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Dança de salão: repercussões nas atividades de vida ... - IESC/UFRJ

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M a r c e l L i m a C u n h a , F á t i m a L u n a P i n h e i r o L a n d i m , M a r i a d e F á t i m a C a v a l c a n t e L i m a , L u i z a<br />

J a n e E y r e d e S o u z a V i e i r a , R a f a e l B a r r e t o d e M e s q u i ta , P at r í c i a M o r e i r a C o l l a r e s<br />

Guimarães et al. (2003) e Severo et al. (2000), condição prepon<strong>de</strong>rante na saú<strong>de</strong> e<br />

bem-estar <strong>de</strong>sse segmento populacional.<br />

Sabe-se que o envelhecimento fisiológico varia <strong>de</strong> acordo com o modo que o<br />

indivíduo conduz toda a sua <strong>vida</strong> __ seus hábitos e seus vícios. A esse respeito, em<br />

vez <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar o <strong>de</strong>clínio funcional efetivamente ocorrido nos idosos, talvez<br />

fosse necessário consi<strong>de</strong>rar um mo<strong>de</strong>lo mais complexo, no qual existe um ciclo<br />

vicioso em que as pessoas vão reduzindo a ati<strong>vida</strong><strong>de</strong> física. Por outro lado, consi<br />

<strong>de</strong>ra-se que realizar um exercício físico não é só querer, ou mesmo po<strong>de</strong>r, há que<br />

se ter boa vonta<strong>de</strong> para persistir hora após hora, por dias intermináveis, em uma<br />

prática que assegure condicionamento físico constante e bom funcionamento do<br />

corpo. A particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a prática da dança <strong>de</strong> <strong>salão</strong> se sobressair em relação<br />

às <strong>de</strong>mais está, pois, no gosto por realizá-la. Nesse aspecto merecem <strong>de</strong>staque,<br />

além dos resultados físicos, os efeitos bioquímicos associados à experimentação do<br />

que seja “prazeroso”. Uma informante atesta: “Porque é um exercício prazeroso, não fica<br />

cansativo nem monótono”.<br />

O sucesso <strong>de</strong> uma ati<strong>vida</strong><strong>de</strong> física está em se po<strong>de</strong>r associá-la ao lazer e ao<br />

prazer. Focando as AVD’s, mudanças consi<strong>de</strong>ráveis foram sugeridas como tendo<br />

relação com o acontecimento da dança <strong>de</strong> <strong>salão</strong> na <strong>vida</strong> das entrevistadas. É o<br />

que se constata lendo as falas a seguir: “Tinha dor <strong>nas</strong> per<strong>nas</strong> que me impedia <strong>de</strong> realizar<br />

tarefas como varrer a casa, lavar uma louça permanecendo muito tempo em pé ao lado da pia<br />

(...). Tudo passou”; “Cansava com facilida<strong>de</strong>. Não podia subir uma escada que já cansava, as<br />

per<strong>nas</strong> pesavam...”; “A coluna tá novinha. Voltei até a brincar com os netos. Antes a coluna não<br />

<strong>de</strong>ixava, era dura e tudo doía”.<br />

O significado da dança para o idoso, por tratar-se <strong>de</strong> ati<strong>vida</strong><strong>de</strong> que leva o<br />

indivíduo a expressar-se por meio do corpo, extrapola para o campo mais subjetivo,<br />

promovendo prazer e auto-estima.<br />

A esse respeito Severo et al. (2000) escrevem que as danças possuem um ele<br />

mento social que a prática única <strong>de</strong> ginástica não possui, elas ampliam as chances<br />

<strong>de</strong> promover o encontro e favorecem os laços afetivos. A colaboração para com<br />

o sucesso do outro, durante uma dança, leva ao surgimento <strong>de</strong> um sentimento <strong>de</strong><br />

utilida<strong>de</strong> com <strong>repercussões</strong> positivas na estima pessoal.<br />

Dentre as 3 entrevistadas, oito associaram a dança <strong>de</strong> <strong>salão</strong> à melhoria <strong>de</strong><br />

seu estado psicológico. Constou-se serem mulheres que sofriam <strong>de</strong> severas crises<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, e que encontraram na dança um “sentido para seguir vivendo”. É<br />

exemplo <strong>de</strong> fala que sintetiza o sentimento experimentado: “Eu me sentia sem utilida<strong>de</strong>...<br />

No fim da linha!”.<br />

Parece ser uma tendência <strong>de</strong> a pessoa idosa ir buscar no grau <strong>de</strong> <strong>vida</strong> ativa que<br />

caracterizou sua juventu<strong>de</strong> um parâmetro para avaliar o significado e a impotência<br />

<strong>de</strong> sua existência na atualida<strong>de</strong>. Ao agir assim, entregam-se mais facilmente ao<br />

564 – Cad. Saú<strong>de</strong> Colet., Rio <strong>de</strong> Janeiro, 16 (3): 559 - 568, 2008

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