Prosa 2 - Academia Brasileira de Letras
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Sinopse dos diários <strong>de</strong> Carlos Magalhães <strong>de</strong> Azeredo<br />
eles estavam preparados para aceitar. Revela a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> não ser nunca<br />
“arrancado” <strong>de</strong> Roma. Preconiza uma internacionalização maior da Santa Sé,<br />
embora o papa <strong>de</strong>vesse, por algum tempo ainda, continuar sendo italiano. E<br />
verbera a revolta contra a vacina, que ameaçara o governo Rodrigues Alves no<br />
Brasil. Publica os poemas <strong>de</strong> O<strong>de</strong>s e Elegias.<br />
O diário <strong>de</strong> 1905 restringe-se aos dois primeiros meses do ano. Nele, julga<br />
com severida<strong>de</strong> os méritos e até os propósitos da Companhia <strong>de</strong> Jesus. Azeredo<br />
torna a mostrar como foi significativa sua influência na pressão exercida<br />
pela Legação do Brasil sobre o papa para a nomeação do primeiro car<strong>de</strong>al nosso<br />
e da América Latina, que enfrentava rivalida<strong>de</strong> e resistências habituais da<br />
Argentina. Há, aí, observação curiosa sobre a má vonta<strong>de</strong> para com a pretensão<br />
brasileira, por parte do substituto do secretário <strong>de</strong> Estado, o “tortinho<br />
anão” monsenhor Della Chiesa, que viria a ser o papa Bento XV, sucessor <strong>de</strong><br />
Pio X. Registra a revolução daquele ano na Rússia, opinando <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sanimadora<br />
sobre a personalida<strong>de</strong> do czar. Analisa com amiza<strong>de</strong>, mas não sem críticas,<br />
a conduta social <strong>de</strong> Nabuco em Roma.<br />
Nada consta em 1906. No ano seguinte, chamado ao Rio <strong>de</strong> Janeiro a serviço,<br />
Carlos esteve ausente do posto <strong>de</strong> março a setembro.<br />
Após o hiato <strong>de</strong> dois anos, o diário <strong>de</strong> 1908 também se limita a poucos meses.<br />
Azeredo comenta a visita à Itália e ao Vaticano do ex-presi<strong>de</strong>nte Rodrigues<br />
Alves, “homem encantador pela bonda<strong>de</strong>, pela mo<strong>de</strong>ração dos seus juízos,<br />
pela luci<strong>de</strong>z da inteligência e pelo gran<strong>de</strong> senso prático”. Revolta-se contra o<br />
assassinato do rei <strong>de</strong> Portugal e do príncipe her<strong>de</strong>iro, mas não abriga maiores<br />
esperanças sobre o futuro político daquele país. Reage <strong>de</strong> forma radicalmente<br />
conservadora contra agitações sociais ocorridas em Roma. Mostra-se atraído<br />
e perturbado pela beleza feminina.Sobretudo a partir <strong>de</strong> 1909, talvez porque<br />
a Itália <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ser novida<strong>de</strong> para o autor, o diário transforma-se em<br />
simples registro, anotando e cronometrando, com minúcia, os eventos mais<br />
rotineiros e banais do quotidiano, pormenores insignificantes, sem importância<br />
ou interesse. O que, se apresenta interesse sociológico pelas <strong>de</strong>scrições da<br />
vida diplomática e da elite social italiana <strong>de</strong> então, retira-lhe atrativo cultural e<br />
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