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a importância das histórias de vida na formação do professor - pucrs

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Velhas histórias cola<strong>das</strong> à pele 191<br />

<strong>de</strong> conhecimentos. O conhecimento já está mais <strong>do</strong> que<br />

exposto, quan<strong>do</strong> imagi<strong>na</strong>mos a presença cada vez mais<br />

forte <strong>das</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Comunicação no cotidiano <strong>do</strong>s<br />

alunos apren<strong>de</strong>ntes. Por outro la<strong>do</strong>, a manutenção <strong>de</strong>ssas<br />

formas ressalta o pequeno alcance <strong>de</strong> novas alter<strong>na</strong>tivas<br />

<strong>de</strong> ensino-aprendizagem, mais colaborativas e que tenham<br />

o sujeito apren<strong>de</strong>nte como agente <strong>de</strong> sua formação.<br />

Como lidar com essas questões? Seria possível pensar<br />

uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>to<strong>na</strong>r um (<strong>de</strong>s)estranhamento e produzir<br />

um projeto em que o aluno pu<strong>de</strong>sse ser autor <strong>de</strong> si mesmo,<br />

<strong>de</strong> sua formação? Parto <strong>de</strong> um pressuposto: o ser humano<br />

vive em busca <strong>de</strong> seu auto<strong>de</strong>senvolvimento. Associan<strong>do</strong><br />

essa i<strong>de</strong>ia à <strong>vida</strong> <strong>do</strong> apren<strong>de</strong>nte, principalmente daquele<br />

ou daquela que enfrenta uma seleção <strong>de</strong> vestibular e<br />

passa a frequentar uma universida<strong>de</strong>, a questão é: Como<br />

estruturar um aprendiza<strong>do</strong> em que esse apren<strong>de</strong>nte possa<br />

ter um melhor proveito?<br />

2 Formação<br />

O aluno que acaba <strong>de</strong> ingressar <strong>na</strong> universida<strong>de</strong> está<br />

num processo <strong>de</strong> formação continuada, ten<strong>do</strong> em vista o<br />

fato <strong>de</strong> ter passa<strong>do</strong> pelo Ensino Fundamental e Médio. Seu<br />

percurso escolar po<strong>de</strong> ter ocorri<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma fragmentada,<br />

interrompi<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is, talvez cinco ou <strong>de</strong>z anos, ou <strong>de</strong><br />

forma <strong>na</strong>tural, perfazen<strong>do</strong> o Ensino Fundamental e médio<br />

e optan<strong>do</strong> por um caminho no Ensino Superior.<br />

Porém, o ingresso no Ensino Superior po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como um momento “charneira”, <strong>de</strong> que<br />

nos fala Josso (2004). O mun<strong>do</strong> parece estar <strong>de</strong> ponta<br />

cabeça. As leituras e análises são apresenta<strong>das</strong> <strong>de</strong> forma<br />

completamente diferente daquelas que experimentou no<br />

Ensino Fundamental e Médio, pelo menos é o que nos<br />

dizem as alu<strong>na</strong>s <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Graduação em Pedagogia,<br />

quan<strong>do</strong>, já passa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ou três perío<strong>do</strong>s, começam a<br />

expressar suas versões sobre as mudanças ocorri<strong>das</strong> em<br />

suas vi<strong>das</strong> após o ingresso <strong>na</strong> universida<strong>de</strong>.<br />

O ingresso e continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>na</strong> universida<strong>de</strong><br />

apresentam-se, portanto, como um momento ponte entre<br />

um passa<strong>do</strong> e um futuro; entre uma história <strong>de</strong> <strong>vida</strong> e<br />

as projeções <strong>do</strong> ser no mun<strong>do</strong> após mais esse momento<br />

importante <strong>na</strong> formação. Como enten<strong>de</strong>r essa complexida<strong>de</strong><br />

vi<strong>vida</strong> pelo apren<strong>de</strong>nte? Como agir sobre ela?<br />

Urge pensar essa multiplicida<strong>de</strong> real que teima em ser<br />

apresentada como u<strong>na</strong>. Morin nos lembra que<br />

Na crise <strong>do</strong>s fundamentos e diante <strong>do</strong> <strong>de</strong>safio da<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> real, to<strong>do</strong> conhecimento hoje<br />

necessita refletir sobre si mesmo, reconhecer-se,<br />

situar-se problematizar-se. A necessida<strong>de</strong> legítima<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong> cognoscente, <strong>do</strong>ravante, seja quem for e<br />

on<strong>de</strong> estiver, <strong>de</strong>veria ser: não há conhecimento sem<br />

conhecimento <strong>do</strong> conhecimento (MORIN, 1999, p. 34)<br />

[grifos <strong>do</strong> autor].<br />

No texto <strong>de</strong> Balzan anteriormente cita<strong>do</strong>, a emancipação<br />

<strong>das</strong> práticas <strong>de</strong> ensino-aprendiza<strong>do</strong> envolve<br />

tanto novas posturas <strong>do</strong> aluno quanto <strong>do</strong> <strong>professor</strong>. Pelo<br />

teor ensaístico <strong>do</strong> presente texto, não cabe aqui gran<strong>de</strong>s<br />

teorizações, talvez aberturas para algumas configurações<br />

possíveis, apesar <strong>de</strong> que “[...] o valor <strong>das</strong> teorizações se<br />

me<strong>de</strong> menos pelas conclusões às quais elas permitiram<br />

chegar <strong>do</strong> que pelas aberturas e problemáticas que elas<br />

geram” (JOSSO, 2010, p. 30). Morin (1999, p. 34), quan<strong>do</strong><br />

diz se aventurar a pensar a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> real,<br />

distancian<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los fundamentais e abrin<strong>do</strong>-se à<br />

perspectiva <strong>do</strong> refletir sobre si mesmo, <strong>de</strong>staca que esse<br />

não é um <strong>do</strong>mínio privilegia<strong>do</strong> “[...] para pensa<strong>do</strong>res<br />

privilegia<strong>do</strong>s, uma competência <strong>de</strong> experts, um luxo<br />

especulativo para filósofos, mas uma tarefa histórica para<br />

cada um e para to<strong>do</strong>s” [grifos <strong>do</strong> autor].<br />

Portanto, nosso intuito aqui é criar ligas entre<br />

questões teóricas meto<strong>do</strong>lógicas relacio<strong>na</strong><strong>das</strong> ao <strong>de</strong>bate<br />

educacio<strong>na</strong>l que toma as histórias <strong>de</strong> vi<strong>das</strong> e formação<br />

como problema, com essa complexida<strong>de</strong> formativa,<br />

especialmente <strong>do</strong> aluno ingressante <strong>na</strong> universida<strong>de</strong>.<br />

Josso, <strong>na</strong> sua tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento, Caminhar<br />

para si (2010, p. 19), faz uma exploração conceitual,<br />

meto<strong>do</strong>lógica e empírica, buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r o que<br />

é o processo <strong>de</strong> formação, <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong><br />

aprendizagem <strong>na</strong> perspectiva <strong>do</strong> apren<strong>de</strong>nte. Destaca:<br />

“[...] é [...] igualmente o sujeito da pesquisa e o sujeito<br />

cognoscente que estão em formação”. Esse pleito está<br />

carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios:<br />

O <strong>de</strong>safio que se perfila no horizonte <strong>de</strong> um projeto<br />

<strong>de</strong> conhecimento resi<strong>de</strong>, neste ponto da reflexão, <strong>na</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um viver como sujeito <strong>de</strong> sua<br />

formação, em outras palavras, <strong>de</strong> fazer toma<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

consciência não somente para a reivindicação <strong>de</strong> ser<br />

sujeito, mas para sua realização, por mais difícil e<br />

frágil que possa ser (JOSSO, 2010, p. 27).<br />

Ao problematizar o ensino, como favorecer uma<br />

consciência crítica que pedagogia priorizar, Josso <strong>de</strong>lineia<br />

uma posição:<br />

Minha atenção <strong>de</strong>slocou-se progressivamente da<br />

Educação como problemática <strong>de</strong> um coletivo, com<br />

metas culturais, para a formação como problemática <strong>de</strong><br />

um indivíduo com uma intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>: tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-se<br />

a relação entre individual e coletivo uma problemática<br />

que permeia a relação pedagógica, constitutiva <strong>de</strong> sua<br />

dinâmica (JOSSO, 2010, p. 31).<br />

A lógica <strong>do</strong> ensi<strong>na</strong>r, <strong>na</strong> perspectiva <strong>do</strong> <strong>do</strong>cente, migra<br />

para o que é apren<strong>de</strong>r, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> apren<strong>de</strong>nte.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a autora aponta que a formação intelectual<br />

Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 189-197, maio/ago. 2011

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