22 A NOSSA TECNOLOGIA Rui Abreu E-maintenance solutions “minimiza quebras na produção”
a nossa TecnoLogia 23 10 anos <strong>de</strong>pois da entrada no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, Rui Abreu <strong>de</strong>cidiu solidificar a sua formação académica e alargar horizontes. A i<strong>de</strong>ia foi lançar-se no mestra<strong>do</strong> em <strong>Engenharia</strong> Eletrotécnica - Sistemas Elétricos <strong>de</strong> Energia, no <strong>Instituto</strong> <strong>Superior</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (ISEP). Juntou os interesses <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> empresarial com o know-how <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> académico e criou o “e-maintenance solutions”, um projeto inova<strong>do</strong>r que serviu <strong>de</strong> base dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, que mereceu a nota final <strong>de</strong> 17 valores. Dos seus orienta<strong>do</strong>res ficou a admiração pela perseverança e coragem <strong>de</strong> conciliar um projeto <strong>de</strong>sta envergadura, com uma vida profissional e familiar já consolidada. Rui Abreu licenciou-se em engenharia eletrónica e industrial pela Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Minho. há três anos, <strong>de</strong>cidiu aventurar-se num mestra<strong>do</strong> no ISEP, mas o seu objetivo primordial era que o projeto <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> servisse para criar inovação na indústria. E foi bem-sucedi<strong>do</strong>. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um projeto para implementação <strong>de</strong> plataformas <strong>de</strong> e-maintenance na indústria cimenteira foi bem recebida pelo parceiro empresarial escolhi<strong>do</strong>: a Cachapuz, uma empresa se<strong>de</strong>ada em Braga, com gran<strong>de</strong> abertura a projetos académico-empresariais e cujo core-business se centra nos sistemas <strong>de</strong> pesagem industriais. Rui Abreu explica-nos que o objetivo principal <strong>do</strong> seu projeto é “minimizar os impactos negativos das falhas no processo industrial, reduzin<strong>do</strong>, assim, custos <strong>de</strong> manutenção e aumentan<strong>do</strong> a produtivida<strong>de</strong>”. o projeto-piloto foi implementa<strong>do</strong> numa unida<strong>de</strong> fabril <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cimento, cliente da Cachapuz, com várias unida<strong>de</strong>s “irmãs” localizadas um pouco por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. ou seja, o objetivo seria a criação e implementação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> manutenção na indústria cimenteira, não só para a unida<strong>de</strong> mãe, mas também para todas as outras unida<strong>de</strong>s espalhadas em Portugal e no estrangeiro. o aluno <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> ISEP explica que uma fábrica típica <strong>de</strong> cimento, em qualquer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, tem vários componentes e po<strong>de</strong> ser “dividida” em diferentes partes: a entrada e chegada <strong>do</strong>s materiais em bruto, a gestão, o embalamento <strong>de</strong> produto, o carregamento <strong>de</strong> camiões com o produto final... “Imaginemos uma área enorme com camiões em constante entrada e saída. Aquilo que procuramos é minorar alguns problemas que po<strong>de</strong>m surgir num circuito fabril, principalmente quan<strong>do</strong> há unida<strong>de</strong>s espalhadas por vários países”, explica Rui Abreu. SOLUçõES IMEDIATAS PARA MAIOR PRODUTIVIDADE Com o intuito <strong>de</strong> maximizar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços, a i<strong>de</strong>ia foi <strong>de</strong>senvolver uma aplicação, para monitorizar peças críticas da manutenção <strong>do</strong> sistema industrial que emite alertas e faz uma gestão <strong>do</strong>s recursos e seus componentes, antes que o problema aconteça. Por exemplo, aponta Rui Abreu, “se uma simples guilhotina <strong>de</strong> papel <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> funcionar, po<strong>de</strong> criar congestionamento no processo, uma vez que o cliente teria <strong>de</strong> pegar no papel, sair <strong>do</strong> camião e ir avisar alguém da situação ocorrida. Com este sistema <strong>de</strong> monitorização permanente, a falha na guilhotina vai gerar um alerta que, por sua vez, dá origem a um relatório <strong>de</strong> erros e a uma solução imediata para o problema. Essa informação é transmitida ao funcionário <strong>de</strong> serviço, sem que o mesmo tenha, necessariamente, formação especializada para a sua resolução”. Assim, o que o projeto elabora<strong>do</strong> por Rui Abreu faz, é conjugar to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s provenientes <strong>do</strong>s sistemas autónomos instala<strong>do</strong>s numa fábrica e conjugá-los numa análise, em que são <strong>de</strong>teta<strong>do</strong>s os erros e os pontos críticos. Quan<strong>do</strong> instala<strong>do</strong>s, estes sistemas estão programa<strong>do</strong>s para dar informações periódicas <strong>do</strong>s parâmetros normais <strong>de</strong> funcionamento e <strong>de</strong> alterações ao normal funcionamento <strong>do</strong>s sistemas. A tecnologia utilizada já existia. o projeto <strong>de</strong> Rui Abreu aproveitou-a, complementan<strong>do</strong>-a: “é como um puzzle que se vai compon<strong>do</strong> e cada peça ajuda a próxima a ser <strong>de</strong>senvolvida”. A componente específica <strong>do</strong> projeto “E-maintenance” centrou-se na parte da manutenção, na análise das <strong>de</strong>gradações e na criação <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s capaz <strong>de</strong> automatizar o processo <strong>de</strong> resposta antecipada, aos problemas na área da manutenção. Zita vale, <strong>do</strong>cente <strong>do</strong> ISEP que orientou o trabalho <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> em conjunto com Adriano Santos, explica que o problema é que em locais inóspitos não há massa humana qualificada. Acaba por ser impossível ter este tipo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s industriais <strong>de</strong> forma sustentada, porque não há técnicos qualifica<strong>do</strong>s para resolver os problemas na hora, paran<strong>do</strong> a produção”. Com este sistema <strong>de</strong> manutenção, as unida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m funcionar e resolver automaticamente as suas falhas, sem quebras na produção. Para além disso, ao automatizar to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> manutenção, é possível reduzir os tempos <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> veículos e aumentar a produtivida<strong>de</strong>. Zita vale remata, “a manutenção é um <strong>do</strong>s fatores que contribui para a produtivida<strong>de</strong>. o facto <strong>de</strong> haver um sistema <strong>de</strong> manutenção remota, através <strong>do</strong> qual é possível ace<strong>de</strong>r a qualquer fábrica no mun<strong>do</strong> e verificar o que se está a passar, resolven<strong>do</strong> o problema na hora, é, <strong>de</strong> facto, uma gran<strong>de</strong> vantagem”. no que respeita ao investimento <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong>ste projeto, Rui Abreu confessa que, para uma empresa, se trata <strong>de</strong> um investimento avulta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> início, mas cujo retorno é rápi<strong>do</strong>. “o facto <strong>de</strong> existir hipótese <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e disponibilização <strong>de</strong> informação já sistematizada acerca <strong>do</strong> processo industrial compensa, por si só, o eleva<strong>do</strong> investimento”. Zita vale reforça esta i<strong>de</strong>ia: “Cada problema que surja, mesmo que se verifique apenas num curto espaço <strong>de</strong> tempo, po<strong>de</strong> significar gran<strong>de</strong>s perdas em termos económicos. ou seja, ter um sistema que minimiza falhas é muito mais vantajoso e, por esta perspetiva, o retorno acaba por ser muito rápi<strong>do</strong>”.