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CARAS & LEILÕES

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numisma<br />

Revista semestral nº 61 • • 2,50 • FEVEREIRO 2007<br />

<strong>CARAS</strong> & LEILÕES<br />

ERA UMA VEZ UMA LISTA<br />

DE PREÇOS…<br />

MOEDAS DE OURO O DE PORTUG<br />

TUGAL<br />

AL<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 1


Director Javier Sáez Salgado<br />

Director Adjunto Jaime Sáez Salgado<br />

Chefe de Redacção Ana Miranda<br />

Direcção de Arte Ana Miranda<br />

Colaboradores José Rodrigues Marinho,<br />

Hermínio Santos, Carlos Marques da Costa,<br />

José A. Godinho Miranda<br />

Fotografia Manuel Farinha<br />

Assistente de Produção Maria João Vicente<br />

Secretariado Cláudia Leote<br />

Relações Públicas Raquel Moura<br />

Redacção e Administração<br />

Av. da Igreja, 63 C<br />

1700-235 Lisboa<br />

Tel.: 217 931 838 / 217 932 194<br />

Fax: 217 941 814<br />

numismaonline.com<br />

info@numismaonline.com<br />

Impressão Palmigráfica – Artes Gráficas, Lda.<br />

2 FEVEREIRO 2007


EDITORIAL<br />

No início de um novo ano gostaria de assinalar um acontecimento que muito<br />

nos orgulhou: a comemoração, em 2006, do trigésimo aniversário da<br />

NUMISMA. Este facto, que constitui um marco na história da empresa, vem<br />

reforçar cada vez mais, o nosso propósito de prosseguir a nossa actividade com o<br />

mesmo empenho e entusiasmo que desde sempre nos moveu.<br />

Realizámos quatro leilões extraordinários, com destaque para os dois últimos (leilões<br />

nº 68 e nº 69) em que foram apresentadas verdadeiras raridades da numária portuguesa,<br />

incluindo uma moeda visigoda única.<br />

No final do ano apresentámos um novo livro – Moedas de Ouro de Portugal,<br />

Séculos V - XX – dedicado exclusivamente às moedas de ouro.<br />

Em 2007 iremos realizar novos leilões igualmente interessantes para os nossos<br />

clientes. Simultaneamente, vamos dar continuidade à nossa actividade editorial através<br />

da apresentação de um novo livro de Numismática, e também através da continuação<br />

da publicação desta revista cujo propósito é manter os leitores informados sobre<br />

o mundo fascinante da numismática.<br />

E porque trinta anos de actividade da NUMISMA já têm a sua história, apresentamos<br />

neste número da NUMISMA Caras & Leilões um breve relato da sua história:<br />

a forma como nasceu e cresceu, e como, com passos seguros, se foi afirmando no<br />

mundo da numismática e da medalhística, até se transformar naquilo que é hoje – uma<br />

das principais casas leiloeiras do País, com reconhecimento além-fronteiras.<br />

Nesta edição da revista partilhamos também com os nossos leitores e amigos, algumas<br />

imagens recolhidas em 2006 que testemunham momentos de eventos e iniciativas que<br />

levámos a cabo.<br />

Continuaremos com o nosso propósito de fazer mais e melhor e de corresponder às<br />

expectativas de todos aqueles que têm sido a razão de ser da NUMISMA e que têm<br />

contribuído para o seu crescimento e desenvolvimento.<br />

Javier Sáez Salgado<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 3


HISTÓRIA DA NUMISMA<br />

Era uma vez<br />

uma lista de preços…<br />

Por HERMÍNIO SANTOS*<br />

Tudo começou no Apartado 3108<br />

da então Lisboa-3. No Verão de<br />

1976 era essa a morada que o<br />

primeiro número da revista Numisma<br />

indicava na capa. Esse exemplar não era<br />

propriamente uma revista pois<br />

apresentava-se apenas como uma «lista<br />

de preços». Foi assim que, há 30 anos,<br />

de uma forma discreta e pacata, nasceu<br />

aquela que é hoje a principal casa leiloeira<br />

portuguesa de numismática e notafilia.<br />

A revista era o «rosto» da Galeria de<br />

Numismática e Medalhística –<br />

– NUMISMA, fundada formalmente<br />

em 14 de Julho de 1976.<br />

Nas últimas três décadas a empresa<br />

organizou 69 leilões, recuperou para<br />

Portugal muitas moedas nacionais que<br />

estavam em colecções estrangeiras, levou<br />

os portugueses a investir em notas e<br />

moedas, divulgou a história da<br />

numismática portuguesa e transformou<br />

moedas de ouro com séculos de<br />

existência e notas raras em notícias de<br />

primeira página.<br />

A história nem sempre foi assim. Nos<br />

primeiros anos de existência a Numisma<br />

afirmou-se principalmente com a revista.<br />

Era através dela que Javier Salgado<br />

«comunicava» com os coleccionadores<br />

divulgando as novidades na área da<br />

numismática e medalhística e respectiva<br />

bibliografia. Não faltavam também<br />

notícias sobre exposições-feira realizadas<br />

um pouco por todo o país e os<br />

aniversários da Numisma, já nessa altura<br />

celebrados com iniciativas inovadoras.<br />

Uma delas ocorreu no Verão de 1978<br />

quando foi apresentado o «Preçário 1978<br />

do Livro das Moedas de Portugal», da<br />

autoria de Ferraro Vaz e Javier Salgado.<br />

Este acontecimento ficou retratado para a<br />

posteridade numa foto publicada no<br />

número 9 da revista onde o jovem Javier<br />

aparece numa «troca de impressões com o<br />

expert Michael Roland (Suiça) e Carlos<br />

Costa (grande coleccionador português)».<br />

O primeiro leilão<br />

O primeiro grande «salto» da Numisma<br />

ocorreu em 1989. Obtida a respectiva<br />

autorização junto do Ministério das<br />

Finanças que, pela primeira vez,<br />

autorizou uma sociedade comercial a<br />

fazer leilões públicos de numismática e<br />

notafilia, a Numisma transformou-se em<br />

Numisma Leilões. A 4 de Março de 1989,<br />

na sala Cascais do hotel Meridien, teve<br />

lugar o leilão «Notas de Portugal e Ex-<br />

-Colónias», o primeiro da empresa.<br />

Na revista número 51, de Abril de 1989,<br />

Nestor Fatia Vital recorda que «com uma<br />

assistência excedendo os limites do<br />

amplo recinto, foram vendidos cerca de<br />

800 lotes, num ambiente de vivo<br />

despique nas licitações em sala, por<br />

ordem de compra e, até, por telefone, do<br />

Canadá e Suiça, através de duas<br />

permanentes ‘open-lines’».<br />

O leilão já apresentava alguns dos<br />

principais valores inscritos no «código<br />

genético» da Numisma Leilões: raridade,<br />

qualidade, organização, inovação e gosto<br />

pela divulgação da história e da cultura de<br />

Portugal. Estas características foram<br />

confirmadas nos leilões seguintes, ambos<br />

realizados em 1990 e dedicados,<br />

respectivamente, às moedas do princípio<br />

da Lusitânia até aos século XVIII e desde<br />

D.Afonso Henriques até à actualidade.<br />

Entre Março de 1989 e o final de 1990 a<br />

Numisma realizou 10 leilões, um sinal de<br />

grande dinamismo e pujança que viria a<br />

confirmar-se nos anos seguintes.<br />

Leilões históricos<br />

Foi também em 1990 que a Numisma se<br />

lançou na organização de leilões<br />

históricos onde se levaram à praça peças<br />

de grande valor, desde brincos em ouro a<br />

4 FEVEREIRO 2007


pergaminhos, passando por moedas,<br />

mapas e armas.<br />

Um deles realizou-se em Março e<br />

chamava-se «Lusitânia». Com cerca de<br />

1300 lotes este leilão apresentou como<br />

principal atracção um par de brincos<br />

algarvios, em ouro, dos séculos V ou IV<br />

a.C., que foi à praça com um preço-base<br />

de cinco mil contos (25.000 euros).<br />

A extensa lista de objectos que foram a<br />

leilão incluiu ourivesaria celta e romana,<br />

documentação e escultura medieval,<br />

moedas ibero-romanas, visigodas e<br />

portuguesas e pergaminhos.<br />

Um deles era uma carta régia<br />

contemporânea de D. Afonso Henriques,<br />

cuja base de licitação foi de mil contos<br />

(5000 euros). Considerado como muito<br />

raro, o documento datava de 1176 e<br />

estava assinado pelo rei de Castela,<br />

D. Fernando II, a quem o fundador de<br />

Portugal devia vassalagem. No leilão<br />

foram também vendidas armas de grande<br />

valor e interesse, entre as quais se contava<br />

uma espada veneziana do século XV e<br />

uma carabina de roda espanhola de 1563,<br />

único exemplar conhecido deste período.<br />

Num outro leilão histórico a Numisma<br />

vendeu em leilão outras armas de grande<br />

raridade como, por exemplo, as espadas<br />

dos reinados de D. Afonso V até<br />

D. Manuel I e uma outra espada que<br />

pertenceu ao general Silveira, primeiro<br />

conde de Amarante e o primeiro general<br />

português a obter uma vitória contra as<br />

tropas francesas, no início do século XIX,<br />

numa das invasões ocorridas em<br />

Portugal.<br />

Moedas famosas<br />

Mas apesar desta «incursão» nos leilões<br />

históricos, a Numisma acabou por se<br />

especializar nas moedas de ouro. Foram<br />

elas que catapultaram o nome da empresa<br />

para a fama, tornando-a numa das<br />

principais casas leiloeiras do País e<br />

também já reconhecida além-fronteiras.<br />

Nomes que poucos tinham ouvido ou<br />

que só eram conhecidos dos especialistas<br />

em numismática, como Morabitino,<br />

Gentil, Dobras, Dobrões, Portugueses,<br />

São Vicente, Cruzados e Peças, tornaram-<br />

-se não só populares mas também<br />

identificados com a História de Portugal.<br />

Para a história dos leilões da Numisma<br />

ficaram célebres datas como o mês de<br />

Outubro de 1990, quando foi leiloado<br />

pela primeira vez, em público, um<br />

Morabitino, ou o mês de Abril de 1991,<br />

altura em que foi apresentado um<br />

raríssimo Português de D. João III.<br />

Já em 2006, em Dezembro, a empresa<br />

apresentou um raro Morabitino de<br />

D. Afonso II, que foi à praça por 150 mil<br />

euros.<br />

Na memória ficou também o leilão<br />

número 50, não por causa das moedas<br />

mas sim pelos 147 lotes de notas raras de<br />

Portugal. Foi um leilão que marcou o<br />

regresso da Numisma à notafilia, 13 anos<br />

depois de ter organizado o primeiro<br />

leilão de notas em Portugal. Os Cem Mil<br />

Réis de 1909, a Chapa 1 de 500 Escudos<br />

de 1925 e os «sempre muito apetecidos»<br />

1000 Escudos de 1929 e 1932 foram<br />

algumas das altas raridades apresentadas<br />

nesse leilão.<br />

* Especialista em Numismática<br />

DE NUMISMATA A GESTOR<br />

Começou por ser um numismata e um coleccionador de papéis de<br />

valor mas a partir de 1976 foi também «forçado» a ser um gestor.<br />

Javier Salgado, o «rosto» e principal dinamizador da Numisma,<br />

começou por ser apenas mais um coleccionador de moedas,<br />

quando recebeu da sua mãe uma colecção de moedas<br />

estrangeiras. Mal sabia que uma vulgar paixão de adolescência<br />

se viria a tornar, também, na sua actividade profissional.<br />

Foi assim que, em 1976, o coleccionador se transformou em<br />

gestor e lançou uma empresa que é hoje uma referência no<br />

sector e tornou o seu principal gestor numa das principais<br />

autoridades na numismática portuguesa. Faz parte do Conselho<br />

Numismático da Imprensa Nacional-Casa da Moeda e é perito e<br />

avaliador para o Banco de Portugal.<br />

É também consultor da Lusitânia, Companhia de Seguros SA e da<br />

Fundação Dr. António Cupertino de Miranda. É autor e co-<br />

-autor de uma vasta obra ligada à numismática e ao papel-<br />

-moeda.<br />

Define os 30 anos de actividade da Numisma como um «sucesso»<br />

pessoal e empresarial porque conseguiu fazer um «casamento<br />

perfeito» entre a necessária rentabilidade, uma condição<br />

essencial para viabilizar qualquer negócio, e a divulgação da<br />

História de Portugal. De facto, os leilões da Numisma não são<br />

apenas momentos para fazer negócios. São, também, uma<br />

oportunidade para recordar a história de uma das nações mais<br />

antigas da Europa. É isso que a Numisma pretende continuar a<br />

fazer nas próximas décadas.<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 5


LEILÕES 2006<br />

Leilão 66<br />

Por<br />

ortuguês e Dobra 1725<br />

em grande destaque<br />

A Numisma iniciou o ano de 2006 com um<br />

leilão de 533 lotes e dividido em duas sessões,<br />

ambas realizadas em 23 de Fevereiro de 2006.<br />

Os grandes destaques deste leilão foram um<br />

Português de D. João III, que atingiu os<br />

39.000 euros, uma Dobra 1725 de D. João V,<br />

vendida por 20.000 euros, e os 50 Centavos<br />

1925, uma moeda da República leiloada por<br />

24.000 euros. Intitulado «Moedas de Ouro e<br />

Notas de Portugal», o leilão apresentou ainda<br />

notas de banco nacionais e um espectacular<br />

título de uma acção de 20$00, de 1884, da Fábrica<br />

de Faianças das Caldas da Rainha, desenhada por<br />

Rafael Bordallo-Pinheiro.<br />

Leilão 67<br />

D. João V «dominou»<br />

Colecção Douro<br />

Um Dobrão 1724 M do tempo de D. João V,<br />

vendido por 9.650 euros, foi a moeda de<br />

ouro mais valiosa do leilão 67,<br />

apresentado como «Moedas de Portugal,<br />

Colecção Douro – José Rodrigues<br />

D’Araújo Lima». Uma moeda que<br />

circulou nos Açores entre 1791 e 1799<br />

e uma Meia Peça 1789, em ouro, ambas<br />

do reinado de D. Maria I, também se<br />

transformaram em grandes atracções da<br />

noite. Foi ainda apresentado um<br />

interessante conjunto de cédulas e algumas<br />

acções da Fábrica de Faianças das Caldas da<br />

Rainha e do Jardim Zoológico de Lisboa, as duas<br />

do século XIX.<br />

6 FEVEREIRO 2007


<strong>CARAS</strong> & LEILÕES<br />

Jaime Salgado, Raquel Moura e Javier<br />

Salgado em dois momentos do Leilão nº 68,<br />

em que um manjerico tenta a todo o custo<br />

ser o «protagonista» da situação<br />

O Dr. Paulo Fernandes observa o catálogo<br />

com atenção e faz as suas escolhas<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 7


LEILÕES 2006<br />

Leilão 68<br />

Visigodos fazem história<br />

O leilão 68 ficou para a história da Numisma<br />

como o do «domínio» dos Visigodos. As<br />

moedas de ouro mais valiosas da noite, dois<br />

Tremissis, foram cunhadas no tempo dos<br />

Visigodos, um povo com origens na<br />

Escandinávia e que ocupou a Península<br />

Ibérica depois dos Romanos. Os dois<br />

Tremissis atingiram os 82.000 e os 78.000<br />

mil euros e tornaram-se na referência do<br />

leilão que levou à praça a segunda parte da<br />

Colecção Rive Gauche. A noite ficaria ainda<br />

marcada por um Português cunhado no<br />

reinado de D. Manuel I, entre os séculos XV e<br />

XVI, no auge das Descobertas. Trata-se de uma<br />

moeda que correu mundo e se tornou num símbolo<br />

do poder global do reino de Portugal.<br />

Leilão 69<br />

Morabitino brilhou<br />

no final de 2006<br />

No final de 2006, no dia 12 de Dezembro,<br />

a Numisma apresentou um dos mais<br />

importantes leilões dos últimos anos.<br />

O valor e a raridade das moedas foram a<br />

verdadeira imagem de marca deste leilão,<br />

intitulado «Moedas raras de ouro –<br />

– Colecção Arrábida». Um Morabitino de<br />

D. Afonso II, vendido por 150 mil euros,<br />

tornou inesquecível o leilão 69. Um Gentil<br />

de D. Fernando I também esteve em grande<br />

destaque numa noite que serviu para a<br />

Numisma fechar com chave de ouro o ano e<br />

também as comemorações dos seus 30 anos de<br />

actividade.<br />

8 FEVEREIRO 2007


<strong>CARAS</strong> & LEILÕES<br />

Javier Salgado a ver quem «oferece mais»<br />

(à esquerda) e Luís Fernando sorridente, na<br />

companhia de Raquel Moura e Sara Paulo<br />

(em baixo)<br />

Fernando Rocha é entrevistado pela<br />

jornalista Teresa Cotrim (em cima)<br />

e José Rodrigues Marinho e<br />

Gonçalo Ramos e Costa, atentos,<br />

durante o leilão (à direita)<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 9


LANÇAMENTO DO LIVRO «MOEDAS DE OURO DE PORTUGAL»<br />

Em Novembro de 2006<br />

teve lugar a cerimónia de<br />

apresentação do livro<br />

Moedas de Ouro de<br />

Portugal, Séculos V-XX<br />

da autoria de Javier Sáez<br />

Salgado. Esta obra,<br />

patrocinada pela Accenture,<br />

é constituída por 150<br />

páginas, apresenta as<br />

moedas em tamanho real<br />

fotografadas a cores, e<br />

poderá ser considerada um<br />

documento precioso de<br />

consulta para todos os<br />

interessados pela<br />

numismática portuguesa<br />

O AUTOR<br />

Javier Sáez Salgado é licenciado em<br />

Finanças e Gestor da NUMISMA<br />

LEILÕES, empresa que fundou em<br />

1976.<br />

É autor dos livros O Papel-Moeda<br />

das Antigas Colónias<br />

Portuguesas<br />

(Lisboa, 1997),<br />

Moedas de Ouro de Portugal<br />

1185-1<br />

85-1889<br />

889 (Lisboa, 2001),<br />

História da Moeda em Portugal<br />

(Lisboa, 2001 ; Abril Control Jornal),<br />

Livro das Moedas de Portugal<br />

(este último em co-autoria com<br />

Joaquim Ferraro Vaz, em três edições;<br />

Braga, 1978, 1984, 1988), entre<br />

outros.<br />

É Consultor da Lusitania,Companhia<br />

de Seguros SA ,e da Fundação Dr.<br />

António Cupertino de Miranda.<br />

Faz parte do Conselho Numismático<br />

da Imprensa Nacional – Casa da<br />

Moeda e é perito e avaliador para o<br />

Banco de Portugal.<br />

Foi recentemente agraciado com o<br />

grau de Comendador da Ordem<br />

Internacional de Mérito do<br />

Descobridor do Brasil Pedro Álvares<br />

Cabral.<br />

MOEDAS DE OURO DE<br />

PORTUGAL – SÉCULOS V - XX,<br />

NUMISMA, Novembro de 2006, 150 pp.<br />

«A presente obra da autoria do Dr. Javier<br />

Sáez Salgado Moedas de Ouro de Portugal,<br />

constitui mais um notável trabalho na<br />

sequência dos já anteriormente<br />

publicados e que o creditam como uma<br />

das referências da historiografia<br />

numismática portuguesa.<br />

Numa época em que o euro ocupou o<br />

lugar das moedas nacionais e o chamado<br />

dinheiro de plástico, substitui já, em<br />

grande parte, o próprio papel moeda, o<br />

presente trabalho ganha particular<br />

importância documental.<br />

É sabido que a moeda e,<br />

particularmente, a moeda de ouro<br />

constitui um registo perene da história da<br />

humanidade e, no caso vertente da nossa<br />

história. Efectivamente, de entre todas as<br />

moedas cunhadas, através dos tempos, as<br />

de ouro foram as que expressaram,<br />

durante séculos, o valor nominal<br />

intrínseco correspondente ao metal que<br />

continham, mais tarde acrescido da<br />

braceagem (despesas de fabrico) e da<br />

importância equivalente à diferença entre<br />

aquele valor e o valor legal com que<br />

entravam em circulação. O ouro<br />

amoedado funcionou até ao séc. XIX<br />

como um importante meio de<br />

pagamento entre Estados e um aferidor<br />

da sua prosperidade.<br />

O Dr. Javier Salgado inicia esta obra<br />

abordando o ouro amoedado cunhado<br />

por suevos e visigodos entre os sécs. V e<br />

VIII, em território hoje português. Tais<br />

moedas assinalam a invasão da Península<br />

por aqueles povos germânicos sendo,<br />

particularmente, importante a evolução<br />

dos trientes visigodos que<br />

acompanharam a consolidação e queda<br />

daquela monarquia a qual se converteu,<br />

definitivamente, ao catolicismo em 548 e<br />

deixou profundas raízes no nosso<br />

território com a publicação de um<br />

ordenamento jurídico que regulou o<br />

modus vivendi da sociedade penínsular,<br />

durante séculos mesmo após a conquista<br />

pelos sarracenos.<br />

Estas cunhagens de ouro são as<br />

primeiras feitas naquele metal precioso em<br />

território nacional e são as percursoras dos<br />

morabitinos dos nossos primeiros<br />

monarcas, batidos cinco séculos mais tarde.<br />

O trabalho aborda, ainda, um exemplar<br />

único, praticamente desconhecido de um<br />

dinar de ouro cunhado em Silves, em<br />

meados do séc. XII sendo a única moeda<br />

árabe em ouro cunhada no reino de Al-<br />

-Gharb, já depois da queda do Governo<br />

Almorávida e em pleno segundo período<br />

das Taifas ou Reis dissidentes,<br />

provavelmente, durante o governo do<br />

célebre Ibn Qaci.<br />

Entrando na cunhagem de ouro<br />

portuguesa são percorridos,<br />

exaustivamente, todos os reinados desde<br />

D. Sancho I (1185-1211) a D. Luís I<br />

(1861-1889), através de um percurso que<br />

associa as moedas cunhadas aos oito<br />

séculos de história que as mesmas bem<br />

ilustram.<br />

O autor dá ainda o devido relevo à<br />

primeira moeda com curso universal, o<br />

célebre português de ouro de D. Manuel I,<br />

abordando, também, em apêndice, os<br />

portugaloisers, cuja designação tem<br />

origem na circunstância de alguns dos<br />

principados europeus do norte da<br />

Europa terem, por facilidade comercial e<br />

prestígio, copiado aquela moeda.<br />

Encontramos referência a cunhagens de<br />

Portugaloisers, Meios Portugaloisers e<br />

10 FEVEREIRO 2007


Na cerimónia do Lançamento do livro<br />

Moedas de Ouro de Portugal,<br />

estiveram presentes muitos amigos<br />

e coleccionadores que quiseram,<br />

desta forma, homenagear o autor.<br />

O Engº José Galamba de Oliveira<br />

(Accenture) e Javier Salgado<br />

num momento da apresentação<br />

um quarto de Portugaloisers em<br />

Hamburgo, Magdeburgo, Lubeque,<br />

Leipzig, Bremen, Luneburgo, Zwole,<br />

Daventer e Haderslev.<br />

Complementarmente, cumpre destacar<br />

ainda as páginas dedicadas às barras de<br />

ouro fundidas no Brasil, capítulo muito<br />

bem apresentado e sistematizado e que<br />

constitui excelente divulgação de uma<br />

página da história da regulamentação da<br />

mineração de ouro no Brasil, no que<br />

respeita às condições de circulação,<br />

transporte e modo de cobrança do quinto<br />

da coroa.<br />

Quando atentamos que poucos países<br />

se podem orgulhar de ter cunhado<br />

moeda de ouro ao longo de oito séculos,<br />

em casas de moeda situadas em quatro<br />

continentes e sempre como expressão de<br />

soberania e privilégio real, não podemos<br />

abstrair que cada moeda encerra em si<br />

mesma a realidade cultural, política,<br />

religiosa e económica da nação<br />

portuguesa através dos tempos. É este<br />

caminho que a presente obra nos convida<br />

a percorrer.»<br />

José António de Arez Romão, in<br />

Moedas de Ouro de Portugal<br />

O Engº José António Godinho Miranda<br />

atento às explicações de Javier Salgado e<br />

o sorriso sempre amável do Engº Victor<br />

Seruya, um dos muitos amigos que<br />

não quis deixar de estar presente<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 11


LANÇAMENTO DO LIVRO «MOEDAS DE OURO DE PORTUGAL»<br />

Uma ‘plateia’ de excelência:<br />

(da esquerda para a direita) Manuel Empis<br />

de Lucena, Dr. Gonçalo Ramos e Costa,<br />

Sebastião Camões, Fernando Alemão,<br />

Engº Victor Seruya, Engº Henrique Moller<br />

de Miranda, Dr. Luis Filipe de Abreu Nunes e<br />

José Rodrigues Marinho<br />

Manuel Empis de Lucena escuta com<br />

atenção o que lhe diz Jaime Salgado<br />

(em cima) e Carlos Marques da Costa,<br />

o Engº José António Godinho Miranda e<br />

José Rodrigues Marinho, posam para o<br />

fotógrafo (à esquerda)<br />

12 FEVEREIRO 2007


A Drª Margarida Ortigão Ramos e<br />

Maria Isabel Arnaud da INCM (em cima).<br />

Javier Salgado, o Engº Carlos Marques<br />

Sousa e o Dr. Luis Filipe de Abreu Nunes<br />

em amena cavaqueira e, em segundo plano,<br />

o sorriso bem disposto de Teófilo<br />

Gonçalves quando percebeu que<br />

‘o fotógrafo estava lá’ (à esquerda)<br />

O Dr. Manuel de Almeida Vasconcelos<br />

e Jaime Salgado comentam a qualidade<br />

do vinho, ao som do dueto de cordas<br />

(à direita)<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 13


NUMISMÁTICA EM FOCO<br />

Jesús Vico, Javier Salgado e<br />

o Dr. José António de Arez Romão<br />

MARCAS DE PODER<br />

Moedas Visigodas em Território Por<br />

ortuguês<br />

Exposição Temporária – Museu do Banco de Portugal<br />

28 de Novembro de 2006 a 26 de janeiro de 2007<br />

A exposição consistiu na apresentação de um conjunto<br />

excepcional de moedas, mandadas cunhar pelos soberanos<br />

visigodos no território que é hoje Portugal, contextualizadas<br />

com outras peças arqueológicas do mesmo período.<br />

CORPUS NUMMORUM VISIGOTHORUM<br />

575-7<br />

75-714 LEOVIGILDUS-<br />

VIGILDUS-ACHILA<br />

Jesús Vico, Maria Cruz Cores, Gonçalo Cores, Madrid 2006<br />

Edição bilingue em Espanhol e Inglês.<br />

728 pp. incluindo um suplemento com o valor das peças.<br />

2.428 moedas catalogadas, incluindo 21 falsas de época e 401 falsificações.<br />

984 moedas fotografadas a cores, 146 a preto e branco, 19 gráficos e quadros, 7 mapas e 3.200 desenhos.<br />

Nesta obra actualizam-se os trabalhos clássicos da numismática,<br />

incluíndo tudo o publicado até ao fecho, tanto nos estudos como<br />

no catálogo, sobre identificação de moedas, localização de casas<br />

monetárias, etc.<br />

A obra divide-se em duas partes. A primeira é constituída por<br />

estudos monográficos dedicados à metrologia, metalografía,<br />

epigrafía, tipologia e casas monetárias. A segunda, o catálogo<br />

propriamente dito, consta de três capítulos: moedas autênticas,<br />

falsas de época e falsificações, cada um ordenado<br />

cronologicamente segundo o Rei emissor e alfabeticamente por<br />

províncias e casas monetárias, seguido das notas<br />

correspondentes.<br />

14 FEVEREIRO 2007


Compramos moedas raras de ouro.<br />

Realizamos os melhores leilões de moedas,<br />

medalhas e notas.<br />

Próximo Leilão 22 de Março 2007 – Hotel LE MERIDIEN<br />

Aceitamos moedas de ouro até ao dia 15 de Fevereiro.<br />

NUMISMA LEILÕES<br />

Av. da Igreja, 63 C<br />

1700-235 Lisboa<br />

Tels.: 217 931 838 / 217 932 194<br />

Fax: 217 941 814<br />

info@numismaonline.com<br />

www.numismaonline.com<br />

NUMISMA <strong>CARAS</strong> & LEILÕES 15


16 FEVEREIRO 2007<br />

Tremissis de Olisipona<br />

A única moeda de ouro cunhada com<br />

a indicação do topónimo LISBOA

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