidade@revistabmais.com<br />

Cidinha Collet - gerente comercial<br />

Salvador - Bahia<br />

71 3012-7477<br />

Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center,<br />

sala 1102, Loteamento Cidadela,<br />

Brotas CEP: 40.280-000<br />

A edição 17 traz na capa a produção do escritório<br />

Person Design. Agradecemos a Ana Paula<br />

Paixão (diretora de atendimento), Livia Fauaze<br />

(executiva de atendimento), Felipe Arcoverde<br />

(diretor de design), Júlia Amoroso (designer) e<br />

Cátia Martins (diretora de marketing). Foto do<br />

Stúdio Rômulo Portela.<br />

Tiragem: 10 mil exemplares<br />

Periodicidade: Bimestral<br />

Impressão: Grasb<br />

Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/<br />

m 2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss,<br />

95g/m 2 , da Suzano Papel e Celulose, produzidos a<br />

partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada<br />

árvore utilizada foi plantada para este fim.<br />

Representação<br />

em outros estados<br />

Grupo Pereira de Souza<br />

www.grupopereiradesouza.com.br<br />

Trabalhe na [B + ]<br />

A <strong>Revista</strong> [B + ] abre vaga para<br />

o departamento comercial.<br />

Buscamos profissionais com<br />

experiência em veículos de<br />

comunicação.<br />

Favor enviar currículo para<br />

contato@revistabmais.com<br />

10 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


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11


Escola de Negócios<br />

A escolha<br />

profissional<br />

Foto: Manu Dias/SecomBA<br />

Seja por oportunidades que o mercado<br />

oferece ou pelo caráter de inovação<br />

dessas áreas, algumas carreiras se<br />

destacam como as mais promissoras da<br />

atualidade. Diante de um cenário cheio<br />

de caminhos e alternativas, que escolhas<br />

tomar e como estar bem preparado, seja<br />

na graduação, pós ou MBA?<br />

por Andréa Castro<br />

E<br />

scolher uma graduação ou pós-graduação<br />

está longe de ser uma tarefa simples. Assim<br />

como decidir a sua carreira, se especializar<br />

requer planejamento e cuidado. É fundamental<br />

pesquisar e saber quais são nossas reais necessidades<br />

profissionais, pois, a cada situação, uma pós é mais<br />

indicada do que outra. Para quem já tem experiência<br />

no mercado de trabalho e está em busca de uma<br />

formação complementar, o headhunter Márcio Lopes<br />

alerta: “Formação acadêmica é importante, mas não é<br />

um fator determinante na contratação de um executivo<br />

no mercado local. Então, escolher um curso que de fato<br />

faça a diferença é essencial”. Ele lembra que, mesmo<br />

assim, um profissional tem que voltar várias vezes<br />

à sala de aula para manter-se competitivo e capaz.<br />

“Dar o próximo passo na carreira exige atualização e<br />

o mercado de educação é farto, basta averiguar para<br />

achar o seu lugar certo”, conclui Lopes.<br />

“Todas as escolhas abrem portas. É importante que<br />

se observem as oportunidades de trabalho e o perfil da<br />

formação, mas é fundamental que procure fazer algo<br />

que realmente irá gostar”. A orientação é de Carolina<br />

Stilhano, gerente de marketing da Catho, maior site<br />

de classificados de currículos e vagas de emprego da<br />

América Latina. Segundo ela, tal atitude permitirá que<br />

o profissional se dedique mais à ocupação escolhida e<br />

tenha chances de sucesso. Incontestável. No entanto, o<br />

mercado é exigente e revela preferências por algumas<br />

carreiras e tipos de formação diante das demandas<br />

criadas pela sociedade contemporânea.<br />

Exploração de petróleo, tecnologia da informação,<br />

biotecnologia, engenharia de obras, design, meio<br />

ambiente e turismo são algumas das áreas que estão<br />

em alta, apresentando excelentes oportunidades de<br />

trabalho, tanto para quem almeja um cargo valorizado<br />

em uma organização, como para quem deseja<br />

empreender e ser dono do seu próprio negócio.<br />

12 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Fotos: Divulgação<br />

O geólogo Antônio Huoya Mariano trabalha na<br />

Petrobras e afirma que há bastante campo de<br />

atuação na Bahia, inclusive no interior do estado<br />

Carolina Stilhano, da Catho, diz que é<br />

importante observar as oportunidades do<br />

mercado para tomar uma decisão<br />

[1] Exploração de petróleo,<br />

gás e mineração<br />

Diante das possibilidades oferecidas pelas descobertas<br />

do pré-sal no Brasil, essa área tornou-se ainda mais<br />

promissora. É o que afirma Antônio Huoya Mariano, que<br />

atua há seis anos como geólogo de campo na Petrobrás,<br />

acompanhando as buscas por áreas de interesse de<br />

petróleo. “Quando me formei, em 2005, havia uma<br />

carência muito grande por profissionais na área. Hoje,<br />

já existe muita gente qualificada, mas o mercado segue<br />

aquecido e a demanda é crescente”, destacou Mariano.<br />

O geólogo trabalha em escala de plantão durante 14 dias<br />

e folga 21. “Muita gente acha que é moleza, mas não é<br />

fácil ficar praticamente isolado, durante duas semanas,<br />

em uma espécie de contêiner climatizado”, alerta. No<br />

entanto, Mariano gosta do que faz e não se arrepende.<br />

“Meu pai, que também é geólogo, me apresentou a<br />

profissão e me interessei por essa possibilidade de<br />

trabalhar fora de escritório, em maior contato com<br />

a natureza, e excelentes oportunidades surgiram”,<br />

lembra. O geólogo trabalhou também na Vale, em Minas<br />

Gerais, e afirma que há bastante campo de atuação na<br />

Bahia, inclusive no interior do estado. Segundo ele, só<br />

a Petrobras abre concurso com cerca de 50 vagas pelo<br />

menos uma vez por ano para profissionais da área. A<br />

média salarial estimada está em torno de R$12 mil.<br />

[2] Engenharia de obras<br />

“É uma das áreas que apresentam e ainda apresentarão<br />

crescimento em ofertas de emprego, devido ao aquecimento<br />

econômico e aos eventos que serão realizados no país, como<br />

a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016”, destaca Carolina<br />

Stilhano, gerente da Catho. O engenheiro de obras pesadas<br />

Jorge Vieira trabalha há cerca de oito anos construindo<br />

estradas e pontes e acredita ter acertado na profissão. “É uma<br />

área em que nunca falta trabalho e, quando a economia vai<br />

bem, as oportunidades são ainda melhores”, comemora o<br />

profissional da Contek Engenharia S/A, que presta serviços<br />

para o Governo do Estado, através do Departamento de<br />

Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba). De acordo<br />

com o engenheiro, se depender dos investimentos que estão<br />

sendo alocados para o setor pelo governo, tanto estadual como<br />

federal, a área promete gerar ainda muito mais emprego e<br />

renda. Só na Bahia, até 2014, serão restaurados mais de dois<br />

mil quilômetros de estradas, atingindo a meta de nove mil<br />

quilômetros de rodovias revitalizadas. O engenheiro Jorge<br />

Vieira seguiu a profissão do pai e lembra que desde garoto o<br />

acompanhava em obras, se interessando pelo ofício. Mas faz a<br />

ressalva: “É uma profissão que exige sacrifício, muitas vezes<br />

fico longe da família, moro praticamente no local de trabalho”.<br />

Em compensação, estima-se que um engenheiro de obras<br />

iniciante ganhe em torno de R$5 mil, enquanto o salário de<br />

um já estabelecido no mercado chegue a R$15 mil.<br />

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13


[3] Engenharia em<br />

biotecnologia e bioprocessos<br />

Cada vez mais presente no mercado, com atuação em<br />

diversas modalidades da indústria (química, farmacêutica,<br />

de biocombustíveis, biomassa, entre outras) e na utilização<br />

de tecnologias focadas para a recuperação dos impactos<br />

causados ao meio ambiente, o engenheiro especializado<br />

na área tem sido demandado de forma crescente. Esses<br />

profissionais são habilitados a conceber, projetar, construir<br />

e operar equipamentos destinados a reproduzir, em<br />

escala industrial e econômica, os processos controlados<br />

por transformações biológicas envolvendo células vivas<br />

de natureza microbiana, animal ou vegetal. Diante da<br />

notória demanda do mercado, a Universidade Estadual da<br />

Bahia (Uneb) passará a ministrar o curso em biotecnologia<br />

a partir do primeiro semestre de 2014 no campus de<br />

Juazeiro. “O curso faz parte do projeto de expansão da<br />

universidade por percebermos que esta é uma área que<br />

está sendo cada vez mais solicitada e Juazeiro foi escolhido<br />

por se tratar de um município com bastante potencial,<br />

sobretudo no agronegócio, e pouca oferta desse tipo de<br />

serviço”, afirma o relator do projeto de implantação do<br />

curso, Jairton Fraga. Segundo ele, um profissional iniciante<br />

na área recebe em torno de R$5 a 7 mil por mês, mas com<br />

perspectivas bem maiores, caso se qualifique, embora<br />

ressalte que a cultura empresarial baiana ainda valorize<br />

pouco a área de pesquisa.<br />

[4] Gestão ambiental<br />

“É uma área em ascensão. As empresas demandam<br />

processos com tecnologias mais limpas, avaliação<br />

de impactos ambientais, ações sustentáveis, que<br />

englobem o desenvolvimento econômico, ambiental<br />

e social”, explica o coordenador do curso superior<br />

tecnológico em gestão ambiental da Universidade<br />

Salvador (Unifacs), Nilton Tosta. De acordo com<br />

o acadêmico, o profissional da área também<br />

deve desenvolver habilidades e características<br />

além daquelas inerentes à profissão, buscando<br />

conhecimentos na área de administração, línguas,<br />

entre outras, e o mercado tende a valorizar não só<br />

o conhecimento técnico, mas a ética do profissional.<br />

Tanto empresas privadas como instituições<br />

governamentais têm exigido cada vez mais a<br />

qualificação especializada nessa área. “Temos alunos<br />

que estão iniciando a carreira e outros que já estão<br />

no mercado de trabalho, como administradores e<br />

engenheiros, buscando um upgrade na qualificação”,<br />

informa. Tosta também ressaltou que muitas empresas<br />

no interior da Bahia estão buscando especialistas na<br />

área e o Polo já tem demandado esse tipo de mão de<br />

obra há algum tempo. A faixa salarial está em torno<br />

de R$4 mil, para engenheiro ambiental, podendo<br />

chegar a R$22 mil, no caso de diretor de<br />

engenharia de meio ambiente.<br />

Foto: Divulgação<br />

14 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


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[5] Segurança da informação<br />

“Tudo se move em torno da informação. É um bem que as<br />

empresas precisam preservar”, destaca Charles Lima Soares,<br />

coordenador do novo curso de segurança da informação<br />

oferecido pelo Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge).<br />

A área envolve profissionais aptos a zelar pela integridade<br />

e proteção das informações no âmbito das organizações,<br />

principalmente contra acessos não autorizados, prezando pela<br />

confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados.<br />

Estes profissionais são preparados para realizar análises de<br />

riscos, administrar sistemas de informação, projetar e gerenciar<br />

redes de computadores seguras, realizar auditorias, planejar<br />

contingências e definir planos de recuperação de sinistros.<br />

“Sabemos que existe uma forte demanda de mercado, que foi o<br />

que nos motivou a apostar no curso”, afirmou Charles. Segundo<br />

o acadêmico, as oportunidades nessa área se concentram mais<br />

nas empresas de médio e grande portes. Ele também ressalta a<br />

importância de uma qualificação paralela à graduação, focada<br />

em plataformas específicas (Linux e/ou Windows, por exemplo),<br />

e a busca por certificações internacionais. “O profissional que<br />

quer ter um perfil diferenciado e deseja ampliar o mercado de<br />

atuação tem que buscar essas certificações. Hoje ele está em<br />

Salvador, amanhã pode estar em São Paulo, onde tem outras<br />

oportunidades, e depois, até fora do país”, destaca o coordenador.<br />

Segundo Charles, na Bahia, o profissional da área pode encontrar<br />

propostas em torno de R$3 a 4 mil.<br />

[6] Sistemas para internet<br />

Quantas horas você passa conectado à internet em seu computador,<br />

smartphone, tablet ou televisão, acessando notícias, redes sociais,<br />

vídeos, jogos? É essa sua necessidade que amplia o mercado para<br />

os profissionais de sistema para internet. Para se inserirem nesse<br />

mercado, os profissionais aprendem sólidos conhecimentos teóricos<br />

e práticos no ambiente internet, aspectos inerentes à atividade<br />

de planejamento e desenvolvimento de sistemas web, aplicações<br />

multimídia e banco de dados. São qualificados em assuntos como<br />

e-commerce, projetos de ensino a distância, design, além de PHP<br />

e Java, entre outras linguagens de programação. O profissional<br />

pode atuar em agências digitais, gerenciar sistemas de comércio<br />

eletrônico e provedores de conteúdo, atuar em empresas de<br />

tecnologia da informação ou em órgãos públicos. “O mercado está<br />

em franca expansão, bastante aquecido em Salvador. Inclusive,<br />

muitas empresas locais estão importando profissionais do Rio de<br />

Janeiro e de São Paulo por falta de mão de obra qualificada em<br />

nosso estado”, alerta o coordenador do curso superior de graduação<br />

tecnológica em sistemas para internet da Unifacs, Alex Coelho. A<br />

implantação do Parque Tecnológico na Bahia permitirá que novas<br />

empresas de tecnologia da informação se instalem na região. O<br />

salário estimado para o profissional da área está em torno de R$3<br />

mil na Bahia, segundo Coelho.<br />

[7] Tecnologia em jogos digitais<br />

“A área de games é a que mais cresce no<br />

mundo do entretenimento”, palavras de Lynn<br />

Alves, responsável pelo projeto do novo curso<br />

de tecnologia em jogos digitais que está<br />

sendo implantado pela Uneb. De acordo com<br />

a Associação Brasileira de Desenvolvedores<br />

de Jogos Digitais - Abragames, esse mercado<br />

já movimenta US$68 bilhões no mundo. Cada<br />

vez mais presente no cotidiano das pessoas<br />

e das empresas, os jogos digitais contribuem<br />

para diversos setores, desde a indústria até<br />

a educação, passando pela agricultura e o<br />

entretenimento. O mercado é tão promissor, que<br />

a Microsoft oficializou a produção do console<br />

de jogos Xbox 360, fornecido pela Flextronics<br />

Brasil. Segundo a consultoria PWC<br />

16 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Foto: Divulgação<br />

(PricewaterhouseCoopers), o mercado brasileiro de jogos eletrônicos,<br />

que em 2011 movimentou R$840 milhões e é quarto maior do mundo,<br />

crescerá em média 7,1% por ano até 2016, quando atingirá R$4 bilhões.<br />

A indústria de jogos eletrônicos mantém, atualmente, mais de cinco<br />

mil profissionais empregados no país. Em 2008, a realidade era outra<br />

e o número era somente 560, de acordo com a Abragames. A evolução<br />

do setor em tão pouco tempo deve-se a crescentes investimentos<br />

na tecnologia e um aumento no consumo da cultura digital, dizem<br />

especialistas. Diante do potencial revelado pelo mercado, o governo<br />

federal também tem investido na área. A tecnologia de desenvolvimento<br />

e produção de jogos digitais está entre as estratégias do programa TI<br />

Maior, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que movimentará<br />

cerca de R$500 milhões no país. Segundo Lynn Alves, na Bahia, o<br />

mercado ainda é incipiente, mas deve aquecer bastante nos próximos<br />

cinco anos, sobretudo com a implantação do Parque Tecnológico. Capitais<br />

como Recife e São Paulo, que já sediaram grandes eventos do gênero, já<br />

apresentam um mercado mais maduro e profissionalizado.<br />

[8] Design<br />

“O design é um fator decisivo no<br />

novo cenário competitivo. Ele agrega<br />

valor ao produto e desencadeia um<br />

processo de estímulos visuais que<br />

afetam a própria empresa e sua força<br />

de vendas. A empresa que valoriza o<br />

design como diferencial, seja na sua<br />

linha de produtos, serviços ou ações<br />

promocionais, transmite uma imagem<br />

avançada de alto padrão organizacional”,<br />

destaca o designer Vinícius Carvalho,<br />

executivo da empresa Cocada Design.<br />

Em pleno desenvolvimento nas<br />

diversas modalidades da indústria,<br />

a área de design encontra cada vez<br />

mais campo, seja na construção de<br />

produtos - embalagens, móveis, carros,<br />

aviões, ou na área de programação<br />

visual - editoração, identidade visual,<br />

web. A vinda de grandes eventos<br />

esportivos para o Brasil também<br />

tem melhorado as perspectivas do<br />

mercado. “A Copa e Olimpíadas serão<br />

eventos que já aguardamos como<br />

momento de um boom em todos os<br />

setores, principalmente no nosso setor<br />

promocional”, afirma o executivo. O<br />

designer ressalta que os desafios do<br />

profissional que atua na região Nordeste<br />

são grandes. “É uma profissão que aqui<br />

se confunde muitas vezes com as áreas<br />

de publicidade, arquitetura e decoração.<br />

Temos que trabalhar muito o lado do<br />

convencimento com o cliente final<br />

para que o mesmo entenda e valorize<br />

a importância deste profissional”.<br />

Segundo ele, um profissional já<br />

estabilizado na Bahia ganha, em<br />

média, R$ 4mil, enquanto um designer<br />

sênior em São Paulo chega a receber<br />

numa faixa salarial de R$8 mil. Ainda<br />

assim, o mercado baiano tem atraído<br />

novos profissionais pelo seu potencial<br />

promissor. Na Uneb, o curso é um dos<br />

mais disputados. “No vestibular de 2012,<br />

a concorrência chegou a cerca de mil<br />

candidatos para as 40 vagas oferecidas”,<br />

revela o coordenador do curso de design,<br />

Antônio da Silva Neto.<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

17


Foto: Raul Golinelli/GovBA<br />

[9] Biomedicina<br />

“O fato de a população estar cada vez mais esclarecida tem aumentado<br />

a busca por exames complementares, tanto de diagnóstico como de<br />

prevenção, o que amplia o mercado de trabalho para profissionais da<br />

área. Os serviços de análises clínicas e imagem são os mais demandados”,<br />

declara a coordenadora do curso de biomedicina da Faculdade de<br />

Tecnologia e Ciências (FTC), Luciene Lessa. O profissional pode escolher<br />

entre especializar-se em análises clínicas, hematológicas, citológicas<br />

e moleculares ou em acupuntura, reprodução humana assistida<br />

(fecundação invito), imagem, dentre outras. “É uma área que abre<br />

muitas perspectivas, pois permite ao profissional não só conseguir com<br />

certa facilidade uma vaga de trabalho, mas também empreender, ter<br />

seu próprio laboratório ou clínica de análises, de imagem, acupuntura,<br />

citopatologia e, até mesmo, de estética”, destaca Lessa. A acadêmica<br />

afirma que na própria faculdade há a disciplina de empreendedorismo,<br />

que permite ao profissional abrir o seu negócio. “Antigamente, quem fazia<br />

o tratamento de uma imagem, por exemplo, tinha que ser um médico, os<br />

custos eram bem mais caros”, esclarece. Outro campo destacado como<br />

promissor pela coordenadora é o de pesquisa, seja por novas vacinas ou<br />

exames de DNA, desde que o profissional se especialize.<br />

Foto: FMU<br />

[10] Gestão em Turismo<br />

Depois do dia 30 de outubro de 2007,<br />

de uma forma ou de outra, o Brasil foi<br />

para o centro das discussões na mídia<br />

internacional. Além de uma economia<br />

que já se destacava, o país acabara de<br />

ser formalizado sede da Copa do Mundo<br />

de 2014 pela Federação Internacional<br />

de Futebol (Fifa). Os holofotes estão<br />

em nossa direção e o Brasil está em<br />

evidência. Para receber bem o turista,<br />

o profissional dessa área cuida do<br />

planejamento, organização, promoção<br />

e divulgação de viagens, eventos e<br />

atividades de lazer e negócios; gerencia<br />

a organização de feiras, congressos e<br />

exposições; em prefeituras e órgãos<br />

públicos, coordena a exploração<br />

turística de uma região, promovendo<br />

e divulgando as atrações locais; entre<br />

outras atividades. Os números revelam<br />

que, na Bahia, muito está sendo<br />

investido e ainda há muito a se investir,<br />

o que pode gerar oportunidades. De<br />

acordo com a Fundação Instituto<br />

de Pesquisas Econômicas (Fipe), em<br />

pesquisa para o Ministério do Turismo<br />

em 2011, o setor movimentou R$7,8<br />

bilhões na Bahia. O estudo aponta<br />

ainda que o estado é o terceiro principal<br />

destino turístico e o líder absoluto<br />

do Nordeste, com mais visitantes<br />

do que a soma de todos os outros<br />

estados. O turismo da Bahia cresceu<br />

de nove milhões para 11 milhões de<br />

turistas de 2009 para 2011, incluídos<br />

os brasileiros de outros estados, os<br />

baianos viajando pela Bahia e os<br />

estrangeiros, esses últimos chegando ao<br />

número de 558 mil. Para transformar<br />

o estado em um destino náutico, já foi<br />

aprovado pelo Tesouro Nacional um<br />

investimento de R$170 milhões em<br />

recursos do Banco Interamericano de<br />

Desenvolvimento (BID) para aplicação<br />

na zona turística da Baía de Todos os<br />

Santos. Ou seja, perspectivas para<br />

boas oportunidades de negócio e<br />

aumento da empregabilidade na área<br />

não faltam. [<strong>B+</strong>]<br />

18 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

19


loco de notas<br />

Foto: Divulgação<br />

Camaçari é sede da primeira<br />

fábrica da Kimberly-Clark no<br />

Nordeste<br />

Fabricante líder mundial de produtos de<br />

higiene pessoal, a Kimberly-Clark irá se<br />

englobar à forte onda de investimentos<br />

que está transformando o cenário econômico<br />

do Nordeste com a construção de<br />

uma nova fábrica e um centro de distribuição<br />

no Polo Industrial de Camaçari. Com<br />

investimentos iniciais de R$100 milhões,<br />

as instalações são estratégicas para a expansão<br />

dos negócios na região, que nos<br />

últimos dois anos teve um aumento de<br />

30% nas vendas. Com quatro unidades produtivas<br />

nas regiões Sul e Sudeste, a K-C<br />

Brasil está construindo, em Camaçari, sua<br />

primeira fábrica na região. A unidade será<br />

responsável pela produção de fraldas, absorventes<br />

e papel higiênico, além de gerar<br />

430 empregos diretos e 1.200 indiretos,<br />

contando com um centro de distribuição e<br />

instalada em área de 220 mil m 2 . A K-C<br />

Brasil utilizou instrumentos de medição e<br />

avaliação do impacto ambiental para planejar<br />

a fábrica e o centro de distribuição<br />

em Camaçari, com objetivo de reduzir os<br />

efeitos negativos e ampliar os positivos.<br />

Grupo Boticário investe<br />

R$535 milhões<br />

nas unidades na Bahia<br />

O Grupo Boticário, que controla as unidades de negócio O Boticário,<br />

Eudora, quem disse, berenice?, The Beauty Box e Skingen Inteligência<br />

Genética, investe R$535 milhões no estado da Bahia. Os recursos<br />

são aplicados para a construção de uma fábrica em Camaçari e de<br />

um centro de distribuição (CD) em São Gonçalo dos Campos, região<br />

metropolitana de Feira de Santana (BA). A construção se iniciou em<br />

agosto de 2012, gerando mil postos de trabalho temporários e tem<br />

previsão para iniciar os empreendimentos no segundo semestre de<br />

2013, quando serão abertas 700 oportunidades de emprego diretas e<br />

indiretas. A Bahia foi escolhida por se tratar de um estado geograficamente<br />

estratégico para escoamento dos produtos para os estados<br />

das regiões Norte e Nordeste. As obras devem gerar cerca de 1.000<br />

postos de trabalho temporários.<br />

Foto: Divulgação<br />

20 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


ISM ganha novo gerente<br />

A fábrica da Indústria São Miguel (ISM), em Alagoinhas, produtora do refrigerante<br />

Goob, está sob o comando do novo gerente geral e também gerente comercial, Francisco<br />

Galdos Anduaga. Ele tem mais de 18 anos liderando equipes e desenvolvendo<br />

negócios em empresas multinacionais. A unidade baiana da ISM, que tem capacidade<br />

para produzir 15 milhões de litros ao mês, prepara-se para lançar energético e água mineral.<br />

O presidente do grupo, Jorge Añaños, revela que os planos da empresa até 2015<br />

são ampliar presença nas Américas, expandir para a Ásia e a África, além de duplicar<br />

a cada três anos o faturamento anual da empresa. O Grupo ISM conta com dez mil colaboradores<br />

diretos e indiretos em 64 cidades e nos 193 mil pontos de vendas.<br />

Foto: Divulgação<br />

Foto: Paulo Cesar Lopes Jr<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

21


loco de notas<br />

Russos mostram interesse<br />

em investir na Bahia<br />

“A Bahia é o primeiro estado fora<br />

do eixo Rio-São Paulo com perspectivas<br />

reais para a realização de negócios”.<br />

A afirmação foi feita pelo<br />

diretor do Conselho Empresarial<br />

Rússia-Brasil, Aleksander Medvedovsky,<br />

durante o primeiro Encontro<br />

Empresarial Bahia-Rússia, realizado<br />

em 18 de fevereiro, na sede da<br />

Federação das Indústrias do Estado<br />

da Bahia (Fieb), no Stiep. Medvedovsky<br />

disse que as áreas de infraestrutura<br />

para o setor de óleo e gás,<br />

mineração, energia, petroquímica,<br />

agronegócio e ferrovias são as preferidas<br />

entre os russos. Como é o<br />

caso de um grupo de altos executivos<br />

deste país, que aportaram para<br />

vasculhar as minas de escândio, o<br />

tálio e o lítio, de propriedade do ex-<br />

-rei da soja Olacyr de Moraes. Esses<br />

metais largamente usados pela<br />

indústria de tecnologia de ponta e<br />

que chegam a ser dez vezes mais<br />

caros que o ouro.<br />

Bahia terá primeira mina de<br />

vanádio das Américas<br />

Em fase de implantação no interior<br />

baiano, a Vanádio de Maracás S/A,<br />

primeira mina de vanádio das Américas,<br />

conta com um aporte de R$555<br />

milhões em investimentos. Parte desse<br />

valor é proveniente do Banco Nacional<br />

de Desenvolvimento Econômico<br />

e Social (BNDES) e outra parte de<br />

acionistas do grupo canadense Largo<br />

Resources, sócio majoritário da empresa<br />

de mineração. No pico das obras de<br />

construção do empreendimento, cerca<br />

de 1,5 mil empregos diretos serão<br />

gerados no município. O lançamento<br />

da pedra fundamental da Vanádio de<br />

Maracás aconteceu no dia 21 de fevereiro,<br />

em Maracás (a 365km de Salvador),<br />

com a presença do governador<br />

da Bahia, Jaques Wagner.<br />

Aeroportos da Infraero têm nova<br />

forma de acesso à internet<br />

Fotos: João Alvarez/Sistema Fieb<br />

A Infraero disponibilizou uma nova forma de acesso gratuito à internet sem<br />

fio nos seus 12 terminais, incluindo o Aeroporto Internacional de Salvador.<br />

Para acessar o serviço, o passageiro cadastrado entra com a data e o número<br />

do voo, assento e aeroporto de origem. A mudança também é válida para<br />

os passageiros em conexão que tenham vindo de terminais que ainda não<br />

oferecem o serviço.<br />

22 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Exportações baianas crescem<br />

e já representam 60% do Nordeste<br />

Segundo dados são da Coordenação de Comércio Exterior da Superintendência<br />

de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a Bahia teve um<br />

crescimento na participação de exportações do Nordeste e atingiu 60% do<br />

total da região, se tornando líder no setor. Em 2012, as vendas externas baianas<br />

alcançaram US$ 11,27 bilhões, um recorde histórico para o estado. Em<br />

razão do desempenho das commodities agrícolas e minerais e do aumento<br />

das vendas para a Ásia, lideradas pela China, as exportações baianas cresceram<br />

2,3% no ano passado em relação a 2011.<br />

Programa Winning Women Brasil estimula<br />

empresas de mulheres brasileiras<br />

A consultoria internacional Ernst&Young Terco lançou no Brasil o programa<br />

Winning Women, com objetivo de unir empresárias de sucesso e empreendedoras<br />

com potencial de crescimento. A iniciativa, que já funciona nos<br />

EUA e no Reino Unido, irá reunir 15 líderes de negócio de médio porte<br />

parra receber apoio e aconselhamento de executivas de empresas brasileiras<br />

de grande porte, como Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), Lisa<br />

Folkersma (ONU) e Sylvia Coutinho (HSBC).<br />

Projeto da ponte Salvador-Itaparica<br />

deve ser concluído em 2018<br />

O projeto da ponte Salvador-Itaparica está previsto para ser licitado no primeiro<br />

semestre de 2014 e concluído em 2018. Uma consultoria a ser contratada<br />

pelo governo da Bahia irá concluir os estudos e lançar o edital de<br />

licitação para a ponte, que integra o Sistema Viário Oeste (SVO). A previsão<br />

de orçamento é de R$7 bilhões, englobando os 12km de ponte, a duplicação<br />

das rodovias e os investimentos com infraestrutura.<br />

Foto: Divulgação


loco de notas<br />

ABIH-BA reúne associados no<br />

Sheraton Hotel da Bahia<br />

Foto: Divulgação<br />

A ABIH-BA reuniu seus associados no Sheraton<br />

Hotel da Bahia, no final de fevereiro,<br />

para que o presidente do grupo, Guilherme<br />

Paulus (fundador da operadora CVC),<br />

apresentasse o novo empreendimento e sua<br />

diretoria aos hoteleiros baianos, além de<br />

discorrer sobre as perspectivas do turismo<br />

nacional e internacional para o ano de 2013.<br />

“Este encontro foi um dos primeiros eventos<br />

no Sheraton Hotel da Bahia, ainda em soft<br />

openning, marcando a reabertura de um ícone<br />

da hotelaria baiana”, pontuou José Manoel<br />

Garrido, presidente da ABIH-BA.<br />

Bahiatursa e American Airlines<br />

fecham parceria<br />

Um acordo feito entre a Bahiatursa e a American Airlines<br />

irá promover a Bahia junto ao mercado norte-americano.<br />

As realizações contam com três eventos com os principais<br />

agentes de turismo das cidades de New York, Chicago e<br />

Miami, a ser feito ainda no primeiro semestre. A nova rota<br />

direta Salvador-Miami, que entrou em operação desde o<br />

dia 15 de novembro de 2012, tem operado com uma média<br />

de 80% de ocupação, segundo divulgação da companhia.<br />

Um terço do café consumido<br />

no mundo é produzido no Brasil<br />

Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Internacional<br />

do Café (OIC), das 144,5 milhões de sacas de café<br />

consumidas no mundo, 50,8 milhões foram produzidas no<br />

Brasil. Com isso, é possível dizer que, de cada três xícaras<br />

de café consumidas no mundo, uma é de origem brasileira.<br />

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do<br />

Brasil (Cecafé), as exportações do produto geraram uma<br />

receita de US$6,4 bilhões para o país em 2012.<br />

Foto: Divulgação<br />

24 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Salvador está entre<br />

os melhores destinos<br />

da América do Sul<br />

A pesquisa Travellers Choice<br />

2012, feita através de<br />

notas atribuídas por 75<br />

milhões de internautas de<br />

mais de 30 países, apontou<br />

Salvador como um dos 25<br />

melhores destinos na América<br />

do Sul. Salvador ocupa a<br />

12ª posição do ranking, atrás<br />

de outras cidades brasileiras<br />

como Rio de Janeiro (3ª),<br />

Florianópolis (7ª), São Paulo<br />

(10ª) e Búzios (11ª). Entraram<br />

também para o ranking as<br />

cidades de Foz do Iguaçu<br />

(14ª), Parati (17ª), Manaus<br />

(18ª) e Bonito (19ª).<br />

Foto: Divulgação<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

25


imóveis+<br />

Quintas de Arembepe<br />

A Design Resorts ainda celebra o sucesso de vendas da primeira etapa do<br />

Jardins do Litoral, mas já planeja o lançamento de outro empreendimento em<br />

Camaçari: o Quintas de Arembepe. No momento, a empresa se dedica aos aspectos<br />

de licenciamento ambiental, adequando o projeto que deve ser lançado<br />

no segundo semestre de 2014. A ideia é criar um novo bairro planejado em um<br />

terreno de 340 hectares, um mix de residências, comércio e serviços, em área<br />

próxima ao Jardins do Litoral. O diretor da Design Resorts no Brasil, Luis Festas,<br />

divide o seu tempo acompanhando o cronograma do Jardins do Litoral, que terá<br />

ainda mais duas etapas, e planejando esse novo empreendimento.<br />

Por<br />

Núbia<br />

Cristina<br />

Entrega do Hangar<br />

O diretor de novos negócios e marketing da OR - Odebrecht<br />

Realizações Imobiliárias, Franklin Mira, confirma a entrega<br />

do Hangar em 2013, um dos principais acontecimentos do<br />

mercado imobiliário local. Localizado em um terreno de mais<br />

de 28 mil m 2 na primeira rótula do Aeroporto de Salvador, o<br />

complexo vai reunir mais de 800 empresas. São nove torres<br />

no total, com sete ou oito pavimentos cada: duas hoteleiras e<br />

sete torres empresariais, com espaços moduláveis que variam<br />

entre 33 e 845m 2 . O Hangar terá ainda um Green Mall com<br />

infraestrutura de serviços e mais de 50 pontos comerciais.<br />

Três pisos exclusivos para garagens, com mais de 2.500 vagas<br />

disponíveis, ligados diretamente à Avenida Luiz Viana Filho<br />

(Paralela). Existem ainda outras novidades em curso: “Estamos<br />

trabalhando em novos projetos com a marca e as características<br />

da Odebrecht. Inovação e produtos diferenciados, que<br />

trazem a satisfação de produtos únicos”, afirma Mira.<br />

Iberostate e Ponto 4/Coelho<br />

da Fonseca consolidam<br />

parceria institucional<br />

O Iberostate Praia do Forte e a imobiliária Ponto 4/<br />

Coelho da Fonseca firmam parceria para comercialização<br />

de unidades. O pontapé inicial da parceria<br />

foi o lançamento do Reserva do Mar Premium Residences<br />

by Iberostate, condomínio com 36 apartamentos<br />

de frente para o mar e uma estrutura<br />

exclusiva que oferece aos moradores todos os serviços<br />

do Hotel Iberostar. Com projeto do arquiteto<br />

Ivan Smarcevski, as unidades foram divididas em<br />

blocos, com apartamentos térreos (150m 2 ) e duplex<br />

(220m 2 ), todos localizados a menos de 80 metros<br />

do mar. Para criar um ambiente de privacidade e<br />

conforto, o projeto prevê ainda grandes espaços comuns,<br />

em um condomínio fechado, com recepção,<br />

concierge e área de lazer exclusiva com uma piscina<br />

com mais de 800m 2 com bar molhado. Os corretores<br />

da Ponto4/Coelho da Fonseca atendem no<br />

stand de vendas do Iberostate, em Praia do Forte.<br />

Novidade no Rio Vermelho<br />

Tentando desconversar, o arquiteto Antonio Caramelo<br />

confirma a informação de que está trabalhando<br />

em um novo projeto para a Odebrecht Realizações<br />

(OR) no Rio Vermelho. A OR teria comprado<br />

imóveis na Rua Barro Vermelho, um local eminentemente<br />

residencial que dá acesso à paradisíaca<br />

Praia do Buracão, e planeja erguer um empreendimento<br />

de alto padrão. “Existem estudos, a Odebrecht<br />

pesquisa muita coisa”, afirma o arquiteto. Uma<br />

fonte do mercado imobiliário baiano confirma que<br />

a empresa comprou vários imóveis na região.<br />

Foto: Divulgação<br />

26 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Energia Renovável<br />

A Produman Engenharia foi contratada<br />

pela ERB - Energias Renováveis do Brasil,<br />

para a implantação global de um<br />

empreendimento de energia renovável<br />

que está sendo instalado no município<br />

de Candeias. Trata-se de uma unidade<br />

de cogeração que vai atender ao complexo<br />

industrial da Dow Brasil, localizado<br />

em Aratu, utilizando eucalipto de<br />

reflorestamento como matéria-prima<br />

para geração do vapor (fonte de energia<br />

para o parque industrial). Até o momento,<br />

as obras do projeto, que é fruto<br />

de uma parceria entre a Dow e a ERB,<br />

geraram 223 empregos para a comunidade<br />

de Candeias e localidades próximas.<br />

A unidade vai entrar em operação<br />

no segundo semestre deste ano.<br />

Terras Alphaville<br />

Foto: Divulgação<br />

Fontes do mercado imobiliário apontam<br />

que a Alphaville Urbanismo<br />

planeja seis novos lançamentos no<br />

interior do estado em 2013 com a<br />

marca Terras Alphaville, mas o diretor<br />

comercial e novos negócios da<br />

Alphaville, Fábio Valle, não confirma,<br />

embora reforce a importância do estado<br />

para os planos de crescimento da<br />

empresa. “Acreditamos que a Bahia e<br />

o Nordeste são estratégicos, por isso,<br />

destinamos grande parte dos nossos<br />

investimentos para essa região”. Ele<br />

reforça que a Alphaville já tem sete<br />

empreendimentos na Bahia, “tendo a<br />

sua presença consolidada”.<br />

A força da MRV no Nordeste<br />

Foto: Divulgação<br />

O diretor comercial do Nordeste da MRV Engenharia e Participações S/A,<br />

Yuri Chain, acredita que este será um ano excepcional para a empresa na<br />

região. Em 2013, a MRV pretende lançar oito mil unidades no Nordeste.<br />

No primeiro semestre está previsto o lançamento de um empreendimento<br />

de 400 apartamentos em Salvador, no bairro de Narandiba, e outro nas<br />

proximidades do Salvador Norte Shopping, em São Cristóvão. Além disso,<br />

dois novos empreendimentos serão lançados na cidade de Feira de Santana.<br />

“Somos hoje uma das maiores construtoras de projetos residenciais do<br />

Nordeste. Os planos para a região são ambiciosos, apostamos cada vez mais<br />

nos projetos aqui desenvolvidos e o nosso grande objetivo é retribuir toda a<br />

confiança em nossa marca, possibilitando às pessoas a compra do primeiro<br />

imóvel, ajudando a melhorar a qualidade de vida”, destaca Chain.<br />

Em 2012, a empresa bateu recorde de lançamentos e vendas no<br />

Nordeste, alcançando a posição de maior regional da MRV Brasil em vendas,<br />

celebrando um crescimento de 50% em relação a 2011. “Vendemos quase seis<br />

mil imóveis na região e isso só foi possível em virtude de algumas conquistas<br />

pontuais”. A MRV se consolidou na Bahia como uma das duas maiores<br />

construtoras em volume de obras e vendas no estado, conquistando dois<br />

novos e importantes mercados: Camaçari e Feira de Santana.<br />

Graduado em administração de empresas, com MBA em marketing<br />

pelo IBMEC, esse mineiro que fixaria residência em Salvador, se a rotina<br />

de viagens pelas principais cidades nordestinas permitisse, ingressou na<br />

MRV Engenharia em 1997, como estagiário da área de marketing. Nessa<br />

época a empresa era uma pequena construtora local, que ensaiava dar<br />

os primeiros passos em outras cidades do interior de São Paulo. “Tive a<br />

felicidade e o privilégio de acompanhar o crescimento da companhia, a<br />

cada ano nossas metas eram mais desafiadoras e sistematicamente nos<br />

surpreendíamos em superá-las”.<br />

Em 2007, no momento em que a construtora estava comprando os<br />

primeiros terrenos em Salvador e Fortaleza, o diretor comercial aceitou o<br />

desafio de criar a regional Nordeste. “De imediato, percebi que seria uma<br />

grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional, por isso aceitei<br />

prontamente o desafio de começar tudo praticamente do zero, numa região<br />

desconhecida para mim”. Hoje, ele conhece bem a cultura, o comportamento<br />

e as diferenças regionais. “Considero-me o mais nordestino dos mineiros”, diz.<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

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mídia+ | perfil<br />

Foto: Divulgação<br />

O<br />

publicitário Paulo Coelho acumula a<br />

experiência de 20 anos à frente da Mago<br />

Comunicação, uma das principais agências<br />

baianas, tendo como clientes hoje Festival de Verão,<br />

Carnaval de Salvador, Sammar Veículos, Churrascaria<br />

Boi Preto, além de ter sido presidente do Sindicato<br />

das Agências de Propaganda (Sinapro Bahia). No<br />

dia 13 de dezembro de 2012, o reconhecimento: a<br />

Associação Baiana do Mercado Publicitário premiou<br />

Paulo Coelho como o melhor dirigente de agência de<br />

propaganda no estado da Bahia.<br />

Tal vivência faz Paulo conhecer a fundo a<br />

realidade do mercado tanto na Bahia como no<br />

Brasil. Por isso critica o atual modelo do mercado<br />

publicitário nacional, onde faltam investimentos<br />

regionais dos grandes anunciantes, e o fraco<br />

desempenho da economia baiana. Para ele, a<br />

verdade é que a propaganda baiana diminuiu. “É um<br />

sentimento de saudosismo, talvez, de um tempo em<br />

que o mercado baiano era pujante, com clientes e<br />

profissionais ótimos para trabalhar”.<br />

É preciso<br />

repartir o<br />

bolo<br />

Paulo Coelho, diretor da Mago<br />

Comunicação, anda nada satisfeito<br />

com as oportunidades do mercado<br />

baiano e declara que as agências<br />

que trabalham só com o setor<br />

privado estão “dentro d’água”<br />

A Bahia ainda é uma escola para a<br />

publicidade como nos tempos em que<br />

exportamos grandes profissionais?<br />

Já foi! Era assim em uma época em que a propaganda<br />

na Bahia era pulsante. Aqui a gente não tem mais um<br />

mercado vigoroso, para formar bons profissionais de<br />

publicidade. Você lembra da Romelsa, Tio Correia e<br />

tantas outras lojas de eletrônicos e supermercados<br />

que eram locais? Pois é, hoje não temos mais nada. A<br />

verdade é que, sem anunciantes, a propaganda baiana<br />

diminuiu. Pernambuco tem um PIB muito menor do que<br />

o nosso e já passou a gente em termos de publicidade.<br />

Os únicos grupos grandes que ainda existem aqui são<br />

a Odebrecht e a OAS. E a Odebrecht, dentro do seu<br />

campo de atuação industrial, não tem grande interesse<br />

em publicidade e os setores de comunicação estão<br />

baseados em São Paulo. A situação é que nada anda<br />

quando você tira o centro de decisões daqui. A Bahia<br />

recebe grandes indústrias, como Ford, Bosch, Nestlé,<br />

mas só o setor operacional está aqui. O cara que pensa<br />

o desenvolvimento da marca e dos produtos está fora.<br />

E os grandes anunciantes nacionais seguem<br />

sem investir aqui, mesmo com a força que<br />

o Nordeste ganhou comercialmente?<br />

A relevância que o Nordeste ganhou na econômica<br />

ainda não se reflete na publicidade. Se você observar,<br />

nosso percentual de consumo está em torno de 12% da<br />

28 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


economia do Brasil. Agora nossa participação no bolo de<br />

mídia publicitária é de 3,5%. É desigual. Poucas empresas<br />

nacionais fazem uma atuação como a Vivo faz, por exemplo.<br />

A Mago atende a Vivo dando suporte para as três agências<br />

nacionais da marca (Young, África e DPZ) para ações dentro<br />

da realidade da Bahia.<br />

Quem é que não reparte esse bolo?<br />

Um diretor de marketing não quer repartir o seu poder por<br />

todo o país, em agências menores, em veículos menores.<br />

Se o cara tem R$10 milhões para investir, é claro que<br />

todos os veículos gigantes nacionais vão ficar babando<br />

por esse dinheiro. Se repartir por todo o país, é claro que<br />

teria resultado nas vendas, mas o cara iria perder seus<br />

benefícios, viagens e tudo mais.<br />

Você já conseguiu furar esse modelo?<br />

Olha que eu tenho 20 anos de mercado e só consegui uma<br />

vez. Foi quando fizemos uma campanha da Bombril com<br />

Ivete Sangalo. Agora por quê? Porque foi a área comercial<br />

de Recife que pressionou, alegando que estavam<br />

perdendo mercado para o Assolan no Norte e Nordeste.<br />

Assim foi destinada uma verba para cá e a gente ganhou<br />

a concorrência. O resultado é que deu um impacto<br />

fortíssimo. Isso deveria servir de case para mostrar que<br />

devemos fazer isso toda hora!<br />

As marcas perdem então oportunidade<br />

de venda e de posicionamento?<br />

Claro. A Ford está aqui já tem tanto tempo e parece<br />

não perceber que em Salvador tem uma praia de nome<br />

Placaford. Esse nome surgiu por causa de uma grande<br />

placa promocional da Ford que existia em frente à praia,<br />

que foi moda durante os anos 60. Imagine se fazem um<br />

acordo com a prefeitura e colocam novamente a placa,<br />

explicando que ela remete à história do lugar, à origem<br />

da empresa no Brasil! Não acontece porque quem pensa<br />

marketing não está aqui para conhecer a nossa história.<br />

Mas por que as agências locais<br />

não propõem essas ações?<br />

Olha, a gente já bateu cabeça com algumas coisas. No<br />

primeiro momento, achamos que era inocentemente falta<br />

de conhecimento das agências nacionais. Então, fomos<br />

nos apresentar como parceiros proativos, capazes de<br />

criar soluções regionais. Eles nos recebem muito bem,<br />

mas ao virar as costas nos dão “uma banana”! São muito<br />

vorazes e agressivos para manter o mundo deles. Só<br />

quem tem o poder de mudar isso é o anunciante, mas<br />

nem sempre conseguimos sem o apelo da área de venda.<br />

Quem é o mercado anunciante que<br />

sustenta as agências na Bahia hoje?<br />

Como não temos os grandes anunciantes, o mercado é<br />

varejo e serviço. Para se ter uma ideia, o mercado de<br />

educação antes tinha 20 instituições que anunciavam.<br />

Agora, com a consolidação [das empresas], só<br />

temos cerca de dez anunciantes, e destes, cinco são<br />

atendidos por agência de fora. Uma Área 1 e Ruy<br />

Barbosa, depois que foram compradas por grupos de<br />

fora do estado, são clientes de agência de Recife. Até<br />

nisso estamos perdendo.<br />

Há algum movimento para<br />

solucionar essas questões?<br />

Estamos conversando com o governo do estado, mas ainda<br />

de forma muito incipiente, para cobrar das empresas<br />

que estão vindo para cá que trabalhem com as agências<br />

locais. Não faz sentido uma indústria se instalar aqui e<br />

trazer toda a inteligência de fora. Mas há uma pobreza tão<br />

grande de nessa gestão que estamos caminhando para ter<br />

um estado de massa, onde cinco ou dez famílias são ricas e<br />

todo o resto não tem oportunidade.<br />

Em 2012, você ganhou o prêmio de melhor<br />

diretor de agência da Bahia. Está satisfeito<br />

com os resultados que vem alcançando?<br />

Empresarialmente não estou nem um pouco satisfeito com<br />

as oportunidades que o mercado nos dá. Como empresário<br />

ainda não consegui ser aquele médico que não sente a dor<br />

do paciente. Eu sinto dor e me incomodo muito em ver<br />

um monte de estagiário sem conseguir entrar no mercado,<br />

ou quando atendo um cliente em potencial e a coisa não<br />

decola. É um sentimento de saudosismo, talvez, de um<br />

tempo em que o mercado baiano era pujante, com clientes<br />

e profissionais ótimos para trabalhar. Hoje poucos clientes<br />

ligam para as imagens deles, só querem vender, e isso<br />

não é culpa só deles, mas é porque não existe uma<br />

formação do mercado.<br />

Como presidente da Sinapro, você acompanhou<br />

todo o mercado das agências. Essa situação que<br />

você aponta é uma realidade de todas as agências?<br />

Quando falamos no cenário geral das agências, temos<br />

que ir com calma. A gente tem que reconhecer que a<br />

Bahia tem as agências que mais atendem contas públicas<br />

do país. Link, Propeg, SLA, Leiaute são algumas delas<br />

que atendem enormes contas de governos e empresas<br />

estatais. As agências com esse viés político estão muito<br />

bem atendidas. Na área comercial, privada, é que<br />

estamos dentro d’água. [<strong>B+</strong>]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

29


mídia+<br />

Foto: Divulgação<br />

APOIO<br />

Institucional<br />

Bruno Cartaxo na Morya Bahia<br />

Depois de 11 anos atuando na Ideia3 Comunicação, Bruno Cartaxo<br />

retorna à Morya, agência onde iniciou sua carreira, ainda como estagiário.<br />

Premiado em diversos festivais nacionais e internacionais,<br />

Cartaxo assume a direção de criação. Desde 2011, a Morya Brasil<br />

faz parte do Grupo ABC, maior holding de comunicação do Brasil e<br />

um dos 18 maiores grupos de marketing e comunicação do mundo.<br />

Galo Skol: ideia com<br />

resultados gigantes<br />

Visibilidade, engajamento social, responsabilidade<br />

com o meio ambiente, reciclagem, incentivo<br />

à cultura local e valorização da arte. Esses<br />

foram os ingredientes usados pela agência<br />

baiana Marcativa Comunicação Estratégica na<br />

criação do Galo Skol, um gigante de 15 metros<br />

de altura e 12 toneladas, fabricado com mais<br />

de 37 mil latinhas de Skol pela artista plástica<br />

pernambucana Thiana Santos. A iniciativa foi<br />

uma homenagem prestada à cidade de Recife<br />

e ao Galo da Madrugada, o maior bloco de<br />

Carnaval do mundo. O projeto envolveu cinco<br />

associações de catadores de latas e ONGs, e<br />

mais de 60 trabalhadores locais, durante os<br />

meses de janeiro e fevereiro. “Foi um projeto<br />

que gerou orgulho para todos os envolvidos,<br />

pois conseguimos através de uma estratégia<br />

de marketing diferenciada ativar a marca do<br />

nosso cliente Skol somando valores sustentáveis”,<br />

afirmou Aline Lasza, diretora de atendimento<br />

e novos negócios da Marcativa.<br />

A armadilha do crack<br />

Para conversar com o jovem tem que chocar positivamente,<br />

sair do anonimato dos comerciais tradicionais, dialogar com<br />

as redes sociais e ser de fácil entendimento. A campanha<br />

contra o crack criada pela Engenhonovo para a Secretaria da<br />

Segurança Pública faz parte do programa Pacto Pela Vida, do<br />

governo da Bahia. É uma campanha real, feita após conversas<br />

com usuários reais, que também deram depoimentos para o<br />

rádio e para vídeos na internet. Também é realista quando<br />

afirma que o crack é uma armadilha, uma ilusão.<br />

SLA realiza campanhas do governo federal<br />

Com atuação na Bahia, Ceará, Sergipe e Distrito Federal, a SLA<br />

possui uma carteira diversificada de clientes, e, entre eles, os ministérios<br />

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Justiça; e Desenvolvimento<br />

Social e Combate à Fome. Duas produções tiveram<br />

destaque nacional: a campanha nacional do desarmamento e a de<br />

recadastramento do Bolsa Família. Com o conceito “Proteja sua<br />

família. Desarme-se”, a campanha do desarmamento trouxe uma<br />

abordagem emocional e buscou desconstruir a ideia de que ter<br />

arma é proteção, tendo utilizado os meios TV, rádio, revista, mobiliário<br />

urbano, painel de metrô, busdoor e internet. Já a campanha<br />

do Bolsa Família teve como objetivo convocar os beneficiários do<br />

programa para a atualização cadastral.<br />

30 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Experiências 34 | Startup 38 | [C] Luiz Marques 48<br />

negócios<br />

40 44<br />

Bahia: Maior<br />

produtor de guaraná<br />

do mundo<br />

A ciência<br />

aqui e agora


negócios | experiências<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

Terra<br />

à vista:<br />

Lojas-contêineres<br />

descobrem a Bahia<br />

Ambientalmente corretas<br />

e atraentes no aspecto<br />

visual, as estruturas<br />

reaproveitadas viram<br />

negócios cada vez mais<br />

lucrativos. A primeira loja<br />

em Salvador foi inaugurada<br />

em novembro. Mais oito<br />

franquias devem ser criadas<br />

na Bahia durante 2013<br />

As sócias Ana<br />

Santiago (à<br />

esq.) e Patrícia<br />

Fernandes tiveram<br />

que enfrentar a<br />

burocracia do TVL<br />

para inaugurar a<br />

loja feita dentro de<br />

um contêiner<br />

por<br />

Murilo<br />

Gitel<br />

O<br />

empresário gaúcho André Krai<br />

desejava investir em uma rede<br />

própria de lojas de roupa, mas o valor<br />

alto dos aluguéis fez com que ele guardasse<br />

a ideia na gaveta, durante certo tempo. Uma<br />

viagem a Cingapura, no entanto, reacendeu<br />

o sonho adiado. Foi no país asiático que ele<br />

conheceu uma loja móvel instalada em uma<br />

caixa de metal que lembrava um contêiner. Ele<br />

conta que achou a ideia sensacional e, quando<br />

voltou para o Brasil, viu na grande quantidade<br />

de contêineres abandonados nos portos a<br />

matéria-prima ideal para as suas lojas.<br />

“É uma estrutura inteligente, barata,<br />

ecologicamente correta, sustentável e,<br />

principalmente, versátil”, destaca Krai, que<br />

afirma ter feito o maior acerto na vida. “Poucos<br />

acreditaram que daria certo, porque o<br />

contêiner tem uma estrutura feia, bruta<br />

e transformá-lo em algo delicado, bonito<br />

e confortável foi um desafio”, declara.<br />

Atualmente proprietário da franquia Container<br />

Ecology Store, o empresário possui cerca de<br />

80 lojas em quase todos os estados do país<br />

(menos Piauí e Acre) e algumas no exterior,<br />

principalmente na Espanha. Os negócios<br />

em contêineres do grupo administrado por<br />

André Krai abrangem os setores de moda,<br />

alimentação (rede de temakerias), salões de<br />

beleza e rede de produtos para crianças e<br />

bebês. “Abrimos 30 franquias em 2012 e temos<br />

a meta de inaugurar mais 50 em 2013”, projeta<br />

o empresário. Segundo ele, o crescimento<br />

médio na receita supera os 80% ao ano.<br />

32 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Foto: Edson Pelence<br />

Eles mandam uma equipe de montagem<br />

para içá-los e padronizá-los no próprio<br />

terreno onde vai ficar a loja”, explica<br />

Patrícia, que afirma ter tido um investimento<br />

total de R$ 450 mil para viabilizar o negócio.<br />

As estruturas das lojas utilizam também<br />

materiais reciclados internos e externos, tais<br />

como araras que são feitas de corrimão de<br />

ônibus, decks de casca de arroz, prateleiras<br />

de madeira legal e cadeira de latão.<br />

“A Bahia vem crescendo muito. Temos a expectativa<br />

de abrir mais oito franquias em 2013 e já temos<br />

candidatos em diversas cidades do estado”<br />

André Krai, proprietário da Container Ecology Story<br />

Fotos: Divulgações<br />

Mercado baiano<br />

E se engana quem pensa que o mercado baiano apenas assiste aos<br />

negócios em contêineres virarem uma tendência cada vez mais viável no<br />

Brasil. “Temos a expectativa de abrir mais oito franquias na Bahia em 2013<br />

e já temos candidatos em diversas cidades”, adianta André. A primeira<br />

inauguração aconteceu em novembro, na Barra (Rua Francisco Otaviano<br />

n° 78), por meio de iniciativa das empresárias Patrícia Fernandes, Ana<br />

Santiago e Veruska Quaresma. Formada por três contêineres, a loja vende<br />

marcas como Abercrombie, Índigo Jeans, Hollister, Lacoste Live, Coca Cola<br />

Clothing, Shop 126, Lança Perfume (beachwear e acessórios) e Triton.<br />

“Os clientes ficam encantados. Não imaginavam que aqui dentro fosse<br />

tão lindo e aconchegante. Ficam surpresos, muitos nunca viram [loja em<br />

contêiner]”, relata Patrícia. Segundo a empresária, o pacote disponibilizado<br />

pela franqueadora inclui o transporte das estruturas e a instalação dos<br />

contêineres no terreno por uma equipe local da Ecology Store.<br />

“São contêineres com mais de 20 anos de uso, que são reciclados e<br />

preparados para a montagem da loja. Cada contêiner veio em uma carreta.<br />

Burocracia para o TVL<br />

Mas como toda ideia nova costuma<br />

implicar dificuldades para ser aceita,<br />

viabilizar um negócio com esse grau de<br />

inovação também pode ser um caminho<br />

de espinhos. “Achei que teríamos menos<br />

trabalho quanto a preparar o terreno,<br />

colocar todas as ferragens embaixo,<br />

construir piso, montar deck, área de<br />

estacionamento, aprovação de prefeitura”,<br />

enumera Patrícia.<br />

De acordo com a empresária, os<br />

funcionários da prefeitura não sabiam<br />

como aprovar o projeto porque ele ficava<br />

“dentro de um contêiner”, desconheciam<br />

sobre qual categoria enquadrá-lo. “Tive<br />

que tentar a aprovação três vezes. Só para<br />

liberar o TVL [Termo de Viabilidade de<br />

Locação], eu tive que explicar, mandar<br />

arquiteto, engenheiro e mexer com<br />

uma pessoa conhecida para conseguir a<br />

liberação”, relembra.<br />

Outra batalha para a sócia da loja foi<br />

conseguir a aprovação do seguro junto ao<br />

banco. Como os negócios em contêineres<br />

só começaram a se desenvolver no Brasil<br />

nos últimos cinco anos, o fator risco pode<br />

ser levado em conta. “O Itaú, do qual sou<br />

correntista há muitos anos, reprovou<br />

nosso pedido. Já a Caixa Econômica<br />

Federal aprovou.”<br />

Mesmo assim, as perspectivas são as<br />

melhores possíveis. “Queremos abrir mais<br />

duas lojas em Salvador em curto prazo,<br />

mas ainda é tudo muito novo, estamos<br />

sentindo o mercado”, pondera Patrícia,<br />

cuja meta é fechar dezembro com um<br />

faturamento 100% maior em relação aos<br />

resultados dos últimos meses de 2012. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

33


negócios | experiências<br />

Luxo<br />

até na<br />

hora de<br />

dormir<br />

É possível um colchão ser<br />

tão desejado a ponto de<br />

ser um artigo de grife? A<br />

resposta de Wilna Carneiro<br />

é sim. Butique de colchões<br />

desperta interesse das<br />

classes A e B de Salvador<br />

por Renata Prezza<br />

F<br />

ilha de Feira de Santana, a empresária Wilna Carneiro apostou<br />

na ideia de vender colchões de luxo e levou para a Alameda<br />

das Espatódeas, em Salvador, a loja da Vivar Sleep Center,<br />

direcionada às classes A e B. Optar por investir em um produto bastante<br />

segmentado não foi uma escolha aleatória. Consolidada no Rio Grande<br />

do Sul há 11 anos, a vinda da marca para terras baianas foi pensada<br />

em conjunto, como explica Wilna: “A Vivar foi fundada por Bruno<br />

Dias, que cresceu dentro de uma fábrica de colchões acompanhando os<br />

negócios com o pai Rubens. A experiência lhe permitiu perceber que a<br />

redução da qualidade dos colchões em busca de melhores preços, que<br />

o mercado impunha, era um caminho prejudicial para o consumidor<br />

e também para o comerciante. Com isso, procurou, além de produtos<br />

com alto padrão de qualidade, oferecer um atendimento consultivo que<br />

garantisse a compra mais adequada para cada cliente”.<br />

Segundo a franqueada, assim como acontece no Sul do país, os<br />

consumidores baianos já começaram a dizer que querem comprar um<br />

Vivar, ao invés de, simplesmente, colchões e travesseiros, comparando<br />

a grife às luxuosas marcas de roupa, carros e joias. Ocupam o estoque<br />

da loja os melhores colchões do mundo: Restopedic, Serta e a linha<br />

exclusiva Vivar, que segue o padrão norte-americano. Os produtos<br />

variam de R$2 mil a R$20 mil.<br />

Adaptada ao cenário baiano, a franquia soteropolitana já ensina à<br />

matriz. “O start-up de uma empresa envolve, além de dinheiro, muita<br />

energia e dedicação. Desde a concepção do projeto, passando pela reforma<br />

e adaptação da loja, investimos também em treinamento. Técnicos da rede<br />

vieram para cá e até hoje realizam treinamentos constantes. O interessante é<br />

que tem ocorrido uma troca muito positiva, pois eles ficam encantados com o<br />

jeito de ser do baiano e isso dá mais leveza ao grupo”, avalia Wilna.<br />

Com pouco mais de um ano em Salvador, a franqueada diz já assegurar<br />

um bom retorno sobre o generoso investimento inicial. O planejamento<br />

comercial foi realizado em 90%, contrariando a realidade do setor, que não<br />

teve a expectativa atendida em 2012. “Hoje já estamos com o dobro do<br />

faturamento relativo ao mesmo período do ano passado”, garante Wilna, que<br />

estuda inaugurar a segunda loja ainda em 2013. [<strong>B+</strong>]<br />

Fotos: Divulgação<br />

34 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

35


negócios | startup<br />

O shopping<br />

na palma da<br />

sua mão<br />

Iniciativa de startup de três<br />

jovens baianos une a tecnologia<br />

às lojas de shoppings para levar<br />

ao consumidor as promoções<br />

das melhores vitrines através<br />

de um aplicativo para celulares.<br />

A inovação rendeu a segunda<br />

colocação do concurso Wayra<br />

Contest no Campus Party<br />

por Carolina Coelho<br />

fotos Rômulo Portela<br />

A<br />

o entrar no shopping, você se depara<br />

com 400 lojas e três andares à sua frente.<br />

Para achar o que procura é preciso gastar<br />

algumas horas e bater muita perna em meio a multidão<br />

que não para de circular. Quem nessa situação nunca<br />

desejou ter uma bússola para ir direto à loja que oferece<br />

o produto desejado com o melhor preço?<br />

Pensando em unir quem quer comprar a quem quer<br />

vender, a equipe do SmartPanda criou um aplicativo que<br />

mostra todas as promoções disponíveis do shopping direto<br />

no seu celular. Com download gratuito, o programa quer<br />

trazer a tecnologia existente nos celulares para facilitar as<br />

compras e aumentar as vendas.<br />

A ideia partiu de três jovens baianos, Davi Barbosa<br />

(28), Ivo Machado (25) e Vicente Machado (27), que<br />

após se conhecerem no evento do Startup Weekend<br />

Salvador, realizado em agosto de 2012, puderam mesclar<br />

experiências e campos de atuação para criar o aplicativo<br />

SmartPanda. Lançado em janeiro deste ano, a novidade já<br />

está funcionando nos shoppings Paseo Itaigara e Estrada<br />

do Coco, e tem previsão para agregar o shopping Itaigara,<br />

Iguatemi e Salvador Norte ainda no primeiro semestre.<br />

36 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


“Nossa geração<br />

está muito atenta<br />

às inovações<br />

online, mas<br />

ainda não<br />

perdemos a<br />

vontade de tocar<br />

no produto’’<br />

Davi Barbosa,<br />

sócio do aplicativo<br />

Davi, Vicente e Ivo<br />

mostram os diversos<br />

dispositivos para<br />

acessar o aplicativo<br />

Smart Panda<br />

Mesmo com toda a ascensão do e-commerce, o trio aposta nas lojas<br />

físicas como principais alvos de consumo. “Nossa geração está muito atenta<br />

às inovações online, mas ainda não perdemos a vontade de tocar no produto,<br />

experimentá-lo antes de comprar”, explica Davi. “Além disso, ainda existe<br />

muita gente que se sente inseguro com as compras online por estar mais<br />

exposto a fraudes no cartão de crédito, sem contar com o tempo que é<br />

preciso esperar para o produto chegar até você”, ele continua.<br />

A aliança dos lojistas e do aplicativo é fundamental para o sucesso<br />

do SmartPanda: “Os vendedores contribuem 90% para que nossa<br />

ferramenta atenda as necessidades dele”, explica Vicente. São os<br />

próprios lojistas que cadastram as promoções no programa, de uma<br />

a cinco por dia, dependendo do plano escolhido entre os pacotes que<br />

variam de R$34,90 a R$151,90 mensais.<br />

O SmartPanda TV vem integrado ao aplicativo, que possibilita a<br />

interatividade da mídia indoor, com a passagem de todos os anúncios<br />

da promoção para uma televisão. O serviço também pode ser útil para<br />

os shoppings, divulgando os descontos através dos painéis interativos<br />

existentes em algumas praças de alimentação. A novidade tem agradado os<br />

lojistas, que veem o produto como incremento para as vendas. “Como temos<br />

certa deficiência de público, é uma ótima iniciativa para atrair as pessoas.<br />

Diferente de uma placa de outdoor, sei que estou alcançando o público-alvo<br />

certo”, afirma Camila Alemary, lojista do shopping Paseo.<br />

Para prevenir que o consumidor<br />

receba uma enxurrada de promoções<br />

que não lhe interessa, o aplicativo faz<br />

uma análise do perfil da pessoa assim<br />

que ela faz o login através do Facebook.<br />

Dados como gênero, idade e futuramente<br />

a identificação de palavras mais escritas<br />

são usadas como informações para<br />

personalizar as promoções exibidas.<br />

Assim o aplicativo não corre o risco<br />

de ser considerado uma forma de<br />

panfletagem online.<br />

Apesar de recente, o aplicativo<br />

ganhou credibilidade nacional depois<br />

de conquistar o segundo lugar do Wayra<br />

Contest no Campus Party, em São Paulo.<br />

Mais de 90 startups do Brasil inteiro se<br />

inscreveram na competição da Telefônica.<br />

Os vencedores levaram para casa um<br />

smartphone e o prêmio mais cobiçado da<br />

noite: o contato para o acesso direto com o<br />

presidente da Wayra, Carlos Pessoa.<br />

Animados, os rapazes já planejam novos serviços a serem<br />

adicionados no programa a longo do ano. O próximo passo é permitir<br />

que o consumidor possa reservar o produto via o aplicativo, indo à loja<br />

apenas para fazer o pagamento e retirar a peça. “Estamos indo bem<br />

para quem está no começo. Isso só mostra que podemos fazer muito<br />

mais”, comemora Davi. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

37


negócios | agronegócio<br />

GUARANÁ:<br />

MAIOR PRODUTOR DO<br />

MUNDO FICA NA BAHIA<br />

No baixo sul baiano, o município de<br />

Taperoá vem chamando a atenção pela<br />

quantidade de guaraná que produz. Na<br />

última temporada, entre novembro de<br />

2011 e março de 2012, foram colhidas<br />

2.540 toneladas do fruto. O número<br />

já supera a produção do tradicional<br />

guaraná amazonense e empresas<br />

alemãs já importam da região. No<br />

entanto, o guaraná baiano continua sem<br />

reconhecimento nacional e investimento<br />

para se tornar um polo de exportação<br />

por Carolina Coelho<br />

P<br />

oucos sabem, mas a Bahia é o maior<br />

produtor de guaraná do mundo. O<br />

cipó paullinia cupana, originário da<br />

Amazônia e famoso pelo seu efeito estimulante,<br />

parece ter se adaptado bem às terras baianas e<br />

vem rendendo bons frutos para os agricultores<br />

da região do baixo sul. Na colheita passada,<br />

feita entre novembro de 2011 a março de 2012,<br />

os mais de 15 mil agricultores familiares da<br />

região conseguiram 2.540 toneladas de guaraná,<br />

contra 1.080 toneladas colhidas na Amazônia. A<br />

expectativa para este ano é ainda maior. A atual<br />

safra espera atingir a marca de 2,8 mil toneladas.<br />

Taperoá tem a liderança mundial da<br />

produção, com 800t por ano, mas outros<br />

municípios situados na Costa do Dendê, como<br />

Valença, Ituberá, Igrapiúna, Camamu, Nilo<br />

Peçanha, Maraú, Tancredo Neves e Gandu,<br />

Foto: Carolina Coelho<br />

38 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


também são fortes produtores, englobando juntos<br />

cerca de 7.600 hectares de área plantada. Enquanto na<br />

Amazônia a produção é de 130kg por hectare, a Bahia<br />

chega a produzir 400kg na mesma área.<br />

O interesse cada vez maior das fábricas de bebidas e<br />

indústrias farmacêuticas pela cafeína obtida do guaraná<br />

(também conhecida como guaraína) tem estimulado os<br />

agricultores e aumentado o preço do guaraná baiano<br />

no mercado. Se em 1999 o quilo do grão do guaraná era<br />

comercializado por R$0,90, atualmente o preço chega<br />

a R$14. Para elevar o lucro, os agricultores precisam<br />

transformar o grão em pó, o que, apesar de causar uma<br />

perda de 30% do produto, faz o produto a ser vendido<br />

por R$40 o quilo. O manejo desta técnica mais precisa,<br />

entretanto, ainda não abrange todas as famílias produtoras.<br />

Com uma taxa de cafeína de 3,5 a 5,5%, em média,<br />

o guaraná pode atingir até 8% do composto em sua<br />

composição. A preferência das indústrias compradoras<br />

pelo guaraná de teor mais alto tem feito os agricultores<br />

buscarem o melhor método de secamento e processamento<br />

para alcançar o padrão desejado. Ainda sem as pesquisas<br />

necessárias e a tecnologia adequada, os agricultores<br />

continuam trabalhando na base da tentativa para descobrir<br />

o que fazer para manter o nível da cafeína elevado.<br />

Amazônia x Bahia<br />

Até os anos 80, o município de Maués, no Amazonas,<br />

era líder absoluto na produção de guaraná, porém a<br />

ampliação do uso comercial da semente animou os<br />

agricultores da antiga zona cacaueira e em menos de<br />

dez anos a Bahia se transformou no maior produtor<br />

mundial. O solo vermelho da região do baixo sul,<br />

seus elevados teores de compostos de ferro, com boa<br />

drenagem interna, são adequados para a produção<br />

de mais de 70 culturas viáveis comercialmente - uma<br />

das maiores taxas do Brasil, se tornando o principal<br />

aliado para o sucesso do plantio.<br />

Além do excelente solo, a Bahia leva mais uma<br />

vantagem. Os danos causados pelas doenças fúngicas,<br />

muito frequentes nas plantações de guaraná do<br />

Amazonas, como antracnose e fusariose, chegam<br />

a resultar perdas de 100% nas colheitas, o que não<br />

ocorre por aqui. Outra doença na cultura, como o<br />

superbrotamento, que causa o excesso das gemas<br />

vegetativas do fruto, também não são vistas na<br />

plantação baiana.<br />

A idade dos guaranazeiros também é um fator<br />

que influencia, já que depois que as plantas passam<br />

dos 20 anos a produção do fruto do guaraná cai<br />

Fotos: Carolina Coelho<br />

(em cima) Depois de colhido, o guaraná<br />

leva de três a quatro dias para atingir<br />

maturação. (ao lado) Colheita feita entre os<br />

meses de novembro a abril pretende bater<br />

a marca das 2,8 mil toneladas<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

39


gradativamente. Por manter uma longa tradição de<br />

cultivo, as plantas da Amazônia já não produzem<br />

mais como antigamente. Para evitar que isso<br />

aconteça por aqui, a Câmara Setorial do Guaraná da<br />

Bahia já pensa em fazer a substituição das plantações<br />

antigas por mudas mais novas.<br />

Todas essas constatações foram feitas quando<br />

uma equipe de técnicos da Empresa Baiana de<br />

Desenvolvimento Agrícola (EBDA) fez uma visita,<br />

em agosto de 2012, às plantações de guaraná na<br />

Amazônia para conhecer as tecnologias utilizadas<br />

pelos produtores amazonenses. “Vimos que o<br />

sistema de produção está mais avançado por aqui”,<br />

confirma Gerval Teófilo, técnico da EBDA e secretário<br />

executivo da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia.<br />

O sistema de reprodução da planta, porém, se<br />

mantém como uma das grandes diferenças entre o<br />

guaraná amazonense e o baiano. Enquanto o Amazonas<br />

trabalha por meio da estaquia e da enxertia com alta<br />

produtividade, a Bahia continua utilizando o método de<br />

reprodução das sementes por falta de pesquisas.<br />

Padronização, comercialização e consumo<br />

Inaugurada em 2010, a Câmara Setorial do<br />

Guaraná tem acompanhado a atividade e<br />

organizado as famílias e cooperativas da região<br />

para estimular a produção do guaraná. O grupo<br />

promove anualmente palestras, seminários e<br />

atividades em campo com técnicos especializados<br />

para instruir os agricultores sobre a melhor forma<br />

de fazer o plantio e comercialização, além de<br />

realizar concursos para eleger o melhor guaraná.<br />

São eles também os responsáveis por solicitarem<br />

pesquisas especializadas à Embrapa sobre o<br />

guaraná baiano.<br />

Além de buscar promover a divulgação do<br />

produto em grandes feiras de agricultura, a<br />

Câmara quer instaurar um padrão de qualidade do<br />

guaraná baiano. “Por enquanto não há um padrão<br />

para o guaraná daqui porque cada agricultor faz e<br />

vende de um jeito, e isso acaba sendo prejudicial<br />

para o crescimento em conjunto da região”,<br />

observa Norival Vieira, ex-vice-prefeito de Taperoá.<br />

Atualmente, a Ambev é a maior compradora<br />

do guaraná da região. Os grãos baianos vão de<br />

caminhão até Belém para depois seguir viagem<br />

por vias marítimas até chegar à fábrica da Ambev<br />

em Manaus, onde os grãos são processados<br />

e comercializados para consumo nacional e<br />

internacional em forma de bebidas, extrato e pó.<br />

Você conhece a lenda do guaraná?<br />

Existem muitas lendas que explicam a origem do guaraná.<br />

A mais famosa conta a história de um casal de índios da<br />

tribo Maués, que por muitos anos sonhou em ter um filho<br />

e pediu a Tupã para dar a eles uma criança. Sabendo<br />

que eram boas pessoas, o rei dos deuses concedeu o<br />

pedido, trazendo a eles um lindo menino. O tempo passou<br />

e o menino cresceu sadio, generoso e bom. No entanto,<br />

Jurupari, o deus da escuridão, com extrema inveja da<br />

felicidade alheia, se transformou em uma serpente<br />

venenosa e mordeu o rapaz, matando-o imediatamente.<br />

A triste notícia se espalhou pela aldeia e fortes raios<br />

caíram naquela noite, um deles enviado por Tupã com a<br />

mensagem de que deveriam tirar os olhos do curumim<br />

e plantar em terra firme, regando com lágrimas durante<br />

quatro luas. Dali nasceria a planta da vida, que daria força<br />

aos jovens e revigoramento aos mais velhos.<br />

Agricultores<br />

familiares são os<br />

únicos produtores<br />

de guaraná na<br />

região do baixo sul<br />

Após debulhamento, guaraná é torrado<br />

e o grão se desprende da casca<br />

Máquinas artesanais<br />

fazem todo o<br />

processamento do<br />

guaraná da região<br />

40 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Fotos: Carolina Coelho<br />

Secretário da Câmara do<br />

Guaraná, Gerval Teófilo aponta<br />

área que precisa receber<br />

novas mudas de guaraná<br />

Gerval e o agricultor Cosme<br />

avaliam condições das<br />

plantações que não recebem<br />

chuva desde dezembro<br />

De onde veio o guaraná de Taperoá?<br />

Em meados de 1970, cerca de 35 famílias japonesas<br />

oriundas do Amazonas e do Pará se instalaram em terras<br />

taperoenses movidas pela promessa de melhoria de<br />

vida em solos férteis, após a decadência do seu principal<br />

produto, a pimenta-do-reino, na região Norte. Junto com<br />

eles, vieram algumas sementes de guaraná, além de<br />

pimenta jamaicana, baunilha, noz-moscada, cravo-da-índia<br />

e canela, fato que influenciou para sempre a vida social,<br />

cultural e agrícola do lugar. Atualmente, são poucos os<br />

japoneses que ainda continuam no município, mas as<br />

especiarias continuam sendo cultivadas na região, junto<br />

com outras culturas, tais quais dendê, cacau, mamão,<br />

mandioca, mangostão, fazendo da agricultura a principal<br />

fonte de renda de Taperoá.<br />

Outras empresas, além de cooperativas baianas,<br />

também compram o guaraná baiano para a produção<br />

de cosméticos, a exemplo da Natura, e bebidas naturais,<br />

como a Frutyba, que há 11 anos fabrica seus produtos<br />

no município de Ituberá. Para Norival, a comercialização<br />

ainda é pouca se comparada ao potencial de produção da<br />

região. “Temos condições para ampliar quatro ou cinco<br />

vezes mais a nossa produção, mas antes disso precisamos<br />

investir em marketing e incentivar o consumo interno do<br />

guaraná para aumentar nossa demanda”, diz ele.<br />

Já Gerval Teófilo vai por outra linha de pensamento<br />

para aumentar a produção. O secretário acredita que<br />

a região precisa dominar a transformação do guaraná<br />

em cafeína para poder vender diretamente para as<br />

indústrias farmacêuticas e de bebidas energéticas.<br />

Porém a falta da tecnologia e maquinário necessários<br />

impossibilita a realização do projeto.<br />

Uma antiga fábrica de guaraná existente em<br />

Nilo Peçanha, mas que nunca chegou a ser ativada<br />

por questões de políticas governamentais internas,<br />

continua sem poder beneficiar os agricultores.<br />

Guaraná orgânico direto para Alemanha<br />

Fundada em 1992, a Cooperativa do Projeto Onca<br />

nasceu depois que um alemão comprou alguns hectares<br />

de terra em Taperoá e as distribuiu para agricultores<br />

da região, para que produzissem guaraná orgânico e<br />

exportassem diretamente para a Alemanha. Na safra de<br />

2011/2012, as 60 famílias do projeto exportaram para<br />

a empresa Zinfo cerca de oito toneladas de guaraná em<br />

pó, vendidos a US$17 o quilo.<br />

Certificado pelo IBD, que todo ano manda técnicos<br />

às plantações para fazer as avaliações, o selo orgânico é<br />

garantido pelo uso de exterco e biogel na compostagem<br />

do adubo e técnicas mais precisas no processamento<br />

do guaraná. Além de exigir a certificação orgânica, a<br />

empresa alemã só compra o guaraná que contém mais<br />

de 4% de cafeína em sua composição. E depois, bem<br />

longe das terras brasileiras, a empresa faz a extração e<br />

usa o guaraná para a fabricação de doces e bebidas.<br />

Este ano a safra orgânica não promete superar<br />

a do ano anterior. “Vamos sofrer uma queda de 30%<br />

na nossa produção por conta da seca. A chuva é<br />

fundamental durante a floração e aqui não chove<br />

desde dezembro”, lamenta o agricultor Carlos<br />

Cosme, há 30 anos produtor de guaraná na região.<br />

Como as plantações de Taperoá ainda não são<br />

equipadas com sistema de irrigação, a solução é<br />

torcer pela chuva para assegurar a sobrevivência<br />

das plantas e famílias. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

41


negócios | inovação<br />

Foto: Brisa Dultra<br />

futuro<br />

da ciência<br />

é agora<br />

Dentre os desafios,<br />

buscar soluções para<br />

doenças complexas<br />

através do uso de<br />

células-tronco<br />

Depois de anos com sua<br />

indústria de transformação pouco<br />

expressiva, a Bahia e o Brasil<br />

buscam formas de fortalecer o<br />

setor de pesquisa e inovação local<br />

por Brisa Dultra<br />

U<br />

ma curiosa pesquisa da Universidade<br />

Federal da Bahia (Ufba) divulgou,<br />

em 2011, que a maioria dos<br />

jovens entrevistados no estado não conhece<br />

nenhuma instituição de pesquisa ou nomes de<br />

cientistas baianos. A investigação explicitou<br />

um desconhecimento que pode ser sentido<br />

empiricamente: Você sabe o que é um instituto de<br />

pesquisa? Conhece algum da Bahia? Quem seriam<br />

os pesquisadores baianos da contemporaneidade?<br />

De acordo com a Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb),<br />

instituição científica ou tecnológica é “qualquer<br />

órgão ou entidade da administração pública<br />

estadual – direta ou indireta – ou privada,<br />

que tenha por missão institucional executar<br />

atividades de pesquisa básica ou aplicada, de<br />

caráter científico e/ou tecnológico”.<br />

Alzir Antonio Mahl, coordenador da diretoria de<br />

inovação da Fapesb, explica mais: “Pesquisa básica<br />

é aquela mais geral, que não necessariamente<br />

tem uma utilidade específica, também chamada<br />

de pesquisa científica. Já a pesquisa aplicada<br />

é aquela que serve para o desenvolvimento de<br />

um produto específico, tem uma meta, ajuda<br />

no desenvolvimento de algum produto”, afirma.<br />

Ele acrescenta: “Apesar de os institutos serem,<br />

em sua maioria, instituições públicas ou sem<br />

fins lucrativos, existem empresas privadas que<br />

contam com um departamento de pesquisa e<br />

desenvolvimento, fazendo investigações para<br />

desenvolver projetos ou produtos, como a Braskem,<br />

IBM, Telecom e tantas outras. Entretanto, elas não<br />

são consideradas institutos de pesquisa, justamente<br />

por não ter como atividade-fim a pesquisa”.<br />

42 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Os setores de pesquisa e desenvolvimento (P&D)<br />

de uma organização podem levar a uma vantagem<br />

competitiva. Sendo assim, a criação de um setor de<br />

P&D pode proporcionar ganhos diretos à organização,<br />

como no caso do Grupo BB: “Instauramos um setor de<br />

pesquisa e desenvolvimento para inovar em produtos<br />

sustentáveis, para introduzir no mercado produtos úteis<br />

e diferenciados. Unimos”, disse Plínio Bevervanson,<br />

palestrante do Fórum de Sustentabilidade do EcoD<br />

e Sebrae. O grupo criou a Linha Green de produtos<br />

sustentáveis, aproveitando um nicho pouco explorado,<br />

alongou o ciclo de vida de caixas de papelão, chegando<br />

ao reaproveitamento de 120 mil unidades no ano,<br />

reduzindo consumo e alcançando lucros. Segundo<br />

Plínio, bons resultados também foram alcançados<br />

buscando novos insumos, como a fibra de coco,<br />

utilizada por ele na fabricação de canecas.<br />

Ao ser perguntado sobre os planos para a área de<br />

pesquisa e desenvolvimento das indústrias, em coletiva<br />

sobre as perspectivas para a economia industrial baiana<br />

em 2013, o presidente da Federação das Indústrias do<br />

Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas disse<br />

que ainda existe resistência dos próprios empresários<br />

em investir em pesquisa: “É preciso que seja feito um<br />

trabalho de cataquese com esses agentes da economia.<br />

Além disso, estamos investindo principalmente em<br />

educação, pois acreditamos que, sem uma mão de obra<br />

preparada, nenhuma mudança na inovação e indústria<br />

de transformação acontecerá”, declarou.<br />

O Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia)<br />

é um dos poucos conhecidos como instituto de pesquisa<br />

pelos baianos. Para o diretor Mitermayer Galvão, o<br />

reconhecimento é fruto de um competente trabalho<br />

de pesquisa: “Nós trabalhamos em diversas frentes,<br />

desenvolvendo pesquisas básicas que, em grande<br />

parte, se tornam pesquisas aplicadas. Desenvolvemos<br />

um teste para diagnosticar leptospirose que salva<br />

vidas, além de agilizar o trabalho dos médicos. É<br />

importante que, cada vez mais, gestores, industriais<br />

e pesquisadores trabalhem em conjunto para que<br />

o resultado das pesquisas beneficie ainda mais a<br />

sociedade”, declarou, lembrando que o maior desafio<br />

da pesquisa, hoje, é formar cidadãos aptos a trabalhar<br />

com ciência. “É preciso diminuir a quantidade de aulas<br />

teóricas, aumentando a parte prática; é preciso que, na<br />

alfabetização, os meninos já aprendam um pouco do<br />

trabalho de pesquisa, que os meninos tenham contato<br />

com laboratórios”, listou.<br />

Em fevereiro de 2012, a Fiocruz recebeu a visita<br />

do ministro Alexandre Padilha, que destacou a<br />

importância deste centro para a produção brasileira<br />

de ciência e tecnologia na área de saúde, propiciando<br />

um melhor tratamento de pacientes com câncer e Aids:<br />

“Fiquei impressionado com o perfil dos pesquisadores<br />

e a qualidade do trabalho realizado na Fiocruz Bahia.<br />

A perspectiva é de que continue produzindo pesquisa<br />

de ponta, aplicada e científica, inovação tecnológica e<br />

construindo nomes e produtos para a saúde pública do<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

A bióloga Rejâne Lira é uma<br />

das principais responsáveis por<br />

levar o conhecimento científico<br />

a escolas públicas de Salvador<br />

Plínio Bevervanson acaba<br />

de instaurar um setor de<br />

pesquisa e desenvolvimento<br />

na BB Brindes, empresa da<br />

qual é o diretor<br />

Foto: Brisa Dultra<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

43


Vista aérea do complexo de laboratórios<br />

e pesquisa da Fiocruz, em Brotas<br />

Fotos: Brisa Dultra<br />

Marco Vinícius é um<br />

dos alunos bolsistas do<br />

projeto “Ciência, Arte e<br />

Magia”. A pesquisa dele<br />

investiga propriedades<br />

especiais da carapaça<br />

do escorpião, que fica<br />

fluorescente quando<br />

absorve luz<br />

país” afirmou. A Fiocruz Bahia tem tradição e destaque na<br />

formação de alunos e produção científica, contando com<br />

pesquisadores concursados, verbas estaduais e federais e<br />

parcerias com outras instituições, públicas e privadas.<br />

Exemplos de crescimento econômico demonstram o<br />

desempenho determinante da pesquisa científica e da<br />

inovação na competitividade das empresas, na melhoria<br />

de qualidade de vida, na universalização dos acessos, na<br />

redução das desigualdades, e na garantia de um equilíbrio<br />

ético e ambiental do nosso desenvolvimento. Além disso, é<br />

uma fatia de mercado que precisa de profissionais.<br />

Estímulo a inovação e ciência<br />

Para a bióloga Rejâne Lira, ninguém nasce cientista<br />

ou pesquisador, mas trilha um caminho que o leva à<br />

carreira. Para incentivar que mais meninos sigam nessa<br />

direção, a cientista e pesquisadora está à frente de uma<br />

pequena, mas valorosa equipe. Ela coordena o projeto<br />

Ciência, Arte e Magia, que começou em 2005, tendo como<br />

objetivo criar e incentivar entre os jovens uma cultura<br />

científica: “Só 2,7% dos nossos jovens querem seguir a<br />

carreira científica, se isso continua, a economia do país<br />

sofrerá impactos enormes”, conta.<br />

O projeto dá bolsas a estudantes de escolas públicas<br />

interessados na área: “Fazemos uma seleção em algumas<br />

escolas de Salvador, como o Thales de Azevedo, Alfredo<br />

Magalhães, Nilton Sucupira. Temos professores que<br />

orientam esses alunos em suas pesquisas e que têm como<br />

apoio um grupo de consultores que inclui profissionais de<br />

diversas áreas”, explica. Os estudantes podem estudar o que<br />

quiserem, desde que se dediquem com afinco ao tema.<br />

É o caso de Marco Vinícius dos Santos, 15 anos,<br />

que está estudando escorpiões: “Eu adoro esses bichos<br />

e, pesquisando, descobri que a carapaça deles possui<br />

cumarina, uma substância fluorescente que os proteje<br />

dos raios ultravioletas. A partir disso podemos pensar em<br />

produtos como camisas feitas desse material, por exemplo”,<br />

diz Vinicius, mostrando a aplicabilidade do tema.<br />

De acordo com Rêjane, houve um considerável aumento<br />

de investimento estatal na área: “Nesses 20 anos, muita<br />

coisa vem mudando. Inclusive os incentivos, que hoje<br />

existem em maior quantidade, o que mostra que o governo<br />

está realmente preocupado com a questão da inovação”.<br />

O Brasil vem, então, fortalecendo o sistema público de<br />

ciência e tecnologia, nas últimas décadas. Segundo dados<br />

do Ministério da Ciência e Tecnologia, o montante aplicado<br />

nas áreas de pesquisa tecnológica, entre recursos públicos<br />

e privados, passou de 1,3% do PIB, em 2000, para 1,72% em<br />

2009, totalizando o investimento de R$54,2 bilhões naquele<br />

ano. A quantidade de pesquisadores e pessoal de apoio<br />

Foto: Divulgação<br />

44 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


envolvido em pesquisa e desenvolvimento cresceu 72% entre<br />

2000 e 2008, aumento direcionado principalmente para as<br />

instituições de ensino superior.<br />

Dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec)<br />

2008 apontam que as empresas privadas brasileiras ainda<br />

investem pouco em pesquisa e desenvolvimento. Mesmo<br />

com as iniciativas de incentivo à inovação, há uma grande<br />

dificuldade em se obter indicadores que demonstrem o<br />

desenvolvimento inovador nas empresas brasileiras, como<br />

aponta estudo de João Fernando Gomes de Oliveira, diretorpresidente<br />

do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).<br />

As causas para esta realidade vêm de longe, durante<br />

formação do nosso sistema industrial, na década de 1950,<br />

quando havia concentração de multinacionais nos setores<br />

de bens de capital e de consumo duráveis. “As empresas<br />

estatais ficavam à frente de setores de infraestrutura<br />

- como os de transporte e energia -, e as empresas<br />

nacionais privadas, grosso modo, permaneciam nos bens<br />

de consumo perecíveis e semiduráveis. A atuação das<br />

multinacionais no Brasil era focada na produção para<br />

atender mercados específicos, enquanto investimentos<br />

em pesquisa e desenvolvimento eram realizados em seus<br />

países de origem. Esse fato certamente limitou o estímulo<br />

à inovação, já naquela época. O desenvolvimento<br />

industrial brasileiro estabelecia-se sem a cultura de<br />

P&D na empresa”, escreveu João Fernando, em artigo<br />

publicado na revista USP de maio de 2011.<br />

Cenário baiano<br />

Os avanços realizados nas diversas áreas de conhecimento<br />

científico no Brasil começam a ganhar força na Bahia e ser<br />

utilizados na produção industrial do estado. O histórico<br />

de fomento à inovação é recente, mas já apresenta os<br />

primeiros resultados. “No apoio para o desenvolvimento<br />

tecnológico e para o empreendedorismo, poderiam ser<br />

citadas as atividades da Incubadora Inavapoli, na Escola<br />

Politécnica da Ufba, sob a liderança do professor Armando<br />

Ribeiro; o curso de especialização em jornalismo científico<br />

e tecnológico, sob a coordenação da professora Simone<br />

Bortoliero, só para citar alguns”, afirmou Antonio Renildo<br />

Santana Souza, diretor de inovação da Fapesb.<br />

Os recursos são obtidos, principalmente, através da<br />

submissão de propostas de projetos de pesquisa a editais<br />

e chamadas públicas de agências de fomento como a<br />

Fapesb, em nível estadual, e a Capes, o CNPq e a Finep,<br />

em nível federal. São também fontes de financiamento o<br />

Ministério da Saúde, o Ministério do Desenvolvimento e<br />

Integração, o Ministério das Comunicações, entre outros,<br />

e também empresas privadas que investem em ciência,<br />

tecnologia e inovação.<br />

“Desde 1950, a atuação<br />

das multinacionais no<br />

Brasil era focada na<br />

produção para atender<br />

mercados específicos,<br />

enquanto investimentos<br />

em pesquisa e<br />

desenvolvimento eram<br />

realizados em seus países<br />

de origem. Esse fato<br />

certamente limitou o<br />

estímulo à inovação”<br />

Embora a pesquisa básica seja muito relevante<br />

para a geração de conhecimento, é imprescidível<br />

o investimento em pesquisa aplicada, pois<br />

há ainda no Brasil um distanciamento entre<br />

o desenvonvolvimento da ciência e as reais<br />

necessidades do mercado, ou seja, existe uma grande<br />

dificuldade para transformar o conhecimento gerado<br />

em riquezas e serviços necessários e úteis para<br />

a sociedade. Neste sentido, é preciso aproximar<br />

mais as universidades dos órgãos de governo e das<br />

empresas brasileiras. “É imperativo disseminarmos<br />

a cultura da inovação nas cadeias produtivas,<br />

diminuirmos também a burocracia e os custos para<br />

o registro de patentes e estimularmos ainda mais os<br />

empreendedores tecnológicos”, afirmou o presidente<br />

da Fapesb, Roberto Paulo Machado Lopes.<br />

Felizmente, isso já vem acontecendo, mesmo que<br />

de maneira incipiente. O estudante de engenharia<br />

Daniel Veiga é prova de que não há fórmulas para<br />

se alcançar o sucesso. No seu caso, para ajudar um<br />

irmão que perdeu os movimentos após acidente<br />

vascular cerebral (AVC), ele passou meses num<br />

laboratório de robótica até desenvolver uma<br />

palmilha inteligente, batizada de Motus, capaz<br />

de levantar a ponta do pé de uma pessoa com<br />

deficiência física, ainda que o cérebro não seja<br />

capaz de emitir tal comando. É torcer para que<br />

este seja o começo de uma geração mais voltada ao<br />

campo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico<br />

na Bahia. Talento nós temos. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

45


negócios | economia<br />

O Sétimo Selo<br />

luiz marques<br />

Filho<br />

Economista,<br />

superintendente da<br />

FEA-Ufba, diretor<br />

da ADVB-BA e<br />

professor da<br />

Faculdade Baiana<br />

de Direito<br />

No filme O Sétimo Selo, de Ingmar<br />

Bergman, um cavaleiro medieval cheio de<br />

orgulho e soberba convida a morte para uma<br />

disputa através de uma partida de xadrez.<br />

Caso ele vencesse, ficaria vivo, ao contrário,<br />

iria embora com a própria morte. O ano<br />

de 2013 parece ser o ambiente em que a<br />

economia brasileira, outrora cheia de orgulho<br />

e soberba, está jogando uma espécie de<br />

partida de xadrez.<br />

Nós crescemos nos últimos anos do<br />

governo Lula. De 2007 a 2010, nossa média<br />

de crescimento do PIB foi de 6,3% ao ano -<br />

excluindo 2009, devido à crise bancária dos<br />

Estados Unidos. Viramos o queridinho dos<br />

Brics, com mercado interno aquecido.<br />

Contudo, 2011 e 2012 demonstraram<br />

que o modelo “lulista” de crescimento,<br />

puxado por explosão de crédito interno,<br />

aumento da renda das famílias e pelas<br />

exportações de commodities, chegou ao<br />

final. As famílias já estão no limite do<br />

endividamento, as exportações caíram com<br />

a redução do crescimento chinês e mundial,<br />

e o investimento interno das companhias<br />

privadas anda a passo de tartaruga, em uma<br />

espécie de armadilha da liquidez criada pelo<br />

excesso de intervenção federal na economia.<br />

Para piorar, o investimento público teima em<br />

não sair do papel. Onde estão as megaobras<br />

de infraestrutura para a Copa do Mundo?<br />

Onde está a exploração do pré-sal?<br />

O B dos Brics já começa a ser questionado<br />

e tem gente querendo entrar nesse time, que<br />

não significa nada, mas não deixa de ser uma<br />

marca para nosso país. Tenhamos cuidado<br />

com México, Indonésia e Turquia. Eles já<br />

ameaçam nossa posição.<br />

O ano começa com o medo da inflação e a<br />

luta para turbinar um crescimento econômico<br />

que em 2012 foi muito baixo. Para piorar<br />

nosso déficit em transações correntes, a<br />

relação do Brasil com o mundo (comércio,<br />

serviços e transferências) continua alto e<br />

sendo financiado com dinheiro especulativo<br />

que vem de fora para aplicar em nossos<br />

papéis de renda fixa. Afinal, mesmo com a<br />

Selic baixando, ela ainda é muito elevada<br />

para os padrões internacionais. No ano<br />

passado, nosso déficit em conta corrente<br />

foi de quase U$50 bilhões. Nos últimos<br />

cinco anos, nosso déficit externo acumulado<br />

foi de U$203 bilhões (números do Banco<br />

Central). Esta elevada dependência de moeda<br />

estrangeira é preocupante, mas para o<br />

governo parece que está tudo bem.<br />

Porém, para não trazer apenas más<br />

notícias, que bom que nossas multinacionais<br />

continuam a fazer negócios e crescendo no<br />

exterior. Somos hoje um player internacional.<br />

Ao mesmo tempo ainda somos atrativos em<br />

muitos setores, mas é fundamental destravar<br />

os investimentos privados e públicos. Temos<br />

que ter um novo modelo de crescimento não<br />

mais baseado no crédito interno, mas sim na<br />

expansão dos investimentos produtivos.<br />

Quando somos orgulhosos, somos<br />

incapazes de ver as nossas próprias falhas e<br />

de realizar autocríticas. Não podemos enrolar<br />

a realidade da economia. Não dá para enrolar.<br />

Voltar a investir é fundamental. O governo<br />

Dilma precisa entender isso e deixar a área<br />

privada atuar, além de tirar os investimentos<br />

públicos do papel.<br />

No filme de Bergman, ao final da partida<br />

de xadrez, o orgulhoso cavaleiro medieval,<br />

confrontado por um xeque-mate dado pela<br />

morte, e sabendo que iria perder, derruba as<br />

peças do tabuleiro tentando enrolar a morte<br />

e terminar a partida, sem vencedores. Ela<br />

sorri, coloca as peças no lugar e fala irônica:<br />

“Calma amigo, eu conheço todos os truques.<br />

Não dá para enrolar”.<br />

“O B dos Brics já começa<br />

a ser questionado e tem<br />

gente querendo entrar<br />

nesse time. Tenhamos<br />

cuidado com o México,<br />

Indonésia e Turquia. Eles<br />

já ameaçam nossa posição”<br />

46 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


ESPECIAL MULHER<br />

ELAS fazem a diferença<br />

H<br />

á algo comum a todas as mulheres<br />

que é o poder de desempenhar<br />

diversos papéis ao mesmo tempo<br />

com maestria. Ter de ser mãe, filha,<br />

esposa, profissional bem-sucedida, cuidar de si<br />

e ser feliz são tarefas tão bem desempenhadas<br />

por elas que só nos cabe admirar a força da<br />

mulher. Se na história fez-se necessário marcar<br />

um dia para que todos reconhecessem tais<br />

feitos - celebrado no dia 8 de março como o Dia<br />

da Mulher -, aproveitamos então esta edição<br />

para unir exemplos de dez mulheres baianas<br />

que fazem as coisas acontecerem.<br />

Mulheres que, por exemplo, revolucionam<br />

o Judiciário brasileiro, lutam para melhorar<br />

o setor da educação no país, rompem as<br />

barreiras do machismo, desistem de carreiras<br />

consolidadas para seguir sonhos ainda<br />

maiores e firmam seus nomes entre os mais<br />

notórios nos setores de atuação.<br />

por Pedro Hijo<br />

“Empoderar mulheres e promover<br />

a equidade de gênero em todas as<br />

atividades sociais e da economia<br />

são garantias para o efetivo<br />

fortalecimento das economias, o<br />

impulsionamento dos negócios, a<br />

melhoria da qualidade de vida de<br />

mulheres, homens e crianças, e para<br />

o desenvolvimento sustentável”<br />

ONU Mulheres e Pacto Global das Nações Unidas<br />

ícones: thenounproject.com<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

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48 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com<br />

Foto: Divulgação


Eliana Calmon<br />

ombudswoman do poder<br />

Primeira mulher a integrar o Superior Tribunal<br />

de Justiça, a ministra Eliana Calmon é símbolo de<br />

um judiciário mais aberto e transparente<br />

Aos 68 anos de idade, a ministra Eliana<br />

Calmon diz sentir falta de Salvador, sua terra<br />

natal. “Sinto saudades do mar, de quando<br />

morava no bairro do Canela e podia caminhar<br />

na beira da praia”, lembra. Faz 24 anos que<br />

ela é uma moradora de Brasília, transferida<br />

para lá depois de ser promovida ao Tribunal<br />

Regional Federal da capital do país. Teve que<br />

se adaptar à nova realidade. Mas Eliana não<br />

tem medo de mudanças.<br />

Quando se tornou corregedora do<br />

Conselho Nacional de Justiça, em 2010,<br />

trouxe com ela a responsabilidade de<br />

fiscalizar o desempenho de juízes de<br />

todo o país. Logo em seu discurso de<br />

posse, anunciou que teria tolerância zero<br />

com qualquer desvio do Judiciário. A<br />

promessa foi cumprida. Ao deixar o cargo,<br />

dois anos depois, a ministra conseguiu<br />

firmar o seu nome como um dos que<br />

mais revolucionaram o poder sem ceder<br />

à politicagem barata. Quando expôs as<br />

mazelas e a conduta irregular de uma série<br />

de juízes, virou símbolo de idoneidade e<br />

deu o primeiro passo para um Judiciário<br />

mais transparente.<br />

Sem medo de falar, a ministra<br />

protagonizou polêmicas e foi, muitas vezes,<br />

o centro das discussões, principalmente<br />

após dizer, em entrevista, que estaria<br />

sendo atrapalhada por “bandidos que estão<br />

escondidos atrás da toga”, referindo-se aos<br />

juízes corruptos. “Eu sou uma pessoa que<br />

sempre chamo as coisas pelo nome que elas<br />

têm”, diz. “O poder Judiciário ficou hermético<br />

e nós não podemos ter cortinas de fumaça,<br />

porque estamos trabalhando com interesse<br />

público”, completa.<br />

Em sua gestão, foi aberto um número<br />

recorde de processos para apurar a conduta<br />

irregular dos juízes. Além disso, Eliana<br />

Calmon fomentou a quebra de sigilo sobre<br />

dados dos rendimentos dos magistrados,<br />

expulsou corruptos de seus cargos e diminuiu<br />

práticas que permitiam às autoridades<br />

receber vários salários extras. “Eu agi com<br />

transparência”, diz. “Eu entendia que não era<br />

possível passar a mão por cima da corrupção<br />

e encontrei muitos desafios, principalmente<br />

pela má gestão acompanhada desse sigilo<br />

absoluto de ninguém saber como administrar<br />

a coisa pública”.<br />

Os desafios surgiram muito antes de<br />

Calmon se tornar corregedora. Primeira<br />

mulher a integrar o STJ, ela teve que vencer<br />

o chamado “Clube do Bolinha do Tribunal”,<br />

como ela mesma diz. Eliana Calmon<br />

tem suas raízes fincadas no movimento<br />

feminista dos anos 70 e diz que se o<br />

preconceito existiu, para ela nunca teve<br />

importância. Mas ela sabe o peso de ser<br />

mulher em um meio dominado por homens.<br />

“Quando me candidatei a uma vaga, muitos<br />

colegas me disseram que ainda não era<br />

hora de uma mulher ocupar aquele cargo.<br />

Respondi que só conhecia a Constituição, e<br />

por ela não havia diferença entre homens e<br />

mulheres”, diz.<br />

Hoje, Eliana Calmon chefia a escola de<br />

jovens magistrados, Enfam, e se diz otimista<br />

com o quadro dos alunos. “Eu tenho<br />

encontrado ao longo da minha carreira uma<br />

série de jovens juízes magníficos, e que<br />

querem mudanças. Tenho de acreditar na<br />

juventude e na força deste discurso pela<br />

modernidade”, diz a ministra.<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

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ESPECIAL MULHER<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

Anna Penido<br />

Educação coletiva<br />

ex-coordenadora do Unicef e atual<br />

diretora do Instituto Inspirare,<br />

Anna Penido cria soluções<br />

inovadoras para antigos problemas<br />

da educação no país. “A educação é a<br />

alavanca da transformação social”<br />

Ainda adolescente, Anna Penido entrou<br />

para um grupo de jovens de sua escola que<br />

desenvolvia oficinas de escrita na periferia de<br />

Salvador. Foi lá que percebeu que a realidade<br />

era maior do que imaginava. As oficinas<br />

eram uma forma de fazer com que aquela<br />

comunidade pudesse falar de si mesma,<br />

através da produção de matérias e jornais.<br />

A ideia cresceu quando começou a cursar<br />

jornalismo. “Tudo o que eu aprendia na<br />

faculdade eu passava para aqueles meninos<br />

da comunidade”, lembra. “Ali, vi que com a<br />

comunicação eu poderia dar visibilidade ao<br />

invisível”. O resultado foi tão significativo que<br />

Anna aproveitou a possibilidade de estagiar<br />

em multinacionais para espalhar a ideia<br />

das oficinas por todo o Brasil. Para onde seu<br />

trabalho a levava, ia junto a possibilidade de<br />

conhecer novas comunidades e pôr em prática<br />

aquilo que já tinha sido aprovado em Salvador.<br />

Em 1999, depois de se profissionalizar, ela<br />

deu origem à Cipó - Comunicação Interativa,<br />

uma organização sem fins lucrativos para<br />

formar jovens da rede pública de Salvador<br />

através de cursos voltados para a área<br />

da comunicação. Desde então, a Cipó é<br />

responsável pela inclusão de mais de dois mil<br />

jovens no mercado de trabalho. Em 2007, foi<br />

convidada para ser coordenadora do Fundo<br />

das Nações Unidas para a Criança (Unicef),<br />

em São Paulo e Minas Gerais. “Foi durante estes quatro anos<br />

a frente do Unicef que pudemos criar uma ação para centros<br />

urbanos, fortalecer as lideranças jovens de comunidades<br />

populares e colocá-las em contato com o poder público”, lembra.<br />

Os sonhos da jornalista ultrapassaram a fronteira do<br />

Brasil. Anna Penido passou o ano de 2010 na Universidade de<br />

Harvard, nos Estados Unidos, participando de um programa de<br />

liderança do impacto social. A ideia foi potencializar a promoção<br />

de mudanças sociais e pensar sobre a relação dos jovens com<br />

os adultos, ou seja, como adultos podem empoderar estes<br />

adolescentes para que eles possam expandir suas liberdades e<br />

tornarem-se cidadãos mais efetivos. Na prática, Anna percorreu<br />

seis países desenvolvendo oficinas entre os mais variados grupos<br />

de jovens: desde adolescentes franceses que veem na cultura do<br />

hip-hop sua única fonte de aprendizagem, até jovens da cidade<br />

de Dacca, em Bangladesh, considerada pela revista britânica The<br />

Economist, em 2012, como a pior cidade do mundo para se viver.<br />

O convite para dirigir o Inspirare surgiu logo que<br />

Anna voltou ao Brasil. O primeiro programa do instituto,<br />

encabeçado por ela, chama-se Porvir, uma iniciativa de<br />

comunicação e mobilização social que produz e compartilha<br />

livremente na internet conteúdos voltados à educação.<br />

“Eu gosto de construir coletivamente<br />

coisas a partir do zero. Não adianta sentar<br />

e esperar pelo governo. Mudar o mundo é<br />

uma tarefa de todos”<br />

50 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com


Tal como os traços inconfundíveis de Carybé ou o olhar<br />

certeiro de Verger, a estamparia de Goya Lopes mostra a<br />

Bahia através de sua raiz: a África. A cultura afro-brasileira<br />

é a principal fonte de inspiração dessa soteropolitana de<br />

jeito manso e voz calma, criadora da grife Didara que,<br />

há mais de 25 anos, firma seu nome entre as principais<br />

referências do gênero no país.<br />

Depois de estudar design na Europa nos idos dos anos<br />

70 e perceber a falta que as estampas étnicas faziam,<br />

Goya voltou ao Brasil para por em prática o seu sonho<br />

de contar por meio de roupas e peças de decoração a<br />

história e os resultados da diáspora africana. Criou então<br />

a Didara. Desenvolveu peças de decoração e roupas tão<br />

emblemáticas que ganhou fãs como o cantor Moraes<br />

Moreira, a banda Ara Ketu e o americano Jimmy Cliff.<br />

O trabalho de estamparia levou Goya a ser convidada<br />

a fazer parte do grupo criativo do setor que discute a<br />

moda no Ministério da Cultura. “Eu vejo marcas baianas<br />

que se apoiam no conceito étnico para se firmarem, então,<br />

por que a moda não seria cultura?”, pergunta. Hoje, a<br />

artista já desenha um novo caminho para ampliar a grife e<br />

montar peças inspiradas em outras culturas brasileiras.<br />

Goya Lopes<br />

Moda afro-brasileira<br />

“O meu papel é o de contar uma história,<br />

disseminar a descendência a partir do<br />

belo, através das cores e dos traços”<br />

Foto: Divulgação<br />

“Acho que talvez a multiplicidade<br />

de papéis seja o maior desafio que<br />

uma mulher pode ter na vida”<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

Lila Lopes<br />

Cultura empresarial<br />

Você pode não ter ouvido falar em Lila Lopes, mas, com certeza<br />

já foi a algum evento, consumiu um produto ou ouviu a música<br />

de algum artista que ela assinou. Não seria exagero falar que, na<br />

área de empresariado e marketing, Lila é um dos nomes que mais<br />

despontam no Norte/Nordeste, principalmente depois da criação<br />

da 8BISZ, empresa de ativação promocional fruto da união do<br />

Grupo EVA, da Lícia Fábio Produções e de Pagana Carvalho,<br />

com clientes que vão desde o setor coorporativo até produtos<br />

culturais. O cantor Magary Lord, revelação do carnaval de 2012,<br />

por exemplo, foi um achado da empresa.<br />

Formada em administração de empresas, Lila coleciona passagens<br />

por companhias de gêneros bem distintos. Já foi executiva de<br />

empresas como o shopping Iguatemi, Banco Econômico, Rede Bahia<br />

e Centro Universitário Jorge Amado. O currículo, tão variado, é um<br />

diferencial para ela. “Acho que tenho essa sensibilidade de dialogar<br />

com as especificidades de cada indústria e adequá-las aos princípios<br />

do marketing e da comunicação que são universais”, defende.<br />

Faz dois anos que Lila uniu-se à Lícia Fábio Produções para criar o<br />

grupo Farol que ela mesma define como um dos maiores desafios de<br />

sua carreira. O grupo engloba quatro empresas: a Usina, UP, 8BISZ e a<br />

Lícia Fábio Produções. Apesar de promover tantos eventos, Lila se diz<br />

avessa à badalação. É que, além do papel empresarial, Lila Lopes ainda<br />

é esposa e mãe de três crianças. “Eles sabem que eu preciso estar<br />

trabalhando na maior parte do tempo, eu explico e eles entendem”, diz.<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

51


ESPECIAL MULHER<br />

Foto: Divulgação<br />

Ines Carvalho<br />

em prol da sustentabilidade<br />

Baiana, de Salvador, e administradora de empresas, Ines<br />

Carvalho iniciou o seu contato com a sustentabilidade quando<br />

foi convidada para formar o conselho estratégico do Instituto<br />

Faça Parte, organização que trabalha no fomento à cultura do<br />

voluntariado educativo dentro das escolas. A organização deu<br />

origem ao movimento Todos Pela Educação, uma tentativa de<br />

certificar qualitativamente o ensino brasileiro e incentivar a<br />

formação de política pública.<br />

Sempre envolvida nas questões de mobilização social,<br />

Ines Carvalho atendeu ao convite de Isaac Edington, em<br />

2008, para fundarem o Instituto EcoDesenvolvimento. No<br />

EcoD, é responsável por mobilizar atores sociais e engajálos<br />

em prol do desenvolvimento sustentável. A principal<br />

dificuldade, segundo ela, é mostrar que a sustentabilidade<br />

vai muito além da preservação do verde. “O mundo mudou,<br />

os recursos ficaram escassos, então, como podemos rever a<br />

nossa noção de convivência?”, provoca. A resposta está na<br />

conscientização: “Se todos sabem o que é sustentabilidade, a<br />

sociedade passa a discutir o assunto”. Desde o ano passado,<br />

Ines é uma das mulheres que formam a Rede de Líderes em<br />

Sustentabilidade do Ministério do Meio Ambiente. São cerca de<br />

300 personalidades que participam de encontros para discutir<br />

meios de incluir o assunto na pauta de discussões da sociedade.<br />

Não é novidade que o setor de saúde no Brasil sofre pela<br />

escassez de recursos para financiamento do serviço público.<br />

De encontro a este quadro, estão as redes filantrópicas,<br />

que desempenham um papel de fundamental importância.<br />

Estimativas indicam que 51% da assistência prestada ao Sistema<br />

Único de Saúde (SUS) no Brasil vem de instituições beneficentes.<br />

Órgãos como a Fundação José Silveira, que atende cerca de um<br />

milhão de pessoas por ano e emprega aproximadamente seis<br />

mil colaboradores em todo o estado da Bahia. À frente desta<br />

instituição, está Leila Brito que há mais de 20 anos trabalha na<br />

fundação e há quatro ocupa o cargo de superintendente.<br />

Assistente social de formação, a baiana Leila Brito entrou<br />

na FJS como estagiária do curso de administração hospitalar.<br />

Desde então, viu a instituição crescer e aumentar seu<br />

número de projetos. Hoje, aos 45 anos, Leila é a líder de um<br />

dos principais órgãos sem fins lucrativos do país. “Quando<br />

aceitei o convite de comandar esta equipe, aproveitei algumas<br />

características essencialmente femininas, como a habilidade<br />

de saber ouvir e de construir relacionamentos sólidos”, diz.<br />

O desafio é grande. A Fundação José Silveira, com mais<br />

76 anos de história, passa por uma fase de modernização<br />

e ampliação de suas áreas de atuação. Além de contribuir<br />

com a promoção da saúde dos baianos, também atua em<br />

mais 13 estados do país.<br />

Leila Brito<br />

Líder da saúde<br />

Foto: Divulgação<br />

52 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com


Tereza Paim<br />

Amor pela comida<br />

Tereza deixou a consolidada carreira de<br />

engenheira para se dedicar a um sonho.<br />

Não deu outra: hoje ela é um dos maiores<br />

nomes da gastronomia baiana<br />

Falar com Tereza Paim é ter a sensação de que<br />

você está conversando com uma velha amiga,<br />

mesmo sem nunca a ter conhecido antes. Já<br />

pergunto sobre a tatuagem que tem grifada no<br />

pulso, a palavra atitude. “A tatuagem é para me<br />

lembrar de que o mundo precisa de atitude... Às<br />

vezes gosto de olhar para o meu pulso e pensar<br />

‘está na hora de tomar uma atitude’”, diz.<br />

Tereza conhece o poder desta palavra. Aos<br />

41 anos largou uma bem-sucedida carreira<br />

como engenheira para abraçar a gastronomia<br />

e teve que enfrentar a indignação dos amigos<br />

e parentes mais próximos. “Eu era feliz no que<br />

eu fazia, mas teve uma hora que uma pedra<br />

bateu na minha cabeça e me disse: Eu quero<br />

cozinhar”. A pedra na cabeça atende pelo<br />

nome de João, seu filho de 11 anos que, ao<br />

nascer, despertou nela a ideia de correr atrás<br />

de seu sonho. “Quando a gente não segue um<br />

dom, o dom segue a gente”, filosofa a baiana<br />

nascida no município de Tanquinho, próximo<br />

a Feira de Santana, e que chegou a Salvador<br />

com apenas 13 anos.<br />

Faz nove anos que ela resolveu se entregar<br />

à culinária, que antes era apenas um hobby.<br />

Estudou, se profissionalizou e hoje tem dois<br />

restaurantes, o Casa de Tereza, no Rio Vermelho,<br />

e o Terreiro Bahia, na Praia do Forte, além de<br />

um serviço de catering (bufê), voltado para a<br />

área coorporativa, que, inclusive, foi o escolhido<br />

pela produção do show da cantora norteamericana<br />

Beyoncé, quando veio a Salvador.<br />

Em tão pouco tempo de história como cozinheira,<br />

Tereza já acumula prêmios. Em 2012, foi escolhida pela<br />

edição soteropolitana da revista Veja como a chef do ano<br />

e seus dois restaurantes são pontos certos não só para os<br />

locais como também para os turistas que visitam a cidade.<br />

“Com o bobó de camarão e a moqueca de peixe, qualquer<br />

um fica louco”, garante.<br />

Sempre que Tereza se refere ao restaurante é no<br />

coletivo. Substitui o esperado “eu”, de quem já se<br />

sente consagrada, por um humilde “nós”, como quem<br />

aplaudisse a participação da equipe que, com ela, integra<br />

os restaurantes. “Toda a minha equipe edificou esse<br />

prédio, levantou essas paredes”, diz. “Acho que deu certo<br />

porque formamos um grupo que tem vontade, que tem<br />

boa vontade. O sucesso não é meu, não acredito no mito, o<br />

sucesso é da equipe. É como um time de futebol: Ronaldo<br />

não faria o gol se ninguém cruzasse para ele”, completa em<br />

estilo bem brasileiro. Dá para notar a participação coletiva<br />

até mesmo na decoração do Casa de Tereza. O restaurante,<br />

que vai além de ser um espaço para a boa comida, é um<br />

centro cultural detalhadamente ornamentado por 11<br />

artistas plásticos baianos.<br />

“Quero continuar andando, continuar<br />

sonhando e acordando cedo para<br />

batalhar pela realização destes sonhos”<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

53


ESPECIAL MULHER<br />

“Meu papel é movimentar a dúvida, é falar:<br />

‘Psiu! Talvez você não tenha visto isso”<br />

Foto: Divulgação<br />

Malu Fontes<br />

Jornalismo provocativo<br />

Basta fazer uma rápida pesquisa para concluir que o<br />

número de desafetos é tão grande quanto o número de<br />

leitores ávidos pelo texto provocativo de Malu Fontes.<br />

E não é para menos: com quase 30 anos de carreira, a<br />

jornalista e doutora em comunicação já passou pelos<br />

principais jornais de Salvador, é um dos principais<br />

nomes da imprensa baiana atual e não pensa duas<br />

vezes antes de criticar aquilo que acha errado.<br />

Inquieta (basta perguntar para os seus alunos de<br />

jornalismo na Ufba), Malu se opõe àquilo que chama<br />

de “encantamento narcísico equivocado do baiano”, ou,<br />

trocando em miúdos, a linearidade de opinião e falta de<br />

crítica, principalmente, da imprensa local. Seja através<br />

de seus comentários em jornal, rádio ou Twitter - onde<br />

divide sua indignação diariamente com mais de dez mil<br />

seguidores -, ela não pretende ser a porta-voz da “boca<br />

no trombone”, quer apenas fomentar a polêmica para<br />

que surja a reflexão. Entre os assuntos preferidos, estão<br />

a política e a mídia baiana, principalmente a televisiva,<br />

a que se dedicou a criticar em sua extinta coluna<br />

no jornal A Tarde, na época, alimentando a fúria de<br />

apresentadores de TV de programas populares.<br />

Apesar de ter nascido em Salvador, o sobrenome<br />

denuncia: Lise Weckerle tem sangue alemão correndo<br />

nas veias. Seus pais chegaram muito jovens ao Brasil e<br />

aqui abriram as Óticas Ernesto, empresa com mais de<br />

60 anos no mercado e que hoje é gerenciada por ela e<br />

seus filhos. Seu desempenho à frente da loja lhe rendeu<br />

não só prêmios (como o de Sensibilidade e Liderança,<br />

em 1997), como também o convite para presidir a<br />

Associação Comercial da Bahia em 2005.<br />

A gestão foi marcada pelo ineditismo. Lise foi a primeira<br />

mulher a presidir a associação, que é a mais antiga do país,<br />

com mais de 200 anos de história, e a focar as atenções<br />

da casa para as pequenas e médias empresas. Foi em seu<br />

mandato que os microempresários tiveram qualificação<br />

através de cursos, palestras e oficinas e muitos puderam sair<br />

da ilegalidade. Sobre ser a primeira presidente, Lise é clara:<br />

“A mulher, normalmente, tem mais sensibilidade para lidar<br />

com o outro. Acredito que isso tenha me ajudado, mas o que<br />

pesa mesmo é a competência do indivíduo”.<br />

Depois de oito anos de mandato, Lise encarou<br />

um novo desafio. Convidada para gerenciar o setor<br />

social da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, ela<br />

trabalha voluntariamente todos os dias na intenção de<br />

movimentar os projetos da instituição.<br />

Lise Weckerle<br />

Sensibilidade para o comércio<br />

proprietária das Óticas Ernesto, Lise foi a<br />

primeira mulher a presidir a Associação<br />

Comercial da Bahia e a voltar as<br />

atenções para o microempresário<br />

Foto: Divulgação<br />

54 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril e abril 2013 www.revistabmais.com


Cláudia Tourinho<br />

Justiça eficiente<br />

Juíza federal de Salvador, Cláudia<br />

Tourinho é a responsável por dar<br />

uma nova cara à Vara responsável<br />

por causas previdenciárias e<br />

agilizar os processos referentes ao<br />

setor. Sua gestão serve de modelo<br />

para outros estados do país<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

Quem vê todo o trabalho realizado pela juíza<br />

federal Cláudia Tourinho à frente 21ª Vara de<br />

Juizados Especiais da Bahia não imagina que<br />

ela tenha alguma vez na vida titubeado sobre<br />

qual profissão deveria escolher para seguir.<br />

Por sempre ter vivido no meio jurídico (sua<br />

família paterna é formada quase toda por<br />

juízes), Cláudia sempre teve uma rejeição à<br />

carreira de direito pela grande demanda de<br />

trabalho que a afastava de seu pai. Mas, por<br />

alguns acasos da vida, ela seguiu o caminho<br />

da família e, hoje, não se vê fazendo outra<br />

coisa. Desde então, Cláudia já foi assessora<br />

de subprocurador-geral da República e<br />

promotora de Justiça no Distrito Federal, só<br />

para citar alguns cargos.<br />

Foi em 2006, de volta a Salvador, que<br />

Cláudia Tourinho assumiu o controle de uma<br />

das seis varas da cidade. Na época, encontrou<br />

cerca de 18 mil processos esperando por<br />

conclusão e uma equipe desestimulada.<br />

Começou com uma triagem, separando os<br />

casos por assunto para organizar a casa. Aos<br />

poucos, foi mudando a equipe e escolhendo<br />

profissionais que se dedicavam a trabalhar<br />

com mais rapidez e incentivando esses<br />

servidores. “A cada pacote com mil processos<br />

que nós conseguíamos dar um resultado efetivo, a<br />

gente organizava uma festinha para comemorar, o que<br />

estimulava a produção”, diz Cláudia. Desde que assumiu,<br />

o número de processos na vara caiu para dois mil.<br />

O desafio foi grande. A vara coordenada por<br />

Cláudia recebe causas primariamente voltadas para as<br />

questões previdenciárias, o setor com o maior número de<br />

processos que tramitam nos juizados especiais, segundo<br />

pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada (Ipea). Além disso, estas causas demandam<br />

a presença de uma série de outros profissionais, como<br />

médicos ortopedistas para perícia, que, na maioria<br />

das vezes, estão em falta. Para resolver este problema,<br />

Cláudia realiza mutirões aos sábados, chamando médicos<br />

e servidores, enxugando o número de pendências e<br />

diminuindo o tempo de espera para a resolução dos<br />

casos. “Nós trabalhamos muito com pessoas idosas,<br />

pessoas doentes, gente que precisa daquele resultado”,<br />

diz a juíza. “Temos que trabalhar encarando cada<br />

processo como se fosse uma vida. É preciso ter essa<br />

sensibilidade”, completa.<br />

A gestão serve de modelo para outros estados do<br />

país e a região que engloba a vara coordenada por<br />

Cláudia Tourinho tem elevados índices de produtividade,<br />

segundo pesquisa do Conselho Nacional de Justiça. “A<br />

casa realmente precisava de mudanças e fico feliz por ter<br />

ajudado. É um trabalho muito gratificante”. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

55


capa<br />

DNA de<br />

Empreendedor<br />

Antonio Andrade Jr. está à frente da Andrade Mendonça, construtora<br />

baiana que entregou o primeiro estádio da Copa do Mundo de 2014, o<br />

Castelão. O gestor defende o modelo de PPP, comenta os projetos em curso<br />

e relembra os sapos que teve de engolir, conforme previu Paes Mendonça,<br />

para fazer da empresa uma das companhias que mais crescem no país<br />

por Murilo Gitel<br />

S<br />

alvador, 1977. Depois de<br />

uma década de sucesso<br />

dedicada ao varejo de<br />

alimentos, onde foi sócio de Mamede<br />

Paes Mendonça, o empresário<br />

sergipano Antonio Andrade criava a<br />

construtora Andrade Mendonça.<br />

O primeiro empreendimento<br />

entregue pelo grupo foi um<br />

pequeno condomínio residencial,<br />

em Feira de Santana. A partir de<br />

então, realizou obras residenciais,<br />

comerciais e industriais, como a<br />

mansão de alto luxo Carlos Costa<br />

Pinto e os supermercados Paes<br />

Mendonça e Bompreço.<br />

Um acidente de carro, em 1988,<br />

entretanto, interrompeu a trajetória<br />

ascendente do empresário. Antonio<br />

Andrade Júnior, com apenas 22 anos,<br />

herda a construtora. “Foi quando o<br />

João Carlos Paes Mendonça me disse<br />

que eu passava a ter 32 anos, como<br />

se ganhasse mais uma década de<br />

vida”, relembra o atual presidente da<br />

empresa, em entrevista concedida à<br />

[B + ] em seu escritório.<br />

Imagem do pai,<br />

fundador da construtora,<br />

está presente até<br />

mesmo no escritório de<br />

Antonio Andrade Jr.<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

56 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


“Seu pai me falou uma vez que você não é de<br />

engolir sapos. Saiba que, a partir de hoje, você vai<br />

ter que engolir uma lagoa inteira de sapos”, advertira<br />

novamente o amigo João Carlos Paes Mendonça ao<br />

jovem. O conselho do experiente empresário fazia<br />

sentido. “Ainda quando eu era estagiário, aos 19 anos,<br />

ouvi uma vez de um dos diretores da construtora que<br />

eu não precisava trabalhar porque eu era filho do dono.<br />

Que eu devia surfar, curtir a vida”, recorda.<br />

Consolidação<br />

Toninho, como é conhecido entre os mais íntimos,<br />

não ouviu o conselho. Quase 25 anos se passaram<br />

e a Andrade Mendonça acumula realizações. Da<br />

sociedade com a incorporadora Cyrela, nasceu a<br />

Cyrela Andrade Mendonça, em 2006. “Em quatro<br />

anos, a empresa conquistou oito prêmios Ademi, um<br />

recorde na história da premiação, e gerou<br />

R$2 bilhões em vendas.”<br />

Em julho de 2011, a Cyrela Brazil Realty<br />

comprou a participação da Andrade Mendonça<br />

na companhia. “Naquele momento não havia mais<br />

mercado para que continuássemos. A parceria foi<br />

a melhor possível. Foi bom para os dois lados. Se<br />

hoje eu tivesse que escolher uma incorporadora<br />

imobiliária para fazer parceria, eu escolheria a<br />

Cyrela”, avalia o empresário.<br />

O Salvador Shopping, considerado um divisor<br />

de águas na história da Andrade Mendonça, cuja<br />

construção e ampliação para o grupo JCPM foram<br />

realizadas entre 2007 e 2009, é tido pelo empreendedor<br />

como um dos grandes ícones da construtora. “É<br />

diferente em tudo. Ele mudou o conceito no Brasil. Os<br />

shoppings eram galpões com várias lojas. O Salvador<br />

Shopping foi concebido como uma grande avenida<br />

coberta, com estacionamento, ar condicionado, com<br />

vida e segurança”, pontua.<br />

Para Antonio Andrade Júnior, o empreendimento<br />

tornou-se referência nacional na construção<br />

comercial. O fortalecimento da parceria com o Grupo<br />

JCPM resultaria ainda na construção do Salvador<br />

Norte Shopping.<br />

Primeira arena<br />

Juntamente com a Galvão Engenharia, a construtora<br />

baiana entregou a Arena Castelão no dia 16 de<br />

dezembro, quatro meses antes do prazo estabelecido<br />

pela Fifa – o que tornou o estádio de Fortaleza o<br />

primeiro a ser concluído em vista da Copa das<br />

Confederações (2013) e do Mundial de 2014.<br />

(em cima) Entre os pais Antonio e Maria<br />

José Andrade, ainda menino. (embaixo)<br />

Com o amigo João Carlos Paes<br />

Mendonça, à época da construção do<br />

Salvador Shopping: divisor de águas<br />

Foto: Acervo Pessoal<br />

Foto: Divulgação<br />

“O maior legado que a Copa<br />

do Mundo vai deixar para o<br />

Brasil são as PPPs. Sem elas,<br />

a Copa não seria realizada.<br />

Vamos acabar percebendo<br />

que elas também servem<br />

para resolver o problema<br />

da educação e da<br />

saúde, por exemplo”


capa<br />

“O meu amigo<br />

João Carlos [Paes<br />

Mendonça] me<br />

disse que também<br />

vai construir<br />

estádio na<br />

próxima Copa<br />

do Mundo. Aí<br />

eu respondi a<br />

ele que até lá<br />

eu já vou ter<br />

construído<br />

foguetes para<br />

a Nasa”<br />

Com a bola “Cafusa”, da<br />

Copa das Confederações,<br />

em uma mão, e a réplica<br />

do estádio Castelão na<br />

outra - pioneirismo<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

“A Andrade Mendonça usou a expertise que tem no<br />

DNA, de tocar as obras do setor privado com eficiência e<br />

qualidade, aliada ao DNA da Galvão Engenharia, que é lidar<br />

com o cliente público”, destaca o empresário de 46 anos. O<br />

Castelão teve investimento de R$518 milhões, oriundos do<br />

BNDES e do governo do Ceará.<br />

Segundo o empresário, a maior dificuldade para construir<br />

o Castelão foi o fato de que, quando a obra começou,<br />

praticamente não havia projeto. “Tinha um anteprojeto. A nossa<br />

dificuldade era fazer a obra, os projetos e atender às exigências<br />

da Fifa, que às vezes criava uma nova demanda enquanto já<br />

estávamos com o empreendimento em andamento”.<br />

Tradicionalmente centrada no segmento privado, a<br />

construtora baiana mergulha, cada vez mais fundo, no setor<br />

de obras públicas. Antes de entregar o Castelão, a Andrade<br />

Mendonça já havia concluído, no primeiro semestre de<br />

2012, o Centro de Eventos do Ceará (ExpoCeará), também<br />

em parceria com a Galvão Engenharia. Maior centro de<br />

convenções da América Latina, o empreendimento ocupa<br />

uma área de 170 mil m 2 e demandou investimentos de<br />

R$357 milhões (governo cearense).<br />

PPPs<br />

Antonio Andrade Júnior afirma que a experiência com a<br />

Galvão Engenharia só somou bons frutos e adianta que a<br />

construtora baiana está aberta para parceria com novas<br />

companhias a fim de construir obras públicas, com apenas<br />

uma condição: a empresa parceira precisa ter o que ele<br />

chama de “DNA de obra pública”.<br />

“O maior legado que a Copa do Mundo vai deixar para<br />

o Brasil são as PPPs. Sem elas, a Copa não seria realizada.<br />

Vamos acabar percebendo que elas também servem para<br />

resolver o problema da educação e da saúde, por exemplo”,<br />

aposta o empresário. Parte interessada nesse modelo<br />

de negócio, ele justifica sua opinião em pontos como a<br />

negligência e ineficácia que o poder público costuma ter ao<br />

lidar com grandes empreendimentos e recursos, que muitas<br />

vezes acabam comprometidos devido à corrupção.<br />

Cronograma das obras do Castelão<br />

13/12/2010<br />

início das obras<br />

11/11/2011<br />

50,09%<br />

10/12/2011<br />

54%<br />

15/05/2012<br />

67,60%<br />

20/08/2012<br />

83%<br />

58 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


“O setor privado faz um investimento. Se der prejuízo<br />

no futuro, o governo banca a diferença. Do contrário, as<br />

obras não saem. Ninguém investe para os outros baterem<br />

palma e não entrar dinheiro... Mas isso é muito melhor do<br />

que o Estado fazer tudo. Iria se gastar bem mais do que<br />

o previsto, a obra não ficaria pronta no prazo”, defende<br />

Antonio Andrade Júnior.<br />

Investimentos<br />

Atualmente, o gestor considera que o mercado imobiliário<br />

na Bahia passa por um momento de ajuste, depois do boom<br />

que o segmento teve nos últimos anos. “Cresceu mais do<br />

que podia suportar. Hoje estamos só observando. Todo o<br />

dia tem maré cheia e maré baixa”, compara o empresário.<br />

A obra do setor que a construtora trabalha hoje é o<br />

residencial Adelaide, na Av. Contorno.<br />

No segmento comercial, depois de concluir a<br />

ampliação do Shopping Barra, a Andrade Mendonça<br />

também realiza a construção das concessionárias<br />

Eurovia (Renault/Nissan), em Lauro de Freitas, e<br />

Harley-Davidson, na avenida Paralela. Já no industrial, a<br />

construtora ergue em Camaçari as fábricas da Kimberly-<br />

Clark, Knauf e o Centro de Distribuição de O Boticário.<br />

“Em 2013, a nossa expectativa é de continuar<br />

crescendo, aproveitando as oportunidades de<br />

novas obras para os setores público e privado”,<br />

projeta Antonio Andrade Júnior. Ele acredita que os<br />

investimentos em infraestrutura serão intensificados<br />

por conta dos grandes eventos que se aproximam, como<br />

a Copa do Mundo e as Olimpíadas.<br />

Mas será difícil para a construtora bater o<br />

desempenho de 2012, quando foi considerada uma<br />

das empresas do setor que mais crescem no país pelo<br />

Ranking da Engenharia Brasileira – 500 Grandes da<br />

Construção, da revista O Empreiteiro. Com variação de<br />

93% em sua receita de 2010 para 2011, a companhia<br />

baiana deu um salto na classificação geral, ao passar da<br />

164ª para a 63ª posição.<br />

Já no ranking da revista Exame PME, a pesquisa da<br />

Deloitte apontou a Andrade Mendonça como a segunda<br />

empresa da indústria da construção que mais cresce no<br />

Brasil, com variação positiva no faturamento de 502,5%,<br />

no período de 2009 a 2011.<br />

“Se tudo o que estamos planejando para este ano<br />

for concretizado, é bem possível que consigamos até<br />

superar os resultados de 2012”, calcula o empresário, ao<br />

adiantar que a construtora está em vias de fechar um<br />

grande negócio ainda para 2013, sem revelar detalhes.<br />

“O meu amigo João Carlos [Paes Mendonça] me<br />

disse que também vai construir estádio na próxima<br />

Copa do Mundo. Aí eu respondi a ele que até lá eu já<br />

vou ter construído foguetes para a Nasa”, brinca um<br />

bem-humorado Antonio Andrade Júnior.<br />

Variação de receita<br />

da Andrade Mendonça:<br />

De 2010 para 2011: 93%. Saltou da 164ª para a 63ª<br />

posição no ranking das maiores construtoras do país.<br />

Fonte: revista O Empreiteiro<br />

2009-2010-2011: 502,5%. Segunda empresa da<br />

indústria da construção que mais cresceu no Brasil.<br />

Fonte: revista Exame PME<br />

Veia de empreendedor<br />

O empresário, que é administrador por formação, embora<br />

também tenha cursado engenharia, pontua que a<br />

Andrade Mendonça tem como uma espécie de slogan o<br />

cumprimento de prazos, a seriedade e o bom acabamento<br />

das obras. “Tudo isso está na nossa veia”, acrescenta.<br />

14/09/2012<br />

87%<br />

19/10/2012<br />

91,06%<br />

16/12/2012<br />

100%<br />

inauguração com a<br />

presença da presidente<br />

Dilma Rousseff<br />

27/01/2013<br />

Primeiras partidas da<br />

nova Arena Castelão.<br />

Fortaleza x Sport<br />

Ceará x Bahia<br />

abril de 2013<br />

Prazo-limite (Fifa)<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

59


capa<br />

Ao ser perguntado sobre quais características<br />

profissionais ele teria herdado do pai e de<br />

Paes Mendonça, Antonio Andrade Júnior cita<br />

valores como a seriedade, a ética, a correção e a<br />

organização. “Meu pai era o primeiro a chegar ao<br />

escritório, antes mesmo das faxineiras, porque<br />

dizia que depois as demandas o impediam de<br />

trabalhar como ele gostaria.”<br />

Na concepção do jovem empresário,<br />

empreender é um risco. “Na época da Cyrella,<br />

cheguei a ser avalista de R$ 974 milhões. É<br />

preciso saber correr os riscos, ter estômago<br />

para isso. Administrar não é para qualquer<br />

um. Tem que estar no DNA”, ressalta.<br />

Relaxamento é palavra proibida no<br />

dicionário desse sergipano que veio ainda<br />

criança para a Bahia, onde chegou a receber<br />

o título de Cidadão Baiano em 2010. “Aqui<br />

na empresa, me dizem às vezes: o cliente<br />

está satisfeito. Aí eu respondo: sim, mas<br />

eu não estou”, conta. “Nós não podemos<br />

nos conformar, temos sempre que buscar o<br />

melhor”, prega o gestor.<br />

Sobre Paes Mendonça, faz um<br />

reconhecimento emocionado. “Quando eu<br />

perdi meu pai, ele me deu a mão, não só no<br />

sentido comercial, mas em várias questões<br />

de minha vida. João Carlos ajudou a formar<br />

minha conduta, meu modo de ser, de ver as<br />

coisas. O patrimônio não foi a maior herança<br />

que o meu pai deixou, mas sim a amizade<br />

com ele”, confessa.<br />

Maratonista<br />

Além de correr diariamente atrás das grandes<br />

obras para a construtora, o que pouca gente<br />

imagina é que o pai de Antônio, 12 anos, e Ana,<br />

7 anos, é também maratonista nas horas vagas.<br />

Em 2011, o executivo-atleta completou os 21<br />

quilômetros da tradicional Meia-Maratona de<br />

Nova York, que teve 67 mil inscritos. “É como se<br />

o Castelão, que acabamos de entregar, estivesse<br />

completamente lotado”, equipara.<br />

Antonio Andrade Júnior garante que<br />

também já percorreu do Farol da Barra ao<br />

Farol de Itapuã diversas vezes, e que mais<br />

difícil do que correr uma maratona é a<br />

preparação que essa modalidade do atletismo<br />

exige. Nas horas vagas, outro esporte<br />

praticado por ele é o tênis.<br />

Foto: Divulgação<br />

Área externa da<br />

Arena Castelão<br />

Nas horas vagas, o empresário troca a maratona<br />

de negócios por outra mais saudável. Em 2011,<br />

chegou a correr a Meia-Maratona de NY<br />

Foto: Divulgação<br />

No tempo que sobra para estar com a família, Antonio Andrade<br />

Júnior costuma reunir a mulher e os filhos na casa da Ilha de<br />

Itaparica, que ele pretende tornar em breve autossuficiente<br />

em energia, por meio de investimentos em tecnologias de<br />

baixo carbono. “Não dá para pensar o mundo de hoje sem<br />

sustentabilidade. É mais caro, mas o retorno compensa”, pondera.<br />

Para o empresário, a maratona dos negócios, que culmina na<br />

distância do convívio familiar, é um dos seus maiores obstáculos.<br />

“Cansei de passar semanas sem ver meus filhos, mesmo estando<br />

em Salvador. Quando eu saía, eles estavam dormindo. Quando eu<br />

retornava, eles também já estavam dormindo”, desabafa.<br />

São os ossos do ofício, Antonio. Ou melhor: como já previa Paes<br />

Mendonça: são os sapos da lagoa. [B + ]<br />

60 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


62 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Apoio:<br />

sustentabilidade<br />

Pro Bem | 70<br />

Tendências | 73<br />

[C] Isaac Edington | 74<br />

Responsabilidade<br />

social<br />

Gestão sustentável<br />

nas grandes empresas<br />

66


sustentabilidade | empresa verde<br />

Foto: Rogerio Borges<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

GANHA STATUS NO<br />

SETOR DE ENERGIA<br />

por Rogério Borges<br />

Ana Queiroz, na<br />

sede da Coelba,<br />

em Salvador<br />

A<br />

gestão sustentável – esse mito dos nossos tempos<br />

– acaba de ser promovida à condição de realidade<br />

palpável no dia a dia empresarial, via indicadores tão<br />

absolutos como os de faturamento e contas a pagar. Na Coelba,<br />

distribuidora do grupo Neoenergia, entra em plena operação,<br />

em março, um software de gestão ampla que inclui os impactos<br />

socioambientais de todos os processos da empresa.<br />

O sistema, comum nas grandes corporações pelo menos<br />

desde os anos 90, já integrava todos os outros processos<br />

da empresa, fornecendo indicadores de desempenho em<br />

tempo real. A novidade, na Coelba, é a inclusão dos dados<br />

de sustentabilidade. Ainda muito identificado, no imaginário<br />

popular, com o ideal poético do “preserve o verde”, o termo<br />

sustentabilidade vem ganhando estatuto de condição absoluta<br />

para a gestão empresarial.<br />

À frente da área de sustentabilidade da Coelba desde<br />

2006, a administradora Ana Queiroz explica que, sem isso,<br />

deixou de ser possível atender às macroestratégias tradicionais<br />

da empresa: desenvolvimento profissional, remuneração<br />

dos acionistas e satisfação dos clientes. De fato, o tema<br />

sustentabilidade, enquanto processo, é agora uma das<br />

macroestratégias do Balanced Scorecard (Indicadores<br />

Balanceados de Desempenho, uma metodologia<br />

de medição e gestão de desempenho) da Coelba. A<br />

integração via software de gestão representa, nesse<br />

sentido, para ela, “um salto qualitativo muito grande”.<br />

Longe de se tratar de uma atitude voluntarista<br />

ou poética, a ascensão da sustentabilidade “é um<br />

processo de amadurecimento também”, avalia Ana<br />

Queiroz, que está na empresa desde 2002. Há 13<br />

anos o que havia era “projetos de meio ambiente<br />

e projetos sociais, muitas vezes filantrópicos,<br />

muito relacionados a clientes e comunidade em<br />

geral”, conta – “os conceitos foram evoluindo e nós<br />

fomos acompanhando as ondas do processo de<br />

responsabilidade social”.<br />

O grande salto deu-se em 2004, com a<br />

contratação de uma consultoria para fazer um<br />

diagnóstico e o planejamento estratégico ligado ao<br />

tema. Seguindo a agenda do Instituto Ethos, a Coelba<br />

desenvolveu um modelo de gestão da área, que<br />

na época ainda era chamada “de responsabilidade<br />

64 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


social”, um conceito que começou a ser introduzido de<br />

forma transversal em todos os processos da empresa e no<br />

relacionamento com os seus diversos públicos. Foi aí que o<br />

tema começou a aparecer no mapa de estratégias da Coelba.<br />

Hoje existe um comitê gestor, multidisciplinar, que<br />

continua a seguir os valores do Ethos. Cada líder das<br />

diversas áreas da empresa conta com um grupo próprio<br />

que faz a gestão do tema que lhe diz respeito. A área de<br />

sustentabilidade faz a gestão do todo e apoia.<br />

Depois, em 2009, o grupo Neoenergia passou a tratar<br />

o tema da sustentabilidade “com um zoom maior”, define<br />

Queiroz. Foi quando se fez o mapeamento dos impactos<br />

socioambientais de todos os processos da distribuidora<br />

baiana de energia – que resultou no software integrado,<br />

com dados em tempo real.<br />

“A cada ano se avança um pouco mais”, explica<br />

ela. “Também não acreditamos em sair do oito para o<br />

oitenta. É impossível porque você, principalmente, tem<br />

que mudar a cultura”. Isso talvez explique a fusão de<br />

“sustentabilidade e comunicação” numa mesma estrutura<br />

gerencial, como acontece na Coelba.<br />

“São dois temas transversais a todos os processos”,<br />

diz Queiroz. O desafio, para ela, é fazer a gestão dos<br />

impactos, a gestão do tema e ainda auxiliar a força<br />

de trabalho a fazer a conexão entre a sua atividade<br />

e a sustentabilidade. “É um desafio muito grande<br />

traduzir para todos os nossos públicos os princípios de<br />

sustentabilidade presentes no nosso negócio”, afirma.<br />

Desafio que, de acordo com ela, vem sendo vencido.<br />

Exemplo disso é que a proposta de desenvolvimento do<br />

software que entra em operação em março não partiu da<br />

área de sustentabilidade, mas do setor de planejamento<br />

estratégico. A contratação da Fundação Dom Cabral, de<br />

Minas Gerais, para treinar líderes e potenciais líderes da<br />

Coelba em relação ao tema foi outro passo nessa direção.<br />

A acelerada implantação da cultura da sustentabilidade<br />

verifica-se, por exemplo, no projeto “Produção Limpa”, em<br />

que a empresa “não faz o menor traçado, faz aquele traçado<br />

com menor impacto no meio ambiente”, ilustra Ana Queiroz.<br />

Na origem, em termos de tecnologia empresarial, o<br />

tema “meio ambiente” e depois o da “responsabilidade<br />

social” eram patrimônio da área de comunicação,<br />

especialmente no relacionamento com as comunidades<br />

envolvidas pelos empreendimentos. Como ferramenta<br />

de gestão ampla, os indicadores de sustentabilidade<br />

continuam a ser importantes para a gestão da imagem<br />

pública das corporações, mas com um novo viés. Um dos<br />

indicadores monitorados pela área de sustentabilidade<br />

da Coelba é, por exemplo, o número de reclamações de<br />

clientes. Ao identificar um aumento desses registros,<br />

a área responsável recebe uma sinalização do<br />

problema nos relatórios de acompanhamento. A<br />

partir daí, a área de sustentabilidade atua nos<br />

processos internos para eliminar os problemas que<br />

deram origem às reclamações.<br />

Ao mesmo tempo, é verificado se esse aumento no<br />

número de reclamações está refletido nas publicações<br />

da mídia. A checagem na área de imprensa visa<br />

também aferir o índice de procedência do que o<br />

consumidor reclama na mídia – que tem reflexos na<br />

gestão da imagem da empresa.<br />

Ney Maron, diretor<br />

de sustentabilidade<br />

e comunicação na<br />

Renova Energia<br />

Foto: Valter Pontes<br />

Renova<br />

A solução da simbiose com a comunicação repete-se<br />

na Renova Energia, que conta com uma diretoria<br />

“de sustentabilidade e comunicação”. À frente da<br />

estrutura, o engenheiro civil e advogado Ney Maron<br />

explica que nem sempre foi assim.<br />

Aqui não foi a comunicação que deu origem ao<br />

tema da sustentabilidade – uma diretoria estatutária da<br />

Renova desde a fundação – mas o oposto. A componente<br />

da comunicação foi incluída mais recentemente, numa<br />

mudança de estatuto que acabou de ser aprovada pelo<br />

conselho de administração.<br />

A comunicação passou a fazer parte do escopo<br />

da diretoria “pela própria característica do nosso<br />

negócio de relacionamento com as comunidades”. Já<br />

havia uma aptidão dentro da área de meio ambiente,<br />

direcionada às comunidades, “nosso principal<br />

stakeholder” na avaliação de Maron.<br />

A Renova, por exemplo, não adquire propriedades<br />

ao implantar geradores eólicos, mas trabalha em áreas<br />

arrendadas, o que leva a uma relação com a comunidade<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

65


Foto: Divulgação<br />

Um cenário em transformação no<br />

semiárido baiano. (embaixo) Renova<br />

investe em projetos socioeducativos<br />

nas comunidades onde atua<br />

Fotos: Divulgação<br />

que Maron define como visceral, o que demanda<br />

comunicação. “Nós trabalhamos, literalmente, nos quintais<br />

das casas das pessoas”, verifica.<br />

Mas a própria opção pelo arrendamento, pela convivência com<br />

o uso tradicional da terra, é uma decisão ligada à sustentabilidade<br />

na atividade-fim. A empresa atua exclusivamente com energias<br />

renováveis: solar, pequenas centrais hidrelétricas e energia eólica,<br />

sendo mesmo a maior do país neste último setor. No caso da eólica,<br />

a Renova já parte do princípio de compatibilidade com outras<br />

atividades de uma maneia geral.<br />

“Diferente de outras formas de geração de energia ou outro tipo<br />

de atividade em que você troca, altera completamente o uso do<br />

solo, no caso da eólica há sempre a possibilidade de convivência da<br />

atividade original com a nova atividade de geração”, explica Maron.<br />

Nem todos os parques eólicos do país vêm<br />

sendo implantados em propriedades arrendadas.<br />

Essa foi uma opção da Renova. Para ele, em vez<br />

da nova atividade “representar uma ameaça, a<br />

expulsão daquela pessoa do campo – por melhor<br />

que seja a remuneração você estaria trocando,<br />

alterando o modo de vida de uma forma muito<br />

intensa – ela tem representado a possibilidade de<br />

fixação do homem do campo”.<br />

Na região de Caetité, a 650km de Salvador,<br />

onde foi implantado o complexo de geração de<br />

energia eólica Alto Sertão I, o arrendamento<br />

da propriedade significa um aporte financeiro<br />

importante para as comunidades, que altera<br />

a realidade socioeconômica para melhor. Na<br />

maioria das propriedades arrendadas, além<br />

disso, o aerogerador da Renova ocupa as<br />

partes altas do terreno ou encostas de serras,<br />

que eram totalmente inexploradas. Projetos<br />

socioambientais, de geração de renda,<br />

também fazem parte das ações da Renova<br />

junto às comunidades.<br />

Assim como na Coelba, do ponto de vista da<br />

Renova a área de sustentabilidade tem caráter<br />

estratégico, embora o conceito tenha cores<br />

diferentes. Maron sublinha que “existe já uma<br />

característica forte de sustentabilidade no ramo de<br />

atuação”, ligado à geração de energia renovável.<br />

As tomadas de decisão ligadas à<br />

sustentabilidade permeiam as atividades da<br />

empresa de uma forma mais ampla do que<br />

no âmbito da diretoria que lhe toma o nome.<br />

O desenvolvimento de novos equipamentos e<br />

novas tecnologias de implantação dos parques<br />

eólicos é exemplo disso. A utilização de acessos<br />

menores, por exemplo, implica uma menor<br />

supressão, menor intervenção. Isso ocorre “não<br />

especificamente na nossa diretoria, mas na<br />

empresa como um todo”, sublinha.<br />

Um dos grandes problemas de implantação<br />

de empreendimentos de geração hídrica são os<br />

entraves de natureza socioambiental. “Quando<br />

você pensa naquilo apenas como um problema,<br />

um obstáculo, um entrave, você tem uma ação<br />

totalmente reativa, tentando se desvencilhar de<br />

uma situação que é totalmente desfavorável”,<br />

diz Maron, que tem especialização em direito<br />

ambiental. Quando a sustentabilidade é<br />

vista como uma possibilidade de ativo, de<br />

diferenciação, as perspectivas mudam. [<strong>B+</strong>]<br />

66 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

67


sustentabilidade | pro bem<br />

Movimentos para<br />

o bem de Salvador<br />

A terceira maior capital do país anda carente depois<br />

de anos desprovida de cuidados. Para aumentar a<br />

autoestima dos cidadãos e aflorar o amor por sua<br />

capital, grupos sociais e empresariais se unem em<br />

campanhas para incentivar melhorias em Salvador<br />

Foto: Divulgação<br />

Carlos Amaral, presidente da Fecomércio, Victor Ventin, presidente do Fórum<br />

Empresarial, e Renato Tourinho, presidente da Abap-BA. (ao lado) Jovens artistas<br />

lançaram o Musas, que coloriu as ruas da comunidade Gamboa de Baixo<br />

Foto: KinKin<br />

Salvador Viva, Ame, Cuide<br />

Promovido pelo Fórum Empresarial da Bahia,<br />

o movimento reúne as principais entidades<br />

empresariais baianas em prol de um novo<br />

comportamento, de zelo e carinho, dos cidadãos<br />

pela capital baiana. Com a participação de artistas,<br />

empresários e publicitários, a campanha promete<br />

sensibilizar o soteropolitano a fazer a sua parte para<br />

que a cidade seja mais bela, humana e melhor de<br />

se viver. Os idealizadores lançaram a campanha em<br />

janeiro deste ano e querem alterar comportamentos<br />

como o de jogar lixo na rua, pichar e depredar<br />

monumentos e prédios, estacionar carros na calçada<br />

e ouvir som acima do volume permitido. Acesse a<br />

campanha no www.salvadorvivaamecuide.com.br.<br />

Movimenta Salvador<br />

O Instituto Movimenta Salvador nasceu em agosto<br />

de 2012, tendo entre seus conselheiros membros<br />

de entidades empresariais, culturais, científicas, da<br />

sociedade civil e representações de classe. Aberto<br />

à participação de qualquer grupo, o movimento<br />

apolítico funciona como um grande fórum de debate e<br />

discussão e, ao mesmo tempo, um gerador de projetos<br />

para solucionar os principais problemas da cidade,<br />

contribuindo com o poder público. As ações pretendem<br />

ajudar para que Salvador se estruture para erguer-se<br />

menos caótica e mais moderna rumo ao futuro.<br />

Nossa Salvador<br />

O Movimento Nossa Salvador foi lançado em março de<br />

2011. A organização integra a Rede Social Brasileira<br />

por Cidades Justas e Sustentáveis, e teve seu pontapé<br />

inicial com a divulgação de 55 indicadores sociais<br />

em áreas como educação, saúde, segurança e meio<br />

ambiente. “Atuamos em três frentes de trabalho:<br />

programa de indicadores sociais, acompanhamento da<br />

gestão pública e educação para a cidadania”, explicou<br />

Aldo Ramon Almeida, executivo da organização. O<br />

prefeito de Salvador, ACM Neto, aderiu à Plataforma<br />

Cidades Sustentáveis e se comprometeu a promover no<br />

município princípios de sustentabilidade e a prestar<br />

contas das ações desenvolvidas por meio de relatórios<br />

acompanhados pelo Nossa Salvador.<br />

Salvador, meu amor<br />

Essa campanha surgiu com o objetivo também de resgatar<br />

o cuidado dos soteropolitanos por Salvador. O movimento<br />

é independente e estimula gestos voluntários de amor dos<br />

cidadãos. Idealizada pelo publicitário Maurício Galvão,<br />

a campanha reúne grupos, entre eles o Musas, o Balé<br />

da Comunidade, o Mobicidade Salvador e o Canteiros<br />

Coletivos, que querem fazer uma contribuição, mesmo que<br />

pequena, para ajudar a fomentar o potencial da cidade e<br />

valorizar os espaços públicos. Sem financiamento próprio,<br />

as ações são divulgadas via redes sociais, e usa como<br />

campanha o mote “Gente boa se atrai”.<br />

68 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

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sustentabilidade | tendências<br />

‘Caetitezação’: Renova e Alston<br />

firmam parceria de €1 bilhão<br />

Acordo entre a empresa líder na geração de<br />

energia eólica contratada no Brasil com a<br />

companhia francesa busca adaptar a tecnologia<br />

aos ventos do semiárido baiano, considerados os<br />

melhores do mundo para a atividade<br />

por Murilo Gitel*<br />

N<br />

em adianta procurar nos dicionários: a palavra<br />

“caetitezação” não consta em absolutamente nenhum<br />

deles. O neologismo tampouco tem algo a ver com o músico<br />

Caetano Veloso, caso alguém arrisque por essa via. O termo<br />

está relacionado ao município de Caetité, no semiárido baiano,<br />

e não sai do vocabulário da Renova Energia e da francesa<br />

Alston, que anunciaram no dia 6 de fevereiro, em São Paulo, um<br />

memorando de entendimento orçado em um bilhão de euros<br />

(mais de R$2,7 milhões) para o fornecimento, ao longo de três<br />

a quatro anos, de 440 aerogeradores eólicos, cuja capacidade<br />

mínima instalada é de 1,2 GW.<br />

A entrega dos equipamentos, que serão produzidos pela<br />

fábrica da Alston em Camaçari, será iniciada em 2015. De<br />

acordo com as empresas, o volume de energia previsto na<br />

parceria equivale à quase totalidade de geração atual do<br />

mercado eólico brasileiro. O acordo com a Alston também inclui<br />

serviços de manutenção e operação.<br />

“Caetitezação significa o nosso entendimento de que não basta<br />

‘tropicalizar’ a energia eólica, mas sim adaptar a tecnologia aos<br />

ventos locais, além de criar uma cadeia de suprimentos”, explica<br />

Mathias Becker, diretor-presidente da Renova Energia.<br />

Inaugurada em novembro de 2011, a fábrica da Alston<br />

em Camaçari tem capacidade instalada de 300 MW por<br />

ano, com um único turno de trabalho. Agora, depois da<br />

parceria com a Renova, será viabilizado um novo turno,<br />

ainda no primeiro semestre de 2013, o que deve elevar a<br />

capacidade para 600 MW anuais.<br />

Para o presidente mundial do setor de energia renovável<br />

da Alston, Jerome Pécresse, a parceria representa o maior<br />

acordo mundial on-shore (em terra firme) da companhia<br />

na área eólica. “Vamos produzir tecnologias adaptadas às<br />

condições climáticas locais, por meio da otimização das<br />

turbinas”, destaca o executivo francês.<br />

(em cima) Mathias Becker, presidente da Renova<br />

Energia, anuncia parceria com a Alston em<br />

evento em São Paulo (embaixo) Parque eólico da<br />

Renova em Caetité. Região chamada de “mina<br />

de ouro” concentra melhores ventos do mundo<br />

Fotos: Divulgação<br />

Linhas de transmissão<br />

Principal entrave ao projeto da Renova em<br />

solo baiano, as linhas de transmissão sob<br />

responsabilidade da Companhia Hidroelétrica do<br />

São Francisco (Chesf) ainda não estão prontas, o<br />

que impede a distribuição da energia produzida<br />

pelos parques da empresa. A construção envolve<br />

os municípios de Bom Jesus da Lapa e Igaporã.<br />

“Estamos apoiando a Chesf quanto à criação das<br />

linhas de transmissão, tanto nas questões de<br />

licenciamento, fundiária e de gerenciamento da<br />

obra”, ressalta Mathias Becker. O prazo que a Chesf<br />

estimou para a conclusão é dezembro de 2013.<br />

Enquanto isso, o governo federal tem um prejuízo<br />

semestral de cerca de R$100 milhões, por força de<br />

contrato, pois tem de pagar por uma energia que não<br />

está sendo consumida.<br />

* O repórter viajou a São Paulo a convite da Renova Energia.<br />

70 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Já ouviu falar<br />

em Comércio Justo?<br />

por Clara Corrêa www.ecod.org.br<br />

O fair trade, como é conhecido<br />

internacionalmente, consiste em uma<br />

parceria comercial baseada em diálogo,<br />

transparência e respeito, em busca de<br />

uma maior equidade no comércio global.<br />

Entenda como ele funciona<br />

A<br />

Federação Internacional de<br />

Comércio Alternativo (Ifat)<br />

define o objetivo do comércio justo<br />

como uma prática que estabelece<br />

contato direto entre o produtor e<br />

o comprador, desburocratizando<br />

o comércio e poupando-os da<br />

dependência de atravessadores<br />

e das instabilidades do mercado<br />

global de commodities. O conceito<br />

se baseia na importância de o<br />

consumidor adquirir produtos<br />

comercializados de maneira<br />

responsável, que possibilite<br />

remuneração justa e condições de<br />

trabalho favoráveis, incluindo o uso<br />

sustentável dos recursos naturais.<br />

Os principais personagens<br />

do comércio justo no mercado<br />

internacional são os produtores,<br />

os importadores, os licenciados<br />

e as world shops. A gama de<br />

produtos certificados pela<br />

Fairtrade Labelling Organizations<br />

International (FLO) inclui café, chá,<br />

arroz, cacau, mel, açúcar, frutas<br />

frescas e produtos manufaturados,<br />

tais como bolas de futebol. Eles são<br />

vendidos em 18 países, com 70 a 90<br />

mil pontos de venda convencionais.<br />

As empresas podem ser<br />

especializadas em comércio justo ou<br />

atuar no comércio tradicional com<br />

marcas convencionais, incorporando<br />

itens com o selo de comércio justo<br />

em suas linhas. Os licenciados são<br />

empresas que têm o direito de usar<br />

o selo de Fair Trade mediante o<br />

pagamento de licenças, concedidas<br />

pelas iniciativas nacionais. Topa<br />

entrar nesse negócio?<br />

Princípios do Comércio Justo<br />

Fotos: Divulgação<br />

(em cima) Produtos certificados com o Fair Trade. Garantia de uma produção<br />

justa do campo à prateleira (embaixo) O objetivo do comércio justo é também<br />

promover o desenvolvimento de famílias produtoras em todo o mundo<br />

[1] Criação de oportunidades para os produtores economicamente<br />

desfavorecidos. [2] Transparência e responsabilidade: tratar de forma<br />

justa e respeitosa os parceiros comerciais. [3] Construção de capacidades:<br />

desenvolver as habilidades dos produtores. [4] Pagamento de um preço justo:<br />

esse valor, no contexto regional ou local, é aquele que tenha sido acordado<br />

através do diálogo e da participação. [5] Equidade de gênero: o trabalho<br />

feminino valorizado e recompensado. [6] Condições de trabalho: um ambiente<br />

de trabalho seguro e saudável para os produtores. [7] O meio ambiente:<br />

incentivo a métodos de produção sustentável.<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

71


sustentabilidade | tendências<br />

Bahia inicia coleta de medicamentos<br />

em projeto piloto<br />

O lixo e o vaso sanitário podem se transformar, em breve, em um destino<br />

obsoleto para as farmacinhas domésticas na Bahia, juntando-se assim a<br />

outros nove estados que já possuem a coleta de medicamentos. O projeto,<br />

iniciado em dezembro de 2012, ainda será um piloto com tempo<br />

limitado de duração: apenas seis meses. De início serão dez pontos de<br />

descarte de medicamentos em desuso, vencidos ou restantes em Salvador.<br />

A coleta amostral deverá atingir também as cidades de Feira de Santana,<br />

Camaçari e Itabuna. Os rejeitos dos medicamentos coletados serão<br />

destinados à incineração. A coleta faz parte dos estudos de viabilidade<br />

técnica, econômica e avaliação dos impactos sociais para a implantação<br />

da logística reversa de medicamentos no estado, que subsidiará o acordo<br />

setorial realizado pela Anvisa. A ideia é que, durante esse período, seja<br />

coletada a maior quantidade possível desses resíduos para embasar a<br />

urgência da implantação.<br />

Pontos de coleta em Salvador:<br />

- Farmácias Santana do Shopping Iguatemi e Shopping Litoral Norte<br />

- Farmácia de Manipulação Erva Doce (Pituba)<br />

- Farmácias Wal Mart (Hiperbompreço Iguatemi e Hiperbompreço Cabula)<br />

- Farmácias Pague Menos (Itapuã e Brotas)<br />

- Farmácias Popular (São Caetano e Ribeira)<br />

Tinta térmica reduz<br />

consumo de energia<br />

em até 60%<br />

Revestir o telhado com tinta térmica pode ser<br />

uma boa alternativa para economizar no consumo<br />

de energia, reduzir o impacto da radiação<br />

e a temperatura interna dos ambientes. O<br />

produto é feito à base de água e microesferas<br />

ocas de vidro, que possibilitam a redução de<br />

até 60% do consumo de energia elétrica na<br />

refrigeração de residências, galpões, prédios<br />

e armazéns. A tinta, que também diminui até<br />

84% da radiação no telhado e entre 10% e 15%<br />

da temperatura por telha, foi desenvolvida<br />

para revestir navios, aeronaves, tubulações e<br />

alvenarias em geral. Além de custar menos, o<br />

produto é mais sustentável do que a espuma<br />

de poliuretano (derivado de petróleo), opção<br />

muito utilizada no mercado brasileiro, em<br />

obras de revestimento e isolamento térmico.<br />

72 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

73


sustentabilidade | desenvolvimento urbano<br />

A MARCA SALVADOR<br />

O JOGO JÁ COMEÇOU<br />

Isaac<br />

Edington<br />

É secretário do<br />

Escritório Copa do<br />

Mundo Brasil Fifa<br />

2014 TM , da Prefeitura<br />

de Salvador<br />

Salvador irá sediar três jogos da<br />

Copa das Confederações, em 2013, e<br />

seis jogos da Copa do Mundo, em 2014.<br />

Investimentos que superam R$1,2 bilhão<br />

em infraestrutura, um forte portfólio de<br />

projetos, eventos e iniciativas devem<br />

contribuir para que esses megaeventos<br />

deixem legados na cidade. Não só de<br />

infraestrutura, que são os mais visíveis,<br />

mas que possam deixar um legado social,<br />

que contribua para melhorar a qualidade<br />

de vida do soteropolitano. Entretanto,<br />

devemos ampliar a nossa compreensão a<br />

respeito da oportunidade única que esses<br />

eventos, de magnitude sem precedentes<br />

na história de nossa cidade, podem trazer<br />

para o posicionamento e fortalecimento da<br />

nossa imagem, da “marca Salvador”. Um<br />

legado institucional de grande valia para o<br />

nosso desenvolvimento.<br />

Costumo dizer que uma Salvador<br />

ordenada, limpa, conservada, segura<br />

e hospitaleira é muito boa para os<br />

soteropolitanos, assim como para os que<br />

nos visitam, além de criar um importante<br />

posicionamento de imagem e positividade<br />

que fortalece a cidade sob todos os aspectos.<br />

Se formos bem sucedidos na experiência<br />

que nossos visitantes terão aqui, haverá um<br />

fluxo de retorno em efeito cascata. O turismo<br />

de eventos alavanca o turismo de lazer e o<br />

mercado de eventos está profundamente<br />

ligado à atividade turística.<br />

A questão, meus caros, é que a disputa<br />

entre as seleções participantes só irá<br />

começar lá na frente, com o advento de<br />

cada jogo. No entanto, a disputa entre<br />

os destinos já começou no Brasil. O<br />

Ministério do Turismo divulgou uma lista<br />

com 184 destinos turísticos em municípios<br />

distribuídos por 21 estados e estima que<br />

600 mil estrangeiros e três milhões de<br />

brasileiros deverão circular pelo Brasil no<br />

mês da Copa do Mundo.<br />

Em termos mundiais, a captação e a<br />

promoção de megaeventos são consideradas<br />

atividades que mais oferecem retorno<br />

socioeconômico ao país e às cidades que<br />

os sediam. Portanto, sermos eficientes na<br />

atração de visitantes e darmos um show<br />

de bola de hospitalidade e organização<br />

promoverá uma imagem positiva da<br />

“marca Salvador” e poderá render frutos<br />

importantes para o nosso posicionamento<br />

em relação aos demais destinos,<br />

habilitando, assim, a cidade para captar<br />

novos megaeventos.<br />

Um fator muito importante nesse<br />

contexto é o fato de a Copa Mundo ser um<br />

momento inigualável de concentração da<br />

imprensa internacional nos países-sede.<br />

Entretanto, caro leitor, a cobertura da<br />

imprensa está além dos gramados. Essa<br />

turma, além de trabalhar, também anda<br />

pela cidade, dorme em hotéis, pega táxi, vai<br />

a restaurantes, a baladas, se diverte. Tudo<br />

como turistas normais, o que, por isso só, já<br />

mereceria a nossa atenção. Talvez antes de<br />

o homem pisar em Marte, não teremos outra<br />

oportunidade como essa de promover nossa<br />

cultura, nossa gastronomia, nossas praias,<br />

nosso patrimônio histórico e tantos outros<br />

atributos de nossa cidade. Portanto, vamos<br />

recebê-los de braços abertos e mostrar o que<br />

temos de melhor. Tenham certeza de que<br />

esse esforço valerá muito a pena.<br />

A prefeitura de Salvador e o governo do<br />

estado têm um papel muito importante para<br />

a realização das Copas em nossa cidade.<br />

Todavia, a população e os empresários não<br />

podem ser apenas expectadores. Todos<br />

podem e devem contribuir, cada um a sua<br />

maneira, investindo em qualificação de<br />

mão de obra, apoiando projetos e inciativas<br />

relacionadas às Copas, contribuindo<br />

para manter a ordem pública, ajudando<br />

a preservar o patrimônio público ou,<br />

simplesmente, sendo um cidadão consciente.<br />

74 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


lifestyle<br />

Funcionalidade no design dos escritórios<br />

76<br />

sabor | 86<br />

Notas de Tec | 88<br />

82<br />

Tecnologias digitais e o comportamento social


lifestyle | decoração<br />

Muito estilo,<br />

funcionalidade<br />

e bem-estar nos<br />

escritórios<br />

Planejamento, otimização<br />

dos espaços, ergonomia<br />

e a escolha correta<br />

dos materiais são<br />

imprescindíveis para quem<br />

deseja investir no ambiente<br />

de trabalho<br />

por Gina Reis<br />

E<br />

m tempos de rotina intensa e congestionamentos<br />

infindáveis, investir em um ambiente profissional<br />

adequado é essencial para garantir bem-estar e<br />

produtividade à empresa. Esse novo modo de vida aumenta<br />

a demanda por profissionais que consigam adequar o<br />

seu espaço às necessidades da sua empresa. A partir<br />

do conhecimento da rotina produtiva, o arquiteto irá<br />

desenvolver um planejamento adequado e que caiba no<br />

bolso do cliente. “Ao estruturar um ambiente de trabalho,<br />

não se deve esquecer nenhuma necessidade. Devemos<br />

pensar desde a quantidade de pessoas que vai usar o<br />

ambiente à otimização do espaço”, ressalta a arquiteta<br />

Márcia Meccia. Para Maurício Lins, diretor de marketing<br />

do Núcleo de Decoração da Bahia e proprietário da Artline,<br />

loja especializada em móveis corporativos, é importante<br />

também oferecer soluções que se preocupem com o conforto<br />

da equipe, que, por sua vez, tende a ficar grande parte do dia<br />

nos escritórios. “A ergonomia é fundamental para aumentar<br />

a produtividade, garantindo qualidade de vida no trabalho.<br />

Hoje, o mercado oferece mesas e cadeiras apropriadas para<br />

longas jornadas, certificadas pelo Inmetro-ABNT”, afirma.<br />

Conformar o local à rotina da empresa envolve ainda<br />

a escolha de uma iluminação correta, investimento em<br />

acústica, em uma cartela de cores apropriada, revestimentos<br />

práticos, além de objetos e móveis decorativos que imprimam<br />

personalidade na medida. “O espaço não pode ser impessoal,<br />

nem pessoal demais. Deve haver um equilíbrio”, enfatiza<br />

Márcia Meccia. O objetivo é criar um ambiente que estimule<br />

e facilite a produção de forma inspiradora e agradável.<br />

Para ilustrar esse novo momento, a <strong>Revista</strong> [B + ] selecionou<br />

projetos de diferentes perfis e conversou com os profissionais<br />

responsáveis sobre soluções e diferenciais.<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

76 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


60m ² de<br />

funcionalidade<br />

Fotos: Rômulo Portela<br />

Transformar 60m 2 ²em um escritório que<br />

atendesse a duas empresas de ramos<br />

distintos. Esse foi o desafio da arquiteta<br />

Márcia Meccia ao desenvolver o projeto<br />

para abrigar seu escritório e da sua filha,<br />

Rafaela Meccia, que atua no setor de<br />

eventos. Para conseguir uma dinâmica<br />

interna e conciliar as duas atividades,<br />

Márcia explorou o uso de divisórias de<br />

vidro e alumínio abertas e fechadas,<br />

associadas às persianas. Na empresa,<br />

alguns espaços são compartilhados.<br />

Dentre eles, a copa, que fica no centro<br />

do escritório e permite que as pessoas<br />

- clientes, parceiros e funcionários - se<br />

sirvam. Outro importante diferencial<br />

no projeto é a instalação de duas<br />

entradas independentes. Isso permite<br />

um trânsito confortável de visitantes<br />

para as duas empresas. Márcia destaca<br />

ainda a ergonomia e a disposição dos<br />

móveis, que facilitam a circulação e<br />

a importância da iluminação. “Todos<br />

os ambientes exploram a iluminação<br />

natural. A luz garante conforto visual ao<br />

local de trabalho”, afirma. A arquiteta<br />

também dedicou atenção especial à<br />

acústica, através do uso de materiais<br />

específicos, pensados em parceria<br />

com a Audium, empresa especializada<br />

em consultoria e projetos de áudio e<br />

acústica e implantação de sistemas de<br />

áudio. Além da acústica, um projeto<br />

lógico de rede de computadores foi feito<br />

para o bom funcionamento do escritório,<br />

evitando, assim, desgastes futuros.<br />

Para a decoração, Márcia imprimiu<br />

personalidade, com pequenos toques<br />

e obras de arte do seu acervo pessoal.<br />

Dentre elas, uma tela da artista plástica<br />

Fátima Tosca e uma tela familiar de<br />

1923. “Investir em uma obra de arte<br />

é uma das melhores formas de<br />

harmonizar bom gosto e identidade<br />

ao local de trabalho”.<br />

Ficha técnica<br />

Pisos Eliane<br />

Móveis e divisórias Artline<br />

Armários planejados Bontempo<br />

Peças especiais de marcenaria Tomac<br />

Iluminação Arcluz<br />

Acústica Audium<br />

Obras de arte acervo pessoal<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

77


Modernidade<br />

e eficiência<br />

Fotos: Rômulo Portela<br />

Convidadas para assinar o espaço de<br />

138m 2 de uma agência marítima no<br />

bairro do Comércio, em Salvador, a<br />

arquiteta Beth Câmara e a designer<br />

de interiores Bharbara Ckamara<br />

concordam que o resultado do trabalho<br />

assegurou ao escritório uma atmosfera<br />

segura e confortável. Para isso, as<br />

profissionais investiram em um espaço<br />

e organogramas enxutos e eficientes<br />

que atendessem a uma equipe pequena.<br />

“Concebemos uma ilha central para<br />

concentrar o operacional da empresa. A<br />

sala de reunião atende, principalmente,<br />

os proprietários da empresa que não<br />

residem em Salvador. Quando eles estão<br />

aqui, precisam de um espaço provisório<br />

para atuar”, conta Bharbara Ckamara.<br />

Como o funcionamento da empresa é<br />

acompanhado via internet, era necessário<br />

um cuidado com essa conectividade para<br />

atender à matriz. “Por se tratar de um<br />

prédio antigo, tivemos que fazer alguns<br />

ajustes e milagres não aparentes”, ressalta<br />

Bharbara. Houve cautela, por exemplo,<br />

com a fiação, a tubulação e o cabeamento<br />

do prédio. O quadro de disjuntores foi<br />

substituído por um sistema DR (sistema<br />

de proteção à pessoa). As esquadrias<br />

antigas também foram substituídas por<br />

modelos de PVC para melhorar a acústica<br />

do local. A concepção da iluminação foi<br />

feita pela Construart. Para a decoração,<br />

a escolha foi por um mobiliário bonito,<br />

com preço competitivo e boa ergonomia,<br />

encontrado na Artline. “Um dos detalhes<br />

que me deixaram muito feliz foi o uso<br />

do backlight ocupando toda a parede<br />

com uma imagem do mar da Grécia.<br />

Nosso cliente é grego. Como o espaço<br />

só possui um amplo janelão que não<br />

atenderia à sala de reunião, conseguimos,<br />

através do backlight, trazer o exterior e a<br />

luminosidade para dentro deste ambiente”,<br />

destaca Bharbara.<br />

Ficha técnica<br />

Móveis, divisórias, piso vinílico e carpete Artline<br />

Marcenaria Modelli<br />

Iluminação Construart<br />

Bancada de vidro da recepção Ornato<br />

78 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Fotos: Rômulo Portela<br />

Seriedade e<br />

sofisticação<br />

Ficha técnica<br />

Piso Portobello Shop<br />

Iluminação La Lampe<br />

Climatização Artemp<br />

Persianas Luxaflex<br />

Cadeiras da sala da diretoria<br />

Clássica Design/Toque da casa<br />

Móveis Jocal Moveis<br />

Tapetes persas Bagdá<br />

Obras de artes Galeria Fabio Pena Cal<br />

Escultura de Bronze<br />

Roberto Alban Galeria de Arte<br />

Acessórios e adornos decorativos<br />

Empório Magma e Bizâncio<br />

Mesa de reunião em mármore<br />

preto absolutto Pavimenti<br />

Marcenaria da diretoria, feita<br />

com lâmina de madeira nobre<br />

Madeireira Paulista<br />

Marcenaria do painel da recepção<br />

Movelare Marcenaria<br />

Marcenaria dos demais escritórios<br />

e cadeiras Modulare Officer<br />

Milena Saraiva foi a profissional<br />

responsável por transmitir para um espaço<br />

de 200m 2 a elegância, a austeridade e a<br />

nobreza ao projeto de um grande escritório<br />

nacional de advocacia que inaugurou,<br />

recentemente, sua filial em Salvador.<br />

Aproximadamente 40 advogados atuam<br />

na empresa, dividida em recepção, sala de<br />

reunião, sala da diretoria, setor jurídico,<br />

departamentos comercial, contábil,<br />

administrativo e copa. “Os escritórios de<br />

advocacia, de uma forma geral, seguem<br />

um leiaute mais tradicional. É uma<br />

característica da profissão, assim como, na<br />

medicina, opta-se sempre por privilegiar<br />

ambientes mais claros. Por outro lado, nesse<br />

projeto, particularmente, fiquei surpresa<br />

pelo interesse do cliente em investir<br />

em obras de arte, peças de antiquário e<br />

mobiliário clássico. Sobretudo, por ele ser<br />

bastante jovem. Isso me fascinou”, revela a<br />

arquiteta. Todo o escritório foi decorado com<br />

obras de arte dos artistas Henrique Passos<br />

e João José Rescála, além de esculturas<br />

de bronze. Entre as exigências para a<br />

concepção do projeto, estava a utilização de<br />

materiais nobres. Destaca-se no escritório<br />

uma mesa de reunião feita em mármore<br />

preto absoluto, com cinco metros de<br />

comprimento, da loja Pavimenti. Parte dos<br />

móveis tem design assinado. As cadeiras da<br />

sala da diretoria, adquiridas na Toque da<br />

Casa, são revestidas em couro natural. Na<br />

recepção, um sofá em couro, uma poltrona<br />

em linho branco e uma cômoda clássica<br />

deixam o ambiente ainda mais elegante.<br />

Compõe ainda a decoração dos ambientes<br />

uma seleção de tapetes persas. As cores<br />

sóbrias utilizadas nos móveis e objetos<br />

de decoração passam a seriedade e a<br />

sofisticação tão desejadas para o local. Para<br />

complementar a ambientação, a iluminação<br />

desenvolvida pela Luxaflex tornou o<br />

escritório ainda mais intimista e, ao mesmo<br />

tempo, funcional.<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

79


Fotos: Divulgação<br />

Sustentabilidade<br />

e praticidade<br />

Ficha técnica<br />

Estrutura Metálica Rótula Metalúrgica<br />

Estrutura Metálica Inox OMK<br />

Revestimentos Imarf, Eliane, Portobello,<br />

Atlas, Incopedras e 3A Composites<br />

Revest. paredes externas Ibratin<br />

Louças e Metais Deca<br />

Iluminação Philips, LG<br />

Abajures La Lampe<br />

Piso Elevado Remaster<br />

Cabeamento Furukawa<br />

Vidros Cebrace<br />

Acústica Sonnar<br />

Mobiliário de escritório Marelli<br />

Mobiliário recepção Natuzzi,<br />

Diagrama e Vintage Decor<br />

Elevador Thyssenkrupp<br />

A nova sede da Caramelo Arquitetos<br />

Associados foi premiada pelo Americas<br />

Property Awards 2012 na categoria<br />

Melhor Arquitetura de Escritório do<br />

Brasil e das Américas (Central e Sul).<br />

Implantado em um terreno estreito,<br />

de 507m 2 , o escritório tem três<br />

pavimentos, contabilizando uma área<br />

total de 1.267m 2 . Os critérios para sua<br />

concepção foram: a escolha de materiais<br />

e conceitos construtivos ecológicos,<br />

conforto, praticidade, sustentabilidade<br />

e humanização dos ambientes. A<br />

fachada frontal é composta por pele<br />

de vidro autolimpante e, para uma<br />

maior penetração da luz natural, foram<br />

utilizadas claraboias “teto-piso” nas<br />

laterais dos pavimentos. As luminárias<br />

em LED – lâmpadas econômicas com<br />

vida útil de cerca de 60 mil horas -<br />

complementam a iluminação natural.<br />

As faces laterais e posteriores do<br />

edifício são formadas por paredes<br />

duplas, tendo ao meio uma manta<br />

reciclada de garrafas PET. Nos três<br />

pavimentos, o projeto contempla<br />

recepção, salas de reunião, mezanino<br />

com sala multiuso para apresentação<br />

de projetos, salas individuais e<br />

coletivas, auditório com capacidade<br />

para até 50 pessoas, estação compacta<br />

de armazenamento e tratamento de<br />

águas cinza para reuso, área de serviço<br />

e apoio gastronômico. Ao desenvolver<br />

o projeto, Antonio Caramelo buscou<br />

criar um ambiente que inspirasse a<br />

coletividade e a integração através do<br />

uso da transparência e da fluidez. A<br />

decoração dos ambientes foi concebida<br />

por Antonio Caramelo em parceria<br />

com Milena Saraiva. Nas paredes e<br />

nos pisos, o predomínio é de cores<br />

claras. Já nos mobiliários, investiu-se<br />

em cores vibrantes, com forte<br />

presença do laranja.<br />

80 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

81


lifestyle | comportamento<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

100%<br />

conectados<br />

Como a utilização constante das<br />

novas tecnologias tem influenciado<br />

o comportamento social e<br />

profissional do homem moderno<br />

por Andréa Castro<br />

Mesmo com contraindicações, o<br />

estudante de publicidade Diego<br />

Almeida agradece às tecnologias<br />

por elas reduzirem distâncias<br />

T<br />

ablets, notebooks, netbooks,<br />

smartphones… A sociedade<br />

contemporânea conta com um<br />

verdadeiro arsenal de novos aparatos<br />

tecnológicos, cada vez mais presentes no dia a<br />

dia das pessoas. O que pouca gente sabe – ou<br />

talvez ninguém ainda ao certo – são os efeitos<br />

do uso exacerbado dessas novas tecnologias no<br />

comportamento humano. Alguns “sintomas”, no<br />

entanto, são consenso entre os especialistas.<br />

O cidadão que, hoje, não possui telefone celular<br />

ou perfil em uma rede social é considerado, no<br />

mínimo, ultrapassado – quando não chamado de<br />

E.T.. O “normal” é que as pessoas estejam sempre<br />

conectadas, façam uso de diversas plataformas<br />

e dispositivos eletrônicos, tanto na vida social<br />

como profissional. Mas até que ponto o uso dessas<br />

tecnologias deixa de ser algo inofensivo para se<br />

tornar um transtorno? “Para uma atividade tornarse<br />

compulsiva, deve proporcionar algum grau de<br />

recompensa, prazer ou aliviar uma ansiedade. O<br />

uso contínuo e compulsivo da internet tem levado<br />

à fragilidade dos relacionamentos e cria uma<br />

dependência igual aos jogos, drogas e álcool”, alerta o<br />

psiquiatra Geonaldo Costa.<br />

De acordo com o especialista, uma pessoa pode<br />

ser considerada “viciada” quando passa, em média,<br />

sete horas em uso do computador todos os dias, a<br />

82 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


depender do tipo e do objetivo do uso. A adicção à<br />

internet seria comparada aos transtornos dos impulsos<br />

e do espectro obsessivo compulsivo, como o excesso<br />

de exercícios físicos, de trabalho, de sexo ou compras.<br />

“Alguns sintomas percebidos nessas pessoas são os<br />

sinais de abstinência - como agitação psicomotora e<br />

condutas e pensamentos obsessivos pelo que pode estar<br />

acontecendo na internet, necessidade de aumentar o<br />

tempo conectado, fadiga, déficit de atenção, depressão e<br />

ansiedade”, afirma o médico.<br />

O presidente da Fundação de Neurologia e<br />

Neurocirurgia – Instituto do Cérebro, Antônio Andrade,<br />

também destaca a ansiedade como um dos principais<br />

efeitos negativos causados pelo uso constante das<br />

novas tecnologias. “Algumas áreas do cérebro são<br />

excitadas com estímulos constantes provocados por<br />

essas tecnologias e têm que processar esses estímulos<br />

para dar respostas ao corpo, acarretando ansiedade,<br />

grau de hipervigília acentuado, dificuldade de<br />

aprendizado, inibição dos hormônios do sono, entre<br />

outros distúrbios”, explica o especialista.<br />

Substituindo o real pelo virtual<br />

As mudanças na vida social, no entanto, são as mais<br />

perceptíveis. De acordo com Andrade, as pessoas,<br />

muitas vezes, deixam de lado o contexto real para<br />

buscar uma realização virtual. “Elas querem mostrar<br />

nas redes sociais algo que é imaginário, uma falsa<br />

impressão de êxito. Esses distúrbios ainda estão<br />

sendo estudados, não sabemos exatamente quais os<br />

impactos causados, mas já foi constatado que esse<br />

excesso de comunicação, muitas vezes, gera solidão”,<br />

alerta o neurologista. Segundo ele, as pessoas quando<br />

se mantêm sempre conectadas, em salas de bate-papo,<br />

por exemplo, ficam indisponíveis para vivenciar<br />

experiências concretas, se isolando do mundo real.<br />

O psiquiatra Geonaldo Costa também ressalta<br />

os prejuízos de natureza social causados pelo uso<br />

exagerado dessas tecnologias. Em alguns casos,<br />

comenta o psiquiatra, as pessoas chegam a colocar<br />

em risco o emprego – seja pelo uso inadequado<br />

de e-mails, redes sociais, ou pelo tempo gasto em<br />

atividades que concorram com as do trabalho.<br />

“Muitas vezes, as pessoas limitam o contato pessoal,<br />

perdem o interesse por outras atividades, preferem<br />

o mundo virtual ao mundo real, com perda da<br />

noção de tempo e negligenciando impulsos básicos,<br />

sentimentos de irritação, insônia, tensão ou depressão<br />

e, eventualmente, gerando desentendimentos com<br />

amigos e familiares”, explica.<br />

“A família cobra um pouco mais de atenção nos<br />

eventos sociais, às vezes em um simples almoço em<br />

casa, quando eu fico checando e-mails e mensagens”,<br />

conta a executiva Ericka Gordiano, que passa cerca de<br />

20 horas por dia conectada, tanto para uso profissional<br />

como pessoal. Ericka admite que bate um sentimento de<br />

abstinência se ficar sem os seus equipamentos eletrônicos.<br />

“Fico ansiosa, sinto que está faltando alguma coisa”, revela.<br />

Mas se, por um lado, ela pode ficar mais distante de<br />

quem está perto, por conta desses aparatos, acaba ficando<br />

mais próxima de quem está longe. Ericka morou no Rio de<br />

Janeiro e mantém contato com muitos amigos através das<br />

redes sociais. “Nos falamos basicamente pela internet, é<br />

muito mais prático e mais barato, nos aproxima”, reforça.<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

“As pessoas, muitas vezes, deixam<br />

de lado o contexto real para buscar<br />

uma realização virtual”<br />

Antônio Andrade, presidente da<br />

Fundação de Neurologia e<br />

Neurocirurgia – Instituto do Cérebro<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

83


Para Geonaldo Costa, muitas vezes,<br />

as pessoas limitam o contato pessoal,<br />

perdem o interesse por outras atividades,<br />

preferem o mundo virtual ao mundo real<br />

Ericka Gordiano<br />

busca meios<br />

eficientes de agilizar<br />

as tarefas do trabalho<br />

Foto: Divulgação<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

Tanto a internet como os telefones móveis podem reduzir<br />

distâncias, ao facilitar o contato com pessoas que estão longe.<br />

O estudante de publicidade Diego Almeida bem sabe disso. Sua<br />

família vive em Paulo Afonso e o celular é o seu principal canal<br />

de comunicação com eles. “Ligo todo dia, principalmente para<br />

falar com minha mãe, que quer saber tudo o que acontece por<br />

aqui e me passar as novidades de lá”, comenta o estudante.<br />

Além de se dedicar aos estudos, Diego é atendente de call<br />

center de uma empresa da área de saúde. Ele passa boa parte do<br />

seu dia atendendo ligações por conta do trabalho, mas sempre<br />

que tem uma folga está no celular fazendo chamadas. “Eu fico<br />

ligado no celular 24 horas por dia. No horário do trabalho eu só<br />

recebo mensagens, mas sempre que tenho uma pausa, retorno as<br />

ligações perdidas”, afirma. Segundo Diego, ele nunca passou por<br />

uma situação de ficar muito tempo desconectado, sem rede de<br />

internet ou celular e brinca que o celular é praticamente um filho<br />

para ele, do qual não pode se separar.<br />

Desenvolvendo habilidades<br />

Diego também é usuário assíduo da internet.<br />

“Fico até altas horas trocando e-mails, postando<br />

coisas nas redes sociais... Tenho uma vida ativa<br />

na rede, preciso saber o que está rolando”,<br />

contou o estudante de 23 anos, que também<br />

acredita que esses recursos tecnológicos podem<br />

estimular a descobrir novos conhecimentos e a<br />

absorver um volume grande de informações.<br />

Se o uso constante das novas tecnologias<br />

pode potencializar uma série de efeitos<br />

negativos, também pode ajudar a desenvolver<br />

algumas habilidades. “Para a maioria<br />

das pessoas, a internet proporciona uma<br />

mudança positiva de hábitos. A busca por<br />

novos conhecimentos, a facilidade de obter<br />

informações, a realização de compras e<br />

transações bancárias e o estabelecimento<br />

de novas relações acabam estimulando a<br />

criatividade, capacidade de pesquisa, estudo e<br />

comunicação”, destaca Costa.<br />

A tecnologia também ajuda na vida<br />

profissional da designer Ericka Gordiano. Além<br />

da formação em design, ela possui MBA em<br />

gestão empresarial e trabalha para a empresa<br />

Agogô Marketing Promocional, como executiva<br />

de atendimento na Secretaria Estadual para<br />

Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil<br />

2014 (Secopa), além de desenvolver trabalhos<br />

paralelos como freelancer. Com tantas<br />

atribuições, Ericka busca meios mais eficientes<br />

de interagir e agilizar as tarefas no seu<br />

trabalho. “Quando participo de uma reunião,<br />

não uso papel e caneta. Já coloco todas as<br />

demandas no meu tablet e envio ao cliente<br />

tudo o que foi discutido imediatamente após o<br />

encontro”, destaca a profissional.<br />

Já Costa lembra também que, da mesma<br />

forma em que o uso da tecnologia pode<br />

induzir ao isolamento físico, pode ajudar as<br />

pessoas com traços de introversão e solidão a<br />

estabelecerem novas relações, participarem de<br />

grupos com afinidades, reduzindo a inibição e<br />

melhorando a autoestima.<br />

Com efeitos positivos ou negativos, a<br />

introdução desses “brinquedinhos” tecnológicos<br />

na vida do homem moderno é irreversível.<br />

Cabe a cada um tirar o melhor proveito dessa<br />

variedade disponível no mercado e ficar estar<br />

atento aos exageros. [B + ]<br />

84 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


lifestyle | sabor<br />

Um toque profissional ao HOBBY<br />

Não venha com essa de que prato gourmet é coisa de profissional. O comerciante e amante de corrida<br />

de carros Ricardo Castro ensina a preparar uma receita que parece ter saído direto da cozinha de um<br />

restaurante clássico, mesmo sem nunca ter feito curso para aprender a cozinhar<br />

por Carolina Coelho<br />

Fotos: Carolina Coelho<br />

A<br />

o chegar à casa de Ricardo Castro (35), percebese<br />

logo que o lugar principal da casa é a<br />

cozinha. Integrado à sala de estar, o santuário<br />

gastronômico foi desenvolvido especialmente por um<br />

arquiteto para ser palco de muitos encontros culinários. O<br />

projeto não foi à toa. Há dois anos o comerciante do ramo<br />

de concessionárias foi convidado a fazer parte da Confraria<br />

Prestige, grupo gastronômico formado por 25 empresários<br />

que têm em comum a paixão de cozinhar. Apesar de não<br />

ser profissional e de nunca ter feito curso na área, Ricardo<br />

conta que sua habilidade é resultado de muita prática.<br />

O interesse começou de uma forma, digamos, óbvia.<br />

“Sempre gostei de comer, e o prazer em comer me levou<br />

ao prazer de fazer”, conta ele. Desde criança, o cozinheiro<br />

já apontava certa vocação ao ficar responsável pelos<br />

churrascos dominicais na casa dos tios e, depois que<br />

atingiu sua independência financeira, pode custear<br />

seus próprios ingredientes e investir em equipamentos<br />

profissionais. No começo, ele conta que tudo era feito por<br />

instinto, mas, depois que entrou para a confraria, teve<br />

a oportunidade de aprender algumas técnicas com os<br />

confrades mais profissionais.<br />

Ao ser perguntado se já havia se intimidado por estar<br />

entre especialistas, revela que certa vez ficou responsável<br />

por fazer um prato com massa fresca, mas que, por nunca<br />

ter manuseado o alimento, jogou tudo de vez e claro,<br />

não cozinhou adequadamente. Para reparar a situação,<br />

colocou a massa no gelo e serviu com o molho quente. O<br />

prato virou motivo de chacota, mas não desestimulou o<br />

aprendiz. “Todo mundo está sujeito a erros na cozinha”,<br />

divaga. O descuido, entretanto, foi compensado quando<br />

seu chef preferido, Edinho Engel, avaliou como perfeito<br />

seu molho funghi ao gambero. “Foi uma grande realização<br />

pessoal como cozinheiro”, compartilhou.<br />

Para escolher esta receita, Ricardo contou com a<br />

ajuda do chef Severino Silva, do restaurante Oui, um dos<br />

seus amigos-confrades. E já que tudo começou com a<br />

paixão pela carne, essa receita não poderia ser diferente.<br />

86 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Prato do dia:<br />

Magret de pato com batata<br />

dauphine e molho foie gras<br />

Carne:<br />

- 300g de<br />

magret de pato<br />

- Sal a gosto<br />

- Pimenta a gosto<br />

Modo de preparo:<br />

Retire o excesso de gordura<br />

dos lados e frite em uma<br />

frigideira sem óleo com a<br />

gordura virada para baixo.<br />

Batata dauphine:<br />

- 1kg batata<br />

- 100g queijo parmesão<br />

- Noz-moscada<br />

- 1 colher de chá<br />

de fermento<br />

- Sal a gosto<br />

- Pimenta-do-reino<br />

a gosto<br />

- 2 ovos<br />

- 2 colheres de sopa<br />

farinha de trigo<br />

Modo de preparo:<br />

Coloque as batatas para assar<br />

e depois amasse até formar<br />

um purê. Adicione o restante<br />

dos ingredientes, deixando<br />

a farinha para o final, até<br />

dar consistência. Por último,<br />

acrescente o sal e a pimenta.<br />

Frite em fogo baixo.<br />

Molho:<br />

- 2/3 garrafa de vinho<br />

Miolo seleção tinto<br />

- 100ml de<br />

vinho do porto<br />

- 70g de foie gras<br />

- 2 colheres de sopa<br />

de manteiga<br />

- 1 colher de sopa<br />

de farinha de trigo<br />

- 1 alho-poró<br />

- 1 colher de chá<br />

de mostarda<br />

- 250ml de caldo<br />

de carne básico<br />

(1 cenoura cortada em<br />

bastões, salsão, uma<br />

cebola roxa sem casca, um<br />

bouquet garni , 1 caldo de<br />

carne e 100g de ossobuco<br />

sem tutano e limpo)<br />

- Sal a gosto<br />

- Pimenta-do-reino<br />

a gosto<br />

Modo de preparo 1 :<br />

Refogue com azeite o<br />

alho-poró junto com cebola<br />

laminada, salsa picada e<br />

alho. Após amolecida a<br />

cebola, acrescente 200ml de<br />

água e deixe três minutos<br />

em fogo baixo. Leve ao<br />

liquidificador, bata e reserve.<br />

Modo de preparo 2 :<br />

Misture em uma panela<br />

a manteiga e a farinha<br />

até formar uma pasta<br />

homogênea. Acrescente<br />

meia garrafa de vinho tinto,<br />

a mostarda e o caldo de<br />

carne. Mexa e acrescente a<br />

pimenta-do-reino e o molho<br />

de alho-poró em fogo baixo.<br />

Acrescente mais 200ml de<br />

vinho tinto e o vinho do<br />

porto. Depois da evaporação,<br />

acrescente o sal e o foie gras.<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

87


lifestyle | notas de tec<br />

Google terá Wi-Fi grátis<br />

em 150 bares brasileiros<br />

Smartphones, tablets e computadores poderão ter acesso ao novo projeto<br />

do Google, Free WiFi, que contemplará 150 bares e restaurantes<br />

das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto<br />

Alegre, Florianópolis e Campinas. A conexão será entre 10 Mbps ou 30<br />

Mbps, dependendo do tipo de rede utilizada pelo bar e será compartilhada<br />

entre todos os clientes do estabelecimento sem nenhuma restrição<br />

para a navegação. A iniciativa, exclusiva para o Brasil, foi criada em<br />

parceria com a Enox On-Life Media e terá duração de 90 dias.<br />

5 aplicativos que<br />

não podem faltar<br />

no seu aparelho<br />

Paper Camera:<br />

Filtros para imagens<br />

transformam suas fotos<br />

do smartphone em<br />

um estilo de cartoon/<br />

novela. As coleções são<br />

divididas em cartoon,<br />

sketch, comic book, half<br />

tone, noir e neon.<br />

Yammer:<br />

Uma espécie de Twitter<br />

para fins corporativos,<br />

com o gerenciamento<br />

de equipes a distância<br />

por meio de atualizações<br />

que mostram o que cada<br />

membro do grupo está<br />

fazendo no momento.<br />

Novo app do Google manda<br />

vídeos do iPhone para o YouTube<br />

Mais um aplicativo para iPhone foi liberado pelo Google, o YouTube Capture. O novo<br />

programa permite filmar, melhorar a qualidade dos vídeos e publicá-los no YouTube e<br />

nas redes sociais de forma simples e prática. Há também funções para reduzir tremores<br />

e corrigir desvios de coloração, opção para o vídeo ficar publicamente disponível ou não<br />

e a possibilidade de compartilhar apenas um trecho da filmagem. Com esse lançamento,<br />

o Google passa a ter 18 aplicativos para iPhone na App Store.<br />

Aplicativo do Sebrae lança 438 ideias de negócios<br />

Lançado em dezembro de 2012, o aplicativo gratuito Ideias de Negócios tem como objetivo<br />

ajudar os potenciais empresários com informações sobre o comércio. Divididas em<br />

29 setores, as 438 ideias propostas pela Sebrae apresentam diversos esclarecimentos<br />

específicos para cada tipo de negócio, como localização, mercado, equipamentos, investimento,<br />

capital de giro e custos. Para fazer o download da ferramenta, o usuário pode<br />

digitar o nome do aplicativo na busca da Apple Store.<br />

Fuze Meeting:<br />

Um layout diferenciado<br />

facilita a realização das<br />

conferências online<br />

desse programa, que<br />

também permite o<br />

compartilhamento de<br />

arquivos durante as<br />

reuniões.<br />

Adobe Ideas:<br />

Voltado para quem<br />

trabalha com design e<br />

usa programas como<br />

o Photoshop ou o<br />

Illustrator, esse aplicativo<br />

substitui o lápis e o papel<br />

pelos dedos e a tela.<br />

CamCard:<br />

Funciona como um<br />

scanner de cartões de<br />

visita. Basta fotografar<br />

o cartão e o software<br />

reconhece nome,<br />

empresa, e-mail e<br />

telefones, criando um<br />

novo contato na agenda.<br />

LG lança celular concorrente do iPhone 5<br />

A empresa coreana anunciou o lançamento do seu novo smartphone, Optimus G Pro, o<br />

primeiro com tela Full HD e concorrente direto do iPhone 5. Com tela de 5,5 polegadas,<br />

processador Snapdragon 600 com 1,7 GHz de quatro núcleos, câmera de 13 megapixels e<br />

2 GB de memória RAM, o aparelho roda em sistema Android versão Jelly Bean. O dispositivo<br />

começou a ser vendido em fevereiro na Coreia do Sul, mas ainda não tem previsão<br />

para lançamento em outros mercados.<br />

88 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


arte &<br />

entretenimento<br />

90 98<br />

Marketing<br />

Carnaval que gera R$1 bilhão<br />

Glamour<br />

Estilista baiano no sambódromo<br />

Aplausos 94 | Afródromo 95 | Tambores em Amaralina 102<br />

[C] Cristiane Olivieri 104 | [C] Jorge Cajazeira 106


arte & entretenimento | carnaval 2013<br />

O mercado<br />

do Carnaval<br />

de Salvador<br />

Foto: Isabel Sant´Ana/SeturBA<br />

Empresários nacionais investem<br />

no Carnaval de Salvador como<br />

uma boa oportunidade para os<br />

negócios. Prova disso é que a folia<br />

movimentou, em 2013, mais de<br />

R$1 bilhão na cidade. Mas cresce<br />

o número de pessoas que defende<br />

uma reinvenção do modelo da festa<br />

e da forma de se fazer negócios.<br />

A intenção é garantir um legado<br />

socioeconômico mais eficiente<br />

depois dos seis dias de festa<br />

por Jessica Sandes<br />

O<br />

trio elétrico, criado para superar a Fobica de Adolfo<br />

Antônio do Nascimento (Dodô) e Osmar Alvares<br />

Macedo (Osmar), ultrapassou os limites do som,<br />

tornando o Carnaval de Salvador uma verdadeira vitrine para<br />

artistas, marcas e produtos. Dos cerca de três milhões de<br />

turistas que visitam a cidade anualmente, aproximadamente<br />

500 mil chegam durante os seis dias da folia momesca. Em<br />

virtude disso, investir na capital baiana durante o período segue<br />

sendo atrativo para um grande número de empresas. Segundo<br />

informações da prefeitura municipal, apenas nesta época mais<br />

de R$1 bilhão foram movimentados em Salvador, este ano.<br />

Para construir a infraestrutura, contratar bandas, realizar<br />

ações publicitárias, auxiliar na limpeza das ruas e na saúde<br />

dos foliões, os patrocinadores oficiais do Carnaval da capital<br />

baiana investiram, em 2013, cerca de R$16 milhões: R$6,7 mi<br />

(Petrobrás), R$5,2 mi (Brahma) e R$3,9 mi (Itaú).<br />

Maior patrocinadora deste ano, a Petrobrás foi responsável<br />

pelo abastecimento de todos os 120 caminhões sonoros da<br />

festa, com aproximadamente 96,5 mil litros do biodiesel B50,<br />

90 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


que reduz a emissão de gases do efeito estufa. A<br />

quantidade de combustível disponibilizada foi<br />

20% maior neste Carnaval, quando comparada a<br />

2012. Já o banco Itaú foi responsável pelo palco<br />

sustentável, localizado na Praça Castro Alves, entre<br />

os dias 10 e 12 de fevereiro. A iniciativa utilizou<br />

uma tecnologia holandesa que supre os gastos<br />

elétricos a partir da energia produzida pela dança<br />

dos foliões, e entre as atrações estiveram Gaby<br />

Amarantos, a banda Calypso, Moraes Moreira. A<br />

empresa também foi responsável pela saída de<br />

alguns trios sem corda.<br />

A Companhia de Bebidas das Américas<br />

(AmBev), por meio da marca Brahma,<br />

disponibilizou, nos circuitos do Carnaval,<br />

banheiros contêineres com ar-condicionado,<br />

espelhos e sabonetes. Outras ações foram o<br />

Brahma Zone, com internet wi-fi gratuita no<br />

circuito Dodô (Barra-Ondina), e o aplicativo<br />

GPS Brahma, que ofereceu informações sobre a<br />

localização dos trios elétricos.<br />

Gerente regional de eventos da AmBev,<br />

Gabriella Esper revelou que o Carnaval é, “sem<br />

dúvidas, um dos maiores investimentos da AmBev<br />

no Nordeste”. De acordo com a gestora, para atender<br />

às expectativas dos participantes, o investimento<br />

vai além dos dias de festa: “Uma equipe da empresa<br />

fica responsável por promover pesquisas ao longo<br />

do ano com o objetivo de identificar as principais<br />

demandas dos espectadores, para melhor atendê-los<br />

durante o Carnaval”.<br />

Nessa época do ano, as cervejarias apresentam<br />

um grande interesse em investir na folia momesca,<br />

fato que é explicado pelo pesquisador Paulo<br />

Miguez: “Anos após anos, os grandes anunciantes<br />

comparecem ao Carnaval da Bahia, principalmente<br />

companhias de bebidas e instituições bancárias.<br />

Isso, obviamente, ocorre pelo fato de que a<br />

festa tem uma grande visibilidade nacional<br />

e internacional”, comenta ao falar sobre a<br />

movimentação de turistas e moradores da cidade,<br />

e sobre as transmissões televisivas. Para se ter<br />

ideia, o setor hoteleiro registrou, em 2013, 85% de<br />

taxa de ocupação durante todo o período da festa<br />

carnavalesca, de acordo com a sessão Bahia da<br />

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-<br />

BA). “É um palco privilegiado para apresentação e<br />

exibição das marcas”, frisa Miguez.<br />

Apesar dos pontos positivos, o especialista em<br />

marketing Claudio Cardoso questiona a<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

91


Foto: Max Haack_Ag Haack<br />

quantidade de marcas expostas ao mesmo tempo nas<br />

ruas e avenidas da cidade. Segundo ele, talvez o retorno<br />

para as empresas fosse maior caso houvesse apenas um<br />

patrocinador no evento. “Apesar de causar uma poluição<br />

visual, a exposição das marcas gera retorno para as<br />

empresas sim, porém a organização que patrocina todo<br />

o evento pode ter a mesma aparição na TV que aquela<br />

que patrocinou apenas alguns blocos ou camarotes, por<br />

exemplo”, explica Cardoso, ao falar da falta de exclusividade<br />

na divulgação das marcas. “Talvez o Carnaval não seja tão<br />

atrativo assim para os empresários”, provoca.<br />

O fato é que seja nas ruas, em blocos ou em eventos<br />

indoor, os empresários apostam no retorno gerado pela<br />

folia. Os camarotes, por exemplo, também são alvos das<br />

grandes marcas. As empresas chegaram a investir cerca<br />

de R$ 46 milhões neste segmento este ano. O destinos das<br />

verbas são diversos, desde salões de beleza a gastronomia<br />

e lounges de massoterapia. Os valores empreendidos<br />

variam entre R$500 mil e R$6 milhões, e geram mais de<br />

25 mil empregos temporários entre a montagem e os dias<br />

de funcionamento dos serviços.<br />

Considerado um local frutífero para network,<br />

o camarote Casa de Daniela Mercury recebeu<br />

aproximadamente 1.500 pessoas por dia. Cerca de<br />

200 profissionais de comunicação, entre repórteres de<br />

veículos impressos, TV, e rádio, foram credenciados<br />

diariamente pelo espaço. A promoter Lícia Fábio afirma<br />

que toda a badalação que envolve o Carnaval é um<br />

excelente meio de promover a cidade que, após a festa,<br />

colhe os frutos em áreas como turismo e negócios. “É<br />

preciso olhar o entretenimento como business e pode ser<br />

até uma solução para alguns problemas sociais. Toda a<br />

folia gera empregos, empresas vêm para cá fazer eventos<br />

e convenções. É como você imaginar uma Disney. E por<br />

que não?”, enfatiza.<br />

Renovar é preciso<br />

Em meio aos confetes e serpentinas, tem quem defenda<br />

que a folia baiana precisa ser renovada. Uma possibilidade<br />

vista como interessante por alguns foi apresentada pelo<br />

músico Carlinhos Brown. O Afródromo desfilou este ano<br />

experimentalmente no circuito Osmar (Campo Grande).<br />

92 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


A proposta carnavalesca, que deve ser implantada no<br />

Comércio a partir de 2014, gerou opiniões diversas,<br />

inclusive a de que a iniciativa é um equívoco. Segundo o<br />

presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, o Afródromo<br />

isolaria os blocos afros e ainda obrigaria o poder público a<br />

ter mais gastos com a criação do novo circuito.<br />

O prefeito ACM Neto, que acompanhou o desfile<br />

comandado por Brown, assegurou o desenvolvimento<br />

do Afródromo para o próximo Carnaval. “Gostei muito<br />

da proposta. Para mim, foi uma decisão acertada<br />

trazê-lo para o Campo Grande este ano. Podem ter<br />

certeza do fortalecimento desta iniciativa para o ano<br />

que vem”, frisou. Quem também aposta na ideia é a<br />

cervejaria Nova Schin, da empresa Brasil Kirin, que<br />

investiu no desfile experimental do Afródromo e<br />

promete o patrocínio do movimento, em 2014, além de<br />

investimentos em eventos ao longo do ano, na cidade.<br />

Em 2013, a Brasil Kirin também patrocinou diversos<br />

camarotes e mais de 20 blocos nos dois circuitos.<br />

Presente no Carnaval de Salvador há 25 anos, o<br />

Shopping Iguatemi é responsável pela distribuição<br />

de 70% dos abadás e camarotes vendidos na cidade.<br />

O empreendimento registra um aumento de compra<br />

e venda de 22% em seus estabelecimentos. O<br />

número corresponde ao segundo melhor período de<br />

movimentação do shopping. O resultado é inferior<br />

apenas ao apresentado durante a época de Natal.<br />

Apesar de os números serem positivos, Ewerton Visco,<br />

um dos sócios do empreendimento, é um dos que<br />

defende que o Carnaval “precisa ser reinventado”.<br />

Visco, que foi homenageado pelo camarote da cantora<br />

Daniela Mercury, no dia 10 de fevereiro, pelo seu<br />

aniversário e pela parceria de 18 anos com o espaço,<br />

acredita também que o evento é uma oportunidade<br />

valiosa de internacionalizar marcas. “Em nossa cabeça,<br />

esse é o maior evento do mundo, queremos fazer parte<br />

da renovação dele, salienta o empresário.<br />

Apesar de toda a mobilização de empresários e<br />

artistas, o legado econômico do Carnaval de Salvador<br />

não supera as expectativas do secretário municipal<br />

de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme<br />

Bellintani. Para ele, a ocupação média de 85%, atingida<br />

no setor hoteleiro durante os seis dias de folia, deve ser<br />

mantida durante todo o ano. “O Carnaval é um aperitivo<br />

importante para que turistas e empresas voltem em<br />

outro momento, mas precisamos explorar mais a cidade<br />

como turismo de lazer, com mais eventos festivos e<br />

coorporativos de qualidade, trazendo retorno para as<br />

marcas e para a cidade”, completou. Nos demais meses, a<br />

rede hoteleira atinge cerca de 68% de ocupação.<br />

Lícia Fábio homenageia<br />

Ewerton Visco pela parceria<br />

de 18 anos do Iguatemi com o<br />

Camarote Daniela Mercury<br />

Foto: Divulgação<br />

Foto: Tatiana Azeviche/Setur<br />

Foto: Agecom/BA<br />

O prefeito ACM Neto, o ministro do Turismo,<br />

Galvão Vieira, e a ministra da Cultura, Marta<br />

Suplicy, o deputado federal Nelson Pelegrino<br />

e o governador Jaques Wagner<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

93


arte & entretenimento | aplausos do carnaval<br />

Comercial<br />

Foto: Margarida Neide<br />

A Gillete, líder no mercado de lâminas no Brasil, trouxe para os festejos,<br />

em parceria com Claudia Leitte, o coreano Psy, autor do sucesso da internet<br />

“Gangam Style”, para acompanhar a cantora no trio do seu bloco<br />

Largadinho. Para adaptar a música aos interesses comerciais, a empresa<br />

adaptou o refrão à expressão “quero ver raspar”, com o objetivo de<br />

estimular a comercialização dos seus produtos.<br />

Foto: Divulgação<br />

Isaac Edington (Ecopa), prefeito ACM Neto e Guilherme<br />

Bellintani (sec. de Turismo, Cultura e Desenvolvimento)<br />

A Cafusa, bola oficial da Copa<br />

No domingo de Carnaval, Salvador entrou em contagem regressiva dos 125<br />

dias para a Copa das Confederações da Fifa e iniciou ações de posicionamento<br />

da cidade como sede dos jogos de 2013. A bola oficial da competição, a Cafusa,<br />

foi usada para representar o pontapé inicial da mobilização. Por iniciativa do<br />

Escritório Municipal da Copa do Mundo, o secretário Isaac Edington percorreu<br />

os circuitos da folia e levou a bola para ser autografada por diversas estrelas do<br />

Carnaval baiano. Ela será leiloada posteriormente com o objetivo de arrecadar<br />

recursos para projetos de combate à pobreza na cidade de Salvador.<br />

Carnaval on-line<br />

Foto: Margarida Neide<br />

Com transmissão ao vivo, os internautas puderam acompanhar os circuitos com<br />

alta qualidade de imagem e som. Pela terceira vez, ao vivo, no circuito Dodô (Barra-Ondina),<br />

o portal YouTube apresentou a folia baiana, com a chancela do Google.<br />

O espectador teve a opção de escolher o que queria ver entre quatro câmeras exclusivas.<br />

O canal de entretenimento Vevo Channel também fez a transmissão da<br />

boate do Camarote Salvador, ao vivo, para diversos países. A primeira experiência<br />

do canal com um evento musical no Brasil havia acontecido no ano passado, em<br />

um show do rapper Pitbull no camarote. O sucesso foi tanto que este ano o canal<br />

voltou para realizar mais uma transmissão durante todos os seis dias da folia.<br />

Gastronomia requintada<br />

O camarote Contigo deu um show no quesito gastronomia.<br />

Algodão-doce sabor goiaba, saladas cremosas e<br />

pratos quentes de salmão foram algumas das especialidades<br />

escolhidas pelos chefs Douglas Van Der Ley,<br />

Isaac Azar e Micheli Biratoni, que ficaram responsáveis<br />

pelos pratos do local. O espaço gourmet contou ainda<br />

com a parceria dos restaurantes Boi Preto, Pizzaria Di<br />

Mari, Atelier da Cozinha, além da mesa especial de cozinha<br />

baiana, que ficou a cargo da quituteira Dadá e do<br />

tabuleiro da baiana Iracema.<br />

Foto: Alessandra Lori<br />

Festa temática<br />

A Suzano Papel e Celulose<br />

aproveitou os festejos do<br />

Carnaval para comemorar<br />

os 30 anos da linha Suzano<br />

Report. Nos camarotes da<br />

PM, o clima retrô esteve no<br />

túnel do tempo criado para<br />

recepcionar os foliões. Já no<br />

espaço de Daniela Mercury,<br />

um lounge foi ambientado<br />

com máquinas de fliperama<br />

e de chiclete bola. Nos<br />

dois circuitos, houve distribuição<br />

de minirremas da<br />

edição comemorativa. Com<br />

750 folhas, o “resmão” conta<br />

com abertura flip-top e um<br />

design vintage que remete<br />

a um ícone da década de<br />

1980: a fita cassete.<br />

Design<br />

O Camarote Salvador também foi<br />

destaque em design. O patrocinador<br />

Le Blub Accor trouxe uma escultura<br />

da Torre Eiffel para homenagear a<br />

França, tema do camarote este ano.<br />

No Espaço Accor, desenvolvido pelo<br />

arquiteto Ruy Espinheira, dançarinas<br />

de “can-can” desafiavam os foliões<br />

a dançarem o ritmo em troca de<br />

brindes exclusivos da rede de hotéis.<br />

Foto: Marcus Claussen<br />

94 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


“Senhoras e senhores,<br />

esse é o Afródromo”<br />

Para nossa alegria, do Brasil e do mundo<br />

Fotos: Divulgação<br />

A<br />

s frases acima foram ditas pelo músico Carlinhos<br />

Brown durante o desfile que marcou o início do<br />

Afródromo, projeto que promete ser um grande marco<br />

no resgate da cultura afro no Carnaval de Salvador,<br />

patrocinado pela Nova Schin. O cortejo formado pelos<br />

principais blocos afros da Bahia, Ilê Aiyê, Filhos do<br />

Congo, Commanche do Pelô, Bankoma, Didá, Pracatum,<br />

Os Negões, Bloco da Capoeira, Filhos de Gandhy,<br />

Cortejo Afro, dentre outros, transformou a passarela<br />

do Campo Grande em um belo espetáculo a céu aberto.<br />

“É isso que buscamos. Reconhecimento do nosso<br />

valor cultural com desfiles em horários nobres junto<br />

com outros blocos. Só estamos reivindicando o nosso<br />

espaço”, disse Alberto Pitta, presidente da Liga dos<br />

Blocos Afros e Indígenas da Bahia.<br />

A multidão que acompanhou o desfile ficou satisfeita com<br />

o que viu. “Confesso que não estava tão confiante quanto à<br />

aceitação do povo em relação ao Afródromo, mas me enganei.<br />

Além de bonito, o desfile está valorizando boa parte dos<br />

blocos afros que fizeram parte do Carnaval da Bahia e que<br />

estavam correndo risco de desaparecer”, disse a contabilista<br />

Cássia Reis, antes de seguir o cortejo ao som da música<br />

Asanshu, cantada por todos em alto e bom som.<br />

Dentre as muitas presenças ilustres que fizeram questão<br />

de prestigiar e acompanhar o desfile afro de perto, destacamse<br />

o secretário de cultura do Estado, Albino Rubim, o cineasta<br />

americano, Spike Lee, que aproveitou o momento para gravar<br />

imagens para o seu documentário ‘Go Brazil Go’, além de<br />

líderes do movimento negro baiano, como Vovô do Ilê e Silvio<br />

Humberto, do Instituto Steve Biko.<br />

Publieditorial<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

95


ESTAÇÃO CERVEJÃO<br />

Baianos e turistas em clima de baile carnavalesco<br />

O<br />

Fotos: Valter pontes<br />

Museu du Ritmo também vestiu sua fantasia durante o Carnaval 2013. Bem<br />

caracterizado de baile carnavalesco, com direito a fanfarras e marchinhas<br />

da velha guarda, a estreia da Estação Cervejão foi uma alternativa triunfante em<br />

meio à folia momesca, atraindo baianos e turistas que queriam curtir o Carnaval<br />

longe dos circuitos oficiais. O evento inédito promovido pela Nova Schin em parceria<br />

com Carlinhos Brown foi na casa de eventos situada no bairro do Comércio, que<br />

durante todo o verão recebeu os Ensaios da Timbalada e o Sarau du Brown, também<br />

patrocinados pela Nova Schin.<br />

No segunda-feira, 11 de fevereiro, a banda percussiva feminina Didá foi a<br />

responsável pela abertura da festa e o cacique Brown foi o anfitrião da folia, recebendo<br />

como convidados especiais a banda Timbalada e a cantora Mira Callado, ex-participante<br />

do The Voice Brasil. “Estamos juntos aqui para fazer mais uma experimentação e<br />

recuperar a alma dos bailes carnavalescos”, disse Carlinhos Brown durante o show.<br />

O segundo dia do evento, 12 de fevereiro, encerrou o Carnaval com as canções<br />

carnavalescas da década de 70 cantadas pela banda Lateral Elétrica, e as apresentações<br />

da banda Vivendo do Ócio e Didá. Carlinhos Brown surgiu no palco com chapéu de<br />

caubói e agradeceu o público por mais uma noite inesquecível na Estação Cervejão.<br />

Durante os dois dias, o Museu du Ritmo foi envelopado com a comunicação<br />

visual da campanha de Verão e Carnaval da Nova Schin. “A alegria, diversão e<br />

descontração são os elementos que norteiam a nossa campanha e têm tudo a ver<br />

com essa festa. A Estação Cervejão no Museu du Ritmo veio para somar e ser<br />

mais uma opção de entretenimento para os foliões”, afirmou Guru, gerente de<br />

eventos da Brasil Kirin Bahia e Sergipe.<br />

Ações no Carnaval<br />

e no ano inteiro<br />

Durante o Carnaval de Salvador, a<br />

Nova Schin patrocinou camarotes<br />

como o Cerveja & Cia, Oceania e Via<br />

Folia e mais de 20 blocos dos circuitos<br />

Barra-Ondina e Campo Grande–Centro,<br />

como Cerveja & Cia, Cheiro de<br />

Amor, Eva, Timbalada e Harmonia do<br />

Samba. Há 11 anos, a marca apoia o<br />

famoso Carnaval baiano pela sua relevância<br />

no Nordeste e no mundo. A<br />

diretora de marketing da Brasil Kirin,<br />

Maria Inez Murad, defende que, para<br />

haver a manutenção da efervescência<br />

cultural da cidade de Salvador, é imprescindível<br />

que existam projetos de<br />

entretenimento durante todo o ano.<br />

“Além das ações durante o Carnaval,<br />

investimos em Salvador durante todo<br />

o ano. Promovemos atrações de divertimento<br />

para a população que, além<br />

de trazer alegria para esta cidade, são<br />

também uma forma de fidelizar nossos<br />

clientes”, comenta.<br />

Nova Schin em números<br />

31,8% de market share<br />

na Grande Salvador.<br />

5% de crescimento em volume de<br />

vendas em 2012 em relação a 2011.<br />

10% é a previsão de<br />

crescimento para 2013.<br />

3,1% do total de embalagens do<br />

mercado no Nordeste são da<br />

recém-lançada de Nova Schin<br />

300 ml retornável.<br />

8,3 bilhões de litros foi o que<br />

movimentou o mercado de cerveja<br />

no Brasil em 2012.<br />

1,3 bilhão só no Nordeste.<br />

Carlinhos Brown em dois momentos:<br />

cantando e dançando com Mira Callado e<br />

avaliando os bons resultados da ação com<br />

Guru, gerente da Brasil Kirin<br />

Publieditorial<br />

96 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Moulin Rouge em terras baianas<br />

O<br />

Camarote Salvador foi preenchido de irreverência,<br />

sensualidade e ousadia com as ações da cerveja<br />

Devassa by Playboy, que chegou pela primeira vez à<br />

Bahia diretamente para o camarote mais badalado<br />

da folia. Recém-lançada no mercado do Sudeste, o<br />

produto é uma parceria com a Playboy Enterprises e é<br />

direcionado para o público moderno e descolado, ideal<br />

para ser consumido em ocasiões de descontração. A<br />

marca Devassa patrocina pela quarta vez consecutiva o<br />

Camarote Salvador e este ano trouxe junto com o novo<br />

produto uma série de ações que reforçaram os atributos<br />

de ousadia e irreverência da marca, inspiradas no tema<br />

Moulin Rouge, um dos símbolos mais marcantes de Paris,<br />

tema do camarote. “A decoração este ano foi especial e<br />

tem tudo a ver com a atmosfera irreverente e ousada do<br />

nosso lançamento mais recente”, explica Aurelio Leiro,<br />

diretor regional da Brasil Kirin Bahia e Sergipe.<br />

No centro do Camarote Salvador foi montado<br />

o Moulin Devassa, com direito ao moinho de vento<br />

estilizado e dançarinas que deram um show à parte.<br />

As pin-ups da Devassa by Playboy, que estavam<br />

distribuídas por todos os espaços do camarote, também<br />

ajudaram a compor o clima Devassa, que envolveu os<br />

foliões noite afora. Ainda reunindo referências do que<br />

há de mais característico no entretenimento de Paris,<br />

a Devassa montou uma cabine de fotos, onde os foliões<br />

puderam posar com acessórios e adereços e deixar<br />

extravasar o lado devassa de cada um. Ao final da<br />

brincadeira, os foliões receberam uma tira de fotos com<br />

os cliques divertidos do grupo.<br />

A Devassa by Playboy é uma cerveja tipo pilsen,<br />

produzida com lúpulo especial, que permite o envase em<br />

embalagem transparente. Com teor alcoólico de 4,7%, a<br />

Devassa by Playboy é refrescante, seu sabor residual é<br />

mais agradável e o amargor tem duração mais curta.<br />

Alinne Moraes é a garota Devassa<br />

Fotos: Valter pontes<br />

Os executivos Aurelio Leiro (diretor regional da Brasil Kirin Bahia<br />

e Sergipe), Maria Inez Murad (diretora de marketing), Assis<br />

Carvalho (diretor comercial Norte), Guru (gerente de eventos da<br />

Bahia e Sergipe) e Paulo Góes (sócio do Camarote Salvador)<br />

Criada pela agência Mood e produzida pela O2 Filmes, o filme da campanha<br />

lançada durante o Verão convida os consumidores a ter sua<br />

primeira vez com a Devassa. A história traz Deco Silva, de 30 anos e<br />

mostra a repercussão que a primeira vez do personagem causa na web<br />

e em veículos de comunicação. Além disso, expõe como hoje o mundo<br />

virtual interage com real. A atriz Alinne Moraes, de forma irreverente<br />

e ousada, incentiva Deco e os consumidores a terem sua primeira<br />

vez com uma Devassa, dizendo: “A Devassa te pega pelo colarinho, te<br />

seduz pelo aroma e te dá água na boca”. Assista: http://goo.gl/zAw1d<br />

Fotos: Divulgação<br />

Publieditorial<br />

www.revistabmais.com março/abril e abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

97


arte & entretenimento | moda<br />

Carnavalesco<br />

da moda<br />

Chamado este ano para ser figurinista da escola de samba<br />

Porto da Pedra, no Rio de Janeiro, o estilista baiano Fábio<br />

Sande comemora a valorização do seu trabalho pela folia<br />

carioca e se arrisca a dizer: “O Carnaval de Salvador é feio”<br />

por Carolina Coelho<br />

Foto: Rômulo Portela<br />

98 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


“Em nenhuma época do ano há<br />

um respeito pelos estilistas daqui.<br />

Conheço excelentes profissionais<br />

que deixaram de trabalhar porque<br />

não eram bem remunerados. A<br />

moda da Bahia está acabando”<br />

Foto: Divulgação<br />

E<br />

m um visual despojado, vestindo short jeans<br />

rasgado e chinelo de dedo, Fábio Sande nos<br />

recebe em um dos seus ateliês personalizados<br />

com decoração toda em preto e branco, enquanto seu<br />

motorista o espera para levá-lo a uma hora marcada<br />

no salão. Quem acompanha as novidades do mundo da<br />

moda sabe que Fábio é uma figura marcada nos eventos<br />

fashions da capital baiana, além de ser o queridinho<br />

das noivas, misses, debutantes e formandas – e também<br />

das mães, irmãs e avós, coestrelas das festas – que<br />

depositam no estilista o sonho de estarem perfeitas no<br />

dia mais importante de suas vidas.<br />

Apesar de ter um tino afinado para embelezar<br />

mulheres, a paixão do estilista está mesmo é no<br />

Carnaval. Desde dezembro de 2012, Fábio está entre<br />

idas e vindas entre o Rio de Janeiro e Salvador, depois<br />

que foi convidado pelo carnavalesco Leandro Valente<br />

para confeccionar alguns dos figurinos da escola de<br />

samba carioca Porto da Pedra. As fantasias da musa<br />

da escola, do casal porta-bandeira e mestre-sala foram<br />

confeccionadas por Fábio aqui na Bahia e levadas<br />

para o Rio de Janeiro. Lá, o estilista ainda participou<br />

da composição dos carros alegóricos, arranjando os<br />

minuciosos detalhes que fazem do Carnaval carioca a<br />

festa do luxo e da beleza.<br />

Aos 39 anos e com a experiência de uma vida<br />

regada a muita moda e Carnaval, Fábio é enfático ao<br />

dizer: “O Carnaval de Salvador é muito feio, tudo é<br />

entupido de propagandas e ninguém se preocupa em<br />

deixar os trios bonitos”. Sem um cuidado especial com<br />

o patrimônio carnavalesco baiano, o estilista chama<br />

a atenção para as filmagens feitas pelas emissoras de<br />

televisão, que só mostram os trios e seus cantores e não<br />

o carnaval da pipoca. “Ninguém quer ver os ambulantes<br />

dormindo nas sarjetas, as caixas de isopor e a sujeira<br />

deixada no chão”, opina. E continua: “Os organizadores<br />

daqui ainda não entenderam que é preciso vender o<br />

belo. A escola de samba é o que é porque é uma coisa<br />

linda de se ver”, argumenta ele.<br />

Convidada para ser<br />

musa do Galagay<br />

Bahia, Monique<br />

Evans veste e usa<br />

adereços produzidos<br />

por Fábio Sande<br />

Foto: Alexandre Macieira/RIOTUR<br />

Casal de mestre-sala e porta-bandeira<br />

da escola de samba Porto da Pedra com<br />

fantasias confeccionadas pelo estilista<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ]<br />

99


Foto: Rômulo Portela<br />

Um dos vestidos<br />

de noiva produzidos<br />

pelo estilista para sua<br />

coleção de fim de ano<br />

Com vestidos únicos e<br />

personalizados, Fábio não<br />

faz aluguel de roupas, mas<br />

mantém um ateliê com alguns<br />

modelos para exposição<br />

Foto: Josefa Coimbra<br />

No Carnaval do axé, Fábio já participa há 14<br />

anos montando a decoração de alguns camarotes<br />

e confeccionando o figurino de cantoras baianas,<br />

como Emanuelle Araújo, Aline Rosa, Carla<br />

Cristina, Gilmelândia, Simone Sampaio e Viviane<br />

Tripodi. Mesmo as estrelas desfilando com seus<br />

vestidos em cima dos trios, o estilista afirma<br />

que não há uma valorização do trabalho dele<br />

por aqui. “É só as pessoas fazerem mais sucesso<br />

para começar a procurar profissionais de fora”,<br />

diz. Ele afirma que não há ressentimento, mas<br />

que esse comportamento desestimula o mercado<br />

de moda baiano. “Em nenhuma época do ano<br />

há um respeito pelos estilistas daqui. Conheço<br />

excelentes profissionais que deixaram de<br />

trabalhar porque não eram bem remunerados”.<br />

Por isso, o estilista lamenta não ter um<br />

concorrente no mesmo nível profissional que o<br />

seu, e afirma: “A moda da Bahia está acabando”.<br />

Sem o incentivo do mercado, que não absorve os<br />

novos estilistas e com a mão de obra custando<br />

muito caro para quem está começando, ele não<br />

vê um horizonte favorável para a produção da<br />

moda baiana. Mas ele conta que nem sempre<br />

foi assim. Ainda pequeno, podia acompanhar<br />

o trabalho dos estilistas baianos Di Paula, Ney<br />

Galvão e Júlio César Habbib, que despertavam<br />

nele admiração e identificação.<br />

Quando o Carnaval acaba, Fábio investe sua<br />

produção nos vestidos e acessórios de festa, que<br />

custam entre R$3 mil e R$15 mil, dependendo<br />

dos materiais usados. Todos os tecidos e os cristais<br />

diferenciados, ele traz do Rio de Janeiro. “Não<br />

encontro nada para vender aqui, então preciso<br />

trazer de fora. Não vou a São Paulo porque todo o<br />

mundo tem o que vende lá. No Rio ainda encontro<br />

coisas distintas”, revela. Trabalhando há dez<br />

anos com uma equipe formada por costureiras,<br />

bordadeiras, aderecista, secretária e motorista, ele<br />

consegue confeccionar cerca de 180 vestidos de<br />

festa por ano e ainda fazer o lançamento de uma<br />

nova coleção em dezembro.<br />

Agora, de volta à Bahia depois de três<br />

meses de intenso trabalho, Fábio retorna aos<br />

atendimentos às suas clientes, que esperavam<br />

ansiosamente pelo seu retorno. Ao ser<br />

perguntado sobre a possibilidade de deixar tudo<br />

aqui e ir morar no Rio de Janeiro, ele pensa e<br />

responde: “No Rio de Janeiro, eu sou apenas<br />

mais um, aqui já tenho meu público”. [B + ]<br />

100 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 101


arte & entretenimento | música<br />

Foto: Brisa Dultra<br />

Meninos ensaiam<br />

atentamente: para<br />

eles, a música é um<br />

caminho promissor<br />

Quabales,<br />

performance e música<br />

O projeto criado pelo integrante do<br />

Stomp Marivaldo dos Santos traz<br />

novidades do grupo inglês para o<br />

Nordeste de Amaralina, como a<br />

íntima ligação entre performance e<br />

música, além da utilização de objetos<br />

pouco convencionais na percussão<br />

por brisa dultra<br />

N<br />

ascido e criado no Nordeste de Amaralina,<br />

Marivaldo dos Santos foi morar em Nova<br />

Iorque em 1991, para dar aula de capoeira e<br />

se aprofundar na carreira de músico. Cinco anos após<br />

chegar à Big Apple, o baiano participou de uma seleção<br />

para ser o novo membro do Stomp, grupo inglês que<br />

mescla música e performance, utilizando instrumentos<br />

percussivos não convencionais. Foi convocado para<br />

fazer parte da trupe e, desde então, apresenta-se em<br />

empolgantes espetáculos que misturam música, dança<br />

e teatro: “Eu realmente não acreditava que ia ser<br />

escolhido. Era uma seleção muito grande. Hoje, o grupo<br />

faz parte da minha vida”.<br />

Há algum tempo, Marivaldo já vinha maturando<br />

a ideia de replicar o modelo artístico e performático<br />

do Stomp, através de um projeto social no Nordeste<br />

de Amaralina: “Sempre que nós estávamos em<br />

turnê, conhecíamos projetos sociais das cidades. Vi<br />

muita coisa diferente, que podia ser aplicada aqui<br />

no Nordeste. Eu queria retribuir ao meu bairro as<br />

oportunidades que tive na infância, dando chance a<br />

outros meninos de conhecer a música, de fazer com<br />

que a arte mude a vida deles, sendo também uma<br />

possibilidade profissional no futuro”.<br />

102 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


Foto: Divulgação<br />

(em cima) Marivaldo, entre Marquinhos e Denny,<br />

comanda ensaio do grupo Quabales, antes do<br />

Carnaval. (embaixo) De vassouras a vasos d’água,<br />

tudo pode ser um instrumento para o Quabales<br />

Marivaldo em ensaio com<br />

o Stomp, em Nova Iorque<br />

Fotos: Brisa Dultra<br />

Quabales, nome de um instrumento criado por<br />

Marivaldo, é também o nome do projeto, que contou<br />

com a ajuda de muitas pessoas para ganhar corpo:<br />

“A sede onde acontecem as oficinas de percussão<br />

e expressão corporal é uma casa da Associação de<br />

Moradores do Nordeste de Amaralina, que acabou<br />

abraçando a ação. Além disso, recebi o apoio do<br />

Stomp e de pessoas iluminadas, como Daniela<br />

(Mercury) e Ivete (Sangalo) que me deram um<br />

grande suporte para divulgar a ação, ganhar espaço<br />

na mídia e mobilizar mais pessoas”.<br />

Hoje, são mais de 50 alunos matriculados, que<br />

todas as segundas e quartas participam de aulas<br />

com métodos semelhantes aos do grupo inglês:<br />

“Conto principalmente com a ajuda dos músicos<br />

Denny Conceição e Marquinhos Show, que são<br />

voluntários do projeto e dão aula para esses<br />

meninos”, conta Marivaldo. Para Denny, participar<br />

do Quabales é gratificante: “Assim como Marivaldo,<br />

eu também sou nascido e criado no Nordeste. Aqui<br />

aprendi a tocar. Quero poder ensinar também, trocar<br />

experiência com esses jovens, fazer crescer o projeto,<br />

para que ele de fato se torne algo tão grande como o<br />

Stomp”, declara o músico.<br />

Marquinhos conta que ainda são muitos os desafios: “Falta<br />

mesmo estrutura, um local mais adequado para ensaios,<br />

apoio financeiro mesmo, para gente fazer manutenção dos<br />

instrumentos, comprar coisas novas, pagar professores, enfim,<br />

tornar o Quabales uma ação reconhecida pela sociedade e<br />

buscada pelos jovens do bairro”, conta o músico.<br />

Durante o Carnaval, o Quabales fez apresentação no<br />

Camarote Expresso 2222, de Gil, e também se apresentou na<br />

festa carnavalesca já tradicional do Nordeste: “O bairro tem<br />

uma programação especial no Carnaval e o Quabales fez uma<br />

apresentação no arrastão, que passeia pelas ruas do Nordeste<br />

fazendo muito batuque e performances como as do Stomp”. Depois<br />

da festa, Marivaldo retorna à Nova Iorque, onde vive com sua<br />

esposa Fernanda dos Santos. Lá, ele se apresenta no teatro do grupo<br />

Stomp, fazendo parte do elenco fixo que se apresenta na cidade.<br />

Além de ser um membro antigo do grupo, ele tem projetos<br />

independentes, como é o caso de uma banda em que toca rap:<br />

“É uma banda de elite, com trompete, trombone, sax, teclado e<br />

guitarra. Em maio, por exemplo, virei ao Brasil com o Blue Men, me<br />

apresentar nessa turnê”, conta. Durante a sua estada, vai aproveitar<br />

para vir ao Quabales, coisa que pretende fazer, pelo menos, de<br />

três em três meses: “Quero estar perto, para consolidar o projeto e<br />

fazê-lo crescer. Como disse um morador daqui – Prefiro o toque dos<br />

tambores do que a zoada dos tiros”. [B + ]<br />

www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 103


arte & entretenimento | off broadway<br />

Uma Salvador nova<br />

parecida com a antiga<br />

CRISTIANE<br />

GARCIA OLIVIERI<br />

Advogada, master em<br />

administração das artes<br />

e mestre em política<br />

cultural (USP- ECA)<br />

Apoiado pelos eleitores indignados<br />

com o abandono total da cidade, Salvador<br />

elegeu novo prefeito que assumiu em<br />

janeiro. Os desafios são enormes, face às<br />

tantas necessidades da população e ao<br />

tempo transcorrido sem qualquer projeto<br />

ou investimento público. Mas crise pode<br />

gerar soluções inusitadas. Há, de fato,<br />

ações prementes e emergenciais a serem<br />

implantadas de imediato – tão básicas quanto<br />

recolher o lixo das ruas, ou tentar organizar<br />

o trânsito. Mas, para além desse incômodos<br />

cotidianos, há, principalmente, a necessidade<br />

de desenvolver um plano estratégico para o<br />

futuro e para o desenvolvimento desta que foi<br />

a primeira capital do país, e é especialista em<br />

felicidade e hospitalidade.<br />

Torço, assim, para que essa nova gestão<br />

olhe para o potencial natural da cidade, que<br />

está ligado à produção musical e artística,<br />

ao turismo e à economia deles decorrente.<br />

Essa indiscutível vocação para produção de<br />

arte e de conteúdo, que parece simplesmente<br />

brotar das ruas, precisa ser incluída como<br />

prioridade da gestão pública e de suas<br />

políticas. Não para direcionar, classificar<br />

ou escolher, mas, para oferecer caminhos<br />

de formação, organização, distribuição,<br />

divulgação, e fortalecimento, gerando, assim,<br />

a implantação de uma indústria criativa com<br />

impacto econômico relevante.<br />

Experiências contemporâneas vividas<br />

por outras cidades têm demonstrado que o<br />

investimento e apoio às atividades artísticas e<br />

criativas geram desenvolvimento, empregos,<br />

sustentabilidade, auto estima, e a inclusão<br />

das comunidades. Em muitos casos, coloca a<br />

cidade no mapa de destinos do mundo. Ou<br />

seja, o investimento público em atividades da<br />

economia criativa gera não só emprego direto<br />

de suas atividades, como impacta no fluxo de<br />

turismo para a região, com desenvolvimento<br />

social, cultural, urbanístico e econômico.<br />

O caso do Museu Guggenheim é<br />

emblemático. A implantação do Museu em<br />

Bilbao mudou a história da cidade, que<br />

enfrentava crise econômica e estrutural. Foi<br />

construído pela gestão pública apesar da<br />

descrença de grande parte da população, e<br />

converteu Bilbao em destino para massa de<br />

turistas internacionais. Esse caso demonstra<br />

como o investimento em um espaço cultural<br />

criou, de fato, emprego, transformou a região,<br />

e gerou riqueza da mesma forma que faria a<br />

instalação de uma fábrica, mas com impacto<br />

bastante diverso para a população.<br />

E Salvador precisa de um Guggenheim?<br />

Provavelmente, não. Mas, a cidade precisa de<br />

um projeto novo e pode aprender com essa<br />

e tantas outras experiências que permitiram<br />

a requalificação de bairros e de patrimônio<br />

histórico, a transformação de cidades em<br />

cenário de filmes, ou a implantação de polos<br />

de criatividade. A partir dessa observação<br />

e aprendizado, criar seu próprio modelo de<br />

desenvolvimento. O principal e mais difícil<br />

insumo, que é a criatividade, já existe na<br />

cidade. Cabe, agora, agregar políticas que,<br />

usando talentos locais (soteropolitanos de<br />

nascença ou por opção), repensem e proponham<br />

novas formas de gerar riqueza e bem estar para<br />

os cidadãos. Uma Salvador nova, parecida com<br />

aquela antiga que produziu tantos artistas e<br />

pensadores, mas com projeto estratégico de<br />

médio e longo prazo.<br />

1<br />

De acordo com o Diário espanhol Expansión, de 11<br />

de Janeiro de 2006, desde a data da sua abertura,<br />

em 1997, até 2006, o museu já tinha coberto 18<br />

vezes o seu custo de construção ao atingir os 1,3<br />

bilhão de euros de lucro. No final de 2005, o PNB<br />

gerado pelo museu, 184.046.738€, representava<br />

0,34% do PNB gerado pelo País Basco.<br />

104 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 105


arte & entretenimento | atrás do trio<br />

Só não vai<br />

quem já morreu<br />

Jorge<br />

Cajazeira<br />

Executivo da Suzano<br />

Papel e Celulose,<br />

mestre e doutor em<br />

administração de<br />

empresas, presidente<br />

mundial da ISO 26000<br />

para Responsabilidade<br />

Social e presidente do<br />

Sindpacel - Sindicato<br />

Patronal de Papel e<br />

Celulose do Estado da<br />

Bahia<br />

Surpreende-me as críticas que tenho lido e<br />

ouvido sobre o Carnaval da Bahia. Tais críticas<br />

dão coro às provocações de pernambucanos<br />

e cariocas que veem no nosso Carnaval um<br />

concorrente forte e que precisa ser vencido.<br />

O fato é que o Carnaval da Bahia é realmente<br />

um espetáculo, que me perdoem cariocas<br />

e pernambucanos, sem comparativo em<br />

criatividade e emoção. Aqui, não existe o<br />

patrocínio do dinheiro dos bicheiros, tampouco<br />

existem leis para barrar a musicalidade<br />

de outro lugar. A revista Veja, em 24 de<br />

fevereiro de 1993, publicou uma reportagem<br />

de capa intitulada “A Bahia Ganhou”, quando,<br />

capitaneada pelo sucesso de Daniela Mercury, a<br />

festa baiana começava a desafiar a hegemonia<br />

do Rio no gosto popular. Na época, discutiam-se<br />

dois modelos: o espetáculo promovido pelas<br />

escolas de samba, mais bonitos de ser ver pela<br />

televisão ou a festa de rua, em que cada folião é<br />

parte integrante.<br />

Curiosamente, o Carnaval da Bahia, como<br />

é hoje, descende diretamente do conceito<br />

carnavalesco pernambucano. Em 1950, o Clube<br />

Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife,<br />

em viagem ao Rio de Janeiro, foi convidado<br />

para uma apresentação em Salvador pelas<br />

ruas da cidade. Nessa época, a capital baiana<br />

comemorava o Carnaval de forma bucólica, sem<br />

trios, sem algazarras, eram os caretas sambando<br />

pelas ruas e tomando umas biritas para<br />

descontrair ao som de bandinhas de coreto.<br />

Os integrantes do bloco Vassourinhas não<br />

imaginavam o impacto daquela apresentação<br />

improvisada. Uma multidão contaminada<br />

com os frevos atropelou tudo pelas ruas com<br />

trombadas e empurrões, em um prenúncio de<br />

todo o arsenal que compõe hoje a pipoca do<br />

Chiclete, o que levou a banda se refugiar no<br />

Palácio do Governo, enquanto o povo pulava de<br />

alegria. O acontecimento histórico inspirou o<br />

clássico do Carnaval baiano “Varre, varre, varre<br />

Vassourinhas...”, cantado por Moraes Moreira.<br />

Hoje as críticas à festa soteropolitana<br />

focam na perda do princípio básico do<br />

Carnaval que é a participação popular.<br />

Criticam-se os blocos carnavalescos que com<br />

suas cordas privatizam o espaço público e os<br />

camarotes que tornaram a festa indoor, com<br />

seus bailes privados regados a champanhe que<br />

faz a alegria das celebridades convidadas. A<br />

meu ver, as críticas não procedem.<br />

Desde os tempos da mortalha, hoje abadás,<br />

a pequena burguesia e a elite se divertiam<br />

em clubes privados, com bailes de máscaras<br />

ao som de marchinhas. Quem tem mais de 40<br />

anos se lembra da Segunda-Feira Gorda, do<br />

Bahiano de Tênis. O bloco carnavalesco Trazos-Montes,<br />

da Associação Atlética da Bahia,<br />

já tinha corda e para se diferenciar usava<br />

um macacão no lugar da mortalha, além do<br />

aparato de som e luzes inigualáveis no trio.<br />

Essas são as origens do Carnaval como<br />

é hoje. Dos bailes do Bahiano derivam os<br />

camarotes, do bloco Traz-os-Montes derivam<br />

os blocos pagos e do trio Tapajós (criado por<br />

Orlando de Campos) vem o Carnaval popular<br />

que se mantém vivo nos blocos sem corda e<br />

nas pipocas dos grandes trios. Na Baixa dos<br />

Sapateiros, no passado, a festa dos negros<br />

era embalada pelos grupos Embaixada<br />

Africana e Pândegos D’África. Hoje os<br />

blocos afros são parte do circuito principal e<br />

atração máxima pela indumentária colorida<br />

e o som dos atabaques. Mais uma prova de<br />

que cabe tudo na folia baiana.<br />

É claro que precisamos dar mais ordem<br />

à bagunça. É inaceitável o xixi pelas ruas, a<br />

exploração dos táxis, a ausência de controle e<br />

ordem com os vendedores ambulantes. Mas,<br />

se não aqui, em qual outro lugar no mundo<br />

se pode escutar artistas do quilate de Daniela<br />

Mercury, Ivete Sangalo, Claudia Leite e Durval<br />

Lelys absolutamente de graça? Por isso, me<br />

surpreende a falta de carinho com que se trata<br />

essa festa maravilhosa, democrática, inovadora,<br />

brilhante. No Carnaval da Bahia, já diria<br />

Caetano, só não vai quem já morreu.<br />

106 <strong>Revista</strong> [B + ] março/abril 2013 www.revistabmais.com


www.revistabmais.com março/abril 2013 <strong>Revista</strong> [B + ] 107

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