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G E O 2 0 0 7 - Programa de Naciones Unidas para el Medio Ambiente

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Realização<br />

Parceiros Institucionais<br />

Parceiros Estratégicos<br />

Instituições do Grupo GEO


GEO JUVENIL BRASIL<br />

Copyright © 2007<br />

<strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong> - PNUMA<br />

Esta publicação po<strong>de</strong> ser reproduzida, total ou parcialmente, sem a autorização do <strong>de</strong>tentor dos direitos autorais,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possua fins educativos gratuitos e que seja indicada a fonte. A presente publicação não po<strong>de</strong> ser usada <strong>para</strong><br />

revenda, nem <strong>para</strong> nenhum outro fim comercial, sem antes obter a permissão escrita do Grupo Interagir ou do PNUMA.<br />

Todas as ilustrações <strong>de</strong>ste livro foram reproduzidas com o prévio consentimento dos artistas envolvidos e o produtor,<br />

editor e impressor não se responsabilizam por qualquer violação dos direitos autorais ou sem<strong>el</strong>hantes, como resultado<br />

do conteúdo <strong>de</strong>sta publicação. Foram feitos todos os esforços possíveis <strong>para</strong> assegurar que os créditos sejam corretos.<br />

Isenção <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong><br />

As opiniões expressas nesta publicação pertencem aos autores e não são representativas da visão do PNUMA, do<br />

Grupo Interagir ou <strong>de</strong> seus representantes. As <strong>de</strong>signações empregadas e a apresentação dos temas não implicam a<br />

expressão da opinião por parte do PNUMA, ou do Grupo Interagir ou <strong>de</strong> seus organismos acerca da condição jurídica<br />

<strong>de</strong> nenhum país, território, cida<strong>de</strong>, área ou <strong>de</strong> suas autorida<strong>de</strong>s, nem sobre a <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> fronteiras ou <strong>de</strong> limites.<br />

Grupo Interagir<br />

SRTVN Quadra 701 Bloco P Sala 1132<br />

Ed. Brasília Rádio Center<br />

CEP: 70730-525 - Brasília /DF<br />

T<strong>el</strong>/Fax +55 (61) 3036.9675<br />

info@interagir.org.br<br />

<strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong><br />

<strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Escritório Regional <strong>para</strong> América Latina e Caribe<br />

PNUMA/ROLAC<br />

Clayton, Ciudad <strong>de</strong>l Saber<br />

Avenida Morse, Ed. 103<br />

Corregimiento <strong>de</strong> Ancon<br />

Ciudad <strong>de</strong> Panamá, Panamá<br />

CEP: 03590-0843<br />

T<strong>el</strong>: (507) 305.3100<br />

Fax: (507) 305.3105<br />

Primeira edição 2007.<br />

Impresso no Brasil, outubro <strong>de</strong> 2007.<br />

Ministério do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

Esplanada dos Ministérios Bloco “B” 5º andar Sala 553<br />

CEP: 70068.900 - Brasília/DF<br />

T<strong>el</strong>: +55 (61) 3317.1207<br />

T<strong>el</strong>efax: +55 (61) 3317.1757<br />

Ministério da Educação<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

Edifício do CNE - Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Educação<br />

SGAS Av. L2 Sul Quadra 607, Lote 50<br />

CEP: 70200-670 - Brasília/DF<br />

T<strong>el</strong>efones: + 55 (61) 2104.6142 / 2104.6166<br />

Fax: +55 (61) 2104.6110<br />

Secretaria-Geral da<br />

Presidência da República<br />

Secretaria Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

Pça. dos Três Po<strong>de</strong>res, Palácio do Planalto 4º andar<br />

CEP: 70150-900 - Brasília/DF<br />

T<strong>el</strong>efone: +55 (61) 3411.1225<br />

G342e<br />

GEO Juvenil Brasil.<br />

Expressando impressões por todo o país / GEO Juvenil Brasil l –<br />

Brasília, 2007.<br />

284 p.: il.<br />

ISBN XXXXXXXXXXXX<br />

1. Meio ambiente 2. Educação ambiental I. Título II. Série<br />

CDU 504


2007 | 1º Edição<br />

Brasília - DF


Realização: Grupo Interagir<br />

Coor<strong>de</strong>nação Nacional do Projeto: Camila Argôlo Godinho e Mateus Braga Fernan<strong>de</strong>s<br />

Secretariado Executivo do Projeto: Carla Hirata, Diogo André Assumpção e Vítor Massao<br />

Coor<strong>de</strong>nação Regional (Grupo GEO): Adriano Zanetti, Betânia Av<strong>el</strong>ar, Carolina Campos, Juliane Barbosa Corrêa,<br />

Mariana Santana e Rang<strong>el</strong> Arthur Mohedano<br />

Comitê Assessor: Berna<strong>de</strong>te Lange e Yana Dumaresq (PNUMA-Brasil), Fábio Deboni (MMA/MEC) e<br />

Carlos Odas (SNJ)<br />

Coor<strong>de</strong>nação Editorial e Redação Final: Carolina Nóbrega e Erika Costa<br />

Revisão: Carolina Men<strong>de</strong>s, Clóvis Henrique <strong>de</strong> Souza, Corina Desirée, Juliana Men<strong>de</strong>s, Lucas Farage, Luísa Molina,<br />

Marc<strong>el</strong> Taminato, Nathália Campos, Suzana Curi e Tereza Cristina Braga<br />

Revisão Técnica: Berna<strong>de</strong>te Lange (PNUMA-Brasil), Carmen Barreira (UEB/DF), Dani<strong>el</strong>a Ferraz (DEA/MMA), Fábio<br />

Deboni (MMA/MEC), Mariana Valente (WWF-Brasil), H<strong>el</strong>ena <strong>de</strong> Biase (CGE/FUNAI) e Carla Bento (CGDTI/FUNAI)<br />

Projeto e Produção Gráfica: Komuniki – Agência <strong>de</strong> Criativida<strong>de</strong><br />

Direção <strong>de</strong> Arte: Vítor Massao<br />

Assistência <strong>de</strong> Arte: Carla Hirata<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Visual: Luana Me<strong>de</strong>iros e Vítor Massao<br />

Normalização: Gabri<strong>el</strong>a Vieira Leitão<br />

ALGUNS DIREITOS RESERVADOS<br />

Esta obra é licenciada sob uma licença Creative Commons<br />

Atribuição-Uso Não-Comercial-Compatilhamento p<strong>el</strong>a<br />

mesma licença 2.5 Brasil<br />

Importância <strong>de</strong> se utilizar uma licença <strong>de</strong> Creative Commons<br />

A lei brasileira <strong>de</strong> direitos autorais protege qualquer obra que tenha sido realizada em um suporte tangív<strong>el</strong>. Dessa<br />

forma, na publicação do GEO Juvenil Brasil, os direitos autorais <strong>de</strong>vem ser mantidos <strong>para</strong> todas as expressões recolhidas.<br />

Contudo, Creative Commons é uma licença que reserva alguns direitos autorais, facilitando a distribuição<br />

e utilização <strong>de</strong>sse material. Portanto, o reconhecimento do autor das expressões é plenamente válido <strong>para</strong> o GEO<br />

Juvenil Brasil. Porém, Creative Commons proporciona mais facilmente a difusão e o conhecimento <strong>de</strong>sse material,<br />

permitindo que a publicação seja copiada, distribuída e exibida livremente.<br />

Com Creative Commons, o GEO Juvenil Brasil consolida seu objetivo <strong>de</strong> ser um instrumento político, o que<br />

significa apoiar esse i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> conhecimento livre e <strong>de</strong>mocrático e conseguir alcançar a maior distribuição possív<strong>el</strong> das<br />

publicações, chegando aos tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e aos jovens <strong>de</strong> movimento socioambiental.<br />

Página da internet sobre Creative Commons:<br />

http://www.creativecommons.org.br/


Sumário<br />

Família GEO 7<br />

Prefácio 11<br />

Histórico & Provocações: Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> 12<br />

Sonhos, Desafios & Perspectivas da<br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> 14<br />

Interagir e Expressar Impressões 17<br />

Por Diálogos <strong>de</strong> Gerações e<br />

Garantia <strong>de</strong> Diversida<strong>de</strong> 20<br />

O Livro como Controle Social 22<br />

Leia Antes <strong>de</strong> Usar, Use Enquanto Ler 28<br />

Região Su<strong>de</strong>ste 30<br />

Água 34<br />

Biomas Brasileiros 39<br />

Áreas Urbanas 42<br />

Atmosfera & Mudanças Climáticas 49<br />

Educação Ambiental 52<br />

Legislação Ambiental 55<br />

Terra & Alimentos 57<br />

Desenvolvimento Comunitário 61<br />

Energia & Transporte 64<br />

Região Sul 68<br />

Energia & Transporte 72<br />

Terra & Alimentos 75<br />

Áreas Urbanas 80<br />

Atmosfera & Mudanças Climáticas 83<br />

Biomas Brasileiros 87<br />

Água 90<br />

Legislação Ambiental 95<br />

Educação Ambiental 97<br />

Desenvolvimento Comunitário 100<br />

Desertificação 105<br />

Região Norte 108<br />

Biomas Brasileiros 112<br />

Atmosfera & Mudanças Climáticas 116<br />

Água 119<br />

Terra & Alimentos 124<br />

Energia & Transporte 127<br />

Legislação Ambiental 130<br />

Áreas Urbanas 132<br />

Desenvolvimento Comunitário 136<br />

Educação Ambiental 139<br />

Região Centro-Oeste 142<br />

Áreas Urbanas 145<br />

Desenvolvimento Comunitário 151<br />

Biomas Brasileiros 154<br />

Energia & Transporte 157<br />

Atmosfeta & Mudanças Climáticas 161<br />

Terra & Alimentos 164<br />

Água 167<br />

Educação Ambiental 171<br />

Legislação Ambiental 177<br />

Região Nor<strong>de</strong>ste 180<br />

Água 184<br />

Biomas Brasileiros 188<br />

Desertificação 193<br />

Desenvolvimento Comunitário 196<br />

Atmosfera & Mudanças Climáticas 200<br />

Energia & Transporte 202<br />

Terra & Alimentos 204<br />

Áreas Urbanas 207<br />

Educação Ambiental 211<br />

Conclusão 214<br />

Possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Atuação e Intervenção 216<br />

Atuar <strong>para</strong> Hoje e <strong>para</strong> Mais Além 225<br />

Jovens em Ação 228<br />

Cartografia Impressa da<br />

Expressão do Sonho 235<br />

Cartas 240<br />

Registro <strong>de</strong> Colaboradores 257<br />

Referências 266<br />

Glossário 275


Família GEO<br />

7<br />

Global Environment Outlook<br />

Informe mundial<br />

Des<strong>de</strong> 1995, o <strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> – PNUMA conduz um projeto global <strong>de</strong> avaliações<br />

integrais sobre o estado do meio ambiente,<br />

<strong>de</strong>nominado GEO. O GEO aborda diversos escopos<br />

temáticos e geográficos em matéria <strong>de</strong> avaliação ambiental<br />

e vem estab<strong>el</strong>ecendo uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> colaboradores<br />

<strong>de</strong> entre distintos setores da socieda<strong>de</strong>, produzindo<br />

informes atualizados que objetivam oferecer insumos<br />

<strong>para</strong> a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre políticas públicas <strong>de</strong><br />

meio ambiente e <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Des<strong>de</strong> 1997, quando foi publicado o primeiro r<strong>el</strong>atório<br />

global GEO, iniciando uma série bienal, são construídas<br />

bases <strong>de</strong> informação ambiental <strong>el</strong>aboradas <strong>de</strong> forma<br />

participativa por membros <strong>de</strong> instituições governamentais,<br />

organismos internacionais e da socieda<strong>de</strong> civil,<br />

seguindo as recomendações da Agenda 21. Além dos<br />

dados geográficos e estatísticos, o GEO aponta priorida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ação e respostas políticas <strong>para</strong> reverter cenários<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental e construir uma agenda<br />

positiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong>.<br />

Cientificamente embasado, o GEO adota a metodologia<br />

“estado – pressão – impacto – resposta – EPIR” seguida<br />

da projeção <strong>de</strong> cenários futuros e <strong>de</strong> propostas e recomendações.<br />

Visa respon<strong>de</strong>r a seis perguntas básicas:<br />

• O que está ocorrendo com o meio ambiente?<br />

• Por que está ocorrendo?<br />

• Qual é o impacto?<br />

•Quais são as políticas adotadas <strong>para</strong> solucionar os problemas<br />

ambientais?<br />

• O que acontecerá no futuro se não atuarmos hoje?<br />

• O que fazer <strong>para</strong> reverter os problemas atuais?<br />

Em 2002 foi lançado o GEO Brasil, apresentando o<br />

diagnóstico da situação do meio ambiente brasileiro e<br />

respostas institucionais <strong>para</strong> solucionar os problemas<br />

apresentados. Atualmente, a nova etapa do processo<br />

GEO Brasil vem se <strong>de</strong>senvolvendo no âmbito do Sistema<br />

Nacional <strong>de</strong> Informações sobre Meio <strong>Ambiente</strong> –<br />

SINIMA, no formato <strong>de</strong> uma Série Temática que busca<br />

disponibilizar informações consistentes e análises integradas<br />

com foco em gestão ambiental.<br />

GEO Juvenil ALC<br />

Perspectivas da<br />

Juventu<strong>de</strong><br />

O GEO Juvenil América Latina e Caribe foi iniciado em<br />

1999 p<strong>el</strong>o Escritório Regional <strong>para</strong> América Latina e Caribe<br />

– PNUMA/ORPALC <strong>de</strong>ntro do mesmo contexto processo<br />

GEO Global. A primeira publicação, lançada em 2001,<br />

tornou-se referência na formulação <strong>de</strong> políticas públicas<br />

ambientais <strong>para</strong> jovens em muitos países da região.<br />

A expectativa do projeto é promover o diálogo entre jovens<br />

em r<strong>el</strong>ação ao meio ambiente, assim como educar<br />

e prover ferramentas <strong>de</strong> capacitação <strong>para</strong> que estejam<br />

ativamente comprometidos com a sustentabilida<strong>de</strong>, por<br />

meio <strong>de</strong> avaliações ambientais integrais.<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens que participam do projeto GEO Juvenil<br />

ALC já trabalha com mais <strong>de</strong> 50 mil jovens em mais <strong>de</strong> 28<br />

países da região. Também é parte <strong>de</strong> TUNZA, estratégia<br />

do PNUMA que trata <strong>de</strong> formação e envolvimento <strong>de</strong><br />

crianças e jovens nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre questões<br />

ambientais globais.<br />

R<strong>el</strong>atórios nacionais realizados por jovens já foram<br />

concluídos no Peru, Argentina, Uruguai, México, Cuba<br />

e Colômbia. Sub-regionalmente, foi concluída a publicação<br />

da América Central e está em fase <strong>de</strong> conclusão a<br />

do Caribe. Em 2006, Equador, Chile e Panamá iniciaram<br />

o projeto do GEO Juvenil.


8<br />

Com o GEO Juvenil, aspira-se a:<br />

Informar jovens sobre o estado atual do meio ambiente;<br />

Educar sobre nosso impacto ambiental em curto e longo<br />

prazo;<br />

Facilitar ações que proponham soluções futuras mediante<br />

educação prática;<br />

Conectar jovens da região latino-americana e caribenha;<br />

Promover a consciência ambiental;<br />

Envolver jovens nos processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

ambientais em nív<strong>el</strong> local, nacional e regional;<br />

Cooperar com jovens e outros agente sociais.<br />

GEO JUVENIL BRASIL<br />

UM MEMBRO DA FAMÍLIA GEO<br />

\<br />

com a parceria estratégica<br />

da União dos Escoteiros do Brasil<br />

– UEB, do WWF-Brasil, da Fundação Nacional do Índio –<br />

FUNAI, da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral – CEF e do <strong>Programa</strong><br />

das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento – PNUD.<br />

Durante 24 meses <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, o Grupo Interagir, por<br />

meio do GEO Juvenil Brasil, buscou proporcionar a jovens<br />

e a organizações das juventu<strong>de</strong>s brasileiras a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressar seus sentimentos e suas idéias<br />

em r<strong>el</strong>ação ao meio ambiente, culminando nesta publicação-referência.<br />

N<strong>el</strong>a há impressões, dados, análises,<br />

metodologias e fazeres-políticos, a partir <strong>de</strong> uma perspectiva<br />

jovem, <strong>de</strong>ntro da temática socioambiental.<br />

O GEO Juvenil Brasil é um projeto brasileiro, que faz<br />

parte da família <strong>de</strong> processos GEO (Perspectivas do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> Global, por sua sigla em inglês). O GEO Juvenil<br />

Brasil iniciou-se em 2003, quando a organização <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> Grupo Interagir firmou acordo com o PNUMA<br />

<strong>para</strong> ser a Instituição Executora Nacional do projeto.<br />

Aproveitando o momento propício no cenário brasileiro<br />

em r<strong>el</strong>ação aos temas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e meio ambiente, o<br />

Grupo Interagir se uniu à parceiros institucionais, buscando<br />

inserir o projeto no contexto institucional a<strong>de</strong>quado,<br />

on<strong>de</strong> resultados e recomendações pu<strong>de</strong>ssem contribuir<br />

com o processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política. Para isso,<br />

o Ministério do Meio <strong>Ambiente</strong>, o Ministério da Educação<br />

e a Secretaria Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> formaram<br />

parte do Comitê Assessor do projeto, formulando as<br />

diretrizes <strong>de</strong> sua execução.<br />

Para potencializar a mobilização, fortalecer o engajamento<br />

<strong>de</strong> jovens em r<strong>el</strong>ação à temática socioambiental e<br />

prover suporte técnico, o GEO Juvenil Brasil conta ainda<br />

Para sensibilizar 15 mil pessoas, os 60 Jovens Focais sugeriram<br />

e registraram as mais <strong>de</strong> 100 ativida<strong>de</strong>s nas 27<br />

unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas do país, garantindo a capilarida<strong>de</strong><br />

necessária ao projeto e a representativida<strong>de</strong> das juventu<strong>de</strong>s<br />

brasileiras. Essas pessoas se articulam por meio<br />

da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jovens Focais e Membros do Grupo GEO,<br />

buscando perceber como jovens brasileiros interpretam<br />

seus ambientes e o que fazem <strong>para</strong> conservá-los e <strong>para</strong><br />

m<strong>el</strong>horarem sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. A Plataforma <strong>de</strong>


9<br />

Parceiros vestindo a camisa, Lançamento Nacional [JulianaMen<strong>de</strong>s]<br />

Comunicação<br />

(www.geojuvenil.org.br) é um dos instrumentos<br />

<strong>para</strong> reunir estas impressões e animar a Re<strong>de</strong>.<br />

O GEO Juvenil Brasil inovou metodologicamente ao<br />

estar presente em todos os estados do país e por consolidar<br />

seu Cons<strong>el</strong>ho Editorial com diversas gerações <strong>de</strong><br />

socioambientalistas, valorizando visões <strong>de</strong> povos indígenas,<br />

<strong>de</strong> movimentos sociais e <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s não-organizadas,<br />

além da eqüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e das dicotomias<br />

urbano/rural e capital/interior.<br />

O GEO Juvenil Brasil é um processo <strong>de</strong> mobilização,<br />

sensibilização e articulação que possibilitará o reconhecimento<br />

das ações da juventu<strong>de</strong> e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

áreas prioritárias <strong>de</strong> ação. Externalizando<br />

a consciência dos problemas e<br />

soluções socioambientais, o projeto<br />

proporciona idéias e ferramentas<br />

que po<strong>de</strong>m ser usadas <strong>para</strong> estimular<br />

a participação em ativida<strong>de</strong>s<br />

r<strong>el</strong>acionadas com a conservação<br />

e gestão dos recursos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

níveis educativos até os <strong>de</strong> tomada<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

A importância <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>ste projeto é ser<br />

parte <strong>de</strong> um espaço aberto <strong>de</strong> expressão e impressão,<br />

no qual se constituem bases <strong>de</strong> uma educação tal que levará à promoção mais sólida da sustentabi-<br />

ambienlida<strong>de</strong>,<br />

contribuindo <strong>para</strong>: Integração equilibrada das<br />

dimensões ambiental, social, ética, cultural, econômica<br />

e política; Disponibilização <strong>de</strong> informações socioambientais;<br />

Formação <strong>de</strong> educadores e educadoras ambientais;<br />

Participação e Controle Social; e Transversalida<strong>de</strong>.<br />

Publicação e Distribuição<br />

Instrumentalizar e Facilitar o acesso<br />

• Finalizar e Publicar<br />

• Avaliar e Disseminar proposta<br />

• Distribuir em espaços públicos<br />

Reunião Editorial<br />

Expressar impressões em publicação-referência<br />

• Cons<strong>el</strong>ho Editorial<br />

• Triagem e Editoração<br />

Reencantar p<strong>el</strong>a percepção lúdica e artistíca do ambiente<br />

• Intervenção em espaços<br />

• Sarau Socioambiental<br />

• Análise e Expressões das artes<br />

Ativida<strong>de</strong>s nos estados<br />

Conectar ativida<strong>de</strong>s e parceiros coletando impressões<br />

• Calendários locais e regionais<br />

• JoPe GEO<br />

• Metodologias e fazer-político<br />

Formação dos Jovens Focais<br />

Fortalecer apropriação e reflexão sobre a temática socioambiental<br />

• Encontros presenciais<br />

• Formação à Distância<br />

Estab<strong>el</strong>ecer bases <strong>para</strong> a realização do projeto<br />

• Arquitetura <strong>de</strong> Capilarida<strong>de</strong><br />

• Metodologia<br />

• Ferramentas <strong>de</strong> Comunicação<br />

• Parcerias Institucionais


11<br />

Prefácio<br />

Caro Leitor,<br />

Após 24 meses <strong>de</strong> implementação do GEO Juvenil Brasil, presenciamos hoje o lançamento <strong>de</strong>sta publicação-referência,<br />

que preten<strong>de</strong> disseminar os resultados e as conclusões <strong>de</strong> um amplo processo <strong>de</strong> mobilização <strong>de</strong> jovens e<br />

organizações <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Por um lado, a presente publicação é um registro fi<strong>el</strong> das diversas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> engajamento <strong>de</strong> jovens em torno<br />

da temática ambiental, as quais reuniram aproximadamente 15 mil jovens nos 27 estados do país. Por outro, este<br />

documento lança propostas e recomendações <strong>de</strong> respostas institucionais e políticas públicas em temas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong><br />

e meio ambiente. Desenvolvida como forma <strong>de</strong> dar aos jovens a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressar seus sentimentos e suas<br />

idéias em r<strong>el</strong>ação à preocupações socioambientais, o GEO Juvenil Brasil tenta respon<strong>de</strong>r à uma <strong>de</strong>manda social por<br />

maior espaço na formulação <strong>de</strong> políticas públicas.<br />

Muitas foram as inovações do GEO Juvenil Brasil em r<strong>el</strong>ação aos outros processos GEO Juvenil na região. E, em se<br />

tratando <strong>de</strong> Brasil, não po<strong>de</strong>ria ser diferente.<br />

Em primeiro lugar, nenhum outro país da América Latina ou do Caribe dispõem do nív<strong>el</strong> <strong>de</strong> institucionalida<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

questões <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> como o Brasil. A criação da Secretaria Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong>, o Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

e o <strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Inclusão <strong>de</strong> Jovens – ProJovem ilustram tal realida<strong>de</strong>. A<strong>de</strong>mais, o Brasil é referência<br />

mundial em termos <strong>de</strong> legislação e institucionalida<strong>de</strong> ambiental, possuindo um alto grau <strong>de</strong> articulação da socieda<strong>de</strong><br />

civil, representada por centenas <strong>de</strong> organizações e movimentos sociais, orientados <strong>para</strong> proteção ambiental e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong>.<br />

Dessa forma, o cruzamento das variáveis jovens e meio ambiente no Brasil teria <strong>de</strong> ser inovadora. O GEO Juvenil<br />

Brasil representa um marco em termos <strong>de</strong> inovação metodológica e <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> da juventu<strong>de</strong>.<br />

Diferentemente dos <strong>de</strong>mais GEO Juvenil, que são organizados por temas, o processo GEO Juvenil Brasil foi orientado<br />

p<strong>el</strong>as regiões do país, valorizando suas particularida<strong>de</strong>s e priorizando a qualida<strong>de</strong>s das discussões e o retrato dos<br />

movimentos ambientalistas e juvenis <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. O GEO Juvenil Brasil também inclui preocupações com o<br />

diálogo inter-geracional, indígena, movimentos sociais e <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s não-organizadas, além <strong>de</strong> observar questões<br />

<strong>de</strong> gênero e inclusão rural e urbana.<br />

Esperamos po<strong>de</strong>r ter contribuido e continuar contribuindo com o diálogo socioambiental da juventu<strong>de</strong> brasileira.<br />

Boa Leitura!


12<br />

Histórico &<br />

Provocações: Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

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14<br />

Sonhos, Desafios &<br />

Perspectivas da Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

O movimento ambientalista no Brasil sempre contou com a participação das juventu<strong>de</strong>s. As li<strong>de</strong>ranças adultas <strong>de</strong><br />

hoje voltaram seus olhares <strong>para</strong> as questões ambientais ainda quando jovens. Gran<strong>de</strong> parte das entida<strong>de</strong>s ambientalistas<br />

tem nos jovens sua força mobilizadora e questionadora. Respon<strong>de</strong>r quando nasceu o movimento da juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o meio ambiente é tarefa complicada. O fato é que se configura no país o início <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> articulação e <strong>de</strong><br />

re-organização <strong>de</strong> jovens que buscam trabalhar e influenciar as políticas públicas <strong>de</strong> meio ambiente.<br />

O Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> - CONJUVE tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular e propor<br />

diretrizes voltadas à promoção <strong>de</strong> políticas públicas <strong>para</strong> jovens, além <strong>de</strong> fomentar<br />

estudos e pesquisas sobre a realida<strong>de</strong> sócio-econômica juvenil. Des<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2005,<br />

quando foi implantado p<strong>el</strong>a Lei nº 11.129/05 e regulado p<strong>el</strong>o Decreto nº 5490/05 e p<strong>el</strong>a<br />

Portaria nº 123/06, o CONJUVE é composto <strong>de</strong> 60 membros, sendo 40 da socieda<strong>de</strong> civil<br />

e 20 do governo fe<strong>de</strong>ral. Com a criação <strong>de</strong>ste espaço, percebe-se tanto um avanço nas<br />

articulações quanto no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pressão popular <strong>de</strong>ste movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Mesmo com incertezas e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes da fase <strong>de</strong> formação, profissionalização e construção <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, jovens têm aceitado o <strong>de</strong>safio do engajamento nas questões socioambientais. Querem trabalhar e discutir<br />

essas questões <strong>para</strong> buscar formas mais humanas e naturais <strong>de</strong> viver e conviver. Para isso, visualizaram a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> afirmar e <strong>de</strong> praticar interiormente e externamente os princípios e os valores essenciais <strong>para</strong> a transformação,<br />

como: solidarieda<strong>de</strong>, amiza<strong>de</strong>, paz, respeito, responsabilida<strong>de</strong>, cooperação, partilha <strong>de</strong> saberes e <strong>de</strong> vivências.<br />

Surge a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar da construção, <strong>de</strong> colocar a “mão na massa” e <strong>de</strong> ser agente <strong>de</strong> transformação do<br />

atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong>. A participação ativa <strong>de</strong> jovens em entida<strong>de</strong>s ambientalistas ou em re<strong>de</strong>s<br />

sociais criou alianças e perspectivas repletas <strong>de</strong> potenciais e <strong>de</strong>mandas.<br />

Reunião REJUMA, IEJMA<br />

[Arquivo Interagir]<br />

A Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong> P<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> - REJUMA, fundada em 2003,<br />

interliga jovens do movimento socioambiental <strong>de</strong> todas as 27 Unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração.<br />

Foi criada durante o I Encontro da Juventu<strong>de</strong> P<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> em Luziânia/GO,<br />

e tem como objetivo integrar e articular jovens a fim <strong>de</strong> sensibilizar a socieda<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> promover a educação socioambiental <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> um Brasil sustentáv<strong>el</strong>,<br />

fortalecendo as ações locais e nacionais, por meio <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> experiências e da<br />

cooperação. Trata-se <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>, inicialmente estimulada p<strong>el</strong>os Ministérios do<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> e da Educação, e que hoje trilha sua autonomia e emancipação,<br />

p<strong>el</strong>a presença em diversos espaços <strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong> proposição e <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />

políticas públicas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e meio ambiente, como Conferências Nacionais<br />

<strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>, Comissões Inter-institucionais <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

- CIEAs e encontros locais, regionais e nacionais <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

Também possui assento no CONJUVE, coor<strong>de</strong>nando a câmara temática <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida.<br />

Contato: www.rejuma.org.br


15<br />

Neste contexto, é importante <strong>de</strong>stacar as iniciativas do Órgão Gestor da Política Nacional <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

(Ministérios da Educação e Meio <strong>Ambiente</strong>), que propõe que o trabalho seja feito com e por jovens. O <strong>Programa</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> e Meio <strong>Ambiente</strong>, os processos <strong>de</strong> Conferências Infanto-Juvenis p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e o <strong>Programa</strong> Vamos<br />

Cuidar do Brasil com as Escolas possibilitaram o encontro <strong>de</strong> jovens mobilizados ou interessados p<strong>el</strong>a causa.<br />

Coletivos<br />

Jovens <strong>de</strong><br />

Meio<strong>Ambiente</strong><br />

Os Coletivos Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> - CJs são grupos informais compostos por jovens<br />

li<strong>de</strong>ranças e membros <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, que têm como objetivo articular<br />

pessoas e organizações, estimular o pensamento crítico, planejar e <strong>de</strong>senvolver<br />

propostas, projetos e ações que contribuam <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> cidadãos responsáveis e<br />

comprometidos com a temática socioambiental, construindo participativamente novas<br />

formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e buscando m<strong>el</strong>horias na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Existentes nas 27<br />

Unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração, os CJs foram co-responsáveis p<strong>el</strong>a organização <strong>de</strong> todo o processo<br />

das Conferências Infanto-Juvenis p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, seguindo o princípio “jovem educa<br />

jovem”, ou seja, jovens contribuindo no engajamento <strong>de</strong> outros jovens. A maioria dos<br />

participantes possui entre 17 e 25 anos e cursam ensino médio ou universida<strong>de</strong>.<br />

Como se po<strong>de</strong> verificar, frutos já são colhidos p<strong>el</strong>o país afora: CJs em todo o Brasil, REJUMA buscando i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

autonomia e, recentemente, a criação do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> no âmbito do FBOMS.<br />

FBOMS é a sigla <strong>de</strong> Fórum Brasileiro <strong>de</strong> ONGs e Movimentos Sociais <strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

e Desenvolvimento. Ele foi criado em 1990 <strong>para</strong> concretizar a unificação entre as questões<br />

sócio-econômicas ambientais na busca <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong>, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir uma socieda<strong>de</strong> mais justa, eqüitativa e ambientalmente correta. O GT<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> foi criado em 2004 com os objetivos <strong>de</strong> mapear e fortalecer a participação da<br />

juventu<strong>de</strong> no FBOMS; articular a transversalida<strong>de</strong> da temática ambiental nos movimentos<br />

e políticas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>; criar espaços que permitam aos jovens a participação, renovação,<br />

ampliação e formulações <strong>de</strong> políticas ambientais; estab<strong>el</strong>ecer a interface com os outros<br />

GTs <strong>para</strong> a formação dos jovens nas temáticas ambientais; e inclusão da juventu<strong>de</strong> nas<br />

construções das propostas <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>ste Fórum.<br />

Contato: www.fboms.org.br<br />

O ato <strong>de</strong> conhecer, <strong>de</strong>scobrir, fazer amiza<strong>de</strong>s e parcerias por todos os cantos do Brasil se constitui importante<br />

ferramenta <strong>para</strong> o nascimento <strong>de</strong> novos sonhos, <strong>de</strong> esperanças compartilhadas, <strong>de</strong> avanços pessoais e coletivos.<br />

Este processo é ao mesmo tempo orgânico e impulsionado p<strong>el</strong>as visões e contradições <strong>de</strong> jovens que amadurecem<br />

cotidianamente.<br />

A juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o meio ambiente vive importante momento <strong>de</strong> busca da emancipação individual e coletiva através da<br />

aceitação da diversida<strong>de</strong>. A opção é respeitar diferentes perspectivas i<strong>de</strong>ológicas, político-partidárias ou não, tendo<br />

em vista que cada pessoa po<strong>de</strong> optar p<strong>el</strong>os mais diversos caminhos e, mesmo assim, encontrar proximida<strong>de</strong>, união.


16<br />

II Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> [Arquivo Interagir]<br />

Reunião Editorial GEO Juvenil Brasil [Arquivo Interagir]<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, o <strong>de</strong>stino é o mesmo: a transformação socioambiental, a construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.<br />

O caminho comum que os jovens estão traçando com firmeza é a Educação Ambiental, como meio <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong><br />

manifestação do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> atuar e <strong>de</strong> participar. Vivenciar, <strong>de</strong>senvolver e compartilhar processos transformadores <strong>de</strong><br />

Educação Ambiental mantém a chama acesa e possibilita reflexões e mudanças. Com <strong>el</strong>as, é possív<strong>el</strong> comemorar os<br />

avanços <strong>para</strong> mais <strong>de</strong>scobertas e <strong>para</strong> a continuida<strong>de</strong> da postura crítica diante da realida<strong>de</strong> complexa.<br />

Existe, ainda, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhar as agendas e <strong>de</strong> criar agendas comuns, como próximo passo. Afinal <strong>de</strong><br />

contas, o <strong>de</strong>safio exige que se tenha clareza e consciência das intenções. Mobilizar e <strong>de</strong>spertar jovens <strong>para</strong> a visão<br />

integrada do ambiente que nos cerca não é tarefa fácil. E não falamos apenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a juventu<strong>de</strong>, pois, mais<br />

que isso, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>spertar a socieda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> do cuidado com a diversida<strong>de</strong> da vida.<br />

O <strong>de</strong>spertar <strong>para</strong> a importância <strong>de</strong> posicionamentos políticos, argumentações técnicas, embasamento conceitual,<br />

domínio do que se quer e do que não se quer, além <strong>de</strong> sabedoria <strong>para</strong> justificar com segurança a <strong>de</strong>cisão – estas<br />

são atitu<strong>de</strong>s e práticas que <strong>de</strong>vemos incorporar ao movimento. Vale mesmo investir na construção <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s,<br />

valem a <strong>de</strong>dicação, os estudos, os interesses pessoais e profissionais, o esforço coletivo e a força comum <strong>para</strong> o<br />

alcance dos sonhos. Esta é uma perspectiva. Qual é a sua?<br />

É importante perceber a responsabilida<strong>de</strong> assumida: renovar o movimento ambientalista e manter essa luta<br />

sempre viva. O compromisso é dar continuida<strong>de</strong>, avançar, apren<strong>de</strong>r com as experiências atuais <strong>para</strong> criação <strong>de</strong><br />

novas estratégias. Para isso, a juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o meio ambiente valoriza a arte, a criativida<strong>de</strong>, a necessida<strong>de</strong> do<br />

<strong>de</strong>bate, do conflito e dos questionamentos. Vale ressaltar que esse compromisso é compartilhado com todo o<br />

movimento ambientalista, que precisa valorizar o potencial e os trabalhos dos jovens hoje, <strong>para</strong> possibilitar significativos<br />

saltos adiante.<br />

Avanços e potenciais nos enchem <strong>de</strong> esperança, mas não apagam os <strong>de</strong>safios, as dúvidas e as incertezas. Muitas<br />

perguntas permeiam as mentes e os corações. Como conseguiremos as respostas? Só vivendo.<br />

Jovens do Cons<strong>el</strong>ho Editorial


Interagir e<br />

Expressar Impressões<br />

17<br />

“Expressando impressões por todo país”. Esse foi o <strong>de</strong>safio<br />

aceito p<strong>el</strong>o Grupo Interagir quando se propôs a executar<br />

o projeto GEO Juvenil Brasil. As estratégias <strong>el</strong>aboradas<br />

<strong>para</strong> o projeto rev<strong>el</strong>avam a missão institucional <strong>de</strong><br />

articular e fomentar o Protagonismo Juvenil.<br />

O Grupo Interagir é uma organização<br />

não-governamental local<br />

que atua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano 2000<br />

<strong>de</strong>senvolvendo ações regionais e<br />

nacionais. É formado por jovens<br />

que acreditam no potencial <strong>de</strong><br />

realização da juventu<strong>de</strong>, na revitalização<br />

<strong>de</strong> diálogos inter-geracionais<br />

e na criação e efetivação <strong>de</strong> novos<br />

espaços <strong>de</strong> participação <strong>para</strong> construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s<br />

sustentáveis. Com se<strong>de</strong> em Brasília, centro<br />

do po<strong>de</strong>r público do país, o Grupo Interagir percebe<br />

que o acesso aos espaços políticos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão é possív<strong>el</strong> e necessário. Des<strong>de</strong> sua fundação,<br />

esta é uma realida<strong>de</strong> com a qual se <strong>de</strong><strong>para</strong> e um<br />

compromisso assumido.<br />

Para tanto, o Grupo Interagir aborda o conceito <strong>de</strong><br />

Protagonismo Juvenil como a atuação consciente<br />

e criativa <strong>de</strong> jovens na busca <strong>de</strong> soluções <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>safios dos ambientes em que vivem e convivem.<br />

A pessoa protagonista busca liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong> escolher<br />

a área <strong>de</strong> interesse e a forma <strong>de</strong> ação e <strong>de</strong> intervenção,<br />

tem iniciativa <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> suas<br />

escolhas e estab<strong>el</strong>ece compromisso com os resultados e<br />

com a avaliação dos impactos gerados ou obtidos. Com<br />

isso, cria oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> transformar palavras em<br />

atitu<strong>de</strong>s, comprometendo-se com o presente e com o<br />

futuro que almeja.<br />

O Grupo Interagir coor<strong>de</strong>na projetos nas áreas <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, Comunicação, Política e Articulação, sempre<br />

com foco em juventu<strong>de</strong>. Dentre seus projetos estão o<br />

Portal <strong>de</strong> Prota-gonismo Juvenil, o boletim Falando em<br />

Política e o Fórum <strong>de</strong> Protagonismo Juvenil do DF.<br />

Em 2004, o Grupo Interagir acompanhou a reunião<br />

da Comissão <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentáv<strong>el</strong> da<br />

Organização das Nações <strong>Unidas</strong>, compondo <strong>de</strong>legação<br />

oficial <strong>de</strong> jovens brasileiros, ressaltando o artigo 25 da<br />

Agenda 21, que afirma ser importante o envolvimento<br />

<strong>de</strong> jovens na formulação e controle social <strong>de</strong> políticas<br />

na área socioambiental. Em 2006, o Grupo Interagir<br />

e o GEO Juvenil Brasil presenciaram a consolidação<br />

da Carta das Juventu<strong>de</strong>s Ibero-Americanas no<br />

V Congresso Ibero-Americano <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

Como esses jovens, o Grupo Interagir afirma que<br />

“se somos encarados como parte da<br />

solução dos <strong>de</strong>safios apresentados hoje,<br />

também queremos ser percebidos como<br />

agentes da transformação e, principalmente,<br />

como parceiros nos processos <strong>de</strong><br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão”.<br />

As construir um processo <strong>de</strong> articulação que resultou<br />

nesta publicação e na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens formada p<strong>el</strong>o<br />

Grupo GEO e p<strong>el</strong>os Jovens Focais. A re<strong>de</strong> possui<br />

potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação que não se encerram mais no<br />

Grupo Interagir. São possibilida<strong>de</strong>s a serem exploradas<br />

p<strong>el</strong>os movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> socioambientalista.<br />

O Comitê Assessor compõe o arranjo institucional do<br />

projeto com o objetivo <strong>de</strong> assessorar o Grupo Interagir,<br />

Instituição Executora Nacional, no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do GEO Juvenil Brasil. É formado p<strong>el</strong>o<br />

Escritório do <strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong> p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> - PNUMA no Brasil, p<strong>el</strong>a Secretaria<br />

Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> e p<strong>el</strong>os Ministérios do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e da Educação, através do Órgão Gestor da<br />

Política Nacional <strong>de</strong> Educação Ambiental - PNEA.<br />

O Comitê tem como responsabilida<strong>de</strong>s contribuir no


18<br />

planejamento e na avaliação das ativida<strong>de</strong>s do projeto,<br />

além <strong>de</strong> colaborar na mobilização <strong>de</strong> recursos.<br />

O grupo reuniu-se a cada três meses <strong>para</strong> aprovar<br />

os r<strong>el</strong>atórios do projeto, avaliar ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas e <strong>de</strong>senvolver estratégias a<strong>de</strong>quadas<br />

frente aos <strong>de</strong>safios que se apresentaram à realização do<br />

GEO Juvenil Brasil.<br />

O apoio do Órgão<br />

Gestor da PNEA<br />

A atuação do Órgão Gestor da Política Nacional <strong>de</strong><br />

Educação Ambiental - PNEA, composto p<strong>el</strong>os Ministérios<br />

da Educação - MEC e do Meio <strong>Ambiente</strong> - MMA, tem<br />

procurado estab<strong>el</strong>ecer importantes parcerias com<br />

os movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> do país, por meio do<br />

reconhecimento <strong>de</strong> sua importância, seu potencial mobilizador<br />

e p<strong>el</strong>o diálogo com suas pautas e <strong>de</strong>mandas.<br />

Até então não havia no país um programa fe<strong>de</strong>ral que<br />

procurava r<strong>el</strong>acionar juventu<strong>de</strong> e a questão ambiental.<br />

Havia sim diversas iniciativas pontuais espalhadas p<strong>el</strong>o<br />

país, que foram dinamizadas e articuladas por meio da<br />

criação, consolidação e expansão dos Coletivos Jovens <strong>de</strong><br />

Meio <strong>Ambiente</strong> - CJs, das Comissões <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida - COM-VIDAs e da Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> - REJUMA. Estas<br />

três iniciativas nascem no âmbito das ações do Órgão<br />

Gestor da PNEA, especialmente das duas edições da<br />

Conferência Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> (2003 e 2005/2006), que mobilizaram milhares<br />

<strong>de</strong> pessoas em milhares <strong>de</strong> municípios brasileiros, com<br />

especial <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> a atuação <strong>de</strong> estudantes e jovens.<br />

No caso do GEO Juvenil Brasil, a parceria foi estab<strong>el</strong>ecida<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, visando criar sinergia entre as ações<br />

já mencionadas com as ações do Projeto. O apoio do<br />

Órgão Gestor da PNEA foi <strong>de</strong>cisivo <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do Projeto, na medida em que permitiu<br />

o encontro <strong>de</strong> jovens focais, a realização <strong>de</strong> reuniões,<br />

oficinas e momentos <strong>de</strong> formação, como forma <strong>de</strong><br />

contribuir com o bom andamento das ativida<strong>de</strong>s.<br />

Desta forma, fica nítida a preocupação do governo<br />

fe<strong>de</strong>ral, por meio do Órgão Gestor da PNEA, com<br />

iniciativas <strong>de</strong>, <strong>para</strong>, com juventu<strong>de</strong> e meio ambiente,<br />

as quais vêm crescendo em todo o país, em termos<br />

<strong>de</strong> número <strong>de</strong> jovens envolvidos e comprometidos,<br />

número <strong>de</strong> organizações e coletivos articulados e<br />

parceiros, número <strong>de</strong> municípios atingidos, e especialmente,<br />

p<strong>el</strong>a qualida<strong>de</strong> do que vem sendo discutido,<br />

proposto e implementado.<br />

Secretaria Nacional <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> - SNJ<br />

É um organismo da Secretaria Geral da Presidência da<br />

República que tem a atribuição <strong>de</strong> articular as ações<br />

voltadas aos jovens no âmbito do Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Entre outras funções, a SNJ faz com que os programas<br />

dialoguem, complementem esforços e recursos,<br />

buscando realizar o conceito que chamamos <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong><br />

nas políticas públicas. A Secretaria também<br />

gere o <strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Inclusão <strong>de</strong> Jovens -<br />

PROJOVEM, em gestão integrada com os Ministérios<br />

da Educação, do Trabalho e do Desenvolvimento Social<br />

e Combate à Fome. O PROJOVEM é um programa <strong>de</strong><br />

ac<strong>el</strong>eração escolar, qualificação profissional e ação<br />

comunitária <strong>para</strong> jovens entre 18 e 24 anos que não<br />

tenham concluído o ensino fundamental. Tem hoje, em<br />

sala <strong>de</strong> aula, cem mil alunos nas 27 capitais e está sendo<br />

expandido <strong>para</strong> as regiões metropolitanas. Os alunos


19<br />

do PROJOVEM recebem, por um período <strong>de</strong> 12 meses,<br />

aulas <strong>de</strong> ensino fundamental, <strong>de</strong> capacitação em um<br />

arco profissional e <strong>de</strong>senvolvem uma ação comunitária<br />

monitorada p<strong>el</strong>os profissionais do programa. Como<br />

incentivo, têm direito a um auxílio mensal no valor <strong>de</strong><br />

cem reais, que é <strong>de</strong>positado em conta corrente aberta<br />

<strong>para</strong> esse fim, fazendo <strong>de</strong>ssa forma também a inclusão<br />

bancária <strong>de</strong>stes jovens.<br />

O Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> é um órgão <strong>de</strong><br />

co-gestão entre o po<strong>de</strong>r público e a socieda<strong>de</strong> civil e<br />

constitui com a Secretaria Nacional e o PROJOVEM<br />

os eixos fundamentais da Política Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong>.<br />

O Cons<strong>el</strong>ho é o espaço da participação e fiscalização<br />

da socieda<strong>de</strong>, conta com 60 representantes titulares<br />

e 60 suplentes, sendo composto por 1/3 <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r público<br />

e 2/3 da socieda<strong>de</strong>. Outros programas que se <strong>de</strong>stacam<br />

na política nacional <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>: PROUNI – <strong>Programa</strong><br />

Universida<strong>de</strong> Para Todos (Educação), que conce<strong>de</strong> bolsas<br />

<strong>de</strong> estudo em universida<strong>de</strong>s particulares a estudantes<br />

carentes; Escola <strong>de</strong> Fábrica (Educação e Trabalho), <strong>de</strong><br />

qualificação profissional; Pronaf Jovem e Minha Primeira<br />

Terra (Desenvolvimento Agrário), dirigido à juventu<strong>de</strong><br />

do meio rural; <strong>Programa</strong> Nacional do Primeiro Emprego<br />

e Consórcio Social da Juventu<strong>de</strong> (Trabalho), capacitação<br />

e inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho; Agente Jovem<br />

(Desenvolvimento Social e Combate à Fome), ação sócioeducativa;<br />

Pontos <strong>de</strong> Cultura (Cultura), ação comunitária<br />

na área da cultura.<br />

<strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> - PNUMA<br />

O <strong>Programa</strong> das Nações<br />

<strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

- PNUMA, estab<strong>el</strong>ecido<br />

em 1972, é a agência<br />

das Nações <strong>Unidas</strong> responsáv<strong>el</strong><br />

por catalisar a ação internacional<br />

e nacional <strong>para</strong> a proteção do meio ambiente<br />

no contexto do <strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong>. Seu<br />

mandato é prover li<strong>de</strong>rança e encorajar parcerias no<br />

cuidado ao ambiente, inspirando, informando e capacitando<br />

nações e povos a aumentar sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

sem comprometer a das futuras gerações. O PNUMA<br />

tem sua se<strong>de</strong> no Quênia e atua através <strong>de</strong> seis escritórios<br />

regionais, estando o escritório da América Latina e<br />

Caribe baseado no Panamá. Em 2004, o PNUMA inaugurou<br />

seu escritório no Brasil, que, com os da China e<br />

Rússia, fazem parte <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização<br />

que visa não só reforçar o alcance regional do PNUMA,<br />

mas também i<strong>de</strong>ntificar, <strong>de</strong>finir e <strong>de</strong>senvolver projetos<br />

e ativida<strong>de</strong>s que atendam, com maior eficácia, a temas<br />

emergentes e às priorida<strong>de</strong>s nacionais.<br />

O PNUMA trabalha com uma ampla gama <strong>de</strong> parceiros,<br />

incluindo entida<strong>de</strong>s das Nações <strong>Unidas</strong>, organizações<br />

internacionais e sub-regionais, governos nacionais, estaduais<br />

e municipais, organizações não-governamentais,<br />

setor privado e acadêmico, e <strong>de</strong>senvolve ativida<strong>de</strong>s<br />

específicas com segmentos-chave da socieda<strong>de</strong> como<br />

parlamentares, juizes, jovens e crianças, entre outros.<br />

Em 2003 o Cons<strong>el</strong>ho <strong>de</strong> Administração do PNUMA<br />

aprovou a Estratégia TUNZA, que no dialeto Kiswahili<br />

significa “tratar com carinho”. O objetivo <strong>de</strong> TUNZA é<br />

promover o engajamento <strong>de</strong> crianças e jovens em<br />

questões ambientais, consi<strong>de</strong>rando o pap<strong>el</strong> vital que jovens<br />

têm na proteção do meio ambiente atual e futuro.<br />

As áreas estratégicas <strong>de</strong> TUNZA são (i) capacitação, (ii)<br />

conscientização, (iii) disseminação e intercâmbio <strong>de</strong><br />

informações, e (iv) inserção <strong>de</strong> jovens no processo <strong>de</strong><br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Nesse contexto, o GEO Juvenil Brasil<br />

respon<strong>de</strong> às priorida<strong>de</strong>s estratégicas do PNUMA <strong>para</strong> a<br />

juventu<strong>de</strong> e lança à socieda<strong>de</strong> brasileira os <strong>de</strong>safios <strong>para</strong><br />

construir uma socieda<strong>de</strong> sustentáv<strong>el</strong> e participativa.


20<br />

Por Diálogos <strong>de</strong> Gerações e<br />

Garantia <strong>de</strong> Diversida<strong>de</strong><br />

Elaborar um livro é simplesmente uma das formas <strong>de</strong><br />

mostrar <strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong> as impressões coletadas<br />

nestes 24 meses <strong>de</strong> GEO Juvenil Brasil. Com esta<br />

publicação po<strong>de</strong>mos, além <strong>de</strong> disseminar informações,<br />

gerar novas ações e reflexões, <strong>para</strong> continuarmos<br />

agindo. Contudo, era preciso garantir a presença <strong>de</strong><br />

diversos olhares e <strong>de</strong> distintas percepções acerca do meio<br />

ambiente brasileiro e das ações que jovens <strong>de</strong>senvolvem<br />

nesta área.<br />

Montar o Cons<strong>el</strong>ho Editorial do GEO Juvenil Brasil<br />

foi a solução encontrada. Ele é composto por pessoas<br />

que garantem a pluralida<strong>de</strong> das expressões, que são<br />

reconhecidas p<strong>el</strong>os trabalhos que <strong>de</strong>senvolvem e<br />

que permitem a representação eqüitativa regional<br />

e <strong>de</strong> gênero, <strong>para</strong> garantir a diversida<strong>de</strong> nacional.<br />

Além da Coor<strong>de</strong>nação e do Secretariado Executivo<br />

do GEO Juvenil Brasil, fazem parte do Cons<strong>el</strong>ho os<br />

membros do Comitê Assessor, os parceiros estratégicos<br />

(WWF-Brasil, União dos Escoteiros do Brasil e <strong>Programa</strong><br />

das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento); e representantes<br />

da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jovens Focais e Membros do Grupo<br />

GEO. Buscávamos pessoas com experiências nas áreas<br />

<strong>de</strong> comunicação, editoração, <strong>de</strong>sign e/ou r<strong>el</strong>ações públicas,<br />

além <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s da área ambiental, cujo trabalho<br />

seja r<strong>el</strong>evante nas áreas <strong>de</strong> comunicação, educação<br />

ambiental ou divulgação científica do meio ambiente.<br />

Consolidar este Cons<strong>el</strong>ho Editorial composto por jovens e<br />

adultos, ambientalistas, educomunicadores e militantes<br />

<strong>de</strong> diferentes movimentos permitiu o compartilhar <strong>de</strong><br />

saberes e enriqueceu a s<strong>el</strong>eção dos produtos recebidos,<br />

além <strong>de</strong> proporcionar aprendizados mútuos durante o<br />

processo <strong>de</strong> criação e <strong>de</strong> revisão da publicação.<br />

A Reunião Editorial ocorreu entre 30 <strong>de</strong> junho e 04 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2006, quando 40 membros do Cons<strong>el</strong>ho<br />

Editorial reuniram-se na Universida<strong>de</strong> da Paz com os<br />

objetivos <strong>de</strong> traçar as diretrizes da publicação e <strong>de</strong><br />

s<strong>el</strong>ecionar os materiais que haviam sido recolhidos e que<br />

<strong>de</strong>veriam ser editorados, <strong>de</strong>senhando o esboço do livro.<br />

Durante estes cinco dias, o Cons<strong>el</strong>ho Editorial transformou<br />

impressões nesta publicação-referência, um dos<br />

retratos da juventu<strong>de</strong> socioambientalista do Brasil,<br />

buscando fazeres-políticos e adaptando o conteúdo <strong>para</strong><br />

o seu público-foco.<br />

Reunião editorial, Brasília/DF [Arquivo Interagir]


21<br />

A reunião criou metodologia participativa,<br />

intercalando momentos <strong>de</strong> esclarecimentos<br />

sobre o Projeto GEO Juvenil Brasil,<br />

análise <strong>de</strong> materiais e reflexões sobre<br />

o meio ambiente brasileiro, inserindo o<br />

movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> neste contexto.<br />

A apresentação dos participantes foi um<br />

momento tão significativo que se tornou<br />

parte <strong>de</strong>sta publicação, como po<strong>de</strong> ser visto<br />

no capítulo Jovens em Ação.<br />

As páginas seguintes foram construídas<br />

seguindo o direcionamento dado<br />

p<strong>el</strong>o Cons<strong>el</strong>ho Editorial, <strong>para</strong> o qual uma<br />

boa publicação <strong>de</strong>ve ser útil; integrar tex-<br />

to, imagem e arte; buscar transmitir as informações<br />

<strong>de</strong> forma simples e clara; ter conteúdo r<strong>el</strong>evante<br />

e organizado e valorizar as diversas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

conteúdos, mantendo a unida<strong>de</strong> da publicação.<br />

A se<strong>para</strong>ção e análise do material recebido foi feita por<br />

região. Os grupos regionais foram constituídos p<strong>el</strong>os<br />

membros do Cons<strong>el</strong>ho segundo critério <strong>de</strong> localização<br />

geográfica <strong>de</strong> residência ou atuação. Ou seja, todas as<br />

pessoas possuíam afinida<strong>de</strong>s com a região <strong>de</strong> seu grupo,<br />

<strong>para</strong> que fosse possív<strong>el</strong> priorizar assuntos r<strong>el</strong>evantes e<br />

i<strong>de</strong>ntificar outros que precisavam ser reforçados no<br />

processo <strong>de</strong> editoração.<br />

Foram dias <strong>de</strong> intenso trabalho e <strong>de</strong> se re<strong>de</strong>scobrir<br />

o Brasil, por meio das contribuições recebidas ou <strong>de</strong><br />

momentos <strong>de</strong> lazer em que histórias e lendas foram<br />

compartilhadas.<br />

A partir das sistematizações da Reunião Editorial, o<br />

Grupo Editorial produziu o primeiro rascunho do livro em<br />

45 dias, assessorado p<strong>el</strong>o Cons<strong>el</strong>ho. Disponibilizado na<br />

Internet, este documento foi revisado p<strong>el</strong>os cons<strong>el</strong>heiros,<br />

que também partici<strong>para</strong>m, semanalmente, <strong>de</strong> reuniões<br />

Geo Juvenil Brasil é Sustentáv<strong>el</strong> [Arquivo Interagir]<br />

virtuais nais <strong>para</strong> dialogar sobre possibili-<br />

regioda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> m<strong>el</strong>hora da publicação.<br />

Ao final <strong>de</strong>ste processo nasceu esta publicação, uma<br />

viagem p<strong>el</strong>o Brasil, expressão <strong>de</strong> impressões, um texto que<br />

nunca será acabado, pois cada leitor po<strong>de</strong> completá-lo,<br />

torná-lo vivo com a sua utilização prática – um livro<br />

<strong>para</strong> ter or<strong>el</strong>has <strong>de</strong> uso. Pessoas <strong>de</strong> todo o país que nos<br />

enviaram contribuições, que partici<strong>para</strong>m da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Jovens Focais e Membros do Grupo GEO ou que integram<br />

o Cons<strong>el</strong>ho Editorial foram as primeiras a expressar suas<br />

impressões, um grupo <strong>de</strong> pessoas, mutantes que<br />

apren<strong>de</strong>m fazendo, provocam, experimentam, sensibilizam,<br />

buscam a harmonia, a liberda<strong>de</strong> e a clareza, seres<br />

humanos que são e vivem a arte <strong>de</strong> compartilhar. E por<br />

este pioneirismo e disposição somos muito gratos!<br />

Agora, esperamos, <strong>de</strong> esperançar, que você também<br />

possa, nestas páginas e em outros meios, se ver, se<br />

recriar, se re<strong>de</strong>scobrir e se re-inventar. Expresse<br />

impressões por todo o país!


22<br />

O Livro como<br />

Controle Social<br />

O<br />

GEO<br />

Juvenil Brasil tem<br />

a proposta <strong>de</strong> ser uma<br />

publicação que possa ser utilizada<br />

como referência constante p<strong>el</strong>os tomadores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e p<strong>el</strong>os movimentos socioambientais,<br />

principalmente <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>. Ou seja, que não<br />

fique muito tempo na estante.<br />

A publicação é um instrumento <strong>de</strong> controle social por<br />

Jovem indígena expressando impressões na<br />

IICNMA [Juliana Men<strong>de</strong>s]<br />

disponibilizar análises das perspectivas, exemplos <strong>de</strong><br />

metodologias adotadas e <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> atuação das<br />

juventu<strong>de</strong>s com a temática ambiental. As impressões<br />

enviadas p<strong>el</strong>os jovens possibilitam um acompanhamento<br />

sistematizado dos processos que ocorrem na<br />

várias regiões do país. Como informações iniciais, servem<br />

<strong>para</strong> orientar e estimular novas análises <strong>para</strong> projetos e<br />

reivindicações das juventu<strong>de</strong>s. O GEO Juvenil Brasil não se<br />

encerra na publicação, mas cria um processo que estimula<br />

a participação dos grupos juvenis no monitoramento das<br />

políticas ambientais do país.<br />

É a partir do conhecimento <strong>de</strong>sses dados que ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> fiscalização e intervenção perante o governo, as<br />

empresas e o terceiro setor po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidas<br />

e aprimoradas.<br />

Definições<br />

O termo controle social se refere à mobilização e participação<br />

da socieda<strong>de</strong> civil no acompanhamento das<br />

políticas públicas. Seu intuito é avaliar os objetivos<br />

propostos, procedimentos <strong>de</strong> gestão e resultados finais.<br />

Nesse processo, a socieda<strong>de</strong> civil organizada tem o<br />

pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> assegurar que os recursos sejam aplicados<br />

segundo as <strong>de</strong>mandas e priorida<strong>de</strong>s estab<strong>el</strong>ecidas em<br />

conjunto com o governo. Por isso, a socieda<strong>de</strong> civil<br />

organizada tem o pap<strong>el</strong> fundamental <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater quais<br />

as soluções mais a<strong>de</strong>quadas <strong>para</strong> solucionar seus problemas<br />

e participar ativamente nas <strong>de</strong>cisões.<br />

Como se po<strong>de</strong> observar, monitoramento e acompanhamento<br />

são maneiras contínuas <strong>de</strong> controle social,<br />

a partir da análise crítica <strong>de</strong> projetos e programas<br />

governamentais, empresariais ou do terceiro setor. Seu<br />

objetivo é possibilitar maiores a<strong>de</strong>quações e ajustes<br />

das ações, com base na participação e nos interesses da<br />

Jovens na IICNMA [Arquivo Interagir]<br />

socieda<strong>de</strong> civil<br />

organizada ao longo do processo <strong>de</strong><br />

gestão. A prática <strong>de</strong> monitoramento e acompanhamento<br />

se fundamenta no levantamento <strong>de</strong> informações, além<br />

do conhecimento dos trâmites e instrumentos que permitem<br />

análise, planejamento, avaliação e intervenção.


23<br />

Instrumentos <strong>para</strong> o controle social<br />

A temática ambiental envolve interesses <strong>de</strong> diferentes<br />

segmentos econômicos, políticos, sociais, históricos e culturais.<br />

Portanto, é difícil i<strong>de</strong>ntificar os processos e atores<br />

envolvidos na formulação <strong>de</strong> suas políticas, legislações<br />

e projetos. É importante conhecer as instituições, as<br />

leis, trâmites e fundos <strong>para</strong> implementar uma ação <strong>de</strong><br />

controle social.<br />

1. Instituições<br />

EXECUTIVO<br />

O Sistema Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong> – SISNAMA foi<br />

instituído p<strong>el</strong>a Lei 6.938/1981, regulamentada p<strong>el</strong>o<br />

Decreto 99.274/1990. É constituído p<strong>el</strong>os órgãos e<br />

entida<strong>de</strong>s da União, dos Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral,<br />

dos Municípios e p<strong>el</strong>as Fundações instituídas p<strong>el</strong>o<br />

Po<strong>de</strong>r Público. O SISNAMA é responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a proteção<br />

e m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong> ambiental. Tem a<br />

seguinte estrutura:<br />

• Órgão Superior: O Cons<strong>el</strong>ho <strong>de</strong> Governo<br />

• Órgão Consultivo e D<strong>el</strong>iberativo: O Cons<strong>el</strong>ho Nacional<br />

do Meio <strong>Ambiente</strong> – CONAMA, instituído p<strong>el</strong>a Lei<br />

6.938/81, é composto por Plenário, CIPAM, Câmaras<br />

Técnicas, Grupos <strong>de</strong> Trabalho e Grupos Assessores. O<br />

Cons<strong>el</strong>ho é presidido p<strong>el</strong>o Ministro do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

e sua Secretaria Executiva é exercida p<strong>el</strong>o<br />

Secretário-Executivo do MMA.<br />

• Órgão Central: O Ministério do Meio <strong>Ambiente</strong> - MMA<br />

tem a responsabilida<strong>de</strong> direta sobre as políticas<br />

nacionais <strong>de</strong> meio ambiente, que busquem a<br />

preservação, conservação e utilização sustentáv<strong>el</strong> <strong>de</strong><br />

ecossistemas, biodiversida<strong>de</strong> e florestas.<br />

• Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA foi<br />

criado p<strong>el</strong>a Lei n o 7.735/89. Atua na parte <strong>de</strong> Licenciamento,<br />

Fiscalização, Monitoramento, Técnico e <strong>de</strong><br />

Pesquisa, Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, Normatização e<br />

Educação Ambiental.<br />

• Órgãos Seccionais: Secretaria Estadual <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

órgãos ou entida<strong>de</strong>s estaduais responsáveis<br />

p<strong>el</strong>a execução <strong>de</strong> programas e projetos, além do controle<br />

e fiscalização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s capazes <strong>de</strong> provocar a<br />

<strong>de</strong>gradação ambiental;<br />

• Órgãos Locais: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

órgãos ou entida<strong>de</strong>s municipais, responsáveis p<strong>el</strong>o<br />

controle e fiscalização <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s nas suas respectivas<br />

jurisdições.<br />

A regionalização das medidas emanadas do SISNAMA<br />

é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos Estados, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e<br />

Municípios. Portanto, o Cons<strong>el</strong>ho Estadual <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e o Cons<strong>el</strong>ho Municipal <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>el</strong>aboram<br />

normas e padrões supletivos e complementares.<br />

Os cons<strong>el</strong>hos administram os Fundos <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong><br />

(Fundo Nacional <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> - FNMA, Fundo<br />

Estadual e Fundo Municipal <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>). Assim,<br />

aprovam os projetos a serem contemplados p<strong>el</strong>os seus<br />

recursos por meio <strong>de</strong> editais. Estes fundos são compostos<br />

por recursos financeiros <strong>de</strong> dotações orçamentárias do<br />

Estado, doações, multas <strong>de</strong> infrações ambientais e compensações<br />

financeiras. Sua priorida<strong>de</strong> é o investimento<br />

nas seguintes áreas: unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, pesquisas,<br />

educação ambiental, manejo florestal e aproveitamento<br />

sustentáv<strong>el</strong> da flora e da fauna nativas.<br />

LEGISLATIVO<br />

Em seu artigo 225, a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988<br />

estab<strong>el</strong>ece o usufruto <strong>de</strong> um meio ambiente ecologi-


24<br />

camente equilibrado como direito comum a todos. O<br />

meio ambiente é consi<strong>de</strong>rado bem <strong>de</strong> uso comum e<br />

essencial à sadia qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Compete ao po<strong>de</strong>r<br />

público e à coletivida<strong>de</strong> o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fendê-lo<br />

e <strong>de</strong> preservá-lo <strong>para</strong> as gerações atuais e futuras. As<br />

leis são atos normativos produzidos p<strong>el</strong>o Po<strong>de</strong>r Legislativo,<br />

conforme a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, po<strong>de</strong>ndo ser:<br />

Emendas, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Medidas<br />

Provisórias, Decretos legislativos e Resoluções.<br />

Algumas leis importantes da área ambiental:<br />

Ação Civil Pública (Lei 7.347 <strong>de</strong> 24/07/1985) A Lei <strong>de</strong><br />

Interesses Difusos trata da ação civil pública <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s<br />

por danos causados ao meio ambiente,<br />

ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou<br />

paisagístico. Po<strong>de</strong> ser requerida p<strong>el</strong>o Ministério Público,<br />

a pedido <strong>de</strong> qualquer pessoa, ou por uma entida<strong>de</strong><br />

constituída há p<strong>el</strong>o menos um ano.<br />

No legislativo, a temática ambiental aparece principalmente<br />

nas discussões das comissões, nas perspectivas<br />

<strong>de</strong> cada parlamentar e também nos interesses políticos<br />

expressos p<strong>el</strong>as bancadas. As comissões têm autonomia<br />

<strong>para</strong> aprovar ou rejeitar <strong>de</strong>terminadas matérias, que<br />

somente irão <strong>para</strong> apreciação do Plenário se for apresentado<br />

um recurso subscrito por um décimo dos<br />

membros da casa.<br />

As comissões po<strong>de</strong>m ser legislativas ou fiscalizadoras.<br />

Assim, têm a competência <strong>de</strong> realizar Audiências<br />

Públicas, convocar Ministros <strong>de</strong> Estado <strong>para</strong><br />

prestar esclarecimentos, receber petições e reclamações<br />

<strong>de</strong> qualquer pessoa contra atos ou omissões das<br />

entida<strong>de</strong>s públicas. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a realização <strong>de</strong><br />

inspeções, auditorias e perícias nos três po<strong>de</strong>res. Os trabalhos<br />

das comissões são divulgados, em avulsos e p<strong>el</strong>a<br />

Internet, por meio da Or<strong>de</strong>m do Dia das Comissões.<br />

As comissões po<strong>de</strong>m ser permanentes (estrutura<br />

institucional da casa), temporárias (extinta ao término<br />

da tarefa <strong>para</strong> qual foi criada) ou mistas. As comissões<br />

permanentes envolvidas com a questão ambiental<br />

são a da Amazônia e Desenvolvimento Regional,<br />

<strong>de</strong> Agricultura e Política Rural, <strong>de</strong> Defesa do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e Desenvolvimento Sustentáv<strong>el</strong>, <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos (no Congresso) e Comissão <strong>de</strong> Serviços e<br />

Infra-Estrutura (no Senado).<br />

Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Natureza<br />

- SNUC (lei 9.985, <strong>de</strong> 18/07/2000) Lei que estab<strong>el</strong>ece<br />

critérios e normas <strong>para</strong> a criação, implantação e gestão<br />

das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação. O SNUC é constituído p<strong>el</strong>o<br />

conjunto das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação fe<strong>de</strong>rais, estaduais<br />

e municipais. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação divi<strong>de</strong>m-se<br />

em dois grupos, com características específicas:<br />

I - Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteção Integral - objetivo <strong>de</strong> preservar<br />

a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos<br />

seus recursos naturais, com exceção <strong>de</strong> alguns casos;<br />

II - Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uso Sustentáv<strong>el</strong> - objetivo <strong>de</strong> compatibilizar<br />

a conservação da natureza com o uso sustentáv<strong>el</strong><br />

<strong>de</strong> parc<strong>el</strong>a dos seus recursos naturais.<br />

Crimes Ambientais (Lei 9.605 <strong>de</strong> 12/02/1998) Reor<strong>de</strong>na<br />

a legislação ambiental brasileira no que se refere às<br />

infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou<br />

co-autora da infração ambiental, po<strong>de</strong> ser penalizada,<br />

chegando à liquidação da empresa, se <strong>el</strong>a tiver sido<br />

criada ou usada <strong>para</strong> facilitar ou ocultar um crime ambiental.<br />

A punição po<strong>de</strong> ser extinta quando se comprovar<br />

a recuperação do dano ambiental e é possív<strong>el</strong> aplicar<br />

penas alternativas no caso <strong>de</strong> penas <strong>de</strong> até 4 anos.<br />

Política Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong> (Lei 6.938, <strong>de</strong><br />

17/01/1981) Esta lei criou os Estudos e respectivos<br />

R<strong>el</strong>atórios <strong>de</strong> Impacto Ambiental – EIA/RIMA, regulamentados<br />

em 1986 p<strong>el</strong>a Resolução 001/86 do CONAMA.<br />

Os EIA/RIMA <strong>de</strong>vem ser feitos antes da implantação <strong>de</strong>


25<br />

ativida<strong>de</strong> econômica que afete significativamente o<br />

meio ambiente. Detalham os impactos positivos e negativos<br />

que possam ocorrer <strong>de</strong>vido às obras ou após a<br />

instalação do empreendimento. Mostram como<br />

evitar esses impactos. Se não for aprovado, o empreendimento<br />

não po<strong>de</strong> ser implantado. A lei <strong>de</strong> Política<br />

Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong> foi alterada p<strong>el</strong>a lei 7.804<br />

<strong>de</strong> 18/07/1989.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Outras leis importantes são:<br />

Agrotóxicos (Lei 7.802 <strong>de</strong> 11/07/1989);<br />

Ativida<strong>de</strong>s Nucleares (Lei 6.453 <strong>de</strong> 17/10/1977);<br />

Código Florestal (Lei 4.771 <strong>de</strong> 15/09/1965) - Institui o<br />

novo Código Florestal;<br />

Engenharia Genética (Lei 8.974 <strong>de</strong> 05/01/1995) - Regulamentada<br />

p<strong>el</strong>o Decreto 1752, <strong>de</strong> 20/12/1995;<br />

Fauna Silvestre (Lei 5.197 <strong>de</strong> 03/01/1967);<br />

Fundo Nacional <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (Lei 7.797 <strong>de</strong><br />

10/07/1989) - Cria o Fundo Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

(FNMA);<br />

Gerenciamento Costeiro (Lei 7.661, <strong>de</strong> 16/05/1988);<br />

Parc<strong>el</strong>amento do solo urbano (Lei, 6.766 <strong>de</strong><br />

19/12/1979);<br />

Patrimônio Cultural (Decreto-Lei 25, <strong>de</strong> 30/11/1937);<br />

Política Agrícola (Lei 8.171 <strong>de</strong> 17/01/1991);<br />

Recursos Hídricos (Lei 9.433 <strong>de</strong> 08/01/1997);<br />

Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas <strong>de</strong> Poluição<br />

(Lei 6.803, <strong>de</strong> 02/07/1980);<br />

Protocolo <strong>de</strong> Kyoto (Decreto 5.445 <strong>de</strong> 12/05/2005).<br />

JUDICIÁRIO<br />

O po<strong>de</strong>r judiciário tem o pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> interpretar<br />

e <strong>de</strong>cidir sobre as contradições <strong>de</strong> posicionamentos<br />

sobre as leis. Na área ambiental, a Procuradoria Geral<br />

da República possui a 4 a Câmara <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação e Revisão<br />

<strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e Patrimônio Cultural. O seu<br />

pap<strong>el</strong> é fundamental <strong>para</strong> o cumprimento das leis,<br />

reconhecimento <strong>de</strong> direitos, aplicação <strong>de</strong> multas e<br />

sanções penais.<br />

Nesse sentido, se constitui a Associação Brasileira do<br />

Ministério Público do Meio <strong>Ambiente</strong> – ABRAMPA <strong>para</strong><br />

fortalecer a atuação <strong>de</strong> promotores e procuradores <strong>de</strong><br />

justiça nesta área.<br />

EMPRESAS<br />

A legislação do licenciamento ambiental exige do empreen<strong>de</strong>dor<br />

a constituição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

gestão ambiental ou a contratação <strong>de</strong> consultorias<br />

especializadas <strong>para</strong> cuidar <strong>de</strong>ssa questão em empreendimentos<br />

que envolvem o uso <strong>de</strong> recursos ambientais, e<br />

que possam ser consi<strong>de</strong>radas efetiva ou potencialmente<br />

poluidoras ou <strong>de</strong>gradantes ao meio ambiente.<br />

O Sistema <strong>de</strong> Gestão Ambiental – SGA, especificado<br />

p<strong>el</strong>as Normas ISO 14001, <strong>de</strong>fine os critérios <strong>para</strong> uma<br />

organização ser atestada como ambientalmente responsáv<strong>el</strong>.<br />

As auditorias periódicas exigem da empresa certificada<br />

uma gestão especializada <strong>para</strong> fazer cumprir a<br />

legislação ambiental, atualizar os impactos ambientais<br />

das suas ativida<strong>de</strong>s e provi<strong>de</strong>nciar planos <strong>para</strong> diminuir<br />

esses impactos.<br />

ONGS<br />

As ONGs provocam avanços significativos nos conhecimentos<br />

e práticas produzidos por meio <strong>de</strong> seus projetos.<br />

Especialmente, p<strong>el</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas por<br />

parte <strong>de</strong> especialistas na área ambiental. As organizações<br />

po<strong>de</strong>m se dividir em preservacionistas ou conservacionistas,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> seu posicionamento sobre<br />

a interação entre meio ambiente e ser humano. Algumas<br />

ONGs participam <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais, como a Re<strong>de</strong> da<br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> -<br />

REJUMA, Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Educação Ambiental -<br />

REBEA e Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ONGs da Mata Atlântica - RMA.<br />

A questão ambiental vem exigindo regulamentações e<br />

conhecimentos especializados dos seus atos normativos.


26<br />

2. Passo a passo<br />

Recorte<br />

Para iniciar uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle social é preciso<br />

i<strong>de</strong>ntificar a situação que você quer transformar. Esta<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma empresa que está poluindo o rio <strong>de</strong><br />

sua cida<strong>de</strong>, até uma organização que está <strong>de</strong>sviando os<br />

recursos dos fundos públicos <strong>para</strong> projetos ambientais<br />

da sua região.<br />

Primeiro, i<strong>de</strong>ntifique se os instrumentos <strong>para</strong> intervir nessa<br />

situação estão em nív<strong>el</strong> municipal, estadual ou fe<strong>de</strong>ral.<br />

A partir <strong>de</strong>sse recorte, é possív<strong>el</strong> perceber quais órgãos<br />

governamentais, organizações ou empresas estão<br />

ou po<strong>de</strong>m estar envolvidas no problema e na solução<br />

da situação.<br />

Perceber os temas envolvidos na situação facilita sua<br />

busca por instrumentos que colaborem na intervenção.<br />

Você po<strong>de</strong> aproveitar a divisão temática do GEO Juvenil<br />

Brasil: áreas urbanas, energia e transporte, terra e alimentos<br />

etc. Essa divisão facilita a busca <strong>de</strong> instituições,<br />

<strong>de</strong> dados sobre o assunto, <strong>de</strong> contatos <strong>de</strong> outras<br />

organizações que têm projetos nessa área, além<br />

<strong>de</strong> outros instrumentos <strong>de</strong> controle social sobre a<br />

temática s<strong>el</strong>ecionada.<br />

Análise e Avaliação<br />

Após realizar a pesquisa sobre os instrumentos, instituições<br />

e dados da situação é o momento da análise.<br />

Perceba as <strong>de</strong>mandas do contexto (comunida<strong>de</strong>, projeto,<br />

ativida<strong>de</strong>) em r<strong>el</strong>ação à situação escolhida, bem como as<br />

influências que estão sendo geradas. Utilize leis e<br />

documentos <strong>para</strong> embasar sua ação. Com o levantamento<br />

<strong>de</strong> dados acerca do problema, é possív<strong>el</strong><br />

perceber quais são os agentes que acirram o problema<br />

ou que trabalham <strong>para</strong> minimizá-lo. É o<br />

momento <strong>de</strong> cobrar dos agentes responsáveis como<br />

também <strong>de</strong> fazer parcerias com organizações que<br />

po<strong>de</strong>m colaborar no processo.<br />

Nem sempre a m<strong>el</strong>hor solução é o enfrentamento. Por<br />

isso, converse <strong>de</strong>talhadamente com os agentes <strong>para</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r como po<strong>de</strong> contribuir, seja na <strong>el</strong>aboração<br />

<strong>de</strong> propostas ou na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre a situação.<br />

Faça um traçado histórico dos acontecimentos que<br />

levaram até a situação atual: – Des<strong>de</strong> quando isso<br />

ocorre? – Como começou? – Quem estava envolvido?<br />

Assim, você terá a percepção dos eventos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores<br />

do problema e po<strong>de</strong>rá traçar estratégias mais<br />

precisas, com os parceiros e as ações mais a<strong>de</strong>quadas.<br />

Na avaliação é preciso perceber se os projetos ou<br />

programas que enfocam a situação estão gerando<br />

resultados eficazes em r<strong>el</strong>ação aos seus objetivos.<br />

A avaliação não <strong>de</strong>ve ocorrer somente ao final do<br />

processo – <strong>el</strong>a é parte do diagnóstico do problema. Com<br />

o diagnóstico, é possív<strong>el</strong> colher material <strong>para</strong> a análise<br />

e também <strong>de</strong>finir os indicadores <strong>para</strong> uma avaliação<br />

contínua <strong>para</strong> que se percebam os avanços e retrocessos<br />

no processo <strong>de</strong> controle social.<br />

O que fazer após a análise<br />

Após a análise, é o momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir que ações<br />

po<strong>de</strong>m ser tomadas. É importante criar espaços <strong>de</strong><br />

diálogo com órgãos governamentais, empresas ou<br />

ONGs. Caso não haja abertura, pense em uma forma<br />

<strong>de</strong> expressão <strong>para</strong> chamar atenção das autorida<strong>de</strong>s, da<br />

mídia e da socieda<strong>de</strong>.<br />

Outra possibilida<strong>de</strong> é traba-lhar com a Educação<br />

Ambiental. O processo <strong>de</strong> formação, através da disseminação<br />

da informação, amplia o número <strong>de</strong> pessoas que<br />

intervêm na situação. Fato que aumenta a quantida<strong>de</strong> e<br />

a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações enfocadas no problema.<br />

A informação po<strong>de</strong> ser disseminada também por meio<br />

<strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> comunicação, como jornalzinho,<br />

blog, jornal mural e programa em rádio comunitária. Os


27<br />

meios <strong>de</strong> comunicação tradicionais também po<strong>de</strong>m ser<br />

importantes <strong>para</strong> aumentar a divulgação <strong>de</strong> sua ação ou<br />

dos dados sobre a situação.<br />

Conclusão<br />

Agora é sua vez, leitor. Perceba alguma situação que<br />

precisa ser transformada em sua comunida<strong>de</strong>. Faça seu<br />

recorte e escolha que instrumentos <strong>de</strong> controle social<br />

utilizar. Lembre-se que é sempre importante dialogar<br />

com os agentes envolvidos no processo, bem como<br />

cobrar ações e participar das <strong>de</strong>cisões. Esperamos que o<br />

GEO Juvenil Brasil não fique na prat<strong>el</strong>eira, mas que seja<br />

usado na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e na implementação <strong>de</strong><br />

suas ações.<br />

[Erika Costa, 24 anos]


28<br />

Leia Antes <strong>de</strong> Usar,<br />

Use Enquanto Ler<br />

Quando nos pre<strong>para</strong>mos <strong>para</strong> uma viagem são muitos os<br />

<strong>de</strong>talhes a observar. Vamos realizar os pre<strong>para</strong>tivos da<br />

jornada p<strong>el</strong>as impressões <strong>de</strong> jovens brasileiras e jovens<br />

brasileiros sobre suas realida<strong>de</strong>s socioambientais.<br />

Viajar por um país diverso e com dimensões tão gran<strong>de</strong>s<br />

é uma aventura <strong>para</strong> nossos corpos, sentimentos e<br />

pensamentos. É também um <strong>de</strong>safio transformar em<br />

palavras escritas e boas imagens as impressões expressas<br />

por todo o país. Assim, convidamos você a viajar conosco<br />

nessa leitura!<br />

A narrativa é realizada por viajantes que percorrem as<br />

cinco regiões do Brasil, mas você po<strong>de</strong> ler na seqüência<br />

que quiser. O texto não está apresentado <strong>de</strong> maneira<br />

linear. Afinal <strong>de</strong> contas, nossas cabeças não agrupam<br />

pensamentos nesta or<strong>de</strong>m. A distribuição não-linear<br />

facilita a consulta às impressões quando e como quiser.<br />

Você po<strong>de</strong> ter interesse em um tema específico em certo<br />

dia, e vale ver se há impressões regionais que te atraem.<br />

Há também como pular <strong>de</strong> um tema <strong>para</strong> outro, por meio<br />

das ligações internas que o texto apresenta. O principal<br />

é não ler <strong>de</strong> um só jeito, e você vai gostar das percepções<br />

diferentes que saem da leitura não-seqüencial.<br />

• Análise - É uma reflexão sobre o que vimos<br />

na temática específica. Há idéias e provocações<br />

que po<strong>de</strong>m nos instigar a pensar além.<br />

• Quadro dados<br />

Dados<br />

São informações precisas, r<strong>el</strong>acionadas ao<br />

texto, que mostram aspectos r<strong>el</strong>evantes da<br />

realida<strong>de</strong> da região visitada.<br />

• Quadro compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Para compreen<strong>de</strong>rmos situações mais complexas,<br />

esse quadro esmiúça <strong>el</strong>ementos do<br />

texto.<br />

A nossa proposta é que você possa conhecer realida<strong>de</strong>s<br />

distintas <strong>de</strong> jovens que colaboram na construção <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s sustentáveis. A intenção é informar,<br />

oportunizar e cativar. Para isso, alguns <strong>el</strong>ementos<br />

gráficos foram usados a fim <strong>de</strong> facilitar o entendimento.<br />

Veja o que utilizamos:<br />

• Contextualização - Esse é um panorama, <strong>de</strong>ntre<br />

outros possíveis, sobre a região. É uma<br />

maneira <strong>de</strong> reconhecer a área que percorreremos.<br />

• Quadro metodologia<br />

Metodologia<br />

Apresenta o jeito-<strong>de</strong>-fazer <strong>de</strong> projetos ou<br />

ações. É um convite à ação, pois po<strong>de</strong> ser<br />

reeditado em outros contextos.


29<br />

• Seta verm<strong>el</strong>ha<br />

Destaca <strong>de</strong>terminado aspecto do texto<br />

ou esclarece uma sigla ou palavra pouco<br />

conhecida.<br />

Com tanta informação na mão, esperamos que você possa<br />

fazer bom uso. Sabe as metodologias apresentadas?<br />

Que tal colocar a mão na massa aprimorando-as e<br />

adaptando-as às realida<strong>de</strong>s em que você vive? A proposta<br />

<strong>de</strong> fazer um livro que não fique na estante foi <strong>de</strong>safiadora<br />

<strong>para</strong> a equipe que trabalhou no GEO Juvenil Brasil,<br />

mas só fará sentido e se realizará em suas mãos.<br />

Além <strong>de</strong> tudo isso, a publicação tem uma barra lateral<br />

que i<strong>de</strong>ntifica curiosida<strong>de</strong>s, ligações internas e ligações<br />

externas. As externas são contatos <strong>de</strong> organizações e<br />

dicas <strong>de</strong> páginas na Internet, que facilitam a articulação<br />

com outros movimentos e instituições. As ligações internas<br />

são chamadas <strong>de</strong> “Saiba +” e nos remetem a outras<br />

partes do livro que tratam <strong>de</strong> assuntos sem<strong>el</strong>hantes. É um<br />

O livro já está com você. Agora é só se permitir uma<br />

viagem com esses andarilhos que r<strong>el</strong>atam experiências e<br />

vivências. Não são <strong>de</strong> uma região específica, mas pessoas<br />

que viajaram olhando com atenção os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> cada lugar.<br />

Conversaram com várias pessoas, viram e sentiram os<br />

<strong>de</strong>safios enfrentados p<strong>el</strong>as juventu<strong>de</strong>s, que expressaram<br />

suas impressões sobre as realida<strong>de</strong>s socioambientais.<br />

jeito <strong>de</strong> estimular a não-linearida<strong>de</strong> da sua<br />

leitura. Aproveite!<br />

Sair <strong>para</strong> uma viagem é lançar-se ao <strong>de</strong>sconhecido, é<br />

ter coragem <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e se <strong>de</strong>ixar envolver por novas<br />

experiências. Convidamos você a reinventar<br />

os usos do livro, criar n<strong>el</strong>e or<strong>el</strong>has,<br />

adicionar palavras, pensamentos<br />

e idéias, compartilhar a leitura com<br />

outras pessoas, e fazer <strong>de</strong>sta viagem<br />

uma ousadia <strong>de</strong> transformar<br />

sonhos em realida<strong>de</strong>s.<br />

Boas leituras!<br />

Por falar<br />

em aproveitar, não po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dizer que há um glossário, no final do<br />

livro, em que os termos técnicos e regionais são sentados e explicados - e também as curiosida<strong>de</strong>s, ao<br />

apr<strong>el</strong>ongo<br />

do texto, nas barras laterais, po<strong>de</strong>m ajudar na<br />

compreensão. Finalmente, <strong>para</strong> completar esse<br />

material <strong>de</strong> consulta, temos alguns documentos<br />

anexados que po<strong>de</strong>m ser úteis, pois apresentam propostas<br />

políticas <strong>de</strong> jovens ambientalistas, <strong>el</strong>aboradas em<br />

encontros nacionais e internacionais, que expõem<br />

visões a serem difundidas.<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s]<br />

Barra Gran<strong>de</strong>/BA. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s]


Região Su<strong>de</strong>ste<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, São Paulo/SP


32<br />

Região Su<strong>de</strong>ste<br />

<strong>de</strong> duas importantes bacias hidrográficas bra-<br />

sileiras: a bacia do rio Paraná,<br />

que se origina da união<br />

dos rios Paranaíba e<br />

Gran<strong>de</strong>, e a bacia do rio<br />

São Francisco, que nasce na<br />

serra da Canastra, no estado<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Formada p<strong>el</strong>os<br />

estados<br />

do Espírito Santo,<br />

Minas Gerais, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro e São<br />

Paulo, a Região<br />

Su<strong>de</strong>ste ocupa uma<br />

área <strong>de</strong> 924.266 km 2 .<br />

Embora<br />

represente<br />

apenas 10,86% do<br />

território nacional,<br />

concentra 42,65% do<br />

total da população<br />

brasileira (IBGE:2005).<br />

Está situada na parte mais <strong>el</strong>evada do Planalto<br />

Atlântico e sua paisagem típica apresenta montanhas<br />

arredondadas conhecidas como Mares<br />

<strong>de</strong> Morros. O clima no litoral é o tropical atlântico<br />

e nos planaltos o tropical <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />

O principal bioma <strong>de</strong>sta região é a Mata<br />

Atlântica, altamente <strong>de</strong>vastada no período <strong>de</strong><br />

ocupação do território <strong>para</strong> dar lugar às plantações<br />

<strong>de</strong> café. Em Minas Gerais predomina a<br />

vegetação <strong>de</strong> Cerrado e no norte <strong>de</strong>sse estado<br />

po<strong>de</strong>-se encontrar uma faixa <strong>de</strong> Caatinga.<br />

Trata-se da região que abriga duas<br />

importantes metrópoles nacionais,<br />

São Paulo/SP e Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ,<br />

e que possui o mais alto índice <strong>de</strong><br />

urbanização, 90,5% (IBGE:2000). Sozinha,<br />

esta região é responsáv<strong>el</strong> por 55%<br />

do PIB – Produto Interno Bruto brasileiro<br />

(IBGE:2002). Embora responda p<strong>el</strong>a maior<br />

parc<strong>el</strong>a da riqueza do país, <strong>para</strong>doxalmente<br />

esta região sofre com o <strong>de</strong>semprego, o crescimento<br />

da violência e o acúmulo <strong>de</strong> bolsões <strong>de</strong><br />

pobreza.<br />

Os jovens ativistas do Su<strong>de</strong>ste levantaram<br />

vários problemas r<strong>el</strong>acionados à região e à<br />

contradição que sua riqueza proporciona.<br />

Dentre as mais importantes questões socioambientais<br />

apresentadas por esses jovens está a<br />

enorme produção <strong>de</strong> resíduos sólidos resultante<br />

da concentração populacional e do<br />

<strong>el</strong>evado padrão <strong>de</strong> consumo. A quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resíduos sólidos coletados na região é<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 141.616 ton<strong>el</strong>adas por dia<br />

(IBGE:2000), o que equivale ao peso <strong>de</strong> quase<br />

mil baleias azuis! Apenas o estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo contribui com 105.582 ton<strong>el</strong>adas, ou<br />

seja, cada habitante produz 3,5kg <strong>de</strong> resíduos<br />

sólidos por dia.<br />

Na região Su<strong>de</strong>ste encontram-se as nascentes<br />

Outro problema apresentado por esses jovens<br />

é a intensa ativida<strong>de</strong> mineradora. Sua base


33<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Baleia Azul (Balaenoptera<br />

musculus) é o maior animal da<br />

Terra, po<strong>de</strong>ndo medir 30m <strong>de</strong><br />

comprimento e pesar mais <strong>de</strong><br />

150 ton<strong>el</strong>adas.<br />

(Wikipédia:2006)<br />

energética é a queima do carvão e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da monocultura do eucalipto, que é utilizado<br />

como combustív<strong>el</strong>. Além <strong>de</strong> provocarem o<br />

<strong>de</strong>sgaste do solo e o <strong>de</strong>smatamento da mata<br />

nativa, as indústrias <strong>de</strong> mineração contribuem<br />

consi<strong>de</strong>rav<strong>el</strong>mente com as emissões <strong>de</strong> dióxido<br />

<strong>de</strong> carbono da região.<br />

A percepção é <strong>de</strong> que, juntas, a ativida<strong>de</strong><br />

mineradora e a pobreza têm sido responsáveis<br />

p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>rrubada da mata nativa no norte<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais. A mata tem dado lugar<br />

às carvoarias que, mesmo precariamente,<br />

são responsáveis p<strong>el</strong>o sustento <strong>de</strong> muitas<br />

famílias da região.<br />

Durante o processo do GEO Juvenil Brasil<br />

pô<strong>de</strong>-se perceber que existem muitos jovens<br />

engajados e trabalhando com as questões<br />

socioambientais no Su<strong>de</strong>ste, sejam organizados<br />

em grupos ou dispersos em ações locais.<br />

Esses jovens estão se mobilizando e se<br />

articulando em organizações <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>,<br />

organizações ambientalistas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

educação ambiental, entre outras. Acreditam<br />

que o movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> que se<br />

preocupa e se ocupa com as questões<br />

socioambientais ainda está embrionário.<br />

Porém, imaginam que é justamente<br />

nesse momento que outros jovens po<strong>de</strong>m<br />

perceber esse movimento e se engajar.<br />

Os <strong>de</strong>safios que alguns jovens da região<br />

enxergam à frente estão r<strong>el</strong>acionados com<br />

a complexida<strong>de</strong> da pauta socioambiental, e<br />

com o excesso <strong>de</strong> informações e formações<br />

necessárias <strong>para</strong> atuar <strong>de</strong> forma concreta.<br />

Além disso, observam que necessitam <strong>de</strong><br />

envolvimento com questões técnicas <strong>para</strong><br />

terem posicionamento político sobre as<br />

questões socioambientais que enfrentam.<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, São Paulo/SP


34<br />

Conexões<br />

• Conferência Nacional Infanto-<br />

Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>:<br />

www.conferenciainfantojuvenil.com.br<br />

Água<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Criado em 1972, o Parque<br />

Nacional da Serra da Canastra<br />

tem 71.525ha <strong>de</strong>marcados. A<br />

Serra da Canastra é uma espécie<br />

<strong>de</strong> berçário <strong>de</strong> rios situado<br />

bem no divisor <strong>de</strong> duas bacias<br />

hidrográficas: a do rio Paraná e<br />

a do rio São Francisco. A implantação<br />

do Parque foi traumática<br />

<strong>para</strong> a região, porque a área<br />

<strong>de</strong>sapropriada tinha <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

fazendas, uma <strong>de</strong>las praticamente<br />

em cima das nascentes do “V<strong>el</strong>ho<br />

Chico”. Os fazen<strong>de</strong>iros foram<br />

resistindo e prot<strong>el</strong>ando a saída<br />

até serem retirados à força p<strong>el</strong>a<br />

Polícia Fe<strong>de</strong>ral.<br />

www.serradacanastra.com.br<br />

Saiba +<br />

• Veja mais informações sobre a<br />

transposição do rio São Francisco<br />

na Região Nor<strong>de</strong>ste.<br />

• A Conferência Nacional Infanto-<br />

Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

contribui imensamente <strong>para</strong> o<br />

cenário da juventu<strong>de</strong> socioambientalista.<br />

Veja o tema Legislação<br />

Ambiental da Região Su<strong>de</strong>ste e<br />

o tema Educação Ambiental da<br />

Região Centro-Oeste.<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, São Paulo/SP<br />

Começando nossa viagem p<strong>el</strong>a região,<br />

vamos mergulhar nos rios, bacias e mares<br />

do Su<strong>de</strong>ste.<br />

Em Minas Gerais, encontramos a nascente <strong>de</strong><br />

um dos mais importantes rios brasileiros, o São<br />

Francisco. Ele nasce na Serra da Canastra/MG,<br />

e po<strong>de</strong>mos pegar um barco e navegá-lo por<br />

1.800km, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pirapora/MG até a cachoeira<br />

<strong>de</strong> Paulo Afonso/BA.<br />

O rio representa uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> riqueza<br />

<strong>para</strong> o país e <strong>para</strong> a região. O Vale do São<br />

Francisco é um importante produtor <strong>de</strong> algodão,<br />

cultivado no norte <strong>de</strong> Minas. Há nessa<br />

região gran<strong>de</strong>s cotonicultores, plantadores<br />

<strong>de</strong> algodão, que chegam a plantar<br />

individualmente 4.000ha <strong>de</strong> algodão<br />

(EMBRAPA:2004) utlizando tecnologias<br />

mo<strong>de</strong>rnas, como a aviação<br />

agrícola.<br />

Passamos por muitas comunida<strong>de</strong>s<br />

ribeirinhas, que vivem dos<br />

recursos oferecidos p<strong>el</strong>o rio, e por<br />

barragens e hidr<strong>el</strong>étricas. Além<br />

da hidr<strong>el</strong>étrica Três Marias, que<br />

possui a maior potência instalada<br />

(387,6 megawatts - MW), se<br />

<strong>de</strong>stacam a <strong>de</strong> Formosos (340MW)<br />

e a <strong>de</strong> Bananeira (200MW) (ELETRO-<br />

BRAS:2002). No entanto, o rio não<br />

é apenas uma riqueza <strong>para</strong> o ser<br />

humano e sua economia. Ele é<br />

também uma gran<strong>de</strong> riqueza natural,<br />

pois <strong>de</strong>le <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> uma biodiversida<strong>de</strong><br />

imensuráv<strong>el</strong>.<br />

Planos e ementas do governo discutem,<br />

<strong>de</strong> um lado, a transposição e, <strong>de</strong> outro,<br />

medidas <strong>para</strong> salvar o “V<strong>el</strong>ho Chico”, que<br />

pe<strong>de</strong> socorro. Os jovens também são responsáveis<br />

p<strong>el</strong>a vida do rio. Eles querem e po<strong>de</strong>m<br />

participar <strong>de</strong>sses diálogos, rev<strong>el</strong>ando pontos<br />

<strong>de</strong> vista e mobilizando a população <strong>para</strong> a tomada<br />

<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />

Banhados p<strong>el</strong>as abençoadas águas do São<br />

Francisco e continuando nossa viagem,<br />

encontramos outros rios e reservas <strong>de</strong> água<br />

que possuem importância regional por sua<br />

participação em ativida<strong>de</strong>s como transporte<br />

hidroviário, abastecimento d’água e geração<br />

<strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica. Dentre <strong>el</strong>es <strong>de</strong>stacam-se o<br />

rio Doce, o rio Jequitinhonha e o rio Gran<strong>de</strong>,<br />

além do Aqüífero Guarani.


O Sistema Aqüífero Guarani é consi<strong>de</strong>rado<br />

a maior reserva estratégica <strong>de</strong> água doce<br />

da América Latina <strong>para</strong> o abastecimento<br />

público, <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

econômicas e <strong>para</strong> o lazer.<br />

Dados<br />

O recentemente <strong>de</strong>nominado “Aqüífero<br />

Guarani Gigante do Mercosul”, dado seu<br />

porte, abrangência e importância, é um dos<br />

maiores sistemas aqüíferos do mundo. Ocupa<br />

superfície aproximada <strong>de</strong> 1.194.000km 2 na<br />

Bacia Sedimentar do Paraná e parte da Bacia<br />

do Chaco-Paraná, o que equivale a 2 vezes<br />

a área do maior estado do Su<strong>de</strong>ste, Minas<br />

Gerais. No Brasil, abrange os estados <strong>de</strong> Goiás,<br />

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São<br />

Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul. Seu volume é <strong>de</strong> 50 mil km 3 <strong>de</strong> água<br />

doce armazenada. Foi batizado com esse<br />

nome em homenagem à população indígena<br />

Guarani, que dominava a Bacia Platina na<br />

época do <strong>de</strong>scobrimento da América.<br />

(Aqüífero Guarani: A Verda<strong>de</strong>ira Integração<br />

dos Países do Mercosul:2004)<br />

Procuramos saber mais sobre o aqüífero e<br />

encontramos a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> – REJUMA <strong>de</strong> Ribeirão Preto/SP. A<br />

galera da re<strong>de</strong> nos alertou que o aqüífero vem<br />

sofrendo muitos impactos ambientais, resultado<br />

da má utilização dos recursos hídricos.<br />

Preocupados com isso, os jovens da re<strong>de</strong><br />

buscaram aten<strong>de</strong>r a proposta 1 da carta<br />

“Jovens Cuidando do Brasil”, que reúne as<br />

propostas <strong>el</strong>aboradas por 400 jovens <strong>de</strong>lega-<br />

dos <strong>de</strong> todo o país durante os três dias da<br />

1 a Conferência Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong>, em 2003:<br />

Formular um plano <strong>de</strong> ação <strong>para</strong><br />

conscientização da população<br />

sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

preservação da água. O plano<br />

<strong>de</strong>verá envolver os órgãos<br />

públicos, empresas, comunida<strong>de</strong>s,<br />

escolas e universida<strong>de</strong>s, utilizando<br />

os meios <strong>de</strong> comunicação (jornais,<br />

revistas, TV e rádio) e formas<br />

artísticas em geral (filmes, peças,<br />

músicas, palestras e passeatas).<br />

Os jovens <strong>de</strong> Ribeirão Preto/SP r<strong>el</strong>embram<br />

que, <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolver esse plano <strong>de</strong> ação,<br />

necessita-se aprimorar o conhecimento sobre<br />

os problemas que envolvem o tema Água.<br />

Problemas estes que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sperdício<br />

nas esferas públicas e privadas à produção e<br />

tratamento <strong>de</strong> resíduos sólidos, passando por<br />

questões <strong>de</strong> saneamento básico e <strong>de</strong> <strong>de</strong>strui-<br />

ção das matas ciliares.<br />

35<br />

Conexões<br />

• A Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> -<br />

REJUMA é uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens<br />

ligados às questões socioambientais<br />

presente em todos os<br />

estados brasileiros. Formada em<br />

setembro <strong>de</strong> 2003, vem fortalecendo<br />

as ações locais dos grupos<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> mediante troca <strong>de</strong><br />

informações, experiências e apoio<br />

mútuo em âmbito nacional.<br />

www.rejuma.org.br<br />

• Para saber mais sobre a<br />

REJUMA <strong>de</strong> Ribeirão Preto<br />

e suas ações, entre em<br />

contato com a ONG Vivacida<strong>de</strong><br />

www.vivacida<strong>de</strong>.org.br.<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Aqüífero Guarani po<strong>de</strong><br />

oferecer até 43 trilhões <strong>de</strong> m 3<br />

<strong>de</strong> água por ano, o suficiente<br />

<strong>para</strong> abastecer uma população<br />

<strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong> habitantes.<br />

• Um estudo da Empresa<br />

Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />

- EMBRAPA, no ano <strong>de</strong><br />

2002, apontou níveis <strong>de</strong> agrotóxicos<br />

próximos aos limites <strong>de</strong> risco<br />

à saú<strong>de</strong> humana na região <strong>de</strong><br />

Ribeirão Preto/SP e em outras<br />

quatro áreas: nas nascentes do<br />

rio Araguaia, em Alegrete/RS, em<br />

Lajes/SC e no interior do Paraná.<br />

Nessas áreas o risco <strong>de</strong> contaminação<br />

é maior porque o aqüífero<br />

não é protegido p<strong>el</strong>a rocha<br />

basáltica.<br />

Saiba +<br />

• Veja a carta “Jovens Cuidando<br />

do Brasil” na íntegra no capítulo<br />

<strong>de</strong> cartas.<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ. [Geovan Gonçalves Fonseca, 20 anos]


36<br />

Contat0s<br />

• Secretaria Executiva do CNRH:<br />

SGAN Qd. 601 Lote 01 Ed.<br />

Co<strong>de</strong>vasf - 4o andar sala 426<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 70830-901<br />

T<strong>el</strong>: (61) 4009-1858<br />

Fax: (61) 4009-1825<br />

Conexões<br />

• Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos – CNRH:<br />

www.cnrh-srh.gov.br<br />

• Sistema Nacional <strong>de</strong><br />

Gerenciamento <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos:<br />

www.mma.gov.br/port/<br />

srh/sistema/<br />

• Cons<strong>el</strong>hos Estaduais <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos:<br />

www.mma.gov.br/port/srh/sistema/cons<strong>el</strong>hos.html<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Desastre ambiental em gran<strong>de</strong><br />

escala foi provocado p<strong>el</strong>o<br />

aci<strong>de</strong>nte na plataforma P-7 na<br />

Bacia <strong>de</strong> Campos em 27 <strong>de</strong> maio<br />

<strong>de</strong> 2001 <strong>de</strong>vido a um gran<strong>de</strong><br />

vazamento <strong>de</strong> óleo. O aci<strong>de</strong>nte<br />

resultou em duas manchas a uma<br />

distância <strong>de</strong> 85 km da costa. Uma<br />

das manchas tinha cerca <strong>de</strong> 110<br />

mil litros e a outra, 10 mil litros <strong>de</strong><br />

óleo. Provocou também a morte<br />

<strong>de</strong> 11 pessoas.<br />

(<strong>Ambiente</strong> Brasil:2006)<br />

• A socieda<strong>de</strong> civil po<strong>de</strong><br />

participar do Cons<strong>el</strong>ho Nacional<br />

<strong>de</strong> Recursos Hídricos, dos Comitês<br />

<strong>de</strong> Bacias Hidrográficas e dos<br />

Cons<strong>el</strong>hos Estaduais <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos, por intermédio <strong>de</strong> ONGs,<br />

escolas, universida<strong>de</strong>s e outros<br />

grupos organizados. Vale lembrar<br />

que, mesmo não pertencendo a<br />

algum tipo <strong>de</strong> organização da<br />

socieda<strong>de</strong> civil, o cidadão po<strong>de</strong><br />

estar presente às reuniões dos<br />

Comitês <strong>para</strong> saber das ações<br />

e dar sugestões. Para isso,<br />

procure os órgãos públicos<br />

ambientais, as companhias <strong>de</strong><br />

águas, as associações e ONGs<br />

que trabalham com o tema.<br />

(WWF-Brasil:2006)<br />

Para suprir essa necessida<strong>de</strong>, os apoiadores da<br />

REJUMA <strong>de</strong> Ribeirão Preto <strong>de</strong>senvolveram,<br />

com estes jovens ambientalistas, várias ativida<strong>de</strong>s<br />

ligadas à educação ambiental em<br />

encontros mensais no período <strong>de</strong> fevereiro<br />

a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004. Isso possibilitou a ação<br />

qualificada <strong>de</strong> jovens junto a escolas e comunida<strong>de</strong>s,<br />

fortalecendo a in<strong>de</strong>pendência e a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> da própria re<strong>de</strong>.<br />

Estes jovens contam<br />

que, <strong>de</strong>pois do<br />

programa <strong>de</strong> formação,<br />

informam<br />

m<strong>el</strong>hor<br />

os familiares e<br />

conhecidos sobre<br />

o que po<strong>de</strong><br />

ser feito individual<br />

e coletivamente, <strong>para</strong><br />

o uso sustentáv<strong>el</strong> dos<br />

recursos hídricos. Para <strong>el</strong>es, o compromisso<br />

com esses recursos e com<br />

a qualida<strong>de</strong> da água na região é<br />

fundamental.<br />

Para se ter uma idéia, as Bacias<br />

Costeiras do Su<strong>de</strong>ste são aqu<strong>el</strong>as<br />

que possuem maior percentual <strong>de</strong><br />

leis sobre áreas <strong>de</strong> interesse especial<br />

(25%). Dois exemplos são encontrados<br />

nas Leis Estaduais (SP) 7.663/91, que<br />

institui a Política Estadual <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos, e 9.866/97, que dispõe sobre<br />

diretrizes e normas <strong>para</strong> a proteção e a<br />

recuperação das bacias hidrográficas dos<br />

mananciais <strong>de</strong> interesse regional do estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Áreas <strong>de</strong> Interesse Especial são aqu<strong>el</strong>as que,<br />

em função <strong>de</strong> suas peculiarida<strong>de</strong>s ambientais,<br />

culturais, turísticas, históricas e paisagísticas,<br />

exigem um tratamento diferenciado, em<br />

especial quanto às formas <strong>de</strong> uso e ocupação<br />

do solo. São instituídas por instrumentos<br />

legais com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nar o<br />

território. (DRM/RJ:2006)<br />

Projeto Monitores do Jardim. Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ. [Juliana B., 17 anos]<br />

Ainda assim,<br />

existem muitas<br />

m<strong>el</strong>horias a serem<br />

feitas.<br />

A poluição<br />

c o n t a m i n a<br />

rios do Su<strong>de</strong>ste<br />

– como o rio<br />

Tietê, em São Paulo, e o<br />

rio Doce, que passa por Minas<br />

Gerais e Espírito Santo – e alguns<br />

cursos fluviais do alto vale do<br />

São Francisco, que atravessam<br />

áreas industriais próximas a B<strong>el</strong>o<br />

Horizonte/MG.<br />

Também não se po<strong>de</strong> esquecer<br />

<strong>de</strong> certos trechos litorâneos,<br />

on<strong>de</strong> o risco <strong>de</strong> poluição é alto<br />

<strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> amplas<br />

áreas <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> petróleo,<br />

como é o caso da Plataforma<br />

<strong>de</strong> Campos/RJ. Ela é responsáv<strong>el</strong> por parc<strong>el</strong>a<br />

expressiva da produção <strong>de</strong> petróleo bruto<br />

do país e freqüente causa <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />

envolvendo o <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> petróleo e<br />

<strong>de</strong>rivados no mar.


37<br />

Dados<br />

Consi<strong>de</strong>rada a maior reserva petrolífera da<br />

Plataforma Continental Brasileira, a Bacia <strong>de</strong><br />

Campos tem cerca <strong>de</strong> 100 mil km 2 e se esten<strong>de</strong><br />

do estado do Espírito Santo até Cabo Frio no<br />

litoral norte do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Em<br />

2004, estavam em operação 7.958 poços <strong>de</strong><br />

óleo e gás. Desse total, 7.307 em terra e 651<br />

no mar. Também estavam em operação 72<br />

plataformas fixas, 23 flutuantes <strong>de</strong> produção<br />

e 8.244km <strong>de</strong> dutos. A produção foi <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 1,4 milhões <strong>de</strong> barris <strong>de</strong> óleo e cerca <strong>de</strong> 42<br />

milhões <strong>de</strong> m 3 <strong>de</strong> gás, representando cerca <strong>de</strong><br />

85% e 15% da produção nacional <strong>de</strong> óleo e<br />

gás, respectivamente. (Petrobras:2006)<br />

Essas plataformas permitem que o país<br />

chegue ao fim <strong>de</strong> 2006 com a produção<br />

média diária <strong>de</strong> 1,91 milhões <strong>de</strong> barris, superando<br />

a <strong>de</strong>manda nacional <strong>de</strong> petróleo - <strong>de</strong><br />

1,8 milhão <strong>de</strong> barris por dia.<br />

(Jornal da USP:2006)<br />

Análise<br />

Além <strong>de</strong> ser essencial <strong>para</strong> a vida, a água é<br />

um produto indispensáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> segmentos <strong>de</strong><br />

produção como indústrias, setor agrícola e <strong>de</strong><br />

serviços. Mesmo assim, 2 bilhões <strong>de</strong> pessoas<br />

no mundo (1/3 da população) já enfrentam a<br />

escassez <strong>de</strong> água e, em 2025, estima-se que 4<br />

bilhões (50% da população mundial) estarão<br />

nessa situação (ONU:2002).<br />

Inf<strong>el</strong>izmente, mais <strong>de</strong> 70% da água potáv<strong>el</strong> no<br />

mundo é utilizada <strong>para</strong> irrigação e em indústrias<br />

e apenas uma porcentagem reduzida é <strong>para</strong><br />

o consumo humano (UNESCO:2006). Dessa<br />

forma, ações individuais são importantes <strong>para</strong><br />

redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício, mas os gran<strong>de</strong>s consumidores<br />

(setor agrícola e industrial) precisam<br />

assumir a responsabilida<strong>de</strong> que lhes cabe.<br />

Além disso, o impacto ambiental provocado<br />

p<strong>el</strong>o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização das cida<strong>de</strong>s<br />

causa danos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções aos<br />

mananciais da região. Junto às principais<br />

áreas urbano-industriais, jovens <strong>de</strong>tectaram<br />

diversos problemas ambientais que ocorrem<br />

ao longo dos rios, bacias e mares da região<br />

Su<strong>de</strong>ste.<br />

Assim, antes <strong>de</strong> comprar um imóv<strong>el</strong> ou<br />

construir em terrenos com floresta – e isso<br />

também vale <strong>para</strong> áreas urbanas – <strong>de</strong>ve-se<br />

consultar o Código Florestal (Lei 4.771/65 e<br />

alterações posteriores), pois nem sempre é<br />

permitido o corte da vegetação. A proibição<br />

do corte trata <strong>de</strong> áreas no entorno <strong>de</strong> todas<br />

as nascentes (raio mínimo <strong>de</strong> 50m) e cursos<br />

d’água (faixa com p<strong>el</strong>o menos 30m <strong>de</strong> largura<br />

Material produzido na Exposição Itinerante<br />

do WWF-Brasil, São Paulo/SP.<br />

Material produzido na Exposição Itinerante<br />

do WWF-Brasil, São Paulo/SP. [Thais Nayuri Watanabe]


38<br />

ao longo <strong>de</strong> cada margem), que são <strong>de</strong>finidas<br />

como Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente - APPs,<br />

segundo informações da Fundação SOS<br />

Mata Atlântica.<br />

Com estes e outros dados em mãos, jovens<br />

mostram que a gestão e conservação dos<br />

recursos hídricos da região se faz necessária e<br />

urgente e reconhecem a reflexão estimulada<br />

p<strong>el</strong>o primeiro parágrafo da Declaração Universal<br />

dos Direitos da Água, que diz que “A água<br />

faz parte do patrimônio do planeta. Cada<br />

continente, cada povo, cada região, cada<br />

cida<strong>de</strong>, cada cidadão é plenamente responsáv<strong>el</strong><br />

aos olhos <strong>de</strong> todos.” (ONU:1992)<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, São Paulo/SP.


39<br />

Biomas Brasileiros<br />

Contatos<br />

• Fundação SOS Mata Atlântica<br />

Rua Mano<strong>el</strong> da Nóbrega, 456<br />

Paraíso - São Paulo/SP<br />

CEP: 04001-001<br />

T<strong>el</strong>: (11) 3055-7888<br />

Fax: (11) 3885-1680<br />

www.sosmatatlantica.org.br<br />

Já equipados com água, pegamos as mochilas<br />

e botas <strong>para</strong> nos aventurarmos em um dos<br />

biomas que, nos últimos tempos, mais vem sofrendo<br />

impactos ambientais: a Mata Atlântica.<br />

Bioma é conceituado como um<br />

conjunto <strong>de</strong> vida (vegetal e<br />

animal) constituído p<strong>el</strong>o mento <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> vegetação<br />

contíguos e i<strong>de</strong>ntificáveis em<br />

escala regional, com condições<br />

geoclimáticas similares e história<br />

agrupa-<br />

compartilhada <strong>de</strong> mudanças. Tais<br />

características resultam em uma<br />

diversida<strong>de</strong> biológica própria.<br />

(IBGE:2004)<br />

Encontramos, no Su<strong>de</strong>ste, resquícios <strong>de</strong>sse<br />

bioma que abriga uma parc<strong>el</strong>a significativa da<br />

diversida<strong>de</strong> biológica do país.<br />

Dados<br />

O bioma Mata Atlântica ocupa os estados do<br />

Espírito Santo e do Rio <strong>de</strong> Janeiro e partes<br />

<strong>de</strong> outras 13 unida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração. Assim,<br />

a área <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>sse bioma é <strong>de</strong><br />

1.110.182km 2 , o que equivale a 13,04% do território<br />

brasileiro. (IBGE:2004)<br />

Um dos principais motivos <strong>para</strong> a gravida<strong>de</strong><br />

da situação atual da Mata Atlântica é o <strong>de</strong>smatamento.<br />

Um monitoramento, realizado<br />

p<strong>el</strong>a Fundação SOS Mata Atlântica, mostrou<br />

que, entre 1990 e 1995, mais <strong>de</strong> meio milhão<br />

<strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> florestas foram <strong>de</strong>struídos em<br />

nove estados da região Sul, Su<strong>de</strong>ste e Centro-<br />

Oeste, que concentram aproximadamente<br />

90% da Mata Atlântica do país.<br />

Percebemos ainda que no bioma vivem várias<br />

comunida<strong>de</strong>s indígenas, caiçaras, ribeirinhas<br />

e quilombolas, constituindo a diversida<strong>de</strong> da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural do Brasil.<br />

Mais <strong>de</strong> 108 milhões <strong>de</strong> pessoas no Brasil<br />

moram, trabalham e se divertem em lugares<br />

antes cobertos com a vegetação da Mata<br />

Atlântica. Exemplos disso são as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

São Paulo/SP e do Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ, on<strong>de</strong><br />

temos acesso a áreas <strong>de</strong> preservação do bioma<br />

mesmo <strong>de</strong>ntro do perímetro urbano. Visitando<br />

o Rio <strong>de</strong> Janeiro, conhecemos o pessoal do<br />

Coletivo Jovem – CJ, que realiza caminhadas<br />

no Parque Nacional da Tijuca.<br />

O Parque representa a maior reserva natural<br />

em região urbana do país. O reflorestamento<br />

ali realizado trouxe <strong>de</strong> volta espécies típicas<br />

do bioma como ipês (Tabebuia alba), jequitibás<br />

(Cariniana estr<strong>el</strong>lensis), jacarandás<br />

(Platymiscium floribundum) e sapucaias<br />

(Lecythis pisonis). Durante todo o passeio,<br />

po<strong>de</strong>mos ver micos e esquilos passando<br />

entre as árvores do Parque. Mas, inf<strong>el</strong>izmente,<br />

também encontramos muito lixo nas trilhas.<br />

Uma das ações do CJ do Rio <strong>de</strong> Janeiro foi o<br />

mutirão <strong>de</strong> limpeza no Parque Nacional da<br />

Tijuca. A ativida<strong>de</strong> foi realizada com o objetivo<br />

<strong>de</strong> fazer o intercâmbio com jovens <strong>de</strong> outros<br />

países, além <strong>de</strong> trocar experiências e limpar<br />

a área do Parque na qual estivemos. Um ótimo<br />

resultado se <strong>de</strong>u com o engajamento dos<br />

jovens do intercâmbio internacional, que<br />

pu<strong>de</strong>ram vivenciar essa proposta <strong>de</strong> educação<br />

ambiental e <strong>de</strong> conservação do nosso<br />

patrimônio histórico cultural.<br />

Conexões<br />

• Acesse os mapas <strong>de</strong> Biomas e <strong>de</strong><br />

Vegetação<br />

ftp.ibge.gov.br/Cartas_e_Mapas/<br />

Mapas_Murais/<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Vulcão Brasileiro: Extinto<br />

a 40 milhões <strong>de</strong> anos, o vulcão<br />

brasileiro que possui intactos<br />

a cratera e o cone está<br />

ameaçado por uma pedreira<br />

instalada na Serra da<br />

Madureira, em Nova Iguaçu.<br />

• O Brasil possui superfície territorial<br />

<strong>de</strong> 8.511.996 km 2 Suas<br />

altitu<strong>de</strong>s vão do nív<strong>el</strong> do mar<br />

até mais <strong>de</strong> 3.000 metros. O país<br />

possui importantes variações<br />

<strong>de</strong> condições climáticas. Dentre<br />

as 200 nações do mundo atual,<br />

apenas 17 países possuem em seus<br />

territórios cerca <strong>de</strong> 70% da biodiversida<strong>de</strong><br />

do planeta. Nesta lista<br />

<strong>de</strong> países megadiversos, o Brasil<br />

é o primeiro em biodiversida<strong>de</strong><br />

terrestre, reunindo quase 12% <strong>de</strong><br />

toda a vida natural do mundo.<br />

(Conservation International do<br />

Brasil:2006)<br />

• A árvore mais v<strong>el</strong>ha do Brasil é<br />

um jequitibá patriarca, que fica<br />

no Parque Estadual <strong>de</strong><br />

Vassununga, em Santa Rita do<br />

Passa-Quatro/SP. Os jequitibás são<br />

árvores nativas da Mata<br />

Atlântica brasileira e existentes<br />

apenas na Região Su<strong>de</strong>ste e em<br />

alguns estados vizinhos. O<br />

peso total do jequitibá po<strong>de</strong> chegar<br />

a até 264 ton<strong>el</strong>adas.


40<br />

Contatos<br />

• Instituto Florestal<br />

Rua do Horto, 931<br />

São Paulo/SP<br />

CEP: 02377-000<br />

PABX: (11) 6231-8555<br />

www.iflorestsp.br<br />

• Instituto Socioambiental<br />

Se<strong>de</strong> São Paulo/SP:<br />

Av. Higienópolis, 901<br />

Higienópolis - São Paulo/SP<br />

CEP: 01238-001<br />

T<strong>el</strong>: (11) 3515-8900<br />

Fax: (11) 3515-8904<br />

isa@socioambiental<br />

www.socioambiental.org<br />

Se<strong>de</strong> Brasília/DF:<br />

SCLN 210<br />

Bloco C sala 112<br />

Brasília /DF<br />

CEP:70862-530<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3035-5114<br />

Fax: (61) 3035-5121<br />

isadf@socioambiental.org<br />

Conexões<br />

• Reserva da Biosfera da Mata<br />

Atlântica<br />

www.rbma.org.br<br />

• Instituto Socioambiental<br />

www.socioambiental.org<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Localizado entre 5 o <strong>de</strong><br />

latitu<strong>de</strong> N a 32 o <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> S,<br />

com altitu<strong>de</strong>s que vão do<br />

nív<strong>el</strong> do mar a mais <strong>de</strong> 3.000<br />

metros e importantes variações<br />

<strong>de</strong> condições climáticas, o Brasil<br />

possui superfície territorial <strong>de</strong><br />

8.511.996km 2 . Dentre as 200<br />

nações do mundo atual,<br />

apenas 17 países possuem em<br />

seus territórios cerca <strong>de</strong> 70% da<br />

biodiversida<strong>de</strong>, representada<br />

p<strong>el</strong>as espécies animais e vegetais<br />

hoje existentes. Neste ranking<br />

<strong>de</strong> países megadiversos, o Brasil<br />

ocupa a 4 a colocação geral.<br />

(Conservation International)<br />

Metodologia<br />

Mutirão <strong>de</strong> limpeza<br />

Passo 1: Iniciar a ativida<strong>de</strong> com uma dinâmica<br />

<strong>de</strong> apresentações <strong>para</strong> que todos os envolvidos<br />

comecem a se entrosar.<br />

Sugestão: os participantes <strong>de</strong>vem dizer o<br />

nome e uma característica pessoal. O próximo<br />

participante <strong>de</strong>ve repetir as características<br />

dos colegas anteriores e acrescentar por<br />

último a sua. Segue-se assim até que todos<br />

tenham participado.<br />

Passo 2: Se<strong>para</strong>r o material necessário<br />

Bomba-costal, utilizada <strong>para</strong> a limpeza <strong>de</strong><br />

placas<br />

Panfletos informativos<br />

Sacos <strong>de</strong> lixo<br />

Luvas<br />

Passo 3: Iniciar a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong><br />

trilhas, churrasqueiras, monumentos e rios.<br />

Sugestão: Aproveite <strong>para</strong> ouvir sobre a<br />

história da floresta e alertar os visitantes<br />

quanto às restrições do parque que ajudam a<br />

manter o ambiente agradáv<strong>el</strong>.<br />

A Mata Atlântica vem sofrendo muito com o<br />

<strong>de</strong>smatamento, mas não <strong>de</strong>vemos encarar o<br />

problema como uma questão sem solução. Em<br />

São Paulo, por exemplo, o trabalho do Instituto<br />

Florestal mostrou um aumento <strong>de</strong> 2% nas<br />

áreas <strong>de</strong> vegetação natural do estado na última<br />

década. O dado é significativo, consi<strong>de</strong>rando<br />

que os levantamentos anteriores constatavam<br />

apenas a diminuição da área do bioma.<br />

Uma ótima dica <strong>para</strong> quem quer<br />

visitar o Parque Nacional da Tijuca<br />

é conhecê-lo na primavera e no<br />

verão, quando a vegetação fica<br />

mais exuberante e o calor favorece<br />

o banho nas cachoeiras.<br />

Análise<br />

A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> limpeza no Parque Nacional da<br />

Tijuca e os esforços <strong>de</strong> jovens da região, em<br />

conjunto com jovens <strong>de</strong> outras nacionalida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>ixam claros o anseio e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conservar os remanescentes da Mata Atlântica.<br />

Criado em 1967, o Parque Nacional da Tijuca<br />

tem uma história interessante. A vegetação<br />

que po<strong>de</strong> ser observada hoje é fruto <strong>de</strong> um<br />

reflorestamento or<strong>de</strong>nado por D. Pedro II<br />

no século XIX. O reflorestamento com<br />

espécies nativas tinha o objetivo <strong>de</strong> garantir<br />

a proteção das nascentes e a conservação<br />

das bacias dos rios Carioca e Maracanã, além<br />

<strong>de</strong> colaborar com equilíbrio da temperatura<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ.<br />

Embora gran<strong>de</strong>s reflorestamentos com<br />

árvores nativas não tenham sido amplamente<br />

difundidos na região, os jovens po<strong>de</strong>m utilizar<br />

outros meios <strong>para</strong> estimular o equilíbrio entre<br />

a conservação e as necessida<strong>de</strong>s econômicas,<br />

ambientais e sociais.<br />

A Lei 9.985, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, que<br />

institui o Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Conservação da Natureza – SNUC po<strong>de</strong> ser<br />

uma importante aliada nessa luta.<br />

O SNUC é constituído p<strong>el</strong>o conjunto das<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação fe<strong>de</strong>rais, estaduais


41<br />

Vitória/ES [Lindomar Gomes]<br />

e municipais. Elas A lei do SNUC exige a criação <strong>de</strong> cons<strong>el</strong>hos<br />

po<strong>de</strong>m diferir entre as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> com caráter consultivo ou <strong>de</strong>liberativo <strong>para</strong><br />

Conservação – UCs <strong>de</strong> proteção integral, em<br />

que é permitido apenas o uso indireto <strong>de</strong> seus<br />

recursos naturais; e as <strong>de</strong> uso sustentáv<strong>el</strong>, em<br />

que são permitidos a exploração e o aproveitamento<br />

econômico direto dos recursos naturais<br />

<strong>de</strong> forma planejada.<br />

a gestão <strong>de</strong> UCs. A composição do cons<strong>el</strong>ho<br />

<strong>de</strong>ve contemplar grupos organizados que têm<br />

interesse direto na gestão <strong>de</strong>stas áreas, com<br />

representação <strong>de</strong> órgãos governamentais e<br />

não-governamentais. No entanto, a maior parte<br />

das UCs brasileiras ainda não constituíram<br />

seus cons<strong>el</strong>hos gestores. Segundo o Instituto<br />

Há vários tipos <strong>de</strong> áreas protegidas e UCs e,<br />

Socioambiental, em estudo <strong>de</strong> 2003, apenas<br />

segundo a Lei, o principal objetivo <strong>de</strong> um<br />

49 das 260 UCs fe<strong>de</strong>rais possuíam Cons<strong>el</strong>hos<br />

Parque Nacional é a preservação <strong>de</strong> ecossistemas<br />

naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> r<strong>el</strong>evância ecológica<br />

Gestores criados e legalmente reconhecidos. E,<br />

quando existem, a participação das populações<br />

e b<strong>el</strong>eza cênica. Nesse tipo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

locais é muitas vezes inviabilizada.<br />

conservação – uma UC <strong>de</strong> proteção integral –<br />

é possív<strong>el</strong> realizar pesquisas científicas, <strong>de</strong>senvolver<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação, interpretação<br />

A região Su<strong>de</strong>ste possuia, até 2006, sete<br />

Parques Nacionais estab<strong>el</strong>ecidos por <strong>de</strong>cretos<br />

ambiental e <strong>de</strong> recreação, além do turismo<br />

específicos. Cinco <strong>de</strong>les, incluindo o primeiro<br />

ecológico (IBAMA).<br />

parque brasileiro, o <strong>de</strong> Itatiaia, criado em 1937,<br />

O Parque Nacional é <strong>de</strong> posse e <strong>de</strong> domínio<br />

públicos e sua visitação está sujeita às normas<br />

encontram-se totalmente no estado <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais ou em parte <strong>de</strong>le.<br />

e restrições estab<strong>el</strong>ecidas no Plano <strong>de</strong> Manejo<br />

<strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong>.


42<br />

Áreas Urbanas<br />

Quando<br />

tentamos<br />

sair ou entrar em<br />

São Paulo/SP é<br />

comum ficarmos<br />

<strong>para</strong>dos<br />

durante<br />

horas<br />

em<br />

enormes<br />

congest<br />

i o n a -<br />

m e n t o s ,<br />

que já fazem<br />

parte<br />

das<br />

características<br />

da maior<br />

cida<strong>de</strong> brasileira.<br />

São Paulo/SP [Vítor Massao, 26 anos]<br />

Nesses<br />

momentos,<br />

po<strong>de</strong>mos refletir sobre o<br />

problema do tráfego que atinge<br />

as capitais da região.<br />

São Paulo/SP tem 25% da frota nacional,<br />

o que representa um carro <strong>para</strong> cada dois<br />

habitantes da capital. Para resolver ou amenizar<br />

o problema da crise <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> urbana<br />

paulistana, socieda<strong>de</strong> e governo <strong>de</strong>vem fazer<br />

uma análise mais <strong>de</strong>talhada das diversas r<strong>el</strong>ações<br />

entre: o uso e a ocupação do solo urbano,<br />

os sistemas <strong>de</strong> transporte e a infraestrutura<br />

viária e a interação entre fator humano,<br />

veículo, via pública e meio ambiente.<br />

Segundo a juventu<strong>de</strong> ambientalista local,<br />

enquanto a cida<strong>de</strong> está repleta <strong>de</strong> arranhacéus<br />

e gran<strong>de</strong>s casas confortáveis, nos bairros<br />

periféricos a situação é outra. Em assentamentos,<br />

morros e fav<strong>el</strong>as trabalhadores economicamente<br />

<strong>de</strong>sfavorecidos utilizam barracos<br />

<strong>de</strong> lona e <strong>de</strong> tábua<br />

como moradia.<br />

Desprovidos<br />

<strong>de</strong> qualquer<br />

i n f r a - e s -<br />

trutura,<br />

e s t e s<br />

moradores<br />

n e m<br />

sempre<br />

<strong>de</strong>têm<br />

a<br />

posse<br />

do terreno<br />

on<strong>de</strong> vivem.<br />

A<br />

produção<br />

imobiliária <strong>para</strong> as<br />

classes média e alta não<br />

consegue ocupar todo o espaço<br />

<strong>de</strong>stinado a <strong>el</strong>as, surgindo então vazios urbanos<br />

em regiões valorizadas. Nas periferias,<br />

as populações <strong>de</strong> baixa renda disputam<br />

espaço em locais precários, sem acesso aos<br />

serviços básicos como os <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação<br />

e transporte.<br />

Dados<br />

Na com<strong>para</strong>ção entre os censos <strong>de</strong> 1991 e<br />

2000, verifica-se que a região central <strong>de</strong> São<br />

Paulo/SP per<strong>de</strong>u 20% dos moradores nesse<br />

período, enquanto o extremo sul da cida<strong>de</strong>,<br />

formado por bairros <strong>de</strong> infra-estrutura<br />

precária, ganhou 25% mais habitantes.<br />

(Almanaque Abril:2005)<br />

O uso ina<strong>de</strong>quado do solo urbano não<br />

somente atrapalha o fluxo <strong>de</strong> automóveis,<br />

como também gera tantos outros problemas,


como a falta <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>para</strong> as residências,<br />

problemas <strong>de</strong> saneamento, dificulda<strong>de</strong><br />

na coleta <strong>de</strong> lixo, além <strong>de</strong> problemas que em<br />

momentos <strong>de</strong> emergência, como enchentes,<br />

são percebidos <strong>de</strong> forma gritante.<br />

Finalmente livres do congestionamento,<br />

continuamos nossa viagem. Percebemos que<br />

os resíduos sólidos são gran<strong>de</strong>s problemas que<br />

não atingem somente as capitais. F<strong>el</strong>izmente,<br />

temos na região muitos exemplos <strong>de</strong> projetos<br />

que trabalham essa questão. Em breve <strong>para</strong>da<br />

<strong>para</strong> esticar as pernas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uberlândia/<br />

MG, encontramos o pessoal do EMCANTAR.<br />

O EMCANTAR – Centro <strong>de</strong><br />

Cultura, Educação e Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1996,<br />

visa contribuir <strong>para</strong> um modo <strong>de</strong><br />

vida fundado no encantamento<br />

com o mundo, na cooperação<br />

entre os indivíduos e no<br />

r<strong>el</strong>acionamento responsáv<strong>el</strong> com<br />

o espaço ocupado. A ONG já<br />

realizou a gravação dos CDs<br />

EmCantar (1999) e Mutirão (2003).<br />

Produziu ainda <strong>de</strong>senhos animados<br />

com temáticas socioambientais<br />

e uma série <strong>de</strong> documentários<br />

sobre manifestações culturais da<br />

região do Triângulo Mineiro.<br />

Na cida<strong>de</strong>, o pessoal da ONG, formada por<br />

jovens e adultos, realiza reflexão sobre o uso<br />

do solo junto às escolas. Tratam das questões<br />

r<strong>el</strong>acionadas à ocupação do solo, à transformação<br />

do espaço e aos problemas do ser<br />

humano perante a natureza. Para isso <strong>el</strong>es<br />

utilizam músicas dos seus CDs, inspirando as<br />

crianças a refletirem sobre o tema. Afinal, “a<br />

música é uma visita a quem a alma sempre<br />

abre a porta”, diz Marco Aurélio Faria Co<strong>el</strong>ho,<br />

fundador do EMCANTAR.<br />

“Comecei a associar a forma<br />

como a música é trabalhada<br />

no EMCANTAR através,<br />

principalmente, das dinâmicas,<br />

brinca<strong>de</strong>iras, e percebi que, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, os resultados são mais<br />

concretos e imediatos do que<br />

no formato tradicional. Notei os<br />

avanços na percepção auditiva,<br />

corporal, rítmica e m<strong>el</strong>ódica além<br />

<strong>de</strong> mudanças agradáveis no<br />

comportamento das crianças e no<br />

r<strong>el</strong>acionamento interpessoal.”<br />

Mirtes Júlia <strong>de</strong> Sousa, 21 anos.<br />

Os jovens da EMCANTAR sabem que a escola é<br />

um lugar interessante <strong>para</strong> esse tipo <strong>de</strong> ação,<br />

pois esse ambiente se insere no processo <strong>de</strong><br />

formação dos indivíduos. Eles ressaltam ainda<br />

que é importante não realizar somente ações<br />

imediatas, como coleta <strong>de</strong> lixo, se<strong>para</strong>ção<br />

<strong>de</strong> materiais e reaproveitamento <strong>de</strong> sucatas.<br />

Apontam que, além <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ve<br />

haver uma reflexão crítica <strong>para</strong> a sensibilização<br />

e formação das pessoas envolvidas. Ação que<br />

po<strong>de</strong> colaborar <strong>para</strong> gerar frutos que vão além<br />

dos momentos vivenciados nas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Vale <strong>de</strong>stacar a importância dos projetos<br />

criarem uma linha histórica, partindo do<br />

passado <strong>para</strong> chegar ao presente. Dessa<br />

forma, <strong>el</strong>es reconstroem valores e mostram<br />

que o presente é reflexo do passado.<br />

43<br />

Contatos<br />

• EMCANTAR - Centro <strong>de</strong> Cultura,<br />

Educação e Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Av. João XXIII, 681 - sala 103<br />

CEP: 38408-056<br />

T<strong>el</strong>: (34) 3218.6693 / 3218.6604<br />

contato@emcantar.org.br<br />

www.emcantar.org.br<br />

Conexões<br />

• Atlas <strong>de</strong> Saneamento:<br />

www.ibge.gov.br/home/<br />

estatistica/populacao/<br />

atlas_saneamento/<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Na <strong>de</strong>finição usada p<strong>el</strong>o IBGE,<br />

fav<strong>el</strong>a é um conjunto <strong>de</strong> no<br />

mínimo 51 unida<strong>de</strong>s habitacionais<br />

que ocupam um terreno <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> alheia (pública ou<br />

particular).


44<br />

Metodologia<br />

A Ecogincana, realizada p<strong>el</strong>o projeto Sal da<br />

Terra com os alunos do ensino fundamental<br />

<strong>de</strong> B<strong>el</strong>o Horizonte/MG, tem como objetivo<br />

estimular o reaproveitamento <strong>de</strong> pap<strong>el</strong> e<br />

outros materiais, com extensão à coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva <strong>de</strong> lixo. Foram <strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s<br />

que estimulam a criativida<strong>de</strong> e a<br />

reflexão sobre os problemas ambientais em<br />

áreas urbanas.<br />

Passo 1: Arrecadar materiais (pap<strong>el</strong>, pap<strong>el</strong>ão,<br />

jornal, latas <strong>de</strong> alumínio e garrafas PET),<br />

recolhidos p<strong>el</strong>os estudantes.<br />

Passo 2: Estipular pontos <strong>para</strong> cada tipo <strong>de</strong><br />

material e fazer a contagem da quantida<strong>de</strong>.<br />

Passo 3: Criar ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> sensibilizar a<br />

comunida<strong>de</strong> escolar <strong>para</strong> a coleta s<strong>el</strong>etiva,<br />

promovendo a integração dos estudantes.<br />

Passo 4: Pre<strong>para</strong>r materiais <strong>para</strong> a reciclagem,<br />

reduzindo a utilização <strong>de</strong> matéria-prima e<br />

colaborando com as famílias dos funcionários<br />

da escola, que po<strong>de</strong>m complementar o seu<br />

orçamento ven<strong>de</strong>ndo o material recicláv<strong>el</strong>.<br />

Passo 5: Realizar apresentações <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

teatro, ajudando a levantar questionamentos<br />

sobre, por exemplo, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo<br />

produzida e as possíveis soluções.<br />

Passo 6: Realizar um mutirão, na horta da escola,<br />

reutilizando garrafas PET nos canteiros.<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se perceber que pequenos<br />

gestos, aparentemente banais, geram<br />

benefícios em ca<strong>de</strong>ia, evitando, por exemplo,<br />

o aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos<br />

sólidos gerados e incitando o reaproveitamento<br />

dos mesmos.<br />

Outro dilema enfrentado por alguns jovens<br />

ambientalistas <strong>de</strong>ntro das áreas urbanas diz<br />

respeito aos animais soltos p<strong>el</strong>as cida<strong>de</strong>s. Nas<br />

rodovias, praças e parques, é muito comum<br />

dividirmos espaço com animais que por ali<br />

perambulam. Em Bauru/SP, por exemplo, no<br />

período <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003 a junho <strong>de</strong> 2004,<br />

foram registrados p<strong>el</strong>a Polícia Militar 60<br />

aci<strong>de</strong>ntes com animais que trafegavam em<br />

perímetro urbano. Além disso, cachorros e<br />

gatos que perambulam p<strong>el</strong>a cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> várias doenças transmissíveis a<br />

animais domésticos e ao ser humano.<br />

A doença <strong>de</strong> p<strong>el</strong>e chamada<br />

“bicho geográfico”, que ocorre<br />

no ser humano, é causada por um<br />

<strong>para</strong>sita (Ancylostoma braziliense)<br />

que habita o intestino <strong>de</strong> cães e<br />

gatos que não são vermifugados<br />

periodicamente. Os animais (cães<br />

e gatos) <strong>de</strong>fecam nas areias, na<br />

terra ou nas praças, e os ovos dos<br />

vermes se espalham nesses locais.<br />

Esses ovos, em presença <strong>de</strong> calor<br />

e umida<strong>de</strong>, se transformam em<br />

larvas que ficam à espera <strong>de</strong> um<br />

hospe<strong>de</strong>iro. A transmissão ocorre<br />

por meio do contato com a p<strong>el</strong>e.<br />

(Wikipédia:2006)<br />

As enchentes e o sistema ineficiente <strong>de</strong> coleta<br />

e <strong>de</strong>stino do lixo po<strong>de</strong>m facilitar a disseminação<br />

<strong>de</strong> doenças como a leptospirose, que<br />

é transmitida principalmente p<strong>el</strong>o contato<br />

com a água contaminada p<strong>el</strong>a urina <strong>de</strong> ratos.<br />

Cabe ao governo solucionar esses problemas.<br />

Mas a socieda<strong>de</strong>, percebendo certa inércia por<br />

parte das autorida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ve exigir soluções,<br />

ressaltando o perigo que corremos em nossos<br />

próprios bairros e residências.


Análise<br />

Os problemas ambientais da região são<br />

significativos nas áreas urbanas, já que a<br />

região Su<strong>de</strong>ste é a mais <strong>de</strong>nsamente povoada<br />

e urbanizada do país. Gran<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>nsamentos<br />

populacionais e o tipo das construções nas<br />

cida<strong>de</strong>s geram uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrios,<br />

que provocam impactos negativos.<br />

Engarrafamentos, poluição, ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,<br />

animais soltos p<strong>el</strong>as ruas, essas são<br />

algumas questões <strong>de</strong> áreas urbanas apontadas<br />

p<strong>el</strong>os jovens da região Su<strong>de</strong>ste. Eles também<br />

enxergam, entre questões como poluição do<br />

ar e uso ina<strong>de</strong>quado do solo urbano, o problema<br />

social estampado nos enormes bolsões<br />

<strong>de</strong> pobreza.<br />

Sem um Plano Diretor Urbano a<strong>de</strong>quado, as<br />

cida<strong>de</strong>s da região cresceram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,<br />

sem respeitar os limites impostos<br />

p<strong>el</strong>o meio ambiente. Como superar, <strong>de</strong> forma<br />

sustentáv<strong>el</strong>, os problemas urbanos que afetam<br />

a população?<br />

Junto com grupos locais, jovens começam o<br />

diálogo nas escolas, como forma <strong>de</strong> mudar<br />

o comportamento dos estudantes, buscando<br />

reflexos positivos na socieda<strong>de</strong>. A partir, por<br />

exemplo, da reciclagem e dos hábitos <strong>de</strong><br />

consumo, diversos problemas urbanos são<br />

<strong>de</strong>batidos e soluções começam a ser propostas.<br />

Os resultados das ativida<strong>de</strong>s surgem como<br />

sinal <strong>de</strong> que muitos problemas sociais po<strong>de</strong>m<br />

ser resolvidos com o trabalho em grupo e a<br />

conjunção <strong>de</strong> esforços.<br />

A juventu<strong>de</strong> também se questiona sobre<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> solucionar problemas<br />

<strong>de</strong> famílias que estão sujeitas a períodos <strong>de</strong><br />

secas ou <strong>de</strong> enchentes, que po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r sua<br />

moradia por causa da erosão. E, ainda mais<br />

longe, com os recentes ataques <strong>de</strong> facções<br />

criminosas em São Paulo, buscam-se idéias<br />

sobre como resolver o problema da segurança<br />

pública.<br />

45<br />

Saiba +<br />

• Reflita sobre a reciclagem e<br />

os hábitos <strong>de</strong> consumo. Saiba +<br />

sobre os 5 Rs – repensar, recusar,<br />

reduzir, reutilizar e reciclar – no<br />

tema Áreas Urbanas da Região<br />

Centro-Oeste.<br />

• Confira a Região Sul e se<br />

atente <strong>para</strong> a questão da<br />

ocupação urbana das gran<strong>de</strong>s<br />

cida<strong>de</strong>s e da migração dos jovens<br />

<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s pequenas e <strong>de</strong> áreas<br />

rurais <strong>para</strong> centros urbanos.<br />

Material produzido no<br />

III Encontrão Escoteiro, São Paulo/SP


xxx<br />

São Paulo/SP [Henrique Loureiro, 21 anos]


São Paulo/SP [Henrique Loureiro, 21 anos]<br />

xxx


xxx<br />

São Paulo/SP [Henrique Loureiro, 21 anos]


Atmosfera &<br />

Mudanças Climáticas<br />

Conexões<br />

• Carbomo Brasil<br />

www.carbonobrasil.com<br />

• Worldwatch Institute<br />

www.wwiuma.org.br<br />

49<br />

No <strong>de</strong>correr da viagem percebemos as diferenças<br />

<strong>de</strong> clima <strong>de</strong> cada parte da região. O<br />

Su<strong>de</strong>ste possui características <strong>de</strong> zona <strong>de</strong><br />

transição <strong>de</strong> clima mesotérmico. Possui<br />

Caso a temperatura global se <strong>el</strong>eve, o processo<br />

<strong>de</strong> “<strong>de</strong>sertificação” dos vales do Jequitinho-<br />

nha e Mucuri (norte <strong>de</strong> Minas) se acentuaria.<br />

Segundo informações da Secretaria <strong>de</strong><br />

extremida<strong>de</strong>s com clima subtropical<br />

Recursos Hídricos do Ministério do Meio<br />

(sul <strong>de</strong> São Paulo) e zonas climáticas<br />

quentes <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>s baixas. Gran<strong>de</strong><br />

parte da região encontra-se em<br />

<strong>Ambiente</strong>, p<strong>el</strong>o menos 1.600 cursos<br />

d’água já sumiram do mapa. Em zonas<br />

litorâneas, a subida do oceano e os<br />

sistema tropical <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>s<br />

processos <strong>de</strong> enchentes causariam<br />

médias, com exceção do<br />

perdas <strong>de</strong> infra-estruturas<br />

norte <strong>de</strong> Minas Gerais, que<br />

metropolitanas, contribu-<br />

possui clima característico<br />

indo <strong>para</strong> a onda<br />

do semi-árido. Durante<br />

os meses <strong>de</strong> verão,<br />

migratória dos assentamentos<br />

humanos.<br />

há maior ocorrência<br />

pluviométrica nas<br />

áreas do sistema<br />

tropical <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>s<br />

médias, especialmente<br />

nas regiões<br />

litorâneas.<br />

Thiago <strong>de</strong> Araújo<br />

Men<strong>de</strong>s, jovem mestrando<br />

em Geografia, aponta que as<br />

São Paulo/SP [Rang<strong>el</strong> Mohedano, 26 anos]<br />

Além disso, essas<br />

modificações climáticas<br />

trariam<br />

sérias alterações aos<br />

sistemas <strong>de</strong> agricultura,<br />

modificando o<br />

regime das colheitas e<br />

o ciclo <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong><br />

inúmeras espécies.<br />

constantes alterações do clima e possíveis O <strong>de</strong>sequilíbrio gerado p<strong>el</strong>o aumento<br />

efeitos do aquecimento global acarretarão <strong>de</strong> temperatura permanente afetaria diretamente<br />

o acesso sustentáv<strong>el</strong> a matérias-primas<br />

conseqüências sérias <strong>para</strong> o Su<strong>de</strong>ste. Segundo<br />

o Pain<strong>el</strong> Intergovernamental <strong>de</strong> Mudanças associadas a diversos segmentos industriais.<br />

Climáticas – IPCC, ao longo do século XXI a Esse fato <strong>de</strong>sregularia os or<strong>de</strong>namentos socioeconômicos<br />

e a produção <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong><br />

temperatura global <strong>de</strong>verá <strong>el</strong>evar-se <strong>de</strong> 1,4°C<br />

a 4,8°C. O litoral do Su<strong>de</strong>ste sofreria com a bens primários no Su<strong>de</strong>ste.<br />

<strong>el</strong>evação do oceano, trazendo sérios impactos<br />

as suas principais zonas portuárias, como Situações como estas encontram agravantes<br />

Santos/SP, Tubarão/ES e Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ, nas próprias cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa parte do país. Ao<br />

além da perda <strong>de</strong> parte do território <strong>de</strong> ilhas passarmos p<strong>el</strong>as áreas urbanas da região<br />

importantes, como Vitória/ES.<br />

notamos como o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> veículos<br />

vem afetando o clima e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

dos habitantes do Su<strong>de</strong>ste.<br />

• Secretaria <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong><br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

www.ambiente.sp.gov.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Clima: sucessão habitual dos<br />

tipos <strong>de</strong> tempo num <strong>de</strong>terminado<br />

local da superfície terrestre.<br />

(SORRE: 1934)<br />

• Tempo: conjunto <strong>de</strong> valores,<br />

que num dado momento e num<br />

certo lugar, caracterizam o estado<br />

atmosférico. (Worldwatch<br />

Institute – WWI)<br />

Saiba +<br />

• Veja Áreas Urbanas da região<br />

Su<strong>de</strong>ste<br />

• Veja explicação do processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sertificação na região Sul


50<br />

Contatos<br />

• Companhia <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong><br />

Saneamento Ambiental - CETESB<br />

Av. Professor Fre<strong>de</strong>rico Hermann Jr.,<br />

345 - Alto <strong>de</strong> Pinheiros<br />

São Paulo/ SP<br />

CEP: 05459-900<br />

T<strong>el</strong>: (11) 3030-6000<br />

www.cetesb.sp.gov.br<br />

• Instituto Akatu<br />

Rua Padre João Manu<strong>el</strong>, 40,<br />

2 a sobr<strong>el</strong>oja, Conjunto Nacional<br />

São Paulo/SP<br />

CEP: 01411-000<br />

T<strong>el</strong>: (11) 3141-0177<br />

Fax: (11) 3141-0208<br />

www.akatu.net<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Outro gás com gran<strong>de</strong><br />

participação no efeito estufa é<br />

o metano (CH4), cuja principal<br />

fonte <strong>de</strong> emissão no Brasil é a<br />

pecuária. Apesar <strong>de</strong> liberado em<br />

escala muito menor, tem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

aquecimento 20 vezes maior que<br />

o CO 2<br />

. O metano é produzido p<strong>el</strong>o<br />

<strong>de</strong>jeto dos bovinos, e o Brasil, com<br />

um rebanho <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong><br />

cabeças <strong>de</strong> gado, é um dos gran<strong>de</strong>s<br />

emissores.<br />

• Apesar do aumento da frota<br />

particular, o transporte coletivo é<br />

o principal meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

no país, conduzindo 55 milhões<br />

<strong>de</strong> passageiros por dia, segundo<br />

a ANTP - Associação Nacional<br />

dos Transportes Públicos. Porém,<br />

em São Paulo, o uso <strong>de</strong> meios <strong>de</strong><br />

transporte individual já supera o<br />

dos coletivos, 53% dos <strong>de</strong>slocamentos<br />

registrados em 2002<br />

foram feitos por carros, motos,<br />

táxis ou bicicletas, segundo<br />

pesquisa Origem/Destino realizada<br />

p<strong>el</strong>o Metrô <strong>de</strong> São Paulo.<br />

• A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo contará,<br />

a partir do primeiro semestre <strong>de</strong><br />

2007, com um ônibus movido a<br />

hidrogênio. A iniciativa aponta<br />

<strong>para</strong> uma série <strong>de</strong> benefícios,<br />

além <strong>de</strong> colocar Brasil em posição<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na pesquisa do<br />

hidrogênio como combustív<strong>el</strong> <strong>de</strong><br />

automóveis. A tecnologia permite<br />

que o ônibus emita muito menos<br />

poluição sonora e zero <strong>de</strong> gás carbônico,<br />

um dos principais responsáveis<br />

p<strong>el</strong>o aquecimento global.<br />

Só na região metropolitana <strong>de</strong> São Paulo,<br />

90% da poluição atmosférica é provocada<br />

p<strong>el</strong>a emissão <strong>de</strong> gases veiculares segundo a<br />

Companhia <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Saneamento<br />

Ambiental – CETESB.<br />

Dados<br />

Conforme o R<strong>el</strong>atório <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do Ar no<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, produzido p<strong>el</strong>a CETESB<br />

a partir <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> 2005, os veículos foram<br />

responsáveis p<strong>el</strong>o <strong>de</strong>spejo na atmosfera <strong>de</strong><br />

1,41 milhão <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong><br />

carbono (CO), 343 mil ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> hidrocarbonetos<br />

(HC), 307 mil ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong><br />

nitrogênio (NO x ), 11 mil ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> partículas<br />

resultantes da combustão e 5 mil ton<strong>el</strong>adas<br />

<strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> enxofre (SO x<br />

).<br />

Todos esses gases lançados p<strong>el</strong>os veículos vão<br />

<strong>para</strong>r na atmosfera, e isso está agravando a<br />

poluição da atmosfera e prejudicando a da<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.<br />

quali-<br />

A queima <strong>de</strong> combustíveis à base <strong>de</strong> petróleo<br />

(gasolina e dies<strong>el</strong>) é responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a geração<br />

<strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, como monóxido <strong>de</strong><br />

carbono (CO) e gás carbônico (CO 2<br />

). A potencialização<br />

<strong>de</strong>sse efeito, que é natural, po<strong>de</strong><br />

causar grave <strong>de</strong>sequilíbrio sobre as temperaturas<br />

e regime <strong>de</strong> chuvas globais. Além<br />

disso, o petróleo é um recurso natural nãorenováv<strong>el</strong><br />

extremamente explorado. Porém, sua<br />

produção e refino agri<strong>de</strong>m o meio ambiente.<br />

A emissão <strong>de</strong>sses gases faz mal à saú<strong>de</strong><br />

humana e ao meio ambiente. Po<strong>de</strong> provocar,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caso, queda <strong>de</strong> resistência<br />

a infecções e doenças respiratórias, morte<br />

prematura, contaminação <strong>de</strong> solos e danos<br />

à vegetação. Os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> r<strong>el</strong>acionados<br />

à qualida<strong>de</strong> do ar incluem doenças<br />

como asma, bronquite crônica, infecções nos<br />

pulmões, enfisema pulmonar, doenças do<br />

coração e cancro do pulmão.<br />

De acordo com o Instituto Akatu, o cenário<br />

po<strong>de</strong>ria ser diferente se as pessoas adotassem<br />

certas atitu<strong>de</strong>s conscientes como, ao invés<br />

<strong>de</strong> usar o carro todos os dias, utilizassem<br />

transportes públicos (ônibus e trens), a<br />

bicicleta, a carona solidária ou caminhassem.<br />

Para se ter uma idéia do benefício<br />

<strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong> consciente, <strong>de</strong>ixar<br />

o carro na garagem um dia por<br />

semana evita a emissão <strong>de</strong> 440kg<br />

<strong>de</strong> gás carbônico na atmosfera<br />

por ano (consi<strong>de</strong>rando um<br />

trajeto <strong>de</strong> 20km).<br />

(Instituto Akatu:2006)<br />

Mas, se não for possív<strong>el</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> utilizar o<br />

carro, a manutenção correta dos veículos é<br />

fundamental <strong>para</strong> garantir que seja liberada a<br />

quantida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> poluentes no processo<br />

<strong>de</strong> combustão.<br />

Dados<br />

Conforme estudo da CETESB, 10% da<br />

frota (composta por carros antigos, sem<br />

manutenção a<strong>de</strong>quada) é responsáv<strong>el</strong> por<br />

50% das emissões totais <strong>de</strong> poluentes lançados<br />

na atmosfera.<br />

Ainda assim, não <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> olhar <strong>para</strong> o céu<br />

e <strong>de</strong> apreciar um b<strong>el</strong>o pôr do sol ou as estr<strong>el</strong>as<br />

que nos acompanhavam nessa viagem.


51<br />

Análise<br />

Verificamos que este é um tema refletido por<br />

jovens da região. As reflexões apresentadas<br />

p<strong>el</strong>as juventu<strong>de</strong>s do Su<strong>de</strong>ste partem tanto <strong>de</strong><br />

seus estudos universitários quanto da própria<br />

vivência com as questões <strong>de</strong> mudanças climáticas.<br />

Os jovens percebem os fenômenos e até<br />

indicam caminhos <strong>para</strong> minimizar impactos <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s humanas.<br />

A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> veículos e indústrias<br />

presentes na região gera poluentes – gases<br />

ou partículas – que tornam o ar impróprio ou<br />

nocivo à saú<strong>de</strong>, ao bem-estar público, à vida<br />

animal e vegetal. A principal causa da poluição<br />

do ar é a queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis<br />

<strong>para</strong> geração <strong>de</strong> calor (USP:2003), fazendo<br />

da América Latina o segundo pior lugar do<br />

mundo <strong>para</strong> se viver, em termos <strong>de</strong> poluição<br />

urbana do ar (FAPESP:2005).<br />

Embora as indústrias exerçam r<strong>el</strong>evante pap<strong>el</strong><br />

na poluição do ar, a contribuição individual<br />

também tem efeito significativo. Consi<strong>de</strong>rando<br />

que existem cinco milhões <strong>de</strong> veículos em<br />

São Paulo/SP, essas pequenas fontes <strong>de</strong> poluição<br />

po<strong>de</strong>m adquirir importância similar<br />

à das indústrias.<br />

O Inventário <strong>de</strong> Fontes Emissoras <strong>de</strong> Poluentes<br />

Atmosféricos da Região Metropolitana do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro (Feema:2004) mostra que 77% do<br />

total <strong>de</strong> poluentes emitidos <strong>para</strong> a atmosfera<br />

naqu<strong>el</strong>a região vêm <strong>de</strong> veículos automotores.<br />

As emissões anuais <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono<br />

(CO) por estas fontes chegam a 314 mil<br />

ton<strong>el</strong>adas por ano. Também é <strong>el</strong>evada a taxa<br />

<strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NO x<br />

):<br />

mais <strong>de</strong> 60 mil ton<strong>el</strong>adas por ano. Para efeito<br />

<strong>de</strong> com<strong>para</strong>ção, todas as indústrias estudadas<br />

emitem, juntas, cerca <strong>de</strong> 30 mil ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong><br />

NO x<br />

(meta<strong>de</strong> da emissão dos veículos) e suas<br />

emissões <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO 2<br />

) – o<br />

poluente mais emitido por <strong>el</strong>as – atingem<br />

cerca <strong>de</strong> 56 mil ton<strong>el</strong>adas por ano.<br />

Esses dados po<strong>de</strong>m soar como alarme e<br />

indicar a urgência em se <strong>de</strong>senvolver novas<br />

formas <strong>de</strong> transportes urbanos e soluções<br />

criativas e eficientes <strong>para</strong> a redução da<br />

poluição do ar. A fiscalização e conseqüente<br />

multa <strong>para</strong> aqu<strong>el</strong>es que poluem o ar excessivamente<br />

seriam alternativas?<br />

A m<strong>el</strong>horia dos sistemas <strong>de</strong> transporte coletivos<br />

– ônibus, metrôs, trens – e a otimização no<br />

planejamento urbano são fundamentais. A<br />

juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong>stacada atuação nesse<br />

sentido. Como usuários dos transportes<br />

coletivos, <strong>de</strong>vem cobrar das autorida<strong>de</strong>s as<br />

m<strong>el</strong>horias nesses sistemas. Como usuários dos<br />

transportes individuais, po<strong>de</strong>m promover o<br />

esforço <strong>de</strong> redução do número <strong>de</strong> automóveis<br />

nas ruas. Por que não, por exemplo, convidar<br />

três colegas <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a criação<br />

<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte solidário? A cada<br />

semana um ce<strong>de</strong> o carro, os quatro divi<strong>de</strong>m o<br />

custo da gasolina, todos reduzem sua participação<br />

na poluição atmosférica – e a socieda<strong>de</strong><br />

multiplica os benefícios.


52<br />

Educação ambiental<br />

Nessa jornada, já passamos por vários locais<br />

do Su<strong>de</strong>ste e também conhecemos muita<br />

gente. Essa galera está realizando vários<br />

trabalhos em suas cida<strong>de</strong>s ou estados. Sempre<br />

acreditando que a Educação Ambiental po<strong>de</strong><br />

ser um instrumento eficiente <strong>para</strong> a m<strong>el</strong>horia<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da nossa e das futuras<br />

gerações, os jovens trabalham temas que<br />

envolvem o meio ambiente com crianças,<br />

jovens e adultos.<br />

Jovens ambientalistas do Su<strong>de</strong>ste percebem<br />

que herdaram muitos problemas que atingem<br />

diretamente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do planeta.<br />

Por isso, dizem, é necessária uma mobilização<br />

que leve a traçar novos rumos e evite a<br />

<strong>de</strong>gradação ambiental em gran<strong>de</strong> escala, além<br />

da diminuição da biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Contudo, <strong>para</strong> mudar hábitos já incorporados,<br />

é preciso adquirir uma nova percepção que<br />

nos leve ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma postura<br />

a<strong>de</strong>quada em r<strong>el</strong>ação ao pap<strong>el</strong> individual e<br />

coletivo do cidadão. É exatamente com esse<br />

objetivo que projetos e programas <strong>de</strong> Edu-<br />

cação Ambiental são <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Durante a viagem, notamos que a maioria das<br />

instituições <strong>de</strong> ensino fundamental e médio<br />

precisa <strong>de</strong> práticas em Educação Ambiental,<br />

assim como as universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem enriquecer<br />

as discussões sobre a temática. É possív<strong>el</strong><br />

diagnosticar carências em certas escolas ou<br />

bairros e aliar a <strong>el</strong>as a temática ambiental. Isso<br />

foi realizado p<strong>el</strong>o Projeto Sal da Terra.<br />

Os professores das escolas on<strong>de</strong> o projeto ia<br />

ser realizado informavam que as crianças,<br />

inf<strong>el</strong>izmente, <strong>de</strong>sconheciam ou não colocavam<br />

em prática noções básicas <strong>de</strong> higiene e <strong>de</strong><br />

cuidado com a saú<strong>de</strong>. As oficinas do projeto<br />

enfatizaram estes temas e valorizaram atitu<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e cooperação, como a<br />

conservação e a limpeza do ambiente escolar.<br />

Outra forma muito interessante <strong>de</strong> trabalhar<br />

Educação Ambiental foi registrada nas oficinas<br />

do EMCANTAR, cujo público não são os<br />

estudantes, mas os professores. Os professores<br />

transformam-se em agentes multiplicadores<br />

<strong>de</strong>ssa proposta <strong>de</strong> Educação Ambiental e<br />

levam <strong>para</strong> o cotidiano escolar as vivências<br />

apreendidas na<br />

III Encontrão Escoteiro, São Paulo. [Carolina Paiva]<br />

III Encontrão Escoteiro, São Paulo. [Carolina Paiva]<br />

Exposição


dinâmica do EMCANTAR, consi<strong>de</strong>rando a<br />

realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada escola e seu entorno.<br />

“Tudo que trabalhei com meus<br />

alunos nestas ativida<strong>de</strong>s foi<br />

resultado <strong>de</strong> uma consciência<br />

que adquiri com o EMCANTAR.<br />

Foi uma mudança <strong>de</strong> postura<br />

minha. Hoje essa consciência faz<br />

parte <strong>de</strong> mim.”<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima Alves Batista<br />

Educadora<br />

A riqueza <strong>de</strong> metodologias em Educação<br />

Ambiental é vasta, sendo possíveis abordagens<br />

inovadoras e eficientes. Junto com a Exposição<br />

Itinerante realizada p<strong>el</strong>o <strong>Programa</strong> Água<br />

<strong>para</strong> a Vida do WWF-Brasil, foram lançados os<br />

Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Educação Ambiental “Água <strong>para</strong><br />

a Vida, Água <strong>para</strong> Todos” em estímulo e<br />

mobilização à campanha <strong>de</strong> mesmo nome.<br />

Em parceria firmada entre WWF-Brasil,<br />

União dos Escoteiros do Brasil – UEB e Grupo<br />

Interagir, a publicação foi enviada a 54 Grupos<br />

Escoteiros das 5 regiões do país. O intuito<br />

era disseminar a proposta<br />

dos ca<strong>de</strong>rnos e estimular a expressão dos jovens<br />

escoteiros sobre a temática socioambiental.<br />

Em Minas Gerais, o Jovem Focal do projeto<br />

GEO Juvenil Brasil, Hugo José Lima, acompanhou<br />

as ativida<strong>de</strong>s realizadas p<strong>el</strong>os Grupos<br />

Escoteiros Viçosa (Viçosa/MG), Coron<strong>el</strong> Vicente<br />

Torres Jr. (B<strong>el</strong>o Horizonte/MG) e Rui Barbosa<br />

(Contagem/MG). Em cada localida<strong>de</strong>, foram<br />

realizadas ações a partir das propostas do Guia<br />

<strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da publicação e envolveram, ao<br />

todo, 100 crianças e jovens.<br />

Segundo o jovem, é visív<strong>el</strong> que a juventu<strong>de</strong><br />

está se organizando e realizando seus<br />

projetos junto a entida<strong>de</strong>s, movimentos ou<br />

organizações. Porém, no <strong>de</strong>correr do tempo,<br />

acaba surgindo uma gran<strong>de</strong> lacuna. Isto é, a<br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> entre a visão ambiental<br />

ensinada e aqu<strong>el</strong>a aplicada no cotidiano dos<br />

alunos. Os jovens insistem que isso se <strong>de</strong>ve<br />

à realização <strong>de</strong> uma ação sem reflexão, sem<br />

compromisso com o futuro.<br />

O que acontece várias vezes é que<br />

projetos promovem sensibilizações<br />

imediatas, que<br />

Contatos<br />

• WWF-Brasil<br />

SHIS EQ QL 6/8 Conjunto E<br />

2° andar<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 71620-430<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3364-7400<br />

Fax: (61) 3364-7474<br />

www.wwf.org.br<br />

• União dos Escoteiros do Brasil<br />

Travessa José do Patrocinio, 100<br />

Alto da Glória.<br />

Curitiba/PR<br />

CEP: 80030-190<br />

T<strong>el</strong>: (41) 3353-4732<br />

Fax: (41) 3353-4733<br />

www.escoteiros.org.br<br />

Conexões<br />

• Para uma cópia digital das<br />

publicações, acesse:<br />

53<br />

Livro das Águas<br />

http://wwfagua.neuronia.com.br/<br />

upimgs/docs/<br />

44644_LivroAguas.pdf<br />

Guia <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s<br />

http://wwfagua.neuronia.com.br/<br />

upimgs/docs/guia_ativida<strong>de</strong>s.pdf<br />

Saiba +<br />

• Para saber <strong>de</strong> mais ações do<br />

WWF-Brasil, veja a região Sul.<br />

Itinerante do WWF-Brasil,<br />

São Paulo [Vitor Massao]<br />

Exposição Itinerante do WWF-Brasil,<br />

São Paulo [Vitor Massao]<br />

Oficina prática <strong>de</strong> preservação da mata ciliar,<br />

B<strong>el</strong>o Horizonte/MG. [Projeto O Sal da Terra]<br />

Material produzido coletivamente no III Encontrão Escoteiro, São Paulo/SP


54<br />

Conexões<br />

• Para calcular sua pegada<br />

ecológica entre no<br />

www.myfootprint.org e,<br />

<strong>para</strong> saber mais, visite também<br />

o www.pegadaecologica.<br />

siteonline.com.br<br />

se mantém no imaginário das pessoas durante<br />

um curto espaço <strong>de</strong> tempo. Mais tar<strong>de</strong>, nada<br />

disso é lembrado. O interesse p<strong>el</strong>o assunto<br />

acaba se per<strong>de</strong>ndo, gerando atitu<strong>de</strong>s opostas<br />

ao que foi ensinado.<br />

Como se po<strong>de</strong> perceber, as ações juvenis são<br />

baseadas no principio <strong>de</strong> que, através <strong>de</strong> um<br />

processo participativo permanente, as comunida<strong>de</strong>s<br />

locais po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver consciência<br />

crítica sobre a problemática ambiental.<br />

Devemos sim fomentar e viabilizar projetos<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental, mas sempre levando<br />

em consi<strong>de</strong>ração a questão: “o que é a<br />

Educação?”. Nossos esforços <strong>de</strong>vem ser canalizados<br />

<strong>para</strong> mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a vida,<br />

e não somente nos momentos que aplicamos<br />

nossas dinâmicas.<br />

“Eu fui fazer o teste da pegada<br />

ecológica me achando o<br />

sustentáv<strong>el</strong> e vi que preciso rever<br />

uma série <strong>de</strong> conceitos. Deu no<br />

resultado que se o mundo tivesse<br />

a mesma pegada que a minha,<br />

precisaríamos <strong>de</strong> 1.8 planetas<br />

Terra. O lance agora é ficar esperto<br />

com as r<strong>el</strong>ações <strong>de</strong> produção e<br />

consumo do qual faço parte.”<br />

Adriano Zanetti, 25 anos<br />

Membro do Grupo GEO<br />

Análise<br />

Diante dos inúmeros problemas apontados na<br />

região Su<strong>de</strong>ste, os jovens insistem que ações<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental são ótimos instrumentos<br />

<strong>para</strong> garantir retornos positivos, tanto <strong>para</strong><br />

mudar o quadro atual <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação quanto<br />

<strong>para</strong> garantir a sustentabilida<strong>de</strong> da região.<br />

Dentro <strong>de</strong>ste contexto, é clara a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> transformar o posicionamento do ser<br />

humano em r<strong>el</strong>ação à natureza e à importância<br />

da gestão responsáv<strong>el</strong> dos recursos naturais.<br />

P<strong>el</strong>o que a juventu<strong>de</strong> apresenta, apesar dos<br />

bons resultados obtidos durante as oficinas,<br />

estas ainda são <strong>de</strong>ficientes quanto a sua ação<br />

em longo prazo, pois se percebe que há gran<strong>de</strong><br />

dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>spertar nas pessoas a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ações contínuas, e não apenas pontuais.<br />

Afinal, diversas questões não permeiam<br />

a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados grupos e, assim,<br />

estes não percebem alternativas plausíveis aos<br />

seus modos <strong>de</strong> vida. É complexo dar continuida<strong>de</strong><br />

às atitu<strong>de</strong>s propostas nas sensibilizações<br />

quando não convivemos diretamente com a<br />

questão abordada e talvez por isso exista a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir além das ações pontuais.<br />

E é justamente nessa lacuna que os jovens<br />

encontram mais força <strong>para</strong> continuar os<br />

projetos. Nos pequenos gestos é possív<strong>el</strong><br />

reconhecer a grandiosida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s e<br />

enxergar, nas pendências, combustív<strong>el</strong> que vai<br />

alimentar os próximos movimentos.<br />

Há muitos obstáculos p<strong>el</strong>a frente, mas, além<br />

<strong>de</strong>les, há importantes resultados a serem<br />

conquistados. Por isso, a juventu<strong>de</strong> aposta no<br />

trabalho com Educação Ambiental <strong>de</strong>ntro das<br />

escolas e comunida<strong>de</strong>s, transformando atitu<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> alunos, professores, pais e vizinhos.<br />

Entre as diversas perguntas que surgem ao<br />

longo do trabalho uma se <strong>de</strong>staca: como fazer<br />

que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

surtam efeitos em curto e em longo prazos?


55<br />

Legislação Ambiental<br />

Continuando nossa viagem p<strong>el</strong>o Su<strong>de</strong>ste<br />

e falando sobre a Educação Ambiental, é<br />

importante ressaltar que <strong>el</strong>a também tem<br />

embasamento nas políticas públicas por<br />

meio da Política Nacional <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental (Lei n° 9.795/99, regulamentada<br />

p<strong>el</strong>o Decreto 4.281/02).<br />

Ali consta que “a prática educativa das<br />

questões ambientais <strong>de</strong>ve ser integrada,<br />

contínua e permanente em todos os níveis<br />

e modalida<strong>de</strong>s do ensino formal” e, em<br />

especial, o primeiro parágrafo do Artigo<br />

10° <strong>de</strong>ssa lei <strong>de</strong>termina que “a educação<br />

ambiental não <strong>de</strong>ve ser implantada<br />

como disciplina específica no currículo <strong>de</strong><br />

ensino”, mas como eixo integrador <strong>de</strong> todas<br />

as disciplinas.<br />

É importante <strong>para</strong> os projetos <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental ter o respaldo <strong>de</strong> documentos<br />

nacionais que possibilitem essas práticas.<br />

Assim, quando questionado, o educador terá<br />

base legal <strong>para</strong> justificar suas ações.<br />

Ativida<strong>de</strong>s que têm auxiliado muito os educadores<br />

ambientais são os processos das<br />

Conferências Nacionais <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>.<br />

Elas têm mobilizado milhares <strong>de</strong> pessoas em<br />

todo o país e <strong>de</strong>spertado <strong>de</strong>bates, reflexões e<br />

mudanças nos jovens brasileiros.<br />

Durante a Conferência Nacional p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> 2003, houve importantes<br />

<strong>de</strong>bates sobre a legislação ambiental brasileira<br />

no âmbito da Educação Ambiental.<br />

A realização da Conferência<br />

Infanto-Juvenil nas escolas<br />

foi apenas um processo inicial<br />

<strong>para</strong> o que chamamos <strong>de</strong><br />

“empo<strong>de</strong>ramento juvenil” e que<br />

há tempos vem ganhando<br />

espaço. Uma Conferência<br />

Nacional <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> já é<br />

uma conquista, mas uma<br />

Infanto-Juvenil é um marco em<br />

nossa história! Esta conferência,<br />

que mobiliza mais <strong>de</strong> 6 milhões<br />

<strong>de</strong> brasileiros preocupados com<br />

a questão ambiental e que faz<br />

<strong>de</strong>ste momento um espaço <strong>de</strong><br />

transformação, ajuda na difusão<br />

da Educação Ambiental no país.<br />

Com isso, queremos que a<br />

esperança <strong>de</strong> fazer da<br />

juventu<strong>de</strong> um ser <strong>de</strong> mudança e<br />

transformação não seja só uma<br />

utopia, mas uma realida<strong>de</strong>.<br />

Adri<strong>el</strong>le Saldanha, 22 anos<br />

Jovem Focal do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Vale fazermos então um apanhado geral<br />

sobre leis que po<strong>de</strong>m contribuir <strong>para</strong> qualificar<br />

e subsidiar nossos trabalhos.<br />

A Lei 7.347/85 (alterada p<strong>el</strong>as Leis 8.078/90;<br />

8.884/94 e 9.494/97), disciplina a Ação Civil<br />

Pública <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> por danos<br />

causados ao meio ambiente, ao consumidor,<br />

a bens e direitos <strong>de</strong> valor artístico, estético,<br />

histórico, turístico e paisagístico e dá outras<br />

providências.<br />

A Lei 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais<br />

e administrativas <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> condutas e


56<br />

Conexões<br />

• Para ter acesso às leis entre em:<br />

www.planalto.gov.br/leg.asp<br />

• Acesso à legislação ambiental:<br />

www.sosmatatlantica.org.br/<br />

?secao=conteudo&id=7_3<br />

Saiba +<br />

• Cada órgão ambiental tem sua<br />

competência (veja SISNAMA no<br />

texto “O livro como controle social”<br />

no início da publicação), mas<br />

se você tem uma <strong>de</strong>núncia a fazer,<br />

encaminhe ao Promotor <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> ou <strong>para</strong> o Promotor do<br />

Ministério Público Estadual que<br />

atua em sua cida<strong>de</strong>.<br />

[Carolina Campos, 23 anos]<br />

Análise<br />

Não faz parte da cultura da socieda<strong>de</strong> brasileira<br />

o conhecimento da legislação nacional,<br />

estadual ou municipal.<br />

Os jovens do Su<strong>de</strong>ste, trazem <strong>para</strong> análise<br />

importantes leis ambientais que têm impactos<br />

significativos no seu dia-a-dia. No entanto o uso<br />

<strong>de</strong>sta base legal ainda <strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar.<br />

ativida<strong>de</strong>s lesivas ao meio ambiente. Junto a<br />

esta, temos o Decreto 3.179/99, que dispõe<br />

sobre a especificação das sanções aplicáveis<br />

às condutas e às ativida<strong>de</strong>s lesivas ao meio<br />

ambiente, e oferece outras providências.<br />

O <strong>de</strong>sconhecimento dos direitos que possuem<br />

faz com que muitos jovens não busquem a<br />

sua garantia. Como cidadãos, por exemplo,<br />

não só têm o direito, mas também o <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar usos e abusos ambientais, mas<br />

muitas vezes não sabem como fazê-lo.<br />

E como sempre é bom sabermos sobre<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamentos, <strong>de</strong>vemos nos<br />

atentar <strong>para</strong> a Lei 9.008/95, que regulamenta<br />

o Fundo <strong>de</strong> Defesa dos Direitos<br />

Difusos – FDDD, criado p<strong>el</strong>o art. 13 da Lei<br />

7.347/85, e <strong>para</strong> a Resolução CFDD 8/99,<br />

que aprova o Manual <strong>de</strong> Procedimentos e<br />

Diretrizes Técnicas <strong>para</strong> Apresentação e Análise<br />

<strong>de</strong> Projetos. A Lei 7.797/89, regulamentada<br />

p<strong>el</strong>o Decreto 3.524/00, cria o Fundo Nacional<br />

<strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e dá outras providências.<br />

E, mesmo com a implementação <strong>de</strong> algumas<br />

leis em casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental,<br />

muitas vezes, por exemplo, as multas<br />

aplicadas a gran<strong>de</strong>s empresas são negociadas<br />

<strong>de</strong> forma pouco justa.<br />

Dessa forma, é possív<strong>el</strong> perceber que não<br />

existe uma ampla divulgação dos canais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>núncia existentes no país e o receio <strong>de</strong> que<br />

a corrupção seja maior que o po<strong>de</strong>r da lei<br />

retira a motivação da ação cidadã.<br />

Finalmente, a Lei 6.938/81, regulamentada<br />

p<strong>el</strong>o Decreto 99.274/90, dispõe sobre a Política<br />

Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong>, seus fins e<br />

mecanismos <strong>de</strong> formulação e aplicação.<br />

Com essas informações em mão, que po<strong>de</strong>m ser<br />

facilmente acessadas no portal da Presidência<br />

da República, ficam mais claras as possibilida<strong>de</strong>s<br />

e formas <strong>de</strong> atuação que po<strong>de</strong>m ser<br />

adotadas p<strong>el</strong>os coletivos organizados.<br />

A legislação ambiental é pouco flexív<strong>el</strong> e cara<br />

<strong>para</strong> ser implementada. Muitos empresários a<br />

consi<strong>de</strong>ram “contra o crescimento”. Será que<br />

é possív<strong>el</strong> aplicar a legislação ambiental com<br />

menor custo?<br />

Até quando o po<strong>de</strong>r do dinheiro será maior<br />

que a justiça? A Mata Atlântica que resta<br />

será <strong>de</strong>struída, a vida nas gran<strong>de</strong>s metrópoles<br />

ficará impossív<strong>el</strong>? Qual o nosso limite?


57<br />

Terra & Alimentos<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A região Su<strong>de</strong>ste correspon<strong>de</strong><br />

a uma gran<strong>de</strong> área pastoril formada<br />

p<strong>el</strong>o oeste <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

e São Paulo, com predomínio do<br />

gado leiteiro.<br />

Nessa viagem está faltando um pouco <strong>de</strong><br />

música...<br />

Ser árvore<br />

Ser bicho<br />

Ser gente<br />

Ser água<br />

Ser rio<br />

Corrente<br />

Ser terra que acolhe a semente<br />

Ser mente<br />

Ser gente<br />

Ser parte da vida<br />

servida<br />

Parte da gente<br />

(Parte da vida)<br />

Trecho da música Parte da Gente<br />

CD Mutirão/EMCANTAR<br />

No Su<strong>de</strong>ste, a agricultura <strong>de</strong>monstra <strong>el</strong>evado<br />

padrão técnico e boa produtivida<strong>de</strong>. A<br />

produção <strong>de</strong> café, laranja, cana-<strong>de</strong>-açúcar e<br />

frutas esta entre as mais importantes do país.<br />

Des<strong>de</strong> a época da colonização do Brasil essas<br />

terras vêm sofrendo muito com a existência<br />

da monocultura, que começou com a cana <strong>de</strong><br />

açúcar e se esten<strong>de</strong>u <strong>para</strong> o café.<br />

Dados<br />

É no Su<strong>de</strong>ste que estão as maiores regiões<br />

cafeeiras do país. A região foi responsáv<strong>el</strong><br />

por 81,77% da produção nacional. Minas<br />

Gerais <strong>de</strong>stacou-se apresentando crescimento<br />

<strong>de</strong> 38,47%, com uma safra <strong>de</strong> 1.228.124<br />

ton<strong>el</strong>adas (2,04 milhões <strong>de</strong> sacas <strong>de</strong> 60kg) e<br />

uma participação <strong>de</strong> 49,81% na produção<br />

total do Brasil, em 2004.<br />

(IBGE:2004)<br />

A região Su<strong>de</strong>ste tem muitos hectares <strong>de</strong>dicados<br />

à produção <strong>de</strong> um único produto<br />

agrícola. Essa cultura se consolidou ainda<br />

mais com a chegada do agronegócio, e da<br />

pecuária, principalmente no interior da região.<br />

Um dos gran<strong>de</strong>s problemas na prática da<br />

monocultura é o esgotamento das nascentes e<br />

dos nutrientes do solo, pois cada vez mais os<br />

terrenos <strong>de</strong>dicados a essa prática aumentam,<br />

fato que gera maior <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> agrotóxicos<br />

e irrigação <strong>para</strong> manutenção das plantações.<br />

Para compreen<strong>de</strong>rmos m<strong>el</strong>hor essa complexa<br />

questão que envolve o uso <strong>de</strong> agrotóxicos,<br />

é importante consultar a Lei 9.974/00, que<br />

dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,<br />

a produção, a embalagem, a rotulagem, o<br />

Material produzido na Exposição Itinerante<br />

do WWF-Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ. [Thaís]


58<br />

transporte, o armazenamento, a comercialização,<br />

a propaganda comercial, a utilização,<br />

a importação, a exportação, o <strong>de</strong>stino final<br />

dos resíduos e embalagens, o registro, a<br />

classificação, o controle, a inspeção e a<br />

fiscalização <strong>de</strong> agrotóxicos, seus componentes<br />

e afins. Tendo em mente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

utilizar a legislação como instrumento <strong>de</strong><br />

cobrança e fiscalização,<br />

po<strong>de</strong>mos adotar<br />

boas práticas.<br />

exploração: sai da agricultura e vai <strong>para</strong> a<br />

pecuária.<br />

Mas, além <strong>de</strong> ocupar as terras esgotadas<br />

p<strong>el</strong>a monocultura, a pecuária também<br />

contribui <strong>para</strong> a <strong>de</strong>vastação das matas por<br />

causa das <strong>de</strong>rrubadas e queimadas <strong>para</strong> a formação<br />

<strong>de</strong> pastagens, prática que aumenta a<br />

A pecuária bovina<br />

acompanhou<br />

o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smatamento,<br />

plantio e exploração<br />

da terra p<strong>el</strong>as monoculturas,<br />

seguido do<br />

enfraquecimento das terras e da<br />

substituição das plantações<br />

por pastagens. Os problemas<br />

associados ao gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> terras <strong>de</strong>sgastadas<br />

simplesmente mudam o<br />

foco da<br />

São Paulo/SP [Rang<strong>el</strong> Mohedano, 26 anos]


emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa e diminui a<br />

biodiversida<strong>de</strong> da região.<br />

Dados<br />

No Brasil, a carne bovina representa 52% do<br />

consumo total, a carne <strong>de</strong> frango 34%, e a<br />

suína apenas 15%. No restante do mundo, a<br />

carne suína é a mais consumida, respon<strong>de</strong>ndo<br />

por 44% do total, enquanto apenas 23% da<br />

carne que se consome é <strong>de</strong> origem bovina.<br />

(Wikipédia:2006)<br />

De acordo com estimativas do IBGE <strong>de</strong> 2004,<br />

o rebanho comercial <strong>de</strong> bovinos do Brasil<br />

continua sendo o maior do mundo. Em 2004<br />

eram 204,5 milhões <strong>de</strong> cabeças, representando<br />

um aumento <strong>de</strong> 4,58% em r<strong>el</strong>ação a 2003.<br />

No mesmo ano, a região Su<strong>de</strong>ste concentrava<br />

19,26% do rebanho bovino brasileiro.<br />

Dados<br />

Quase a meta<strong>de</strong> da massa <strong>de</strong> terra do globo<br />

é usada como pasto <strong>para</strong> gado e outras criações.<br />

Cerca <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>smatamento<br />

e <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> florestas, no planeta<br />

inteiro, <strong>de</strong>ve-se à pecuária. Em pastos muito<br />

férteis, 2,5 acres po<strong>de</strong>m sustentar uma vaca<br />

por ano. Em pastos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> marginal, é<br />

preciso 50 ou mais acres. (Bontempo:2006)<br />

A criação <strong>de</strong>ssas espécies <strong>de</strong>manda custo<br />

muito alto <strong>para</strong> o produtor e <strong>para</strong> o meio<br />

ambiente. Notamos que as fazendas <strong>de</strong> gado<br />

cada vez mais necessitam <strong>de</strong> áreas maiores<br />

<strong>para</strong> o pasto, manutenção e reprodução<br />

<strong>de</strong>sses animais. E, com a tecnologia, o<br />

número <strong>de</strong> cabeças <strong>de</strong> gado por hectare<br />

também aumenta.<br />

A criação do gado é uma ameaça ao meio<br />

ambiente global. A impressão da juventu<strong>de</strong><br />

é a <strong>de</strong> que a pecuária po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

um dos principais fatores que contribuem<br />

<strong>para</strong> o <strong>de</strong>smatamento, a erosão do solo, a<br />

conseqüente “<strong>de</strong>sertificação”, a escassez <strong>de</strong><br />

água e a poluição dos rios, lençóis freáticos,<br />

mares e mananciais <strong>de</strong> água.<br />

Preocupados com os impactos da pecuária<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte sobre o meio ambiente e<br />

alegando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma postura<br />

ambientalmente mais coerente, muitos jovens<br />

têm optado por um estilo <strong>de</strong> vida muito<br />

singular, o vegetarianismo.<br />

“A maioria dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação falam ou mostram o<br />

vegetarianismo apenas como uma<br />

visão saudáv<strong>el</strong> e estética, eu já<br />

me direciono p<strong>el</strong>a coerência e<br />

compromisso com a ética.”<br />

Murillo Martins, 24 anos<br />

Piracicaba/SP<br />

Existem também outros custos associados<br />

à criação do gado que indiretamente<br />

estamos consumindo. Alguns produtores<br />

usam calmantes nos animais, além <strong>de</strong> antibióticos.<br />

Quando ingerimos essa carne<br />

estamos também assimilando essas drogas em<br />

nosso organismo.<br />

O gado também enfrenta gran<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>mias<br />

que po<strong>de</strong>m comprometer a qualida<strong>de</strong><br />

da carne que consumimos. A febre aftosa é uma<br />

doença viral altamente contagiosa, que atinge<br />

as espécies bovinas, caprinas, ovinas, cerví<strong>de</strong>as,<br />

suínas e, raramente, os seres humanos.<br />

59<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Calcula-se que, a cada segundo,<br />

uma área <strong>de</strong> floresta tropical<br />

equivalente ao tamanho <strong>de</strong> um<br />

campo <strong>de</strong> futebol é <strong>de</strong>struída no<br />

mundo <strong>para</strong> produzir 257 hambúrgueres.<br />

• O “boi ver<strong>de</strong>” e o “boi orgânico”<br />

carregam, na <strong>de</strong>nominação, o<br />

mesmo objetivo: divulgar o gado<br />

brasileiro nos mercados interno e<br />

externo como um boi ecológico.<br />

Mas os métodos <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong><br />

ambos guardam gran<strong>de</strong>s diferenças.<br />

O boi criado em sistemas<br />

agroecológicos (chamados <strong>de</strong><br />

“orgânicos”) é aqu<strong>el</strong>e criado<br />

em pasto sem agrotóxico e sem<br />

adubação química, tratado com<br />

medicamentos homeopáticos. Já<br />

o chamado “boi ver<strong>de</strong>”, apesar<br />

<strong>de</strong> também valer-se da criação em<br />

pasto como nos sistemas agroecológicos,<br />

faz uso <strong>de</strong> adubos<br />

sintéticos solúveis, <strong>de</strong> antibióticos<br />

e medicamentos alopáticos. E a<br />

suplementação alimentar feita no<br />

confinamento se vale <strong>de</strong> grãos ou<br />

plantas originados em sistemas<br />

convencionais <strong>de</strong> produção.<br />

Saiba +<br />

• Veja, na região Norte, mativas <strong>de</strong> custo x benefício da<br />

esti-<br />

pecuária.


60<br />

O mundo enfrentou, em 2004, uma explosão<br />

<strong>de</strong> focos <strong>de</strong> rebanhos com febre aftosa em<br />

paises como Grécia, Argentina, Brasil, Uruguai,<br />

Japão. Assim, o comércio brasileiro enfrentou<br />

momentos <strong>de</strong> crise, com embargos impostos<br />

a sua carne. O problema foi combatido com<br />

o fechamento e isolamento <strong>de</strong> fazendas no<br />

Sul e Centro-Oeste do país e a vacinação do<br />

rebanho brasileiro.<br />

Por outro lado, existem pecuárias que buscam<br />

a qualida<strong>de</strong> da carne e tratam o gado <strong>de</strong><br />

maneira diferente, como é o caso das<br />

fazendas <strong>de</strong> boi orgânico.<br />

O cuidado exigido na pecuária orgânica<br />

certificada é bem diferente daqu<strong>el</strong>e da<br />

pecuária convencional. Adquirindo a carne<br />

orgânica, além <strong>de</strong> se saber que o alimento<br />

está livre <strong>de</strong> agrotóxicos e hormônios<br />

sintéticos, compreen<strong>de</strong>-se a preocupação com a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos animais. O uso <strong>de</strong><br />

sal mineral e <strong>de</strong> inseminação artificial são<br />

permitidos, mas os antibióticos proibidos.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, a vacinação contra aftosa é<br />

obrigatória por lei <strong>para</strong> todos os casos. Por<br />

fim, a pecuária orgânica certificada <strong>de</strong>ve<br />

analisar os impactos da produção animal<br />

sobre o meio ambiente. Consi<strong>de</strong>ra o impacto<br />

na paisagem natural e objetiva amenizar<br />

os possíveis danos ao solo, à flora, à fauna e<br />

principalmente aos recursos hídricos.<br />

Análise<br />

A juventu<strong>de</strong> da região Su<strong>de</strong>ste reconhece<br />

que a agricultura apresenta <strong>el</strong>evado padrão<br />

técnico e alta produtivida<strong>de</strong>, mas observa<br />

que, <strong>para</strong> isso, utiliza práticas nem sempre tão<br />

eficientes do ponto <strong>de</strong> vista ambiental.<br />

É possív<strong>el</strong> observar que os gran<strong>de</strong>s avanços<br />

tecnológicos do setor não aboliram práticas<br />

que <strong>de</strong>gradam o meio ambiente, como a<br />

manutenção da monocultura e da agricultura<br />

<strong>de</strong> coivara, em que parte do terreno florestal<br />

é queimada <strong>para</strong> explorar a agricultura<br />

temporariamente.<br />

Atualmente, o avanço do agronegócio é uma<br />

das características mais marcantes no país.<br />

Para aten<strong>de</strong>r ao crescimento <strong>de</strong>sse mercado,<br />

os produtores rurais consomem, <strong>de</strong> maneira<br />

<strong>de</strong>sproporcional, os recursos naturais da<br />

região e, em certos casos, promovem estragos<br />

ambientais em proporções <strong>de</strong>vastadoras.<br />

Diante das evidências dos problemas<br />

econômicos e ambientais provocados p<strong>el</strong>a<br />

erosão e p<strong>el</strong>o <strong>de</strong>sgaste do terreno, alguns<br />

produtores rurais começaram a se preocupar<br />

com a conservação do solo, ampliando o<br />

<strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ssa temática. Nesse sentido, os jovens<br />

apresentam uma perspectiva interessante, em<br />

que as principais ações que <strong>de</strong>vem ser implantadas<br />

referem-se ao estímulo à diversificação <strong>de</strong><br />

culturas e ao <strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong> da<br />

agricultura e da pecuária, priorizando a análise<br />

dos impactos da produção no meio ambiente,<br />

<strong>para</strong> evitar os possíveis danos.<br />

Pesquisas apontam que os sistemas simplificados<br />

ou monocultores <strong>de</strong>vem ser substituídos por<br />

sistemas diversificados, que permitam integrar<br />

a produção animal e vegetal, criando assim um<br />

padrão sustentáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> a agropecuária regional.<br />

Mas será que esse novo processo será<br />

eficaz? Como funcionaria? Como a juventu<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

tecnologias <strong>de</strong> produção mais sustentáveis?


Desenvolvimento<br />

Comunitário<br />

Viajando p<strong>el</strong>o Su<strong>de</strong>ste, além <strong>de</strong> perceber a<br />

presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s indústrias, vemos que<br />

essa é a região mais populosa do país. Muita<br />

gente morando nas capitais e também nas<br />

cida<strong>de</strong>s do interior, algumas <strong>de</strong>las maiores<br />

que <strong>de</strong>terminadas capitais brasileiras.<br />

Dados<br />

De todo o país, o Su<strong>de</strong>ste é a região que apre-<br />

senta os m<strong>el</strong>hores índices <strong>de</strong> infra-estrutura:<br />

a proporção <strong>de</strong> domicílios atendidos por<br />

abastecimento <strong>de</strong> água no Su<strong>de</strong>ste é <strong>de</strong><br />

70,5%, chegando ao consumo <strong>de</strong> 360 litros<br />

<strong>de</strong> água por pessoa <strong>para</strong> a região. Com<br />

r<strong>el</strong>ação à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos, a região<br />

apresenta os m<strong>el</strong>hores índices do país: 53%<br />

dos domicílios apresentam re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos<br />

e 31,1% <strong>de</strong>les possuem esgoto tratado e<br />

coletado. (IBGE:2004)<br />

região. Assim, 29,3% dos municípios da região<br />

Su<strong>de</strong>ste possuem este tipo <strong>de</strong> cons<strong>el</strong>ho.<br />

Deve-se enfatizar a idéia <strong>de</strong> que a resolução<br />

da questão ambiental requer a participação<br />

dos atores juvenis <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação das políticas<br />

públicas, até a avaliação e o monitoramento<br />

das ações propostas por <strong>el</strong>as. É muito<br />

importante a presença ativa da juventu<strong>de</strong><br />

nos esforços atuais <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolver políticas<br />

públicas <strong>de</strong> combate à fome, à pobreza, à<br />

exclusão, ao <strong>de</strong>smatamento, à poluição,<br />

<strong>de</strong>ntre tantos outros temas no cenário<br />

socioambiental nacional.<br />

A região que possui mais domicílios<br />

cadastrados em fav<strong>el</strong>as é a Su<strong>de</strong>ste, com<br />

mais <strong>de</strong> 1,4 milhão <strong>de</strong> domicílios distribuídos<br />

nas 6.106 fav<strong>el</strong>as cadastradas. (IBGE:2001)<br />

61<br />

Contatos<br />

• Central Única das Fav<strong>el</strong>as - CUFA<br />

Rua Carvalho <strong>de</strong> Souza 137,<br />

B1 sala 111 - Madureira<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />

CEP: 21350-180<br />

T<strong>el</strong>: (21) 3015-7113 / 2458-8035<br />

www.cufa.org.br<br />

www.tvcufa.com.br<br />

Saiba +<br />

• 04 <strong>de</strong> novembro, Dia da Fav<strong>el</strong>a,<br />

agora é Lei n° 4.383/2006<br />

Mas sabemos que esses índices não são<br />

sinônimos <strong>de</strong> missão cumprida, principalmente<br />

quando nos referimos aos problemas<br />

ambientais na região. O meio ambiente<br />

necessita <strong>de</strong> jovens responsáveis em todos<br />

os municípios, pessoas que estarão sempre<br />

atentas aos problemas socioambientais que a<br />

região vem enfrentando.<br />

O IBGE constatou, em 2001, que a gran<strong>de</strong><br />

maioria dos municípios brasileiros não tem<br />

Cons<strong>el</strong>hos <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> ativos (77,8%),<br />

Fundos <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (93,4%) ou Legislação<br />

sobre área <strong>de</strong> interesse especial (86,4%).<br />

Apenas 2,2% possuem os três instrumentos<br />

simultaneamente. A presença dos cons<strong>el</strong>hos<br />

é maior nos municípios <strong>de</strong> população mais<br />

<strong>el</strong>evada, e também aumenta com a renda da<br />

A Central Única <strong>de</strong> Fav<strong>el</strong>as – CUFA é uma<br />

organização integrada por jovens <strong>de</strong> todo o<br />

país iniciada em fav<strong>el</strong>as do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Estes jovens, em sua maioria, pertencem<br />

ao movimento Hip-Hop ou por <strong>el</strong>e eram<br />

orientados. Des<strong>de</strong> 1998 a CUFA funciona<br />

como um pólo <strong>de</strong> produção cultural e forma<br />

e informa jovens <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong><br />

parcerias, apoios e patrocínios. A CUFA oferece<br />

perspectivas <strong>de</strong> inclusão social, contribuindo<br />

<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento comunitário. Para os<br />

jovens da CUFA, a fav<strong>el</strong>a é um personagem<br />

que <strong>de</strong>ve falar por si e participar do diálogo<br />

cultural, político e social com outros grupos.<br />

Visitando uma das cida<strong>de</strong>s do interior<br />

paulista, <strong>para</strong>mos em Sorocaba/SP, on<strong>de</strong><br />

acompanhamos a ONG Conservadores da<br />

Natureza. Sorocaba/SP é um importante pólo


62<br />

Contatos<br />

• Clube Ecológico Conservadores<br />

da Natureza (CCN)<br />

Parque Zoológico “Quinzinho<br />

<strong>de</strong> Barros”<br />

Rua Teodoro Kais<strong>el</strong>, 883,<br />

Vila Hortênsia<br />

Sorocaba/SP<br />

CEP: 18021-020<br />

T<strong>el</strong>: (15) 3227-5511<br />

comercial e industrial do interior do estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, pois recebeu muitas indústrias<br />

vindas da capital paulista. Um dos espaços <strong>de</strong><br />

lazer na cida<strong>de</strong> é o zoológico Quinzinho <strong>de</strong><br />

Barros. É exatamente aí que o pessoal da ONG<br />

<strong>de</strong>senvolve projetos <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

Como pu<strong>de</strong>mos perceber, o Clube dos<br />

Conservadores da Natureza <strong>de</strong>senvolve, com as<br />

crianças e adolescentes da cida<strong>de</strong>, ativida<strong>de</strong>s<br />

que buscam incentivar o respeito ao meio<br />

ambiente e, conseqüentemente, ao próximo.<br />

O Clube proporciona o exercício da cidadania<br />

e a formação <strong>de</strong> agentes multiplicadores em<br />

Educação Ambiental.<br />

Os membros do Clube reúnem-se uma vez<br />

por semana <strong>para</strong> participar <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

ecológicas e aulas em campo, além<br />

<strong>de</strong> discussões e reflexões sobre temas<br />

r<strong>el</strong>acionados ao meio ambiente. Entre as ações<br />

do Clube Ecológico está a <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong> local, levando<br />

informações sobre a importância da<br />

conservação do meio ambiente.<br />

Metodologia<br />

Visitas orientadas ao zoológico<br />

Ativida<strong>de</strong> 1: Pre<strong>para</strong>r um “guia <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s”<br />

<strong>para</strong> que os professores possam<br />

escolher temáticas a serem <strong>de</strong>senvolvidas<br />

com alunos do ensino fundamental e outra<br />

<strong>para</strong> o ensino médio.<br />

Ativida<strong>de</strong> 2: Enviar o guia às escolas da re<strong>de</strong><br />

pública e particular do município, no início<br />

do semestre letivo.<br />

Ativida<strong>de</strong> 3: Pre<strong>para</strong>r e realizar a formação<br />

<strong>de</strong> monitores <strong>para</strong> as visitas orientadas.<br />

Ativida<strong>de</strong> 4: Pre<strong>para</strong>r a visita orientada, com<br />

duração <strong>de</strong> 3 horas, incluindo um passeio<br />

p<strong>el</strong>as alamedas do zoológico acompanhado<br />

por um monitor. Durante a visita, os participantes<br />

po<strong>de</strong>m observar características,<br />

hábitos e comportamentos dos animais.<br />

Ativida<strong>de</strong> 5: Conhecer os “bastidores do<br />

zoológico”. Visitando a cozinha, os participantes<br />

conhecem as preferências e necessida<strong>de</strong>s<br />

nutricionais dos animais, observando<br />

uma tab<strong>el</strong>a <strong>de</strong> alimentação especialmente<br />

<strong>el</strong>aborada <strong>para</strong> o zoológico.<br />

Ativida<strong>de</strong> 6: Realizar visita à mata. Dentro da<br />

mata existente no zoológico, po<strong>de</strong>-se fazer<br />

uma trilha <strong>de</strong> 25 minutos <strong>de</strong> caminhada<br />

<strong>para</strong> observar características da vegetação,<br />

rastrear vestígios <strong>de</strong> animais, ouvir sons. É<br />

também possív<strong>el</strong> observar animais livres como<br />

bugios, cotias, veados, capivaras, aves etc.<br />

Ativida<strong>de</strong> 7: Realizar avaliação da ativida<strong>de</strong><br />

buscando expressões e sensações percebidas,<br />

tanto por meio <strong>de</strong> diálogos quanto por<br />

<strong>de</strong>senhos.<br />

São Paulo/SP [Rang<strong>el</strong> Mohedano, 26 anos]


63<br />

São Paulo/SP [Renata Trinda<strong>de</strong>, 26 anos]<br />

Análise<br />

A juventu<strong>de</strong> do Su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>monstra que está<br />

atenta aos problemas socioambientais <strong>de</strong> sua<br />

região e que existem diversas ações juvenis<br />

que buscam trabalhar a questão.<br />

Está claro o posicionamento <strong>de</strong>sses jovens<br />

quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a juventu<strong>de</strong><br />

participe ativamente da construção <strong>de</strong><br />

políticas públicas. Porém, o que não parece<br />

evi<strong>de</strong>nte é a forma como esses jovens<br />

percebem que a participação e o envolvi-<br />

mento individual nesses processos po<strong>de</strong>m<br />

servir <strong>de</strong> subsídios <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da comunida<strong>de</strong> como um todo.<br />

Para que as experiências individuais e os<br />

aprendizados adquiridos p<strong>el</strong>os jovens nesses<br />

processos contribuam <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário, faz-se necessário gerar o diálogo<br />

e o trabalho conjunto com outros segmentos<br />

sociais da comunida<strong>de</strong>.<br />

O pessoal do Clube Conservadores da<br />

Natureza parece já ter começado a fazer a<br />

sua parte em Sorocaba/SP. Ao realizar<br />

ativida<strong>de</strong>s com crianças e adolescentes, e não<br />

apenas com outros jovens, <strong>el</strong>es <strong>de</strong>monstram<br />

que percebem essa importância.<br />

Porém, quem se propõe a trabalhar em<br />

conjunto com os adultos, <strong>de</strong> forma<br />

autônoma? Como a juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

um <strong>el</strong>emento aglutinador e facilitador do<br />

diálogo entre os diversos segmentos<br />

<strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong>?


64<br />

Contatos<br />

• Companhia Docas do Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo – CODESP<br />

Avenida Rodrigues Alves s/n o<br />

Macuco<br />

Santos/SP<br />

CEP: 11015-900<br />

T<strong>el</strong>: (13) 3234-7000<br />

Fax: (13) 3222-3068<br />

www.porto<strong>de</strong>santos.com.br<br />

Saiba +<br />

• Veja o tema Atmosfera e<br />

Mudanças Climáticas <strong>para</strong> saber<br />

do impacto dos transportes nas<br />

mudanças climáticas <strong>de</strong>sta região.<br />

Energia & Transporte<br />

São Paulo/SP [Rang<strong>el</strong> Mohedano, 26 anos]<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

O cálculo das tarifas <strong>de</strong> pedágio é feito utilizando-se<br />

o conceito <strong>de</strong> tarifa quilométrica,<br />

que correspon<strong>de</strong> a um valor por quilômetro.<br />

Esse valor é fixado p<strong>el</strong>o Estado, variando,<br />

apenas, em função da extensão percorrida,<br />

da categoria das rodovias e dos veículos. Em<br />

2005, a tarifa mais alta era <strong>de</strong> R$ 0,118518<br />

por km (tarifa tipo Sistema).<br />

O primeiro lugar que nos vem à cabeça quando<br />

pensamos em transportes no Su<strong>de</strong>ste é<br />

o estado <strong>de</strong> São Paulo. Suas rodovias, poluição,<br />

tráfego, congestionamentos e pedágios<br />

contrastam com as b<strong>el</strong>as paisagens na<br />

rodovia Imigrantes, caminho <strong>de</strong> São Paulo/SP<br />

<strong>para</strong> Santos/SP, e paisagens inesperadas e<br />

naturalmente agradáveis no parque Trianon<br />

em São Paulo/SP.<br />

O transporte individual parece ser prioritário,<br />

o que é muito lamentáv<strong>el</strong>. O impacto ambiental<br />

é imenso e o custo dos combustíveis e do<br />

<strong>de</strong>sgaste das rodovias, p<strong>el</strong>o gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> veículos que as utilizam, é muito alto em<br />

longo prazo.<br />

P<strong>el</strong>os r<strong>el</strong>atos dos jovens paulistas, temos<br />

a impressão <strong>de</strong> que as rodovias existentes<br />

estão mal conservadas, mal sinalizadas e, por<br />

isso, geram vários aci<strong>de</strong>ntes. As exceções são<br />

as estradas privatizadas, que estão em boas<br />

condições por cobrarem tarifas <strong>de</strong> pedágio<br />

consi<strong>de</strong>radas abusivas. Para exemplificar essa<br />

idéia, recebemos r<strong>el</strong>atos <strong>de</strong> jovens explicando<br />

que são cobrados mais <strong>de</strong> R$ 14,00 <strong>de</strong> pedágio<br />

em um trajeto <strong>de</strong> aproximadamente 80km<br />

(Anchieta e Imigrantes, que ligam São Paulo/SP<br />

ao litoral).<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedágios implantados nas<br />

rodovias <strong>de</strong>veria garantir ao usuário um<br />

pagamento mais justo e proporcional ao<br />

trecho percorrido.<br />

(ARTESP:2006)<br />

A re<strong>de</strong> ferroviária no estado <strong>de</strong> São Paulo tem<br />

um traçado característico. As estradas <strong>de</strong> ferro<br />

se abrem como um leque sobre o planalto e<br />

convergem <strong>para</strong> a capital, on<strong>de</strong> se verifica um<br />

afunilamento, com duas linhas <strong>de</strong>scendo <strong>para</strong><br />

a baixada santista.<br />

Os jovens da região lamentam o <strong>de</strong>scaso com<br />

a manutenção <strong>de</strong> tal transporte. Percebem a<br />

existência <strong>de</strong> muitas propostas <strong>para</strong> a reforma<br />

e implantação <strong>de</strong> ferrovias, que estão em<br />

estado <strong>de</strong>ploráv<strong>el</strong>. Mas, as propostas parecem<br />

não sair do pap<strong>el</strong>.<br />

As justificativas são inúmeras: o custo em<br />

curto prazo, a diferença dos dormentes entre<br />

as ferrovias impossibilitando sua interligação,<br />

o enfraquecimento dos transportes rodoviá-<br />

rios e o conseqüente <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> trabalhadores.<br />

Dormentes: peças <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

utilizadas <strong>para</strong> assentar os trilhos<br />

das estradas <strong>de</strong> ferro.


Algumas pessoas dizem que a saída <strong>para</strong> a<br />

m<strong>el</strong>horia das ferrovias seria privatizar todo o<br />

sistema, assim como foi feito com as rodovias.<br />

Para muitos jovens da região, a privatização<br />

não é a resposta, já que <strong>el</strong>es se mostram preocupados<br />

com a visão <strong>de</strong> que, quando o Estado<br />

não “dá conta”, o privado po<strong>de</strong> ser sempre<br />

a solução. Há o argumento <strong>de</strong> que, quando<br />

se privatiza aquilo que antes era um<br />

bem <strong>de</strong> todos, <strong>el</strong>e se torna uma fonte <strong>de</strong><br />

lucro <strong>para</strong> poucos.<br />

De todo modo, são as ferrovias que facilitam o<br />

escoamento da produção dos centros agrícola<br />

e industrial p<strong>el</strong>o Porto <strong>de</strong> Santos. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Santos/SP possui hoje o maior porto do hemisfério<br />

sul, tanto em movimentação <strong>de</strong> cargas,<br />

quanto em infra-estrutura, aten<strong>de</strong>ndo principalmente<br />

aos estados <strong>de</strong> São Paulo, Minas<br />

Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná,<br />

além <strong>de</strong> países do Mercado Comum do<br />

Sul – Mercosul. Cerca <strong>de</strong> 40% do Produto<br />

Interno Bruto – PIB nacional passa por <strong>el</strong>e. Sua<br />

importância no contexto econômico-financeiro<br />

resi<strong>de</strong> na exportação <strong>de</strong> açúcar, café, pap<strong>el</strong>,<br />

sucos cítricos e soja em grãos e em far<strong>el</strong>o.<br />

Por outro lado, quando o assunto é energia<br />

na região Su<strong>de</strong>ste, temos como exemplos as<br />

usinas <strong>de</strong> energia nuclear Angra 1, 2 e 3. Ao<br />

se tratar <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> energia, a população<br />

assume que ainda teme os riscos <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes.<br />

A segurança das usinas nucleares consiste<br />

no estab<strong>el</strong>ecimento <strong>de</strong> múltiplos níveis <strong>de</strong><br />

proteção, adotando a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

em profundida<strong>de</strong>. Assim, com a construção<br />

<strong>de</strong> barreiras sucessivas, a liberação <strong>de</strong><br />

material radioativo <strong>para</strong> o meio ambiente é<br />

impedida. Esse é o chamado sistema passivo<br />

<strong>de</strong> proteção.<br />

O projeto <strong>de</strong>ssas usinas possui também<br />

diversos dispositivos técnicos que constituem<br />

o sistema ativo <strong>de</strong> segurança. Assim, as fontes<br />

oficiais indicam que, em caso <strong>de</strong> ocorrências<br />

operacionais anormais, esses dispositivos<br />

atuariam <strong>para</strong> <strong>de</strong>sligar o reator <strong>de</strong> forma<br />

segura. Também removeriam o calor residual<br />

do núcleo, evitariam o escape <strong>de</strong> substâncias<br />

radioativas e forneceriam alimentação <strong>el</strong>étrica<br />

<strong>de</strong> emergência, <strong>de</strong>stinada a suprir todos<br />

os circuitos <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> segurança, em caso<br />

<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> alimentação externa. A <strong>de</strong>sativação<br />

das usinas <strong>de</strong> Angra se dá, muitas vezes,<br />

<strong>de</strong>vido a esse sistema <strong>de</strong> segurança.<br />

Porém, essa solução atômica e radioativa<br />

<strong>para</strong> a questão energética do país, as Usinas<br />

<strong>de</strong> Angra 1 e 2, fornecem apenas 1,3% do<br />

total gerado p<strong>el</strong>o Sistema Elétrico Integrado<br />

do país.<br />

Análise<br />

O Su<strong>de</strong>ste é a região que apresenta a maior<br />

concentração populacional do país. Nessa<br />

região mora quase a meta<strong>de</strong> dos habitantes<br />

do Brasil. Também é lá que está o maior<br />

parque industrial do país. Mais da meta<strong>de</strong><br />

do PIB brasileiro é produzido na região<br />

Su<strong>de</strong>ste. Não é <strong>de</strong> se espantar, portanto, que<br />

o Su<strong>de</strong>ste apresente também o maior<br />

consumo <strong>de</strong> energia e a maior concentração<br />

<strong>de</strong> rodovias e ferrovias. Portanto, também não<br />

é estranho que esse tema seja tratado com<br />

tanta atenção e crítica por parte dos jovens.<br />

Com tantas pessoas e tanta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Contatos<br />

• Ouvidoria do Ministério <strong>de</strong><br />

Minas e Energia<br />

Esplanada dos Ministérios<br />

Bloco “U” – 8 o andar<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 70065-900<br />

Fax: (61) 3319-5627<br />

ouvidoria@mme.gov.br<br />

www.mme.gov.br<br />

65<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Central Nuclear Almirante<br />

Álvaro Alberto – CNAAA é<br />

composta p<strong>el</strong>as Usinas Nucleares<br />

Angra 1, 2 e 3. A Angra 1 tem<br />

657MW e a Angra 2 tem 1350MW<br />

<strong>de</strong> potência.


66<br />

energia e <strong>de</strong> transportes, são vários os assuntos<br />

que po<strong>de</strong>riam ser tratados nesse tema.<br />

solo, poluição das águas, assoreamento <strong>de</strong><br />

rios e emissões <strong>de</strong> carbono.<br />

Porém, um sério problema parece não estar<br />

ainda na pauta da juventu<strong>de</strong> da região. O<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo é o maior produtor <strong>de</strong><br />

álcool do país. O álcool combustív<strong>el</strong> é uma<br />

alternativa <strong>de</strong> menor impacto ambiental se<br />

com<strong>para</strong>do aos combustíveis fósseis, uma vez<br />

que não emite compostos <strong>de</strong> enxofre. Além<br />

disso, não libera na atmosfera o carbono<br />

armazenado nos reservatórios subterrâneos,<br />

como ocorre no processo <strong>de</strong> extração dos<br />

combustíveis fósseis.<br />

Existe, ainda, uma r<strong>el</strong>evante questão<br />

social na cultura da cana <strong>de</strong> açúcar, pois<br />

esta é <strong>de</strong>senvolvida, na maioria das vezes,<br />

em gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s concentradoras<br />

<strong>de</strong> renda e com intensa mecanização. Os<br />

trabalhadores, quando têm espaço, ganham<br />

pouco e trabalham em péssimas condições.<br />

Como a juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> intervir <strong>para</strong><br />

transformar essa realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração<br />

<strong>de</strong> pessoas e do solo?<br />

Entretanto, há que se consi<strong>de</strong>rar os efeitos<br />

das plantações <strong>de</strong> cana. Práticas ina<strong>de</strong>quadas<br />

como queimadas, falta <strong>de</strong> manejo do solo,<br />

uso <strong>de</strong> insumos agrícolas e má gestão da água<br />

representam uma forte pressão sobre o<br />

ambiente, po<strong>de</strong>ndo levar a <strong>de</strong>gradação do


São Paulo/SP [Rang<strong>el</strong> Mohedano, 26 anos]<br />

67


Região Sul


70<br />

Região Sul<br />

Formada p<strong>el</strong>os<br />

estados do<br />

Paraná, Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul e Santa<br />

Catarina, a Região<br />

Sul ocupa mais <strong>de</strong><br />

576 mil km 2 . Em uma<br />

área que correspon<strong>de</strong><br />

a aproximadamente<br />

7% do território<br />

nacional, concentram-se<br />

mais <strong>de</strong> 25<br />

milhões <strong>de</strong> habitantes, o<br />

equivalente a 13% da população brasileira.<br />

(IBGE:2000)<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica<br />

era <strong>de</strong> 43,50 habitantes por<br />

km<br />

2 em 2004 (SCP/RS:2006) e<br />

o Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Humano é alto, em média<br />

<strong>de</strong> 0,80 (PNUD:2006). Na região<br />

encontram-se traços marcantes<br />

<strong>de</strong> influência da imigração açoriana,<br />

alemã e italiana realizada no<br />

final do século XIX com o objetivo <strong>de</strong><br />

garantir a ocupação do território.<br />

Os principais problemas da região que os<br />

jovens sulistas apontaram são: <strong>de</strong>smatamento<br />

(principalmente na região da Floresta<br />

com Araucária, on<strong>de</strong> encontramos o Pinheiro<br />

Brasileiro); extensas áreas <strong>de</strong> monoculturas<br />

com espécies exóticas (como o<br />

Pinus sp);<br />

ampliação do uso <strong>de</strong> transgênicos; falta <strong>de</strong><br />

água tratada nas cida<strong>de</strong>s interioranas e o<br />

processo <strong>de</strong> arenização que acontece na<br />

campanha gaúcha.<br />

A região <strong>de</strong> menor área do país apresenta<br />

clima subtropical, exceto na região norte<br />

do estado do Paraná, on<strong>de</strong> predomina o<br />

clima tropical. Nas regiões <strong>de</strong> planaltos mais<br />

<strong>el</strong>evados apresentam-se temperaturas baixas,<br />

com nevascas ocasionais, e a região dos<br />

Pampas, mais ao sul, apresenta temperaturas<br />

mais <strong>el</strong>evadas.<br />

Os principais biomas <strong>de</strong>ssa região são a Mata<br />

Atlântica e o Pampa. Este último está restrito<br />

ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e se <strong>de</strong>fine por um<br />

conjunto <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> campo em<br />

r<strong>el</strong>evo <strong>de</strong> planície.<br />

O Pinheiro Brasileiro sofre, há bastante tempo,<br />

intensa exploração <strong>de</strong>vido ao seu alto valor<br />

econômico. O <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> áreas nativas<br />

também é ac<strong>el</strong>erado p<strong>el</strong>as lavouras <strong>de</strong> grãos,<br />

p<strong>el</strong>a pecuária e p<strong>el</strong>o reflorestamento com<br />

espécies exóticas.<br />

O Pinus é uma planta exótica, natural da<br />

América do Norte, bastante utilizada nas<br />

indústrias ma<strong>de</strong>ireira, <strong>de</strong> pap<strong>el</strong> e c<strong>el</strong>ulose.<br />

A área plantada com Pinus spp. no Brasil<br />

ocupa aproximadamente 2,2 milhões <strong>de</strong><br />

hectares, sendo que pouco mais <strong>de</strong> 1 milhão<br />

<strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong> Pinus encon-


71<br />

Material produzido no Projeto Mãe da Mata, Curitiba/PR. [Aline]<br />

tra-se na região Sul. (CARDOSO:2003) Essas<br />

plantações substituem as espécies nativas e,<br />

portanto, provocam perda da biodiversida<strong>de</strong><br />

da região.<br />

A maioria dos jovens trabalha com educação<br />

ambiental, e oficinas e ativida<strong>de</strong>s realizadas<br />

em suas escolas ou comunida<strong>de</strong>s são os principais<br />

meios <strong>de</strong> ação.<br />

Embora os dados sobre abastecimento <strong>de</strong> água<br />

mostrem a posição r<strong>el</strong>ativamente privilegiada<br />

do estado do Rio Gran<strong>de</strong> Sul no conjunto do<br />

país, 20% dos domicílios, especialmente no<br />

interior do estado, não possuem re<strong>de</strong> geral<br />

<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água. A principal solução<br />

utilizada na falta <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong><br />

água, é o abastecimento por poço particular.<br />

O processo <strong>de</strong> arenização acontece na campanha<br />

gaúcha e se caracteriza por manchas<br />

expostas constituídas <strong>de</strong> areias, sendo resultado<br />

da ação antrópica. A arenização tem se<br />

intensificado com a expansão da soja mecanizada<br />

em solos rasos e frágeis e com a transformação<br />

<strong>de</strong> pastagens naturais em áreas <strong>de</strong> monocultura<br />

com uso intensivo <strong>de</strong> agrotóxicos.<br />

As discussões <strong>de</strong> jovens nessa região se<br />

concentram na necessida<strong>de</strong> que sentem<br />

<strong>de</strong> mobilização e <strong>de</strong> articulação <strong>de</strong> atores<br />

juvenis em torno da questão socioambiental.<br />

A juventu<strong>de</strong> percebe que a discussão técnica<br />

ainda é privilégio dos universitários que, por<br />

outro lado, não estão articulados com jovens<br />

<strong>de</strong> outros movimentos e nem se dispõem à<br />

discussão política.<br />

Os <strong>de</strong>safios que se apresentam <strong>para</strong> a<br />

juventu<strong>de</strong> da região Sul dizem respeito a<br />

organização e articulação, <strong>para</strong> que possam<br />

conquistar mais representativida<strong>de</strong> nos espaços<br />

<strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, embora já haja<br />

avanços significativos.


72<br />

Conexões<br />

• Itaipu Binacional<br />

www.itaipu.gov.br<br />

• Centro Brasileiro <strong>de</strong> Energia<br />

Eólica<br />

www.eolica.com.br<br />

Energia & Transporte<br />

• Site produzido por Friends of<br />

the Earth, Greenpeace e WWF,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> gerar<br />

informações e dar suporte<br />

<strong>para</strong> que a socieda<strong>de</strong> possa<br />

apoiar localmente as “fazendas<br />

<strong>de</strong> vento” (parques eólicos)<br />

www.yes2wind.com<br />

• Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia<br />

www.mme.gov.br<br />

• Movimento dos Atingidos<br />

por Barragens<br />

www.mabnacional.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Usina hidr<strong>el</strong>étrica é um<br />

conjunto <strong>de</strong> obras e <strong>de</strong><br />

equipamentos que produz<br />

energia <strong>el</strong>étrica através do<br />

aproveitamento do potencial<br />

hidráulico existente em um rio.<br />

Em rios <strong>de</strong> médio porte que<br />

possuem <strong>de</strong>sníveis significativos<br />

durante seu percurso, são<br />

instaladas Pequenas Centrais<br />

Hidr<strong>el</strong>étricas (PCHs) que possuem<br />

capacida<strong>de</strong> instalada inferior a<br />

30MW e reservatório inferior a<br />

3Km 2 <strong>de</strong> área. (ANEEL:2006)<br />

• A energia <strong>de</strong> origem hidráulica<br />

é hoje a segunda maior fonte<br />

<strong>de</strong> <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong> no mundo. A<br />

América Latina é responsáv<strong>el</strong> por<br />

18% <strong>de</strong> toda a hidro<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong><br />

produzida no mundo. Entre os<br />

países industrializados, o Brasil<br />

é um dos mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da<br />

hidro<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>, com 96,8% da<br />

energia produzida por cerca <strong>de</strong><br />

2.000 barragens construídas em<br />

todo o país, alagando uma área<br />

<strong>de</strong> 34 mil km 2. (MAB:2006)<br />

Nossa viagem continua na região <strong>de</strong><br />

clima mais frio do país, a região Sul. E, <strong>para</strong><br />

não faltar forças <strong>para</strong> continuar seguindo<br />

nossos rumos, resolvemos refletir sobre a<br />

questão energética.<br />

A região Sul possui <strong>el</strong>evado potencial energético<br />

graças às características <strong>de</strong> sua hidrografia,<br />

com rios caudalosos e rios <strong>de</strong> planalto, o que<br />

possibilita a implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s usinas<br />

hidr<strong>el</strong>étricas, como a <strong>de</strong> Itaipu, no Paraná.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A maior usina hidr<strong>el</strong>étrica da região é Itaipu,<br />

inaugurada em 1983. Ela aproveita os recursos<br />

hídricos do rio Paraná, mais precisamente<br />

nas imediações das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Foz do Iguaçu/<br />

PR (Brasil), na margem esquerda, e Ciudad<br />

D<strong>el</strong> Este (Paraguai), na margem direita.<br />

Consi<strong>de</strong>rada a maior usina hidr<strong>el</strong>étrica em<br />

operação do mundo, com potência instalada<br />

(em 2005) <strong>de</strong> 12.600 megawatts - MW, sua<br />

energia é utilizada em partes iguais por<br />

ambos os países a que pertence, Brasil e<br />

Paraguai. A barragem principal <strong>de</strong> Itaipu<br />

tem 196m <strong>de</strong> altura – equivale a um edifício<br />

<strong>de</strong> 65 andares – e 1,6km <strong>de</strong> extensão. Ela é<br />

responsáv<strong>el</strong> por 26% da energia consumida<br />

no Brasil. (ITAIPU:2005)<br />

Embora seja renováv<strong>el</strong>, a hidro<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong><br />

traz consigo gran<strong>de</strong> histórico <strong>de</strong> problemas e<br />

impactos socioambientais. Para a construção<br />

das represas <strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas, muitas vezes é<br />

necessária a remoção <strong>de</strong> moradores, principalmente<br />

daqu<strong>el</strong>es resi<strong>de</strong>ntes em comunida<strong>de</strong>s<br />

nas áreas <strong>de</strong> alagamento, além do resgate <strong>de</strong><br />

animais daqu<strong>el</strong>e habitat.<br />

Durante a formação do<br />

reservatório <strong>de</strong> Itaipu, equipes do<br />

setor ambiental percorreram em<br />

barcos toda a área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

1.350km 2 que seria alagada,<br />

salvando centenas <strong>de</strong> espécimes<br />

<strong>de</strong> animais da região, na operação<br />

conhecida como Mymba Kuera -<br />

“pega-bicho”, em tupi-guarani.<br />

(ITAIPU:2006)<br />

Outra forma <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia muito<br />

utilizada na região Sul é a termo<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>,<br />

uma tecnologia <strong>para</strong> conversão <strong>de</strong> energia<br />

térmica em <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>.<br />

Um recurso não-renováv<strong>el</strong> muito utilizado na<br />

termo<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong> é o carvão mineral. Para<br />

gerar <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong> é necessária a sua queima,<br />

o que ocasiona problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> os<br />

trabalhadores e poluição excessiva do ar,<br />

aumentando consi<strong>de</strong>rav<strong>el</strong>mente a emissão<br />

<strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa.<br />

De acordo com as <strong>de</strong>liberações formuladas<br />

no processo da Conferência Nacional <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> do ano <strong>de</strong> 2003, o governo <strong>de</strong>verá<br />

estab<strong>el</strong>ecer políticas e programas <strong>para</strong> atingir,<br />

até o ano <strong>de</strong> 2013, a meta <strong>de</strong> produzir no país<br />

15% <strong>de</strong> energia a partir <strong>de</strong> fontes alternativas,<br />

limpas e renováveis.<br />

De olho nas novas investidas do Estado com<br />

r<strong>el</strong>ação à geração <strong>de</strong> energia, resolvemos<br />

visitar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Osório/RS, on<strong>de</strong> foi inaugurado<br />

o segundo maior parque <strong>de</strong> energia<br />

eólica do mundo. Cada um dos três parques<br />

implantados em Osório irá gerar 50 MW<br />

<strong>de</strong> energia.


A energia eólica é a energia<br />

obtida p<strong>el</strong>o movimento do ar<br />

(vento). É uma abundante fonte<br />

<strong>de</strong> energia, renováv<strong>el</strong>, limpa e<br />

disponív<strong>el</strong> em todos os lugares.<br />

O vento atinge uma hélice que, ao movi-<br />

mentar-se, gira um eixo que impulsiona um<br />

gerador, produzindo <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>.<br />

No Brasil, o potencial <strong>de</strong> aproveitamento da<br />

energia eólica é <strong>de</strong> 143.000MW, <strong>de</strong> acordo<br />

com o Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia. Mas<br />

esse tipo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia com fontes<br />

alternativas ainda tem, no país, custos mais<br />

<strong>el</strong>evados que aqu<strong>el</strong>es das fontes <strong>de</strong> energia<br />

convencionais.<br />

Para isso, o Governo Fe<strong>de</strong>ral criou, em abril<br />

<strong>de</strong> 2002, o <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Incentivos às Fontes<br />

Alternativas <strong>de</strong> Energia Elétrica - PROINFA,<br />

com o objetivo <strong>de</strong> ampliar a inserção<br />

sustentáv<strong>el</strong> da fonte eólica, da biomassa e<br />

das Pequenas Centrais Hidr<strong>el</strong>étricas - PCH<br />

no Sistema Interligado Nacional.<br />

Dados<br />

No Brasil 41% da matriz energética é re-<br />

nováv<strong>el</strong>, enquanto a média mundial é<br />

<strong>de</strong> 14%. A produção <strong>de</strong> 3.300MW a partir <strong>de</strong><br />

fontes alternativas renováveis dobrará a participação<br />

na matriz <strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica brasileira<br />

das fontes eólica, biomassa e PCH, que<br />

atualmente respon<strong>de</strong>m por 3,1% do total<br />

produzido e, em 2006, po<strong>de</strong>m chegar a 5,9%.<br />

Isto evitará a emissão <strong>de</strong> 2,5 milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas<br />

<strong>de</strong> gás carbônico por ano. (MME:2006)<br />

Entretanto, lembramos ainda que nenhuma<br />

energia é totalmente limpa, e mesmo a<br />

eólica implica danos ambientais, como<br />

poluição visual e sonora. Portanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da fonte, é importante que o<br />

uso consciente <strong>de</strong> energia seja uma prática<br />

cotidiana, que busque economizar e propagar<br />

as formas <strong>de</strong> economia dos diferentes<br />

recursos energéticos.<br />

Análise<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber que jovens sulistas estão<br />

preocupados com a questão energética,<br />

talvez p<strong>el</strong>o fato <strong>de</strong> estarem bem perto da<br />

maior usina hidr<strong>el</strong>étrica do Brasil. As usinas<br />

hidr<strong>el</strong>étricas são a principal forma <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica no Brasil, respon<strong>de</strong>ndo<br />

por aproximadamente 75% do seu montante<br />

total. (FURTADO:2005) Nessas usinas a <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong><br />

é produzida usando apenas a força<br />

da água. Muito embora seja um tipo <strong>de</strong><br />

energia que não acarreta poluição na sua<br />

utilização – como ocorre no caso da queima<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis –, muitos <strong>de</strong>sses<br />

jovens observam que esse meio <strong>de</strong> produção<br />

ainda oferece muitos conflitos e impactos<br />

negativos à socieda<strong>de</strong> e ao meio ambiente.<br />

A construção <strong>de</strong> usinas hidr<strong>el</strong>étricas <strong>de</strong>manda<br />

a inundação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas, a remoção <strong>de</strong><br />

moradores das áreas das barragens e, muitas<br />

vezes, a mudança do curso natural do rio e a<br />

alteração <strong>de</strong> seu regime hidrológico. Dados<br />

do Movimento dos Atingidos por Barragens<br />

– MAB – apontam que 3,4 milhões <strong>de</strong> hectares<br />

<strong>de</strong> terras foram inundados <strong>para</strong> construção<br />

das 2000 barragens existentes no Brasil.<br />

Sabe-se que o MAB surgiu <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>salojamento<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> suas terras.<br />

73<br />

Saiba +<br />

• Regime hidrológico é o portamento <strong>de</strong> um corpo hídrico<br />

comdurante<br />

um certo período.<br />

Classifica-se como regime<br />

lêntico quando a vazão <strong>de</strong> água<br />

<strong>de</strong> um corpo hídrico é pequena,<br />

como nos lagos e barragens,<br />

e lótico quando a vazão <strong>de</strong> água<br />

é gran<strong>de</strong>, como os rios e suas<br />

correntezas.


74<br />

Material produzido na Exposição Itinerante<br />

do\ WWF-Brasil, Porto Alegre/RS.<br />

Não<br />

se sabe<br />

ao certo, mas<br />

o MAB estima que<br />

aproximadamente 300 mil<br />

famílias tenham sido removidas das áreas<br />

<strong>de</strong> inundação, <strong>de</strong>ixando <strong>para</strong> trás toda sua<br />

história com a terra.<br />

Jovens da região contam que muitos<br />

bichos morrem afogados e muitas plantas<br />

apodrecem com a construção das barragens.<br />

A <strong>de</strong>composição das plantas libera gás<br />

metano, poluente que impe<strong>de</strong> a reprodução<br />

<strong>de</strong> alguns peixes e permite a proliferação<br />

<strong>de</strong> algas, causando <strong>de</strong>sequilíbrio aquático<br />

além <strong>de</strong> colaborar com o efeito estufa.<br />

A juventu<strong>de</strong> também está ciente das<br />

<strong>de</strong>liberações das Conferências Nacionais<br />

<strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e da Carta da Terra. Ao<br />

apontarem a energia eólica como bom modo<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica, esses jovens<br />

concordam com um dos amplos compromissos<br />

estab<strong>el</strong>ecidos p<strong>el</strong>a Carta da Terra: Atuar com<br />

restrição e eficiência no uso <strong>de</strong> energia e recorrer<br />

cada vez mais aos recursos energéticos renováveis,<br />

como a energia solar e do vento. Portanto,<br />

percebem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso racional<br />

e<br />

consciente<br />

<strong>de</strong><br />

energia, seja <strong>el</strong>a<br />

renováv<strong>el</strong> ou não.<br />

Em 2001 e 2002 ocorreu o “Apagão”,<br />

em função da falta <strong>de</strong> chuvas e do baixo<br />

nív<strong>el</strong> <strong>de</strong> investimentos na ligação entre<br />

os sistemas <strong>de</strong> transmissão e distribuição<br />

<strong>de</strong> energia. Foram adotadas medidas <strong>de</strong><br />

racionamento <strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica com cotas <strong>de</strong><br />

redução <strong>de</strong> consumo tanto <strong>para</strong> consumidores<br />

domésticos como industriais. Isso acarretou<br />

<strong>de</strong>sabastecimento e alteração nas formas <strong>de</strong><br />

uso <strong>de</strong> energia. Algumas indústrias, por exemplo,<br />

optaram por alterar suas instalações <strong>para</strong><br />

o uso <strong>de</strong> gás natural em substituição à energia<br />

<strong>el</strong>étrica. O governo brasileiro fortaleceu projetos<br />

<strong>de</strong> ampliação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração<br />

e distribuição <strong>de</strong> energia, porém especialistas<br />

divi<strong>de</strong>m-se nas previsões <strong>de</strong> um possív<strong>el</strong><br />

<strong>de</strong>sabastecimento em 2008, se não forem<br />

reforçados os investimentos no setor.<br />

Assim, é impossív<strong>el</strong> não se perguntar: eu<br />

realmente preciso gastar toda a <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong><br />

que gasto hoje? Como conciliar produção <strong>de</strong><br />

energia e conservação ambiental?


75<br />

Terra & Alimentos<br />

Minha terra tem b<strong>el</strong>os campos<br />

on<strong>de</strong> os cavalos livres po<strong>de</strong>m<br />

correr.<br />

Minha terra tem rios<br />

<strong>de</strong> águas cristalinas<br />

on<strong>de</strong> os animais vêm a beber.<br />

Minha terra tem lindas<br />

flores que <strong>de</strong>sabrocham<br />

na primavera e muitas<br />

têm um b<strong>el</strong>o perfume,<br />

que os beija-flores vêm<br />

dar um beijo n<strong>el</strong>as.<br />

Minha terra tem b<strong>el</strong>as árvores,<br />

on<strong>de</strong> os passarinhos seus ninhos<br />

fazem.<br />

Minha terra tem ver<strong>de</strong>s palmas.<br />

Minha terra tem um lindo céu,<br />

que quando olhamos vemos um<br />

véu.<br />

Meu mundo tem um<br />

gran<strong>de</strong> oceano<br />

que a cada ano o homem<br />

está matando.<br />

Daqui alguns anos,<br />

vamos ficar sem nada,<br />

pois o bem maior que temos<br />

o homem está <strong>de</strong>rrubando,<br />

a Mata.<br />

Arthur Guilherme da Silva, 15 anos<br />

Antes <strong>de</strong> continuar a viagem, <strong>para</strong>mos <strong>para</strong> nos<br />

alimentar na região que tem uma produção<br />

agrícola <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>para</strong> o país.<br />

A erva-mate (Ilex <strong>para</strong>guariensis), árvore<br />

originária da região subtropical da América<br />

do Sul, utilizada no preparo do chimarrão, se<br />

tornou símbolo tradicional da hospitalida<strong>de</strong><br />

gaúcha. Antigamente, os indígenas das nações<br />

Guarani e Quíchua tinham o hábito <strong>de</strong> beber<br />

chá com suas folhas e hoje em dia esse costume<br />

continua popular na região Sul. O chimarrão<br />

é pre<strong>para</strong>do em uma cuia on<strong>de</strong> a erva-mate é<br />

<strong>de</strong>positada moída junto com água quente sem<br />

ferver. A bebida é saboreada por meio <strong>de</strong> uma<br />

bomba <strong>de</strong> metal. O mate é um ingrediente <strong>de</strong><br />

consumo muito importante <strong>para</strong> os gaúchos,<br />

e esta prática po<strong>de</strong> ser encontrada em todos<br />

os estados da região Sul, ainda que seja um<br />

costume vindo dos pampas.<br />

No século XIX, a população do Paraná se concentrava<br />

em Paranaguá, Morretes, Antonina,<br />

Guaraqueçaba e Guaratuba. Nessas localida<strong>de</strong>s<br />

litorâneas se realizavam ativida<strong>de</strong>s em<br />

torno da lavoura, do comércio e do beneficiamento<br />

industrial da erva-mate. Devido a seu<br />

porto, Paranaguá era o principal irradiador <strong>de</strong><br />

novas mercadorias.<br />

A região Sul ainda é gran<strong>de</strong> produtora <strong>de</strong><br />

mate, pois o clima favorece seu plantio, já<br />

que a muda do mate é muito sensív<strong>el</strong> ao sol,<br />

exigindo sombreamento até que a planta<br />

atinja a maturida<strong>de</strong>.<br />

A agropecuária <strong>de</strong>sempenha importante<br />

pap<strong>el</strong> na economia do Sul. O uso <strong>de</strong> técnicas<br />

mo<strong>de</strong>rnas propicia a boa produtivida<strong>de</strong> das


76<br />

Contatos<br />

• Fe<strong>de</strong>ração dos Trabalhadores na<br />

Agricultura Familiar da Região Sul<br />

Rua das Acácias, 318-D<br />

Bairro Palmital<br />

Chapecó/SC<br />

CEP: 89.814-230<br />

T<strong>el</strong>/Fax: (49) 3329.3340/3329.8987<br />

fetrafsul@fetrafsul.org.br<br />

www.fetrafsul.org.br<br />

Conexões<br />

• Assessoria e Serviços a Projetos<br />

em Agricultura Alternativa<br />

www.aspta.org.br<br />

• Convenção sobre<br />

Diversida<strong>de</strong> Biológica<br />

www.cdb.gov.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Campanha Nacional por<br />

um Brasil Livre <strong>de</strong> Transgênicos<br />

reúne diferentes organizações da<br />

socieda<strong>de</strong> civil ligadas às áreas<br />

<strong>de</strong> agricultura familiar, reforma<br />

agrária, agroecologia e <strong>de</strong>fesa<br />

dos consumidores, que acreditam<br />

que o tema dos transgênicos <strong>de</strong>va<br />

ser ampla e <strong>de</strong>mocraticamente<br />

<strong>de</strong>batido com a socieda<strong>de</strong>.<br />

culturas<br />

<strong>de</strong> trigo, milho, arroz, feijão e<br />

tabaco, e os estados da região são os maiores<br />

produtores <strong>de</strong> soja, m<strong>el</strong>, alho, maçã e cebola<br />

do país.<br />

O Brasil assinou, em 2003, e<br />

ratificou, em 2006, a Convenção-<br />

Quadro da Organização Mundial<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que visa à redução do<br />

consumo <strong>de</strong> cigarros e <strong>de</strong> outros<br />

produtos <strong>de</strong>rivados do tabaco.<br />

Entre as medidas a serem<br />

adotadas está a substituição<br />

gradual <strong>de</strong> plantações <strong>de</strong> tabaco<br />

por outras culturas. Essa ação<br />

afetará diretamente famílias<br />

gaúchas, pois o Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul é o maior produtor<br />

brasileiro <strong>de</strong> fumo, com 50,7%<br />

da produção brasileira.<br />

(SCP/RS:2006)<br />

A vegetação rasteira típica da região contribui<br />

<strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> rebanhos bovinos, nos<br />

pampas gaúchos principalmente.<br />

Dados<br />

Em 2005 a região Sul concentrou 34,43% da<br />

produção nacional <strong>de</strong> cereais, leguminosas e<br />

oleaginosas. Esta mesma região, em 2004,<br />

concentrava 13,79% <strong>de</strong> todo o rebanho<br />

bovino do Brasil. (IBGE:2004)<br />

Horta <strong>de</strong> cebolinha agroecológica,<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. [Sabrina Amaral]<br />

Uma das gran<strong>de</strong>s<br />

Cultivo agroecológico, Ipê/RS. [Potira Amaral]<br />

dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas p<strong>el</strong>os<br />

jovens moradores da zona rural é a falta <strong>de</strong><br />

um mo<strong>de</strong>lo agrícola voltado <strong>para</strong> os pequenos<br />

agricultores. Inf<strong>el</strong>izmente, a diminuição da<br />

renda do pequeno agricultor, junto à mecanização<br />

da agricultura e da agroindústria,<br />

favorecem a expulsão <strong>de</strong> famílias do campo<br />

<strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>.<br />

A conseqüência <strong>de</strong>sse êxodo rural é a formação<br />

<strong>de</strong> bolsões <strong>de</strong> miséria nas principais cida<strong>de</strong>s da<br />

região, gerando o aumento <strong>de</strong> assentamentos<br />

sem infra-estrutura nos gran<strong>de</strong>s centros, <strong>de</strong>ixando<br />

populações sem acesso ao atendimento<br />

<strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas e aumentando a<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social que existe no país.<br />

Outro gran<strong>de</strong> problema encontrado nas<br />

plantações da região Sul é a produção <strong>de</strong><br />

transgênicos, principalmente quando nos<br />

referimos à soja.<br />

De acordo com as <strong>de</strong>liberações da I Conferência<br />

Nacional <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>, <strong>de</strong>vemos tomar<br />

precaução quanto aos Organismos Geneticamente<br />

Modificados (OGMs). Toda pesquisa<br />

sobre possíveis efeitos <strong>de</strong> transgênicos no<br />

meio ambiente e na saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser feita em<br />

ambiente controlado, <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

sem financiamento ou influência <strong>de</strong><br />

empresas privadas, com controle social e com<br />

garantia <strong>de</strong> divulgação <strong>para</strong> a população.


77<br />

Contatos<br />

• A Comissão Técnica Nacional<br />

<strong>de</strong> Biossegurança é uma instância<br />

criada com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prestar apoio técnico consultivo<br />

e <strong>de</strong> assessoramento ao Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral na Política Nacional <strong>de</strong><br />

Biossegurança r<strong>el</strong>ativa a OGM.<br />

www.ctnbio.gov.br<br />

5.Exposição <strong>de</strong> sementes nativas,<br />

Antônio Prado/RS. [Potira Amaral]<br />

Mas, quando<br />

colocamos os transgênicos<br />

na pauta <strong>de</strong> discussões, muitas vezes ficamos<br />

com vários questionamentos. Ainda nos falta<br />

muita informação <strong>para</strong> saber se estamos realmente<br />

aptos a discutir, a aceitar ou a rejeitar<br />

esses organismos. O que vem acontecendo em<br />

laboratórios e pesquisas com transgênicos é<br />

realmente passado <strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong> <strong>para</strong> que<br />

<strong>el</strong>a possa dizer se aceita ou não?<br />

Mesmo sendo absolutamente<br />

favoráv<strong>el</strong> à comercialização<br />

dos alimentos geneticamente<br />

modificados, tenho que concordar<br />

que há falta <strong>de</strong> informação<br />

sobre o assunto. São poucas as<br />

pessoas que têm acesso a esse<br />

tema e raramente nos <strong>de</strong><strong>para</strong>mos<br />

com reportagens sobre o assunto.<br />

Muitas <strong>de</strong>las são bastante<br />

vagas, e até mesmo com o uso<br />

<strong>de</strong> um vocabulário <strong>de</strong> difícil<br />

entendimento p<strong>el</strong>a população.<br />

Sendo assim, acredito eu,<br />

torna-se indispensáv<strong>el</strong> a<br />

rotulagem dos produtos contendo<br />

as informações necessárias <strong>para</strong><br />

que o consumidor saiba o que<br />

está consumindo diariamente,<br />

levando em conta ainda que isso<br />

estaria contribuindo direta e<br />

indiretamente <strong>para</strong> um maior<br />

entendimento da população a<br />

respeito do assunto.”<br />

E<strong>de</strong>r Augusto <strong>de</strong> Oliveira, 22 anos<br />

Paranavaí/PR<br />

COP8 / MOP3, Curitiba/PR. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

Segundo a Fetraf-Sul, o<br />

Brasil estará<br />

cometendo um erro <strong>de</strong> estratégia econômica<br />

se passar a incentivar a produção <strong>de</strong> soja<br />

transgênica em <strong>de</strong>trimento da convencional.<br />

Percebe-se que a procura por alimentos<br />

orgânicos está crescendo e a socieda<strong>de</strong> se<br />

preocupa cada vez mais com a origem <strong>de</strong><br />

seus alimentos, muitas vezes recusando-se<br />

a consumir gêneros com agrotóxicos ou<br />

transgênicos.<br />

Cabe ao consumidor o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir a<br />

origem dos alimentos que consumirá. Porém,<br />

ao se tratar <strong>de</strong> transgênicos, observa-se<br />

nitidamente que isso está um pouco longe <strong>de</strong><br />

acontecer. Apesar <strong>de</strong> saber que a rotulagem<br />

<strong>de</strong>sses produtos tornou-se obrigatória <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2005, não é o que se vê com muita freqüência<br />

nas prat<strong>el</strong>eiras dos supermercados.<br />

Continuando nossa reflexão sobre a questão<br />

dos transgênicos, a juventu<strong>de</strong> presente na<br />

COP 8 (Oitava Conferência das Partes da<br />

Convenção sobre Diversida<strong>de</strong> Biológica)<br />

e MOP 3 (Terceira Reunião das Partes do<br />

Protocolo <strong>de</strong> Cartagena sobre Biossegurança)<br />

redigiu um manifesto contra o “terminator”,<br />

questionando se esta tecnologia po<strong>de</strong> ter<br />

implicações negativas <strong>para</strong> o futuro do conhecimento<br />

tradicional e da biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Conexões<br />

•<br />

Informações sobre a<br />

COP-8 e MOP-3<br />

www.cdb.gov.br/COP8<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

•<br />

A Conferência das Partes (COP)<br />

é o órgão supremo <strong>de</strong>cisório<br />

no âmbito da Convenção sobre<br />

Diversida<strong>de</strong> Biológica - CDB.<br />

As reuniões da COP são realizadas<br />

a cada dois anos. Trata-se <strong>de</strong><br />

reunião <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte que<br />

conta com a participação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>legações oficiais dos 188<br />

membros da CDB.<br />

• A Convenção sobre<br />

Diversida<strong>de</strong> Biológica - CDB<br />

é um dos principais resultados da<br />

Conferência das Nações <strong>Unidas</strong><br />

<strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong> e o<br />

Desenvolvimento - CNUMAD<br />

(Rio 92), realizada no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, em junho <strong>de</strong> 1992.<br />

É um dos mais importantes<br />

instrumentos internacionais<br />

r<strong>el</strong>acionados ao meio ambiente<br />

e funciona como um<br />

guarda-chuva legal/político<br />

<strong>para</strong> diversas convenções<br />

e acordos ambientais<br />

mais específicos.<br />

• Organismos Geneticamente<br />

Modificados (OGMs) – são<br />

organismos cujo material<br />

genético foi modificado<br />

por técnica <strong>de</strong> engenharia<br />

genética.<br />

• Terminator – gene que torna<br />

o grão estéril.


78<br />

Contatos<br />

• Associação Riogran<strong>de</strong>nse<br />

<strong>de</strong> Empreendimentos <strong>de</strong><br />

Assistência Técnica e Extensão<br />

Rural - EMATER/RS e Associação<br />

Sulina <strong>de</strong> Crédito e Assistência<br />

Rural - ASCAR<br />

Rua Botafogo , 1051, 2° andar<br />

Porto Alegre/RS<br />

CEP: 90040-130<br />

T<strong>el</strong>: (51) 2125-3150<br />

Fax: (51) 2125-3143<br />

portoalegre@emater.tche.br<br />

www.emater.tche.br<br />

• Escola Latino-americana<br />

<strong>de</strong> agroecologia<br />

latinoamericana@mst.org.br<br />

• Escola José Gomes da Silva<br />

itepa@mst.org.br<br />

• Escola Milton Santos<br />

escolamiltonsantos@mst.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• No Paraná, existem três escolas<br />

do MST com formação técnica<br />

em Agroecologia, são <strong>el</strong>as a<br />

Escola José Gomes da Silva,<br />

no município <strong>de</strong> São Migu<strong>el</strong> do<br />

Iguaçú; Escola Milton Santos, em<br />

Maringá e Ceagro (Centro <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Sustentáv<strong>el</strong> e<br />

Capacitação em Agroecologia),<br />

em Cantagalo, além da atuação<br />

(como parte da Via Campesina)<br />

na Escola Latino-Americana <strong>de</strong><br />

Agroecologia, com formação <strong>de</strong><br />

nív<strong>el</strong> superior. Esta última conta<br />

com o apoio da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, do governo<br />

da Venezu<strong>el</strong>a e do Paraná,<br />

tendo se<strong>de</strong> no Assentamento<br />

Contestado, na Lapa, (70km<br />

<strong>de</strong> Curitiba). Outro curso<br />

<strong>de</strong> nív<strong>el</strong> superior é o <strong>de</strong><br />

Especialização em Agroecologia.<br />

Sediado no Ceagro, em parceria<br />

com a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Santa Catarina.<br />

Minha família sempre viveu da<br />

agricultura <strong>de</strong> subsistência até<br />

meados da década <strong>de</strong> 1980. Com<br />

a morte do meu avô e a recente<br />

emancipação do município <strong>de</strong><br />

Parobé/RS, <strong>de</strong>vido à presença da<br />

indústria calçadista, alavancou-se<br />

um gran<strong>de</strong> êxodo rural. Os poucos<br />

remanescentes do campo tinham<br />

inúmeras dificulda<strong>de</strong>s financeiras,<br />

péssimas condições <strong>para</strong><br />

empréstimos, falta <strong>de</strong> insumos e<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comercialização.<br />

Passando por diversas<br />

dificulda<strong>de</strong>s, resolvemos<br />

produzir bolachas e cucas<br />

coloniais <strong>para</strong> a venda.<br />

Juntamente com a Emater/RS -<br />

Ascar e entida<strong>de</strong>s locais<br />

conseguimos um empréstimo<br />

bancário e começamos a<br />

construção <strong>de</strong> uma agroindústria<br />

familiar. Fazemos parte <strong>de</strong> uma<br />

associação <strong>de</strong> produtores rurais e,<br />

por meio <strong>de</strong>la, conseguimos um<br />

local <strong>de</strong>finitivo <strong>para</strong> a comercialização<br />

<strong>de</strong> nossos produtos e <strong>de</strong><br />

outros produtores familiares.<br />

Estamos conquistando<br />

constantemente políticas<br />

públicas locais que incentivem<br />

os agricultores a permanecer em<br />

suas proprieda<strong>de</strong>s, diversificando<br />

a produção, conhecendo novas<br />

técnicas e conquistando novos<br />

mercados. Uma <strong>de</strong>ssas<br />

conquistas é a venda <strong>de</strong> nossos<br />

produtos <strong>para</strong> a merenda das<br />

escolas municipais da região.<br />

Após minha experiência na<br />

agricultura convencional, com o<br />

intenso uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos e<br />

<strong>de</strong> adubos químicos, senti na<br />

p<strong>el</strong>e o quanto <strong>el</strong>e é nocivo à<br />

saú<strong>de</strong> e ao meio ambiente.<br />

A cada dia que passa acredito<br />

mais na agroecologia como um<br />

meio <strong>de</strong> vida saudáv<strong>el</strong>, pois o<br />

agricultor faz <strong>de</strong> tudo um pouco.<br />

Ele é: engenheiro, arquiteto,<br />

carpinteiro, marceneiro,<br />

mecânico, biólogo, geólogo,<br />

químico, historiador, matemático,<br />

físico, meteorologista...<br />

Mesmo não tendo formação<br />

alguma, <strong>el</strong>e <strong>de</strong>senvolve todos<br />

esses conhecimentos <strong>de</strong>vido<br />

às situações <strong>de</strong> extrema<br />

complexida<strong>de</strong> vividas no campo.”<br />

Adriana Luzia Pereira, 23 anos<br />

Análise<br />

A produção <strong>de</strong> soja no estado do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul é uma das maiores do Brasil, responsáv<strong>el</strong><br />

por 20% da produção nacional e<br />

alcançando valores <strong>de</strong> 2,3 bilhões reais por ano<br />

(MELO:2004). De forma similar, a produção<br />

e exportação em conjunto <strong>de</strong> carne bovina<br />

e <strong>de</strong> frango <strong>de</strong>ssa região é a maior do país, o<br />

que contribui <strong>para</strong> o Brasil ser um dos maiores<br />

produtores <strong>de</strong> carne bovina do mundo com<br />

6,3 milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas/ano. Além disso, a<br />

ausência da febre aftosa favorece o aumento<br />

das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exportação.<br />

Há uma tensão evi<strong>de</strong>nte entre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da pecuária, do agronegócio, com<br />

seus resultados econômicos positivos, e os<br />

impactos socioambientais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>stes


79<br />

mo<strong>de</strong>los produtivos. A mecanização da<br />

agricultura, a monocultura e as gran<strong>de</strong>s<br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pasto, estimuladas p<strong>el</strong>as<br />

<strong>de</strong>mandas mercantis, intensificam os <strong>de</strong>sgastes<br />

do solo e os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego<br />

rural <strong>para</strong> uma parc<strong>el</strong>a <strong>de</strong> pequenos trabalhadores<br />

rurais.<br />

P<strong>el</strong>a fala da Adriana Pereira, observam-se<br />

as conseqüências que assolam os pequenos<br />

agricultores e enriquecem os gran<strong>de</strong>s produtores<br />

que voltam sua produção <strong>para</strong> o<br />

mercado externo. Este é apenas um dos<br />

impactos gerados p<strong>el</strong>a sobreposição dos<br />

interesses econômicos aos interesses sociais<br />

e ambientais.<br />

Na busca do lucro cada vez maior, os<br />

produtores rurais fazem uso <strong>de</strong> tecnologias e<br />

biotecnologias que possibilitem maior produção<br />

a menor custo. É neste contexto que<br />

aparecem os transgênicos (OGMs). Embora<br />

ainda não se tenha comprovação científica<br />

sobre os seus impactos na vida da população<br />

– pois não se sabe exatamente quais são e<br />

nem como mensurá-los – , o assunto já está<br />

na pauta das juventu<strong>de</strong>s locais.<br />

Ainda não há um posicionamento político<br />

claramente <strong>de</strong>finido por parte <strong>de</strong>sses jovens,<br />

pois não estão claros os benefícios e os riscos<br />

que essas modificações genéticas impõem. Por<br />

um lado, os pró-transgênicos afirmam que a<br />

biotecnologia é a m<strong>el</strong>hor forma <strong>para</strong> diminuir<br />

o uso <strong>de</strong> agrotóxicos e acabar com a fome<br />

do mundo, reavivando o discurso passado da<br />

Revolução Ver<strong>de</strong>.<br />

Por outro, os contrários afirmam que se trata<br />

<strong>de</strong> uma biotecnologia <strong>de</strong>snecessária e que tem<br />

o único propósito<br />

<strong>de</strong> enriquecer ainda mais as gran<strong>de</strong>s<br />

empresas multinacionais, além <strong>de</strong> alertarem<br />

<strong>para</strong> os riscos imprevisíveis <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong><br />

ecossistemas e modificações genéticas entre<br />

espécies, o que implicaria eventuais prejuízos<br />

à vida humana.<br />

Não se po<strong>de</strong> negar que os transgênicos<br />

fazem parte da vida dos jovens, seja p<strong>el</strong>o<br />

acompanhamento das manchetes <strong>de</strong> jornais,<br />

seja p<strong>el</strong>os alimentos ingeridos diariamente.<br />

O que <strong>de</strong>ve ser pensado é se os seus propósitos<br />

respon<strong>de</strong>m apenas a interesses comerciais ou<br />

se têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar a produção<br />

<strong>de</strong> alimentos e o maior acesso da população<br />

<strong>de</strong>sfavorecida.<br />

O governo do Paraná se beneficiou da política<br />

<strong>de</strong> proibição da circulação <strong>de</strong> transgênicos<br />

no Porto <strong>de</strong> Paranaguá, p<strong>el</strong>o interesse <strong>de</strong><br />

países europeus <strong>de</strong> importarem apenas soja<br />

não transgênica. Isso mostra como o fato <strong>de</strong><br />

ser contra ou a favor não se limita apenas a<br />

orientações estritamente econômicas. Este é<br />

um exemplo <strong>de</strong> benefício econômico gerado<br />

<strong>para</strong> aqu<strong>el</strong>es que se posicionam contrariamente<br />

aos transgênicos. Portanto, mais do<br />

que ser contra ou a favor, é preciso saber o<br />

que está em jogo. Dinheiro? Vida? Po<strong>de</strong>r?<br />

Princípios e valores?<br />

Monocultura nos campos,<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. [Sabrina Amaral]


80<br />

Áreas Urbanas<br />

Universida<strong>de</strong> do Meio <strong>Ambiente</strong>, Curitiba [Vítor Massao]<br />

Saindo<br />

do campo <strong>para</strong> a cida<strong>de</strong>,<br />

continuamos nosso percurso em Curitiba/PR,<br />

consi<strong>de</strong>rada em 2001, p<strong>el</strong>a Organização das<br />

Nações <strong>Unidas</strong> - ONU, a m<strong>el</strong>hor capital do<br />

Brasil p<strong>el</strong>o Índice <strong>de</strong> Condições <strong>de</strong> Vida - ICV.<br />

Curitiba/PR é uma das cida<strong>de</strong>s brasileiras com<br />

mais área ver<strong>de</strong> por habitante, além <strong>de</strong> ser<br />

também pioneira na implantação da coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva <strong>de</strong> lixo no país. Segundo estudos<br />

<strong>de</strong> Tatiana Reis, pesquisadora da PUC/PR, a<br />

cida<strong>de</strong> se<strong>para</strong> 13% <strong>de</strong> seu lixo e ocupa o<br />

primeiro lugar entre as quatro cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras que já s<strong>el</strong>ecionam o lixo recicláv<strong>el</strong><br />

(lata, vidro, metal, plástico, pap<strong>el</strong>).<br />

Dados<br />

A Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Arborização<br />

Urbana - SBAU, propôs como índice mínimo<br />

<strong>para</strong> áreas ver<strong>de</strong>s públicas, como parques,<br />

bosques, jardinetes e praças, 15m 2 /habitante.<br />

Se incluirmos todas as ativida<strong>de</strong>s antrópicas<br />

com combustão (indústria, tráfego, ativida<strong>de</strong>s<br />

domésticas) este índice se <strong>el</strong>eva <strong>para</strong><br />

75m 2 /habitante.<br />

Curitiba tem 55,09m 2 /habitante, totalizando<br />

81 milhões m 2 <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s preservadas<br />

<strong>de</strong>ntro do perímetro urbano.<br />

(Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba:2006)<br />

Agregado a isso, jovens preocupados com as<br />

conseqüências sociais do lixo em suas cida<strong>de</strong>s<br />

vêm se articulando e realizando ações que<br />

se concentram não somente nas questões


81<br />

ambientais, como também nas questões sociais<br />

que envolvem o lixo nas áreas urbanas.<br />

Nas ruas, garotos cheirando cola no centro da<br />

cida<strong>de</strong>, moradores <strong>de</strong> rua dormindo em praça<br />

pública, à luz do dia, e as fav<strong>el</strong>as espalhadas<br />

p<strong>el</strong>os arredores da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciam uma<br />

realida<strong>de</strong> que poucos pensam existir em<br />

Curitiba/PR. Como afirmou o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Companhia <strong>de</strong> Habitação do Paraná<br />

(COHAPAR), em 2002 Curitiba tinha cerca<br />

<strong>de</strong> 350 mil famílias vivendo em situação<br />

precária, em cerca <strong>de</strong> 800 áreas<br />

ocupadas irregularmente<br />

na Região<br />

Metropolitana.<br />

No entanto, os problemas<br />

socioambientais<br />

<strong>de</strong> Curitiba não se<br />

resumem a isto. São várias<br />

as questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

ambiental que compro-<br />

metem seu título <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong><br />

ecológica”.<br />

Existe ainda a questão dos<br />

impactos ambientais causados<br />

p<strong>el</strong>a modificação do curso<br />

natural dos rios <strong>de</strong> Curitiba/PR,<br />

com canalizações, retirada <strong>de</strong> mata ciliar e<br />

sua retificação – o que <strong>el</strong>imina suas curvas,<br />

meandros e áreas <strong>de</strong> expansão lateral. Os<br />

rios da Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba,<br />

principalmente aqu<strong>el</strong>es que atravessam a área<br />

urbanizada da cida<strong>de</strong>, estão poluídos e <strong>de</strong>gradados<br />

<strong>de</strong>vido ao esgoto sanitário doméstico e<br />

industrial <strong>de</strong>spejado n<strong>el</strong>es.<br />

Alguns projetos-mo<strong>de</strong>lo na cida<strong>de</strong>, como o<br />

programa que troca lixo recicláv<strong>el</strong> por alimentos,<br />

no chamado Câmbio Ver<strong>de</strong>, são<br />

associados ao <strong>Programa</strong> Integrado <strong>de</strong> Planejamento<br />

Ecológico, que une educação<br />

ambiental com política <strong>de</strong> abastecimento.<br />

O problema, entretanto, é que muitas<br />

crianças <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> estudar <strong>para</strong> catar lixo<br />

nas valetas, aterros e lixões e fazer a troca<br />

no Câmbio Ver<strong>de</strong>, tentando ajudar a família<br />

a ter algum alimento a mais <strong>para</strong> comer.<br />

No livro “Dinheiro é Lixo”, o autor<br />

F<strong>el</strong>ipe Lima, 23 anos, nos mostra<br />

que o problema dos resíduos sólidos<br />

urbanos não é só <strong>de</strong> caráter<br />

ambiental, mas também social.<br />

Muitas vezes, soluções como a<br />

dos catadores nem sempre são<br />

positivas, pois geram trabalho<br />

infantil e os sub-empregos.<br />

Para escrever seu livro, F<strong>el</strong>ipe<br />

passou um tempo disfarçado<br />

<strong>de</strong> catador <strong>de</strong> lixo, realizando<br />

todas as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sse ofício.<br />

“Este livro serviu<br />

como um <strong>de</strong>sabafo a esta<br />

indiferença social tão próxima<br />

<strong>de</strong> mim. Avistar uma criança<br />

retirando do lixo uma idéia <strong>de</strong><br />

brinquedo choca o mais insensív<strong>el</strong><br />

dos seres humanos e é<br />

inadmissív<strong>el</strong>. Já é hora <strong>de</strong><br />

erradicarmos <strong>de</strong> vez o trabalho<br />

infantil no lixo.”<br />

F<strong>el</strong>ipe Lima, 23 anos<br />

Curitiba/PR.<br />

Capa do livro “Dinheiro é lixo”. [F<strong>el</strong>ipe Lima]<br />

Contatos<br />

• Secretaria Municipal do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Curitiba - SMMA /<br />

Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba<br />

Av. Mano<strong>el</strong> Ribas, 2727<br />

Curitiba/PR<br />

CEP: 80810-000<br />

T<strong>el</strong>: (41) 3335-2112<br />

Fax: (41) 3335-5141<br />

curitiba.pr.gov.br/<br />

secretaria.aspx?s=4<br />

• Para solicitar exemplares do<br />

livro “Dinheiro é Lixo”:<br />

Autor: F<strong>el</strong>ipe Lima<br />

f<strong>el</strong>ipe@lution.com.br<br />

Conexões<br />

• Fórum Lixo &<br />

Cidadania do Paraná<br />

www.lixoecidadaniapr.org.br<br />

• Urbenauta<br />

www.uol.com.br/urbenauta/<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A coleta s<strong>el</strong>etiva <strong>de</strong> lixo, plantada em Curitiba em 1989,<br />

imfunciona<br />

com o projeto Lixo que<br />

não é Lixo.<br />

• A cada 24 horas o Brasil produz<br />

240 mil ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> lixo. Do<br />

total, transforma somente 3% em<br />

adubo e recicla apenas 2%, <strong>de</strong>ixando<br />

88% <strong>de</strong>sse lixo em aterros<br />

sanitários.<br />

Saiba +<br />

• Veja o livro Consumo<br />

Sustentáv<strong>el</strong>: manual <strong>de</strong> educação,<br />

MMA/MEC/IDEC, 2005


82<br />

Análise<br />

Conservar fragmentos <strong>de</strong> ambiente natural,<br />

as áreas ver<strong>de</strong>s, no meio urbano é uma<br />

ótima alternativa <strong>para</strong> propiciar uma m<strong>el</strong>hor<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida nas cida<strong>de</strong>s.<br />

Áreas ver<strong>de</strong>s espalhadas nos ambientes<br />

urbanos proporcionam maior disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> oxigênio, emb<strong>el</strong>ezam os espaços, criam<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer e bem-estar <strong>para</strong> a<br />

população em meio à agitação <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

centro urbano, protegem o solo da erosão,<br />

garantem a absorção <strong>de</strong> água das chuvas e<br />

geram um microclima com temperatura mais<br />

amena. Porém, ainda há um longo caminho,<br />

<strong>para</strong> que se consiga fazer uma gestão a<strong>de</strong>quada<br />

do espaço urbano <strong>de</strong> forma a alcançar um<br />

equilíbrio ecológico e sustentáv<strong>el</strong>.<br />

Percebe-se como a questão do lixo está<br />

presente na pauta <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> jovens curitibanos,<br />

com uma preocupação com a política<br />

municipal <strong>de</strong> implementação da coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva e reciclagem do lixo.<br />

F<strong>el</strong>ipe Lima nos faz refletir sobre as mudanças<br />

<strong>de</strong> significados que estamos vivenciando.<br />

Antes, o que era consi<strong>de</strong>rado “lixo”, <strong>de</strong>scartáv<strong>el</strong>,<br />

sem uso, hoje é consi<strong>de</strong>rado por<br />

muitos o símbolo da perspectiva <strong>de</strong> futuro e<br />

inclusive transformado em alimento. Valores<br />

estão sendo re<strong>de</strong>finidos, mas a que custo?<br />

Quem se beneficia com isso?<br />

O consumo também faz parte <strong>de</strong>ssa<br />

preocupação com o alto volume <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> lixo. Trata-se, então, <strong>de</strong> dar preferência por<br />

produtos com embalagens bio<strong>de</strong>gradáveis e<br />

que não agridam o meio ambiente. Há a<br />

n e c e s s i d a d e<br />

das<br />

pessoas<br />

gerados<br />

refletirem sobre<br />

os problemas<br />

p<strong>el</strong>o<br />

lixo, sabendo<br />

que o<br />

consumo individual<br />

tem <strong>de</strong>sdobramentos coletivos maiores.<br />

A presença <strong>de</strong>sta preocupação nos cidadãos<br />

se <strong>de</strong>sdobra nas instituições e vice-versa. As<br />

empresas cada vez mais buscam a<strong>de</strong>quar<br />

seus produtos às exigências e certificações <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> socioambiental. Mas isso<br />

seria fruto <strong>de</strong> um interesse socioambiental?<br />

Ou apenas uma estratégia <strong>para</strong> aumentar<br />

o abrangência do seu público consumidor?<br />

Po<strong>de</strong>riam ser ambos?<br />

Lixão do município <strong>de</strong> Taquara/RS.<br />

[Grazi<strong>el</strong>a Rinaldi, 26 anos]<br />

Outra dificulda<strong>de</strong> enfrentada p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong><br />

sulista no contexto urbano é a questão dos<br />

assentamentos humanos irregulares. Estes<br />

espaços carecem <strong>de</strong> infra-estrutura mínima,<br />

como saneamento básico e água potáv<strong>el</strong>,<br />

o que aumenta as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contaminação<br />

e aparecimento <strong>de</strong> doenças. Isso<br />

instala arbitrariamente a necessida<strong>de</strong> do<br />

convívio diário com o mau cheiro e com o<br />

risco temporário <strong>de</strong> enchentes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento<br />

das moradias. É preciso perceber as<br />

interconexões entre as questões ambientais,<br />

econômicas e sociais e os impactos gerados por<br />

essas sobreposições. Mas como mudar estas<br />

condições se as priorida<strong>de</strong>s políticas são obras<br />

<strong>de</strong> visualização direta no espaço público?


Atmosfera &<br />

Mudanças Climáticas<br />

A dica agora é se agasalhar e continuar<br />

viagem. Na região Sul o clima predominante<br />

é o subtropical, que é responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>as<br />

temperaturas mais baixas do Brasil.<br />

A região tem uma peculiarida<strong>de</strong> geográfica<br />

que a torna particularmente propensa a<br />

flutuações climáticas. Assim, não é raro<br />

vivermos as quatro estações em uma só<br />

semana. No Sul se registram as temperaturas<br />

mais baixas do país, mas também po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

<strong>el</strong>evações bruscas. Uma das características<br />

principais do clima na região é a distribuição<br />

uniforme das chuvas ao longo do ano.<br />

Nos últimos tempos, essa região enfrenta<br />

problemas <strong>de</strong> fenômenos naturais<br />

que po<strong>de</strong>m estar r<strong>el</strong>acionados<br />

aos efeitos das mudanças<br />

climáticas. Vemos tanto<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

a seca gerar muita<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a<br />

agricultura, <strong>de</strong>vido à<br />

estiagem das chuvas,<br />

quanto também em<br />

Santa Catarina vemos<br />

gran<strong>de</strong>s enchentes, o<br />

inesperado furacão Catarina<br />

e, recentemente, os tor-<br />

nados criciumenses.<br />

A região sul <strong>de</strong> Santa Catarina é também potencial<br />

emissora <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono (CO 2<br />

)<br />

e <strong>de</strong> outros poluentes atmosféricos, através<br />

das chaminés da maior term<strong>el</strong>étrica a carvão<br />

da América do Sul: a usina Jorge Lacerda,<br />

geradora <strong>de</strong> 750 MW. Por isso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980, a<br />

região é consi<strong>de</strong>rada uma das 14 áreas mais<br />

poluídas do Brasil, conforme o Decreto Fe<strong>de</strong>ral<br />

N° 85206/80.<br />

Dados<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, Curitiba/PR.<br />

O estado <strong>de</strong> Santa Catarina possui mais <strong>de</strong><br />

4.000 ha <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas p<strong>el</strong>os rejeitos<br />

da mineração <strong>de</strong> carvão. A região carbonífera<br />

<strong>de</strong> Criciúma foi <strong>el</strong>encada como a 14 a mais<br />

<strong>de</strong>gradada do país e a Bacia Hidrográfica<br />

do Rio Araranguá, que concentra 80% da<br />

produção <strong>de</strong> carvão da região, é a mais poluída<br />

do Brasil por resíduos perigosos do carvão.<br />

O volume total <strong>de</strong> rejeitos e estéreis <strong>de</strong>positados<br />

na área <strong>de</strong>sta bacia perfaz mais <strong>de</strong> 223<br />

milhões <strong>de</strong> m 3 <strong>de</strong> material. (BARRETO:2001)<br />

Vítima do clima? Será esse o<br />

<strong>de</strong>stino do ser humano?<br />

O Catarina foi um susto<br />

<strong>para</strong> o sul do país, em<br />

2004. Para as pessoas que<br />

viram e viveram as experiências<br />

do primeiro furacão<br />

brasileiro, o sentimento<br />

<strong>de</strong> impotência e talvez<br />

culpa torna-se cada vez mais<br />

presente.<br />

Sabemos que enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fato o que<br />

acontece com o clima é uma tarefa bastante<br />

complexa. Para realizar esse trabalho, contamos<br />

com técnicos e especialistas que observam<br />

a atmosfera constantemente e, mesmo assim,<br />

afirmam que há gran<strong>de</strong> margem <strong>de</strong> erro.<br />

Devido a sua evolução natural, o clima tem<br />

mudado muito ao longo dos anos. No entanto,<br />

Contatos<br />

• Comitê da Bacia Hidrográfica<br />

do Rio Araranguá<br />

Av. Getúlio Vargas n o 227<br />

Sala 09 – Centro<br />

Araranguá/SC<br />

CEP: 88802-001<br />

T<strong>el</strong>: (48) 3522-0709<br />

pbarzan@casan.com.br<br />

Conexões<br />

• Fotos <strong>de</strong> satélite<br />

do Apolo11.com<br />

www.apolo11.com<br />

83<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Embora São Joaquim/SC seja<br />

consi<strong>de</strong>rada a cida<strong>de</strong> mais fria<br />

do Brasil, o título na verda<strong>de</strong><br />

pertence a Urubici/SC, on<strong>de</strong><br />

também há ocorrência <strong>de</strong> neve.<br />

O município possui temperatura<br />

média <strong>de</strong> 10,9°C e em 29 <strong>de</strong> julho<br />

<strong>de</strong> 1996 registrou a temperatura<br />

mínima <strong>de</strong> -17,8°C, na base<br />

da Aeronáutica localizada<br />

no Morro Igreja.<br />

• Antes <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominada<br />

Porto Alegre, a capital do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul chamava-se<br />

Porto dos Casais.<br />

• Cientistas americanos,<br />

especializados em análise e<br />

previsão <strong>de</strong> fenômenos severos,<br />

afirmam que o Catarina era um<br />

furacão categoria 1 na escala<br />

Saffir-Simpson, que me<strong>de</strong> a<br />

intensida<strong>de</strong> dos ventos dos<br />

furacões. Isso faz <strong>de</strong> Catarina o<br />

primeiro furacão extratropical<br />

conhecido. Segundo autorida<strong>de</strong>s<br />

locais, sua passagem <strong>de</strong>ixou<br />

p<strong>el</strong>o menos 3 mortos e 100 mil<br />

casas <strong>de</strong>struídas.


84<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Protocolo <strong>de</strong> Kyoto é o<br />

instrumento legal <strong>para</strong> obrigar os<br />

países signatários da Convenção<br />

sobre Mudanças Climáticas a<br />

reduzir os níveis <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, que<br />

continuaram crescendo mesmo<br />

após a assinatura da convenção,<br />

em 1992. Ver também: Convenção<br />

Marco das Nações <strong>Unidas</strong> sobre<br />

Mudanças Climáticas (UNFCCC).<br />

http://unfcc.int (em inglês)<br />

estima-se que, nos últimos 25 anos, a<br />

temperatura superficial do planeta tenha<br />

subido 0,5°C. Este aumento <strong>de</strong>ve-se<br />

especialmente à combustão <strong>de</strong> combustíveis<br />

fósseis, à <strong>de</strong>sflorestação e ao número<br />

crescente <strong>de</strong> indústrias que, estimuladas<br />

p<strong>el</strong>o consumismo <strong>de</strong>senfreado, favorecem o<br />

aumento da emissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa<br />

na atmosfera.<br />

Dados<br />

Gases <strong>de</strong> efeito estufa<br />

Diariamente são enviadas cerca <strong>de</strong> 6 bilhões<br />

<strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono (CO 2<br />

)<br />

<strong>para</strong> a atmosfera. Este gás é responsáv<strong>el</strong> por<br />

64% do efeito estufa, junto com 10% do<br />

clorofluorcarbono (CFC), também responsáv<strong>el</strong><br />

p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>struição da camada <strong>de</strong> ozônio,<br />

com 19 % do metano (CH 4<br />

), e 6% do ácido<br />

nítrico (HNO 3<br />

), além do ozônio (O 3<br />

), que é<br />

um dos poluentes mais graves da troposfera.<br />

(<strong>Ambiente</strong> Brasil:2006)<br />

O efeito estufa provoca um <strong>de</strong>sequilíbrio no<br />

sistema natural da Terra, e por isso se faz<br />

urgente a redução das emissões <strong>de</strong> gases<br />

prejudiciais, assim como propostas <strong>de</strong> alternativas<br />

<strong>para</strong> amenizar o problema.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas alternativas é o Protocolo <strong>de</strong><br />

Kyoto, resultado da 3 a Conferência das Partes<br />

da Convenção das Nações <strong>Unidas</strong> sobre<br />

Mudanças Climáticas, realizada no Japão em<br />

1997. Esta Conferência reuniu representantes<br />

<strong>de</strong> 166 países <strong>para</strong> discutir providências em<br />

r<strong>el</strong>ação ao aquecimento global, após discussões<br />

que se esten<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira<br />

reunião entre governantes e cientistas sobre<br />

as mudanças climáticas, realizada em Toronto<br />

(Canadá), em 1988.<br />

O protocolo estab<strong>el</strong>ece a redução das emissões<br />

<strong>de</strong> CO 2<br />

nos países industrializados, que<br />

respon<strong>de</strong>m por 76% do total das emissões<br />

r<strong>el</strong>acionadas ao aquecimento global, e <strong>de</strong><br />

outros gases do efeito estufa.<br />

Os países signatários se comprometeram a<br />

reduzir a emissão <strong>de</strong> poluentes em 5,2% em<br />

r<strong>el</strong>ação aos níveis <strong>de</strong> 1990. A redução seria<br />

feita em cotas diferenciadas <strong>de</strong> até 8%, entre<br />

2008 e 2012. Os países que não cumprirem<br />

as metas <strong>de</strong> redução per<strong>de</strong>rão o direito <strong>de</strong><br />

usar os mecanismos <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong>, como as<br />

florestas. Além disso, no segundo período <strong>de</strong><br />

reduções, terão um acréscimo <strong>de</strong> 30% sobre o<br />

montante que <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> alcançar.<br />

Embora o tratado não exija compromissos <strong>de</strong><br />

redução <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, o Brasil assinou a carta <strong>de</strong><br />

ratificação do acordo em 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2002.<br />

O país é responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a produção anual<br />

<strong>de</strong> 250 milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> carbono, 10<br />

vezes menos que os Estados Unidos.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Os Estados Unidos, maiores poluidores do<br />

mundo – responsáveis por 36,1% das emissões<br />

<strong>de</strong> gases poluentes – não a<strong>de</strong>riram ao acordo,<br />

além <strong>de</strong> o apontarem como um golpe contra<br />

a economia e os empregos no país.<br />

(GERAQUE:2004)<br />

Cientes <strong>de</strong>sse compromisso firmado p<strong>el</strong>o<br />

Brasil, a juventu<strong>de</strong> também está preocupada<br />

com os índices <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> gases<br />

na atmosfera e <strong>de</strong> olho nas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

nossos políticos.


85<br />

A juventu<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, por<br />

exemplo, já percebeu que alguns <strong>de</strong>putados<br />

parecem ignorar o Protocolo <strong>de</strong> Kyoto,<br />

querendo mudar a constituição gaúcha <strong>para</strong><br />

permitir queimadas.<br />

Somando-se a liberação das queimadas às<br />

futuras emissões <strong>de</strong> CO 2<br />

da Usina Term<strong>el</strong>étrica<br />

Carvão <strong>de</strong> Jacuí I e à reativação da Usina<br />

<strong>de</strong> Candiota III, chegaremos a níveis críticos<br />

<strong>de</strong> poluição atmosférica. Com a ocorrência<br />

<strong>de</strong> chuvas ácidas, o estado ainda contribuirá<br />

significativamente <strong>para</strong> o efeito estufa e o<br />

aquecimento global, segundo notam jovens<br />

ambientalistas gaúchos.<br />

Numerosos avanços da Carta Constitucional<br />

gaúcha na área ambiental foram a <strong>el</strong>a incorporados,<br />

por meio <strong>de</strong> emendas populares.<br />

Cabe ressaltar que a vonta<strong>de</strong> popular não<br />

po<strong>de</strong> ser ignorada em benefício <strong>de</strong> interesses<br />

econômicos <strong>de</strong> empresários da região.<br />

Aquecimento Global e Humano<br />

O mundo está aquecendo<br />

A natureza está acen<strong>de</strong>ndo<br />

E nós jovens estamos querendo:<br />

Respeito à Biodiversida<strong>de</strong><br />

Atenção às diferenças<br />

Olhares que não se conformam<br />

Percepção <strong>de</strong> nossas ações.<br />

O mundo está chorando;<br />

Nós humanos, nos coletivando<br />

E nós, jovens, estamos vivendo<br />

E nos acolhendo?<br />

Grazi<strong>el</strong>a Rinaldi, 26 anos<br />

São Leopoldo/RS<br />

Quando falamos <strong>de</strong> clima <strong>de</strong>vemos lembrar<br />

que as florestas têm importante pap<strong>el</strong> no<br />

combate ao aquecimento global, por conta<br />

<strong>de</strong> sua função natural <strong>de</strong> absorver o dióxido<br />

<strong>de</strong> carbono na realização da fotossíntese.<br />

Protegendo essas áreas, estaremos trazendo<br />

benefícios ambientais que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

conservação da biodiversida<strong>de</strong> local até<br />

a qualida<strong>de</strong> atmosférica global.<br />

Os projetos <strong>de</strong>senvolvidos p<strong>el</strong>a Socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Pesquisa em Vida S<strong>el</strong>vagem e Educação<br />

Ambiental (SPVS) consistem em manter áreas<br />

naturais bem preservadas e, no caso <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong>gradadas, permitir sua regeneração<br />

florestal ou restaurá-las por meio do plantio<br />

<strong>de</strong> árvores nativas da Floresta Atlântica<br />

brasileira. Esses projetos são <strong>de</strong>senvolvidos<br />

em reservas próprias da SPVS, localizadas<br />

na Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental (APA) <strong>de</strong><br />

Guaraqueçaba, no litoral norte do estado<br />

do Paraná. Essas reservas abrangem mais <strong>de</strong><br />

19 mil hectares, contribuindo <strong>para</strong> a retirada<br />

do excesso <strong>de</strong> CO 2<br />

da atmosfera por meio da<br />

mudança na matriz energética e da fixação <strong>de</strong><br />

carbono na biomassa vegetal.<br />

O projeto utiliza os chamados Mecanismos<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo - MDL, que permitem<br />

a redução das emissões <strong>de</strong> gás <strong>de</strong><br />

efeito estufa <strong>de</strong> maneira economicamente<br />

viáv<strong>el</strong>. A sua contribuição ativa ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong> será reconhecida<br />

através da concessão <strong>de</strong> créditos, que po<strong>de</strong>m<br />

satisfazer sua própria meta ou serem vendidos<br />

no mercado <strong>de</strong> Comércio <strong>de</strong> Emissões.<br />

Análise<br />

A atmosfera, camada <strong>de</strong> gases que envolve


86<br />

o planeta, é responsáv<strong>el</strong> por reter parte da<br />

energia térmica oriunda do Sol. Esses gases<br />

promovem o “efeito estufa natural” que<br />

permite o estab<strong>el</strong>ecimento <strong>de</strong> temperaturas<br />

propícias <strong>para</strong> a vida no planeta.<br />

Sabe-se que o clima tem variado ao longo dos É importante ressaltar o apontamento<br />

anos e que <strong>de</strong>ve continuar variando. Porém,<br />

as ativida<strong>de</strong>s humanas como produção e<br />

consumo <strong>de</strong> energia também geram gases <strong>de</strong><br />

efeito estufa e agravam o fenômeno.<br />

juvenil <strong>de</strong> um tema como as reservas <strong>de</strong><br />

carbono, alternativa <strong>de</strong> combate ao aquecimento<br />

global embasadas no Protocolo<br />

<strong>de</strong> Kyoto. Cabe perguntar se a manutenção<br />

<strong>de</strong> reservas da Mata Atlântica está r<strong>el</strong>acionada<br />

Em Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul já<br />

se po<strong>de</strong> perceber um possív<strong>el</strong> efeito <strong>de</strong>ssa a uma forma <strong>de</strong> garantir recursos<br />

financeiros, apenas, ou se está orientada por<br />

mudança climática. Se antigamente o uma política efetiva <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> gases<br />

brasileiro podia se orgulhar <strong>de</strong> não ter em<br />

seu território nenhuma catástrofe natural,<br />

hoje conceitos e forma <strong>de</strong> interação com o<br />

meio natural e a atmosfera terrestre <strong>de</strong>vem<br />

poluentes e conservação ambiental. Não<br />

estaria o Brasil estimulando um processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental em proporções<br />

globais, promovendo uma alternativa em<br />

ser revistos e adaptados.<br />

benefício dos países <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>senvolvimento<br />

que possuem altos índices <strong>de</strong><br />

Jovens da região percebem os problemas<br />

r<strong>el</strong>acionados às mudanças climáticas como as<br />

altas taxas <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, as estia-<br />

emissão <strong>de</strong> gases poluentes? Seria uma<br />

compensação justa e politicamente a<strong>de</strong>quada<br />

a seus propósitos?<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, Curitiba/PR.<br />

gens e o furacão Catarina. Esse tema ainda<br />

não é um assunto corrente entre os jovens<br />

sulistas, talvez p<strong>el</strong>o fato <strong>de</strong> ser um assunto<br />

que exige conhecimento técnico e <strong>de</strong> dimensões<br />

espaciais <strong>para</strong> além do contexto local.


87<br />

Biomas Brasileiros<br />

Conexões<br />

• Mais informações sobre o<br />

ambientalista José Lutzemberg<br />

www.fgaia.org.br<br />

Chegamos aos<br />

Pampas. Em nosso país,<br />

esse bioma só é encontrado no Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul e ocupa cerca <strong>de</strong> 190 mil km 2 .<br />

Presentes nesse cenário estão os fortes e<br />

constantes ventos, fator que influencia<br />

muito a formação da paisagem e os singulares<br />

costumes da população local, como se nota<br />

nas bombachas, no chimarrão, no linguajar,<br />

nas músicas e nas poesias.<br />

A Região do Pampa é constituída basicamente<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s fazendas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> gado,<br />

e a ovinocultura também é muito utilizada<br />

<strong>para</strong> a produção tanto <strong>de</strong> lã quanto <strong>de</strong> carne.<br />

Ponte sobre o rio Caí, Farropilha/RS. [Sabrina Amaral]<br />

O ambientalista José<br />

Lutzemberger dizia que as<br />

gran<strong>de</strong>s fazendas <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> gado foram responsáveis<br />

p<strong>el</strong>a preservação do Pampa e<br />

que esta tradição <strong>de</strong>veria ser<br />

mantida <strong>para</strong> garantir a existência<br />

do bioma.<br />

A qualida<strong>de</strong> do campo nativo aliada às<br />

mo<strong>de</strong>rnas técnicas <strong>de</strong> manejo garantem a<br />

produtivida<strong>de</strong>, a manutenção da biodiversida<strong>de</strong><br />

local e ganhos financeiros <strong>para</strong> o<br />

produtor rural.<br />

Outro bioma encontrado na região é a Mata<br />

Atlântica, que ocupa integralmente o estado<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina e 98% do Paraná. Como<br />

nas <strong>de</strong>mais regiões do país, este bioma sofreu<br />

gran<strong>de</strong> processo <strong>de</strong> ocupação. A chegada <strong>de</strong><br />

populações, <strong>de</strong> indústrias e, principalmente,<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireiras, aos poucos foi <strong>de</strong>struindo a<br />

Mata Atlântica ali existente.<br />

O que se vê hoje na região são alguns resquícios<br />

<strong>de</strong>ste bioma. E os abusos continuam, ainda<br />

assim, diante da ineficiência dos órgãos estaduais<br />

e fe<strong>de</strong>rais encarregados da fiscalização.<br />

Contudo, jovens como Denílson <strong>de</strong> Souza,<br />

19 anos, morador <strong>de</strong> Guaraqueçaba/PR,<br />

contribuem <strong>para</strong> a valorização <strong>de</strong> sua região<br />

com expressões culturais que sensibilizam e<br />

motivam a reconexão da população com o<br />

local on<strong>de</strong> se vive. Diz <strong>el</strong>e: “Viver na APA (Área<br />

<strong>de</strong> Proteção Ambiental) <strong>de</strong> Guaraqueçaba,<br />

região <strong>de</strong> Mata Atlântica, é viver em comunhão<br />

com as pessoas. Eu vejo a natureza como um<br />

<strong>para</strong>íso na minha r<strong>el</strong>ação <strong>de</strong> viver. A natureza<br />

é a vida <strong>de</strong> cada ser humano porque sem <strong>el</strong>a<br />

não vivemos. Sou um jovem da terra”.<br />

Trechos <strong>de</strong> música<br />

composta por Denílson:<br />

“Guaraqueçaba, terra querida.<br />

Teus olhos tenho<br />

orgulho em dizer.<br />

Tu és abençoada<br />

<strong>para</strong> o povo todo ver,<br />

Pois já entra a APA<br />

com agrupamento dos<br />

jovens <strong>para</strong> ajudar você.”<br />

• Atlas dos Remanescentes<br />

Florestais da Mata Atlântica<br />

www.sosmatatlantica.org.br/<br />

?secao=atlas<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Pampa é um termo <strong>de</strong> origem<br />

indígena que significa “região<br />

plana”. Correspon<strong>de</strong> a um dos<br />

tipos <strong>de</strong> campo, mais encontrado<br />

ao sul do estado do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, atingindo o Uruguai e a<br />

Argentina.<br />

• Minuano é como os gaúchos<br />

chamam os ventos gélidos que<br />

sopram nos Pampas.<br />

• A ave Quero-Quero recebe o<br />

título <strong>de</strong> sentin<strong>el</strong>a dos Pampas<br />

e é consi<strong>de</strong>rada símbolo do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980.


88<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Des<strong>de</strong> 1992, a Araucária<br />

(Araucaria angustifolia),<br />

único pinheiro nativo da Mata<br />

Atlântica, consta da lista <strong>de</strong><br />

espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção,<br />

editada periodicamente p<strong>el</strong>o<br />

Ibama. Sua semente é o pinhão,<br />

que possui alto valor nutritivo e<br />

serve <strong>de</strong> alimento tanto <strong>para</strong><br />

o ser humano como <strong>para</strong> vários<br />

animais da floresta.<br />

• A Floresta Ombrófila Mista,<br />

também conhecida como<br />

mata-<strong>de</strong>-araucária ou<br />

pinheiral, é um tipo <strong>de</strong><br />

vegetação do planalto<br />

meridional, on<strong>de</strong> encontramos<br />

o Pinheiro Brasileiro ou<br />

Pinheiro do Paraná.<br />

Parque Nacional A<strong>para</strong>dos da Serra/RS. [Grazi<strong>el</strong>a Rinaldi]<br />

Uma presença muito<br />

interessante na região é a das Florestas com<br />

Araucárias. A área ocupada com esta formação<br />

é hoje largamente utilizada p<strong>el</strong>a agricultura,<br />

<strong>de</strong>vido à fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste solo <strong>de</strong> coloração<br />

verm<strong>el</strong>ha, a “terra roxa”, <strong>de</strong> origem vulcânica.<br />

A Araucária, ou Pinheiro-do-Paraná, cujos<br />

exemplares po<strong>de</strong>m chegar a 50 metros e viver<br />

300 anos, era muito abundante na região.<br />

Dados<br />

A Mata Atlântica é a 2 a floresta mais da <strong>de</strong> extinção do mundo – da área original<br />

ameaçaque<br />

cobria 15% do país, temos apenas 7,3%<br />

ou 95 mil km 2 . N<strong>el</strong>a encontram-se mais <strong>de</strong><br />

1.600.000 espécies <strong>de</strong> animais. Só <strong>de</strong> mamíferos,<br />

aves, répteis e anfíbios são 1.361 espécies,<br />

das quais 567 são endêmicas, ou seja, só existem<br />

ali. Da flora, 55% das espécies arbóreas<br />

também são endêmicas. (Wikipédia:2006)<br />

A Floresta com Araucária chegou a cobrir 40%<br />

do território do Paraná, 30% do <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina e 25% do estado do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul. Atualmente, os remanescentes <strong>de</strong>sse rico<br />

e original ecossistema estão extremamente<br />

fragmentados, não chegando a perfazer<br />

3% da área original, dos quais apenas 0,7%<br />

po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>rados como áreas<br />

primitivas, segundo dados da Fundação <strong>de</strong><br />

Pesquisas Florestais do Paraná - FUPEF.<br />

Além disso, a maior parte dos remanescentes<br />

está em terras privadas, muitas das quais<br />

pertencentes a indústrias ma<strong>de</strong>ireiras. No<br />

Paraná, restam apenas 0,8% da cobertura<br />

original, e em Santa Catarina, 0,7%. Estão<br />

submetidas, portanto, a constante exploração,<br />

o que contribui <strong>para</strong> o seu empobrecimento<br />

biológico e genético.


89<br />

Com isto, é importante estimular e criar<br />

ações efetivas com vistas à conservação das<br />

áreas que ainda restam. Nesse sentido, foram<br />

criadas em 2006 quatro unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

conservação no estado do Paraná: o Refúgio<br />

<strong>de</strong> Vida Silvestre dos Campos <strong>de</strong> Palmas;<br />

a Reserva Biológica das Perobas; a Reserva<br />

Biológica das Araucárias e o Parque Nacional<br />

dos Campos Gerais. Acredita-se que a ampliação<br />

<strong>de</strong>ste ecossistema permitirá o retorno da<br />

fauna e a restauração do equilíbrio perdido.<br />

Análise<br />

Segundo a visão dos jovens, percebe-se o<br />

<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> um bioma que só aparece<br />

nessa região do país, o Pampa. Este bioma<br />

ocupa 63% do estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e<br />

geralmente, é associado apenas à pecuária.<br />

Durante muitos anos os campos foram vistos<br />

somente como área propícia <strong>para</strong> criação <strong>de</strong><br />

gado e tiveram sua biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorizada.<br />

Hoje se reconhece a sua importância<br />

p<strong>el</strong>o resguardo <strong>de</strong> espécies raras <strong>de</strong> fauna<br />

e flora, animais endêmicos e outras tantas<br />

espécies ainda <strong>de</strong>sconhecidas p<strong>el</strong>a ciência.<br />

Os Pampas, tal qual como conhecemos,<br />

estão assim “preservados” por conta do<br />

tipo <strong>de</strong> manejo que vem sendo feito (criação<br />

<strong>de</strong> gado). Assim o que está, realmente,<br />

preservado é a paisagem natural, histórica<br />

e cultural dos Pampas. Não se têm registros<br />

científicos <strong>de</strong> como eram os pampas antes do<br />

homem chegar lá, não se sabem quais espécies<br />

<strong>de</strong> animais (herbívoros, mais especificamente)<br />

“pastavam” nesse ecossistema, nem muito<br />

menos suas r<strong>el</strong>ações ecológicas. Analisando<br />

o cenário social e econômico atual, se não<br />

houvesse a pecuária nas áreas <strong>de</strong> Pampa,<br />

provav<strong>el</strong>mente essas áreas estariam tomadas<br />

p<strong>el</strong>o plantio <strong>de</strong> espécies exóticas, principalmente<br />

as ma<strong>de</strong>iráveis como o Pinus, e também<br />

com a soja, <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> premente <strong>de</strong><br />

se expandir a área agrícola no país. Existem<br />

ainda discussões e hipóteses <strong>de</strong> que os pontos<br />

<strong>de</strong> recarga hídrica dos chamados aqüíferos,<br />

ocorrem nas áreas <strong>de</strong> campos.<br />

No Paraná, a presença do pinhão e o simbolismo<br />

do pinheiro (Araucaria angustifolia)<br />

permite maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visualização da<br />

importância da Mata das Araucárias, assim<br />

como a compreensão do seu valor comercial<br />

enquanto ativida<strong>de</strong> extrativa. Este é um<br />

assunto polêmico, pois há <strong>de</strong>scaso governamental<br />

diante dos cortes <strong>de</strong> araucárias <strong>para</strong><br />

extração das ma<strong>de</strong>iras, política rechaçada p<strong>el</strong>o<br />

ativismo juvenil.<br />

A visão juvenil predominante se restringe<br />

à valorização conferida à Mata Atlântica<br />

enquanto rica reserva da biodiversida<strong>de</strong> e à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conter as diferentes formas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento possíveis, como os projetos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e as diferentes frentes <strong>de</strong><br />

expansão extrativista como as ma<strong>de</strong>ireiras no<br />

estado do Paraná.<br />

Conexões<br />

• Projeto Voluntariado Para a<br />

Floresta com Araucárias<br />

br.geocities.com/<br />

voluntariado_araucaria/<br />

• Instituto <strong>de</strong> Estudos Ambientais<br />

www.maternatura.org.br/<br />

• SOS araucárias<br />

www.rma.org.br<br />

Saiba +<br />

• Veja o livro State of the<br />

hotspots Mata Atlântica:<br />

biodiversida<strong>de</strong>, ameaças e<br />

perspectivas, Carlos Galindo<br />

Leal e Ibsen <strong>de</strong> Gusmão<br />

Câmara, Fundação SOS<br />

Mata Atlântica, 2005.<br />

Parque Nacional A<strong>para</strong>dos da Serra/RS. [Grazi<strong>el</strong>a Rinaldi]


90<br />

Contatos<br />

• Projeto Água Por Quê, Água<br />

Pra Quê?<br />

Escola Municipal <strong>de</strong> 1° Grau Padre<br />

Afonso Kist.<br />

Av. Gaspar Silveira Martins,<br />

n° 3015 - Distrito <strong>de</strong> Santa<br />

Cristina do Pinhal<br />

Parobé/RS<br />

CEP: 95630-000<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3522-5055<br />

• Instituto Martim Pescador:<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3590-6472<br />

instituto@martimpescador.org.br<br />

www.martimpescador.org.br<br />

• Comitê <strong>de</strong> Gerenciamento<br />

da Bacia Hidrográfica do<br />

Rio dos Sinos<br />

Av. Unisinos, 950<br />

Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong><br />

São Leopoldo/RS<br />

CEP: 93022-000<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3590.8508<br />

cmtsinos@cirrus.unisinos.br<br />

É com essa palavrinha<br />

<strong>de</strong> quatro letras<br />

Que estamos aqui hoje;<br />

Sem <strong>el</strong>a não seríamos gente.<br />

E a gente que sobrevive <strong>de</strong>la<br />

É quem mais a ignora.<br />

Vamos dar a volta por cima<br />

Unidos iremos dar o<br />

seu valor necessário<br />

A água se tornará nossa mãe<br />

Mãe que cuida, acolhe e salva.<br />

Uma salvação que merece<br />

ser valorizada.<br />

Pâm<strong>el</strong>la Kirrschner, 15 anos<br />

Novo Hamburgo/RS<br />

O Sul tem em seu território vários rios e<br />

bacias importantes <strong>para</strong> o país e <strong>para</strong> cada<br />

estado da região.<br />

A juventu<strong>de</strong>, enten<strong>de</strong>ndo a importância dos<br />

recursos hídricos <strong>para</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

população e<br />

Água<br />

<strong>para</strong> a manutenção das riquezas ambientais<br />

do país, tem se mobilizado junto com governos,<br />

universida<strong>de</strong>s, ONGs ambientalistas e institutos<br />

ambientais na realização <strong>de</strong> projetos que<br />

colaboram <strong>para</strong> a proteção dos rios e bacias<br />

que cortam a região.<br />

Pre<strong>para</strong>dos <strong>para</strong> dar esse mergulho, vamos<br />

conhecer alguns dos projetos que a galera do<br />

Sul tem realizado:<br />

“Água Por Quê, Água Pra Quê?” é um projeto<br />

sobre a qualida<strong>de</strong> da água consumida no<br />

Distrito <strong>de</strong> Santa Cristina do Pinhal, município<br />

<strong>de</strong> Parobé/RS.<br />

Foram feitas análises <strong>para</strong> a busca <strong>de</strong><br />

m<strong>el</strong>horias em r<strong>el</strong>ação às águas subterrâneas<br />

da localida<strong>de</strong>, uma vez que, segundo os<br />

jovens da região, não existe tratamento <strong>de</strong><br />

água <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>.<br />

A bacia do Rio dos Sinos fica no nor<strong>de</strong>ste do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul. O rio per-<br />

corre 190km e<br />

ocupa uma área<br />

<strong>de</strong> 3.800km<br />

2 , in-<br />

cluindo total ou<br />

parcialmente 29<br />

municípios. Na<br />

parte superior<br />

da bacia o terreno<br />

é mais aci<strong>de</strong>ntado,<br />

o rio é<br />

encachoeirado e<br />

são <strong>de</strong>senvolvidas<br />

ativida<strong>de</strong>s<br />

agrícolas<br />

em peque-<br />

Contribuição <strong>de</strong> metais pesados <strong>de</strong> resíduos <strong>para</strong> o<br />

arroio pé-da-galinha, Parobé/RS. [Sabrina Amaral]


91<br />

Conexões<br />

• Projeto <strong>de</strong> Monitoramento<br />

Ambiental Local <strong>de</strong> Impacto<br />

Sobre os Arroios da Bacia<br />

do Sinos - MONALISA<br />

www.comitesinos.com.br/<br />

monalisa<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s. À medida que se <strong>de</strong>sce<br />

o rio, aumentam a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional,<br />

a urbanização e a concentração industrial,<br />

responsáveis p<strong>el</strong>a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resíduos sólidos industriais perigosos<br />

encontrados ao longo da bacia e, também,<br />

p<strong>el</strong>a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos vindos<br />

dos domicílios sem o intermédio <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos.<br />

Por isso, o Instituto Martim Pescador construiu,<br />

em 2003, o barco temático Martim Pescador,<br />

um catamarã <strong>de</strong> 16m <strong>de</strong> comprimento por 6m<br />

<strong>de</strong> largura, com capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> 72 pessoas.<br />

O calado do barco é <strong>de</strong> apenas 50cm, que<br />

permite a navegação no Rio Sinos em qualquer<br />

época do ano. Na parte inferior do barco<br />

foram construídos dois aposentos, que<br />

possibilitam o pernoite <strong>de</strong> até oito pessoas.<br />

A utilização <strong>de</strong>sse barco torna efetiva a<br />

educação ambiental, já que é uma verda<strong>de</strong>ira<br />

“sala <strong>de</strong> aula flutuante”. Com palestras a<br />

bordo, trabalha-se a mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s por parte da população do Vale<br />

do Sinos, modificação necessária à recuperação<br />

e à preservação do rio e <strong>de</strong> seus afluentes.<br />

Já o Projeto <strong>de</strong> Monitoramento Ambiental<br />

Local <strong>de</strong> Impacto Sobre os Arroios da Bacia<br />

do Sinos - MONALISA visa à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

Pontos <strong>de</strong> Impacto, pois localiza a retirada e<br />

a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> água na bacia, resultando no<br />

reconhecimento e cadastro dos usuários, <strong>para</strong><br />

o planejamento do equilíbrio entre a oferta<br />

e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água. Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />

procedimentos metodológicos, a experiência<br />

não encontra prece<strong>de</strong>ntes sem<strong>el</strong>hantes na<br />

América Latina.<br />

Metodologia<br />

Projeto Monalisa<br />

Passo 1: Definir os municípios a serem<br />

envolvidos no projeto.<br />

Passo 2: Envolver as instituições e entida<strong>de</strong>s<br />

que compõem o Comitesinos.<br />

Passo 3: Buscar voluntários <strong>para</strong> compor as<br />

equipes <strong>de</strong> campo.<br />

Passo 4: Definir e adotar estratégias capazes<br />

<strong>de</strong> informar e envolver as comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

Passo 5: Realizar eventos <strong>de</strong> lançamento<br />

político do projeto e um programa <strong>de</strong> comunicação<br />

p<strong>el</strong>a imprensa local.<br />

Passo 6: Treinar parte dos voluntários, qualificando-os<br />

como lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> equipe locais<br />

<strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificação das situações <strong>de</strong> impacto<br />

investigadas, realização <strong>de</strong> procedimentos<br />

<strong>de</strong> registros e transferência das informações.<br />

Passo 7: Realizar cadastro dos usuários e<br />

diagnóstico visual dos impactos ambientais<br />

no entorno dos corpos hídricos, por meio das<br />

pesquisas <strong>de</strong> campo.<br />

Passo 8: Definir medidas <strong>para</strong> a correção<br />

<strong>de</strong>sses impactos.<br />

Passo 9: Levar ao conhecimento da comunida<strong>de</strong><br />

local as informações referentes ao<br />

trabalho realizado, no tempo em que os fatos<br />

estão sendo gerados.<br />

Passo 10: Manter banco <strong>de</strong> dados georreferenciados<br />

que indique as categorias dos<br />

impactos avaliados e a correspon<strong>de</strong>nte classificação<br />

da severida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.


92<br />

Contatos<br />

• Comitê da Bacia Hidrográfica<br />

Lago Guaíba<br />

Rua Espírito Santo, 219/23<br />

Porto Alegre/RS<br />

CEP: 90010-370<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3225-6636<br />

grassilat@netmarket.com.br<br />

• Secretaria Executiva do<br />

Pró-Guaíba<br />

Avenida Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros,<br />

1501/19 o andar<br />

Porto Alegre/RS<br />

CEP: 90110-150<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3225-8437<br />

ascom@proguaiba.rs.gov.br<br />

www.proguaiba.rs.gov.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Guaíba, em tupi-guarani,<br />

significa o “encontro das águas”.<br />

Saiba +<br />

• Veja mais sobre a exposição do<br />

WWF no tema Água da região<br />

Su<strong>de</strong>ste.<br />

As águas do rio Sinos, juntamente com as dos rios<br />

Gravataí, Caí e Jacuí <strong>de</strong>sembocam no D<strong>el</strong>ta do<br />

Jacuí formando o Lago Guaíba, que banha os municípios<br />

<strong>de</strong> Porto Alegre/RS, Eldorado do Sul/RS,<br />

Guaíba/RS, Barra do Ribeiro/RS e Viamão/RS.<br />

Os principais problemas ambientais do Guaíba,<br />

r<strong>el</strong>acionados às áreas urbanas, são a contaminação<br />

industrial, a disposição irregular <strong>de</strong> lixo<br />

e o lançamento <strong>de</strong> esgoto in natura nos rios<br />

citados, arroios e no próprio lago. Nas áreas<br />

rurais, os problemas r<strong>el</strong>acionam-se à contaminação<br />

por agrotóxicos, ao <strong>de</strong>smatamento e à<br />

ausência <strong>de</strong> saneamento.<br />

O Pró-Guaíba é um programa do Governo<br />

do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>para</strong> promover<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento ecologicamente<br />

sustentáv<strong>el</strong> e socialmente justo da Região<br />

Hidrográfica do Guaíba.<br />

Dados<br />

A Região Hidrográfica do Guaíba é mada por nove bacias hidrográficas e tem<br />

for-<br />

84.763,54km 2 , abrangendo mais <strong>de</strong> 250<br />

municípios em 30% do território gaúcho,<br />

on<strong>de</strong> vivem mais <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> habitantes<br />

– 83,5% no meio urbano e 16,5% em áreas<br />

rurais. N<strong>el</strong>a são <strong>de</strong>spejados, por dia, 3.700<br />

ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> lixo domiciliar, 16.500 litros <strong>de</strong><br />

agrotóxicos e 960 mil m 3 <strong>de</strong> esgoto.<br />

(<strong>Programa</strong> Pró-Guaíba:2006)<br />

Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver projetos <strong>de</strong> m<strong>el</strong>horia<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, o Pró-Guaíba está<br />

integrando setores envolvidos com a gestão<br />

ambiental no estado, viabilizando também a<br />

participação das comunida<strong>de</strong>s. As <strong>de</strong>cisões são<br />

tomadas p<strong>el</strong>os Cons<strong>el</strong>hos Consultivos e D<strong>el</strong>iberativos,<br />

formados por secretários <strong>de</strong> Estado,<br />

Material produzido no Projeto Mãe da Mata, Curitiba/PR.


93<br />

Rio Paranhana, Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. [Sabrina Amaral]<br />

representantes <strong>de</strong><br />

entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> gaúcha e ONGs<br />

ambientalistas.<br />

Outra importante área que sofre sérios<br />

problemas ambientais é a Bacia do Atlântico<br />

Sul, da qual o rio Itajaí faz parte, no estado<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina. As enchentes no vale do<br />

rio Itajaí são um dos maiores problemas da<br />

bacia. Esta situação resulta <strong>de</strong> condições<br />

naturais, mas é acentuada por um contínuo<br />

processo <strong>de</strong> sobrecarga da capacida<strong>de</strong> assimilativa<br />

e regenerativa do ambiente natural.<br />

Já a Bacia do Rio da Prata, importante<br />

<strong>para</strong> países como Brasil, Argentina, Bolívia,<br />

Paraguai e Uruguai, é a segunda maior bacia<br />

hidrográfica do planeta, com 1.397.905km 2 .<br />

Seus três principais rios (Paraná, Paraguai e<br />

Uruguai) formam o rio da Prata, ao se encontrarem<br />

em território argentino.<br />

No Brasil, a bacia platina encerra cerca <strong>de</strong><br />

60,9% das hidr<strong>el</strong>étricas em operação ou em<br />

construção, apresentando seu maior aproveitamento<br />

hidr<strong>el</strong>étrico nas águas do rio Paraná,<br />

que também possui a maior<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica do<br />

país por percorrer estados<br />

das regiões Sul, Centro-<br />

Oeste e Su<strong>de</strong>ste.<br />

É importante lembrar que<br />

em fevereiro <strong>de</strong> 2006 o<br />

WWF-Brasil lançou, no<br />

parque Ibirapuera, em<br />

São Paulo/SP, a Exposição<br />

Itinerante da campanha<br />

“Água <strong>para</strong> a Vida,<br />

Água <strong>para</strong> Todos”. Passando<br />

por 10 cida<strong>de</strong>s, contando com mais <strong>de</strong> 200<br />

voluntários e aten<strong>de</strong>ndo mais <strong>de</strong> 31 mil<br />

pessoas, a exposição promoveu diálogos e<br />

ativida<strong>de</strong>s, com foco em crianças e jovens, na<br />

busca por soluções e ações <strong>para</strong> a conservação<br />

e gestão dos recursos hídricos no Brasil. Em<br />

Curitiba/PR e Porto Alegre/RS, a Exposição<br />

Itinerante <strong>de</strong>spertou a atenção da população<br />

<strong>para</strong> essa questão, por exemplo, com<br />

expressões artísticas facilitadas também por<br />

Jovens Focais do GEO Juvenil Brasil.<br />

Análise<br />

A importância da água e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

manutenção da sua qualida<strong>de</strong> é abordada <strong>de</strong><br />

forma poética trazendo a r<strong>el</strong>ação íntima entre<br />

meio ambiente e seres humanos.<br />

É significativo o impacto do processo <strong>de</strong> urbanização<br />

na utilização dos recursos hídricos,<br />

<strong>de</strong>vido à produção <strong>de</strong> resíduos em larga escala,<br />

à falta <strong>de</strong> saneamento, à impermeabilização<br />

do solo, à diminuição das áreas <strong>de</strong> recarga<br />

das águas – em <strong>de</strong>corrência da ocupação das<br />

encostas e da alteração do curso dos rios – e<br />

Contatos<br />

• Comitê <strong>de</strong> Gerenciamento da<br />

Bacia Hidrográfica do rio Itajaí<br />

T<strong>el</strong>: (47) 3321.3302 / 3340.2414<br />

End: Rua Hermann Hering 1790<br />

Bairro Bom Retiro<br />

Cida<strong>de</strong>: Blumenau/SC<br />

CEP: 89.010-900<br />

comite@furb.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Tratado da Bacia do Prata,<br />

assinado em 23 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1969,<br />

prevê no âmbito da Bacia a<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> interesse<br />

comum e a realização <strong>de</strong> estudos,<br />

programas e obras que<br />

propendam, entre outros, à<br />

preservação e ao fomento da vida<br />

animal e vegetal e à utilização<br />

racional do recurso água,<br />

especialmente por meio da<br />

regularização dos cursos d’água<br />

e <strong>de</strong> seu aproveitamento<br />

múltiplo e eqüitativo.<br />

Saiba +<br />

• Veja também sobre a exposição<br />

“Água <strong>para</strong> a Vida, Água <strong>para</strong><br />

Todos” no tema Educação<br />

Ambiental da Região<br />

Su<strong>de</strong>ste


94<br />

à ocupação e <strong>de</strong>smatamento das<br />

margens <strong>de</strong> cursos d’água. Isso não se<br />

restringe ao espaço urbano. No campo,<br />

a própria utilização <strong>de</strong> produtos químicos<br />

na lavoura e as práticas da pecuária extensiva<br />

comprometem também a qualida<strong>de</strong> da água.<br />

Além dos impactos na saú<strong>de</strong> humana, a má<br />

qualida<strong>de</strong> da água também representa gran<strong>de</strong><br />

perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong> plantas ou <strong>de</strong><br />

animais aquáticos.<br />

A perspectiva jovem sobre esta temática é<br />

uma forma interessante <strong>para</strong> perceber como<br />

a noção <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>ve ser apreendida <strong>de</strong><br />

maneira sistêmica e não pontual. Portanto,<br />

o envolvimento em ações coletivas exige<br />

atuação em diferentes níveis e localida<strong>de</strong>s.<br />

Os impactos se <strong>de</strong>sdobram, modificando o<br />

ecossistema local, os hábitos individuais e os<br />

espaços coletivos.<br />

É possív<strong>el</strong> perceber que <strong>para</strong> estes jovens, os<br />

São Francisco <strong>de</strong> Paula/RS. [Sabrina Amaral]<br />

processos participativos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

são extremamente importantes. No entanto,<br />

ainda há pouca participação <strong>de</strong> jovens nos<br />

Comitês <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas embora<br />

sejam espaços <strong>de</strong>dicados à articulação entre<br />

socieda<strong>de</strong> civil e governo.<br />

A exemplo do Guaíba, a <strong>de</strong>spoluição e o<br />

manejo sustentáv<strong>el</strong> dos recursos hídricos somente<br />

serão possíveis com a participação <strong>de</strong><br />

todos que fazem uso ou têm algum envolvimento<br />

com o rio, seja <strong>para</strong> lazer, seja como<br />

agente poluidor ou consumidor da sua água.<br />

Exemplos como estes precisam ser estudados<br />

e seus resultados divulgados, <strong>para</strong> viabilizar<br />

um novo entendimento sobre ações na área<br />

ambiental que envolvem interconexões e diferentes<br />

atores e interesses em locais distintos.<br />

Material produzido na Exposição Itinerante do WWF-Brasil, Curitiba/PR.


95<br />

Legislação Ambiental<br />

Continuando nossa viagem p<strong>el</strong>as águas da<br />

p<strong>el</strong>o plano <strong>de</strong> uso <strong>de</strong>ste recurso natural,<br />

região, percebemos que muitas mudanças na<br />

afetando ainda mais o problema <strong>de</strong> falta <strong>de</strong><br />

legislação brasileira têm ajudado a manter vivos<br />

água nos municípios pertencentes à Bacia<br />

nossos rios e bacias. Mas somente isso não é o<br />

Hidrográfica do Rio Gravataí.<br />

suficiente – temos <strong>de</strong> exigir e cobrar das autorida<strong>de</strong>s<br />

medidas que possibilitem o uso sustentáv<strong>el</strong><br />

dos recursos hídricos da região.<br />

Vamos conhecer, como exemplo, um pouco mais<br />

da história do Rio Gravataí/RS. O Rio Gravataí<br />

é um rio dito <strong>de</strong> exceção, pois <strong>el</strong>e tem em sua<br />

nascente o Banhado Gran<strong>de</strong>, que possui a<br />

função <strong>de</strong> enxugar e reter a água da região.<br />

Localizadas no município <strong>de</strong> Santo Antônio<br />

da Patrulha/RS, as águas do Banhado Gran<strong>de</strong>,<br />

assim como as <strong>de</strong> todo o rio, estão numa área<br />

<strong>de</strong> planície on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>clive do solo,<br />

há o escorrimento das águas que aos poucos<br />

formam seu leito.<br />

Desvios do curso natural, bem como<br />

barragens, bombas <strong>de</strong> água e canos clan<strong>de</strong>stinos<br />

são encontrados ao longo do rio<br />

e <strong>de</strong>stroem a mata ciliar. Isso tem como<br />

conseqüência o assoreamento do rio, fazendo<br />

com que os sedimentos se <strong>de</strong>sintegrem das<br />

margens, tornando o rio mais largo, com água<br />

turva e com pouca profundida<strong>de</strong>.<br />

Os arrozeiros da região utilizam as águas do<br />

rio <strong>para</strong> irrigar suas lavouras, sendo necessário<br />

aos produtores autorização <strong>de</strong> uso da água por<br />

órgãos competentes, afirmando o compromisso<br />

<strong>de</strong> consumir somente a quantida<strong>de</strong> autorizada.<br />

“Apenas 1/3 da água do Gravataí<br />

é usada <strong>para</strong> consumo da<br />

população e das indústrias.<br />

Porém, mais da meta<strong>de</strong> da água<br />

é <strong>de</strong>stinada tão somente à<br />

agricultura, mais especificamente<br />

<strong>para</strong> as lavouras <strong>de</strong> arroz”.<br />

Aluno do ensino médio <strong>de</strong><br />

São Leopoldo/RS<br />

A preocupação com as questões socioambientais<br />

que envolvem o rio começou por volta dos anos<br />

70, com os movimentos ecológicos locais. O tempo<br />

foi passando, mas as lutas dos ambientalistas<br />

da região permaneceram, na tentativa <strong>de</strong> salvar<br />

o rio, tão importante <strong>para</strong> as localida<strong>de</strong>s.<br />

Agora o Rio Gravataí conta com importantes<br />

aliados, como a juventu<strong>de</strong>, auxiliada p<strong>el</strong>o<br />

Comitê <strong>de</strong> Gerenciamento da Bacia Hidrográfica<br />

do Rio Gravataí. A função <strong>de</strong>sse comitê é<br />

montar um plano <strong>de</strong> manejo junto às Prefeituras<br />

Municipais da região e seus respectivos órgãos<br />

– Secretarias ou Fundações <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>, e<br />

também Coor<strong>de</strong>nadorias Regionais <strong>de</strong> Educação<br />

do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Secretarias<br />

Municipais <strong>de</strong> Educação. Nos três estados da<br />

região Sul há iniciativas <strong>para</strong> promover ações e<br />

reflexões <strong>de</strong> Educação Ambiental com as escolas<br />

públicas e privadas.<br />

Contatos<br />

• Comitê da Bacia Hidrográfica<br />

do rio Gravataí<br />

Rua Carlos Chagas, 55,<br />

2 o andar - Sala 107<br />

Porto Alegre/RS<br />

CEP: 90030-020<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3484 3488 / 3288-6012<br />

comitegravataí@metroplan.rs.gov.br<br />

Conexões<br />

• Fórum Social Mundial<br />

www.forumsocialmundial.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• No Brasil o Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul é palco do Fórum Social<br />

Mundial. Esse é um espaço <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> idéias,<br />

aprofundamento, reflexão,<br />

formulação <strong>de</strong> propostas, troca<br />

<strong>de</strong> experiências e articulação <strong>de</strong><br />

movimentos sociais, re<strong>de</strong>s, ONGs<br />

e outras organizações da<br />

socieda<strong>de</strong> civil que se opõem<br />

ao neoliberalismo e ao domínio<br />

do mundo p<strong>el</strong>o capital e por<br />

qualquer forma <strong>de</strong> imperialismo.<br />

• Ao retirar a cobertura vegetal<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado lugar o solo fica<br />

<strong>de</strong>sprotegido. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

retenção da água da chuva<br />

diminui, passando a escorrer<br />

em maior v<strong>el</strong>ocida<strong>de</strong> e a<br />

arrastar a camada<br />

superficial do solo e <strong>de</strong>mais<br />

<strong>de</strong>jetos ali existentes. Os materiais<br />

arrastados se acumulam no fundo<br />

dos rios ou lagos <strong>de</strong>ixando seu<br />

leito mais raso e ocasionando seu<br />

assoreamento.<br />

(Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

Água Para a Vida, Água Para<br />

Todos: livro das Águas).<br />

• Dia 23 <strong>de</strong> março é o Dia<br />

Internacional da Juventu<strong>de</strong> e dia<br />

22 <strong>de</strong> setembro é a data da juventu<strong>de</strong><br />

no Brasil.<br />

Com o tempo, as necessida<strong>de</strong>s das lavouras<br />

passaram a ser maiores do que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

água que <strong>el</strong>as estavam autorizadas a receber<br />

e, então, começaram a surgir irrigações ilegais.<br />

Essas novas necessida<strong>de</strong>s acabam não passando<br />

Ao exercer atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comprometimento com<br />

a socieda<strong>de</strong> e com o meio ambiente praticamos<br />

nossa cidadania e cuidamos <strong>de</strong> um bem vital e<br />

insubstituív<strong>el</strong> <strong>para</strong> esta e <strong>para</strong> futuras gerações.<br />

Po<strong>de</strong>mos ocupar vários espaços na nossa ci-


96<br />

Saiba +<br />

• Veja sobre o Fórum Social<br />

Brasileiro na Região Nor<strong>de</strong>ste<br />

da<strong>de</strong> ou município atingindo nossos objetivos e<br />

fazendo com que o governo ouça a juventu<strong>de</strong>.<br />

Um espaço muito interessante aberto <strong>para</strong> o<br />

público jovem é o Dia Nacional da Juventu<strong>de</strong>,<br />

criado p<strong>el</strong>a Lei N o 10.515, 11/07/2002 e comemorado<br />

em 12 <strong>de</strong> a gosto. No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

o evento oportuniza uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

políticas e sócio-culturais que, durante duas<br />

ou mais semanas, reúnem diversos tipos <strong>de</strong><br />

palestras, oficinas, <strong>de</strong>bates e reuniões entre<br />

centros acadêmicos, grêmios, movimentos,<br />

organizações e empresas. Nesses eventos as<br />

juventu<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m se comunicar com outros<br />

movimentos, se organizar e promover <strong>de</strong>bates<br />

abertos com o governo, mostrando suas<br />

angústias, problemas e propostas.<br />

No Brasil, atualmente, existem<br />

inúmeras leis voltadas <strong>para</strong> o<br />

controle ambiental das ativida<strong>de</strong>s<br />

com potencial impactante,<br />

r<strong>el</strong>acionadas aos recursos naturais<br />

e às áreas <strong>de</strong> interesse ambiental.<br />

Sabe-se, porém, que apesar <strong>de</strong> ser<br />

uma das legislações mais completas<br />

e restritivas do mundo, a legislação<br />

ambiental apresenta-se pouco<br />

fiscalizada no Brasil, fato esse que<br />

justifica sua baixa eficácia em<br />

gran<strong>de</strong> parte do território nacional.<br />

Leopoldo Alberto Vicente Erthal,<br />

29 anos, Especialista em Gestão <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos e Auditor Ambiental.<br />

Esses jovens alertam que estão preocupados com<br />

a vida no planeta e que, <strong>para</strong> mantê-la, atitu<strong>de</strong>s<br />

locais são importantes.<br />

Análise<br />

A percepção dos jovens está muito atr<strong>el</strong>ada a<br />

aspectos legais, o que está <strong>de</strong>ntro e fora da lei,<br />

como uma forma <strong>de</strong> enxergar as questões <strong>de</strong><br />

maneira positiva ou negativa. Isso não permite<br />

maior aproveitamento da legislação ambiental<br />

naquilo que preten<strong>de</strong>m enquanto coletivos,<br />

associações e organizações sociais. O uso das<br />

águas do rio p<strong>el</strong>os arrozeiros <strong>para</strong> irrigação das<br />

suas lavouras é um exemplo disso.<br />

P<strong>el</strong>o fato <strong>de</strong> não terem as autorizações dos<br />

órgãos competentes, a irrigação empreendida é<br />

vista como prática ina<strong>de</strong>quada. Diferentemente,<br />

isso po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> chave <strong>de</strong> entrada <strong>para</strong> se<br />

pensar nos motivos que levam esses arrozeiros<br />

a criarem estes meios alternativos <strong>de</strong> irrigação e<br />

nos <strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong>ssa prática <strong>para</strong> os <strong>de</strong>mais<br />

beneficiados e utilizadores das águas do rio.<br />

Um campo importante <strong>de</strong> atuação é apresentado<br />

p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong> que atua em conjunto com<br />

o Comitê <strong>de</strong> Bacia do Rio Gravataí. No entanto,<br />

é importante que a participação juvenil seja<br />

orientada p<strong>el</strong>o conhecimento dos objetivos<br />

<strong>de</strong> formação do comitê, assim como p<strong>el</strong>os<br />

recursos que po<strong>de</strong>m vir a ser utilizados nas<br />

suas ações, como os mecanismos <strong>de</strong> compensação<br />

financeira exigidos por lei, quando há<br />

a instalação <strong>de</strong> barragens, por exemplo.<br />

Outro espaço importante é a participação jovem<br />

na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre questões socioambientais.<br />

O capítulo 25 da Agenda 21 Global<br />

ressalta a importância da inclusão do jovem<br />

nesta esfera, o que coloca como necessida<strong>de</strong><br />

diálogos entre gerações que viabilizam a<br />

formação consciente do caminho que foi trilhado<br />

até aqu<strong>el</strong>e momento e das lições que foram<br />

aprendidas. Participar <strong>de</strong>ve ser uma luta constante<br />

dos jovens, não apenas uma forma <strong>de</strong> se expressar,<br />

mas principalmente <strong>de</strong> mostrar como suas<br />

vidas são impactadas e como po<strong>de</strong>m contribuir a<br />

partir <strong>de</strong>stas particularida<strong>de</strong>s.


97<br />

Educação Ambiental<br />

A rosa é muito mais<br />

bonita na roseira<br />

Muitos morrem por<br />

ser um lindo animal.<br />

Porque o homem<br />

tem que queimar a ma<strong>de</strong>ira?<br />

Besteira atrai besteira<br />

e nos faz tanto mal.<br />

O que durou cem<br />

anos acaba em segundos,<br />

Em fogo, fumaça,<br />

cinzas no chão.<br />

Por que será que<br />

toda b<strong>el</strong>eza do mundo,<br />

Que enfeita nossos olhares<br />

morre em nossa mão?<br />

Pricila Maci<strong>el</strong>,15 anos<br />

Novo Hamburgo/RS<br />

futuro com qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já,<br />

estão realizando e buscando ações benéficas a<br />

nossa e às futuras gerações.<br />

As organizações da socieda<strong>de</strong> civil são, cada<br />

vez mais, reconhecidas como vitais <strong>para</strong> o<br />

planejamento, a execução e a obtenção <strong>de</strong><br />

bons resultados com a Educação Ambiental.<br />

A promoção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s sustentáveis<br />

necessitará <strong>de</strong> novas ferramentas <strong>para</strong> análise<br />

e resolução <strong>de</strong> problemas <strong>para</strong> as quais essas<br />

organizações vêm acumulando experiências<br />

e reflexões.<br />

Compartilhando <strong>de</strong>ssa visão, muitos jovens<br />

colocam suas energias em programas e ações<br />

<strong>de</strong> ONGs que buscam levar a temática ambiental<br />

também <strong>para</strong> as comunida<strong>de</strong>s e escolas <strong>de</strong><br />

seus municípios.<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Socieda<strong>de</strong>s Sustentáveis são<br />

uma proposta <strong>de</strong>senvolvida a<br />

partir do conceito <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Sustentáv<strong>el</strong>,<br />

que consiste basicamente na<br />

incorporação da questão<br />

ambiental ao processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

Já na construção <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s sustentáveis é<br />

priorizada a viabilização <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s também justas e<br />

ecologicamente equilibradas.<br />

(Revista Brasileira <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental: 2004)<br />

É hora <strong>de</strong> refletir um pouco sobre Educação<br />

Ambiental.<br />

Na região Sul são muitas as ONGs e instituições<br />

que vêem na Educação Ambiental uma<br />

perspectiva <strong>de</strong><br />

O mais interessante <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> trabalhar<br />

valores com o meio ambiente é que não estamos<br />

somente ensinando. A educação é uma<br />

prática <strong>de</strong> aprendizado constante que enriquece<br />

não apenas o educando, mas também o<br />

educador. Assim,<br />

V Congresso Ibero-Americano <strong>de</strong> Educação Ambiental, Joinville/SC. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s]


98<br />

Conexões<br />

• O Projeto Peixe Dourado<br />

www.comitesinos.com.br/<br />

o_projeto/projeto_peixe.htm<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Socieda<strong>de</strong>s Sustentáveis são<br />

uma proposta <strong>de</strong>senvolvida a<br />

partir do conceito <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Sustentáv<strong>el</strong>,<br />

que consiste basicamente na<br />

incorporação da questão<br />

ambiental ao processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

Já na construção <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s sustentáveis é<br />

priorizada a viabilização <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s também justas e<br />

ecologicamente equilibradas.<br />

(Revista Brasileira <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental: 2004)<br />

Gincana <strong>de</strong> Integração da APA <strong>de</strong><br />

Guaraqueçaba/PR. [Arquivo IBAMA/PR]<br />

somos<br />

aventureiros<br />

predipostos às mudanças e à<br />

aceitação do diferente.<br />

A perspectiva socioambiental, como apontam<br />

jovens ambientalistas do Sul, consiste num<br />

modo <strong>de</strong> ver o mundo, em que se evi<strong>de</strong>nciam<br />

as interr<strong>el</strong>ações e a inter<strong>de</strong>pendência dos<br />

diversos <strong>el</strong>ementos <strong>de</strong> constituição e<br />

manutenção da vida. Em termos <strong>de</strong> Educação,<br />

essa perspectiva contribui <strong>para</strong> evi<strong>de</strong>nciar a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um trabalho vinculado aos<br />

princípios da dignida<strong>de</strong> do ser humano, da<br />

participação, da co-responsabilida<strong>de</strong>, da solidarieda<strong>de</strong><br />

e da justiça. Ativida<strong>de</strong>s lúdicas,<br />

como jogos e<br />

teatros, divertem e educam, fazendo do educando-educador<br />

um apreciador das mudanças<br />

que po<strong>de</strong> realizar.<br />

Usando ferramentas como a construção <strong>de</strong><br />

textos baseados em imagens, fatos, histórias<br />

e <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong>,<br />

jovens educadores ambientais da região<br />

possibilitam a outros jovens que <strong>de</strong>monstrem<br />

suas perspectivas <strong>de</strong> mundo, abrindo<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> superação <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios e<br />

soluções <strong>de</strong> conflitos.<br />

“Sabe por que o que nos ro<strong>de</strong>ia<br />

chama-se Meio <strong>Ambiente</strong>???<br />

Porque um dia foi UM ambiente.<br />

Temos hoje meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tudo o que<br />

tínhamos 2.500 anos atrás.<br />

Antes tínhamos um ambiente<br />

com muitas árvores,<br />

hoje poucas árvores.<br />

Antigamente havia muitos<br />

animais, hoje poucos animais.<br />

O que ainda continua é o<br />

homem, porque<br />

o <strong>Ambiente</strong> já é<br />

meio!!!”<br />

Josias, 17 anos<br />

São Leopoldo/RS<br />

Experiência <strong>de</strong> Educação Ambiental vivida por dois jovens dos Pampas,<br />

Macapá/AP. [Mateus Raymundo da Silva e Yanina Mica<strong>el</strong>a Sammarco]<br />

No Projeto Peixe rado, por exemplo,<br />

os monitores <strong>de</strong> Santo<br />

Antônio da Patrulha/RS<br />

realizam variadas ativida<strong>de</strong>s<br />

com o intuito <strong>de</strong><br />

mobilizar a população local<br />

que resi<strong>de</strong> às margens do<br />

Rio Sinos, no Dou-<br />

“pesqueiro”.


99<br />

Durante as saídas p<strong>el</strong>o local, os alunos percorrem<br />

trilhas ecológicas, realizam plantio<br />

<strong>de</strong> árvores e fazem coleta e se<strong>para</strong>ção <strong>de</strong><br />

resíduos sólidos encontrados no caminho.<br />

Ativida<strong>de</strong>s pedagógicas como estas são<br />

sempre muito interessantes, pois há várias<br />

histórias e lendas associadas às florestas,<br />

como a da Mãe da Mata. Esta lenda é uma<br />

homenagem aos índios da região sul do<br />

Paraná, que usavam o Araçá (Psidium sp)<br />

<strong>para</strong> se protegerem <strong>de</strong> animais perigosos<br />

e peçonhentos. Esta “mãe da mata”,<br />

popularmente chamada <strong>de</strong> araçá-gigante, é<br />

justamente a árvore que <strong>de</strong>u o título à reserva<br />

on<strong>de</strong> vive Antônio Nildo V<strong>el</strong>oso.<br />

Nildo, que nos conta estas e outras histórias e<br />

lendas, é <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> indígenas e <strong>de</strong>senvolve<br />

um trabalho <strong>de</strong> Educação Ambiental na<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong> Amparo à Infância<br />

– ABAI. Ele realiza vivências na mata com mais<br />

<strong>de</strong> 120 crianças.<br />

“É um trabalho gratificante,<br />

porque ao invés das crianças<br />

ficarem em casa sem fazer nada<br />

ou irem <strong>para</strong> a rua se envolver<br />

com drogas, <strong>el</strong>as po<strong>de</strong>m passar<br />

o dia na ABAI e participar <strong>de</strong><br />

diversas ativida<strong>de</strong>s e experiências,<br />

como tentar adivinhar os bichos<br />

que vivem na reserva Mãe da<br />

Mata. Quando <strong>el</strong>as adivinham,<br />

cada uma faz um <strong>de</strong>senho, que é<br />

exposto em casinhas espalhadas<br />

p<strong>el</strong>a mata”.<br />

Antônio Nildo V<strong>el</strong>oso, 34 anos<br />

APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba/PR<br />

Análise<br />

Práticas <strong>de</strong> Ecocidadania e Protagonismo Juvenil,<br />

Porto Alegre/RS. [Grazi<strong>el</strong>a Rinald]<br />

Os processos <strong>de</strong> educação estão estimulados<br />

por uma percepção da valorização ambiental<br />

em termos temporais/históricos, seja <strong>de</strong><br />

maneira retrospectiva, seja <strong>de</strong> projeção futura.<br />

É isso que serve <strong>de</strong> estímulo <strong>para</strong> os jovens<br />

atuarem diretamente com a questão ambiental<br />

como uma chave <strong>de</strong> entrada no processo<br />

educativo. Através <strong>de</strong> parcerias, são implementados<br />

programas nas escolas e em outros<br />

espaços envolvendo membros da comunida<strong>de</strong>,<br />

o que garante a participação <strong>de</strong> forma diferenciada<br />

nas questões socioambientais que<br />

afligem as pessoas naqu<strong>el</strong>e local. A Educação<br />

Ambiental busca a mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e<br />

valores e, sem compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> local,<br />

a sensibilização fica muito mais difícil.<br />

As práticas educativas utilizadas p<strong>el</strong>os jovens<br />

são diferenciadas e criativas, envolvendo<br />

vivências em grupo através <strong>de</strong> rodas <strong>de</strong><br />

diálogo, histórias e lendas <strong>de</strong> grupos<br />

indígenas da região. Um <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ste<br />

processo educativo é tentar avaliar os <strong>de</strong>sdobramentos<br />

do que é ensinado, no sentido<br />

<strong>de</strong> ampliar a compreensão <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

r<strong>el</strong>ação ensino-aprendizagem que vai além <strong>de</strong><br />

um momento <strong>de</strong> lazer e ocupação do tempo<br />

das pessoas. Além disso, é importante promover<br />

reflexões <strong>de</strong> natureza política <strong>para</strong><br />

sintonizar as diversas ações <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental em um horizonte <strong>de</strong> construção da<br />

cidadania e <strong>de</strong> repensar a <strong>de</strong>mocracia.<br />

Contatos<br />

•<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Amparo à Infância - ABAI<br />

Estrada Municipal Otavio <strong>de</strong><br />

Jesus Biscaia, s/n<br />

o<br />

Mandirituba/PR<br />

CEP: 83800-00<br />

T<strong>el</strong>: (41) 3626-1202<br />

abai@terra.com.br


100<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba é uma<br />

das últimas áreas representativas<br />

da Floresta Pluvial Atlântica, do<br />

Bioma Mata Atlântica e do Bioma<br />

Costeiro no estado do Paraná,<br />

reunindo espécies ameaçadas<br />

<strong>de</strong> extinção, sítios arqueológicos,<br />

complexo estuário da baía<br />

<strong>de</strong> Paranaguá e comunida<strong>de</strong>s<br />

caiçaras.<br />

Dando um pulo <strong>de</strong> volta <strong>para</strong> o interior da<br />

região Sul, percebemos que os jovens do<br />

campo vivem uma realida<strong>de</strong> bastante<br />

diferente daqu<strong>el</strong>a vivida p<strong>el</strong>os jovens das<br />

cida<strong>de</strong>s. O modo <strong>de</strong> vida, as experiências com<br />

a natureza, a cultura e os problemas que<br />

enfrentam são singulares em cada localida<strong>de</strong>.<br />

Ser jovem no interior<br />

“O jovem do interior sofre muita<br />

discriminação, pois é apontado<br />

como ‘bicho do mato’. É verda<strong>de</strong><br />

quando dizem que há muita<br />

dificulda<strong>de</strong> quando se quer<br />

crescer profissionalmente.<br />

Normalmente as escolas são<br />

apenas <strong>de</strong> ensino fundamental, o<br />

que dificulta a formação <strong>de</strong> cada<br />

indivíduo. Para conseguir<br />

chegar até a faculda<strong>de</strong> é necessário<br />

muito esforço, pois muitos<br />

necessitam <strong>de</strong> transporte <strong>para</strong><br />

chegar até a instituição.<br />

(...) Mas nem tudo é difícil. A<br />

vida no interior tem lá as suas<br />

vantagens. A convivência é muito<br />

boa, pois quase sempre todos se<br />

conhecem, e o meio ambiente é<br />

maravilhoso. A m<strong>el</strong>hor coisa<br />

do mundo é ver o pôr do sol,<br />

o orvalho das manhãs e principalmente<br />

a b<strong>el</strong>eza da natureza sem a<br />

poluição que muitos lugares têm.<br />

(...) Já a cultura <strong>de</strong>ve ser<br />

preservada, pois é muito bom<br />

po<strong>de</strong>r homenagear nossos<br />

antepassados com muitas<br />

festas e alegrias”.<br />

Téa Monique Gehlen, RS<br />

Desenvolvimento<br />

Comunitário<br />

Muitos jovens do interior vivem em biomas<br />

fragilizados, como é o caso dos jovens que<br />

moram na APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba/PR.<br />

A APA Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Guaraqueçaba/PR, localizada<br />

no litoral norte do Paraná, ocupa uma<br />

área <strong>de</strong> 313.484ha on<strong>de</strong> vivem cerca <strong>de</strong> 10.500<br />

habitantes. Abrange todo o município <strong>de</strong><br />

Guaraqueçaba/PR, com exceção do seu<br />

perímetro urbano, além <strong>de</strong> porções significativas<br />

dos municípios <strong>de</strong> Antonina/PR,<br />

Paranaguá/PR e Campina Gran<strong>de</strong> do Sul/PR.<br />

É parte do Complexo Estuarino-Lagunar <strong>de</strong><br />

Iguape-Paranaguá e possui em sua extensão<br />

continental, costeira e estuarina uma gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes (Serra do Mar, planície<br />

costeira, ilhas e manguezais) com enorme<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> flora e fauna.<br />

Entre os povos indígenas que<br />

vivem na região sul da Mata<br />

Atlântica encontramos Guarani,<br />

Guarani Nhandéwa, Kaingang e<br />

Guarani M’byá. (FUNAI:2006)<br />

Em 2003 foi iniciado o Projeto Gestão Participativa<br />

da APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba/PR, executado<br />

p<strong>el</strong>a Associação Brasileira <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />

<strong>de</strong> Li<strong>de</strong>ranças – ABDL, o Instituto <strong>de</strong><br />

Pesquisas <strong>de</strong> Guaraqueçaba – IPG, o IBAMA/PR<br />

e a Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pesquisa em Vida S<strong>el</strong>vagem<br />

e Educação Ambiental – SPVS, com o objetivo<br />

<strong>de</strong> sensibilizar e envolver os diversos atores<br />

sociais e institucionais no fortalecimento da<br />

gestão participativa da área. Dentro <strong>de</strong>sse<br />

contexto, um dos instrumentos adotados foi<br />

a criação da Gincana <strong>de</strong> Integração da APA <strong>de</strong>


101<br />

Guaraqueçaba, como ferramenta <strong>de</strong> participação<br />

social e <strong>de</strong>senvolvimento comunitário.<br />

A gincana teve dois eixos orientadores: 1) a<br />

coleta e construção coletiva <strong>de</strong> um documento,<br />

usando o diagnóstico participativo, <strong>para</strong><br />

subsidiar as ações do Cons<strong>el</strong>ho Gestor da APA<br />

<strong>de</strong> Guaraqueçaba – CONAPA; e 2) o reforço do<br />

trabalho do cons<strong>el</strong>heiro junto a sua comuni-<br />

da<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificando novas li<strong>de</strong>ranças locais e<br />

buscando o envolvimento da juventu<strong>de</strong> e sua<br />

O Diagnóstico Rápido tivo – DRP <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma técnica<br />

Participa-<br />

utilizada <strong>para</strong> o Diagnóstico<br />

Rápido Rural – DRR. É uma<br />

ferramenta que auxilia a<br />

<strong>de</strong>scoberta das r<strong>el</strong>ações que<br />

permeiam o cotidiano dos grupos<br />

participação no exercício da cidadania.<br />

Localização da APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba. [Núcleo <strong>de</strong> Educação Ambiental – IBAMA/PR]<br />

sociais e dos inúmeros fatores<br />

– sociais, econômicos, ambientais<br />

e culturais – que afetam a<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. A vantagem<br />

do DRP é ser uma técnica que alia<br />

a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um diagnóstico com<br />

a participação da comunida<strong>de</strong>.<br />

Vale lembrar que a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> organização <strong>de</strong> um grupo é<br />

um indicador social: quanto mais<br />

organizado um local, mais rápido<br />

será o diagnóstico. Várias técnicas<br />

po<strong>de</strong>m ser usadas <strong>para</strong> o DRP:<br />

entrevistas, mapas e croquis,<br />

diagramas, travessia e matrizes.<br />

A estratégia <strong>de</strong> utilizar a gincana como ferramenta<br />

<strong>de</strong> participação social contribuiu<br />

<strong>para</strong> a construção coletiva <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong><br />

dados diversificado, estruturado, confiáv<strong>el</strong> e


102<br />

Contatos<br />

• Secretaria Estadual do<br />

Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Rua Carlos Chagas, 55 – 9 o , 10 o e<br />

11 o andares - Centro<br />

Porto Alegre/RS<br />

CEP: 90030-020<br />

T<strong>el</strong>: (51) 3288.8143<br />

mar<strong>de</strong>ntro@sema.rs.gov.br<br />

http://www.sema.rs.gov.br/<br />

Conexões<br />

• Fotografia <strong>de</strong> Lata – pin hole<br />

<strong>para</strong> pesquisar:<br />

www.latamagica.art.br/oque/<br />

oque.htm<br />

www.eba.ufmg.br/cfalieri<br />

www.pinhole.org<br />

pt.wikipedia.org/wiki/<br />

Câmera_pinhole<br />

Saiba +<br />

• Veja foto <strong>de</strong> lata no tema<br />

Educação Ambiental na Região<br />

Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Metodologia<br />

Gincana <strong>de</strong> integração da APA <strong>de</strong><br />

Guaraqueçaba<br />

Prova 1 Lançamento: entrega da ficha <strong>de</strong><br />

inscrição da equipe e realização <strong>de</strong> provas<br />

lúdicas com a comunida<strong>de</strong> em todas as<br />

localida<strong>de</strong>s, simultaneamente.<br />

Prova 2 Questionário: levantamento histórico,<br />

cultural e socioambiental, aplicando<br />

formulários investigativos nas comunida<strong>de</strong>s<br />

das oito bacias hidrográficas da APA.<br />

Prova 3 Criação <strong>de</strong> uma história em quadrinhos<br />

com o tema “Alternativas econômicas<br />

sustentáveis”, buscando práticas e experiências<br />

das comunida<strong>de</strong>s, como o cultivo <strong>de</strong> arroz<br />

orgânico, a exploração do turismo ecológico<br />

e a pesca artesanal.<br />

Prova 4 Fotografia <strong>de</strong> Latinha: com a<br />

proposta <strong>de</strong> trabalhar percepções, visões<br />

e significados do ambiente as equipes vão a<br />

campo <strong>para</strong> registrar a realida<strong>de</strong> local.<br />

Prova 5 Confecção <strong>de</strong> cartaz com o tema<br />

“Cidadania”, <strong>para</strong> diagnosticar aspectos da<br />

realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejos e r<strong>el</strong>acionamentos entre<br />

as comunida<strong>de</strong>s e a região. O cartaz vencedor<br />

é utilizado na capa da cartilha educativa<br />

confeccionada ao final do projeto.<br />

Prova 6 Organização <strong>de</strong> uma Feira Cultural<br />

<strong>para</strong> resgatar a diversida<strong>de</strong> histórica e<br />

cultural da região.<br />

Prova 7 Dramatização: criação e encenação<br />

<strong>de</strong> peça <strong>de</strong> teatro com o tema “Influência da<br />

APA na vida das comunida<strong>de</strong>s: antes, hoje<br />

e futuro”, tratando da realida<strong>de</strong> da APA,<br />

sua r<strong>el</strong>ação com a comunida<strong>de</strong> (aceitação,<br />

valorização) e o pap<strong>el</strong> das instituições que<br />

trabalham na região.<br />

representativo, valorizando a participação dos<br />

atores locais, principalmente dos jovens, nos<br />

processos <strong>de</strong> gestão da unida<strong>de</strong>.<br />

Ressaltamos que as experiências dos jovens<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong> sobre o meio<br />

ambiente on<strong>de</strong> estão inseridos <strong>de</strong>vem ser<br />

evi<strong>de</strong>nciadas e tomadas como fonte <strong>de</strong><br />

aprendizado e <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, mas<br />

também é interessante motivá-los a realizar<br />

outros trabalhos em suas áreas.<br />

Existem ainda projetos governamentais que<br />

contam com o apoio <strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> sua<br />

execução. Dentre <strong>el</strong>es po<strong>de</strong>mos citar o programa<br />

Pró-Mar <strong>de</strong> Dentro, do Governo do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul. O programa trabalha com a<br />

recuperação e o gerenciamento ambiental da<br />

Região Hidrográfica Litorânea, abrangendo as<br />

Bacias Hidrográficas do Litoral Médio, Camaquã,<br />

Piratini-São Gonçalo-Mangueira e Jaguarão.<br />

São instrumentos do programa o Planejamento<br />

Estratégico e a Educação Ambiental.<br />

Portanto, entre as ações prioritárias do<br />

programa estão: apoio e fomento a ativida<strong>de</strong>s<br />

como pesca, navegação, aqüicultura, agricultura<br />

ecológica (orizicultura, fruticultura etc.),<br />

ecoturismo e turismo convencional; produção<br />

<strong>de</strong> pedras ornamentais; silvicultura e recuperação<br />

<strong>de</strong> matas ciliares, entre outras ativida<strong>de</strong>s<br />

tradicionais ou emergenciais na região.<br />

O programa também fomenta a cooperação entre<br />

os Cons<strong>el</strong>hos Regionais <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

– COREDEs e Municípios e estimula a formação<br />

<strong>de</strong> Comitês <strong>de</strong> Bacias Hidrográficas. Na região <strong>de</strong><br />

Rio Gran<strong>de</strong> e P<strong>el</strong>otas, observa-se muito as práticas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas neste programa, assim como


[Núcleo <strong>de</strong> Educação Ambiental – IBAMA/PR]<br />

103


104<br />

Moradias das ilhas do Guaíba, Porto Alegre/RS. [Sabrina Amaral]<br />

s e u s<br />

benefícios, on<strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong><br />

consegue participar <strong>de</strong> forma ativa e, princi-<br />

palmente, cooperativa.<br />

Diferente <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> atuação, existem<br />

Os COREDEs, criados oficialmente<br />

p<strong>el</strong>a Lei 10.283 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1994, são um<br />

fórum <strong>de</strong> discussão e <strong>de</strong>cisão<br />

a respeito <strong>de</strong> políticas e ações<br />

que visam ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional. Seus principais objetivos<br />

são a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional harmônico e<br />

sustentáv<strong>el</strong>; a integração dos<br />

recursos e das ações do governo na<br />

região; a m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida da população; a<br />

distribuição eqüitativa da<br />

riqueza produzida; o<br />

estímulo à permanência do<br />

ser humano na sua região;<br />

e a preservação e a<br />

recuperação do meio<br />

ambiente.<br />

Análise<br />

A criação da APA <strong>de</strong> Guaraqueçaba<br />

gerou uma <strong>de</strong>manda em termos <strong>de</strong><br />

participação política <strong>para</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

os interesses da comunida<strong>de</strong><br />

que já residia naqu<strong>el</strong>e<br />

local. É a institucionalização<br />

<strong>de</strong> territórios ambientais<br />

protegidos por lei<br />

que fomenta <strong>de</strong>mandas<br />

e abre espaço <strong>de</strong> participação<br />

<strong>para</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Mas será que a lação <strong>de</strong>ve ser fruto<br />

articu-<br />

da<br />

reação a esses estímulos e constrangimentos<br />

externos ou será que <strong>el</strong>a <strong>de</strong>ve antecedê-los?<br />

espaços governamentais que também contam<br />

com a atuação juvenil, como o <strong>Programa</strong><br />

Pró-Mar <strong>de</strong> Dentro. Este programa envolve<br />

a recuperação e o gerenciamento ambiental<br />

<strong>de</strong> uma região litorânea. Neste caso, jovens<br />

<strong>de</strong>vem estar atentos <strong>para</strong> saber se a<br />

orientação das ações está <strong>de</strong> acordo com os<br />

modos <strong>de</strong> vida das pessoas que potencialmente<br />

<strong>de</strong>veriam ser beneficiadas por este<br />

programa. O importante é ocupar o espaço<br />

criado p<strong>el</strong>o governo e fornecer um olhar<br />

diferenciado sobre a realida<strong>de</strong> em que<br />

se atua.<br />

Ilhas do D<strong>el</strong>ta do Jacuí, Porto Alegre/RS. [Sabrina Amaral]


105<br />

Desertificação<br />

Já no fim <strong>de</strong> nossa viagem p<strong>el</strong>o Sul, vimos<br />

que, segundo diretrizes técnicas, a região não<br />

possui <strong>de</strong>sertificação porque seu clima é<br />

tropical e subtropical. A precipitação média<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, por exemplo, é <strong>de</strong><br />

1400mm por ano.<br />

Em vários municípios dos Pampas ocorre um<br />

processo erosivo <strong>de</strong>nominado arenização,<br />

comumente confundido com a <strong>de</strong>sertificação<br />

– que é a diminuição ou a <strong>de</strong>struição do<br />

potencial biológico que po<strong>de</strong> resultar em<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>serto.<br />

A arenização, por outro lado, refere-se a<br />

um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação do solo causado<br />

fundamentalmente p<strong>el</strong>a abundância da água.<br />

Com o escoamento da água da chuva e a<br />

vegetação fragilizada, o <strong>de</strong>sgaste faz emergir<br />

areia sob a vegetação, e o vento a espalha.<br />

Assim, a região não apresenta áreas com<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação. No Brasil, este processo<br />

ocorre em todos os estados do Nor<strong>de</strong>ste e<br />

no norte <strong>de</strong> Minas Gerais e do Espírito Santo<br />

(GEO BRASIL:2002).<br />

Os trabalhos iniciais, publicados na Revista<br />

Bibliográfica <strong>de</strong> Geografia e Ciências Sociais da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barc<strong>el</strong>ona, r<strong>el</strong>ativos à interpretação<br />

do processo <strong>de</strong> arenização no Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, apresentam como explicação <strong>para</strong> a<br />

origem dos areais a busca <strong>de</strong> maior rentabilida<strong>de</strong><br />

agrícola, a partir do arrendamento <strong>de</strong><br />

terras e a introdução da agricultura mecanizada,<br />

particularmente na lavoura <strong>de</strong> soja.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A Convenção das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>de</strong> Combate<br />

à Desertificação – CCD <strong>de</strong>finiu, em 1994, a<br />

<strong>de</strong>sertificação como “<strong>de</strong>gradação da terra<br />

nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas<br />

secas, resultantes <strong>de</strong> vários fatores, incluindo<br />

as variações climáticas e as ativida<strong>de</strong>s<br />

humanas”. A diminuição do potencial ecológico<br />

<strong>de</strong>ssas terras está associada a diversos<br />

fatores – entre <strong>el</strong>es, variações climáticas e<br />

ativida<strong>de</strong>s humanas – que levam ao estab<strong>el</strong>ecimento<br />

<strong>de</strong> condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>serto em regiões<br />

com precipitações pluviométricas baixas.<br />

Já a arenização é consi<strong>de</strong>rada um processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação r<strong>el</strong>acionada ao clima úmido.<br />

Depósitos arenosos com intensa mobilida<strong>de</strong><br />

– p<strong>el</strong>a ação das águas e dos ventos – dificultam<br />

a fixação da cobertura vegetal, gerando<br />

a diminuição do potencial ecológico da<br />

região atingida.<br />

(GEO Brasil:2002) e (PAN-Brasil:2005)<br />

Sabendo <strong>de</strong>sse problema na região, visitamos<br />

o Parque da Guarita, em Torres/RS, criado<br />

<strong>para</strong> ser um cartão <strong>de</strong> visitas do estado, cuja<br />

implantação do projeto paisagístico ficou sob<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> José Lutzenberger, entre<br />

1973 e 1978. É o único lugar da costa gaúcha<br />

on<strong>de</strong> montanhas se encontram com o mar,<br />

sendo então um local privilegiado e que vale<br />

uma visita!<br />

A área original do parque já esteve muito<br />

<strong>de</strong>gradada, e havia faixas <strong>de</strong> areia que<br />

cobriam completamente a vegetação. Jovens<br />

gaúchos nos contaram que é graças a um intenso<br />

trabalho <strong>de</strong> recuperação do solo que a paisagem<br />

atual voltou a sua exuberância original.


106<br />

A produção <strong>de</strong> “terra preta”, ou húmus, uma<br />

das ativida<strong>de</strong>s que favorece a recuperação, é<br />

feita no próprio local, p<strong>el</strong>a compostagem <strong>de</strong><br />

lixo orgânico.<br />

Com a vegetação recuperada, espécies nativas<br />

da flora endêmicas, que não existem em<br />

nenhum outro lugar do mundo, voltam a<br />

florescer em harmonia com outras espécies<br />

que foram acrescentadas, sempre <strong>de</strong> forma<br />

Metodologia<br />

A compostagem é uma das soluções <strong>para</strong> o<br />

gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> resíduos sólidos produzidos<br />

nas cida<strong>de</strong>s, mas sozinha <strong>el</strong>a não resolve esse<br />

problema. É preciso agregar a essa prática<br />

ações que buscam reduzir a produção <strong>de</strong><br />

resíduos sólidos.<br />

Para fazer compostagem basta seguir os passos<br />

abaixo:<br />

Passo 1: Todo material <strong>de</strong> origem animal ou<br />

vegetal po<strong>de</strong> entrar na produção do composto.<br />

Assim, reserve um recipiente em sua casa<br />

somente <strong>para</strong> o <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> resíduos orgânicos.<br />

Passo 2: No hora <strong>de</strong> montar a composteira,<br />

escolha um local arejado e <strong>de</strong> fácil acesso. Use<br />

materiais como bambu, ma<strong>de</strong>ira v<strong>el</strong>ha, t<strong>el</strong>a <strong>de</strong><br />

galinheiro, blocos ou tijolos (sem cimentar).<br />

Passo 3: Deposite os resíduos orgânicos se<strong>para</strong>dos<br />

anteriormente e cubra-os com folhas,<br />

grama, serragem ou esterco seco até que não<br />

dê <strong>para</strong> ver o material mais úmido (restos <strong>de</strong><br />

alimentos) embaixo.<br />

Passo 4: Regue o monte <strong>para</strong> ume<strong>de</strong>cer essa<br />

camada <strong>de</strong> cobertura.<br />

complementar à natureza, e nunca imposta<br />

sobre <strong>el</strong>a, como queria Lutzenberger.<br />

A recuperação das dunas contribuiu também<br />

<strong>para</strong> enriquecer a fauna, atraindo várias<br />

espécies <strong>de</strong> pássaros e pequenos animais.<br />

Análise<br />

A presença <strong>de</strong> uma área com características sem<strong>el</strong>hantes<br />

às <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação faz<br />

Dica: Cubra a composteira com plástico, tábuas<br />

ou t<strong>el</strong>has <strong>para</strong> não encharcar o monte em<br />

época <strong>de</strong> chuva e, também, <strong>para</strong> protegê-lo do<br />

sol intenso.<br />

Passo 5: A cada 2 ou 3 dias areje o monte <strong>de</strong><br />

composto passando-o <strong>de</strong> um lado <strong>para</strong> o outro<br />

ou apenas revirando-o. Dessa forma, o monte<br />

esquentará indicando que a <strong>de</strong>composição está<br />

acontecendo corretamente. Quando quiser,<br />

adicione mais resíduo orgânico à composteira,<br />

repetindo os passos 3 e 4.<br />

Daqui em diante, fungos, tatuzinhos, besouros,<br />

piolhos-<strong>de</strong>-cobra, minhocas e trilhões <strong>de</strong><br />

bactérias farão o trabalho, <strong>de</strong>compondo o material.<br />

Eles são inofensivos e não se espalham<br />

<strong>para</strong> além do monte.<br />

Passo 6: Quando o monte apresentar a<br />

cor marrom-café e cheiro <strong>de</strong> terra, estiver<br />

homogêneo e não esquentar mais, o composto<br />

estará pronto <strong>para</strong> ser usado. Se quiser<br />

ensacá-lo, peneire-o antes <strong>para</strong> que os<br />

“bichinhos” voltem ao monte e continuem o<br />

trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição.<br />

Atenção: Fazer compostagem com restos <strong>de</strong><br />

alimentos cozidos po<strong>de</strong> atrair ratos.


107<br />

Rio Santa Maria, Santa Maria/RS. [Sabrina Amaral]<br />

No caso da arenização<br />

o excesso <strong>de</strong><br />

chuvas varre o solo<br />

e inviabiliza plantações<br />

p<strong>el</strong>a presença<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> volume<br />

<strong>de</strong> areia. Assim,<br />

a baixa fertilida<strong>de</strong><br />

daqu<strong>el</strong>es solos arenosos,<br />

aliada à<br />

pouca e esparsa<br />

vegetação, faz com<br />

que sejam propícios<br />

à <strong>de</strong>gradação.<br />

Junte-se a isso o<br />

manejo ina<strong>de</strong>qua-<br />

do das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

agricultura e pecuária<br />

na região, provocando<br />

aumento<br />

consi<strong>de</strong>ráv<strong>el</strong> da área<br />

e da intensida<strong>de</strong> da<br />

arenização.<br />

O uso <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong><br />

cobertura do solo<br />

aliado a sua fertilização<br />

favorece a<br />

criação <strong>de</strong> uma cultura<br />

florestal, o que<br />

po<strong>de</strong> ocasionar maior<br />

estabilida<strong>de</strong> ao solo.<br />

com que muitos pensem que<br />

no sudoeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, na região<br />

dos municípios <strong>de</strong> Alegrete e Santana do Livramento,<br />

estejam as maiores áreas <strong>de</strong>sertificadas<br />

do Brasil. Essa confusão conceitual é intensificada<br />

p<strong>el</strong>a diferença entre <strong>de</strong>sertificação e o<br />

Mas, como nem tudo<br />

são flores, ou florestas, vale observar que, em<br />

regiões on<strong>de</strong> a fisionomia natural original não<br />

é florestal, o “florestamento” po<strong>de</strong> ser problemático,<br />

pois é encarado como impositivo<br />

ao meio natural.<br />

processo <strong>de</strong> arenização que acontece no Sul.<br />

Rio Santa Maria, Santa Maria/RS. [Sabrina Amaral]


Região Norte


110<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Amazônia Legal concentra<br />

pouco mais <strong>de</strong> 65% das Terras<br />

Indígenas (107.581.823 ha), mas<br />

que somam quase 99% do total<br />

da área protegida <strong>de</strong>stinada a<br />

indígenas no país.<br />

Região Norte<br />

Maior região do país em extensão territorial,<br />

a Região Norte é formada p<strong>el</strong>os estados<br />

do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,<br />

Roraima e Tocantins. Ocupa uma área <strong>de</strong><br />

3.851.560km 2 , correspon<strong>de</strong>ndo a 45,25%<br />

do território nacional, com apenas 7,6% da<br />

população brasileira. Segundo o Censo<br />

Demográfico do IBGE <strong>de</strong> 2000, a taxa média<br />

geométrica <strong>de</strong> crescimento anual da região<br />

Norte, <strong>de</strong> 1991 a 2000, foi <strong>de</strong> 2,88%. Ainda<br />

<strong>de</strong> acordo com o IBGE (2000), a região Norte<br />

tem ainda a menor taxa <strong>de</strong> urbanização do<br />

país, 69,83%, aproximadamente, a mesma da<br />

região Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Muitas <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s são banhadas p<strong>el</strong>os<br />

gran<strong>de</strong>s rios das bacias Amazônica e do<br />

Tocantins. É predominante na região o bioma<br />

Amazônia, on<strong>de</strong> se localiza a maior parc<strong>el</strong>a <strong>de</strong><br />

áreas indígenas protegidas por lei. A região<br />

Norte <strong>de</strong>tém 81,5% <strong>de</strong>stas terras (FUNAI:<br />

2004), tornando predominante a influência<br />

da cultura indígena tanto na culinária<br />

quanto em diversas manifestações<br />

populares, como na famosa<br />

festa do Boi-bumbá <strong>de</strong><br />

Parintins/AM.<br />

Com rica biodiversida<strong>de</strong> e importantes reservas<br />

minerais, a economia da região se baseia<br />

essencialmente em extrativismo, manejo e<br />

exploração. Látex, açaí, ma<strong>de</strong>iras e castanha<br />

são alguns dos principais focos dos produtores<br />

locais e do mercado internacional.<br />

A região é rica em minérios, e a Serra dos<br />

Carajás/PA é a mais importante área <strong>de</strong><br />

mineração do país. Não se po<strong>de</strong> esquecer<br />

que a produção <strong>de</strong> minérios tem causado<br />

impactos significativos no meio ambiente<br />

local. É importante lembrar também <strong>de</strong><br />

Serra do Navio/AP, município criado em função<br />

da exploração do manganês que hoje é<br />

<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte, em razão do esgotamento <strong>de</strong><br />

suas reservas.<br />

Na área do rio Tocantins, localizada no Pará,<br />

está instalada a segunda maior usina hidre-<br />

létrica em capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia<br />

do país, Tucuruí,<br />

responsáv<strong>el</strong><br />

p<strong>el</strong>o<br />

No Norte se encontra a maior<br />

parte da Amazônia, maior<br />

floresta tropical do mundo<br />

ainda conservada.<br />

A Amazônia, localizada<br />

em região estratégica, abriga<br />

imensa biodiversida<strong>de</strong>, contendo<br />

mesmo espécies ainda <strong>de</strong>sconhecidas da<br />

comunida<strong>de</strong> científica. A floresta representa,<br />

assim, inegáv<strong>el</strong> valor <strong>para</strong> todo o planeta<br />

e sua internacionalização já foi diversas<br />

vezes colocada em pauta.


111<br />

\<br />

Saiba +<br />

• O Boi-bumbá <strong>de</strong> Parintins é<br />

uma cultura nor<strong>de</strong>stina do<br />

auto do boi adaptada <strong>para</strong> a<br />

Amazônia, on<strong>de</strong> ganhou os<br />

rituais e lendas indígenas.<br />

Para saber mais sobre o<br />

Bumba-meu-boi veja Áreas<br />

Urbanas na Região Nor<strong>de</strong>ste<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

abastecimento <strong>de</strong> energia <strong>el</strong>étrica na maior<br />

parte da região.<br />

B<strong>el</strong>ém/PA, Manaus/AM e São Luís/MA são as<br />

cida<strong>de</strong>s mais populosas da região. Também<br />

são importantes centros urbanos do Norte<br />

Altamira/PA, Porto V<strong>el</strong>ho/RO, Boa Vista/RR,<br />

Macapá/AP, Palmas/TO, Santarém/PA e Rio<br />

Branco/AC, com características <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

metrópoles, apesar <strong>de</strong> muitos ainda pensarem<br />

que todos no Norte vivem na floresta.<br />

É nestas cida<strong>de</strong>s que muitos dos jovens da<br />

região se mobilizam, reconhecendo que vivem<br />

em cenário e contexto diferentes das outras<br />

realida<strong>de</strong>s brasileiras. Apesar das diferenças,<br />

os problemas que enfrentam são sem<strong>el</strong>hantes,<br />

como a falta <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> ação e articulação e<br />

a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir um projeto <strong>de</strong> vida<br />

p<strong>el</strong>a carência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />

Outra característica que po<strong>de</strong> ser<br />

vislumbrada nessa região é a possív<strong>el</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

dos jovens <strong>de</strong> ocuparem alguns<br />

espaços <strong>de</strong> participação. Afinal, a visibilida<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> a juventu<strong>de</strong> e o movimento juvenil<br />

é recente; a Secretaria e o Cons<strong>el</strong>ho Nacional<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> foram criados somente em 2005.<br />

A falta <strong>de</strong> impressões acerca do meio ambiente<br />

em Tocantins, embora sentida, não significa<br />

necessariamente que as juventu<strong>de</strong>s do estado<br />

estão <strong>de</strong>smobilizadas, mas que ainda<br />

existem dificulda<strong>de</strong>s dos jovens <strong>de</strong> acessarem<br />

<strong>de</strong>terminados espaços.<br />

O jovem nortista quer ser reconhecido como<br />

parte da solução dos problemas da região e<br />

como parceiro no processo <strong>de</strong> construção da<br />

sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s.


112<br />

Conexões<br />

• Para acessar a lista <strong>de</strong> todas<br />

as principais Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Conservação Fe<strong>de</strong>rais do país:<br />

www.ibama.gov.br/siucweb/<br />

listaUc.php<br />

Biomas Brasileiros<br />

• O <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Áreas<br />

Protegidas da Amazônia - ARPA<br />

está criando várias Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Conservação na Amazônia. Tem<br />

duração prevista <strong>de</strong> 10 anos e<br />

espera proteger 50 milhões <strong>de</strong><br />

hectares da floresta. Para saber<br />

mais acesse:<br />

www.mma.gov.br/arpa<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Em 2005, 928km 2 <strong>de</strong> floresta<br />

foram <strong>de</strong>struídos no sul do<br />

Amazonas. A área é superior aos<br />

750km 2 estimados p<strong>el</strong>o Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais<br />

(Inpe) <strong>para</strong> todo o estado.<br />

(Agência Brasil:2006)<br />

[Mateus Fernan <strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

Vem forte<br />

que eu sou do Norte! Chegamos à região<br />

Norte, lugar <strong>de</strong> muitas paisagens, culturas,<br />

rios e, é claro, da Floresta Amazônica, a maior<br />

floresta tropical do mundo. Esta é a região<br />

brasileira que ainda conserva gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>de</strong> seus ecossistemas originais, ícone mundial<br />

<strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Dados<br />

Atualmente 32,9% do bioma Amazônia,<br />

no Brasil, conta com proteção legal (Parque<br />

Nacional, Reserva Biológica, Reserva<br />

Ecológica, Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental,<br />

Área <strong>de</strong> R<strong>el</strong>evante Interesse Ecológico).<br />

Do total das áreas protegidas, 20,84%<br />

estão em terras indígenas e 12,09%, em<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação fe<strong>de</strong>ral e estadual.<br />

(Almanaque Socioambiental: 2004)<br />

Áreas Sob Proteção Especial (ASPEs) são<br />

áreas ou bens <strong>de</strong>finidos p<strong>el</strong>as autorida<strong>de</strong>s<br />

competentes, em terras <strong>de</strong> domínio público<br />

ou privado, cuja conservação é consi<strong>de</strong>rada<br />

prioritária <strong>para</strong> a manutenção da qualida<strong>de</strong><br />

do meio ambiente, do equilíbrio e da<br />

proteção da biodiversida<strong>de</strong> nativa. Po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong>finidas por resolução da autorida<strong>de</strong><br />

ambiental fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal.<br />

Essa mesma autorida<strong>de</strong> é responsáv<strong>el</strong><br />

p<strong>el</strong>a coor<strong>de</strong>nação das ações necessárias a<br />

sua implantação e conservação. As ASPEs<br />

caracterizam-se como primeira medida<br />

<strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> áreas ou bens, que<br />

após estudos mais aprofundados po<strong>de</strong>m<br />

ter seu status ampliado <strong>para</strong> Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Conservação. (<strong>Ambiente</strong> Brasil: 2006)<br />

Segundo o IBGE (2000), o Bioma Amazônia<br />

ocupa a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco unida<strong>de</strong>s<br />

fe<strong>de</strong>rativas: Acre, Amapá, Amazonas, Pará e<br />

Roraima, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> Rondônia (98,8%) e<br />

Tocantins (9%). Abrange também estados <strong>de</strong><br />

outras regiões brasileiras, como Mato Grosso<br />

(54%) e parte do Maranhão (34%). Todos<br />

esses estados compõem a chamada região da<br />

Amazônia Legal. Apesar <strong>de</strong> ter chegado ao<br />

século XXI com a maior parte <strong>de</strong> seu território<br />

ainda conservada, a <strong>de</strong>struição ac<strong>el</strong>erada da<br />

floresta é preocupante.<br />

Uma gran<strong>de</strong> apreensão em r<strong>el</strong>ação ao<br />

<strong>de</strong>smatamento é a constatação <strong>de</strong> que este é<br />

um processo que po<strong>de</strong> ser, em muitos casos,<br />

<strong>de</strong>strutivo. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é trabalhar <strong>para</strong><br />

minimizar as perdas ambientais da exploração<br />

da floresta, garantindo a manutenção <strong>de</strong><br />

benefícios econômicos e sociais. Nessa perspectiva,<br />

o manejo florestal se apresenta como<br />

uma alternativa a ser mais amplamente incentivada,<br />

difundida e efetivamente praticada.


113<br />

Dados<br />

Em 2002, a Amazônia Legal teve 25.500km 2<br />

<strong>de</strong>smatados, área superior ao estado <strong>de</strong><br />

Sergipe, e em 2004 a taxa foi <strong>de</strong> 27.400km 2 .<br />

Em 2005 a área <strong>de</strong>smatada caiu <strong>para</strong><br />

18.700km 2 , e os estados <strong>de</strong> Mato Grosso, Pará<br />

e Rondônia concentraram 85% da área <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smatamento da região (Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

Interministerial sobre Desmatamento na<br />

Amazônia, INPE: 2005). O <strong>de</strong>smatamento em<br />

áreas indígenas aumentou <strong>de</strong> 433km 2 /ano em<br />

2002 <strong>para</strong> 682 km 2 /ano em 2003, um crescimento<br />

<strong>de</strong> 57%. (FEARNSIDE: 2004)<br />

Toda vez que o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento<br />

cresce, o governo e as ONGs procuram<br />

responsáveis. Criam listas que incluem<br />

grileiros, ma<strong>de</strong>ireiros e pecuaristas. Parte dos<br />

<strong>de</strong>smatamentos recentes, em várias regiões<br />

da Amazônia, é realmente impulsionada<br />

p<strong>el</strong>a pecuária <strong>de</strong> média e gran<strong>de</strong> escala.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Quando <strong>de</strong>terminada área <strong>de</strong> um bioma<br />

tem retirada sua vegetação nativa <strong>para</strong> se<br />

adaptar à produção agropecuária é chamada<br />

<strong>de</strong> terras convertidas. Apesar <strong>de</strong><br />

apresentar taxas <strong>de</strong> retorno econômico <strong>de</strong><br />

apenas 4% – além <strong>de</strong> baixos índices sociais<br />

e ambientais, a pecuária ocupa quase 80% das<br />

terras convertidas na Amazônia. Em geral, o<br />

<strong>de</strong>sempenho econômico da pecuária é pouco<br />

significativo. A baixa lucrativida<strong>de</strong> está associada<br />

ao caráter extensivo da ativida<strong>de</strong>: 40%<br />

dos pastos têm apenas 0,5 cabeças <strong>de</strong> gado<br />

por hectare, enquanto a média no Sul-Su<strong>de</strong>ste<br />

é <strong>de</strong> 1,3 cabeças por hectare.<br />

(Schnei<strong>de</strong>r:2000)<br />

Atualmente,<br />

a expansão da soja começa a<br />

se <strong>de</strong>stacar. Seu cultivo já mudou a paisagem<br />

do Cerrado mato-grossense e agora ameaça<br />

a Amazônia. Há gran<strong>de</strong> aumento do cultivo<br />

da espécie em alguns pontos da Amazônia,<br />

como na região <strong>de</strong> Santarém no oeste do<br />

estado do Pará, próximo ao porto exportador<br />

<strong>de</strong> soja <strong>de</strong> uma multinacional localizado<br />

naqu<strong>el</strong>a cida<strong>de</strong>.<br />

Rio Ma<strong>de</strong>ira, proximida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Porto V<strong>el</strong>ho/RO. [Jonas Ferreira, 25 anos]<br />

Ao lado <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosos latifundiários, pequenos<br />

agricultores e assentados também<br />

contribuem, em menor escala, <strong>para</strong> o<br />

aumento do problema com o uso <strong>de</strong> queimadas,<br />

consi<strong>de</strong>radas método <strong>para</strong> a limpeza<br />

da roça. Acrescente-se a tudo isso a falta <strong>de</strong><br />

estrutura <strong>para</strong> fiscalização. A questão, porém,<br />

também envolve a disponibilização <strong>de</strong> técnicas<br />

alternativas <strong>para</strong> o trato com a terra e a<br />

mudança <strong>de</strong> cultura r<strong>el</strong>ativa ao manejo do<br />

solo e sua pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o plantio. Apesar<br />

da implantação <strong>de</strong> vários parques nacionais e<br />

terras indígenas, nos últimos anos não se tem<br />

conseguido evitar a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> áreas que<br />

não foram legalmente protegidas.<br />

O uso <strong>de</strong> motosserras potentes, tratores e<br />

caminhões <strong>para</strong> o corte <strong>de</strong> árvores arrasa<br />

hectares <strong>de</strong> florestas em curtos períodos.<br />

Essas práticas são um sério agente do aumento<br />

na v<strong>el</strong>ocida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>vastação. Os <strong>de</strong>smatamentos<br />

acontecem principalmente nos<br />

estados <strong>de</strong> Rondônia e Pará. Juntos <strong>el</strong>es


114<br />

Conexões<br />

• Projeto <strong>de</strong> Apoio ao Manejo<br />

Florestal Sustentáv<strong>el</strong> na<br />

Amazônia – ProManejo<br />

www.ibama.gov.br/promanejo<br />

• Pesquisa Acertando o Alvo<br />

www.amazonia.org.br/<br />

arquivos/13342.pdf.<br />

• R<strong>el</strong>atório Acertando o Alvo 2<br />

www.amazonia.org.br/<br />

arquivos/18432.pdf<br />

• R<strong>el</strong>atório Fatos<br />

Florestais da Amazônia<br />

www.imazon.org.br/downloads/<br />

in<strong>de</strong>x.asp?categ=1<br />

respon<strong>de</strong>m por mais <strong>de</strong> 75% das árvores <strong>de</strong>rrubadas<br />

na região Norte (FERREIRA:2005).<br />

Quando se <strong>de</strong>smata <strong>para</strong> extrair ma<strong>de</strong>ira<br />

ou formar pastagens, nosso país<br />

<strong>el</strong>imina a riqueza <strong>de</strong> uma das maiores<br />

biodiversida<strong>de</strong>s do planeta, a Amazônia,<br />

e continua cometendo um perigoso erro.<br />

Os jovens sabem que não existe solução<br />

única <strong>para</strong> evitar a <strong>de</strong>struição da floresta.<br />

Ao contrário, é preciso que antecipemos<br />

alguns problemas e incentivemos iniciativas<br />

menos <strong>de</strong>strutivas. Exemplos são o manejo<br />

florestal <strong>para</strong> retirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e a explo-<br />

ração sustentáv<strong>el</strong> <strong>de</strong> produtos por ribeirinhos<br />

e indígenas.<br />

Segundo o Projeto <strong>de</strong> Apoio ao<br />

Manejo Florestal Sustentáv<strong>el</strong> na<br />

Amazônia – ProManejo, criado<br />

no âmbito do PPG7 (<strong>Programa</strong><br />

Piloto <strong>de</strong> Proteção das Florestas<br />

Tropicais), “o Manejo Florestal é<br />

a administração da floresta <strong>para</strong><br />

obtenção <strong>de</strong> benefícios<br />

econômicos e sociais,<br />

respeitando-se os mecanismos<br />

<strong>de</strong> sustentação do ecossistema.<br />

Com a adoção do manejo, a<br />

produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira po<strong>de</strong> ser<br />

contínua ao longo dos anos.<br />

O manejo florestal também está<br />

associado aos <strong>de</strong>terminantes do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento em bases<br />

sustentáveis que são: promover o<br />

capital natural, o capital humano<br />

e institucional e ser objeto <strong>de</strong><br />

análise econômica”.<br />

(Revista da Ma<strong>de</strong>ira: 2006)<br />

Iniciativa nesse sentido é a da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Monitoramento da Dinâmica <strong>de</strong> Florestas na<br />

Amazônia Brasileira – REDEFLOR. A re<strong>de</strong> tem<br />

objetivo <strong>de</strong> gerar e disponibilizar informações<br />

sobre produtivida<strong>de</strong> da floresta, <strong>de</strong> maneira<br />

a contribuir <strong>para</strong> a <strong>el</strong>aboração <strong>de</strong> normas e<br />

políticas públicas <strong>de</strong> promoção do manejo<br />

florestal sustentáv<strong>el</strong> na Amazônia. Ainda<br />

em processo <strong>de</strong> formação, a REDEFLOR é<br />

constituída por diversas instituições que<br />

<strong>de</strong>senvolvem trabalhos com manejo florestal.<br />

Análise<br />

Percebe-se que a gran<strong>de</strong> preocupação da<br />

juventu<strong>de</strong> nortista é em r<strong>el</strong>ação à <strong>de</strong>struição<br />

da Floresta Amazônica. Esta é também<br />

gran<strong>de</strong> preocupação <strong>de</strong> outros segmentos da<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira. Realizada p<strong>el</strong>o Instituto<br />

<strong>de</strong> Estudos da R<strong>el</strong>igião (Iser) a pedido da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Políticas <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />

Sustentáv<strong>el</strong> (SDS), pesquisa com os<br />

<strong>de</strong>legados participantes da II Conferência<br />

Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong> (2005) verificou<br />

que 28% dos <strong>de</strong>legados indicaram o <strong>de</strong>smatamento<br />

da Amazônia como o principal<br />

problema ambiental brasileiro.<br />

As questões r<strong>el</strong>ativas à Amazônia têm forte<br />

ap<strong>el</strong>o <strong>para</strong> os brasileiros, principalmente p<strong>el</strong>o<br />

reconhecimento da importância <strong>de</strong> seus ecossistemas.<br />

Por outro lado, este bioma visto p<strong>el</strong>a<br />

lente <strong>de</strong> aproveitamento econômico também<br />

tem sua importância local.<br />

Historicamente, a Amazônia sempre foi vista<br />

p<strong>el</strong>a socieda<strong>de</strong> brasileira como uma região a<br />

ser explorada, fonte inesgotáv<strong>el</strong> <strong>de</strong> recursos<br />

naturais, lugar não habitado ou, quando<br />

muito, povoado por al<strong>de</strong>ias indígenas on<strong>de</strong>


115<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento ainda não chegou. Isso é<br />

um dos possíveis motivos que, ao longo do<br />

tempo, justificou a visão das políticas públicas<br />

baseadas na i<strong>de</strong>ologia da integração nacional<br />

<strong>de</strong>senvolvimentista. Isso também se <strong>de</strong>ve, por<br />

um lado, a práticas colonialistas e ao profundo<br />

<strong>de</strong>sconhecimento sobre a região. Por outro<br />

lado, também contribui <strong>para</strong> isso a falta <strong>de</strong><br />

meios <strong>para</strong> que os “povos da floresta” dêem<br />

visibilida<strong>de</strong> a sua realida<strong>de</strong> e a suas <strong>de</strong>mandas<br />

nos espaços públicos.<br />

A certificação florestal é um mecanismo<br />

processual e voluntário, cujo objetivo é avaliar<br />

se a ma<strong>de</strong>ira provém <strong>de</strong> florestas que tenham<br />

plano <strong>de</strong> manejo florestal, se o processo <strong>de</strong><br />

exploração do recurso florestal está comprometido<br />

com a redução <strong>de</strong> danos durante a<br />

extração, se há proteção da fauna e se a empresa<br />

respeita a legislação trabalhista e a comunida<strong>de</strong><br />

local. Seria a certificação dos produtos<br />

uma estratégia interessante e suficiente<br />

<strong>para</strong> a resolução <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> problema?<br />

Ao contrário do senso comum, o maior<br />

consumo da ma<strong>de</strong>ira amazônica é mesmo<br />

<strong>de</strong>ntro do país. Segundo o r<strong>el</strong>atório<br />

“Acertando o Alvo”, <strong>de</strong> 1999, 86% da ma<strong>de</strong>ira<br />

amazônica era consumida no Brasil,<br />

enquanto apenas 14% era exportada. No<br />

R<strong>el</strong>atório “Acertando o Alvo 2”, <strong>de</strong> 2002,<br />

consta que só o estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

adquiriu aproximadamente 6 milhões <strong>de</strong><br />

metros cúbicos <strong>de</strong> tora <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

amazônica no ano <strong>de</strong> 2001. Des<strong>de</strong> então<br />

o consumo interno da ma<strong>de</strong>ira amazônica<br />

tem diminuído. Segundo o r<strong>el</strong>atório Fatos<br />

Florestais da Amazônia (2005), no ano <strong>de</strong> 2004<br />

36% da produção foi exportada, enquanto<br />

27% foram consumidos nas regiões Su<strong>de</strong>ste<br />

e Sul. O estado <strong>de</strong> São Paulo, somente, foi<br />

responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>o consumo <strong>de</strong> 15% da ma<strong>de</strong>ira<br />

produzida em 2004.<br />

A juventu<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> constatar a importância<br />

da Amazônia, tem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>bruçar sobre<br />

questões críticas que ameaçam a riqueza <strong>de</strong><br />

sua biodiversida<strong>de</strong>. Devem ser somados à<br />

extração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e ao <strong>de</strong>smatamento da<br />

Amazônia tantos outros temas r<strong>el</strong>evantes <strong>para</strong><br />

o bioma, como os variados interesses envolvidos<br />

na exploração da floresta, a eficiência do<br />

Sistema Florestal Brasileiro e as contradições<br />

entre pesquisa, exploração <strong>de</strong> recursos genéticos<br />

e biopirataria – principalmente <strong>de</strong> espécies<br />

medicinais e daqu<strong>el</strong>as utilizadas p<strong>el</strong>a indústria<br />

<strong>de</strong> cosméticos. Isso po<strong>de</strong> servir como estímulo<br />

<strong>para</strong> ações práticas <strong>de</strong> mudanças <strong>para</strong>digmá-<br />

ticas no tratamento dos <strong>de</strong>safios da região.<br />

[Erika Costa, 24 anos]<br />

As diferenças <strong>de</strong> interesses e percepções<br />

sobre as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manejo ou<br />

não da Amazônia colocam <strong>de</strong>safios<br />

<strong>para</strong> a juventu<strong>de</strong>. Afinal, como<br />

encarar os conflitos entre a<br />

<strong>de</strong>manda por ma<strong>de</strong>ira e<br />

produtos florestais com<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação<br />

da floresta?


116<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A floresta clímax é aqu<strong>el</strong>a<br />

intocada ou em que a ação<br />

humana não provocou<br />

significativas alterações das<br />

suas características originais <strong>de</strong><br />

estrutura e <strong>de</strong> espécies. Também<br />

conhecida como floresta primária<br />

ou mata virgem.<br />

(SCHÄFFER & PROCHNOW:2002)<br />

• A ozonosfera é a faixa da<br />

atmosfera situada entre 30 km<br />

e 50 km <strong>de</strong> altura, on<strong>de</strong><br />

a radiação ultravioleta (UV) do Sol<br />

reage com as moléculas<br />

<strong>de</strong> oxigênio (O 2<br />

) produzindo uma<br />

gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> ozônio<br />

(O 3<br />

). As moléculas <strong>de</strong> ozônio, por<br />

sua vez, são quebradas p<strong>el</strong>os raios<br />

UV, gerando O 2<br />

e oxigênio livre.<br />

Deste modo, a camada <strong>de</strong> ozônio<br />

atua como um filtro que regula<br />

a chegada <strong>de</strong> radiação UV à<br />

superfície terrestre. A abertura <strong>de</strong><br />

buracos nesta camada, intensificada<br />

p<strong>el</strong>a emissão <strong>de</strong> gases como<br />

os CFCs, permite a passagem<br />

excessiva <strong>de</strong> raios UV, capazes<br />

<strong>de</strong> provocar mutações nos seres<br />

vivos, causando males à saú<strong>de</strong><br />

humana (tais como queimaduras,<br />

câncer <strong>de</strong> p<strong>el</strong>e, catarata e<br />

fragilização do sistema<br />

imunológico) e ao ambiente<br />

(por exemplo, redução das<br />

colheitas, <strong>de</strong>gradação do<br />

ecossistema dos oceanos e<br />

diminuição da pesca).<br />

As constantes chuvas são característica<br />

patente da Região Norte. A Amazônia tem<br />

um<br />

dos maiores índices pluviométricos do<br />

mundo, mas essa concentração <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

está se reduzindo há décadas <strong>de</strong>vido ao<br />

<strong>de</strong>smatamento continuado.<br />

Dados<br />

A região Amazônica possui precipitação<br />

média anual <strong>de</strong> aproximadamente 2.200mm<br />

por ano, embora haja regiões em que o<br />

total anual po<strong>de</strong> ultrapassar 3.500mm, como<br />

próximo à foz do rio Amazonas e na fronteira<br />

entre Brasil, Colômbia e Venezu<strong>el</strong>a.<br />

A análise dos dados <strong>de</strong> precipitação no<br />

setor sul da Amazônia aponta que as chuvas<br />

apresentaram valores até 350mm menores<br />

que a média histórica durante a estação chuvosa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004 a março <strong>de</strong> 2005.<br />

(INPE: 2005)<br />

A Amazônia viveu em 2005 a pior estiagem<br />

dos últimos 50 anos. O volume <strong>de</strong> rios<br />

diminuiu alarmantemente, igarapés secaram,<br />

peixes morreram e mais <strong>de</strong> 250 mil pessoas<br />

foram atingidas nos estados do Amazonas e<br />

do Pará. (DINIZ:2006). Futuramente, a redução<br />

do volume das chuvas po<strong>de</strong>rá ser apenas uma<br />

das conseqüências da alteração do ciclo das<br />

águas na Amazônia. O calor, que antes era<br />

amenizado p<strong>el</strong>a evaporação da água retida na<br />

mata, passa a se concentrar no ar e provoca o<br />

aumento da temperatura. O clima da região<br />

fica mais quente e seco, o que dificulta a<br />

sobrevivência <strong>de</strong> plantas e animais habituados<br />

ao ambiente úmido atual.<br />

A redução das chuvas não acaba com todas<br />

as espécies, mas diminui a biodiversida<strong>de</strong><br />

presente. O resultado po<strong>de</strong> ser uma floresta<br />

Atmosfera &<br />

Mudanças climáticas<br />

menor e mais pobre. Inf<strong>el</strong>izmente, pesquisas<br />

ainda incipientes e também as diferenças<br />

entre fontes <strong>de</strong> monitoramento dificultam a<br />

obtenção <strong>de</strong> dados rigorosos e a realização <strong>de</strong><br />

projeções precisas <strong>para</strong> a região.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A re<strong>de</strong> WWF, em r<strong>el</strong>eitura <strong>de</strong> artigos cos sobre a Amazônia e alterações climáticas,<br />

científiconcluiu<br />

que os efeitos <strong>de</strong>ssas mudanças<br />

projetam um ambiente mais quente e seco.<br />

Por exemplo, a redução substancial das chuvas<br />

po<strong>de</strong>ria causar alterações significativas<br />

nos tipos <strong>de</strong> ecossistemas encontrados no<br />

Norte, transformando entre 30% e 60% da<br />

Floresta Amazônica em Cerrado até 2050. A<br />

conseqüência <strong>de</strong>ssa mudança seria a extinção<br />

<strong>de</strong> espécies em várias partes da Amazônia.<br />

(WWF-Brasil:2006)<br />

A Floresta Amazônica, apesar <strong>de</strong> ser uma<br />

Floresta Clímax, po<strong>de</strong> ter seu status alterado<br />

<strong>para</strong> o <strong>de</strong> emissora <strong>de</strong> carbono. Cada vez mais<br />

as emissões <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> efeito estufa têm atingido<br />

patamares perigosos, em razão <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos,<br />

<strong>de</strong> queimadas e dos efeitos das<br />

alterações climáticas na região.<br />

Dados<br />

Estimativas apontam que a Amazônia é res-<br />

ponsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a absorção <strong>de</strong>, p<strong>el</strong>o menos, 10%<br />

e, no máximo, 40% <strong>de</strong> aproximadamente<br />

3 bilhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> carbono absorvidos<br />

da atmosfera p<strong>el</strong>os ecossistemas terrestres.<br />

Mesmo assim, o Brasil é o 4 o maior emissor<br />

<strong>de</strong> carbono do mundo. (WWF-Brasil: 2006)<br />

O Brasil emite 265 milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong><br />

carbono por ano, 65 milhões p<strong>el</strong>a queima<br />

<strong>de</strong> combustív<strong>el</strong> fóssil e 200 milhões com o<br />

<strong>de</strong>sflorestamento. (SUZUKI:2006)


117<br />

Conexões<br />

• Para conhecer mais o<br />

Experimento <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Escala da<br />

Biosfera-Atmosfera na Amazônia<br />

(LBA) acesse:<br />

lba.cptec.inpe.br/lba/site/#<br />

O Experimento <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Escala da<br />

Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA, Large<br />

Scale Biosphere-Atmosphere Experiment<br />

in the Amazon, , por sua sigla em inglês) é<br />

um volumoso programa <strong>de</strong> estudos, que<br />

consiste em uma das maiores experiências<br />

científicas do mundo na área ambiental.<br />

O experimento, li<strong>de</strong>rado p<strong>el</strong>o Brasil com<br />

cooperação científica internacional, soma<br />

mais <strong>de</strong> 130 diferentes propostas <strong>de</strong> pesquisa<br />

executadas ou em execução <strong>para</strong> a produção<br />

<strong>de</strong> conhecimentos sobre a Amazônia em seis<br />

áreas: física do clima, armazenamento e trocas<br />

<strong>de</strong> carbono, biogeoquímica, química da<br />

atmosfera, hidrologia e mudanças do uso da<br />

terra e cobertura vegetal.<br />

Em 1998, quando começou a<br />

primeira fase do LBA, <strong>de</strong> coleta<br />

<strong>de</strong> dados em campo, já havia 5<br />

anos <strong>de</strong> planejamento da agenda<br />

científica do projeto. Cerca <strong>de</strong><br />

280 instituições partici<strong>para</strong>m<br />

<strong>de</strong>ste esforço. Do total <strong>de</strong><br />

instituições, mais <strong>de</strong> 100 eram<br />

brasileiras e 40 amazônicas.<br />

Foram mobilizados cerca <strong>de</strong><br />

1700 pesquisadores, dos quais<br />

mais <strong>de</strong> 1000 eram brasileiros.<br />

Desses, cerca <strong>de</strong> 800 estudantes<br />

e jovens pesquisadores.<br />

Nunca antes, tantas novas informações<br />

sobre essa região do planeta foram<br />

coletadas e sistematizadas num só programa<br />

<strong>de</strong> estudos. Este projeto foi viabilizado por<br />

meio <strong>de</strong> acordos internacionais e é financiado<br />

por <strong>de</strong>stacadas agências <strong>de</strong> fomento<br />

brasileiras (MCT, CNPq, Fapesp, Finep),<br />

organismos <strong>de</strong> países da Bacia Amazônica<br />

(Venezu<strong>el</strong>a, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador)<br />

e outras instituições estado-uni<strong>de</strong>nses,<br />

além <strong>de</strong> 8 países europeus.<br />

Um importante espaço <strong>para</strong> discussão e<br />

aproveitamento das informações que têm<br />

sido disponibilizadas é o Fórum Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Mudanças Climáticas. Criado p<strong>el</strong>o<br />

Decreto n o 3.515 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000, o<br />

Fórum <strong>de</strong>ve ser presidido p<strong>el</strong>o Presi<strong>de</strong>nte<br />

da República e contar com representantes<br />

do governo e da socieda<strong>de</strong> civil. Além do<br />

Fórum, também há cientistas, empresários<br />

e ambientalistas que se reúnem em<br />

várias outras articulações não-governamentais<br />

especializadas que discutem o<br />

tema e unem esforços <strong>para</strong> a sensibilização<br />

da opinião pública.<br />

O assunto mudanças climáticas, por mais<br />

complexo que seja, não é somente um<br />

problema do futuro, mas, como já percebemos,<br />

afeta o presente e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

medidas preventivas é imediata.<br />

P<strong>el</strong>o que pu<strong>de</strong>mos observar, uma opinião<br />

generalizada entre os jovens ambientalistas<br />

é que gestores públicos e socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem<br />

traçar metas e cumprir compromissos que<br />

amenizem a emissão dos gases <strong>de</strong> efeito<br />

estufa em escala global.


118<br />

Conexões<br />

• Para saber mais sobre o<br />

Primeiro Inventário Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Emissões Antrópicas <strong>de</strong><br />

Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa acesse:<br />

www.mct.gov.br/in<strong>de</strong>x.php/<br />

content/view/17341.html<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A medida utilizada <strong>para</strong><br />

cálculos r<strong>el</strong>acionados a emissões<br />

<strong>de</strong> carbono é a Teragrama (Tg).<br />

Uma Tg equivale a 1012 gramas.<br />

• Ciclo hidrológico, ou ciclo da<br />

água, é a permanente mudança<br />

do estado da água, passando do<br />

estado sólido <strong>para</strong> o líquido e<br />

<strong>de</strong>ste <strong>para</strong> o gasoso, formando<br />

um ciclo <strong>de</strong> transformações<br />

movido p<strong>el</strong>o calor irradiado<br />

p<strong>el</strong>o sol.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Rafa<strong>el</strong> <strong>de</strong> Souza Porto Neto, 19 anos,<br />

Jovem Focal <strong>de</strong> Roraima, ao realizar ativida<strong>de</strong>s<br />

que tratam <strong>de</strong> Mudanças Climaticas cita<br />

“O Sonho do Xamã”, do poeta local Eliakin<br />

Rufino, referência entre artistas que se preocupam<br />

com a Amazônia.<br />

“Um xamã yanomami sonhou<br />

que a fumaça da civilização<br />

abriria um buraco no céu<br />

e o céu cairia no chão<br />

O xamã resolveu avisar<br />

o que o sonho queria dizer<br />

mas ninguém parou pra escutar<br />

pouca gente tentou enten<strong>de</strong>r...<br />

Muito tempo <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>ste sonho<br />

a ciência po<strong>de</strong> então <strong>de</strong>scobrir<br />

que o buraco na<br />

camada <strong>de</strong> ozônio<br />

é por on<strong>de</strong> o céu po<strong>de</strong> cair...<br />

O meu sonho é que<br />

nada aconteça<br />

que a vida não tenha final<br />

que o xamã não <strong>de</strong>sapareça<br />

que o sonho não seja real”<br />

Análise<br />

O regime <strong>de</strong> chuvas na Amazônia – com um<br />

ciclo mais chuvoso e outro menos chuvoso –<br />

impe<strong>de</strong> a <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> um período seco tal<br />

como se conhece em outras regiões, principalmente<br />

no Centro-Oeste. Em certas cida<strong>de</strong>s a<br />

chuva costuma ser uma companheira <strong>de</strong> todas<br />

as tar<strong>de</strong>s. Assim, não espanta perceber que a<br />

maior preocupação dos jovens nortistas em<br />

r<strong>el</strong>ação ao tema seja a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

alteração brusca no regime das chuvas da região<br />

e as conseqüências que isso po<strong>de</strong> trazer.<br />

Muito já se falou, e se repete, sobre a <strong>de</strong>struição<br />

da Floresta Amazônica. Tal padrão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struição resulta, em parte, da adoção <strong>de</strong><br />

políticas fundiárias nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80.<br />

Hoje essa <strong>de</strong>struição se dá, basicamente, <strong>para</strong><br />

abastecer o mercado <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e <strong>para</strong> ce<strong>de</strong>r<br />

lugar <strong>para</strong> plantações <strong>de</strong> soja ou criação <strong>de</strong><br />

gado. Os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>smatamentos realizados<br />

na região <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r a esses fins, exclusivamente<br />

<strong>de</strong> interesse econômico, colocam em<br />

risco todo o ciclo hidrológico da Amazônia.<br />

O <strong>de</strong>smatamento tem diversos efeitos<br />

negativos, como a <strong>de</strong>gradação ambiental<br />

– com perda <strong>de</strong> solo, assoreamento e contaminação<br />

–, a expropriação e a exploração<br />

social <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s locais e a concentração<br />

<strong>de</strong> terras e riqueza. Outra <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>vastadoras<br />

conseqüências é o aumento da emissão<br />

<strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa, principalmente o<br />

gás carbônico. Segundo dados do Primeiro<br />

Inventário Brasileiro <strong>de</strong> Emissões Antrópicas<br />

<strong>de</strong> Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa (MCT: 2004), divulgado<br />

na Conferência do Clima realizada em<br />

Buenos Aires, na Argentina, o <strong>de</strong>smatamento<br />

da Amazônia é responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a emissão líquida<br />

<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 118 ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> carbono por<br />

ano na atmosfera, o que equivale a 59% das<br />

emissões <strong>de</strong> carbono no país. Tal cenário contribui<br />

<strong>para</strong> fazer do Brasil um dos maiores<br />

emissores <strong>de</strong>sse gás no mundo, ao lado <strong>de</strong><br />

países como Estados Unidos e China.


119<br />

Água<br />

Rio Pacaás Novos, Guajará Mirim/RO. [Darlan Silva, 17 anos]<br />

Já<br />

pu<strong>de</strong>mos<br />

ver que a chuva é realmente<br />

muito importante <strong>para</strong> a manutenção dos rios<br />

e bacias encontrados na região Norte. Juntos,<br />

<strong>el</strong>es <strong>de</strong>scarregam cerca <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> toda a água<br />

doce <strong>de</strong>spejada nos oceanos p<strong>el</strong>a re<strong>de</strong> hidrográfica<br />

existente no globo terrestre. Dentre as<br />

bacias que existem espalhadas p<strong>el</strong>os estados<br />

do Norte, a Bacia Amazônica é uma das mais<br />

importantes <strong>para</strong> o Brasil e possui o status <strong>de</strong><br />

maior bacia hidrográfica do planeta.<br />

A Bacia Amazônica no Brasil abrange os<br />

estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre,<br />

Roraima, Rondônia e Mato Grosso. Ela é<br />

constituída por diversos rios: Amazonas (o<br />

principal rio da bacia e o maior do mundo<br />

em volume <strong>de</strong> água), Branco, Jurema, Juruá,<br />

Ma<strong>de</strong>ira, Mamoré, Negro, Purus, Solimões,<br />

Tapajós, Trombetas, Uatumã e Xingu.<br />

Há diversos protetores das águas da região,<br />

como as comunida<strong>de</strong>s indígenas, ribeirinhas<br />

e caboclas, que reconhecem a importância do<br />

rio <strong>para</strong> sua sobrevivência. Os povos e as Terras<br />

Indígenas (TI) <strong>de</strong> Roraima são<br />

exemplos <strong>de</strong> conservação dos<br />

recursos naturais, como afirmam<br />

jovens roraimenses. Sua<br />

presença e ação favorecem<br />

não só as terras indígenas,<br />

como também as <strong>de</strong>mais<br />

áreas da Amazônia.<br />

O valor simbolicamente sa-<br />

grado que a água e os rios<br />

têm nas culturas indígenas<br />

garante respeito e cuidado.<br />

São os povos das águas que, numa r<strong>el</strong>ação <strong>de</strong><br />

simbiose com o rio, tiram <strong>de</strong>le não apenas seu<br />

sustento, mas moldam também a forma como<br />

enten<strong>de</strong>m a vida. Em parte, isso assegura a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse importante recurso, não<br />

somente <strong>para</strong> a tribo, mas <strong>para</strong> todos os<br />

beneficiados rio abaixo, como aponta a<br />

juventu<strong>de</strong> ambientalista.<br />

O Monte Roraima é um dos<br />

pontos culminantes do país, com<br />

2.875 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Os indígenas<br />

venezu<strong>el</strong>anos (Pémons) e<br />

brasileiros (Ingaricós) o<br />

consi<strong>de</strong>ram como “A Casa <strong>de</strong><br />

Macunaimã”. Os Pémons o<br />

chamam ainda <strong>de</strong> “Madre<br />

<strong>de</strong> todas las Águas”.<br />

Segundo o Cons<strong>el</strong>ho Indígena <strong>de</strong> Roraima,<br />

o estado é o único da Amazônia Brasileira<br />

que engloba em seu território todas as nascentes<br />

<strong>de</strong> sua bacia hidrográfica. Além disso,<br />

todas as nascentes dos rios da bacia do Rio<br />

Branco estão em terras indígenas. Segundo<br />

informações obtidas p<strong>el</strong>o Jovem Focal Rafa<strong>el</strong><br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Próximo a sua foz, no<br />

Atlântico, o rio Amazonas chega a<br />

atingir 500m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e o<br />

volume <strong>de</strong> água chega a 300m 3 /s,<br />

o que significa que o consumo<br />

diário <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

2.000 habitantes seria suprido por<br />

1 segundo do fluxo <strong>de</strong> água do<br />

rio. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água total<br />

do rio representa cerca <strong>de</strong> 17% <strong>de</strong><br />

toda a água líquida do planeta.<br />

(Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas<br />

da Amazônia – INPA)<br />

• A lenda da Vitória-Régia reza<br />

que a lua presenteou a jovem<br />

Naia transformando-a em<br />

uma estr<strong>el</strong>a das águas. Assim,<br />

nasceu uma planta cujas flores<br />

perfumadas e brancas só abrem<br />

à noite, e ao nascer do sol<br />

ficam rosadas.<br />

• Todo pescador brasileiro, <strong>de</strong><br />

água doce ou salgada, conta<br />

histórias <strong>de</strong> moços que ce<strong>de</strong>ram<br />

aos encantos da b<strong>el</strong>a Uiara ou<br />

Iara e terminaram afogados<br />

<strong>de</strong> paixão. Ela <strong>de</strong>ixa sua casa<br />

no fundo das águas no fim da<br />

tar<strong>de</strong>. Surge magnífica nas águas:<br />

meta<strong>de</strong> mulher, meta<strong>de</strong> peixe,<br />

cab<strong>el</strong>os longos enfeitados <strong>de</strong><br />

flores verm<strong>el</strong>has. Quando a Mãe<br />

das águas canta, hipnotiza os<br />

pescadores. Por vezes, <strong>el</strong>a assume<br />

a forma humana e sai em busca<br />

<strong>de</strong> vítimas.<br />

• O Boto-rosa, na mitologia<br />

amazônica, po<strong>de</strong> emergir das<br />

águas do rio Amazonas à noite<br />

e adquirir forma humana. De<br />

peixe, transforma-se em um rapaz<br />

cuja b<strong>el</strong>eza, fala meiga e sedutora<br />

e o magnetismo do olhar atraem<br />

irresistiv<strong>el</strong>mente todas as<br />

mulheres. Conquistador <strong>de</strong><br />

corações femininos, o boto<br />

então as engravida e abandona.


120<br />

<strong>de</strong> Souza, 19 anos, os povos indígenas prestam<br />

serviço <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>ssas águas, pois se<br />

organizam, resistem e lutam contra projetos<br />

nocivos ao rio, muitas vezes se posicionando<br />

contra o governo local.<br />

O Rio Branco é formado por<br />

dois afluentes muito extensos: o<br />

Uraricoera e o Tacutu. O rio já foi<br />

chamado <strong>de</strong> Parima, Paraviana<br />

ou Queceuma, todas palavras <strong>de</strong><br />

origem indígena.<br />

(Ministério dos Transportes: 2006)<br />

Alguns projetos consi<strong>de</strong>rados p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Roraima como nocivos <strong>para</strong> os recursos<br />

hídricos da região são as barragens ao longo<br />

do rio Cotingo na TI Raposa Serra do Sol e a<br />

criação do município <strong>de</strong> Pacaraima <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

terras indígenas. Aparentemente, a expansão<br />

da capacida<strong>de</strong> term<strong>el</strong>étrica em Boa Vista/RR<br />

justifica que não se construam barragens em<br />

Cotingo. Afinal, a expansão da term<strong>el</strong>étrica<br />

tem um preço mais baixo e menos impactos<br />

socioambientais com<strong>para</strong>tivos.<br />

O município <strong>de</strong> Pacaraima foi criado p<strong>el</strong>a Lei<br />

n o 096, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1995 <strong>de</strong> maneira<br />

ilegal, pois está situado <strong>de</strong>ntro da Terra Indígena<br />

São Marcos, <strong>de</strong>marcada e homologada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992. Está localizada no divisor <strong>de</strong><br />

águas que <strong>de</strong>fine a fronteira do Brasil com a<br />

Venezu<strong>el</strong>a e, atualmente, a maioria das terras<br />

é <strong>de</strong> domínio indígena, que tem participação<br />

<strong>de</strong> 98,81 % em r<strong>el</strong>ação ao total do município.<br />

A percepção dos jovens é <strong>de</strong> que o município<br />

foi criado ilegalmente e não possui re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

saneamento. Segundo notícias publicadas<br />

p<strong>el</strong>o Cons<strong>el</strong>ho Indígena <strong>de</strong> Roraima - CIR, o<br />

matadouro municipal <strong>de</strong>scarrega os <strong>de</strong>jetos<br />

diretamente nas nascentes do rio Miang,<br />

afluente do rio Surumu. Esse fato prejudica<br />

as comunida<strong>de</strong>s indígenas situadas imediatamente<br />

rio abaixo. Estes jovens, apoiados p<strong>el</strong>o<br />

CIR, insistem que a expansão <strong>de</strong> Pacaraima<br />

está se efetuando em ritmo frenético, às<br />

custas do <strong>de</strong>smatamento, da poluição dos<br />

rios e da omissão das autorida<strong>de</strong>s ambientais<br />

municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

As conseqüências socioambientais da cons-<br />

trução <strong>de</strong> barragens são geralmente subestimadas.<br />

No entanto, com a construção<br />

<strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas, gran<strong>de</strong>s impactos po<strong>de</strong>m<br />

ser observados. A perda <strong>de</strong> ecossistemas<br />

e os problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição vegetal<br />

po<strong>de</strong>m ser severos. Ocorrem também gran<strong>de</strong>s<br />

impactos sobre as populações locais. A represa<br />

inunda suas terras, provocando a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> remoção das comunida<strong>de</strong>s. A presença<br />

<strong>de</strong> operários trazidos durante a construção<br />

da barragem e a permanência <strong>de</strong> pessoal<br />

<strong>para</strong> serviços <strong>de</strong> manutenção causam impactos<br />

negativos sobre os grupos locais além das<br />

perdas <strong>de</strong> suas terras.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Em 2000, na região Norte, o serviço <strong>de</strong> tecimento <strong>de</strong> água por re<strong>de</strong> geral alcançava<br />

abas-<br />

apenas 44,3% dos domicílios. Enquanto já é<br />

oferecido esgotamento sanitário em mais da<br />

meta<strong>de</strong> dos municípios brasileiros (52,2%), na<br />

bacia amazônica apenas 7% dos distritos-se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> municípios coletam e tratam o esgoto.<br />

(Atlas <strong>de</strong> Saneamento, IBGE: 2000)<br />

Os índios, afirmam os jovens, são os únicos<br />

que, preocupados com a situação fora <strong>de</strong> controle<br />

e cansados da inércia das autorida<strong>de</strong>s


121<br />

frente a suas <strong>de</strong>núncias,<br />

resolveram agir. Em 2002,<br />

iniciaram a construção <strong>de</strong><br />

uma cerca com o objetivo<br />

<strong>de</strong> frear o avanço do<br />

<strong>de</strong>smatamento na região<br />

conhecida como Morro<br />

do Quiabo. Mas, no dia<br />

seguinte, a cerca foi<br />

arrancada e as estacas<br />

queimadas p<strong>el</strong>a lação <strong>de</strong><br />

popu-<br />

Pacaraima.<br />

Contatos<br />

•<br />

Projeto Saú<strong>de</strong> & Alegria<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Avançados <strong>de</strong><br />

Promoção Social e Ambiental<br />

Av. Mendonça Furtado, 3979,<br />

Bairro Liberda<strong>de</strong><br />

Santarém/PA<br />

Cep: 68040-050<br />

T<strong>el</strong>: (93) 3522-2161<br />

Conexões<br />

•<br />

Para saber mais sobre o Projeto<br />

Saú<strong>de</strong> e Alegria acesse:<br />

www.sau<strong>de</strong>ealegria.org.br/<br />

Iniciativas <strong>para</strong> a utilização eficiente dos<br />

recursos hídricos já existem. O Projeto Saú<strong>de</strong><br />

& Alegria realiza um programa <strong>de</strong> saneamento<br />

nas comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas <strong>de</strong>nominado<br />

Saú<strong>de</strong> na Floresta. O projeto implantou uma<br />

série <strong>de</strong> infra-estruturas e ações <strong>de</strong> educação<br />

em saú<strong>de</strong>. Os resultados vão além do<br />

impacto direto na saú<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s<br />

beneficiadas, principalmente p<strong>el</strong>o acesso<br />

à água tratada e p<strong>el</strong>a m<strong>el</strong>horia das condições<br />

sanitárias, evitando doenças simples, mas<br />

que se tornavam graves por falta <strong>de</strong> intervenção<br />

efetiva e a<strong>de</strong>quada. Os casos <strong>de</strong><br />

Os índios já <strong>de</strong>nunciaram,<br />

inclusive na Oficina<br />

<strong>de</strong> Planejamento<br />

do Distrito Sanitário<br />

Indígena do Leste <strong>de</strong><br />

Roraima, em 2005,<br />

ameaças a sua saú<strong>de</strong><br />

causadas p<strong>el</strong>a poluição<br />

dos rios Surumu,<br />

Cotingo e do igarapé Jauari. A poluição foi cau- diarréia baixaram<br />

sada p<strong>el</strong>as lavouras <strong>de</strong> arroz que, ilegalmente,<br />

foram implantadas nas terras indígenas.<br />

<strong>de</strong> 30% <strong>para</strong> apenas 7% e as <strong>de</strong>rmatites<br />

<strong>de</strong> 50% <strong>para</strong> 22% (PSA: 2006). No <strong>de</strong>correr<br />

<strong>de</strong>sta experiência estão sendo criadas e aprimoradas<br />

as bases <strong>para</strong> consolidar um mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> que seja apropriado <strong>para</strong><br />

as populações ribeirinhas da Amazônia.<br />

Análise<br />

Expressão <strong>de</strong> jovem do Amapá. [Caio Lucas]<br />

Para além do entendimento comum <strong>de</strong> que a<br />

região Norte é o berço das águas – realmente<br />

ali se encontra a maior bacia hidrográfica do<br />

mundo – jovens percebem a estreita r<strong>el</strong>ação<br />

entre os índios e os rios, como sua fonte <strong>de</strong><br />

alimento e vida, e não apenas como uma<br />

legítima preocupação com as águas enquanto<br />

recursos hídricos. No entanto, o fato <strong>de</strong>


122<br />

haver um grandioso<br />

volume <strong>de</strong> água no Norte<br />

não reflete <strong>de</strong> maneira<br />

proporcional a preocupação<br />

da juventu<strong>de</strong><br />

por esta questão.<br />

Os r<strong>el</strong>atos levam a crer<br />

que a sacralização da<br />

água, apontada por<br />

povos indígenas, ou<br />

até mesmo a compreensão<br />

das íntimas r<strong>el</strong>ações<br />

entre os nortistas<br />

– especialmente<br />

Região <strong>de</strong> várzea nas proximida<strong>de</strong>s do rio Amazonas, Silves/AM. [Natália Jung]<br />

populações e comunida<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> ribeirinhos<br />

e seringueiros, entre outros – e seus<br />

rios, é um fator que auxilia sua conservação,<br />

p<strong>el</strong>o respeito que é conferido às águas e p<strong>el</strong>o<br />

cuidado que passa a ser necessário.<br />

<strong>para</strong> gran<strong>de</strong> parte<br />

da população urbana. Por outro<br />

lado, os esgotos <strong>de</strong>spejados diretamente nos<br />

rios são um problema que em pouco tempo se<br />

tornará mais grave, afetando principalmente<br />

as comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas. Indicadores<br />

O potencial energético, econômico, social<br />

e cultural das águas do Norte muitas vezes<br />

é palco <strong>de</strong> disputas por terras, por envolver<br />

diretamente a utilização dos recursos hídricos.<br />

Aquilo que <strong>para</strong> os pescadores é local <strong>de</strong><br />

trabalho, <strong>para</strong> os indígenas é local <strong>de</strong> rituais<br />

e lendas, <strong>para</strong> ma<strong>de</strong>ireiros é canal <strong>de</strong> escoamento<br />

<strong>de</strong> produção, <strong>para</strong> os jovens ribeirinhos<br />

alarmantes, no que diz respeito ao esgotamento<br />

sanitário na bacia hidrográfica do rio<br />

Amazonas, mostram que dos 246 municípios<br />

<strong>de</strong>ssa bacia apenas 7% dos distritos-se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> municípios coletam e tratam o esgoto.<br />

(Atlas <strong>de</strong> saneamento, IBGE: 2000). É imperativo<br />

implementar programas <strong>de</strong> saneamento<br />

<strong>para</strong> tratamento da água.<br />

é cotidiano local <strong>de</strong> habitação e <strong>para</strong> os jovens<br />

das capitais muitas vezes é preocupação com a<br />

poluição e com a falta <strong>de</strong> saneamento.<br />

Já que se amplia a percepção da água como<br />

um bem público, são exigidas, cada vez mais,<br />

ações em que a gestão e a utilização <strong>de</strong>sse<br />

Apesar <strong>de</strong> ser a maior bacia hidrográfica do<br />

mundo, a questão da água na Amazônia<br />

recurso sejam <strong>de</strong>scentralizadas e participativas<br />

o suficiente <strong>para</strong> que as características<br />

tem sérias implicações. No caso das cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas locais sejam levadas em<br />

as <strong>de</strong>ficiências do saneamento são gran<strong>de</strong>s,<br />

o que faz com que, em muitas <strong>de</strong>las, o abastecimento<br />

<strong>de</strong> água potáv<strong>el</strong> seja um problema<br />

consi<strong>de</strong>ração; mas fe<strong>de</strong>ralizadas <strong>para</strong> que,<br />

minimamente, tenhamos efetiva afirmação<br />

do domínio público sobre esse bem.


123<br />

Hidrográficas (CBHs). Como visto em outras<br />

regiões, os CBHs cumprem importante pap<strong>el</strong><br />

na gestão, proteção e recuperação dos recursos<br />

hídricos. O que a juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> fazer em<br />

função <strong>de</strong>sse panorama?<br />

Embarcação tradicional do rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />

Rondônia. [Valéria Cruz, 22 anos]<br />

A<br />

região<br />

Norte é a mais pobre em ter-<br />

mos <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> comitês <strong>de</strong> Bacias<br />

A juventu<strong>de</strong> já percebe, mais claramente, que<br />

o alcance das águas <strong>de</strong> um rio e também da<br />

poluição <strong>de</strong>ssas mesmas águas é longo e duradouro.<br />

A partir da nascente, todos estão “rio<br />

abaixo”. Assim, cuidar dos mananciais, participar<br />

dos CBHs, atentar-se <strong>para</strong> os fatores<br />

que interferem na qualida<strong>de</strong> da água e na<br />

vida do rio, como o estado <strong>de</strong> conservação<br />

<strong>de</strong> suas margens, e retomar a sensibilida<strong>de</strong><br />

que os indígenas ainda <strong>de</strong>monstram <strong>para</strong><br />

conviver com as águas, numa região muito<br />

agraciada por <strong>el</strong>as, são tarefas necessárias e,<br />

em alguns locais, já em realização.<br />

Expressão <strong>de</strong> jovem do Amapá. [Luane Abrantes Simões]


124<br />

Contatos<br />

• Administração Executiva<br />

Regional <strong>de</strong> Boa Vista/RR - FUNAI<br />

Rua Bento Brasil, 356-E, Centro<br />

Boa Vista/RR<br />

CEP: 69301-050<br />

T<strong>el</strong>.: (95) 3623-0773<br />

Terra & Alimentos<br />

• Coopaçaí<br />

Fórum Estadual <strong>de</strong> Economia<br />

Solidária<br />

Porto V<strong>el</strong>ho/RO<br />

T<strong>el</strong>: (69) 3227-0120 / 3213-5448<br />

dalvanimaria@ig.com.br<br />

Conexões<br />

• Acesse a página da FUNAI <strong>para</strong><br />

checar todas as etnias cadastradas<br />

no Brasil e a situação fundiária<br />

em:<br />

www.funai.gov.br/mapas/<br />

fr_mapa_fundiario.htm<br />

• Lendo e R<strong>el</strong>endo Gabi<br />

www.lendor<strong>el</strong>endogabi.com<br />

Como já pu<strong>de</strong>mos notar, um dos gran<strong>de</strong>s<br />

problemas enfrentados na região Norte diz<br />

respeito à <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> terras indígenas.<br />

Os povos indígenas, em seu conjunto, compõem<br />

verda<strong>de</strong>iro mosaico <strong>de</strong> micro-socieda<strong>de</strong>s<br />

com diferentes culturas. Cada comunida<strong>de</strong><br />

precisa <strong>de</strong> seu espaço, tanto <strong>para</strong> manutenção<br />

<strong>de</strong> seu ambiente, como <strong>para</strong> preservação <strong>de</strong><br />

seu modo <strong>de</strong> vida.<br />

As Terras Indígenas (TI) são <strong>de</strong> extrema importância<br />

<strong>para</strong> o Brasil e <strong>para</strong> o mundo, tanto<br />

<strong>para</strong> a conservação da biodiversida<strong>de</strong> dos biomas,<br />

quanto <strong>para</strong> a preservação do patrimônio<br />

biológico e do conhecimento milenar indígena.<br />

Afinal, segundo a FUNAI/ISA, os povos indígenas<br />

da Amazônia conhecem mais <strong>de</strong> 1.300<br />

plantas medicinais, das quais p<strong>el</strong>o menos 90<br />

são utilizadas comercialmente.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A partir <strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> dados oficiais<br />

<strong>de</strong> 2003 acerca da Amazônia, a FUNAI/ISA<br />

concluiu que as TI têm índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento<br />

inferior (1,14%) aos das Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>rais (1,47%) e estaduais<br />

(7,01%). A Revista <strong>de</strong> Estudos Avançados<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo mostra<br />

que o <strong>de</strong>smatamento foi cerca <strong>de</strong> 10 a 20<br />

vezes menor <strong>de</strong>ntro das UCs e TIs do que<br />

em áreas contíguas fora <strong>de</strong>las. Com isso,<br />

percebemos que as TI cumprem função<br />

importante na conservação e uso racional dos<br />

recursos na Amazônia.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong>ssas áreas,<br />

como se percebe nas impressões da juventu<strong>de</strong><br />

ambientalista local, é evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tal<br />

processo seja transparente e realizado em conjunto<br />

entre a socieda<strong>de</strong>, o governo e os índios.<br />

Os jovens ambientalistas, que muitas vezes<br />

Dados<br />

Hoje, no Brasil, vivem cerca <strong>de</strong> 350 mil índios<br />

em al<strong>de</strong>ias, distribuídas em 215 socieda<strong>de</strong>s<br />

indígenas. São mais <strong>de</strong> 180 línguas indígenas<br />

diferentes e cerca <strong>de</strong> 30 famílias lingüísticas.<br />

Mais <strong>de</strong> 140 <strong>de</strong>sses povos são representados<br />

por menos <strong>de</strong> 1.000 indivíduos e há, p<strong>el</strong>o<br />

menos, 55 grupos isolados ou não-contatados.<br />

De um total <strong>de</strong> 611 terras indígenas, 488 já<br />

foram p<strong>el</strong>o menos <strong>de</strong>limitadas e ocupam<br />

12,41% do total do território brasileiro.<br />

Estatísticas <strong>el</strong>aboradas p<strong>el</strong>o Incra mostram<br />

que as terras aproveitáveis à agricultura e<br />

outras ativida<strong>de</strong>s econômicas e não-exploradas<br />

correspon<strong>de</strong>m ao dobro <strong>de</strong> todas as<br />

terras indígenas. (FUNAI: 2005)<br />

trabalham lado a lado com os índios, apontam<br />

que, <strong>de</strong>ntre as tribos que lutam p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>marcação<br />

<strong>de</strong> suas terras, somente no estado <strong>de</strong><br />

Roraima, estão:<br />

Macuxi, <strong>de</strong> origem Karib, vivem em várias<br />

partes do estado <strong>de</strong> Roraima, contam com<br />

aproximadamente 18 mil pessoas e lutam<br />

há mais <strong>de</strong> 20 anos p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> suas<br />

terras. A reserva <strong>de</strong> Raposa Serra do Sol, que<br />

fica localizada no nor<strong>de</strong>ste do estado, foi<br />

homologada somente em abril <strong>de</strong> 2005.<br />

Ye’kuana, <strong>de</strong> origem Karib, vivem no noroeste<br />

<strong>de</strong> Roraima, na divisa com a Venezu<strong>el</strong>a e<br />

<strong>de</strong>ntro da área Yanomami. Com aproximadamente<br />

500 pessoas, são conhecidos por seu<br />

b<strong>el</strong>o artesanato.<br />

Waimiri-Atroari, <strong>de</strong> origem Karib, vivem no


sul <strong>de</strong> Roraima, na divisa com o Amazonas.<br />

São aproximadamente 830 pessoas e ficaram<br />

conhecidos internacionalmente p<strong>el</strong>os conflitos<br />

na abertura da BR-174, que liga Manaus<br />

a Boa Vista.<br />

Wapixana, <strong>de</strong> origem Arawak, vivem no norte<br />

e no leste <strong>de</strong> Roraima, na divisa com a Guiana.<br />

Consistindo em aproximadamente 8 mil<br />

pessoas, <strong>el</strong>es mantêm viva sua cultura através<br />

<strong>de</strong> suas danças e comidas.<br />

Waiwaí, <strong>de</strong> origem Karib, vivem no sul do<br />

estado <strong>de</strong> Roraima, na divisa com o estado<br />

do Pará. Têm aproximadamente 500 pessoas<br />

e praticam o “matriarcado”. Crêem na lenda<br />

das antigas “Guerreiras Amazonas”.<br />

Ingaricô, <strong>de</strong> origem Karib, vivem no extremo<br />

norte <strong>de</strong> Roraima, nas fronteiras com a<br />

Venezu<strong>el</strong>a e a Guiana, em estado semi-isolado.<br />

São aproximadamente 1.000 pessoas e se auto<strong>de</strong>nominam<br />

Kapon, que significa “Gente do céu”.<br />

Taurepang, <strong>de</strong> origem Karib, vivem nas<br />

terras indígenas São Marcos, próximo à<br />

fronteira com a Venezu<strong>el</strong>a, e contam com<br />

aproximadamente 1.000 pessoas. Eles mantêm<br />

contato permanente com os índios<br />

Pémon da Venezu<strong>el</strong>a, com os quais possuem<br />

intensa r<strong>el</strong>ação comercial.<br />

É fundamental também tratar o problema do<br />

avanço da fronteira agrícola da soja sobre a<br />

Amazônia. Além <strong>de</strong> ser a responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>o<br />

aumento do <strong>de</strong>smatamento do bioma nos<br />

últimos anos, a agricultura extensiva prejudica<br />

a agricultura familiar com a compra <strong>de</strong><br />

pequenas proprieda<strong>de</strong>s dos trabalhadores<br />

rurais – que ven<strong>de</strong>m suas terras iludidos<br />

p<strong>el</strong>o projeto <strong>de</strong> vida m<strong>el</strong>hor na cida<strong>de</strong> – ,<br />

reduzindo a principal fonte econômica <strong>para</strong> as<br />

populações rurais da Amazônia e <strong>de</strong> abastecimento<br />

dos mercados das cida<strong>de</strong>s da região.<br />

Com a chegada do agronegócio, principalmente<br />

com o cultivo da soja, a oferta <strong>de</strong><br />

produtos nas feiras diminuiu e os preços<br />

aumentaram. Tudo isso tem conseqüências<br />

<strong>para</strong> a alimentação da população, afinal a<br />

soja produzida não é utilizada <strong>para</strong> consumo<br />

local. Além disso, a expansão da soja na região<br />

tem gerado vários problemas sociais, como a<br />

pressão exercida sobre famílias <strong>para</strong> <strong>de</strong>ixarem<br />

suas terras e o processo <strong>de</strong> fav<strong>el</strong>ização da<br />

periferia <strong>de</strong> centros urbanos como Santarém,<br />

B<strong>el</strong>ém e Manaus. A agricultura familiar, em<br />

contrapartida, é capaz <strong>de</strong> gerar mais empregos<br />

que as gran<strong>de</strong>s fazendas e criar maior<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> as<br />

comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

Para além disso, sabemos que muitas espécies<br />

da região estão começando a ganhar o mercado<br />

nacional e mundial, como o cupuaçu<br />

(Theobroma Grandiflorum) e o açaí, ou como<br />

a andiroba (Carapa guianensis Aubl.) com suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s medicinais.<br />

O Açaí (Euterpe precatoria) é uma palmeira que<br />

ocorre em várias regiões da Amazônia. A procura<br />

p<strong>el</strong>o palmito e p<strong>el</strong>a polpa dos frutos <strong>para</strong> fabricação<br />

<strong>de</strong> sucos, sorvetes e outras especiarias<br />

vem sendo alavancada <strong>de</strong>vido a seu <strong>de</strong>licioso<br />

sabor e altíssimo potencial energético<br />

comprovado cientificamente. A<br />

procura p<strong>el</strong>o produto não se limita às comunida<strong>de</strong>s<br />

locais, mas ocorre também nos gran-<br />

125<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A farinha-<strong>de</strong>-mandioca, manic<br />

ou manibot, era feita ralando-se a<br />

raiz que cresce <strong>de</strong>ntro da terra em<br />

três ou quatro meses. Depois <strong>de</strong><br />

arrancá-la, secavam-na ao fogo ou<br />

ralavam-na, ainda fresca, numa<br />

prancha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira cravejada <strong>de</strong><br />

pedrinhas pontudas. Reduzida a<br />

uma farinha alva e empapada, era<br />

levada a um recipiente comprido<br />

<strong>de</strong> palha trançada (tipiti). Então,<br />

era escorrida e secada. O que<br />

escorre é um veneno mortal, por<br />

culpa do ácido cianídrico, que o<br />

sol faz <strong>de</strong>saparecer em dois ou<br />

três dias, <strong>de</strong>ixando a manipueira<br />

livre <strong>de</strong> perigo. O resultado é o<br />

tucupi, ingrediente essencial <strong>de</strong><br />

um dos mais típicos pratos da<br />

cozinha brasileira, o pato<br />

ao tucupi.<br />

( www.terrabrasileira.net )<br />

• Conta-se que, há cerca <strong>de</strong><br />

500 anos, existiu próximo às<br />

cabeceiras do rio Jamundá,<br />

na região Amazônica, um reino<br />

<strong>de</strong> mulheres guerreiras, as<br />

Icamiabas. O contato com homens<br />

era esporádico, pois <strong>el</strong>as viviam<br />

completamente isoladas. No<br />

dia em que comemoravam suas<br />

vitórias, uma gran<strong>de</strong> festivida<strong>de</strong><br />

era organizada e durante a noite,<br />

<strong>el</strong>as mergulhavam no lago<br />

sagrado <strong>de</strong>nominado “Yaci<br />

Uarua” (Esp<strong>el</strong>ho da Lua), como<br />

um ritual <strong>de</strong> purificação.<br />

Clamavam p<strong>el</strong>a Gran<strong>de</strong> Mãe das<br />

Pedras Ver<strong>de</strong>s, que entregava<br />

a cada mulher a ja<strong>de</strong>, chamada<br />

<strong>de</strong> “Muiraquitã”. Esse talismã<br />

trazia a <strong>el</strong>as proteção material e<br />

espiritual e era oferecido como<br />

presente ao futuro pai <strong>de</strong> seus<br />

filhos, embora apenas as meninas<br />

fossem mantidas vivas.<br />

• O nome açaí, <strong>de</strong> acordo com a<br />

lenda <strong>de</strong> Rondônia, origina-se <strong>de</strong><br />

uma índia chamada Iaçã (é açaí <strong>de</strong><br />

trás pra frente) que <strong>de</strong>scobriu o<br />

fruto e salvou sua filha da morte.


126<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Nos Estados Unidos a marca<br />

“Açaí” (neste sistema a letra ç não<br />

é válida) foi registrada em março<br />

<strong>de</strong> 2001 e abandonada em março<br />

<strong>de</strong> 2002. A marca está disponív<strong>el</strong>.<br />

Quem será o próximo dono <strong>de</strong>sta<br />

palavra? (www.biopirataria.org)<br />

• O governo brasileiro disse que<br />

vai entrar com o pedido <strong>de</strong> anu-<br />

lação da marca “Açaí”, registrada<br />

junto ao Instituto <strong>de</strong> Harmonização<br />

do Mercado Interno (IHMI),<br />

da União Européia (UE), válido<br />

<strong>para</strong> todos os países membros<br />

do bloco e situado na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Alicante, Espanha. (BBC Brasil:<br />

maio <strong>de</strong> 2006)<br />

[Betânia Av<strong>el</strong>ar, 22 anos]<br />

<strong>de</strong>s centros nacionais.<br />

Mas, <strong>de</strong>vemos<br />

estar atentos às<br />

intenções<br />

por<br />

trás das <strong>de</strong>sco-<br />

bertas r<strong>el</strong>acionadas<br />

à biodiversida<strong>de</strong><br />

da Amazô-<br />

nia, pois nossos conhecimentos e produtos<br />

po<strong>de</strong>m sofrer com o processo da biopirataria.<br />

O termo “biopirataria” foi<br />

lançado em 1993. Preten<strong>de</strong><br />

significar a apropriação <strong>de</strong> recursos<br />

biogenéticos e/ou conhecimentos<br />

<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s tradicionais por<br />

indivíduos ou instituições que<br />

procuram o controle exclusivo<br />

ou monopólio <strong>de</strong>stes recursos e<br />

conhecimentos. Esses indivíduos e<br />

instituições não pe<strong>de</strong>m autorização<br />

estatal ou das comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>tentoras dos conhecimentos e/ou<br />

recursos. Tampouco há repartição<br />

justa e eqüitativa <strong>de</strong> benefícios<br />

oriundos <strong>de</strong>stes acessos e<br />

apropriações. (www.biopirataria.org)<br />

A potencialida<strong>de</strong> <strong>para</strong> os mercados nacional<br />

e internacional é gran<strong>de</strong> e já existem várias<br />

marcas <strong>para</strong> a comercialização <strong>de</strong> frutos<br />

brasileiros. A Campanha contra a Biopirataria<br />

<strong>de</strong>nuncia, por exemplo, que o próprio nome<br />

da planta “Açaí” se tornou marca registrada<br />

na União Européia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001.<br />

Análise<br />

A diversida<strong>de</strong> cultural não faz parte da experiência<br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> muitos brasileiros, e isso fica<br />

<strong>de</strong>monstrado p<strong>el</strong>o <strong>de</strong>sconhecimento vigente<br />

das particularida<strong>de</strong>s dos povos indígenas. A<br />

juventu<strong>de</strong> da região Norte, diferentemente,<br />

percebe a importância dos povos indígenas,<br />

suas especificida<strong>de</strong>s, e a r<strong>el</strong>evância da <strong>de</strong>marcação<br />

das suas terras.<br />

Isso se <strong>de</strong>ve à gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> povos<br />

indígenas que vivem na região. A proximida<strong>de</strong><br />

espacial, cultural e étnica entre os jovens<br />

nortistas e as populações indígenas proporciona<br />

maior conhecimento sobre os hábitos<br />

e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s, o que<br />

impe<strong>de</strong> a simplificação do entendimento<br />

da questão indígena como algo uniforme e<br />

homogêneo. Segundo estimativa do Instituto<br />

Socioambiental – ISA (2006), 60%<br />

da população indígena brasileira vive na<br />

Amazônia Legal, e apenas no estado do<br />

Amazonas encontram-se 53 povos indígenas.<br />

O conhecimento p<strong>el</strong>o convívio com as populações<br />

indígenas possibilita ao jovem um olhar<br />

diferenciado sobre as diferenças alimentares<br />

e a utilização alternativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

produtos agrícolas. É com base nesses entendimentos,<br />

além <strong>de</strong> outros, que surgem a questão<br />

da biopirataria e a discussão sobre proprieda<strong>de</strong><br />

int<strong>el</strong>ectual das comunida<strong>de</strong>s tradicionais.<br />

A apropriação do conhecimento por agentes<br />

externos a estes grupos recoloca as discussões<br />

dos direitos e suas formas <strong>de</strong> reconhecimento,<br />

assim como a compensação por royalties <strong>para</strong><br />

que os grupos indígenas possam ter algum<br />

tipo <strong>de</strong> benefício. No entanto, o <strong>de</strong>bate se<br />

<strong>de</strong>sdobra <strong>para</strong> o entendimento do encontro<br />

<strong>de</strong> dois sistemas <strong>de</strong> direito, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> conhecimento, que nem sempre se dá<br />

<strong>de</strong> maneira harmônica, pois está construído<br />

sobre princípios e valores distintos.


127<br />

Energia & Transporte<br />

Conexões<br />

• Informações e ações da<br />

campanha Viva o Rio<br />

Ma<strong>de</strong>ira Vivo<br />

www.rioma<strong>de</strong>iravivo.org<br />

A região Norte tem gran<strong>de</strong> potencial hídrico.<br />

Vários são os projetos <strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas já instaladas<br />

em seus rios e outros tantos ainda estão<br />

em processo <strong>de</strong> instalação. Mas, sabemos que<br />

as hidr<strong>el</strong>étricas acarretam consigo muitos problemas<br />

socioambientais. Jovens preocupados<br />

com isso têm se organizado <strong>para</strong> evitar que tais<br />

projetos sejam aprovados sem levar em consi<strong>de</strong>ração<br />

o fator ambiental e humano das comunida<strong>de</strong>s<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos recursos hídricos.<br />

“Não <strong>de</strong>ixo mais quieto<br />

nem fico calado<br />

É, meu manifesto tem<br />

que ser valorizado<br />

Tentei te avisar sobre aqu<strong>el</strong>e lugar<br />

Sobre as coisas que sei e<br />

prometi não contar<br />

Preste atenção no que <strong>el</strong>e vai contar<br />

Sem mesmo perguntar eu<br />

sei <strong>el</strong>e vai falar<br />

Que vão explodir minha<br />

cachoeira aqui<br />

Mas é assim, se tem dinheiro po<strong>de</strong><br />

mandar <strong>de</strong>struir”<br />

Música “Em cima da pedra”,<br />

Banda Ultimato – Porto V<strong>el</strong>ho/RO<br />

O lançamento da cartilha Viva o Rio Ma<strong>de</strong>ira<br />

Vivo (2005) com os impactos socioambientais<br />

previstos <strong>de</strong>vido à construção das usinas<br />

hidr<strong>el</strong>étricas Santo Antônio e Jirau, no Rio<br />

Ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>u início à mobilização contra a<br />

construção das hidr<strong>el</strong>étricas.<br />

consumo total <strong>de</strong> energia em Rondônia, <strong>de</strong><br />

106.455 MW/ano (CERON: 2003). A construção<br />

das duas barragens faz parte da viabilização<br />

da hidrovia do rio Ma<strong>de</strong>ira, que permitirá o<br />

transporte e escoamento da soja do Centro-<br />

Oeste <strong>para</strong> Oceano Pacífico, passando p<strong>el</strong>a<br />

Bolívia e p<strong>el</strong>o Peru.<br />

As impressões dos jovens rondonianos indicam<br />

que os problemas, já apontados na cartilha,<br />

envolvem a perda do patrimônio histórico e<br />

o inchamento populacional <strong>de</strong> Porto V<strong>el</strong>ho,<br />

além do assoreamento do rio Ma<strong>de</strong>ira nos<br />

trechos anteriores às barragens. Estima-se que<br />

<strong>de</strong>verão ser reassentados 2 mil ribeirinhos.<br />

Esses ribeirinhos per<strong>de</strong>rão sua maior fonte <strong>de</strong><br />

renda, a pesca, e terão suas casas alagadas.<br />

Po<strong>de</strong>rão enfrentar dificulda<strong>de</strong>s em conseguir<br />

in<strong>de</strong>nização por não possuírem documento<br />

<strong>de</strong> posse da terra. Inf<strong>el</strong>izmente, já são esperadas<br />

alterações ambientais nocivas a animais<br />

e plantas que hoje são protegidos <strong>de</strong>ntro das<br />

estações ecológicas <strong>de</strong> Moji Canava e Serra<br />

Dois Irmãos, inseridas na área <strong>de</strong> influência<br />

das usinas.<br />

“Aqui no estado só o lado bom<br />

do empreendimento está sendo<br />

apresentado às pessoas, p<strong>el</strong>a<br />

Furnas, p<strong>el</strong>a mídia e p<strong>el</strong>o<br />

governo. É o começo <strong>de</strong> uma<br />

campanha popular <strong>de</strong><br />

mobilização contra essas obras”.<br />

Alexis Bastos – Organização Rioterra.<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A bacia com o maior potencial<br />

hidr<strong>el</strong>étrico em operação é a<br />

do Paraná, embora o maior<br />

potencial real (quase que<br />

inexplorado) seja o da Bacia<br />

Amazônica. Dentre os vários<br />

motivos <strong>de</strong>ssa inativida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>staca-se o alto custo da<br />

produção <strong>de</strong> energia<br />

hidr<strong>el</strong>étrica na região:<br />

cerca <strong>de</strong> U$ 3.000 por KW.<br />

Saiba +<br />

• Veja ITAIPU na Região Sul.<br />

Segundo a Eletrosul, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração<br />

das novas hidr<strong>el</strong>étricas será <strong>de</strong> 7000MW, o<br />

equivalente à meta<strong>de</strong> da energia produzida<br />

p<strong>el</strong>a usina hidr<strong>el</strong>étrica <strong>de</strong> Itaipu e 15 vezes o<br />

Vale lembrar o gran<strong>de</strong> potencial <strong>para</strong> a<br />

instalação <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia alternativa<br />

na região, como o uso da biomassa e da<br />

energia solar. Segundo a revista T & C Amazô-


128<br />

nia, <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2005, o aproveitamento <strong>de</strong><br />

fontes alternativas <strong>de</strong> energia na Amazônia é<br />

indispensáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> o uso racional das fontes<br />

disponíveis na região Norte. Além <strong>de</strong> corrigir<br />

ou, p<strong>el</strong>o menos, m<strong>el</strong>horar a distorção inaceitáv<strong>el</strong><br />

associada à distribuição <strong>de</strong> bens e serviços<br />

na região, a iniciativa po<strong>de</strong>ria levar alguns direitos<br />

e benefícios básicos às comunida<strong>de</strong>s interioranas<br />

– água potáv<strong>el</strong>, conservação <strong>de</strong> alimentos,<br />

vacinas e medicamentos, m<strong>el</strong>horia do nív<strong>el</strong><br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação. Esses<br />

direitos e benefícios fortalecem a cidadania.<br />

Outro problema preocupante que acontece na<br />

região é a construção <strong>de</strong> trechos rodoviários<br />

<strong>para</strong> integração regional e <strong>para</strong> escoamento<br />

da produção <strong>de</strong> fazendas <strong>de</strong> soja, principal<br />

produto <strong>de</strong> exportação brasileiro atualmente.<br />

O cultivo da soja progri<strong>de</strong>, acompanhado p<strong>el</strong>a<br />

criação <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>para</strong> seu transporte,<br />

e influencia diretamente o aumento dos<br />

índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento.<br />

A BR-163, por exemplo, que liga Cuiabá/MT<br />

a Santarém/PA, <strong>de</strong>ve ser completamente<br />

asfaltada em futuro próximo, segundo promessas<br />

do Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Do total do <strong>de</strong>smatamento brasileiro, 85%<br />

ocorrem nos 50km <strong>de</strong> cada lado das rodovias.<br />

Nos últimos anos, a produção <strong>de</strong> soja ao longo<br />

da parte pavimentada da BR-163 saltou <strong>de</strong><br />

2,4 mil hectares, em 2002, <strong>para</strong> mais <strong>de</strong> 44<br />

mil hectares, em 2005. O crescimento foi <strong>de</strong><br />

aproximadamente 20 vezes em três anos.<br />

Ou seja, os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>smatamentos se dão<br />

junto ao asfalto da estrada e o asfaltamento<br />

favorece os <strong>de</strong>smatamentos.<br />

(Greenpeace: 2005)<br />

Tanto a Cargill quanto a Bunge têm comprado<br />

soja <strong>de</strong> fazendas localizadas na área atendida<br />

p<strong>el</strong>a BR-163. Segundo ambientalistas da<br />

região, Cargill, ADM e Bunge são parceiras no<br />

financiamento do projeto <strong>para</strong> pavimentar<br />

o restante da estrada <strong>para</strong> ac<strong>el</strong>erar o acesso<br />

ao novo porto gran<strong>el</strong>eiro, construído ilegalmente<br />

p<strong>el</strong>a Cargill em Santarém/PA. Um porto<br />

no meio da Floresta Amazônica é o lado mais<br />

visív<strong>el</strong> do po<strong>de</strong>r da soja no Norte do Brasil.<br />

Ele foi construído por uma empresa estadouni<strong>de</strong>nse<br />

<strong>para</strong> facilitar o transporte <strong>de</strong><br />

milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas do produto <strong>para</strong> o mercado<br />

da Europa. No entanto, a própria existência<br />

legal do porto é contestada na Justiça.<br />

Uma segunda rodovia da soja, <strong>de</strong> 120km, que<br />

foi construída ilegalmente, sai da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

F<strong>el</strong>iz Natal/MT até terminar <strong>de</strong> forma abrupta<br />

na fronteira oeste do Parque Indígena do<br />

Xingu. Entretanto, o problema não se limita<br />

às rodovias; também há a construção <strong>de</strong><br />

portos <strong>para</strong> exportação do produto.<br />

Esses problemas representam somente os<br />

impactos diretos na construção <strong>de</strong>ssas estradas.<br />

Somam-se ainda a <strong>el</strong>es os impactos indiretos,<br />

<strong>de</strong>correntes do processo <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado<br />

<strong>de</strong> ocupação da região.<br />

Análise<br />

A questão das hidr<strong>el</strong>étricas, como tratado na<br />

região Sul, é um assunto bastante importante<br />

<strong>para</strong> a juventu<strong>de</strong> da região Norte. Isso se dá<br />

principalmente p<strong>el</strong>a constatação juvenil dos<br />

problemas socioambientais <strong>de</strong>correntes da instalação<br />

<strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas como fonte geradora<br />

<strong>de</strong> energia. Além da participação ativa, a juventu<strong>de</strong><br />

tem formulado materiais <strong>de</strong> apoio alertando<br />

as pessoas sobre os impactos negativos que


129<br />

Conexões<br />

• <strong>Programa</strong> Energia Produtiva<br />

www.winrock.org.br<br />

a escolha política por este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção<br />

energético acarreta, como reassentamentos<br />

humanos forçados, assoreamento das margens<br />

dos rios, <strong>de</strong>preciação do patrimônio histórico e<br />

inchaço populacional.<br />

Esses impactos ocorrem principalmente com<br />

a construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s barragens e usinas<br />

hidr<strong>el</strong>étricas, mas talvez pu<strong>de</strong>ssem ser muito<br />

reduzidos no caso <strong>de</strong> pequenos sistemas <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> energia. A exemplo disso, o<br />

<strong>Programa</strong> Energia Produtiva tem <strong>de</strong>senvolvido<br />

experiências com mini-centrais hidro<strong>el</strong>étricas<br />

que são feitas com mínimo impacto ambiental<br />

<strong>para</strong> oferecer energia limpa e permanente <strong>para</strong><br />

pequenas comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a re<strong>de</strong> pública não<br />

consegue chegar.<br />

Além disso, outras fontes <strong>de</strong> energia têm sido<br />

implementadas na região. O Amazonas é o<br />

estado com a segunda maior produção <strong>de</strong> gás<br />

natural do Brasil, em Urucu/AM, ficando atrás<br />

apenas do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Com o objetivo <strong>de</strong><br />

aproveitar essa produção está sendo construído<br />

um gasoduto que corta 670km da Amazônia.<br />

O gás será usado em term<strong>el</strong>étricas na capital<br />

manauara, beneficiando, <strong>de</strong> alguma forma, a<br />

população local. Será? Para quem é produzida a<br />

energia? Para aten<strong>de</strong>r o aumento populacional<br />

ou as exigências <strong>de</strong> consumo das indústrias?<br />

A riqueza da biodiversida<strong>de</strong> da Amazônia está<br />

sendo colocada em segundo plano em r<strong>el</strong>ação<br />

ao aproveitamento estratégico <strong>de</strong> sua localização<br />

espacial, que envolve diferentes países<br />

e tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> seus rios<br />

como meio <strong>para</strong> escoamento <strong>de</strong> produtos agrícolas,<br />

em especial a soja. Os riscos ambientais<br />

<strong>de</strong> uma obra do porte <strong>de</strong> uma hidrovia <strong>de</strong>vem<br />

ser avaliados e <strong>de</strong>ve haver preocupação ambiental<br />

na mitigação dos impactos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

construção, tal qual o polêmico caso da BR-163.<br />

Mesmo não tendo sido asfaltada por completo,<br />

o agravamento da situação fundiária na área <strong>de</strong><br />

influência da BR-163 não é mais uma ameaça, e<br />

sim fato que requer ação re<strong>para</strong>tória. Essa situação<br />

mereceu, embora tardiamente, respostas do<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral às ações predatórias através<br />

<strong>de</strong> medidas emergenciais e políticas públicas na<br />

área <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento fundiário, por meio do<br />

Projeto BR-163 Sustentáv<strong>el</strong>, que vem mudando<br />

o antigo cenário regional do ponto <strong>de</strong> vista da<br />

<strong>de</strong>manda social e ambiental das populações<br />

locais e dos movimentos sociais.<br />

A criação na região <strong>de</strong> um mosaico <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Conservação (6,4 milhões <strong>de</strong> hectares), bem<br />

como do 1 o Distrito Florestal Sustentáv<strong>el</strong>, com<br />

abrangência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 16 milhões <strong>de</strong> hectares,<br />

e a aprovação da Lei <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Florestas<br />

Públicas, são marcos fundamentais que inibem<br />

a exploração predatória e a grilagem <strong>de</strong> terras.<br />

A r<strong>el</strong>evância estratégica da Amazônia <strong>de</strong>ve ser<br />

pensada consi<strong>de</strong>rando suas diversas perspectivas,<br />

já que o entendimento <strong>de</strong> seu aproveitamento<br />

é bastante diverso; nos extremos<br />

estão: o aproveitamento <strong>de</strong> seu potencial <strong>de</strong><br />

conservação <strong>de</strong> variadas espécies <strong>de</strong> fauna e <strong>de</strong><br />

flora e o ajustamento da região <strong>para</strong> a constituição<br />

<strong>de</strong> vias <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> produtos<br />

agrícolas, extração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, instalação <strong>de</strong><br />

barragens e hidrovias e pastos <strong>para</strong> a criação<br />

<strong>de</strong> gado, visando o <strong>de</strong>senvolvimento econômico.<br />

Cabe perguntar como a juventu<strong>de</strong> socioambientalista<br />

espera enfrentar os dilemas das<br />

lógicas contraditórias entre dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Mais ainda, qual é o mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que a juventu<strong>de</strong> quer <strong>para</strong><br />

a Amazônia – que tem particularida<strong>de</strong>s muito<br />

diferentes <strong>de</strong> outras regiões do país? Esse mo<strong>de</strong>lo<br />

já existe ou teremos que <strong>de</strong>senvolvê-lo?


130<br />

Contatos<br />

• SEJA - Secretaria Extraordinária<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> do Acre<br />

Av. Nações <strong>Unidas</strong>, 312, Bosque<br />

T<strong>el</strong>: (68) 3244-1287 / 3223-2241<br />

www.ac.gov.br/juventu<strong>de</strong><br />

Legislação Ambiental<br />

Saiba +<br />

• Para saber um pouco mais sobre<br />

as leis ambientais veja também<br />

Legislação Ambiental na Região<br />

Su<strong>de</strong>ste<br />

A juventu<strong>de</strong> tem se mobilizado <strong>para</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

mais sobre questões políticas na região Norte.<br />

Um retrato disso é a constituição do Fórum<br />

Interno <strong>de</strong> Porto V<strong>el</strong>ho/RO, que promove<br />

reuniões periódicas envolvendo os setores do<br />

governo ligados à área <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano e inclusão social.<br />

O Fórum tem a missão <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater, formular<br />

e executar as políticas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>, estab<strong>el</strong>ecendo<br />

a transversalida<strong>de</strong> do tema. Também<br />

acompanha e monitora as Políticas Públicas<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> sob coor<strong>de</strong>nação da Secretaria<br />

Extraordinária <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rondônia.<br />

Uma rápida avaliação mostrou que o Fórum<br />

Interno constitui eficiente ferramenta <strong>de</strong><br />

gestão, que precisa ser mais valorizada<br />

enquanto ação <strong>de</strong> estado.<br />

Outros projetos, como o “Cara Pintada”,<br />

o “Sarau da Juventu<strong>de</strong>” e o “Circulando”,<br />

unidos no programa Juventu<strong>de</strong> N’ativa da<br />

Secretaria Extraordinária <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> do<br />

Acre - SEJA, também estão acontecendo na<br />

região Norte. Tais projetos buscam o envolvi-<br />

mento do jovem com o cenário político atual<br />

e o incentivam a participar <strong>de</strong> movimentos,<br />

manifestações ou mesmo a colocar o tema<br />

política em suas discussões.<br />

Projeto Cara-Pintada<br />

O Cara-Pintada é um projeto<br />

que visa à participação social dos<br />

alunos por meio da atuação dos<br />

grêmios estudantis e do incentivo<br />

à criação <strong>de</strong> novos grêmios nas<br />

escolas. Os jovens atuantes no<br />

projeto buscam fazer um resgate<br />

do movimento “cara-pintada”,<br />

<strong>de</strong> 1992, formado por estudantes,<br />

que teve gran<strong>de</strong> influência nas<br />

<strong>de</strong>cisões políticas do país.<br />

(SEJA: 2006)<br />

Metodologia<br />

Projeto Circulando<br />

A meta do Circulando é promover a formação<br />

<strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> o exercício da cidadania, i<strong>de</strong>ntificando<br />

as li<strong>de</strong>ranças juvenis comunitárias.<br />

Passo 1: Realizar pesquisa básica sobre os<br />

grupos juvenis e jovens que atuam como<br />

protagonistas na socieda<strong>de</strong>.<br />

Passo 2: Realizar s<strong>el</strong>eção dos critérios estab<strong>el</strong>ecidos.<br />

Isto é, jovens na faixa etária entre 16<br />

e 24 anos, <strong>de</strong> baixa renda e que participem<br />

<strong>de</strong> algum grupo juvenil ou realizem ações <strong>de</strong><br />

cunho social <strong>de</strong> forma voluntária.<br />

Passo 3: Realizar processo <strong>de</strong> capacitação em<br />

três etapas:<br />

1) Protagonismo juvenil e políticas públicas<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

2) Gestão <strong>de</strong> organização do terceiro setor.<br />

3) Elaboração <strong>de</strong> projetos e captação <strong>de</strong><br />

recursos.<br />

Passo 4: Fomentar a criação <strong>de</strong> associações,<br />

ONGs, cooperativas e grêmios juvenis nos<br />

municípios participantes, com os jovens que<br />

partici<strong>para</strong>m do projeto.<br />

(SEJA: 2006)<br />

Dados<br />

Com o Circulando foram capacitados 1.100<br />

jovens ao longo do ano <strong>de</strong> 2006. O projeto<br />

também criou e registrou 10 Associações <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong>, 10 ONGs e 3 cooperativas juvenis.<br />

Esse processo fortaleceu a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>a Sustentabilida<strong>de</strong> e 30% dos jovens participantes<br />

do projeto realizaram estágios no<br />

3 o setor. (SEJA: 2006)


Conexões<br />

• Serviço Florestal Brasileiro e a<br />

Lei <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Florestas<br />

www.mma.gov.br/sfb<br />

131<br />

Mas ainda há muito que se discutir e avançar.<br />

São muitos os problemas envolvendo a<br />

legislação ambiental, que muitas vezes não<br />

é efetivamente aplicada. A retirada ilegal <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira da região, por exemplo, é prática<br />

cada vez mais exercida. Ainda há muita<br />

impunida<strong>de</strong>, o que afeta diretamente os<br />

moradores <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s.<br />

“O <strong>de</strong>smatamento tá <strong>de</strong>mais. A<br />

retirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Anavilhanas<br />

tá totalmente <strong>de</strong>tonada.<br />

De noite a gente ouve a<br />

motosserra... Só duas<br />

ma<strong>de</strong>ireiras são legalizadas aqui!”<br />

Francimara Ribeiro do Nascimento<br />

(Amorzinho), 21 anos, Novo Airão/AM<br />

Gente Amapaense.<br />

[Alerrandra Thaísa Rab<strong>el</strong>o da Costa]<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

No estado do Pará, o <strong>de</strong>smatamento ilegal,<br />

quando com<strong>para</strong>do ao <strong>de</strong>smatamento autorizado<br />

p<strong>el</strong>o Ibama, chegou à taxa <strong>de</strong> 99,2% no<br />

período <strong>de</strong> 2002/2003. O que preocupa é que<br />

essa alta taxa <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong> também se faz<br />

regra em outros estados da Amazônia Legal.<br />

Análise<br />

P<strong>el</strong>o que os jovens mostram essa é uma região<br />

rica em projetos governamentais <strong>de</strong> incentivo<br />

à participação política. Isso é um dado r<strong>el</strong>evante,<br />

pois abre caminhos e possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>para</strong> os jovens participarem mais efetivamente<br />

da <strong>de</strong>finição dos rumos da região.<br />

No entanto, como <strong>el</strong>es próprios apontam,<br />

ainda há muito a discutir e avançar. Tal<br />

avanço po<strong>de</strong> ser na direção <strong>de</strong> criar espaços<br />

autônomos e formas próprias <strong>de</strong> participar<br />

e fazer política. Esses espaços po<strong>de</strong>riam ser<br />

espaços <strong>de</strong> articulação e organização com o objetivo<br />

<strong>de</strong> levantar <strong>de</strong>mandas, que seriam apresentadas<br />

e discutidas com os governos locais,<br />

contribuindo <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> políticas<br />

estaduais <strong>de</strong> meio ambiente e <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>a<br />

Sustentabilida<strong>de</strong> do Acre é fruto<br />

<strong>de</strong> articulações e do interesse <strong>de</strong><br />

jovens que estiveram envolvidos<br />

na I Conferência Nacional Infanto-<br />

Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, em<br />

2003, e no Encontro da Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, em 2005.<br />

• Anavilhanas é uma Estação<br />

Ecológica com área <strong>de</strong> 350 mil<br />

hectares. Fica no município <strong>de</strong><br />

Novo Airão/AM e abriga o maior<br />

arquipélago fluvial do mundo,<br />

formado por 400 ilhas no<br />

Rio Negro.<br />

• Lei <strong>de</strong> Crimes Ambientais<br />

é a <strong>de</strong>nominação comum da<br />

Lei Fe<strong>de</strong>ral n o 9.605, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1998, regulamentada<br />

p<strong>el</strong>o Decreto n o 3.179, <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1999, que dispõe<br />

sobre as sanções penais e<br />

administrativas <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong><br />

condutas e ativida<strong>de</strong>s lesivas<br />

ao meio ambiente. A Lei <strong>de</strong><br />

Crimes Ambientais consolidou,<br />

num único diploma legal, boa<br />

parte dos aspectos criminais<br />

da legislação ambiental.<br />

Transformou em crimes algumas<br />

infrações ambientais antes<br />

consi<strong>de</strong>radas contravenções<br />

penais e instituiu a criminalização<br />

da pessoa jurídica.<br />

Nesse sentido é importante que os jovens<br />

conheçam as leis que po<strong>de</strong>m ser aliadas em<br />

sua luta e os instrumentos capazes <strong>de</strong> colocálas<br />

em prática. A Lei <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Florestas<br />

Públicas, n o 11.284, foi aprovada em março <strong>de</strong><br />

2006. Ela dispõe sobre a gestão <strong>de</strong> florestas<br />

públicas <strong>para</strong> a produção sustentáv<strong>el</strong>, institui<br />

o Serviço Florestal Brasileiro e cria o Fundo<br />

Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Florestal - FNDF.<br />

Quais são suas implicações <strong>para</strong> aqu<strong>el</strong>es ligados<br />

às florestas? Em que a Lei 9.605/98, <strong>de</strong><br />

Crimes Ambientais, po<strong>de</strong> ajudar a diminuir o<br />

<strong>de</strong>smatamento da Amazônia?


132<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Legislação municipal ou da<br />

Região Metropolitana: leis que<br />

<strong>de</strong>terminam e <strong>de</strong>finem as políticas<br />

setoriais, os financiamentos e os<br />

mecanismos <strong>para</strong> o planejamento<br />

das ações no município.<br />

• Lei <strong>de</strong> Uso e Ocupação <strong>de</strong> Solo:<br />

regula o uso da terra, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

populacional e a dimensão,<br />

finalida<strong>de</strong> e o volume das<br />

construções no município. Tem<br />

como objetivo aten<strong>de</strong>r a função<br />

social da proprieda<strong>de</strong> e da cida<strong>de</strong>.<br />

• Plano Urbanístico Global <strong>para</strong> a<br />

Área Urbana: <strong>de</strong>fine as diretrizes<br />

<strong>para</strong> a intervenção urbanística<br />

na área urbana, levando em<br />

consi<strong>de</strong>ração o uso e ocupação do<br />

solo, seu objetivo e dimensão.<br />

Saiba +<br />

• Para enten<strong>de</strong>r um pouco mais o<br />

Plano Diretor veja Áreas Urbanas<br />

na Região Centro-Oeste<br />

Muitos jovens que resi<strong>de</strong>m nas capitais<br />

da região Norte constatam a<br />

carência <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> lazer,<br />

cultura e informação. O quadro<br />

piora quando a<strong>de</strong>ntramos nas periferias<br />

dos centros urbanos, sejam<br />

<strong>el</strong>es gran<strong>de</strong>s ou pequenas cida<strong>de</strong>s.<br />

A construção <strong>de</strong> equipamentos públicos<br />

é bastante dificultada em<br />

áreas <strong>de</strong> ocupação irregular, como<br />

loteamentos clan<strong>de</strong>stinos e fav<strong>el</strong>as.<br />

A ocupação não planejada do<br />

terreno urbano faz com que os locais próprios<br />

<strong>para</strong> o convívio coletivo e o aprimoramento<br />

da sociabilida<strong>de</strong> fiquem em segundo plano.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Dos 5.507 municípios brasileiros, 4.026<br />

(73,1%) têm população <strong>de</strong> até 20.000<br />

habitantes. Rio Branco/AC e B<strong>el</strong>ém/PA não<br />

possuem nenhum tipo <strong>de</strong> instrumento regulador<br />

como, por exemplo, legislação municipal,<br />

lei <strong>de</strong> uso e ocupação do solo, plano<br />

diretor ou plano urbanístico global.<br />

O Norte é a região que tem a menor<br />

proporção <strong>de</strong> municípios com esgoto coletado<br />

e tratado (3,6%) e é a região com a maior<br />

proporção <strong>de</strong> municípios sem coleta <strong>de</strong><br />

esgoto (92,9%). Também é menos atendida<br />

por sistema <strong>de</strong> drenagem das chuvas (49,4%),<br />

importante <strong>para</strong> prevenir inundações e<br />

alagamentos. Sem sistema <strong>de</strong> drenagem, os<br />

principais receptores do esgoto in natura são<br />

os rios e mares, fato que compromete a qualida<strong>de</strong><br />

da água utilizada <strong>para</strong> abastecimento,<br />

irrigação e recreação. Mesmo assim, apenas<br />

67,6% da água distribuída na região recebe<br />

algum tipo <strong>de</strong> tratamento.<br />

(Atlas <strong>de</strong> Saneamento, IBGE: 2004)<br />

Áreas Urbanas<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

Entretanto,<br />

em<br />

alguns casos, a periferia é a única opção <strong>de</strong><br />

local <strong>de</strong> moradia <strong>para</strong> jovens. Como <strong>el</strong>es<br />

mesmos apontam, o sentimento <strong>de</strong> exclusão<br />

po<strong>de</strong> ser o estopim <strong>de</strong> muitas atitu<strong>de</strong>s negativas<br />

<strong>para</strong> essa juventu<strong>de</strong>. Afinal, a realida<strong>de</strong><br />

que enfrentam faz os jovens sentirem-se<br />

esquecidos p<strong>el</strong>a socieda<strong>de</strong> e p<strong>el</strong>as autorida<strong>de</strong>s<br />

governamentais.<br />

A juventu<strong>de</strong> tem se fechado cada vez mais<br />

em suas “tribos” em busca <strong>de</strong> um espaço<br />

que realmente a compreenda. Os jovens<br />

nortistas dizem que, apesar <strong>de</strong> muito parecidas<br />

no que diz respeito às idéias, as “tribos”<br />

não se comunicam e, muito menos, encontram<br />

espaços que favoreçam essa comunicação.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas impressões, compreen<strong>de</strong>-se<br />

que é preciso ações governamentais em prol<br />

da ocupação planejada do solo e articulação<br />

<strong>para</strong> se criarem ambientes propícios às necessida<strong>de</strong>s<br />

juvenis.<br />

O projeto “Circuito Jovem Cidadão”, iniciativa<br />

da Coor<strong>de</strong>nadoria Municipal <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Rio Branco/AC, nasceu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar<br />

mecanismos que dialoguem com os jovens da<br />

capital do Acre, com especial atenção <strong>para</strong> os


airros periféricos, que geralmente se encontram<br />

excluídos <strong>de</strong> toda e qualquer ativida<strong>de</strong>.<br />

A Comissão <strong>de</strong> Jovens Empresários Executivos<br />

– COMJOVEM e a Região Escoteira do Acre,<br />

Metodologia<br />

Circuito Jovem Cidadão<br />

O objetivo é incentivar a participação e a<br />

interação dos jovens com suas comunida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>tectando li<strong>de</strong>ranças com potencial <strong>de</strong><br />

transformação da realida<strong>de</strong> local.<br />

Passo 0: Realizar cada edição em um bairro<br />

diferente.<br />

Passo 1: Convocar jovens <strong>para</strong> dividirem um<br />

mesmo espaço.<br />

Passo 2: Realizar dinâmicas que provoquem<br />

o espírito coletivo e a comunicação entre<br />

participantes.<br />

Passo 3: Firmar acordos e responsabilida<strong>de</strong>s<br />

do jovem <strong>para</strong> com sua comunida<strong>de</strong>.<br />

Passo 4: Realizar oficinas, cursos, palestras,<br />

<strong>de</strong>bates e exibição <strong>de</strong> documentários, trabalhando<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento social do jovem.<br />

Passo 5: Mostrar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<br />

(profissionais ou voluntárias) no próprio<br />

bairro, estimulando o protagonismo juvenil.<br />

Passo 6: Realizar ativida<strong>de</strong>s esportivas, recreativas<br />

e culturais, por meio <strong>de</strong> dança, teatro,<br />

música, exposição <strong>de</strong> arte e manifestações<br />

das diversas culturas locais.<br />

Passo 7: Envolver diversos órgãos <strong>de</strong>ssa<br />

comunida<strong>de</strong> como associação <strong>de</strong> moradores,<br />

escolas, igrejas e também jovens que não<br />

participam <strong>de</strong> organizações.<br />

(Prefeitura <strong>de</strong> Rio Branco/AC: 2006)<br />

<strong>de</strong>ntre outros, foram parceiros na interlocução<br />

da prefeitura com suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Ainda em Rio Branco/AC, também aconteceram<br />

oficinas <strong>de</strong> Hip-Hop, resultado <strong>de</strong><br />

parceria entre a SEJA e o movimento<br />

Hip-Hop local. Nas oficinas se trabalhou a<br />

dança, o graffite e o incentivo à composição<br />

em rimas, marca registrada do rap. Dessa<br />

forma, indicam os jovens participantes,<br />

po<strong>de</strong>m-se obter leituras sociais mais críticas.<br />

A música é também uma gran<strong>de</strong> forma <strong>de</strong><br />

expressão política e cultural. Algumas bandas<br />

locais são retratos <strong>de</strong>ssa juventu<strong>de</strong> urbana<br />

ligada a suas raízes. Na tentativa <strong>de</strong> transparecer<br />

sentimento e impressões que a floresta<br />

inspira nas pessoas da cida<strong>de</strong>, surgem movimentos<br />

e grupos <strong>de</strong> expressão popular, como<br />

a Banda Quilomboclada, que exaltam a forma<br />

<strong>de</strong> ver a floresta e sentir o seu povo.<br />

A salada <strong>de</strong> ritmos, as influências tão absurdas<br />

quanto originais resultam num som diferenciado,<br />

íntegro a suas raízes “beira<strong>de</strong>iras”,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se origina a inspiração <strong>de</strong> seus<br />

integrantes. A batida vem do boi-bumbá e<br />

dos batuques dos terreiros, as guitarras do<br />

rock, os vocais falados do Hip-Hop, com a<br />

polirritmia sincopada do samba <strong>de</strong> roda, da<br />

música <strong>de</strong> raiz, tudo é misturado em uma<br />

coesão que extrapola os limites da compreensão,<br />

como afirmam seus principais articuladores,<br />

Boca e Samu<strong>el</strong> (vocalistas e letristas).<br />

A Quilomboclada busca transmitir essa<br />

musicalida<strong>de</strong> afro-indígena, em sua gama <strong>de</strong><br />

influências, com uma cara urbana. Usa a linguagem<br />

do Hip-Hop, priorizando sempre a<br />

Conexões<br />

• Cons<strong>el</strong>ho <strong>de</strong> Jovens<br />

Empreen<strong>de</strong>dores do<br />

Acre – Conjovem<br />

Ligado a ACISA (Associação<br />

Comercial, Industrial <strong>de</strong> Serviço<br />

e Agrícola do Acre)<br />

Av. Ceará, 2351 - Centro<br />

Rio Branco – AC<br />

CEP: 69900-460<br />

www.conaje.com.br<br />

• Região Escoteira do Acre<br />

Rua 01, Lote 01 e Q. 01 -<br />

Setor <strong>de</strong> Clubes - Vila Acre<br />

Caixa Postal 170<br />

Rio Branco/AC<br />

CEP: 69908-970<br />

T<strong>el</strong>: (68) 3221-5312<br />

aluizio.rocha@uol.com.br<br />

www.escoteiros.org.br<br />

133


134<br />

A proporção aumenta<br />

ainda mais quando<br />

são <strong>de</strong>talhados números<br />

das comunida<strong>de</strong>s<br />

da zona rural.<br />

Análise<br />

Igreja matriz, centro <strong>de</strong> Porto V<strong>el</strong>ho/RO. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

Segundo o censo <strong>de</strong>mográfico 2000 do IBGE,<br />

a população jovem da região Norte apresentava<br />

crescimento muito maior do que no resto<br />

do país. Enquanto nacionalmente a taxa <strong>de</strong><br />

crescimento da população com faixa etária<br />

<strong>de</strong> 15 a 19 anos foi <strong>de</strong> 2%, na região Norte<br />

<strong>el</strong>a subiu <strong>para</strong> 4,40%. Em 2000, a região possuía<br />

mais <strong>de</strong> 2,8 milhões <strong>de</strong> adolescentes e jovens,<br />

representando aproximadamente 22%<br />

da população da Amazônia como um todo.<br />

Se, em todo o Brasil,<br />

ser ou estar sendo<br />

jovem é, <strong>para</strong> a<br />

maioria, uma situação<br />

<strong>de</strong> insegurança<br />

e instabilida<strong>de</strong>,<br />

na Amazônia esses<br />

problemas adqui-<br />

rem outras dimensões em<br />

valorização da cultura beira<strong>de</strong>ira<br />

e o linguajar próprio da região, envolto<br />

por sua “química sonora”.<br />

função das peculiarida<strong>de</strong>s regionais e carências<br />

<strong>de</strong> políticas sociais básicas, principalmente<br />

nas áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação, trabalho,<br />

cultura e lazer. O problema da região não está<br />

Assim, percebemos que o recado <strong>de</strong>ssa<br />

juventu<strong>de</strong> urbana é que, se nos organizarmos,<br />

po<strong>de</strong>mos fomentar e formar movimentos<br />

juvenis que percebem seu espaço <strong>para</strong><br />

apenas na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a serviços<br />

básicos, mas resi<strong>de</strong> principalmente na ausência<br />

<strong>de</strong> ações que consi<strong>de</strong>rem as especificida<strong>de</strong>s da<br />

condição juvenil e seu contexto sócio-cultural.<br />

transformá-lo. Também somos nós, dos movimentos<br />

sociais e ambientais, que po<strong>de</strong>mos<br />

enriquecer os <strong>de</strong>bates políticos e a formação<br />

das novas gerações.<br />

As contribuições dos jovens nortistas nos<br />

rev<strong>el</strong>am uma parte esquecida da Amazônia.<br />

Suscitam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e reconhecer<br />

a imensa diversida<strong>de</strong> sócio-cultural da<br />

região nos espaços públicos das cida<strong>de</strong>s.<br />

As diferenças <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa diversida<strong>de</strong><br />

já são, por si só, fatores que complicam a<br />

convivência entre grupos sociais distintos.<br />

E, p<strong>el</strong>o que se percebe da opinião dos jovens,<br />

essa convivência é ainda dificultada <strong>de</strong>vido<br />

à ina<strong>de</strong>quação do espaço público <strong>para</strong> abrigar<br />

as diversas “tribos” <strong>de</strong> forma que haja<br />

interação entre <strong>el</strong>as.


135<br />

prefeitos que não provi<strong>de</strong>nciarem<br />

a <strong>el</strong>aboração<br />

do plano, e a aprovação da<br />

Câmara Municipal, incorrerão<br />

em improbida<strong>de</strong><br />

administrativa, <strong>de</strong> acordo<br />

com o Estatuto da Cida<strong>de</strong>.<br />

Como está o Plano Diretor <strong>de</strong><br />

sua cida<strong>de</strong>? Você o conhece?<br />

Além do Plano Diretor Participativo<br />

existem muitos outros<br />

espaços possíveis <strong>para</strong> a<br />

participação <strong>de</strong> jovens. Há<br />

municípios e bairros que possuem<br />

fóruns <strong>de</strong> agenda 21 local<br />

ou orçamento <strong>de</strong>mocrático. São<br />

vários espaços e instâncias que<br />

po<strong>de</strong>m ser procurados. A juventu<strong>de</strong><br />

já os encontrou?<br />

As 3 caixas d’água, símbolo <strong>de</strong><br />

Porto V<strong>el</strong>ho/RO. [Betânia Av<strong>el</strong>ar, 22 anos]<br />

Dessa forma, é<br />

essencial que a juventu<strong>de</strong> nortista<br />

participe da <strong>el</strong>aboração<br />

do Plano Diretor <strong>de</strong> seu município,<br />

aproveitando o movimento<br />

fomentado p<strong>el</strong>a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Planos<br />

Diretores <strong>para</strong> construir cida<strong>de</strong>s<br />

inclu<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>mocráticas e sustentáveis,<br />

por meio da reforma<br />

urbana.<br />

Segundo o Ministério das Cida<strong>de</strong>s<br />

149 municípios da região Norte<br />

com população acima <strong>de</strong> 20 mil habitantes<br />

terão que <strong>el</strong>aborar ou rever<br />

o Plano Diretor no ano <strong>de</strong> 2006. Os<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]


136<br />

Contatos<br />

• Fundo Brasileiro <strong>para</strong> a<br />

Biodiversida<strong>de</strong> - FUNBIO<br />

Largo do Ibam, 01/ 6 o andar<br />

Humaitá<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />

CEP: 22271-070<br />

T<strong>el</strong>: (21) 2123-5300<br />

funbio@funbio.org.br<br />

www.funbio.org.br<br />

• Fundação Ford - Brasil<br />

Praia do Flamengo, 154, 8 o andar<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />

CEP: 22210-030<br />

T<strong>el</strong>: (21) 3235-2100<br />

www.fordfound.org<br />

ford-rio@fordfound.org<br />

• Associação <strong>de</strong> Artesãos <strong>de</strong><br />

Novo Airão<br />

Av. Ajuricaba, S/N, Centro<br />

Novo Airão/AM<br />

CEP: 69730-000<br />

T<strong>el</strong>: (92) 3365-1278<br />

Conexões<br />

• Fundação Vitória Amazônica<br />

www.fva.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Florestania é um novo conceito<br />

que alu<strong>de</strong> a uma nova r<strong>el</strong>ação<br />

da socieda<strong>de</strong> com a Natureza. É<br />

uma idéia em construção, que<br />

aponta <strong>para</strong> re<strong>de</strong>finir a cidadania<br />

ecologicamente.<br />

“Florestania é essa cumplicida<strong>de</strong><br />

entre o ser humano e o espaço<br />

que o criou e o alimenta. É a<br />

construção <strong>de</strong> um pacto<br />

socioecológico entre o homem<br />

e a floresta. A primeira tarefa da<br />

florestania não é econômica, é<br />

cultural.” Moisés Diniz<br />

(www.florestania.org)<br />

Ainda que mais <strong>de</strong> 60 % da população<br />

esteja em áreas urbanas (IBGE: 2000), temos<br />

na região Norte muitas populações que vivem<br />

isoladas das capitais, em comunida<strong>de</strong>s tradicionais,<br />

indígenas e beira<strong>de</strong>iras.<br />

Jovens cidadãos <strong>de</strong> grupos ou instituições<br />

têm se engajado em programas e ações<br />

locais que buscam práticas sustentáveis nessas<br />

comunida<strong>de</strong>s. Eles constroem <strong>el</strong>o entre a ação<br />

imediata e o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

social. Exemplo disso é o que acontece em<br />

Novo Airão/AM.<br />

Dados<br />

Só na Floresta Amazônica há cerca <strong>de</strong> 357<br />

comunida<strong>de</strong>s remanescentes <strong>de</strong> antigos<br />

quilombos e milhares <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> seringueiros, castanheiros, ribeirinhos,<br />

babaçueiras, entre outras. As comunida<strong>de</strong>s<br />

auxiliam na catalogação <strong>de</strong> ervas medicinais<br />

já utilizadas p<strong>el</strong>os índios. (Superintendência<br />

da Zona Franca <strong>de</strong> Manaus – MDIC: 2006)<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMUNITáRIO<br />

Ferroviário da antiga Estrada <strong>de</strong> Ferro Ma<strong>de</strong>ira-Mamoré,<br />

Porto V<strong>el</strong>ho/RO. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

economia do município.<br />

Novo Airão é um município<br />

com cerca <strong>de</strong> 10 mil habitantes<br />

e fica a uma distância <strong>de</strong> aproximadamente<br />

100km <strong>de</strong> Manaus.<br />

Sua área abrange, entre<br />

outras UCs, a Estação Ecológica<br />

<strong>de</strong> Anavilhanas e o Parque<br />

Nacional do Jaú. P<strong>el</strong>os<br />

r<strong>el</strong>atos dos jovens ambientalistas<br />

locais, percebemos a<br />

existência <strong>de</strong> vários conflitos<br />

gerados por causa <strong>de</strong> ativi-<br />

da<strong>de</strong>s agroextrativistas, por<br />

vezes ilegais, mas base da<br />

A Associação dos Artesãos <strong>de</strong> Novo Airão -<br />

AANA existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, apoiada p<strong>el</strong>o Fundo<br />

Brasileiro <strong>para</strong> a Biodiversida<strong>de</strong> - Funbio e<br />

p<strong>el</strong>a Fundação Ford. Comercializa, em vários<br />

estados do Brasil e no exterior, artesanatos<br />

como cestarias, bolsas, peneiras, esteiras e<br />

outros utensílios produzidos com as fibras <strong>de</strong><br />

arumã (Ischinosiphon casiocoleus), tucumã<br />

(Astrocaryum aculeatum) e cipó-ambé<br />

(Philo<strong>de</strong>ndron spruceanum).<br />

Hoje, cerca <strong>de</strong> trinta famílias da comunida<strong>de</strong><br />

rural <strong>de</strong> Novo Airão participam das ativida<strong>de</strong>s<br />

realizadas p<strong>el</strong>a AANA, a segunda maior fonte<br />

<strong>de</strong> renda do município. O projeto, após fazer<br />

cadastramento dos artesãos da cida<strong>de</strong>, iniciou<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> incentivo a produção, i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> canais potenciais <strong>de</strong> comercialização,<br />

organização <strong>para</strong> o associativismo, exercício<br />

<strong>de</strong> cidadania e realização <strong>de</strong> pesquisas científicas<br />

sobre as fibras utilizadas.


Outros resultados do projeto são a formação<br />

profissional dos artesãos (por meio <strong>de</strong> cursos e<br />

oficinas), a m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong> dos produtos,<br />

o aumento da produção, as encomendas<br />

nacionais e internacionais, o envolvimento<br />

dos artesãos da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barc<strong>el</strong>os/AM com<br />

a AANA, os estudos <strong>de</strong> ecologia e da regeneração<br />

do arumã, além da m<strong>el</strong>horia constante<br />

e crescente da renda familiar dos artesãos.<br />

A renda dos artesãos cresceu <strong>de</strong> 100% a 400%,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> artesanato<br />

produzida (Funbio: 2003).<br />

“A associação pra mim foi um<br />

sonho! É tão bom trabalhar<br />

assim. Fazer uma coisa que a<br />

gente gosta. Ir lá, tirar o Arumã<br />

sabendo que não tá prejudicado,<br />

sem acabar com <strong>el</strong>e. O nosso<br />

trabalho tá muito bom. Agora dos<br />

jovens... Uma coisa assim que eu<br />

vejo e que me entristece é ver o<br />

povo novo todo indo embora pra<br />

cida<strong>de</strong>. Só ficou eu e a Amorzinho<br />

do povo jovem. Os jovens vêem os<br />

pais trabalhando, vêem que<br />

tá dando certo, começam a<br />

participar e <strong>de</strong>pois largam. A<br />

juventu<strong>de</strong> não valoriza o conhecimento.<br />

Não há envolvimento”.<br />

Euzilene Barbosa (Lene), 23 anos<br />

Novo Airão/AM<br />

Outra importante constatação é a percepção<br />

das instituições, governamentais ou não,<br />

sobre a importância <strong>de</strong> jovens como lí<strong>de</strong>res<br />

nas comunida<strong>de</strong>s, bairros e cida<strong>de</strong>s.<br />

A Organização do Tratado <strong>de</strong> Cooperação<br />

Amazônica – OTCA lançou o “Conhecendo a<br />

Amazônia – A OTCA e a Juventu<strong>de</strong> – Caminhos<br />

<strong>de</strong> Or<strong>el</strong>lana”. Com o projeto, a instituição<br />

preten<strong>de</strong>u contribuir <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong><br />

jovens lí<strong>de</strong>res na região, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o<br />

interesse p<strong>el</strong>a ciência, p<strong>el</strong>a conservação, p<strong>el</strong>o<br />

uso sustentáv<strong>el</strong> e p<strong>el</strong>as ações que reafirmarão<br />

a soberania dos países amazônicos na região.<br />

A OTCA levou , em julho <strong>de</strong> 2006,<br />

45 estudantes da Bolívia, Brasil,<br />

Peru, Colômbia, Equador, Guiana,<br />

Suriname, Venezu<strong>el</strong>a e do<br />

território da Guiana Francesa<br />

<strong>para</strong> conhecerem a mesma rota<br />

da expedição comandada p<strong>el</strong>o<br />

espanhol Francisco <strong>de</strong> Or<strong>el</strong>lana ao<br />

longo do rio Amazonas, no século<br />

XVI. A expedição passou por<br />

quatro países: Equador, Peru,<br />

Colômbia e Brasil. Os expedicionários,<br />

acompanhados <strong>de</strong> 27<br />

professores e profissionais das<br />

mais diversas áreas, tiveram a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer a<br />

geografia, a geologia, a<br />

antropologia, a história, a<br />

biodiversida<strong>de</strong> e a b<strong>el</strong>eza <strong>de</strong><br />

uma das regiões mais<br />

fascinantes do planeta.<br />

(OTCA:2006)<br />

São diversas as iniciativas <strong>de</strong> trabalho<br />

com comunida<strong>de</strong>s do Norte. O Projeto Saú<strong>de</strong><br />

& Alegria vem trabalhando com a educo-<br />

municação nas comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas <strong>de</strong><br />

Santarém, B<strong>el</strong>terra e Aveiro, no Pará. A<br />

Re<strong>de</strong> Mocoronga <strong>de</strong> Comunicação Popular<br />

é uma re<strong>de</strong> intercomunitária constituída a<br />

partir <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> jovens e<br />

Contatos<br />

• Organização do Tratado <strong>de</strong><br />

Cooperação Amazônica - OTCA<br />

SHIS – QI 05, Conjunto 16,<br />

casa 21 - Lago Sul<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 71615-160<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3248-4119<br />

www.otca.org.br<br />

www.otca.info<br />

137


138<br />

Conexões<br />

• CTA – Centro <strong>de</strong> Trabalhadores<br />

da Amazônia<br />

www.cta-acre.org<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Chico Men<strong>de</strong>s foi um lí<strong>de</strong>r<br />

sindical acreano que lutou p<strong>el</strong>a<br />

preservação da Floresta<br />

Amazônica e p<strong>el</strong>o resgate<br />

<strong>de</strong> injustiças históricas com<br />

os seringueiros, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo os<br />

interesses das populações locais<br />

da floresta. É um símbolo <strong>de</strong><br />

resistência e renovação da<br />

política econômica e social a<br />

partir do esforço <strong>para</strong> garantir<br />

a cidadania e a dignida<strong>de</strong> dos<br />

povos da Floresta.<br />

Prêmio Chico Men<strong>de</strong>s<br />

O Prêmio Chico Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Cultura foi criado em 2002 com<br />

o intuito <strong>de</strong> inspirar e motivar<br />

novos lí<strong>de</strong>res. É conferido a<br />

li<strong>de</strong>ranças individuais, associações<br />

comunitárias e ONGs, permitindo<br />

a criação <strong>de</strong> um <strong>el</strong>o entre o<br />

mundo p<strong>el</strong>o qual Chico<br />

Men<strong>de</strong>s lutou e o mundo<br />

que os jovens acreanos<br />

tentam transformar hoje.<br />

Porto V<strong>el</strong>ho/RO.<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

adolescentes<br />

enquanto repórteres<br />

rurais.<br />

Presente<br />

em 31 comunida<strong>de</strong>s,<br />

a Re<strong>de</strong> pro-<br />

move a comunicação<br />

<strong>de</strong>ntro das localida<strong>de</strong>s e entre <strong>el</strong>as, ampliando<br />

o impacto dos programas realizados<br />

p<strong>el</strong>os <strong>de</strong>mais núcleos do Saú<strong>de</strong> & Alegria. A<br />

troca permanente <strong>de</strong> informações e conteúdos<br />

educativos entre os moradores realiza-se<br />

a partir <strong>de</strong> materiais produzidos com e p<strong>el</strong>as<br />

comunida<strong>de</strong>s. A Re<strong>de</strong> difun<strong>de</strong>, assim, a voz,<br />

a realida<strong>de</strong>, o cotidiano e a cultura regional<br />

da população <strong>para</strong> a população, além <strong>de</strong><br />

permitir que a Amazônia seja apresentada<br />

por seus próprios moradores. A inclusão digital<br />

é o mais novo <strong>de</strong>sdobramento da Re<strong>de</strong><br />

Mocoronga e significa o <strong>de</strong>safio políticotecnológico<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar e potencializar<br />

o impacto da Re<strong>de</strong> e <strong>de</strong> incluir as comunida<strong>de</strong>s<br />

tradicionais da Amazônia na socieda<strong>de</strong><br />

da informação.<br />

vivem do extrativismo. Alternativas a essa<br />

tendência aparecem, como apresenta a Associação<br />

dos Artesãos <strong>de</strong> Novo Airão, indicando<br />

um caminho possív<strong>el</strong> no qual o habitante da<br />

floresta po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a economia <strong>de</strong><br />

sua comunida<strong>de</strong> através dos recursos que a<br />

própria floresta lhe oferece.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos e<br />

materiais oriundos da floresta e o estudo da<br />

biodiversida<strong>de</strong> local, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>scobrir<br />

e <strong>de</strong>senvolver aplicações comerciais <strong>para</strong> a<br />

riqueza genética da mata, são exemplos <strong>de</strong><br />

alternativas que vêm sendo vivenciadas com<br />

sucesso na tarefa <strong>de</strong> construir novos mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> a região amazônica.<br />

O que esses jovens <strong>de</strong>monstram é que estão<br />

comprometidos com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s que se valham do valor da “floresta<br />

em pé”. Do ecoturismo ao extrativismo controlado,<br />

buscam alternativas que possam<br />

trazer <strong>de</strong>senvolvimento social e cultural às<br />

comunida<strong>de</strong>s amazônicas sem que, com isso,<br />

seja necessária a <strong>de</strong>struição da floresta nem a<br />

exploração <strong>de</strong> seus moradores.<br />

Análise<br />

O processo <strong>de</strong> exploração da floresta geralmente<br />

é o mesmo. Começa com a apropriação<br />

<strong>de</strong> terras públicas <strong>de</strong>volutas. Quem chega<br />

primeiro são os ma<strong>de</strong>ireiros irregulares. Eles<br />

entram nas terras e, <strong>para</strong> retirar as árvores <strong>de</strong><br />

valor comercial, habitualmente <strong>de</strong>rrubam várias<br />

outras árvores que ficam jogadas no campo.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> exploração da floresta, além do<br />

dano ambiental, traz consigo a inviabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> subsistência <strong>para</strong> as comunida<strong>de</strong>s que<br />

No entanto, como rev<strong>el</strong>a Euzilene, o comprometimento<br />

da juventu<strong>de</strong> não é muitas vezes<br />

suficiente <strong>para</strong> a continuida<strong>de</strong> das diversas<br />

iniciativas. Lí<strong>de</strong>res jovens são fundamentais<br />

<strong>para</strong> o processo e, assim, propostas <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong>ssas li<strong>de</strong>ranças fundadas na visitação<br />

e no conhecimento da região amazônica,<br />

como preten<strong>de</strong> a OTCA, são insuficientes. On<strong>de</strong><br />

estão os jovens lí<strong>de</strong>res? Como po<strong>de</strong>m trabalhar<br />

cooperativamente, fortalecendo suas iniciativas<br />

e contribuindo <strong>para</strong> uma formação mais crítica<br />

e menos individualista <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>?


139<br />

Educação Ambiental<br />

“Tem gente que pensa que<br />

meio ambiente é se<strong>para</strong>do<br />

da vida do Ser Humano...<br />

Mas nós mesmos somos<br />

também o meio ambiente”.<br />

Francimara Ribeiro (Amorzinho), 21 anos<br />

Novo Airão/AM<br />

Vários são os movimentos que trabalham<br />

educação ambiental nas capitais e no interior<br />

dos estados do Norte, muitos <strong>de</strong>les formados<br />

por jovens.<br />

No 1 o Encontro Estadual da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Roraima, por exemplo, o<br />

Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> do estado<br />

<strong>de</strong>senvolveu oficinas <strong>de</strong> educação ambiental,<br />

educomunicação, fortalecimento organizacional<br />

e participação política, além <strong>de</strong> várias<br />

palestras e apresentações culturais <strong>de</strong> grupos e<br />

organizações. O objetivo foi ampliar a discussão<br />

socioambiental em r<strong>el</strong>ação à temática <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong><br />

e meio ambiente, ao coletivo jovem e suas<br />

ações, além <strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o fortalecimento<br />

<strong>de</strong> organizações e movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> do<br />

estado. As oficinas se fundamentaram nas perspectivas<br />

da educação <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Ações do projeto <strong>de</strong> Educação Ambiental da SEJA.<br />

O Coletivo Jovem <strong>de</strong><br />

Roraima (CJ/RR) fez o<br />

lançamento oficial do<br />

programa<br />

Comissão<br />

do Meio <strong>Ambiente</strong> e<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida –<br />

COM-VIDA. C A comissão<br />

será organizada p<strong>el</strong>o<br />

Coletivo Jovem <strong>de</strong><br />

Meio <strong>Ambiente</strong> e<br />

<strong>de</strong>senvolvida em parceria com diversas instituições,<br />

pessoas ou entida<strong>de</strong>s interessadas em<br />

participar do programa.<br />

A COM-VIDA é resultado do<br />

projeto “Vamos cuidar do Brasil<br />

com as Escolas”, <strong>de</strong>senvolvido<br />

p<strong>el</strong>o Ministério <strong>de</strong> Educação<br />

(MEC) e do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

(MMA). A proposta da COM–VIDA<br />

surgiu na 1 a Conferência Nacional<br />

Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> (2003), realizada em<br />

Brasília. N<strong>el</strong>a partici<strong>para</strong>m como<br />

<strong>de</strong>legados estudantes escolhidos<br />

em escolas <strong>de</strong> todo país<br />

representando seu estado.<br />

Em Roraima, 17 jovens ligados às causas ambientais<br />

integram o CJ/RR. Com o lançamento da<br />

COM-VIDA, a meta <strong>de</strong>stes jovens é envolver toda<br />

a comunida<strong>de</strong> roraimense por meio das escolas.<br />

Cada escola criará sua própria comissão,<br />

que será organizada por um dos <strong>de</strong>legados do<br />

CJ. As comissões escolares serão responsáveis<br />

p<strong>el</strong>a construção da Agenda 21 Escolar, documento<br />

que reúne as sugestões <strong>para</strong> a m<strong>el</strong>horia<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.<br />

Conexões<br />

• www.agenda21.org.br<br />

• www.mma.gov.br/agenda21<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A Conferência Nacional é um<br />

espaço <strong>de</strong> interlocução entre<br />

atores governamentais e<br />

não-governamentais <strong>para</strong><br />

tomar <strong>de</strong>cisões acerca <strong>de</strong><br />

políticas públicas.


140<br />

“A COM-VIDA representa a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong><br />

discutir o que po<strong>de</strong> ser feito p<strong>el</strong>o<br />

meio ambiente a partir <strong>de</strong> sua<br />

própria realida<strong>de</strong>. Essas sugestões<br />

irão compor a Agenda 21 e<br />

po<strong>de</strong>rão direcionar ações<br />

governamentais e<br />

não-governamentais em<br />

prol da m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> toda população.”<br />

Renan <strong>de</strong> Almeida,<br />

membro do Coletivo Jovem <strong>de</strong> Roraima<br />

Para realizar programas e projetos em educação<br />

ambiental po<strong>de</strong>mos fazer o uso <strong>de</strong><br />

instrumentos <strong>de</strong> comunicação como jornal,<br />

rádio, TV, entre outros. É o que nos propõe a<br />

Educomunicação.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A educomunicação constrói a cidadania a<br />

partir do exercício do direito à expressão<br />

e à comunicação. Por meio da aproximação<br />

dos campos da Comunicação e da Educação,<br />

propõe a construção <strong>de</strong> ecossistemas<br />

comunicativos abertos, dialógicos e criativos,<br />

em espaços educativos. Revendo as<br />

r<strong>el</strong>ações <strong>de</strong> comunicação na escola e da<br />

escola <strong>para</strong> com a comunida<strong>de</strong>, quebrando a<br />

hierarquia na distribuição do saber e criando<br />

ambientes abertos e <strong>de</strong>mocráticos, processos<br />

educomunicativos procuram o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> que todas as pessoas envolvidas<br />

no fluxo da informação são produtoras <strong>de</strong><br />

cultura, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua função<br />

no ambiente escolar ou na comunida<strong>de</strong>.<br />

(Núcleo <strong>de</strong> Comunicação e Educação da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo: 2006)<br />

O “Projeto TV Jovem” consiste em uma<br />

unida<strong>de</strong> móv<strong>el</strong> <strong>de</strong> TV equipada <strong>para</strong> a<br />

realização <strong>de</strong> produções e exibições <strong>de</strong><br />

ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong> ações comunitárias, cujos<br />

protagonistas são os jovens. Resul-<br />

tado <strong>de</strong> uma parceria entre o<br />

Governo do Estado do Acre e a operadora<br />

<strong>de</strong> t<strong>el</strong>efonia Brasil T<strong>el</strong>ecom,<br />

a iniciativa busca registrar a juventu<strong>de</strong><br />

protagonista existente na comunida<strong>de</strong>.<br />

A equipe da TV Jovem visitou<br />

17 municípios acreanos, incluindo 3<br />

da região do Juruá. Os participantes<br />

do projeto cumprem seu pap<strong>el</strong> <strong>de</strong><br />

educadores sociais através da exibição<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os educativos.<br />

Ativida<strong>de</strong> do Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Rondônia. [Arquivo CJ-RO]<br />

Outra forma <strong>de</strong> educar é promover<br />

espaços <strong>de</strong> encontros informais. Nesses<br />

locais, po<strong>de</strong>mos trocar idéias, ouvir


Ativida<strong>de</strong> do Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Rondônia. [Arquivo CJ-RO]<br />

músicas,<br />

fazer e expor trabalhos artísticos,<br />

levando a temática ambiental <strong>para</strong> os ouvidos<br />

e olhos <strong>de</strong> muita gente. Ocupamos esses<br />

lugares e mostramos que também somos<br />

capazes <strong>de</strong> pensar e fazer arte.<br />

Traduzir o nosso Amapá! [Andressa Martins Me<strong>de</strong>iros]<br />

141<br />

Contatos<br />

• O bar Arte Moldura fica<br />

na Avenida Pinheiro Machado,<br />

entre José <strong>de</strong> Alencar e<br />

General Osório, no Olaria,<br />

Porto V<strong>el</strong>ho/RO.<br />

Para isso, criou-se o Arte Moldura em Movimento<br />

em Porto V<strong>el</strong>ho/RO. A idéia é utilizar o<br />

espaço <strong>de</strong> um bar <strong>para</strong> criar uma alternativa<br />

<strong>de</strong> cultura e arte <strong>para</strong> a galera sempre ligada<br />

nos talentos da terra, e que não dispensa uma<br />

boa conversa e música boa.<br />

Análise<br />

A fala <strong>de</strong> Francimara Ribeiro remete à importante<br />

dimensão dos sujeitos nos processos <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong> e interação: o pertencimento.<br />

Perceber-se como parte inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e<br />

integrada ao meio ambiente é um fator-chave<br />

da Educação Ambiental e, ao mesmo tempo,<br />

um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio em r<strong>el</strong>ação à socieda<strong>de</strong>.<br />

Vive-se uma crise <strong>de</strong> fragmentação dos saberes,<br />

dos afazeres e das r<strong>el</strong>ações. A percepção<br />

<strong>de</strong> pertencimento institui um comprometimento<br />

maior com o todo, portanto com o<br />

<strong>de</strong>stino da “casa Terra” que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>para</strong> se tornar uma experiência prática<br />

<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

A juventu<strong>de</strong> nortista enten<strong>de</strong> muito bem o<br />

que isso significa. Ao realizarem o Encontro da<br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Roraima e<br />

tomarem pra si a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

COM-VIDA, os jovens mostram seu comprometimento<br />

em promover o encontro das partes<br />

e m<br />

busca <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração.<br />

Os Coletivos Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (CJs)<br />

nos estados da região têm sido espaços importantes<br />

<strong>de</strong> articulação das juventu<strong>de</strong>s nortistas<br />

e também <strong>de</strong> interlocução com jovens <strong>de</strong><br />

outras regiões, por intermédio da Re<strong>de</strong> da<br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> – REJUMA.<br />

Um dos possíveis efeitos <strong>de</strong>ssa articulação,<br />

gerada p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>manda dos Ministérios do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e <strong>de</strong> Educação, po<strong>de</strong> ser o enraizamento<br />

da educação ambiental na região e a<br />

organização <strong>de</strong> um movimento expressivo<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o meio ambiente em todo<br />

o país. Sob esta condição, quais os riscos do<br />

movimento jovem per<strong>de</strong>r sua autonomia e<br />

criar uma <strong>de</strong>pendência assistencialista das<br />

instituições públicas? A indução <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas<br />

ao movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Estado<br />

po<strong>de</strong>, em caso extremo, inviabilizar a continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> atuações eficazes <strong>de</strong> maneira<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e sustentáv<strong>el</strong>, preocupação<br />

recorrente no meio socioambiental?


Região Centro-oeste


144<br />

Região Centro-Oeste<br />

A região Centro-Oeste ocupa aproximadamente<br />

18% do território nacional e compreen<strong>de</strong><br />

quatro unida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração:<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Mato Grosso, Goiás e<br />

Mato Grosso do Sul. Em 2000, a lação da região era <strong>de</strong> 11.636.728<br />

popuhabitantes,<br />

em sua maioria concentrados<br />

nas áreas urbanas (IBGE:2000).<br />

Está localizada no Planalto Central e caracteriza-se<br />

p<strong>el</strong>os chapadões recobertos on<strong>de</strong> o<br />

clima apresenta uma estação seca bem <strong>de</strong>finida.<br />

O bioma predominante na região é o<br />

Cerrado que cobre completamente o Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral e o estado <strong>de</strong> Goiás. Na porção<br />

sudoeste do estado <strong>de</strong> Mato Grosso e oeste<br />

do estado <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul encontra-se<br />

o bioma Pantanal, cortado p<strong>el</strong>o rio Paraguai e<br />

sujeito a cheias durante parte do ano.<br />

A economia da região baseou-se, inicialmente,<br />

na exploração <strong>de</strong> garimpos <strong>de</strong> ouro e<br />

diamante e foi, gradativamente, substituída<br />

p<strong>el</strong>a pecuária e agricultura com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong><br />

o plantio <strong>de</strong> grãos, em especial a soja.<br />

Embora seja uma das principais economias<br />

da região, a forma <strong>de</strong> produção da soja é o<br />

principal problema i<strong>de</strong>ntificado p<strong>el</strong>os jovens.<br />

e m b o r a<br />

rudimentar e<br />

<strong>de</strong>sgastante, <strong>de</strong> limpar<br />

o solo <strong>para</strong> o plantio<br />

ou a implantação <strong>de</strong> pastos.<br />

Sabem que, <strong>de</strong>vido à estação<br />

seca bem <strong>de</strong>finida, as<br />

queimadas não são novida<strong>de</strong> no<br />

Cerrado. Porém, reconhecem<br />

que a ação antrópica tem<br />

intensificado as queimadas,<br />

contribuindo <strong>para</strong> as<br />

mudanças climáticas e afetando a<br />

saú<strong>de</strong> da população.<br />

O tráfico <strong>de</strong> animais silvestres também é um<br />

assunto importante <strong>para</strong> jovens da região,<br />

que temem p<strong>el</strong>a perda da biodiversida<strong>de</strong> e<br />

p<strong>el</strong>a extinção <strong>de</strong> espécies.<br />

A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produção da soja não apenas<br />

provoca <strong>de</strong>smatamento do Cerrado, e suas<br />

conseqüentes perdas <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, mas<br />

gera enormes <strong>de</strong>mandas por rodovias e<br />

hidrovias que causam gran<strong>de</strong>s impactos na<br />

população e no ambiente natural.<br />

Os jovens percebem que a pecuária e a soja<br />

são responsáveis p<strong>el</strong>as gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> queimadas,<br />

por ser uma forma rápida e barata,<br />

A educação ambiental é o gran<strong>de</strong> tema aglutinador<br />

<strong>de</strong> ambientalistas da região que conta<br />

com diversas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental das<br />

quais participam muitos jovens.<br />

No entanto, esses jovens reconhecem que<br />

estão muito espalhados nessas re<strong>de</strong>s e não conseguem<br />

perceber-se como um movimento <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> ambientalista.


145<br />

Áreas urbanas<br />

Chegamos à região “coração do Brasil”. O<br />

Centro-Oeste é composto por três estados:<br />

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e<br />

também p<strong>el</strong>o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> se localiza<br />

a capital do país, Brasília. Uma capital muito<br />

novinha, inaugurada em 1960, Brasília é a<br />

se<strong>de</strong> político-administrativa do Brasil.<br />

“Brasília é a prova concreta<br />

<strong>de</strong> que uma cida<strong>de</strong> é mais<br />

do que monumentos b<strong>el</strong>íssimos<br />

e bem estruturados, mais<br />

que um plano utópico.<br />

Uma cida<strong>de</strong> é, antes <strong>de</strong> tudo,<br />

humana! Habitada e feita por<br />

seres humanos. Sonhos não se<br />

alimentam, não produzem lixo,<br />

não utilizam carros. Faltou<br />

humanida<strong>de</strong> do patrimônio.<br />

Faltou visão humana no<br />

planejamento”.<br />

Luiza <strong>de</strong> Freitas Campos, 18 anos<br />

Brasília/DF<br />

Mundialmente reconhecida e tombada como<br />

Patrimônio Cultural da Humanida<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o<br />

seu planejamento urbano e monumentos, a<br />

construção da cida<strong>de</strong> foi inovadora e marcante<br />

na história do urbanismo .<br />

Ela não é a única cida<strong>de</strong> planejada no Brasil,<br />

mas é, com certeza, a mais conhecida.<br />

Contudo, é possív<strong>el</strong> notar inúmeras falhas<br />

em seu planejamento urbanístico.<br />

A setorização extrema da cida<strong>de</strong> tem algumas<br />

conseqüências graves. Raramente as pessoas<br />

trabalham perto <strong>de</strong> on<strong>de</strong> moram, aumentando<br />

o número <strong>de</strong> carros e gerando tráfego<br />

intenso e aumento da poluição. Embora a<br />

cida<strong>de</strong> seja um local propício <strong>para</strong> o uso <strong>de</strong><br />

transportes não poluentes, como a bicicleta,<br />

as gran<strong>de</strong>s distâncias e a falta <strong>de</strong> planejamento<br />

e segurança <strong>para</strong> esse tipo <strong>de</strong><br />

transporte impossibilitam sua utilização.<br />

Além disso, há <strong>de</strong>ficiências no transporte<br />

público, cujo preço das passagens é abusivo<br />

e as condições dos veículos precárias, o que<br />

agrava a situação da mobilida<strong>de</strong> na capital.<br />

Quando caminhamos por Brasília, percebemos<br />

que o planejamento não consi<strong>de</strong>rou o crescimento<br />

<strong>de</strong>mográfico que ocorreu ao longo<br />

dos anos. Não há mais locais <strong>para</strong> construção<br />

<strong>de</strong> residências e o fato <strong>de</strong> ser patrimônio<br />

tombado dificulta a geração <strong>de</strong> novos espaços,<br />

o que acarreta a expansão muitas vezes<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada das Regiões Administrativas<br />

do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, ocasionando freqüentes<br />

<strong>de</strong>rrubadas <strong>de</strong> assentamentos ilegais.<br />

Dados<br />

A população estimada do Distrito Fe<strong>de</strong>ral,<br />

em 2005, era <strong>de</strong> 2.333.108 pessoas. À época<br />

da construção, previa-se <strong>para</strong> o ano 2000<br />

uma população <strong>de</strong> 500 mil habitantes no DF.<br />

(IBGE:2000)<br />

Muitas Regiões Administrativas, popular-<br />

mente chamadas <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong>s satélites”,<br />

encontram-se em situação precária, por<br />

exemplo, sem saneamento e água tratada.<br />

Embora os índices <strong>de</strong> saneamento básico sejam<br />

mais altos que a média brasileira, há cerca <strong>de</strong><br />

272 mil habitantes ainda não beneficiados com<br />

sistema <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> esgotos (CAESB:2006).<br />

O número <strong>de</strong> habitantes no Distrito Fe<strong>de</strong>ral só<br />

ten<strong>de</strong> a crescer e a região não oferece estrutura<br />

que suporte essa v<strong>el</strong>ocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inchaço


146<br />

populacional, ocasionando novos assentamentos<br />

sem infra-estrutura básica <strong>para</strong> a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida. Os arredores <strong>de</strong> Brasília precisam <strong>de</strong><br />

saneamento, asfalto, água encanada e transporte<br />

a<strong>de</strong>quado, mas não são disponibilizados<br />

recursos <strong>para</strong> tais m<strong>el</strong>horias.<br />

Perguntei pra moça<br />

Olhando pro Congresso Nacional<br />

“Por que que as duas conchas<br />

Não têm tamanho igual?”<br />

“Devem ter errado as contas”<br />

Respon<strong>de</strong>u um outro casal<br />

“É porque na Câmara tem mais<br />

gente<br />

E no Senado, menos que o normal”<br />

Disse um homem int<strong>el</strong>igente<br />

Todo formal...<br />

Parei<br />

Olhei.<br />

Pensei...<br />

Sorri!!!<br />

Foi quando finalmente vi!!!<br />

Por todos os cantos...<br />

Como nunca percebi?!?!?<br />

Nesse prédio e em outros tantos<br />

Na Catedral... em todos os Planos...<br />

De todos os ângulos!!!<br />

Logo vejo<br />

Linhas tortas! Linhas tortas!<br />

E sinto a <strong>de</strong>spedida num beijo...<br />

É a tristeza já morta<br />

Realizando meu <strong>de</strong>sejo<br />

É a alegria em minha porta<br />

Trazendo esse mesmo beijo<br />

Mas afinal<br />

O que isso tem a ver<br />

Com as conchas do<br />

Congresso Nacional?<br />

É fácil lhe dizer<br />

A concha maior sorri...<br />

Sorriso largo<br />

Que faz outro se abrir<br />

A outra triste se consola...<br />

E pequena... fecha em si<br />

Mas...eita!<br />

Não é bem assim...<br />

De pernas pro ar...<br />

De outro ângulo...<br />

Fazendo a vista variar<br />

Vemos enfim<br />

Mais uma linha se entortar<br />

Endireitando o fim<br />

Que não está nem perto <strong>de</strong> começar<br />

Ah! Brasília única!<br />

De linhas curvas<br />

E curvas puras<br />

De tortas linhas<br />

Que enxerga as curas<br />

De linhas tortas que não são só<br />

minhas<br />

Que não são só suas<br />

Então não só aceite<br />

Que um sorriso é uma linha curva<br />

Que faz com que tudo se endireite<br />

Viva!<br />

Sinta!<br />

Se encante!<br />

Porque a vida lhe sorri...<br />

Porque você sorri pra vida..<br />

Carla Hirata, 19 anos – Brasília/DF


147<br />

Conexões<br />

•<br />

Movimento Nacional dos<br />

Catadores <strong>de</strong> Materiais Recicláveis<br />

www.movimentodoscatadores.org.br<br />

Como percebemos nas impressões<br />

das jovens, a capital do país é<br />

humana, são os habitantes que<br />

fazem o espaço singular. As formas<br />

<strong>de</strong> Brasília nos convidam a um<br />

olhar mais atento às simplicida<strong>de</strong>s<br />

da vida e às “linhas curvas” <strong>de</strong><br />

Vasos e caixas <strong>de</strong> material reciclado. [Ana Paula Saliba Dias]<br />

Nessa viagem p<strong>el</strong>o país, já ficou evi<strong>de</strong>nte<br />

que um dos aspectos mais graves em áreas<br />

urbanas é a <strong>de</strong>stinação dos resíduos sólidos.<br />

No Centro-Oeste não é diferente. Nos preocupamos<br />

somente com a lixeira que está em<br />

nossa residência. Depois que o lixo sai <strong>de</strong> nosso<br />

lar ignoramos sua <strong>de</strong>stinação e tratamento.<br />

Existem várias maneiras <strong>de</strong> tratar o resíduo<br />

sólido que produzimos, principalmente nos<br />

centros urbanos. Alguns processos <strong>de</strong> tratamento<br />

precisam apenas <strong>de</strong> nosso interesse e<br />

criativida<strong>de</strong>. Começar a adotar práticas <strong>de</strong><br />

se<strong>para</strong>r e reutilizar os resíduos sólidos nas<br />

residências e fazer com-<br />

nossas cida<strong>de</strong>s. Atitu<strong>de</strong>s simples e <strong>de</strong> caráter postagem não é<br />

prático com o meio ambiente po<strong>de</strong>m fazer<br />

parte da nossa rotina e contribuir <strong>para</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos.<br />

complicado, mas é necessário o comprometimento<br />

e a compreensão da importância<br />

<strong>de</strong> tais ações cotidianas.<br />

“Comecei a pensar em reutilizar<br />

alguns materiais e percebi que o<br />

<strong>de</strong>scarte ina<strong>de</strong>quado das<br />

embalagens longa vida é feito<br />

em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>. Vi que as<br />

mesmas po<strong>de</strong>riam se tornar caixas<br />

<strong>de</strong> pequenos presentes, vasos <strong>de</strong><br />

plantas e até porta-retratos,<br />

entre outras coisas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

criativida<strong>de</strong> e imaginação. Frisando<br />

o reaproveitamento <strong>de</strong> materiais, a<br />

tinta <strong>para</strong> pintar as caixas é oriunda<br />

<strong>de</strong> sobras <strong>de</strong> obras, as sementes<br />

<strong>para</strong> enfeitar são em sua maioria<br />

retiradas das ruas, quando<br />

já caídas, e os outros<br />

adornos também são<br />

reaproveitados. Depois<br />

que você se conscientiza da<br />

importância <strong>de</strong> economizar<br />

os recursos naturais, a pessoa<br />

pensa duas vezes antes <strong>de</strong><br />

jogar fora qualquer objeto,<br />

sempre achando uma<br />

utilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>el</strong>e”.<br />

Ana Paula Saliba Dias<br />

Campo Gran<strong>de</strong>/MS<br />

Pôr-do-sol com a Catedral Rainha da Paz ao fundo,<br />

Brasília/DF. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]


148<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Pensando na cida<strong>de</strong> como o<br />

lugar em que as questões sociais<br />

se tornam mais dramáticas,<br />

realizou-se no dia 2 <strong>de</strong> fevereiro,<br />

durante o Fórum Social<br />

Mundial 2002, em Porto<br />

Alegre, a conferência “Cida<strong>de</strong>s,<br />

populações urbanas”. Dentro<br />

do espírito positivo do Fórum<br />

Social, a conferência preten<strong>de</strong>u<br />

também trazer sugestões e idéias<br />

<strong>para</strong> a resolução dos problemas<br />

e <strong>para</strong> uma m<strong>el</strong>hor organização<br />

dos movimentos sociais.<br />

Veja FÓRUM SOCIAL MUNDIAL,<br />

na Curiosida<strong>de</strong> da Região Sul.<br />

Saiba +<br />

• Veja fazer COMPOSTAGEM na<br />

região Sul.<br />

Metodologia<br />

A idéia do Grupo Escoteiro Lírio Branco <strong>de</strong><br />

Mato Grosso do Sul mostra como <strong>de</strong>senvolver<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> limpeza do ambiente urbano<br />

com propostas <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

A ativida<strong>de</strong> consiste em escolher uma área <strong>de</strong><br />

sua cida<strong>de</strong> e seguir os seguintes passos:<br />

1. Coletar o lixo;<br />

2. Se<strong>para</strong>r os resíduos sólidos: papéis, vidros,<br />

plásticos etc.;<br />

3. Fazer uma exposição, mostrando o que foi<br />

jogado no local;<br />

4. Tirar fotos do antes e do <strong>de</strong>pois e apresentar<br />

em murais;<br />

5. Adotar área <strong>para</strong> fazer o plantio <strong>de</strong> árvores<br />

e mantê-la sempre limpa;<br />

6. Fazer algumas esculturas com parte dos<br />

resíduos coletados;<br />

7. Para tornar o evento mais divertido, organizar<br />

um corpo <strong>de</strong> jurados e premiar o coletor<br />

mais original e a escultura mais criativa;<br />

8. Caso haja muito lixo quando fizer a<br />

limpeza do local, chamar a Prefeitura ou o<br />

órgão responsáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> levá-lo;<br />

9. Utilizar sacos e caixas <strong>para</strong> se<strong>para</strong>r o lixo e<br />

10. Anotar sempre os resultados das ativida<strong>de</strong>s<br />

como quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo, número <strong>de</strong><br />

participantes e nome dos vencedores, <strong>para</strong><br />

que possam entrar na memória do projeto.<br />

Como vemos, há preocupação com a <strong>de</strong>stinação<br />

dos resíduos sólidos e nessa jornada<br />

também conhecemos jovens envolvidos com<br />

aspectos sociais da questão. A exemplo disso,<br />

Clarissa Presotti Guimarães Carvalho, 24<br />

anos, r<strong>el</strong>ata a experiência da Cooperativa <strong>de</strong><br />

Trabalhadores e Produtores em Materiais<br />

Recicláveis <strong>de</strong> Mato Grosso - Coopemar,<br />

localizada a 17km do centro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cuiabá/MT, na Várzea do Quilombo. A<br />

Coopemar possibilita m<strong>el</strong>hores condições<br />

<strong>de</strong> vida <strong>para</strong> 115 pessoas e age diretamente<br />

na limpeza urbana e na qualida<strong>de</strong> ambiental<br />

da localida<strong>de</strong>.<br />

Após as ações da cooperativa, é possív<strong>el</strong><br />

notar o aumento da procura por materiais<br />

recicláveis. Garrafas pet são revendidas por<br />

inteiro, as latas <strong>de</strong> alumínio são prensadas e<br />

comercializadas e os plásticos são moídos <strong>para</strong><br />

a fabricação <strong>de</strong> mangueiras, bal<strong>de</strong>s e bacias.<br />

Plástico e alumínio são vendidos <strong>para</strong> Cuiabá<br />

e Várzea Gran<strong>de</strong>, e pap<strong>el</strong>ão, sucata <strong>de</strong> ferro e<br />

vidro <strong>para</strong> o Paraná e São Paulo.<br />

Ainda assim, Clarissa observa que as cooperativas<br />

<strong>de</strong> catadores não são as m<strong>el</strong>hores<br />

nem as únicas soluções <strong>para</strong> os problemas<br />

socioambientais que envolvem resíduos<br />

sólidos nas áreas urbanas, embora possibilitem<br />

a m<strong>el</strong>horia das condições <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>de</strong>sumanas que os trabalhadores enfrentam<br />

nos aterros sanitários. Esse assunto possui<br />

muitas interfaces e exige reflexão por parte<br />

da socieda<strong>de</strong> civil e dos gestores públicos.<br />

Existem outras formas <strong>de</strong> participarmos das<br />

<strong>de</strong>cisões <strong>para</strong> m<strong>el</strong>horia <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos, por exemplo, discutir junto ao<br />

governo o Plano Diretor da Cida<strong>de</strong>,<br />

qualificando-o <strong>para</strong> fazer frente às novas<br />

realida<strong>de</strong>s que a socieda<strong>de</strong> diagnostica.


149<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

O Plano Diretor traça o futuro da cida<strong>de</strong>.<br />

Nesse intuito, quem é mais capacitado a<br />

dizer o caminho a ser percorrido é a comunida<strong>de</strong>,<br />

pois são os moradores que vivenciam o<br />

dia-a-dia, as carências, os problemas, os impactos<br />

econômicos e estruturais que levam a<br />

uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida inferior e à falta <strong>de</strong><br />

acesso aos bens urbanos.<br />

A <strong>el</strong>aboração do Plano Diretor da Cida<strong>de</strong> é<br />

um instrumento utilizado p<strong>el</strong>os municípios<br />

<strong>para</strong> planejarem seu <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

sendo fundamental <strong>para</strong> o crescimento or<strong>de</strong>nado<br />

<strong>de</strong> uma região.<br />

Para conhecermos mais a discussão sobre<br />

o Plano Diretor e sua influência na vida<br />

da população, seguimos <strong>para</strong> Goiânia/GO,<br />

capital <strong>de</strong> Goiás. Diogo Damasceno Pires e<br />

Jorge Augusto Almada Justino, membros<br />

do Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong><br />

Goiás, avaliam que, em meio ao crescimento<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado, a capital goiana não seguiu<br />

seu planejamento. Apontam gran<strong>de</strong>s problemas<br />

socioambientais como <strong>de</strong>corrência,<br />

entre <strong>el</strong>es: loteamentos clan<strong>de</strong>stinos, pessoas<br />

morando às margens dos córregos e rios e<br />

falta <strong>de</strong> infra-estrutura, <strong>de</strong> transporte coletivo<br />

e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. No entanto percebem que a cida<strong>de</strong><br />

enfrenta em menor grau outras questões<br />

típicas <strong>de</strong> áreas urbanas, como fav<strong>el</strong>as, enchentes,<br />

<strong>de</strong>smoronamentos e alta criminalida<strong>de</strong>.<br />

Goiânia construiu seu Plano Diretor <strong>para</strong> evi-<br />

tar e<br />

Oficina <strong>de</strong> pap<strong>el</strong> reciclado da Associação Amigos<br />

do Futuro, Brasília/DF. [Juliana Men<strong>de</strong>s, 23 anos]<br />

solucionar os problemas<br />

criados p<strong>el</strong>o crescimento da cida<strong>de</strong>. Devido às<br />

enormes mudanças no número <strong>de</strong> habitantes e<br />

no espaço urbano, o plano está sendo discutido<br />

p<strong>el</strong>a socieda<strong>de</strong>, governo e universida<strong>de</strong>s, que<br />

trabalham em sua re<strong>el</strong>aboração. O município<br />

ainda está em gran<strong>de</strong> expansão, entretanto,<br />

conta com diretrizes criadas no Plano Diretor<br />

<strong>para</strong> minimizar as agressões ao meio ambiente.<br />

Outros municípios da região Centro-Oeste que<br />

possuem o Plano Diretor são: Caldas Novas,<br />

Corumbá <strong>de</strong> Goiás e Águas Lindas <strong>de</strong> Goiás,<br />

em Goiás; Cuiabá, Cáceres e Sorriso, no Mato<br />

Grosso; e Dourados, no Mato Grosso do Sul.<br />

Dados<br />

Em Goiânia mais <strong>de</strong> 92% da população<br />

têm água tratada, cerca <strong>de</strong> 88% têm tratamento<br />

<strong>de</strong> esgoto e todo o lixo da cida<strong>de</strong> é<br />

encaminhado <strong>para</strong> o aterro sanitário.<br />

(Diário da Manhã:2005:2005)


150<br />

Terminamos nossa observação <strong>de</strong> áreas urbanas<br />

apreciando uma das mais <strong>de</strong> 100 áreas <strong>de</strong><br />

preservação ambiental da capital do estado <strong>de</strong><br />

Goiás. São espaços <strong>para</strong> o encontro da população<br />

e principalmente <strong>para</strong> a juventu<strong>de</strong>.<br />

Análise<br />

A falta <strong>de</strong> planejamento urbano acarreta<br />

uma série <strong>de</strong> problemas sociais e ambientais<br />

<strong>de</strong> difícil solução uma vez estab<strong>el</strong>ecidos. O<br />

rápido crescimento da população <strong>de</strong> Brasília<br />

e Goiânia, cida<strong>de</strong>s planejadas, trouxe consigo<br />

questões que talvez não se previsse – ou não<br />

se esperasse – ocorrer. Pensada originalmente<br />

<strong>para</strong> abrigar 500 mil pessoas, Brasília se viu<br />

forçada a acomodar milhares <strong>de</strong> imigrantes<br />

que chegavam <strong>de</strong> outros estados atrás do<br />

sonho <strong>de</strong> uma vida m<strong>el</strong>hor – em muito<br />

incentivados por políticas locais que geravam<br />

a falsa impressão do “Eldorado”.<br />

Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, importantes<br />

regiões administrativas do Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral, obtiveram um crescimento populacional<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 4% entre 1994<br />

e 1997. Nesse período as áreas <strong>de</strong> cerrado e<br />

<strong>de</strong> mata <strong>de</strong> galeria foram reduzidas em quase<br />

70%, enquanto que as áreas <strong>de</strong>gradadas – não<br />

aptas a sustentarem nenhuma recuperação<br />

natural – aumentaram em 72%. Isso mostra o<br />

efeito negativo resultado do metabolismo dos<br />

socioecossistemas urbanos segundo os mol<strong>de</strong>s<br />

atuais, insustentáveis.<br />

Vimos na região Centro-Oeste que o planejamento<br />

urbano estático, que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<br />

as necessida<strong>de</strong>s dinâmicas da população,<br />

bloqueia a busca p<strong>el</strong>a sustentabilida<strong>de</strong> da<br />

vida em áreas urbanas. Desta forma, é fundamental<br />

observarmos as responsabilida<strong>de</strong>s<br />

compartilhadas, porém diferenciadas, entre<br />

habitantes <strong>de</strong> um mesmo assentamento<br />

humano no momento dos <strong>de</strong>bates <strong>para</strong> a<br />

formulação e a<strong>de</strong>quação do Plano Diretor.<br />

Moradores <strong>de</strong> bairros <strong>de</strong> periferia e moradores<br />

<strong>de</strong> áreas ditas nobres causam o mesmo<br />

impacto ao ambiente? Os benefícios <strong>de</strong> uma<br />

cida<strong>de</strong> como, por exemplo, saneamento básico,<br />

são estendidos a todos ou são privilégios <strong>de</strong><br />

alguns? Os danos ambientais, como a poluição,<br />

são vividos apenas p<strong>el</strong>os responsáveis, p<strong>el</strong>os<br />

donos <strong>de</strong> automóveis, por exemplo, ou<br />

compartilhados por todos?<br />

Ficou evi<strong>de</strong>nte com as expressões e ações<br />

<strong>de</strong>senvolvidas por jovens da região que um<br />

dos fatores que mais se <strong>de</strong>stacam em áreas<br />

urbanas é a geração <strong>de</strong> lixo. A concentração<br />

populacional e os padrões característicos <strong>de</strong><br />

consumo fazem das cida<strong>de</strong>s imensas produtoras<br />

<strong>de</strong> resíduos sólidos que quando não são<br />

bem <strong>de</strong>stinados geram sérias conseqüências<br />

socioambientais.<br />

Antes <strong>de</strong> nos sentirmos satisfeitos com os efeitos<br />

da reciclagem cabe repensarmos nossos<br />

hábitos <strong>de</strong> consumo, recusarmos produtos que<br />

causem danos excessivos ao meio ambiente,<br />

reduzirmos os resíduos produzidos e reutilizarmos<br />

materiais sempre que possív<strong>el</strong>. Antes<br />

<strong>de</strong> reciclar <strong>de</strong>vemos repensar, recusar, reduzir<br />

e reutilizar <strong>para</strong> minimizarmos os impactos<br />

<strong>de</strong> nossas ações cotidianas nas áreas urbanas<br />

em que vivemos. Estamos dispostos a alterar<br />

nossos hábitos e padrões <strong>de</strong> vida <strong>para</strong> que<br />

todos os seres possam viver?


Desenvolvimento<br />

Comunitário<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Preocupada com o estado do meio ambiente<br />

nos locais próximos às tribos, a juventu<strong>de</strong><br />

indígena do interior do Mato Grosso tem<br />

se organizado.<br />

151<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• CONGADA: Mistura<br />

catolicismo a histórias do<br />

povo africano. Começou, ao<br />

que parece, em 1674, no<br />

Recife/PE. É comemorada nos dias<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário<br />

(7 <strong>de</strong> outubro) e São Benedito<br />

(26 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro).<br />

Uma gran<strong>de</strong> procissão segue<br />

p<strong>el</strong>a cida<strong>de</strong> até a igreja. No<br />

caminho, <strong>para</strong>m <strong>para</strong> dançar ao<br />

som <strong>de</strong> cantigas e “embaixadas”,<br />

imitando batalhas entre cristãos e<br />

mouros. Também conhecida como<br />

Cucumbi, Terno <strong>de</strong> Congo, Congo<br />

ou Congada.<br />

São João d’Aliança/GO. [Carla Hirata, 19 anos]<br />

Do Pantanal<br />

ao Cerrado,<br />

comunida<strong>de</strong>s vivem em constante<br />

contato com o meio natural e constroem<br />

modos <strong>de</strong> vida com costumes e atitu<strong>de</strong>s<br />

muito particulares.<br />

Encontramos camponeses no interior do<br />

Cerrado, que se caracterizam p<strong>el</strong>a economia<br />

<strong>de</strong> subsistência, com suas roças, caça e pesca.<br />

Eles vivem uma dinâmica social caracterizada<br />

p<strong>el</strong>a intensa r<strong>el</strong>ação <strong>de</strong> vizinhança, sobretudo<br />

a partir do trabalho coletivo e <strong>de</strong><br />

práticas r<strong>el</strong>igiosas. Várias são as manifestações<br />

culturais <strong>de</strong>sse povo no interior do<br />

Brasil, como a Congada, a Folia <strong>de</strong> Reis, a Folia<br />

do Divino e as cantigas <strong>de</strong> roda, <strong>de</strong>ntre<br />

outras. Não se po<strong>de</strong> esquecer da cozinha<br />

regional, que utiliza ingredientes típicos da<br />

região como a guariroba (Syagrus oleracea) e<br />

o pequi (Caryocar brasiliense Camb).<br />

No Pantanal encontramos diferentes comunida<strong>de</strong>s<br />

indígenas, espalhadas principalmente<br />

na região do Mato Grosso e do Mato Grosso<br />

do Sul. Essas comunida<strong>de</strong>s têm um gran<strong>de</strong><br />

valor <strong>para</strong> a cultura pantaneira e <strong>para</strong> a<br />

cultura nacional.<br />

O Encontro <strong>de</strong> Jovens e Adolescentes Indígenas<br />

é realizado p<strong>el</strong>a Fundação Nacional do<br />

Índio – FUNAI <strong>de</strong> Tangará da Serra/MT, com<br />

parceria do setor <strong>de</strong> educação da Fundação<br />

Nacional do Índio em Brasília. O evento<br />

envolve a participação <strong>de</strong> quatro etnias:<br />

Paresi-Haliti, Nambikwara, Manoki-Irantxe e<br />

Miki, todas do estado <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />

Esse encontro tem como objetivo principal<br />

<strong>de</strong>finir propostas sobre os temas meio ambiente,<br />

saú<strong>de</strong> e educação <strong>para</strong> <strong>el</strong>aboração <strong>de</strong><br />

projetos via FUNAI, além <strong>de</strong> sensibilizar e <strong>de</strong>spertar<br />

o interesse dos jovens indígenas <strong>para</strong><br />

o envolvimento nas questões comunitárias.<br />

É realizado uma vez por mês com cada etnia.<br />

Divididos em grupos <strong>de</strong> trabalho, jovens entre<br />

13 e 25 anos <strong>de</strong>limitam propostas <strong>para</strong> serem<br />

apresentadas em assembléia geral, ao fim do<br />

encontro. Dentre as propostas já <strong>el</strong>aboradas,<br />

os jovens indígenas sugerem:<br />

• a formação <strong>de</strong> indígenas e não-indígenas<br />

<strong>para</strong> a execução <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s/projetos aplicados<br />

em terras indígenas;<br />

• a busca por apoio <strong>de</strong> instituições justas e<br />

conhecedoras das questões indígenas;<br />

• a valorização do espaço natural e tradicional<br />

através do ensino;<br />

• a promoção <strong>de</strong> reuniões, palestras e<br />

seminários <strong>para</strong> sensibilização dos jovens<br />

indígenas;<br />

• vida digna socioambiental;<br />

• a preservação das nascentes dos rios e o<br />

controle da <strong>de</strong>vastação em terras indígenas<br />

e em torno <strong>de</strong>las.<br />

• FOLIA DE REIS: Auto popular<br />

que r<strong>el</strong>embra a visita dos três Reis<br />

Magos ao Menino Jesus. Homens<br />

fantasiados <strong>de</strong> reis saem em<br />

cortejo à noite, <strong>para</strong>ndo nas casas<br />

com presépios <strong>para</strong> cantar, dançar<br />

e abençoar a família. A festa vai<br />

<strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro a<br />

2 <strong>de</strong> fevereiro.<br />

• FOLIA DO DIVINO: Maior<br />

manifestação cultural <strong>de</strong><br />

Pirenópolis/GO. R<strong>el</strong>embra a<br />

benção do Divino Espírito Santo<br />

aos apóstolos <strong>de</strong> Cristo, na festa<br />

<strong>de</strong> Pentecostes. A comissão<br />

r<strong>el</strong>igiosa, em procissão, percorre<br />

diversas casas (Folia Urbana) ou<br />

fazendas (Folia Rural) carregando<br />

consigo as Ban<strong>de</strong>iras do Divino,<br />

oferecendo Bênçãos, recolhendo<br />

esmolas e convocando o povo<br />

<strong>para</strong> a Festa. Acontece 50 dias<br />

<strong>de</strong>pois da Páscoa.<br />

Saiba +<br />

• Para mais informações sobre o<br />

Encontro <strong>de</strong> Jovens e Adolescente<br />

Indígenas consulte o Portal da<br />

FUNAI (www.funai.gov.br) ou<br />

entre em contato com a<br />

Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong> Educação<br />

<strong>de</strong>ste órgão p<strong>el</strong>os t<strong>el</strong>efones<br />

(61) 3313.3647 / 3226.5197.


152<br />

Contatos<br />

• ECOA - Ecologia e Ação<br />

Rua 14 <strong>de</strong> julho, 3169<br />

Centro<br />

Campo Gran<strong>de</strong>/MS<br />

CEP: 79002-333<br />

T<strong>el</strong>: (67) 3324-3230<br />

webmaster@riosvivos.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Tainá-racan e Maluá, ganharam<br />

do <strong>de</strong>us Cananxuié um filho,<br />

Uadi, que tinha os cab<strong>el</strong>os da cor<br />

da flor do ipê. Quando a tribo se<br />

pre<strong>para</strong>va <strong>para</strong> guerra, o <strong>de</strong>us<br />

buscou Uadi, <strong>para</strong> <strong>de</strong>sespero dos<br />

índios. Tainá-racan tanto chorou<br />

com a perda <strong>de</strong> Uadi e a partida<br />

<strong>de</strong> Maluá <strong>para</strong> a luta que<br />

Cananxuié se apiedou <strong>de</strong>la,<br />

fazendo <strong>de</strong> suas lágrimas um<br />

fruto cujo coração eram os espinhos<br />

da dor da índia e a cor era os<br />

cab<strong>el</strong>os <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> Uadi.<br />

A esse fruto <strong>el</strong>e chamou Tamauó,<br />

o nosso pequi. Mito <strong>de</strong> origem<br />

Karajá.<br />

• Os povos indígenas reconhecidos<br />

que, atualmente, habitam o<br />

Pantanal são: os Kadiwéu, que são<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos Guaikuru; os<br />

Umutina e Bororo; os Guarani dos<br />

subgrupos Kaiwá e Nhandéwa;<br />

os Terena; os Kikimá; os Paresi; os<br />

Nambikwara; os Guató, que são<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes dos canoeiros e o<br />

grupo Chiquitano. (FUNAI:2007)<br />

• São espécies típicas da<br />

fauna pantaneira o<br />

Cervo-do-pantanal<br />

(Blastocerus dichotomus), o<br />

Cachorro-vinagre (Speothos<br />

venaticus), a Anta (Tapirus<br />

terrestris), o Lobo-guará<br />

(Chrysocyon brachyurus), o<br />

Tamanduá-ban<strong>de</strong>ira<br />

(Myrmecophaga tridactyla), o<br />

Tuiuiú (Jabiru mycteria), a<br />

Cabeça-seca (Mycteria americana)<br />

e o Colhereiro (Platalea ajaja) . Já<br />

a flora é rica em amoras silvestres<br />

(Rubus rosaefolius), açucenas<br />

(Amaryllis heuseriana),<br />

flores-<strong>de</strong>-maracujá (Passiflora<br />

edulis) e bromélias (Aechmea<br />

nudicaulis).<br />

A 200km do rio Paraguai, ao norte <strong>de</strong> Corumbá/<br />

MS, encontra-se uma das regiões mais nostálgicas<br />

e isoladas do globo terrestre, a Serra do Amolar.<br />

Com 80km <strong>de</strong> extensão, é consi<strong>de</strong>rada uma área<br />

<strong>de</strong> alta priorida<strong>de</strong> <strong>para</strong> conservação.<br />

Guardando o Amolar estão seus guerreiros da<br />

paz, comunida<strong>de</strong>s que habitam as margens do<br />

rio que dá vida ao Pantanal, formando pequenos<br />

povoados on<strong>de</strong> a r<strong>el</strong>ação direta com a natureza<br />

se faz por meio do respeito e da luta p<strong>el</strong>a sobrevivência.<br />

As raízes <strong>de</strong>sse povo foram fixadas por<br />

seus ancestrais, vindos das áreas <strong>de</strong> Cuiabá/MT e<br />

Cáceres/MT, que dividiram espaço com os antigos<br />

habitantes da região, os últimos índios da etnia<br />

Guató, permanecendo com seus costumes e<br />

dialeto até os dias <strong>de</strong> hoje.<br />

Como o Pantanal é sua gente, a Serra do Amolar<br />

também explicita o esquecimento do seu povo<br />

p<strong>el</strong>o Estado, sob diversos aspectos. Assim, o<br />

governo faz-se lembrar somente quando tenta<br />

interferir na pesca artesanal ou implantar<br />

hidrovias <strong>de</strong> alto risco socioambiental. Conversando<br />

com jovens da região percebemos que<br />

não há atendimento médico suficiente, incentivo<br />

a alternativas sustentáveis <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda,<br />

políticas públicas condizentes com anseios<br />

da comunida<strong>de</strong> ou parcerias e projetos <strong>para</strong><br />

otimizar os trabalhos na pesca e minimizar os<br />

impactos gerados.<br />

A Ong Ecologia e Ação - ECOA, em parceria com<br />

a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Mato Grosso do Sul,<br />

esta ajudando o Amolar a reduzir seus problemas<br />

socioambientais. Realizam um trabalho<br />

<strong>para</strong> organizar a comunida<strong>de</strong>, com a promoção<br />

<strong>de</strong> várias associações, e buscam o diálogo entre<br />

governo e parcerias privadas, <strong>para</strong> levar à região<br />

atendimento médico e cursos <strong>de</strong> capacitação<br />

em diversas áreas profissionais, como combate<br />

e prevenção a incêndios florestais, saneamento<br />

básico e artesanato. Um dos objetivos é capacitar<br />

agentes ambientais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> representados<br />

por jovens das próprias comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas,<br />

aplicando formas sustentáveis <strong>de</strong> integração<br />

entre socieda<strong>de</strong> e natureza.<br />

Percebemos que as exuberantes fauna e flora,<br />

intactas, se entr<strong>el</strong>açam com o choque social <strong>de</strong><br />

uma comunida<strong>de</strong> legitimamente pantaneira que<br />

começa a mostrar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e força.<br />

Já na Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros, em Goiás,<br />

vivem os Kalungas, negros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

escravos africanos.<br />

Dados<br />

A Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros é uma microrregião<br />

do estado <strong>de</strong> Goiás que ocupa uma área<br />

<strong>de</strong> 21.338 km 2 e possui 59.951 habitantes<br />

(IBGE:2000). Está dividida em 8 municípios:<br />

Alto Paraíso <strong>de</strong> Goiás, Campos B<strong>el</strong>os,<br />

Cavalcante, Colinas do Sul, Monte Alegre<br />

<strong>de</strong> Goiás, Nova Roma, São João d’Aliança e<br />

Teresina <strong>de</strong> Goiás. (WIKIPÉDIA:2006)<br />

As comunida<strong>de</strong>s Kalungas se formaram a partir<br />

<strong>de</strong> revoltas dos escravos que trabalhavam nas<br />

minas e garimpos. Eles se embrenharam entre<br />

as serras <strong>de</strong> Goiás e, em busca <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>,<br />

construíram suas casas nos vãos <strong>de</strong>ssas serras,<br />

como as comunida<strong>de</strong>s do Vão das Almas e do<br />

Vão do Moleque.<br />

Quanto mais distantes, maior era a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> os encontrarem. Não se sabe a data exata<br />

em que essas comunida<strong>de</strong>s foram localizadas,<br />

sabe-se apenas que faz poucos anos.


Kalungas – São uma comunida<strong>de</strong><br />

quilombola, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravos<br />

remanescentes <strong>de</strong> quilombos.<br />

A Fundação Palmares mapeou 743<br />

comunida<strong>de</strong>s no país, sendo que<br />

outras fontes indicam a existência<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2 mil. (SEPPIR:2006)<br />

Em visita aos Kalungas entramos em uma área <strong>de</strong><br />

paisagem b<strong>el</strong>íssima on<strong>de</strong> vivem <strong>de</strong> forma simples<br />

próximos a rios, riachos e córregos, em casas <strong>de</strong><br />

adobe com teto <strong>de</strong> palha e ma<strong>de</strong>ira. O modo <strong>de</strong><br />

vida é rústico, com fogão à lenha, chão <strong>de</strong> terra<br />

batida, banho e pan<strong>el</strong>as lavadas no rio. A questão<br />

do saneamento ainda é assunto a ser discutido<br />

<strong>para</strong> se encontrarem alternativas a<strong>de</strong>quadas.<br />

Eles sobrevivem com alimentos extraídos da<br />

terra, com o cultivo da lavoura (mandioca, arroz<br />

e cana-<strong>de</strong>-açúcar) e a criação <strong>de</strong> galinhas, bois<br />

e vacas leiteiras. Também são encontradas na<br />

região algumas poucas árvores frutíferas.<br />

Algumas ações governamentais beneficiam<br />

essas sas comunida<strong>de</strong>s, mas o que importa é intervir<br />

sem agredir a cultura <strong>de</strong>sses povos e seu modo<br />

<strong>de</strong> vida harmônico com o meio ambiente. Além<br />

<strong>de</strong> ações assistenciais que m<strong>el</strong>horam a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida, percebemos que é fundamental o<br />

reconhecimento dos territórios <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

quilombolas <strong>para</strong> que conflitos <strong>de</strong> terras com<br />

gran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>iros sejam evitados.<br />

Análise<br />

A transferência da capital <strong>para</strong> o centro do país,<br />

a menos <strong>de</strong> meio século, foi o impulso mais<br />

recente <strong>para</strong> povoamento do Centro-Oeste.<br />

Embora apresente baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica,<br />

a região abriga comunida<strong>de</strong>s com modos <strong>de</strong> vida<br />

muito distintos, remanescentes <strong>de</strong> quilombos,<br />

indígenas, agricultores e até habitantes <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>s com mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento comunitário, portanto,<br />

apresenta-se <strong>de</strong> maneira peculiar, apoiado por<br />

iniciativas que buscam resgatar raízes culturais<br />

tradicionais e conciliar realida<strong>de</strong>s atuais. É<br />

o caso <strong>de</strong> articulações <strong>para</strong> a criação da Universida<strong>de</strong><br />

dos Povos Indígenas do Brasil, em Mato<br />

Grosso. Todavia, o avanço indiscriminado da soja<br />

<strong>de</strong>scaracteriza não apenas o Cerrado, mas<br />

também as comunida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>le tiram sustento<br />

e suas formas <strong>de</strong> vida.<br />

Além dos povos indígenas, as comunida<strong>de</strong>s<br />

quilombolas enfrentam esta situação, pois muito<br />

<strong>de</strong> seu conhecimento tradicional está ligado a costumes<br />

advindos da r<strong>el</strong>ação com o Cerrado. Nesse<br />

sentido, além da <strong>de</strong>marcação e titulação das áreas<br />

quilombolas, é fundamental garantir o reconhecimento<br />

e a valorização <strong>de</strong> sua cultura, bem como o<br />

acesso da população aos bens e serviços, <strong>para</strong> que<br />

a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e a violência cultural não<br />

sejam perpetuadas.<br />

É fundamental o envolvimento da juventu<strong>de</strong>,<br />

<strong>para</strong> que o preconceito com comunida<strong>de</strong>s<br />

locais tradicionais não seja incorporado e<br />

mantido por gerações, <strong>para</strong> que entendimentos<br />

diversos possam ser difundidos e dialogados e,<br />

principalmente, <strong>para</strong> que haja interação entre<br />

visões plurais, <strong>de</strong> jovem <strong>para</strong> jovem. A valorização<br />

das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, histórias e culturas das<br />

comunida<strong>de</strong>s é primordial.<br />

A Lei 10.639/03 surge, neste contexto <strong>de</strong> valorização<br />

dos povos afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, <strong>para</strong> tornar<br />

obrigatório o ensino <strong>de</strong> História e Cultura Afro-<br />

Brasileira na educação básica. O conhecimento<br />

sobre a ancestralida<strong>de</strong> da população brasileira é<br />

um passo que po<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o engajamento<br />

<strong>de</strong> mais jovens em ações concernentes a uma<br />

nova abolição, <strong>de</strong>sta vez realizada com honestida<strong>de</strong><br />

a ponto <strong>de</strong> enfrentar a questão do racismo.<br />

153<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Parque Nacional da Chapada<br />

dos Vea<strong>de</strong>iros, criado em 1961,<br />

compreen<strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> 65.514<br />

ha <strong>de</strong> Cerrado. Abriga diversas<br />

formações vegetais, centenas <strong>de</strong><br />

nascentes e cursos d água e<br />

paisagens <strong>de</strong> intensa b<strong>el</strong>eza.<br />

Está no nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Goiás, no<br />

centro da Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros.<br />

A 260km <strong>de</strong> Brasília, o parque<br />

abrange os municípios <strong>de</strong><br />

Cavalcante (60%) e Alto Paraíso<br />

(40%), on<strong>de</strong> se situa a Vila <strong>de</strong><br />

São Jorge, local <strong>de</strong> entrada dos<br />

visitantes. (IBAMA:2006)<br />

• O parecer da COMISSÃO<br />

DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E<br />

CIDADANIA sobre a Proposta <strong>de</strong><br />

Emenda à Constituição n° 6, <strong>de</strong><br />

1999, assegura aos remanescentes<br />

dos quilombos o DIREITO DE<br />

PROPRIEDADE sobre as terras que<br />

ocupam e garante a preservação<br />

<strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

“Os marcos <strong>de</strong> fundação da<br />

cultura pantaneira estão na<br />

troca entre as culturas branca e<br />

indígenas, principalmente negra.<br />

As culturas indígenas cotribuíram<br />

com seus animais <strong>de</strong> criação,<br />

procedimentos, equipamentos,<br />

práticas cotidianas. Como<br />

exemplo tem-se os cavalos<br />

Guaicuru, hábitos alimentares<br />

<strong>de</strong> caça, pesca e coleta”<br />

(Campos Filho:2002)


154<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Em novembro <strong>de</strong> 2000, o<br />

Pantanal foi <strong>de</strong>clarado Patrimônio<br />

Natural Mundial. Na mesma<br />

ocasião, o Parque Nacional do<br />

Jaú/AM também foi incluído na<br />

Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial da<br />

UNESCO<br />

Veja PATRIMÔNIO HISTÓRICO-<br />

CULTURAL DA HUMANIDADE, no<br />

Glossário.<br />

• Outras espécies presentes<br />

na fauna pantaneira são a<br />

Jaguatirica (Leopardus pardalis),<br />

a Onça Parda (Puma concolor), a<br />

Ariranha (Pteronura brasiliensis) e<br />

a Onça Pintada (Panthera onca).<br />

Saiba +<br />

• Veja o guia <strong>de</strong> aves on line:<br />

www.avespantanal.com.br<br />

Araras azuis no Pantanal. [Diego Xavier]<br />

Conhecendo<br />

mais sobre a região <strong>de</strong>mos que o bioma <strong>de</strong> menor extensão do<br />

apren-<br />

Brasil e <strong>de</strong> maior planície alagáv<strong>el</strong> do mundo<br />

é o Pantanal, com 35% <strong>de</strong> seu território<br />

localizados no Mato Grosso e 65% no Mato<br />

Grosso do Sul. (IBGE:2004)<br />

O Pantanal funciona como um corredor<br />

biogeográfico, promovendo a dispersão da<br />

fauna e da flora por ser o <strong>el</strong>o <strong>de</strong> ligação entre<br />

as duas maiores bacias da América do Sul: a do<br />

Prata e a Amazônica.<br />

Biomas Brasileiros<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

“Chegamos tar<strong>de</strong> da noite à Fazenda Santa<br />

Emília, município <strong>de</strong> Aquidauana/MS, região<br />

do Pantanal do Rio Negro. P<strong>el</strong>a manhã, nos<br />

reunimos <strong>para</strong> receber as primeiras informações<br />

sobre o local e começar a primeira<br />

trilha. A poucos metros do nosso grupo havia<br />

uma árvore. Sobre a árvore, um ninho repleto<br />

<strong>de</strong> araras azuis. Não importa o que eu diga,<br />

nada vai <strong>de</strong>finir o que eu senti. Elas existem,<br />

são enormes, lindas e barulhentas. Elas são<br />

livres, mas não fogem. Em poucos segundos,<br />

três <strong>de</strong>las saíram do ninho, sobrevoaram nossas<br />

cabeças e pousaram numa cerca.<br />

Esses segundos foram capazes <strong>de</strong> me fazer<br />

sentir o que horas <strong>de</strong> teoria não foram:<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> me mudar <strong>para</strong> lá e não permitir<br />

que ninguém as maltrate!<br />

Eu sabia o que <strong>el</strong>as eram, o que <strong>el</strong>as faziam,<br />

mas só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vê-las entendi a importância<br />

real <strong>de</strong> preservar”.<br />

St<strong>el</strong>la Alves, 20 anos – Brasília/DF<br />

Sua planície está posicionada entre 80 e 150m<br />

<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e seus solos são predominantemente<br />

pouco permeáveis. Estas características<br />

fazem com que, a cada ano, após alguns meses<br />

<strong>de</strong> chuva, a planície do Pantanal se transforme<br />

em uma imensa área alagada.<br />

Encontramos diversas espécies <strong>de</strong> animais na re-<br />

gião, <strong>de</strong>ntre <strong>el</strong>as a Arara azul (Anodorhynchus<br />

hyacinthinus) ) que, <strong>de</strong>vido a vários projetos<br />

<strong>de</strong> proteção e conservação no Pantanal, tem<br />

conseguido resistir à ameaça da extinção.<br />

Conservação: administração<br />

dos recursos naturais <strong>de</strong> forma<br />

a minimizar o impacto humano<br />

e permitindo seu manejo.<br />

Preservação: proteção dos<br />

ambientes vivos e <strong>de</strong> seus<br />

habitantes naturais evitando<br />

a interferência humana.<br />

A falta <strong>de</strong> controle sobre as ativida<strong>de</strong>s econô-<br />

micas <strong>de</strong>senvolvidas no Pantanal e em suas<br />

áreas <strong>de</strong> entorno é uma ameaça constante<br />

ao equilíbrio do ecossistema como um todo.<br />

Dentre as ativida<strong>de</strong>s que trazem problemas<br />

ambientais estão o <strong>de</strong>senvolvimento ac<strong>el</strong>erado<br />

da agricultura, a mineração, o aumento do lixo<br />

urbano, a drenagem artificial, a produção<br />

agropecuária e os projetos <strong>de</strong> navegação.<br />

Algumas ativida<strong>de</strong>s representam ameaça<br />

direta à vida s<strong>el</strong>vagem, como a pesca


155<br />

Vista do caminho até a comunida<strong>de</strong> Kalunga <strong>de</strong><br />

Engenho II, Cavalcante/GO. [Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

Saiba +<br />

• Veja sobre unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> servação na região<br />

con-<br />

Norte.<br />

predatória, a caça<br />

ilegal, o tráfico ilegal <strong>de</strong> animais silves-<br />

tres e o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado do turismo.<br />

Vemos que o Pantanal sofre com <strong>de</strong>smatamento,<br />

que em 2004 já antigia 17% da área<br />

original. Mantido o ritmo atual, o Pantanal<br />

per<strong>de</strong>rá toda sua vegetação em menos <strong>de</strong> meio<br />

século (Conservação Internacional:2006).<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

“O baixo incentivo a pesquisas científicas<br />

faz com que a região do Cerrado continue<br />

pobremente compreendida e sua fauna e<br />

flora subestimadas. Os esforços <strong>para</strong> a con-<br />

servação são mínimos e muito dificultados<br />

p<strong>el</strong>os interesses econômicos existentes na<br />

região. Certamente, as principais ameaças à<br />

biodiversida<strong>de</strong> vêm com o avanço da monocultura<br />

e da pecuária, sempre associadas ao<br />

<strong>de</strong>smatamento, a queimadas, à fabricação <strong>de</strong><br />

carvão e à ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada do solo”.<br />

Allan Crema, 27 anos – Brasília/DF<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Exemplos <strong>de</strong> plantas medicinais<br />

do Cerrado são a Arnica<br />

(Lychnophora ericoi<strong>de</strong>s),<br />

o Barbatimão<br />

(Stryphno<strong>de</strong>ndron adstringens),<br />

a Sucupira (Bowdichia sp.),<br />

o Mentrasto (Ageratum<br />

conyzoi<strong>de</strong>) e o V<strong>el</strong>ame<br />

(Macrosiphonia v<strong>el</strong>ame).<br />

(Embrapa Recursos Genéticos e<br />

Biotecnologia)<br />

Outro bioma característico da região Centro-<br />

Oeste é o Cerrado, segunda maior formação<br />

vegetal brasileira – menor apenas que a<br />

Amazônia. Devido a <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> nutrientes<br />

– p<strong>el</strong>a formação <strong>de</strong> couraças, carapaças<br />

ou bancadas lateríticas, que dificultam a<br />

penetração <strong>de</strong> água da chuva ou das raízes – e<br />

à alta concentração <strong>de</strong> alumínio no seu solo,<br />

o Cerrado apresenta vegetação <strong>de</strong> pequenas<br />

árvores, <strong>de</strong> troncos torcidos e recurvados<br />

e com folhas grossas. Quando tais couraças<br />

são espessas e contínuas, as árvores ficam<br />

esparsas, em meio a uma vegetação rala e<br />

rasteira, misturando-se, às vezes, com campos<br />

limpos ou matas <strong>de</strong> árvores não muito altas.<br />

São paisagens inesquecíveis, enquadramentos<br />

<strong>para</strong> lindas fotos!<br />

Apesar <strong>de</strong> já terem sido catalogadas cerca <strong>de</strong><br />

330 espécies <strong>de</strong> plantas do Cerrado <strong>para</strong> uso na<br />

medicina popular, esse bioma é inf<strong>el</strong>izmente<br />

visto como mera fronteira <strong>para</strong> a expansão do<br />

agronegócio brasileiro, com a agropecuária<br />

<strong>para</strong> exportação <strong>de</strong> grãos e carnes, sendo<br />

esquecidas sua preciosa biodiversida<strong>de</strong> e<br />

diversida<strong>de</strong> cultural.<br />

Os jovens que vivem nesse bioma se perguntam<br />

se a agricultura monocultora e a<br />

pecuária extensiva são realmente a vocação<br />

<strong>de</strong>sta região. Será que não existe uma forma<br />

<strong>de</strong> conciliar o crescimento econômico com a<br />

preservação da natureza? Em Goiás, por exemplo,<br />

práticas adotadas p<strong>el</strong>a agricultura esgotam<br />

os mananciais e poluem o solo agressivamente.<br />

Dados<br />

Da área original do Cerrado (196.776.853 ha)<br />

restam hoje apenas 20%. (IBAMA:2006)<br />

O Cerrado possui um dos projetos <strong>de</strong><br />

conservação e manejo ambiental mais ambiciosos<br />

do país: o Corredor Ecológico Araguaia-<br />

Bananal. Formado por 9 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação<br />

espalhadas por 10 milhões <strong>de</strong> hectares<br />

nos estados <strong>de</strong> Goiás e do Mato Grosso, no<br />

Centro-Oeste, e Tocantins e Pará, no Norte, o<br />

corredor tem importância especial por estar<br />

em uma região <strong>de</strong> contato do Cerrado com a<br />

Amazônia – bioma também encontrado na<br />

região Centro-Oeste, ao norte do Mato Grosso.


156<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

“É fundamental o investimento na criação<br />

<strong>de</strong> novas áreas <strong>de</strong> proteção ambiental.<br />

A Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação é a principal<br />

ferramenta <strong>para</strong> preservar riquezas e b<strong>el</strong>ezas<br />

naturais, manter um meio ambiente<br />

equilibrado, promover a educação ambiental<br />

e o or<strong>de</strong>namento da ocupação do território.<br />

Um outro fator importante é que possa haver<br />

um sistema <strong>de</strong> corredores ecológicos, que interligue<br />

estas áreas protegidas e aumente as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dispersão e fluxo entre as<br />

populações naturais”<br />

Allan Crema, estudante <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em Biologia Animal, 27 anos – Brasília/DF<br />

Análise<br />

Viajar p<strong>el</strong>a região on<strong>de</strong> se encontra originalmente<br />

o Cerrado é uma experiência<br />

angustiante. Monótonas e extensas áreas ver<strong>de</strong>s<br />

em formato geométrico recobrem o solo outrora<br />

coberto p<strong>el</strong>a exuberante vegetação nativa.<br />

Provav<strong>el</strong>mente a abertura <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> pastagem<br />

<strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> gado foi a principal<br />

causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento do Cerrado. Todavia,<br />

recentemente as pressões sobre o bioma<br />

começam a ter uma outra origem.<br />

Os vastos círculos ver<strong>de</strong>s são lavouras irrigadas<br />

<strong>de</strong> soja, importante economia da região.<br />

A expansão da ativida<strong>de</strong> agropecuária<br />

pressiona cada vez mais as áreas remanescentes.<br />

Dados do IBGE indicam que a área<br />

ocupada p<strong>el</strong>a cultura <strong>de</strong> soja tem aumentado<br />

enormemente no país.<br />

Estudos realizados por pesquisadores do<br />

<strong>Programa</strong> Cerrado da Conservação Internacional<br />

– Brasil indicam que o bioma corre o<br />

risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer até 2030, caso o atual<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento – responsáv<strong>el</strong><br />

p<strong>el</strong>a perda anual <strong>de</strong> 2,2 milhões <strong>de</strong> hectares<br />

<strong>de</strong> áreas nativas – seja mantido.<br />

O bioma cerrado ocupa aproximadamente<br />

24% do território brasileiro. Por ser pouco<br />

conhecido e, principalmente, pouco valorizado<br />

é o bioma que mais tem sofrido os impactos<br />

do rápido avanço da fronteira agropecuária.<br />

Dados do Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Espaciais – INPE rev<strong>el</strong>am que 60%<br />

da vegetação nativa do bioma<br />

já foram <strong>de</strong>smatados<br />

<strong>para</strong> exploração<br />

econômica.<br />

Embora o Cerrado esteja na pauta da juventu<strong>de</strong><br />

da região, percebe-se que a discussão<br />

ainda é incipiente, tendo em vista a gravida<strong>de</strong><br />

das perspectivas <strong>para</strong> o bioma e a sua<br />

importância como área <strong>de</strong> recarga <strong>de</strong> aqüíferos,<br />

<strong>de</strong>ntre outras funções <strong>de</strong>sprezadas.<br />

[Pollyanna Brito, 19 anos]


157<br />

Energia & Transporte<br />

Saiba +<br />

• Veja mais sobre hidr<strong>el</strong>étricas<br />

no tema Energia e Transporte da<br />

Região Sul.<br />

O Distrito Fe<strong>de</strong>ral passou por sérias ameaças<br />

<strong>de</strong> apagão <strong>de</strong>vido a sua insuficiência hídrica<br />

<strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> energia. De acordo com o<br />

IBGE, o DF é o terceiro colocado na lista dos<br />

estados com menor disponibilida<strong>de</strong> hídrica<br />

por metro cúbico por habitante/ano,<br />

ficando atrás apenas <strong>de</strong> Pernambuco<br />

e da Paraíba. Diante <strong>de</strong>sse quadro, o<br />

governo do Distrito Fe<strong>de</strong>ral liberou<br />

verba <strong>para</strong> a construção da atual<br />

usina hidr<strong>el</strong>étrica <strong>de</strong> Corumbá<br />

IV em Luziânia/GO, inaugurada<br />

em 2006.<br />

Corumbá IV é tida<br />

como a dádiva<br />

contra o possív<strong>el</strong><br />

e temeroso<br />

apagão na capital<br />

fe<strong>de</strong>ral. A<br />

Usina fornece<br />

<strong>de</strong> 15 a 20% da<br />

energia consumida<br />

Material produzido p<strong>el</strong>os jovens da Ecocâmara, Brasília/DF.<br />

em Brasília e tem uma<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 127MW.<br />

É esse abastecimento que pos-<br />

sibilita enorme r<strong>el</strong>evância política a usinas <strong>de</strong><br />

médio porte, como Corumbá IV.<br />

pastos e plantações; cemitérios familiares<br />

foram inundados; o contato entre vizinhos<br />

foi inviabilizado; o acesso à escola e ao<br />

posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> foi dificultado com a<br />

ampliação das distâncias; as criações <strong>de</strong><br />

animais foram extintas p<strong>el</strong>a redução<br />

territorial; intensificou-se o problema<br />

do espólio, uma vez que as terras a<br />

serem repartidas tornam-se cada vez<br />

menores; aumentou a insegurança<br />

com a circulação <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong><br />

fora; além <strong>de</strong> outros problemas<br />

com grilagem <strong>de</strong> terras, pesca<br />

predatória e <strong>de</strong>sestruturação<br />

produtiva.<br />

Espólio é o conjunto<br />

<strong>de</strong> bens, direitos,<br />

rendimentos e<br />

obrigações da<br />

pessoa falecida.<br />

É uma questão da<br />

própria dinâmica<br />

do camponês <strong>de</strong>ssa<br />

região, que reparte<br />

suas terras como herança.<br />

(IN SRF n° 81, <strong>de</strong> 2001, art. 2°)<br />

(Ministério da Fazenda<br />

Receita Fe<strong>de</strong>ral)<br />

A dádiva tem, porém, outro lado que não é<br />

divulgado: os impactos negativos causados<br />

p<strong>el</strong>as construções <strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas. Nas comunida<strong>de</strong>s<br />

vizinhas ao reservatório, mais <strong>de</strong><br />

600 proprieda<strong>de</strong>s rurais foram atingidos nos<br />

municípios goianos <strong>de</strong> Luziânia, Santo Antônio<br />

do Descoberto, Silvânia, Abadiânia, Alexânia,<br />

Corumbá <strong>de</strong> Goiás e Novo Gama.<br />

Famílias per<strong>de</strong>ram suas terras com pomares,<br />

Todas essas questões geram empecilhos<br />

ao processo <strong>de</strong> licenciamento ambiental,<br />

fundamentadas nos diferentes interesses e<br />

i<strong>de</strong>ologias dos agentes presentes (governos<br />

municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais, organizações<br />

estatais, empresas <strong>de</strong> diferentes setores,<br />

comunida<strong>de</strong>s e famílias). É um <strong>de</strong>safio entre o<br />

histórico e o político dos conflitos, neste caso<br />

entre uma maior produção <strong>de</strong> energia e o<br />

socioambientalismo.


158<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Indignado com problemas socioambientais<br />

r<strong>el</strong>acionados à construção da usina hidr<strong>el</strong>étrica<br />

<strong>de</strong> Corumbá IV, o jovem que realiza<br />

trabalhos com as comunida<strong>de</strong>s da região se<br />

questiona sobre os reais resultados do projeto<br />

“Afinal, <strong>de</strong>senvolvimento pra quem?<br />

Para aqu<strong>el</strong>es que foram obrigados a aceitar<br />

as imposições da instalação do empreendimento?<br />

Quem <strong>de</strong>finiu o local da instalação e<br />

autorizou a construção? Energia pra quem?<br />

Será que as famílias atingidas terão acesso<br />

mais fácil ou terão seus gastos <strong>de</strong> energia<br />

diminuídos? Preservar, conservar <strong>para</strong> que<br />

os trabalhadores rurais tenham ainda menos<br />

terras? Como compensar essas famílias atingidas?<br />

É possív<strong>el</strong> fazer uma equivalência<br />

monetária das perdas? É justa a in<strong>de</strong>nização,<br />

mesmo que aqu<strong>el</strong>a terra não estivesse à venda<br />

e tenha sido arbitrariamente comprada?”<br />

Marc<strong>el</strong> Taminato, 25 anos – Brasília/DF<br />

É também no Centro-Oeste, precisamente no<br />

Mato Grosso do Sul, que se encontra parte<br />

do Gasoduto Brasil – Bolívia, construído<br />

entre 1997 e 2000 p<strong>el</strong>o governo brasileiro <strong>para</strong><br />

abastecer as usinas term<strong>el</strong>étricas nacionais. O<br />

gasoduto cruza os estados <strong>de</strong> Mato Grosso<br />

do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

A segurança das comunida<strong>de</strong>s que moram<br />

próximas às áreas por on<strong>de</strong> passa o gasoduto<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da integrida<strong>de</strong> da Faixa <strong>de</strong> Servidão.<br />

Devido a isso, algumas precauções <strong>de</strong>vem ser<br />

tomadas: evitar danificação dos marcos <strong>de</strong><br />

sinalização da Faixa <strong>de</strong> Servidão do gasoduto;<br />

prevenir queimadas ou fogueiras na faixa ou<br />

próximo a <strong>el</strong>a; proibir plantio <strong>de</strong> qualquer<br />

árvore ou arbusto <strong>de</strong>ntro da faixa; e impedir<br />

cruzamento da faixa a veículos que pesem<br />

mais <strong>de</strong> 10 ton<strong>el</strong>adas por eixo.<br />

As reservas <strong>de</strong> gás natural formaram-se há<br />

milhões <strong>de</strong> anos, a partir da sedimentação<br />

do plâncton. Sua combustão libera óxido <strong>de</strong><br />

nitrogênio e também dióxido <strong>de</strong> carbono,<br />

embora esse último em quantida<strong>de</strong>s menores<br />

que no caso do petróleo. É, portanto, válido<br />

consi<strong>de</strong>rar que o gás natural é uma fonte <strong>de</strong><br />

energia não renováv<strong>el</strong> e o Brasil tem gran<strong>de</strong><br />

potencial <strong>para</strong> instalação <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia<br />

alternativas e renováveis.<br />

Devido à construção <strong>de</strong> Brasília e à expansão<br />

das fronteiras agrícolas no Mato Grosso, a<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes na região se multiplicou e,<br />

hoje, encontramos no Centro-Oeste ferrovias,<br />

rodovias e hidrovias.<br />

O transporte na região tem características<br />

distintas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do local. Ao mesmo<br />

tempo em que encontramos no centro <strong>de</strong><br />

Brasília rodovias amplas que facilitam o<br />

tráfego, em seus arredores e em regiões como<br />

a do Pantanal a mobilida<strong>de</strong> é precária.<br />

A locomoção na região pantaneira é feita<br />

diversas vezes por pequenas embarcações. As<br />

rodovias e estradas <strong>de</strong> ligação acabam não<br />

resistindo aos períodos <strong>de</strong> secas e cheias que,<br />

a cada ano, apresentam índices diferentes. A<br />

Transpantaneira hoje é pouco utilizada, sendo<br />

vencida p<strong>el</strong>as águas do Pantanal.<br />

Muitas são as hidrovias existentes na região,<br />

<strong>de</strong>ntre <strong>el</strong>as a Paraná-Tietê, que escoa cargas<br />

da região <strong>para</strong> os portos <strong>de</strong> Santos/SP e<br />

Paranaguá/PR, e a hidrovia Araguaia-


159<br />

Saiba +<br />

• Veja sobre biodiversida<strong>de</strong> do<br />

Pantanal em biomas.<br />

Tocantins, que liga os estados do Mato Grosso<br />

e <strong>de</strong> Goiás ao Tocantins e ao Pará.<br />

Dados<br />

A hidrovia Araguaia-Tocantins só é navegáv<strong>el</strong><br />

no trecho do rio Araguaia, mas isso já<br />

representa uma economia <strong>de</strong> 43% em r<strong>el</strong>ação<br />

ao transporte rodoviário. Os <strong>de</strong>mais trechos<br />

navegáveis da hidrovia são os 580km do rio<br />

Mortes e 440km do rio Tocantins. Essa navegação<br />

é muito questionada quando levamos<br />

em conta fatores ambientais e sociais, pois<br />

o rio atravessa 10 áreas <strong>de</strong> conservação e 35<br />

áreas indígenas, afetando uma população <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 10 mil índios. (UDESC:2006)<br />

Outro rio da região é o Paraguai, que nasce na<br />

Chapada dos Parecis, no Mato Grosso, e percorre<br />

cerca <strong>de</strong> 2600 km até <strong>de</strong>sembocar no rio<br />

Paraná. É o único canal por on<strong>de</strong> escoa toda<br />

a água que inunda a planície pantaneira. Seu<br />

<strong>de</strong>clive é <strong>de</strong> apenas 200m e suas águas correm<br />

lentamente. Des<strong>de</strong> os anos<br />

60 se discute o alargamento<br />

do leito<br />

do rio <strong>para</strong> a criação<br />

<strong>de</strong> uma hidrovia.<br />

fluvial Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia.<br />

A via atravessaria 1.300Km do Pantanal até<br />

Nueva Palmira, no Uruguai.<br />

Embora o estudo <strong>de</strong> impacto ambiental da<br />

hidrovia tenha recusado a construção, obras<br />

irregulares se iniciaram em muitos pontos do<br />

percurso. Devido ao difícil acesso ao Pantanal<br />

e a sua singularida<strong>de</strong> climática, muito da<br />

biodiversida<strong>de</strong> pantaneira continua viva e<br />

a ocupação humana no bioma é r<strong>el</strong>ativamente<br />

baixa, com<strong>para</strong>da à <strong>de</strong> outros biomas<br />

presentes no Brasil. Portanto, tais eventos<br />

colocam em risco a fauna e a flora do<br />

Pantanal, pois os efeitos das obras são<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados p<strong>el</strong>as autorida<strong>de</strong>s e técnicos<br />

responsáveis.<br />

ONGs fazem pon<strong>de</strong>rações a respeito <strong>de</strong><br />

possíveis conseqüências da construção da<br />

hidrovia. A modificação do traçado e da profundida<strong>de</strong><br />

original dos rios po<strong>de</strong> alterar o<br />

regime <strong>de</strong> águas da<br />

O Pantanal vem pas-<br />

sando por um processo<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ameaças.<br />

Entre <strong>el</strong>as está a<br />

implantação da hidrovia<br />

Paraná-Paraguai,<br />

que preten<strong>de</strong> tornar<br />

esses rios permanentemente<br />

navegáveis,<br />

interligando por via<br />

[Wagner San, 25 anos]


160<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Movimento do Passe Livre<br />

discute a realida<strong>de</strong> do transporte<br />

urbano em várias cida<strong>de</strong>s do<br />

Brasil, sendo que no Centro-Oeste<br />

Brasília foi espaço <strong>para</strong> manifestações<br />

significativas.<br />

www.mpl.org.br<br />

Análise<br />

O Centro-Oeste é uma região <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s espaços, gran<strong>de</strong>s distâncias.<br />

Isso faz com que os <strong>de</strong>slocamentos<br />

<strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong> carga<br />

suscitem muita discussão. O tráfego<br />

<strong>de</strong> produtos agropecuários é<br />

intenso, dada a importância <strong>de</strong>ssa<br />

ativida<strong>de</strong> econômica na região.<br />

Para os agricultores se faz necessário<br />

baratear os custos do transporte da<br />

produção. Ao mesmo tempo, buscam-se<br />

alternativas menos poluentes<br />

e <strong>de</strong>gradantes ambientalmente que<br />

o transporte rodoviário.<br />

região; a<br />

[Wagner San, 25 anos]<br />

<strong>de</strong>molição <strong>de</strong> soleiras rochosas, como meio<br />

<strong>de</strong> aprofundar o canal <strong>de</strong> navegação, po<strong>de</strong><br />

não mais sujeitar gran<strong>de</strong>s áreas à inundação<br />

sazonal; o escoamento superficial aumentaria<br />

com a m<strong>el</strong>horia dos canais dos rios, po<strong>de</strong>ndo<br />

causar a intensificação das cheias e a redução<br />

dos períodos <strong>de</strong> seca, provocando, por<br />

conseguinte mudanças climáticas regionais.<br />

Estas mudanças no ecossistema po<strong>de</strong>riam,<br />

ainda, interferir na vida das comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> pescadores, camponeses e índios que vivem<br />

na região cortada p<strong>el</strong>a hidrovia.<br />

Gran<strong>de</strong> parte do escoamento da<br />

produção da região do Mato Grosso<br />

e Mato Grosso do Sul é feita por<br />

meio das hidrovias, o que torna o<br />

frete muito mais barato. Entretanto,<br />

mesmo sendo uma boa alternativa<br />

ao transporte rodoviário, as hidrovias<br />

representam graves problemas<br />

ambientais. Os rios normalmente não<br />

são navegáveis em toda sua exten-<br />

são, <strong>de</strong>mandando ações que muitas<br />

vezes implicam o alargamento das margens,<br />

a formação <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> maior profundida<strong>de</strong><br />

no leito do rio ou mesmo obras <strong>de</strong><br />

maior vulto como remoção <strong>de</strong> curvas ou construção<br />

<strong>de</strong> eclusas, quando da existência <strong>de</strong><br />

barragens. Isso altera as condições da vida<br />

aquática, po<strong>de</strong>ndo provocar danos ao<br />

ecossistema. Além disso, as ondas geradas<br />

p<strong>el</strong>a passagem das embarcações <strong>de</strong>gradam<br />

as margens, jogando sedimentos <strong>para</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

do rio, o que causa assoreamento.


Atmosfera &<br />

mudanças Climáticas<br />

161<br />

Abro os olhos e penso<br />

ainda estar dormindo.<br />

Não vejo o céu azul, nem a<br />

aurora que em outros tempos<br />

me convidava <strong>para</strong> viver.<br />

Penso que no passado<br />

não pensei...<br />

Não indaguei...<br />

O que fazer <strong>para</strong> o céu<br />

ser sempre céu?<br />

Não simplesmente uma<br />

simples cortina tecida <strong>de</strong> CO 2<br />

e<br />

poeira, que agora me convida a<br />

morrer.<br />

Penso que no passado<br />

não pensei...<br />

Não fiz...<br />

Queria po<strong>de</strong>r ver novamente<br />

o meu ver<strong>de</strong>.<br />

Sempre sorri<strong>de</strong>nte.<br />

Queria po<strong>de</strong>r ver novamente<br />

a limpi<strong>de</strong>z da água.<br />

Sua força e suavida<strong>de</strong> ao<br />

<strong>de</strong>senhar no coração da mata.<br />

Penso que no passado<br />

não pensei.<br />

Não fiz...<br />

Não preservei...<br />

Não lutei...<br />

Penso que comecei a<br />

pensar tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

Débora Dutra Pinheiro,17 anos<br />

Cuiabá/MT<br />

Visitando o Pantanal e conversando com<br />

pessoas da região, é possív<strong>el</strong> perceber que<br />

o ciclo anual das águas não apresenta mais<br />

a mesma regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antes. Embora<br />

não existam pesquisas que comprovem se as<br />

alterações do ciclo das águas são r<strong>el</strong>acionadas<br />

diretamente às mudanças climáticas globais,<br />

as conseqüências <strong>de</strong>ssas alterações afetam<br />

a vida do pantaneiro e a manutenção do<br />

equilíbrio do bioma.<br />

Com os gran<strong>de</strong>s períodos <strong>de</strong> seca e calor que<br />

atualmente ocorrem na região Centro-Oeste,<br />

as águas do Pantanal estão evaporando<br />

rapidamente, formando uma cortina sobre<br />

os rios da região pantaneira. Aquilo que se<br />

apresenta como um espetáculo natural muito<br />

interessante e cheio <strong>de</strong> b<strong>el</strong>ezas carrega<br />

também uma gran<strong>de</strong> preocupação.<br />

No ano <strong>de</strong> 2002 o volume <strong>de</strong><br />

evaporação dos rios do Pantanal<br />

<strong>de</strong>spertou a atenção <strong>de</strong><br />

pesquisadores. O normal seria a<br />

evaporação <strong>de</strong> dois litros <strong>de</strong> água<br />

por hora por m 2 , mas o vapor que<br />

sai dos rios está chegando a 5L.<br />

Acredita-se que, se o fenômeno<br />

persistir, o ciclo das águas que<br />

<strong>de</strong>termina a vida no Pantanal<br />

po<strong>de</strong>rá mudar num futuro<br />

próximo, e o processo <strong>de</strong><br />

“<strong>de</strong>sertificação” seria irreversív<strong>el</strong>.<br />

Os resultados da escassez <strong>de</strong> chuva na região<br />

estão refletidos no baixo volume dos rios. Um<br />

exemplo é o rio Paraguai, um dos principais<br />

rios <strong>de</strong> planície do país e do Pantanal que, em<br />

2005, atingiu um <strong>de</strong> seus níveis mais baixos em<br />

32 anos. Segundo dados do 6 o Distrito Naval da<br />

Marinha, a medição em Ladário/MS chegou a


162<br />

95cm <strong>de</strong> altura. Essa redução das chuvas aponta<br />

perdas na reprodução dos peixes e a vulnerabilida<strong>de</strong><br />

da planície quanto às queimadas.<br />

Dados<br />

Des<strong>de</strong> 2000 tem chovido menos na porção<br />

que vai do centro-sul do Mato Grosso à parte<br />

central do Mato Grosso do Sul. A situação<br />

piorou particularmente nas estações chuvosas<br />

dos biênios 2003/2004 e 2004/ 2005, quando<br />

a redução média das chuvas passou <strong>de</strong> valores<br />

<strong>de</strong> 10% a 15% <strong>para</strong> 25% a 30%. (CPAP<br />

EMBRAPA:2006)<br />

Botânico <strong>de</strong> Brasília, no Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Em um incêndio muitos animais morrem carbonizados,<br />

seja porque são lentos, como o<br />

tamanduá, seja porque estão presos por cercas<br />

que impe<strong>de</strong>m sua fuga. Para outros jovens da<br />

região, o manejo a<strong>de</strong>quado do fogo evitaria<br />

essas gran<strong>de</strong>s mortanda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>sastres<br />

que ocorrem freqüentemente.<br />

Além disso, o clima seco maltrata as pessoas<br />

que não estão acostumadas com os índices<br />

extremamente baixos <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> r<strong>el</strong>ativa do<br />

ar <strong>de</strong> Brasília e arredores.<br />

Percorrendo a região vemos que os períodos<br />

<strong>de</strong> seca também são um problema <strong>para</strong><br />

o Cerrado, pois aumentam a ocorrência <strong>de</strong><br />

queimadas. O alerta <strong>para</strong> evitar novas e<br />

<strong>de</strong>sastrosas queimadas e impedir queimadas<br />

criminosas é sempre válido e importante.<br />

Devido à vegetação seca característica <strong>de</strong>sse<br />

bioma, ocorre o aumento da incidência <strong>de</strong><br />

focos <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> raios e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scuidos simples, como o abandono <strong>de</strong><br />

cigarros acesos nas beiras <strong>de</strong> estradas. Alguns<br />

jovens percebem que o maior problema são os<br />

seres humanos, que provocam gran<strong>de</strong>s queimadas<br />

jogando resíduos sólidos inflamáveis<br />

em áreas in<strong>de</strong>vidas ou realizando a limpeza<br />

<strong>de</strong> terrenos ateando fogo.<br />

Nos últimos anos diversas Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Conservação sofreram com queimadas,<br />

entre <strong>el</strong>as o Parque Nacional das Emas,<br />

em Goiás, o Parque Nacional da Chapada<br />

dos Guimarães, no Mato Grosso e o Jardim<br />

O brasiliense convive com índices <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

r<strong>el</strong>ativa do ar que variam entre 20% e 25%,<br />

em <strong>de</strong>terminadas épocas do ano. A cada ano,<br />

a situação agrava-se. O clima da cida<strong>de</strong> fica<br />

muito parecido com o <strong>de</strong> um <strong>de</strong>serto: quente<br />

durante o dia e com <strong>el</strong>evadas quedas na<br />

temperatura à noite. Enquanto passávamos<br />

por lá durante nossa viagem, os jovens da<br />

cida<strong>de</strong> r<strong>el</strong>ataram que a umida<strong>de</strong> r<strong>el</strong>ativa<br />

do ar já baixou a 9% e que, algumas vezes,<br />

as escolas suspen<strong>de</strong>m as aulas e os serviços<br />

públicos <strong>para</strong>m.<br />

Temos aumentado consi<strong>de</strong>rav<strong>el</strong>mente a emissão<br />

<strong>de</strong> carbono na atmosfera e já observamos<br />

implicações que começam afetar nossa<br />

geração. Ainda assim, embora a visão trazida<br />

na poesia <strong>de</strong> Débora Dutra Pinheiro seja<br />

uma crítica dura à situação que enfrentamos<br />

atualmente, é necessário manter a reflexão<br />

sobre os impactos positivos <strong>de</strong> nossas práticas<br />

na busca p<strong>el</strong>a m<strong>el</strong>horia das condições do<br />

planeta Terra.


163<br />

[Nathália Campos, 20 anos]<br />

Análise<br />

A narrativa poética, orientada p<strong>el</strong>o impedimento<br />

<strong>de</strong> realização <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo da jovem<br />

Débora, <strong>de</strong>ve ser tomada como um estímulo<br />

<strong>para</strong> ações diferenciadas, e não como fruto <strong>de</strong><br />

uma constatação tardia. A “cortina <strong>de</strong> poeira”<br />

que nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> vermos o céu azul, a<br />

“limpi<strong>de</strong>z da água” e os ver<strong>de</strong>s do “coração<br />

da mata”, serve <strong>de</strong> convite <strong>para</strong> enten-<br />

<strong>de</strong>rmos como a mudança climática global está<br />

diretamente r<strong>el</strong>acionada às questões locais.<br />

O caso do Pantanal é emblemático. Como<br />

apresentado no r<strong>el</strong>atório da ONU em conjunto<br />

com o <strong>Programa</strong> Ambiental Regional do Pantanal<br />

- Prep, o Pantanal po<strong>de</strong> sofrer profundas<br />

mudanças caso o aumento da temperatura<br />

anual da Terra seja <strong>de</strong> até 4°C, provocando o<br />

seu <strong>de</strong>saparecimento, juntamente com 85%<br />

das áreas alagáveis do Planeta. Marcado por<br />

um ciclo hidrológico peculiar, alternando momentos<br />

do ano com águas baixas e períodos<br />

<strong>de</strong> cheia, a alteração do seu ciclo provocará<br />

amplas transformações ambientais, já que as<br />

águas pantaneiras servem como reguladoras<br />

tanto da temperatura da região quanto das<br />

eventuais enchentes, p<strong>el</strong>o excesso <strong>de</strong> chuvas.<br />

Portanto, essas mudanças não se restringem<br />

aos apontamentos da juventu<strong>de</strong> sobre<br />

perdas na reprodução <strong>de</strong> peixes, no aumento<br />

da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queimadas nas planícies<br />

e no espetáculo estético que é o período <strong>de</strong><br />

evaporação <strong>de</strong> suas águas.<br />

O levantamento dos problemas a serem enfrentados<br />

com a alteração do curso das águas<br />

no Pantanal <strong>de</strong>ve, portanto, ser compreendido<br />

articulando causas (multiplicação das<br />

plantações <strong>de</strong> soja e algodão, que ocasionam<br />

assoreamento <strong>de</strong> cursos d’água, perturbações<br />

do solo e <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> agrotóxicos nos rios) e<br />

<strong>de</strong>sdobramentos possíveis, enquanto regulador<br />

estratégico. É sob esta perspectiva que<br />

o Prep, representantes dos estados do Mato<br />

Grosso e do Mato Grosso do Sul, da Universida<strong>de</strong><br />

das Nações <strong>Unidas</strong> e organizações do<br />

Paraguai e da Bolívia, formularam um Tratado<br />

<strong>de</strong> Cooperação do Pantanal. Cabe à juventu<strong>de</strong><br />

local aproveitar este espaço institucionalizado<br />

<strong>para</strong> juntar ações, não per<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> vista<br />

a contribuição diferenciada e particular que<br />

po<strong>de</strong> oferecer no enfrentamento dos problemas<br />

que lhe afligem.<br />

As transformações climáticas no Centro-Oeste<br />

também são percebidas p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong> quando<br />

<strong>el</strong>a observa a prática <strong>de</strong> queimadas no<br />

Cerrado, advindas da intervenção humana e dos<br />

períodos <strong>de</strong> seca. Isso é apontado <strong>de</strong> maneira<br />

polêmica p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando que<br />

<strong>el</strong>a afirma que “o maior problema são os seres<br />

humanos”, e que logo em seguida, <strong>de</strong> maneira<br />

oposta, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> do manejo<br />

a<strong>de</strong>quado das terras por meio <strong>de</strong> queimadas.<br />

O posicionamento diferenciado <strong>de</strong> perspectivas<br />

dos jovens colabora <strong>para</strong> reflexões acerca <strong>de</strong><br />

benefícios e limitações <strong>de</strong> ambas.<br />

O problema da seca também aparece nos<br />

espaços urbanos, como nota-se p<strong>el</strong>os índices<br />

<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> r<strong>el</strong>ativa do ar em Brasília. Como<br />

a juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve encarar estas situações em<br />

que a complexida<strong>de</strong> do problema ultrapassa o<br />

espectro político <strong>de</strong> sua atuação local? Talvez<br />

só haja possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar as transformações<br />

necessárias <strong>para</strong> alterar o rumo das<br />

mudanças climáticas a partir <strong>de</strong> articulações<br />

com movimentos globais. Essa vinculação<br />

po<strong>de</strong> trazer o risco das ativida<strong>de</strong>s locais<br />

ficarem mais fluidas, mais <strong>de</strong>spregadas da realida<strong>de</strong><br />

exclusivamente local.


164<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Tupã significa “som do céu”<br />

em tupi. Segundo Leon Cardogan,<br />

primeiro pesquisador dos grupos<br />

Guarani, Tupã é o trovão e é a<br />

divinda<strong>de</strong> r<strong>el</strong>acionada às àguas,<br />

ao frescor e às chuvas. Sem <strong>el</strong>e<br />

queimaríamos com o calor do sol.<br />

(FUNAI:2006)<br />

• Agroecologia é uma nova<br />

abordagem da agricultura<br />

fundamentada no equilíbrio<br />

do funcionamento dos<br />

ecossistemas, em que se<br />

adotam práticas ambientalmente<br />

saudáveis, sem emprego <strong>de</strong><br />

produtos ou metodologias que<br />

possam afetar este equilíbrio.<br />

A agroecologia é voltada ao<br />

ambiente e mais sensív<strong>el</strong><br />

socialmente, centrada não só<br />

na produção mas também na<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ecológica do<br />

sistema produtivo. Os principais<br />

ramos da agroecologia são:<br />

agricultura orgânica, agricultura<br />

sustentáv<strong>el</strong>, agricultura<br />

natural, agricultura biológica,<br />

permacultura e agricultura<br />

biodinâmica.<br />

A produção agrícola em larga escala é<br />

<strong>de</strong>vastadora <strong>para</strong> a cobertura vegetal da<br />

região, e o <strong>de</strong>scuido no manejo do solo causa<br />

erosões que afetam diretamente os cursos<br />

<strong>de</strong> água, resultando então no assoreamento.<br />

Dentre outros problemas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa<br />

prática agrícola, é possív<strong>el</strong> apontar a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> manutenção da agricultura familiar,<br />

que segue um padrão mais diversificado<br />

<strong>de</strong> produção e é uma alternativa interessante<br />

frente à monocultura praticada no<br />

Cerrado brasileiro.<br />

O resultado do enfraquecimento das ativida<strong>de</strong>s<br />

dos pequenos agricultores foi a<br />

ocorrência <strong>de</strong> êxodo rural, especialmente<br />

consi<strong>de</strong>rando que as áreas <strong>de</strong> agricultura<br />

comercial do Cerrado possuem baixa disponi-<br />

Quem vive no Cerrado sabe da importância<br />

bilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emprego. Em contrapartida, práticas<br />

como a adoção do Sistema <strong>de</strong> Plantio Direto<br />

das características do bioma <strong>para</strong> a formação<br />

da cultura e dos valores <strong>de</strong> seus habitantes.<br />

e a integração lavoura-pecuária na proprieda<strong>de</strong><br />

Ainda assim, <strong>para</strong> gran<strong>de</strong> parte do país, esse<br />

rural estão contribuindo <strong>para</strong> mudar o rumo dos<br />

bioma não passa <strong>de</strong> uma área perfeita <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> pequenos agricultores no manejo<br />

o agronegócio, como já havíamos notado no<br />

do solo e da cobertura vegetal do bioma.<br />

início <strong>de</strong> nossa viagem p<strong>el</strong>os biomas da região.<br />

A expansão da agropecuária voltada <strong>para</strong> a<br />

O Plantio Direto é originado do<br />

exportação <strong>de</strong> grãos e <strong>de</strong> carnes, auxiliada<br />

conceito <strong>de</strong> “zero tillage”, assim<br />

por políticas públicas e por créditos nacionais<br />

e internacionais, influencia intensamente esse<br />

olhar sobre o Cerrado.<br />

Dados<br />

A região Centro-Oeste produz hoje 20% do<br />

milho, 15% do arroz, 11% do feijão e 50%<br />

da soja do país, abrigando 42% da área plan-<br />

tada com soja no Brasil. (Greenpeace:2006)<br />

Terra & Alimentos<br />

<strong>de</strong>nominado por ingleses e<br />

norte-americanos que primeira-<br />

mente mecanizaram o sistema.<br />

É reconhecido como avanço<br />

tecnológico fundamental, por<br />

significar o plantio sobre resíduos<br />

<strong>de</strong> cobertura vegetal, com<br />

o mínimo <strong>de</strong> interferência<br />

nesse solo ao se plantar<br />

sementes ou mudas.<br />

Outra interessante alternativa vem sendo proporcionada<br />

p<strong>el</strong>a Agroecologia, um sistema <strong>de</strong><br />

plantio e ocupação do meio rural que visa a<br />

maior sustentabilida<strong>de</strong> ambiental, econômica<br />

e social. Voltada <strong>para</strong> a produção orgânica, a<br />

Agroecologia se preocupa com as pessoas envolvidas<br />

no processo por meio da utilização <strong>de</strong><br />

um sistema multidiverso <strong>de</strong> plantio, com agregação<br />

<strong>de</strong> valor à produção e valorização da cultura<br />

local e da mão <strong>de</strong> obra do agricultor.<br />

Em Brasília, existe o núcleo <strong>de</strong> Agroecologia<br />

<strong>de</strong>nominado Turma Unida Pró Agroecologia<br />

– TUPÃ, formado por jovens que se reúnem e<br />

dialogam sobre o tema.<br />

Os problemas associados à monocultura da<br />

soja atingem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Cerrado até a Amazônia,<br />

no norte do Mato Grosso. Os períodos bem


165<br />

<strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> chuva e a topografia da região<br />

permitem a mecanização das plantações e o<br />

cultivo em terrenos que favorecem a ampliação<br />

da produção <strong>de</strong> soja. Assim, também a<br />

Amazônia está começando a sofrer as conseqüências<br />

advindas <strong>de</strong>ssa expansão.<br />

Dados<br />

A área on<strong>de</strong> começam as florestas amazôni-<br />

cas no norte do estado do Mato Grosso é hoje<br />

a maior produtora <strong>de</strong> soja no Brasil. Em 2004,<br />

a região colheu 15 milhões <strong>de</strong> ton<strong>el</strong>adas, o<br />

equivalente a 30% do total nacional. (Revista<br />

Tierramérica:2005)<br />

O estudante <strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Brasília, Juan Benjamim Sugasti,<br />

21 anos, observa que a produção<br />

<strong>de</strong> soja <strong>de</strong>manda muitos<br />

insumos externos e que<br />

seu plantio é o principal<br />

responsáv<strong>el</strong> p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>vastação<br />

do Cerrado e da<br />

Amazônia Legal no Mato<br />

Grosso, sendo que a maior<br />

parte da produção é exportada<br />

<strong>para</strong> alimentar rebanhos<br />

suínos e bovinos na Europa.<br />

Na opinião <strong>de</strong> jovens, ao invés <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<br />

tanta soja, po<strong>de</strong>ríamos estar exportando<br />

novas tecnologias sustentáveis e serviços ambientais.<br />

Dessa maneira, como já fazem outros<br />

países, estaríamos buscando compatibilizar<br />

crescimento e sustentabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a<br />

estimular a produção <strong>de</strong> novos caminhos<br />

<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O que os estudantes <strong>de</strong><br />

Agronomia po<strong>de</strong>m fazer?<br />

Buscar mais informações sobre o<br />

atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agrário que está sendo imposto,<br />

tendo um olhar crítico <strong>para</strong><br />

avaliar pontos positivos e<br />

negativos; procurar alternativas<br />

<strong>de</strong>ntro e fora da universida<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> não seguir o mo<strong>de</strong>lo que<br />

está posto; e ter maior contato<br />

com movimentos sociais.<br />

Juan Benjamim Sugasti, 21 anos<br />

Brasília/DF<br />

Para tanto, <strong>de</strong>vem ser adotadas e viabilizadas<br />

alternativas <strong>para</strong> diminuir os impactos da mo-<br />

nocultura no Brasil, como a adoção <strong>de</strong> sis-<br />

temas <strong>de</strong> plantio diversificados e<br />

mais coerentes com a região,<br />

como consórcios, policultivos<br />

e Sistemas Agroflorestais.<br />

Agrofloresta ou<br />

Sistema Agroflorestal<br />

- SAF é um conjunto<br />

<strong>de</strong> técnicas que<br />

reúne agricultura e<br />

preservação ou<br />

recomposição ecológica.<br />

A agrofloresta recupera<br />

antigas técnicas <strong>de</strong> povos<br />

tradicionais <strong>de</strong> várias partes do<br />

mundo, aliando a <strong>el</strong>as o<br />

conhecimento científico<br />

acumulado sobre a ecofisiologia<br />

das espécies vegetais e sua<br />

interação com a fauna nativa.<br />

anos]<br />

24<br />

[Erika Costa, 24 anos]


166<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A braquiárias (Brachiaria spp.)<br />

são plantas africanas,<br />

introduzidas no Brasil como<br />

forrageiras <strong>para</strong> a criação <strong>de</strong><br />

gado bovino. As gramíneas<br />

africanas são as mais agressivas<br />

invasoras do Cerrado e do<br />

Pantanal, pois nesses biomas<br />

encontram condições ecológicas<br />

sem<strong>el</strong>hantes às <strong>de</strong> seus habitats<br />

<strong>de</strong> origem. Elas competem com as<br />

populações herbáceas nativas e,<br />

em alguns casos, chegam a<br />

<strong>el</strong>iminar totalmente a flora<br />

nativa. Assim, há perda direta<br />

<strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, impactando o<br />

ecossistema como um todo.<br />

Outra importante ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida no<br />

Centro-Oeste é a pecuária, gran<strong>de</strong> responsáv<strong>el</strong><br />

p<strong>el</strong>a ocupação humana no Pantanal.<br />

A ativida<strong>de</strong> é regida p<strong>el</strong>a recorrente sazonalida<strong>de</strong><br />

do regime das águas. O pantaneiro<br />

criador <strong>de</strong> gado é obrigado a conduzir suas<br />

práticas segundo aquilo que o meio ambiente<br />

lhe impõe. Assim, quando há cheia, o gado é<br />

retirado <strong>para</strong> as partes mais altas da região,<br />

voltando <strong>para</strong> as regiões baixas somente nos<br />

períodos <strong>de</strong> seca. Por isso muitas fazendas <strong>de</strong><br />

gado se esten<strong>de</strong>m por áreas que em outros<br />

locais seriam absurdamente gran<strong>de</strong>s, mas<br />

que, <strong>para</strong> as características da região,<br />

tornam-se necessárias.<br />

Alguns locais do Pantanal estão sofrendo<br />

intensos processos <strong>de</strong> mudança praticados<br />

p<strong>el</strong>o ser humano, como a substituição <strong>de</strong><br />

pastagens nativas por espécies exóticas,<br />

visando ao aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> das<br />

terras. Percebemos também que muitos<br />

fazen<strong>de</strong>iros estão substituindo o capim<br />

nativo do Pantanal p<strong>el</strong>a braquiária<br />

(Brachiaria <strong>de</strong>cumbens), um gênero africano<br />

altamente invasivo. Feita em áreas próximas<br />

a corpos d’água, essa substituição causa<br />

danos a outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas no<br />

Pantanal, como a pesca – seja <strong>el</strong>a <strong>de</strong> subsistência,<br />

esportiva, profissional ou <strong>de</strong> turismo.<br />

A criação <strong>de</strong> gado <strong>de</strong>manda custo muito<br />

alto <strong>para</strong> o produtor e <strong>para</strong> o meio ambiente.<br />

O que notamos é que as fazendas <strong>de</strong> gado<br />

cada vez mais necessitam <strong>de</strong> áreas maiores<br />

<strong>para</strong> o pasto, manutenção e reprodução<br />

<strong>de</strong>sses animais.<br />

Dados<br />

Quase a meta<strong>de</strong> da massa <strong>de</strong> terra do bo é usada como pasto <strong>para</strong> gado e outras<br />

glocriações.<br />

Cerca <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>smatamento<br />

e <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> florestas, no<br />

planeta inteiro, <strong>de</strong>ve-se à pecuária. Em pastos<br />

muito férteis, 2,5 acres po<strong>de</strong>m sustentar<br />

uma vaca por ano. Em pastos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

marginal, 50 ou mais acres. (Bontempo:2006)<br />

Análise<br />

A região Centro-Oeste é a maior produtora<br />

<strong>de</strong> soja do país, além <strong>de</strong> apresentar gran<strong>de</strong><br />

importância em outras culturas como arroz,<br />

milho e algodão. Também <strong>de</strong>tém o maior<br />

rebanho bovino do Brasil. Dos <strong>de</strong>z principais<br />

municípios <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> gado no Brasil,<br />

oito estão na Região Centro-Oeste do país,<br />

sendo cinco no Mato Grosso do Sul e três no<br />

Mato Grosso.<br />

E todo esse rebanho, e também a soja que<br />

servirá <strong>para</strong> alimentação <strong>de</strong> outros rebanhos<br />

<strong>de</strong> bovinos e suínos <strong>de</strong> outros continentes,<br />

ocupam o solo brasileiro produzindo riqueza<br />

econômica <strong>para</strong> alguns e pobreza socioambiental<br />

<strong>para</strong> todo o ambiente da região.<br />

Para aliar sustentabilida<strong>de</strong> socioambiental e<br />

produção, pois <strong>el</strong>a é condizente com os atuais<br />

padrões <strong>de</strong> alimentação da população, faz-se<br />

necessário que os jovens da região busquem<br />

técnicas menos agressivas <strong>de</strong> plantio, tais como<br />

sistemas agroflorestais, agricultura orgânica<br />

e consórcios <strong>de</strong> espécies. No entanto, cabe<br />

percebermos que mesmo com sistemas alternativos<br />

<strong>de</strong> cultivo será difícil concorrer com<br />

sistemas tecnificados <strong>de</strong> produção monocul-


Água<br />

No meio do Cerrado goiano, Caldas Novas<br />

ficou famosa por suas águas. As fontes termais,<br />

<strong>de</strong>scobertas em 1722 por Bartolomeu Bueno da<br />

Silva, são o principal atrativo da cida<strong>de</strong> e fazem<br />

<strong>de</strong>la o berço das águas termais da região.<br />

Do interior da região Centro-Oeste correm<br />

cursos fluviais <strong>para</strong> todas as direções do Brasil.<br />

Por isso, o chamado Planalto Central é o<br />

mais importante dispersor <strong>de</strong> águas da re<strong>de</strong><br />

hidrográfica brasileira.<br />

Estão presentes na região Centro-Oeste três<br />

das maiores bacias hidrográficas da América<br />

do Sul: a do Tocantins-Araguaia, a do São<br />

Francisco e a do Prata. Os rios <strong>de</strong>ssas bacias<br />

não cruzam exclusivamente as unida<strong>de</strong>s<br />

fe<strong>de</strong>rativas do Centro-Oeste, mas esten<strong>de</strong>mse<br />

por outras regiões brasileiras e também por<br />

nações vizinhas ao nosso país, o que atribui<br />

ainda maior importância à re<strong>de</strong> hidrográfica<br />

do Centro-Oeste.<br />

Diferentemente do que ocorre em outras<br />

regiões do país, os divisores <strong>de</strong> água do<br />

Centro-Oeste nem sempre se<strong>para</strong>m <strong>de</strong> forma<br />

nítida uma bacia hidrográfica. Altos vales e<br />

nascentes <strong>de</strong> rios <strong>de</strong> diferentes bacias po<strong>de</strong>m<br />

se localizar tão próximos uns dos outros que<br />

os cursos fluviais po<strong>de</strong>m se dirigir, indiferentemente,<br />

<strong>para</strong> uma ou outra bacia. Esse “embaralhamento”<br />

<strong>de</strong> rios <strong>de</strong> bacias hidrográficas<br />

diferentes é conhecido como águas emendadas,<br />

po<strong>de</strong>ndo, eventualmente, facilitar obras<br />

que proponham estab<strong>el</strong>ecer ligações fluviais.<br />

As águas da região vêm enfrentando graves<br />

problemas <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> sensibilização da<br />

socieda<strong>de</strong> quanto ao consumo e ao <strong>de</strong>sper-<br />

dício, às praticas <strong>de</strong> irrigação e <strong>de</strong> mineração<br />

e à poluição <strong>de</strong> rios e lagos por esgotos e<br />

indústrias, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Dados<br />

A Reserva Biológica <strong>de</strong> Águas Emendadas<br />

foi alçada à condição <strong>de</strong> Estação Ecológica<br />

<strong>de</strong> Águas Emendadas p<strong>el</strong>o Decreto n° 11.137,<br />

<strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1988. Tem uma área<br />

<strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> 10.547ha. A Estação<br />

possui a peculiarida<strong>de</strong> geográfica <strong>de</strong> abrigar<br />

as nascentes <strong>de</strong> duas das principais bacias<br />

hidrográficas brasileiras, a do Tocantins e<br />

a do Paraná.<br />

(Almanaque Educação Ambiental:2005)<br />

O rio Taquari-MS/MT, que nasce no Cerrado<br />

e atravessa o Pantanal, está sofrendo com o<br />

assoreamento, pois carrega uma gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terra das regiões <strong>de</strong> plantio <strong>de</strong><br />

soja, on<strong>de</strong> a mata ciliar foi <strong>de</strong>struída.<br />

A região do rio Taquari, no<br />

Pantanal, era caracterizada por<br />

períodos <strong>de</strong> cheia que alagavam<br />

a área apenas durante alguns<br />

meses do ano. No entanto, ao<br />

longo das últimas décadas, esses<br />

pulsos <strong>de</strong> inundação <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />

existir, obrigando muitas famílias<br />

e inúmeros animais silvestres que<br />

habitavam a área a abandonar a<br />

região. Hoje, aproximadamente<br />

500 mil hectares encontram-se<br />

permanentemente submersos,<br />

ocasionando imensos prejuízos<br />

<strong>para</strong> a pecuária e a pesca da<br />

região. (Embrapa CPAP:2006)<br />

167<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A socieda<strong>de</strong> civil po<strong>de</strong><br />

participar do Cons<strong>el</strong>ho Nacional<br />

<strong>de</strong> Recursos Hídricos, dos Comitês<br />

<strong>de</strong> Bacias Hidrográficas e dos<br />

Cons<strong>el</strong>hos Estaduais <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos, por meio <strong>de</strong><br />

ONGs, escolas, universida<strong>de</strong>s e<br />

outros grupos organizados. Vale<br />

lembrar que, mesmo não<br />

pertencendo a algum tipo <strong>de</strong><br />

organização da socieda<strong>de</strong> civil,<br />

o cidadão po<strong>de</strong> estar presente às<br />

reuniões dos Comitês <strong>para</strong> saber<br />

das ações e dar sugestões. Para<br />

isso, procure os órgãos públicos<br />

ambientais, as companhias <strong>de</strong><br />

águas, as associações e ONGs<br />

que trabalham com o tema.<br />

(WWF-Brasil:2006)


168<br />

A ativida<strong>de</strong> garimpeira, que impulsionou<br />

a exploração da região a partir do início do<br />

século XVIII, contribuiu e ainda contribui<br />

<strong>para</strong> a contaminação e o assoreamento dos<br />

rios da região. A Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Mato Grosso - UFMT calcula que a exploração<br />

mineral <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e <strong>de</strong>scontrolada produza<br />

40 ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> mercúrio ao ano no<br />

estado do Mato Grosso que, em sua maioria,<br />

são <strong>de</strong>scartadas in<strong>de</strong>vidamente nos rios.<br />

No entanto, quando a responsabilida<strong>de</strong> chega<br />

também a nossas residências, é o momento <strong>de</strong><br />

pensar em como estamos utilizando esse recurso<br />

vital <strong>para</strong> o ser humano.<br />

[Wagner San, 25 anos]<br />

Alguns condomínios<br />

<strong>de</strong> Brasília tomam<br />

certas atitu<strong>de</strong>s <strong>para</strong><br />

minimizar o consumo<br />

<strong>de</strong> água. Para<br />

tanto, fazem o uso<br />

<strong>de</strong> taxas coletivas<br />

<strong>de</strong> água, luz e<br />

gás. Inf<strong>el</strong>izmente,<br />

tais ações acabam não<br />

surtindo efeitos positivos, pois simplesmente<br />

informar aos condôminos da existência <strong>de</strong>ssa<br />

taxa não é suficiente <strong>para</strong> a mudança <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong>. O consumo <strong>de</strong> água ainda é visto<br />

como algo individual e simplesmente coletivizar<br />

a taxa não o minimiza, pois há inclusive<br />

casos em que a coletivização dos gastos gera<br />

sobre-uso. É necessário divulgar os motivos<br />

<strong>para</strong> a a<strong>de</strong>são a tais ações e, mais que isso,<br />

informar a população que a água é um bem<br />

que precisa ser usado com racionalida<strong>de</strong>.<br />

A coletivização do uso da água<br />

em <strong>de</strong>terminados condomínios <strong>de</strong><br />

Brasília busca diminuir sua<br />

utilização excessiva. Será que a<br />

lógica da coletivida<strong>de</strong> opera em<br />

um contexto em que as práticas<br />

cotidianas <strong>de</strong> consumo são<br />

orientadas a partir dos direitos<br />

individuais? Será que as pessoas<br />

utilizam o mesmo volume <strong>de</strong><br />

água? Ou seria apenas uma<br />

estratégia <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong><br />

gastos, <strong>para</strong> compensar o<br />

uso excessivo <strong>de</strong> alguns e a<br />

parcimônia <strong>de</strong> outros? E se todos<br />

coletivizarem os custos, pensando<br />

que po<strong>de</strong>m gastar a vonta<strong>de</strong>, já<br />

que o montante total será<br />

repartido igualmente? Enfim,<br />

qual o propósito <strong>de</strong> coletivizar?<br />

Espero que esta idéia não seja<br />

jogada na <strong>de</strong>scarga, mas que<br />

pensemos a fundo os motivos da<br />

sua existência. Aliás, jogar na<br />

<strong>de</strong>scarga consumiria muita água!<br />

Marc<strong>el</strong> Taminato, 25 – Brasília/DF<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação e informação sobre<br />

o uso dos recursos hídricos <strong>de</strong>vem ser estimuladas.<br />

Diversas vezes até contas <strong>de</strong> água são<br />

materiais <strong>para</strong> possíveis análises e po<strong>de</strong>m ser<br />

usadas em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental.<br />

Nos educar <strong>para</strong> o uso racional dos recursos<br />

hídricos é uma prática consciente e, acima <strong>de</strong><br />

tudo, <strong>de</strong> proteção e compromisso com o meio<br />

ambiente.


Metodologia<br />

Ativida<strong>de</strong> realizada com a comunida<strong>de</strong> do<br />

Jardim Itatiaia, em Campo Gran<strong>de</strong>/MS, e com<br />

os Grupos Escoteiros Lírio Branco 26<br />

o MS e<br />

Moriá 16<br />

o MS.<br />

Finalida<strong>de</strong> da Ativida<strong>de</strong>: Refletir sobre gestão,<br />

cuidados e economia <strong>de</strong> água<br />

Descrição da ativida<strong>de</strong>:<br />

1. Realize uma palestra com um especialista<br />

que trate dos recursos hídricos locais e da<br />

importância da água na vida da comunida<strong>de</strong><br />

e do planeta.<br />

2. Em seguida, inicie jogos pre<strong>para</strong>dos <strong>de</strong>ntro<br />

da temática socioambiental abordada que<br />

busquem estimular a reflexão sobre atitu<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> preservação do meio ambiente.<br />

3. Para tornar a ativida<strong>de</strong> mais próxima<br />

da realida<strong>de</strong> dos participantes, peça que<br />

cada um traga uma conta <strong>de</strong> água <strong>de</strong><br />

sua própria residência e ensine-os a fazer<br />

cálculo <strong>para</strong> medir o consumo <strong>de</strong> cada integrante<br />

<strong>de</strong> sua casa.<br />

4. Entregue a todos uma mensagem em<br />

forma <strong>de</strong> um pingo d‘água com reflexão<br />

sobre o tema.<br />

Em Brasília, a Associação Amigos do Futuro<br />

<strong>de</strong>senvolve um trabalho visando à proteção<br />

das águas e promovendo sensibilização ecológica<br />

<strong>para</strong> a preservação dos recursos naturais.<br />

Um <strong>de</strong> seus projetos é a instalação do “Espaço<br />

Água”, no Jardim Zoológico <strong>de</strong> Brasília.<br />

A comunida<strong>de</strong> do DF é convidada a visitar<br />

uma mostra instrutiva, on<strong>de</strong> é apresentada<br />

a equipamentos redutivos do consumo <strong>de</strong><br />

água, tecnologias <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água da<br />

chuva e estação <strong>de</strong> tratamento da água <strong>para</strong><br />

reuso. Esse espaço oferece atendimento gratuito<br />

a aproximadamente 100 estudantes e 50<br />

visitantes por dia.<br />

Outra ação da Amigos do Futuro é a Campanha<br />

“Amigos da Água”, que visa mobilizar a<br />

população do DF <strong>para</strong> o consumo racional da<br />

água e <strong>para</strong> a importância da preservação dos<br />

mananciais que abastecem a cida<strong>de</strong>.<br />

Análise<br />

Caldas Novas, junto com Rio Quente, formam<br />

o maior complexo hidrotermal do Brasil, além<br />

<strong>de</strong> possuírem o terceiro parque hot<strong>el</strong>eiro<br />

do país, que recebe mais <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong><br />

pessoas anualmente (Prefeitura <strong>de</strong> Caldas<br />

Novas:2005), atraídas p<strong>el</strong>a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aproveitar as águas quentes da região. Tudo<br />

indica que os brasileiros, por manifestarem<br />

intensa r<strong>el</strong>ação com os mananciais locais, <strong>de</strong>veriam<br />

ter atenção especial à gestão e à conservação<br />

dos recursos hídricos. A aprovação da<br />

Lei 9.433/97, que institui a Política Nacional <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos, e a criação da Agencia Nacional<br />

<strong>de</strong> Águas - ANA em 2000, responsáv<strong>el</strong>,<br />

entre outras coisas, por implementar a nova<br />

Lei, são bons indicadores <strong>de</strong> que há intenção<br />

<strong>de</strong> cuidar, usufruir e gerir esse bem público.<br />

Na região Centro-Oeste, em particular,<br />

percebe-se conflitos entre o <strong>de</strong>sconhecimento<br />

quase generalizado da população e a<br />

incansáv<strong>el</strong> luta dos ambientalistas locais <strong>para</strong><br />

disseminar informações sobre a riqueza que<br />

se encontra na Estação Ecológica <strong>de</strong> Águas<br />

Emendadas. O trabalho <strong>de</strong> mostrar a importância<br />

<strong>de</strong>ssa Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação por<br />

169<br />

Contatos<br />

• www.amigosdofuturo.org.br<br />

SCLN 107 - bloco B - sala 105<br />

Brasília DF<br />

CEP: 70743-520<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3349-7857<br />

Fax: (61) 3349-2326<br />

faleconosco@amigosdofuturo.org.br<br />

Conexões<br />

• Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong><br />

Recursos Hídricos<br />

ww.cnrh-srh.gov.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Brasil per<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40%<br />

da água que produz. Em 2002,<br />

dos mais <strong>de</strong> 12 trilhões <strong>de</strong> litros<br />

produzidos, cerca <strong>de</strong> 4,8 trilhões<br />

não chegaram a seu <strong>de</strong>stino final<br />

ou não foram contabilizados.<br />

(PNUD Brasil)


[Fernanda Domingos da Silva]<br />

170<br />

[Wagner San, 25 anos]<br />

Por isso, são notáveis as pon<strong>de</strong>rações<br />

feitas por jovens do Centro-Oeste no<br />

que diz respeito à coletivização dos<br />

serviços. Estas pon<strong>de</strong>rações estão<br />

longe <strong>de</strong> ser uma crítica à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuir publica-<br />

jovens ambientalistas <strong>para</strong> outros jovens é,<br />

ao mesmo tempo, dificultado p<strong>el</strong>o controle<br />

mente, entre todos, as responsabilida<strong>de</strong>s<br />

p<strong>el</strong>as alianças e fiscalizações. Quando será<br />

rígido <strong>de</strong> visitação pública e facilita-do p<strong>el</strong>o que transformar um bem em recurso<br />

sucesso da preservação, já que o ecossistema<br />

é protegido <strong>de</strong> forma integral em 90% da<br />

sua área. Trilhas monitoradas, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

conscientização e mobilização, apoiadas por<br />

órgãos do governo local e instituições como o<br />

público <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> implicar em <strong>de</strong>scuido<br />

individual e <strong>de</strong>scaso particular? Em 2000,<br />

foram distribuídos diariamente, no conjunto<br />

do país, 0,26m 3 (ou 260L) <strong>de</strong> água per<br />

capita. Mas, na região Centro-Oeste, foram<br />

WWF-Brasil, têm conseguido alguns êxitos no “somente” 200 litros por habitante<br />

que tange à sensibilização da população. (PNSB:2000). Se a média <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />

água varia em cada região do país, o que se<br />

Por um lado, leva-se algum tempo (o projeto<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental em Águas Emenda-<br />

dirá da diferença <strong>de</strong> utilização em cada<br />

domicílio?<br />

das, por exemplo, já dura quase 10 anos) <strong>para</strong><br />

fazer alianças entre ambientalistas, governos<br />

e socieda<strong>de</strong> civil e obter sucesso. Por outro<br />

lado é imperioso que criemos formas mais<br />

eficientes <strong>de</strong> fiscalizar, punir e sensibilizar<br />

mineradoras, garimpeiros e agricultores,<br />

evitando e controlando a poluição. De<br />

algum modo a responsabilida<strong>de</strong> precisa<br />

ser m<strong>el</strong>hor distribuída entre toda a população<br />

– os prejuízos, p<strong>el</strong>os menos, já afetam<br />

a quase todos. Em 2000, <strong>de</strong>ntre os 5.507<br />

municípios existentes no país, mais <strong>de</strong> 1.300<br />

enfrentavam problemas com enchentes,<br />

<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> captação,<br />

abastecimento e esgotamento. Com isso,<br />

mais <strong>de</strong> 3 mil crianças com menos <strong>de</strong> cinco<br />

anos morreram <strong>de</strong> diarréia, em 2000, <strong>para</strong><br />

citar somente uma das doenças <strong>de</strong> veiculação<br />

hídrica (PNSB:2000).


171<br />

Educação Ambiental<br />

“Educar as pessoas; Reeducar o<br />

homem; a Educação Ambiental é<br />

importante e <strong>de</strong>ve estar sempre<br />

presente em nossas vidas”<br />

Jovens do <strong>Programa</strong> Agente Jovem <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Social e Humano, 15 a<br />

18 anos – Cuiabá/MT<br />

Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> – CJ nos seus<br />

estados. Alguns estão ainda nos primeiros<br />

passos, enquanto outros já estão muito bem<br />

articulados, como é o caso do CJ <strong>de</strong> Goiás.<br />

Porém, cada um possui sua importância <strong>para</strong> a<br />

educação ambiental em sua região.<br />

Dados<br />

A Educação Ambiental trata <strong>de</strong> um campo<br />

A pesquisa “Perfil e Avaliação dos Cons<strong>el</strong>hos<br />

específico <strong>de</strong> estudos e <strong>de</strong> intervenção social.<br />

Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>” rev<strong>el</strong>ou que a<br />

Visa não só à utilização racional dos recursos<br />

motivação <strong>de</strong> engajamento <strong>de</strong> praticamente<br />

[Ludmila Goulart]<br />

naturais mas, basicamente, à participação do 1/3 dos jovens entrevistados (ou seja, 29%<br />

das respostas) converge <strong>para</strong> os objetivos<br />

cidadão nas discussões e <strong>de</strong>cisões sobre as<br />

dos Coletivos Jovens: interesse p<strong>el</strong>a questão<br />

questões socioambientais.<br />

ambiental e p<strong>el</strong>a m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida. Outros 3 “motivos” (todos com 14% das<br />

Em toda a região Centro-Oeste temos exemplos<br />

<strong>de</strong> órgãos, escolas, universida<strong>de</strong>s e, temas Juventu<strong>de</strong> e Meio <strong>Ambiente</strong>;<br />

respostas) sinalizam <strong>para</strong>: r<strong>el</strong>ação entre os<br />

possibili-<br />

também, <strong>de</strong> iniciativas<br />

individuais que diagnosticam<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar e participar <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

educação ambiental; princípio “jovem educa<br />

jovem”. (MEC e MMA:2005).<br />

trabalhar a educação<br />

ambiental como projeto<br />

educacional, como<br />

A discussão <strong>de</strong> “Juventu<strong>de</strong> e Meio <strong>Ambiente</strong>”<br />

nasce no cenário nacional em torno <strong>de</strong> um<br />

meio <strong>de</strong> obtermos processo <strong>de</strong> enraizamento da Educação<br />

resultados imp<br />

o r t a n t e s<br />

<strong>para</strong> o meio<br />

ambiente e<br />

Ambiental no país: a Conferência Nacional<br />

Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>. Em<br />

sua primeira edição, no ano <strong>de</strong> 2003, <strong>el</strong>a<br />

reuniu mais <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> brasileiros em<br />

<strong>para</strong> o ser torno da idéia “Vamos Cuidar do Brasil”.<br />

humano. As ações <strong>de</strong><br />

jovens <strong>para</strong> a Educação<br />

Neste momento surgem os Coletivos<br />

Ambiental, em sua maioria,<br />

Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>, presentes em<br />

estão vinculadas a projetos<br />

todas as unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas do país.<br />

<strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong> ou-<br />

São grupos informais que reúnem jovens<br />

tras organizações nas quais – representantes ou não <strong>de</strong> organizações<br />

se encontram inseridos. e movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> – que têm<br />

como objetivo envolver-se com a temática<br />

Muitos jovens têm se ambiental e <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s r<strong>el</strong>aciona-<br />

engajado nos Coletivos das à m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Saiba +<br />

• Para enten<strong>de</strong>r o processo e<br />

os princípios da Conferência<br />

Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, veja o “Passo a Passo”<br />

<strong>para</strong> a Conferência<br />

www.conferenciainfantojuvenil.<br />

com.br/biblioteca/<br />

Passo_a_passo_2.pdf


172<br />

Contatos<br />

• Coletivos Jovens do<br />

Centro-Oeste:<br />

cjscentro_oeste@yahoogrupos.<br />

com.br<br />

CJ–MT<br />

T<strong>el</strong>:(65) 3615-8443<br />

(Instituto <strong>de</strong> Educação/UFMT)<br />

coletivojovemmatogrosso@yahoo<br />

grupos.com.br<br />

CJ-MS<br />

Ruas das Orquí<strong>de</strong>as, n°213<br />

Bairrop Jockey Club<br />

Campo Gran<strong>de</strong>/MS<br />

CEP: 79080-550<br />

T<strong>el</strong>: (67) 3028-1143<br />

CJ—DF<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3567-4170/3234-4915<br />

cjdodf@yahoo.com.br<br />

CJ-GO<br />

T<strong>el</strong>: (62) 3901-1975<br />

cjgoias@gmail.com<br />

cjgoias.sites.uol.com.br<br />

Conexões<br />

• Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> e<br />

Sustentabilida<strong>de</strong> - REJUMA<br />

www.rejuma.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Os Coletivos Jovens foram<br />

inicialmente <strong>de</strong>nominados<br />

Cons<strong>el</strong>hos Jovens, quando foram<br />

constituídos <strong>para</strong> contribuírem<br />

com o processo <strong>de</strong> construção da<br />

I Conferência Nacional Infanto-<br />

Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>.<br />

No mesmo período nasce a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> –<br />

REJUMA como espaço <strong>de</strong> articulação nacional,<br />

envolvendo hoje, além dos CJs, diversas<br />

outras organizações, indivíduos e movimentos<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> engajados na questão<br />

socioambiental no Brasil.<br />

Os Coletivos Jovens e a própria REJUMA estão<br />

se consolidando e ganhando espaços muito importantes<br />

em prol da Educação Ambiental. A<br />

inserção dos CJs nas Comissões Estaduais Interinstitucionais<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental – CIEAs e<br />

em outras instâncias que discutem a Educação<br />

Ambiental <strong>de</strong>monstra esse movimento.<br />

Conversando com os membros do Coletivo<br />

Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Goiás, percebemos<br />

que esses jovens tratam a Educação<br />

Ambiental como eixo condutor num processo<br />

<strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> indivíduos e coletivos.<br />

Dessa forma, potencializam, fomentam e<br />

fortalecem as diversas juventu<strong>de</strong>s do estado<br />

na construção <strong>de</strong> espaços concretos <strong>de</strong> articulação<br />

e mobilização <strong>de</strong> atores sociais em<br />

prol <strong>de</strong> um mundo sustentáv<strong>el</strong>.<br />

Este trabalho resulta, principalmente, na<br />

construção <strong>de</strong> Coletivos Jovens Locais no interior<br />

<strong>de</strong> Goiás. Além <strong>de</strong> Goiânia, mais quatorze<br />

municípios goianos abrigam CJs Locais. Oito<br />

coletivos se encontram em B<strong>el</strong>a Vista <strong>de</strong> Goiás,<br />

Ceres, Iporá, Palm<strong>el</strong>o, Pirenópolis, Posse,<br />

Quirinópolis e Senador Canedo, e há ainda<br />

mais seis CJs em fase <strong>de</strong> implantação em<br />

Aparecida <strong>de</strong> Goiânia, Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás,<br />

Heitoraí, Luziânia, Santo Antonio <strong>de</strong> Goiás<br />

e São Luis dos Montes B<strong>el</strong>os. O CJ <strong>de</strong> Goiás<br />

aproveita <strong>para</strong> dialogar com as juventu<strong>de</strong>s<br />

nos eventos <strong>de</strong> educação ambiental e, assim,<br />

percebe que a cada dia os jovens estão mais<br />

presentes em ativida<strong>de</strong>s e ações ligadas à<br />

questão socioambiental.<br />

Cada Coletivo Jovem Local se organiza <strong>de</strong><br />

forma autônoma, realizando ou participando<br />

<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> Educação Ambiental nas suas<br />

comunida<strong>de</strong>s e envolvendo-se em diálogos da<br />

Agenda 21 e em discussões socioambientais<br />

nas cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> vivem.<br />

A permanente construção<br />

<strong>de</strong>ste movimento <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> possibilitou a<br />

articulação do I Encontro<br />

Estadual da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> <strong>de</strong> Goiás<br />

(EEJMA), que aconteceu em<br />

junho <strong>de</strong> 2006 em Goiânia e<br />

foi realizado p<strong>el</strong>o CJ <strong>de</strong> Goiás.<br />

O I EEJMA-GO reuniu 150<br />

jovens <strong>de</strong> diversos municípios <strong>para</strong><br />

conhecer e discutir importantes<br />

questões r<strong>el</strong>acionadas à temática<br />

socioambiental. Foram realizadas<br />

oficinas, mesas redondas<br />

e palestras com os temas<br />

educação ambiental, participação<br />

política, empreen<strong>de</strong>dorismo,<br />

educomunicação, organização<br />

social em re<strong>de</strong>s, fortalecimento<br />

organizacional, bioma<br />

Cerrado e Agenda 21.<br />

Ao trabalhar a Educação Ambiental é interessante<br />

proporcionar formas alternativas<br />

<strong>para</strong> a sensibilização, realizando não apenas<br />

ações pontuais.


Engenho II, Cavalcante/GO. [Arquivo CJ-GO]<br />

173<br />

Ativida<strong>de</strong>s do CJ-GO na comunida<strong>de</strong> Kalunga<br />

Engenho II, Cavalcante/GO. [Arquivo CJ-GO]<br />

Ativida<strong>de</strong>s do CJ-GO na comunida<strong>de</strong> Kalunga<br />

Engenho II, Cavalcante/GO. [Arquivo CJ-GO]<br />

Ativida<strong>de</strong>s do CJ-GO na comunida<strong>de</strong> Kalunga<br />

Engenho II, Cavalcante/GO. [Arquivo CJ-GO]<br />

Ativida<strong>de</strong>s do CJ-GO na comunida<strong>de</strong> Kalunga<br />

Ativida<strong>de</strong>s do CJ-GO na comunida<strong>de</strong> Kalunga<br />

Engenho II, Cavalcante/GO. [Arquivo CJ-GO]<br />

A importância <strong>de</strong> participar <strong>de</strong><br />

ações ecológicas vai além da<br />

sensação do <strong>de</strong>ver cumprido.<br />

Serve <strong>para</strong> conscientizar as<br />

pessoas a não ajudar só por um<br />

dia, mas sim por toda a vida.<br />

Vanessa <strong>de</strong> Jesus Andra<strong>de</strong>, 17 anos<br />

Brasília/DF<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s lúdicas dá<br />

continuida<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> sensibilização<br />

com um toque <strong>de</strong> diversão, facilitando assim<br />

o envolvimento das pessoas nesse processo<br />

educacional. A partir <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras e<br />

oficinas, <strong>el</strong>as têm oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soltar sua<br />

criativida<strong>de</strong> e expor experiências pessoais e<br />

diversas atitu<strong>de</strong>s. Sentindo-se parte do trabalho<br />

a pessoa po<strong>de</strong> adquirir novos conhecimentos,<br />

facilitando a aprendizagem.<br />

Metodologia<br />

O projeto UFMTrilhas, realizado p<strong>el</strong>a Univer-<br />

sida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Mato Grosso, é exemplo <strong>de</strong><br />

como é possív<strong>el</strong> unir o processo educacional<br />

a experiências <strong>de</strong> sensibilização que geram<br />

resultados significantes. Para realizar a ativida<strong>de</strong><br />

siga as seguintes etapas:<br />

1. Escolha uma área ver<strong>de</strong>, que apresente<br />

diversos animais e plantas da região, a<strong>de</strong>quada<br />

<strong>para</strong> caminhar;<br />

2. Faça um estudo prévio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

plantas, seu nome científico, utilização popular,<br />

importância ecológica e econômica, além<br />

dos animais <strong>para</strong> compreen<strong>de</strong>r a interação<br />

<strong>de</strong>sses seres vivos com o ambiente;<br />

3. Leve um grupo <strong>de</strong> no máximo 15 alunos<br />

e os acompanhe numa tranqüila caminhada<br />

dialogando sobre as informações adquiridas<br />

sobre o local;<br />

4. Temas como poluição do ar, contaminação<br />

da água e lixo, po<strong>de</strong>m ser trabalhados ao<br />

longo da trilha, interligando à mudança que<br />

cada planta e/ou animal sofre com a influência<br />

<strong>de</strong> tais fatores ambientais.


174<br />

Saiba +<br />

• Veja a Carta das Juventu<strong>de</strong>s<br />

Íbero-Americanas na íntegra no<br />

capítulo das cartas.<br />

“Apesar do trabalho estar em<br />

andamento, ficamos muito f<strong>el</strong>izes<br />

a cada trilha que fazemos e a<br />

cada assistência que po<strong>de</strong>mos dar<br />

aos estudantes que têm vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ou ainda<br />

compartilhar seus conhecimentos.<br />

Pois, ao mesmo tempo, estamos<br />

doando o que apren<strong>de</strong>mos e<br />

obtendo informações que <strong>de</strong>ixam<br />

a trilha ainda mais rica e b<strong>el</strong>a. Ao<br />

incentivarmos o ensino e a<br />

pesquisa, visando à sensibilização<br />

<strong>para</strong> a preservação dos recursos<br />

naturais, geramos uma corrente<br />

<strong>de</strong> conscientização e proteção<br />

à Biosfera, o que nos dá força<br />

e mostra que somos capazes <strong>de</strong><br />

mudar alguma coisa no mundo”<br />

Lígia Barbosa, Tainá Rodrigues,<br />

Thaissa Cheida, 20 anos – Cuiabá/MT<br />

Análise<br />

A juventu<strong>de</strong> do Centro-Oeste apresenta<br />

visões bastante diversificadas a respeito da<br />

Educação Ambiental. Algumas vezes <strong>el</strong>a é<br />

encarada como um campo <strong>de</strong> estudo,<br />

sobre o qual se fazem pesquisas e congressos.<br />

Ambientalistas realizaram uma Tenda da Juventu<strong>de</strong><br />

no V Congresso Ibero-Americano<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental, realizado em<br />

Joinville/SC, em 2006. Tentou-se compartilhar<br />

saberes e estimular formas <strong>de</strong> atuação<br />

diferenciadas com a juventu<strong>de</strong> presente.<br />

Dos poucos jovens que permaneceram<br />

neste espaço, alguns se <strong>de</strong>dicaram à<br />

construção <strong>de</strong> uma Carta.<br />

[Juliana Men<strong>de</strong>s, 23 anos]<br />

A formu-<br />

lação <strong>de</strong>stes instrumentos <strong>de</strong> interlocução,<br />

Cartas e Manifestos, muitas vezes é compreendida<br />

como forma <strong>de</strong> participação, <strong>de</strong><br />

discussão e <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão - e a isso os jovens<br />

da região também chamam <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental. Embora haja questionamento,<br />

diálogo e reflexão nesses espaços, componentes<br />

essenciais <strong>de</strong> uma Educação Ambiental<br />

crítica, urge que a juventu<strong>de</strong> ambientalista<br />

efetive ações que extrapolem manifestos.<br />

A permanente avaliação crítica do processo<br />

educativo é um dos princípios básicos da<br />

Educação Ambiental, como instituído p<strong>el</strong>a Lei<br />

n° 9.795 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1999, a Política<br />

Nacional <strong>de</strong> Educação Ambiental. Cabe saber<br />

se estas <strong>de</strong>cisões tomadas p<strong>el</strong>a juventu<strong>de</strong><br />

do Centro-Oeste estão gerando resultados<br />

efetivos nas questões ambientais, pois algumas<br />

vezes essa juventu<strong>de</strong> se vê à margem<br />

dos processos, <strong>para</strong> reivindicar seus próprios<br />

interesses enquanto segmento social.


175<br />

Por outro lado, a Educação Ambiental<br />

também é compreendida como forma <strong>de</strong><br />

intervenção social. Mas, p<strong>el</strong>o que se po<strong>de</strong><br />

analisar a partir das respostas dos jovens dos<br />

CJs na pesquisa “Perfil e Avaliação dos Cons<strong>el</strong>hos<br />

Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong>”, apenas<br />

14% <strong>de</strong>les compreen<strong>de</strong>m que o objetivo do<br />

coletivo é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar e participar<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

Mesmo assim, a REJUMA e os CJs são portas<br />

<strong>de</strong> entrada da juventu<strong>de</strong> <strong>para</strong> outras instâncias<br />

articuladoras da Educação Ambiental,<br />

como as CIEAs. Quando se pensa que a Educação<br />

Ambiental trata somente <strong>de</strong> questões<br />

específicas da temática ambiental, vê-se<br />

que a juventu<strong>de</strong> está, <strong>de</strong><br />

certo modo, satisfazendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interlocução com outros espaços, que tratam<br />

<strong>de</strong> outras temáticas, como é o caso da representação<br />

da REJUMA no Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> - CONJUVE.<br />

Ao mesmo tempo que esta r<strong>el</strong>ação mais<br />

próxima entre jovens ambientalistas e<br />

jovens ativistas <strong>de</strong> outros movimentos<br />

sociais é importante, pois possibilita que se<br />

visualize diversos tipos <strong>de</strong> atuação, por outro<br />

lado po<strong>de</strong>-se per<strong>de</strong>r as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa<br />

ação política. Como a Educação Ambiental<br />

não <strong>de</strong>ve ser implantada como disciplina<br />

específica no currículo <strong>de</strong> ensino, como institui<br />

a Cláusula 1 a do artigo 10° da Seção II do<br />

Capítulo II da Política Nacional <strong>de</strong> cação Ambiental, educadores po<strong>de</strong>m<br />

Edu-<br />

aproveitar as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ser<br />

uma prática educativa integrada,<br />

contínua e permanente em todos os<br />

níveis e modalida<strong>de</strong>s do ensino formal.<br />

Ou po<strong>de</strong>m simplesmente abster-se <strong>de</strong><br />

utilizar as ferramentas da Educação Ambiental,<br />

em <strong>de</strong>trimento da valorização<br />

<strong>de</strong> aspectos sociais, históricos, culturais e<br />

econômicos.<br />

Material produzido no II Encontro <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o<br />

Meio <strong>Ambiente</strong>, Luziânia/GO. [Juliana Men<strong>de</strong>s, 23 anos]<br />

Embora a juventu<strong>de</strong> tenha convicções sobre<br />

a importância da Educação Ambiental,<br />

atuando na comunida<strong>de</strong> em que está inserida,<br />

a saber, CJs, REJUMA, CIEAs, é necessária<br />

a percepção <strong>de</strong> que a questão ambiental<br />

não po<strong>de</strong> ser entendida apenas localmente.<br />

A Educação Ambiental, e a juventu<strong>de</strong> ambientalista<br />

envolvida com essa temática, tem<br />

clareza sobre quais são as questões a serem<br />

discutidas e assuntos tratados nesse domínio,<br />

quais as priorida<strong>de</strong>s em suas realida<strong>de</strong>s?


176<br />

[Pollyanna Brito, 19 anos]


177<br />

Legislação Ambiental<br />

O Cerrado Brasileiro é um dos biomas mais reserva, sem que isso ocasione a perda do<br />

<strong>de</strong>sprotegidos em termos legais, nem mesmo direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>.<br />

reconhecido como Patrimônio Nacional na<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Fundamentalmente, uma RPPN tem o objetivo<br />

<strong>de</strong> promover a Educação Ambiental, <strong>para</strong><br />

Esta situação reflete o contraste entre o valor que as futuras geracões possam <strong>de</strong>sfrutar do<br />

natural do bioma e a visão que a socieda<strong>de</strong><br />

brasileira possui <strong>de</strong>le. Nosso Cerrado é brio e uma socieda<strong>de</strong> sustentáv<strong>el</strong>. As RPPNs<br />

privilégio <strong>de</strong> um meio ambiente em equilí-<br />

tido apenas como uma área <strong>de</strong> vegetação representam uma alternativa positiva, que<br />

pobre, como mera reserva <strong>de</strong> terras <strong>de</strong> que vem dando certo não só no Cerrado, mas<br />

o Brasil dispõe <strong>para</strong> potencial expansão também em outros biomas brasileiros.<br />

agropecuária.<br />

No Pantanal são observados problemas que<br />

Percebemos nesse trajeto p<strong>el</strong>a região que, ameaçam a sustentabilida<strong>de</strong> da flora e da fauna<br />

da região, como a existência <strong>de</strong> carvoarias<br />

<strong>de</strong>vido à exploração exaustiva, o bioma tem<br />

perdido muito <strong>de</strong> suas características naturais, ilegais e do tráfico <strong>de</strong> animais silvestres.<br />

dando espaço a uma paisagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

fazendas <strong>de</strong> gado ou <strong>de</strong> cultivo agrícola Carvoarias entregam pastos limpos a fazen<strong>de</strong>iros,<br />

transformando em carvão a cobertura<br />

perda <strong>de</strong> sua riquíssima diversida<strong>de</strong> biológica.<br />

vegetal que se encontrava <strong>de</strong>ntro das proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais. Esse cenário po<strong>de</strong> se agravar<br />

A implementação <strong>de</strong> RPPNs, é uma idéia<br />

mais ainda se Corumbá/MS <strong>de</strong>senvolver o pólo<br />

interessante que tem se apresentado como<br />

si<strong>de</strong>rúrgico que consta nos planos do governo<br />

alternativa viáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> manutenção da biodi-<br />

estadual. Será que o Pantanal agüentaria a<br />

versida<strong>de</strong> no bioma.<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> carvão vegetal <strong>para</strong> abastecer a<br />

monocultor. Isso representa uma gran<strong>de</strong><br />

Uma Reserva Particular do<br />

Patrimônio Natural – RPPN é, <strong>de</strong><br />

acordo com a lei 9.985/2000 do<br />

SNUC – Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Conservação da Natureza,<br />

uma área privada, gravada<br />

com perpetuida<strong>de</strong>, que tem como<br />

objetivo conservar a diversida<strong>de</strong><br />

biológica n<strong>el</strong>a inserida.<br />

A criação <strong>de</strong> uma RPPN é um ato voluntário<br />

do proprietário <strong>de</strong> terra, que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> constituir<br />

sua proprieda<strong>de</strong> ou parte <strong>de</strong>la em uma<br />

indústria <strong>de</strong> aço e ferro gusa?<br />

Calcula-se que haja mais<br />

<strong>de</strong> 5.000 carvoarias operando<br />

no Mato Grosso do Sul, sendo<br />

em sua maioria ilegais. Para<br />

obter o carvão vegetal, é feito um<br />

acordo com os fazen<strong>de</strong>iros, que<br />

permitem a <strong>de</strong>rrubada da mata<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s.<br />

(Revista Caminhos da Terra)<br />

Segundo r<strong>el</strong>atório do WWF, estima-se que 12<br />

milhões <strong>de</strong> animais silvestres são retirados do<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Uma RPPN é mais facilmente<br />

apoiada por organizações<br />

não-governamentais e órgãos<br />

públicos, po<strong>de</strong>ndo ficar isenta do<br />

Imposto sobre Proprieda<strong>de</strong> Rural<br />

(ITR) e tendo priorida<strong>de</strong> na análise<br />

<strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> crédito agrícola e<br />

<strong>de</strong> recursos do Fundo Nacional <strong>de</strong><br />

Meio <strong>Ambiente</strong>.<br />

Nessas áreas, o proprietário<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s como<br />

apicultura, venda <strong>de</strong> produtos<br />

artesanais e exploração <strong>de</strong> turismo<br />

ecológico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>el</strong>as sejam<br />

compatíveis com a preservação do<br />

meio ambiente.<br />

• LISTAS DE ESPÉCIES<br />

AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO:<br />

De acordo com a lista verm<strong>el</strong>ha -<br />

2003 <strong>de</strong> espécies ameaçadas no<br />

Brasil:<br />

Há 12.259 espécies ameaçadas,<br />

entre animais e plantas, em todo<br />

o planeta. 762 espécies já são consi<strong>de</strong>radas<br />

extintas. 2000 espécies<br />

foram acrescentadas à lista divulgada<br />

em 2002 p<strong>el</strong>a IUCN - União<br />

Internacional <strong>para</strong> a conservação da<br />

Naturaza e dos Recursos Naturais .<br />

380 espécies e subespécies tiveram<br />

sua situação quanto à conservação<br />

revista. 155 das 303 espécies <strong>de</strong><br />

cicadáceas (espécie <strong>de</strong> planta ornamental)<br />

avaliadas encontram-se<br />

em situação crítica e duas já estão<br />

extintas. Dentre os 175 tubarões<br />

e raias, 57 espécies e 19 estoques<br />

(espécies r<strong>el</strong>ativas à disponibili-<br />

da<strong>de</strong> da pesca artesanal), estão<br />

ameaçadas.<br />

• Ferro gusa é a forma impura <strong>de</strong><br />

ferro produzida num alto forno,<br />

que é fundida em lingotes (blocos)<br />

<strong>para</strong> serem convertidos mais tar<strong>de</strong><br />

em ferro fundido, aço etc.<br />

A composição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos<br />

minérios usados, do processo <strong>de</strong><br />

fusão e do fim que será dado aos<br />

lingotes.<br />

(Dicionário Rossetti <strong>de</strong> Química)


178<br />

Contatos<br />

• Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Combate ao<br />

Tráfico <strong>de</strong> Animais Silvestres -<br />

Renctas<br />

Caixa Postal 6231<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 70749-970<br />

T<strong>el</strong>: (61)3368-8970<br />

Conexões<br />

• Re<strong>de</strong> Cerrado<br />

www.re<strong>de</strong>cerrado.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Hotspot<br />

é toda área prioritária<br />

<strong>para</strong> conservação, isto é, <strong>de</strong> rica<br />

biodiversida<strong>de</strong> e ameaçada no<br />

mais alto grau. É consi<strong>de</strong>rada<br />

Hotspot uma área com p<strong>el</strong>o<br />

menos 1.500 espécies endêmicas<br />

<strong>de</strong> plantas e que tenha perdido<br />

mais <strong>de</strong> 3/4 <strong>de</strong> sua vegetação<br />

original.<br />

(Conservation Internacional do<br />

Brasil)<br />

seu habitat todos os anos. O tráfico <strong>de</strong> animais<br />

representa, portanto, a terceira ativida<strong>de</strong> ilícita<br />

mais lucrativa do país, somente menos<br />

expressiva que o tráfico <strong>de</strong> drogas e <strong>de</strong> armas.<br />

O mesmo r<strong>el</strong>atório aponta o Centro-Oeste<br />

como a segunda região fornecedora <strong>de</strong><br />

animais <strong>para</strong> comércio ilicito no eixo Rio-São<br />

Paulo. Nesses gran<strong>de</strong>s centros, <strong>el</strong>es são vendidos<br />

em feiras livres ou mesmo exportados<br />

<strong>para</strong> a Europa, Ásia e América do Norte.<br />

A Lei n o 5.197/67 foi a primeira legislação<br />

própria <strong>de</strong> proteção à fauna silvestre no Brasil,<br />

tornando a caça e a manutenção <strong>de</strong>sses<br />

animais em cativeiro práticas ilegais. Atualmente,<br />

os infratores estão sujeitos às<br />

penalida<strong>de</strong>s estab<strong>el</strong>ecidas p<strong>el</strong>a lei <strong>de</strong> crimes<br />

ambientais – lei 9605/98.<br />

em Brasília/DF, <strong>de</strong>senvolve ações em todo o<br />

Brasil, por meio <strong>de</strong> parcerias com a iniciativa<br />

privada, o po<strong>de</strong>r público e o terceiro setor.<br />

Análise<br />

Embora o Cerrado realmente não seja reconhecido<br />

como Patrimônio Nacional, tramitam<br />

no Congresso Nacional alguns Projetos <strong>de</strong><br />

Emendas Constitucionais <strong>para</strong> a <strong>el</strong>evação <strong>de</strong>ste<br />

bioma e da Caatinga a essa condição. Um dos<br />

projetos mais antigos é a PEC 115 que, apresentada<br />

há 11 anos, contando com o apoio<br />

da Re<strong>de</strong> Cerrado, finalmente tem mais agilida<strong>de</strong><br />

no processo <strong>de</strong> tramitação. Percebemos<br />

que a juventu<strong>de</strong> está a par <strong>de</strong>ssa questão <strong>de</strong><br />

r<strong>el</strong>evância nacional e socioambiental. Deve-se,<br />

portanto, aproveitar este espaço <strong>de</strong> participação<br />

<strong>para</strong> a necessária mobilização social.<br />

No Mato Grosso do Sul a captura e o comércio<br />

ilegal <strong>de</strong> animais silvestres cresce a cada<br />

ano. Estima-se que, diariamente, centenas <strong>de</strong><br />

animais da região abasteçam esse mercado<br />

ilícito, uma vez que o sistema <strong>de</strong> fiscalização<br />

é normalmente burlado <strong>de</strong>vido ao pequeno<br />

número <strong>de</strong> agentes fiscais.<br />

Quando os animais são comercializados<br />

ilegalmente, não passam por nenhum controle<br />

sanitário. Po<strong>de</strong>m, assim, transmitir<br />

doenças graves e inclusive <strong>de</strong>sconhecidas<br />

<strong>para</strong> criações domésticas e <strong>para</strong> o homem,<br />

acarretando sérias conseqüências sanitárias<br />

<strong>para</strong> as regiões e países que os recebem sem<br />

qualquer cuidado com seu manejo.<br />

Atuando nessa área, a Renctas é uma<br />

organização não-governamental que combate<br />

o tráfico <strong>de</strong> animais silvestres. Com base<br />

O interesse atual neste bioma não é casual. Ao<br />

contrário do que pensam ainda muitos jovens<br />

ambientalistas, o Cerrado constitui o segundo<br />

maior bioma/domínio morfoclimático do<br />

Brasil (25% do território nacional) e da América<br />

do Sul (IBAMA:2006). Já é uma priorida<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> a conservação da biodiversida<strong>de</strong> e está na<br />

lista dos chamados hotspots mundiais, áreas<br />

ricas, mas muito ameaçadas (MCT:2006). Além<br />

disso, ao contrário do imaginário que se rev<strong>el</strong>a<br />

nas impressões da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o Cerrado<br />

é associado à pobreza natural e secura climática,<br />

14% da capacida<strong>de</strong> hídrica brasileira se<br />

encontra nessa região, que é a savana<br />

mais rica do mundo em biodiversida<strong>de</strong><br />

(IBAMA:2006). Mas as diversas unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> conservação não são a única forma <strong>de</strong><br />

proteção do bioma. Cabe então o questionamento:<br />

quem está ao lado daqu<strong>el</strong>es que valorizam<br />

o Cerrado e quem ainda permanecerá


179<br />

com a falsa imagem<br />

<strong>de</strong> que este bioma<br />

é somente a última<br />

fronteira agrícola do<br />

mundo?<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo m<strong>el</strong>hor<br />

a situação ambiental,<br />

econômica e<br />

social do Cerrado, a<br />

juventu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá qualificar seus posicionamentos<br />

nos espaços <strong>de</strong> participação, refletindo<br />

e agindo com mais proprieda<strong>de</strong> e colaborando<br />

efetivamente nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, como,<br />

por exemplo, no caso da aprovação da PEC<br />

115. Assim, a legislação ambiental, antes mesmo<br />

<strong>de</strong> ser firmada no pap<strong>el</strong>, po<strong>de</strong>rá surgir e<br />

legitimar-se no cotidiano <strong>de</strong> ativistas ambientais<br />

e, até mesmo, do restante da população.<br />

O <strong>de</strong>smatamento indiscriminado <strong>para</strong> pastagens<br />

homogêneas e monoculturas <strong>de</strong> exportação,<br />

que disseminam fertilizantes químicos<br />

no ambiente, além das extensas plantações<br />

<strong>de</strong> eucalipto <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong> carvão, que<br />

favorecem indústrias si<strong>de</strong>rúrgicas produtoras<br />

<strong>de</strong> ferro gusa, aliadas aos projetos <strong>de</strong>senvolvimentistas,<br />

como barragens e gran<strong>de</strong>s áreas<br />

<strong>de</strong> irrigação, são barreiras <strong>para</strong> a superação<br />

da visão que coloca, às vezes lado a lado e<br />

outras vezes em lados opostos, ambientalistas<br />

e legisladores, jovens ativistas e empresários.<br />

Esta é uma boa razão <strong>para</strong> que a compreensão<br />

sobre a Legislação Ambiental seja urgentemente<br />

ampliada, <strong>de</strong> forma que <strong>el</strong>a possa ser<br />

criada a partir <strong>de</strong> perspectivas sustentáveis,<br />

refletindo a participação ativa das juventu<strong>de</strong>s<br />

ambientalistas, que precisa ser qualificada.<br />

Afinal, são muitas as pessoas que questionam<br />

[Wagner San, 25 anos]<br />

se o meio ambiente<br />

ainda continuará<br />

suportando<br />

as <strong>de</strong>mandas<br />

dos gran<strong>de</strong>s projetos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

cional.<br />

na-<br />

Para além da fiscalização ostensiva<br />

ou pontual, surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

as ações <strong>de</strong> proteção ao meio ambiente, em<br />

especial a sua fauna, sejam m<strong>el</strong>hor articuladas<br />

- o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais, <strong>de</strong>senvolvido<br />

a partir da visão sistêmica e orgânica,<br />

amplamente adotado p<strong>el</strong>os movimentos ambientalistas,<br />

é uma sugestão que emerge. De<br />

tão potentes, no que diz respeito à flexibilida<strong>de</strong><br />

e flui<strong>de</strong>z, as re<strong>de</strong>s são utilizadas inclusive, e<br />

inf<strong>el</strong>izmente, na organização do tráfico <strong>de</strong><br />

animais silvestres. Para fazer frente a esse<br />

movimento criminoso não basta somente<br />

legislação competente. Apesar <strong>de</strong> se alegar<br />

que há poucos agentes fiscalizadores, associações<br />

com outras organizações, mobilida<strong>de</strong><br />

e comunicação ágil e transparente, além <strong>de</strong><br />

rapi<strong>de</strong>z no processo <strong>de</strong> gestão e punição,<br />

fazem-se necessárias. Os jovens ativistas já<br />

compreen<strong>de</strong>ram que a lógica da rarida<strong>de</strong><br />

(que transforma tudo que é único em riqueza)<br />

e do lucro garantido (que indica que sempre<br />

há compradores <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s ilegais como<br />

essa) <strong>de</strong>vem ser combatidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a raiz:<br />

enriquecer e <strong>de</strong>senvolver-se às custas <strong>de</strong><br />

danos ambientalmente irreparáveis são visões<br />

a se ultrapassar. Agora, <strong>de</strong>ve-se caminhar da<br />

compreensão <strong>para</strong> a ação - e por que não adotar<br />

a organização em re<strong>de</strong>, como já fazem os<br />

jovens da REJUMA e os ativistas da Renctas?


Região Nor<strong>de</strong>ste


182<br />

Região Nor<strong>de</strong>ste<br />

A região Nor<strong>de</strong>ste compreen<strong>de</strong> os estados <strong>de</strong><br />

Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,<br />

Piauí, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual<br />

<strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha), Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte e Sergipe. Sua população é <strong>de</strong><br />

49.833.207 habitantes espalhados em uma<br />

área <strong>de</strong> 1.558.196km 2 (IBGE/PNUD:2003), o<br />

que correspon<strong>de</strong> a aproximadamente 18% da<br />

área total do país.<br />

A maior parte <strong>de</strong> seu território é formada por<br />

cristas, serras e r<strong>el</strong>evos residuais, antigos e<br />

aplainados por processos erosivos. Segundo o<br />

IBGE, em função das diferentes características<br />

físicas que apresenta, a região é subdividida<br />

em quatro zonas geográficas: sertão, meio<br />

norte, zona da mata e agreste.<br />

A vegetação nor<strong>de</strong>stina<br />

é bastante variada. A<br />

região<br />

apresenta<br />

q u a s e<br />

todos os biomas brasileiros. A Mata Atlântica<br />

está presente na costa, o Cerrado po<strong>de</strong> ser<br />

encontrado no sul do Maranhão, do Piauí e<br />

do Ceará e no oeste da Bahia; a Caatinga po<strong>de</strong><br />

ser encontrada no sertão e a Floresta Amazônica<br />

ocupa 34% do território do Maranhão.<br />

A economia da região Nor<strong>de</strong>ste baseia-se<br />

primordialmente na agroindústria. Na área<br />

do vale do rio São Francisco, nos estados<br />

da Bahia e <strong>de</strong> Pernambuco, tem sido <strong>de</strong>senvolvida<br />

a fruticultura <strong>para</strong> exportação. O<br />

petróleo é explorado no litoral e na plataforma<br />

continental e processado em refinarias no<br />

estado da Bahia.<br />

O setor <strong>de</strong> turismo tem <strong>de</strong>monstrado gran<strong>de</strong><br />

potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> a<br />

região e vem crescendo nos últimos anos.<br />

Porém, esse é um dos pontos indicados por<br />

jovens como um fator crítico <strong>para</strong> a região.<br />

O turismo é <strong>de</strong>senvolvido, na maioria dos<br />

casos, <strong>de</strong> forma predatória, promovendo a<br />

exploração <strong>de</strong> recursos naturais sem comprometimento<br />

com questões sociais e<br />

ambientais. Juntem-se a isso os problemas<br />

do turismo sexual e do tráfico <strong>de</strong><br />

animais silvestres.<br />

A transposição do rio São Francisco é outro<br />

assunto polêmico que está na pauta <strong>de</strong><br />

discussão <strong>de</strong> jovens nor<strong>de</strong>stinos. Isso se <strong>de</strong>ve,<br />

principalmente, ao questionamento quanto<br />

à distribuição da água.<br />

Aliada à distribuição da água, outra questão<br />

importante que os jovens percebem no cenário<br />

nor<strong>de</strong>stino é o agronegócio que, segundo<br />

<strong>el</strong>es, vem <strong>de</strong>smatando o Cerrado nor<strong>de</strong>stino,


183<br />

especialmente no sul do Maranhão,<br />

<strong>para</strong> plantação <strong>de</strong> soja. Movido por<br />

interesses econômicos e produtivos, o<br />

homem <strong>de</strong>vasta assim gran<strong>de</strong>s áreas<br />

<strong>para</strong> a sojicultura.<br />

Outra espécie exótica r<strong>el</strong>acionada ao <strong>de</strong>smatamento,<br />

<strong>de</strong>ssa vez da Mata Atlântica,<br />

é o eucalipto. Utilizada na indústria <strong>de</strong><br />

pap<strong>el</strong> e c<strong>el</strong>ulose, essa árvore nativa da<br />

Austrália tem sido amplamente empregada<br />

em reflorestamentos com fins econômicos.<br />

O reflorestamento com eucalipto também<br />

faz os jovens <strong>de</strong>ssa região refletirem sobre<br />

a importância da mata nativa e <strong>de</strong> regiões<br />

costeiras, como manguezais e restingas. Há<br />

grupos que se preocupam com os problemas<br />

da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>sses mangues e discutem<br />

o avanço das criações <strong>de</strong> camarão e a pesca<br />

predatória. Outros percebem que a Caatinga<br />

é um bioma pouco estudado e quase <strong>de</strong>sconhecido<br />

da maioria dos brasileiros, enquanto<br />

estudos e reflorestamentos estão focados em<br />

espécies exóticas.<br />

Na região <strong>de</strong> Caetité/BA, outra questão séria<br />

é a exploração do urânio, matéria prima <strong>para</strong><br />

o uso da energia nuclear. A contaminação, o<br />

risco <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes a que ficam expostos os<br />

ecossistemas e a população e a produção<br />

<strong>de</strong> lixo radioativo são problemas ainda sem<br />

solução <strong>de</strong>finitiva.<br />

Os jovens da região também observam<br />

que há várias questões importantes a serem<br />

tratadas no Nor<strong>de</strong>ste, por ser essa uma região<br />

diversa, com muitos estados. O consenso<br />

nem sempre é possív<strong>el</strong>, e muitos jovens reco-<br />

nhecem<br />

que ainda há muita divergência<br />

nas discussões <strong>de</strong>ntro dos movimentos<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Oficinas <strong>de</strong> Educação Ambiental e participação<br />

política são formas <strong>de</strong> atuação dos<br />

jovens nor<strong>de</strong>stinos <strong>para</strong> discutir as questões<br />

socioambientais. Alguns meios <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>de</strong> conceitos e princípios da educação<br />

ambiental têm sido a cultura e as expressões<br />

artísticas, ponto forte <strong>de</strong> uma região com<br />

enorme riqueza e diversida<strong>de</strong> cultural.<br />

Uma característica importante <strong>de</strong>ssa região<br />

é que as discussões e o envolvimento com a<br />

temática ambiental não são exclusivida<strong>de</strong> dos<br />

jovens que se auto-intitulam ambientalistas.<br />

Jovens <strong>de</strong> outros movimentos também ocupam<br />

espaços políticos e participam das discussões.<br />

Portanto, o <strong>de</strong>safio que se coloca à frente dos<br />

jovens da região diz respeito à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> integração <strong>de</strong>sses diversos movimentos<br />

sociais, primando p<strong>el</strong>a transversalida<strong>de</strong> dos<br />

temas e questões e p<strong>el</strong>a conjugação <strong>de</strong> esforços<br />

na luta por um Nor<strong>de</strong>ste sustentáv<strong>el</strong>.<br />

Matriz da xilogravura Porque Deus quis. [Vitor Massao, 25 anos]


184<br />

CONTATOS<br />

• Grupo Bichos do Mato<br />

bichos.domato@yahoo.com.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• No meio das várias tribos<br />

que viviam nos chapadões,<br />

estava a índia Iati que era<br />

noiva <strong>de</strong> um bravo guerreiro.<br />

Devido a uma guerra ao norte<br />

todos os índios guerreiros<br />

foram lutar. Contudo, eram<br />

muitos e em seu rastro<br />

<strong>de</strong>ixaram pegadas que<br />

afundaram a terra.<br />

Formou-se, assim, um<br />

enorme sulco. A índia Iati<br />

chorou muito <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seu noivo. As águas <strong>de</strong> suas<br />

lágrimas escorreram p<strong>el</strong>o<br />

chapadão e caíram p<strong>el</strong>a<br />

serra, no sulco dos passos dos<br />

guerreiros. Assim formou-se o<br />

São Francisco, que <strong>de</strong>sembocou<br />

ao norte no oceano.<br />

Rio São Francisco, Bom Jesus da Lapa/BA<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

...Conheceu o Véio Chico<br />

E seu tão querido filho<br />

O peixe gran<strong>de</strong> Surubim<br />

Viu que sofre o v<strong>el</strong>ho rio<br />

Que transpor só se for o brio<br />

E cantou a p<strong>el</strong>eja<br />

do Povo do Beira Rio<br />

V<strong>el</strong>ho Sim, Finado Não<br />

V<strong>el</strong>ho Sim, Finado Não!...<br />

... Eh, Surubim quer respirar<br />

V<strong>el</strong>ho Chico num tem mais ar<br />

V<strong>el</strong>ho Chico corria pro mar<br />

Agora os home vão <strong>de</strong>sviar<br />

V<strong>el</strong>ho Chico não vai mais pro mar<br />

On<strong>de</strong> é que Surubim vai nadar?...<br />

Matheus Veiga - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA<br />

Água<br />

Conexões<br />

• Associação Brasileira <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos – ABRH<br />

www.abrh.org.br<br />

reservatórios subterrâneos são importantes<br />

por seu volume <strong>de</strong> água. Destacam-se também<br />

reservatórios como Serra Gran<strong>de</strong>, Cabeças e<br />

Poti-Piauí, localizados nos estados do Piauí e<br />

do Maranhão, São Sebastião, localizado na<br />

Bahia, e Açú, no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

A Bacia do rio São Francisco é uma das maiores<br />

do país e abrange um número significativo <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração. No Nor<strong>de</strong>ste, se a maior parte do médio e a totalida<strong>de</strong> do<br />

localizamsubmédio<br />

e do baixo São Francisco. O rio São<br />

Francisco, chamado <strong>de</strong> “rio da integração<br />

nacional”, é o caminho <strong>de</strong> ligação do Su<strong>de</strong>ste<br />

e do Centro-Oeste com o Nor<strong>de</strong>ste. Des<strong>de</strong> suas<br />

nascentes, em Minas Gerais, até sua foz, na<br />

divisa <strong>de</strong> Sergipe e Alagoas, <strong>el</strong>e percorre<br />

2.700km banhando cinco estados brasileiros.<br />

Porém, os recursos <strong>de</strong>sse rio são utilizados<br />

<strong>de</strong> forma autônoma em cada estado, gerando<br />

um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scentralizado <strong>de</strong> gestão. É uma<br />

Bacia com <strong>para</strong>doxos socioeconômicos e<br />

vulnerabilida<strong>de</strong> ambiental, abrangendo áreas<br />

<strong>de</strong> acentuada riqueza e alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mográfica, bem como áreas <strong>de</strong> pobreza<br />

crítica e baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica, estas<br />

principalmente na região Nor<strong>de</strong>ste.<br />

O “V<strong>el</strong>ho Chico”, ainda que em meio à polêmica<br />

<strong>de</strong> sua transposição, nos conduz p<strong>el</strong>o<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Passamos por Caatinga, Cerrado,<br />

Mata Atlântica e Zona Costeira. Dentre toda<br />

a diversida<strong>de</strong> biológica e cultural, nos <strong>de</strong><strong>para</strong>mos<br />

com a contradição entre a disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água e as dificulda<strong>de</strong>s em sua distribuição.<br />

Dados<br />

Cerca <strong>de</strong> 15% da área total das margens<br />

do rio São Francisco estão completamente<br />

erodidas. Xique Xique/BA é a cida<strong>de</strong> que<br />

sofreu os maiores impactos.<br />

(ANA/GEF/PNUMA/OEA:2004)<br />

O Parnaíba e o São Francisco formam as principais<br />

bacias hidrográficas da região, cujos<br />

Há algum tempo vários problemas <strong>de</strong> natureza<br />

social e econômica vêm afetando o


Conexões<br />

• D<strong>el</strong>iberações e<br />

posicionamentos do Comitê da<br />

Bacia do rio São Francisco<br />

www.cbhsaofrancisco.org.br<br />

185<br />

percurso natural do São<br />

Francisco. Isso coloca o rio,<br />

há alguns anos, na pauta <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisões do governo. Porém,<br />

governo e socieda<strong>de</strong> discordam<br />

em r<strong>el</strong>ação às questões<br />

sobre a sustentabilida<strong>de</strong> da<br />

região Semi-Árida do Fundo<br />

Constitucional <strong>de</strong> Financia-<br />

mento do Nor<strong>de</strong>ste - FNE. O governo quer Para alguns<br />

interligar a bacia do São Francisco com as<br />

bacias do Nor<strong>de</strong>ste setentrional, preten<strong>de</strong>ndo<br />

implantar o <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Sustentáv<strong>el</strong> do Semi-Árido e da Bacia Hidro-<br />

gráfica do rio São Francisco, comandado p<strong>el</strong>o<br />

Ministério da Integração Nacional.<br />

A lei n o 175 <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1936 <strong>de</strong>finiu o Polígono<br />

das Secas, <strong>de</strong>limitando<br />

municípios da região do<br />

Semi-Árido que receberiam<br />

assistência específica. A partir<br />

da Constituição <strong>de</strong> 1988,<br />

a região passou a<br />

contar com um Fundo<br />

Constitucional específico<br />

<strong>para</strong> financiar programas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

e a <strong>de</strong>nominação<br />

Polígono das Secas<br />

se tornou um termo<br />

ultrapassado.<br />

Orçado em R$ 4,2 bilhões, o projeto <strong>de</strong> transposição<br />

prevê a construção <strong>de</strong> aproximadamente<br />

700km <strong>de</strong> canais e reservatórios, divididos em<br />

dois eixos <strong>para</strong> abastecer a região. A idéia da<br />

transposição, entretanto, está longe <strong>de</strong> ser uma<br />

unanimida<strong>de</strong>.<br />

Cartaz produzido <strong>para</strong> a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, São Luís/MA. [Marcos Mesquita]<br />

setores do Governo Fe<strong>de</strong>ral a obra é<br />

inadiáv<strong>el</strong>, mas não faltam opiniões contrárias<br />

ao projeto. Os governos dos estados <strong>de</strong><br />

Alagoas, Bahia e Sergipe se opõem à<br />

transposição por causa <strong>de</strong> possíveis prejuízos<br />

econômicos e ambientais. De um lado,<br />

estão aqu<strong>el</strong>es que argumentam que a transposição<br />

das águas seria a salvação <strong>para</strong><br />

as populações que vivem na região do Sertão<br />

nor<strong>de</strong>stino. De outro, estão ambientalistas<br />

e técnicos, que advertem que a transposição<br />

po<strong>de</strong> causar gran<strong>de</strong>s impactos socioambientais.<br />

Afinal, o “V<strong>el</strong>ho Chico” não suportaria<br />

ce<strong>de</strong>r parte <strong>de</strong> seu volume hídrico por causa<br />

do uso indiscriminado <strong>de</strong> suas águas, do<br />

crescente <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> suas matas<br />

ciliares e do conseqüente assoreamento.<br />

O Comitê da Bacia do rio São Francisco,<br />

formado p<strong>el</strong>o governo e p<strong>el</strong>a socieda<strong>de</strong><br />

civil, em <strong>de</strong>liberação <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003,<br />

indicou que a água <strong>para</strong> uso externo da<br />

bacia do São Francisco só po<strong>de</strong> ser liberada<br />

se for comprovada a escassez <strong>de</strong> água<br />

na bacia receptora. Indicou ainda que a<br />

transposição não é a única alternativa <strong>para</strong><br />

o Semi-Árido. Além disso, o projeto <strong>de</strong> transposição<br />

não respon<strong>de</strong> satisfatoriamente às<br />

questões <strong>de</strong> impactos socioambientais.<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O primeiro estudo <strong>de</strong><br />

transposição do rio São<br />

Francisco foi feito durante a<br />

gestão <strong>de</strong> Dom Pedro II,<br />

imperador do Brasil, quando<br />

o Nor<strong>de</strong>ste enfrentou no século<br />

XIX um <strong>de</strong> seus característicos<br />

períodos <strong>de</strong> seca.<br />

• A transposição consiste na<br />

transferência <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> um rio<br />

<strong>para</strong> abastecer outros rios com<br />

déficit hídrico durante a estiagem.<br />

Já a revitalização correspon<strong>de</strong> a<br />

um processo que envolve, entre<br />

outras ações, a recuperação e o<br />

controle <strong>de</strong> processos erosivos,<br />

o monitoramento da qualida<strong>de</strong><br />

da água, o reflorestamento <strong>de</strong><br />

nascentes e áreas <strong>de</strong>gradadas.


186<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A socieda<strong>de</strong> civil tem pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />

na mobilização e no <strong>de</strong>bate sobre a transposição<br />

do rio São Francisco. Em setembro<br />

<strong>de</strong> 2005, Dom Frei Luiz Flávio Cappio,<br />

bispo do município <strong>de</strong> Barra/BA, iniciou uma<br />

greve <strong>de</strong> fome que durou 11 dias, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> adiar as obras <strong>de</strong> transposição.<br />

Gerando comoção e atraindo a atenção dos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação, a greve <strong>de</strong> fome<br />

levou o Presi<strong>de</strong>nte Lula à <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> reabrir<br />

o diálogo sobre a transposição. Em carta ao<br />

presi<strong>de</strong>nte, o bispo ressaltou a “necessida<strong>de</strong><br />

urgente <strong>de</strong> revitalização do rio e <strong>de</strong> ações<br />

que garantam o verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>para</strong> as populações pobres do Nor<strong>de</strong>ste”.<br />

(SANTANA:2006)<br />

Quando falamos do rio São Francisco, temos<br />

que ter consciência <strong>de</strong> que este é um assunto<br />

que <strong>de</strong>ve envolver não somente os órgãos<br />

públicos, mas também a socieda<strong>de</strong> e as<br />

pequenas populações que se beneficiam<br />

diretamente do rio. É hora <strong>de</strong> pensarmos<br />

juntos e percebermos que a discussão sobre<br />

a transposição do rio São Francisco <strong>de</strong>ve<br />

ser levada a sério e vista sob seus diversos<br />

ângulos e perspectivas.<br />

...Rio vazio, bucho vazio.<br />

Nóis vamo tudo entrar,<br />

E o mar vai transbordar,<br />

V<strong>el</strong>ho sim,<br />

Finado não,<br />

E pra secar o nosso Nilo<br />

Vão ter que enterrar um coração<br />

Em cada curva <strong>de</strong>sse rio!...<br />

Gustavo <strong>de</strong> Santana, Matheus Veiga e<br />

Marcio <strong>de</strong> Souza - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA<br />

A gestão integrada <strong>de</strong> recursos hídricos po<strong>de</strong>ria<br />

tornar viáveis projetos que contribuíssem <strong>para</strong><br />

a sustentabilida<strong>de</strong> do “V<strong>el</strong>ho Chico”. As águas<br />

da bacia do rio são utilizadas <strong>para</strong> navegação,<br />

irrigação, pesca, turismo e lazer, geração<br />

<strong>de</strong> energia, mineração e abastecimento doméstico<br />

e industrial, entre outros usos.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A transposição do rio São Francisco é um tema<br />

que preocupa a juventu<strong>de</strong>, como aponta o<br />

maranhense <strong>de</strong> 22 anos, Marcos Mesquita,<br />

que sustenta a necessida<strong>de</strong> do uso racional<br />

da água <strong>para</strong> não termos, no Nor<strong>de</strong>ste,<br />

“leitos secos, como já presenciamos no [...]<br />

próprio Rio Amazonas. Quem diria, <strong>el</strong>e<br />

também secou e <strong>de</strong>ixou famílias inteiras à<br />

mercê da própria sorte!”.<br />

Essa preocupação se traduz em ações, como<br />

a do Movimento Nacional da Juventu<strong>de</strong><br />

Brasileira Contra a Transposição e em Defesa<br />

do rio São Francisco, que escreveu uma carta<br />

en<strong>de</strong>reçada ao Presi<strong>de</strong>nte Lula em outubro<br />

<strong>de</strong> 2005. Na carta, os jovens criticaram os<br />

altos custos da obra frente à miséria dos<br />

ribeirinhos, que não pu<strong>de</strong>ram participar<br />

do processo <strong>de</strong>cisório. A juventu<strong>de</strong> reivindicou<br />

a <strong>de</strong>spoluição do rio São Francisco e<br />

a recuperação <strong>de</strong> mananciais, olhos d’água<br />

e nascentes. A carta afirmou a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> “programas <strong>de</strong> transformação dos 504<br />

municípios em Socieda<strong>de</strong>s Sustentáveis”,<br />

e a importância <strong>de</strong> envolver vários setores<br />

da socieda<strong>de</strong> <strong>para</strong> gerar ações que representem<br />

“alternativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong><br />

o povo, e não <strong>para</strong> as gran<strong>de</strong>s empreiteiras<br />

interessadas na obra”.<br />

Contribuição do Centro <strong>de</strong> Pesquisas Ecológicas<br />

Culturais e Sociais - CEPECS Brasil, organização à<br />

qual pertencem Jovens Focais <strong>de</strong> Sergipe


187<br />

Além da transposição, a revitalização do rio São<br />

Francisco também está na pauta do governo<br />

e da socieda<strong>de</strong>. O <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Revitalização<br />

do rio São Francisco foi proposto p<strong>el</strong>o Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral e teve orçamento <strong>de</strong> R$ 96,2 milhões<br />

em 2005. O Comitê da Bacia propôs investimentos<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 5,2 bilhões <strong>para</strong><br />

saneamento básico, abastecimento <strong>de</strong> água<br />

<strong>para</strong> a população rural, educação ambiental,<br />

proteção e recuperação do meio ambiente.<br />

A revitalização se apresenta como alternativa<br />

importante <strong>para</strong> o rio, pois percebemos que<br />

a utilização das águas do São Francisco nem<br />

sempre visa a sua sustentabilida<strong>de</strong>, o que<br />

provoca a diminuição da vazão, da qualida<strong>de</strong><br />

da água e da biodiversida<strong>de</strong>. Essa diminuição<br />

é <strong>de</strong>corrente da construção <strong>de</strong> barragens e<br />

obras <strong>de</strong> irrigação irregulares, da falta <strong>de</strong><br />

saneamento básico, da contaminação por<br />

agrotóxicos, da perda <strong>de</strong> matas ciliares e do<br />

assoreamento <strong>de</strong> seus afluentes.<br />

Análise<br />

Sabe-se que chove pouco no Sertão nor<strong>de</strong>stino,<br />

uma região <strong>de</strong> clima semi-árido. A precipitação<br />

pluviométrica média na região é igual ou<br />

inferior a 800mm (SUDENE:2006). A maior<br />

parte <strong>de</strong>ssa chuva se concentra nos meses <strong>de</strong><br />

maio a julho, o que significa que a região sofre<br />

com gran<strong>de</strong>s períodos <strong>de</strong> pouca ou nenhuma<br />

chuva. Tal fato é amplamente conhecido p<strong>el</strong>os<br />

brasileiros e, portanto, não podia passar<br />

<strong>de</strong>spercebido p<strong>el</strong>os jovens da região.<br />

As limitações do rio São Francisco <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> navegação, geração <strong>de</strong> energia,<br />

irrigação e abastecimento das populações do<br />

Nor<strong>de</strong>ste e o custo bastante <strong>el</strong>evado da obra<br />

tornam a transposição do rio um tema polêmico.<br />

No entanto, é evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um planejamento hídrico e <strong>de</strong> revitalização<br />

do rio cuja bacia concentra 63% da disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água da região nor<strong>de</strong>stina.<br />

É exatamente neste ponto que se concentram<br />

as divergências em r<strong>el</strong>ação ao plano <strong>de</strong> transposição<br />

do rio. Muitos indicam que <strong>el</strong>a será<br />

a solução <strong>para</strong> os problemas <strong>de</strong>correntes da<br />

seca em diferentes áreas do Nor<strong>de</strong>ste, mas<br />

não é possív<strong>el</strong> ainda <strong>de</strong>terminar o volume <strong>de</strong><br />

água a ser utilizado p<strong>el</strong>a população. Outros<br />

afirmam que a transposição vai beneficiar<br />

basicamente o agronegócio e que a questão<br />

não é falta <strong>de</strong> água, mas má gestão do uso da<br />

água disponív<strong>el</strong>.<br />

O rio já é extremamente explorado p<strong>el</strong>a<br />

Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco -<br />

CHESF e, mesmo com a geração <strong>de</strong> energia<br />

<strong>de</strong> forma eficiente, muitas cida<strong>de</strong>s já viveram<br />

situações <strong>de</strong> racionamento.<br />

Preocupa os jovens não haver um planejamento<br />

acerca do acesso à água. Alternativas,<br />

como o <strong>Programa</strong> 1 Milhão <strong>de</strong> Cisternas – da<br />

Articulação do Semi-Árido (ASA) – têm sido<br />

pensadas e colocadas em prática. Porém,<br />

quanto tempo as comunida<strong>de</strong>s terão <strong>de</strong><br />

esperar p<strong>el</strong>o acesso à água? Quantas pessoas<br />

morrerão <strong>de</strong> se<strong>de</strong> até lá? Morrer <strong>de</strong> se<strong>de</strong> e no<br />

escuro; será este o <strong>de</strong>stino da população do<br />

Semi-Árido nor<strong>de</strong>stino?<br />

Será que com a transposição a questão<br />

humanitária irá transpor o capitalismo?<br />

Para gerar o abastecimento das cida<strong>de</strong>s será<br />

preciso diminuir a área irrigada utilizada p<strong>el</strong>a<br />

agroindústria. Afinal <strong>de</strong> contas, quem vai se<br />

beneficiar com o acesso às águas?


188<br />

Conexões<br />

• Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ONGs da Mata<br />

Atlântica - RMA<br />

CRS 515 Bloco B<br />

nº 27, 2º andar<br />

Brasília/DF<br />

CEP: 70.381-520<br />

T<strong>el</strong>: (61) 3445-2315<br />

Fax: (61) 3345-3987<br />

rma@rma.org.br<br />

www.rma.org.br<br />

A natureza não é como<br />

Os homens e os animais<br />

Nem mesmo os vegetais<br />

A natureza não morre<br />

Quem morre somos nós<br />

E vamos <strong>de</strong>ixar morrer?<br />

Gustavo <strong>de</strong> Santana, Matheus Veiga e<br />

Marcio <strong>de</strong> Souza - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA<br />

No Nor<strong>de</strong>ste há gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aspectos<br />

culturais e ambientais, além <strong>de</strong> uma enorme<br />

biodiversida<strong>de</strong>, é possív<strong>el</strong> encontrar vários<br />

ecossistemas em um mesmo estado. Dentre<br />

os biomas existentes no Nor<strong>de</strong>ste estão a<br />

Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica, além<br />

da Zona Costeira e Marinha.<br />

Ilhas marítimas também estão presentes no<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Muitas ilhas foram transformadas em<br />

áreas <strong>de</strong> preservação ambiental e têm, em suas<br />

áreas, locais <strong>de</strong> vegetação e fauna exuberantes<br />

e conservadas. Exemplos disso são a ilha <strong>de</strong><br />

Abrolhos, no sul da Bahia, e a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação<br />

da Ilha <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha/PE.<br />

Em função das diferentes características físicas<br />

que apresenta, o Nor<strong>de</strong>ste po<strong>de</strong> ser dividido<br />

em quatro sub-regiões. A Zona da Mata<br />

é a mais úmida, tem solos férteis e esten<strong>de</strong>se<br />

ao longo do litoral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte até o sul da Bahia. Nessa área está<br />

concentrada a maior parte da população da<br />

região, principalmente em gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />

como Recife/PE, Salvador/BA e Fortaleza/CE.<br />

A vegetação natural da sub-região é a Mata<br />

Atlântica, cuja maior parte foi <strong>de</strong>vastada e<br />

substituída por lavouras <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da colonização do país. Porém,<br />

ainda é possív<strong>el</strong> i<strong>de</strong>ntificar remanescentes<br />

<strong>de</strong>sse bioma na região.<br />

Biomas Brasileiros<br />

Dados<br />

A Mata Atlântica é um dos biomas com maior<br />

índice <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> do mundo, com<br />

diversas espécies <strong>de</strong> fauna e flora que só<br />

existem em seus ecossistemas. Ela sobrevive<br />

com aproximadamente 7% <strong>de</strong> sua área<br />

original, que era cerca <strong>de</strong> 1.300.000 km 2 ,<br />

quando da chegada dos portugueses nas<br />

terras brasileiras. Os principais remanescentes<br />

da região Nor<strong>de</strong>ste encontram-se no<br />

sul da Bahia. Mesmo reduzida e fragmentada,<br />

a Mata Atlântica é importante porque<br />

exerce influência direta na vida <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

60% da população brasileira que vive em seu<br />

domínio. Nas cida<strong>de</strong>s, nas áreas rurais, nas<br />

comunida<strong>de</strong>s indígenas e tradicionais, <strong>el</strong>a<br />

regula o fluxo dos mananciais hídricos, assegura<br />

a fertilida<strong>de</strong> do solo, controla o clima e<br />

protege as encostas das serras.<br />

(Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ONGs da Mata Atlântica:2006)<br />

O Agreste se caracteriza como uma área <strong>de</strong><br />

transição entre a Zona da Mata e o Sertão<br />

e é uma área marcada p<strong>el</strong>o Planalto da<br />

Borborema. Do lado leste do planalto estão as<br />

terras mais úmidas e, em direção ao interior,<br />

o clima vai ficando cada vez mais seco. Nessa<br />

sub-região os terrenos mais férteis são ocupados<br />

por minifúndios, on<strong>de</strong> predominam as<br />

culturas <strong>de</strong> subsistência e a pecuária leiteira.<br />

O Planalto da Borborema,<br />

formado por terrenos cristalinos,<br />

com serras e chapadas que variam<br />

<strong>de</strong> 300 a 750 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>,<br />

abrange os estados da Paraíba,<br />

<strong>de</strong> Pernambuco, do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte e <strong>de</strong> Alagoas.<br />

(Paraíba Natural:2006)


189<br />

Conexões<br />

• Projeto Ararinha Azul<br />

orbita.starmedia.com/<br />

~ararinha-azul/<br />

O Meio-Norte<br />

é também uma<br />

zona <strong>de</strong> transição,<br />

situando-se<br />

entre o Sertão e<br />

a Amazônia. Apresenta<br />

um clima seco<br />

em sua área próxima ao Sertão e um clima<br />

mais úmido próximo à Amazônia. A vegetação<br />

natural <strong>de</strong>ssa área é a Mata dos Cocais,<br />

on<strong>de</strong> se encontram as palmeiras carnaúba<br />

(Copernicia prunifera) e babaçu (Orrbignya<br />

speciosa), da qual é extraído óleo utilizado na<br />

fabricação <strong>de</strong> cosméticos, margarinas, sabões<br />

e lubrificantes.<br />

O Sertão é uma área <strong>de</strong> clima Semi-árido,<br />

com escassez e irregularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chuvas. É<br />

nessa área que ocorrem períodos <strong>de</strong> seca que<br />

po<strong>de</strong>m durar meses ou mesmo anos. O<br />

Sertão está presente em Pernambuco,<br />

na Paraíba, no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, em<br />

Alagoas e em quase todo o Ceará, abrangendo<br />

a maior parte do Nor<strong>de</strong>ste. Os<br />

solos <strong>de</strong>ssa sub-região são rasos e pedregosos<br />

e, <strong>de</strong>vido a esses fatores e às chuvas<br />

escassas e mal distribuídas, as ativida<strong>de</strong>s<br />

agrícolas sofrem gran<strong>de</strong> limitação.<br />

A vegetação típica do sertão é a Caatinga,<br />

exclusiva do Brasil. Nas partes mais úmidas<br />

existem bosques <strong>de</strong> palmeiras, especialmente a<br />

carnaubeira (Copernicia prunifera) – palmeira<br />

que tem todas as suas partes aproveitadas<br />

p<strong>el</strong>os habitantes locais. Com uma rica biodiversida<strong>de</strong><br />

e poucos estudos realizados sobre<br />

o bioma, a Caatinga apresenta várias espécies<br />

Cartazes produzidos <strong>para</strong> a II Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, São Luís/MA. [Marcos Mesquita]<br />

<strong>de</strong> vegetais e animais importantes <strong>para</strong><br />

manutenção <strong>de</strong> seu equilíbrio, como o sapocururu<br />

(Bufo ictericus), o veado-catingueiro<br />

(Mazama gouazoubira) e a ararinha-azul,<br />

extinta na natureza.<br />

A ararinha-azul, Cyanopsitta<br />

spixii, é uma espécie endêmica,<br />

só encontrada na região da<br />

Caatinga. No entanto, já é<br />

oficialmente consi<strong>de</strong>rada<br />

extinta na natureza. Existem<br />

atualmente apenas algumas<br />

aves da espécie criadas<br />

em cativeiro.<br />

(MCT/<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Pesquisa em<br />

Biodiversida<strong>de</strong> do Semi-Árido:2006)<br />

Dados<br />

A Caatinga é um dos biomas brasileiros mais<br />

modificados p<strong>el</strong>o homem, ficando atrás apenas<br />

da Mata Atlântica e do Cerrado. Em 1993,<br />

mapas gerados p<strong>el</strong>o Projeto Radambrasil,<br />

do IBGE, indicavam que a área total alterada<br />

p<strong>el</strong>o homem na região representava 45,3%<br />

do bioma. Contudo, apenas 1% da área<br />

da Caatinga está protegida em unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> conservação.<br />

(GEO Brasil:2002)<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A ararinha-azul possui apenas<br />

um parceiro ao longo <strong>de</strong> sua<br />

vida. Quando uma das aves do<br />

casal morre, a outra permanece<br />

sozinha ou somente se junta a<br />

um outro grupo.<br />

(<strong>Ambiente</strong> Brasil)<br />

Saiba +<br />

• Sobre espécies ameaçadas <strong>de</strong><br />

extinção veja o tema Biomas Brasileiros<br />

na região Centro-Oeste.


190<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Planta xerófila é uma planta<br />

adaptada ao clima seco, capaz <strong>de</strong><br />

sobreviver com pouca quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água disponív<strong>el</strong>.<br />

• O Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Humano (IDH) foi i<strong>de</strong>alizado p<strong>el</strong>o<br />

economista Mahbub ul Haq (1934-<br />

1998), aten<strong>de</strong>ndo a<br />

<strong>de</strong>manda do PNUD. O IDH<br />

procura avaliar o bem-estar <strong>de</strong><br />

uma população consi<strong>de</strong>rando<br />

aspectos não-econômicos como<br />

características sociais, culturais e<br />

políticas que influenciam a<br />

qualida<strong>de</strong> da vida humana.<br />

O índice varia entre<br />

0 (pior) e 1 (m<strong>el</strong>hor).<br />

A economia do<br />

sertão nor<strong>de</strong>stino baseia-se na pecuária<br />

extensiva e no cultivo <strong>de</strong> algodão em<br />

gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terra com baixa<br />

produtivida<strong>de</strong>. O processo <strong>de</strong> ocupação territorial<br />

concentrou o domínio <strong>de</strong> terra nas mãos<br />

<strong>de</strong> poucos latifundiários, que exploraram<br />

predatoriamente a natureza local. Os efeitos<br />

<strong>de</strong>ssa exploração po<strong>de</strong>m ser encontrados até<br />

hoje, sendo percebidos na precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

condições das comunida<strong>de</strong>s que ali vivem.<br />

Calango, Serra da Capivara/PI. [Vitor Massao, 25 anos]<br />

do solo produtos<br />

importantes<br />

<strong>para</strong> sua subsistência,<br />

como<br />

as várias plan-<br />

tas medicinais<br />

por <strong>el</strong>es utilizadas,<br />

entre <strong>el</strong>as a quixabeira (Boum<strong>el</strong>ia sertarum), a<br />

aroeira-do-sertão (Myracrodruon urun<strong>de</strong>uva),<br />

o angico (Ana<strong>de</strong>nanthera macrocarpa) e o<br />

juazeiro (Ziziphus joazeiro).<br />

Olha o Caboré<br />

Olha o Caboré<br />

Sentado na cerca<br />

Só observando<br />

Os lados da cerca<br />

A Caatinga é um bioma que abriga as mais<br />

profundas contradições e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />

sociais e possui índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano (IDH) extremamente baixos. O sertanejo<br />

que vive na Caatinga enfrenta<br />

diversos problemas ambientais em sua<br />

realida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> conviver com baixos<br />

níveis <strong>de</strong> renda e escolarida<strong>de</strong> e altos níveis <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> infantil.<br />

O bioma Caatinga é composto por plantas<br />

xerófilas adaptadas ao clima Semi-árido, que<br />

é seco e com pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.<br />

Algumas <strong>de</strong>ssas plantas armazenam água, e<br />

outras possuem raízes superficiais <strong>para</strong> captar<br />

o máximo <strong>de</strong> água das chuvas. Entre as espécies<br />

mais comuns estão a maniçoba (Manihot<br />

glaziovii), o umbuzeiro (Spondias tuberosa) e<br />

o mandacaru (Cereus giganteus Eng<strong>el</strong>m).<br />

Mesmo com muitos aspectos que dificultam<br />

a permanência do ser humano no bioma, os<br />

sertanejos criam seus modos <strong>de</strong> vida e retiram<br />

Olha o Caboré<br />

Sentado na cerca<br />

Só observando<br />

De um lado é seca<br />

O outro lado a f<strong>el</strong>icida<strong>de</strong><br />

É assim a natureza<br />

Rio chuva, rio seco<br />

Sereno seco sertão<br />

Mas não me engano, não<br />

Por causa <strong>de</strong>ssa cerca<br />

O pasto todo ar<strong>de</strong><br />

E o fogo inva<strong>de</strong> o sertanejo<br />

Mas no broto daqu<strong>el</strong>e galho<br />

É ver<strong>de</strong>, mesmo queimado.<br />

Matheus Veiga - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA


191<br />

As diferentes formas <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o meio<br />

ambiente e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respostas aos<br />

estímulos ambientais po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas<br />

nas manifestações culturais das juventu<strong>de</strong>s<br />

da região, seja em seus versos, músicas,<br />

danças, poemas, brinca<strong>de</strong>iras, artesanatos ou<br />

em outros aspectos <strong>de</strong> seus estilos <strong>de</strong> vida.<br />

Análise<br />

A Caatinga, por ser o bioma do Semi-Árido,<br />

não é muito valorizada, fato que é verificado<br />

na falta <strong>de</strong> preocupação do jovem em r<strong>el</strong>ação<br />

a sua <strong>de</strong>struição. Comumente i<strong>de</strong>ntificada<br />

por plantas sem folhas e animais magros, a<br />

Caatinga vem sofrendo com as queimadas e<br />

com o <strong>de</strong>smatamento <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong><br />

lenha e carvão. As fábricas <strong>de</strong> cerâmica consomem<br />

semanalmente gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> lenha <strong>para</strong> manter a produção do artesanato<br />

<strong>para</strong> exportação – muitas vezes um artesanato<br />

que não leva em<br />

conta uma produção<br />

sustentáv<strong>el</strong>.<br />

mal e vegetal se mostra rica e variada. É neste<br />

período que as plantas florescem e os animais<br />

se reproduzem, pre<strong>para</strong>ndo-se <strong>para</strong> suportar<br />

o longo período <strong>de</strong> seca que virá p<strong>el</strong>a frente.<br />

A vida é dura na Caatinga. Os rios são intermitentes<br />

e é preciso caminhar quilômetros<br />

<strong>para</strong> buscar água nos açu<strong>de</strong>s que as fazendas<br />

<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> gado constroem <strong>para</strong> abastecer<br />

seres humanos, animais e lavoura.<br />

Será que a Caatinga vai resistir ao <strong>de</strong>scaso?<br />

Ser símbolo <strong>de</strong> dor e tristeza parece ser<br />

inevitáv<strong>el</strong>, mas quantas vidas terão que<br />

pagar por essa mesma v<strong>el</strong>ha noção? Quando<br />

seremos capazes <strong>de</strong> perceber e valorizar sua<br />

riqueza e potencial?<br />

A Mata Atlântica, por sua vez, concentra a<br />

maior parte dos esforços dos jovens da região<br />

em termos <strong>de</strong> conservação do ecossistema.<br />

Com sua rica biodiversida<strong>de</strong> e locali-<br />

Apesar da imagem<br />

aparentemente <strong>de</strong>soladora,<br />

existe vida<br />

por trás dos troncos<br />

secos e muitas<br />

vezes espinhentos<br />

da caatinga e a<br />

falta <strong>de</strong> folhas<br />

é uma forma da<br />

planta lidar com<br />

a falta <strong>de</strong> água<br />

da região. Quando<br />

chove, a paisagem<br />

muda e a<br />

diversida<strong>de</strong> ani-<br />

Ativida<strong>de</strong> do II Encontro dos D<strong>el</strong>egados Estaduais<br />

da II CNIJMA, São Luís/MA. [Marcos Mesquita]


192<br />

Saiba +<br />

• Para saber mais sobre a Lei <strong>de</strong><br />

Crimes Ambientais veja Legislação<br />

Ambiental no Su<strong>de</strong>ste.<br />

zada no litoral do Nor<strong>de</strong>ste<br />

(on<strong>de</strong> o turismo é importante<br />

fonte <strong>de</strong> renda), este bioma<br />

vem sendo <strong>de</strong>struído p<strong>el</strong>o<br />

processo <strong>de</strong> urbanização e as<br />

áreas remanescentes sofrem<br />

com as freqüentes queima-<br />

das, como atesta ata do Tribunal <strong>de</strong> Contas da<br />

União em 2000.<br />

Não é só a biodiversida<strong>de</strong> que está sendo<br />

<strong>de</strong>struída. A b<strong>el</strong>eza natural da Mata Atlântica<br />

e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interação com <strong>el</strong>a são<br />

experiências que as gerações presente e<br />

futura po<strong>de</strong>m não vir a vivenciar se a <strong>de</strong>vastação<br />

não for interrompida e seus efeitos não<br />

forem amenizados.<br />

Serra da Capivara/PI [Vitor Massao, 25 anos]<br />

através da comercialização<br />

<strong>de</strong> peixes, caranguejos, moluscos e camarões.<br />

Contudo, esta também é uma causa <strong>de</strong><br />

preocupação por parte dos jovens. A pesca<br />

nos mangues é geralmente realizada com<br />

“bombas” caseiras que, além <strong>de</strong> serem uma<br />

prática ilegal segundo a Lei 9.605 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1998, <strong>de</strong>stroem o ecossistema<br />

e causam danos permanentes a crianças e<br />

jovens que a praticam.<br />

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s complexos<br />

turísticos no litoral vem causando impacto<br />

significativo na Mata Atlântica. As promessas<br />

<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda e <strong>de</strong> entrada<br />

<strong>de</strong> capital nos municípios têm propiciado a<br />

liberação <strong>de</strong> áreas <strong>para</strong> construção <strong>de</strong> edificações<br />

e conseqüente <strong>de</strong>struição do bioma.<br />

Mais uma vez nos <strong>de</strong><strong>para</strong>mos com o impasse<br />

entre o crescimento e a sustentabilida<strong>de</strong>. Até<br />

quando viveremos neste “cabo <strong>de</strong> guerra”?<br />

O mangue é um ecossistema menosprezado,<br />

assim como o bioma da Caatinga. Composto<br />

por um pequeno número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong><br />

árvores, o manguezal <strong>de</strong>senvolve-se principalmente<br />

nos estuários dos rios. É um ambiente<br />

com bom abastecimento <strong>de</strong> nutrientes <strong>para</strong> as<br />

plantas e animais.<br />

“Ecossistema da lama” é, em muitas partes do<br />

Nor<strong>de</strong>ste, a principal fonte <strong>de</strong> renda familiar,<br />

Muitas áreas <strong>de</strong> mangue foram soterradas<br />

<strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> portos, balneários e<br />

rodovias costeiras, tornando os mangues<br />

raros. Embora protegido por lei, o mangue<br />

ainda sofre com <strong>de</strong>struição indiscriminada,<br />

poluição doméstica e química das águas,<br />

<strong>de</strong>rramamentos <strong>de</strong> petróleo e aterros<br />

mal planejados.<br />

Foi também com o intuito <strong>de</strong> chamar a<br />

atenção <strong>para</strong> o mangue e <strong>para</strong> os problemas<br />

socioambientais r<strong>el</strong>acionados a <strong>el</strong>e que<br />

surgiu o movimento Mangue Beat. Através da<br />

música, jovens expressam suas preocupações e<br />

anseios e contam como é a vida no mangue.<br />

É preciso aproveitar a ousadia jovem e sua<br />

criativida<strong>de</strong> latente <strong>para</strong> criar movimentos<br />

como este. Reconhecer que problemas e dificulda<strong>de</strong>s<br />

existem é o primeiro passo <strong>para</strong> sua<br />

solução.


193<br />

Desertificação<br />

Conexões<br />

• D<strong>el</strong>iberações da<br />

II Conferência Nacional do<br />

Meio <strong>Ambiente</strong><br />

www.mma.gov.br/<br />

conferencianacional<br />

Visitando o Sertão, percebemos que os sertanejos<br />

enfrentam, além dos longos períodos <strong>de</strong><br />

estiagem, a <strong>de</strong>sertificação que se espalha p<strong>el</strong>o<br />

Semi-Árido nor<strong>de</strong>stino. A <strong>de</strong>sertificação transforma<br />

terras férteis em solos esturricados, nos<br />

quais nem a resistente vegetação rasteira da<br />

Caatinga sobrevive. Segundo o Zoneamento<br />

Agroecológico do Nor<strong>de</strong>ste, realizado em<br />

2001 p<strong>el</strong>a Embrapa, 1/3 das terras da região<br />

está sujeito à ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação.<br />

Dados<br />

No Brasil existem quatro áreas, chamadas<br />

núcleos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação, on<strong>de</strong> é intensa<br />

a <strong>de</strong>gradação. Elas somam 18,7 mil km 2 e<br />

se localizam nos municípios <strong>de</strong> Gilbués/PI,<br />

Seridó/RN, Irauçuba/CE e Cabrobó/PE.<br />

(<strong>Ambiente</strong> Brasil)<br />

A <strong>de</strong>sertificação é <strong>de</strong>finida como o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do potencial produtivo da<br />

terra nas regiões <strong>de</strong> clima Árido, Semi-árido<br />

e Sub-úmido Seco. Origina-se p<strong>el</strong>a intensa<br />

pressão exercida por ativida<strong>de</strong>s humanas<br />

sobre ecossistemas frágeis, cuja capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> regeneração é baixa.<br />

problemas sociais, alvos <strong>de</strong> ações incipientes<br />

e pontuais do po<strong>de</strong>r público.<br />

A importância do planejamento e da integração<br />

dos projetos governamentais fica<br />

evi<strong>de</strong>nte nas <strong>de</strong>liberações propostas na<br />

II Conferência Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005. O ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>liberações indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

garantir incentivos financeiros, condições<br />

<strong>de</strong> monitoramento, fomento a políticas<br />

públicas, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias,<br />

ampliação <strong>de</strong> ações, capacitação e formação<br />

<strong>de</strong> pessoas, instrumentos <strong>de</strong> prevenção e formulação<br />

<strong>de</strong> mecanismos legais a fim <strong>de</strong> evitar<br />

a <strong>de</strong>sertificação e diminuir os efeitos da seca.<br />

ocorrência<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sertificação<br />

nonor<strong>de</strong>ste<br />

Saiba +<br />

• O que são <strong>de</strong>sertificação e<br />

arenização? Veja sobre isso na<br />

região Sul<br />

Os impactos provocados p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>sertificação<br />

po<strong>de</strong>m consistir na <strong>de</strong>struição da biodiversida<strong>de</strong><br />

e na diminuição da disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> recursos hídricos, além da perda das<br />

proprieda<strong>de</strong>s físicas e químicas do solo.<br />

As dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência nos períodos<br />

<strong>de</strong> seca resultam na constante diminuição<br />

da capacida<strong>de</strong> produtiva da população,<br />

o que colabora <strong>para</strong> a <strong>de</strong>sestruturação<br />

das unida<strong>de</strong>s familiares e gera outros<br />

(PNCD, BRA 93/036:1997)


194<br />

Quem mais sente os efeitos da <strong>de</strong>sertificação<br />

são as populações da zona rural, que têm no<br />

solo sua fonte <strong>de</strong> alimento e, muitas vezes, <strong>de</strong><br />

renda. Dessa forma, a <strong>de</strong>sertificação contribui<br />

<strong>para</strong> o êxodo rural.<br />

Em 1994, foi instituída a<br />

Convenção das Nações <strong>Unidas</strong><br />

<strong>para</strong> o Combate à Desertificação,<br />

documento no qual países se<br />

comprometeram com a<br />

implementação <strong>de</strong> políticas<br />

integradas que consi<strong>de</strong>rem a<br />

problemática da <strong>de</strong>sertificação.<br />

Para ampliar a divulgação das<br />

ações, o ano <strong>de</strong> 2006 foi<br />

instituído como Ano<br />

Internacional dos Desertos e da<br />

Desertificação, e o dia 17 <strong>de</strong><br />

junho como Dia Mundial <strong>de</strong> Combate<br />

à Desertificação e à Seca.<br />

A juventu<strong>de</strong> brasileira também<br />

está mobilizada <strong>para</strong> o<br />

enfrentamento da questão,<br />

como vemos na iniciativa do<br />

Centro <strong>de</strong> Pesquisas Ecológicas<br />

Culturais e Sociais – CEPECS, uma<br />

organização socioambiental <strong>de</strong><br />

jovens, que mobilizou o I Fórum<br />

Nor<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> Ecoturismo em<br />

outubro <strong>de</strong> 2006. O tema do<br />

evento foi “Ecoturismo e o<br />

Combate à Desertificação e<br />

Mitigação dos Efeitos da Seca”.<br />

(<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Ação Nacional <strong>de</strong><br />

Combate à Desertificação e<br />

Centro <strong>de</strong> Pesquisas<br />

Ecológicas Culturais e<br />

Sociais – CEPECS Brasil: 2006)<br />

Análise<br />

A <strong>de</strong>sertificação no Nor<strong>de</strong>ste faz parte do<br />

dia-a-dia <strong>de</strong> muitos jovens, contudo não com<br />

a compreensão <strong>de</strong> que vivem um problema<br />

ambiental tão grave. A cada ano a seca se<br />

torna mais intensa, dificultando o acesso à<br />

água, impossibilitando o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da agricultura familiar e tornando a sobrevivência<br />

um <strong>de</strong>safio diário.<br />

A <strong>de</strong>sertificação tem causado a divisão <strong>de</strong><br />

muitas famílias. Pais, <strong>de</strong>sesperados p<strong>el</strong>a<br />

condição <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> suas famílias, comumente<br />

partem <strong>para</strong> as gran<strong>de</strong>s capitais do país em<br />

busca <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> tirá-las da seca. Muitas<br />

vezes são os jovens que abandonam seus pais<br />

e também partem <strong>para</strong> as gran<strong>de</strong>s capitais.<br />

Segundo dados do Ministério do Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

as áreas afetadas p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>sertificação na<br />

Região Nor<strong>de</strong>ste abrangem cerca <strong>de</strong> 181.000<br />

km 2 e as perdas econômicas po<strong>de</strong>m chegar a<br />

100 milhões <strong>de</strong> dólares anuais. São dados preocupantes,<br />

sobretudo quando se consi<strong>de</strong>ra a<br />

fragilida<strong>de</strong> econômica e ambiental da região.<br />

O sertanejo, já acostumado com a seca, passa<br />

a conviver com solos esturricados on<strong>de</strong> nem a<br />

vegetação da Caatinga (adaptada <strong>para</strong> a seca)<br />

sobrevive. Nestas áreas a <strong>de</strong>solação é total.<br />

Nem na época <strong>de</strong> chuva plantas brotam do<br />

solo <strong>de</strong>gradado.<br />

Atualmente, buscam-se estratégias, alternativas<br />

e tecnologias sociais <strong>para</strong> promover a<br />

convivência com a seca e a mitigação <strong>de</strong> seus<br />

efeitos. Essas alternativas <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> vida<br />

e <strong>de</strong> produção estão associadas à prevenção<br />

e ao combate à <strong>de</strong>sertificação. No entanto,


195<br />

persiste a grave questão da recuperação<br />

<strong>de</strong> áreas que já se encontram em estágio<br />

avançado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação, como a região<br />

<strong>de</strong> Gilbués/PI, que engloba vários municípios.<br />

Reverter o processo consiste em um<br />

imenso <strong>de</strong>safio.<br />

Apesar dos índices e da consciência <strong>de</strong>sta<br />

situação vivida por parte da população<br />

nor<strong>de</strong>stina, ainda é difícil<br />

<strong>para</strong> o jovem da região reconhecer<br />

que vive próximo a uma área<br />

<strong>de</strong>sertificada.<br />

O que acontecerá com as populações<br />

que vivem nestas áreas?<br />

Qual será seu <strong>de</strong>stino? A imigração,<br />

comprovadamente, não resolve o<br />

problema, mas continuar a viver<br />

nestas áreas também não é uma<br />

alternativa!<br />

[Vitor Massao, 25 anos]


196<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A vaquejada é uma<br />

festa genuinamente<br />

brasileira, com uma<br />

tradição <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100<br />

anos. Nos últimos 10 anos<br />

veio se mo<strong>de</strong>rnizando e<br />

profissionalizando,<br />

tornando-se reconhecida<br />

como esporte através da<br />

Lei P<strong>el</strong>é e regulamentada<br />

p<strong>el</strong>a Lei Fe<strong>de</strong>ral n o 4.495/98.<br />

Saiba +<br />

• Na página da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Brasileira <strong>de</strong> Literatura <strong>de</strong> Cor<strong>de</strong>l,<br />

veja 11 maneiras <strong>de</strong> escrever um<br />

cor<strong>de</strong>l, aprecie fotos e ví<strong>de</strong>os e<br />

tenha a sua disponibilida<strong>de</strong><br />

diversos cordéis.<br />

www.ablc.com.br/<br />

• Veja o r<strong>el</strong>atório “Situação<br />

da Infância e Adolescência<br />

Brasileiras” do Unicef <strong>para</strong><br />

saber mais sobre as diferença<br />

<strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> crianças e<br />

adolescentes a serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e educação <strong>de</strong>vido a<br />

diferenças econômicas, étnicas,<br />

e <strong>de</strong> gênero.<br />

www.unicef.org/brazil/siab.htm<br />

• Veja Maracatu no tema Áreas<br />

Urbanas <strong>de</strong>ssa região<br />

As comunida<strong>de</strong>s nor<strong>de</strong>stinas interagem com<br />

a biodiversida<strong>de</strong> da região e fazem dos<br />

<strong>el</strong>ementos naturais não somente seu sustento<br />

familiar, mas também sua cultura. Os baixos<br />

índices <strong>de</strong> indicadores sociais, como altas taxas<br />

<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil e analfabetismo, não<br />

impe<strong>de</strong>m que regiões como a Caatinga sejam<br />

importantes <strong>para</strong> a cultura nacional, pois<br />

os sertanejos encontram em seu território<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e memória partilhadas.<br />

Dados<br />

Segundo o Unicef, em 2003, no Brasil, os 20%<br />

mais ricos da população <strong>de</strong>tinham quase<br />

60% da renda do país. No Semi-Árido esse<br />

percentual alcançava 80%. Ainda, os 20%<br />

mais pobres <strong>de</strong>ssa região possuíam somente<br />

1,7% da renda. Em contraste, na média<br />

brasileira os 20% mais pobres <strong>de</strong>tinham 2,7%<br />

da renda. Os <strong>de</strong>sníveis econômicos afetam<br />

em especial crianças e adolescentes, fazendo<br />

com que haja cerca <strong>de</strong> 250 mil meninos e<br />

meninas <strong>de</strong> 10 a 14 anos fora da escola no<br />

Semi-Árido. Além disso, 390 mil adolescentes<br />

são analfabetos e uma em cada seis crianças<br />

da região trabalha. (Unicef:2003)<br />

O protagonismo do sertanejo se rev<strong>el</strong>a nos<br />

hábitos e costumes incorporados ao imaginário<br />

nacional, seja por meio da culinária, do<br />

sotaque, da literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, dos repentes,<br />

dos artesanatos, das vaquejadas ou <strong>de</strong> tantas<br />

outras manifestações culturais.<br />

Desenvolvimento<br />

Comunitário<br />

formas <strong>de</strong> organização. Nesse processo, a perda<br />

<strong>de</strong> valores naturais e culturais po<strong>de</strong> comprometer<br />

a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas populações, que<br />

sofrem com a <strong>de</strong>gradação constante <strong>de</strong> seu<br />

meio natural, como é o caso das populações<br />

que vivem da pesca artesanal nos mangues.<br />

O manguezal, um ecossistema costeiro particular<br />

que faz a transição entre os ambientes<br />

terrestre e marinho, é importante na vida<br />

das populações locais tanto do ponto <strong>de</strong><br />

vista econômico como no aspecto social. A<br />

partir <strong>de</strong>le há a construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

coletiva, com histórias e lendas como a do<br />

homem-caranguejo.<br />

Dados<br />

Globalmente, a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50%<br />

dos manguezais tem sido provocada p<strong>el</strong>as<br />

fazendas <strong>de</strong> camarão.<br />

(Almanaque Socioambiental:2004)<br />

Percebe-se, no entanto, que a carcinicultura –<br />

criação <strong>de</strong> camarão em cativeiro – cresceu nos<br />

últimos anos, e a poluição dos mares e a pesca<br />

predatória vêm <strong>de</strong>struindo o ecossistema e as<br />

culturas do mangue.<br />

Muitas comunida<strong>de</strong>s nor<strong>de</strong>stinas estão empreen<strong>de</strong>ndo<br />

mudanças em seu comportamento<br />

social <strong>de</strong>vido às pressões sofridas em seu<br />

ambiente físico, resultando na adaptação às<br />

condições ambientais e na criação <strong>de</strong> novas<br />

São Raimundo Nonato/PI [Vitor Massao, 25 anos]


197<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

Ocorre <strong>de</strong> forma ac<strong>el</strong>erada a <strong>de</strong>struição dos<br />

manguezais no Brasil, predominantemente,<br />

p<strong>el</strong>a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carcinicultura. Suas conseqüências<br />

são privatização sem prece<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> água e <strong>de</strong> terras públicas e indígenas,<br />

expulsão das populações locais, <strong>de</strong>smatamento<br />

<strong>de</strong> manguezais, salinização <strong>de</strong> água<br />

doce, poluição <strong>de</strong> rios, gamboas e estuários,<br />

diminuição crescente do pescado (mariscos,<br />

crustáceos e peixes) e empobrecimento dos<br />

Povos das Águas. Essa <strong>de</strong>struição dos manguezais<br />

e <strong>de</strong> outros ecossistemas costeiros<br />

segue avançando, e a <strong>el</strong>a se soma uma<br />

violação sistemática dos direitos humanos<br />

e ambientais dos Povos do Mar, dos<br />

Mangues e dos Rios.<br />

(Carta <strong>de</strong> Fortaleza dos Povos das Águas:2006)<br />

Vemos hoje no Brasil ressurgir uma gran<strong>de</strong><br />

valorização da cultura do mangue, mesmo em<br />

ambientes urbanos. Um gran<strong>de</strong> processo <strong>de</strong><br />

reconhecimento <strong>de</strong>ssa cultura foi o movimento<br />

Mague Beat, iniciado na década <strong>de</strong> 90 com<br />

a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Chico Science, Nação Zumbi<br />

e Mundo Livre S/A. Entre a juventu<strong>de</strong> há<br />

diversos a<strong>de</strong>ptos do movimento, que mistura<br />

a música pop internacional a gêneros tradi-<br />

cionais da música nor<strong>de</strong>stina como maracatu,<br />

coco, ciranda e caboclinho. A ação cultural<br />

influenciou a maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o<br />

mundo, através da incorporação <strong>de</strong> raízes<br />

culturais brasileiras e <strong>de</strong> aspectos sociais<br />

r<strong>el</strong>acionados à nova realida<strong>de</strong> do mangue.<br />

“Com a barriga vazia,<br />

não consigo dormir<br />

E com o bucho mais cheio<br />

comecei a pensar<br />

Que eu me organizando<br />

posso <strong>de</strong>sorganizar<br />

Que eu <strong>de</strong>sorganizando<br />

posso me organizar”<br />

Da lama ao caos, Chico Science<br />

Culturas tradicionais já carregam há anos o<br />

que só há pouco mais <strong>de</strong> duas décadas o<br />

homem oci<strong>de</strong>ntal especificou como sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Essa lógica <strong>de</strong> sobrevivência<br />

vale <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> r<strong>el</strong>ações <strong>de</strong> caça<br />

(predador-presa) à montagem da gran<strong>de</strong><br />

teia que chamamos vida. Assim, os povos<br />

indígenas também buscam m<strong>el</strong>hores condições<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento na região, enfrentando<br />

questões comuns a outras áreas brasileiras,<br />

como a invasão <strong>de</strong> terras e as precárias<br />

condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Dados<br />

A FUNAI calcula que 114.575 indígenas <strong>de</strong> 47<br />

etnias diferentes vivem na região Nor<strong>de</strong>ste,<br />

sendo que muitos povos ainda estão em<br />

processo <strong>de</strong> reconhecimento. Entre os estados<br />

<strong>de</strong>ssa região, apenas no Piauí e no Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Norte ainda não há populações<br />

indígenas reconhecidas. (FUNAI:2005)<br />

As populações localizadas no entorno <strong>de</strong> áreas<br />

naturais protegidas por lei também enfren-<br />

tam conflitos com os órgãos <strong>de</strong> conservação.<br />

Alguns <strong>de</strong>sses conflitos vêm das restrições<br />

às práticas tradicionais <strong>de</strong> uso dos recursos<br />

naturais, necessárias à produção socioeconômica<br />

<strong>de</strong>ssas populações, ou <strong>de</strong>vido às restrições<br />

<strong>de</strong> lazer <strong>de</strong>ssas comunida<strong>de</strong>s. A região do<br />

entorno <strong>de</strong>ssas áreas vai ficando tão pressionada<br />

que acaba por sucumbir à proteção a<br />

que se almejava.


198<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Uma Floresta Nacional, ou<br />

FLONA, é área <strong>de</strong> domínio público<br />

estab<strong>el</strong>ecida com objetivo <strong>de</strong><br />

promover o manejo dos recursos<br />

naturais, garantir a proteção<br />

dos recursos hídricos, das b<strong>el</strong>ezas<br />

cênicas e dos sítios históricos e<br />

arqueológicos, assim como<br />

fomentar o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

pesquisa científica, da educação<br />

ambiental e das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

recreação, lazer e turismo.<br />

• Ecoturismo é um segmento<br />

da ativida<strong>de</strong> turística que<br />

utiliza, <strong>de</strong> forma sustentáv<strong>el</strong>, o<br />

patrimônio natural e cultural,<br />

incentiva sua conservação e busca<br />

a formação <strong>de</strong> uma consciência<br />

ambientalista através da<br />

interpretação do ambiente,<br />

promovendo o bem estar das<br />

populações envolvidas<br />

(MICT/MMA:1994)<br />

Saiba +<br />

• A Plan <strong>de</strong>senvolve ações<br />

participativas <strong>de</strong> crianças e<br />

adolescentes nas regiões<br />

mais vulneráveis do mundo,<br />

a fim <strong>de</strong> garantir direitos e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento comunitário.<br />

Veja mais em:<br />

www.plan.org.br.<br />

• O Projeto Pegadas do Brasil<br />

promove cursos <strong>de</strong> educação<br />

ambiental em todo o país,<br />

sensibilizando os jovens com a<br />

metodologia “The Tracking<br />

Project”. Para compreen<strong>de</strong>r um<br />

pouco mais <strong>de</strong> rastreamento, veja:<br />

www.pegadas.org.br<br />

Ao lado da Vila Argola e Tambor, em São Luís<br />

do Maranhão, existe um muro. É uma gran<strong>de</strong><br />

extensão <strong>de</strong> cimento alto e <strong>de</strong> arame farpado<br />

que se<strong>para</strong> duas distintas realida<strong>de</strong>s: a reserva<br />

ambiental da Companhia Vale do Rio Doce e<br />

a vila. On<strong>de</strong> antes se podia brincar e apanhar<br />

frutos, hoje só tem muro. E o muro foi<br />

chamado “progresso” por alguns da população<br />

local, pois restringiu o acesso <strong>de</strong> certo<br />

número <strong>de</strong> jovens ba<strong>de</strong>rneiros ao local.<br />

“É possív<strong>el</strong> reduzir em muito o<br />

impacto negativo do crescimento<br />

econômico na <strong>de</strong>teriorização<br />

ambiental.[...]<br />

Para que haja sustentabilida<strong>de</strong>, o<br />

essencial não é produzir menos,<br />

é produzir <strong>de</strong> outra maneira.”<br />

(BIRD/Banco Mundial:1992)<br />

Um mecanismo que gera o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário <strong>de</strong> populações do interior é o<br />

ecoturismo. O jovem Carlos Eduardo Silva, 23<br />

anos, realizou pesquisas com o objetivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar o potencial <strong>de</strong> transformação das<br />

comunida<strong>de</strong>s da região do Horto Florestal do<br />

Ibura em socieda<strong>de</strong>s sustentáveis, por meio do<br />

Ecoturismo <strong>de</strong> base comunitária.<br />

O Horto Florestal do Ibura se localiza no<br />

município <strong>de</strong> Nossa Senhora do Socorro,<br />

em Sergipe, e <strong>de</strong>tém um riquíssimo patrimônio<br />

natural e cultural. A comunida<strong>de</strong> local<br />

buscou estratégias <strong>para</strong> transformar o Horto<br />

em Floresta Nacional do Ibura, uma Unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> uso sustentáv<strong>el</strong>,<br />

o que ocorreu através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto em 19 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 2005.<br />

Através <strong>de</strong> seu estudo, Carlos Eduardo Silva<br />

<strong>de</strong>screveu forças, fraquezas, oportunida<strong>de</strong>s<br />

e ameaças <strong>para</strong> a implantação do ecoturismo<br />

no Ibura. Concluiu que a implantação do<br />

ecoturismo aumenta a r<strong>el</strong>ação entre aspectos<br />

sociais e a preservação ambiental, po<strong>de</strong>ndo<br />

transformar as comunida<strong>de</strong>s da região do<br />

Ibura em socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.<br />

As ações <strong>de</strong>senvolvidas no Nor<strong>de</strong>ste são<br />

tão diversas quanto a própria região. Des<strong>de</strong><br />

2005, o Projeto Rastreando Vidas (PRV) é<br />

<strong>de</strong>senvolvido com lí<strong>de</strong>res comunitários <strong>de</strong><br />

São Luís/MA. A iniciativa é uma parceria entre<br />

as organizações Plan Internacional e o Projeto<br />

Pegadas Brasil.<br />

Dados<br />

Segundo r<strong>el</strong>atório da Unicef <strong>de</strong> 2001, 75%<br />

das crianças e adolescentes <strong>de</strong> São Luís são<br />

consi<strong>de</strong>rados pobres, pois suas famílias<br />

sobrevivem com renda per capita <strong>de</strong> até meio<br />

salário-mínimo. A região, além <strong>de</strong> necessitar<br />

financeiramente <strong>de</strong> investimentos básicos,<br />

carece <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> projetos e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

que levem seus jovens a buscarem<br />

meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. A área enfrenta<br />

<strong>de</strong>safios em r<strong>el</strong>ação ao lixo, à qualida<strong>de</strong> da<br />

água e ao saneamento básico, o que reflete<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e na forma como a<br />

comunida<strong>de</strong> percebe e interage com seu<br />

ambiente. (Unicef:2004)<br />

Uma profunda imersão na realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 jovens<br />

em suas comunida<strong>de</strong>s foi a porta <strong>de</strong><br />

entrada <strong>para</strong> enten<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>safios do<br />

trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e capacitação<br />

ambiental dos lí<strong>de</strong>res em suas associações.<br />

Houve uma preocupação em atentar às


199<br />

dificulda<strong>de</strong>s interpessoais do contexto <strong>de</strong><br />

trabalho e do ambiente dos jovens – a macro<br />

estrutura <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> suas famílias<br />

e das instituições que financiam ações em<br />

suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

Percebemos que na região Nor<strong>de</strong>ste são<br />

várias as iniciativas <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comunitário que visam m<strong>el</strong>horar as condições<br />

<strong>de</strong> vida das pessoas. O Projeto Bagagem,<br />

por exemplo, é uma iniciativa sem fins lucrativos<br />

que promove o turismo comunitário em<br />

cida<strong>de</strong>s do Brasil que apresentam organização<br />

comunitária. Realizado em parceria com ONGs<br />

locais, o projeto propõe que os participantes<br />

convivam <strong>de</strong> maneira direta com a população<br />

local, conhecendo a realida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong>.<br />

Iniciativas como essa levam em consi<strong>de</strong>ração<br />

as especificida<strong>de</strong>s socioambientais locais e<br />

a riqueza cultural da população, integrando<br />

manifestações tradicionais e contemporâneas<br />

e trabalhando questões fundamentais da<br />

r<strong>el</strong>ação homem-natureza: a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

dos envolvidos.<br />

Análise<br />

Os jovens da região reconhecem seu<br />

potencial turístico, que cresce a cada ano. A<br />

preocupação é com o preço que temos pago<br />

p<strong>el</strong>a entrada <strong>de</strong> recursos internacionais<br />

na região.<br />

O Nor<strong>de</strong>ste vem sendo “ocupado” por gran<strong>de</strong>s<br />

empresas do ramo hot<strong>el</strong>eiro internacional,<br />

principalmente espanholas e portuguesas.<br />

Entretanto, as perspectivas <strong>de</strong> emprego e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico apresentadas<br />

por esses estab<strong>el</strong>ecimentos não levam em<br />

consi<strong>de</strong>ração o impacto sobre o meio<br />

ambiente, apesar <strong>de</strong> utilizarem o marketing<br />

ambiental <strong>para</strong> seduzir seus clientes.<br />

O litoral norte da Bahia vem sofrendo consi<strong>de</strong>rav<strong>el</strong>mente<br />

com a implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

resorts em áreas <strong>de</strong> dunas e restingas, causando<br />

interferência significativa no ambiente<br />

natural. Um exemplo disso é o Hot<strong>el</strong> Iberostar,<br />

instalado na Praia do Forte/BA, em frente<br />

à principal área <strong>de</strong> <strong>de</strong>sova <strong>de</strong> tartarugas<br />

marinhas, o que coloca em risco a conservação<br />

<strong>de</strong>ssa espécie e o trabalho do Projeto Tamar.<br />

As comunida<strong>de</strong>s que habitam estas áreas<br />

nem sempre são sensibilizadas em r<strong>el</strong>ação<br />

à “invasão” <strong>de</strong> turistas que passarão a sofrer<br />

ou à “expulsão” da comunida<strong>de</strong> que geralmente<br />

ocorre em tais situações. Exemplo claro<br />

é evi<strong>de</strong>nciado em outro empreendimento<br />

“<strong>de</strong> sucesso” do litoral baiano. O empreendimento<br />

Hot<strong>el</strong>eiro Costa <strong>de</strong> Sauípe não permite<br />

que os pequenos empresários e produtores <strong>de</strong><br />

artesanato locais comercializem seus produtos<br />

no complexo <strong>de</strong> luxo.<br />

É preciso reconhecer a riqueza e a importância<br />

também das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pescadores<br />

do Nor<strong>de</strong>ste. Enquanto os homens saem<br />

<strong>para</strong> a pesca, as mulheres produzem b<strong>el</strong>os<br />

artesanatos. A simplicida<strong>de</strong> da vida <strong>de</strong>stas<br />

comunida<strong>de</strong>s nos faz refletir sobre os diversos<br />

significados que o termo qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida po<strong>de</strong> vir a ter. Pescadores e ren<strong>de</strong>iras<br />

são exemplos <strong>de</strong> que é possív<strong>el</strong> ser f<strong>el</strong>iz e ter<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida tendo uma vida simples,<br />

evi<strong>de</strong>nciando a importância do SER em <strong>de</strong>trimento<br />

do TER. São comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> ainda<br />

se encontra a pureza no olhar e a f<strong>el</strong>icida<strong>de</strong><br />

com pequenas conquistas. Comunida<strong>de</strong>s com<br />

quem temos muito a apren<strong>de</strong>r.<br />

Conexões<br />

• Projeto Bagagem<br />

www.projetobagagem.org<br />

• Projeto TAMAR - Praia do Forte<br />

Caixa Postal 2219 - Rio Verm<strong>el</strong>ho<br />

Salvador/BA<br />

CEP: 40223-970<br />

T<strong>el</strong>: (71) 3676-1020<br />

Fax: (71) 3676-1067<br />

www.tamar.org.br


200<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Há registros históricos <strong>de</strong><br />

alterações climáticas r<strong>el</strong>acionadas<br />

ao aparecimento do fenômeno<br />

El Niño <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século<br />

XVI. O El Niño ocorre em períodos<br />

<strong>de</strong> 4 ou 7 anos. Seu nome se<br />

originou no Peru, local on<strong>de</strong><br />

regularmente acontece a corrente<br />

quente também batizada <strong>de</strong> El<br />

Niño, já que ocorre próximo ao<br />

período do Natal.<br />

(Tierra América:2006)<br />

• Meeiro é o produtor rural<br />

que exerce ativida<strong>de</strong> agrícola<br />

por meio <strong>de</strong> contrato com o<br />

proprietário da terra, dividindo<br />

os rendimentos obtidos.<br />

• Os ciclones extratropicais são<br />

sistemas <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> baixa pressão.<br />

Ao contrário dos ciclones<br />

tropicais, retiram sua energia<br />

das diferenças <strong>de</strong> temperatura<br />

entre as várias camadas da<br />

atmosfera. Além disso, os<br />

ciclones extratropicais têm<br />

seus ventos mais fortes<br />

próximos à tropopausa, camada<br />

da atmosfera a mais ou menos 12<br />

km da superfície.<br />

(ROCHA:2006)<br />

Desequilibrando...<br />

O Planeta está maluco?<br />

A natureza ficou louca?<br />

Malucos e loucos são<br />

os homens,<br />

Que sem nenhuma razão,<br />

se acham donos<br />

Desse mundão, provocando<br />

TSUNAMIS <strong>de</strong> poluição!<br />

Suja, <strong>de</strong>smata, queima,<br />

<strong>de</strong>sequilibra...<br />

E ainda acha que o problema<br />

está na própria natureza!<br />

Acorda seu macaco retrógrado,<br />

não vê que o <strong>de</strong>sequilibrado<br />

é você!<br />

Carolina Nóbrega, 23 anos Integrante do<br />

Coletivo Jovem da Bahia.<br />

É comum ouvir dizer que o Brasil é privilegiado<br />

por estar livre <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres naturais<br />

mas, mesmo antes da ocorrência <strong>de</strong> furacões<br />

e ciclones extra-tropicais nos estados do Sul,<br />

o país vivia os gran<strong>de</strong>s problemas econômicos<br />

e sociais r<strong>el</strong>acionados à seca no Nor<strong>de</strong>ste. A<br />

região está localizada em baixas latitu<strong>de</strong>s, e<br />

seu clima é caracterizado p<strong>el</strong>o predomínio <strong>de</strong><br />

<strong>el</strong>evadas temperaturas durante todo o ano e<br />

por gran<strong>de</strong>s disparida<strong>de</strong>s na quantida<strong>de</strong> e na<br />

distribuição das chuvas.<br />

O Nor<strong>de</strong>ste brasileiro enfrenta alterações<br />

climáticas causadas por diferentes fenômenos,<br />

como o El Niño. Essa alteração atmosférica<br />

natural e previsív<strong>el</strong> provoca o aquecimento<br />

Atmosfera &<br />

Mudanças Climáticas<br />

das águas frias do oceano Pacífico que, aliado<br />

à ação humana ina<strong>de</strong>quada, interfere na<br />

intensida<strong>de</strong> da seca nor<strong>de</strong>stina, prolongando<br />

ainda mais o período <strong>de</strong> estiagem.<br />

A Região do Semi-Árido compreen<strong>de</strong> parte<br />

dos seguintes estados: Ceará, Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Alagoas,<br />

Sergipe, Bahia e o norte <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

on<strong>de</strong> atua o Departamento Nacional <strong>de</strong><br />

Obras Contra a Seca – DNOCS. As soluções<br />

encontradas p<strong>el</strong>o governo <strong>para</strong> implementar<br />

estratégias <strong>de</strong> convivência com o Semi-Árido<br />

e <strong>de</strong> mitigação dos efeitos da seca na região<br />

são a instalação <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s e poços artesianos,<br />

além da proposta, ainda em discussão, da<br />

transposição do rio São Francisco.<br />

No entanto, o problema que aparentemente<br />

é <strong>de</strong> origem climática influencia a vida da<br />

população nor<strong>de</strong>stina. Os sertanejos lidam<br />

com a escassez <strong>de</strong> chuvas e também presenciam<br />

a construção <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s fazendas, sem que as necessida<strong>de</strong>s<br />

da população rural sejam levadas em consi<strong>de</strong>-<br />

ração. Portanto, o controle sobre a terra<br />

permite também o controle sobre a água no<br />

Sertão e, assim, o coron<strong>el</strong>ismo mantém as<br />

condições que dificultam a criação <strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.<br />

O Coron<strong>el</strong>ismo é um traço da<br />

cultura política brasileira,<br />

caracterizando-se p<strong>el</strong>a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />

pessoal do <strong>el</strong>eitor a um chefe<br />

político, o coron<strong>el</strong>. Há a troca <strong>de</strong><br />

favores, por exemplo, com a negociação<br />

mercantil do voto<br />

ou com formas <strong>de</strong> coerção<br />

física e moral.<br />

(LEAL:1975)


201<br />

O <strong>de</strong>stino do homem que habita o Nor<strong>de</strong>ste<br />

brasileiro está intimamente ligado ao clima<br />

social, criando precárias condições sociais,<br />

políticas, econômicas e ambientais.<br />

<strong>de</strong>sta região, pois sua sobrevivência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da adaptação ao meio em que vive.<br />

Dessa maneira, a seca influencia <strong>de</strong> forma<br />

distinta a vida das populações do sertão. De<br />

um lado, existe o gran<strong>de</strong> proprietário, que<br />

tem acesso ao maquinário, à tecnologia e à<br />

A falta <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>para</strong> minimizar os<br />

impactos das alterações no clima, aliada à<br />

falta <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>ção da comunida<strong>de</strong>, gera situações<br />

<strong>de</strong> calamida<strong>de</strong> pública, principalmente<br />

nas capitais nor<strong>de</strong>stinas do país.<br />

irrigação <strong>para</strong> manter sua<br />

produção; <strong>de</strong> outro, existem<br />

A <strong>de</strong>sertificação é um dos<br />

os pequenos produtores<br />

gran<strong>de</strong>s problemas sofridos<br />

rurais, que baseiam seu<br />

trabalho na agricultura<br />

<strong>de</strong> subsistência e trabalham<br />

como meeiros nas<br />

gran<strong>de</strong>s fazendas.<br />

p<strong>el</strong>a população, mas as dificulda<strong>de</strong>s<br />

não se resumem<br />

a <strong>el</strong>a. Chuvas intensas po<strong>de</strong>m<br />

provocar <strong>de</strong>slizamentos<br />

<strong>de</strong> terra e a conseqüente<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> habitações.<br />

Percebemos que a transposição<br />

do rio São Francisco ou a<br />

construção <strong>de</strong> açu<strong>de</strong>s não respon<strong>de</strong>m<br />

à complexida<strong>de</strong> das questões socioambientais<br />

do Nor<strong>de</strong>ste. É importante que o governo<br />

repense essas ações e realize um gerenciamento<br />

regional integrado dos recursos ambientais,<br />

sob a perspectiva <strong>de</strong> que a utilização<br />

responsáv<strong>el</strong> da água é um fator fundamental<br />

<strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> da região Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Portanto, é necessário que os gestores públicos<br />

atentem <strong>para</strong> as reivindicações dos<br />

segmentos da socieda<strong>de</strong>, e consi<strong>de</strong>rem assim<br />

as priorida<strong>de</strong>s da população.<br />

Análise<br />

Mat erial produzido<br />

As mudanças climáticas já são perceptíveis<br />

em todo o mundo. Seus impactos no dia-a-dia,<br />

na agricultura, na pecuária e na cultura dos<br />

povos já são reconhecidos. Porém no Nor<strong>de</strong>ste<br />

os jovens se preocupam com a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ste fenômeno <strong>de</strong> transformar-se em flag<strong>el</strong>o<br />

Por que não existem projetos<br />

<strong>para</strong> conscientizar as comunida<strong>de</strong>s<br />

que vivem nas encostas? Por que não se investe<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> alternativas <strong>para</strong><br />

as comunida<strong>de</strong>s que vivem nas áreas que são<br />

suscetíveis à <strong>de</strong>sertificação?<br />

Se por um lado as alterações climáticas<br />

geram problemas sociais, econômicos e ambientais,<br />

por outro lado oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação<br />

surgem. O índice <strong>de</strong> recepção da energia<br />

solar aumentou significativamente, sendo um<br />

indicador do potencial <strong>de</strong> implementação<br />

<strong>de</strong>ssa fonte <strong>de</strong> energia na região. Porque não<br />

existe investimento nesta área?<br />

Não é possív<strong>el</strong> mais fingir que o clima não está<br />

mudando. Já sentimos e vivenciamos estas<br />

alterações. Até quando vamos continuar sem<br />

agir? É preciso mudar hábitos e diminuir as<br />

emissões <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono.<br />

na Trilha da Vida, Campina Gran<strong>de</strong>/PB.


202<br />

Conexões<br />

• Agência Nacional <strong>de</strong> Águas<br />

www.ana.gov.br<br />

• Agência Nacional <strong>de</strong><br />

Energia Elétrica<br />

www.ane<strong>el</strong>.gov.br<br />

Energia & Transporte<br />

Saiba +<br />

• Veja Itaipu na região Sul.<br />

• Veja Porto <strong>de</strong> Santos/SP na<br />

região Su<strong>de</strong>ste.<br />

No Nor<strong>de</strong>ste, a produção <strong>de</strong> energia muitas<br />

vezes resulta em <strong>de</strong>gradação ambiental.<br />

Entre as principais causas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento<br />

da Caatinga brasileira está a produção <strong>de</strong><br />

lenha a ser utilizada como fonte <strong>de</strong> energia<br />

nas residências, olarias e si<strong>de</strong>rúrgicas. Segundo<br />

o Almanaque Socioambiental (2004), mais<br />

<strong>de</strong> 30% da energia consumida na Caatinga<br />

é gerada p<strong>el</strong>a lenha e p<strong>el</strong>o carvão vegetal,<br />

retirados da natureza <strong>de</strong> forma predatória.<br />

Também a produção <strong>de</strong> carvão vegetal no<br />

oeste da Bahia, que abastece a si<strong>de</strong>rurgia<br />

mineira, é irregular e predatória. Desmata a<br />

vegetação nativa do Cerrado e geralmente<br />

utiliza trabalho infantil.<br />

Contudo, há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproveitamento<br />

<strong>de</strong> formas alternativas <strong>de</strong> energia limpa,<br />

que utilizam recursos renováveis. Ainda que<br />

inicialmente a construção <strong>de</strong> hidr<strong>el</strong>étricas<br />

gere o alagamento e impacte os ecossistemas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas áreas, a Caatinga abriga um<br />

complexo hidr<strong>el</strong>étrico capaz <strong>de</strong> gerar energia<br />

<strong>para</strong> as gran<strong>de</strong>s metrópoles nor<strong>de</strong>stinas e todo<br />

seu parque industrial. O potencial <strong>el</strong>étrico do<br />

rio São Francisco é aproveitado no Nor<strong>de</strong>ste,<br />

principalmente, p<strong>el</strong>as usinas <strong>de</strong> Sobradinho/<br />

BA, Xingó/AL e SE e Paulo Afonso/BA.<br />

Dados<br />

O <strong>de</strong>smatamento, a falta <strong>de</strong> chuva e a<br />

exploração das reservas subterrâneas que<br />

abastecem o São Francisco e seus afluentes<br />

fizeram a vazão do rio diminuir cerca <strong>de</strong> 35%.<br />

Agência Nacional <strong>de</strong> Águas, Organização dos<br />

Estados Americanos e <strong>Programa</strong> das Nações<br />

<strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Meio <strong>Ambiente</strong>, 2003<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo<br />

A gran<strong>de</strong> queda na vazão do São Francisco<br />

contribuiu <strong>para</strong> a crise energética que o<br />

país enfrentou em 2001. Baixos índices<br />

pluviométricos acarretaram uma diminuição<br />

na profundida<strong>de</strong> do leito do rio, dificultando<br />

a navegação e o funcionamento das hidr<strong>el</strong>étricas<br />

n<strong>el</strong>e instaladas.<br />

A energia eólica já mostrou sua viabilida<strong>de</strong><br />

econômica no Nor<strong>de</strong>ste e é uma alternativa<br />

importante <strong>para</strong> o vale do São Francisco. Em<br />

Aquiraz, primeira capital do Ceará, a Usina<br />

Eólica <strong>de</strong> Prainha, cujo parque eólico é o<br />

maior do Brasil, tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 MW<br />

– o suficiente <strong>para</strong> abastecer uma cida<strong>de</strong> com<br />

40 mil habitantes.<br />

(LAJE & BARBIERI:2002)<br />

Outra fonte <strong>de</strong> energia encontrada no<br />

Nor<strong>de</strong>ste é o petróleo, recurso não renováv<strong>el</strong>.<br />

A região é a segunda produtora<br />

<strong>de</strong>sse recurso no país, e em torno <strong>de</strong><br />

Salvador/BA e do recôncavo baiano se<br />

localiza a indústria <strong>de</strong> petróleo com gran<strong>de</strong>s<br />

refinarias, como a Landulfo Alves, em São<br />

Francisco do Con<strong>de</strong>/BA, e o Pólo Petroquímico<br />

<strong>de</strong> Camaçari/BA.<br />

Além <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia limpa, é preciso<br />

pensar em meios <strong>de</strong> transporte condizentes<br />

com a geografia e as necessida<strong>de</strong>s econômicas<br />

da região. Em r<strong>el</strong>ação aos portos existentes<br />

no Nor<strong>de</strong>ste, há um complexo portuário no<br />

estado do Maranhão que interliga hidrovias<br />

e ferrovias e é integrado p<strong>el</strong>os terminais <strong>de</strong><br />

Itaqui, Ponta da Ma<strong>de</strong>ira e Alumar. Este complexo<br />

é responsáv<strong>el</strong> por mais da meta<strong>de</strong> da<br />

movimentação <strong>de</strong> cargas portuárias do Norte<br />

e Nor<strong>de</strong>ste.


203<br />

Ao conhecer a realida<strong>de</strong> da energia e do transporte<br />

nor<strong>de</strong>stinos, percebemos que é chegada<br />

a hora <strong>de</strong> viabilizar o uso <strong>de</strong> mecanismos que<br />

não sejam <strong>de</strong>vastadores <strong>para</strong> o meio ambiente.<br />

Assim, é necessário buscar outras fontes <strong>de</strong><br />

energia, a exemplo da eólica e da solar, bem<br />

como a biomassa, dados os potenciais disponíveis<br />

no Nor<strong>de</strong>ste, em especial na região<br />

Semi-Árida. Ao ampliar as fontes <strong>de</strong> energia,<br />

garantimos a sustentabilida<strong>de</strong> na produção e<br />

no consumo.<br />

Análise<br />

A região Nor<strong>de</strong>ste é a mais promissora <strong>para</strong><br />

a implantação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> energia renováv<strong>el</strong>,<br />

mas os jovens não estão conscientes <strong>de</strong>ste<br />

fato. Segundo o Atlas do Potencial Eólico<br />

Brasileiro, o potencial <strong>para</strong> geração <strong>de</strong> <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong><br />

a partir da força dos ventos no<br />

Nor<strong>de</strong>ste é <strong>de</strong> 75GW, pouco mais da meta<strong>de</strong><br />

do potencial do país inteiro.<br />

Se este é um fato comprovado, por que não<br />

existe um investimento <strong>para</strong> a ampliação<br />

do parque eólico da região? Esta po<strong>de</strong>ria<br />

ser uma ação estratégica <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong><br />

à geração hidr<strong>el</strong>étrica, uma vez que a<br />

ocorrência <strong>de</strong> maiores v<strong>el</strong>ocida<strong>de</strong>s dos ventos<br />

– e conseqüente maior aproveitamento do<br />

potencial eólico – se dá justamente na época<br />

<strong>de</strong> poucas chuvas. Assim, em épocas <strong>de</strong><br />

estiagens os ventos po<strong>de</strong>riam suprir energia,<br />

aliviando os rios.<br />

O Nor<strong>de</strong>ste também é lembrado <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da tecnologia do biodies<strong>el</strong>. Nesse<br />

caso, a idéia é juntar o aspecto ambiental ao<br />

social, uma vez que a plantação das oleaginosas,<br />

principalmente da mamona (Ricinus<br />

communis L.), po<strong>de</strong> ser feita p<strong>el</strong>a agricultura<br />

familiar, gerando renda <strong>para</strong> famílias do Semi-<br />

Árido e mantendo o trabalhador no campo.<br />

Para que isto efetivamente ocorra, é preciso<br />

investir na capacitação da comunida<strong>de</strong> rural<br />

e criar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comercialização da<br />

produção.<br />

As estradas do Nor<strong>de</strong>ste são precárias.<br />

Segundo a Pesquisa Rodoviária <strong>de</strong> 2005 da<br />

Confe<strong>de</strong>ração Nacional dos Transportes, 52%<br />

das rodovias foram consi<strong>de</strong>radas péssimas<br />

ou ruins. Como conseqüência são muitos os<br />

aci<strong>de</strong>ntes ocorridos na região, principalmente<br />

nos feriados quando o volume <strong>de</strong> automóveis<br />

aumenta significativamente.<br />

Nas cida<strong>de</strong>s, o número <strong>de</strong> carros tem aumentado<br />

consi<strong>de</strong>rav<strong>el</strong>mente. Nas metrópoles não<br />

existe mais a clássica “hora do rush”. A todo<br />

momento existem engarrafamentos e com<br />

<strong>el</strong>es a mudança <strong>de</strong> humor daqu<strong>el</strong>es que são<br />

obrigados a ficar horas <strong>para</strong>dos no trânsito.<br />

Cida<strong>de</strong>s com péssimo transporte público<br />

forçam a comunida<strong>de</strong> a adaptar-se ao caos<br />

diário. A preocupação ainda é maior quando<br />

existe investimento do capital nacional e internacional<br />

<strong>para</strong> obras <strong>de</strong> metrô, que po<strong>de</strong>ria<br />

colaborar significativamente <strong>para</strong> a m<strong>el</strong>horia<br />

da situação, mas tem sua conclusão impedida<br />

p<strong>el</strong>a corrupção.<br />

Aon<strong>de</strong> vamos chegar? Será que vamos conseguir<br />

ir <strong>para</strong> algum lugar?


204<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• A primavera começa no dia 23<br />

<strong>de</strong> setembro.<br />

• De 1999 a 2003, o Nor<strong>de</strong>ste<br />

ganhou lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na<br />

fruticultura, quando o Brasil<br />

duplicou a exportação do<br />

gênero. O pólo Petrolina/PE<br />

– Juazeiro/BA garante emprego<br />

<strong>para</strong> 400 mil pessoas no setor<br />

frutícola, que gera dois empregos,<br />

um no campo e outro na cida<strong>de</strong>,<br />

<strong>para</strong> cada hectare <strong>de</strong> pomar.<br />

(GOBETH:2006)<br />

Mas viva o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da economia do agronegócio<br />

Pouco emprego<br />

muita arrecadação<br />

ávido negócio<br />

antes fosse matar a fome...<br />

Plantam tudo os agronegócios<br />

E ven<strong>de</strong>m tudo. É o negócio<br />

Tem que comer pra viver<br />

Então tem que pagar pra comer<br />

Tem direito <strong>de</strong> ir e vir<br />

Paga pra ir e paga pra vir<br />

Gustavo Santana, Matheus Veiga e<br />

Marcio <strong>de</strong> Souza - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA<br />

Terra & Alimentos<br />

[Mateus Fernan<strong>de</strong>s, 24 anos]<br />

plantações, principalmente no sertão.<br />

Na Caatinga, as tentativas <strong>de</strong> ampliar o<br />

cultivo esbarram na ari<strong>de</strong>z do solo e na<br />

instabilida<strong>de</strong> das precipitações. Embora<br />

os índices pluviométricos sejam baixos<br />

na região sertaneja, a irrigação artificial,<br />

possibilitada p<strong>el</strong>a construção <strong>de</strong><br />

canais e açu<strong>de</strong>s, é utilizada na agricultura.<br />

Alguns projetos <strong>de</strong> irrigação são<br />

<strong>de</strong>senvolvidos no médio vale do São<br />

Francisco, permitindo culturas <strong>de</strong><br />

novos gêneros, como as plantações <strong>de</strong> frutas.<br />

O pólo Petrolina/PE e Juazeiro/BA tem sua<br />

economia centrada na fruticultura irrigada,<br />

com ênfase na produção <strong>de</strong> manga e uva, <strong>de</strong>vido<br />

a aspectos favoráveis <strong>para</strong> essas culturas,<br />

como a concentração <strong>de</strong> produtores e a<br />

existência <strong>de</strong> infra-estrutura básica, o que<br />

facilita a produção e a comercialização.<br />

No sertão nor<strong>de</strong>stino há forte presença<br />

da caprinocultura, ou criação <strong>de</strong> cabras. Os<br />

animais foram introduzidos nas áreas menos<br />

propícias à criação <strong>de</strong> gado e hoje representam<br />

intensa ativida<strong>de</strong> econômica da região.<br />

A caprinocultura oferece ao sertanejo produtos<br />

alimentícios, como carne, queijo e leite.<br />

Além disso, veste a população sertaneja com<br />

Durante muito tempo, a economia da região<br />

chapéus e casacos <strong>de</strong> couro, característicos do<br />

Nor<strong>de</strong>ste baseou-se primordialmente na<br />

Semi-Árido brasileiro.<br />

agroindústria do açúcar e do cacau, que ainda<br />

se mantém até os dias atuais. Porém, há<br />

alguns anos foi iniciado o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

lavouras <strong>de</strong> fruticultura <strong>para</strong> exportação, na<br />

área do vale do rio São Francisco nos estados<br />

da Bahia e <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Outra ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida com r<strong>el</strong>evância<br />

no Nor<strong>de</strong>ste é o cultivo <strong>de</strong> flores, que possui<br />

gran<strong>de</strong> potencial competitivo e alta produtivida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>vido a solos férteis e temperaturas<br />

a<strong>de</strong>quadas à produção encontrados na região.<br />

A floricultura é uma ativida<strong>de</strong> promissora <strong>para</strong><br />

A maior necessida<strong>de</strong> da produção agrícola do<br />

Nor<strong>de</strong>ste é a chegada <strong>de</strong> água <strong>para</strong> irrigar as<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da região pois, <strong>de</strong> acordo<br />

com o Banco do Nor<strong>de</strong>ste, a produção atinge


Contatos<br />

• Agência Mandalla<br />

Av. Rui Barbosa 1101, Torre<br />

João Pessoa - PB<br />

CEP: 58040-491<br />

T<strong>el</strong>: (83) 3243-0628<br />

www.agenciamandalla.org.br<br />

205<br />

até 200 rosas/m 2 . Segundo dados da ABIPTI<br />

(2003), a floricultura gera, ainda, 15 empregos<br />

diretos por hectare.<br />

Para a sustentabilida<strong>de</strong> do Nor<strong>de</strong>ste, é<br />

necessário perceber alternativas <strong>para</strong> o uso do<br />

solo que não se fundamentem na <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental provocada p<strong>el</strong>a agroindústria do<br />

açúcar e do cacau. Já existem alguns exemplos,<br />

como o cultivo <strong>de</strong> frutas e flores, mas<br />

as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição da água ainda<br />

restringem a produção agrícola.<br />

Metodologia<br />

A mandalla, sistema <strong>de</strong> produção sustentáv<strong>el</strong>,<br />

consiste em um tanque circular com a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenar 30 mil litros <strong>de</strong> água. Além<br />

da irrigação, a mandalla é utilizada <strong>para</strong> criação<br />

<strong>de</strong> peixes, patos e marrecos e também<br />

po<strong>de</strong> aproveitar as fezes <strong>de</strong>sses animais e <strong>de</strong><br />

galinhas <strong>para</strong> adubar o solo. A mandalla segue<br />

o princípio da interação entre os diversos<br />

<strong>el</strong>ementos da natureza.<br />

Passo 1: Escolher o local e pre<strong>para</strong>r o<br />

reservatório:<br />

• S<strong>el</strong>ecione um terreno <strong>de</strong> 50m x 50m. No caso<br />

<strong>de</strong> mandallas <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> quintal, o terreno<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> 10m x 10m.<br />

• Marque o centro do reservatório com uma<br />

estaca.<br />

• Amarre uma corda <strong>de</strong> 3m na estaca central e<br />

prenda a corda em uma estaca na outra ponta.<br />

A corda po<strong>de</strong> ter 1m em mandallas <strong>de</strong> fundo<br />

<strong>de</strong> quintal.<br />

• Dê uma volta completa na segunda estaca,<br />

marcando um círculo.<br />

Escave o círculo garantindo que a profundida<strong>de</strong><br />

central seja <strong>de</strong> 1,80m, ou 1,50m <strong>para</strong> mandallas<br />

<strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> quintal.<br />

• Aplique cimento em cima <strong>de</strong> uma t<strong>el</strong>a <strong>de</strong><br />

galinheiro presa com arame no interior do<br />

reservatório. A aplicação <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> baixo<br />

<strong>para</strong> cima a partir do centro com a espessura <strong>de</strong><br />

5 cm. Faça uma calçada em volta do tanque.<br />

Passo 2: Fazer os microaspersores:<br />

- Deixe cotonetes <strong>de</strong> ouvido <strong>de</strong> molho na água<br />

e retire o algodão.<br />

• Aqueça a haste do cotonete e aperte com um<br />

alicate.<br />

• Insira um arame 18 na haste do cotonete e<br />

faça um corte transversal.<br />

• Fure a mangueira e instale as hastes imediatamente.<br />

Passo 3: Fazer os gotejadores:<br />

• Faça um furo na tampa <strong>de</strong> uma garrafa PET e<br />

insira meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma haste <strong>de</strong> cotonete.<br />

• Insira um arame 18 na haste e entorte a ponta<br />

externa do arame <strong>para</strong> fazer uma curva que<br />

formará a gota.<br />

• Feche a tampa e faça um tripé com gravetos<br />

<strong>para</strong> pren<strong>de</strong>r no fundo da garrafa.<br />

• Coloque 10cm <strong>de</strong> cascalho na garrafa <strong>para</strong><br />

evitar insetos e futuros entupimentos.<br />

• Corte o fundo da garrafa <strong>para</strong> colocar a<br />

água.<br />

Passo 4: Instalar o sistema <strong>de</strong> irrigação:<br />

• Erga uma estrutura piramidal <strong>de</strong> 6 caibros <strong>de</strong><br />

4m <strong>de</strong> comprimento unidos na ponta por furos<br />

em um ferro <strong>de</strong> 5mm <strong>de</strong> espessura.<br />

• Com um sistema “aranha”, oriente a distribuição<br />

<strong>de</strong> água <strong>para</strong> 6, 4 ou 3 linhas mestras<br />

em 9 círculos <strong>de</strong> irrigação (3 <strong>para</strong> mandallas <strong>de</strong><br />

fundo <strong>de</strong> quintal).<br />

• Instale uma bomba d’água ligada à “aranha”<br />

por uma mangueira 3/4 e suspenda a “aranha”<br />

<strong>para</strong> o topo da pirâmi<strong>de</strong>.<br />

(Agência Mandalla :2006)


206<br />

Análise<br />

Os jovens nor<strong>de</strong>stinos preocupam-se com a<br />

expansão do agronegócio, principalmente<br />

da fruticultura. Como po<strong>de</strong> uma região que<br />

produz as frutas com m<strong>el</strong>hor qualida<strong>de</strong> do<br />

país ter os maiores indicadores da fome?<br />

Apesar da fruticultura irrigada do Nor<strong>de</strong>ste<br />

ser negócio rentáv<strong>el</strong> e haver vários exemplos<br />

<strong>de</strong> produção e comercialização bem sucedidos,<br />

ainda é baixo o número <strong>de</strong> pequenos produtores<br />

eficientes. É ainda válido acrescentar<br />

que mesmo a fruticultura irrigada, como<br />

outras culturas, também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>gradadora<br />

do solo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da maneira como é<br />

praticada. Também, a expansão da fruticultura<br />

no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro po<strong>de</strong> sofrer limitações,<br />

já que algumas áreas com <strong>el</strong>evado potencial<br />

<strong>de</strong> cultivo são abastecidas por água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

insatisfatória.<br />

Como resultado da r<strong>el</strong>ação com setores<br />

nobres do mercado e do crescimento da<br />

produção, dois municípios, Petrolina/PE e<br />

Juazeiro/BA, passaram a ser as principais áreas<br />

<strong>de</strong> atração <strong>de</strong> migrantes vindos <strong>de</strong> várias partes<br />

do Nor<strong>de</strong>ste e também <strong>de</strong> outras regiões do<br />

país como Sul e Su<strong>de</strong>ste, por exemplo. Chegaram<br />

como colonos, trabalhadores assalariados<br />

ou empresários na esperança <strong>de</strong> encontrar na<br />

fruticultura a prosperida<strong>de</strong> que buscavam e,<br />

por terem um nív<strong>el</strong> educacional mais <strong>el</strong>evado,<br />

dificultaram a inserção da comunida<strong>de</strong> local<br />

no processo produtivo. Hoje, muitos dos fruticultores<br />

do nor<strong>de</strong>ste não são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>sta região. Como <strong>de</strong>senvolveremos a região<br />

se não investirmos em sua comunida<strong>de</strong>?<br />

Gran<strong>de</strong> motivo <strong>de</strong>ssas transformações, as frutas<br />

caracterizam algumas das r<strong>el</strong>ações dos<br />

habitantes da região com o resto do mundo.<br />

Para lidar com a nova situação, os diferentes<br />

atores sociais <strong>de</strong>senvolvem estratégias que<br />

visam tornar competitivos seus produtos,<br />

dados os novos contornos do mercado global.<br />

Parque Nacional Serra da Capivara, São Raimundo Nonato/PI [Vitor Massao, 25 anos]


207<br />

Áreas Urbanas<br />

As regiões metropolitanas enfrentaram<br />

rápida ocupação e<br />

crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado. Portanto,<br />

atualmente as cida<strong>de</strong>s<br />

são marcadas p<strong>el</strong>a falta <strong>de</strong><br />

segurança, problemas com<br />

educação e saú<strong>de</strong> da população,<br />

falta <strong>de</strong> saneamento e<br />

<strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo nas periferias,<br />

além da gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

social. Segundo o Atlas da<br />

Exclusão Social <strong>de</strong> 1980/2000,<br />

o conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego,<br />

empobrecimento e fav<strong>el</strong>ização<br />

tornou as regiões metropolitanas brasileiras<br />

lugares mais violentos. Sem po<strong>de</strong>r arcar<br />

com os altos custos do mercado imobiliário<br />

brasileiro, parte da população instala-se em<br />

habitações irregulares, aumentando o número<br />

<strong>de</strong> assentamentos humanos na periferia<br />

das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />

Dados<br />

Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador/BA, a porcentagem <strong>de</strong><br />

domicílios em loteamentos irregulares e clan<strong>de</strong>stinos<br />

é estimada em 33%. Em Recife/PE a<br />

estimativa é <strong>de</strong> 40%.<br />

(IBGE:2004)<br />

Esse problema atinge diretamente a qualida<strong>de</strong><br />

ambiental das cida<strong>de</strong>s. Em Recife/PE,<br />

por exemplo, houve ocupação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

parc<strong>el</strong>a do mangue que ro<strong>de</strong>ava a capital.<br />

Sem infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento básico,<br />

esses assentamentos <strong>de</strong>spejam seu lixo e<br />

esgoto in natura nos rios, córregos e no<br />

mar, ameaçando a qualida<strong>de</strong> das águas e das<br />

praias da região.<br />

Essa situação<br />

Ativida<strong>de</strong> do II Encontro dos D<strong>el</strong>egados Estaduais<br />

da II CNIJMA, São Luís/MA. [Marcos Mesquita]<br />

ameaça também a própria população <strong>de</strong>sses<br />

locais, que muitas vezes se serve da água e da<br />

terra em diversos usos.<br />

O tratamento ina<strong>de</strong>quado dos resíduos sólidos<br />

em áreas urbanas atinge gran<strong>de</strong>s proporções<br />

no Nor<strong>de</strong>ste. Segundo o Unicef, existem<br />

45 mil crianças e adolescentes trabalhando<br />

nos lixões do Brasil, das quais 50% estão no<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Especificamente em Olinda/PE, 50%<br />

da mão-<strong>de</strong>-obra nos lixões são <strong>de</strong> trabalhadores<br />

com ida<strong>de</strong> inferior a 18 anos.<br />

Uma alternativa <strong>para</strong> garantir a sustentabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> centros urbanos e reduzir os custos <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> moradias é a Bio-arquitetura.<br />

Ela utiliza métodos e técnicas <strong>de</strong> construção<br />

que oferecem aos moradores m<strong>el</strong>hores<br />

condições <strong>de</strong> conforto, saú<strong>de</strong> e bem-estar<br />

com o mínimo consumo <strong>de</strong> energia e máximo<br />

aproveitamento <strong>de</strong> materiais. São exemplos<br />

<strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> Bio-arquitetura o revestimento<br />

e uso <strong>de</strong> tijolos em adobe, a tintura natural e a<br />

construção <strong>de</strong> teto <strong>de</strong> grama sobre uma laje.<br />

Contatos<br />

• A Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Normas Técnicas – ABNT <strong>de</strong>fine<br />

“lixo” ou “resíduos sólidos”<br />

como os “restos das ativida<strong>de</strong>s<br />

humanas, consi<strong>de</strong>rados p<strong>el</strong>os<br />

geradores como inúteis,<br />

in<strong>de</strong>sejáveis ou <strong>de</strong>scartáveis,<br />

po<strong>de</strong>ndo-se apresentar no<br />

estado sólido, semi-sólido<br />

ou líquido”.


208<br />

Contatos<br />

• Gambá - Grupo<br />

Ambientalista da Bahia<br />

Av. Juracy Magalhães Júnior, 768<br />

Ed. RV Center, Sala 102<br />

Rio Verm<strong>el</strong>ho<br />

Salvador/BA<br />

CEP: 41940-060<br />

T<strong>el</strong>: (71) 3240-6822<br />

gamba@gamba.org.br<br />

www.gamba.org.br<br />

Conexões<br />

• Cons<strong>el</strong>ho Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Manejo Florestal<br />

www.fsc.org.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Materiais biocompatíveis são<br />

materiais cuja convivência<br />

com o ambiente é a menos<br />

agressiva possív<strong>el</strong>. Todo o<br />

ciclo <strong>de</strong> produção e fabricação<br />

do material é sustentáv<strong>el</strong>, e<br />

os impactos gerados ao se<br />

<strong>de</strong>scartar os materiais são<br />

os menores possíveis.<br />

Metodologia<br />

Dicas <strong>de</strong> Bio-arquitetura<br />

• Design do prédio observando m<strong>el</strong>horia do<br />

ambiente urbano.<br />

• Utilização <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira certificada com<br />

s<strong>el</strong>o FSC – Brasil, do Cons<strong>el</strong>ho Brasileiro <strong>de</strong><br />

Manejo Florestal.<br />

• Reaproveitamento <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>molição.<br />

• Gestão dos resíduos na obra.<br />

• Controle <strong>de</strong> perdas.<br />

• Otimização dos gastos energéticos<br />

através do aproveitamento <strong>de</strong> ventilação e<br />

iluminação naturais.<br />

• Racionalização do uso <strong>de</strong> energia da<br />

re<strong>de</strong> pública e aproveitamento <strong>de</strong> fontes<br />

<strong>de</strong> energia renováveis, como a solar.<br />

• Uso <strong>de</strong> sistemas e tecnologias que<br />

permitam redução no consumo da água e<br />

aproveitamento <strong>de</strong> parte da água da chuva.<br />

• Priorização <strong>de</strong> equipamentos com baixo<br />

consumo <strong>de</strong> energia.<br />

• Criação <strong>de</strong> ambiente saudáv<strong>el</strong>, priorizando<br />

o uso <strong>de</strong> materiais biocompatíveis.<br />

Contribuição <strong>de</strong> Juca Cunha, 25 anos,<br />

integrante do Gambá, organização<br />

ambientalista da Bahia<br />

As principais metrópoles nor<strong>de</strong>stinas são as<br />

capitais Salvador/BA, Recife/PE e Fortaleza/CE.<br />

Essas cida<strong>de</strong>s apresentam rica diversida<strong>de</strong><br />

cultural, sendo berço <strong>de</strong> manifestações artísticas<br />

singulares como o movimento Mangue<br />

Beat e o afoxé. Também são palco <strong>para</strong> festas<br />

populares tradicionais, como as folias <strong>de</strong><br />

reis, o bumba-meu-boi e o maracatu. Essa<br />

diversida<strong>de</strong> cultural, combinada com as praias<br />

nor<strong>de</strong>stinas, possui gran<strong>de</strong> potencial turístico.<br />

Segundo a Secretaria <strong>de</strong> Turismo do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte (2006), no período <strong>de</strong> 1995 a 2001<br />

o número <strong>de</strong> turistas no Nor<strong>de</strong>ste aumentou<br />

<strong>de</strong> 6,9 <strong>para</strong> 12 milhões. O turismo po<strong>de</strong><br />

produzir <strong>de</strong>gradação ambiental, distribuição<br />

não-eqüitativa <strong>de</strong> benefícios e <strong>de</strong>terioração<br />

<strong>de</strong> áreas protegidas públicas e privadas, mas<br />

é importante porque po<strong>de</strong> gerar empregos<br />

locais, fixar as populações no interior e m<strong>el</strong>horar<br />

as condições <strong>de</strong> transporte, comunicação e<br />

saneamento.<br />

As ativida<strong>de</strong>s turísticas socioambientalmente<br />

responsáveis po<strong>de</strong>m contribuir <strong>para</strong> o financiamento<br />

da conservação <strong>de</strong> recursos naturais<br />

e culturais, promover a participação da comunida<strong>de</strong><br />

na m<strong>el</strong>horia da infra-estrutura regional,<br />

além <strong>de</strong> estimular a educação e a sensibilização<br />

ambiental <strong>de</strong> visitantes e <strong>de</strong> moradores das<br />

comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

Em Salvador, a ONG Jogu<strong>el</strong>impo <strong>de</strong>senvolve<br />

uma ativida<strong>de</strong> que reúne a população soteropolitana<br />

e turistas no mutirão <strong>de</strong> limpeza<br />

das praias. O Projeto Jogu<strong>el</strong>impo com Nossas<br />

Praias é subdividido em duas etapas e tem por<br />

objetivo sensibilizar no sentido da diminuição<br />

da geração dos resíduos sólidos domiciliares e<br />

da <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada dos mesmos.<br />

A primeira etapa possui fins pedagógicos e,<br />

nesse momento, a equipe <strong>de</strong> instrutores da


Contatos<br />

• Organização Sócio-<br />

Ambientalista Jogue Limpo<br />

Av. General Severino Filho s/n<br />

Itapuã<br />

Salvador/BA<br />

CEP: 41620-000<br />

T<strong>el</strong>: (71) 3374-7945<br />

www.jogu<strong>el</strong>impo.org.br<br />

209<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O dia 29 <strong>de</strong> setembro é si<strong>de</strong>rado o Dia Internacional da<br />

con-<br />

Limpeza <strong>de</strong> Praias.<br />

São Raimundo Nonato/PI [Vitor Massao, 25 anos]<br />

Jogu<strong>el</strong>impo promove módulos O lixo vem dos esgotos<br />

É a indústria, olha <strong>el</strong>e ai,<br />

<strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> Educação Ambiental em escolas<br />

do ensino fundamental e médio <strong>de</strong> Salvador<br />

Quem suja é o progresso<br />

durante dois meses. As oficinas possuem como<br />

É a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> quem vem <strong>de</strong> lá<br />

foco central o consumo, a coleta s<strong>el</strong>etiva e a<br />

De quem não viu o pôr-do-Sol...<br />

reciclagem <strong>de</strong> resíduos sólidos. São utilizadas<br />

Gustavo Santana, Matheus Veiga e<br />

metodologias como técnicas <strong>de</strong> dinâmicas <strong>de</strong><br />

Marcio <strong>de</strong> Souza - Grupo Bicho do Mato<br />

grupo com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> sensibilização,<br />

Salvador/BA<br />

<strong>de</strong>bates, ativida<strong>de</strong>s lúdicas e artísticas, ví<strong>de</strong>os<br />

e oficinas artesanais <strong>de</strong> pap<strong>el</strong> reciclado e <strong>de</strong><br />

É importante estimular crianças, jovens, adul-<br />

sucata plástica.<br />

tos, idosos, barraqueiros e ambulantes a<br />

participarem e promoverem a coleta s<strong>el</strong>etiva<br />

A segunda etapa do projeto <strong>de</strong>stina-se à<br />

<strong>de</strong> resíduos sólidos em suas escolas, bairros,<br />

mobilização da comunida<strong>de</strong> por meio do<br />

cida<strong>de</strong>s e praias. Porém, é preciso que haja<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s artísticocultural-ambientais<br />

em praça pública. Nessa<br />

ações responsáveis com a questão socioambiental<br />

em ativida<strong>de</strong>s cotidianas. Em cida<strong>de</strong>s<br />

etapa ocorre ainda a Caminhada <strong>de</strong> Limpeza<br />

com gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> turistas, como as capitais<br />

das Praias, ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encerramento do<br />

Projeto. Na caminhada, os participantes coletam<br />

os resíduos jogados nas praias e fazem tivar o turismo sustentáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> gerar benefí-<br />

e municípios do Nor<strong>de</strong>ste, é importante incen-<br />

sua se<strong>para</strong>ção.<br />

cios à região e garantir a conservação <strong>de</strong> seu


210<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• BUMBA MEU BOI: a festa<br />

constitui uma espécie <strong>de</strong> ópera<br />

popular. Pai Chico, trabalhador<br />

da fazenda, rouba o boi ao<br />

fazen<strong>de</strong>iro <strong>para</strong> satisfazer o<br />

<strong>de</strong>sejo da mulher grávida,<br />

Catirina, <strong>de</strong> comer a língua<br />

do animal. O boi morto é<br />

ressucitado p<strong>el</strong>o Pajé e o<br />

fazen<strong>de</strong>iro perdoa Catirina<br />

e Pai Francisco, encerrando a<br />

representação com uma gran<strong>de</strong><br />

festa. Não tem época fixa e<br />

po<strong>de</strong> ser feito <strong>para</strong> comemorar<br />

qualquer acontecimento<br />

marcante local<br />

• MARACATU: termo africano<br />

que significa dança ou batuque.<br />

Nasceu da tradição <strong>de</strong> cortejos<br />

em homenagem aos Reis do<br />

Congo, implantada no Brasil<br />

p<strong>el</strong>os portugueses e que passou<br />

a acontecer no carnaval. Há forte<br />

presença <strong>de</strong> uma origem mística<br />

na maneira com que se dança o<br />

Maracatu que lembra<br />

manifestações das r<strong>el</strong>igiões<br />

afro-brasileiras. O cortejo é<br />

composto por reis, rainhas,<br />

princesas, índios emplumados<br />

e baianas.<br />

Saiba +<br />

• Veja Catadores <strong>de</strong> Lixo na<br />

região Centro-Oeste<br />

• Veja Folias <strong>de</strong> Reis em<br />

Desenvolvimento Comunitário<br />

no Centro-Oeste<br />

patrimônio ambiental, social e cultural. Também<br />

é possív<strong>el</strong> <strong>de</strong>senvolver uma arquitetura<br />

que se preocupe com o aproveitamento <strong>de</strong><br />

energia e materiais.<br />

Análise<br />

As metrópoles nor<strong>de</strong>stinas<br />

crescem em<br />

ritmo ac<strong>el</strong>erado e<br />

preocupam sua juventu<strong>de</strong>.<br />

A falta <strong>de</strong><br />

infra-estrutura e o<br />

aumento do número<br />

<strong>de</strong> construções regulares<br />

e irregulares<br />

modificam o cenário<br />

das cida<strong>de</strong>s e os hábitos<br />

<strong>de</strong> seus moradores.<br />

O Nor<strong>de</strong>ste é a região<br />

que abriga as capitais mais <strong>de</strong>siguais do Brasil,<br />

aponta o Atlas do Desenvolvimento feito p<strong>el</strong>a<br />

Prefeitura do Recife e p<strong>el</strong>o PNUD com apoio<br />

do Ministério da Integração Nacional e da<br />

Fundação João Pinheiro. As 9 capitais nor<strong>de</strong>stinas<br />

estão entre as 14 se<strong>de</strong>s estaduais com<br />

maior <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda, e quatro <strong>de</strong>las<br />

são as <strong>de</strong> maior iniqüida<strong>de</strong> no país: Recife/PE,<br />

Maceió/AL, Salvador/BA e Fortaleza/CE.<br />

Uma das conclusões <strong>de</strong>ssa com<strong>para</strong>ção é que<br />

entre 1991 e 2000 a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda,<br />

medida p<strong>el</strong>o Índice <strong>de</strong> Gini (principal indicador<br />

sobre o assunto), aumentou em 26 das 27<br />

capitais brasileiras. A exceção foi Natal, on<strong>de</strong><br />

se manteve estáv<strong>el</strong>.<br />

As cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Petrolina/PE e Juazeiro/BA<br />

crescem como pólos <strong>de</strong> atração <strong>de</strong>vido à<br />

fruticultura. Transformam-se seus espaços:<br />

xilogravura Porque Deus quis. [Vitor Massao, 25 anos]<br />

transeuntes que circulam usando t<strong>el</strong>efones<br />

c<strong>el</strong>ulares, a<strong>de</strong>ntrando em lojas que ven<strong>de</strong>m<br />

fax, freqüentando cursos <strong>de</strong> línguas estrangeiras,<br />

adquirindo antenas <strong>para</strong>bólicas, carros<br />

importados, <strong>de</strong>monstram a<br />

riqueza e o caráter cosmopolita<br />

daqu<strong>el</strong>as cida<strong>de</strong>s do<br />

sertão nor<strong>de</strong>stino e os distintos<br />

tipos <strong>de</strong> seus moradores.<br />

Ao mesmo tempo,<br />

multiplica-se o número<br />

<strong>de</strong> organizações e associações<br />

que garantem<br />

novos espaços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, observase<br />

que a r<strong>el</strong>ação entre<br />

o rural e o urbano vai<br />

sendo paulatinamente modificada. Produtores<br />

e trabalhadores ten<strong>de</strong>m a viver nas áreas urbanas<br />

e trabalhar nos campos. Nas cida<strong>de</strong>s vivem<br />

as famílias dos produtores que administram<br />

suas empresas e os trabalhadores que buscam<br />

emprego e meios ágeis <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento até<br />

seus pontos <strong>de</strong> trabalho nos lotes <strong>de</strong> colonos<br />

e nas agroindústrias. Nos campos crescem,<br />

além das agroindústrias, os galpões <strong>de</strong> empacotamento,<br />

as câmaras <strong>para</strong> refrigeração <strong>de</strong><br />

frutas, os alojamentos <strong>para</strong> os trabalhadores<br />

e pequenas casas <strong>para</strong> as famílias que ficam<br />

no campo durante o dia e regressam, à noite,<br />

a seus lares nas cida<strong>de</strong>s. Automóveis e caminhões,<br />

comuns ou com câmaras frigoríficas,<br />

trafegam continuamente entre as áreas. Aliadas<br />

a esses aspectos externos da região <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas as mudanças que ocorrem na<br />

organização da produção e do trabalho em<br />

suas unida<strong>de</strong>s produtivas.


211<br />

Educação Ambiental<br />

Saiba +<br />

• Veja o tema Áreas Urbanas<br />

<strong>de</strong>ssa mesma região<br />

Fugindo do ambiente catastrófico dos veículos<br />

da mídia, encontramos um mundo possív<strong>el</strong>,<br />

<strong>de</strong> esforços, i<strong>de</strong>ologias e rastros <strong>de</strong>ixados por<br />

atores em seu processo contínuo <strong>de</strong> aprendizagem<br />

e construção<br />

<strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />

agir e interagir com<br />

outros indivíduos e o<br />

meio ambiente.<br />

Atualmente, a maioria<br />

da juventu<strong>de</strong> ambientalista<br />

trabalha ao lado<br />

<strong>de</strong> instituições como<br />

ONGs, governo ou empresas<br />

privadas, mas sua<br />

contribuição não é apenas<br />

<strong>para</strong> manter as estruturas<br />

existentes. A proposta é<br />

a articulação crítica entre<br />

ações <strong>de</strong> educação formal<br />

bas tenham visões diferentes. As contradições<br />

entre os processos educativos evi<strong>de</strong>nciam a<br />

complexida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>safio a ser enfrentado.<br />

...Mas os Homens inda hão <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r<br />

O problema é mesmo a educação<br />

Veja só quanta falta <strong>de</strong><br />

informação?<br />

É preciso apren<strong>de</strong>r<br />

Ela nos dá a vida e nos ensina<br />

Veja a sabedoria popular...<br />

Gustavo Santana, Matheus Veiga e<br />

Marcio <strong>de</strong> Souza - Grupo Bicho do Mato<br />

Salvador/BA<br />

A educação ambiental é uma importante<br />

forma <strong>de</strong> sensibilização <strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> a ação,<br />

e iniciativas <strong>de</strong> educação ambiental acontecem<br />

em todo o Nor<strong>de</strong>ste. Os<br />

jovens percebem a educação<br />

como base <strong>para</strong><br />

mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s<br />

que, a longo prazo,<br />

trazem resultados positivos<br />

<strong>para</strong> o meio ambiente.<br />

Algumas iniciativas<br />

jovens existem,<br />

como Equipe AIMIRI<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental,<br />

em Sergipe, o programa<br />

Jogue Limpo<br />

com nossas Praias, na<br />

Bahia, e os diversos<br />

Coletivos Jovens <strong>de</strong><br />

Meio <strong>Ambiente</strong> que<br />

estão<br />

distribuídos<br />

e abordagens <strong>de</strong> educação<br />

p<strong>el</strong>os estados nor-<br />

não-formal, ainda que am<strong>de</strong>stinos.<br />

Material produzido na Trilha da Vida, Campina Gran<strong>de</strong>/PB.<br />

Em Sergipe, a juventu<strong>de</strong><br />

estudantil se mobiliza <strong>para</strong><br />

difundir a educação ambiental<br />

entre estudantes do ensino<br />

fundamental e médio, tanto <strong>de</strong><br />

escolas públicas como<br />

particulares. Estudantes da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Sergipe – UFS e do Centro<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica<br />

<strong>de</strong> Sergipe – CEFET/SE formam<br />

a Equipe AIMIRI <strong>de</strong><br />

Educação Ambiental.


212<br />

Foto na lata (negativo). [Isaias B<strong>el</strong>o da Silva]<br />

A Educação Ambiental <strong>de</strong>ve ser um processo<br />

presente nas salas <strong>de</strong> aula, e a<br />

proposta é que os professores sintam-se<br />

envolvidos com a temática, <strong>para</strong> trabalharem<br />

com os estudantes assuntos r<strong>el</strong>acionados ao<br />

meio ambiente.<br />

Segundo Marcos Mesquita, 22 anos, o II Encontro<br />

Pre<strong>para</strong>tório <strong>de</strong> D<strong>el</strong>egados da II Conferência<br />

Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

realizado em São Luís do Maranhão, em abril<br />

<strong>de</strong> 2006, produziu a Carta <strong>de</strong> Compromissos<br />

com a Educação Ambiental. O documento foi<br />

formulado p<strong>el</strong>os professores <strong>de</strong> escolas públicas<br />

locais e continha o compromisso <strong>de</strong> ampliar<br />

a participação das escolas na Conferência<br />

Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>.<br />

Os professores também se comprometeram<br />

com a implementação das Comissões <strong>de</strong> Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida – COM-VIDAs<br />

nas escolas.<br />

A carta <strong>de</strong> São Luís/MA reafirmou o incentivo<br />

às escolas <strong>para</strong> inserirem a educação ambiental<br />

em seus projetos político-pedagógicos,<br />

incluindo a capacitação do corpo docente. A<br />

Comissão Organizadora Estadual – COE, que<br />

articulou instituições <strong>para</strong> a realização das<br />

I e II Conferências Infanto-juvenis p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, propôs buscar formas <strong>de</strong> financiamento<br />

<strong>para</strong> garantir a participação das escolas<br />

na Conferência Nacional.<br />

A Educação Ambiental é uma proposta <strong>de</strong><br />

mudança e <strong>de</strong> m<strong>el</strong>horia da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong> nossa e <strong>de</strong> futuras gerações. Com esse objetivo,<br />

estratégias <strong>de</strong> comunicação precisam<br />

ser adotadas <strong>para</strong> aumentar a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> dialogar, <strong>de</strong> buscar novos caminhos, <strong>de</strong><br />

pronunciar idéias, conhecimentos e novas<br />

práticas <strong>de</strong> educação ambiental. A juventu<strong>de</strong><br />

tem se <strong>de</strong>stacado como ator social diferenciado<br />

por possuir uma visão crítica e inovadora<br />

que, aliada a uma ousadia única e freqüente<br />

nessa fase da vida, empreen<strong>de</strong> ações <strong>de</strong><br />

transformação social.<br />

AnálisE<br />

Quando falamos em Meio <strong>Ambiente</strong>, poucos<br />

percebem que <strong>el</strong>e não <strong>de</strong>veria ser a finalida<strong>de</strong><br />

dos projetos, mas sim o meio <strong>de</strong> lidar com vários<br />

conflitos, em especial o humano. Lidar com<br />

a gestão do Meio <strong>Ambiente</strong> é algo complexo,<br />

pois significa lidar também com sujeitos,<br />

comportamentos e expectativas; é enten<strong>de</strong>r<br />

cada pap<strong>el</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um emaranhado <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Jovens e crianças constituem importantes<br />

papéis mobilizadores quando o assunto é<br />

Meio <strong>Ambiente</strong>. Por se tratar <strong>de</strong> um bem<br />

consi<strong>de</strong>rado difuso p<strong>el</strong>a Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />

Brasileira, o Meio <strong>Ambiente</strong> é um bem coletivo,<br />

sendo tanto responsabilida<strong>de</strong> do Estado


213<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Gestão Participativa é o<br />

envolvimento <strong>de</strong> beneficiados <strong>de</strong><br />

políticas públicas no processo <strong>de</strong><br />

formulação, monitoramento e<br />

avaliação <strong>de</strong> ações estatais.<br />

quanto da socieda<strong>de</strong> preservá-lo. Uma maneira<br />

<strong>de</strong> reduzir os impactos ambientais causados<br />

p<strong>el</strong>o ser humano e mobilizar agentes ambientais<br />

é trabalhar com aspectos diferentes <strong>de</strong><br />

questões já tão discutidas, é trabalhar com a<br />

produção <strong>de</strong> novas maneiras <strong>de</strong> enxergar o<br />

cotidiano.<br />

Atualmente, a Educação Ambiental no<br />

Nor<strong>de</strong>ste vive uma fase <strong>de</strong> renascimento.<br />

Após um período <strong>de</strong> franco <strong>de</strong>senvolvimento<br />

na época da Conferência Mundial p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> Humano (ECO-92), os movimentos<br />

<strong>de</strong> educação ambiental viveram períodos <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s intermitentes.<br />

Com as mobilizações geradas p<strong>el</strong>os Ministérios<br />

do Meio <strong>Ambiente</strong> e da Educação <strong>para</strong> a realização<br />

da Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, a partir <strong>de</strong> 2003, e o<br />

fortalecimento das Comissões Interinstitucionais<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental – CIEAs, organizações<br />

não-governamentais e movimentos<br />

sociais voltaram a se articular em torno da<br />

Educação Ambiental.<br />

Em muitas escolas a educação ambiental<br />

ainda é limitada aos conhecimentos básicos <strong>de</strong><br />

fauna e flora. A interdisciplinarida<strong>de</strong> e a visão<br />

sistêmica aos poucos se tornam uma prática e<br />

vêm sendo multiplicadas.<br />

Foto na lata (positivo). [Isaias B<strong>el</strong>o da Silva]<br />

A juventu<strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stina tem tido uma<br />

importância significativa neste processo. São<br />

muitos os jovens envolvidos nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação<br />

ambiental e nas instâncias <strong>de</strong> consulta<br />

pública e <strong>de</strong> participação – com possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberação – r<strong>el</strong>acionadas à área. Contudo<br />

ainda se faz necessário investir na formação<br />

<strong>de</strong> jovens educadores ambientais que, comumente,<br />

r<strong>el</strong>atam a falta <strong>de</strong> conteúdo <strong>para</strong><br />

discutir temas importantes <strong>para</strong> a região, como<br />

as mudanças climáticas e a <strong>de</strong>sertificação.<br />

É incipiente também o reconhecimento do<br />

trabalho <strong>de</strong>stes jovens. Durante o processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> COM-VIDAs nas escolas, foram<br />

muitos os <strong>de</strong>safios encontrados <strong>para</strong> trabalhar<br />

conjuntamente com os governos estaduais e<br />

municipais. Com freqüência, os jovens eram<br />

menosprezados e suas opiniões e experiências<br />

não eram levadas em consi<strong>de</strong>ração.<br />

Entretanto, a <strong>de</strong>manda juvenil por espaços <strong>de</strong><br />

participação consultivos e <strong>de</strong>liberativos claramente<br />

gera o fortalecimento dos mesmos, uma<br />

vez que a ação da juventu<strong>de</strong> exige a qualificação<br />

dos espaços <strong>para</strong> a participação jovem,<br />

bem como a viabilização <strong>de</strong>ssa participação.<br />

Os jovens reconhecem que precisam apren<strong>de</strong>r<br />

e apreciam a troca entre as gerações, mas<br />

questionam: o que fazer quando lhes é podada<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar e apren<strong>de</strong>r?<br />

Quando a oportunida<strong>de</strong> não nos é dada, <strong>el</strong>a<br />

não <strong>de</strong>ve então ser conquistada?


Conclusão


216<br />

Contatos<br />

• Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ONGs da Mata<br />

Atlântica – RMA<br />

www.rma.org.br<br />

En<strong>de</strong>reço: CRS 515 bloco B, n o 27,<br />

2 o andar (entrada p<strong>el</strong>a W2)<br />

CEP: 70.381-520<br />

Brasília - DF<br />

T<strong>el</strong>.: (61) 3445-2315<br />

rma@rma.org.br<br />

• Instituto <strong>de</strong> Ecoturismo do<br />

Brasil<br />

Rua Minerva, 156 - Perdizes<br />

São Paulo – SP<br />

CEP: 05007-030<br />

T<strong>el</strong>: (11) 3875-5574<br />

ieb.ieb@uol.com.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• Segundo estab<strong>el</strong>ecido p<strong>el</strong>o<br />

Capítulo 1, Art. 2°-XVII da Lei<br />

n° 9.985 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000<br />

(SNUC), o Plano <strong>de</strong> Manejo é um<br />

“documento técnico mediante<br />

o qual, com fundamento nos<br />

objetivos gerais <strong>de</strong> uma UC, se<br />

estab<strong>el</strong>ece o seu zoneamento e as<br />

normas que <strong>de</strong>vem presidir o uso<br />

da área e o manejo dos recursos<br />

naturais, inclusive a implantação<br />

das estruturas físicas necessárias<br />

à gestão da Unida<strong>de</strong>”. Veja mais<br />

informações no Glossário.<br />

POSSIBILIDADES <strong>de</strong><br />

Atuação e Intervenção<br />

As mobilizações em torno da questão socioambiental,<br />

associadas ao aumento da responsabilida<strong>de</strong><br />

individual acerca do impacto <strong>de</strong><br />

suas ações no meio ambiente, vêm criando<br />

diversas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação voltadas<br />

<strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.<br />

Algumas possibilida<strong>de</strong>s já existem há muito<br />

tempo, mas ampliam seus campos e suas <strong>de</strong>mandas,<br />

p<strong>el</strong>a urgência das problemáticas<br />

atuais. Outras surgem em <strong>de</strong>corrência dos<br />

impactos já causados e da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

repensar as formas <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> consumo<br />

vigentes.<br />

Algumas formas <strong>de</strong> intervenção necessitam<br />

Biomas<br />

algum conhecimento técnico e formação<br />

acadêmica mais aprofundada. Por outro lado,<br />

existem também diversos espaços em que jovens<br />

po<strong>de</strong>m exercer algum tipo <strong>de</strong> trabalho<br />

socioambiental, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> formação<br />

universitária ou <strong>de</strong> interesse em atuação<br />

profissional remunerada.<br />

Mais que possibilida<strong>de</strong>s ou perspectivas <strong>de</strong><br />

trabalho, veremos nesta seção, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns<br />

temas, diversas formas <strong>de</strong> intervenção<br />

<strong>para</strong> ajudar a construir um Brasil sustentáv<strong>el</strong>.<br />

A partir <strong>de</strong> distintas alternativas, os jovens<br />

po<strong>de</strong>m realizar ações que promovam a sustentabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s. Inspire-se<br />

e gere suas ações.<br />

• Em fevereiro <strong>de</strong> 2006 foi aprovado,<br />

no Senado, o Projeto <strong>de</strong><br />

Lei n o 285/99, que dispõe sobre a<br />

proteção da vegetação nativa do<br />

Bioma Mata Atlântica. O projeto<br />

sofreu mais <strong>de</strong> 80 emendas<br />

e enfrentou forte oposição da<br />

bancada ruralista, segundo a<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ONGs da Mata Atlântica.<br />

Apresentado em outubro <strong>de</strong><br />

1992, o texto <strong>de</strong>fine e regulamenta<br />

os critérios <strong>de</strong> uso e proteção<br />

do bioma, reduzido atualmente a<br />

7,3% <strong>de</strong> sua vegetação original,<br />

além <strong>de</strong> estab<strong>el</strong>ecer uma série <strong>de</strong><br />

incentivos econômicos à produção<br />

sustentáv<strong>el</strong>. Cria também incentivos<br />

financeiros <strong>para</strong> restauração<br />

dos ecossistemas, estimula<br />

doações <strong>de</strong> iniciativa privada <strong>para</strong><br />

projetos <strong>de</strong> conservação, regulamenta<br />

o artigo da Constituição<br />

que <strong>de</strong>fine a Mata Atlântica como<br />

Patrimônio Nacional, <strong>de</strong>limita seu<br />

domínio, proíbe o <strong>de</strong>smatamento<br />

<strong>de</strong> florestas primárias e cria regras<br />

<strong>para</strong> exploração econômica.<br />

Uma das primeiras profissões que vêm à<br />

cabeça quando falamos <strong>de</strong> meio ambiente é<br />

a <strong>de</strong> biólogo. Esse é o especialista que estuda<br />

os organismos vivos, sejam animais, plantas<br />

ou microorganismos. Como conhecedor das<br />

características e do comportamento dos ecossistemas,<br />

participa <strong>de</strong> estudos ambientais em<br />

áreas <strong>de</strong>gradadas e <strong>de</strong> análises <strong>para</strong> a implantação<br />

<strong>de</strong> obras com impactos ambientais.<br />

Um engenheiro florestal, por sua vez, estuda<br />

os ecossistemas florestais, analisando suas<br />

características e dinâmicas, além <strong>de</strong> seu aproveitamento<br />

<strong>para</strong> o suprimento das necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> consumo humano. Esse profissional<br />

po<strong>de</strong> tanto ser chamado a implantar projetos<br />

florestais <strong>para</strong> o abastecimento da indústria <strong>de</strong><br />

pap<strong>el</strong> ou carvão, por exemplo, como a participar<br />

da <strong>el</strong>aboração e implementação <strong>de</strong> programas<br />

<strong>de</strong> reflorestamento ou <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> manejo.<br />

Há também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se trabalhar em<br />

Organizações Não-Governamentais comprometidas<br />

com a conservação e a recuperação dos<br />

biomas locais, seja <strong>de</strong> forma voluntária, seja<br />

por meio <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estágio ou como profissional<br />

remunerado. Nestes espaços há campo,<br />

por exemplo, <strong>para</strong> advogados – ou estudantes<br />

<strong>de</strong> Direito –, cientistas políticos e economistas<br />

que tenham interesse em trabalhar com acompanhamento<br />

<strong>de</strong> licenças ambientais ou com<br />

monitoramento das políticas públicas <strong>de</strong> meio<br />

ambiente, como leis <strong>de</strong> proteção da Mata<br />

Atlântica e do Cerrado, por exemplo.<br />

As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação - UCs também são<br />

espaços que proporcionam ambiente propício<br />

<strong>para</strong> educadores ambientais <strong>de</strong>senvolverem<br />

suas ativida<strong>de</strong>s, que po<strong>de</strong>m ser oferecidas à<br />

comunida<strong>de</strong> do entorno através <strong>de</strong> projetos e<br />

convênios com a UC.


Além <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental, algumas UCs po<strong>de</strong>m se tornar<br />

local <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> turismólogos que<br />

trabalham com ecoturismo, pois além <strong>de</strong> ser<br />

uma prazerosa ativida<strong>de</strong>, segundo o Instituto<br />

<strong>de</strong> Ecoturismo do Brasil, o ecoturismo é a<br />

prática <strong>de</strong> turismo, em áreas naturais, que se<br />

utiliza <strong>de</strong> forma sustentáv<strong>el</strong> dos patrimônios<br />

natural e cultural, incentivando sua conser-<br />

vação. E vale ficar atento <strong>para</strong> o surgimento<br />

<strong>de</strong> um novo <strong>para</strong>digma <strong>para</strong> o turismo sustentáv<strong>el</strong>,<br />

que consi<strong>de</strong>ra a autenticida<strong>de</strong> cultural,<br />

a inclusão social, a conservação do meio<br />

ambiente e a qualida<strong>de</strong> dos serviços como<br />

peças fundamentais <strong>para</strong> a viabilida<strong>de</strong><br />

econômica do turismo a longo prazo.<br />

Atmosfera e Mudanças Climáticas<br />

Um importante campo <strong>de</strong> trabalho que surge<br />

recentemente, com o Protocolo <strong>de</strong> Kyoto, são<br />

os Mecanismos <strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo<br />

– MDLs. Um analista <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> carbono<br />

po<strong>de</strong> atuar diretamente nessa área, aproximando<br />

projetos que possam ser financiados<br />

por capital internacional e empreen<strong>de</strong>dores<br />

que <strong>de</strong>sejem investir em créditos <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> carbono.<br />

Além do trabalho do analista, algumas carreiras<br />

e disciplinas estão diretamente ligadas ao<br />

tema. Exemplo disso é o meteorologista, estudioso<br />

do comportamento da atmosfera terrestre.<br />

Você já visitou o centro <strong>de</strong> meteorologia<br />

mais próximo?<br />

Vale a pena perceber como o conhecimento<br />

tradicional e popular sobre o clima e o tempo<br />

Água<br />

Diversas profissões atuam diretamente com<br />

a conservação e a gestão da água. Indústrias<br />

que consomem água em seus processos e<br />

que lançam seus efluentes nos rios precisam<br />

ter profissionais qualificados acompanhando<br />

e gerindo os procedimentos adotados. Esse<br />

muitas vezes é compatív<strong>el</strong> com as m<strong>el</strong>hores<br />

análises e previsões <strong>de</strong>stes cientistas.<br />

Trabalhos também po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos<br />

junto a movimentos que realizam projetos e<br />

campanhas p<strong>el</strong>o aumento do uso <strong>de</strong> transportes<br />

alternativos ou coletivos, como forma<br />

<strong>de</strong> reduzir a emissão <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono. O<br />

Movimento Dia sem Carro é uma intervenção<br />

pontual que po<strong>de</strong> ter efeitos enormes, caso<br />

seja reeditada e expandida.<br />

Chapada dos Guimarães/MT [Mateus]<br />

Além disso, quando se pensa que o consumo<br />

<strong>de</strong> bens afeta significativamente a produção<br />

industrial <strong>de</strong> larga escala nas cida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>-se<br />

almejar o crescimento <strong>de</strong> movimentos como o<br />

Dia <strong>de</strong> Não Comprar Nada, meio <strong>de</strong> colaborar,<br />

simbólica e inicialmente, com a diminuição da<br />

poluição causada por este tipo <strong>de</strong> produção.<br />

profissional, em geral, é um engenheiro<br />

sanitário ou um engenheiro ambiental.<br />

Um geógrafo, por outro lado, estuda as características<br />

dos cursos d’água ao longo <strong>de</strong><br />

seu comprimento e no <strong>de</strong>correr do tempo,<br />

Conexões<br />

217<br />

• Lista <strong>de</strong> membros que supervi-<br />

sionam o MDL, sob a autorida<strong>de</strong><br />

da COP/ MOP:<br />

cdm.unfccc.int/EB/Members<br />

• Centro <strong>de</strong> Previsão <strong>de</strong> Tempo e<br />

Estudos Climáticos:<br />

www.cptec.inpe.br<br />

Curiosida<strong>de</strong>s<br />

• O Projeto <strong>de</strong> Emenda Constitucional<br />

(PEC) 115, que <strong>el</strong>eva Cerrado e<br />

Caatinga à condição <strong>de</strong> Patrimônio<br />

Nacional, foi aprovado em agosto<br />

<strong>de</strong> 2006 p<strong>el</strong>a Comissão Especial da<br />

Câmara dos Deputados. A proposta<br />

segue <strong>para</strong> apreciação p<strong>el</strong>o plenário<br />

da Câmara. A PEC 115 modifica o<br />

parágrafo 4° do Art. 225 da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral, reconhecendo o Cerrado<br />

e a Caatinga como Patrimônio<br />

Nacional. Atualmente, se enquadram<br />

neste status <strong>de</strong> reconhecimento<br />

a Floresta Amazônica brasileira,<br />

a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o<br />

Pantanal Mato-Grossense e a Zona<br />

Costeira.<br />

• Você Sabia?<br />

Que mais <strong>de</strong> 80% do óleo consumido<br />

p<strong>el</strong>os carros no Brasil é queimado<br />

ou <strong>de</strong>spejado na natureza? Que o<br />

carro pesa 30 vezes mais que os passageiros<br />

que <strong>el</strong>e carrega? Portanto a<br />

gasolina utilizada no carro é quase<br />

toda gasta <strong>para</strong> mover o próprio<br />

carro, e não seus passageiros?<br />

• O Dia sem Carro é uma data <strong>para</strong><br />

refletirmos sobre a presença <strong>de</strong>terminante<br />

dos automóveis nas cida<strong>de</strong>s<br />

e <strong>de</strong>scobrir alternativas <strong>para</strong> o<br />

<strong>de</strong>slocamento. Um só dia sem carro<br />

não resolve o problema, mas nos<br />

ajuda a pensar em outras formas <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong>. Começou na Europa,<br />

em 1997, <strong>de</strong>vido à preocupação com<br />

o meio ambiente e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida. No Brasil, este movimento se<br />

iniciou em cida<strong>de</strong>s como B<strong>el</strong>o<br />

Horizonte/MG, Porto Alegre/RS,<br />

São Luís/MA, Cuiabá/MT e<br />

B<strong>el</strong>ém/PA, organizado p<strong>el</strong>a ONG<br />

Ruaviva. Acontece anualmente no<br />

dia 22 <strong>de</strong> setembro.<br />

Saiba +<br />

• Veja os <strong>de</strong>talhes sobre as leis <strong>de</strong><br />

proteção do Cerrado em Legislação<br />

Ambiental da região Centro-Oeste.<br />

• Veja outras informações sobre o<br />

Protocolo <strong>de</strong> Kyoto e MDLs no tema<br />

Atmosfera e Mudanças Climáticas da<br />

região Sul e no Glossário.


218<br />

buscando conhecer sua dinâmica e i<strong>de</strong>ntificando<br />

as ativida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m incorrer em<br />

danos ou em impactos profundos nos rios. As<br />

águas dos oceanos, por sua vez, são estudadas<br />

por oceanógrafos; e a vida que n<strong>el</strong>as ocorre,<br />

por biólogos marinhos.<br />

Existem também muitas ONGs que tratam<br />

<strong>de</strong>ste tema, com metodologias inovadoras e<br />

bem diversas. Jovens po<strong>de</strong>m buscar conhecêlas<br />

e se aproximar <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong>,<br />

por exemplo, reeditar algumas ações <strong>de</strong>ssas<br />

organizações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua escola ou bairro.<br />

m<strong>el</strong>hores formas <strong>de</strong> participar.<br />

A Permacultura – e suas tecnologias <strong>de</strong><br />

reaproveitamento e reciclagem da água – é<br />

uma área que apresenta perspectivas profissionalizantes,<br />

tanto na <strong>el</strong>aboração <strong>de</strong> projetos<br />

permaculturais, quanto na implementação <strong>de</strong><br />

algumas soluções r<strong>el</strong>ativamente simples, como<br />

a captação <strong>de</strong> chuvas. Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma<br />

boa idéia praticar formas <strong>de</strong> reutilização ou<br />

<strong>de</strong> biorremediação <strong>de</strong> água, seja realizando<br />

ações simples no dia-a-dia, seja inovando em<br />

<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> produtos e <strong>de</strong> construções.<br />

Jovens po<strong>de</strong>m atuar, no que diz respeito<br />

à água, acompanhando e participando<br />

dos Comitês <strong>de</strong> Bacias. Responsáveis p<strong>el</strong>o<br />

planejamento do uso das águas dos rios,<br />

os comitês são formados por representantes<br />

<strong>de</strong> diversos setores afetados p<strong>el</strong>as ativida<strong>de</strong>s<br />

ali realizadas. Jovens po<strong>de</strong>m se informar<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes comitês e <strong>de</strong>scobrir as<br />

Jovens <strong>de</strong> qualquer região, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da formação, po<strong>de</strong>m, por exemplo,<br />

utilizar técnicas como <strong>de</strong> ferrocimento, que<br />

é uma forma eficiente, barata, <strong>de</strong> tecnologia<br />

simples e viáv<strong>el</strong> – até em locais <strong>de</strong> difícil<br />

acesso – <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> reservatórios,<br />

tanto <strong>para</strong> o armazenamento quanto <strong>para</strong> o<br />

tratamento <strong>de</strong> água.<br />

Terra & Alimentos<br />

A preocupação com a sustentabilida<strong>de</strong> dos<br />

solos e com a qualida<strong>de</strong> dos alimentos tem<br />

estimulado ações na área da agroecologia.<br />

Neste âmbito encontramos discussões sobre<br />

a agricultura orgânica, biodinâmica e<br />

natural, a agrofloresta, a agrossilvicultura e a<br />

permacultura. Se você gosta <strong>de</strong> trabalhar<br />

com a terra e cultivar alimentos vale a pena<br />

procurar organizações que trabalhem na<br />

área e conhecer um pouco <strong>de</strong>stas práticas <strong>de</strong><br />

cultivo sustentáv<strong>el</strong> e orgânico.<br />

É preciso estimular o consumo <strong>de</strong>stes alimentos<br />

<strong>para</strong> que seu preço possa ser reduzido e, conseqüentemente,<br />

<strong>para</strong> que <strong>el</strong>es se tornem mais<br />

acessíveis. Po<strong>de</strong>-se montar um restaurante<br />

ou uma lanchonete que ofereça esse tipo <strong>de</strong><br />

alimentos ou buscar prestigiar aqu<strong>el</strong>es que<br />

já existem. Também vale a pena procurar<br />

produtores e feiras <strong>de</strong> produtos orgânicos que<br />

acontecem na cida<strong>de</strong>. Comprar diretamente do<br />

produtor, além <strong>de</strong> estimular um comércio mais<br />

justo, po<strong>de</strong> proporcionar ao comprador preços<br />

mais baixos. Que tal visitar a zona rural próxima<br />

<strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>? Que tal estimular seu vizinho a<br />

realizar o cultivo orgânico em sua horta?<br />

No campo acadêmico, o engenheiro agrônomo


Conexões<br />

• Movimento Nacional dos<br />

219<br />

Catadores <strong>de</strong> Materiais Recicláveis<br />

www.movimentodoscatadores.org.br<br />

é uma figura importante <strong>para</strong> este tema. É <strong>el</strong>e<br />

quem estuda as m<strong>el</strong>hores formas <strong>de</strong> produzir<br />

os alimentos nas terras disponíveis. Portanto,<br />

esta pessoa po<strong>de</strong> buscar o <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

a aplicação <strong>de</strong> técnicas conservacionistas <strong>de</strong><br />

plantio e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> animais, sempre respeitando<br />

a capacida<strong>de</strong> da terra <strong>de</strong> suportar a<br />

produção e a recuperação das áreas utilizadas,<br />

do ponto <strong>de</strong> vista ecológico (respeito à natureza<br />

e à biodiversida<strong>de</strong>), econômico (eficiência<br />

produtiva), social (eficiência distributiva) e<br />

com sustentabilida<strong>de</strong> a longo prazo.<br />

Entretanto, um <strong>de</strong>safio que se torna cada<br />

vez mais evi<strong>de</strong>nte <strong>para</strong> os profissionais <strong>de</strong>sta<br />

área é a integração entre os produtores<br />

rurais e os consumidores urbanos. A produção,<br />

em pequena escala, m<strong>el</strong>hor distribuída,<br />

sustentáv<strong>el</strong> e orgânica, nas cida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong><br />

constituir interessante projeto <strong>de</strong> pesquisa e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> jovens cientistas.<br />

Áreas Urbanas<br />

Nas cida<strong>de</strong>s existem muitas possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho. Mas não basta olhar em volta<br />

e i<strong>de</strong>ntificar uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação.<br />

Perceber seu entorno, i<strong>de</strong>ntificar aquilo<br />

que precisa ser m<strong>el</strong>horado, buscar boas<br />

r<strong>el</strong>ações em grupos <strong>de</strong> pessoas e iniciar ou<br />

dar continuida<strong>de</strong> a ações socialmente justas,<br />

ambientalmente responsáveis e economicamente<br />

viáveis, além <strong>de</strong> espiritualmente<br />

saudáveis, se constitui em condição <strong>para</strong> a<br />

viabilida<strong>de</strong> dos gran<strong>de</strong>s centros urbanos.<br />

Em meio à insustentabilida<strong>de</strong> do crescimento<br />

das cida<strong>de</strong>s, ter uma arquitetura harmônica<br />

com o meio ambiente é um <strong>de</strong>safio. Como<br />

arquiteto, é possív<strong>el</strong> especializar-se em<br />

bioarquitetura, conjunto <strong>de</strong> técnicas que,<br />

além da escolha <strong>de</strong> materiais mais a<strong>de</strong>quados<br />

ambientalmente, busca o aproveitamento <strong>de</strong><br />

luz e ventilação naturais em substituição a<br />

inúmeros sistemas <strong>de</strong> iluminação e <strong>de</strong><br />

condicionamento do ar, intensos consumidores<br />

<strong>de</strong> energia nas construções.<br />

Se você quer ser um empresário, mesmo que<br />

seu empreendimento não tenha r<strong>el</strong>ação<br />

direta com a questão ambiental, ou se você<br />

tem algum amigo ou familiar que possui<br />

uma empresa, busque conhecer as práticas<br />

<strong>de</strong> gestão ambiental ou <strong>de</strong> construção<br />

bioclimática e promova sua implementação.<br />

Você vai notar as diferenças!<br />

E, como forma <strong>de</strong> agregar valor a seus produtos<br />

ou <strong>de</strong> se preocupar com r<strong>el</strong>ações mais<br />

sustentáveis <strong>para</strong> um consumo menor e mais<br />

consciente, vale a pena notar os produtos certificados.<br />

São diversos s<strong>el</strong>os que acompanham<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> produtos orgânicos e biodinâmicos<br />

– como a certificação do IBD – até ma<strong>de</strong>iras<br />

certificadas – utilizadas em produtos provenientes<br />

<strong>de</strong> florestas bem manejadas e certificadas<br />

<strong>de</strong> acordo com os padrões estab<strong>el</strong>ecidos p<strong>el</strong>o<br />

sistema FSC (Forest Stewardship Council).<br />

A mobilida<strong>de</strong>, seja em veículos, seja nas calçadas,<br />

é <strong>de</strong>finitivamente uma potência latente<br />

das cida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. A convivência plural<br />

no espaço urbano, a f<strong>el</strong>icida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus moradores,<br />

a segurança e a tranqüilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua


220<br />

vizinhança têm impactos diretos no ambiente<br />

e, principalmente, na forma <strong>de</strong> se perceber<br />

esse ambiente. Campanhas <strong>para</strong> revitalizar<br />

r<strong>el</strong>ações sociais, que permitem trocas <strong>de</strong><br />

experiências e apropriação <strong>de</strong> conhecimento<br />

local, como a Semana sem TV, são bons<br />

momentos <strong>para</strong> refletirmos se as áreas<br />

urbanas são somente potenciais agressoras<br />

do ambiente natural ou se po<strong>de</strong>m promover<br />

novas r<strong>el</strong>ações entre o ser humano e seu meio.<br />

Você imagina quantas ativida<strong>de</strong>s diferentes<br />

po<strong>de</strong> fazer se sua t<strong>el</strong>evisão estiver <strong>de</strong>sligada<br />

por uma semana inteira?<br />

Energia & Transportes<br />

Engenheiros encontram gran<strong>de</strong> campo <strong>de</strong><br />

atuação na área <strong>de</strong> energia. Estas pessoas<br />

po<strong>de</strong>m trabalhar tanto na construção e na<br />

operação <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> geração e <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

transmissão quanto em sistemas <strong>de</strong> transporte<br />

e <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> energia nas suas diversas<br />

formas (<strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>, petróleo e <strong>de</strong>rivados,<br />

gás, biomassa). Existem muitos estudos no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas e equipamentos<br />

com maior eficiência energética, ou seja, que<br />

<strong>de</strong>mandam menos energia ou energia mais<br />

limpa <strong>para</strong> executar uma <strong>de</strong>terminada tarefa.<br />

Além <strong>de</strong>les, os economistas também são<br />

bastante requisitados em estudos dos mercados<br />

<strong>de</strong> energia, analisando as m<strong>el</strong>hores<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio ou ajudando na<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, quando e como implantar<br />

um novo projeto energético.<br />

Em sua casa ou empreendimento, se você tem<br />

interesse em economizar energia e aproveitar<br />

energias alternativas, po<strong>de</strong> investir na energia<br />

solar tanto <strong>para</strong> iluminação quanto <strong>para</strong><br />

aquecimento <strong>de</strong> água. As células fotovoltaicas<br />

po<strong>de</strong>m gerar energia suficiente, que é armazenada<br />

em baterias, <strong>para</strong> ser utilizada mesmo<br />

em tempos nublados. Este tipo <strong>de</strong> energia<br />

possui algumas vantagens que po<strong>de</strong>m facilitar<br />

sua adoção popular, além <strong>de</strong> custar menos que<br />

os painéis solares e <strong>de</strong> ter maior potência.<br />

Ao redor da temática <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia<br />

com biogás po<strong>de</strong>-se imaginar várias possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho. O uso do biofertilizante<br />

po<strong>de</strong> ser uma boa maneira <strong>de</strong> proporcionar<br />

adubo <strong>de</strong> baixo custo, livre <strong>de</strong> <strong>para</strong>sitas e<br />

<strong>de</strong> bactérias causadoras <strong>de</strong> doenças <strong>para</strong> o<br />

cultivo <strong>de</strong> hortas comunitárias. Assim, a<br />

criação e manutenção <strong>de</strong> biodigestores po<strong>de</strong><br />

ser feita por todas as pessoas que possuem<br />

pequenos terrenos, já que a biomassa po<strong>de</strong><br />

ser produzida a partir <strong>de</strong> excrementos, plantas<br />

aquáticas, folhagem, restos (<strong>de</strong> rações, frutas,<br />

alimentos), cascas <strong>de</strong> cereais e, inclusive, esgotos<br />

resi<strong>de</strong>nciais. E, mais importante, o biogás<br />

po<strong>de</strong> ser usado como fonte <strong>de</strong> energia <strong>para</strong><br />

geração <strong>el</strong>étrica, <strong>para</strong> lampiões, <strong>para</strong> fogões e<br />

em motores <strong>de</strong> combustão interna. Essa idéia<br />

po<strong>de</strong> ser estendida, inclusive, <strong>para</strong> os gran<strong>de</strong>s<br />

centros urbanos, já que po<strong>de</strong>mos aproveitar o<br />

metano produzido p<strong>el</strong>os lixões <strong>para</strong> fazer funcionar,<br />

por exemplo, estações <strong>de</strong> tratamento<br />

<strong>de</strong> chorume – projeto certificado como Mecanismo<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento Limpo (MDL).<br />

E você po<strong>de</strong> começar a se questionar sobre<br />

suas fontes <strong>de</strong> energia a cada lanterna acessa.<br />

A geração <strong>de</strong> energia que in<strong>de</strong>penda das


221<br />

re<strong>de</strong>s <strong>el</strong>étricas urbanas é muitas vezes um tema<br />

que <strong>de</strong>sperta a atenção e que po<strong>de</strong> ser fértil<br />

campo <strong>de</strong> estudos, <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> educação<br />

socioambiental. Por isso, o volume global <strong>de</strong><br />

baterias recarregáveis vem crescendo 15% ao<br />

ano. Mas, a utilização <strong>de</strong> baterias recarregáveis<br />

<strong>de</strong> níqu<strong>el</strong>-cádmio (Ni-Cd), por exemplo, apresenta<br />

problemas ambientais <strong>de</strong>vido à presença<br />

do cádmio. De qualquer forma, a utilização <strong>de</strong><br />

outros tipos <strong>de</strong> baterias recarregáveis, como<br />

as <strong>de</strong> íons <strong>de</strong> lítio é um potencial amenizador<br />

<strong>de</strong>sses problemas. Ou seja, o uso <strong>de</strong> pilhas alcalinas<br />

e, m<strong>el</strong>hor, <strong>de</strong> pilhas recarregáveis é ainda<br />

a saída que menos <strong>de</strong>grada o meio ambiente.<br />

Mas você po<strong>de</strong> procurar ainda experimentos<br />

com carregadores <strong>de</strong> dínamo à maniv<strong>el</strong>a ou<br />

magnéticos, que aproveitam a lei da indução<br />

<strong>el</strong>etromagnética <strong>para</strong> gerar energia.<br />

Outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> as juventu<strong>de</strong>s<br />

encontra-se no transporte público. Ele<br />

é, ao mesmo tempo, uma das boas soluções<br />

<strong>para</strong> o dilema <strong>de</strong> transportes em gran<strong>de</strong>s centros<br />

urbanos e um complexo problema <strong>para</strong><br />

aqu<strong>el</strong>as pessoas que enfrentam veículos mal<br />

conservados e poluentes, tarifas altas, linhas<br />

pouco eficientes e uso indiscriminado <strong>de</strong> combustíveis<br />

fósseis. Há muitos movimentos <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> que estão se envolvendo na<br />

questão das tarifas, por exemplo. Por sua auto<strong>de</strong>finição,<br />

o Movimento Passe Livre é<br />

um movimento autônomo, apartidário e<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que luta p<strong>el</strong>a transformação<br />

do transporte público. Vale percebermos nessa<br />

questão muitos <strong>de</strong>safios <strong>para</strong> o trabalho conjunto<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s e a articulação necessária<br />

entre as questões políticas, sociais, econômicas<br />

e ambientais. Como seu movimento ou<br />

sua organização está buscando esse diálogo?<br />

É possív<strong>el</strong>, por exemplo, saber quais são as<br />

linhas <strong>de</strong> ônibus que sua comunida<strong>de</strong> mais<br />

utiliza? Pesquisas participativas po<strong>de</strong>m facilitar<br />

a compreensão da situação dos transportes<br />

na comunida<strong>de</strong> ou no bairro. Assim, além <strong>de</strong><br />

propor rotas mais eficientes e <strong>de</strong>mandadas<br />

p<strong>el</strong>a população, po<strong>de</strong>-se inclusive aumentar o<br />

potencial <strong>de</strong> uso das caronas solidárias, já que<br />

os vizinhos po<strong>de</strong>rão notar os trajetos percorridos<br />

e os veículos disponíveis. E sua organização,<br />

realizando essas pesquisas com o envolvimento<br />

das pessoas, po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>finitiva <strong>para</strong> outros pequenos problemas<br />

ambientais que estão atr<strong>el</strong>ados à questão<br />

energética e <strong>de</strong> transporte.<br />

Legislação Ambiental<br />

Ao pensar na atuação com legislação<br />

ambiental normalmente nos vem à cabeça<br />

a figura do advogado. A formação em<br />

direito e especialização em direito ambiental<br />

capacitam <strong>para</strong> o trabalho nessa área, acompanhando<br />

a evolução das leis ambientais e<br />

atuando em sua aplicação justa. Além disso, o<br />

Ministério Público também atua nas questões<br />

legais do meio ambiente e, por isso, mantém<br />

quadro <strong>de</strong> promotores especializados.<br />

Porém, existem outras formas <strong>de</strong> atuação com<br />

r<strong>el</strong>ação à legislação. Um auditor ambiental<br />

está pre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> acompanhar as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> indústrias, fazendas e órgãos governamentais,<br />

entre outros, no sentido <strong>de</strong> averiguar a


222<br />

a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s à legislação e a<br />

normas nacionais e internacionais como, por<br />

exemplo, a ISO 14000 ou outras certificações.<br />

Também são necessários profissionais qualificados<br />

quando uma empresa, fazenda ou<br />

outro tipo <strong>de</strong> empreendimento é chamado<br />

a realizar estudos <strong>de</strong> impacto ambiental.<br />

Empreendimentos que não estejam a<strong>de</strong>quados<br />

à legislação também precisam <strong>de</strong>senvolver<br />

e seguir termos <strong>de</strong> ajustes <strong>de</strong> conduta, <strong>para</strong><br />

o que po<strong>de</strong> ser necessária contratação <strong>de</strong><br />

consultoria especializada.<br />

A própria Linha Ver<strong>de</strong> do IBAMA é um canal<br />

aberto <strong>para</strong> que a população possa cadastrar<br />

sua <strong>de</strong>núncia ou sugestão. Mas <strong>de</strong>vemos notar<br />

que compreen<strong>de</strong>r leis e políticas ambientais<br />

nos faz ter responsabilida<strong>de</strong>s que extrapolam<br />

o mero caráter <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia. É interessante, por<br />

exemplo, fazer uso <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> pressão<br />

popular, como abaixo-assinados e projetos <strong>de</strong><br />

lei <strong>de</strong> iniciativa popular, além <strong>de</strong> estimular a<br />

participação em audiências públicas. Conhecer<br />

as propostas e as discussões atuais po<strong>de</strong> ser um<br />

primeiro passo <strong>para</strong> monitorar o andamento<br />

das soluções. Você sabe quais são as propostas<br />

<strong>de</strong> seu candidato pra área ambiental?<br />

Para além dos trabalhos jurídicos, a articulação<br />

social <strong>para</strong> fiscalização e monitoramento <strong>de</strong><br />

políticas e impactos socioambientais po<strong>de</strong> ser<br />

embasada nas informações contidas na cartilha<br />

que segue nessa publicação. Como o tema<br />

<strong>de</strong> legislação afeta toda a população, embora<br />

poucos consigam compreen<strong>de</strong>r seus termos,<br />

vale a pena investir na sistematização <strong>de</strong> boas<br />

experiências <strong>para</strong> a adaptação da linguagem,<br />

<strong>para</strong> públicos diferenciados, e <strong>para</strong> a produção<br />

<strong>de</strong> cartilhas simples que abor<strong>de</strong>m eficazmente<br />

a questão. Com o GEO Juvenil Brasil, procuramos<br />

criar algumas <strong>de</strong>stas formas. Você já notou<br />

como po<strong>de</strong> utilizar essa publicação <strong>para</strong> ter ferramentas<br />

<strong>de</strong> articulação e <strong>de</strong> controle social?<br />

Educação Ambiental<br />

Profissionais <strong>de</strong> educação em todos os níveis<br />

– infantil, fundamental, médio e superior<br />

– po<strong>de</strong>m trabalhar na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> programas<br />

<strong>de</strong> ensino e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> metodologias<br />

<strong>para</strong> avaliação e acompanhamento <strong>de</strong>sses<br />

programas, buscando abordar a temática<br />

socioambiental. Escolas e faculda<strong>de</strong>s que percebam<br />

e aceitem o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental em suas ativida<strong>de</strong>s oferecem<br />

amplo campo <strong>de</strong> trabalho e intervenção.<br />

Des<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Agendas 21 até<br />

a criação <strong>de</strong> COM-VIDAs, passando p<strong>el</strong>a implementação<br />

<strong>de</strong> hortas comunitárias, p<strong>el</strong>a gestão<br />

participativa da água, por implementar coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva <strong>de</strong> resíduos sólidos, p<strong>el</strong>a proposta<br />

<strong>de</strong> aumento da área ver<strong>de</strong> e p<strong>el</strong>a variação<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s lúdicas ao ar livre, além da<br />

ampliação das r<strong>el</strong>ações dialógicas <strong>para</strong> o<br />

compartilhamento <strong>de</strong> saberes, por meio, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> jornais murais – todas essas são<br />

ações que po<strong>de</strong>m ampliar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

articulação <strong>de</strong>ssa temática.<br />

Dentro das próprias instituições públicas existem<br />

órgãos responsáveis p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> políticas<br />

e programas governamentais. Esses órgãos <strong>de</strong>mandam<br />

técnicos <strong>de</strong> diversas formações <strong>para</strong>


223<br />

<strong>de</strong>senvolver seus programas. O que o seu órgão<br />

está fazendo <strong>para</strong> realizar, nas práticas <strong>de</strong><br />

gestão e nas r<strong>el</strong>ações humanas e ambientais, as<br />

políticas <strong>de</strong> Educação Ambiental?<br />

Também surgem, a cada dia, novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> trabalho junto às empresas que<br />

<strong>de</strong>sejam implantar programas <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental nas comunida<strong>de</strong>s próximas a suas<br />

instalações, ou mesmo entre seus próprios<br />

funcionários. Consultores especializados<br />

po<strong>de</strong>m ocupar estes espaços e vale mesmo<br />

pensar se sua organização ou comunida<strong>de</strong><br />

não quer propor alguma ativida<strong>de</strong> com uma<br />

empresa próxima a vocês.<br />

Muitos programas <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

são <strong>de</strong>senvolvidos por Organizações<br />

Não-Governamentais. Em muitos casos, por<br />

meio <strong>de</strong> parcerias com prefeituras ou governos<br />

estaduais, ou mesmo com entida<strong>de</strong>s privadas.<br />

Trabalhar profissional ou voluntariamente em<br />

programas e projetos do terceiro setor po<strong>de</strong><br />

ser ótima oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estab<strong>el</strong>ecer re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> contatos, compreen<strong>de</strong>r questões locais,<br />

envolver-se em discussões nacionais e, claro,<br />

realizar transformações socioambientais em<br />

prazos r<strong>el</strong>ativamente pequenos.<br />

Isto se dá também porque uma das amplas<br />

perspectivas que a Educação Ambiental<br />

traz <strong>para</strong> os grupos sociais é a possibilida<strong>de</strong>,<br />

transformada em necessida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> que essa pedagogia seja feita entre<br />

as gerações – na valorização dos<br />

distintos saberes – e também <strong>de</strong> forma<br />

intrageracional – já que jovens que educam<br />

jovens po<strong>de</strong>m ter bastante sucesso.<br />

Assim, a criação e o fomento <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Educação Ambiental – locais, estaduais ou a<br />

nacional – mostram possibilida<strong>de</strong>s claras <strong>de</strong><br />

trabalho, além <strong>de</strong> potenciais focos geradores<br />

<strong>de</strong> novas propostas, como o canal <strong>de</strong> educação<br />

ambiental, por exemplo, chamado EA.net.<br />

Se você procura espaços <strong>de</strong> atuação e <strong>de</strong><br />

intervenção propícios ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

metodologias alternativas, experimentais ou<br />

vivenciais, utilizando a Educação Ambiental<br />

– e, <strong>de</strong> maneira geral, tratando da temática<br />

socioambiental, você po<strong>de</strong>rá possiv<strong>el</strong>mente<br />

colher bons frutos. Essa temática permite<br />

transdisciplinarida<strong>de</strong>, visões holísticas e<br />

consegue agregar muitos jovens –<br />

ambientalistas ou ainda não – ao seu redor.<br />

E, <strong>para</strong> além disto, o próprio compromisso<br />

com o resgate e com a valorização <strong>de</strong> culturas<br />

e <strong>de</strong> visões tradicionais permite outros tipos<br />

<strong>de</strong> conexões e a abertura <strong>para</strong> trabalhos com<br />

outros grupos e comunida<strong>de</strong>s.<br />

Oficina Prática <strong>de</strong> Preservação da Mata<br />

Ciliar, BH [Projeto Sal da Terra]<br />

Desenvolvimento Comunitário<br />

Existem inúmeras iniciativas que fazem<br />

do ecoturismo e do turismo sustentáv<strong>el</strong><br />

vetores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s,<br />

gerando oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> renda e fixando<br />

populações em suas localida<strong>de</strong>s.<br />

Num país com natureza tão exuberante como<br />

o Brasil, estes tipos <strong>de</strong> turismo são ótimas<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> jovens.<br />

Garantindo a preservação do patrimônio<br />

natural e cultural locais, comunida<strong>de</strong>s inteiras<br />

po<strong>de</strong>m se ver beneficiadas com a prestação


224<br />

<strong>de</strong>stes serviços a pessoas que vêm <strong>de</strong> outras<br />

partes do país e do mundo, na busca p<strong>el</strong>a<br />

tranqüilida<strong>de</strong> e p<strong>el</strong>a b<strong>el</strong>eza cênica que só<br />

as áreas pouco alteradas p<strong>el</strong>o homem têm.<br />

Mas também este turista <strong>de</strong>ve ser estimulado<br />

<strong>para</strong> que suas ativida<strong>de</strong>s sejam ambientalmente<br />

equilibradas, economicamente viáveis,<br />

socialmente justas, culturalmente ricas e<br />

politicamente legítimas.<br />

Assim, a formação <strong>de</strong> cooperativas, turísticas ou<br />

<strong>de</strong> outro setor, po<strong>de</strong> também ser possibilida<strong>de</strong><br />

sustentáv<strong>el</strong> <strong>de</strong> intervenção na economia e na<br />

socieda<strong>de</strong>. Elas permitem e estimulam novas<br />

formas <strong>de</strong> associação, on<strong>de</strong> a responsabilida<strong>de</strong><br />

das <strong>de</strong>cisões e da implementação das ações<br />

envolve os associados e a comunida<strong>de</strong>. Isso<br />

po<strong>de</strong> gerar formas mais justas <strong>de</strong> comércio e <strong>de</strong><br />

distribuição financeira. Transformar empreendimentos<br />

com mais <strong>de</strong> 20 associados em uma<br />

cooperativa po<strong>de</strong> ser exc<strong>el</strong>ente maneira <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver mais profundamente as organizações<br />

em harmonia com a própria comunida<strong>de</strong>.<br />

Outra idéia <strong>para</strong> promover o comércio justo,<br />

gerando o <strong>de</strong>senvolvimento local, é a realização<br />

<strong>de</strong> Feiras ou Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Trocas. Elas reduzem<br />

e reprogramam o consumo, focalizando a<br />

produção do grupo na <strong>de</strong>manda consciente e<br />

momentânea. Ser um animador <strong>de</strong> feiras ou <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>s com esse propósito po<strong>de</strong> gerar ricas experiências,<br />

fontes <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda,<br />

capilarida<strong>de</strong> e fortalecimento do tecido social,<br />

além da reutilização, da reciclagem e da circulação<br />

<strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong> materiais e <strong>de</strong> serviços<br />

invisibilizados p<strong>el</strong>o consumismo <strong>de</strong> massa.<br />

Ações simples, como mutirões <strong>de</strong> limpeza e<br />

<strong>de</strong> construção, que po<strong>de</strong>m erguer <strong>de</strong> casas a<br />

praças públicas, são renovadores das r<strong>el</strong>ações<br />

sociais comunitárias. Abrem caminho <strong>para</strong><br />

que várias fontes <strong>de</strong> emprego ou <strong>de</strong> renda<br />

sejam geradas, permitindo <strong>de</strong>spontar o potencial<br />

mobilizador e animador das juventu<strong>de</strong>s.<br />

Como já foi afirmado, se a temática ambiental<br />

po<strong>de</strong> agregar muitos interesses ao seu redor,<br />

essas campanhas, midiáticas ou simbólicas,<br />

têm caráter articulador e agregador.<br />

Com isso, fica mais fácil cobrar a realização<br />

e a manutenção <strong>de</strong> instrumentos públicos <strong>de</strong><br />

controle e <strong>de</strong> transparência social, que aumentam<br />

o Capital Social, a confiança interpessoal<br />

e a consciência cívica <strong>de</strong> que o bem público é<br />

<strong>de</strong> todos e <strong>de</strong> cada um – como o Orçamento<br />

Participativo. Você sabia que po<strong>de</strong>m ser<br />

criadas plenárias com os moradores <strong>para</strong> que<br />

todos <strong>de</strong>cidam, juntamente com o governo<br />

local, sobre on<strong>de</strong> e como gastar parte dos<br />

recursos do orçamento público?<br />

Finalmente, a busca p<strong>el</strong>o resgate e p<strong>el</strong>o<br />

fortalecimento das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s locais – <strong>de</strong><br />

populações periféricas, tradicionais, invisibilizadas,<br />

minorizadas ou marginalizadas –<br />

também é uma área <strong>de</strong> trabalho em expansão.<br />

Antropólogos, Educadores Ambientais ou<br />

movimentos <strong>de</strong> contra-cultura po<strong>de</strong>m abrir<br />

caminho <strong>para</strong> mais esse passo rumo à transformação<br />

e à consolidação <strong>de</strong> um grupo social<br />

enquanto comunida<strong>de</strong>. E a juventu<strong>de</strong>,<br />

com sua curiosida<strong>de</strong> e ânimo, po<strong>de</strong> participar<br />

ativamente da busca por i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s remanescentes<br />

– seja dos bera<strong>de</strong>iros, das fav<strong>el</strong>adas,<br />

dos ribeirinhos, das caboclas, dos quilombolas,<br />

dos brincantes <strong>de</strong> reizados, das canta<strong>de</strong>iras e<br />

reza<strong>de</strong>iras, das pantaneiras, dos seringueiros,<br />

dos gaúchos tradicionais, das manezinhas da<br />

ilha, das caiçaras, dos sertanejos, dos catadores<br />

do mangue – que só são esquecidas por<br />

nossa própria ignorância <strong>de</strong> sua riqueza. Você<br />

conhece algum <strong>de</strong>stes grupos?


Atuar <strong>para</strong> Hoje<br />

e <strong>para</strong> Mais Além<br />

225<br />

As impressões apresentadas por jovens brasileiros<br />

e brasileiras neste livro mostram um<br />

panorama da situação do meio ambiente, do<br />

Brasil visto por esse segmento social. Por um<br />

lado, são apresentados problemas ambientais<br />

e, por outro, transparecem iniciativas e<br />

soluções criadas <strong>para</strong> mitigar impactos negativos<br />

ou potencializar efeitos positivos da ação<br />

do ser humano.<br />

Estes jovens apresentam seus sentimentos e<br />

suas percepções em r<strong>el</strong>ação ao ambiente e,<br />

com isso, constroem panoramas do estado do<br />

meio ambiente em suas regiões <strong>de</strong> origem.<br />

Estes cenários, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> serem<br />

bons ou ruins, são parte da realida<strong>de</strong> cotidiana<br />

<strong>de</strong>stas juventu<strong>de</strong>s.<br />

Para um país <strong>de</strong> dimensões continentais como<br />

o Brasil, não é surpresa que se observem preocupações<br />

distintas entre jovens <strong>de</strong> diferentes<br />

regiões. Porém, o que parece ser unânime<br />

quando esta geração fala sobre meio ambiente<br />

é o fato <strong>de</strong> agregarem o fator social à<br />

temática ambiental.<br />

Esta constatação po<strong>de</strong> ser percebida p<strong>el</strong>a<br />

apresentação dos problemas, que são quase<br />

sempre gerados em conseqüência das ações<br />

dos seres humanos sobre o meio natural. E,<br />

também na implementação das soluções,<br />

alcançadas e criadas p<strong>el</strong>a mobilização <strong>de</strong><br />

pessoas, que <strong>el</strong>as giram em torno da união<br />

<strong>de</strong> temáticas ambientais, comunitárias e <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Desta forma, percebe-se que jovens indicam<br />

que os cenários apresentados são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

das pessoas, na esfera individual e<br />

governamental, pessoal e pública.<br />

Assim, ao imaginar quais são as perspectivas<br />

<strong>de</strong> futuro <strong>para</strong> o meio ambiente no Brasil, não<br />

se po<strong>de</strong> ignorar que ainda há ações realizadas<br />

em prol, e outras em <strong>de</strong>trimento, do ambiente.<br />

Assim, percebendo p<strong>el</strong>o menos estes dois<br />

lados, po<strong>de</strong>-se projetar as escolhas <strong>de</strong> hoje no<br />

tempo futuro e m<strong>el</strong>hor planejar os avanços<br />

– que, supomos, <strong>de</strong>vem buscar <strong>de</strong>sequilibrar<br />

a balança <strong>para</strong> que todas as ações levem em<br />

consi<strong>de</strong>ração o meio ambiente.<br />

Com r<strong>el</strong>ação às mudanças climáticas, jovens<br />

acreditam que haverá inúmeros benefícios<br />

caso se <strong>de</strong>cida por buscar fontes mais limpas e<br />

renováveis <strong>para</strong> o suprimento das necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> energia, diminuindo, assim, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis utilizados. Os mecanismos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento limpo, recentes e,<br />

também por isso, questionáveis, se apresentam<br />

como oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> o financiamento<br />

<strong>de</strong> projetos que visem ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentáv<strong>el</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s inteiras.<br />

Os gestores públicos <strong>de</strong>vem estar atentos ao<br />

tema, promovendo condições nas quais as<br />

comunida<strong>de</strong>s, grupos ambientalistas, universida<strong>de</strong>s<br />

e empresários possam compreen<strong>de</strong>r<br />

e se beneficiar <strong>de</strong>stes mecanismos, gerando<br />

uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> gases<br />

<strong>de</strong> efeito estufa.<br />

P<strong>el</strong>a visão das juventu<strong>de</strong>s, a Amazônia – juntamente<br />

com sua rica biodiversida<strong>de</strong> e seus<br />

abundantes recursos naturais – po<strong>de</strong> sofrer<br />

danos severos e irreversíveis caso não haja<br />

um rígido controle das ativida<strong>de</strong>s realizadas<br />

naqu<strong>el</strong>a região.


226<br />

A expansão da fronteira agrícola (impulsionada<br />

p<strong>el</strong>o mercado <strong>de</strong> grãos e <strong>de</strong> carnes,<br />

com alto grau <strong>de</strong> mecanização, intenso uso<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas e drástica alteração<br />

no uso do solo), a extração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e<br />

o aproveitamento do potencial hídrico da<br />

região <strong>para</strong> geração <strong>de</strong> <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong> vêm<br />

impondo forte pressão sobre o sócio-ecossistema<br />

amazônico. Isto po<strong>de</strong> levar – como já tem<br />

levado – à diminuição da área <strong>de</strong> florestas,<br />

com conseqüente aumento <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong><br />

gases <strong>de</strong> efeito estufa; à redução <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>sequilibrando os ecossistemas e<br />

causando a perda do potencial genético da<br />

região; a conflitos com comunida<strong>de</strong>s indígenas,<br />

seringueiras ou ribeirinhas; e à retirada<br />

do homem do campo, causando mais pressão<br />

sobre as áreas urbanas.<br />

Jovens cobram dos gestores ações rápidas<br />

e firmes <strong>para</strong> o trato <strong>de</strong>stes assuntos, pois<br />

acreditam serem urgentes a formulação e a<br />

implementação <strong>de</strong> políticas que garantam o<br />

uso dos recursos existentes na Amazônia, sem<br />

que isso signifique a <strong>de</strong>struição da própria<br />

Amazônia. Busca-se, <strong>de</strong>sta forma, a conservação<br />

da floresta sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> usar o que<br />

<strong>el</strong>a tem <strong>para</strong> oferecer e sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> respeitar<br />

sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte.<br />

Existe uma ostensiva preocupação com a<br />

manutenção da qualida<strong>de</strong> dos recursos hídricos,<br />

indicada p<strong>el</strong>a freqüência <strong>de</strong> menções e<br />

<strong>de</strong> expressões <strong>de</strong> jovens. Caso sejam mantidas<br />

diversas práticas nocivas, persistirá a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os rios morram. Práticas<br />

como queimadas nas cabeceiras dos rios e remoção<br />

da cobertura vegetal ao longo <strong>de</strong> suas<br />

margens po<strong>de</strong>m levar os cursos d’água a per<strong>de</strong>rem<br />

sua força – a terem sua vazão diminuída<br />

– o que comprometeria seu uso até mesmo<br />

<strong>para</strong> irrigação. Além disso, o <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong>scontrolado<br />

<strong>de</strong> rejeitos industriais e urbanos nos<br />

rios po<strong>de</strong> torná-los inapropriados <strong>para</strong> o<br />

suprimento <strong>de</strong> água <strong>para</strong> consumo humano<br />

ou <strong>para</strong> pesca.<br />

Cabe aos gestores, aumentando a fiscalização<br />

junto a fazendas, indústrias, e populações<br />

que, <strong>de</strong> alguma forma, se utilizam dos rios<br />

e <strong>de</strong> suas águas, garantir o atendimento às<br />

normas existentes. Tanto as <strong>de</strong>núncias quanto,<br />

e principalmente, o envolvimento e a participação<br />

das comunida<strong>de</strong>s afetadas, po<strong>de</strong>m<br />

garantir maior eficácia nessa complexa tarefa<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as normas e <strong>de</strong> fiscalizá-las.<br />

As cida<strong>de</strong>s, ambiente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da<br />

população jovem, não ficaram esquecidas.<br />

Jovens urbanos sofrem diariamente com inchaço<br />

<strong>de</strong> sua localida<strong>de</strong>. É nas cida<strong>de</strong>s que as<br />

distâncias sociais se mostram mais evi<strong>de</strong>ntes<br />

– e são expressadas <strong>de</strong> modo mais polarizado.<br />

Crescimento <strong>de</strong> fav<strong>el</strong>as, ocupação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada<br />

do espaço urbano, trânsito cada vez<br />

mais caótico, <strong>de</strong>semprego, poluição do ar, violência.<br />

Este é o cenário vivido por jovens nas<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. E o que muito preocupa este<br />

segmento é que há poucas saídas <strong>para</strong> que<br />

esta situação mu<strong>de</strong> <strong>para</strong> a que se almeja.<br />

Para inverter esta perspectiva, jovens cobram<br />

dos tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ações duradouras,<br />

comprometidas com a verda<strong>de</strong>ira m<strong>el</strong>hora das<br />

condições <strong>de</strong> vida nas cida<strong>de</strong>s. A <strong>el</strong>aboração<br />

e a execução <strong>de</strong> planos diretores <strong>de</strong> forma<br />

participativa, a criação <strong>de</strong> mecanismos que


227<br />

possibilitem maior participação econômica,<br />

cultural e social das populações urbanas, além<br />

da ampliação do senso <strong>de</strong> pertencimento a<br />

uma comunida<strong>de</strong> são ações que, ainda <strong>de</strong><br />

forma incipiente, com<strong>para</strong>da à <strong>de</strong>manda<br />

populacional, já ocorrem e precisam, urgentemente,<br />

<strong>de</strong> reforço público.<br />

Nas cida<strong>de</strong>s também é intensa a produção<br />

<strong>de</strong> lixo e o consumo <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> materiais<br />

– nem sempre renováveis ou recicláveis.<br />

Existe a atenção da juventu<strong>de</strong> quanto à quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> resíduos gerados p<strong>el</strong>o metabolismo<br />

urbano. Ton<strong>el</strong>adas <strong>de</strong> lixo são geradas diariamente<br />

e dispostas em locais pouco pre<strong>para</strong>dos<br />

ou apropriados <strong>para</strong> isso.<br />

Jovens esperam que sejam <strong>de</strong>senvolvidas<br />

políticas contemplando a questão do lixo,<br />

seja p<strong>el</strong>a implantação <strong>de</strong> coleta s<strong>el</strong>etiva, p<strong>el</strong>a<br />

organização e m<strong>el</strong>hora das condições <strong>de</strong><br />

trabalho <strong>de</strong> catadores e, até mesmo, p<strong>el</strong>a<br />

promoção <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong><br />

energia originária do lixo. Para além disto,<br />

espera-se que os gestores se sensibilizem <strong>para</strong><br />

a diminuição do consumo nesta faixa etária<br />

e procurem formas <strong>de</strong> aumentar discussões<br />

sobre comércio justo, consumo consciente e<br />

diminuição da produção massificada.<br />

As impressões <strong>de</strong> jovens trazidas neste livro<br />

mostram que estão atentos aos caminhos que<br />

o Brasil po<strong>de</strong> tomar e às implicações ambientais<br />

<strong>de</strong>ssas escolhas. Cenários mais pessimistas<br />

indicam a continuação do aumento <strong>de</strong> problemas<br />

r<strong>el</strong>acionados à má qualida<strong>de</strong> do ambiente<br />

natural e conseqüente comprometimento da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas. Estes cenários<br />

po<strong>de</strong>m se tornar realida<strong>de</strong> caso sejam tomadas<br />

<strong>de</strong>cisões erradas ou, em muitos casos, se<br />

nenhuma <strong>de</strong>cisão for tomada.<br />

No entanto, haverá um cenário mais otimista<br />

se atitu<strong>de</strong>s forem tomadas no sentido <strong>de</strong> frear<br />

a pressão e a <strong>de</strong>gradação impostas ao meio<br />

natural p<strong>el</strong>as ativida<strong>de</strong>s humanas.<br />

A ampliação da pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visões<br />

sobre os possíveis caminhos po<strong>de</strong> favorecer<br />

o surgimento <strong>de</strong> soluções mais abrangentes e<br />

diversas, facilitando o acerto das <strong>de</strong>cisões que<br />

visam ao bem coletivo. Mas, principalmente,<br />

<strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração os afetados ou<br />

beneficiados p<strong>el</strong>a <strong>de</strong>cisão. E, buscando eficácia<br />

na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, po<strong>de</strong>-se tentar prever,<br />

a partir do histórico dos passos anteriores, o<br />

passo seguinte do caminho – promovendo<br />

o encontro <strong>de</strong> gerações e <strong>de</strong> expectativas e<br />

buscando formas <strong>de</strong> calcular os riscos.<br />

Há que se encontrar, finalmente, justo balanço<br />

na intervenção do ser humano na natureza ao<br />

buscar n<strong>el</strong>a o suprimento <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s<br />

materiais e energéticas.<br />

A imprevisibilida<strong>de</strong> e a irreversibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

nossas ações não <strong>de</strong>vem nos impedir <strong>de</strong><br />

querer agir <strong>para</strong> a reconfiguração constante<br />

do cenário real. Antes <strong>de</strong> imaginar que <strong>el</strong>e<br />

po<strong>de</strong> ser catastrófico ou bastante romântico,<br />

convém pensar que <strong>el</strong>e é real e criado aos<br />

poucos, com muitos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hoje e a cada dia.<br />

[Mariana Lima]


228<br />

Jovens em Ação<br />

Nesta publicação pu<strong>de</strong>mos observar um<br />

pouco das idéias e dos sentimentos <strong>de</strong> jovens<br />

brasileiros e brasileiras sobre o meio ambiente.<br />

Lemos suas poesias, vimos seus <strong>de</strong>senhos, viajamos<br />

através <strong>de</strong> suas fotos e <strong>de</strong>sfrutamos <strong>de</strong><br />

suas opiniões.<br />

Nesta parte do livro apresentaremos alguns<br />

<strong>de</strong>stes e <strong>de</strong>stas jovens, buscando enten<strong>de</strong>r<br />

suas motivações, seus trabalhos, seus sonhos.<br />

Vamos tentar <strong>de</strong>scobrir on<strong>de</strong>, quando<br />

e porque <strong>el</strong>es <strong>de</strong>spertaram <strong>para</strong> essa vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> construir um mundo on<strong>de</strong> exista inteireza<br />

e integração entre pessoas e meio ambiente.<br />

São 12 jovens ambientalistas e ativistas sociais,<br />

todos da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jovens Focais e Membros do<br />

Grupo GEO e, também, do Cons<strong>el</strong>ho Editorial<br />

<strong>de</strong>sta publicação. Ativos em suas comunida<strong>de</strong>s,<br />

neste momento nos trazem um pouco<br />

dos seus sorrisos, do seu trabalho e do brilho<br />

dos seus olhos através <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos diretos,<br />

pessoais e apaixonantes.<br />

A palavra está com <strong>el</strong>es! Inspire-se!<br />

Carolina Campos, 23 anos | B<strong>el</strong>o Horizonte/MG<br />

Sempre adorei estar<br />

com a natureza. Já o<br />

gosto p<strong>el</strong>o trabalho socioambiental<br />

surgiu <strong>de</strong><br />

forma curiosa. Um amigo<br />

me convidou <strong>para</strong> participar<br />

da organização <strong>de</strong> um encontro <strong>de</strong> meio ambiente<br />

na faculda<strong>de</strong>, junto com um grupo <strong>de</strong><br />

estudantes <strong>de</strong> engenharia ambiental.<br />

Aceitei o <strong>de</strong>safio e realizamos um maravilhoso<br />

evento! Foi aí que nasceu a ONG 4 Cantos do<br />

Mundo, na qual <strong>de</strong>scobri outras formas <strong>de</strong><br />

manifestar meu amor p<strong>el</strong>a natureza, não apenas<br />

nos banhos <strong>de</strong> cachoeira e nos esportes<br />

nas montanhas. Durante o processo da I Conferência<br />

Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong> tive a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e participar do<br />

Fórum Brasileiro <strong>de</strong> ONGs e Movimentos<br />

Sociais p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Desenvolvimento<br />

– FBOMS.<br />

Participar da Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, do Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong><br />

<strong>de</strong> Minas Gerais, e das iniciativas do<br />

Órgão Gestor da Política Nacional <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental – as Conferências Infanto-Juvenis<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e o <strong>Programa</strong> Vamos Cuidar<br />

do Brasil com as Escolas – também marcaram<br />

minha história por meio da conquista<br />

<strong>de</strong> aprendizados, amigos e parceiros. Para ser<br />

um jovem em ação é preciso amar o trabalho<br />

socioambiental. E amar verda<strong>de</strong>iramente,<br />

daqu<strong>el</strong>e jeito que você <strong>de</strong>dica, esforça e se<br />

arrisca sem medo <strong>de</strong> sofrer ou <strong>de</strong> ser f<strong>el</strong>iz.


229<br />

Isab<strong>el</strong>a Codolo <strong>de</strong> Lucena, 21 anos | Cuiabá/MT<br />

O respeito à natureza<br />

e o <strong>de</strong>scontentamento<br />

com<br />

que nós a tratamos<br />

foram <strong>de</strong>cisivos <strong>para</strong> o<br />

aprofundar-me no estudo<br />

biológico e, <strong>de</strong>ste, <strong>para</strong> o estágio em trilhas<br />

zoobotânicas – UFMT. No estágio adquiri argumentação<br />

teórica, e base <strong>para</strong> participar<br />

ativamente <strong>de</strong> iniciativas dos Ministérios da<br />

Educação e do Meio <strong>Ambiente</strong>, como a I Conferencia<br />

Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, a formação dos coletivos jovens e<br />

a Comissão <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Vida na Escola – COM-VIDA. As ações conjuntas<br />

com jovens <strong>de</strong> todo o Brasil fortaleceram o<br />

meu pensamento: realmente posso colaborar,<br />

fazer algo benéfico ao ambiente, à vida!<br />

Juca Cunha, 25 anos | Salvador/BA<br />

Aprendi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno que cuidar da natureza<br />

faz bem <strong>para</strong> os nossos sonhos! Essa<br />

educação familiar é <strong>de</strong>terminante <strong>para</strong> já nascer<br />

movido a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o Meio <strong>Ambiente</strong>. Ter<br />

mãe e pai como sócios fundadores do Gambá<br />

– Grupo Ambientalista da Bahia faz com que<br />

eu me torne naturalmente um voluntário,<br />

mobilizando jovens, estudantes e amigos,<br />

coor<strong>de</strong>nando campanhas, acompanhando as<br />

políticas públicas, participando <strong>de</strong> seminários<br />

e <strong>de</strong> conferências.<br />

e como gerente geral<br />

da loja Toca. Também<br />

trabalho na articulação<br />

<strong>de</strong> indivíduos,<br />

organizações e agentes<br />

econômicos e sociais <strong>para</strong><br />

sensibilização ambiental, na formação <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>ias produtivas ambientalmente responsáveis<br />

e no acompanhamento das Políticas<br />

Públicas <strong>para</strong> educação ambiental, consumo<br />

sustentáv<strong>el</strong> e juventu<strong>de</strong>.<br />

Movido p<strong>el</strong>a articulação, inquieto em buscar<br />

sempre os espaços e momentos <strong>de</strong> troca <strong>de</strong><br />

conhecimento e difundir as informações, participei<br />

<strong>de</strong> momentos marcantes <strong>de</strong> articulação<br />

como a ECO 92 no Rio; o Fórum Social Mundial;<br />

a Conferencia Mundial <strong>para</strong> o Desenvolvimento<br />

Sustentáv<strong>el</strong> – RIO+10 e a Romaria p<strong>el</strong>a<br />

revitalização o Rio São Francisco.<br />

Economista, ajo pesquisando o agente<br />

econômico “consumo”, como microempresário<br />

Hoje, <strong>de</strong>senvolvo ainda as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>: Cons<strong>el</strong>heiro<br />

Consultivo do Gambá; membro do<br />

Pegada Jovem; membro da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong><br />

– REJUMA; membro da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental da Bahia – REABA; membro e facilitador<br />

do Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

do Fórum Brasileiro <strong>de</strong> ONG`s e Movimentos<br />

Sociais – FBOMS; além <strong>de</strong> exercer também o<br />

cargo <strong>de</strong> suplente no Cons<strong>el</strong>ho Nacional <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> – CONJUVE p<strong>el</strong>a REJUMA.


230<br />

Mariana Santana, 25 anos | Salvador/BA<br />

Comecei participando<br />

como voluntária do<br />

Grupo Ambientalista<br />

da Bahia – Gambá<br />

na campanha contra o<br />

<strong>de</strong>smatamento da Mata<br />

Atlântica. Des<strong>de</strong> então, 2001, estou ligada à<br />

causa ambiental. Atuo na Educação Ambiental<br />

(EA) com projetos. Sou do Coletivo Jovem<br />

<strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> da Bahia. O grupo surgiu<br />

<strong>para</strong> mobilizar escolas <strong>para</strong> a I Conferência<br />

Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>.<br />

A partir <strong>de</strong> então mais jovens da Bahia se<br />

envolveram em ações <strong>de</strong> EA. Realizamos o<br />

I Encontro da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>-<br />

BA. Desta atuação conseguimos representação<br />

da juventu<strong>de</strong> na Comissão Interinstitucional<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental-BA – CIEA. Sou a<br />

representante dos jovens nesta comissão.<br />

Para a minha trajetória o apoio do Gambá<br />

foi e continua sendo essencial. Participe <strong>de</strong>sta<br />

caminhada também.<br />

Marcos Mesquita, 23 anos | São Luís/MA<br />

Incentivado indiretamente por meu pai e minha<br />

vó (in memorian), on<strong>de</strong> estava em contato<br />

direto com o ambiente, sentia a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> interagir. Iniciei a jornada com a Pastoral<br />

da Juventu<strong>de</strong>, em seguida ingressei no<br />

Movimento Escoteiro, adquirindo com estes,<br />

valores morais, int<strong>el</strong>ectuais e espirituais.<br />

Em 2001, ingressei no Curso <strong>de</strong> Bachar<strong>el</strong>ado<br />

em Ciências Aquáticas da UFMA, o que me<br />

<strong>de</strong>u suporte <strong>para</strong> trabalhar com a temática<br />

socioambiental e política,<br />

pois fiz parte do<br />

Centro Acadêmico.<br />

Após ler o livro A<br />

Águia e a Galinha do<br />

Leonardo Boff, me <strong>de</strong>i<br />

conta que teria <strong>de</strong> ser águia, e só agindo faria<br />

acontecer. Graças às inquietações que surgiram<br />

com coisas erradas, pu<strong>de</strong> buscar soluções<br />

por meio <strong>de</strong> ações.<br />

Luis Ricardo Araújo, 20 anos | Aracaju/SE<br />

Como qualquer jovem,<br />

fui sempre cheio <strong>de</strong><br />

dúvidas e vonta<strong>de</strong>s,<br />

queria fazer mais do<br />

que podia. Ousadia é<br />

algo que nunca me faltou,<br />

confesso que algumas vezes eu não soube<br />

administrá-la, mas nada muito anormal <strong>para</strong><br />

um jovem.<br />

Foi na questão socioambiental on<strong>de</strong> resolvi<br />

concentrar minha ousadia e ação. Minha<br />

principal inspiração e paixão é o Centro <strong>de</strong><br />

Pesquisas Ecológicas Culturais e Sociais –<br />

CEPECS-Brasil, on<strong>de</strong> tenho espaço <strong>para</strong> manifestar-me,<br />

on<strong>de</strong> tenho oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

colocar minhas idéias em prática e, o principal,<br />

on<strong>de</strong> tenho amigos que topam me ajudar a<br />

qualquer hora.


231<br />

Sou Jovem em Ação, não por buscar ser ambientalista,<br />

ecologista ou ativista, apenas por<br />

buscar cumprir meu pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> ser humano e<br />

por lutar <strong>para</strong> que cada vez mais pessoas possam<br />

fazer o seu.<br />

SABRINA AMARAL, 26 anos | TAQUARA/RS<br />

Sou educadora nas<br />

séries iniciais e finais<br />

do Ensino Fundamental<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong><br />

1996. Foi nesta época<br />

que <strong>de</strong>spertei com maior<br />

criticida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a origem ambiental das problemáticas<br />

que me cercavam.<br />

Observando a origem <strong>de</strong> todas estas problemáticas,<br />

juntei-me a moradores <strong>de</strong> minha<br />

localida<strong>de</strong> e fundamos a ONG Grupo<br />

Agroecológico Terra Viva, com a qual trabalhei<br />

durante 5 anos.<br />

Em 2002, senti a necessida<strong>de</strong> da troca e divulgação<br />

<strong>de</strong>stes trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos no<br />

município e participei da criação do Coletivo<br />

<strong>de</strong> Educadores Ambientais <strong>de</strong> Parobé – CEAP,<br />

no qual trabalho hoje como coor<strong>de</strong>nadora<br />

geral, e, aten<strong>de</strong>ndo a uma angústia pessoal,<br />

ingressei na graduação no curso <strong>de</strong> licenciatura<br />

em Ciências Biológicas. Ainda neste<br />

ano, formei-me na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong><br />

Taquara, com o trabalho intitulado “Ecopedagogia<br />

– Refundamentando a educação na Era<br />

Planetária”, o qual foi editado como livro p<strong>el</strong>a<br />

editora da faculda<strong>de</strong> no ano seguinte.<br />

Acredito que todas estas construções profissionais<br />

e pessoais me levaram a participar<br />

do processo <strong>de</strong> organização da I Conferência<br />

Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> no<br />

estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o que me levou<br />

a participar do <strong>Programa</strong> Vamos Cuidar do<br />

Brasil com as escolas como Formadora II e, no<br />

ano <strong>de</strong> 2005, a ingressar no Coletivo Jovem <strong>de</strong><br />

Meio <strong>Ambiente</strong> do estado.<br />

Creio que objetivar é um dos primeiros passos<br />

<strong>para</strong> se conquistar, porém partilhar objetivos<br />

já é uma conquista. Por este motivo acredito<br />

no potencial da juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> se unir, criar,<br />

recriar e enfim conquistar metas pessoais,<br />

políticas ou ambientais, entre outras.<br />

MURILLO MARTINS, 25 anos | PIRACICABA/SP<br />

O interesse por tudo isso surgiu com meu<br />

envolvimento no Movimento Escoteiro, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1992. De lá pra cá participei <strong>de</strong> alguns fóruns e<br />

fiz parte da equipe que i<strong>de</strong>alizou e implantou<br />

a primeira Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Jovens Lí<strong>de</strong>res da<br />

UEB. Com isso, tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer<br />

diversas organizações e seus respectivos<br />

trabalhos. Fiz contato<br />

com alguns grupos que<br />

me auxiliaram muito<br />

nesse caminho <strong>de</strong>vido<br />

à troca <strong>de</strong> informações.<br />

Ao enten<strong>de</strong>r que existe um potencial jovem


232<br />

que po<strong>de</strong> transformar a realida<strong>de</strong>, abracei a<br />

causa e percebi que a peça fundamental pra<br />

que isso seja verda<strong>de</strong>iro são os ambientes<br />

criados <strong>para</strong> troca <strong>de</strong> informações e disseminação<br />

<strong>de</strong> novas idéias.<br />

Fernanda Dorta, 23 anos | Curitiba/PR<br />

Sou humana, sou a<br />

terra, a água, o ar, o<br />

fogo, sou você.<br />

Eu sou o planeta. E sou<br />

uma cidadã do planeta.<br />

Sempre busquei <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim uma força<br />

<strong>de</strong> paz, uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> contagiar as pessoas<br />

com coisas boas.<br />

A causa ambiental, <strong>para</strong> mim, surgiu com esse<br />

propósito <strong>de</strong> fazer com que o mundo se torne<br />

m<strong>el</strong>hor, não só <strong>para</strong> os seres humanos, mas<br />

<strong>para</strong> todo meio e ambiente que nos cerca. Por<br />

isso, abracei a causa entrando em um movimento<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o meio ambiente e,<br />

hoje, mais do que nunca, me sinto comprometida<br />

em realizar a conexão da mãe Terra<br />

com todos os seres existentes.<br />

Tenho comigo uma certeza, a <strong>de</strong> que sozinha<br />

não conseguirei realizar a transformação <strong>para</strong><br />

essa consciência, porque a consciência <strong>de</strong> cada<br />

um <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>spertar do sonho <strong>de</strong> cada um, <strong>de</strong><br />

algo que sensibilize por um simples gesto.<br />

Geovani Kezokenaece Paresi,<br />

21 anos | Tangará da Serra/MS<br />

Indígena da etnia Paresi, moro na terra indígena<br />

rio Formoso, no estado <strong>de</strong> Mato Grosso,<br />

município <strong>de</strong> Tangará da Serra. Saí da al<strong>de</strong>ia<br />

com o objetivo <strong>de</strong> buscar outros e novos<br />

conhecimentos da socieda<strong>de</strong> não-indígena<br />

<strong>para</strong> m<strong>el</strong>hor envolvimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

das ativida<strong>de</strong>s/projetos voltados a interesse<br />

das comunida<strong>de</strong>s indígenas locais.<br />

Quando morava na cida<strong>de</strong> sempre tive<br />

sonho <strong>de</strong> voltar <strong>para</strong> a minha al<strong>de</strong>ia e trabalhar<br />

com meu povo, porque os projetos que<br />

chegam às al<strong>de</strong>ias não tinham participação das<br />

comunida<strong>de</strong>s na formulação e muito menos<br />

na capacitação dos indígenas envolvidos, por<br />

isso, a execução era feita <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sorganizada<br />

e, por fim,<br />

as comunida<strong>de</strong>s afetadas<br />

não obtinham<br />

nenhum resultado positivo.<br />

Hoje nós, jovens<br />

indígenas, estamos em busca <strong>de</strong> novas alternativas<br />

sustentáveis <strong>para</strong> fortalecer a nossa<br />

cultura tradicional e, principalmente, participando<br />

<strong>de</strong> eventos como discussões voltadas ao<br />

meio ambiente, <strong>para</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o pouquinho<br />

do espaço natural que temos no nosso local<br />

<strong>de</strong> convívio.<br />

Quando nascemos, o espírito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o<br />

meio ambiente natural já nasce naturalmente<br />

com nós. Porque o meio ambiente natural é o


233<br />

espaço <strong>de</strong> fortalecimento cosmológico do meu<br />

povo, bem como dos outros povos indígenas.<br />

Trabalho na minha al<strong>de</strong>ia numa escola indígena<br />

diferenciada e específica – que aten<strong>de</strong><br />

as <strong>de</strong>mandas na própria al<strong>de</strong>ia, ensinando<br />

o ensino tradicional e o não-tradicional – e<br />

também como educador ambiental indígena<br />

voluntário, que já está dando subsídios <strong>para</strong><br />

pensar e formular novos projetos sustentáveis<br />

<strong>para</strong> o fortalecimento da cultura tradicional<br />

no próprio habitat.<br />

E também, nós, jovens indígenas Paresi, estamos<br />

organizando e pre<strong>para</strong>ndo <strong>para</strong> promover<br />

encontros <strong>de</strong> Educação Ambiental Indígena<br />

Paresi. Através <strong>de</strong>stes eventos sonhamos<br />

criar nossa organização social <strong>para</strong> interagir<br />

junto com os outros organismos juvenis do<br />

Brasil e do mundo. Por isso, companheiros e<br />

companheiras que irão ler o livro GEO Juvenil<br />

Brasil, é esta a mensagem: precisamos interagir<br />

juntos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> nossas diferenças,<br />

<strong>para</strong> que possamos construir o verda<strong>de</strong>iro<br />

Brasil que sonhamos. Porque quando <strong>de</strong>sconhecemos<br />

as nossas diferenças, acabamos enfraquecendo<br />

nossas idéias, nossos projetos e<br />

principalmente a nossa força política.<br />

Rang<strong>el</strong> Arthur Mohedano, 26 anos | São Paulo/SP<br />

Comecei a trabalhar<br />

com as questões socioambientais<br />

na<br />

adolescência, <strong>de</strong>vido<br />

ao intenso “estudo <strong>de</strong><br />

mim” ao qual me <strong>de</strong>diquei<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Foi a busca no mundo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro p<strong>el</strong>a compreensão das minhas habilida<strong>de</strong>s,<br />

vonta<strong>de</strong>s, responsabilida<strong>de</strong>s e funções<br />

que me levou a querer cuidar do mundo <strong>de</strong><br />

todos nós.<br />

Esta percepção cultiva enorme espírito <strong>de</strong> partilha<br />

e participação. E foi nesse espírito que<br />

surgiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partilhar meu sonho<br />

<strong>de</strong> “cuidar do mundo” com pessoas que compartilhavam<br />

<strong>de</strong>sta necessida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ste sonho.<br />

No dia 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1999, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

6 meses <strong>de</strong> muitas noites em claro, numa<br />

reunião com duas amigas <strong>para</strong> partilhar estes<br />

“sonhos”, surgiu o Projeto Organismo. Por<br />

2 anos o Projeto Organismo, que chegou a<br />

contar com 30 jovens, atuou em São Paulo em<br />

cerca <strong>de</strong> 10 instituições <strong>de</strong> ensino, assistência<br />

social e educação ambiental com apresentações<br />

músico-teatrais <strong>para</strong> a sensibilização<br />

socioambiental, trazendo a percepção <strong>de</strong> que<br />

nós, pessoas, cida<strong>de</strong>s, escolas, i<strong>de</strong>ais, sistemas<br />

econômicos, problemas e soluções fazemos<br />

parte <strong>de</strong> um Organismo maior.<br />

Em 2001, um grupo <strong>de</strong> membros do Projeto<br />

Organismo fundou o Instituto SincroniCida<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> a Interação Social – ISPIS. Através do ISPIS<br />

passamos a participar <strong>de</strong> diversos espaços que<br />

pensam e fazem Educação <strong>para</strong> a Sutentabilida<strong>de</strong>.<br />

Fórum Social Mundial, Fóruns <strong>de</strong><br />

Educação, Encontros, Seminários, Conferências<br />

e, <strong>de</strong>ntre a infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações,<br />

contatos, linhas <strong>de</strong> pensamento e trabalho<br />

que vão se apresentando nesses espaços, alguns<br />

caminhos foram se construindo e dando<br />

vazão aos meus sonhos. Coletivo Jovem <strong>de</strong>


234<br />

Meio <strong>Ambiente</strong>, Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e a Re<strong>de</strong> da<br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong><br />

- REJUMA. Hoje integro também o Cons<strong>el</strong>ho<br />

Nacional <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong>, representando<br />

a REJUMA, orientando políticas públicas <strong>de</strong>/<br />

<strong>para</strong>/com as Juventu<strong>de</strong>s.<br />

Fábio An<strong>de</strong>rson Rodrigues Pena,<br />

25 anos | Santarém/PA<br />

Nasci na Amazônia, na<br />

comunida<strong>de</strong> ribeirinha<br />

Carariacá, às margens<br />

do rio Amazonas. Num<br />

contexto tão rico por sua<br />

gente e p<strong>el</strong>a gran<strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, porém<br />

com problemas socioambientais graves, como<br />

a falta <strong>de</strong> assistência básica à saú<strong>de</strong>, educação<br />

precária, <strong>de</strong>struição do ambiente natural,<br />

graves conflitos p<strong>el</strong>a posse da terra, isolamento,<br />

tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança <strong>de</strong> partici-<br />

par das ações da ONG Projeto Saú<strong>de</strong> e Alegria.<br />

Aos 16 anos fui repórter comunitário da Re<strong>de</strong><br />

Mocoronga, trabalho da própria ONG <strong>para</strong> estimular<br />

a participação comunitária dos jovens<br />

através da comunicação. Assim, produzindo<br />

informações sobre minha realida<strong>de</strong>, fui tendo<br />

contato com outros movimentos juvenis,<br />

conhecendo m<strong>el</strong>hor os problemas da região<br />

e fortalecendo minha luta em favor <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento justo e sustentáv<strong>el</strong> <strong>para</strong> a<br />

Amazônia.<br />

[Mariana Lima]


Cartografia impressa da<br />

expressão do sonho<br />

235<br />

Ao darmos início a essa viagem p<strong>el</strong>o Brasil<br />

procurávamos proporcionar a jovens e a<br />

organizações <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressar suas ativida<strong>de</strong>s, opiniões e idéias<br />

r<strong>el</strong>acionadas ao meio ambiente em que vivem<br />

e convivem. Nessa bagagem acumulada ao<br />

longo <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong> projeto encontram-se<br />

<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> organizações, várias inovadoras<br />

propostas <strong>de</strong> ação e alguns problemas comuns<br />

e <strong>de</strong>safiadores. Agora que você viajou conosco<br />

por nosso país, que tal voltar algumas páginas,<br />

i<strong>de</strong>ntificar pessoas com as quais você quer<br />

entrar em contato, enumerar ações que você<br />

po<strong>de</strong> reeditar, lembrar-se <strong>de</strong> histórias <strong>para</strong><br />

compartilhar? Não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>re os espaços<br />

vazios <strong>de</strong> ocupação e <strong>de</strong> intervenção, no livro<br />

e em sua comunida<strong>de</strong>. A nossa perspectiva é<br />

<strong>de</strong> que ainda há muito a fazer!<br />

Para implementarmos o GEO Juvenil Brasil,<br />

criamos um projeto brasileiro, executado p<strong>el</strong>o<br />

Grupo Interagir, organização constituída por<br />

jovens, <strong>de</strong> atuação local, que <strong>de</strong>cidiu correr os<br />

riscos <strong>de</strong> buscar impressões em vários pontos<br />

país e <strong>de</strong> compartilhar diferentes formas <strong>de</strong> expressão<br />

<strong>de</strong> algumas juventu<strong>de</strong>s. Por outro lado,<br />

esta ONG assumiu também os compromissos<br />

com a impermanência e com a contemporaneida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sse segmento jovem. Procuramos valorizar<br />

as mudanças <strong>de</strong> planos e as adaptações<br />

e atualizações necessárias, muitas vezes em<br />

virtu<strong>de</strong> do fato <strong>de</strong> que a própria juventu<strong>de</strong><br />

está em constante mudança e adaptação,<br />

atualizando o seu próprio mundo. Em outras<br />

palavras, acreditamos que a importância<br />

e a qualida<strong>de</strong> das opiniões e das ações das<br />

juventu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam ser registradas, apesar<br />

<strong>de</strong> notar que muitos dos jovens que <strong>de</strong>ram<br />

início ao projeto, por exemplo, <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong><br />

ser jovens ao longo<br />

do processo. Apostamos<br />

que este<br />

balanço entre a<br />

rigi<strong>de</strong>z do registro<br />

e flui<strong>de</strong>z das vonta<strong>de</strong>s<br />

seria possív<strong>el</strong><br />

e necessário,<br />

<strong>para</strong> que tivéssemos<br />

um processo<br />

“com a nossa<br />

cara”.<br />

Des<strong>de</strong> 2003, durante<br />

vários meses,<br />

as idéias que<br />

comporiam este<br />

projeto foram <strong>de</strong>senhadas e digeridas. mos <strong>de</strong> sonhar. Finalmente, em outubro <strong>de</strong><br />

Tive-<br />

2004, <strong>de</strong>mos início às ativida<strong>de</strong>s que nos<br />

fizeram perseguir a utopia, nos botando<br />

em plena marcha. Tivemos <strong>de</strong> compartilhar<br />

o sonho. Nos 24 meses seguintes, prazo<br />

em que compusemos esta publicação, passamos<br />

a realizar o sonho – não sem choques<br />

entre o i<strong>de</strong>alismo e a realida<strong>de</strong>. Procuramos<br />

parceiros <strong>para</strong> gerar a continuida<strong>de</strong> das<br />

realizações. E fizemos isso não somente por<br />

cumplicida<strong>de</strong> ou por solidarieda<strong>de</strong>, mas, principalmente,<br />

por perceber uma potência, no<br />

universo <strong>de</strong> jovens socioambientalistas, a ser<br />

explorada e disseminada.<br />

O GEO Juvenil Brasil permitiu percorrer rotas<br />

traçadas p<strong>el</strong>os projetos <strong>de</strong> jovens, mostrou<br />

os caminhos das paixões <strong>de</strong> pessoas que querem<br />

ver seu mundo m<strong>el</strong>hor, apontou <strong>de</strong>stinos<br />

que estão sendo <strong>de</strong>cididos, em comunida<strong>de</strong>,<br />

por coletivos e organizações juvenis – e esta<br />

Reunião da equipe GEO no IIEJMA [Arquivo Interagir]


236<br />

publicação tem a intenção <strong>de</strong> registrar estes<br />

<strong>de</strong>stinos, caminhos e rotas. Ao fazermos isso,<br />

não temos a intenção <strong>de</strong> construir um mapa<br />

pronto, i<strong>de</strong>alizado e perfeito. Notamos que<br />

é o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar e <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, ou<br />

seja, o momento <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>r a nossa carta <strong>de</strong><br />

navegação, que importa.<br />

O mapeamento, que imobiliza, cria um<br />

<strong>de</strong>calque, uma figura que já não existe.<br />

A cartografia mantém a possibilida<strong>de</strong> do<br />

imprevisív<strong>el</strong>, do irregular, do invisív<strong>el</strong>. A<br />

cartografia permite que sejamos contemporâneos,<br />

contingentes e imanentes, como<br />

a juventu<strong>de</strong> vem-a-ser em seus movimentos.<br />

E esta publicação almeja ter feito uma<br />

das cartografias possíveis das vonta<strong>de</strong>s e das<br />

articulações das juventu<strong>de</strong>s socioambientalistas<br />

brasileiras. Mas, <strong>para</strong> além disso, com<br />

sua utilização, acréscimos do leitor e da leitora<br />

e a reedição singular <strong>de</strong> conteúdos e metodologias,<br />

outras cartografias serão precisas<br />

também – e idéias e ações serão, novamente,<br />

postas em movimento.<br />

E, com idéias em movimento, os movimentos<br />

criam mais idéias e ações. O projeto<br />

GEO Juvenil Brasil, como qualquer <strong>de</strong>stas<br />

ações, se mostrou eminentemente<br />

político e, pensado <strong>de</strong> forma pioneira,<br />

gerou-se no espaço público entre instituições<br />

governamentais – MMA, MEC,<br />

SNJ e FUNAI; organismos internacionais<br />

– PNUMA e PNUD; organizações<br />

nacionais – UEB e WWF-Brasil; e organizações<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

suas distintas<br />

visões, a pluralida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> opiniões inter-geracionais<br />

<strong>de</strong> ambientalistas,<br />

bem como<br />

a ampliação da integração<br />

<strong>de</strong>ntro da própria juventu<strong>de</strong><br />

permitiram que mais<br />

<strong>de</strong> 100 ativida<strong>de</strong>s fossem realizadas e regis-<br />

tradas, sensibilizando quase 15 mil pessoas<br />

<strong>para</strong> temas abordados p<strong>el</strong>o projeto. Como<br />

essa viagem foi feita por muitas pessoas, não<br />

há uma ativida<strong>de</strong> inicial nem uma final. Todas<br />

<strong>el</strong>as se entr<strong>el</strong>açam e se somam, pois têm o interesse<br />

comum <strong>de</strong> transformação. Assim, <strong>de</strong><br />

Norte a Sul, passando p<strong>el</strong>o Nor<strong>de</strong>ste, Centro-<br />

Oeste, Su<strong>de</strong>ste, mais <strong>de</strong> 100 organizações se<br />

envolveram. E o registro <strong>de</strong> todo esse material<br />

foi recolhido p<strong>el</strong>a parceria entre 10 instituições,<br />

p<strong>el</strong>a consolidação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> com 60 Jovens<br />

Focais e p<strong>el</strong>as coor<strong>de</strong>nações regionais dos 8<br />

membros que fizeram parte do Grupo GEO.<br />

Encontro do Grupo GEO, Brasília/DF [Arquivo Interagir]<br />

A aliança entre diferentes setores e


237<br />

O arranjo <strong>de</strong> todos esses números e a coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> todas essas pessoas, com suas capacida<strong>de</strong>s<br />

e necessida<strong>de</strong>s, parece complexo. Mas,<br />

imagine que serão cada vez mais imprevisíveis<br />

os resultados e as conexões das ações, da mesma<br />

forma como não se po<strong>de</strong>rão mais reverter<br />

processos que forem apropriados por outros<br />

agentes. Isto porque as ações são políticas<br />

e geradas nos espaços entre as pessoas – e é<br />

essa potência que percebemos, exploramos<br />

realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s; jovens fazee<br />

queremos disseminar, contando com você<br />

<strong>para</strong> tanto.<br />

Este chamado,<br />

<strong>para</strong><br />

assumirmos<br />

– e também<br />

você –<br />

<strong>de</strong><br />

mais esse comprometimento<br />

disseminação,<br />

reedição e<br />

utilização<br />

do<br />

livro, nos faz<br />

afirmar que a<br />

responsabilida<strong>de</strong><br />

diante <strong>de</strong>sta publicação<br />

po<strong>de</strong> ser<br />

entendida como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> darmos<br />

respostas – por exemplo, a partir das questões<br />

propostas p<strong>el</strong>os próprios jovens durante a<br />

viagem narrada no texto. Mas, como lidar com<br />

o conflito entre a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter todas<br />

as respostas e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

responsabilida<strong>de</strong>?<br />

Des<strong>de</strong> o princípio, nos vimos ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong><br />

questões sem<strong>el</strong>hantes. Talvez, as primeiras <strong>de</strong>las<br />

tenham sido, justamente, “como realizar<br />

esta cartografia sem estampar caricaturas ou<br />

estereótipos frágeis?” e “como mostrar a diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta juventu<strong>de</strong> e a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

suas ações, quando <strong>el</strong>as parecem se repetir?”.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que, assim, <strong>el</strong>as na realida<strong>de</strong> se<br />

amplificam, pois ainda mantêm justamente a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciação, já que não são<br />

idênticas e nem feitas p<strong>el</strong>as mesmas pessoas.<br />

Mais adiante, nos <strong>de</strong><strong>para</strong>mos com a dúvida<br />

sobre “como refletir os diversos ‘Brasis’, em<br />

suas tantas dimensões, que temos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

Gincana <strong>de</strong> Integração da APA <strong>de</strong><br />

Guaraqueçaba/PR. [Arquivo IBAMA/PR]<br />

nosso país?” Finalmente,<br />

ao perceber<br />

que já<br />

emergiam<br />

produtos<br />

do projeto,<br />

e que as<br />

soluções pareciam<br />

pequenas<br />

diante dos <strong>de</strong>safios<br />

apresentados,<br />

vimos<br />

surgir, alta e<br />

imponente, a<br />

questão<br />

<strong>de</strong><br />

“como <strong>de</strong>sin-<br />

visibilizar<br />

ações e grupos historicamente<br />

ocultados e <strong>de</strong>sobstruir caminhos<br />

e conexões impermeáveis ou exclu<strong>de</strong>ntes?”.<br />

Para além <strong>de</strong> respostas às questões, procuramos<br />

criar conceitos e <strong>de</strong>senvolver processos<br />

que pu<strong>de</strong>ssem caracterizar cada problema<br />

– além <strong>de</strong> ampliar nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber<br />

as distintas soluções.<br />

Neste processo <strong>de</strong> re-<strong>de</strong>scobrir o nosso país,<br />

i<strong>de</strong>ntificamos muitos jovens transformando a


238<br />

Ativida<strong>de</strong> GEO no III Encontrão Escoteiro,<br />

São Paulo/SP. [Arquivo Interagir]<br />

dores-<strong>de</strong>-políticas. Jovens que, apesar <strong>de</strong>ssa<br />

vonta<strong>de</strong> e por causa <strong>de</strong>la mesma, contam<br />

ainda com pouco apoio ou frágil reconhecimento<br />

<strong>para</strong> suas idéias. O suporte<br />

<strong>de</strong> que parece necessitar este movimento<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> ainda precisa ser condizente<br />

com o longo prazo exigido <strong>para</strong><br />

que se dêem vazão às ativida<strong>de</strong>s, consoantes<br />

tanto às necessida<strong>de</strong>s dos jovens e das jovens<br />

quanto às suas capacida<strong>de</strong>s – algumas vezes<br />

limitadas somente p<strong>el</strong>o <strong>de</strong>sejo contingente<br />

<strong>de</strong> experimentar o novo. Por fim, o reconhecimento<br />

– que não é necessário, mas <strong>de</strong>sejado<br />

– ten<strong>de</strong> a tornar-se esporádico, já que as vonta<strong>de</strong>s,<br />

ainda que inegáveis, são geralmente<br />

intercaladas com momentos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>cisão e <strong>de</strong><br />

irresponsabilida<strong>de</strong> – aqui entendida como a<br />

percepção <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos dar respostas<br />

<strong>para</strong> tudo o tempo todo.<br />

Consi<strong>de</strong>rando este cenário, esta publicação<br />

preten<strong>de</strong> ser referência na interconexão entre<br />

políticas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> meio ambiente.<br />

Como uma compilação <strong>de</strong> impressões<br />

– opiniões coletivas <strong>de</strong> jovens alicerçadas em<br />

práticas e vivências – e <strong>de</strong> dados, análises<br />

e metodologias técnico-científicas sobre a<br />

temática socioambiental é pioneira no Brasil.<br />

Mais ainda, esta publicação preten<strong>de</strong> ser<br />

referência na interconexão entre aquilo que é<br />

esperado do movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e o que<br />

este movimento quis e pô<strong>de</strong> realizar até agora<br />

– especialmente num universo em que poucas<br />

pessoas têm acesso aos meios <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

conhecimento e em que menos pessoas ainda<br />

têm participação nos processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão. Acreditamos que um dos primeiros<br />

passos <strong>para</strong> se mudar a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse uni-<br />

verso é a livre expressão das<br />

opiniões, <strong>para</strong> que sejam pensados coletivamente<br />

os <strong>de</strong>stinos comuns.<br />

Internamente, no plano das r<strong>el</strong>ações humanas,<br />

bastaria olhar nos olhos <strong>de</strong> cada pessoa que<br />

constituiu as equipes ao longo do projeto – os<br />

membros do Grupo Interagir, do Grupo GEO,<br />

da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jovens Focais, das organizações<br />

dos parceiros nacionais e locais – <strong>para</strong> constatar<br />

a r<strong>el</strong>evância <strong>de</strong>ste processo. Seria simples<br />

acreditar na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o sonho,<br />

<strong>de</strong> compensar os longos dias <strong>de</strong> trabalho com<br />

a energia recebida p<strong>el</strong>os encontros entre os<br />

<strong>de</strong>sejos e as realizações. Perceberíamos, com<br />

isto, que uma <strong>de</strong> nossas expectativas, ver o<br />

movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> ambientalista ser<br />

reconhecido e valorizado, acontece aos poucos<br />

e a cada dia – ainda que pareça, no dia a<br />

dia, nunca acontecer.<br />

Externamente, no espaço político dos interesses<br />

e das necessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vemos criar e manter<br />

a difícil aliança entre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> portar<br />

os sonhos e <strong>de</strong> conduzi-los. Entre a percepção<br />

da situação ambiental e a proposição <strong>de</strong> novas<br />

<strong>de</strong>cisões, agentes sociais e tomadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão precisam criar e recriar as vidas e os<br />

sonhos – seu mundo – como se fossem obras<br />

<strong>de</strong> arte. Esta criação po<strong>de</strong> ser dar, ao mesmo<br />

tempo, a partir <strong>de</strong> valores contemporâneos –


239<br />

já que o mundo se renova a cada momento –<br />

e com visitas à tradição – pois observando o<br />

que constituiu o presente nos pre<strong>para</strong>mos<br />

<strong>para</strong> mudá-lo.<br />

E aqui, novamente, os jovens são parte importante<br />

do processo <strong>de</strong> criação e <strong>de</strong> atualização<br />

permanente do mundo. Esse caminho<br />

– trilha entre nossas idéias sonhadas, que nos<br />

constituem como sujeitos únicos, e as ações<br />

expressadas ao mundo, que nos integram,<br />

novamente, ao coletivo –, rev<strong>el</strong>ado por meio<br />

<strong>de</strong>ssa viagem p<strong>el</strong>o país, <strong>de</strong>ve ser feito com<br />

mais suporte e segurança. Ambos são conquistados<br />

quando o indivíduo apóia as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />

sua comunida<strong>de</strong> e lhe transmite segurança em<br />

seus princípios e quando esta mesma comunida<strong>de</strong><br />

provê estrutura num tempo pactuado,<br />

num ambiente sinérgico. Afinal, é necessário<br />

<strong>de</strong>sprendimento e confiança, ao mesmo tempo,<br />

<strong>para</strong> ver os sonhos crescerem e florescerem,<br />

com outros e no mundo.<br />

E é disso que trata<br />

essa publicação,<br />

quando mostra um<br />

pouco <strong>de</strong>ste rico<br />

processo que vivemos,<br />

apresenta propostas<br />

e faz um<br />

convite: tire estas<br />

idéias, impressões e<br />

perspectivas do pap<strong>el</strong>!<br />

Experimente, crie,<br />

compartilhe... Grupos,<br />

movimentos e re<strong>de</strong>s espalham-se<br />

p<strong>el</strong>o país. Em<br />

cada localida<strong>de</strong> existem<br />

jovens dialogando,<br />

expressando impressões<br />

através da arte, da música,<br />

<strong>de</strong> metodologias alternativas<br />

e inovadoras. Perceba-se<br />

como parte <strong>de</strong>ste<br />

movimento!<br />

Varal Poético no Namorando o <strong>Ambiente</strong>,<br />

Brasília/DF. [Juliana Men<strong>de</strong>s]<br />

Deste modo, aqu<strong>el</strong>as pessoas que avaliam,<br />

diagnosticam e opinam são potenciais curadores<br />

– médicos da Terra – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, <strong>para</strong><br />

além das doenças, estejam atentos e críticos,<br />

durante sua clínica, e se empenhem em revitalizar<br />

também partes saudáveis do mundo.<br />

Já como artistas, po<strong>de</strong>m recriá-lo com nova<br />

estética e nova ética – tão necessárias. E, por<br />

isso, precisam observar com mais atenção os<br />

valores expressos e impressos. Destas pessoas –<br />

médicos-artistas – é esperada a <strong>de</strong>cisão. Queremos<br />

um outro mundo em que caibam todas<br />

as pessoas, mas também o queremos renovado<br />

e reencantado.<br />

Afinal, se esta publicação po<strong>de</strong> ser a inauguração<br />

<strong>de</strong> novos tempos, <strong>de</strong> novas experiências,<br />

não <strong>de</strong>veria ser mero <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>stes 24 meses.<br />

Para isso, como a semente que se transforma<br />

na árvore que nasce, este livro <strong>de</strong>ve renascer<br />

quando chegar às mãos <strong>de</strong> seus leitores.<br />

Camila Argôlo Godinho<br />

Coor<strong>de</strong>nação Nacional<br />

Mateus Braga Fernan<strong>de</strong>s<br />

Coor<strong>de</strong>nação Nacional


240<br />

Cartas<br />

Com a bagagem adquirida ao longo da viagem<br />

p<strong>el</strong>o cenário da juventu<strong>de</strong> socioambientalista,<br />

reunimos aqui cartas e manifestos que<br />

retratam uma <strong>de</strong>ntre as diversas formas <strong>de</strong><br />

expressar impressões por todo o país.<br />

Jovens Cuidando do Brasil<br />

I Conferência Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Estamos <strong>el</strong>aborando este trabalho <strong>para</strong><br />

mostrar à socieda<strong>de</strong> o que está acontecendo<br />

com o meio ambiente e com o Brasil, <strong>para</strong><br />

que todos se mobilizem e tentem mudar a<br />

realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje.<br />

A Conferência Nacional Infanto-Juvenil<br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> chegou aos estudantes<br />

com o principal objetivo <strong>de</strong> alertar o Brasil<br />

<strong>para</strong> os problemas ambientais presentes em<br />

nosso cotidiano. Teve a participação <strong>de</strong> 15.148<br />

escolas, com quase 6 milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Marcaram presença escolas indígenas, quilombolas,<br />

ribeirinhas, caiçaras, <strong>de</strong> assentamento,<br />

<strong>de</strong> pescadores e <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />

especiais, entre outras, somando cerca<br />

<strong>de</strong> 300 unida<strong>de</strong>s. A Conferência <strong>de</strong> Brasília<br />

contou, ainda, com a participação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

400 <strong>de</strong>legados <strong>de</strong> todo o país.<br />

É direcionada a toda a socieda<strong>de</strong> (empresas,<br />

ONGs, governos, comunida<strong>de</strong>s, escolas etc.).<br />

A expectativa <strong>de</strong> todos é mobilizar a população<br />

<strong>para</strong> o que ocorre no país.<br />

Água<br />

São muitos os problemas referentes à água<br />

em nosso país. Entre <strong>el</strong>es, é válido ressaltar: o<br />

<strong>de</strong>sperdício, inclusive nas <strong>de</strong>scargas sanitárias;<br />

a carência <strong>de</strong> saneamento básico; a poluição<br />

dos rios; a falta <strong>de</strong> informação, conscientização<br />

e compromisso por parte da população,<br />

bem como <strong>de</strong> apoio dos órgãos públicos,<br />

principalmente no que diz respeito à disponibilização<br />

<strong>de</strong> verbas, fiscalização das áreas <strong>de</strong><br />

preservação ambiental e tratamento mais<br />

efetivo com r<strong>el</strong>ação às punições aplicadas<br />

aos infratores ambientais. Pensando nesses<br />

problemas, propomos:<br />

A notícia chegou às escolas em meados<br />

<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2003. Foram promovidas<br />

miniconferências <strong>de</strong> meio ambiente, nas<br />

quais os alunos <strong>el</strong>aboraram propostas,<br />

enviadas em seguida ao Cons<strong>el</strong>ho Jovem do<br />

Estado. Cada estado s<strong>el</strong>ecionou 14 <strong>de</strong>legados<br />

<strong>para</strong> a Conferência Nacional em Brasília.<br />

A carta expõe propostas consi<strong>de</strong>radas<br />

prioritárias p<strong>el</strong>os <strong>de</strong>legados e <strong>de</strong>legadas e<br />

contém informações sobre os problemas do<br />

meio ambiente, bem como nossas soluções.<br />

Proposta 1<br />

Formular um plano <strong>de</strong> ação <strong>para</strong> conscientizar<br />

a população da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação<br />

da água. O plano <strong>de</strong>verá envolver os órgãos<br />

públicos, empresas, comunida<strong>de</strong>s, escolas<br />

e universida<strong>de</strong>s, utilizando os meios <strong>de</strong><br />

comunicação (jornais, revistas, TV e rádio)<br />

e formas artísticas em geral (filmes, peças,<br />

músicas, palestras e passeatas).<br />

Inúmeras sugestões po<strong>de</strong>riam ser dadas.<br />

Contudo, <strong>de</strong>stacamos a necessida<strong>de</strong> urgente


241<br />

do estab<strong>el</strong>ecimento<br />

<strong>de</strong> estreita parceria<br />

entre população e governo, visando à m<strong>el</strong>horia<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>para</strong> todos, além do<br />

real cumprimento das leis ambientais.<br />

Para tanto, sugere-se: a criação <strong>de</strong> um site<br />

<strong>de</strong> divulgação dos problemas ambientais;<br />

a cobrança <strong>de</strong> impostos <strong>para</strong> o <strong>de</strong>sperdício<br />

<strong>de</strong> água; o uso da mídia como importante<br />

mecanismo <strong>de</strong> informação e comunicação;<br />

o monitoramento do uso das águas por<br />

parte dos órgãos públicos competentes; o<br />

aumento das campanhas <strong>de</strong> conscientização; a<br />

preservação das nascentes; o reflorestamento<br />

das matas ciliares; a mobilização da comunida<strong>de</strong><br />

contra o <strong>de</strong>smatamento; a inclusão<br />

dos órgãos privados na luta p<strong>el</strong>a preservação<br />

da água; a produção <strong>de</strong> materiais em braile;<br />

campanhas informativas sobre os incalculáveis<br />

prejuízos do lixo radioativo nas águas; e o<br />

envolvimento <strong>de</strong> maior número <strong>de</strong> ONGs e<br />

instituições educacionais na sensibilização<br />

e mobilização da socieda<strong>de</strong> em r<strong>el</strong>ação à<br />

preservação das águas.<br />

Jovens na Mídia, Namorando o<br />

<strong>Ambiente</strong> [Pablo Vog<strong>el</strong>]<br />

Nós, jovens e adolescentes, po<strong>de</strong>mos multiplicar<br />

os <strong>de</strong>legados formando ONGs juvenis,<br />

uma vez que tendo como objetivo dar<br />

continuida<strong>de</strong> às propostas apresentadas na<br />

Conferência, os próprios jovens po<strong>de</strong>m tomar<br />

muitas iniciativas, como criar mutirões <strong>de</strong><br />

limpeza e procurar ajuda da socieda<strong>de</strong> e dos<br />

órgãos públicos e privados <strong>para</strong> a solução<br />

dos problemas que se apresentam.<br />

é pedir ajuda aos protetores ambientais e à<br />

mídia. Eles são importantes aliados nessa luta<br />

p<strong>el</strong>a conscientização da população sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservarmos a água <strong>para</strong><br />

garantir nossa própria sobrevivência e a<br />

sobrevivência das gerações futuras.<br />

Proposta 2<br />

Criar um programa nacional chamado<br />

SEDE ZERO, estab<strong>el</strong>ecendo prazos e metas<br />

prioritárias, com enfoque <strong>para</strong> a erradicação<br />

<strong>de</strong> problemas causados p<strong>el</strong>a falta <strong>de</strong><br />

saneamento básico, <strong>para</strong> campanhas efetivas<br />

<strong>de</strong> conscientização sobre o uso da água e <strong>para</strong><br />

a realização <strong>de</strong> mutirões <strong>de</strong> limpeza dos rios<br />

e córregos.<br />

Para isso, precisamos divulgar os problemas<br />

r<strong>el</strong>ativos à água e projetos contra o seu<br />

<strong>de</strong>sperdício, <strong>para</strong> que haja uma sensibilização<br />

maior. A preservação das nascentes com<br />

a conservação da mata ciliar e a mobilização<br />

contra o <strong>de</strong>smatamento são formas <strong>de</strong> manter<br />

a água limpa. E mais: precisamos <strong>de</strong><br />

fiscalização e punição rigorosas, fazendo<br />

cumprir as leis. Nesse trabalho po<strong>de</strong>m ser<br />

criadas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> voluntários <strong>para</strong> atuarem<br />

na<br />

Outra ação que po<strong>de</strong> ser feita p<strong>el</strong>os jovens<br />

Desenho Exposição Itinerante WWF/SP [VitorMassao]


242<br />

área ambiental junto à comunida<strong>de</strong>. Criar<br />

um projeto <strong>para</strong> tratamento da água da<br />

chuva, a partir <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reutilização.<br />

Quanto aos municípios, criar grupos <strong>de</strong><br />

fiscalização e uma cota <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> água.<br />

Além disso, organizar cursos <strong>para</strong> que o jovem<br />

aprenda a cuidar mais da água, combatendo<br />

a corrupção. O auxílio po<strong>de</strong> vir dos governos,<br />

órgãos públicos, ONGs e escolas, que<br />

<strong>de</strong>vem analisar mais os temas. A população<br />

ajudando, fazendo a sua parte. O auxílio<br />

po<strong>de</strong> vir também dos cientistas, trabalhando<br />

<strong>para</strong> encontrar formas <strong>de</strong> reverter a poluição<br />

do subsolo por agrotóxicos, bem como dos<br />

rios p<strong>el</strong>os esgotos, encontrando formas <strong>para</strong><br />

resolver esses problemas, além <strong>de</strong> fazerem o<br />

monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água.<br />

As empresas privadas também po<strong>de</strong>m<br />

fornecer auxílio, não poluindo o meio<br />

ambiente e participando <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong><br />

conscientização apoiados p<strong>el</strong>a mídia. Cada<br />

um <strong>de</strong>ve fazer a sua parte, criando grupos<br />

<strong>de</strong> jovens, promovendo passeatas, palestras<br />

e campanhas educativas nas escolas e na<br />

comunida<strong>de</strong>. Nós, adolescentes, também<br />

<strong>de</strong>vemos economizar água e não poluir,<br />

preservando o que nos resta <strong>de</strong> água potáv<strong>el</strong>.<br />

Mensagens aos jovens<br />

Nós, <strong>de</strong>legados representantes <strong>de</strong> todos os<br />

jovens, <strong>de</strong>ixamos o alerta <strong>de</strong> que o futuro<br />

<strong>de</strong>ste planeta está em nossas mãos. Por isso,<br />

lutem p<strong>el</strong>o meio ambiente e p<strong>el</strong>os recursos<br />

hídricos! Só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós. Façam com<br />

que essa <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensores se amplie.<br />

Participem! Somos adolescentes, somos o<br />

futuro do meio ambiente.<br />

Escola<br />

Devido à falta <strong>de</strong> empenho do governo na<br />

disponibilização <strong>de</strong> verbas <strong>para</strong> a manutenção<br />

e construção <strong>de</strong> novas escolas capazes <strong>de</strong> formar<br />

cidadãos críticos, encontramos péssima<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino no país, que se repete<br />

nos índices <strong>de</strong> violência, fome e <strong>de</strong>semprego.<br />

Outra questão é a ausência <strong>de</strong> coleta s<strong>el</strong>etiva<br />

nas escolas, on<strong>de</strong> a má utilização do lixo também<br />

po<strong>de</strong> ser influenciada p<strong>el</strong>a falta <strong>de</strong> alerta<br />

dos pais e do trabalho <strong>de</strong> conscientização da<br />

própria escola. Propomos:<br />

Proposta 1<br />

Criar escolas em todas as comunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong><br />

formar cidadãos e cidadãs conscientes dos seus<br />

direitos e obrigações, diminuindo o índice <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>semprego, violência e fome, e <strong>de</strong>ixando o<br />

meio ambiente com saú<strong>de</strong>, pois enten<strong>de</strong>mos<br />

a educação como a base <strong>de</strong> tudo na vida do<br />

ser humano.<br />

Para a realização da proposta referente à<br />

criação <strong>de</strong> escolas em todas as comunida<strong>de</strong>s,<br />

é necessário que haja incentivo do governo<br />

junto à população, o que resultaria em<br />

escolas com professores qualificados <strong>para</strong><br />

trabalhar com jovens, além <strong>de</strong> m<strong>el</strong>horias<br />

no lazer e na alimentação dos alunos. Para<br />

fortalecer o conceito <strong>de</strong> educação ambiental,<br />

fundamental na formação <strong>de</strong> cidadãos<br />

críticos, é importante a criação <strong>de</strong> uma matéria<br />

específica r<strong>el</strong>acionada ao meio ambiente.<br />

Desenvolvendo um projeto <strong>de</strong> coleta s<strong>el</strong>etiva<br />

e reciclagem do lixo produzido nas escolas,<br />

nas comunida<strong>de</strong>s e na zona rural <strong>de</strong> todo o<br />

país, e reutilizando o material orgânico como


243<br />

fertilizante na horta escolar e o inorgânico<br />

como matéria-prima <strong>para</strong> as oficinas <strong>de</strong> arte,<br />

o lixo, além <strong>de</strong> ser reutilizado, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> poluir,<br />

ajudando ainda na conscientização.<br />

Proposta 2<br />

Desenvolver um projeto <strong>de</strong> coleta s<strong>el</strong>etiva<br />

e reciclagem do lixo produzido na escola,<br />

reutilizando o material orgânico como<br />

fertilizante na horta escolar e o inorgânico<br />

como matéria-prima <strong>para</strong> oficinas <strong>de</strong> artes.<br />

Em r<strong>el</strong>ação à reciclagem, precisamos ter<br />

locais na escola on<strong>de</strong> possamos trabalhar,<br />

transformando o lixo orgânico (por meio<br />

da compostagem) em adubo <strong>para</strong> a horta<br />

escolar e o inorgânico em matéria-prima <strong>para</strong><br />

as aulas <strong>de</strong> arte. O governo, por intermédio da<br />

parceria com ONGs, <strong>de</strong>veria promover<br />

campanhas <strong>para</strong> incentivar a instalação<br />

<strong>de</strong> hortas nas escolas e capacitar professores<br />

<strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> reutilização do lixo em<br />

forma <strong>de</strong> arte.<br />

Nós, jovens, po<strong>de</strong>mos formar mutirões <strong>para</strong><br />

a reutilização do lixo. Sermos exemplos e<br />

começarmos por nossas próprias atitu<strong>de</strong>s.<br />

Devemos nos comprometer em realizar<br />

projetos que tenham resultados positivos.<br />

Também po<strong>de</strong>mos contribuir <strong>para</strong> a m<strong>el</strong>horia<br />

do ensino em nosso país. Para isso, seria<br />

necessário maior empenho e respeito com<br />

as nossas escolas. Temos que preservar o<br />

ambiente escolar e criar grêmios estudantis<br />

<strong>para</strong> estarmos presentes nas <strong>de</strong>cisões.<br />

Todos os jovens <strong>de</strong>vem se mobilizar, pois<br />

assim estaremos colaborando com o<br />

bem-estar <strong>de</strong> todos.<br />

Mensagens<br />

aos<br />

jovens<br />

Nós, jovens, <strong>de</strong>vemos<br />

nos organizar <strong>para</strong><br />

a construção <strong>de</strong><br />

projetos, em que possamos,<br />

juntos com a população e os órgãos<br />

responsáveis, nos responsabilizar p<strong>el</strong>o<br />

bem-estar do nosso patrimônio.<br />

Com respeito à construção <strong>de</strong> escolas<br />

qualificadas <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> cidadãos<br />

críticos, on<strong>de</strong> tenhamos o direito <strong>de</strong> nos<br />

alimentar e ter um espaço <strong>para</strong> o lazer e<br />

a criação <strong>de</strong> arte com materiais recicláveis,<br />

<strong>de</strong>vemos estar à disposição <strong>para</strong> cobrar e<br />

também fazer a nossa parte.<br />

É <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cada um lutar por nossos direitos<br />

e saber quais são nossas obrigações. Tudo isso<br />

com o objetivo <strong>de</strong> ter escolas dignas e capazes<br />

<strong>de</strong> formar bons cidadãos.<br />

Seres vivos<br />

Dentre os maiores problemas entre os<br />

seres vivos está o <strong>de</strong>sequilíbrio ecológico<br />

causado p<strong>el</strong>a extinção <strong>de</strong> animais e p<strong>el</strong>a caça<br />

predatória, dando prosseguimento ao<br />

prejuízo da biodiversida<strong>de</strong>. A falta <strong>de</strong><br />

investimento dos órgãos <strong>de</strong> fiscalização<br />

ambiental gera então um cumprimento<br />

ina<strong>de</strong>quado da lei, não havendo, assim,<br />

a aplicação correta das penas.<br />

Um exemplo disso é a baixa ocorrência<br />

do pagamento obrigatório <strong>de</strong> multas<br />

aplicadas a empresas poluentes, que po<strong>de</strong>ria<br />

ser retribuído com ações que reduzissem a<br />

<strong>de</strong>struição ambiental cometida por <strong>el</strong>as.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias que<br />

Bom Jesus da Lapa/BA [MateusFernan<strong>de</strong>s]


244<br />

prejudicam o meio ambiente, a falta <strong>de</strong><br />

conhecimento e <strong>de</strong> informações sobre educação<br />

ambiental e o <strong>de</strong>smatamento das matas<br />

ciliares e nativas <strong>de</strong> cada região do Brasil são<br />

os fatores que mais afetam os seres vivos.<br />

Proposta 1<br />

Vamos cuidar dos seres vivos – evitar as queimadas,<br />

reflorestar áreas <strong>de</strong>smatadas, criar<br />

parques <strong>de</strong> proteção ambiental, proteger<br />

espécies em extinção, cumprir a lei dos crimes<br />

ambientais, com penas mais rigorosas <strong>para</strong><br />

a biopirataria, tráfico <strong>de</strong> animais silvestres,<br />

pesca predatória e indústrias que se beneficiam<br />

do contrabando <strong>de</strong> p<strong>el</strong>es <strong>de</strong> animais<br />

silvestres e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

Os <strong>el</strong>ementos fundamentais <strong>para</strong> um meio<br />

ambiente m<strong>el</strong>hor são os órgãos fiscalizadores,<br />

mas como <strong>el</strong>es não po<strong>de</strong>m estar sempre em<br />

todos os lugares, necessitamos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

união entre órgãos ambientais, ONGs<br />

ambientalistas, mídia, comunida<strong>de</strong>, secretarias<br />

e ministérios da Agricultura e do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>. É importante o patrocínio especial<br />

<strong>de</strong> pequenas e gran<strong>de</strong>s empresas junto à<br />

segurança <strong>de</strong> órgãos florestais, assim como<br />

a criação <strong>de</strong> cons<strong>el</strong>hos jovens nas escolas.<br />

Para assegurar proteção especial aos seres<br />

vivos, <strong>de</strong>ve-se ampliar a segurança ambiental<br />

já existente <strong>para</strong> os animais silvestres,<br />

pren<strong>de</strong>ndo os infratores que atuam na venda<br />

ilegal, ou seja, na biopirataria. A população<br />

também po<strong>de</strong>ria se conscientizar por meio <strong>de</strong><br />

cartilhas <strong>de</strong> braile, programas com tradução<br />

<strong>para</strong> libras etc. A comunida<strong>de</strong> e o município<br />

po<strong>de</strong>riam <strong>el</strong>aborar um projeto <strong>de</strong> coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva que se tornasse lei e fosse capaz <strong>de</strong><br />

combater a poluição.<br />

Nós, jovens, po<strong>de</strong>mos ajudar, sensibilizando<br />

as pessoas com informações sobre a forma <strong>de</strong><br />

reciclar o lixo nas escolas e como fazer cooperativas<br />

<strong>de</strong> reciclagem. Po<strong>de</strong>mos também<br />

adotar movimentos ambientalistas nas<br />

escolas, juntamente com ONGs, com a participação<br />

<strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s<br />

especiais. Mas, <strong>para</strong> fazer tudo isso, temos<br />

primeiro que conhecer, amar e saber a falta<br />

que a natureza po<strong>de</strong> fazer aos seres vivos.<br />

Proposta 2<br />

Primeiro, aprimorar órgãos que fiscalizem<br />

as florestas em r<strong>el</strong>ação ao <strong>de</strong>smatamento e<br />

ao tráfico <strong>de</strong> animais; segundo, multas <strong>para</strong><br />

empresas que poluírem as águas, ou até o<br />

fechamento <strong>de</strong>ssas empresas, se continuarem<br />

poluindo; terceiro, fazer um trabalho <strong>de</strong><br />

conscientização com a população mediante<br />

propagandas, encontros etc.<br />

Com o apoio do governo fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> órgãos<br />

locais, do Ministério do Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> multinacionais,<br />

da mídia, empresas especializadas e<br />

vigilância sanitária, <strong>de</strong> guardas florestais<br />

e, acima <strong>de</strong> tudo, com a união das associações<br />

<strong>de</strong> bairros e condomínios, numa forma <strong>de</strong><br />

cobrança e fiscalização.<br />

Para que tudo isso aconteça, <strong>de</strong>vem ser realizados<br />

trabalhos com o Exército e as <strong>de</strong>mais<br />

Forças Armadas, dando incentivo à criação <strong>de</strong><br />

uma polícia ambiental <strong>para</strong> proteção da biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Também é possív<strong>el</strong> reflorestar com<br />

plantas nativas em extinção, criando reservas<br />

naturais com a ajuda <strong>de</strong> empresas, incenti-


245<br />

vando outros a fazerem o mesmo. Colocar<br />

em prática as leis já existentes com a ajuda <strong>de</strong><br />

intercâmbios, trocando idéias entre países.<br />

É importante <strong>de</strong>senvolver com os alunos um<br />

trabalho <strong>de</strong> conscientização sobre assuntos<br />

r<strong>el</strong>acionados aos seres vivos, com o apoio<br />

da comunida<strong>de</strong>, <strong>para</strong> que se tornem cidadãos<br />

responsáveis.<br />

Cada jovem po<strong>de</strong> ajudar a <strong>de</strong>senvolver o ecoturismo<br />

da sua localida<strong>de</strong>, com o apoio do<br />

governo. Com a comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos fazer<br />

pequenas ações como plantar árvores e incentivar<br />

a diminuição da biopirataria. Mas não<br />

basta só falar, temos que agir.<br />

Mensagem aos jovens<br />

O meio ambiente tem que ser preservado<br />

<strong>para</strong> que nós, jovens, possamos ter um futuro<br />

saudáv<strong>el</strong>. Cabe-nos <strong>de</strong>nunciar as agressões<br />

aos seres vivos e lutar p<strong>el</strong>a sua proteção.<br />

Comunida<strong>de</strong><br />

Os maiores problemas apontados foram<br />

a falta <strong>de</strong> saneamento básico, o precário<br />

atendimento p<strong>el</strong>a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a má<br />

estruturação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotos, que muitas<br />

vezes correm a céu aberto. Por esses e outros<br />

motivos a população acaba ficando doente,<br />

procurando os postos médicos sem receber<br />

atendimento necessário. Isso prejudica<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Significa, também,<br />

<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> dinheiro, que <strong>de</strong>veria ser<br />

utilizado na construção <strong>de</strong> aterros sanitários<br />

e <strong>de</strong> lixões, que po<strong>de</strong>m gerar empregos <strong>para</strong><br />

aqu<strong>el</strong>es que necessitam <strong>de</strong> ajuda.<br />

As nossas propostas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da comunida<strong>de</strong><br />

e, por isso, todos <strong>de</strong>vem ajudar. Então,<br />

propomos:<br />

Proposta 1<br />

O maior problema apontado foi a falta<br />

<strong>de</strong> saneamento básico, com reflexos na<br />

saú<strong>de</strong> da população, que não consegue<br />

atendimento eficaz na precária re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> existente. São necessárias obras <strong>de</strong><br />

ampliação das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgoto, <strong>de</strong> fornecimento<br />

<strong>de</strong> água e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A boa distribuição <strong>de</strong> verbas facilita o<br />

trabalho contínuo da estação <strong>de</strong> tratamento<br />

do esgoto e a criação <strong>de</strong> novas re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. As empresas, ONGs, mídia,<br />

população, Ministério da Saú<strong>de</strong> e a juventu<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>m colaborar com a Agenda 21, fazendo<br />

com que a população se envolva e<br />

lembrando que a sensibilização não <strong>de</strong>ve<br />

ser apenas <strong>para</strong> alguns, mas <strong>para</strong> todos os<br />

cidadãos. O governo po<strong>de</strong> ajudar incentivando<br />

a criação <strong>de</strong> projetos <strong>el</strong>aborados<br />

p<strong>el</strong>a comunida<strong>de</strong> e dando continuida<strong>de</strong><br />

a esses trabalhos.<br />

São necessários mutirões, passeatas, incentivo<br />

aos jovens na área <strong>de</strong> trabalho e até mesmo<br />

criação <strong>de</strong> ONGs <strong>para</strong> adolescentes.<br />

Não é preciso saber <strong>para</strong> fazer e sim <strong>para</strong><br />

saber que somos capazes.<br />

Proposta 2<br />

O problema da nossa comunida<strong>de</strong> é o que<br />

fazer com o lixo. A solução é a conscientização<br />

da socieda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a importância da coleta<br />

s<strong>el</strong>etiva e a busca <strong>de</strong> parceiras com as autorida<strong>de</strong>s<br />

locais <strong>para</strong> a reciclagem <strong>de</strong> todo o lixo


246<br />

produzido, gerando empregos.<br />

O governo po<strong>de</strong> ajudar criando campanhas<br />

<strong>de</strong> conscientização, utilizando-se a mídia,<br />

construindo um local <strong>de</strong> reciclagem com<br />

máquinas apropriadas, protegendo os<br />

trabalhadores do lixão (principalmente<br />

crianças) e fundando cooperativas <strong>para</strong><br />

produzir produtos a partir do lixo. Estas<br />

servirão não só <strong>para</strong> a reciclagem, mas<br />

também <strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> empregos.<br />

O que ainda po<strong>de</strong> ajudar é a realização <strong>de</strong><br />

excursões <strong>para</strong> conhecer realida<strong>de</strong>s<br />

r<strong>el</strong>acionadas ao lixo, colaborando com a<br />

conscientização.<br />

O governo <strong>de</strong>veria incentivar empresas e<br />

pessoas que queiram investir no problema<br />

do lixo, além <strong>de</strong> criar centros comunitários<br />

que pensem coletivamente nos problemas<br />

da comunida<strong>de</strong>.<br />

A escola, por meio dos professores,<br />

contribuiria com essa questão ao conscientizar<br />

os alunos sobre a importância da educação<br />

ambiental. Para isso, po<strong>de</strong>ria abrir nos finais<br />

<strong>de</strong> semana realizando oficinas <strong>de</strong> aprendizagem<br />

e transformando lixo orgânico em adubo<br />

<strong>para</strong> as hortas escolares.<br />

Professores participariam levando seus alunos<br />

a locais on<strong>de</strong> haja coleta s<strong>el</strong>etiva ou trabalho<br />

com reciclagem.<br />

Mensagem aos jovens<br />

Nós, jovens, somos o futuro do Brasil. Para<br />

cuidar bem do país, precisamos colaborar<br />

primeiramente com a nossa comunida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos expandir a consciência ambiental,<br />

além <strong>de</strong> fiscalizar o cumprimento das leis da<br />

área do meio ambiente.<br />

Alimentos<br />

Fazendo o diagnóstico da situação dos<br />

alimentos no Brasil, po<strong>de</strong>mos observar alguns<br />

problemas que afetam a socieda<strong>de</strong> brasileira<br />

em pontos diferentes. São <strong>el</strong>es: <strong>de</strong>sperdício,<br />

falta <strong>de</strong> informação nas escolas sobre a<br />

questão dos transgênicos, contaminação por<br />

agrotóxicos, falta <strong>de</strong> vigilância sanitária,<br />

falta <strong>de</strong> alimentos nas regiões pobres, má<br />

distribuição <strong>de</strong> renda, ausência <strong>de</strong> hortas<br />

comunitárias e escolares, merenda escolar<br />

ina<strong>de</strong>quada, falta <strong>de</strong> conscientização dos<br />

comerciantes em r<strong>el</strong>ação à venda e à<br />

conservação dos produtos, pouca mobilização<br />

dos jovens e falta <strong>de</strong> integração<br />

da comunida<strong>de</strong>.<br />

Proposta 1<br />

Implantação <strong>de</strong> horta comunitária com<br />

participação <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong>, visando à<br />

m<strong>el</strong>horia da merenda escolar e ao crescimento<br />

do aluno como ser crítico e agente transformador<br />

da socieda<strong>de</strong>.<br />

Para a criação <strong>de</strong> hortas comunitárias seria<br />

preciso introduzir a educação ambiental<br />

nas escolas, além <strong>de</strong> que a comunida<strong>de</strong>,<br />

juntamente com os jovens, esteja pre<strong>para</strong>da<br />

<strong>para</strong> o cultivo <strong>de</strong> alimentos. Necessitamos<br />

<strong>de</strong> incentivos por parte do governo no<br />

sentido <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r locais apropriados, além <strong>de</strong><br />

instrutores qualificados <strong>para</strong> a coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> projetos. Mutirões e doações seriam<br />

realizados, pois sem a mobilização da comunida<strong>de</strong><br />

não chegaremos a lugar algum.


247<br />

Também é importante ressaltar que as<br />

comunida<strong>de</strong>s mais carentes <strong>de</strong>vem ter<br />

priorida<strong>de</strong> na realização das hortas.<br />

Propostas 2<br />

Criação da Semana Nacional <strong>de</strong> Vigilância<br />

Sanitária e Cidadania Estudantil. Deverá<br />

ser escolhida uma semana em que todos os<br />

alunos visitariam feiras livres, supermercados,<br />

mercearias, açougues e afins, verificando<br />

a qualida<strong>de</strong> dos alimentos e os prazos <strong>de</strong><br />

valida<strong>de</strong>. No caso <strong>de</strong> serem constatadas<br />

irregularida<strong>de</strong>s, informariam aos órgãos<br />

responsáveis <strong>para</strong> proce<strong>de</strong>rem às orientações<br />

e/ou autuações.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ssa semana é educar a criança<br />

e o adolescente <strong>para</strong> a prática da cidadania,<br />

uma vez que é direito do cidadão lutar p<strong>el</strong>a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, além <strong>de</strong> fazer valer seu<br />

direito <strong>de</strong> consumidor.<br />

A principal preocupação que levou à <strong>el</strong>aboração<br />

<strong>de</strong>ssa proposta foi a falta <strong>de</strong> higiene<br />

na venda <strong>de</strong> alimentos e a preocupação dos<br />

consumidores em r<strong>el</strong>ação à qualida<strong>de</strong><br />

daquilo que consomem. Ocorre a falta <strong>de</strong><br />

conscientização do comerciante e, com isso,<br />

o <strong>de</strong>srespeito ao consumidor.<br />

Nas escolas, essa questão po<strong>de</strong>ria ser mais<br />

trabalhada, <strong>de</strong> modo que os alunos levassem<br />

mais informações <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>.<br />

A má distribuição dos alimentos e da renda<br />

causa a <strong>de</strong>snutrição infantil, prejudicando<br />

a saú<strong>de</strong> das pessoas, que muitas vezes não<br />

conseguem o atendimento necessário.<br />

A Semana Nacional <strong>de</strong> Vigilância Sanitária e<br />

Cidadania Estudantil <strong>de</strong>ve ser obrigatória<br />

e incluída no calendário escolar, <strong>para</strong> que<br />

os alunos qualificados possam exercer o<br />

pap<strong>el</strong> <strong>de</strong> fiscalizadores no comércio, como<br />

mercados, feiras e outros.<br />

Esses alunos, utilizando-se dos meios <strong>de</strong> comunicação,<br />

<strong>de</strong>verão trabalhar com campanhas <strong>de</strong><br />

sensibilização voltadas <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>.<br />

Mensagens aos jovens<br />

Depois <strong>de</strong> tudo isso, todos nós, jovens,<br />

percebemos a importância dos alimentos<br />

em nossas vidas, porque sem <strong>el</strong>es não temos<br />

meios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> e vida saudáv<strong>el</strong>.<br />

Um dia a raça humana po<strong>de</strong>rá receber os<br />

reflexos da má administração da alimentação<br />

em nosso cotidiano.<br />

Conclusão<br />

Esperamos que sejam cumpridas todas as<br />

reivindicações das propostas apresentadas.<br />

Aguardamos que os jovens continuem sua<br />

luta em <strong>de</strong>fesa do meio ambiente. E aqu<strong>el</strong>es<br />

que não conhecem o assunto, que procurem<br />

enten<strong>de</strong>r o que o meio ambiente significa<br />

<strong>para</strong> sua vida.<br />

Pedimos ajuda ao Legislativo <strong>para</strong> que abrace<br />

essa campanha e discuta as leis que beneficiam<br />

o meio ambiente. Queremos dizer que as leis<br />

<strong>de</strong>vem ser cumpridas e que nós vamos cobrar.<br />

Acreditamos que a mídia tem gran<strong>de</strong> peso<br />

sobre a Conferência e pedimos colaboração<br />

<strong>para</strong> continuarmos conscientizando<br />

a população.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos aos promotores da Conferência,<br />

que <strong>de</strong>ram oportunida<strong>de</strong> aos jovens <strong>para</strong>


248<br />

<strong>de</strong>monstrar a sua força e união. Gostaríamos<br />

<strong>de</strong> ter outros espaços como este <strong>para</strong> sermos<br />

ouvidos. Queremos continuar fazendo nossos<br />

agra<strong>de</strong>cimentos ao Coletivo Jovem, à Comissão<br />

Organizadora Estadual, aos apoiadores<br />

e facilitadores da Conferência, aos governos<br />

etc. A motivação é importante. Esperem<br />

as reações, pois jovens unidos jamais<br />

serão vencidos.<br />

“Apenas no dia em que o ser humano poluir<br />

o último rio, matar o último peixe e cortar a<br />

última árvore, <strong>el</strong>e verá que não po<strong>de</strong> alimentar-se<br />

<strong>de</strong> dinheiro.” Seatle<br />

Senhoras e Senhores D<strong>el</strong>egados, Convidados e<br />

Convidadas, Homens e Mulheres,<br />

Carta dos Jovens D<strong>el</strong>egados e<br />

das Jovens D<strong>el</strong>egadas <strong>para</strong> a Plenária da<br />

II Conferência Nacional do Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Jovens D<strong>el</strong>egados e Jovens D<strong>el</strong>egadas,<br />

Gostaríamos <strong>de</strong> pedir a atenção <strong>de</strong> vocês <strong>para</strong><br />

que pudéssemos, nessa plenária, imaginar<br />

um mapa do mundo. Por favor, gostaríamos<br />

que todos vocês pu<strong>de</strong>ssem imaginar toda<br />

essa plenária <strong>de</strong> pé, por um momento. Agora<br />

imaginem que a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa plenária se<br />

sentou e o restante permaneceu em pé ainda<br />

por um momento. Olhem ao seu redor.<br />

Se encararmos que essa plenária é uma representação<br />

do nosso globo, então po<strong>de</strong>ríamos<br />

afirmar que a meta<strong>de</strong> que se sentou, sem<br />

participar <strong>de</strong> nosso “jogo”, é exatamente a<br />

parc<strong>el</strong>a <strong>de</strong> jovens que vive em nosso planeta.<br />

ambiente, por intermédio da mobilização,<br />

educação e ampliação da participação popular,<br />

com vistas ao estab<strong>el</strong>ecimento <strong>de</strong> uma<br />

política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentáv<strong>el</strong><br />

<strong>para</strong> o país. Para alcançarmos esse objetivo,<br />

queremos a participação <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong> todas.<br />

Mas, quem cabe no seu todo?<br />

Tratando-se das divergências, construindo<br />

consensos, conseguimos fortalecer esse<br />

nosso movimento ambientalista. Mas há<br />

certos grupos, maiorias minorizadas,<br />

que muitas vezes sentem que suas<br />

vozes não estão sendo ouvidas ou, o<br />

que é pior, que não po<strong>de</strong>m contribuir<br />

<strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> do país porque,<br />

imagina-se, ainda não têm muito a dizer.<br />

Sim, é verda<strong>de</strong>, a população jovem é maioria<br />

no mundo. Vivemos uma onda jovem jamais<br />

vista. E, possiv<strong>el</strong>mente, são essas as pessoas<br />

que levarão adiante nossas propostas <strong>para</strong> um<br />

mundo m<strong>el</strong>hor, mais sustentáv<strong>el</strong>.<br />

A II CNMA tem como finalida<strong>de</strong> construir<br />

um espaço <strong>de</strong> convergência social <strong>para</strong> a<br />

formulação <strong>de</strong> uma agenda nacional do meio<br />

E são tantas pessoas que fazem parte <strong>de</strong>ssas<br />

maiorias minorizadas que, no final das contas,<br />

a carga <strong>de</strong> trabalho e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão se<br />

concentra enormemente nas pessoas dos<br />

centros urbanos, nos homens adultos, nos<br />

brancos. Como po<strong>de</strong>mos contribuir <strong>para</strong><br />

transformar essa realida<strong>de</strong>?<br />

O Brasil concentra quase meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os


249<br />

jovens<br />

que<br />

habitam a América Latina.<br />

E é o país que tem a maior r<strong>el</strong>ação entre juventu<strong>de</strong><br />

e população total. Se tivéssemos 1/4<br />

<strong>de</strong>ssa plenária formada por pessoas com até<br />

25 anos teríamos a correta r<strong>el</strong>ação entre juventu<strong>de</strong><br />

e população no Brasil.<br />

34 milhões <strong>de</strong> pessoas parece um número<br />

expressivo <strong>para</strong> todos nós, certo? Pois essa<br />

parc<strong>el</strong>a do Brasil, economicamente ativa<br />

e socialmente capaz, poucas vezes é parte<br />

dos processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Mas se<br />

somam, com muita dignida<strong>de</strong>, à gran<strong>de</strong><br />

massa <strong>de</strong> trabalhadores e trabalhadoras que<br />

participam da implementação das <strong>de</strong>cisões<br />

tomadas, ainda que com <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> salários, com falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />

É sustentáv<strong>el</strong> o processo tal como <strong>el</strong>e<br />

está agora?<br />

Entrevista <strong>para</strong> Carta Maior na<br />

IICNMA [JulianaMen<strong>de</strong>s]<br />

Cerca <strong>de</strong> 3.800 propostas foram formuladas<br />

durante as Conferências Municipais, Regionais,<br />

Estaduais e Setoriais do Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

realizadas nos meses <strong>de</strong> outubro e novembro.<br />

No balanço geral feito p<strong>el</strong>o Ministério do Meio<br />

<strong>Ambiente</strong>, mais <strong>de</strong> 86 mil pessoas foram mobilizadas<br />

em todo país. Quantos jovens você viu<br />

em suas conferências nos seus estados?<br />

Tudo o que este plenário <strong>de</strong>liberar irá,<br />

tomara, surtir efeitos nas vidas <strong>de</strong>ssas 34<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas - jovens brancos, indígenas,<br />

quilombolas, orientais e pobres e ricos<br />

e homens e mulheres. Afinal, é pra isso que<br />

estamos aqui. Mas, daqu<strong>el</strong>e 1/4 que<br />

<strong>de</strong>veríamos ter aqui na plenária contamos<br />

com apenas uns 60 jovens <strong>de</strong>legados.<br />

Sem sombra <strong>de</strong> dúvida, esses jovens <strong>de</strong>legados<br />

se somam aos outros 1500 que aqui estão<br />

presentes e <strong>de</strong>batem, em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>,<br />

<strong>para</strong> que possamos, todas e todos juntos,<br />

cuidar mais do nosso país.<br />

Mas essa juventu<strong>de</strong> que aqui está não po<strong>de</strong><br />

mais esperar pra construir esse país. On<strong>de</strong><br />

estará esse futuro se nós não estivermos<br />

aqui hoje, no presente momento, fazendo<br />

parte das <strong>de</strong>cisões que irão mudar o curso <strong>de</strong><br />

nossas vidas, ainda tão jovens? As juventu<strong>de</strong>s<br />

não po<strong>de</strong>m mais ser o futuro <strong>de</strong> uma nação,<br />

tanto quanto o Brasil precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser<br />

o “país do futuro”. Queremos nosso Brasil<br />

hoje, queremos cuidar <strong>de</strong> suas matas, <strong>de</strong> suas<br />

cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> seu povo. Mas queremos agora,<br />

pois amanhã po<strong>de</strong> não sobrar nada. E os jovens<br />

e as jovens <strong>de</strong> todo o Brasil <strong>de</strong>vem contribuir<br />

com essa <strong>de</strong>cisão. Devemos, todos e todas,<br />

exigir a necessária inclusão <strong>para</strong> esse segmento<br />

tão amplo e com <strong>de</strong>mandas específicas.<br />

Mas, esses jovens e essas jovens não <strong>de</strong>vem<br />

participar, aqui conosco, somente por serem<br />

jovens. Devemos sempre buscar a máxima<br />

qualida<strong>de</strong> na participação. Mas também<br />

não po<strong>de</strong>mos ser excluídos <strong>de</strong>sse processo<br />

somente porque “ainda” somos jovens.<br />

Afinal, não é porque viveu mais primaveras<br />

que um ser humano viu mais flores.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos sinceramente, por vocês serem<br />

parte <strong>de</strong>ssa transformação necessária.


250<br />

Manifesto da Juventu<strong>de</strong> da COP-8<br />

Muito obrigada senhor presi<strong>de</strong>nte:<br />

Por parte dos jovens que se encontram<br />

nessa conferência, queremos expressar a<br />

nossa sincera preocupação ao perceber que<br />

esse organismo (terminator) está consi<strong>de</strong>rado<br />

na tecnologia <strong>de</strong> restrição do uso genético.<br />

Não po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r porque uma<br />

convenção que tem como meta a proteção<br />

da biodiversida<strong>de</strong> possa permitir provas <strong>de</strong><br />

campo <strong>de</strong> uma tecnologia que por <strong>de</strong>finição<br />

trata <strong>de</strong> fazer o oposto. O propósito da tecnologia<br />

terminator é prevenir a reprodução <strong>de</strong><br />

um organismo e isso representa um conflito<br />

direto com os objetivos da Convenção sobre<br />

biodiversida<strong>de</strong>. Não existem evidências cientificas<br />

<strong>de</strong> que esta tecnologia <strong>de</strong>va ou possa<br />

ser benigna liberada em ecossistemas dinâmicos<br />

e vivos e os potenciais impactos sociais<br />

negativos na humanida<strong>de</strong> são terríveis.<br />

Lembramos do r<strong>el</strong>atório do grupo técnico <strong>de</strong><br />

especialistas sobre os impactos da tecnologia<br />

<strong>de</strong> restrição <strong>de</strong> uso genético - terminator - das<br />

Nações <strong>Unidas</strong> (UNEP/ CDB/ WG8J/4 / INF/17)<br />

que mostrou os riscos inatos do terminator<br />

concluindo que os silenciadores genéticos,<br />

mutações, promotores instáveis e sistemas<br />

indutores po<strong>de</strong>m provocar a fuga dos<br />

transgênicos com conseqüências <strong>de</strong>vastadoras.<br />

Insistimos que reafirmem e sobre tudo<br />

fortaleçam a moratória que <strong>de</strong> fato se criou<br />

na COP-5. Insistimos que valorizem a biodiversida<strong>de</strong><br />

e toda a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e não<br />

os interesses lucrativos das empresas transnacionais.<br />

Insistimos que permitam que as futuras<br />

gerações tenham acesso ao conhecimento<br />

tradicional e indígena.<br />

Proclamamos que caso-por-caso como recomenda<br />

a Reunião <strong>de</strong> Granada é inaceitáv<strong>el</strong>.<br />

As promessas das empresas transnacionais<br />

<strong>de</strong> agro-tecnologia têm nos <strong>de</strong>siludido, as<br />

soluções das mesmas vêm criando mais problemas<br />

do que resultados, o terminator é<br />

um exemplo, mais recente e severo. Esta tecnologia<br />

po<strong>de</strong> ter implicações tremendamente<br />

negativas <strong>para</strong> o futuro da soberania alimentar,<br />

o conhecimento tradicional e a biodiversida<strong>de</strong>.<br />

Estamos falando do nosso futuro e nos<br />

recusamos a aceitar os riscos. Vamos herdar<br />

o futuro <strong>de</strong>terminado aqui e temos um lugar<br />

<strong>de</strong>cisivo nessas negociações. Tem-nos solicitado<br />

que participemos <strong>de</strong>ssa COP, nos<br />

encontramos aqui e estamos respon<strong>de</strong>ndo a<br />

esse chamado, mas exigimos que a vida seja<br />

respeitada e fortalecida.<br />

Não ao terminator!<br />

Não ao caso-por-caso!<br />

Sim a vida!<br />

Um outro mundo sustentáv<strong>el</strong> é possív<strong>el</strong>!


251<br />

Carta das Juventu<strong>de</strong>s<br />

Ibero-Americanas presentes no<br />

V Congresso Ibero-Americano <strong>de</strong> Educação Ambiental<br />

Nós, juventu<strong>de</strong>s reunidas no V Congresso Ibero-Americano<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental, participantes<br />

do I Encontro Ibero-Americano <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>, acreditamos<br />

no potencial transformador da Educação Ambiental<br />

e dos jovens educadores e das jovens<br />

educadoras, <strong>para</strong> construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s<br />

sustentáveis e da responsabilida<strong>de</strong> global.<br />

Estamos num momento favoráv<strong>el</strong>, quando a<br />

Educação Ambiental é discutida freqüentemente,<br />

abrindo espaços <strong>para</strong> a participação,<br />

<strong>para</strong> os diálogos e <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> novas<br />

propostas <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> socioambiental,<br />

que não levem o jovem a falar apenas<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>. Queremos estab<strong>el</strong>ecer uma<br />

sinergia com outros recortes do cenário<br />

socioambiental e político, afirmando-os<br />

importantes e necessários <strong>para</strong> uma visão<br />

holística e comprometida com o Tratado<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental <strong>para</strong> Socieda<strong>de</strong>s<br />

Sustentáveis e Responsabilida<strong>de</strong> Global.<br />

1. Que a juventu<strong>de</strong> é um segmento social<br />

r<strong>el</strong>evante, pois tem <strong>de</strong>mandas sócio-políticoculturais<br />

e econômicas específicas e tem custos<br />

sócio-econômicos que carecem <strong>de</strong> investimentos<br />

diretos;<br />

2. Que o número <strong>de</strong> pessoas entre 15 e 29 anos<br />

já soma mais <strong>de</strong> 48 milhões <strong>de</strong> indivíduos,<br />

apenas no Brasil;<br />

3. Que somos a maior parc<strong>el</strong>a dos pobres,<br />

embora sejamos também uma imensa parte<br />

dos trabalhadores e das trabalhadoras, além<br />

<strong>de</strong> implementadores e implementadoras das<br />

novas tecnologias sociais e <strong>de</strong> informação e<br />

comunicação;<br />

4. Que somos, possiv<strong>el</strong>mente, as pessoas<br />

mais interessadas em participar das transformações<br />

que <strong>de</strong>vem ocorrer hoje, pois<br />

seremos as principais afetadas p<strong>el</strong>os efeitos<br />

que virão amanhã;<br />

Nosso principal objetivo é contribuir como<br />

pensantes, agentes, mobilizantes e socializantes,<br />

inseridos no contexto ibero-americano,<br />

<strong>para</strong> o fortalecimento e congraçamento<br />

<strong>de</strong>sse espaço <strong>de</strong> interação e <strong>de</strong> participação e<br />

<strong>de</strong>ssas propostas – construídas e concretizadas<br />

coletivamente – alinhando visões, compartilhando<br />

saberes e realizando, como parceiros,<br />

nossos sonhos.<br />

Para isso, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar:<br />

5. Que, se somos encarados como parte da<br />

solução dos <strong>de</strong>safios apresentados hoje,<br />

também queremos ser percebidos como<br />

agentes da transformação e, principalmente,<br />

como parceiros nos processos <strong>de</strong> tomada<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão;<br />

6. Que as juventu<strong>de</strong>s constituem coletivos<br />

mobilizados e articulados, com conexões<br />

transversais que possibilitam ampla participação<br />

<strong>de</strong> seus membros, embora faltem<br />

ainda condições reais e espaços efetivos <strong>para</strong> a


252<br />

concretização <strong>de</strong> uma proposta pedagógica<br />

<strong>de</strong> radicalização da <strong>de</strong>mocracia;<br />

7. Que não houve, no V Congresso Ibero-<br />

Americano <strong>de</strong> Educação Ambiental,<br />

representativida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> todos os<br />

países ibero-americanos;<br />

8. Que existe urgência <strong>de</strong> trabalharmos com<br />

o enfoque <strong>de</strong> gênero, além <strong>de</strong> constatar que,<br />

no V Congresso Ibero-Americano <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental, houve um Grupo <strong>de</strong> Trabalho<br />

<strong>de</strong>nominado “Educação Ambiental e Gênero”;<br />

9. Que há falta <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> investimento<br />

<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos,<br />

atuação e participação das juventu<strong>de</strong>s<br />

e movimentos juvenis envolvidos com a<br />

temática socioambiental;<br />

10. Que houve número significativo <strong>de</strong><br />

jovens participando do V Congresso Ibero-<br />

Americano <strong>de</strong> Educação Ambiental, embora<br />

poucos <strong>de</strong>sses jovens tenham participado do<br />

I Encontro Ibero-Americano <strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong><br />

p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>;<br />

11. A importância dos movimentos sociais nas<br />

lutas p<strong>el</strong>as questões socioambientais;<br />

Executiva, Articuladora, Orientadora e Temática,<br />

efetivando a ação juvenil nas tomadas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão, nos processos <strong>de</strong> ensino-aprendizagem<br />

e na multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saberes e olhares,<br />

expressando essas potencialida<strong>de</strong>s também<br />

nas mesas <strong>de</strong> diálogos.<br />

2. Reconhecer as juventu<strong>de</strong>s ibero-americanas<br />

como parceiras, potencializando o autoreconhecimento<br />

e a auto-i<strong>de</strong>ntificação nos<br />

espaços como o do I Encontro Ibero-Americano<br />

<strong>de</strong> Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>,<br />

dos jovens e das jovens que estejam ou não<br />

envolvidas em movimentos.<br />

3. Manter um diálogo intergeracional e<br />

intrageracional como ponte <strong>para</strong> aproximar<br />

vínculos e contribuir <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

4. Estab<strong>el</strong>ecer trocas <strong>de</strong> saberes valorizando<br />

diferentes formas <strong>de</strong> conhecimento, consi<strong>de</strong>rando<br />

recortes etários, étnico-raciais,<br />

territoriais, <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong> opção sexual.<br />

5. Estimular a concretização <strong>de</strong> um<br />

movimento autêntico <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s, bem<br />

como <strong>de</strong> políticas institucionais que revisem<br />

permanentemente a coerência entre o que se<br />

diz e o que se faz.<br />

12. A dificulda<strong>de</strong> da inserção dos jovens no<br />

cenário sócio-político e a não-<strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> multicultural.<br />

Por isso, recomendamos:<br />

1. Garantir e viabilizar, <strong>para</strong> as próximas<br />

edições dos Congressos Ibero-Americanos<br />

<strong>de</strong> Educação Ambiental, a participação das<br />

juventu<strong>de</strong>s ibero-americanas nas Comissões<br />

6. Criar, fomentar, garantir e viabilizar espaços<br />

<strong>para</strong> o diálogo, construção e fomento<br />

permanente das juventu<strong>de</strong>s ibero-americanas,<br />

focando no <strong>de</strong>senvolvimento e no aprofundamento<br />

sobre a temática socioambiental <strong>para</strong> a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> do planeta.<br />

7. Respeitar a temporalida<strong>de</strong>, as formas<br />

distintas <strong>de</strong> atuação e as proprieda<strong>de</strong>s dos


253<br />

movimentos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>s socioambientalistas.<br />

8. Utilizar este documento na re<strong>de</strong> formal<br />

<strong>de</strong> ensino, nos programas educativos e<br />

nos movimentos sociais e organizações,<br />

como suporte dos e <strong>para</strong> os movimentos <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong>s ambientalistas.<br />

9. Criar, garantir e viabilizar um grupo <strong>de</strong><br />

trabalho, com instâncias governamentais,<br />

<strong>para</strong> articulação permanente dos Congressos<br />

Ibero-Americanos <strong>de</strong> Educação Ambiental.<br />

10. Elaborar um documento orientador <strong>para</strong><br />

as políticas públicas que r<strong>el</strong>acionem juventu<strong>de</strong><br />

e meio ambiente.<br />

Responsabilida<strong>de</strong> Global.<br />

13. Que os jovens contribuam <strong>de</strong> forma<br />

efetiva <strong>para</strong> discussões e <strong>el</strong>aborações <strong>de</strong><br />

materiais didáticos ou educativos, envolvendo<br />

os estudos <strong>de</strong> gênero nos diferentes contextos<br />

sociais e ambientais.<br />

14. Criar, garantir e viabilizar mecanismos<br />

<strong>para</strong> trocas <strong>de</strong> experiências entre os governos<br />

iberoamericanos, enfocando as diferentes<br />

realida<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rando recortes etários,<br />

étnico-raciais, territoriais, <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong><br />

opção sexual, em que também seja garantida<br />

a contribuição da socieda<strong>de</strong> civil <strong>de</strong>ssa região.<br />

11. Estab<strong>el</strong>ecer parcerias com órgãos<br />

que fazem gestão <strong>de</strong> políticas e <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> meio ambiente,<br />

focados em Educação Ambiental, no contexto<br />

ibero-americano.<br />

15. Realizar mais eventos com a temática <strong>de</strong><br />

juventu<strong>de</strong> e meio ambiente.<br />

16. Articular o movimento ambientalista com<br />

o movimento <strong>de</strong> cooperativas.<br />

12. A cada país ibero-americano, em<br />

ativida<strong>de</strong>s governamentais, que convoque<br />

jovens engajados na temática socioambiental<br />

<strong>para</strong> integrarem suas <strong>de</strong>legações oficiais,<br />

proporcionando diversida<strong>de</strong>, troca <strong>de</strong><br />

experiências e diálogos, necessários <strong>para</strong><br />

a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>mocrática e comprometida<br />

com o Tratado <strong>de</strong> Educação<br />

Ambiental <strong>para</strong> Socieda<strong>de</strong>s Sustentáveis e<br />

17. Fortalecer os movimentos juvenis, percebendo<br />

e disseminando o caráter autêntico da<br />

cultura e modo <strong>de</strong> operação <strong>de</strong>sses grupos, a<br />

partir <strong>de</strong> seu reconhecimento oficial.<br />

18. Coletar, garantir e distribuir recursos<br />

financeiros e materiais <strong>para</strong> realização<br />

das propostas levantadas p<strong>el</strong>os movimentos<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>.<br />

Carta das Responsabilida<strong>de</strong>s<br />

Vamos Cuidar do Brasil<br />

II Conferência Nacional Infanto-Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Somos jovens do Brasil inteiro envolvidos no<br />

processo da II Conferência Nacional Infanto-<br />

Juvenil p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong>. Buscamos<br />

construir uma socieda<strong>de</strong> justa, f<strong>el</strong>iz e<br />

sustentáv<strong>el</strong>. Assumimos responsabilida<strong>de</strong>s<br />

e ações cheias <strong>de</strong> sonhos e necessida<strong>de</strong>s.


254<br />

Bom Jesus da Lapa/BA [MateusFernan<strong>de</strong>s]<br />

Divulgação da informação e ampliação<br />

dos conhecimentos por meio da educação<br />

ambiental.<br />

Criaremos grupos <strong>de</strong> intercâmbio<br />

<strong>para</strong> realizar palestras, seminários,<br />

campanhas, pesquisas e apresentações<br />

culturais <strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> jovens<br />

e <strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> adultos. Iremos<br />

proteger e valorizar o local em<br />

Esta carta carrega as<br />

idéias coletivas <strong>de</strong> 12 mil<br />

escolas e comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todo o país que<br />

que vivemos e suas culturas com a produção e<br />

apropriação <strong>de</strong> diversas linguagens <strong>de</strong> nicação <strong>de</strong>scontraídas e criativas.<br />

comurealizaram<br />

suas Conferências em 2005, com os<br />

<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong> pessoas.<br />

Proteção e valorização da biodiversida<strong>de</strong>.<br />

É necessário manter a vegetação nativa dos<br />

Este é um meio <strong>de</strong> expressar nossas vonta<strong>de</strong>s<br />

e nosso carinho p<strong>el</strong>a vida e sua diversida<strong>de</strong>.<br />

Compreen<strong>de</strong>mos que sem essa diversida<strong>de</strong> o<br />

mundo não teria cor. Encontramos caminhos<br />

<strong>para</strong> trabalhar temas globais, complexos e<br />

nossos biomas, protegendo a existente e<br />

recuperando áreas <strong>de</strong>gradadas no campo<br />

e nas cida<strong>de</strong>s. É importante reflorestar matas<br />

ciliares, construir viveiros e sementeiras <strong>para</strong> o<br />

cultivo <strong>de</strong> plantas nativas.<br />

urgentes: Mudanças Climáticas, Biodiversida<strong>de</strong>,<br />

Segurança Alimentar e Nutricional e<br />

Diversida<strong>de</strong> Étnico-Racial. Queremos sensibilizar<br />

e mobilizar as pessoas <strong>para</strong> juntos<br />

encararmos os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios socioambientais<br />

que a nossa geração enfrenta.<br />

Transformação das cida<strong>de</strong>s, comunida<strong>de</strong>s e<br />

escolas em espaços ambientalmente saudáveis.<br />

Vamos unir forças com toda a comunida<strong>de</strong><br />

escolar <strong>para</strong> arborizar as escolas e bairros com<br />

espécies frutíferas e criar hortas, pomares,<br />

praças, parques e jardins.<br />

Para cuidarmos do Brasil precisamos <strong>de</strong><br />

sua colaboração. Estamos fortalecendo Diminuição da produção <strong>de</strong> lixo praticando<br />

as ações estudantis e nos unindo nas<br />

Com-Vidas - Comissões <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong><br />

e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vida na Escola, nos Coletivos<br />

Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e em tantos outros<br />

os 5 Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar<br />

e reciclar.<br />

Vamos repensar os modos <strong>de</strong> produção e<br />

as reais necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo, recusar<br />

grupos. Compartilhamos a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scartáveis, optar por produtos reciclados,<br />

com os governos, empresas, meios <strong>de</strong><br />

comunicação, ONGs, movimentos sociais e<br />

culturais, além <strong>de</strong> nossas comunida<strong>de</strong>s.<br />

praticar a se<strong>para</strong>ção do lixo <strong>para</strong> apoiar<br />

a coleta s<strong>el</strong>etiva e criar adubos a partir<br />

da matéria orgânica. Iremos incentivar as<br />

cooperativas e exigir o apoio das prefeituras.<br />

Assim, assumimos estas responsabilida<strong>de</strong>s:


255<br />

Redução da emissão <strong>de</strong> gases poluentes que<br />

provocam o aquecimento global.<br />

Praticar a carona solidária e incentivar o uso<br />

<strong>de</strong> transporte coletivo e bicicletas. Estimular a<br />

utilização <strong>de</strong> energias alternativas como solar,<br />

eólica e biodies<strong>el</strong>.<br />

Prevenção do <strong>de</strong>smatamento e das queimadas.<br />

Iremos pesquisar e dialogar sobre práticas<br />

sustentáveis com os fazen<strong>de</strong>iros e agricultores:<br />

uso e manejo do solo e das<br />

florestas, o que contribui <strong>para</strong> a redução do<br />

aquecimento global. Organizaremos mutirões<br />

<strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> sementes nativas,<br />

campanhas publicitárias, fóruns e caminhadas<br />

ecológicas.<br />

Respeito, entendimento e reconhecimento da<br />

diversida<strong>de</strong> cultural.<br />

Promover eventos <strong>para</strong> a socialização das<br />

culturas e etnias. Garantir a visibilida<strong>de</strong> e<br />

a prática das leis que incluem a história <strong>de</strong><br />

outras culturas no conteúdo escolar, como<br />

a afro-brasileira. Divulgar p<strong>el</strong>a mídia o valor<br />

das diversas culturas.<br />

Valorização da produção e do consumo <strong>de</strong><br />

alimentos naturais e orgânicos.<br />

Precisamos mudar nossos hábitos alimentares<br />

<strong>para</strong> a escolha <strong>de</strong> alimentos saudáveis;<br />

sensibilizar agricultores <strong>para</strong> práticas <strong>de</strong><br />

cultivo com adubos orgânicos e inseticidas<br />

naturais; e dizer não <strong>para</strong> o plantio e o<br />

consumo <strong>de</strong> transgênicos.<br />

Reeducação alimentar respeitando os hábitos<br />

dos povos.<br />

Elaboração <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> segurança alimentar<br />

como: cardápio escolar balanceado, resgate<br />

e socialização <strong>de</strong> conhecimentos tradicionais,<br />

receita <strong>de</strong> alimentos saudáveis e<br />

hortas escolares.<br />

Convidamos você <strong>para</strong> cuidar do Brasil!<br />

Luziânia (GO), 26 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2006.<br />

Manifesto <strong>de</strong> homens e mulheres em<br />

solidarieda<strong>de</strong> às camponesas da Via Campesina<br />

As mudas romperam o silêncio<br />

Havia um silêncio, sepulcral<br />

sobre <strong>de</strong>zoito mil hectares roubados<br />

dos povos tupi-guarani<br />

sobre <strong>de</strong>z mil famílias quilombolas<br />

expulsas <strong>de</strong> seus territórios<br />

sobre milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> herbicidas<br />

<strong>de</strong>rramados nas plantações<br />

sobre o cloro utilizado<br />

no branqueamento do pap<strong>el</strong><br />

a produzir toxinas que agri<strong>de</strong>m<br />

plantas, bichos e gentes<br />

sobre o <strong>de</strong>saparecimento<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quatrocentas espécies <strong>de</strong> aves<br />

e quarenta <strong>de</strong> mamíferos<br />

do norte do Espírito Santo<br />

Havia um silêncio promíscuo<br />

Havia um silêncio intransponív<strong>el</strong>


256<br />

sobre a natureza <strong>de</strong> uma planta<br />

que consome trinta litros <strong>de</strong> água-dia<br />

e não dá flores nem sementes<br />

sobre uma plantação que produzia bilhões<br />

e mais bilhões <strong>de</strong> dólares<br />

<strong>para</strong> meia dúzia <strong>de</strong> senhores<br />

Havia um silêncio espesso<br />

sobre milhares <strong>de</strong> hectares acumulados<br />

no Espírito Santo, Minas, Bahia<br />

e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

Havia um silêncio cúmplice<br />

sobre a <strong>de</strong>struição da Mata Atlântica e dos<br />

pampas<br />

p<strong>el</strong>o cultivo homogêneo <strong>de</strong> uma só árvore:<br />

o eucalipto.<br />

Havia um silêncio comprado<br />

sobre a volúpia do lucro<br />

Sim, havia um silêncio global<br />

sobre os capitais suecos<br />

sobre as empresas norueguesas<br />

sobre a gran<strong>de</strong> banca nacional<br />

e não mais que <strong>de</strong> repente<br />

o riso da burguesia fez-se espanto<br />

tornou-se esgar, <strong>de</strong>sconcerto.<br />

III<br />

A or<strong>de</strong>m levantou-se incrédula<br />

clamando progresso e ciência<br />

imprecando em termos chulos<br />

obscenida<strong>de</strong>s e calão<br />

Jornais, rádios, revistas,<br />

a internet e a TV,<br />

as empresas anunciantes<br />

executivos bem-falantes<br />

assessores rastejantes<br />

técnicos bem-pensantes<br />

os governos vacilantes<br />

a direita vociferante<br />

e todos os extremistas <strong>de</strong> centro<br />

fizeram coro, eco,<br />

comício e <strong>de</strong>clarações<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o capital:<br />

“Elas não po<strong>de</strong>m romper o silêncio!”<br />

E clamaram por <strong>de</strong>gola.<br />

Por fim<br />

havia um imenso <strong>de</strong>serto ver<strong>de</strong><br />

em concerto com o silêncio.<br />

II<br />

De repente<br />

milhares <strong>de</strong> mulheres se juntaram<br />

e <strong>de</strong>struíram mudas<br />

a opressão e a mentira<br />

As mudas gritaram<br />

<strong>de</strong> repente<br />

IV<br />

De repente<br />

não mais que <strong>de</strong> repente<br />

milhares <strong>de</strong> mulheres<br />

<strong>de</strong>struíram o silêncio<br />

Naqu<strong>el</strong>e dia<br />

nas terras da Aracruz<br />

as mulheres da Via Campesina<br />

foram o nosso gesto<br />

foram a nossa fala.


257<br />

Registro <strong>de</strong> Colaboradores<br />

Jovens Focais<br />

Adri<strong>el</strong>le Saldanha Clive (RJ)<br />

Luã Gabri<strong>el</strong> dos Santos (PA)<br />

Amanda Florêncio Macedo (PE)<br />

Luciana Lira Barros (DF)<br />

Amélia Soraya F. Santana (MA)<br />

*Luís Ricardo Rodrigues <strong>de</strong> Araújo (SE)<br />

Analu <strong>de</strong> Vasconc<strong>el</strong>os Bernardo (PI)<br />

Mano<strong>el</strong> Rodrigues <strong>de</strong> Sousa Filho (CE)<br />

Andréia Broering (SC)<br />

Marc<strong>el</strong>o Limont (PR)<br />

Andrezza K<strong>el</strong>ly Lira Furtado (AL)<br />

*Marcos Carlos <strong>de</strong> Mesquita Neto (MA)<br />

*Anne Carolina Gan<strong>de</strong>r (MG)<br />

Maria Edilene Neri <strong>de</strong> Sousa (AM)<br />

Bruno Cruz <strong>de</strong> Souza (PB)<br />

Maria Lindalva Dani<strong>el</strong> Barbosa (CE)<br />

Carla Viviane <strong>de</strong> Assis (PR)<br />

Marja Zattoni Milano (MS)<br />

Carolina Rocha Sanches (AL)<br />

Mateus <strong>de</strong> Sá Barreto Barros (PE)<br />

Diego <strong>de</strong> Holanda Fernan<strong>de</strong>s (PB)<br />

Natália Sousa (MT)<br />

Dionaldo Almeida Oliveira (MA)<br />

Natália Sousa (PA)<br />

Eudimar Viana (AP)<br />

Núbia Carneiro Guimarães (MG)<br />

Fabrício Alves Cruz (RO)<br />

Orlando Menezes da Silva (AC)<br />

*Fernanda Guimarães Dorta (PR)<br />

Patrícia Maria (DF)<br />

Fernando Filippini Piccirilo (SP)<br />

Rafa<strong>el</strong> <strong>de</strong> Souza Porto Neto (RR)<br />

Gis<strong>el</strong>e Renault Supino Men<strong>de</strong>s (RJ)<br />

Rafa<strong>el</strong> Lira (SP)<br />

Gracy da Costa Andra<strong>de</strong> (AP)<br />

Regina Freire Almeida do Nascimento (TO)<br />

Grazi<strong>el</strong>a Rinaldi da Rosa (RS)<br />

Renan Almeida Gonçalves (RR)<br />

Hugo José Lima (MG)<br />

Rodrigo Lopes F<strong>el</strong>iciano Silva (PE)<br />

Igor Cardoso Oliveira (SE)<br />

*Sabrina Dinorá Santos do Amaral (RS)<br />

*Isab<strong>el</strong>a Codolo Lucena (MT)<br />

Sarita Martins Camiña Reinicke (SC)<br />

Jefferson Silva Jorge (RO)<br />

Tatiane Heinemann Böhmer (SE)<br />

João Paulo do Nascimento Silva (AL)<br />

Thiago Guimarães Siqueira (BA)<br />

Jocimara da Conceição (ES)<br />

Veruza Martins <strong>de</strong> Almeida (AP)<br />

Juliana Costa Borges (DF)<br />

Victor Cruvin<strong>el</strong> (GO)<br />

Kil<strong>de</strong>ri Araújo (RN)<br />

Wagner San (MS)<br />

Laís Oliveira Abreu (BA)<br />

Webert Luiz Santos Ribeiro (GO)<br />

Lindomar José Gomes (ES)<br />

Willian <strong>de</strong> Almeida Ramos (AM)<br />

Lorena Soares Matias (RN)<br />

*jovens que integraram também o Cons<strong>el</strong>ho Editorial do projeto.


258<br />

Membros do Grupo GEO<br />

*Adriano da Silveira Zanetti “Black” (SP)<br />

PATCHOL’s Família<br />

*Betânia Maria Zarzu<strong>el</strong>a Alves <strong>de</strong> Av<strong>el</strong>ar (RO)<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisa em Defesa da I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

Amazônica - INDIA<br />

*Carolina <strong>de</strong> Moura Campos (MG)<br />

ONG 4 Cantos do Mundo<br />

*Juliane Barbosa Corrêa (MS)<br />

ECOA - Ecologia e Ação<br />

Parceiros<br />

*Mariana Matos <strong>de</strong> Santana (BA)<br />

Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBÁ<br />

*Rang<strong>el</strong> Arthur <strong>de</strong> Almeida Mohedano (SP)<br />

Instituto SincroniCida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a Interação<br />

Social - ISPIS<br />

Colaboram ainda com o Grupo GEO:<br />

*Fábio An<strong>de</strong>rson Rodrigues Pena / Projeto<br />

Saú<strong>de</strong> & Alegria<br />

Maria Thereza Teixeira.<br />

*jovens que integraram também o Cons<strong>el</strong>ho Editorial do projeto.<br />

Institucionais<br />

Ministérios da Educação e do Meio <strong>Ambiente</strong>:<br />

*Dani<strong>el</strong>a Ferraz, *Fábio Deboni, Marcos<br />

Sorrentino, Rach<strong>el</strong> Trajber, Ricardo Henriques<br />

e Soraia M<strong>el</strong>lo.<br />

<strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Meio<br />

<strong>Ambiente</strong> - Brasil: Berna<strong>de</strong>te Lange,<br />

Cristina Montenegro, Juliana Pires, Paula<br />

Rassi Brasil e *Yana Dumaresq,<br />

Secretaria Nacional da Juventu<strong>de</strong>: Beto Cury,<br />

*Carlos Odas, Edson Pistori e Regina Novaes.<br />

Encontro do Grupo GEO, Brasília/DF [Arquivo Interagir]<br />

Estratégicos<br />

União dos Escoteiros do Brasil: Carla Neves, *Carmen Barreira, Luiz César <strong>de</strong> Simas Horn, Luiz<br />

Gustavo Cardia Mazetti e Paulo Salamuni.<br />

<strong>Programa</strong> das Nações <strong>Unidas</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento: Cláudia Valenzu<strong>el</strong>a<br />

WWF-Brasil: Denise, Hamú, Juan F. Scalia Negret, Larissa Costa, *Mariana Valente, Mich<strong>el</strong> dos<br />

Santos, Patrícia Dolab<strong>el</strong>la, Samu<strong>el</strong> Barreto, Sérgio Augusto Ribeiro e Wal<strong>de</strong>mar Ga<strong>de</strong>lha Neto.<br />

Fundação Nacional do Índio: Carla Bento e H<strong>el</strong>ena <strong>de</strong> Biase<br />

Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral: Jean Benevi<strong>de</strong>s e Maria Salete<br />

*membros do Cons<strong>el</strong>ho Editorial.


259<br />

Membros do Cons<strong>el</strong>ho Editorial<br />

Adalberto Marcon<strong>de</strong>s / Envolver<strong>de</strong><br />

Alessandra Dadona Benedito<br />

Camila Godinho / Grupo Interagir<br />

Carla Hirata / Grupo Interagir<br />

Carolina Men<strong>de</strong>s / Grupo Interagir<br />

Carolina Nóbrega<br />

Clóvis Henrique <strong>de</strong> Souza / Grupo Interagir<br />

Dani<strong>el</strong>a Marques / WWF-Brasil<br />

Denise <strong>de</strong> Oliveira / CNPq<br />

Diogo André Assumpção / Grupo Interagir<br />

Erika Costa / Grupo Interagir<br />

Geovani Kezokenaece Paresi<br />

Henrique Dantas <strong>de</strong> Santana (consultor)<br />

Jayc<strong>el</strong>ene Brasil / CTA<br />

Juca Cunha / Toca<br />

Juliana Soares / Grupo Interagir<br />

Lúcia Almeida / DEA - MMA<br />

Ludmila Seabra<br />

Luis Betanzos / PNUMA<br />

Marc<strong>el</strong> Taminato<br />

Maria Alice Cintra / GAMBÁ<br />

Mariana Valente / WWF-Brasil<br />

Mateus Fernan<strong>de</strong>s / Grupo Interagir<br />

Mich<strong>el</strong>e Sato / UFMT<br />

Murillo Martins / ISCA<br />

Nathália Campos / Grupo Interagir<br />

Vitor Massao / ISPIS<br />

Co-participantes<br />

Adriana Luzia Pereira (RS)<br />

Adriana Santos Silva (MA)<br />

Alan da Silva Martins (RS)<br />

Alerrandra Thaísa Rab<strong>el</strong>o da Costa (AP)<br />

Alexandre Correa Garcês (MA)<br />

Alexandre Dal Zotto (RS)<br />

Aline (PR)<br />

Aline <strong>de</strong> Martins Carvalho (RS)<br />

Aline Niendicker (RS)<br />

Allan Crema (DF)<br />

Amanda Letícia Muniz (AP)<br />

Ana Paula Saliba Dias (MS)<br />

Ana Zélia Santana (RS)<br />

An<strong>de</strong>rson Anschau (RS)<br />

Andressa Martins Me<strong>de</strong>iros (AP)<br />

Âng<strong>el</strong>a Carolina <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (PB)<br />

Antônio Nildo V<strong>el</strong>oso (PR)<br />

Arthur Guilherme da Silva (RS)<br />

Bárbara Batista (DF)<br />

Bárbara dos Santos (RS)<br />

Bianca M. Dewes (RS)<br />

Bruna (RS)<br />

Bruna Fernanda Klassmann (RS)<br />

Caio Lucas (AP)<br />

Camila Benemann (RS)<br />

Camilla (MG)<br />

Carina Massmann (RS)<br />

Carolina Paiva (SP)<br />

Cassiano da Silva Portalete (RS)<br />

Cécio Maya (PR)<br />

C<strong>el</strong>so Isidoro Araújo da Silva (MA)<br />

Cimara P. C. (DF)<br />

Charlles Fantin<strong>el</strong> (RS)<br />

Clais <strong>de</strong> Oliveira Pinto (RS)<br />

Clarissa Presotti Guimarães Carvalho (DF)<br />

Cláudio Santana (RS)<br />

Cristiano Alex dos Santos Teixeira (PR)<br />

Dábila Dany<strong>el</strong>ly Povoas Silva (MA)


260<br />

Daiani (RS)<br />

Danillo Félix (SE)<br />

Darlan Silva (RO)<br />

Daruzi Cezar F<strong>el</strong>ippe (RS)<br />

Débora (MG)<br />

Débora Duarte Pinheiro (MT)<br />

Débora Koury (PE)<br />

Denílson <strong>de</strong> Souza (PR)<br />

Diego Emiliano <strong>de</strong> Oliveira Gimenez (RO)<br />

Diego Xavier (DF)<br />

DJ Matan (DF)<br />

E<strong>de</strong>r Augusto <strong>de</strong> Oliveira (PR)<br />

Edivam (MG)<br />

Eduarda Demari Av<strong>el</strong>la (RS)<br />

Érika Torquias (MG)<br />

Euzilene Barbosa da Silva (AM)<br />

Everton C. Marques (RS)<br />

F<strong>el</strong>ipe <strong>de</strong> M<strong>el</strong>o Lima (PR)<br />

Fernanda Birk (PR)<br />

Fernanda Domingos da Silva (MS)<br />

Fernanda Freire do Vale (CE)<br />

Franci<strong>el</strong>e (RS)<br />

Franci<strong>el</strong>e Alves Lopes (PR)<br />

Francimara Ribeiro do Nascimento (AM)<br />

Francine Benkenstein (RS)<br />

Francisco Darlan Sousa Teixeira (MA)<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis (MG)<br />

Francisco Silva No<strong>el</strong>i (RS)<br />

Gabri<strong>el</strong> Deam (RS)<br />

Gabri<strong>el</strong>a Barbosa Batista (CE)<br />

Gabri<strong>el</strong>a Dias Coutinho (MA)<br />

Gabri<strong>el</strong> Romeo (DF)<br />

Geovan Gonçalves Fonseca (RJ)<br />

Gilberto R. Júnior (RS)<br />

Gleidson Batista (MG)<br />

Guilherme Reichert (RS)<br />

Guilherme Silveira Dias (PR)<br />

Hanna Xavier (DF)<br />

Henrique Loureiro (SP)<br />

Hugo Noleto da Silva (MA)<br />

Iaponira Sales <strong>de</strong> Oliveira (PB)<br />

Isaac Samir da Silva (RS)<br />

Isais B<strong>el</strong>o da Silva (PE)<br />

Jackson A. Borvian (RS)<br />

Janes Solon Malheiros (RS)<br />

Janilce Barfzi (PR)<br />

Jaqu<strong>el</strong>ine <strong>de</strong> Araújo Silva (MA)<br />

Jean Carlo Alves da Silva (PR)<br />

Jennifer Rios (RS)<br />

Jéssica Ionara Bohn (RS)<br />

Jonas Ferreira (RO)<br />

Jonatan Vinicius Goulart (PR)<br />

Jorge Amaro <strong>de</strong> Souza Borges (RS)<br />

Josias (RS)<br />

Juliana (MG)<br />

Juliana B. (RJ)<br />

Juliana Men<strong>de</strong>s (DF)<br />

Karoline (RS)<br />

Karollyne Nadja Costa Sousa (MA)<br />

K<strong>el</strong>ly Letícia Schirmer (RS)<br />

Kusum Verônica Toledo (PR)<br />

Laís Kaliorany Rodrigues da Silva (MA)<br />

Léa Moara G<strong>el</strong>hen (RS)<br />

Leopoldo Alberto Vicente Erthal (PR)<br />

Letícia Rinaldi da Rosa (RS)<br />

Lígia Barbosa (MT)<br />

Lisiane Amoreti da Silva Aguiar (RS)<br />

Luã Lazaretti (RS)<br />

Luane Abrantes Simões (AP)<br />

Luara Presotti Guimarães Carvalho (DF)<br />

Lucas Lima (RS)<br />

Lucas Thomas Édson Barreto Mariano (RS)<br />

Ludmila G. (DF)<br />

Luisa Gouvêa do Prado (SP)<br />

Luiz Eduardo (RS)<br />

Luiza <strong>de</strong> Freitas Campos (DF)<br />

Marc<strong>el</strong>y Kutzmer Winckler (RS)<br />

Márcia Renata Fernan<strong>de</strong>s Soares Cruz (AP)


261<br />

Marciano Marcolem Ferreira (PR)<br />

Marcio F<strong>el</strong>ipe Marmitt (RS)<br />

Mari<strong>el</strong>e Mucciatto (PR)<br />

Mario Estevam Malschitzky (PR)<br />

Marjorye Altenhofen (RS)<br />

Mateus Raymundo da Silva (RS)<br />

Matheus Heidrich Cunha (RS)<br />

Matheus Sangalli (RS)<br />

Maurício Schnei<strong>de</strong>r (RS)<br />

Mayara Cristina Guimarães Moreira (RS)<br />

Mich<strong>el</strong>le Midori Morimura (PE)<br />

Moisés Silva Costa (MA)<br />

Mônica Goulart da Silva (RS)<br />

Mônica Kanegae (DF)<br />

Nájila Fiama Reis Leal (MA)<br />

Natália (MG)<br />

Natália (RS)<br />

Natália Jung (AC)<br />

Nathália Garcia Gärtner (RS)<br />

Nicolas Van Flaveren (RS)<br />

Ohana Venter (RS)<br />

Otoni<strong>el</strong> Almeida (AC)<br />

Pâm<strong>el</strong>a (MG)<br />

Pâm<strong>el</strong>la Kirrschner (RS)<br />

Patrícia (RS)<br />

Patrícia H<strong>el</strong>ena Nunes (RS)<br />

Pedro Machado Malheiros (RS)<br />

Pollyanna Brito (GO)<br />

Potira Amaral (RS)<br />

Pricila Maci<strong>el</strong> (RS)<br />

Ralph Leite Junior “MC Ralph” (SP)<br />

Ramom do Amaral (RS)<br />

Renata Trinda<strong>de</strong><br />

Roberta Grigoletti (MG)<br />

Rodrigo (MG)<br />

Rodrigo Martini Oliveira (RS)<br />

Rodrigo Pinheiro Bastos (DF)<br />

Rogério Chaves Silva (MA)<br />

Romeu Santos Chagas (MA)<br />

Rondiw<strong>el</strong>i Carlos <strong>de</strong> Souza (MG)<br />

Rony Roberth Nazareth Moraes (MA)<br />

Sidnei Cardozo (PR)<br />

Simone Cor<strong>de</strong>iro (MG)<br />

St<strong>el</strong>la Alves da Fonseca (DF)<br />

Su<strong>el</strong>en Cristina (AL)<br />

Suélen Evaldt (RS)<br />

Tainá Rodrigues (MT)<br />

Talita Assis da Silva (RS)<br />

Tamara Jessyca Costa Oliveira (MA)<br />

Tamires Martins (RS)<br />

Tamires Taborda Fontana (RS)<br />

Tarcísio Branco (BA)<br />

Tatiane Passos Co<strong>el</strong>ho (MA)<br />

Téa Monique G<strong>el</strong>hen (RS)<br />

Thaís (RJ)<br />

Thais Nayuri Watanabe (SP)<br />

Thais Saldanha Jorge (RR)<br />

Thaissa Cheida (MT)<br />

Thauane Men<strong>de</strong>s Santos (MA)<br />

Tiago Borges (MG)<br />

Tiago <strong>de</strong> Souza Moraes (RS)<br />

Tiago Vinicius <strong>de</strong> Oliveira (MG)<br />

Uldson (MG)<br />

Valéria Cruz (RO)<br />

Valérie (MG)<br />

Vanessa <strong>de</strong> Jesus Andra<strong>de</strong> (DF)<br />

Viviane <strong>de</strong> Souza (RS)<br />

Wan<strong>de</strong>rley Silva <strong>de</strong> Matos (MA)<br />

Wan<strong>de</strong>rson Clayton (MG)<br />

Wandreah Bastos Gomes (MA)<br />

Wesule (MG)<br />

Yanina Micha<strong>el</strong>a Sammarco (RS)


262<br />

Organizações<br />

5°MT Grupo Escoteiro Pascoal Moreira Cabral (MT): Arthur Renato Schuch Boll, Carmen Lucia<br />

Santos Silva, Elaine Valéria <strong>de</strong> Oliveira, Fernando Correa, João Pedro Albuquerque, José<br />

Leonardo Pereira Novais, Karina Karin Lucas dos Santos e Samu<strong>el</strong> Cardoso Rodrigues.<br />

30°MG Grupo Escoteiro Viçosa (MG): André Luís Carvalho Men<strong>de</strong>s<br />

26°MS Grupo Escoteiro Lírio Branco (MS): Geni Cortina<br />

68°MG Grupo Escoteiro Rui Barbosa (MG): Maria das Dores Pantuza Men<strong>de</strong>zes<br />

107°MG Grupo Escoteiro Coron<strong>el</strong> Vicente Torres Jr. (MG): Paulo Henrique Maci<strong>el</strong> Barbosa<br />

AANA – Associação dos Artesãos <strong>de</strong> Novo Airão (AM)<br />

Aguavale (PE)<br />

Argonautas (PA)<br />

Associação Amigos do Futuro (DF): Italo Rios, Itanor N. C. Júnior, Rejane Pieratti e Rizia Alves<br />

Associação <strong>de</strong> Pais e Amigos dos Excepcionais da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto/UFOP (MG): Máximo<br />

Eleotério Martins<br />

Associação <strong>de</strong> Parteiras do Amapá (AP)<br />

Associação Olhos d’Água <strong>de</strong> Proteção Ambiental - AOPA (DF): Guilherme Souza<br />

Bichos do Mato (BA): Gustavo Costa <strong>de</strong> Santana, H<strong>el</strong>enilson Silva <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Neto, Karine<br />

Nair Sousa <strong>de</strong> Oliveira, Lailton Câmara Fernan<strong>de</strong>s, Marcio Alves <strong>de</strong> Souza, Matheus Barroso<br />

Veiga, Sandra Morena Guez Nonato, Tatiane dos Santos Fernan<strong>de</strong>s, Thaiane Conceição Cunha<br />

<strong>de</strong> Santana e Thiago <strong>de</strong> Araújo Men<strong>de</strong>s.<br />

CEFET – Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica <strong>de</strong> Cuiabá (MT): Jorge Augusto Neves Pereira<br />

Centro Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica (PI)<br />

COMITESINOS (RS): Alexandre <strong>de</strong> Souza Ortiz, André Guilherme Atz dos Santos, Angélica,<br />

Ariél <strong>de</strong> Souza, Carine Seibert, Dani<strong>el</strong>e da Silva Flicker, Desireê Oliveira, Deyvid, Diogo<br />

Martiny, Eduarda Loureiroeeker, Eunice C. dos Santos, F<strong>el</strong>ipe Altmann, Flávia Nerbas,<br />

Gabri<strong>el</strong> Simon Bit<strong>el</strong>lo, Jéssica Adriana Steffen Vargas, Jéssica Siqueira, Júlia Gabri<strong>el</strong>a<br />

Schuster, Juliana Ritz<strong>el</strong>, K<strong>el</strong>len Simone Mu<strong>el</strong>ler, Lucas Leandro <strong>de</strong> Oliveira, Mich<strong>el</strong>le<br />

Alves Hoffman, Renan M. Rollof, Roberta Amaral, Rodrigo Martini Oliveira, Talita <strong>de</strong><br />

Amorim, Tayana Fagun<strong>de</strong>s, Tiago Dapper, Túlio C. G. e Vítor Rossi.<br />

Comitesinus - Projeto Peixe-Dourado (RS)<br />

Companhia <strong>de</strong> Saneamento Ambiental do DF - Caesb (DF)<br />

Comunida<strong>de</strong> Iratapuru/ Projeto Iratapuru Sustentáv<strong>el</strong> (AP)<br />

Coletivos Jovens <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (todos os estados brasileiros)<br />

Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (GO): Diogo Damasceno Pires, Jorge Augusto Almada<br />

Justino, K<strong>el</strong>ly Souza e Sandro Rafa<strong>el</strong> Borges.<br />

Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> (MT): Fernanda Domingos da Silva, Juliana Kawanishi<br />

Braga, Ronaldo Eustáquio Feitoza Senra e Thaís Penha Dias.


263<br />

Clube Conservadores da Natureza (SP): Camila Gomes <strong>de</strong> M<strong>el</strong>lo<br />

DCE do CEFET-RN e UJS-RN (RN)<br />

D-Ver CiDa<strong>de</strong> Cultural (MG)<br />

EMCANTAR – Centro <strong>de</strong> Cultura, Educação e Meio <strong>Ambiente</strong> (MG): Ênio Bernar<strong>de</strong>s, Fabrício<br />

Rodrigues <strong>de</strong> Oliveira, Maíra <strong>de</strong> Ávila, Marco Aurélio Faria Co<strong>el</strong>ho, Mariana Rodrigues<br />

Fernan<strong>de</strong>s, Mariane <strong>de</strong> Ávila, Mirtes Júlia <strong>de</strong> Sousa, Monique Cristina Pereira Rodrigues,<br />

Patrocínio José da Silva Neto e Vivaldo Júnior.<br />

- Professores da re<strong>de</strong> pública participantes em ativida<strong>de</strong>s realizadas p<strong>el</strong>o EMCANTAR: Deonice<br />

das Graças Silva, Gláucia H<strong>el</strong>ena, Gláucia Pinheiro Ruas, Maria <strong>de</strong> Fátima Alves Batista, Regina<br />

Ferreira Rodrigues e Worley Aparecida Diniz.<br />

- Estúdio F7: Marc<strong>el</strong>o Branco<br />

Ensino Médio da Escola Estadual <strong>de</strong> 1° e 2° Liceu Cuiabano <strong>de</strong> Arruda Muller (MT): Analice<br />

Santos <strong>de</strong> Carvalho, Ayr Spínola Costa Filho, Bruno <strong>de</strong> Souza Silva, Bruno Fernando, Caroline<br />

K<strong>el</strong>li G. <strong>de</strong> Souza, Clícia Fernanda, Oliveira Peres da Silva, Cristiane Paulina da Silva, Dani<strong>el</strong>a<br />

<strong>de</strong> Arruda, Débora Dutra Pinheiro, Dédner M., Diego W<strong>el</strong>lington Jaudy <strong>de</strong> Almeida, Douglas<br />

Antônio, Douglas Pinto Duarte, Douglas Ramos, E<strong>de</strong>r Lara, Edilnéia P. Santana, Edilene dos<br />

Santos Lara, Érico Diego Teixeira, Fabrícia dos Santos, Francisca Josâng<strong>el</strong>a P. Alves, Gabri<strong>el</strong>a<br />

Santos, Jamilli Martins, Jocimara <strong>de</strong> Arruda Corréa, Jomana Fares Ok<strong>de</strong>, Jonathan O. Santos,<br />

José Luiz Almeida França Campos, Joseane Padilha Cruz, Júlio Cezar Leita dos Santos, Küllen<br />

Cristina M.P., Laíza Thais Silva <strong>de</strong> Brito, Leandro Arantes da Silva, Lethiery Francis Kurpeull<br />

Soares, Luci<strong>el</strong>e Lima <strong>de</strong> Alvarenga, Luciene Minott Brito, Luiz Paulo Miranda <strong>de</strong> Arruda, Maria<br />

Regina <strong>de</strong> Oliveira Miranda, Micha<strong>el</strong> Kurpeull Soares, Milena Alves, Natamy Luanne da Silva,<br />

Nati<strong>el</strong>len Mamoré da Mata, Olívio Zanav<strong>el</strong>lo Neto, Patrícia Corrêa Biancardi, Raísa Tayllen,<br />

Roberto Misch<strong>el</strong> do Amaral, Roberson Arruda, Ronaldo Mario, Rosimeire Cacilda Leite e Sind<br />

K<strong>el</strong>len Albuquerque Guimarães.<br />

Equipe AIMIRI <strong>de</strong> Educação Ambiental (SE): A<strong>de</strong>line Amorim, Adson Trinda<strong>de</strong>, Dani<strong>el</strong><br />

Menezes, Débora Vieira, Denis Wesley, Milena Santana, Wagner e Wil<strong>de</strong>on Barros.<br />

Escola Estadual K<strong>el</strong>i Meise Machado (RS): Ana Lúcia Fabriz e Vanessa <strong>de</strong> Siqueira Kurz<br />

Escola Estadual Professora Divo Hugney <strong>de</strong> Siqueira Bastos (MT): Brenner Santiago<br />

Figueiredo Lopes<br />

Flor <strong>de</strong> Insensatez (DF): Hilan Bensusan e Laura Virgínia<br />

Fundação Bra<strong>de</strong>sco (MT): Alice De Carvalho Assad, Bruna Conceição Aquino, Cleiton S. Soares,<br />

Eojunior Marins, Gleberson Sena Souza, Islaini Thula N. Lopes, Jefferson Washington, Jhony<br />

Paixão <strong>de</strong> Almeida, Maycon Lucian Rocha <strong>de</strong> Araújo, Medlaine França Vieira, Pitter Wesley S.<br />

Oliveira e Wando Silva Nascimento.<br />

Fundação Neotrópica do Brasil (MS)<br />

Grupo Beija-FAL - Ecoturismo Científico (DF)<br />

Grupo Bumba Brasil/Banda Casa <strong>de</strong> Farinha (DF): Andréa Siqueira e André Togni<br />

Grupo <strong>de</strong> Danças Circulares Sagradas Rodas da Lua (DF): Andrea Boni


264<br />

Grupo <strong>de</strong> Jovens Mensageiros da paz (AL)<br />

Grupo <strong>de</strong> Percussão Batalá <strong>de</strong> Brasilía (DF): Paulo Garcia<br />

Grupo <strong>de</strong> Rap Gosp<strong>el</strong> (DF)<br />

Grupo <strong>de</strong> Apoio e <strong>de</strong> Resistência Rural e Ambiental (BA)<br />

Grupo V-Break (DF)<br />

IBAMA/MA (MA)<br />

IBAMA/PR (PR)<br />

Instituto Ambiental Ratones (SC)<br />

Instituto Gran<strong>de</strong> Sertão (MG)<br />

Instituto Socioambiental Árvore, antigo CEPECS Brasil (SE): Carlos Eduardo Silva<br />

Instituto Ver<strong>de</strong> Brasil (CE)<br />

Legião da Boa Vonta<strong>de</strong> (DF)<br />

Movimento <strong>de</strong> Ecologia Social Os Ver<strong>de</strong>s (RJ)<br />

OIKOS Imagens (DF): Bento Viana<br />

OnG JOGUELIMPO / Empresa Segurança e Proteção Ecológica (BA)<br />

Organização Pan-Americana da Saú<strong>de</strong>: Eng. Fernando A. Giffoni Noronha Luz<br />

O Sal da Terra (MG): Fernanda Júnia <strong>de</strong> Oliveira e Luana Crist<strong>el</strong>i Sena<br />

Pau-Brasília (DF): Nicholas Behr<br />

Patrulha Ecológica (DF)<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Arapiraca / Agenda 21 (AL)<br />

<strong>Programa</strong> Agente Jovem <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Humano (MT): Alexandre Men<strong>de</strong>s Lima,<br />

Genilson Defensor <strong>de</strong> Almeida, Joice Santos Oliveira, Jonathan Consu<strong>el</strong>o R. <strong>de</strong> P. Silva, Kamila<br />

Ferreira Casal, Kleber José Duarte da Cruz, Marcos Vinícius S. <strong>de</strong> Oliveira e Sérgio Rafall da Silva<br />

Vera.<br />

Projeto Cara Pintada (AC): David<br />

Projeto Filhos da Terra (PR)<br />

Projeto Pegadas Brasil (DF): Andreia Andrigueto e Edison Luis<br />

Projeto UFMTrilhas - Instituto <strong>de</strong> Biociências/UFMT (MT): Ligia Magrin<strong>el</strong>li Barbosa , Tainá<br />

Figueras Dorado Rodrigues e Thaissa Kochhann Cheida.<br />

Quilomboclada (RO): Samu<strong>el</strong> Pessoa da Silva<br />

Re<strong>de</strong> da Juventu<strong>de</strong> p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> e Sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto (SP): Adalberto<br />

Cerantolo, Bruno Max, Diego dos Santos, Fernanda Cristina, Guilherme <strong>de</strong> Araújo, José Aparecido,<br />

Natália Virtz e Sérgio Rodriguês.<br />

Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Agentes <strong>de</strong> Cidadania (RO)<br />

Reserva Mamirauá (AM)<br />

Saú<strong>de</strong> e Alegria - Teia Cabocla <strong>de</strong> Li<strong>de</strong>ranças Juvenis (PA)<br />

Secretaria <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> Parques e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação do DF –<br />

Comparques (DF): Prof. Ênio Dutra<br />

Secretária da Educação e Cultura <strong>de</strong> Tocantins (TO)


265<br />

Secretaria <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong> e Recursos Hídricos do GDF - SEMARH (DF): Luis Carlos Rocha<strong>de</strong>l<br />

SEMEAR (SE)<br />

TUPÃ – Turma Unida Pró Agroecologia (DF): Juan Benjamim Sugasti<br />

União P<strong>el</strong>a Preservação Ambiental (PR)<br />

Universida<strong>de</strong> Internacional da Paz - UNIPAZ (DF): Maurício Andrés Ribeiro, Regina Fittipaldi e<br />

Ivanete da Costa Barrosa<br />

Vivacida<strong>de</strong> (SP)<br />

Ativida<strong>de</strong>s Públicas<br />

III Encontrão Escoteiro (SP): Thaís Eliane<br />

Chaves e Priscila Costa.<br />

20° International CleanUp Day (DF): Ana<br />

Paula Brito Santos,<br />

Arlene Cardoso Neves,<br />

Brunno Batista da Silva, Bruno<br />

Reis Gracindo, Isab<strong>el</strong> Cristina<br />

Ribeiro, Jéssica Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Oliveira, Jucilene Santos, Luciana<br />

Rosa da Silveira, Luis Fernando,<br />

Marta Vieira da Silveira, Mica<strong>el</strong>a <strong>de</strong><br />

Souza M. Dourado, Nádia Lúcia Men<strong>de</strong>s, Natália<br />

Peixoto Henriques, Tatiane Rodrigues<br />

Pereira, Valquiria Santana e Vanessa <strong>de</strong> Jesus Andra<strong>de</strong>.<br />

Exposição Itinerante Água <strong>para</strong> a Vida, Água <strong>para</strong> Todos do<br />

WWF-Brasil (SP / PR / RS / RJ): Ramon F<strong>el</strong>ipe Bicudo da Silva<br />

Oficina com Jovens da Ecocâmara (DF): Gilson e Jacimara Machado.<br />

Totem <strong>de</strong> Mensagens do WWF-Brasil no Lançamento do GEO Juvenil<br />

Brasil (DF): Ana Luiza Braz Faiad, Átila Pessoa Costa, Cássia Tessnmer<br />

Elias Soares, Eliana Aquino, Elizabeth Drummond Meira, Guilherme<br />

Bergami Fragali, Ivanilson Luiz, Jean Paiva Xavier Peixoto, Lucas<br />

Almeida Silva, Lúcio Marcon, Marcos Cláudio, Maria <strong>de</strong> Fátima,<br />

Migu<strong>el</strong> Marinho, Nathália <strong>de</strong> Castro Barbosa, Paula Generino e<br />

Raqu<strong>el</strong> Meneses.<br />

Varal Poético do evento Namorando o <strong>Ambiente</strong> (DF)


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* Os sítios na internet foram consultados no período <strong>de</strong> julho a novembro <strong>de</strong> 2006.


275<br />

Glossário<br />

AÇÃO ANTRÓPICA<br />

Ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida p<strong>el</strong>o ser<br />

humano que gera modificações<br />

no meio natural.<br />

AGENDA 21<br />

Documento que se propõe a<br />

traduzir em ações o conceito <strong>de</strong><br />

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁ-<br />

VEL. Contou com a contribuição<br />

<strong>de</strong> governos e organizações da<br />

socieda<strong>de</strong> civil <strong>de</strong> 179 países,<br />

num processo pre<strong>para</strong>tório que<br />

durou dois anos e culminou em<br />

sua aprovação na RIO-92. É um<br />

plano <strong>de</strong> ação a ser adotado<br />

globalmente, nacionalmente e<br />

localmente <strong>para</strong> promover um<br />

novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os países signatários<br />

dos acordos firmados na RIO-92<br />

assumiram o compromisso <strong>de</strong><br />

<strong>el</strong>aborar sua própria Agenda 21<br />

Nacional.<br />

AGRONEGÓCIO<br />

É toda r<strong>el</strong>ação comercial que<br />

envolve produtos agrícolas. Comumente<br />

este termo é usado<br />

<strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar agriculturas <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> escala.<br />

AGROTÓXICO<br />

Substância química, geralmente<br />

artificial, cuja finalida<strong>de</strong> é combater<br />

espécies in<strong>de</strong>sejadas ou<br />

doenças que atacam culturas<br />

agrícolas. Po<strong>de</strong>m ser pesticidas<br />

(combatem insetos em geral),<br />

fungicidas (fungos) e herbicidas<br />

(plantas invasoras ou daninhas).<br />

Por serem tóxicos ao ser humano<br />

e ao meio ambiente, exigem<br />

cuidados especiais <strong>para</strong> armazenamento,<br />

transporte, uso e<br />

<strong>de</strong>scarte.<br />

AQUECIMENTO GLOBAL<br />

Ver EFEITO ESTUFA.<br />

AQÜÍFERO<br />

Formação rochosa, porosa e permeáv<strong>el</strong><br />

capaz <strong>de</strong> acumular água<br />

subterrânea em quantida<strong>de</strong>s significativas<br />

o que permite a sua<br />

exploração em fontes naturais<br />

ou através <strong>de</strong> poços. Ver também<br />

LENÇOL FREÁTICO.<br />

ASSOREAMENTO<br />

Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sedimentos,<br />

em geral lento e gradativo,<br />

que ocorre em rios, lagos,<br />

baías e oceanos. Gera redução da<br />

profundida<strong>de</strong> e da força da correnteza<br />

em cursos d’água. Po<strong>de</strong><br />

acontecer naturalmente, mas<br />

tem sido intensificado p<strong>el</strong>a ação<br />

humana.<br />

ATERRO SANITÁRIO<br />

Local <strong>para</strong> disposição final <strong>de</strong><br />

RESÍDUOS SÓLIDOS que obe<strong>de</strong>ce<br />

a um conjunto <strong>de</strong> normas<br />

operacionais e critérios técnicos,<br />

<strong>de</strong> modo a evitar riscos à saú<strong>de</strong><br />

pública e ao ambiente. Os resíduos<br />

são <strong>de</strong>positados em terrenos<br />

impermeabilizados, compactados<br />

e recobertos por camadas<br />

<strong>de</strong> terra. Deve haver dispositivos<br />

<strong>para</strong> drenagem superficial da<br />

área, captação e tratamento <strong>de</strong><br />

CHORUME e captação e tratamento<br />

dos gases provenientes<br />

da <strong>de</strong>composição do LIXO. Ver<br />

também LIXÃO.<br />

BACIA HIDROGRÁFICA<br />

Área drenada por um rio principal<br />

e seus afluentes, que tem como<br />

um <strong>de</strong> seus limites os pontos mais<br />

altos do r<strong>el</strong>evo, conhecidos como<br />

divisores <strong>de</strong> água. A bacia hidrográfica<br />

é a unida<strong>de</strong> territorial<br />

adotada <strong>para</strong> a implementação<br />

da Política Nacional <strong>de</strong> Recursos<br />

Hídricos. Ver também COMITÊ DE<br />

BACIA.<br />

BERADEIRO<br />

Gíria popular que indica quem<br />

nasce nas regiões ribeirinhas da<br />

Amazônia.<br />

BIODIVERSIDADE<br />

Biodiversida<strong>de</strong> ou diversida<strong>de</strong><br />

biológica é a diversida<strong>de</strong> da<br />

natureza viva.<br />

Refere-se à varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no<br />

planeta Terra, incluindo a varieda<strong>de</strong><br />

genética <strong>de</strong>ntro das populações<br />

e espécies, a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espécies da flora, da fauna, <strong>de</strong><br />

fungos macroscópicos e <strong>de</strong> microrganismos.<br />

Refere-se tanto ao<br />

número (riqueza) <strong>de</strong> diferentes


276<br />

categorias biológicas quanto<br />

à abundância r<strong>el</strong>ativa <strong>de</strong>ssas<br />

categorias<br />

BIOMA<br />

Conjunto <strong>de</strong> vida, vegetal e<br />

animal, constituído p<strong>el</strong>o agrupamento<br />

<strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> vegetação<br />

contíguos e i<strong>de</strong>ntificáveis em<br />

escala regional, com condições<br />

geoclimáticas similares e história<br />

compartilhada <strong>de</strong> mudanças, o<br />

que resulta em uma diversida<strong>de</strong><br />

biológica própria. O bioma não<br />

tem barreira geográfica.<br />

BIOTECNOLOGIA<br />

Aplicação dos conhecimentos<br />

e tecnologias baseadas na biologia<br />

em áreas como bioquímica,<br />

genética, microbiologia e<br />

engenharia química <strong>para</strong> obter<br />

produtos ou alcançar resultados<br />

específicos.<br />

BOMBACHA<br />

Calça larga, fechada no tornoz<strong>el</strong>o<br />

por botões, que compõe o vestuário<br />

tradicional dos gaúchos.<br />

CATAMARÃ<br />

Embarcação formada por dois<br />

cascos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e <strong>para</strong>l<strong>el</strong>os,<br />

ligados entre si por peças transversais,<br />

formando estrutura sobre<br />

a qual se monta uma plataforma<br />

que po<strong>de</strong> conter uma cabine.<br />

Po<strong>de</strong> ser movido à v<strong>el</strong>a ou motor<br />

e se <strong>de</strong>staca p<strong>el</strong>a estabilida<strong>de</strong>.<br />

CARTA DA TERRA<br />

Documento que se propõe a servir<br />

como código <strong>de</strong> ética planetário<br />

capaz <strong>de</strong> orientar pessoas e nações<br />

rumo à SUSTENTABILIDADE. A<br />

proposta <strong>de</strong> <strong>el</strong>aboração nasceu<br />

em 1987, por recomendação da<br />

Comissão Brundtland. Durante<br />

a RIO-92 houve uma tentativa<br />

<strong>para</strong> a sua <strong>el</strong>aboração. Contudo,<br />

apenas em 1994, Maurice Strong<br />

e Mikhail Gorbachev, através <strong>de</strong><br />

suas organizações, iniciaram o<br />

processo participativo <strong>de</strong> <strong>el</strong>aboração<br />

da Carta. Em 1997, uma<br />

Comissão foi formada <strong>para</strong> <strong>el</strong>aborar<br />

a Carta que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

receber comentários <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

5.000 pessoas <strong>de</strong> todo o mundo,<br />

foi finalizada em 2000. Atualmente,<br />

existe um Movimento da<br />

Carta da Terra que é facilitado<br />

p<strong>el</strong>a Carta da Terra Internacional<br />

e p<strong>el</strong>o Cons<strong>el</strong>ho Internacional da<br />

Carta da Terra. Mais informações<br />

em www.carta<strong>de</strong>latierra.org<br />

CHORUME<br />

Líquido escuro, <strong>de</strong> alto potencial<br />

poluidor, proveniente da <strong>de</strong>composição<br />

da matéria orgânica<br />

presente no LIXO.<br />

CINCO ERRES (5 Rs)<br />

Princípio ligado ao gerenciamento<br />

<strong>de</strong> RESÍDUOS SÓLIDOS<br />

que se baseia numa hierarquia<br />

<strong>de</strong> procedimentos: Repensar<br />

(hábitos e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo<br />

e <strong>de</strong> vida); Recusar (o consumo<br />

<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>snecessários,<br />

supérfluos, <strong>de</strong>scartáveis ou que<br />

agridam a saú<strong>de</strong> e o ambiente);<br />

Reduzir (o uso <strong>de</strong> matérias-primas<br />

e energia, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> material a ser <strong>de</strong>scartado);<br />

Reutilizar (os produtos usados,<br />

dando a <strong>el</strong>es outras funções); e<br />

Reciclar (retornar o que foi utilizado<br />

ao ciclo <strong>de</strong> produção).<br />

O princípio dos 5 Rs está<br />

orientado <strong>para</strong> uma mudança<br />

dos padrões não-sustentáveis <strong>de</strong><br />

produção e consumo, não <strong>de</strong>vendo,<br />

portanto, a RECICLAGEM ser<br />

uma ação <strong>de</strong>svinculada dos <strong>de</strong>mais<br />

Rs, o que po<strong>de</strong>ria servir <strong>para</strong><br />

legitimar o <strong>de</strong>sperdício. O princípio<br />

dos 3 Rs ganhou visibilida<strong>de</strong><br />

após a RIO-92, estando previstas<br />

no 21o capítulo da AGENDA 21, a<br />

redução ao mínimo dos resíduos<br />

e a maximização ambientalmente<br />

saudáv<strong>el</strong> do reaproveitamento<br />

e da RECICLAGEM dos resíduos.<br />

Aos três Rs foram mais tar<strong>de</strong><br />

acrescidos os dois primeiros,<br />

Repensar e Recusar.<br />

COLETA SELETIVA<br />

Processo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> RESÍDUOS<br />

SÓLIDOS em que os materiais são<br />

se<strong>para</strong>dos <strong>para</strong> serem reaproveitados<br />

e/ou reciclados. Há um padrão<br />

internacional <strong>de</strong> cores <strong>para</strong><br />

os recipientes que receberão os<br />

resíduos recicláveis: amar<strong>el</strong>o <strong>para</strong><br />

metais, verm<strong>el</strong>hos <strong>para</strong> plásti-


277<br />

cos, azul <strong>para</strong> papéis, ver<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

vidros e marrom <strong>para</strong> material<br />

orgânico.<br />

COLOCAÇÃO<br />

É o espaço do seringueiro, com<br />

casa, roçado e estradas, <strong>de</strong>ntro<br />

do seringal (que hoje é também<br />

chamado <strong>de</strong> reserva ou assentamento<br />

extrativista e é formado<br />

p<strong>el</strong>o conjunto <strong>de</strong> várias colocações).<br />

As colocações são ligadas<br />

por varadouros, picadas estreitas<br />

no meio da floresta.<br />

COMBUSTÍVEL FÓSSIL<br />

Combustív<strong>el</strong> orgânico <strong>de</strong>rivado da<br />

<strong>de</strong>composição <strong>de</strong> restos da fauna<br />

e flora acumulados na crosta terrestre<br />

no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong><br />

anos. São <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> petróleo,<br />

gás natural, carvão e turfa que,<br />

apesar <strong>de</strong> não se recomporem em<br />

escala <strong>de</strong> tempo inferior a milhões<br />

<strong>de</strong> anos, ainda representam a<br />

fonte <strong>de</strong> energia mais utilizada<br />

no mundo. Além <strong>de</strong> alto potencial<br />

energético, os combustíveis<br />

fósseis são gran<strong>de</strong>s poluidores.<br />

COMÉRCIO DE EMISSÕES<br />

Mecanismo estab<strong>el</strong>ecido p<strong>el</strong>o Protocolo<br />

<strong>de</strong> Kyoto que permite que<br />

países troquem entre si as cotas<br />

<strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> GASES DE EFEITO<br />

ESTUFA a que têm direito. Porém<br />

o comprador não po<strong>de</strong> prescindir<br />

dos esforços <strong>de</strong> redução das<br />

emissões domésticas. Ver também<br />

MECANISMO DE DESENVOLVI-<br />

MENTO LIMPO. [= Comércio <strong>de</strong><br />

Cota <strong>de</strong> Emissões.]<br />

COMITÊ DE BACIA<br />

Fórum com atribuições normativas,<br />

consultivas e <strong>de</strong>liberativas<br />

que constitui a base do Sistema<br />

Nacional <strong>de</strong> Gerenciamento dos<br />

Recursos Hídricos - SNGRH. Tem<br />

por objetivo a gestão participativa<br />

e <strong>de</strong>scentralizada dos recursos<br />

hídricos <strong>de</strong> modo a garantir sua<br />

utilização racional e sustentáv<strong>el</strong><br />

e a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida da socieda<strong>de</strong>. Os Comitês são<br />

constituídos por representantes<br />

do po<strong>de</strong>r público, usuários das<br />

águas e organizações civis que<br />

atuem na recuperação e CON-<br />

SERVAÇÃO do ambiente e dos<br />

recursos hídricos em <strong>de</strong>terminada<br />

BACIA HIDROGRÁFICA.<br />

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES<br />

UNIDAS SOBRE MEIO AMBI-<br />

ENTE E DESENVOLVIMENTO<br />

Ver RIO-92.<br />

CONSERVAÇÃO<br />

Utilização coerente dos recursos<br />

naturais com o compromisso <strong>de</strong><br />

manter seu potencial <strong>de</strong> satisfazer<br />

às necessida<strong>de</strong>s e aspirações das<br />

gerações futuras. A conservação<br />

prevê o MANEJO contínuo do<br />

meio natural, com base em sua<br />

SUSTENTABILIDADE.<br />

CORREDOR ECOLÓGICO<br />

Áreas naturais interligadas, formadas<br />

por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> parques,<br />

reservas e áreas privadas, nas<br />

quais um planejamento integrado<br />

<strong>de</strong> ações <strong>de</strong> CONSERVAÇÃO<br />

po<strong>de</strong> garantir o equilíbrio dos<br />

ECOSSISTEMAS e a sobrevivência<br />

<strong>de</strong> espécies.<br />

DEFENSIVO AGRÍCOLA<br />

Ver AGROTÓXICO.<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

SUSTENTÁVEL<br />

Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

em processo <strong>de</strong> construção, cuja<br />

terminologia surgiu no final<br />

do século XX, no R<strong>el</strong>atório<br />

Brundtland. No r<strong>el</strong>atório, este é<br />

apresentado como o “<strong>de</strong>senvolvimento<br />

que aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s<br />

do presente, sem comprometer a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as futuras gerações<br />

aten<strong>de</strong>rem às suas próprias<br />

necessida<strong>de</strong>s”. Trata-se <strong>de</strong><br />

conceito cuja <strong>de</strong>finição suscita<br />

muitos conflitos e mal-entendidos,<br />

refletindo as diferentes<br />

visões <strong>de</strong> mundo dos diversos<br />

atores envolvidos no <strong>de</strong>bate.<br />

Muitas vezes é enfocado em visão<br />

reformista, <strong>de</strong> reafirmação do<br />

mo<strong>de</strong>lo atual, com foco no crescimento<br />

econômico, apenas com<br />

m<strong>el</strong>hor gerenciamento dos custos<br />

sociais e ambientais e sem incorporar<br />

a participação pública.


278<br />

DIREITOS DIFUSOS<br />

Direitos ou interesses que transcen<strong>de</strong>m<br />

a esfera do indivíduo,<br />

pois os titulares são pessoas in<strong>de</strong>terminadas<br />

e ligadas por circunstâncias<br />

<strong>de</strong> fato. É um direito <strong>de</strong><br />

todos, que não pertence a ninguém<br />

individualmente, como o<br />

direito à qualida<strong>de</strong> do ar.<br />

ECOSSISTEMA<br />

Sistema aberto que inclui todos<br />

os organismos vivos presentes em<br />

<strong>de</strong>terminada área e os fatores<br />

físicos, químicos e biológicos com<br />

os quais <strong>el</strong>es interagem. É a unida<strong>de</strong><br />

fundamental da Ecologia.<br />

EFEITO ESTUFA<br />

Aumento da temperatura nas camadas<br />

mais baixas da atmosfera<br />

como resultado do acúmulo <strong>de</strong><br />

GASES DE EFEITO ESTUFA - GEE.<br />

Estes gases permitem a entrada<br />

dos raios solares e impe<strong>de</strong>m<br />

a saída <strong>de</strong> calor. Este processo<br />

mantém a temperatura na superfície<br />

da Terra equilibrada e favorece<br />

a existência da vida como<br />

nós a conhecemos. Porém, o aumento<br />

<strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> GASES DE<br />

EFEITO ESTUFA <strong>para</strong> a atmosfera,<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s humanas,<br />

tem ampliado <strong>de</strong> modo<br />

nocivo o efeito estufa. Dessa<br />

forma, <strong>el</strong>e retém mais energia<br />

na atmosfera e gera o AQUECI-<br />

MENTO GLOBAL, capaz <strong>de</strong> causar<br />

<strong>de</strong>rretimento das calotas polares,<br />

aumento do nív<strong>el</strong> dos oceanos e<br />

submersão <strong>de</strong> áreas costeiras. Ver<br />

GASES DE EFEITO ESTUFA – GEE.<br />

ENDÊMICO (ENDEMISMO)<br />

Diz-se <strong>de</strong> espécie, organismo<br />

ou população cuja ocorrência é<br />

restrita a <strong>de</strong>terminada região<br />

geográfica.<br />

ENERGIA DE BIOMASSA<br />

Energia obtida a partir <strong>de</strong> fontes<br />

variadas <strong>de</strong> matéria orgânica nãofóssil,<br />

como: plantas (aquáticas<br />

e terrestres), resíduos florestais<br />

e da agropecuária (bagaço da<br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, esterco), óleos<br />

vegetais (biodies<strong>el</strong> <strong>de</strong> babaçu,<br />

mamona etc.), resíduos urbanos<br />

(aterros <strong>de</strong> LIXO, lodo <strong>de</strong> esgotos)<br />

e alguns resíduos industriais<br />

(<strong>de</strong> alimentos e bebidas, <strong>de</strong> pap<strong>el</strong><br />

e c<strong>el</strong>ulose, beneficiamento <strong>de</strong><br />

grãos). Ao contrário dos COM-<br />

BUSTÍVEIS FÓSSEIS, a biomassa<br />

é renováv<strong>el</strong>, pois um pequeno<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo é necessário<br />

<strong>para</strong> que se recomponha <strong>para</strong><br />

uso como fonte energética.<br />

ENERGIA NUCLEAR<br />

Energia obtida através <strong>de</strong> reação<br />

<strong>de</strong> fissão ou <strong>de</strong> fusão nuclear.<br />

Esta reação ocorre no interior<br />

<strong>de</strong> um reator nuclear gerando<br />

calor utilizado <strong>para</strong> produzir<br />

vapor d’água que, por sua vez,<br />

movimenta um gerador <strong>de</strong> <strong>el</strong>etricida<strong>de</strong>.<br />

Embora livre do impacto<br />

<strong>de</strong> emissões atmosféricas prejudiciais<br />

ao ambiente, a geração <strong>de</strong><br />

energia <strong>el</strong>étrica através <strong>de</strong>sse método<br />

produz RESÍDUOS SÓLIDOS<br />

perigosos, que po<strong>de</strong>m causar<br />

sérios danos à saú<strong>de</strong>.<br />

ENERGIA RENOVÁVEL<br />

Energia obtida a partir <strong>de</strong> fontes<br />

renováveis, ou seja, que po<strong>de</strong>m<br />

recompor-se num ritmo capaz <strong>de</strong><br />

suportar sua utilização. Energia<br />

eólica, solar, geotérmica, biomassa<br />

e das marés são exemplos <strong>de</strong><br />

energia renováv<strong>el</strong>.<br />

EMPATE<br />

Forma pacífica <strong>de</strong> resistência contra<br />

o <strong>de</strong>smatamento na região da<br />

borracha. Iniciada por volta <strong>de</strong><br />

1975, no movimento li<strong>de</strong>rado por<br />

Chico Men<strong>de</strong>s, no Acre, consiste<br />

na organização da comunida<strong>de</strong><br />

das COLOCAÇÕES, que se dirige<br />

<strong>para</strong> o local <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento<br />

e coloca-se entre a floresta e os<br />

trabalhadores nas máquinas, impedindo<br />

seu avanço e exigindo a<br />

presença dos responsáveis. Também<br />

se busca o apoio dos trabalhadores<br />

<strong>para</strong> que <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smatar e apóiem a causa ambientalista.<br />

ESTUDO DE<br />

IMPACTO AMBIENTAL- EIA<br />

Estudo exigido <strong>para</strong> o licenciamento<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s modificadoras<br />

do meio ambiente. Conhecido


279<br />

p<strong>el</strong>a sigla EIA, o estudo <strong>de</strong>ve ter<br />

como referência critérios estab<strong>el</strong>ecidos<br />

na Instrução Técnica<br />

emitida p<strong>el</strong>o órgão licenciador. A<br />

<strong>el</strong>aboração do EIA requer equipe<br />

multidisciplinar e contempla ativida<strong>de</strong>s<br />

como: <strong>de</strong>limitação e<br />

diagnóstico da área <strong>de</strong> influência<br />

da ativida<strong>de</strong>, análise dos<br />

impactos ambientais e <strong>de</strong> suas<br />

alternativas, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> medidas<br />

mitigadoras dos impactos<br />

negativos e <strong>el</strong>aboração <strong>de</strong><br />

programa <strong>de</strong> acompanhamento<br />

e monitoramento. O EIA <strong>de</strong>ve<br />

ser submetido, juntamente com<br />

seu respectivo RELATÓRIO DE<br />

IMPACTO AMBIENTAL – RIMA,<br />

à aprovação do órgão estadual<br />

competente, e do IBAMA, em<br />

caráter supletivo.<br />

GASES DE<br />

EFEITO ESTUFA - GEE<br />

Gases com gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r absorvedor<br />

<strong>de</strong> energia, especialmente na<br />

faixa <strong>de</strong> radiação infraverm<strong>el</strong>ha.<br />

Ver também EFEITO ESTUFA.<br />

HÚMUS<br />

Adubo produzido naturalmente,<br />

através da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong><br />

matéria orgânica.<br />

IGARAPÉ<br />

Braços estreitos <strong>de</strong> rios ou canais,<br />

existentes em gran<strong>de</strong> número na<br />

bacia amazônica, caracterizados<br />

p<strong>el</strong>a pouca profundida<strong>de</strong> e por<br />

correrem quase que no interior<br />

da mata.<br />

ISO 14000<br />

Família <strong>de</strong> normas editadas p<strong>el</strong>a<br />

ISO (International Organization<br />

for Standardization) ligadas à<br />

estruturação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />

gestão ambiental e implementação<br />

<strong>de</strong> políticas e metas ambientais.<br />

Trata-se <strong>de</strong> conjunto<br />

<strong>de</strong> normas que reflete consenso<br />

global sobre práticas ambientais<br />

a<strong>de</strong>quadas que po<strong>de</strong>m ser aplicadas<br />

à situação particular <strong>de</strong><br />

organizações em todo o mundo.<br />

LENÇOL FREÁTICO<br />

Depósito subterrâneo, situado a<br />

pouca profundida<strong>de</strong>, que armazena<br />

água infiltrada através do<br />

solo. Ver também AQÜÍFERO.<br />

LIXÃO<br />

Forma ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> disposição<br />

final <strong>de</strong> RESÍDUOS SÓLIDOS, em<br />

que o LIXO é <strong>de</strong>positado diretamente<br />

no solo, sem qualquer<br />

técnica ou medida <strong>de</strong> controle,<br />

com sérios impactos ao ambiente<br />

e à saú<strong>de</strong> humana. Dentre os<br />

impactos causados estão: a proliferação<br />

<strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> doenças<br />

(moscas, mosquitos, ratos etc.), a<br />

geração <strong>de</strong> odores <strong>de</strong>sagradáveis<br />

e a contaminação do solo e<br />

das águas p<strong>el</strong>o CHORUME. Ver<br />

também ATERRO SANITÁRIO.<br />

LIXO<br />

É representado por materiais<br />

<strong>de</strong>scartados p<strong>el</strong>as ativida<strong>de</strong>s humanas.<br />

[ = RESÍDUO SÓLIDO]<br />

MANANCIAL<br />

Qualquer corpo d’água, subterrâneo<br />

ou superficial, utilizado <strong>para</strong><br />

abastecimento urbano, industrial,<br />

animal ou irrigação.<br />

MANEJO<br />

Conjunto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>stinadas<br />

ao gerenciamento <strong>de</strong> um ECOS-<br />

SISTEMA ou <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

recursos ambientais, numa<br />

perspectiva <strong>de</strong> CONSERVAÇÃO<br />

ambiental. O termo – muitas<br />

vezes adjetivado <strong>de</strong> sustentáv<strong>el</strong><br />

ou integrado – tem aplicação em<br />

diversas áreas (manejo florestal,<br />

manejo <strong>de</strong> solos, manejo <strong>de</strong><br />

fauna, manejo <strong>de</strong> bacias hidrográficas<br />

etc.), com <strong>de</strong>finições específicas<br />

<strong>para</strong> cada uma <strong>de</strong>las. Ver<br />

também PLANO DE MANEJO DE<br />

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.<br />

MANGUEZAL<br />

ECOSSISTEMA costeiro tropical,<br />

<strong>de</strong> transição entre ambiente<br />

terrestre e marinho, sujeito à<br />

influência das marés. Ocorre em<br />

áreas protegidas da ação direta<br />

das ondas – como baías, estuários<br />

e lagunas – e oferece abrigo,<br />

alimento e local <strong>de</strong> reprodução<br />

<strong>para</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies<br />

da fauna. Rico em nutri-


280<br />

entes, o manguezal contribui<br />

<strong>para</strong> a produtivida<strong>de</strong> pesqueira e<br />

oferece serviços como a estabilização<br />

das margens e a proteção<br />

da costa contra erosão e retenção<br />

<strong>de</strong> sedimentos. Denomina-se<br />

mangue a vegetação característica<br />

dos manguezais.<br />

MATA CILIAR<br />

Faixa <strong>de</strong> mata adjacente a um corpo<br />

d’água, consi<strong>de</strong>rada como área<br />

<strong>de</strong> PRESERVAÇÃO permanente<br />

p<strong>el</strong>o Código Florestal Fe<strong>de</strong>ral (Lei<br />

n o 4.771/65). Sua presença protege<br />

as margens contra a erosão,<br />

evitando o ASSOREAMENTO dos<br />

corpos hídricos.<br />

MECANISMO DE<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

LIMPO - MDL<br />

Estab<strong>el</strong>ecido no artigo 12 do Protocolo<br />

<strong>de</strong> Kyoto, o Mecanismo <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Limpo é uma<br />

medida <strong>para</strong> reduzir as emissões<br />

<strong>de</strong> GASES DO EFEITO ESTUFA e<br />

promover o DESENVOLVIMENTO<br />

SUSTENTÁVEL – único <strong>de</strong>ntre os<br />

mecanismos <strong>de</strong> flexibilização que<br />

prevê a participação das nações<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento. A proposta<br />

<strong>de</strong> MDL consiste em que cada<br />

ton<strong>el</strong>ada <strong>de</strong> CO 2<br />

não emitida ou<br />

retirada da atmosfera por um<br />

país ou organização po<strong>de</strong>rá ser<br />

adquirida p<strong>el</strong>o país que tem metas<br />

<strong>de</strong> redução a serem atingidas.<br />

Cria-se assim um mercado mundial<br />

<strong>de</strong> Reduções Certificadas <strong>de</strong><br />

Emissão (RCE). Muitos países realizam<br />

este comércio através da<br />

Bolsa <strong>de</strong> Valores.<br />

MICROCLIMA<br />

Variação do padrão climático<br />

geral em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> condições<br />

físicas específicas localmente<br />

restritas como topografia,<br />

vegetação e solo. Condições<br />

climáticas do interior <strong>de</strong> uma<br />

floresta ou <strong>de</strong> uma rua são exemplos<br />

<strong>de</strong> microclimas.<br />

MONOCULTURA<br />

Cultivo <strong>de</strong> uma única espécie<br />

vegetal em uma gran<strong>de</strong> extensão<br />

<strong>de</strong> área. Em geral é alvo <strong>de</strong><br />

problemas como o esgotamento<br />

<strong>de</strong> nitrogênio no solo e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> pragas e doenças<br />

que normalmente seriam controladas<br />

caso houvesse rodízio <strong>de</strong><br />

culturas.<br />

MUDANÇA DO CLIMA<br />

Mudança climática que supera,<br />

<strong>para</strong> <strong>de</strong>terminado intervalo<br />

<strong>de</strong> tempo, a variabilida<strong>de</strong><br />

natural do clima, e cuja origem<br />

possa estar r<strong>el</strong>acionada, direta<br />

ou indiretamente, a alterações<br />

na composição da atmosfera<br />

mundial <strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong><br />

humana.<br />

ORGÂNICO, PRODUTO<br />

Produto obtido <strong>de</strong> cultivos sem a<br />

utilização <strong>de</strong> AGROTÓXICOS ou<br />

adubos químicos.<br />

PATRIMÔNIO BIOLÓGICO<br />

Refere-se à diversida<strong>de</strong> dos seres<br />

vivos, também <strong>de</strong>nominada diversida<strong>de</strong><br />

biológica ou BIODIVERSI-<br />

DADE. Abrange todas as espécies<br />

vegetais, animais, fungos, microorganismos<br />

e ainda os ECOSSIS-<br />

TEMAS que <strong>el</strong>as integram.<br />

PATRIMÔNIO<br />

HISTÓRICO-CULTURAL<br />

Bem ou conjunto <strong>de</strong> bens, práticas,<br />

conhecimentos e expressões<br />

naturais, culturais, materiais ou<br />

imateriais, <strong>de</strong> importância reconhecida,<br />

que passa(m) por<br />

processo <strong>de</strong> tombamento <strong>para</strong><br />

que seja(m) protegido(s) e<br />

preservado(s).<br />

PLANO DE MANEJO<br />

DE UNIDADES DE<br />

CONSERVAÇÃO<br />

Instrumento <strong>de</strong> planejamento<br />

que estab<strong>el</strong>ece, <strong>de</strong> acordo com<br />

os objetivos <strong>de</strong> cada categoria<br />

<strong>de</strong> UNIDADE DE CONSERVAÇÃO<br />

(UC), o zoneamento e as normas<br />

que <strong>de</strong>vem reger seu uso e as diretrizes<br />

<strong>para</strong> o MANEJO <strong>de</strong> seus<br />

recursos naturais. Ver também<br />

SISTEMA NACIONAL DE UNI-<br />

DADES DE CONSERVAÇÃO.<br />

PLANO DIRETOR<br />

É um instrumento básico da políti-


281<br />

ca <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um município.<br />

Estab<strong>el</strong>ece diretrizes <strong>para</strong><br />

ocupação da cida<strong>de</strong> por meio da<br />

avaliação da cida<strong>de</strong> como <strong>el</strong>a é<br />

atualmente e como <strong>el</strong>a <strong>de</strong>veria<br />

ser no futuro. Também mostra<br />

como o terreno da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

ser utilizado e indica se a infra-estrutura<br />

pública, bem como saneamento<br />

<strong>de</strong> água e esgoto e transporte<br />

público, <strong>de</strong>ve ser expandida,<br />

m<strong>el</strong>horada ou criada.<br />

PRESERVAÇÃO<br />

Conjunto <strong>de</strong> métodos, procedimentos<br />

e políticas que visam<br />

à proteção em longo prazo <strong>de</strong><br />

espécies, habitats e ECOSSISTE-<br />

MAS, além da manutenção dos<br />

processos ecológicos, prevenindo<br />

a simplificação dos sistemas naturais.<br />

Estratégia <strong>de</strong> proteção dos<br />

recursos naturais que prega a manutenção<br />

das condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado<br />

ECOSSISTEMA, espécies<br />

ou área, sem qualquer ação ou<br />

interferência que altere seu<br />

status quo. Prevê que os recursos<br />

sejam mantidos intocados, não<br />

permitindo ações <strong>de</strong> MANEJO.<br />

RECARGA HÍDRICA<br />

Alimentação da água subterrânea<br />

p<strong>el</strong>a infiltração <strong>de</strong> águas<br />

<strong>de</strong> precipitação pluviométrica.<br />

RECICLAGEM<br />

Processo através do qual um<br />

material usado retorna, como<br />

matéria-prima, ao ciclo <strong>de</strong><br />

produção, <strong>para</strong> ser novamente<br />

transformado em um bem <strong>de</strong><br />

consumo. Popularmente, o termo<br />

reciclagem é utilizado <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>signar todo o conjunto <strong>de</strong><br />

ações ligadas ao reaproveitamento<br />

<strong>de</strong> materiais usados que viriam<br />

a ser <strong>de</strong>scartados. Ver também<br />

CINCO ERRES (5Rs).<br />

REDE SOCIAL<br />

Segundo Fritjof Capra, “re<strong>de</strong>s<br />

sociais são re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação<br />

que envolvem a linguagem<br />

simbólica,os limites culturais e as<br />

r<strong>el</strong>ações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r”. São também<br />

consi<strong>de</strong>radas como uma medida<br />

<strong>de</strong> política social, que reconhece<br />

e incentiva a atuação das re<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> local no combate<br />

à pobreza e à exclusão social<br />

e na promoção do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

local. Re<strong>de</strong>s sociais são<br />

capazes <strong>de</strong> expressar idéias políticas<br />

e econômicas inovadoras com<br />

o surgimento <strong>de</strong> novos valores,<br />

pensamentos e atitu<strong>de</strong>s.<br />

RELATÓRIO DE IMPACTO<br />

AMBIENTAL - RIMA<br />

R<strong>el</strong>atório que contém os principais<br />

pontos do EIA, apresentados<br />

<strong>de</strong> forma objetiva e em<br />

linguagem acessív<strong>el</strong>, <strong>de</strong> modo<br />

a garantir o entendimento das<br />

vantagens e <strong>de</strong>svantagens do<br />

projeto em análise, assim como<br />

as conseqüências ambientais <strong>de</strong><br />

sua implementação. Ver também<br />

ESTUDO DE IMPACTO AMBIEN-<br />

TAL – EIA<br />

REPENTE<br />

Rimas feitas por cantador repentista<br />

que se utiliza da viola<br />

nor<strong>de</strong>stina e canta <strong>de</strong> improviso.<br />

O repentismo <strong>de</strong> viola agrega<br />

inúmeras modalida<strong>de</strong>s. É a forma<br />

<strong>de</strong> improviso que mais se<br />

difundiu p<strong>el</strong>o país. Insere-se na<br />

tradição nor<strong>de</strong>stina da literatura<br />

<strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l.<br />

RESÍDUO SÓLIDO<br />

Qualquer material resultante <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s humanas, <strong>de</strong>scartado<br />

ou rejeitado por ser consi<strong>de</strong>rado<br />

inútil ou sem valor. Po<strong>de</strong> estar em<br />

estado sólido ou semi-sólido e ser<br />

classificado <strong>de</strong> acordo com sua<br />

composição química (orgânico e<br />

inorgânico), sua fonte geradora<br />

(resi<strong>de</strong>ncial, comercial, industrial,<br />

agrícola, <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

etc.) e seus riscos potenciais ao<br />

ambiente (perigosos, inertes e<br />

não-inertes).<br />

RESTINGA<br />

Terreno arenoso e salino, próximo<br />

ao mar e coberto <strong>de</strong> plantas<br />

herbáceas características. Ocorre<br />

em áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong><br />

ecológica, sendo consi<strong>de</strong>radas<br />

comunida<strong>de</strong>s edáficas (auxiliam<br />

nos processos <strong>de</strong> formação e<br />

conservação <strong>de</strong> solos) por <strong>de</strong>pen-


282<br />

<strong>de</strong>rem mais da natureza do solo<br />

do que do clima. É um ECOSSIS-<br />

TEMA do BIOMA Mata Atlântica<br />

e possui vegetação mista.<br />

RIO-92<br />

Denominação comum da Conferência<br />

das Nações <strong>Unidas</strong> sobre<br />

Meio <strong>Ambiente</strong> e Desenvolvimento<br />

realizada no Rio <strong>de</strong> Janeiro em<br />

1992. Maior reunião já realizada<br />

em todo o mundo <strong>para</strong> discutir a<br />

questão ambiental, reuniu mais<br />

<strong>de</strong> 100 chefes <strong>de</strong> Estado e representantes<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 170 países.<br />

Chamou a atenção do mundo<br />

<strong>para</strong> a compreensão <strong>de</strong> que os<br />

problemas ambientais do planeta<br />

estão intimamente ligados às<br />

condições econômicas e à justiça<br />

social. Reconheceu a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> integração e equilíbrio entre<br />

as questões ambientais, sociais e<br />

econômicas <strong>para</strong> sobrevivência.<br />

Firmaram-se três gran<strong>de</strong>s acordos:<br />

a AGENDA 21, a Declaração do Rio<br />

e a Declaração <strong>de</strong> Princípios das<br />

Florestas. Foram também lançadas<br />

a Convenção sobre Mudança<br />

do Clima e a Convenção sobre<br />

Diversida<strong>de</strong> Biológica.<br />

SISTEMA NACIONAL<br />

DE UNIDADES DE<br />

CONSERVAÇÃO – SNUC<br />

O Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Conservação da Natureza foi<br />

instituído p<strong>el</strong>a Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 9.985<br />

<strong>de</strong> 2000 – que estab<strong>el</strong>ece critérios<br />

e normas <strong>para</strong> a criação, implantação<br />

e gestão das UNIDADES DE<br />

CONSERVAÇÃO. O SNUC <strong>de</strong>fine,<br />

uniformiza e consolida critérios<br />

<strong>para</strong> implantação e gestão <strong>de</strong>ssas<br />

Unida<strong>de</strong>s, prevendo também<br />

mecanismos <strong>para</strong> integração <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s locais e regionais em<br />

seu processo <strong>de</strong> criação. Classifica<br />

as UNIDADES DE CONSERVAÇÃO<br />

em duas categorias: Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Proteção Integral, cujo objetivo é<br />

a PRESERVAÇÃO da natureza (admitindo-se<br />

apenas uso indireto<br />

dos recursos naturais), e Unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Uso Sustentáv<strong>el</strong>, que visam à<br />

CONSERVAÇÃO da natureza (admitindo<br />

uso sustentáv<strong>el</strong> <strong>de</strong> parc<strong>el</strong>a<br />

dos recursos naturais).<br />

SOCIEDADE<br />

CIVIL ORGANIZADA<br />

Organizações sociais <strong>de</strong>svinculadas<br />

do Estado. Organizam-se<br />

<strong>para</strong> lutar por maior inserção na<br />

ativida<strong>de</strong> política, buscando <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

seus interesses e encontrar<br />

soluções <strong>para</strong> os gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios<br />

da contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

SOCIOAMBIENTAL<br />

Perspectiva que prima p<strong>el</strong>a unida<strong>de</strong><br />

biológico-social da natureza,<br />

portanto, p<strong>el</strong>a associação<br />

permanente das questões sociais<br />

e ambientais no pensar e no agir.<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

É o modo <strong>de</strong> sustentação, ou seja,<br />

<strong>de</strong> como se po<strong>de</strong> manter algo.<br />

Conceito sistêmico r<strong>el</strong>acionado<br />

com a continuida<strong>de</strong> e a adaptabilida<strong>de</strong><br />

dos aspectos econômicos,<br />

sociais, culturais, ambientais<br />

e tecnológicos. Abrange vários<br />

níveis <strong>de</strong> organização, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma<br />

família e um país até ao planeta<br />

e o conjunto das nações.<br />

TRANSGÊNICO<br />

Organismo cujo material genético<br />

foi alterado artificialmente.<br />

O objetivo inicial da modificação<br />

genética era aumentar a resistência<br />

da planta a doenças e pragas.<br />

Hoje se advoga que organismos<br />

geneticamente modificados possuem<br />

maior durabilida<strong>de</strong> e maior<br />

valor nutricional. O cultivo e o<br />

consumo <strong>de</strong> alimentos transgênicos<br />

ainda suscitam gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>bates em virtu<strong>de</strong> dos riscos<br />

à saú<strong>de</strong> humana e ao ambiente,<br />

tais como introdução dos genes<br />

modificados em populações<br />

silvestres, perda <strong>de</strong> BIODIVERSI-<br />

DADE e necessida<strong>de</strong> do aumento<br />

<strong>de</strong> uso <strong>de</strong> AGROTÓXICOS.<br />

[= OGM – Organismo Geneticamente<br />

Modificado.]<br />

TRANSPORTE<br />

SOLIDÁRIO (CARONA)<br />

Revezamento <strong>de</strong> veículos entre<br />

motoristas particulares <strong>para</strong><br />

ajudar a reduzir a emissão <strong>de</strong><br />

poluentes atmosféricos por parte<br />

dos veículos automotores.


283<br />

A prática do transporte compartilhado<br />

- a carona - entre os colegas<br />

<strong>de</strong> trabalho ou o pessoal <strong>de</strong><br />

escolas e bairros próximos po<strong>de</strong><br />

diminuir o número dos veículos<br />

em circulação e, conseqüentemente,<br />

a poluição.<br />

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO<br />

Espaço territorial que recebe garantias<br />

especiais <strong>de</strong> proteção em<br />

função <strong>de</strong> seus atributos ambientais,<br />

<strong>de</strong> modo que se façam cumprir<br />

objetivos <strong>de</strong> PRESERVAÇÃO<br />

ou <strong>de</strong> CONSERVAÇÃO e uso sustentáv<strong>el</strong><br />

dos recursos naturais. As<br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UCs)<br />

são áreas protegidas, legalmente<br />

instituídas p<strong>el</strong>o po<strong>de</strong>r público<br />

fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal.<br />

Ver também PLANO DE MANEJO<br />

DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO<br />

e SISTEMA NACIONAL DE UNI-<br />

DADES DE CONSERVAÇÃO.<br />

VEGETARIANISMO<br />

Regime alimentar baseado fundamentalmente<br />

em alimentos <strong>de</strong><br />

origem vegetal. Os ovo-vegetarianos<br />

também consomem ovos,<br />

e os lacto-vegetarianos leite e<br />

lacticínios. Os veganos excluem<br />

todos os produtos <strong>de</strong> origem animal<br />

não só da sua dieta como <strong>de</strong><br />

tudo que consomem, incluindo<br />

cosméticos, vestuário e calçados.


Esta obra é licenciada sob uma licença Creative Commons<br />

Atribuição-Uso Não-Comercial-Compatilhamento p<strong>el</strong>a<br />

mesma licença 2.5 Brasil<br />

A presente licença pública geral conce<strong>de</strong> a Você o exercício livre dos seguintes direitos:<br />

1. O direito <strong>de</strong> exibir e representar a obra autoral - e obras baseadas n<strong>el</strong>e -,<br />

mas somente se for dado o crédito do autor.<br />

2. O direito <strong>de</strong> se utilizar da obra autoral em questão <strong>para</strong> produzir obras<br />

<strong>de</strong>rivadas.<br />

3. O direito <strong>de</strong> copiar e distribuir a obra autoral.<br />

Você terá os direitos acima especificados contato que Você cumpra com os requisitos<br />

expressos nesta Licença. Os principais requisitos são:<br />

Atribuição<br />

Você <strong>de</strong>ve dar crédito ao autor original,<br />

da forma especificada p<strong>el</strong>o autor ou licenciante.<br />

Uso Não-Comercial<br />

Você não po<strong>de</strong> utilizar esta obra com finalida<strong>de</strong>s<br />

comerciais.<br />

Compartilhamento p<strong>el</strong>a mesma Licença<br />

Se você alterar, transformar, ou criar outra obra com base<br />

nesta, você somente po<strong>de</strong>rá distribuir a obra resultante<br />

sob uma licença idêntica a esta.<br />

• Para cada novo uso ou distribuição, você <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar claro <strong>para</strong> outros os<br />

termos da licença <strong>de</strong>sta obra.<br />

• Qualquer uma <strong>de</strong>stas condições po<strong>de</strong>m ser renunciadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Você<br />

obtenha permissão do autor.<br />

Qualquer direito <strong>de</strong> uso legítimo (ou “fair use”) concedido por lei, ou<br />

qualquer outro direito protegido p<strong>el</strong>a legislação local, não são em<br />

hipótese alguma afetados p<strong>el</strong>o disposto acima.<br />

Este livro foi composto nas<br />

fontes Lithos Pro e Frutiger e<br />

impresso em outubro <strong>de</strong> 2007<br />

p<strong>el</strong>a Gráfica XXXXXXXXXX,<br />

sobre pap<strong>el</strong> Suzano<br />

Reciclato ® 90g/m 2 .


Através do processo do GEO Juvenil Brasil, iniciado<br />

p<strong>el</strong>o Interagir, conseguiu-se fortalecer as re<strong>de</strong>s juvenis<br />

nacionais e converteu-se a participação <strong>de</strong> jovens em<br />

um espaço <strong>de</strong> expressão que hoje nos leva a conhecer<br />

<strong>de</strong>tidamente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua perspectiva, a realida<strong>de</strong><br />

ambiental do Brasil e oferece uma idéia <strong>de</strong> como vêem<br />

os problemas ambientais. Os jovens <strong>el</strong>aboraram uma<br />

crônica do estado do entorno no seu país tal como o<br />

percebem; incluíram poemas, <strong>de</strong>senhos, fotografias,<br />

além <strong>de</strong> compartilhar seus projetos exitosos e valorizar<br />

diferentes cenários <strong>para</strong> o futuro do país. (Tradução)<br />

Ricardo Sanchéz Sosa<br />

Diretor do Escritório Regional <strong>para</strong> a ALC - PNUMA<br />

Não se po<strong>de</strong> mais ignorar que a questão socioambiental <strong>de</strong>ve<br />

estar em todas as agendas. E, como os jovens já estão<br />

realizando gran<strong>de</strong>s projetos <strong>para</strong> garantir um mundo m<strong>el</strong>hor<br />

hoje e no futuro, o envolvimento <strong>de</strong>les é necessário. Esta<br />

publicação, que aponta perspectivas da juventu<strong>de</strong> <strong>para</strong> o<br />

meio ambiente, é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ajuda aos gestores <strong>de</strong> todas as<br />

áreas. Sem dúvida, esta é uma ótima realização <strong>de</strong>/<strong>para</strong>/com<br />

o movimento <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> e meio ambiente!<br />

Silvestre Gorgulho<br />

Editor da Folha <strong>de</strong> Meio <strong>Ambiente</strong><br />

Quero agra<strong>de</strong>cer-lhes a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar<br />

<strong>de</strong>ste projeto tão grandioso que, além <strong>de</strong> ter me<br />

proporcionado um gran<strong>de</strong> conhecimento, fez com que o<br />

jovem rev<strong>el</strong>asse os seus <strong>de</strong>sejos, infortúnios e revoltas.<br />

Veruza Martins <strong>de</strong> Almeida<br />

Jovem Focal do Amapá<br />

Um livro magnífico, com vastos r<strong>el</strong>atos <strong>de</strong> ações que<br />

acontecem todos os dias e muitas vezes não sabemos<br />

Acreditar na Juventu<strong>de</strong> é bem mais que investir no<br />

futuro. É juntar as mãos numa ciranda <strong>de</strong> gerações,<br />

entr<strong>el</strong>açando experiências, conhecimentos e visões<br />

<strong>de</strong> mundo - agora! Este livro rev<strong>el</strong>a jovens em ação<br />

e reforça nossa crença <strong>de</strong> que o caminho <strong>para</strong> a<br />

sonhada construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s sustentáveis<br />

precisa ser trilhado coletivamente. Tod@s junt@s,<br />

eternamente aprendizes<br />

Patricia Mousinho<br />

Secretaria Executiva da REBEA<br />

que estão do nosso lado. (...) Essa informação <strong>de</strong> fácil<br />

entendimento tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar a todos<br />

que tenham interesse e que muitas vezes são excluídos<br />

do processo <strong>de</strong> aprendizagem por temas técnicos e<br />

aprofundados <strong>de</strong> maneira exagerada. (...) Esse livro terá<br />

gran<strong>de</strong> importância no meu trabalho <strong>de</strong>ntro do CJ-DF,<br />

com uma maior aproximação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e organizações<br />

<strong>de</strong> meio ambiente.<br />

Thiago Marinho e Silva<br />

Coletivo Jovem p<strong>el</strong>o Meio <strong>Ambiente</strong> - DF<br />

Realização<br />

Parceiros Institucionais<br />

Parceiros Estratégicos

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