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O perfil epidemiológico da tuberculose em crianças e ... - IESC/UFRJ

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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES MENORES<br />

DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

Epid<strong>em</strong>iologic study of tuberculosis in child and adolescent less then 15<br />

years old in Grande Vitória-ES, Brazil, from 1990 to 2001<br />

Ethel Leonor Noia Maciel 1 , Cibeli Altoé Martinato 2 , Clissia Fabiana Rosa<br />

Bandeira 3 , Michelle <strong>da</strong> Silva Tonini 4 , Reynaldo Dietze 5 , Maria Cristina Ramos 6<br />

RESUMO<br />

A <strong>tuberculose</strong>, doença crônica causa<strong>da</strong> pelo Mycobacterium tuberculosis, é considera<strong>da</strong><br />

um grave probl<strong>em</strong>a de saúde pública, constituindo uma <strong>da</strong>s principais causas de<br />

morbi-mortali<strong>da</strong>de no país. Os altos índices de morbi-mortali<strong>da</strong>de observados na<br />

infância pod<strong>em</strong> decorrer <strong>em</strong> função de falhas no diagnóstico, tratamento e/ou<br />

vacinação. Esse estudo t<strong>em</strong> por objetivo traçar o <strong>perfil</strong> <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong> de 793<br />

<strong>crianças</strong> e adolescentes de 0 a


E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />

M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />

failures in the diagnosis, treatment and/or vaccination. The objective of this study is<br />

to draw an epid<strong>em</strong>iological profile of 793 children from 0 to


O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />

MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

por funcionar<strong>em</strong> como “reservatórios” do bacilo que permaneceria <strong>em</strong> estado de<br />

latência, manifestando a doença anos após a infecção.<br />

Beyers et al. (1997) d<strong>em</strong>onstraram que, <strong>em</strong> áreas de alta prevalência de<br />

<strong>tuberculose</strong>, os casos-índice domiciliares eram responsáveis pela infecção de 14%<br />

<strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> e 34% dos adoecimentos na faixa etária de 0-5 anos. Este autor<br />

chama a atenção para a susceptibili<strong>da</strong>de desta faixa etária e para a importância<br />

<strong>da</strong> busca ativa destes pacientes a partir dos casos-índice (estratégia de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong><br />

dos contactantes) para a diminuição do número de casos <strong>da</strong> doença.<br />

Os sinais e sintomas <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong> na infância são inespecíficos, o que<br />

dificulta a suspeição clínica e retar<strong>da</strong> o diagnóstico <strong>da</strong> doença. Seu espectro<br />

clínico é extr<strong>em</strong>amente variado e vai desde formas assintomáticas até formas<br />

graves diss<strong>em</strong>ina<strong>da</strong>s <strong>da</strong> doença com <strong>em</strong>agrecimento significativo e evolução<br />

para o óbito (Houwert et al., 1998). Quando entretanto os probl<strong>em</strong>as com a<br />

suspeição clínica consegu<strong>em</strong> ser transpostos, surg<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as relacionados<br />

à confirmação bacteriológica do bacilo, diagnóstico de certeza <strong>da</strong> doença, que<br />

geralmente se constitui no pré-requisito para o início do tratamento. Várias<br />

causas têm sido aponta<strong>da</strong>s como responsáveis por estas dificul<strong>da</strong>des. Entre elas<br />

pod<strong>em</strong>os citar principalmente: os critérios utilizados para a definição de caso, a<br />

forma de coleta para a obtenção do espécime e a quanti<strong>da</strong>de de bacilos<br />

encontra<strong>da</strong> na amostra (forma paucibacilar). Apesar dos avanços tecnológicos<br />

dos últimos anos, principalmente relacionados à imunologia do hospedeiro e <strong>da</strong><br />

microbiologia do patógeno, pouco t<strong>em</strong> sido aplicado para melhoria do diagnóstico<br />

<strong>da</strong> TB na infância.<br />

Dentre os métodos utilizados no diagnóstico <strong>da</strong> TB, a cultura do escarro<br />

espontâneo é o padrão ouro para a identificação do Mycobacterium tuberculosis<br />

(MTB) <strong>em</strong> adultos (Brasil, 1995); no entanto, <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> menores de 15<br />

anos, esse método não t<strong>em</strong> sido utilizado devido à dificul<strong>da</strong>de na obtenção<br />

de escarro nessa faixa etária. O método comumente utilizado é o lavado<br />

gástrico, contudo, obtém-se a confirmação diagnóstica por esse método <strong>em</strong><br />

somente 30 a 40% dos casos (Brasil, 2002). Face a essa dificul<strong>da</strong>de, o MS<br />

(Brasil, 2002) propôs um sist<strong>em</strong>a de pontuação para o diagnóstico de TB na<br />

infância (Quadro 1), o que representa um avanço no controle <strong>da</strong> <strong>tuberculose</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>crianças</strong> e adolescentes.<br />

Como a integração <strong>da</strong>s informações sobre a <strong>tuberculose</strong> infantil conti<strong>da</strong> no<br />

SINAN ain<strong>da</strong> não havia sido realiza<strong>da</strong>, e dos poucos estudos nesta faixa etária<br />

conduzidos no Brasil (Sant´Anna, 1998; Sant´Anna et al., 2002; Alves et al.,<br />

2000; Cunha et al., 2000), nosso estudo teve por objetivo a elaboração do<br />

<strong>perfil</strong> <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong> <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> e adolescentes menores de 15 anos na<br />

região <strong>da</strong> Grande Vitória.<br />

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Quadro 1<br />

Diagnóstico de TB pulmonar <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> e adolescentes negativos na baciloscopia.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

Este é um estudo descritivo, retrospectivo de análise de <strong>da</strong>dos secundários.<br />

Para a realização do estudo, os <strong>da</strong>dos foram coletados por meio <strong>da</strong>s Fichas de<br />

Notificação/Investigação, cedi<strong>da</strong>s pela Secretaria Estadual <strong>da</strong> Saúde, disponíveis<br />

no Sist<strong>em</strong>a de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), uma fonte de<br />

<strong>da</strong>dos de informação epid<strong>em</strong>iológica que objetiva coletar, transmitir e diss<strong>em</strong>inar<br />

<strong>da</strong>dos gerados rotineiramente pelo Sist<strong>em</strong>a de Vigilância Epid<strong>em</strong>iológica nos níveis<br />

federal, estadual e municipal, por uma rede informatiza<strong>da</strong> (Brasil, 2000). O SINAN<br />

possui boa cobertura no estado e a quali<strong>da</strong>de do preenchimento foi adequa<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> relação às variáveis estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />

As variáveis usa<strong>da</strong>s para análise dos <strong>da</strong>dos foram as que estão conti<strong>da</strong>s na<br />

ficha do SINAN e inclu<strong>em</strong>: procedência, i<strong>da</strong>de, sexo, formas de diagnóstico,<br />

forma clínica, coinfecção HIV/TB e situação de encerramento.<br />

Foram selecionados para análise os municípios que compõe a região <strong>da</strong> Grande<br />

Vitória. Todos os casos notificados como <strong>tuberculose</strong> pulmonar ou extrapulmonar<br />

nessa região foram avaliados no período de janeiro de 1990 a dez<strong>em</strong>bro de 2001.<br />

3. RESULTADOS<br />

No período de 1990 a 2001, foram notificados 1284 casos de TB infantil no<br />

estado do ES, dos quais 793 notificações (61,8%) compreend<strong>em</strong> as realiza<strong>da</strong>s nos<br />

municípios que compõ<strong>em</strong> a Grande Vitória: Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />

Vitória. Do total de casos notificados nesta região, 48,7% foram notificados <strong>em</strong><br />

Vitória, 27,6% na Serra, 14,9% <strong>em</strong> Vila Velha, 8,8% e o município de Viana não<br />

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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />

MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

apresentou nenhuma notificação nessa faixa etária, provavelmente relacionado<br />

ao envio de casos suspeitos para investigação <strong>em</strong> Vitória.<br />

Dos 793 casos, 290 (36,6%) ocorreram <strong>em</strong> menores de dois anos, e 156<br />

desses casos (53,8%) foram notificados <strong>em</strong> Vitória; 188 casos (23,8%) na faixa<br />

etária de três a seis anos; 109 (13,7%) na faixa etária de sete a dez anos; e 206<br />

(25,9%) entre onze e quatorze anos. Percebe-se uma que<strong>da</strong> considerável no<br />

número de notificações a partir de três anos de i<strong>da</strong>de e um ligeiro aumento do<br />

número de casos entre onze e quatorze anos.<br />

Em relação ao sexo <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> notifica<strong>da</strong>s houve uma equivalência entre o<br />

número de casos do sexo masculino (431-54,4%) e f<strong>em</strong>inino (361-45,6%).<br />

Devido à dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> coleta de material para a baciloscopia de escarro, à<br />

dificul<strong>da</strong>de de expectoração e ao pequeno número de bacilos nas amostras colhi<strong>da</strong>s,<br />

65,6% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> não foram submeti<strong>da</strong>s à coleta de escarro para baciloscopia,<br />

sendo que os maiores índices de realização desse exame ocorreram <strong>em</strong> Vila Velha,<br />

com 74,6% dos 118 casos notificados, e <strong>em</strong> Vitória, com 69,4% dos 386 casos.<br />

Dentre as 273 <strong>crianças</strong> cujos escarros foram submetidos a baciloscopia, 111<br />

(40,6%) tiveram resultado positivo e <strong>em</strong> 162 (59,3%) o resultado foi negativo<br />

(Tabela 1). No entanto, apenas 15 (13,5%) <strong>da</strong>s baciloscopias positivas eram <strong>em</strong><br />

menores de cinco anos. Houve um maior número de resultados negativos nos<br />

municípios de Vitória (68,6% de 118) e <strong>da</strong> Serra (60,8% de 97) e um maior<br />

número de casos com baciloscopia de escarro com resultados positivos <strong>em</strong> Vila<br />

Velha (53,3% de 30) e <strong>em</strong> Cariacica (71,4% de 28).<br />

Tabela 1<br />

Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />

Vitória de acordo com o resultado de baciloscopia de escarro de 1999-2001.<br />

Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />

Em relação à realização <strong>da</strong> cultura de outro material, os municípios <strong>da</strong> Serra e<br />

Vila Velha tiveram índices de realização de cultura de outro material <strong>em</strong> torno de<br />

26% do total de casos de ca<strong>da</strong> município, enquanto os municípios de Cariacica e<br />

Vitória apresentaram índices <strong>em</strong> torno de 23% do total de casos. Dentre os municípios<br />

que realizaram o exame, Serra apresentou o maior índice de positivi<strong>da</strong>de (16,9%).<br />

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O exame radiológico foi realizado <strong>em</strong> 70% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> investiga<strong>da</strong>s,<br />

tendo um índice de suspeição <strong>em</strong> torno de 50% <strong>em</strong> todos os municípios<br />

(Tabela 2). A taxa de não-realização de radiografia de tórax, alcançando<br />

30% dos 793 casos, é um índice considerado alto, tendo <strong>em</strong> vista que os<br />

quatro municípios analisados possu<strong>em</strong> acesso à realização desse exame, pois<br />

a radiografia de tórax é um exame de baixo custo e realizável nas próprias<br />

Uni<strong>da</strong>des de Saúde onde funcionam os programas de TB. Dos casos que<br />

realizaram o exame radiológico houve predominância de forma pulmonar<br />

<strong>em</strong> todos os municípios (64,6%).<br />

Tabela 2<br />

Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />

Vitória de acordo com a realização de radiografia de tórax de 1999-2001.<br />

Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />

O teste tuberculínico, auxiliar no diagnóstico <strong>da</strong> TB, <strong>em</strong> 62,8 % <strong>da</strong>s 793<br />

<strong>crianças</strong> não foi realizado. O maior índice de realização do teste tuberculínico foi<br />

verificado <strong>em</strong> Vitória, com 43,3% dos 386 casos notificados, e o menor índice foi<br />

<strong>em</strong> Serra, com 26,5% dos 219 casos notificados. Dentre as 295 <strong>crianças</strong> que<br />

realizaram o teste, 57,28% foram considera<strong>da</strong>s reator forte (Tabela 3), que se<br />

traduz como indivíduos infectados pelo bacilo, podendo estar doentes ou não, ou<br />

indivíduos vacinados com BCG nos últimos dois anos.<br />

Tabela 3<br />

Distribuição <strong>da</strong>s notificações nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e<br />

Vitória de acordo com o resultado do teste tuberculínico de 1999-2001.<br />

Fonte: Dados do SINAN <strong>da</strong> Secretaria Estadual de Saúde do ES.<br />

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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />

MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

A realização <strong>da</strong> testag<strong>em</strong> sorológica anti-HIV ain<strong>da</strong> não é uma reali<strong>da</strong>de na<br />

maior parte dos programas de TB dessa região, visto que, dos 793 casos,<br />

82,2% não realizaram o teste. Do total de <strong>crianças</strong> analisa<strong>da</strong>s, 2,8% apresentaram<br />

co-infecção TB/HIV.<br />

Dos casos <strong>em</strong> acompanhamento nesses doze anos, 60,1% foram encerrados<br />

como cura, índice que é apenas satisfatório, visto que o Brasil t<strong>em</strong> como meta<br />

80% de cura. Nota-se também que o índice de abandono do tratamento <strong>em</strong><br />

<strong>crianças</strong> é alto no estado (16,6%), o que favorece o aumento <strong>da</strong> transmissibili<strong>da</strong>de<br />

e o surgimento de bacilos multirresistentes. O município de Vitória apresentou<br />

um baixo índice de cura, 44,8% dos 386 casos notificados. Esse fato pode estar<br />

relacionado ao alto índice de abandono de tratamento (17,9%).<br />

Outro fator explicativo foi que o município de Vitória apresentou um alto<br />

índice de óbitos (11,4 %), provavelmente porque o mesmo possui maior<br />

infra-estrutura na rede hospitalar, como o HINSG e o HUCAM, onde os casos<br />

mais graves são internados. Já, no município de Serra, houve 70,6% de cura e<br />

18,8% de abandono, dos 218 casos. Isso ocorre devido a um reduzido número<br />

de óbitos <strong>em</strong> relação a Vitória, 2,7%.<br />

Outro número que chama a atenção são os 102 (12,9%) casos classificados<br />

como “mu<strong>da</strong>nça de diagnóstico”. Pelo fato de o tratamento ter uma duração de<br />

seis meses e os r<strong>em</strong>édios produzir<strong>em</strong> efeitos adversos incômodos, ain<strong>da</strong> é grande<br />

o número de casos erroneamente classificados. Vale destacar que desses, 100%<br />

não realizaram a baciloscopia e/ou cultura de escarro e apenas 23% realizaram<br />

a baciloscopia e ou cultura de outro material, sendo todos os resultados negativos.<br />

4. DISCUSSÃO<br />

A maior parte <strong>da</strong>s notificações foram feitas no município de Vitória e<br />

provavelmente está relacionado com envio de casos suspeitos para investigação<br />

na capital, visto que está localizado nessa ci<strong>da</strong>de o Hospital Infantil Nossa Senhora<br />

<strong>da</strong> Glória, referência para o estado, fato que justifica também a maior realização<br />

<strong>da</strong> baciloscopia através do lavado gástrico <strong>em</strong> Vitória e Vila Velha, tendo essa<br />

última ci<strong>da</strong>de também um hospital infantil.<br />

Wong (1999) afirma que os lactentes e as <strong>crianças</strong> pequenas não são capazes<br />

de seguir recomen<strong>da</strong>ção para tossir e, conseqüent<strong>em</strong>ente, irão deglutir o escarro<br />

que produz<strong>em</strong>, fazendo-se necessário os lavados gástricos. Segundo Bethl<strong>em</strong> (1984),<br />

quando a criança não consegue realizar uma expectoração é recomen<strong>da</strong>do o lavado<br />

gástrico. Porém, este exame não é feito como rotina <strong>em</strong> todo o país, por motivos<br />

técnicos, e s<strong>em</strong>pre é realizado quando há recursos humanos e materiais<br />

especializados. Kritski et al. (2000) acrescentam que este exame só deve ser realizado<br />

<strong>em</strong> ambiente hospitalar, dificultando muito sua realização, pois a dependência de<br />

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vaga hospitalar muitas vezes ocasiona a impossibili<strong>da</strong>de de realização do exame.<br />

De acordo com Sant’Anna (1998), tanto a cultura de escarro quanto a de outros<br />

materiais não é acessível na maioria dos serviços públicos.<br />

É preciso ressaltar, <strong>em</strong> relação aos resultados <strong>da</strong> Tabela 1, que um maior<br />

número de casos com baciloscopia positiva de escarro <strong>em</strong> Vila Velha e Cariacica<br />

poderia ser justificado pelo número reduzido de Programa de Controle de TB<br />

nesses municípios. Os programas existentes nos municípios de Vila Velha e Cariacica,<br />

nos anos estu<strong>da</strong>dos, apresentavam carência de recursos humanos e materiais para<br />

des<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> suas funções adequa<strong>da</strong>mente. O que pode ter por conseqüência a<br />

identificação de <strong>crianças</strong> <strong>em</strong> estágios mais avançados <strong>da</strong> doença e, provavelmente,<br />

com maior carga bacilífera. Segundo Kritski et al. (2000), dentre os fatores<br />

relacionados com o aumento <strong>da</strong> incidência <strong>da</strong> TB no Brasil, estão a falta de<br />

sist<strong>em</strong>as públicos eficazes, a piora de programas de controle de TB e as crises<br />

econômicas que dificultam o repasse <strong>da</strong>s verbas federais. Outro fator importante<br />

é que 86,5% <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> submeti<strong>da</strong>s à baciloscopia de escarro encontram-se na<br />

faixa etária maior de 6 anos. Essas <strong>crianças</strong> consegu<strong>em</strong> seguir a recomen<strong>da</strong>ção<br />

para a coleta do material e não necessitam de hospitalização para coleta de<br />

lavado gástrico. As <strong>crianças</strong> que não consegu<strong>em</strong> seguir as recomen<strong>da</strong>ções de<br />

coleta e necessitam internação e na maior parte <strong>da</strong>s vezes não consegu<strong>em</strong> vaga<br />

hospitalar e o clínico precisa decidir o diagnóstico com base nos achados clínicos,<br />

radiológicos e <strong>epid<strong>em</strong>iológico</strong>s.<br />

Com base nos achados do estudo, não é possível inferir se as <strong>crianças</strong> e<br />

adolescentes notificados difer<strong>em</strong> qualitativamente entre os municípios. Os <strong>da</strong>dos<br />

nos permit<strong>em</strong> apenas apontar que a organização dos serviços é diferente entre os<br />

municípios e as redes de assistência (referência e contra-referência), nessa faixa<br />

etária, estão melhor organiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> Vitória e Vila Velha.<br />

Os índices baixos de resultados positivos de cultura de outro material além<br />

<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des já ressalta<strong>da</strong>s, estão pautados na própria história natural <strong>da</strong> doença<br />

na criança que é paucibacilar, sendo a confirmação bacteriológica difícil de ser<br />

efetua<strong>da</strong>, prevalecendo o diagnóstico clínico-radiológico (Brasil, 2000).<br />

O exame radiológico contribuiu para o diagnóstico e autores como Farhart et al.<br />

(1999) salientam que na TB infantil, apesar de a radiografia de tórax não ser um<br />

exame específico, ele é importante para o diagnóstico, análise de evolução <strong>da</strong><br />

lesão e avaliação <strong>da</strong> resposta ao esqu<strong>em</strong>a terapêutico. Achados considerados<br />

sugestivos são adenomegalia hilar ou mediastinal, com ou s<strong>em</strong> imag<strong>em</strong><br />

parenquimatosa, além de calcificações pulmonares. Contudo, segundo Marcondes<br />

et al. (1999), processos infecciosos inespecíficos pod<strong>em</strong> ser confundidos com um<br />

complexo primário nas imagens de radiografia de tórax, por isso é necessária a<br />

ocorrência de outros fatores para definição do caso.<br />

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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />

MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

Há um predomínio <strong>da</strong> forma pulmonar como o esperado, visto que a<br />

primo-infecção ocorre nos pulmões, sendo este o órgão que apresenta condições<br />

propícias para o desenvolvimento e proliferação do bacilo (Brasil, 2000).<br />

No município de Vitória foram notificados a maior parte de formas<br />

extrapulmonares, sendo esse índice maior que os dos d<strong>em</strong>ais municípios, fato que<br />

se justifica pelo maior registro de casos de TB infantil <strong>em</strong> Vitória, onde se encontra<br />

o programa de controle de TB de referência para o Estado, que recebe to<strong>da</strong> a<br />

d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de casos graves <strong>da</strong> doença. Segundo Farhart et al. (1999), as lesões<br />

extrapulmonares são as mais graves na TB infantil.<br />

A baixa ocorrência de TB pulmonar concomitant<strong>em</strong>ente com as formas<br />

extrapulmonares deve-se a dois fatores principais: 1) segundo Veronesi e<br />

Focaccia (1997), são poucos os casos <strong>em</strong> que as formas extrapulmonares<br />

manifestam-se juntamente com a forma pulmonar ativa. As formas<br />

extrapulmonares <strong>em</strong> geral ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> órgãos que não oferec<strong>em</strong> as melhores<br />

condições para o desenvolvimento do bacilo de Koch, portanto são paucibacilares<br />

e evolu<strong>em</strong> lentamente; 2) Devido a isso quando acontec<strong>em</strong> concomitant<strong>em</strong>ente<br />

ain<strong>da</strong> existe a dificul<strong>da</strong>de do diagnóstico clínico-laboratorial (Behrman et al.,1997).<br />

Conseqüent<strong>em</strong>ente, a TB extrapulmonar foge ao controle <strong>da</strong> Vigilância dos Serviços<br />

de Saúde Pública, sendo na maioria <strong>da</strong>s vezes identifica<strong>da</strong>s somente por<br />

especialistas, ficando à parte <strong>da</strong>s estatísticas oficiais.<br />

A pouca realização do teste tuberculínico pode ser explicado, pois na amostra<br />

do estudo ocorreu uma alta incidência de casos entre menores de dois anos e na<br />

época <strong>da</strong> ocorrência dos casos a recomen<strong>da</strong>ção do MS (Brasil, 2000) excluía a<br />

realização do teste tuberculínico nessa faixa etária, pois a vacina BCG pode manter<br />

o teste tuberculínico positivo até 2 anos <strong>em</strong> <strong>crianças</strong> vacina<strong>da</strong>s ao nascer, estando<br />

a interpretação do teste relaciona<strong>da</strong> à i<strong>da</strong>de e ao t<strong>em</strong>po de vacinação. O novo<br />

consenso do MS para interpretação dos resultados do PPD define que reações<br />

tuberculínicas superiores a 15 mm <strong>em</strong> regiões de alta prevalência de TB não são<br />

decorrentes somente do BCG, mas também <strong>da</strong> infecção pelo bacilo de Koch,<br />

independente <strong>da</strong> época <strong>da</strong> vacinação. Naqueles vacinados há a mais de dois anos,<br />

uma reação de 10mm é considera<strong>da</strong> forte (Brasil, 2002). Os novos critérios<br />

propostos pelo MS são de fácil operacionalização e t<strong>em</strong> como objetivo auxiliar o<br />

clinico no diagnóstico dessa faixa etária (Quadro 1).<br />

Em relação à investigação de co-infecção TB/HIV, Kritski et al. (2000) salientam<br />

a necessi<strong>da</strong>de que <strong>em</strong> todos os casos de TB infantil seja realiza<strong>da</strong> a pesquisa de<br />

antecedentes nas transfusões sangüíneas e fatores de risco para Aids entre os pais, as<br />

<strong>crianças</strong> e adolescentes. Porém o teste sorológico para HIV só deve ser realizado<br />

<strong>em</strong> casos suspeitos e com o consentimento familiar. Os casos positivos no nosso<br />

estudo foram devido à transmissão vertical, sendo todos <strong>em</strong> menores de cinco anos.<br />

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A variável “encerramento do caso” de grande importância para a saúde<br />

coletiva nos aponta para o desfecho <strong>da</strong>do aquele caso. Dentre as possibili<strong>da</strong>des:<br />

cura, abandono, óbito e mu<strong>da</strong>nça no diagnóstico, pod<strong>em</strong>os observar a condução<br />

dos casos nos programas de Controle <strong>da</strong> Tuberculose. A pouca efetivi<strong>da</strong>de do<br />

tratamento contradiz com a eficácia dos medicamentos que são <strong>em</strong> torno de<br />

100% na cura <strong>da</strong> Tuberculose (Brasil, 2000). Esse fato pode estar relacionado ao<br />

alto índice de abandono, óbito e está diretamente relacionado à dependência <strong>da</strong>s<br />

<strong>crianças</strong> e adolescentes do acompanhamento de um adulto responsável para<br />

seguir o tratamento corretamente. Acreditamos que esse adulto muitas vezes não<br />

garante a administração correta dos medicamentos e a conclusão do tratamento.<br />

Segundo Behrman et al. (1997), é necessário que haja um acompanhamento<br />

cui<strong>da</strong>doso <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> <strong>em</strong> tratamento para garantir que a terapia seja cumpri<strong>da</strong>,<br />

e sejam observa<strong>da</strong>s e controla<strong>da</strong>s as reações tóxicas aos medicamentos. Além<br />

disso, faz-se necessária a conscientização dos profissionais de saúde quanto às<br />

possíveis dificul<strong>da</strong>des que a família terá para garantir que a criança aceite vários<br />

medicamentos novos todos os dias durante o período de tratamento.<br />

A mu<strong>da</strong>nça de diagnóstico chama a atenção e d<strong>em</strong>onstra mais uma vez a<br />

dificul<strong>da</strong>de do clínico no manejo dos casos de <strong>tuberculose</strong> nessa faixa etária.<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Após a discussão dos <strong>da</strong>dos relativos a TB infantil nos municípios de Cariacica,<br />

Serra, Viana, Vila Velha e Vitória, pod<strong>em</strong>os concluir que a maior parte dos casos<br />

notificados no estado são provenientes desses municípios. Esse fato leva-nos a<br />

concluir que por ser<strong>em</strong> municípios mais populosos e por ter<strong>em</strong> maior infraestrutura<br />

<strong>em</strong> relação a programas de controle de TB são realizados maiores<br />

números de notificações. Isso também justifica o município de Vitória ter sido o<br />

município que mais notificou e tratou casos <strong>da</strong> doença dentre os d<strong>em</strong>ais, pois<br />

possui maior número de programas de controle <strong>da</strong> TB, além de estar localizado<br />

nesse município o programa referência para o estado. Também é realizado <strong>em</strong><br />

maior número a busca ativa de casos novos entre os contactantes de pacientes já<br />

notificados, o que t<strong>em</strong> por conseqüência a identificação de <strong>crianças</strong> que tiveram<br />

contato com adulto bacilífero e desenvolveram a doença. Essa medi<strong>da</strong> preventiva<br />

proporciona a detecção <strong>da</strong> doença <strong>em</strong> estágio inicial e a diminuição do t<strong>em</strong>po de<br />

transmissão pelo início precoce do tratamento.<br />

A diferença quantitativa de casos entre os sexos f<strong>em</strong>inino e masculino foi<br />

irrelevante e a faixa etária de 0 a menores de 2 anos foi a mais atingi<strong>da</strong> no estado<br />

pela TB infantil, certamente porque tais <strong>crianças</strong> permanec<strong>em</strong> maior t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

contato com o adulto bacilífero, que geralmente exerce o papel de cui<strong>da</strong>dor e do<br />

qual as <strong>crianças</strong> são totalmente dependentes.<br />

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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES<br />

MENORES DE 15 ANOS NA GRANDE VITÓRIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 1990-2001<br />

O estudo nos permitiu confirmar o que a literatura já dizia dos meios de<br />

diagnóstico. Na TB infantil o diagnóstico é <strong>da</strong>do, <strong>em</strong> sua grande maioria, pelo<br />

quadro clínico-radiológico, principalmente devido à dificul<strong>da</strong>de de coleta de<br />

escarro e <strong>da</strong> carga bacilar diminuí<strong>da</strong> na infância.<br />

Baciloscopia e cultura de outros materiais também são exames realizados<br />

com menor freqüência. Como a grande maioria dos casos de TB infantil manifesta-se<br />

na forma pulmonar, pod<strong>em</strong>os concluir que, <strong>em</strong> geral, o material utilizado para<br />

tais exames é coletado através do lavado gástrico. Porém esse procedimento não<br />

é realizado <strong>em</strong> grande escala, pois exige recursos materiais e humanos especializados.<br />

E a internação <strong>em</strong> ambiente hospitalar depende de vagas, dificultando bastante a<br />

realização desse exame.<br />

No nosso estudo a radiografia de tórax se mostrou como método diagnóstico<br />

de grande valia, evidenciado pela suspeita de TB <strong>em</strong> mais <strong>da</strong> metade do número<br />

de casos analisados.<br />

O teste tuberculínico é um <strong>da</strong>do auxiliar relevante para o diagnóstico, porém<br />

sua utili<strong>da</strong>de é prejudica<strong>da</strong> pela influência <strong>da</strong> vacinação <strong>da</strong>s <strong>crianças</strong> com BCG,<br />

tendo <strong>em</strong> vista que a maior parte <strong>da</strong> amostra analisa<strong>da</strong> foi constituí<strong>da</strong> de criança<br />

menor de dois anos, portanto os resultados dev<strong>em</strong> ser analisados diferent<strong>em</strong>ente<br />

dos padrões habituais.<br />

O estudo revelou um baixo índice de realização do teste sorológico para<br />

HIV entre as <strong>crianças</strong> com TB no estado, pois diferent<strong>em</strong>ente do adulto no qual<br />

há indicação de realização do teste sorológico para HIV sob qualquer diagnóstico<br />

de TB, na criança, devido a não-inclusão de vi<strong>da</strong> sexual ativa, a solicitação só se<br />

justifica se houver história epid<strong>em</strong>iológica que indique tal exame. Além disso, é<br />

preciso o consentimento dos pais para que o mesmo seja realizado.<br />

Percebe-se a necessi<strong>da</strong>de de ampliação de medi<strong>da</strong>s de combate e controle <strong>da</strong><br />

doença, principalmente <strong>em</strong> Viana, que no período estu<strong>da</strong>do não possuía nenhum<br />

programa. Vitória também não está isenta <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de melhorias, pois<br />

apresentou um índice de cura relativamente baixo e alto índice de abandono. Os<br />

d<strong>em</strong>ais municípios, apesar de apresentar<strong>em</strong> um índice de cura um pouco melhor,<br />

possu<strong>em</strong> índices de abandono também elevados.<br />

As taxas de abandono encontra<strong>da</strong>s no nosso estudo provavelmente estão<br />

relaciona<strong>da</strong>s ao longo t<strong>em</strong>po de tratamento e toxici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s drogas, no entanto,<br />

estudos prospectivos com <strong>crianças</strong> e adolescentes são necessários para que o<br />

entendimento do abandono seja melhor explicitado. Não se sabe ao certo, qual a<br />

real contribuição desses fatores na adesão ao tratamento dessa faixa etária. O que<br />

nos parece importante salientar é a necessi<strong>da</strong>de de medi<strong>da</strong>s educativas e de<br />

vigilância junto à família <strong>da</strong> criança com TB, visto que o sucesso do tratamento<br />

está relacionado à adesão <strong>da</strong> família ao tratamento anti-<strong>tuberculose</strong>.<br />

C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (1): 81 - 94, 2006 – 91


E THEL LEONOR NOIA MACIEL, CIBELI ALTOÉ MARTINATO, CLISSIA FABIANA ROSA BANDEIRA,<br />

M ICHELLE DA SILVA TONINI, REYNALDO DIETZE, MARIA CRISTINA RAMOS<br />

Também é necessário estabelecer uma rotina mais rigorosa e funcional de<br />

investigação dos contactantes e tratamento supervisionado. Implanta<strong>da</strong>s essas<br />

medi<strong>da</strong>s, alcançar-se-á a diminuição dos índices de óbito, de abandono do<br />

tratamento e a elevação dos índices de cura.<br />

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