13.10.2014 Views

RL #34 [quadrimestral. Março 2012] - Universidade de Coimbra

RL #34 [quadrimestral. Março 2012] - Universidade de Coimbra

RL #34 [quadrimestral. Março 2012] - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

estados <strong>de</strong> alma. Com efeito, entre<br />

1995 e 2008, intervalo escolhido<br />

para não incluir a década negra da<br />

superinflação no Brasil, o Produto<br />

Interno Bruto (PIB) nominal brasileiro<br />

e o português, expressos em<br />

dólares correntes, aumentaram<br />

aproximadamente o mesmo valor<br />

(116,4 por cento para o português<br />

e 114,9 por cento para o brasileiro).<br />

Mas retirando o efeito da inflação,<br />

portanto em termos <strong>de</strong> PIB<br />

real em moeda corrente americana,<br />

a situação é muito mais <strong>de</strong>sequilibrada<br />

com vantagem para o<br />

lado português, com um aumento<br />

<strong>de</strong> 46,8 por cento contra uma diminuição<br />

<strong>de</strong> 26,5 por cento para o<br />

Brasil. No período 2008/2010, esta<br />

posição inverteu-se. Enquanto o<br />

PIB real do Brasil em dólares correntes<br />

subiu 11,4 por cento, o <strong>de</strong><br />

Portugal diminuiu 10,7 por cento.<br />

O percurso dos dois Países tem<br />

inúmeros episódios <strong>de</strong> oscilação<br />

<strong>de</strong>sfasada <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

humor, parecendo até que uma<br />

qualquer lei da História, ainda<br />

não postulada, proíbe os portugueses<br />

e os brasileiros <strong>de</strong> partilharem<br />

momentos <strong>de</strong> comum alegria<br />

ou <strong>de</strong> comum tristeza. E, embora a<br />

trajetória do Brasil seja agora menos<br />

frágil do que era em passados<br />

recentes e não se perspetivem facilida<strong>de</strong>s<br />

para a economia portuguesa<br />

nos próximos anos, ainda é<br />

cedo para garantir que estes ciclos<br />

terão chegado ao fim.<br />

É necessário saber tirar partido <strong>de</strong><br />

mais esta complementarida<strong>de</strong>. Do<br />

extenso leque <strong>de</strong> iniciativas que<br />

respon<strong>de</strong>m a esta especificação<br />

e vão ao encontro <strong>de</strong>sta linha <strong>de</strong><br />

preocupações, po<strong>de</strong>rei referir a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar mecanismos<br />

<strong>de</strong> colaboração entre incubadoras<br />

universitárias <strong>de</strong> empresas dos<br />

dois Países. Algumas das empresas<br />

spin-off criadas nas incubadoras<br />

universitárias brasileiras po<strong>de</strong>m<br />

ter interesse em expandir as suas<br />

ativida<strong>de</strong>s para Portugal, e logo<br />

para a Europa, e o inverso acontece,<br />

sem dúvida, com spin-off’s universitárias<br />

portuguesas. O acordo<br />

entre <strong>Universida<strong>de</strong></strong>s dos dois países<br />

será mais uma boa forma <strong>de</strong><br />

fazer funcionar a ponte.<br />

Nos anos 1980, um número significativo<br />

<strong>de</strong> odontologistas brasileiros<br />

procurou instalar-se em Portugal,<br />

com as dificulda<strong>de</strong>s que são conhecidas.<br />

Foram os anos em que a<br />

balança estava inclinada no sentido<br />

da Europa. Na atualida<strong>de</strong> é a<br />

economia brasileira que necessita<br />

<strong>de</strong> técnicos qualificados e professores,<br />

que existem em excesso em<br />

Portugal. Sem entrar em polémica<br />

sobre as recentes <strong>de</strong>clarações<br />

do primeiro-ministro português a<br />

este propósito, po<strong>de</strong>mos transformar<br />

estas duas dificulda<strong>de</strong>s numa<br />

oportunida<strong>de</strong> para a diplomacia<br />

universitária, que po<strong>de</strong> dar uma<br />

forte contribuição para a resolução<br />

do problema.<br />

Mas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da fase<br />

em que estivermos das oscilações<br />

económicas e/ou psicológicas entre<br />

os dois Países, o Brasil assumiu<br />

<strong>de</strong>finitivamente o estatuto <strong>de</strong> economia<br />

latinoamericana dominante,<br />

num espaço que é hoje a casa<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 600 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />

quase nove por cento do total<br />

da população do planeta. Cabe-<br />

-nos a nós, portugueses, acreditar<br />

nas qualida<strong>de</strong>s que os outros nos<br />

reconhecem e tentar tirar partido<br />

<strong>de</strong>las fazendo a síntese presente<br />

entre os nossos dois passados, no<br />

caso vertente, atravessando uma<br />

vez mais e fazendo outros atravessar<br />

a ponte entre a Europa e o Brasil,<br />

mostrando aos europeus o caminho<br />

do Brasil e aos brasileiros o<br />

caminho da Europa. A consciente<br />

assunção por parte das <strong>Universida<strong>de</strong></strong>s<br />

portuguesas e brasileiras <strong>de</strong>sta<br />

realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar no<br />

processo um papel <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> centralida<strong>de</strong>.<br />

* Professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

e Tecnologia da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong><br />

Professor Visitante da <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />

<strong>de</strong> Brasília

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!