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igualmente empenhadas em inventar uma linguagem cinematográfica a partir de um diálogo com a tradição das culturas africanas sem escrita e a partir de condições materiais diferentes das encontradas nos centros industriais. Filmar na África significava então trabalhar em cenários naturais e à luz do dia, com diálogos mais ou menos improvisados e mais perto do plano-sequência que da cena com montagem em campo e contracampo. Na década de 1970 os africanos passaram a fazer cinema regularmente no Senegal (Safi Faye: Carta camponesa), no Mali (Souleymane Cissé: Vento / Fynié e Trabalho / Baara. Cheikh Oumar Sissoko:Guimba, um tirano, uma época e Revolta / Finzan) e Burkina Faso (Gaston Kaboré: Buud Yam. Idrissa Oudreaogo: Tilaï e Samba Traoré). Regularmente e no caminho indicado por Borom Sarret e pelas observações de Sembène em A imagem cinematográfica e a poesia na África. Nosso pai | Abouna, por exemplo: dois meninos, um de quinze e outro de oito anos, saem de casa para procurar o pai que abandonou a família. Repetem a procura no dia seguinte, e no seguinte e no seguinte, sem sucesso. Ao acaso, entram num cinema, um dos irmãos imagina ter visto o pai numa cena do filme e eles decidem roubar o filme da cabine de projeção para procurar na película onde se encontrava o pai. O diretor Mahamat-Saleh Haroum parece repetir Sembène (“para nós, construir uma cinematografia é tão importante quanto construir hospitais e escolas”) ao dizer que o tema de seu filme é a construção de uma identidade africana: “O cinema, num país como o meu, o Chad, pode ser essencial para a constituição de uma identidade, por isso a história de Tahir e Amine, duas crianças que abandonadas à própria sorte se refugiam num cinema. É lá que eles encontram o pai”. O vento | Finyé, por exemplo: em lugar da procura do pai, a recusa do pai. É a história de dois estudantes presos por participar de uma rebelião de estudantes – Bah, o neto do líder defensor da cultura tradicional africana, e Batrou, filha do governador militar que defende a modernização do país. Mas o que de fato
importa no filme dificilmente pode ser reduzido a uma sinopse ou a palavras – a começar pelo título do filme. Finyé se apresenta na tela com quatro desenhos da cultura bambara que compõem o verdadeiro título do filme: O vento desperta o pensamento dos homens. Como explica o realizador, Souleymane Cissé, “são quatro símbolos, signos, ideogramas, traços de um patrimônio que deve ser preservado ou reencontrado. Uma herança para criar uma relação direta entre os avós e os netos e assim evitar a incompreensão dos pais”. Para Cissé, a África de então (o filme é de 1982), vivia o conflito entre a tradição e a modernidade (entre o pai e o filho) como se estivesse no meio de uma ventania. “Sobretudo temos aqui o vento, símbolo do movimento que compõe o filme. Vento do espírito, vento da O vento desperta o pensamento dos homens | Finyé de Souleymane Cissé
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