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A METAMORFOSE DOS JOGOS OLÍMPICOS (1896 ... - ANPUH-SP

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cosmopolita, voltada para o futuro. Foi esta a fórmula que Sydney-2000 consagrou<br />

(Proni, 2002).<br />

Considerações finais<br />

No ano de seu centenário, os Jogos Olímpicos ainda preservavam tradições<br />

inventadas ao longo de suas primeiras edições, mas tais tradições ganharam novos<br />

significados 9 . Na era da globalização, a sociedade de consumo propiciou os<br />

catalisadores para que o espetáculo esportivo se convertesse em veículo de<br />

propaganda de produtos destinados a mercados de massa. O desenvolvimento do<br />

marketing e a atuação das empresas de comunicação amplificaram as possibilidades<br />

de mercantilização do esporte, gerando contratos de bilhões de dólares e<br />

impulsionando a indústria esportiva (Proni, 1998, cap. 2). Foi nesse contexto que a<br />

metamorfose dos Jogos se processou, atingindo um ponto de mutação a partir do qual<br />

parece não haver volta.<br />

Alguns autores entendem o Movimento Olímpico como uma instituição que<br />

antecipou ou mesmo contribuiu para a globalização; outros pensam a Olimpíada como<br />

uma manifestação típica da pós-modernidade (DaCosta, 2002, cap. 1). Para contornar<br />

os paradoxos produzidos pela metamorfose dos Jogos Olímpicos, em vez de mera<br />

oposição, DaCosta prefere destacar o continuum que existe entre tradição e inovação,<br />

buscando uma meta-narrativa multidisciplinar que apreenda tanto as tensões como o<br />

equilíbrio presentes no Olimpismo. Contudo, desta perspectiva o objeto em questão<br />

parece perder sua historicidade. Este artigo se pautou por outra abordagem.<br />

Uma organização empresarial para os Jogos se impôs definitivamente desde<br />

1984. A introdução de uma nova mentalidade provocou o rompimento com princípios<br />

que haviam orientado o Movimento Olímpico na fase romântica de criação e<br />

consolidação de seu ideário e de suas tradições. Ao mesmo tempo, coube um papel<br />

central aos meios de comunicação, em especial aos formadores de opinião, na<br />

ressignificação das tradições e do ideário olímpicos – isto é, na reinvenção das<br />

Olimpíadas. E apesar de terem sido recorrentes as tentativas de refutar ou estancar o<br />

avanço desse processo, não encontraram eco. Ainda que diferentes discursos tenham<br />

sido produzidos sobre o desvirtuamento dos Jogos Olímpicos, prevaleceu a corrente<br />

liberalizante.<br />

Em geral, os jornalistas e demais profissionais da mídia tenderam a reproduzir<br />

o discurso do COI, um misto de idealismo, positivismo e pragmatismo. Curiosamente,<br />

9 A disputa ideológica em torno da invenção de tradições esportivas é discutida em Hobsbawm & Ranger,<br />

1984, cap. 7.<br />

Texto integrante dos Anais do XVII Encontro Regional de História – O lugar da História. <strong>ANPUH</strong>/<strong>SP</strong>-<br />

UNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Cd-rom.

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