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A METAMORFOSE DOS JOGOS OLÍMPICOS (1896 ... - ANPUH-SP

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americanas, européias etc.) jogam um peso grande nesse processo, pois fomentaram<br />

a “exploração simbólica e econômica das vitórias”, possibilitaram a “industrialização da<br />

produção esportiva” e intensificaram a competição entre nações por meio da<br />

“planetarização do espetáculo olímpico”. E o perigo é que, prisioneiro dos interesses<br />

políticos dos Estados nacionais e dos interesses econômicos do próprio COI, o<br />

acontecimento global conhecido como “Olimpíada” tem suas “potencialidades de<br />

universalismo hoje ameaçadas de aniquilamento” (Bourdieu, 1997, p. 126-7).<br />

Não podendo permanecer indiferentes às críticas que se somavam, os<br />

dirigentes olímpicos revisaram a Carta Olímpica, em 1991, preocupados em<br />

compatibilizar a crescente importância do marketing com a manutenção da imagem<br />

socialmente construída do Olimpismo. E a forma de garantir os meios de realização<br />

dos Jogos era a produção de um espetáculo grandioso. Para o então presidente do<br />

COI, o espanhol Juan Antonio Samaranch, as mudanças introduzidas ao longo das<br />

suas gestões foram conseqüência dos enormes custos de realização do evento e do<br />

desejo de não excluir a participação de ídolos do esporte. Nesse sentido, a<br />

comercialização das Olimpíadas e a profissionalização dos atletas foram mudanças<br />

inevitáveis e incontestáveis.<br />

Às vésperas dos Jogos de Atlanta-1996, Samaranch afirmava que o importante<br />

para a preservação do movimento olímpico era i) que o COI zelasse pela promoção do<br />

esporte e da atividade física saudável e ii) que os Jogos promovessem a<br />

confraternização entre os povos e divulguem a identidade cultural das cidades que os<br />

sediam. Foi a necessidade de viabilizar economicamente essas duas tarefas, segundo<br />

ele, que levou a presença de patrocinadores e os contratos com a televisão a se<br />

tornarem essenciais para os Jogos. Dizia o seguinte:<br />

Os Jogos são o maior festival esportivo do mundo, que reúne os melhores atletas de<br />

cada esporte. São, igualmente, um evento cultural e social de primeiro plano, que<br />

suscita cada vez mais interesse junto às diversas cidades que se candidatam a<br />

organizá-los. Organizar os Jogos Olímpicos permite à cidade-sede desenvolver suas<br />

infra-estruturas, promover o esporte em todos os países e oferecer ao mundo uma<br />

imagem e uma identidade cultural próprias. Por outro lado, graças aos rendimentos<br />

provenientes dos programas de marketing e da venda dos direitos de televisionamento,<br />

as cidades financiam com sobras a organização dos Jogos. 4<br />

Há duas visões claramente conflitantes: de um lado, a postura crítica e<br />

conservadora de Garcia Ferrando, mostrando que os princípios originais do Olimpismo<br />

4 Entrevista publicada na Folha de São Paulo, 15.jul.1996.<br />

Texto integrante dos Anais do XVII Encontro Regional de História – O lugar da História. <strong>ANPUH</strong>/<strong>SP</strong>-<br />

UNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Cd-rom.

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