O perfil epidemiológico da tuberculose em crianças e ... - IESC/UFRJ
O perfil epidemiológico da tuberculose em crianças e ... - IESC/UFRJ
O perfil epidemiológico da tuberculose em crianças e ... - IESC/UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES MENORES<br />
DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
Epid<strong>em</strong>iologic study of tuberculosis in child and adolescent less then 15<br />
years old in Grande Vitória-ES, Brazil, from 1990 to 2001<br />
Ethel Leonor Noia Maciel 1 , Cibeli Altoé Martinato 2 , Clissia Fabiana Rosa<br />
Bandeira 3 , Michelle <strong>da</strong> Silva Tonini 4 , Reynaldo Dietze 5 , Maria Cristina Ramos 6<br />
RESUMO<br />
A <strong>tuberculose</strong>, doença crônica causa<strong>da</strong> pelo Mycobacterium tuberculosis, é considera<strong>da</strong><br />
um grave probl<strong>em</strong>a de saúde pública, constituindo uma <strong>da</strong>s principais causas de<br />
morbi-mortali<strong>da</strong>de no país. Os altos índices de morbi-mortali<strong>da</strong>de observados na<br />
infância pod<strong>em</strong> decorrer <strong>em</strong> função de falhas no diagnóstico, tratamento e/ou<br />
vacinação. Esse estudo t<strong>em</strong> por objetivo traçar o <strong>perfil</strong> <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong> de 793<br />
<strong>crianças</strong> e adolescentes de 0 a
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
failures in the diagnosis, treatment and/or vaccination. The objective of this study is<br />
to draw an epid<strong>em</strong>iological profile of 793 children from 0 to
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
por funcionar<strong>em</strong> como “reservatórios” do bacilo que permaneceria <strong>em</strong> estado de<br />
latência, manifestando a doença anos após a infecção.<br />
Beyers et al. (1997) d<strong>em</strong>onstraram que, <strong>em</strong> áreas de alta prevalência de<br />
<strong>tuberculose</strong>, os casos-índice domiciliares eram responsáveis pela infecção de 14%<br />
<strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> e 34% dos adoecimentos na faixa etária de 0-5 anos. Este autor<br />
chama a atenção para a susceptibili<strong>da</strong>de desta faixa etária e para a importância<br />
<strong>da</strong> busca ativa destes pacientes a partir dos casos-índice (estratégia de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong><br />
dos contactantes) para a diminuição do número de casos <strong>da</strong> doença.<br />
Os sinais e sintomas <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong> na infância são inespecíficos, o que<br />
dificulta a suspeição clínica e retar<strong>da</strong> o diagnóstico <strong>da</strong> doença. Seu espectro<br />
clínico é extr<strong>em</strong>amente variado e vai desde formas assintomáticas até formas<br />
graves diss<strong>em</strong>ina<strong>da</strong>s <strong>da</strong> doença com <strong>em</strong>agrecimento significativo e evolução<br />
para o óbito (Houwert et al., 1998). Quando entretanto os probl<strong>em</strong>as com a<br />
suspeição clínica consegu<strong>em</strong> ser transpostos, surg<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as relacionados<br />
à confirmação bacteriológica do bacilo, diagnóstico de certeza <strong>da</strong> doença, que<br />
geralmente se constitui no pré-requisito para o início do tratamento. Várias<br />
causas têm sido aponta<strong>da</strong>s como responsáveis por estas dificul<strong>da</strong>des. Entre elas<br />
pod<strong>em</strong>os citar principalmente: os critérios utilizados para a definição de caso, a<br />
forma de coleta para a obtenção do espécime e a quanti<strong>da</strong>de de bacilos<br />
encontra<strong>da</strong> na amostra (forma paucibacilar). Apesar dos avanços tecnológicos<br />
dos últimos anos, principalmente relacionados à imunologia do hospedeiro e <strong>da</strong><br />
microbiologia do patógeno, pouco t<strong>em</strong> sido aplicado para melhoria do diagnóstico<br />
<strong>da</strong> TB na infância.<br />
Dentre os métodos utilizados no diagnóstico <strong>da</strong> TB, a cultura do escarro<br />
espontâneo é o padrão ouro para a identificação do Mycobacterium tuberculosis<br />
(MTB) <strong>em</strong> adultos (Brasil, 1995); no entanto, <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> menores de 15<br />
anos, esse método não t<strong>em</strong> sido utilizado devido à dificul<strong>da</strong>de na obtenção<br />
de escarro nessa faixa etária. O método comumente utilizado é o lavado<br />
gástrico, contudo, obtém-se a confirmação diagnóstica por esse método <strong>em</strong><br />
somente 30 a 40% dos casos (Brasil, 2002). Face a essa dificul<strong>da</strong>de, o MS<br />
(Brasil, 2002) propôs um sist<strong>em</strong>a de pontuação para o diagnóstico de TB na<br />
infância (Quadro 1), o que representa um avanço no controle <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>crianças</strong> e adolescentes.<br />
Como a integração <strong>da</strong>s informações sobre a <strong>tuberculose</strong> infantil conti<strong>da</strong> no<br />
SINAN ain<strong>da</strong> não havia sido realiza<strong>da</strong>, e dos poucos estudos nesta faixa etária<br />
conduzidos no Brasil (Sant´Anna, 1998; Sant´Anna et al., 2002; Alves et al.,<br />
2000; Cunha et al., 2000), nosso estudo teve por objetivo a elaboração do<br />
<strong>perfil</strong> <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong> <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> e adolescentes menores de 15 anos na<br />
região <strong>da</strong> Grande Vitória.<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 83
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
Quadro 1<br />
Diagnóstico de TB pulmonar <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> e adolescentes negativos na baciloscopia.<br />
2. MATERIAL E MÉTODOS<br />
Este é um estudo descritivo, retrospectivo de análise de <strong>da</strong>dos secundários.<br />
Para a realização do estudo, os <strong>da</strong>dos foram coletados por meio <strong>da</strong>s Fichas de<br />
Notificação/Investigação, cedi<strong>da</strong>s pela Secretaria Estadual <strong>da</strong> Saúde, disponíveis<br />
no Sist<strong>em</strong>a de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), uma fonte de<br />
<strong>da</strong>dos de informação epid<strong>em</strong>iológica que objetiva coletar, transmitir e diss<strong>em</strong>inar<br />
<strong>da</strong>dos gerados rotineiramente pelo Sist<strong>em</strong>a de Vigilância Epid<strong>em</strong>iológica nos níveis<br />
federal, estadual e municipal, por uma rede informatiza<strong>da</strong> (Brasil, 2000). O SINAN<br />
possui boa cobertura no estado e a quali<strong>da</strong>de do preenchimento foi adequa<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> relação às variáveis estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
As variáveis usa<strong>da</strong>s para análise dos <strong>da</strong>dos foram as que estão conti<strong>da</strong>s na<br />
ficha do SINAN e inclu<strong>em</strong>: procedência, i<strong>da</strong>de, sexo, formas de diagnóstico,<br />
forma clínica, coinfecção HIV/TB e situação de encerramento.<br />
Foram selecionados para análise os municípios que compõe a região <strong>da</strong> Grande<br />
Vitória. Todos os casos notificados como <strong>tuberculose</strong> pulmonar ou extrapulmonar<br />
nessa região foram avaliados no período de janeiro de 1990 a dez<strong>em</strong>bro de 2001.<br />
3. RESULTADOS<br />
No período de 1990 a 2001, foram notificados 1284 casos de TB infantil no<br />
estado do ES, dos quais 793 notificações (61,8%) compreend<strong>em</strong> as realiza<strong>da</strong>s nos<br />
municípios que compõ<strong>em</strong> a Grande Vitória: Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />
Vitória. Do total de casos notificados nesta região, 48,7% foram notificados <strong>em</strong><br />
Vitória, 27,6% na Serra, 14,9% <strong>em</strong> Vila Velha, 8,8% e o município de Viana não<br />
84 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
apresentou nenhuma notificação nessa faixa etária, provavelmente relacionado<br />
ao envio de casos suspeitos para investigação <strong>em</strong> Vitória.<br />
Dos 793 casos, 290 (36,6%) ocorreram <strong>em</strong> menores de dois anos, e 156<br />
desses casos (53,8%) foram notificados <strong>em</strong> Vitória; 188 casos (23,8%) na faixa<br />
etária de três a seis anos; 109 (13,7%) na faixa etária de sete a dez anos; e 206<br />
(25,9%) entre onze e quatorze anos. Percebe-se uma que<strong>da</strong> considerável no<br />
número de notificações a partir de três anos de i<strong>da</strong>de e um ligeiro aumento do<br />
número de casos entre onze e quatorze anos.<br />
Em relação ao sexo <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> notifica<strong>da</strong>s houve uma equivalência entre o<br />
número de casos do sexo masculino (431-54,4%) e f<strong>em</strong>inino (361-45,6%).<br />
Devido à dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> coleta de material para a baciloscopia de escarro, à<br />
dificul<strong>da</strong>de de expectoração e ao pequeno número de bacilos nas amostras colhi<strong>da</strong>s,<br />
65,6% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> não foram submeti<strong>da</strong>s à coleta de escarro para baciloscopia,<br />
sendo que os maiores índices de realização desse exame ocorreram <strong>em</strong> Vila Velha,<br />
com 74,6% dos 118 casos notificados, e <strong>em</strong> Vitória, com 69,4% dos 386 casos.<br />
Dentre as 273 <strong>crianças</strong> cujos escarros foram submetidos a baciloscopia, 111<br />
(40,6%) tiveram resultado positivo e <strong>em</strong> 162 (59,3%) o resultado foi negativo<br />
(Tabela 1). No entanto, apenas 15 (13,5%) <strong>da</strong>s baciloscopias positivas eram <strong>em</strong><br />
menores de cinco anos. Houve um maior número de resultados negativos nos<br />
municípios de Vitória (68,6% de 118) e <strong>da</strong> Serra (60,8% de 97) e um maior<br />
número de casos com baciloscopia de escarro com resultados positivos <strong>em</strong> Vila<br />
Velha (53,3% de 30) e <strong>em</strong> Cariacica (71,4% de 28).<br />
Tabela 1<br />
Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />
Vitória de acordo com o resultado de baciloscopia de escarro de 1999-2001.<br />
Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />
Em relação à realização <strong>da</strong> cultura de outro material, os municípios <strong>da</strong> Serra e<br />
Vila Velha tiveram índices de realização de cultura de outro material <strong>em</strong> torno de<br />
26% do total de casos de ca<strong>da</strong> município, enquanto os municípios de Cariacica e<br />
Vitória apresentaram índices <strong>em</strong> torno de 23% do total de casos. Dentre os municípios<br />
que realizaram o exame, Serra apresentou o maior índice de positivi<strong>da</strong>de (16,9%).<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 85
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
O exame radiológico foi realizado <strong>em</strong> 70% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> investiga<strong>da</strong>s,<br />
tendo um índice de suspeição <strong>em</strong> torno de 50% <strong>em</strong> todos os municípios<br />
(Tabela 2). A taxa de não-realização de radiografia de tórax, alcançando<br />
30% dos 793 casos, é um índice considerado alto, tendo <strong>em</strong> vista que os<br />
quatro municípios analisados possu<strong>em</strong> acesso à realização desse exame, pois<br />
a radiografia de tórax é um exame de baixo custo e realizável nas próprias<br />
Uni<strong>da</strong>des de Saúde onde funcionam os programas de TB. Dos casos que<br />
realizaram o exame radiológico houve predominância de forma pulmonar<br />
<strong>em</strong> todos os municípios (64,6%).<br />
Tabela 2<br />
Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />
Vitória de acordo com a realização de radiografia de tórax de 1999-2001.<br />
Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />
O teste tuberculínico, auxiliar no diagnóstico <strong>da</strong> TB, <strong>em</strong> 62,8 % <strong>da</strong>s 793<br />
<strong>crianças</strong> não foi realizado. O maior índice de realização do teste tuberculínico foi<br />
verificado <strong>em</strong> Vitória, com 43,3% dos 386 casos notificados, e o menor índice foi<br />
<strong>em</strong> Serra, com 26,5% dos 219 casos notificados. Dentre as 295 <strong>crianças</strong> que<br />
realizaram o teste, 57,28% foram considera<strong>da</strong>s reator forte (Tabela 3), que se<br />
traduz como indivíduos infectados pelo bacilo, podendo estar doentes ou não, ou<br />
indivíduos vacinados com BCG nos últimos dois anos.<br />
Tabela 3<br />
Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />
Vitória de acordo com o resultado do teste tuberculínico de 1999-2001.<br />
Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />
86 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
A realização <strong>da</strong> testag<strong>em</strong> sorológica anti-HIV ain<strong>da</strong> não é uma reali<strong>da</strong>de na<br />
maior parte dos programas de TB dessa região, visto que, dos 793 casos,<br />
82,2% não realizaram o teste. Do total de <strong>crianças</strong> analisa<strong>da</strong>s, 2,8% apresentaram<br />
co-infecção TB/HIV.<br />
Dos casos <strong>em</strong> acompanhamento nesses doze anos, 60,1% foram encerrados<br />
como cura, índice que é apenas satisfatório, visto que o Brasil t<strong>em</strong> como meta<br />
80% de cura. Nota-se também que o índice de abandono do tratamento <strong>em</strong><br />
<strong>crianças</strong> é alto no estado (16,6%), o que favorece o aumento <strong>da</strong> transmissibili<strong>da</strong>de<br />
e o surgimento de bacilos multirresistentes. O município de Vitória apresentou<br />
um baixo índice de cura, 44,8% dos 386 casos notificados. Esse fato pode estar<br />
relacionado ao alto índice de abandono de tratamento (17,9%).<br />
Outro fator explicativo foi que o município de Vitória apresentou um alto<br />
índice de óbitos (11,4 %), provavelmente porque o mesmo possui maior<br />
infra-estrutura na rede hospitalar, como o HINSG e o HUCAM, onde os casos<br />
mais graves são internados. Já, no município de Serra, houve 70,6% de cura e<br />
18,8% de abandono, dos 218 casos. Isso ocorre devido a um reduzido número<br />
de óbitos <strong>em</strong> relação a Vitória, 2,7%.<br />
Outro número que chama a atenção são os 102 (12,9%) casos classificados<br />
como “mu<strong>da</strong>nça de diagnóstico”. Pelo fato de o tratamento ter uma duração de<br />
seis meses e os r<strong>em</strong>édios produzir<strong>em</strong> efeitos adversos incômodos, ain<strong>da</strong> é grande<br />
o número de casos erroneamente classificados. Vale destacar que desses, 100%<br />
não realizaram a baciloscopia e/ou cultura de escarro e apenas 23% realizaram<br />
a baciloscopia e ou cultura de outro material, sendo todos os resultados negativos.<br />
4. DISCUSSÃO<br />
A maior parte <strong>da</strong>s notificações foram feitas no município de Vitória e<br />
provavelmente está relacionado com envio de casos suspeitos para investigação<br />
na capital, visto que está localizado nessa ci<strong>da</strong>de o Hospital Infantil Nossa Senhora<br />
<strong>da</strong> Glória, referência para o estado, fato que justifica também a maior realização<br />
<strong>da</strong> baciloscopia através do lavado gástrico <strong>em</strong> Vitória e Vila Velha, tendo essa<br />
última ci<strong>da</strong>de também um hospital infantil.<br />
Wong (1999) afirma que os lactentes e as <strong>crianças</strong> pequenas não são capazes<br />
de seguir recomen<strong>da</strong>ção para tossir e, conseqüent<strong>em</strong>ente, irão deglutir o escarro<br />
que produz<strong>em</strong>, fazendo-se necessário os lavados gástricos. Segundo Bethl<strong>em</strong> (1984),<br />
quando a criança não consegue realizar uma expectoração é recomen<strong>da</strong>do o lavado<br />
gástrico. Porém, este exame não é feito como rotina <strong>em</strong> todo o país, por motivos<br />
técnicos, e s<strong>em</strong>pre é realizado quando há recursos humanos e materiais<br />
especializados. Kritski et al. (2000) acrescentam que este exame só deve ser realizado<br />
<strong>em</strong> ambiente hospitalar, dificultando muito sua realização, pois a dependência de<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 87
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
vaga hospitalar muitas vezes ocasiona a impossibili<strong>da</strong>de de realização do exame.<br />
De acordo com Sant’Anna (1998), tanto a cultura de escarro quanto a de outros<br />
materiais não é acessível na maioria dos serviços públicos.<br />
É preciso ressaltar, <strong>em</strong> relação aos resultados <strong>da</strong> Tabela 1, que um maior<br />
número de casos com baciloscopia positiva de escarro <strong>em</strong> Vila Velha e Cariacica<br />
poderia ser justificado pelo número reduzido de Programa de Controle de TB<br />
nesses municípios. Os programas existentes nos municípios de Vila Velha e Cariacica,<br />
nos anos estu<strong>da</strong>dos, apresentavam carência de recursos humanos e materiais para<br />
des<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> suas funções adequa<strong>da</strong>mente. O que pode ter por conseqüência a<br />
identificação de <strong>crianças</strong> <strong>em</strong> estágios mais avançados <strong>da</strong> doença e, provavelmente,<br />
com maior carga bacilífera. Segundo Kritski et al. (2000), dentre os fatores<br />
relacionados com o aumento <strong>da</strong> incidência <strong>da</strong> TB no Brasil, estão a falta de<br />
sist<strong>em</strong>as públicos eficazes, a piora de programas de controle de TB e as crises<br />
econômicas que dificultam o repasse <strong>da</strong>s verbas federais. Outro fator importante<br />
é que 86,5% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> submeti<strong>da</strong>s à baciloscopia de escarro encontram-se na<br />
faixa etária maior de 6 anos. Essas <strong>crianças</strong> consegu<strong>em</strong> seguir a recomen<strong>da</strong>ção<br />
para a coleta do material e não necessitam de hospitalização para coleta de<br />
lavado gástrico. As <strong>crianças</strong> que não consegu<strong>em</strong> seguir as recomen<strong>da</strong>ções de<br />
coleta e necessitam internação e na maior parte <strong>da</strong>s vezes não consegu<strong>em</strong> vaga<br />
hospitalar e o clínico precisa decidir o diagnóstico com base nos achados clínicos,<br />
radiológicos e <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong>s.<br />
Com base nos achados do estudo, não é possível inferir se as <strong>crianças</strong> e<br />
adolescentes notificados difer<strong>em</strong> qualitativamente entre os municípios. Os <strong>da</strong>dos<br />
nos permit<strong>em</strong> apenas apontar que a organização dos serviços é diferente entre os<br />
municípios e as redes de assistência (referência e contra-referência), nessa faixa<br />
etária, estão melhor organiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> Vitória e Vila Velha.<br />
Os índices baixos de resultados positivos de cultura de outro material além<br />
<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des já ressalta<strong>da</strong>s, estão pautados na própria história natural <strong>da</strong> doença<br />
na criança que é paucibacilar, sendo a confirmação bacteriológica difícil de ser<br />
efetua<strong>da</strong>, prevalecendo o diagnóstico clínico-radiológico (Brasil, 2000).<br />
O exame radiológico contribuiu para o diagnóstico e autores como Farhart et al.<br />
(1999) salientam que na TB infantil, apesar de a radiografia de tórax não ser um<br />
exame específico, ele é importante para o diagnóstico, análise de evolução <strong>da</strong><br />
lesão e avaliação <strong>da</strong> resposta ao esqu<strong>em</strong>a terapêutico. Achados considerados<br />
sugestivos são adenomegalia hilar ou mediastinal, com ou s<strong>em</strong> imag<strong>em</strong><br />
parenquimatosa, além de calcificações pulmonares. Contudo, segundo Marcondes<br />
et al. (1999), processos infecciosos inespecíficos pod<strong>em</strong> ser confundidos com um<br />
complexo primário nas imagens de radiografia de tórax, por isso é necessária a<br />
ocorrência de outros fatores para definição do caso.<br />
88 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
Há um predomínio <strong>da</strong> forma pulmonar como o esperado, visto que a<br />
primo-infecção ocorre nos pulmões, sendo este o órgão que apresenta condições<br />
propícias para o desenvolvimento e proliferação do bacilo (Brasil, 2000).<br />
No município de Vitória foram notificados a maior parte de formas<br />
extrapulmonares, sendo esse índice maior que os dos d<strong>em</strong>ais municípios, fato que<br />
se justifica pelo maior registro de casos de TB infantil <strong>em</strong> Vitória, onde se encontra<br />
o programa de controle de TB de referência para o Estado, que recebe to<strong>da</strong> a<br />
d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de casos graves <strong>da</strong> doença. Segundo Farhart et al. (1999), as lesões<br />
extrapulmonares são as mais graves na TB infantil.<br />
A baixa ocorrência de TB pulmonar concomitant<strong>em</strong>ente com as formas<br />
extrapulmonares deve-se a dois fatores principais: 1) segundo Veronesi e<br />
Focaccia (1997), são poucos os casos <strong>em</strong> que as formas extrapulmonares<br />
manifestam-se juntamente com a forma pulmonar ativa. As formas<br />
extrapulmonares <strong>em</strong> geral ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> órgãos que não oferec<strong>em</strong> as melhores<br />
condições para o desenvolvimento do bacilo de Koch, portanto são paucibacilares<br />
e evolu<strong>em</strong> lentamente; 2) Devido a isso quando acontec<strong>em</strong> concomitant<strong>em</strong>ente<br />
ain<strong>da</strong> existe a dificul<strong>da</strong>de do diagnóstico clínico-laboratorial (Behrman et al.,1997).<br />
Conseqüent<strong>em</strong>ente, a TB extrapulmonar foge ao controle <strong>da</strong> Vigilância dos Serviços<br />
de Saúde Pública, sendo na maioria <strong>da</strong>s vezes identifica<strong>da</strong>s somente por<br />
especialistas, ficando à parte <strong>da</strong>s estatísticas oficiais.<br />
A pouca realização do teste tuberculínico pode ser explicado, pois na amostra<br />
do estudo ocorreu uma alta incidência de casos entre menores de dois anos e na<br />
época <strong>da</strong> ocorrência dos casos a recomen<strong>da</strong>ção do MS (Brasil, 2000) excluía a<br />
realização do teste tuberculínico nessa faixa etária, pois a vacina BCG pode manter<br />
o teste tuberculínico positivo até 2 anos <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> vacina<strong>da</strong>s ao nascer, estando<br />
a interpretação do teste relaciona<strong>da</strong> à i<strong>da</strong>de e ao t<strong>em</strong>po de vacinação. O novo<br />
consenso do MS para interpretação dos resultados do PPD define que reações<br />
tuberculínicas superiores a 15 mm <strong>em</strong> regiões de alta prevalência de TB não são<br />
decorrentes somente do BCG, mas também <strong>da</strong> infecção pelo bacilo de Koch,<br />
independente <strong>da</strong> época <strong>da</strong> vacinação. Naqueles vacinados há a mais de dois anos,<br />
uma reação de 10mm é considera<strong>da</strong> forte (Brasil, 2002). Os novos critérios<br />
propostos pelo MS são de fácil operacionalização e t<strong>em</strong> como objetivo auxiliar o<br />
clinico no diagnóstico dessa faixa etária (Quadro 1).<br />
Em relação à investigação de co-infecção TB/HIV, Kritski et al. (2000) salientam<br />
a necessi<strong>da</strong>de que <strong>em</strong> todos os casos de TB infantil seja realiza<strong>da</strong> a pesquisa de<br />
antecedentes nas transfusões sangüíneas e fatores de risco para Aids entre os pais, as<br />
<strong>crianças</strong> e adolescentes. Porém o teste sorológico para HIV só deve ser realizado<br />
<strong>em</strong> casos suspeitos e com o consentimento familiar. Os casos positivos no nosso<br />
estudo foram devido à transmissão vertical, sendo todos <strong>em</strong> menores de cinco anos.<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 89
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
A variável “encerramento do caso” de grande importância para a saúde<br />
coletiva nos aponta para o desfecho <strong>da</strong>do aquele caso. Dentre as possibili<strong>da</strong>des:<br />
cura, abandono, óbito e mu<strong>da</strong>nça no diagnóstico, pod<strong>em</strong>os observar a condução<br />
dos casos nos programas de Controle <strong>da</strong> Tuberculose. A pouca efetivi<strong>da</strong>de do<br />
tratamento contradiz com a eficácia dos medicamentos que são <strong>em</strong> torno de<br />
100% na cura <strong>da</strong> Tuberculose (Brasil, 2000). Esse fato pode estar relacionado ao<br />
alto índice de abandono, óbito e está diretamente relacionado à dependência <strong>da</strong>s<br />
<strong>crianças</strong> e adolescentes do acompanhamento de um adulto responsável para<br />
seguir o tratamento corretamente. Acreditamos que esse adulto muitas vezes não<br />
garante a administração correta dos medicamentos e a conclusão do tratamento.<br />
Segundo Behrman et al. (1997), é necessário que haja um acompanhamento<br />
cui<strong>da</strong>doso <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> <strong>em</strong> tratamento para garantir que a terapia seja cumpri<strong>da</strong>,<br />
e sejam observa<strong>da</strong>s e controla<strong>da</strong>s as reações tóxicas aos medicamentos. Além<br />
disso, faz-se necessária a conscientização dos profissionais de saúde quanto às<br />
possíveis dificul<strong>da</strong>des que a família terá para garantir que a criança aceite vários<br />
medicamentos novos todos os dias durante o período de tratamento.<br />
A mu<strong>da</strong>nça de diagnóstico chama a atenção e d<strong>em</strong>onstra mais uma vez a<br />
dificul<strong>da</strong>de do clínico no manejo dos casos de <strong>tuberculose</strong> nessa faixa etária.<br />
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Após a discussão dos <strong>da</strong>dos relativos a TB infantil nos municípios de Cariacica,<br />
Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, pod<strong>em</strong>os concluir que a maior parte dos casos<br />
notificados no estado são provenientes desses municípios. Esse fato leva-nos a<br />
concluir que por ser<strong>em</strong> municípios mais populosos e por ter<strong>em</strong> maior infraestrutura<br />
<strong>em</strong> relação a programas de controle de TB são realizados maiores<br />
números de notificações. Isso também justifica o município de Vitória ter sido o<br />
município que mais notificou e tratou casos <strong>da</strong> doença dentre os d<strong>em</strong>ais, pois<br />
possui maior número de programas de controle <strong>da</strong> TB, além de estar localizado<br />
nesse município o programa referência para o estado. Também é realizado <strong>em</strong><br />
maior número a busca ativa de casos novos entre os contactantes de pacientes já<br />
notificados, o que t<strong>em</strong> por conseqüência a identificação de <strong>crianças</strong> que tiveram<br />
contato com adulto bacilífero e desenvolveram a doença. Essa medi<strong>da</strong> preventiva<br />
proporciona a detecção <strong>da</strong> doença <strong>em</strong> estágio inicial e a diminuição do t<strong>em</strong>po de<br />
transmissão pelo início precoce do tratamento.<br />
A diferença quantitativa de casos entre os sexos f<strong>em</strong>inino e masculino foi<br />
irrelevante e a faixa etária de 0 a menores de 2 anos foi a mais atingi<strong>da</strong> no estado<br />
pela TB infantil, certamente porque tais <strong>crianças</strong> permanec<strong>em</strong> maior t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />
contato com o adulto bacilífero, que geralmente exerce o papel de cui<strong>da</strong>dor e do<br />
qual as <strong>crianças</strong> são totalmente dependentes.<br />
90 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
O estudo nos permitiu confirmar o que a literatura já dizia dos meios de<br />
diagnóstico. Na TB infantil o diagnóstico é <strong>da</strong>do, <strong>em</strong> sua grande maioria, pelo<br />
quadro clínico-radiológico, principalmente devido à dificul<strong>da</strong>de de coleta de<br />
escarro e <strong>da</strong> carga bacilar diminuí<strong>da</strong> na infância.<br />
Baciloscopia e cultura de outros materiais também são exames realizados<br />
com menor freqüência. Como a grande maioria dos casos de TB infantil manifesta-se<br />
na forma pulmonar, pod<strong>em</strong>os concluir que, <strong>em</strong> geral, o material utilizado para<br />
tais exames é coletado através do lavado gástrico. Porém esse procedimento não<br />
é realizado <strong>em</strong> grande escala, pois exige recursos materiais e humanos especializados.<br />
E a internação <strong>em</strong> ambiente hospitalar depende de vagas, dificultando bastante a<br />
realização desse exame.<br />
No nosso estudo a radiografia de tórax se mostrou como método diagnóstico<br />
de grande valia, evidenciado pela suspeita de TB <strong>em</strong> mais <strong>da</strong> metade do número<br />
de casos analisados.<br />
O teste tuberculínico é um <strong>da</strong>do auxiliar relevante para o diagnóstico, porém<br />
sua utili<strong>da</strong>de é prejudica<strong>da</strong> pela influência <strong>da</strong> vacinação <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> com BCG,<br />
tendo <strong>em</strong> vista que a maior parte <strong>da</strong> amostra analisa<strong>da</strong> foi constituí<strong>da</strong> de criança<br />
menor de dois anos, portanto os resultados dev<strong>em</strong> ser analisados diferent<strong>em</strong>ente<br />
dos padrões habituais.<br />
O estudo revelou um baixo índice de realização do teste sorológico para<br />
HIV entre as <strong>crianças</strong> com TB no estado, pois diferent<strong>em</strong>ente do adulto no qual<br />
há indicação de realização do teste sorológico para HIV sob qualquer diagnóstico<br />
de TB, na criança, devido a não-inclusão de vi<strong>da</strong> sexual ativa, a solicitação só se<br />
justifica se houver história epid<strong>em</strong>iológica que indique tal exame. Além disso, é<br />
preciso o consentimento dos pais para que o mesmo seja realizado.<br />
Percebe-se a necessi<strong>da</strong>de de ampliação de medi<strong>da</strong>s de combate e controle <strong>da</strong><br />
doença, principalmente <strong>em</strong> Viana, que no período estu<strong>da</strong>do não possuía nenhum<br />
programa. Vitória também não está isenta <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de melhorias, pois<br />
apresentou um índice de cura relativamente baixo e alto índice de abandono. Os<br />
d<strong>em</strong>ais municípios, apesar de apresentar<strong>em</strong> um índice de cura um pouco melhor,<br />
possu<strong>em</strong> índices de abandono também elevados.<br />
As taxas de abandono encontra<strong>da</strong>s no nosso estudo provavelmente estão<br />
relaciona<strong>da</strong>s ao longo t<strong>em</strong>po de tratamento e toxici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s drogas, no entanto,<br />
estudos prospectivos com <strong>crianças</strong> e adolescentes são necessários para que o<br />
entendimento do abandono seja melhor explicitado. Não se sabe ao certo, qual a<br />
real contribuição desses fatores na adesão ao tratamento dessa faixa etária. O que<br />
nos parece importante salientar é a necessi<strong>da</strong>de de medi<strong>da</strong>s educativas e de<br />
vigilância junto à família <strong>da</strong> criança com TB, visto que o sucesso do tratamento<br />
está relacionado à adesão <strong>da</strong> família ao tratamento anti-<strong>tuberculose</strong>.<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 91
E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />
M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />
Também é necessário estabelecer uma rotina mais rigorosa e funcional de<br />
investigação dos contactantes e tratamento supervisionado. Implanta<strong>da</strong>s essas<br />
medi<strong>da</strong>s, alcançar-se-á a diminuição dos índices de óbito, de abandono do<br />
tratamento e a elevação dos índices de cura.<br />
R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALVES, R.; SANT´ANNA, C. C.; CUNHA, A. J. L. Epid<strong>em</strong>iologia <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong><br />
infantil na ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, RJ. Revista de Saúde Pública. Rio de Janeiro,<br />
v. 34, n. 4, p. 409 - 410, 2000.<br />
BEHRMAN, R. E.; KLIEGMAN, R. M.; JENSON, H. B. Nelson Tratado de Pediatria.<br />
15. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v. I. 1997.<br />
BETHLEM, N. Pneumologia. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 1984.<br />
BEYERS, N.; GIE, R. P.; SCHAAT, H. S.; VAN ZYL, S.; TALENT, J. M.; NEL, E. D.;<br />
DANCLD, P. R. A prospective evaluation of children under the age of 5 years<br />
living in the same household as adults with recently diagnosed pulmonary<br />
tuberculosis. The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease. v. 1, n. 1,<br />
p. 38 - 43, 1997.<br />
BRASIL. Ministério <strong>da</strong> Saúde. Fun<strong>da</strong>ção Nacional de Saúde. Centro de Referência<br />
Prof. Hélio Fraga. Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Pneumologia e Tisologia. Controle de<br />
Tuberculose: uma proposta de integração ensino - serviço. 5.ed. Rio de Janeiro:<br />
FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002.<br />
_______. Normas técnicas para o Programa de Controle <strong>da</strong> Tuberculose. 5. ed. Brasília:<br />
Ministério <strong>da</strong> Saúde, 2000.<br />
_______. Ministério <strong>da</strong> Saúde. Manual de normas para o controle <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong>.<br />
Centro Nacional de Epid<strong>em</strong>iologia. Coordenação de Pneumologia Sanitária.<br />
4. ed., 1995.<br />
CUNHA, A. J. L. A.; TURA, M. T. R.; MAIA, P. B. Tuberculose congênita. In:<br />
SANT´ANNA, C. C. Tuberculose na infância e na adolescência. São Paulo: Atheneu,<br />
2002. p. 51 - 55.<br />
FARHART, C. K.; CARVALHO, E. S.; CARVALHO, L. H. F. R.; SUCCI, R. C. M.<br />
Infectologia pediátrica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.<br />
FEIGIN, R. D.; CHERRY, J. D. Textbook of pediatric infectious diseases. 3. ed. W. B.<br />
Saunders Company. v. 2, p. 1321 - 1362, 1992.<br />
92 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006
O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />
MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />
FRIEDEN, T. R.; STERLING, T. R.; MUNSIFF, S. S.; WATT, C. J.; DYE, C.<br />
Tuberculosis. Lancet. Sep.13, v. 362, n. 9387, p. 887 - 899, 2003.<br />
HOUWERT, K. A. ; BORGGREVEN, P. A.; SCHAAF, H. S.; NEL, E.; DONALD, P. R.;<br />
STOLK, J. Prospective evaluation of World Health Organization criteria to assist<br />
diagnosis of tuberculosis in children. European Respiratory Journal. v. 11, n. 5,<br />
p. 1116 - 1120, 1998.<br />
KRITSKI, A. L; CONDE, M.; MUZY DE SOUZA, G. R. Tuberculose do ambulatório à<br />
enfermaria. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000. 303p.<br />
MARCONDES, E.; OKAY, Y.; COSTA VAZ, F. A.; RAMOS, J. L. A. Pediatria básica.<br />
8. ed. São Paulo: Sarvier, 1999.<br />
SANT’ANNA, C. C.; VEJAR, L.; FERRERO, F.; BALANZAT, A. M. Diagnóstico e<br />
Terapêutica <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong> infantil – uma visão atualiza<strong>da</strong> de um antigo<br />
probl<strong>em</strong>a. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, n. 78, supl. 2, p. 205 - 214, 2002.<br />
SANT’ANNA, C. C. Tuberculose na Infância. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro,<br />
p. 569 - 575, nov-dez., 1998.<br />
STARKE, J. R. Childhood tuberculosis. A diagnostic dil<strong>em</strong>ma [Editorial]. Chest.<br />
v. 104, n. 2, p. 329 - 330. 1993.<br />
VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de infectologia. São Paulo: Atheneu, v. I,<br />
p. 1509 - 1511, 1997.<br />
WONG, L. D. Enfermag<strong>em</strong> pediátrica – el<strong>em</strong>entos essenciais à intervenção efetiva.<br />
5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.<br />
C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 93