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COPA: TÔ DENTRO. TÔ FORA.

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Ana Fragomeni, arquiteta<br />

Não vivemos em<br />

cartões postais<br />

No mês de aniversário da<br />

nossa Brasília, Evoke conversou<br />

com a arquiteta Ana<br />

Fragomeni, autora, ao lado<br />

de Ribamar Fonseca e Tauana Brandão,<br />

do livro Não vivemos em cartões postais.<br />

A obra, como os próprios autores<br />

destacam, não é uma crítica destrutiva<br />

e vã da concepção e consequente<br />

tombamento da cidade. Ao contrário,<br />

propõe uma reflexão didática sobre o<br />

crescimento desordenado das últimas<br />

décadas que desumanizou a cidade. “É<br />

um alerta para adaptar Brasília às pessoas,<br />

e não o contrário, como nos tem<br />

sido imposto desde o início”, justificam<br />

os autores. No livro, ícones como JK,<br />

Niemeyer e Lucio Costa também são<br />

alvos das análises críticas.<br />

EVOKE O título da obra é uma crítica<br />

direta ao engessamento causado pelo<br />

tombamento da cidade?<br />

ANA FRAGOMENI De modo algum.<br />

O título lembra que em Brasília existe<br />

muito mais do que as belas obras da Esplanada<br />

e do Plano Piloto: a parte onde<br />

a gente vive.<br />

EVOKE Mesmo com distorções, o<br />

tombamento ainda não é um fator de<br />

proteção? Sem ele, a coisa não estaria<br />

muito pior?<br />

ANA FRAGOMENI Acho o tombamento<br />

desnecessário, pois temos<br />

governo e leis. Claro, precisamos de<br />

limites e ordem, mas nós mesmos<br />

devemos nos respeitar. Agentes externos<br />

a nos policiar só pode aumentar<br />

a burocracia. Por um lado, não tenho<br />

visto que o tombamento esteja<br />

sendo respeitado. Por outro, serve<br />

para chamar toda a atenção para o<br />

que já está pronto, esquecendo-se<br />

todo o resto de Brasília.<br />

EVOKE No prefácio da obra, o jornalista<br />

Alexandre Garcia diz que “o livro faz uma<br />

crítica corajosa que desafia verdades<br />

até agora incontestadas, porque ligadas<br />

a ícones como JK, Niemeyer e Lucio<br />

Costa”. Já no início do livro, há em destaque<br />

a frase: “Brasília era um sonho de<br />

JK, não nosso.” A criação da cidade, na<br />

visão da senhora, foi um erro?<br />

ANA FRAGOMENI Tudo nos foi imposto<br />

muito de repente. Seria possivelmente o<br />

caso para um plebiscito. Havia necessidade<br />

de um estudo mais profundo, de um plano<br />

mais real, com calma. Por exemplo, quando<br />

vão fazer uma hidroelétrica, primeiro<br />

preparam a infraestrutura e constroem as<br />

residências dos trabalhadores. O Rio de Janeiro<br />

comportava melhorias e, além disso,<br />

para colonizar o interior existem muitas outras<br />

alternativas do que transferir a capital<br />

em três anos. Essa pressa foi toda política<br />

e nada democrática.<br />

EVOKEABR2014

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