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Tecnologia e Crescimento da Firma: o Caso das ... - Unimep

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Introdução<br />

C<br />

omo observou Julien (1993:153), as pequenas e médias empresas têm sido vistas pela teoria econômica,<br />

de forma geral, como pouco importantes, especialmente porque “tais firmas têm uma existência<br />

apenas transitória e diretamente subordina<strong>da</strong> às grandes empresas na divisão internacional do trabalho<br />

(...)”. No entanto, isto não as torna menos importantes analiticamente em relação às grandes empresas; pelo<br />

contrário, leva a uma necessi<strong>da</strong>de de se procurar entender porque algumas pequenas e médias empresas<br />

“morrem”, permanecem em seus negócios ou crescem, tornando-se empresas de maior porte.<br />

Durante o período 1950-1975 – de predominância do modelo produtivo de massa e organização do<br />

trabalho taylorista-fordista –, levando-se em conta as diferenças e assimetrias entre os países capitalistas,<br />

pode-se dizer que foi mantido um certo grau de estabili<strong>da</strong>de e crescimento econômico nesses países. Mesmo<br />

assim, já nos anos 60, percebia-se a limitação dessa combinação; os aumentos de produtivi<strong>da</strong>de começavam a<br />

se estabilizar e a entrar em trajetória decrescente (Lipietz, 1987:159). À que<strong>da</strong> de produtivi<strong>da</strong>de somou-se o<br />

aumento <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong>de no mercado financeiro internacional, a volatili<strong>da</strong>de do mercado consumidor e uma<br />

nova composição deste.<br />

A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80, buscou-se identificar os fatores responsáveis pelo esgotamento do paradigma<br />

fordista de produção e todo o arcabouço institucional que sustentava e interagia com ele. Percebeu-se que o<br />

fenômeno não poderia ser reduzido pura e simplesmente a relações de causa e efeito; e que, portanto, a crise<br />

deveria ser analisa<strong>da</strong> dentro de um escopo maior, abrangendo fatores econômicos, sociopolíticos e culturais,<br />

tanto no plano nacional quanto internacional (Lipietz, 1987; Harvey, 1992; e Ferraz et al., 1992).<br />

Segundo Lorino (1992:27-28), a compreensão <strong>da</strong>s limitações do paradigma taylorista-fordista (como<br />

modelo de organização <strong>da</strong> produção) e <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças subseqüentes, passa pela análise dos limites <strong>da</strong> arquitetura<br />

técnico-organizacional (abrangendo os sistemas de gestão, recursos humanos, sistemas de informação,<br />

equipamentos e fluxos de materiais e objetos) sobre a qual o paradigma operava, levando-se em consideração<br />

os fatores ambientais e institucionais que comportava a arquitetura técnico-organizacional do paradigma<br />

taylorista-fordista.<br />

No tratamento dessas questões podemos destacar duas dimensões de análise: o nível macroeconômico<br />

(mais agregado) e o nível microeconômico, nos quais interagem elementos de caráter social, político, econômico<br />

e tecnológico. Em vista disto, deixamos claro que nosso objeto de estudo é, especialmente, o nível<br />

microeconômico, isto é, a empresa enquanto forma de organização econômica empenha<strong>da</strong> na produção de<br />

bens e serviços.<br />

De tal modo que nosso olhar abrange a influência <strong>da</strong>s transformações por que passam os sistemas técnico,<br />

político, social e econômico sobre a capaci<strong>da</strong>de de competir e alcançar posição lucrativa em relação à<br />

concorrência e de manter (sustentar) essa posição. Considerando, sobretudo, as diferenças intersetoriais e os<br />

diferentes ambientes tecno-econômicos nos quais as firmas operam.<br />

Segundo Possas (1993:4), a questão <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>de abrange tanto o âmbito <strong>da</strong>s empresas (nível<br />

micro) quanto o âmbito dos sistemas econômicos nacionais e internacionais (nível macro). Em relação a este<br />

último, Possas (1993:6) identifica três níveis de fatores sistêmicos de competitivi<strong>da</strong>de: (i) os que estimulam a<br />

criação e consoli<strong>da</strong>ção de um ambiente competitivo; (ii) os que provêm externali<strong>da</strong>des, compreendendo condições<br />

de infra-estrutura (transportes, energia e comunicações, educação básica e qualificação <strong>da</strong> mão-deobra<br />

para os atuais perfis tecnológicos); e (iii) os fatores associados às políticas tipicamente macroeconômicas<br />

e de fomento e promoção.<br />

Em um mercado volátil – no qual questões como quali<strong>da</strong>de; prazo de entrega; comprometimento;<br />

grau de diferenciação; capaci<strong>da</strong>de de inovação (introduzir novos produtos e/ou processos com uso comercial);<br />

e grau de customização passam a ocupar a mesma importância que o preço –, passa-se a observar todo<br />

um movimento de reestruturação produtiva e organizacional em termos de empresas.<br />

38 Junho • 1999

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