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Temperatura, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica

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Versão preliminar<br />

16 de fevereiro de 2004<br />

Notas de Aula de Física<br />

19. TEMPERATURA, CALOR E PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA.......................... 2<br />

TEMPERATURA ................................................................................................................... 2<br />

EQUILÍBRIO TÉRMICO........................................................................................................... 2<br />

LEI ZERO DA TERMODINÂMICA ............................................................................................. 2<br />

MEDINDO A TEMPERATURA.................................................................................................. 2<br />

A escala Celsius............................................................................................................ 3<br />

A escala Fahrenheit ...................................................................................................... 4<br />

Relação entre as escalas Celsius e Fahrenheit ............................................................ 4<br />

A escala Kelvin.............................................................................................................. 4<br />

DILATAÇÃO TÉRMICA........................................................................................................... 5<br />

CALOR............................................................................................................................... 6<br />

UM OLHAR MAIS DE PERTO NO CALOR E TRABALHO ............................................................... 7<br />

A ABSORÇÃO DE CALOR...................................................................................................... 8<br />

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ....................................................................................... 9<br />

ALGUNS CASOS ESPECÍFICOS DA PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ....................................... 9<br />

Processos adiabáticos .................................................................................................. 9<br />

Processos a volume constante ................................................................................... 10<br />

Processos cíclicos....................................................................................................... 10<br />

MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR...................................................................... 10<br />

Condução.................................................................................................................... 11<br />

Radiação..................................................................................................................... 13<br />

SOLUÇÃO DE ALGUNS PROBLEMAS ..................................................................................... 14<br />

03 ................................................................................................................................ 14<br />

05 ................................................................................................................................ 15<br />

07 ................................................................................................................................ 16<br />

09 ................................................................................................................................ 16<br />

16 ................................................................................................................................ 17<br />

18 ................................................................................................................................ 17<br />

21 ................................................................................................................................ 18<br />

22 ................................................................................................................................ 19<br />

23 ................................................................................................................................ 20<br />

25 ................................................................................................................................ 21<br />

“32”.............................................................................................................................. 21<br />

“33”.............................................................................................................................. 22<br />

35 ................................................................................................................................ 23<br />

43 ................................................................................................................................ 24<br />

46 ................................................................................................................................ 24<br />

49 ................................................................................................................................ 25<br />

50. ............................................................................................................................... 26<br />

53 ................................................................................................................................ 27<br />

57 ................................................................................................................................ 28<br />

60 ................................................................................................................................ 28<br />

61 ................................................................................................................................ 29<br />

65 ................................................................................................................................ 30


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

19. <strong>Temperatura</strong>, <strong>Calor</strong> e <strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica<br />

<strong>Temperatura</strong><br />

O tato constitui uma <strong>da</strong>s maneiras mais simples de fazer uma distinção entre corpos<br />

quentes e frios. Mas essa maneira de avaliação é bastante imprecisa, e além do mais<br />

poderá causar dificul<strong>da</strong>des se as temperaturas dos corpos estiverem muito próximas. Se<br />

construirmos uma experiência com três recipientes contendo água, onde um deles está a<br />

temperatura ambiente, o segundo a uma temperatura acima <strong>da</strong> ambiente e o terceiro a<br />

uma temperatura abaixo <strong>da</strong> ambiente. Vamos mergulhar uma <strong>da</strong>s mãos no recipiente com<br />

água a uma temperatura acima <strong>da</strong> ambiente e a outra mão no recipiente com água a uma<br />

temperatura abaixo <strong>da</strong> ambiente, e permanecer pouco mais de um minuto nessa situação.<br />

Ao mergulhar as duas mãos no recipiente a temperatura ambiente iremos ter a sensação<br />

estranha onde uma mão man<strong>da</strong> a informação que a água está numa certa temperatura<br />

enquanto a outra mão man<strong>da</strong> uma informação de uma temperatura diferente. A mão que<br />

estava no recipiente com água mais fria sente a água mais quente, e a mão que estava<br />

no recipiente com água mais quente sente a água mais fria.<br />

Felizmente existem substâncias que nos dão uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> temperatura de outros<br />

corpos e a relação entre elas. São chama<strong>da</strong>s de substâncias termométricas.<br />

A temperatura é uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> agitação <strong>da</strong>s partículas que compões um certo<br />

material. Se considerarmos as moléculas um gás, quanto maior a sua temperatura mais<br />

energia cinética terão essas moléculas.<br />

Equilíbrio térmico<br />

Dois corpos em contato físico, estão em equilíbrio térmico quando param de trocar<br />

energia, quando o fluxo líquido de energia entre eles é nulo. Quando isso acontece, a<br />

temperatura dos dois corpos é a mesma.<br />

<strong>Lei</strong> Zero <strong>da</strong> Termodinâmica<br />

Se dois corpos A e B estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo C (o<br />

termômetro) , eles também estarão em equilíbrio térmico entre si.<br />

Medindo a <strong>Temperatura</strong><br />

Existem várias grandezas que variam as suas características quando varia a nossa<br />

percepção fisiológica de temperatura. Entre essas grandezas estão:<br />

- o volume de um líquido,<br />

- o comprimento de uma barra<br />

- a resistência elétrica de um material<br />

- o volume de um gás mantido a pressão constante<br />

Qualquer dessas pode ser usa<strong>da</strong> para construir um termômetro, isto é: estabelecer<br />

uma determina<strong>da</strong> escala termométrica. Uma tal escala termométrica é estabeleci<strong>da</strong> pela<br />

escolha de uma determina<strong>da</strong> substância termométrica e também uma proprie<strong>da</strong>de termométrica<br />

desta substância.<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 2


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Deve-se entender que a ca<strong>da</strong> escolha de uma substância, <strong>da</strong> sua respectiva proprie<strong>da</strong>de<br />

termométrica, e <strong>da</strong> relação admiti<strong>da</strong> entre essa proprie<strong>da</strong>de e a temperatura, conduz<br />

a uma escala termométrica específica. As medi<strong>da</strong>s obti<strong>da</strong>s nesta escala não devem coincidir<br />

necessariamente com as medi<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s em outra escala termométrica defini<strong>da</strong><br />

de forma independente. Justamente por essa liber<strong>da</strong>de na construção de uma escala termométrica,<br />

historicamente apareceram diversas escalas com leituras completamente diferentes<br />

de temperaturas.<br />

Esse caos foi removido utilizando como padrão uma <strong>da</strong><strong>da</strong> substância termométrica, e<br />

a dependência funcional entre a proprie<strong>da</strong>de termométrica dessa substância e a temperatura<br />

T . Como exemplo, consideremos que exista uma relação linear entre uma proprie<strong>da</strong>de<br />

termométrica X e a temperatura, de modo que:<br />

T(X) = a X + b<br />

onde X é o comprimento <strong>da</strong> uma coluna de<br />

mercúrio em um termômetro e a e b são<br />

X<br />

constantes a serem determin<strong>da</strong>s.<br />

Analisando essa relação para duas temperaturas diferentes T 1 e T 2 , encontramos que:<br />

⎧T<br />

( X<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎪<br />

⎩T<br />

( X<br />

1<br />

2<br />

) = aX<br />

) = aX<br />

1<br />

2<br />

+ b<br />

+ b<br />

∴<br />

⎧ T(<br />

X<br />

2<br />

) −T(<br />

X<br />

1)<br />

⎪ a =<br />

X −<br />

⎪<br />

2<br />

X<br />

1<br />

⎨<br />

⎪ X<br />

2T<br />

( X<br />

1)<br />

− X<br />

1T<br />

( X<br />

⎪b<br />

=<br />

⎩ X<br />

2<br />

− X<br />

1<br />

2<br />

)<br />

usando os valores <strong>da</strong>s constantes, temos que:<br />

ou ain<strong>da</strong>:<br />

e finalmente<br />

⎡T(<br />

X ) −T(<br />

X<br />

T ( X ) = ⎢<br />

⎣ X<br />

2<br />

− X<br />

1<br />

) ⎤ ⎡ X<br />

⎥ X + ⎢<br />

⎦ ⎣<br />

T ( X<br />

1)<br />

− X<br />

1T<br />

( X<br />

X − X<br />

2 1<br />

2<br />

2<br />

)<br />

⎡ X − X<br />

1<br />

⎤ ⎡ X<br />

2<br />

− X ⎤<br />

T ( X ) = ⎢ ⎥T<br />

( X<br />

2<br />

) + ⎢ ⎥T<br />

( X<br />

1)<br />

⎣ X<br />

2<br />

− X<br />

1 ⎦ ⎣ X<br />

2<br />

− X<br />

1 ⎦<br />

⎛ X − X<br />

1<br />

⎞<br />

T ( X ) = T(<br />

X<br />

1)<br />

+<br />

⎜<br />

2<br />

X<br />

1<br />

X<br />

2<br />

X<br />

⎟<br />

⎝ −<br />

1 ⎠<br />

2<br />

[ T(<br />

X ) −T<br />

( )]<br />

1<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

A escala Celsius<br />

Para calibrar este termômetro na escala Celsius vamos considerar que as temperaturas<br />

T(X 1 )=0 0 C e T(X 2 )=100 0 C são respectivamente o ponto de vapor e o ponto do<br />

gelo, e que X 1 e X 2 são os respectivos comprimentos <strong>da</strong> coluna de mercúrio. Desse<br />

modo, encontramos que:<br />

⎡ X − X<br />

0<br />

⎤<br />

0<br />

T C<br />

( X ) = ⎢ ⎥ ( 100 C)<br />

⎣ X<br />

100<br />

− X<br />

0 ⎦<br />

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Isso equivale a dividir a escala entre X 0 e X 100 em cem partes iguais, ca<strong>da</strong> subdivisão<br />

correspondendo a 1 0 C , ou seja equivale a dizer que a dilatação <strong>da</strong> coluna de mercúrio é<br />

linear com T(X).<br />

A escala Fahrenheit<br />

A escala Fahrenheit é usa<strong>da</strong> nos Estados Unidos e Inglaterra. Para calibrar este<br />

termômetro na escala Celsius vamos considerar que as temperaturas T(X 1 )=32 0 C e<br />

T(X 2 )=212 0 C são respectivamente o ponto de vapor e o ponto do gelo, e que X 1 e X 2<br />

são os respectivos comprimentos <strong>da</strong> coluna de mercúrio. Desse modo, encontramos que:<br />

0<br />

⎡ X − X<br />

32<br />

⎤<br />

( X ) = 32 F + ⎢ ⎥<br />

⎣ X<br />

212<br />

− X<br />

32 ⎦<br />

( 180 F )<br />

T F<br />

0<br />

Relação entre as escalas Celsius e Fahrenheit<br />

Se considerarmos dois termômetros de mesmo formato, feitos do mesmo material<br />

e calibrados nestas escalas, podemos dizer que quando estiverem medindo a mesma situação,<br />

a coluna terá um tamanho X , e portanto:<br />

ou seja:<br />

ou ain<strong>da</strong>:<br />

T<br />

F<br />

− 32<br />

180<br />

0<br />

0<br />

F<br />

F<br />

T<br />

T<br />

=<br />

100<br />

C<br />

0<br />

C<br />

=<br />

X<br />

⎛ 9 ⎞<br />

= 32 + ⎜ ⎟<br />

⎝ 5 ⎠<br />

F<br />

T C<br />

⎛ 5 ⎞<br />

T C ⎜ ⎟ T<br />

⎝ 9 ⎠<br />

=<br />

F<br />

X − X<br />

Vapor<br />

( − 32)<br />

Gelo<br />

− X<br />

Gelo<br />

A escala Kelvin<br />

Se considerarmos o comportamento de um gás de N moléculas, constata-se experimentalmente<br />

que para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> temperatura:<br />

pV =<br />

N<br />

const<br />

onde p é a pressão do gás e V é o volume ocupado por ele. Esta é a equação dos gases<br />

ideais é comprova-se que ela é váli<strong>da</strong> sempre que a densi<strong>da</strong>de N/V for pequena. A<br />

escala de temperaturas Kelvin é defini<strong>da</strong> de modo que a relação entre a constante e a<br />

temperatura seja de proporcionali<strong>da</strong>de. Em outras palavras, a escala Kelvin é tal que:<br />

pV<br />

N<br />

= k<br />

onde k B é a constante de Boltzmann. Usando o raciocínio anterior, relembramos que a<br />

substância termométrica nesse caso é um gás e a proprie<strong>da</strong>de termométrica é a pressão<br />

desse gás a volume constante. Temos então que:<br />

B<br />

T<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 4


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

T ( X ) = aX<br />

∴<br />

⎡T<br />

( X<br />

T(<br />

X ) = ⎢<br />

⎣ X<br />

0<br />

0<br />

)<br />

⎤<br />

⎥ X<br />

⎦<br />

Considerando o ponto triplo <strong>da</strong> água, escolhemos a temperatura de calibração na<br />

escala Kelvin.<br />

⎛ 273,16 K ⎞<br />

T =<br />

⎜ p<br />

p<br />

⎟<br />

⎝ Tr ⎠<br />

Uma vez calibra<strong>da</strong> a escala obtemos o valor de k B = 1,38x10 -23 J/K . A correspondência<br />

entre as escalas Celsius e Kelvin é tal que:<br />

ou seja:<br />

0 0 C =<br />

100 0 C =<br />

273,16K<br />

373,15K<br />

T K = T C + 273,16<br />

Dilatação térmica<br />

Quando aumentamos a temperatura de um sólido ele se dilata. A dilatação térmica<br />

desse sólido está associa<strong>da</strong> ao aumento <strong>da</strong> distância entre os átomos vizinhos que o<br />

compõe. Poderíamos dizer que a força de interação elétrica entre esses átomos já não é<br />

suficiente para mantê-los tão próximos um dos outros devido a agitação térmica oriun<strong>da</strong><br />

do aumento <strong>da</strong> temperatura.<br />

Consideremos que em uma temperatura<br />

inicial T I um sólido tenha um comprimento<br />

L 0 . Se aumentarmos a temperatura<br />

de ∆T , esse sólido aumentará o seu comprimento<br />

de ∆L . Para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> variação<br />

L 0<br />

L<br />

∆L<br />

de temperatura podemos entender que a<br />

a dilatação do sólido ∆L será proporcional ao seu comprimento inicial L 0 . Para uma variação<br />

de temperatura suficientemente pequena, podemos ain<strong>da</strong> inferir que a dilatação do<br />

sólido ∆L também será proporcional ao aumento <strong>da</strong> temperatura ∆T . Desse modo, podemos<br />

resumir, como:<br />

∆L = α L 0 ∆T<br />

onde a constante de proporcionali<strong>da</strong>de α é chama<strong>da</strong> de coeficiente de dilatação linear<br />

do material considerado. Como<br />

∆L = L – L 0<br />

L = L 0 ( 1 + α ∆T )<br />

Para muitos sólidos os coeficientes de dilatação<br />

é o mesmo nas suas diversas dimensões. Dizemos<br />

que eles têm uma dilatação isotrópica. Vamos<br />

considerar que uma chapa plana tenha dimensões L 01<br />

e L 02 para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> temperatura inicial. Quando variamos<br />

a temperatura de ∆T as dimensões se alteram<br />

para L 1 e L 2 conforme a figura ao lado. Considerando<br />

que os coeficiente de dilatação são os mesmos nas<br />

duas dimensões, teremos que:<br />

L 01<br />

L 02<br />

L 1 = L 01 ( 1 + α ∆T )<br />

L 2 = L 02 ( 1 + α ∆T )<br />

L 1<br />

L 2<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 5


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

As áreas inicial e final podem ser defini<strong>da</strong>s como:<br />

e<br />

ou seja:<br />

A 0 = L 01 L 02<br />

A = L 1 L 2<br />

A =[ L 01 ( 1 + α ∆T )] [ L 02 ( 1 + α ∆T )]<br />

A = A 0 [ 1 + 2 α ∆T + (α ∆T) 2 ]<br />

A aproximação <strong>da</strong> dilatação térmica ∆L = α L 0 ∆T é váli<strong>da</strong> apenas igualmente para<br />

todos os materiais apenas em circunstâncias restritas, ou seja quando α ∆T > (α ∆T) 2<br />

ou seja:<br />

A = A 0 [ 1 + 2 α ∆T]<br />

Quando li<strong>da</strong>mos com dilatação volumétrica de sólidos, podemos usar um raciocínio<br />

similar e encontrar que:<br />

V = V 0 [ 1 + 3 α ∆T]<br />

Em sólidos isotrópicos o coeficiente de dilatação superficial é definido como γ = 2α<br />

e o coeficiente de dilatação volumétrica é definido como β = 3α .<br />

<strong>Calor</strong><br />

No final do século XVIII, existiam duas hipóteses alternativas sobre o calor. A hipótese<br />

mais aceita considerava o calor como uma substância flui<strong>da</strong> indestrutível que<br />

“preencheria os poros” dos corpos e escoaria de um corpo mais quente a um mais frio.<br />

Lavoisier chamou esta substância hipotética de “calórico”. A implicação era que o calor<br />

pode ser transferido de um corpo a outro, mas a quanti<strong>da</strong>de total de “calórico” se conservaria,<br />

ou seja, existiria uma lei de conservação de calor.<br />

A hipótese rival, endossa<strong>da</strong> entre outros por Francis Bacon e Robert Hooke, foi assim<br />

expressa por Newton em 1704: “O calor consiste num minúsculo movimento de vibração<br />

<strong>da</strong>s partículas dos corpos”.<br />

A principal dificul<strong>da</strong>de estava na “lei de conservação do calórico”, pois a quanti<strong>da</strong>de<br />

de calórico que podia ser “espremi<strong>da</strong> para fora” de um corpo por atrito era ilimita<strong>da</strong>. Com<br />

efeito, em 1798, Rumford escreveu: “Foi por acaso que me vi levado a realizar as experiências<br />

que vou relatar agora...Estando ocupado ultimamente em supervisionar a perfuração<br />

de canhões nas oficinas do arsenal militar de Munique, chamou-me a atenção o elevado<br />

grau de aquecimento de um canhão de bronze, atingido em tempos muito curtos,<br />

durante o processo de perfuração...A fonte de calor gerado por atrito nestas experiências<br />

parece ser inesgotável ... e me parece extremamente difícil de conceber qualquer coisa<br />

capaz de ser produzi<strong>da</strong> ou transmiti<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma como o calor o era nestas experiências,<br />

exceto o MOVIMENTO.<br />

Rumford foi levado a endossar a teoria alternativa de que “...o calor não passa de<br />

um movimento vibratório que tem lugar entre as partículas do corpo”.<br />

H. Moysés Nussenzveig<br />

Curso de Física Básica – Vol2 – 4 a . edição<br />

Editora Edgard Blücher Lt<strong>da</strong>.<br />

São Paulo - 2002<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 6


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Um olhar mais de perto no <strong>Calor</strong> e Trabalho<br />

<strong>Calor</strong> Q é energia em trânsito de um corpo para outro devido à diferença de temperatura<br />

entre eles.<br />

Trabalho W é a energia que é transferi<strong>da</strong> de um sistema para outro de tal modo<br />

que a diferença de temperaturas não esteja envolvi<strong>da</strong>.<br />

As grandezas Q e W não são características do estado de equilíbrio do sistema,<br />

mas sim dos processos termodinâmicos pelos quais o sistema passa quando vai de um<br />

estado de equilíbrio para outro. Desse modo, se um sistema vai de um estado de equilíbrio<br />

inicial para um outro estado de equilíbrio final, por dois caminhos diversos, para ca<strong>da</strong><br />

caminho ele terá um valor de Q e W específico.<br />

Q e W são definidos como:<br />

Q = calor transferido para o sistema<br />

W = trabalho realizado pelo sistema<br />

De modo geral, nós separamos uma certa quanti<strong>da</strong>de de material que desejamos<br />

analisar. A esse material chamamos de sistema, que pode estar isolado (ou não) <strong>da</strong> sua<br />

vizinhança. A interação com a vizinhança pode ser de vários tipos: trocando calor, trocando<br />

trabalho, ou ambos os casos simultaneamente.<br />

Um sistema sofre transformações que o levarão de um estado de equilíbrio inicial a<br />

um estado final, através de diversos estados intermediários. O caminho entre os estados<br />

inicial e final, através dos estados intermediários se dá por causa <strong>da</strong> interação do sistema<br />

com a sua vizinhança.<br />

Para exemplificar, calculemos o trabalho<br />

feito por um sistema formado por um<br />

gás isolado no interior de um pistão, cujo<br />

êmbolo pode movimentar-se livremente sem<br />

atrito. Considere que inicialmente o êmbolo<br />

estava preso e continha um volume V i ,<br />

após ser solto ele moveu-se e o volume<br />

V f<br />

passou a ser V f , quando então ele tornou a V i<br />

ser preso. O êmbolo subiu como consequência<br />

<strong>da</strong> pressão p exerci<strong>da</strong> pelo gás. O<br />

trabalho elementar feito por esse sistema é<br />

definido como:<br />

dW = F dx = p A dx<br />

ou seja: quando o êmbolo moveu-se de dx , sob a ação de uma pressão interna p , o<br />

sistema executou um trabalho dW . A área do êmbolo é A , <strong>da</strong>í a variação de volume<br />

associa<strong>da</strong> a dx é igual a dV = A dx , e portanto:<br />

dW = p dV<br />

O trabalho total executado pelo sistema<br />

entre os estados inicial e final, é definido<br />

como:<br />

W<br />

if<br />

=<br />

f<br />

∫<br />

i<br />

p dV<br />

e considerando a definição de integral, temos<br />

que esse trabalho será a área abaixo<br />

<strong>da</strong> curva que vai do estado inicial até o estado<br />

final.<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 7<br />

p<br />

p i<br />

i<br />

p f a f<br />

V i V f V


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Como já tínhamos antecipado o valor do trabalho associado á mu<strong>da</strong>nça de estado<br />

do sistema não é único. Quando o sistema for do estado inicial até o final através do estado<br />

dos percursos ia e af o trabalho associado a esse percurso será diferente <strong>da</strong>quele<br />

considerado inicialmente.<br />

A absorção de <strong>Calor</strong><br />

Quando uma certa quanti<strong>da</strong>de de calor é transmiti<strong>da</strong> para um corpo, na maioria dos<br />

casos a sua temperatura cresce. A quanti<strong>da</strong>de de calor necessária para aumentar de um<br />

certo valor a temperatura de uma substância, depende <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de dessa substância, e<br />

varia de acordo com a substância. Se foi necessário 3min para ferver 1litro de água<br />

numa certa chama, serão necessários 6min para ferver 2litros de água na mesma chama.<br />

Se no entanto formos aquecer 1litro azeite na mesma chama, será necessário um<br />

tempo maior que 3min.<br />

A proprie<strong>da</strong>de física que define a quanti<strong>da</strong>de de calor Q necessária para aquecer<br />

determinado material de ∆T é chama<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de térmica, e é defini<strong>da</strong> como:<br />

Q = C . ∆T<br />

Desse modo poderemos calcular a capaci<strong>da</strong>de térmica de 1litro de água, de<br />

2litros de água, de 1litro azeite e etc. A capaci<strong>da</strong>de térmica é uma característica de uma<br />

amostra de determina<strong>da</strong> substância. Outra amostra diferente dessa mesma substância<br />

terá uma capaci<strong>da</strong>de térmica diferente.<br />

Fica claro que são limita<strong>da</strong>s as vantagens dessa proprie<strong>da</strong>de física, a capaci<strong>da</strong>de<br />

térmica. Mas à partir dela, definiu-se uma outra proprie<strong>da</strong>de chama<strong>da</strong> calor específico c ,<br />

que é uma característica de ca<strong>da</strong> substância.<br />

A proprie<strong>da</strong>de física que define a quanti<strong>da</strong>de de calor Q necessária para aquecer<br />

de ∆T uma massa m de determinado material é chama<strong>da</strong> calor específico, e é defini<strong>da</strong><br />

como:<br />

Q = m . c . ∆T<br />

Como foi mencionado, calor é uma forma de energia e portanto a uni<strong>da</strong>de de calor<br />

é a mesma de energia. Mas por razões históricas, ain<strong>da</strong> se usa como uni<strong>da</strong>de de calor a<br />

caloria ou cal, que se define como a quanti<strong>da</strong>de de calor necessária para aquecer 1g<br />

de água de 14,5 0 C até 15,5 0 C. Desse modo, a uni<strong>da</strong>de do calor específico será cal/g. 0 C.<br />

Como foi mencionado, uma substância altera a sua temperatura quando ela troca<br />

calor com a sua vizinhança. No entanto, existem algumas situações onde não acontece<br />

exatamente desse modo; um corpo pode absorver certa quanti<strong>da</strong>de de calor e no entanto<br />

manter-se com a sua temperatura constante. Quando isso acontece, diz-se que o corpo<br />

passou por uma mu<strong>da</strong>nça de fase. Existe um exemplo corriqueiro: uma pedra de gelo<br />

numa temperatura de 0 0 C é retira<strong>da</strong> do congelado e coloca<strong>da</strong> dentro de um copo na<br />

temperatura ambiente de 30 0 C . Esse material irá absorver calor <strong>da</strong> sua vizinhança e<br />

paulatinamente transformar-se-á em água a uma temperatura de 0 0 C .<br />

A proprie<strong>da</strong>de física que define a quanti<strong>da</strong>de de calor Q necessária para uma mu<strong>da</strong>nça<br />

de fase de uma massa m de determina<strong>da</strong> substância é chama<strong>da</strong> calor latente, e é<br />

defini<strong>da</strong> como:<br />

Q = m L<br />

Quando estamos considerando a mu<strong>da</strong>nça do estado sólido para o estado líquido,<br />

chamamos de calor latente de fusão L F , e quando estamos considerando a mu<strong>da</strong>nça do<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 8


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

estado líquido para o estado gasoso, chamamos de calor latente de vaporização L V . A<br />

uni<strong>da</strong>de do calor latente é cal/g .<br />

<strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica<br />

Quando um sistema termodinâmico<br />

vai de um estado inicial i para um estado p<br />

final f , ele pode fazer este “caminho” através<br />

de vários “percursos”. Na figura ao lado<br />

estão ilustrados dois “percursos” ; diretamente<br />

p i i<br />

ao longo <strong>da</strong> curva - (1) ou ao pas-<br />

sando pelo estado a – (2) . em ca<strong>da</strong> percurso<br />

o trabalho executado pelo sistema p f a f<br />

tem um resultado diferente. Por outro lado,<br />

a troca do o sistema com a sua vizinhança<br />

também é diferente em ca<strong>da</strong> um dos dois<br />

V i V f V<br />

percursos.<br />

Define-se uma grandeza, chama<strong>da</strong> energia interna E , caracteriza<strong>da</strong> pelos diversos<br />

tipos de energia possíveis de existir em uma substância quando ela está em determinado<br />

estado.<br />

Se tivéssemos um gás diatômico, a energia interna desse gás em determinado estado<br />

teria uma parte associa<strong>da</strong> ao seu movimento (energia cinética de translação), outra<br />

parte associa<strong>da</strong> a rotação de um átomo em torno do outro (energia cinética de rotação),<br />

outra parte associa<strong>da</strong> à oscilação de um átomo em relação ao outro (energia potencial<br />

elástica), e outros tipos de energia, de acordo com o modelo usado para descrever a molécula<br />

e o gás a que ela pertence.<br />

No caso, mais simples, de um gás ideal monoatômico, a energia interna depende<br />

apenas do movimento dos átomos.<br />

A diferença de energia interna entre os estados inicial e final ∆E Int = E F - E I é uma<br />

grandeza de grande importância na termodinâmica, porque independente do percurso<br />

usado para ir de um estado para o outro, teremos sempre que:<br />

∆E Int = Q IF – W IF = Q IAF – W IAF<br />

onde podemos definir a <strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica como:<br />

∆E Int = Q - W<br />

A diferença entre a quanti<strong>da</strong>de de calor Q e o trabalho envolvidos em um percurso<br />

entre os estados inicial e final, depende apenas dos estados, e fornece o mesmo valor<br />

independente do percurso escolhido.<br />

Alguns casos específicos <strong>da</strong> <strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica<br />

Processos adiabáticos<br />

É um processo em que não existe troca de calor entre o sistema e a sua vizinhança,<br />

ou seja: o sistema está muito bem isolado termicamente. Na Natureza existem processos<br />

que podemos aproximar como adiabáticos. São aqueles que ocorrem tão<br />

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Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

rapi<strong>da</strong>mente que o sistema chega ao seu estado final antes que possa trocar calos com a<br />

vizinhança. Num processo adiabático, Q = 0 e de acordo com a <strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica:<br />

∆E Int = - W<br />

Processos a volume constante<br />

São os chamados processos isométricos.<br />

Usando a definição de trabalho executado<br />

pelo sistema entre os estados inicial e<br />

final, encontramos que:<br />

f<br />

∫<br />

W = p dV = 0<br />

if<br />

i<br />

porque não aconteceu variação de volume.<br />

Através <strong>da</strong> <strong>Primeira</strong> <strong>Lei</strong> <strong>da</strong> Termodinâmica<br />

encontramos que:<br />

∆E Int = Q<br />

p<br />

p i<br />

p f<br />

f<br />

i<br />

V i = V f<br />

V<br />

Processos cíclicos<br />

Num processo cíclico o sistema passa por várias transformações, mas ao final do<br />

processo ele retorna ao estado inicial. Desse modo, temos que E I = E F e portanto não<br />

existe variação de energia interna, logo:<br />

Q = W<br />

Mecanismos de transferência de <strong>Calor</strong><br />

A transferência de calor de um ponto a outro de um meio se dá através de três processos<br />

diferentes: convecção, radiação e condução.<br />

A convecção ocorre tipicamente num fluido, e se caracteriza pelo fato de que o calor<br />

é transferido pelo movimento do próprio fluido, que constitui uma corrente de convecção.<br />

Um fluido aquecido localmente em geral diminui de densi<strong>da</strong>de e por conseguinte<br />

tende a subir sob o efeito gravitacional, sendo substituído por um fluido mais frio, o que<br />

gera naturalmente correntes de convecção. O borbulhar <strong>da</strong> água fervente em uma panela<br />

é o resultado de correntes de convecção.<br />

A radiação transfere calor de um ponto a outro através <strong>da</strong> radiação eletromagnética.<br />

A radiação térmica é emiti<strong>da</strong> de um corpo aquecido e ao ser absorvi<strong>da</strong> por outro corpo<br />

pode aquecê-lo, convertendo-se em calor. O aquecimento solar é uma forma de aproveitamento<br />

<strong>da</strong> radiação solar para a produção de calor. Um ferro em brasa emite radiação<br />

térmica e aquece a região que o rodeia.<br />

A condução de calor só pode acontecer através de um meio material, sem que haja<br />

movimento do próprio meio. Ocorre tanto em fluidos quanto em meios sólidos sob o efeito<br />

de diferenças de temperatura.<br />

H. Moysés Nussenzveig<br />

Curso de Física Básica – Vol2 – 4 a . edição<br />

Editora Edgard Blücher Lt<strong>da</strong>.<br />

São Paulo – 2002<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 10


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Quando colocamos uma panela com água no fogo, ele começa a aquecer a água.<br />

Esse processo inicial de aquecimento se dá por condução de calor, e a parte na superfície<br />

<strong>da</strong> água vai sendo aqueci<strong>da</strong> paulatinamente. No entanto a taxa de aquecimento <strong>da</strong> água<br />

no fundo <strong>da</strong> panela é maior do que a taxa de aquecimento <strong>da</strong> água na superfície. A água<br />

entre o fundo e a superfície não dá conta <strong>da</strong> condução do calor que é comunicado através<br />

do fogo. Começam a se formar no fundo bolsões de água mais quentes que a vizinhança,<br />

e esses bolsões começam a subir para a superfície. Nesse instante a convecção passa a<br />

ser o processo principal de condução de calor na panela. E isso acontece por causa <strong>da</strong><br />

incapaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água conduzir calor de maneira adequa<strong>da</strong> nesta panela sobre o fogo.<br />

Condução<br />

Consideremos dois reservatórios térmicos<br />

que estão a temperaturas diferentes<br />

L<br />

T Q e T F , tais que T Q > T F . Estes dois reservatórios<br />

serão conectados por uma placa de<br />

área transversal A e comprimento L ,<br />

conforme mostra a figura ao lado. Vamos<br />

supor que a placa está isola<strong>da</strong> <strong>da</strong>s vizinhanças,<br />

de modo que através dela passa<br />

apenas o fluxo de calor entre os reservatórios.<br />

x<br />

Intuitivamente pode-se perceber que a<br />

taxa de transferência de calor dQ/dt que<br />

flui através <strong>da</strong> placa é proporcional à sua Reservatório quente Reservatório frio<br />

área e a diferença de temperatura entre os<br />

T Q<br />

T F<br />

reservatórios de calor, e inversamente proporcional<br />

T Q > T F<br />

ao seu comprimento. Ou seja:<br />

dQ TQ TF<br />

= kA<br />

dt L<br />

onde a constante de proporcionali<strong>da</strong>de k é conheci<strong>da</strong> como condutivi<strong>da</strong>de térmica <strong>da</strong><br />

barra. Se considerarmos uma placa de comprimento ∆x , que una dois reservatórios que<br />

têm uma diferença de temperatura ∆T , encontraremos que:<br />

dQ<br />

dt<br />

∆T<br />

= −kA<br />

∆x<br />

onde o sinal negativo exprime o fato que o calor flui de temperaturas mais quentes para<br />

temperaturas mais frias. Quando tivermos ∆x → 0 , encontraremos que:<br />

dQ<br />

dt<br />

= − kA<br />

No estado estacionário, a temperatura na barra não depende mais do tempo t , e o<br />

fluxo de calor é o mesmo em qualquer parte <strong>da</strong> barra. Desse modo dQ/dt é uma constante,<br />

e a equação anterior toma a forma:<br />

dT<br />

dx<br />

Ρ = −kA<br />

dT<br />

dx<br />

⇒<br />

dT<br />

Ρ<br />

= − dx<br />

kA<br />

∴<br />

T<br />

F<br />

−T<br />

Q<br />

Ρ<br />

= −<br />

kA<br />

( x − x )<br />

F<br />

Q<br />

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ou seja:<br />

logo:<br />

Ρ =<br />

dQ<br />

dt<br />

∆T<br />

=<br />

∆T<br />

= kA<br />

L<br />

Ρ<br />

L<br />

kA<br />

T<br />

= kA<br />

T<br />

L<br />

Q −<br />

e desse modo poderemos calcular o fluxo<br />

de calor através <strong>da</strong> placa. Se quisermos<br />

saber como varia a temperatura ao longo <strong>da</strong><br />

barra, podemos usar que:<br />

Ρ<br />

Ρ<br />

dT = − dx ⇒ T(<br />

x)<br />

= − x +<br />

kA<br />

kA<br />

F<br />

T Q<br />

T Q<br />

T Q<br />

T<br />

L<br />

T F<br />

x<br />

⎛T<br />

) =<br />

⎜<br />

⎝<br />

−T<br />

F Q<br />

T x<br />

x +<br />

(<br />

L<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

T<br />

Q<br />

T F<br />

L x<br />

Condução através de uma parede composta<br />

Consideremos dois reservatórios térmicos<br />

que estão a temperaturas diferentes T Q<br />

L 2 L 1<br />

e T F , tais que T Q > T F . Estes dois reservatórios<br />

serão conectados por duas placas de<br />

mesma área transversal A ; comprimentos<br />

L 1 e L 2 e condutivi<strong>da</strong>des térmicas k 1 e k 2<br />

respectivamente , conforme mostra a figura<br />

ao lado.<br />

Encontre a temperatura na junção<br />

x<br />

<strong>da</strong>s placas o fluxo de calor através delas.<br />

O fluxo de calor que sair <strong>da</strong> fonte Reservatório quente Reservatório frio<br />

quente e atravessar a primeira placa, será o<br />

T Q<br />

T F<br />

mesmo que irá atravessar a segun<strong>da</strong> placa<br />

T Q > T F<br />

e chegar até a fonte fria. Portanto o fluxo Ρ 1<br />

que atravessa a primeira placa é igual ao<br />

T<br />

fluxo Ρ 2 que atravessa a segun<strong>da</strong> placa<br />

T Q<br />

dQ dQ dQ<br />

T X<br />

=<br />

1 =<br />

2<br />

dt dt dt<br />

T<br />

Mas<br />

F<br />

dQ dT<br />

Ρ = = − kA<br />

L 2 L 1 +L 2 x<br />

dt dx<br />

⎧ dT<br />

TQ<br />

−T<br />

X<br />

⎪ Ρ1<br />

= −k1A<br />

∴ Ρ1<br />

= k1A<br />

⎪<br />

dx<br />

L2<br />

⎨<br />

⎪ dT<br />

T<br />

X<br />

−TF<br />

⎪Ρ2<br />

= −k<br />

2<br />

A ∴ Ρ2<br />

= k<br />

2<br />

A<br />

⎩ dx<br />

L1<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 12


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

No entanto<br />

ou seja:<br />

Ρ<br />

1<br />

= Ρ<br />

2<br />

⇒<br />

T<br />

k A<br />

2<br />

Q<br />

−T<br />

L<br />

2<br />

X<br />

T<br />

= k A<br />

1<br />

X<br />

−T<br />

L<br />

1<br />

F<br />

T<br />

X<br />

T X ( L 2 k 1 + L 1 k 2 ) = T Q L 1 k 2 + T F L 2 k 1<br />

⎟ ⎟ ⎠<br />

TQL1k<br />

=<br />

L k<br />

2<br />

2<br />

1<br />

+ T L<br />

F<br />

+ L k<br />

1<br />

2<br />

2<br />

k<br />

1<br />

=<br />

⎛ k<br />

L<br />

⎜<br />

1L2<br />

TQ<br />

⎝ L<br />

⎛ k<br />

L<br />

⎜<br />

1L2<br />

⎝ L<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

+ T<br />

F<br />

k<br />

+<br />

L<br />

1<br />

1<br />

k<br />

L<br />

⎞<br />

1<br />

1<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Por outro lado:<br />

ou seja:<br />

e finalmente:<br />

dQ<br />

dt<br />

T<br />

X<br />

T<br />

=<br />

Q<br />

k<br />

L<br />

k<br />

L<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

+ T<br />

F<br />

k<br />

+<br />

L<br />

1<br />

1<br />

k<br />

L<br />

dQ dQ dQ<br />

=<br />

1 =<br />

2<br />

dt dt dt<br />

⎡⎛<br />

⎢⎜T<br />

k1A<br />

= ⎢⎜<br />

L ⎢⎜<br />

1<br />

⎢⎜<br />

⎣⎝<br />

1<br />

1<br />

+ T<br />

k<br />

+<br />

L<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎟<br />

−T<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

1<br />

Q<br />

F<br />

k1A<br />

L2<br />

L1<br />

= ( T<br />

X<br />

−TF<br />

)<br />

F<br />

L<br />

k<br />

1<br />

2 1<br />

dQ<br />

dt<br />

A T<br />

=<br />

L2<br />

k<br />

k<br />

L<br />

2<br />

( −T<br />

)<br />

2<br />

Q<br />

L<br />

+<br />

k<br />

1<br />

1<br />

F<br />

1<br />

k<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

Radiação<br />

A taxa Ρ com que um objeto emite radiação depende <strong>da</strong> área A <strong>da</strong> superfície<br />

deste objeto e <strong>da</strong> temperatura T dessa área em Kelvins, e é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

Ρ = σ ε A T 4<br />

Nesta equação σ = 5,67x10 -8 W/m 2 K 4 é chama<strong>da</strong> a constante de Stefan-Boltzmann. E a<br />

grandeza ε é a emissivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> superfície do objeto que vale entre 0 e 1 dependendo<br />

<strong>da</strong> composição <strong>da</strong> superfície.<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 13


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Solução de alguns problemas<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

03 Um certo termômetro a gás é construído com dois bulbos contendo gás, ca<strong>da</strong> um dos<br />

quais é colocado em banho-maria, como mostrado na figura à seguir. A diferença de<br />

pressão entre os dois bulbos é medi<strong>da</strong> por um manômetro de mercúrio como mostrado.<br />

Reservatórios apropriados, não mostrados no diagrama, mantêm o volume de<br />

gás constante nos dois bulbos.<br />

i. Não há nenhuma diferença de pressão<br />

quando as duas cubas estão no ponto<br />

tríplice <strong>da</strong> água.<br />

ii. A diferença de pressão é de 120Torr<br />

quando uma <strong>da</strong>s cubas está no ponto<br />

tríplice e a outra está no ponto de ebulição<br />

<strong>da</strong> água.<br />

iii. Ela vale 90Torr quando uma <strong>da</strong>s cubas<br />

está no ponto tríplice <strong>da</strong> água e a outra<br />

está a uma temperatura desconheci<strong>da</strong> a<br />

ser medi<strong>da</strong>.<br />

Qual a temperatura a ser medi<strong>da</strong>?<br />

1Torr = 1mmHg<br />

i.<br />

Esse termômetro será construído considerando-se que um dos bulbos estará na<br />

temperatura do ponto triplo e o outro numa temperatura desconheci<strong>da</strong>, a ser medi<strong>da</strong>.<br />

A diferença de pressão ∆p é a proprie<strong>da</strong>de termométrica a ser usa<strong>da</strong> neste termômetro,<br />

logo:<br />

T = a ∆p + b<br />

Quando o segundo bulbo também estiver na temperatura do ponto triplo, teremos<br />

que:<br />

T Tr = a . 0 + b ∴ b = T Tr<br />

ii. Quando o segundo bulbo estiver no ponto de ebulição, teremos que:<br />

T Eb = a . p 1 + b ; p 1 = 120Torr<br />

ou seja:<br />

TEb<br />

− b<br />

a = ∴<br />

p<br />

T<br />

a =<br />

Eb<br />

1<br />

p 1<br />

⎛T<br />

=<br />

⎜<br />

⎝<br />

−T<br />

p<br />

Eb Tr<br />

T ∆ +<br />

p<br />

1<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

T<br />

−T<br />

Tr<br />

Tr<br />

iii. Para a temperatura desconheci<strong>da</strong> teremos que:<br />

ou seja:<br />

T = a . p 2 + b ; p 2 = 90Torr<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 14


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

⎛T<br />

⎜<br />

⎝<br />

−T<br />

Eb Tr<br />

T = p2<br />

+<br />

p<br />

1<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

T<br />

Tr<br />

T<br />

=<br />

90Torr<br />

120Torr<br />

( 373 ,16K<br />

− 273,16K<br />

) + 273, 16<br />

T = 348,16K<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

05 A que temperatura os seguintes pares de escala possuem a mesma leitura, se isto<br />

acontecer:<br />

a) Fahrenheit e Celsius.<br />

A relação entre estas escalas é:<br />

⎛ 5 ⎞<br />

T C ⎜ ⎟ T<br />

⎝ 9 ⎠<br />

=<br />

F<br />

( − 32)<br />

e portanto teremos mesma leitura T 0 quando:<br />

ou seja:<br />

b) Fahrenheit e Kelvin.<br />

Temos que<br />

T<br />

⎛ 5 ⎞<br />

= ⎜ ⎟ T<br />

⎝ 9 ⎠<br />

( 32)<br />

0 0<br />

−<br />

T 0 = - 40 0 C = - 40 0 F<br />

⎛ 5 ⎞<br />

T C<br />

= ⎜ ⎟( TF<br />

− 32)<br />

⎝ 9 ⎠<br />

e<br />

T K = T C + 273,16<br />

ou seja:<br />

⎛ 5 ⎞<br />

T K<br />

= 273,16<br />

+ ⎜ ⎟ TF<br />

−<br />

⎝ 9 ⎠<br />

e portanto teremos mesma leitura T 0 quando:<br />

⎛ 5 ⎞<br />

T0 = 273,16<br />

+ ⎜ ⎟( T0<br />

− 32)<br />

⎝ 9 ⎠<br />

ou seja:<br />

T 0 = 574,61 0 F = 574,61K<br />

c) Celsius e Kelvin<br />

A relação entre estas escalas é:<br />

T K = T C + 273,16<br />

( 32)<br />

e como é uma relação aditiva, não existe a possibili<strong>da</strong>de de termos as mesmas<br />

leituras nas duas escalas.<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 15


Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

07 Observa-se no dia-a-dia que objetos quentes e frios se esfriam o aquecem até a<br />

temperatura do ambiente ao seu redor. Se a diferença de temperatura ∆T ente um<br />

objeto e o seu ambiente (∆T = T Obj – T Amb ) não for muito grande, a taxa de resfriamento<br />

ou de aquecimento de um objeto é proporcional, aproxima<strong>da</strong>mente, a essa<br />

diferença de temperatura; ou seja:<br />

d( ∆T<br />

)<br />

= −A( ∆T<br />

)<br />

dt<br />

onde A é constante. O sinal negativo aparece porque ∆T diminui com o tempo se<br />

∆T for positivo e aumenta com o tempo se ∆T for negativo. Essa equação é conheci<strong>da</strong><br />

como a <strong>Lei</strong> de resfriamento de Newton.<br />

a) De que fatores depende A ? Qual é a sua uni<strong>da</strong>de?<br />

A depende principalmente <strong>da</strong> condutivi<strong>da</strong>de térmica do objeto. O lado esquerdo<br />

<strong>da</strong> equação tem uni<strong>da</strong>des de temperatura sobre tempo, e desse modo, a uni<strong>da</strong>de<br />

de A é o inverso de tempo: s -1 .<br />

b) Se em algum instante t = 0 a diferença de temperatura for ∆T 0 , mostre que em<br />

um instante posterior ela será<br />

∆T = ∆T 0 e – A t<br />

Da equação diferencial, encontramos que:<br />

e quando integramos:<br />

ou seja<br />

ln<br />

( ∆T<br />

)<br />

d<br />

∆T<br />

= −A dt<br />

( ∆T ) = −At<br />

+ c1<br />

c1<br />

−At<br />

∆T(<br />

t)<br />

= e e = c2<br />

e<br />

−At<br />

Considerando as condições iniciais:<br />

chegamos a:<br />

∆T( 0) = c = ∆T<br />

2<br />

∆T = ∆T 0 e – A t<br />

0<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

09 Suponha que em uma escala linear de temperatura X , a água ferva a -53,5 0 X e se<br />

congele a -170 0 X . Qual a temperatura de 340K na escala X ?<br />

Vamos supor que a relação entre a escala X e a escala Kelvin seja linear, ou seja:<br />

e ain<strong>da</strong> temos que:<br />

X(K) = a . K + b<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 16


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Desse modo:<br />

logo:<br />

ou seja:<br />

E ain<strong>da</strong>:<br />

Portanto:<br />

X<br />

1<br />

− X<br />

2<br />

X<br />

K<br />

T 1 -53,5 0 X 373,16K<br />

T 2 -170,0 0 X 273,16K<br />

= a<br />

( K − K )<br />

1<br />

2<br />

X 1 = a K 1 + b<br />

X 2 = a K 2 + b<br />

∴<br />

X<br />

a =<br />

K<br />

1<br />

1<br />

− X<br />

− K<br />

a = 1,165 0 X/K<br />

b = X 1 – a K 1 = - 488,045 0 X<br />

X(K) = 1,165 . K – 488,045<br />

2<br />

2<br />

− 53,5 − 170,0<br />

=<br />

373,16 − 273,16<br />

Quando a temperatura T 0 = 340K , usando essa relação anterior, encontramos<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

T 0 = - 91,945 0 X<br />

16 A área S de uma placa retangular é ab .O seu coeficiente de expansão linear é α .<br />

Após um aumento de temperatura ∆T , o lado a aumenta de ∆a e o lado b aumenta<br />

de ∆b . Mostre que se a pequena quanti<strong>da</strong>de (∆a ∆b)/ab for despreza<strong>da</strong>,<br />

então ∆S = 2 α S ∆T .<br />

∆a = α a ∆T<br />

e<br />

a ∆a<br />

∆b = α b ∆T<br />

S = a b<br />

S + ∆S = ( a + ∆a) ( b + ∆b)<br />

S + ∆S = a b + a ∆b + b ∆a + ∆a ∆b<br />

b<br />

∆b<br />

Considerando que:<br />

teremos<br />

S + ∆S = a b + 2 ab α ∆T + a b (α ∆T) 2<br />

2 α ∆T >> (α ∆T) 2<br />

∆S = 2 α S ∆T<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

18 A 20 0 C , uma haste mede exatamente 20,05cm de comprimento em uma régua de<br />

aço. Tanto a haste quanto a régua são coloca<strong>da</strong>s em um forno a 270 0 C , onde a<br />

haste passa a medir 20,11cm na mesma régua.<br />

Qual o coeficiente de expansão térmica para o material do qual é feita a haste?<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 17


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

T i = 20 0 C<br />

T f = 270 0 C<br />

∆T = 250 0 C<br />

L 0 = 20,05cm<br />

L’ = 20,11cm<br />

α A = 11x10 -6 0 C -1<br />

L 0<br />

l 0<br />

L’<br />

Se tivéssemos duas réguas idênticas de aço,<br />

uma a uma temperatura de 20 0 C e a outra a<br />

uma temperatura de 270 0 C , gradua<strong>da</strong>s em<br />

cm , teríamos que l 0 a 20 0 C e l a 270 0 C<br />

se relacionam <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

l<br />

l<br />

= l<br />

0<br />

(1 + α A<br />

∆T<br />

) ⇒ = 1+<br />

α<br />

A∆T<br />

= 1,00275<br />

l<br />

0<br />

l<br />

ou seja: a gra<strong>da</strong>ção dilatou-se de 0,275% e consequentemente as medi<strong>da</strong>s efetua<strong>da</strong>s<br />

deverão ser altera<strong>da</strong>s desta fração. A gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> régua sofreu uma variação<br />

percentual igual a variação percentual <strong>da</strong> régua como um todo. Desse modo, deveríamos<br />

fazer uma correção na medi<strong>da</strong> L’ realiza<strong>da</strong> pela régua dilata<strong>da</strong>:<br />

⎛ l ⎞<br />

L =<br />

⎜ L'<br />

= (1,00275).(20,11) ⇒ L = 20, 165cm<br />

l<br />

⎟<br />

⎝ 0 ⎠<br />

O comprimento <strong>da</strong> haste dilata<strong>da</strong> L , medido pela régua não dilata<strong>da</strong> ( a 20 0 C )<br />

forneceria o resultado L 0 :<br />

Como queremos saber o quanto a haste se dilatou, devemos fazer as medi<strong>da</strong>s<br />

antes e depois <strong>da</strong> dilatação com um instrumento que não se dilatou. Devemos usar L<br />

como sendo o comprimento <strong>da</strong> haste medido por uma régua que não sofreu dilatação,<br />

logo:<br />

L − L0<br />

L = L0 ( 1+<br />

α<br />

H<br />

∆T<br />

) ∴ α<br />

B<br />

=<br />

L0∆T<br />

ou seja:<br />

α H = 23x10 -6 0 C -1<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

21 Mostre que quando a temperatura de um líquido em um barômetro varia de ∆T e a<br />

pressão é constante, a altura h do líquido varia de ∆h = β h ∆T onde β é o coeficiente<br />

de expansão volumétrica deste líquido. Despreze a expansão do tubo de vidro.<br />

Vamos considerar que o líquido se expande de acordo<br />

com a equação:<br />

V = V 0 ( 1 + β ∆T )<br />

∆h<br />

Mas como o tubo de vidro do barômetro tem uma dilatação<br />

desprezível, o líquido só poderá expandir-se ao<br />

longo do comprimento do tubo, que está vazio. Desse<br />

modo, temos que:<br />

V 0 = A 0 h 0 e V = A 0 h<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 18


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

ou seja:<br />

Mas por outro lado:<br />

Portanto:<br />

V – V 0 = ( h – h 0 ) A 0 = ∆h A 0<br />

V – V 0 = V 0 β ∆T = β h 0 A 0 ∆T<br />

∆h = h 0 β ∆T<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

22 Quando a temperatura de uma moe<strong>da</strong> de cobre é eleva<strong>da</strong> de 100 0 C o seu diâmetro<br />

aumenta de 0,18% . Calcule com dois algarismos significativos:<br />

∆T = 100 0 C<br />

logo<br />

d<br />

⎛ ∆d<br />

⎞<br />

⎛ ∆d<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟%<br />

= 0,18% ∴<br />

⎜<br />

⎟ = 0,0018<br />

⎝ d<br />

0 ⎠<br />

⎝ d<br />

0 ⎠<br />

d − d ∆d<br />

= d<br />

T<br />

d d<br />

0<br />

( 1+<br />

α∆T<br />

) ∴ = = α∆<br />

0, 0018<br />

0<br />

=<br />

0<br />

0<br />

a) O aumento percentual <strong>da</strong> área de uma face.<br />

logo:<br />

A − A ∆A<br />

A = A<br />

T<br />

A A<br />

0<br />

( 1+<br />

γ∆T<br />

) ∴ = = γ∆T<br />

= 2α∆<br />

0, 0036<br />

0<br />

=<br />

0<br />

⎛ ∆A<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟%<br />

= 0,36%<br />

⎝ A0<br />

⎠<br />

0<br />

b) O aumento percentual <strong>da</strong> espessura.<br />

logo:<br />

∆L<br />

L<br />

0<br />

= α∆T<br />

= 0,0018<br />

⎛ ∆L<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟%<br />

= 0,18%<br />

⎝ L0<br />

⎠<br />

c) O aumento percentual do volume.<br />

logo:<br />

∆V<br />

V<br />

0<br />

= β∆T<br />

= 3α∆T<br />

⎛ ∆V<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟%<br />

= 0,54%<br />

⎝ V0<br />

⎠<br />

= 0,0054<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 19


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

d) O aumento percentual <strong>da</strong> massa <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>.<br />

A massa obviamente não se modifica quando aumenta a temperatura.<br />

e) O coeficiente de expansão linear <strong>da</strong> moe<strong>da</strong>.<br />

logo:<br />

d<br />

d − d ∆d<br />

= d<br />

T<br />

d d<br />

0<br />

( 1+<br />

α∆T<br />

) ∴ = = α∆<br />

0, 0018<br />

0<br />

=<br />

α<br />

∆d<br />

d ∆T<br />

0<br />

−6<br />

0 −1<br />

= = 18x10<br />

C<br />

0<br />

0<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

23 Um relógio de pêndulo com um pêndulo feito de latão é projetado para medir com<br />

precisão o tempo a 20 0 C . Se o relógio operar a 0 0 C , qual a intensi<strong>da</strong>de de seu<br />

erro, em segundos por hora? O relógio adianta ou atrasa?<br />

T i = 20 0 C<br />

T f = 0 0 C<br />

∆T = -20 0 C<br />

α L = 0,7x10 -6 0 C -1<br />

Τ = 2π<br />

O período do pêndulo Τ vai se alterar <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

l<br />

g<br />

ou seja:<br />

Τ'<br />

Τ<br />

=<br />

2π<br />

2π<br />

l'<br />

g<br />

l<br />

g<br />

=<br />

l'<br />

l<br />

=<br />

l(1<br />

+ α<br />

L∆T<br />

)<br />

=<br />

l<br />

Τ'<br />

= Τ 1+<br />

α ∆T L<br />

1+<br />

α ∆T<br />

L<br />

= 0,999997<br />

Como o tempo esfria, a haste do pêndulo se contrai diminuindo o seu tamanho,<br />

e portanto diminuindo o seu tempo correspondente ao seu período, ou seja : Τ’ <<br />

Τ. Desse modo, o mesmo intervalo de tempo passa a ter mais períodos que antes.<br />

Como o tempo é medido nesse tipo de relógio em relação ao número de períodos o<br />

relógio irá adiantar. Se inicialmente em 10s temos 10 períodos, depois do esfriamento<br />

teremos mais períodos neste intervalo de tempo, e o relógio irá indicar um intervalo<br />

de tempo maior que os 10s iniciais.<br />

Imaginemos a medição de um certo a medição de um certo intervalo de tempo<br />

t que corresponde a um certo número n de períodos Τ . Temos então que:<br />

n = t<br />

Τ<br />

Para calcular qual intervalo de tempo t’ será medido quando a temperatura<br />

variar, devemos multiplicar o número de períodos n pelo valor do novo período Τ’ .<br />

Ou seja:<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 20


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

⎛ Τ'<br />

⎞<br />

⎛ Τ'<br />

⎞ ⎛<br />

t'<br />

= n Τ'<br />

= t⎜<br />

⎟ ∴ ∆t<br />

= t − t'<br />

= t⎜1−<br />

⎟ = t⎜<br />

⎝ Τ ⎠<br />

⎝ Τ ⎠ ⎝<br />

∆Τ ⎞<br />

⎟<br />

Τ ⎠<br />

∆t<br />

= t<br />

1+<br />

α ∆T<br />

L<br />

= 7x10<br />

−6<br />

t<br />

t - intervalo ∆t - atraso<br />

1 hora 0,0252s<br />

1 dia 0,6048s<br />

1 mês 18,144s<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

25 Como resultado de uma elevação de temperatura de 32 0 C , uma barra com uma fissura<br />

no seu centro empena para cima. Se a distância fixa L 0 for 3,77m e o coeficiente<br />

de expansão linear <strong>da</strong> barra for 25x10 -6 / 0 C , determine a elevação x do centro<br />

<strong>da</strong> barra.<br />

∆T = 32 0 C<br />

L 0 = 3,77m<br />

α = 25x10 -6 0 C -1<br />

e<br />

ou seja:<br />

x<br />

L = L 0 ( 1 + α ∆T )<br />

⎛ L ⎞<br />

⎜ ⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

2<br />

2<br />

2<br />

⎛ L0<br />

⎞<br />

= ⎜ ⎟<br />

⎝ 2 ⎠<br />

+ x<br />

2<br />

⎛ L ⎡<br />

0 ⎞ ⎛ L ⎞<br />

= ⎜ ⎟ ⎢1<br />

−<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝ 2 ⎠ ⎢<br />

⎣ ⎝ L0<br />

⎠<br />

2<br />

2<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

x<br />

L 0<br />

L 0<br />

L0<br />

x = α<br />

0<br />

0754<br />

2<br />

2<br />

( 1+<br />

∆T<br />

) − 1 = 0,02L<br />

= 0, m<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker – Edição antiga<br />

“32” Consideremos um termômetro de mercúrio em vidro. Suponhamos que a seção<br />

transversal do capilar seja constante, A 0 , e que V 0 seja o volume do tubo do termômetro<br />

a 0 0 C . Se o mercúrio for exatamente o suficiente para encher o tubo a<br />

0 0 C , mostre que o comprimento L <strong>da</strong> coluna de mercúrio no capilar, depois de<br />

uma variação de temperatura ∆T , será:<br />

V0<br />

L = α<br />

A<br />

0<br />

( β − 3 ) ∆T<br />

ou seja: é proporcional à temperatura; β é o coeficiente de dilatação volumétrica do<br />

mercúrio e α é o coeficiente de dilatação linear do vidro.<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 21


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Quando a temperatura varia, o volume do tubo esférico<br />

de vidro varia para V V e o mercúrio que o<br />

preenchia inicialmente, varia para V M . desse<br />

modo, temos que:<br />

V M = V 0 ( 1 + β M ∆T )<br />

e<br />

V V = V 0 ( 1 + β V ∆T )<br />

L<br />

Se existir um aumento de temperatura, o mercúrio<br />

transbor<strong>da</strong>rá do tubo esférico.<br />

Seja ∆V o volume de mercúrio que transbor<strong>da</strong>rá:<br />

Mas<br />

logo<br />

∆V = V M – V V = V 0 ( 1 + β M ∆T ) - V 0 ( 1 + β V ∆T ) = V 0 (β M - β V ) ∆T<br />

∆V = A 0 L<br />

∆V = V 0 (β M - β V ) ∆T = A 0 L<br />

Como temos que β M = β e β V = 3 α , teremos:<br />

V0<br />

L = α<br />

A<br />

0<br />

( β − 3 ) ∆T<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker – Edição antiga<br />

“33” Dois tubos verticais contém um líquido e estão ligados, pelas extremi<strong>da</strong>des inferiores,<br />

por um tubo capilar horizontal. Um dos tubos verticais encontra-se em um banho<br />

que contém gelo e água em equilíbrio (0 0 C) e o outro está em um banho de<br />

água quente (t 0 C) . A diferença entre as alturas nas colunas líqui<strong>da</strong>s nos dois tubos<br />

é ∆h ; h 0 é a altura <strong>da</strong> coluna a 0 0 C .<br />

a) Mostrar que esse aparelho,<br />

usado originalmente por Dulong<br />

e Petit em 1816, pode<br />

∆h<br />

ser utilizado para medir o ver<strong>da</strong>deiro<br />

coeficiente de dilatação<br />

0 0 C t 0 C<br />

β de um líquido ( e não a<br />

dilatação diferencial entre ele<br />

h 0<br />

e o vidro.<br />

Como os tubos verticais 1 2<br />

se comunicam e estão conectados<br />

por um tubo capilar<br />

horizontal, as suas pressões nos pontos mais baixos são iguais, ou seja:<br />

p 1 = p 2 ∴ p 0 + ρ 1 gh 0 = p 0 + ρ 2 g(h 0 + ∆h) ⇒ h 0 (ρ 1 -ρ 2 ) = ρ 2 ∆h<br />

É o mesmo líquido que preenche os dois tubos e o capilar, e portanto o peso<br />

desse líquido na coluna direita é igual ao peso na coluna esquer<strong>da</strong>. As colunas<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 22


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

têm alturas diferentes devido a diferença de densi<strong>da</strong>de dos líquidos, e as densi<strong>da</strong>des<br />

são diferentes por as temperaturas nas colunas são diferentes. Como os<br />

pesos <strong>da</strong>s colunas são iguais, temos que as massas de líquido nas colunas são<br />

iguais. A densi<strong>da</strong>de é defini<strong>da</strong> como:<br />

ou seja:<br />

logo:<br />

⎛ M<br />

h0<br />

⎜<br />

⎝V1<br />

−<br />

M<br />

V<br />

2<br />

⎞<br />

⎟ =<br />

⎠<br />

M<br />

V<br />

2<br />

∆h<br />

M<br />

ρ =<br />

V<br />

⇒<br />

h 0 (V 2 – V 1 ) = V 1 ∆h<br />

⎛V2<br />

−V1<br />

⎞ ∆h<br />

h0M<br />

⎜ = M<br />

V1V<br />

⎟<br />

⎝ 2 ⎠ V2<br />

As massas <strong>da</strong>s colunas são iguais, e os volumes são diferentes devido a diferença<br />

de temperatura, logo eles estão relacionados como:<br />

onde<br />

ou seja:<br />

e portanto:<br />

V<br />

2<br />

−V<br />

1<br />

V 2 = V 1 ( 1 + β ∆T )<br />

∆T = t – 0 0 C = t<br />

V 2 – V 1 = V 1 β t<br />

V1∆h<br />

= = V1βt<br />

h<br />

0<br />

∴<br />

β =<br />

∆h<br />

h t<br />

0<br />

b) Determine β sabendo-se que quando t = 16 0 C , tem-se h 0 =126cm e<br />

∆h=1,5cm .<br />

β = 7,4x10 -4 0 C -1<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker<br />

35 Um pequeno aquecedor elétrico de imersão é usado para aquecer 100g de água<br />

para uma xícara de café instantâneo. O aquecedor está rotulado com “200Watts” , o<br />

que significa que ele converte energia elétrica em energia térmica com essa taxa.<br />

Calcule o tempo necessário para levar to<strong>da</strong> essa água de 23 0 C para 100 0 C , ignorando<br />

quaisquer per<strong>da</strong>s.<br />

m = 100g<br />

Ρ = 200W<br />

c = 1cal/g. 0 C<br />

T i = 23 0 C<br />

T f = 100 0 C<br />

ou seja:<br />

Mas<br />

Q = m . c . ∆T = 100. 1 . (100 – 23) = 7.700cal<br />

Q = 32.232,2 Joules<br />

Q Q 32.233,2Joules<br />

Ρ = ⇒ t = =<br />

= 161,1s<br />

t<br />

Ρ 200Watts<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 23


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

43 Que massa de vapor d’água a 100 0 C deve ser mistura<strong>da</strong> com 150g de gelo no seu<br />

ponto de fusão, em um recipiente isolado termicamente, para produzir água líqui<strong>da</strong> a<br />

50 0 C ?<br />

m G = 150g<br />

c = 1cal/g. 0 C<br />

L F = 79,5cal/g<br />

L V = 539cal/g<br />

T 1 = 0 0 C<br />

T 2 = 50 0 C<br />

T 3 = 100 0 C<br />

Como todo esse material está isolado, a quanti<strong>da</strong>de de calor que esse sistema troca<br />

com a vizinhança é nulo. Se um material que tem calor específico c , com massa M,<br />

varia a sua temperatura de T i até T f ele absorveu de sua vizinhança uma quanti<strong>da</strong>de<br />

de calor Q , <strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />

Q = M . c . (T f – T i )<br />

Se Q < 0 dizemos que ele cedeu calor para a vizinhança. Por outro lado se uma<br />

massa M de gelo se transforma em água ela absorveu calor M L F <strong>da</strong> vizinhança, e<br />

se vapor d’água de transforma em líquido ele cedeu calor M L V para a vizinhança.<br />

Desse modo, temos que:<br />

∆Q = 0<br />

Logo<br />

ou seja:<br />

+ m G L F + m G . c . (T 2 – T 1 ) – m L V + m . c . (T 2 – T 3 ) = 0<br />

m<br />

m =<br />

G<br />

L<br />

L<br />

F<br />

V<br />

+ m<br />

+ c<br />

Gc( T2<br />

−T1<br />

)<br />

( T −T<br />

)<br />

3<br />

m = 32,97g<br />

2<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

46 Uma garrafa térmica isola<strong>da</strong> contém 130cm 3 de café quente, a uma temperatura de<br />

80 0 C . Você insere um cubo de gelo de 12g no seu ponto de fusão para esfriar o<br />

café. De quantos graus o seu café esfriou quando o gelo se derreteu? Trate o café<br />

como se ele fosse água pura e despreze as transferências de energia para o ambiente.<br />

ρ A = 1g/cm 3 ,<br />

Mas<br />

m A = ρ A . V A<br />

logo:<br />

V A = 130cm 3 ⇒ m A = 130g<br />

L F = 79,5cal/g<br />

m A = 130g<br />

T A = 80 0 C<br />

Como o sistema está isolado, temos que<br />

m G = 12g<br />

T G = 0 0 C<br />

∆Q = 0<br />

ou seja:<br />

m A . c . (T F – T A ) + m G L F + m G . c . (T F – T G ) = 0<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 24


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Mas<br />

ou seja:<br />

T<br />

F<br />

mAcTA<br />

+ mGcTG<br />

− mGLF<br />

= = 66,52 0 C<br />

m c + m c<br />

A<br />

∆T = T A – T F = 80 0 C – 66,52 0 C<br />

∆T = 13,48 0 C<br />

G<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

49 Uma amostra de gás se expande de 1m 3 para 4m 3 enquanto a sua pressão diminui<br />

de 40Pa para 10Pa . Quanto trabalho é realizado pelo gás se a sua pressão varia<br />

com o volume passando por ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s três trajetórias mostra<strong>da</strong>s no diagrama p-<br />

V <strong>da</strong> figura ao lado?<br />

W B<br />

∫<br />

= W12 = p dV<br />

Para calcular esta integral devemos<br />

saber com a pressão p varia<br />

com o volume V ao longo <strong>da</strong><br />

trajetória B . Através do gráfico<br />

constatamos que a curva é uma<br />

reta, do tipo:<br />

2<br />

1<br />

1<br />

4<br />

A<br />

B<br />

C<br />

3<br />

2<br />

p = a V + b<br />

onde<br />

e<br />

ou seja:<br />

e desse modo:<br />

logo:<br />

Por outro lado:<br />

ou seja:<br />

e também:<br />

ou seja:<br />

W<br />

p2<br />

− p1<br />

10 − 40<br />

a = = = - 10 Pa/m 3<br />

V −V<br />

4 − 1<br />

2<br />

1<br />

b = p 1 – a V 1 ⇒ b = 50Pa<br />

p = -10 V + 50<br />

V<br />

4<br />

2<br />

2<br />

V<br />

B<br />

= ∫ ( − 10V<br />

+ 50)<br />

dV = −10<br />

+<br />

2<br />

V1<br />

1<br />

50V<br />

W B = 75Joules<br />

W C = W 14 + W 42 = W 42 = (10Pa) . (4-1)m 3<br />

W C = + 30Joules<br />

W A = W 13 + W 32 = W 32 = (40Pa) . (4-1)m 3<br />

W A = + 120Joules<br />

4<br />

1<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 25


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

50. Um sistema termodinâmico é levado de um estado inicial A para um outro estado B<br />

e de volta ao estado A , passando pelo estado C, como é mostrado pela trajetória<br />

ABCA no diagrama p-V <strong>da</strong> figura à seguir.<br />

Q W ∆E INT<br />

A → B + + +<br />

B → C + 0 +<br />

C → A - - -<br />

a) Complete a tabela acima preenchendo-a<br />

com + ou -<br />

para o sinal de ca<strong>da</strong> grandeza<br />

termodinâmica associa<strong>da</strong> com<br />

ca<strong>da</strong> etapa do ciclo.<br />

A primeira lei <strong>da</strong> termodinâmica diz que:<br />

A<br />

C<br />

B<br />

A → B<br />

mas como ∆E AB > 0 ,<br />

B → C<br />

mas como Q BC > 0 ,<br />

C → A<br />

∆E = Q - W<br />

W AB = p A (V B – V A ) > 0<br />

Q AB > W AB > 0<br />

W BC = 0<br />

∆E BC > 0<br />

A<br />

WCA<br />

= ∫ p dV 〈 0<br />

C<br />

pois envolve uma compressão: V C > V A . Por outro lado:<br />

e<br />

ou seja:<br />

e portanto<br />

∆E AB = E B – E A > 0<br />

∆E BC = E C - E B > 0<br />

E C – E A > 0<br />

∆E CA = E A – E C < 0<br />

Como ∆E CA < 0 e W CA < 0 , podemos usar a primeira lei <strong>da</strong> termodinâmica e<br />

concluir que Q CA < 0 .<br />

b) Calcule o valor numérico do trabalho realizado pelo sistema para o ciclo ABCA<br />

completo.<br />

O trabalho é a área abaixo <strong>da</strong> curva no gráfico p versus V. Em um ciclo, o<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 26


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

trabalho W será a área no interior <strong>da</strong> curva. Como já foi explicado W CA < 0 , e<br />

portanto o trabalho no ciclo será negativo.<br />

W<br />

=<br />

1<br />

( base).(<br />

altura)<br />

=<br />

2<br />

1<br />

(3<br />

2<br />

W = 20Joules<br />

− 1)(40 − 20) m<br />

3<br />

Pa<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

53 Quando um sistema é levado do estado i para o estado f ao longo <strong>da</strong> trajetória iaf<br />

na figura à seguir, Q = 50cal e W = 20cal . Ao longo <strong>da</strong> trajetória ibf , Q = 36cal .<br />

a) Qual o valor de W ao longo <strong>da</strong> trajetória ibf ?<br />

e<br />

⎧Q<br />

= 50cal<br />

iaf : ⎨<br />

⎩W<br />

= 20cal<br />

ibf : { Q = 36cal<br />

Usando a primeira lei <strong>da</strong> termodinâmica,<br />

encontramos que:<br />

∆E if = Q iaf – W iaf = 30cal<br />

p<br />

a<br />

i<br />

f<br />

b<br />

V<br />

Mas, por outro lado<br />

ou seja:<br />

∆E if = Q ibf – W ibf<br />

W ibf = Q ibf - ∆E if = 6cal<br />

b) Se W = -13cal para a trajetória de volta fi , qual será Q para essa trajetória?<br />

logo:<br />

∆E if = E f – E i ∴ ∆E fi = E i – E f = - ∆E if = - 30cal<br />

Q fi = ∆E fi + W fi = - 43cal<br />

c) Considere E i = 10cal , qual é o valor de E f ?<br />

∆E if = E f – E i ∴ E f = ∆E if + E i = 30cal + 10cal = 40cal<br />

d) Considere E b = 22cal , qual o valor de Q para as trajetórias ib e bf ?<br />

e<br />

Mas W bf = 0 , logo<br />

∆E ib = E b – E i = 22 – 10 = 12cal<br />

∆E bf = E f – E b = 40 – 22 = 18cal<br />

W ibf = W ib + W bf<br />

W ib = W ibf = 6cal<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 27


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

Portanto:<br />

Q ib = ∆E ib + W ib = 12 + 6 = 18cal<br />

Q bf = ∆E bf + W bf = 18 + 0 = 18cal<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

57 Considere a placa mostra<strong>da</strong> na figura à seguir. Suponha que L = 25cm , A = 90cm 2<br />

e que o material seja cobre. Se T Q = 125 0 C , T F = 10 0 C e for alcançado o regime<br />

permanente, encontre a taxa de condução através <strong>da</strong> placa.<br />

k Cu = 401W/m.K<br />

L<br />

Ρ =<br />

dQ<br />

dt<br />

T<br />

= kA<br />

T<br />

L<br />

Q −<br />

−4<br />

2 125 − 10<br />

( 90x10<br />

m )<br />

2<br />

Ρ = 401.<br />

−<br />

25x10<br />

F<br />

T Q<br />

T F<br />

Ρ = 1.660,14 Watts<br />

T Q > T F<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

60 Quatro pe<strong>da</strong>ços de isolantes feitos de dois materiais diferentes, todos com a mesma<br />

espessura L e área A , estão disponíveis para cobrir uma abertura de área 2 A .<br />

Isto pode ser feito de duas maneiras mostra<strong>da</strong>s na figura ao lado. Que arranjo (a) ou<br />

(b) , fornece o menor fluxo de energia se k 1 ≠ k 2 .<br />

Se tivermos apenas uma placa de condutivi<strong>da</strong>de<br />

térmica k ; área A ; e comprimento L entre duas<br />

fontes de calor, o fluxo de calor Ρ será <strong>da</strong>do<br />

por<br />

dQ TQ TF<br />

Ρ = = kA<br />

−<br />

dt L<br />

k 2<br />

k 1<br />

k 2 k 2<br />

(a)<br />

(b)<br />

Se tivermos duas placas entre duas fontes de calor, o fluxo de calor Ρ será <strong>da</strong>do por<br />

Ρ =<br />

dQ<br />

dt<br />

A T<br />

=<br />

L2<br />

k<br />

( −T<br />

)<br />

Vamos considerar que nos casos a e b , os arranjos estão entre duas fontes de<br />

calor com temperaturas T Q e T F .<br />

No arranjo a , dois pares de placas iguais formam o conjunto: duas placas com k 1 e<br />

duas placas com k 2 . O fluxo de calor através <strong>da</strong>s placas k 1 tem a forma:<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 28<br />

2<br />

Q<br />

L<br />

+<br />

k<br />

1<br />

1<br />

F


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

⎧ TQ<br />

−TF<br />

⎪Ρ1<br />

= k1A<br />

⎪ 2L<br />

⎛ k + ⎞ ⎛T<br />

−T<br />

1<br />

k<br />

2 Q F ⎞<br />

⎨<br />

⇒ Ρ = Ρ + Ρ = ⎜ ⎟A<br />

⎜<br />

⎟<br />

A 1 2<br />

⎪ T −T<br />

⎝ 2 ⎠ ⎝ L ⎠<br />

Q F<br />

⎪Ρ2<br />

= k<br />

2A<br />

⎩<br />

2L<br />

No arranjo b duas placas diferentes formam um conjunto, e dois desses conjuntos<br />

formam o arranjo. O fluxo através de ca<strong>da</strong> arranjo será <strong>da</strong>dos por:<br />

TQ<br />

−TF<br />

⎛ k ⎞⎛T<br />

−T<br />

1k<br />

2 Q F ⎞<br />

Ρ = =<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎜<br />

⎟<br />

1<br />

A A<br />

L L ⎝ k1<br />

+ k<br />

2<br />

+<br />

⎠⎝<br />

L ⎠<br />

k1<br />

k<br />

2<br />

Como os fluxos nos dois conjuntos são iguais:<br />

⎛ k ⎞⎛T<br />

−T<br />

1k<br />

2 Q F ⎞<br />

Ρ = Ρ =<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎜<br />

⎟<br />

B<br />

2<br />

1<br />

A 2<br />

⎝ k1<br />

+ k<br />

2 ⎠⎝<br />

L ⎠<br />

Para encontrar em qual arranjo teremos o maior fluxo, vamos calcular a razão:<br />

ou seja:<br />

( k + k )<br />

1<br />

4k<br />

k<br />

1<br />

2<br />

2<br />

2<br />

〉 1<br />

⇒<br />

Ρ<br />

Ρ<br />

k<br />

⎛ k + k<br />

⎜<br />

=<br />

⎝<br />

⎛ k1k<br />

2<br />

⎜2<br />

⎝ k1<br />

+ k<br />

1 2<br />

A<br />

2<br />

1<br />

+<br />

B<br />

2<br />

1<br />

+ k<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

2<br />

+ 2k<br />

k<br />

1<br />

2<br />

=<br />

〉 4k<br />

k<br />

( k k )<br />

1<br />

2<br />

( k − k ) 0<br />

1 2<br />

〉<br />

4k<br />

k<br />

2<br />

1<br />

2<br />

2<br />

⇒<br />

2<br />

k<br />

2<br />

1<br />

+ k<br />

2<br />

2<br />

− 2k<br />

k<br />

1<br />

2<br />

〉 0<br />

E como a equação anterior é sempre ver<strong>da</strong>deira, concluímos que:<br />

Ρ A > Ρ B<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

61 Duas hastes metálicas retangulares idênticas são sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>de com extremi<strong>da</strong>de,<br />

como mostrado na figura (a) , e 10J são conduzidos (em um processo em<br />

regime estacionário) através <strong>da</strong>s hastes sob a forma de calor em 2min . Quanto<br />

tempo levaria para que 10J fossem conduzidos através <strong>da</strong>s hastes se elas fossem<br />

sol<strong>da</strong><strong>da</strong>s uma na outra como mostrado na figura (b) ?<br />

A<br />

dQ A( TQ<br />

−TF<br />

)<br />

Ρ = =<br />

dt L2<br />

L<br />

0 0 C 100 0 C<br />

1<br />

+<br />

k k<br />

Ρ<br />

A<br />

=<br />

( T −T<br />

)<br />

A<br />

L<br />

k<br />

2<br />

Q<br />

L<br />

+<br />

k<br />

1<br />

F<br />

2<br />

⎛ k1k<br />

2<br />

= A<br />

⎜<br />

⎝ k1<br />

+ k<br />

1<br />

2<br />

⎞⎛T<br />

⎟<br />

⎜<br />

⎠⎝<br />

Q<br />

−T<br />

L<br />

F<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

0 0 C 100 0 C<br />

B<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 29


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

logo:<br />

A razão entre os fluxos:<br />

e como as placas são iguais:<br />

T<br />

Ρ = kA<br />

Q −<br />

L<br />

( k + k )<br />

Ρ = A<br />

1 2<br />

B<br />

Ρ<br />

Ρ<br />

A<br />

B<br />

Ρ<br />

Ρ<br />

=<br />

A<br />

B<br />

1<br />

4<br />

=<br />

k k<br />

T<br />

T<br />

Q<br />

F<br />

( k + k ) 2<br />

1<br />

⇒<br />

1<br />

Ρ<br />

2<br />

2<br />

B<br />

−T<br />

L<br />

F<br />

= 4Ρ<br />

A<br />

⎧<br />

⎪Ρ<br />

⎪<br />

⎨<br />

⎪<br />

⎪Ρ<br />

⎩<br />

A<br />

B<br />

Q<br />

=<br />

t<br />

A<br />

Q<br />

=<br />

t<br />

Como Q A = Q B<br />

4<br />

B<br />

A<br />

B<br />

⇒<br />

Ρ<br />

Ρ<br />

A<br />

B<br />

Q<br />

=<br />

Q<br />

A<br />

B<br />

t<br />

t<br />

B<br />

A<br />

ou seja:<br />

Ρ<br />

A<br />

t<br />

B<br />

= t<br />

A<br />

=<br />

ΡA<br />

t B = 0,5min<br />

t<br />

A<br />

Capítulo 19 - Halli<strong>da</strong>y, Resnick e Walker - 4 a . edição<br />

65 Um tanque de água ficou destampado em tempo frio, e uma placa de gelo de 5cm<br />

de espessura se formou na sua superfície. O ar acima do gelo está a -10 0 C . Calcule<br />

a taxa de formação de gelo (em centímetros por hora) na placa de gelo. Adote a condutivi<strong>da</strong>de<br />

térmica e massa específica do gelo como 0,0040cal/s.cm. 0 C e<br />

0,92g/cm 3 . Suponha que não haja transferência de energia através <strong>da</strong>s paredes ou<br />

pelo fundo do tanque.<br />

k = 0,0040cal/s.cm. 0 C<br />

ρ = 0,92g/cm 3<br />

L F = 79,5cal/g<br />

T 1 = -10 0 C<br />

T 2 = 0 0 C<br />

L = 5cm<br />

Vamos considerar que a cama<strong>da</strong> de gelo<br />

vá se aprofun<strong>da</strong>ndo, de modo que num<br />

intervalo de tempo dt , se forme uma cama<strong>da</strong><br />

de gelo de área A e espessura<br />

dx , ou seja, se formaria um volume de<br />

gelo dV = A dx , e a esse volume corresponde<br />

uma massa dM , tal que:<br />

T 1<br />

Gelo<br />

T 2<br />

Água<br />

Ar<br />

5cm<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 30


Prof. Romero Tavares <strong>da</strong> Silva<br />

dM = ρ dV = ρ A dx<br />

A quanti<strong>da</strong>de de calor que deve ser retira<strong>da</strong> para a formação deste cama<strong>da</strong> de gelo,<br />

é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

dQ = - L F dM = - ρ A L F dx<br />

A taxa de calor retirado no tempo, ou fluxo de calor será <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

dQ<br />

dt<br />

= −ρAL<br />

onde dx/dt é a veloci<strong>da</strong>de com que a cama<strong>da</strong> dx de gelo aumenta, ou seja é a taxa<br />

de formação <strong>da</strong> placa de gelo. Mas por outro lado, o fluxo de calor que sai do gelo<br />

para a atmosfera através <strong>da</strong> placa de gelo já forma<strong>da</strong> é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

F<br />

dx<br />

dt<br />

dQ T2 −T<br />

= kA<br />

1<br />

dt L<br />

Como o gelo irá sendo formado como consequência desse fluxo, temos que:<br />

ou seja:<br />

e ain<strong>da</strong><br />

dx<br />

dt<br />

dQ<br />

dt<br />

= −ρAL<br />

F<br />

dx<br />

dt<br />

T<br />

= kA<br />

2<br />

−<br />

k T T1<br />

= =1,09x10 -4 cm/s<br />

ρ L L<br />

F<br />

2<br />

−<br />

dx = 0,39cm/hora<br />

dt<br />

L<br />

T<br />

1<br />

Cap 19 www.fisica.ufpb.br/~romero 31

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