Os Bichos tipográficos de Fernanda Talavera - Universidade ...
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<strong>Os</strong> <strong>Bichos</strong> tipográficos <strong>de</strong> <strong>Fernanda</strong> <strong>Talavera</strong><br />
Introdução<br />
<strong>Fernanda</strong> Salinas <strong>Talavera</strong> nasceu em São Paulo, em 1979. Filha <strong>de</strong> pais mexicanos, recebeu, em<br />
sua formação artística, fortes influências tanto da cultura brasileira quanto da cultura mexicana,<br />
dois focos privilegiados <strong>de</strong> mestiçagens e hibridismos culturais (GRUZINSKI, 2001). <strong>Talavera</strong> expôs,<br />
pela primeira vez, em São Paulo, na Galeria Choque Cultural, em 2005. Em 2006, viajou pela<br />
Europa e participou <strong>de</strong> mostras coletivas e individuais na Alemanha, Áustria, Espanha, Bélgica e<br />
Rússia. Rapidamente, consolidou sua reputação no campo artístico e hoje tem a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu<br />
trabalho reconhecida por pares, críticos e tipógrafos, expondo nas ruas, em galerias, em mostras<br />
em espaços públicos e também na internet.<br />
Apesar <strong>de</strong> haver recebido uma formação tradicional, ao cursar Artes Plásticas na Fundação Armando<br />
Álvares Penteado (FAAP), Fefê, como a artista também é conhecida, reconhece um processo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sgaste e <strong>de</strong> “bloqueio” nesse período, provocado pelas restrições e pelo enraizamento excessivo<br />
das propostas artísticas acadêmicas em conceitos muitas vezes advindos <strong>de</strong> uma tradição que já<br />
não reflete mais os anseios do artista contemporâneo. Em entrevista a Moraes (2009) a artista<br />
afirma<br />
Aprendi que, para ser artista, você precisa ser livre, não precisa <strong>de</strong> uma<br />
faculda<strong>de</strong>. Ela me limitou muito, eu entrei lá livre e saí completamente<br />
bloqueada [...]. Já na rua é outra história, não existem regras. Se<br />
você quiser expor seu trabalho, você vai lá, faz e pronto, está lá, à<br />
disposição <strong>de</strong> quem quiser ver. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gente que vê o seu<br />
trabalho é enorme, e o mais legal é que não é só a galera que frequenta<br />
galerias <strong>de</strong> arte, mas o jornaleiro, a senhorinha que lava os banheiros<br />
do hospital, o porteiro, e até mesmo o curador da Bienal. Na rua, a<br />
gente tem mais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aproveitar o espaço, <strong>de</strong> fazer cada<br />
vez maior e <strong>de</strong> experimentar diferentes tipos <strong>de</strong> superfícies (TALAVERA,<br />
apud MORAES, 2009).<br />
<strong>Fernanda</strong> apresenta alguns temas recorrentes ao longo <strong>de</strong> sua produção criativa, entre os quais<br />
<strong>de</strong>staca-se a figura do monstro, o animal limítrofe, a criatura que não po<strong>de</strong> ser nomeada e que,<br />
segundo autores como BELLEI (2000), serve, nas artes, como representação do <strong>de</strong>sconhecido e<br />
dos processos inconscientes que <strong>de</strong>sorganizam as certezas e os limites estabelecidos pela cultura.<br />
Dentre suas produções, <strong>de</strong>stacamos os <strong>Bichos</strong> Tipográficos, tema <strong>de</strong>ste artigo, que consistem em<br />
construções realizadas com recortes <strong>de</strong> lambe-lambe – cartazes <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> baixo custo,<br />
veiculados ao serem colados nos muros das cida<strong>de</strong>s. <strong>Talavera</strong> constrói painéis em tamanhos<br />
diversos com partes <strong>de</strong>sses cartazes em diferentes suportes, tais como muros e telas.<br />
Design, Arte, Moda e Tecnologia.<br />
São Paulo: Rosari, Universida<strong>de</strong> Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-Bauru, 2012<br />
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