Edição integral - Adusp
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A tarefa que se coloca para<br />
a universidade é convidar<br />
os estudantes ao gosto pelo<br />
entendimento das raízes dos<br />
fenômenos. Eu não creio que seja<br />
difícil, é apenas uma questão de<br />
treino, ou talvez de incluir em todos os currículos, a<br />
partir do primeiro ano, em todas as disciplinas, as<br />
noções de mundo globalizado. Isso já começa a<br />
acontecer. Exemplo disto foi um convite muito gostoso<br />
que recebi do diretor da Faculdade de Engenharia<br />
da Universidade Federal de Minas Gerais para<br />
proferir a aula inaugural. Ou seja, a preocupação<br />
com a globalização é central para entender o Brasil.<br />
Os intelectuais de Estado nos dizem que temos de<br />
obedecer às normas de um mundo tal como eles escrevem.<br />
Vamos escrever de outra forma. Acho que<br />
este é o problema, o debate atual do Brasil é esse:<br />
não dá<br />
para dar as<br />
costas à globalização,<br />
à realidade, só que ela está sendo<br />
descrita de uma maneira que considero incorreta.<br />
Há uma confusão entre irrecusabilidade do progresso<br />
técnico e irrecusabilidade do processo político.<br />
Acredito que o avanço técnico não possa ser recusado,<br />
mas pode, sim, ser utilizado segundo um outro<br />
esquema. Sempre foi assim. Durante toda a história<br />
da humanidade, ocorreram progressos técnicos<br />
mas com formas políticas múltiplas. O próprio imperialismo<br />
é exemplo disso. De alguma forma havia<br />
imperialismos desiguais que se olhavam, sem obrigatoriamente<br />
se deixarem engolir, como o Império<br />
Português e o Inglês que eram diferentes, mas ambos<br />
mantinham suas colônias. Penso que, hoje, à ba-<br />
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