Tecnologia e Crescimento da Firma: o Caso das ... - Unimep
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O processo de reestruturação produtiva, especialmente<br />
a partir dos anos 70, é marcado por um<br />
ambiente de incerteza e volatili<strong>da</strong>de nos mercados<br />
consumidores e financeiros, em um processo de acirramento<br />
do processo de globalização econômica e <strong>da</strong><br />
competição entre firmas; novas formas de organização<br />
do trabalho e práticas gerenciais, além de novos<br />
modelos de organização e gerenciamento <strong>da</strong> produção.<br />
Passou-se a perceber a necessi<strong>da</strong>de de se tratar a<br />
empresa como um sistema de ativi<strong>da</strong>des integra<strong>da</strong>s, e<br />
dirimir as resistências <strong>da</strong> estrutura hierárquica e centraliza<strong>da</strong><br />
do modelo taylorista-fordista em direção a<br />
estruturas organizacionais com menos níveis hierárquicos,<br />
com comunicação horizontal. Isto é, perseguiam-se<br />
agora estruturas mais flexíveis que dessem<br />
conta do ambiente de incerteza e <strong>da</strong> rapidez <strong>da</strong>s<br />
mu<strong>da</strong>nças tecnológicas e organizacionais.<br />
É possível se dizer que essas mu<strong>da</strong>nças configuram<br />
a emergência de um novo paradigma tecnoeconômico,<br />
que vem sendo denominado de especialização<br />
flexível ou acumulação flexível, 1 em que se<br />
parte para reduzir a rigidez <strong>da</strong>s formas de controle e<br />
estrutura; organização do trabalho do paradigma<br />
anterior; mu<strong>da</strong>m-se as qualificações em direção à<br />
multifuncionali<strong>da</strong>de do trabalhador; a adequação<br />
dos equipamentos a novos métodos, simultaneamente<br />
aos avanços tecno-científicos; alteração <strong>da</strong>s<br />
normas e padrões vigentes; e, especialmente, tornam-se<br />
as relações interorganizacionais mais flexíveis<br />
e interativas (Ferraz, 1992:6-7).<br />
O segundo aspecto abor<strong>da</strong>do neste trabalho<br />
refere-se à relação entre organização do trabalho,<br />
flexibilização, qualificação e competências e novos<br />
paradigmas tecno-econômicos. A organização do<br />
trabalho, apesar de não ser um tema novo, foi formaliza<strong>da</strong>,<br />
especialmente, a partir dos estudos de<br />
Taylor e Ford sobre a organização do trabalho,<br />
assim como <strong>da</strong>s análises de Max Weber sobre as formas<br />
burocráticas e hierarquiza<strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>mentais ao<br />
modus operandi e vivendi do sistema capitalista,<br />
integrando inclusive as organizações (Finkel, 1994).<br />
Com o paradigma taylorista-fordista, construiu-se<br />
todo um arcabouço teórico que formalizava<br />
1 De acordo com FERRAZ (1992:5), “paradigmas tecno-econômicos<br />
são mu<strong>da</strong>nças maiores ou 'revolucionárias' envolvendo produtos e<br />
processos que se originam de mu<strong>da</strong>nças tecnológicas e organizacionais,<br />
que afetam to<strong>da</strong> a economia”.<br />
a organização do trabalho com uma visão racionalizadora<br />
e mecanicista do processo produtivo e <strong>da</strong> disposição<br />
<strong>da</strong> força de trabalho. O trabalhador passou a<br />
ser visto como uma peça <strong>da</strong> máquina, especialmente<br />
o do chão de fábrica; uma vez que a gestão encontrava-se<br />
e caminhava a passos largos em direção a uma<br />
maior separação <strong>da</strong> execução do processo produtivo.<br />
A estrutura organizacional burocrática e mecanicista<br />
era o modelo de organização <strong>da</strong> empresa e do<br />
trabalho, focalizando-se especialmente a especialização<br />
de tarefas. Ao trabalhador não cabia “raciocinar”<br />
sobre o processo produtivo, nem formular opiniões<br />
ou sugestões, muito menos ter participação.<br />
Conforme visto na seção anterior, as mu<strong>da</strong>nças<br />
econômicas e institucionais nos espaços geoeconômicos<br />
nacionais e internacionais, trouxeram a<br />
necessi<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nças na arquitetura técnico-organizacional,<br />
e nas estratégias de competição (Lorino,<br />
1992).<br />
No caso <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças organizacionais, a comunicação<br />
extremamente verticaliza<strong>da</strong> combina<strong>da</strong><br />
com a estrutura organizacional rígi<strong>da</strong>, centraliza<strong>da</strong> e<br />
burocrática, influenciava negativamente a escolha<br />
<strong>da</strong> estratégia competitiva. Pois a separação que se<br />
construí<strong>da</strong> entre a gestão e o chão de fábrica passou<br />
a criar barreiras para uma estratégia de competição<br />
integradora de todo o processo (produção, distribuição,<br />
marketing, ven<strong>da</strong>s, finanças, ativi<strong>da</strong>des de<br />
P&D). Assim, passou-se a observar a necessi<strong>da</strong>de de<br />
um sistema mais flexível de organização <strong>da</strong> produção<br />
e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> empresa nos diversos níveis<br />
(estratégico, gerencial, e operacional). No caso <strong>da</strong><br />
organização do trabalho, a questão <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong>de<br />
e capacitação dos trabalhadores e, mais recentemente,<br />
a <strong>da</strong> flexibilização <strong>da</strong>s relações de trabalho como<br />
forma de combater ao desemprego que se alastra a<br />
todos os países do mundo capitalista tornaram-se<br />
extremamente relevantes.<br />
Diante dessas limitações e do processo de<br />
reestruturação <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de produtiva,<br />
a questão <strong>da</strong> gestão dos recursos humanos, <strong>da</strong>s<br />
relações de trabalho e <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de novas qualificações<br />
<strong>da</strong> força de trabalhos dirigiram alguns<br />
esforços de estudos sobre:<br />
• motivação, comprometimento e envolvimento<br />
do trabalhador (ex.: proposta de enriquecimento<br />
de cargos; criação de círculos de controle de quali<strong>da</strong>de<br />
e sistemas de sugestões/premiação);<br />
40 Junho • 1999