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Ruth Milagros Vásquez Delgado Lins - uea - pós graduação

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA<br />

FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS - FMTAM<br />

MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS<br />

SOROPREVALÊNCIA DO HTLV-I/II EM COMUNIDADES INDÍGENAS<br />

DO ESTADO DO AMAZONAS<br />

RUTH MILAGROS VÁSQUEZ DELGADO LINS<br />

MANAUS<br />

2004


RUTH MILAGROS VASQUEZ DELGADO LINS<br />

SOROPREVALÊNCIA DO HTLV-I/II EM COMUNIDADES INDÍGENAS<br />

DO ESTADO DO AMAZONAS<br />

Dissertação apresentado Programa de Pós<br />

Graduação da Universidade do Estado do<br />

Amazonas, para obtenção do grau de Mestre<br />

em Doenças Tropicais e Infecciosas.<br />

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Ferreira<br />

Co-orientador: Prof. Dr. Wornei Silva Miranda Braga<br />

MANAUS<br />

2004


ii<br />

”... Dê ao mundo o melhor de você,<br />

mas isto pode nunca ser o<br />

bastante. Dê o melhor assim<br />

mesmo.”<br />

Madre Teresa de Calcutá


iii<br />

A MEUS PAIS,<br />

Felicindo Vasquez, Pai e amigo In Memorian e<br />

Isabel Vasquez, mãe amada cujos ensinamentos<br />

jamais me deixaram desistir de meus ideais.<br />

AO AFRÂNIO,<br />

Por suas constantes demonstrações de<br />

carinho que de modo peculiar me<br />

incentivaram a concretizar este trabalho.<br />

A CELESTE MARIA E RODRIGO,<br />

Meus filhos amados, que foram tão amorosos e<br />

compreensivos nos momentos de ausência.


iv<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A DEUS, por todas as bênçãos, capacitação e perseverança para atingir<br />

minhas metas, colocando sempre em meu caminho pessoas que tornam mais leve<br />

meu fardo.<br />

A Universidade do Estado do Amazonas e a Fundação de Medicina Tropical<br />

do Amazonas, pela criação do Curso de Mestrado em Doenças Tropicais e<br />

Infecciosas.<br />

A Superintendência da Zona Franca de Manaus através do convênio<br />

035/2002.<br />

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Ferreira, que em meio aos<br />

seus numerosos afazeres, sempre se dispôs a me ensinar a fazer pesquisa<br />

enfatizando o compromisso com a verdade e o respeito mútuo.<br />

Ao Prof. Dr. Wornei Silva Miranda Braga, por gentilmente nos ceder as<br />

amostras de soros por ele coletadas nas oito etnias estudadas, juntamente com o<br />

banco de dados, contribuindo para o sucesso desta pesquisa.<br />

Ao Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda por nos fornecer as amostras<br />

de soro, por ele coletadas na etnia Zu hu A há, em 2000.<br />

Ao Dr. José de Ribamar Araújo, pela amizade e pelo apoio que sempre me<br />

premiou, sendo para mim um grande exemplo de solidariedade e determinação<br />

constantes.<br />

A Dra. Maria das Graças do Vale Barbosa, Coordenadora do Mestrado em<br />

Doenças Tropicais e Infecciosas.<br />

Ao meu sobrinho Felicien Gonçalves <strong>Vásquez</strong>, pela assessoria e elaboração<br />

dos gráficos que compõem este trabalho, excelente estatístico que é.<br />

À cara colega Dra. Kátia Torres (Fundação HEMOAM), pela generosa<br />

receptividade quando buscamos sua colaboração e por nos ceder o uso dos<br />

aparelhos e alguns testes para a concretização deste trabalho.<br />

As colegas do Laboratório de Sorologia (Fundação HEMOAM), nas pessoas<br />

de suas funcionárias Dra. Márcia Poinho, Dra. Cristianne Melo, Dra. Lorena <strong>Vásquez</strong>


e a Técnica de Laboratório Neisiane, pelos valiosos préstimos no desenvolver desta<br />

pesquisa.<br />

v<br />

Às queridas amigas Mônica Costa Manso e Ana <strong>Ruth</strong> Arcanjo, da FMTAM,<br />

que inúmeras vezes e sempre com boa vontade, interromperam seus afazeres para<br />

contribuir na elaboração deste trabalho.<br />

A bibliotecária da FMTAM, Sra. Artemisa Seabra da Silva pelo auxílio na<br />

aquisição das referências bibliográficas.<br />

Aos caros colegas da primeira turma do Mestrado em Doenças Tropicais e<br />

Infecciosas, pela amizade de cada um e estímulo constante, desde o início.<br />

As amigas Marinalva Rocha e Sirene Brandão, pelos valiosos préstimos no<br />

desenvolver deste trabalho e paciência infinita sempre que das mesmas precisamos.


RESUMO<br />

vi<br />

Os vírus humanos linfotrópicos de células T classificados em tipo I (HTLV-I) e<br />

tipo II (HTLV-II), são caracterizados como retrovírus do tipo C. O HTLV-I está<br />

associado à Leucemia-Linfoma de células T do Adulto (LLTA), a uma doença<br />

neurológica a Paraparesia Espástica Tropical - Mielopatia associada ao HTLV (TSP-<br />

HAM), uveíte associada ao HTLV (HAU) e a anormalidades dermatológicas. A<br />

associação do HTLV-II com patologias ainda não está estabelecida.<br />

No presente trabalho procurou-se avaliar a soroprevalência do HTLV- I/II em<br />

amostras de soro de indígenas pertencentes a as etnias Apurinã, Deni, Jamamadi,<br />

Kanamari, Kulina, Mura-Pirahã e Zuhu-A´há, do sul do estado do Amazonas,<br />

colhidas para estudos prévios nos anos de 1993 e 2000.<br />

Foram incluídos 399 participantes, de ambos os sexos e idades variadas.<br />

Todas as amostras foram submetidas ao teste de sorológico de triagem ELISA. Os<br />

casos positivos foram submetidos ao método confirmatório Western blot.<br />

Dentre as 399 amostras de soro incluídas neste trabalho, três (0,75%)<br />

tiveram resultados positivos no ELISA. Estas três amostras foram submetidas ao<br />

teste Western blot, com dois resultados negativos e um (0,25%) indeterminado<br />

apresentando a banda GD21 sozinha, pertencente à etnia Apurinã localizada no<br />

município de Eirunepé.<br />

Estes resultados sugerem que a freqüência da infecção pelo HTLV- I/II em<br />

populações do sul do estado do Amazonas é nula ou muito baixa, e inferior a<br />

observada em populações indígenas do estado do Pará e do restante do território<br />

brasileiro.<br />

Palavras-chaves: HTLV-I/II, HTLV em populações indígenas, Diagnóstico<br />

sorológico.


vii<br />

ABSTRACT<br />

The human T Lynphotropic Virus is classified in type I (HTLV- I) and type II<br />

(HTLV-II), they are distinguished like retrovirus of type C. HTLV- I associated to the<br />

adult T- cell leukemia- lynphoma (LLTA), to a neurologic diseases, HTLV-I<br />

associated myelopathy/ tropical spastic paraparesis (HAM/TSP), uveitis associated<br />

with human T- lynphotropic virus type I (HAU) and the dermatologyc infections. The<br />

association of HTLV- II with patology still not stablished yet.<br />

In this research was studied the serum prevailing of HTLV- I/II in blood<br />

samples of indigenous that belongs to the ethnic Apurinã, Deni, Jamamadi,<br />

Kanamari, Kulina, Mura-pirahã and Zuhu-A’ há of south Amazon state, catch for<br />

studies in the 1993 and 2000.<br />

Was include 399 individuals, man, woman of different ages. All the blood<br />

samples was submitting to the serological assay ELISA. The positive case was<br />

confirmed to western blot test.<br />

Between the 399 pieces of serum include in this study, tree (75%) was positive<br />

to the ELISA. This tree ones was submitting to western blot test, with two negative<br />

results and one (0,25%) indeterminate showing the pattern GD21, that belongs to<br />

ethnic Apurinã of Eirunepé.<br />

This results suggest that the frequency of the infection by HTLV-I/II in the<br />

population of south Amazon state is none or low, and lower than the indigenous<br />

population of the Pará state and the rest of the brasilian territory.<br />

Key words: HTLV-I/II, HTLV indigenous populations, serological diagnosis.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

viii<br />

CDC Control Disease Center<br />

DNA Ácido Desoxiribonucléico<br />

DIH Dermatite Infecciosa Associada ao HTLV-I<br />

ELISA Enzyme linked immunosorbent assay<br />

FUNAI Fundação Nacional do Índio<br />

FHEMOAM Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas<br />

FMTIMT Fundação de Medicina Tropical do Amazonas<br />

HTLV-I Vírus Linfotrópico de Células T Humanas do tipo I<br />

HTLV-II<br />

Vírus linfotrópico de Células T Humanas do tipo II<br />

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

LLTA Leucemia-Linfoma de células T do adulto<br />

PCR Polymerase Chain Reaction<br />

RNA Ácido Ribonucléico<br />

TSP/HAM Paraparesia espástica tropical/Mielopatia associada ao HTLV<br />

Wb Western blot


ix<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 01 Representação esquemática das principais estruturas do vírus HTLV ... 04<br />

Figura 02 Fotografia por microscopia eletrônica do vírus HTLV infectando a<br />

célula ...................................................................................................... 04<br />

Figura 03 Representação das cinco maiores aglomerações de indivíduos<br />

Infectados com HTLV no mundo ............................................................. 06<br />

Figura 04 Prevalência de HTLV I/II reportadas no Brasil de 1989 a 1996 .............. 07<br />

Figura 05 Coleta de sangue e exame físico ........................................................... 22<br />

Figura 06 Placa para realização do teste ELISA, amostras positivas apresentam<br />

coloração amarela e amostras negativas coloração rosa ...................... 25<br />

Figura 07 Incubadora automática com contagem de tempo, para placas de<br />

ELISA (FHEMOAM) ................................................................................ 25<br />

Figura 08 Lavadora automática para placas de ELISA (FHEMOAM) .................... 26<br />

Figura 09 Western blot: representação das bandas que caracterizam o teste ...... 29<br />

Figura 10 Aparelho automatizado para realização do Western blot 2.4.<br />

Laboratório de Sorologia da FHEMOAM ................................................ 30<br />

Figura 11 Distribuição da faixa etária da população indígena das 08 etnias<br />

estudadas ............................................................................................... 32<br />

Figura 12 Distribuição dos 324 indígenas que responderam o questionário em<br />

relação a ter parceiros ............................................................................ 32<br />

Figura 13 Distribuição geográfica das comunidades indígenas estudadas ............ 35<br />

Figura 14 Resultado do Teste Western blot ........................................................... 36


x<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 Distribuição da freqüência por sexo na população estudada ............ 31<br />

Tabela 2<br />

Tabela 3<br />

Distribuição da faixa etária da população indígena das 08 etnias<br />

estudadas .......................................................................................... 31<br />

Distribuição da freqüência da população indígena das 08 etnias<br />

estudadas .......................................................................................... 33<br />

Tabela 4<br />

Distribuição da Média de idade da população indígena estuda em<br />

relação às etnias ................................................................................ 33<br />

Tabela 5 Distribuição das aldeias indígenas nas 08 etnias estudadas ............ 34


xi<br />

SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 01<br />

1. VÍRUS LINFOTRÓPICO DE CÉLULAS T HUMANAS (HTLV) .................................. 01<br />

1.1 HISTÓRICO .................................................................................................... 01<br />

1.2 CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO .......................................... 01<br />

1.3 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................ 05<br />

1.4 PREVALÊNCIA DO HTLV-I EM COMUNIDADES INDÍGENAS ...................... 07<br />

1.5 TRANSMISSÃO .............................................................................................. 09<br />

1.6 PATOGENIA ................................................................................................... 10<br />

1.7 DOENÇAS ASSOCIADAS À INFECÇÃO PELO VÍRUS HTLV-I ..................... 11<br />

1.7.1 DOENÇAS HEMATOLÓGICAS ............................................................. 11<br />

1.7.1.1 Leucemia-Linfoma de Células T do Adulto (LLTA) .................... 11<br />

1.7.2 DOENÇAS NEUROLÓGICAS ............................................................... 12<br />

1.7.2.1 Mielopatia Associada ao HTLV-I – Paraparesia Espástica<br />

Tropical (TSP/HAM) ................................................................. 12<br />

1.7.3 UVEÍTE ASSOCIADA AO HTLV (HAU) ................................................. 13<br />

1.7.4 MANIFESTAÇÕES DERMATOLÓGICAS ............................................. 14<br />

1.8 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................... 15<br />

1.8.1 REAÇÕES DE TRIAGEM ...................................................................... 16<br />

1.8.2 REAÇÕES CONFIRMATÓRIAS OU SUPLEMENTARES ..................... 16<br />

1.8.3 REAÇÕES MOLECULARES ................................................................. 17<br />

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 18<br />

2.1 GERAL ............................................................................................................ 18<br />

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................ 18<br />

3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 19<br />

3.1 MODELO DE ESTUDO ................................................................................... 19<br />

3.2 UNIVERSO DE ESTUDO ................................................................................ 19<br />

3.2.1 POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA ........................................................... 19<br />

3.2.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO ................................................................... 19<br />

3.3 PROCEDIMENTOS ......................................................................................... 20<br />

3.3.1 SELEÇÃO DOS INDIVÍDUOS A SEREM INCLUÍDOS NO ESTUDO ... 20<br />

3.3.2 INSTRUMENTOS .................................................................................. 20<br />

3.3.3 COLETA DAS AMOSTRAS ................................................................... 21<br />

3.3.4 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS ................................................. 21<br />

3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................ 22<br />

3.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ........................................................................... 22


xii<br />

3.6 REALIZAÇÃO DAS SOROLOGIAS ................................................................. 22<br />

3.6.1 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ELISA ....................................................... 22<br />

3.6.1.1 Componentes do Kit .............................................................. 23<br />

3.6.1.2 Procedimento do Ensaio ....................................................... 23<br />

3.6.1.3 Cálculo dos Resultados ......................................................... 24<br />

3.6.1.4 Interpretação dos Resultados ................................................ 24<br />

3.6.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO WESTERN BLOT ..................................... 26<br />

3.6.2.1 Componentes do Kit .............................................................. 26<br />

3.6.2.2 Procedimentos de Ensaio Kit HTLV blot 2.4® ....................... 27<br />

3.6.2.3 Interpretação dos Resultados ................................................ 28<br />

3.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA ...................................................................... 30<br />

4. RESULTADOS ........................................................................................................... 31<br />

4.1 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO ......................................................................... 31<br />

4.1.1 SEXO E FAIXA ETÁRIA ........................................................................ 31<br />

4.1.2 PARTICIPANTES COM PARCEIROS ................................................... 32<br />

4.1.3 ETNIAS ESTUDADAS ........................................................................... 33<br />

4.1.4 MÉDIA DE IDADE EM RELAÇÃO A ETNIA .......................................... 33<br />

4.1.5 ALDEIAS ESTUDADAS ......................................................................... 34<br />

4.1.5 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO ESTUDADA ........... 35<br />

4.1.7 TESTES SOROLÓGICOS ..................................................................... 36<br />

4.1.7.1 Elisa .......................................................................................... 36<br />

4.1.7.2 Western Blot ………………………………………………............ 36<br />

5. DISCUSSÃO ……………………………………………………………………………….. 37<br />

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 42<br />

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 43<br />

8. OBRAS CONSULTADAS ........................................................................................... 50<br />

9. ANEXOS ..................................................................................................................... 52


INTRODUÇÃO<br />

1. VÍRUS LINFOTRÓPICO DE CÉLULAS T HUMANAS (HTLV)<br />

1.1 HISTÓRICO<br />

Os retrovírus foram inicialmente descritos em 1908 quando Elerman e Bang<br />

afirmaram que um agente biológico era capaz de causar transformações malignas,<br />

fato este observado quando ao injetar infiltrado celular obtido de tecido leucêmico de<br />

pássaros em galinhas, conseguiram produzir leucemia nas mesmas. Posteriormente,<br />

Rous em 1911, relatou que esses vírus apresentavam capacidade de causar<br />

sarcoma em pintos, ficando então conhecido como sarcoma de Rous.<br />

A certeza da transmissão horizontal dos referidos retrovírus deu-se em 1964,<br />

quando Jarret et al., conseguiram isolá-los de células leucêmicas de gatos.<br />

Independentemente, Temin et al. (1970), comunicaram o descobrimento da enzima<br />

denominada transcriptase reversa, em vírus tumorais RNA.<br />

A importância desse descobrimento reside no fato de que novas pesquisas<br />

tiveram êxito ao se conhecer melhor o mecanismo de replicação viral, a<strong>pós</strong> a<br />

entrada do vírus na célula, a transcriptase reversa copia o genoma do vírus para<br />

DNA (acido desoxirribonucléico), que é integrado no genoma da célula do<br />

hospedeiro, formando o provírus que por sua vez é usado como modelo para a<br />

síntese do RNA viral que será incorporado nas novas partículas virais em formação.<br />

Reportado posteriormente na literatura por Gallo et al., (1970), denominado<br />

atualmente como vírus linfotrópico de células T humanas tipo I, conhecido pela sigla<br />

em inglês HTLV-I (Human T-linfotropic virus-I), pertencente à família Retroviridae e<br />

representante da sub-família Oncovirinae.<br />

Em 1976, Morgan et al., desenvolveram técnicas para o cultivo de células T<br />

através do fator de crescimento para células do tipo T, hoje conhecido como<br />

interleucina- 2, sendo possível detectar pequenas quantidades do vírus permitindo a<br />

caracterização da família Retroviridae.<br />

A partir desses achados seguiu-se uma longa busca por retrovírus humanos, o<br />

primeiro a ser isolado em 1980 por Poiesz et al., a partir de uma linhagem de células<br />

linfoblastóides, obtida de um paciente com linfoma cutâneo de células T, nos<br />

Estados Unidos (EUA), sendo denominado retrovírus tipo C.


2<br />

No Japão outro retrovírus foi isolado em 1977 de um paciente com diagnóstico<br />

de leucemia-linfoma de células T do adulto (LLTA), por Takatsuki et al., anos depois<br />

demonstrou-se que o HTLV-I e o vírus da leucêmia-linfoma de células T<br />

assemelhavam-se e apresentavam a mesma sequência de nucleotídeos, sendo<br />

comum a sua associação etiológica, comprovada mediante a presença de anticorpos<br />

para o HTLV-I em pacientes com LLTA.<br />

Foi observada grande homologia na seqüência entre diferentes subtipos de<br />

HTLV-I isolados, mesmo quando detectados em regiões geográficas diferentes. São<br />

subtipos do HTLV-I: o cosmopolita (Japão, Caribe, norte da África, e América do<br />

Sul), o africano (Zaire) e o melanésio, considerado o mais divergente de todos<br />

(SOARES et al., 2001).<br />

A<strong>pós</strong> o isolamento do HTLV-I, um segundo retrovírus, o vírus humano<br />

linfotrópico de células T tipo II (HTLV-II), foi isolado das células de um paciente com<br />

o diagnóstico de leucêmia de células pilosas, mas sua associação com condições<br />

patológicas, ainda não está suficientemente esclarecida. (KALAYNARAMAN et al.,<br />

1982).<br />

Métodos de cultivo in vitro e a caracterização biológica e molecular desses<br />

vírus evidenciaram dois agentes relacionados, porém distintos, que passaram a ser<br />

denominados HTLV-I e HTLV-II, com tropismo para linfócitos T, CD4+ e CD8+.<br />

Existem quatro subtipos moleculares do HTLV-II, formando quatro grupos<br />

filogenéticos separados HTLV-IIa, HTLV-IIb, HTLV-IIc e HTLV-IId. Não existem<br />

evidências associando qualquer dos subtipos com propriedades patogênicas no<br />

hospedeiro humano infectado (SOARES et al., 2001). O subtipo HTLV-IIc é o mais<br />

freqüentemente encontrado no Brasil (ISHAK et al., 2003).<br />

1.2 CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO<br />

O HTLV-I é constituido de um genoma de ácido ribonucléico (RNA), de fita<br />

dupla (contendo 9 quilobases), que se replica por meio de um DNA complementar,<br />

através de uma enzima viral denominada transcriptase reversa, mecanismo este que<br />

lhe confere capacidade para induzir infecção e doenças latentes crônicas durante<br />

toda a vida, este vírus apresenta particularmente tropismo celular por células T<br />

CD4+. (TANGY et al., 1996; SEGURADO et al., 2000 ).<br />

A estrutura da partícula viral (Fig.1) e o ciclo replicativo do HTLV-I, são<br />

comuns aos demais retrovírus, apresenta genes regulatórios e funcionais localizados


3<br />

no pró-vírus ( gag,pol,env,px,tax e rex), que codificam peptídeos que se expressam<br />

nas células infectadas, onde anticorpos do hospedeiro contra tais peptídeos,<br />

constituem a base do teste sorológico imunoenzimático de triagem ELISA (CDC-<br />

Center for Disease Control, 1993).<br />

O genoma proviral é constituído de:<br />

• env - codifica as glicoproteínas externas do envelope (a precursora gp61-68 e<br />

sua derivada gp46) e a proteína transmembrana (gp21);<br />

• pol - codifica as enzimas transcriptase reversa (p99), RNase, endonuclease e<br />

protease;<br />

• gag - codifica as proteínas do core viral (a precursora p52 e suas derivadas<br />

p15, p19 e p24);<br />

• tax - codifica a proteína p40tax, transativadora do segmento LTR viral e de<br />

genes da célula eucariótica infectada;<br />

• rex - codifica a proteína p27rex, reguladora <strong>pós</strong> – transcricional da síntese de<br />

proteínas estruturais do vírus;<br />

• segmento LTR - presente nas extremidades do genoma proviral, contém as<br />

regiões reguladoras da transcrição viral;<br />

• genes de função ainda pouco conhecidas, rof e tof.<br />

Os genes acima enumerados provocam resposta humoral específica do<br />

hospedeiro infectado, que leva à produção de anticorpos voltados a diferentes<br />

constituintes antigênicos virais, os quais podem ser pesquisados por meio de<br />

técnicas de diagnóstico sorológico (PROIETTI et al., 2001).<br />

A<strong>pós</strong> a entrada do vírus na célula (Fig. 4), seu genoma é copiado para DNA<br />

(ácido desoxirribonucléico) pela enzima transcriptase reversa, e é integrado no<br />

genoma celular, formando o provírus. A síntese do RNA viral é feita por enzimas<br />

celulares, usando o pro-vírus integrado como modelo. O RNA é então processado<br />

para formar as proteínas virais e também o RNA que será introduzido nas novas<br />

partículas virais em formação (SOARES, et al., 2001).


4<br />

Figura 1. Representação esquemática das principais estruturas do vírus HTLV<br />

Fonte: Adaptado de Gallo (1986)<br />

Figura 2. Fotografia por microscopia eletrônica do vírus HTLV infectando a célula.<br />

Fonte:


5<br />

1.3 EPIDEMIOLOGIA<br />

Os agrupamentos geográficos (Fig. 3) foram inicialmente documentados no sul<br />

do Japão, anticorpos contra o HTLV-I tem sido detectados em 1 a 2 milhões de<br />

pessoas e mais de 700 casos de LLTA, são diagnosticados a cada ano, mais da<br />

metade dos casos são do distrito de Kyushu (8%). O HTLV-I é endêmico em ilhas<br />

situadas no sudeste do Japão, onde cerca de 20% da população adulta é<br />

soropositiva (YAMAGUCHI et al., 1994).<br />

Muitas infecções em residentes do Norte do Japão são oriundas de migrantes<br />

das regiões do Sul do Japão e de diversas ilhas do Caribe, em negros de Trinidad e<br />

Tobago (BARTHOLOMEW et al., 1990), em Barbados e 5% e na Jamaica (WATTEL<br />

et al., 1985). O HTLV está presente na América Central e do Sul e em regiões da<br />

África, (DELAPORTE et al., 1988). Na Melanésia há uma soroprevalência elevada,<br />

destacando-se a região de Papua-Nova Guiné, no Médio Oriente, no Ártico e ilhas<br />

do oceano Índico e do Pacífico Sul (YANAGIHARA et al., 1990).<br />

No Brasil, o HTLV foi detectado em todas as regiões estudadas (Fig.2), testes<br />

de triagem de doadores de sangue e estudos conduzidos em populações indígenas,<br />

usuários de drogas intravenosas e gestantes, constituem as principais fontes de<br />

informação sobre essas viroses em nosso país, que possui o maior número absoluto<br />

de indivíduos soropositivos para HTLV-I, dentre todos os países aproximadamente<br />

2,5 milhões de pessoas, para uma população de cerca de 150 milhões de<br />

habitantes, destacando-se maior prevalência nos estados da Bahia, Pernambuco e<br />

Pará (PROIETTI, et al., 2002).<br />

Durante o ano de 1995, 35 amostras soropositivas de doadores de sangue do<br />

Centro de Hematologia e Hemoterapia do Pará, foram testadas pelos métodos de<br />

ELISA e Western blot, resultando em 10 (28,6%) amostras positivas para o HTLV-I<br />

e 2 (5,7%) positivas para o HTLV-II, estas através da PCR foram classificadas como<br />

HTLV- IIa e três (8,6%) foram indeterminadas (ISHAK et al., 1998).<br />

A prevalência do HTLV-I, aumenta com a idade, na infância a soropositividade<br />

para o HTLV-I é muito baixa e aumenta a partir da adolescência e início da idade<br />

adulta, nas mulheres observa-se um aumento acentuado que continua a<strong>pós</strong> os 40<br />

anos de idade em relação aos homens que normalmente atinge um platô a<strong>pós</strong> os 40<br />

anos (PROIETTI, 2002).<br />

As explicações mais prováveis para essa situação, são que a infecção latente<br />

poderia sofrer reativação ao longo da vida, aumento progressivo no título de


6<br />

anticorpos em pessoas infectadas a mais tempo, que a transmissão sexual seja mais<br />

eficiente do homem para a mulher e que as transfusões sanguíneas são mais<br />

freqüentes em mulheres. (BLAYNEY et al., 1983).<br />

Principalmente em pessoas com ancestrais de regiões endêmicas, ou mesmo<br />

imigrantes dessas regiões que apresentam taxas elevadas de soropositividade,<br />

como por exemplo os nascidos em Okinawa que migraram para o Hawaii e Brasil,<br />

segundo Veronesi et al., (1995) e para o Peru segundo Gotuzzo et al., (1994) e<br />

aqueles nascidos no Caribe que migraram para os EUA (BLATTNER et al., 1982).<br />

ÁFRICA<br />

BRASIL<br />

CARIBE<br />

JAPÃO<br />

MELANÉSIA<br />

Figura 3. Representação das cinco maiores aglomerações de indivíduos Infectados<br />

com HTLV no mundo


7<br />

Figura 4. Prevalência de HTLV I/II reportadas no Brasil de 1989 a 1996<br />

Fonte: PROIETTI et al., 2002<br />

1.4 PREVALÊNCIA DO HTLV-I EM COMUNIDADES INDÍGENAS<br />

No Brasil vivem cerca de 345 mil índios, distribuídos entre 215 sociedades<br />

indígenas, que perfazem cerca de 0,2% da população brasileira, este dado refere-se<br />

a indígenas que vivem em aldeias. Havendo uma estimativa de 100 a 190 mil que


8<br />

vivem fora de terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. No Estado do Amazonas<br />

estima-se que haja 83.966 indígenas, segundo informes da FUNAI (Fundação<br />

Nacional do Índio).<br />

Sabe-se que 53 grupos ainda não foram contactados e alguns grupos estão<br />

requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão Federal<br />

indigenista, segundo IBGE, 2004.<br />

Conforme o “estatuto” do índio (Lei 6001, de 19.12.1973), um grupo de pessoas<br />

pode ser considerado indígena ou não se estas pessoas se considerarem indígenas<br />

ou se assim forem consideradas pela população que as cerca ( FUNAI, 2004).<br />

O HTLV-I/II é endêmico em áreas geográficas distintas, sendo os níveis de<br />

infecção do HTLV-II comum em populações indígenas das Américas Central e do<br />

Sul, inclusive do Brasil (ISHAK et al., 2003).<br />

A infecção pelo HTLV-II, considerada menos patogênica, é endêmica em<br />

diversas comunidades indígenas da Amazônia, com soroprevalência distinta em<br />

relação às regiões descritas em alguns trabalhos que envolvem o Estado do Pará,<br />

onde apresenta maior prevalência (ISHAK et al., 1995; MALONEY et al., 1992;<br />

VALLINOTO et al., 2002).<br />

Segundo pesquisa realizada por Maloney et al., (1992), através de testes<br />

sorológicos e moleculares, a distribuição da soroprevalência entre 13 tribos da<br />

America Central e do Sul (Brasil, Venezuela, Costa Rica e Guiana) foi nula em 10/13<br />

das etnias estudadas em índios americanos no período entre 1966 a 1984.<br />

Em estudo retrospectivo realizado no Estado do Pará, Nakauchi et al., (1990),<br />

analisaram 137 amostras de soros de índios das comunidades Tiriyo e Mekranoite,<br />

sendo positivas pelo método ELISA 39% e 20% respectivamente, um caso foi<br />

positivo para HTLV-I, confirmado através da técnica de western blot.<br />

Em Belém no estado do Pará foi detectada a presença do HTLV-II a na etnia<br />

Kayapo, Munduruku, Arara do Laranjal e Tyrio. Na etnia Kayapo a soroprevalência<br />

tende a aumentar com a idade com evidências moleculares da transmissão vertical<br />

do HTLV-IIa (ISHAK et al., 1995).<br />

Testes sorológicos e moleculares realizados em amostras de sangue de<br />

indígenas da aldeia Kararao (Kayapo), forneceram evidências da transmissão<br />

intrafamilial e vertical do HTLV-IIc, detectou-se reatividade específica em 3/26<br />

indivíduos, dos quais duas amostras eram de uma mãe e de seu filho,<br />

provavelmente a amamentação seria um mecanismo de transmissão que em grande


9<br />

parte é responsável pela endemicidade do HTLV nessas populações (ISHAK et al.,<br />

2001).<br />

Em 591 amostras de soro coletadas nos anos de 1985 e 1988 de indígenas de<br />

quatro etnias da região amazônica, foi encontrada soroprevalência na taxa de 0,0%<br />

para o HTLV-I, 28 amostras foram positivas para o HTLV-II (4,7%) e cinco para o<br />

HTLVI/II (0,8%) (GABBAI et al., 1993).<br />

A infecção pelo HTLV-II é considerada endêmica em outras populações<br />

indígenas da América do norte, central e do sul, em pesquisa realizada por Fujiyoshi<br />

et al, 1999, foi encontrada as seguintes prevalências para o HTLV-I, em indígenas<br />

de várias etnias e paises: Aymara (Peru) 1,6%, Aymara (Bolívia) 5,3%, Quechua<br />

(Bolívia) 4,5%, Puna (Argentina) 2,3% e Atacama 4,1%. Resultados encontrados<br />

para o HTLV-II: Kayapó (Brasil) 57,9%, Chaco (Paraguay) 16,4%, Alacaf (Paraguay)<br />

34,8% e Yahgan (Chile). Na Colômbia 29-92 (31,5%) em índios Guahibo. Na<br />

Venezuela índios Yaruro e Guahibo 61% HTLV-IIb. Na Argentina, 0,45% a 2,78%<br />

HTLV-I e 2,78% a 21,9% HTLV-II em populações indígenas (GASTALDELLO et al.,<br />

2004).<br />

A variação nas taxas de prevalência em regiões diferentes pode ser devida a<br />

desigualdades no tamanho das amostras e metodologia empregada, bem como ser<br />

conseqüente a diferença de etnias nas populações estudadas (PROIETTI et al.,<br />

2000).<br />

1.5 TRANSMISSÃO<br />

Os mecanismos de transmissão reconhecidos para o HTLV-I, incluem a<br />

transmissão vertical, de mãe infectada para o filho, via transplacentária, durante o<br />

parto e através de linfócitos infectados presentes no leite materno, que pode<br />

representar até 15% de todas as infecções, crianças amamentadas artificialmente<br />

apresentaram uma taxa de soroconversão de 1% a 2%, enquanto que as com<br />

aleitamento materno apresentaram 20%, a transmissão intra-uterina ou transvaginal<br />

também pode ocorrer (TAKAHASHI et al., 1991).<br />

Resultados de testes Western blots seriados de crianças soroconvertidas<br />

nascidas de mães positivas para o HTLV-I mostram um padrão de presença de<br />

anticorpos maternos nos primeiros meses, geralmente desaparecendo todas as<br />

bandas por volta dos seis meses de idade, com surgimento subseqüente de novas<br />

bandas desta vez em associação com infecção nativa. Para algumas crianças foi


10<br />

cessada a amamentação vários meses antes da soroconversão, porém infecção<br />

latente por HTLV-I não foi detectada por meio da técnica da PCR (HIRATA et al.,<br />

1992).<br />

A transmissão horizontal, ocorre através da transfusão de hemocomponentes<br />

celulares Manns et al., (1991) ou do uso comum de objetos contaminados com<br />

sangue, ou ainda por relacionamento sexual ( MURPHY et al.,1989).<br />

Em área endêmica, indivíduos soropositivos para HTLV-I, estão agrupados em<br />

famílias, o que reflete o predomínio de transmissão da mãe para o filho e também<br />

por contato sexual. Todas as pesquisas afirmam persistência da infecção por toda a<br />

vida (SOARES et al., 2001).<br />

Em estudos realizados no Japão, observou-se que a transmissão homem -<br />

mulher (61%, em 10 anos) era mais comum do que mulher - homem (menor que 1<br />

%), detectou-se a presença do HTLV-I em células mononucleares no sêmen<br />

(NIKANO et al., 1984). Devido às conseqüências, potencialmente graves da infecção<br />

por HTLV-I, o CDC - Centers of Disease Control and Prevention, recomenda às<br />

pessoas infectadas, informarem a soropositividade a seu médico, não doarem<br />

sangue e hemoderivados, sêmem ou orgãos, não compartilharem agulhas e<br />

seringas, não amamentar ou inativar o leite materno através da pasteurização ou<br />

fervura e usar preservativos para evitar a transmissão sexual.<br />

A coincidência de outra doença sexualmente transmissível com manifestação<br />

genital ulcerativa, amplia o risco de transmissão do HTLV-I (MURPHY et al.,1989).<br />

No Brasil, o comportamento epidemiológico dessa retrovirose demonstra<br />

evidências de transmissão sexual e vertical do HTLVI-II, em nativos procedentes de<br />

comunidades indígenas da Amazônia Brasileira, assim como em filhos<br />

amamentados por mães soropositivas para HTLVI-II ( ISHAK et al., 1995).<br />

1.6 PATOGENIA<br />

A infecção inicia-se quando ocorre a interação das glicoproteínas do envelope<br />

viral com receptores localizados na membrana plasmática das células-alvo. No<br />

entanto, não se identificaram as moléculas envolvidas nessa interação, sabe-se que<br />

a<strong>pós</strong> a introdução do material genético viral no citoplasma da célula, ocorre a<br />

transcrição reversa do RNA viral, por meio de enzimas virais essenciais<br />

denominadas transcriptase reversa e integrase, originando a molécula de DNA viral<br />

complementar de dupla fita, que a<strong>pós</strong> migração para o núcleo da célula, integra-se


ao genoma da mesma, passando a DNA proviral, que torna-se estável fazendo a sua<br />

replicação, durante o ciclo celular (SOARES et al., 2001).<br />

11<br />

1.7 DOENÇAS ASSOCIADAS A INFECCAO PELO VÍRUS HTLV-I<br />

1.7.1 DOENÇAS HEMATOLÓGICAS<br />

1.7.1.1 Leucemia-Linfoma de Células T do Adulto (LLTA)<br />

A leucemia-linfoma de células T do adulto (LLTA), foi descrita por Takatsuki et<br />

al., em 1977, sendo característica sua associação etiológica com o HTLV-I<br />

confirmada pela demonstração da integração monoclonal de DNA proviral nas<br />

células leucêmicas, confirmando que a leucemia surge da transformação malígna<br />

realizada pelo vírus e seus produtos protéicos, como por exemplo a proteína tax,<br />

embora ocorra geralmente no adulto, conforme inicialmente descrito no Japão (<br />

TAKATSUKI et al., 1985).<br />

No Caribe observou-se acometimento de indivíduos mais jovens, casos de<br />

LLTA foram descritos em pessoas de nove a 23 anos por Bittencourt, et al., (1998).<br />

Este fato reflete a importância de co-fatores ambientais distintos, os quais são<br />

responsáveis pelo desenvolvimento de LLTA, nos indivíduos portadores de HTLV-I,<br />

de várias regiões geográficas, como no Brasil onde foram diagnosticados casos de<br />

LLTA em diversas regiões estudadas (POMBO DE OLIVEIRA et al., 1990).<br />

O papel etiológico do HTLV-I, nesta patologia foi demonstrado através das<br />

seguintes evidências: presença de LLTA em região endêmica para o HTLV-I,<br />

pacientes com LLTA apresentam anticorpos para HTLV-I e a integração monoclonal<br />

do DNA proviral nas células leucêmicas dos pacientes, confirma que a LLTA surgiu<br />

da transformação maligna de uma célula previamente infectada com HTLV-I<br />

(PROIETTI et al., 2002).<br />

As formas clínicas desta doença são classificadas em quatro grupos: forma<br />

aguda, crônica, linfomatosa e smoldering, um estágio intermediário entre o portador<br />

sadio e o doente com monoclonalidade, esta forma pode evoluir para as formas<br />

crônica ou aguda variando entre 10 a 15 anos. As lesões de pele crônica resistentes<br />

a tratamento tem sido um dos sinais clínicos iniciais da LLTA, normalmente sem<br />

apresentar linfocitose e com alguns linfócitos atípicos, podendo passar<br />

desapercebida por vários anos (LEVINE et al., 2002; WAGNER et al., 1998).


12<br />

Os linfócitos apresentam acentuado pleomorfismo celular, de tamanho médio<br />

com núcleos polilobulados, as células leucêmicas se assemelham às células de<br />

Sèzary, apresentando núcleos denteados, é possível que essas células ativadas<br />

liberem citocinas e que estas modifiquem as características patológicas dos<br />

pacientes com a doença (YAMAGUCHI , 1994).<br />

Os achados predominantes ao exame físico, no ínicio da doença, são<br />

adenomegalia (60%), hepatomegalia (26%), esplenomegalia (22%) e lesões<br />

cutâneas (39%). A hipercalcemia é freqüentemente associada à LLTA<br />

(YAMAGUCHI, 1994).<br />

A forma crônica da LLTA têm um curso clínico muitas vezes assintomático até<br />

ocorrer a progressão da doença para a forma aguda, onde se apresenta agressiva,<br />

com prognóstico reservado que não responde bem ao tratamento usado nos<br />

linfomas de alto grau de malignidade. Nos casos com lesões de pele, a<br />

fotoquimioterapia extracorpórea tem sido usada com algum benefício para a<br />

regressão das lesões, porém não evita a transformação em forma aguda<br />

posteriormente (PROIETTI et al., 2002).<br />

O tempo de sobrevida em pacientes com LLTA em formas aguda e<br />

linfomatosa varia de duas semanas a mais de um ano. Causas de morte incluem<br />

pneumonia por Pneumocystis carinii, hipercalcemia, meningite criptocócica, herpes<br />

zoster disseminado e coagulação intravascular disseminada (YAMAGUCHI, 1994).<br />

1.7.2 DOENÇAS NEUROLÓGICAS<br />

1.7.2.1 Mielopatia Associada ao HTLV-I - Paraparesia Espástica Tropical<br />

(TSP/HAM)<br />

O quadro clínico é de início insidioso e de caráter lentamente progressivo, com<br />

diminuição gradual da força muscular dos membros inferiores, associada a queixas<br />

sensitivas leves do tipo parestesia de membros inferiores. Com a progressão da<br />

doença podem surgir, urgência miccional, incontinência ou retenção urinária,<br />

constipação intestinal e, em adultos, diminuição da libido e da potência sexual<br />

(TAKAYANAGUI, 1996).<br />

A idade média para o aparecimento dos sintomas, ocorre predominantemente<br />

na faixa etária entre 35 e 49 anos e, atualmente existem relatos de acometimento<br />

em indíviduos cada vez mais jovens, inclusive abaixo de 10 anos de idade. O exame


13<br />

neurológico em crianças soropositivas para HTLV-I, pode mostrar sinais iniciais,<br />

mesmo que elas não apresentem queixas neurológicas, o que pode demonstrar um<br />

futuro desenvolvimento de TSP/HAM (GESSAIN et al., 1985; SEGURADO, 2001).<br />

Os sinais de envolvimento do trato piramidal são as principais alterações<br />

semiológicas: paraparesia crural com espasticidade, exacerbação dos reflexos<br />

profundos, clônus, sinal de Babinski e outros sinais de liberação piramidal. Observase<br />

freqüentemente a presença de hiper-reflexia profunda, também nos membros<br />

superiores, associada ao sinal de Hoffman (TAKAYANAGUI,1996).<br />

Embora o envolvimento medular seja a característica mais marcante,<br />

ocasionalmente são observados envolvimentos de outras áreas do sistema nervoso<br />

como: tremor de intenção, ataxia cerebelar, hipoacusia, atrofia óptica, ptose<br />

palpebral e lesão do nervo facial, entre outros.<br />

A evolução é normalmente lenta e progressiva, com duração de muitos anos.<br />

Em torno de dez anos a<strong>pós</strong> a instalação da doença, aproximadamente um terço dos<br />

pacientes estão paraplégicos e confinados ao leito. O conhecimento ainda impreciso<br />

dos mecanismos fisiopatológicos, impede uma terapêutica comprovadamente eficaz<br />

(GESSAIN et al., 1992).<br />

1.7.3 UVEÍTE ASSOCIADA AO HTLV (HAU)<br />

Termo genérico que se refere à inflamação, tanto do trato uveal quanto de<br />

outras partes do bulbo ocular, como a retina, o nervo óptico, o corpo vítreo, a córnea<br />

e a esclera podendo ocasionar a perda total da visão ( PINHEIRO et al., 1996).<br />

Os sinais clínicos e sintomas da uveíte são: dor ocular, fotofobia, embaçamento<br />

visual e hiperemia ocular. O curso clínico pode ser lentamente progressivo e persistir<br />

por longos períodos, quando não tratadas. Respondem bem ao tratamento com<br />

corticosteróides tópicos ou sistêmicos e podem apresentar recorrências se a terapia<br />

for interrompida.<br />

Estudos clínicos, soroepidemiológicos e virológicos relatam uma uveíte<br />

endógena como outra patologia associada ao HTLV-I, conhecida como HAU (uveíte<br />

associada ao HTLV-I), que pode ocorrer em portadores de doença neurológica<br />

(TSP/HAM) ou mesmo, se apresentar em portadores do vírus HTLV-I, sem<br />

comprometimento sistêmico. A HAU afeta principalmente pacientes do sexo<br />

masculino, faixa etária dos 20 aos 49 anos, e no sexo feminino ocorrem dois picos:<br />

um dos 20 aos 29 anos e outro dos 50 aos 59 anos. Embora a idade de


14<br />

aparecimento da HAU seja geralmente a<strong>pós</strong> 16 anos de idade, observou-se<br />

recentemente a presença de HAU em cinco crianças de três, oito, 10 e 14 anos de<br />

idade, com quadro clínico similar ao dos adultos (PROIETTI et al., 2002).<br />

Não se sabe ao certo se a uveíte é causada diretamente pela presença do<br />

vírus no globo ocular ou se o HTLV-I seria um mediador no desencadeamento de<br />

reação autoimune. A segunda hipótese parece ser mais provável, baseada nas<br />

seguintes informações: Linfócitos T CD4 – positivos infectados com o vírus HTLV-I,<br />

produzem uma infinidade de linfocinas mediadas pela interleucina-2; a uveíte<br />

responde bem à terapia com corticosteróides, que são imunossupressores; há uma<br />

certa proporção de pacientes com hipertireoidismo associado; linfócitos infectados<br />

com o vírus foram detectados pela PCR (reação em cadeia da polimerase) na<br />

câmara anterior de olhos com uveíte (YAMAMOTO et al., 1998).<br />

O HTLV-I, na forma de provírus (genoma viral integrado no DNA celular) pode<br />

ser detectado no humor aquoso, obtido por punção ocular de portadores de HAU<br />

sugerindo que células infectadas pelo HTLV-I têm papel ativo na uveíte<br />

(MOCHIZUKI et al., 1992).<br />

1.7.4 MANIFESTAÇÕES DERMATOLÓGICAS<br />

Manifestações cutâneas são comuns na infecção por HTLV-I e nas doenças<br />

associadas ao vírus, como infiltrados linfomatosos na LLTA, que se manifestam<br />

como pápulas persistentes e generalizadas, nódulos e placas que podem evoluir<br />

com ulceração, pode haver ainda xeroderma e ictiose associadas à MAH-PET e à<br />

dermatite infecciosa (DI), cuja transmissão parece ser materno infantil via leite<br />

materno. Há outras lesões descritas como dermatomiosite, escabiose crostosa , rash<br />

psoriasiforme e dermatite seborréica, existem também relatos de associação de<br />

micose fungóide com HTLV (ZUCKER et al., 1999)<br />

A dermatite infecciosa (DIH), foi descrita pela primeira vez na Jamaica, em<br />

1966 e associada à infecção pelo HTLV-I em 1990, essa associação foi confirmada<br />

com a presença do genoma viral em culturas de biópsia de pele (LA GRENADE,<br />

1996).<br />

Apresenta quadro clínico de dermatite exsudativa severa, com crostas no couro<br />

cabeludo, pescoço, orelhas, região retroauricular, inguinal e axilar. Observa-se<br />

cultura positiva para Staphylococcus aureus e Streptococcus -hemolítico em<br />

material da pele e narinas, respondendo bem à antibioticoterapia apropriada, pode


15<br />

haver progressão para doenças mais graves associadas ao HTLV-I, como LLTA<br />

(PROIETTI et al., 2002).<br />

A DIH inicia-se a<strong>pós</strong> os 18 meses de idade, as lesöes säo<br />

eritematodescamantes e freqüentemente crostosas, localizando-se com mais<br />

freqüência no couro cabeludo, regiöes retroauriculares, cervical, peribucal,<br />

inguinocrural e perinasal. Podem ser vistas também fístulas, pápulas foliculares e<br />

fissuras reatroauriculares. As crinaças apresentam prurido que pode variar de leve a<br />

moderado, secreção nasal crônica e blefaroconjuntivite. O diagnóstico diferencial<br />

pode ser feito com dermatites atópica e seborréica do ponto de vista clínico.<br />

Considerando-se a elevada freqüência de DIH em Salvador, Bahia, sugere-se que<br />

seja feita de rotina a sorologia para HTLV-I, em crianças que apresentarem quadro<br />

dermatológico com czema (BITTENCOURT et al., 2001).<br />

1.8 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL<br />

A realização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HTLV (Anexo C), pode<br />

ser realizado através dos seguintes testes:<br />

1) Triagem sorológica<br />

2) Confirmação sorológica por meio do teste Western blot para HTLVI e II<br />

3) Confirmação da infecção pelo HTLV I e II, através da realização da PCR<br />

Todos os conjuntos de diagnóstico sorológico utilizados deverão estar<br />

obrigatoriamente registrados no Ministério da Saúde (PROIETTI et al., 2000).<br />

O diagnóstico inicial da infecção pelo vírus HTLV-I, é realizado por meio de<br />

testes sorológicos diversos que têm base na detecção de anticorpos, no soro do<br />

indivíduo, os quais são gerados a partir de uma resposta imunológica direcionada<br />

contra antígenos virais codificados por genes estruturais reguladores (PROIETTI et<br />

al., 2002).


16<br />

1.8.1 Reações de Triagem<br />

As reações de triagem, não diferenciam o HTLV-I do HTLV-II, devido às<br />

reações cruzadas de anticorpos, sendo, portanto, referidas como testes para HTLV-I<br />

e II. As seqüências dos genomas do HTLV-I e II têm similaridade de<br />

aproximadamente 65%, resultando em produtos protéicos relacionados, no entanto,<br />

eles contêm alguns antígenos diferentes, o que permite distinguí-los nas reações<br />

confirmatórias.<br />

A técnica mais comumente empregada para a triagem, é a reação de ELISA ou<br />

EIA (enzyme linked immunosorbent assay ou enzyme immunoassay), na qual os<br />

antígenos específicos são adsorvidos a uma placa de poliestireno e incubados com<br />

os soros em teste, sendo a reação definida como positiva através da<br />

intensidade colorímetrica medida em densidade óptica (DO) a partir de um corte<br />

definido ou cut- off. Resultados inconclusivos necessitam investigação<br />

complementar.<br />

A<strong>pós</strong> sofrer várias modificações, os testes atualmente contêm apenas proteínas<br />

recombinantes e peptídeos sintéticos, proporcionando maior sensibilidade (%) e<br />

especificidade, os testes ELISA considerados apropriados são os das marcas:<br />

Organon Teknica, Murex, Abbott e Ortho (VRIELINK et al.,1999).<br />

Os testes de aglutinação de partículas de látex ou de gelatina sensibilizadas<br />

com antígenos virais inativados, também são utilizados como reações de triagem.<br />

1.8.2 Reações Confirmatórias ou Suplementares<br />

A confirmação diagnóstica da infecção pelo HTLV pode ser realizada a partir de<br />

diferentes métodos sorológicos, dos quais o mais utilizado é o Western blot (Wb),<br />

detectando a presença de anticorpos para diferentes antígenos virais, separados<br />

eletroforeticamente, segundo seu peso molecular e carga elétrica, aderidos a um<br />

suporte sólido de nitrocelulose, os anticorpos são identificados pela visualização de<br />

bandas correspondentes aos diferentes antígenos virais.<br />

O teste da IFI (Imunofluorescência Indireta) não é comercializado apresentando<br />

resultados subjetivos, o que limita sua utilização. Outros são o RIBA (recombinant<br />

immunoblot assay) o RIPA-PAGE (radioimunoprecipitação em gel de poliacrilamid).


17<br />

1.8.3 Reações Moleculares<br />

O diagnóstico molecular é realizado com a PCR - reação em cadeia da<br />

polimerase, capaz de detectar um único fragmento de DNA e copiar sua seqüência<br />

de ácidos nucléicos, amplificando até um milhão de vezes a sequência viral inicial.<br />

O provírus detectado nas células infectadas é capaz de esclarecer estados<br />

sorológicos indeterminados, além de ser utilizado para identificar claramente se a<br />

infecção ocorre pelo tipo I ou pelo tipo II do HTLV.<br />

A identificação através da PCR das infecções por HTLV-I, baseia-se na escolha<br />

dos iniciadores complementares às extremidades da região do genoma a ser<br />

amplificada, a qual deve ser uma região altamente conservada e espécie-específica.<br />

A PCR deve ser considerada atualmente como um ensaio confirmatório<br />

adicional e como uma técnica de pesquisa (PROIETTI et al., 2002).


18<br />

2 OBJETIVOS<br />

2.1 GERAL<br />

Estimar a soroprevalência da infecção pelo HTLV I/II, em oito comunidades<br />

indígenas do Estado do Amazonas.<br />

2.2 ESPECÍFICOS<br />

Descrever o perfil da soroprevalência do HTLV-I, em indivíduos de oito<br />

comunidades indígenas do Amazonas;<br />

Caracterizar os fatores sócio-demográficos da população de estudo<br />

associando: sexo, faixa etária e etnia.


19<br />

3 METODOLOGIA<br />

3.1 MODELO DE ESTUDO<br />

Trata-se de um estudo retrospectivo (estudo de casos prevalentes), em<br />

comunidades indígenas do estado do Amazonas, que avaliará a taxa de prevalência<br />

do HTLV I/II, em relação a diferentes variáveis epidemiológicas.<br />

3.2 UNIVERSO DE ESTUDO<br />

3.2.1 POPULAÇÃO DE REFERÊNCIA<br />

O estudo se desenvolveu na Amazônia ocidental, entre populações indígenas<br />

dos vales dos rios Juruá, Purús e Madeira, principais afluentes da margem direita do<br />

rio Amazonas, tendo como base os municípios de Lábrea, Pauini, Eirunepé, Envira e<br />

Nova Olinda do Norte (Fig. 13).<br />

A região apresenta clima tropical úmido, com elevados índices pluviométricos<br />

anuais, que se encontram exacerbados entre os meses de Dezembro a Julho, e uma<br />

estação menos chuvosa entre os meses de Agosto e Novembro. A economia local<br />

está centralizada na produção de látex, juta, madeira, pesca, agricultura de subexistência<br />

e exploração de madeiras nobres.<br />

3.2.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO<br />

Indígenas pertencentes a oito comunidades do estado do Amazonas,<br />

totalizando 399 amostras de soros provenientes das seguintes etnias e respectivos<br />

locais de procedência:<br />

• Apurinã Lábrea e Pauini<br />

• Kanamari Eirunepé<br />

• Deni Tapauá<br />

• Jamamadi Lábrea<br />

• Kulina Envira e Eirunepé<br />

• Mura-Pirahã Nova Olinda do Norte<br />

• Paumari Lábrea<br />

• Zuhu-A´há Lábrea


20<br />

No município de Lábrea os Zuhu-A´há, uma aldeia considerada fechada,<br />

segundo informação verbal cedida pelo Dr. Marcus Lacerda, responsável pela coleta<br />

de amostras de soro dos indígenas dessa etnia para estudos prévios<br />

epidemiológicos.<br />

As demais aldeias visitadas aparentavam comunidades ribeirinhas, com uma<br />

área livre central, circundada por habitações, normalmente próximas de um igarapé,<br />

algumas com escolas, posto médico e igreja onde conviviam com missionários de<br />

outros países.<br />

Estas comunidades em regra estão localizadas em regiões no meio da<br />

floresta de difícil acesso fluvial e terrestre, à exceção das aldeias do Cacau, da etnia<br />

Kulina, e de Nova Esperança dos Apurinã, que são considerados bairros afastados<br />

das cidades de Envira e Lábrea.<br />

3.3 PROCEDIMENTOS<br />

3.3.1 SELEÇÃO DOS INDIVÍDUOS A SEREM INCLUÍDOS NO ESTUDO<br />

O número de indivíduos avaliados ficou condicionado ao número de aldeias<br />

visitadas e ao número de pessoas presentes no momento da visita. Nas aldeias<br />

pequenas, todos eram avaliados e nas maiores onde foi realizado sorteio, a grande<br />

maioria dos sorteados estavam no momento da entrevista e concordavam em<br />

participar.<br />

Nas aldeias maiores, se procedia a seleção de 50% da população por<br />

amostragem aleatória simples, sorteados do censo familiar de cada aldeia. Em<br />

aldeias pequenas a investigação se realizava com praticamente todos os indivíduos<br />

presentes, sendo deixados de fora somente os que estavam ausentes em alguma<br />

atividade na floresta.<br />

3.3.2 INSTRUMENTOS<br />

Como instrumentos de investigação foi utilizado o censo familiar de cada<br />

aldeia, elaborado pelo programa de saúde indígena, de onde podiam ser coletadas<br />

informações como: sexo, idade, além de um questionário individual (anexo 1).


21<br />

3.3.3 COLETA DAS AMOSTRAS<br />

As amostras de soro estavam separadas em alíquotas e armazenadas na<br />

soroteca da gerência de virologia da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas<br />

(FMTIMT), as mesmas foram coletadas por BRAGA, et al., 1993 nas comunidades<br />

indígenas, determinadas por autoridades competentes da FUNAI, pois no momento<br />

da coleta havia transporte disponível somente para essas localidades. As<br />

informações referentes aos indivíduos participantes foram obtidas por meio de<br />

inquérito, através de questionário padronizado, desenvolvido para esta finalidade.<br />

Posteriormente as amostras de soro foram utilizadas por FERREIRA et al.,<br />

2002, sendo encontrado em determinadas aldeias 100% de positividade para o<br />

Helicobacter pylori , através do método de ELISA.<br />

Foi solicitado um consentimento verbal dos dirigentes das comunidades e<br />

chefes de família a<strong>pós</strong> apresentação do projeto, explicando os objetivos<br />

antecipadamente. O projeto foi apresentado aos dirigentes do programa de saúde<br />

indígena da Fundação Nacional de Saúde e também as entidades governamentais e<br />

não-governamentais que trabalhavam em conjunto com a Fundação Nacional de<br />

Saúde.<br />

3.3.4 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS<br />

1- Colheram-se 10ml de sangue de cada indíviduo, por punção venosa a<br />

vácuo;<br />

2- Mantiveram-se os tubos à temperatura ambiente, até formação de coágulo;<br />

3- Centrifugaram-se as amostras a 2000 rpm, por 5 minutos, para obtenção do<br />

soro, o qual foi separado em alíquotas e acondicionados em tubos<br />

criogênicos com capacidade de 1,5ml cada um, em duplicidade,<br />

devidamente identificados com um código para cada participante;<br />

4- As amostras foram armazenadas a –20 oC;<br />

5- Todas as amostras foram coletadas pela mesma pessoa e imediatamente<br />

acondicionadas em gelo e transportadas para realização da centrifugação.


22<br />

Figura 5. Coleta de sangue e exame físico.<br />

3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO<br />

Alíquotas de soros de populações das 8 etnias armazenadas no Laboratório<br />

de Virologia da FMTIMT.<br />

3.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO<br />

Soros que se apresentaram hemolisados, lipêmicos ou ictéricos.<br />

3.6 REALIZAÇÃO DAS SOROLOGIAS<br />

Todos os testes foram realizados no Laboratório de Sorologia da Fundação de<br />

Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHEMOAM).<br />

3.6.1 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ELISA<br />

Foi utilizado o KIT ABBOTT MUREX HTLV-I + II ® Código: GE81-8E22 04<br />

Lote: H814010, Validade: 30.09.04.<br />

Enzimaimunoensaio qualitativo para a detecção de anticorpos contra o vírus<br />

T – linfotrópico humano, tipos I e II (HTLV - I e HTLV - II) em soro ou plasma<br />

humano.<br />

O MUREX HTLV-I + II ® é um ensaio de ELISA seqüencial tipo “antígeno<br />

sanduíche”, baseado em proteínas recombinantes derivadas de proteínas<br />

transmembrânicas do HTLV-I e HTLV-II.


23<br />

Os antígenos são selecionados para otimizar a especificidade e sensibilidade<br />

de ambos e são usados no formato selecionado para permitir a detecção de<br />

anticorpos do tipo IgA, IgG e IgM.<br />

3.6.1.1 COMPONENTES DO KIT<br />

• Placa revestida com antígenos do HTLV-I e II<br />

• Diluente de Amostra: Um frasco contendo 36ml de tampão e detergentes.<br />

Contém conservantes Bronidox a 0,05%.<br />

• Conjugado: Um frasco contendo antígenos do HTLV conjugados com<br />

peroxidase de rábano e liofilizado.<br />

• Diluente do Conjugado: Um frasco contendo uma solução vermelha<br />

consistindo por tampão, proteína bovina e detergente. Contém conservante<br />

Bronidox a 0,05%.<br />

• Controle Positivo anti-HTLV; Um frasco com 1,5 ml de sorohumano<br />

inativado contendo anticorpos contra o HTLV, negativo para antígeno de<br />

superfície da Hepatite B (HbsAg) e negativo para anticorpos contra o vírus<br />

da imunodeficiência humana tipos I e II (HIV 1 e HIV 2) e HVC, diluído em<br />

tampão contendoo proteína bovina. Contém conservante Bronidox a 0,05%.<br />

• Controle Negativo: Um frasco com 2,5 ml de soro humano normal, não<br />

reativo para HbsAg e anticorpos contra HIV 1, HIV 2, HCV,HTLV I e II,<br />

diluídos em um tampão com proteína bovina. Contém conservante Bronidox<br />

a 0,05%.<br />

3.6.1.2 PROCEDIMENTO DO ENSAIO<br />

1) Reconstituir e misturar o Conjugado, preparar a solução de Substrato e a<br />

solução de Lavagem.<br />

2) Adicionar 50µl de diluente da amostra em cada cavidade da placa.<br />

3) Adicionar 50µl de cada Amostra de soro em cada cavidade da placa.<br />

4) Adicionar 50ul de cada Controle, em três cavidades da placa.<br />

5) Cobrir as cavidades com a tampa e incubar por 30 minutos a<br />

37 o C em condições de umidade.<br />

6) Lavar a placa, em lavadora automatizada.<br />

7) Adicionar 100ul de Solução de Substrato em cada cavidade.<br />

8) Cobrir as cavidades e incubar por 30 minutos a 37oC.


24<br />

9) Observar uma coloração púrpura nas amostras reativas.<br />

10) Adicionar 50ul de Solução de Parada (ácido Sulfúrico 0,5M a 2M) em cada<br />

cavidade.<br />

11) A<strong>pós</strong> 15 minutos ler a absorbância em 450nm.<br />

3.6.1.3 CÁLCULO DOS RESULTADOS<br />

Controle Negativo: Calcular a absorbância média dos controles negativos, que<br />

deverá ser menor que 0,2.<br />

Valor de Cut-off: Calcular o valor de cut-off adicionando-se 0,2 à média das<br />

replicatas do controle negativo.<br />

Controle Positivo: A absorbância do controle Positivo deve ser acima da<br />

absorbância média do controle negativo.<br />

3.6.1.4 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Resultados Negativos: Amostras que apresentarem uma absorbância menor<br />

que o valor do Cut-off, são consideradas negativas no MUREX HTLV I+II.<br />

Resultados Positivos: Amostras que apresentarem uma absorbância igual ou<br />

maior que o valor do Cut-off, são consideradas inicialmente reativas no ensaio.


25<br />

Figura 6. Placa para realização do teste ELISA, amostras positivas apresentam<br />

coloração amarela e amostras negativas coloração rosa.<br />

Figura 7. Incubadora automática com contagem de tempo, para placas de ELISA<br />

(FHEMOAM)


26<br />

Figura 8. Lavadora automática para placas de ELISA (FHEMOAM)<br />

3.6.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO WESTERN BLOT<br />

Enzimaimunoensaio qualitativo Kit ABBOTT MUREX HTLV Blot 2.4 ® , Lote:<br />

AK3022, Validade: 01.11.04, para detecção in vitro de anticorpos para HTLV-I e<br />

HTLV-II em soro ou plasma humano, como um teste suplementar mais específico<br />

para amostras reativas em procedimentos de triagem como o ELISA.<br />

As tiras de nitrocelulose são incorporadas com proteínas virais do HTLV<br />

derivadas de partículas virais rompidas nativas e inativadas e proteínas<br />

desenvolvidas geneticamente.<br />

3.6.2.1 COMPONENTES DO KIT<br />

1) TIRAS DE NITROCELULOSE – Incorporada com lisado viral de HTLV I e<br />

antígeno recombinante do envelope;<br />

2) CONTROLE-NÃO REATIVO – Soro humano normal inativado. Não reativo<br />

para anti-HCV, anti-HIV 1 e 2, anti-HTLV I - II e HbsAg. Contém azida<br />

sódica e timerosal como conservantes;


27<br />

3) CONTROLE REATIVO FORTE I – Soro humano inativado com alto título de<br />

anticorpos para HTLV-I;<br />

4) CONTROLE REATIVO FORTE II – Soro humano inativado com alto título<br />

de anticorpos para HTLV-II;<br />

5) TAMPÃO ESTOQUE LIOFILIZADO – Deve ser reconstituído em água grau<br />

reagente;<br />

6) TAMPÃO DE LAVAGEM CONCENTRADO (20 X) - Tampão Tris com<br />

Tween 20 e contém timerosal como conservante;<br />

7) CONJUGADO – Anti-IgG – humana (cabra) conjugada com fosfatase<br />

alcalina;<br />

8) SUBSTRATO – Solução de 5-bromo-4-cloro-3-indolfosfato (BCIP) e<br />

Tetrazólico Nitroazul (NBT);<br />

9) PÓ DE REVELÇÃO – Leite em pó desnatado;<br />

10) BANDEJA DE INCUBAÇÃO – Com 9 canaletas cada<br />

11) Pinça<br />

3.6.2.2 PROCEDIMENTOS DE ENSAIO KIT HTLV Blot 2.4 ®<br />

1) Colocar as tiras em cada canaleta, com o lado numerado para cima, incluir<br />

as tiras para os controles reativo forte e controle não-reativo;<br />

2) Adicionar 2 ml de Tampão de Lavagem diluído a cada canaleta;<br />

3) Incubar as Tiras por pelo menos 5 minutos em temperatura ambiente em<br />

uma plataforma de agitação. Remover o Tampão por aspiração;<br />

4) Adicionar 2ml de Tampão de Revelação a cada canaleta seguido de 20ul de<br />

soro teste às canaletas apropriadas;<br />

5) Cobrir a bandeja com a cobertura fornecida e incubar por 1 hora em<br />

temperatura ambiente na plataforma de agitação;<br />

6) Descobrir cuidadosamente a bandeja para evitar o extravasamento ou a<br />

mistura das amostras. Aspirar as misturas das canaletas;<br />

7) Lavar cada tira 3 vezes com 2 ml de Tampão de Lavagem diluído, deixando<br />

que as tiras fiquem embebidas durante 5 minutos na plataforma de agitação<br />

entre cada lavagem;<br />

8) Adicionar 2 ml de Solução de Trabalho do Conjugado a cada canaleta.<br />

Cobrir a bandeja e incubar por 1 hora em temperatura ambiente na<br />

plataforma de agitação;


28<br />

9) Aspirar o conjugado das canaletas. Lavar as tiras como no passo 7;<br />

10) Adicionar 2 ml de Solução de Substrato a cada canaleta. Cobrir a bandeja e<br />

incubar por 15 minutos na plataforma de agitação;<br />

11) Aspirar o Substrato e enxaguar as tiras várias vezes com água grau<br />

reagente para interromper a reação;<br />

12) Remover as tiras com auxílio de pinça, e colocar para secar em papel<br />

toalha;<br />

13) Observar as bandas e classificar os resultados.<br />

3.6.2.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

A banda do soro controle serve para checar a adição de soro no ensaio.<br />

Ausência desta banda indica que nenhum soro teste, conjugado ou substrato foi<br />

dispensado na tira teste ou então ocorreram outros erros operacionais.<br />

1<br />

Padrão<br />

Nenhuma reatividade com as proteínas do<br />

HTLV<br />

Interpretação<br />

Soro negativo<br />

2<br />

Reatividade com GAG (p19 com ou sem p24) e<br />

2 ENV (GD21 e rgp46-I)<br />

HTLV I<br />

Soro positivo<br />

3<br />

Reatividade com GAG (p24 com ou sem p19) e<br />

2 ENV (GD21 e rgp46-II)<br />

HTLV II<br />

Soro positivo<br />

4<br />

5<br />

Reatividade com GAG (p19 e p24) e ENV<br />

(GD21)<br />

Bandas específicas do HTLV detectadas, mas<br />

não relacionadas às do HTLV I, HTLV II ou<br />

HTLV soropositivo<br />

HTLV positivo<br />

Indeterminada<br />

I


29<br />

rgp46-I<br />

rgp46-II<br />

gp46<br />

p53<br />

p36<br />

p26<br />

P28<br />

p24<br />

p21<br />

P19<br />

GD21<br />

Figura 9. Western blot : representação das bandas que caracterizam o teste.


30<br />

Figura 10. Aparelho automatizado para realização do Western blot 2.4. (Laboratório<br />

de Sorologia da FHEMOAM)<br />

3.7 METODOLOGIA ESTATÍSTICA<br />

Os dados foram registrados em um banco de dados e a análise estatística foi<br />

realizada através de Estatísticas Descritivas (Tabelas e Gráficos), utilizando-se o<br />

Programa Epi-Info 6.


31<br />

4 RESULTADOS<br />

4.1 ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO<br />

4.1.1 SEXO E FAIXA ETÁRIA<br />

Houve predomínio do sexo masculino, em número de 203 (50,9%), sobre o<br />

feminino, com 196 (49,1) na população indígena estudada (tabela 1). Quanto à faixa<br />

etária, observou-se que a população das oito etnias estudadas tinham<br />

predominantemente entre 8 a 15 anos (28,3%) como mostra a tabela 2 e figura 11.<br />

Tabela 1<br />

Distribuição da freqüência por sexo na população estudada<br />

Sexo Freq. %<br />

Feminino 196 49,1<br />

Masculino 203 50,9<br />

Total 399 100,0<br />

Tabela 2<br />

Distribuição da faixa etária da população indígena das 08 etnias estudadas<br />

Faixa Etária Freq. % Acum(%)<br />

≤ 7 81 20,3 20,3<br />

8 a 15 113 28,3 48,6<br />

16 a 23 56 14,0 62,6<br />

24 a 31 58 14,5 77,1<br />

32 a 39 28 7,0 84,1<br />

40 a 47 14 3,5 87,6<br />

48 a 55 16 4,0 91,6<br />

56 a 63 14 3,5 95,1<br />

64 a 71 11 2,8 97,9<br />

72 a 87 8 2,1 100,0<br />

Total 399 100,0 -<br />

Média= 22,3 anos; DP=18,5anos; Mediana=16 anos; Mín. 1; Max. 87 anos


32<br />

120<br />

113<br />

100<br />

80<br />

81<br />

60<br />

56 58<br />

40<br />

28<br />

20<br />

14 16 14<br />

11 8<br />

0<br />


33<br />

4.1.3 ETNIAS ESTUDADAS<br />

Em um total de 399 indígenas, 104 (26,1%) eram da etnia Apurinã. A segunda<br />

etnia com o maior número de indivíduos participantes foi a Paumari (23,6%),<br />

conforme a tabela 3.<br />

Tabela 3<br />

Distribuição da freqüência da população indígena das 08 etnias estudadas<br />

Aldeia Freq %<br />

Apurinã 104 26,1<br />

Paumari 94 23,6<br />

Kanamari 55 13,8<br />

Jamamadi 53 13,3<br />

Kulina 41 10,3<br />

Zuhu-A´há 28 7,0<br />

Deni 18 4,5<br />

Mura-Pirahã 6 1,5<br />

Total 399 100.0<br />

4.1.4 MÉDIA DE IDADE EM RELAÇÃO À ETNIA<br />

A média de idade das sete etnias estudadas foi 19,8 anos, com exceção da<br />

etnia Zuhu-A´há cuja média de idade foi de 58,2 anos.<br />

Podemos observar que não houve diferença estatisticamente significante ao<br />

nível de 5%, entre a média de idade e as etnias (Tabela 4).<br />

Tabela 4<br />

Distribuição da Média de idade da população indígena estuda em relação às etnias.<br />

Etnia Freq Média DP Mediana<br />

Apurinã 104 19,6 16,5 13,0<br />

Kanamari 55 22,5 16,0 20,0<br />

Deni 18 18,9 17,1 12,0<br />

Jamamadi 53 16,8 16,2 10,0<br />

Kulina 41 21,4 14,4 20,0<br />

Mura-Pirahã 6 21,3 16,2 22,5<br />

Paumari 94 18,5 14,3 15,5<br />

Zuhu-A´há 28 58,2 16,5 64,0<br />

p-valor = 0,5903.


34<br />

4.1.5 ALDEIAS ESTUDADAS<br />

Pode ser observado através da tabela 5, que o predomínio de indivíduos<br />

estudados eram pertencentes a aldeia Mamuri (14,8%).<br />

Tabela 5<br />

Distribuição das aldeias indígenas nas 08 etnias estudadas<br />

Aldeia N %<br />

Mamuri 55 14,8<br />

Nova Vista 49 13,2<br />

Estirão 37 10,0<br />

São Francisco 36 9,7<br />

Crispim 33 8,9<br />

Cacau 30 8,1<br />

Japiim 29 7,8<br />

Zuhu-A´há 28 7,0<br />

Ponta Fina 17 4,6<br />

Iminaha 14 3,8<br />

Sapatini 13 3,5<br />

Cidadezinha 9 2,4<br />

Ponta 7 1,9<br />

Kumaru 6 1,6<br />

Rio Maici 6 1,6<br />

Nova Esperança 5 1,3<br />

Macapá 4 1,1<br />

Palhau 3 0,8<br />

Aquiri 2 0,5<br />

Bananal 2 0,5<br />

Labrea 2 0,5<br />

Lusitânia 2 0,5<br />

Visagem 2 0,5<br />

Apurina 1 0,3<br />

Bela Rosa 1 0,3<br />

Bom Futuro 1 0,3<br />

Lago do Recurso 1 0,3<br />

Maraha 1 0,3<br />

Marrecao 1 0,3<br />

Rio Sepati 1 0,3<br />

São Clemente 1 0,3<br />

Total 399 100,0


35<br />

4.1.6 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO ESTUDADA<br />

As etnias pesquisadas eram predominantemente da região sul do Estado do<br />

Amazonas, localizadas nos municípios de Envira, Eirunepé, Lábrea, Tapauá e no<br />

município de Nova Olinda do Norte (Figura 13).<br />

N<br />

TAPAUÁ<br />

NOVA OLINDA<br />

DO NORTE<br />

MuraPirahã<br />

ENVIRA<br />

PAUINI<br />

EURINEPÉ<br />

LÁBREA<br />

Kulina<br />

Kanamari<br />

Apurinã<br />

Jamamadi<br />

Paumari<br />

Deni<br />

Zuhu-A´há<br />

Figura 13. Distribuição geográfica das comunidades indígenas estudadas


36<br />

4.1.7.TESTES SOROLÓGICOS<br />

4.1.7.1 ELISA<br />

Das 399 amostras de soro analisadas na população indígena estudada, 3<br />

(0,75%) foram reativas no método de triagem ELISA.<br />

4.1.7.2 WESTERN BLOT<br />

Para confirmar os resultados, foi realizado o teste Western blot, duas<br />

amostras foram negativas para HTLV I/II e uma (3,9% ) apresentou padrão<br />

indeterrminado, com a presença da banda GD21 (Figura 14).<br />

Figura 14. Resultado do Teste Western blot


37<br />

5 DISCUSSÃO<br />

Amostras de soros de oito etnias indígenas localizadas no sul do estado do<br />

Amazonas foram examinadas através de métodos sorológicos de triagem e<br />

confirmatório, com o objetivo de caracterizar a infecção pelo HTLV-I/II.<br />

Esta infecção é endêmica em várias partes do mundo, caracteriza-se por<br />

agrupamentos de indivíduos em áreas geográficas definidas, com uma variação<br />

espacial na taxa de soroprevalência. Endêmica no Japão, Caribe, África, América do<br />

Sul e ilhas da Melanésia (SOARES et al., 2001).<br />

Estima-se que 15 a 20 milhões de pessoas estão infectadas pelo HTLV-I no<br />

mundo. No Brasil, ele está presente em todos os estados onde foi pesquisado,<br />

apresentando prevalências variadas, aproximadamente 2,5 milhões de pessoas<br />

infectadas pelo vírus HTLV-I, evidenciando o Brasil como o país com o maior<br />

número de casos ( PROIETTI et. al. 2002).<br />

O HTLV-I está associado a Síndromes lifoproliferativas, leucemia/linfoma de<br />

células T do adulto (ATL), a paraparesia espástica tropical/Mielopatia associada ao<br />

HTLV (TSP/HAM), doenças dermatológicas, uveítes associadas ao HTLV (HAU),<br />

entre outras patologias (MANNS et al., 1999; YAMAGUCHI, 1994; BARMAK et al.,<br />

2003). A infecção tem período de latência prolongado, até algumas décadas ou por<br />

toda a vida do indivíduo (BARMAK et al., 2003). A transfusão de sangue é uma das<br />

principais vias de transmissão (MACEDO et al., 2004).<br />

A infecção pelo HTLV-II que parece ser menos patogênica, é endêmica em<br />

diversas comunidades indígenas da Amazônia, e áreas urbanas, em Belém no<br />

estado do Pará (ISHAK et al., 1998), com evidências moleculares da transmissão do<br />

HTLV-IIc de mãe para filho na aldeia Kararao, na região amazônica brasileira.<br />

(ISHAK et. al. 2001).<br />

Fujiyoshi et al., (1999) estudando a distribuição característica dos portadores do<br />

HTLV-I e II entre grupos étnicos nativos da América do Sul, sugere a divisão em dois<br />

grupos étnicos principais: os agrupamentos de HTLV-I nas zonas montanhosas dos<br />

Andes e os focos de HTLV-II das planícies da América do Sul.<br />

Estudos relativos à prevalência do HTLV-I/II no estado do Amazonas são muito<br />

escassos na literatura. Grande parte dos trabalhos sobre a epidemiologia do HTLV-


38<br />

I/II consistem em estudos de soroprevalência em doadores de sangue, com ambas<br />

as cidades de Florianópolis e Manaus apresentando o menor índice de 0,08% e as<br />

cidades de Belém 1,61% e Salvador com prevalência de 1,35% a 1,80%, as cidades<br />

com maior taxa (PROIETTI et al., 2002).<br />

No presente estudo, das 399 amostras de soro analisadas na população<br />

indígena estudada, 3 (0,75%) foram reativas no método de triagem pelo ELISA para<br />

detecção de anticorpos contra o virus T – linfotrópico humano, tipos I e II. Para<br />

confirmar os resultados, foi realizado o teste Western blot, duas amostras foram<br />

negativas para HTLV-I/II e uma (0,25%) apresentou padrão indeterminado, com a<br />

presença da banda GD21.<br />

As duas amostras positivas através do teste de ELISA, consideradas<br />

posteriormente negativas pelo método confirmatório Western blot, foram baixas<br />

(0,5%), comparadas com o trabalho de Britto et al, (1998) que encontraram 2,25%<br />

de resultados falso positivos.<br />

A causa de resultados falso positivos elevados podem estar associados à<br />

malária em regiões consideradas endêmicas, segundo Levine et al., (1988) e aos<br />

procedimentos sucessivos de congelamento e descongelamento e armazenamento<br />

das amostras por períodos prolongados, levando à aderência inespecífica de<br />

imunoglobulinas à fase sólida, durante a realização do teste ELISA. Outra possível<br />

causa pode ser devido a reações cruzadas com os anticorpos contra os antígenos<br />

do sistema de histocompatibilidade (HLA), sendo que os lisados virais podem conter<br />

antígenos HLA da célula usada para propagar o vírus (BRITTO et al., 1998).<br />

O padrão indeterminado, com a presença da banda GD21, encontrada no<br />

presente trabalho, tem sido acompanhado de várias interpretações: os estudos de<br />

soroprevalência para o HTLV-I realizado por Lu et al., (2003), em 2.578,238<br />

doadores de sangue na cidade de Taiwan, demonstraram que 1793 (0,06%) das<br />

amostras foram positivas para o HTLV-I, 605 (0,023%) foram indeterminadas,<br />

apresentando a banda GD21 sozinha em 59,6% dos resultados indeterminados,<br />

sugere o autor que a maioria das reações inespecíficas do ELISA foram<br />

provavelmente precipitadas pela glicopreteina GD21 do envelope viral.<br />

Segundo Manns et al., (1991) a distribuição do HTLV em populações indígenas<br />

da América do Sul demonstra que a presença da banda GD21 pode tratar-se de<br />

uma soroconversão precoce, sendo necessário futuras investigações laboratoriais.


39<br />

A presença de reatividade para a proteína do envelope viral GD21 sozinha,<br />

pode ser indício de fase precoce de produção de anticorpos durante a<br />

soroconversão (LAL RB, 1996). No entanto resultados indeterminados podem<br />

representar soropositividade inespecífica (BRITTO et al., 1998).<br />

A nula ou baixa prevalência nas etnias estudadas no presente trabalho poderá<br />

ser imputado em decorrência de muitas das comunidades estudadas serem<br />

consideradas fechadas ou de contato esporádico com a civilização, hipótese esta<br />

também compartilhada por Maloney et al., (1992) e Ishak et al., (1995).<br />

Considerando-se que a população pesquisada neste estudo apresentou faixa<br />

etária com média de 19,8 anos de idade, é possível que alguns indivíduos não foram<br />

identificados como soropositivos para o HTLV-I/II, em decorrência da amostra<br />

apresentar uma faixa etária baixa haja vista que a soropositividade do vírus HTLV-<br />

I/II se eleva com a idade, aumentando a partir da fase da adolescência e início da<br />

fase adulta. Nas mulheres a prevalência é mais acentuada e continua a<strong>pós</strong> os 40<br />

anos de idade, nos homens é considerada menor e atinge um platô a<strong>pós</strong> os 40 anos<br />

de idade. A hipótese mais provável para explicar esse fato seria de que a<br />

transmissão sexual do vírus HTLV-I/II seja mais efetiva do homem para a mulher e<br />

também o fato de que as transfusões sangüíneas ocorrem com maior freqüência em<br />

indivíduos do sexo femenino (PROIETTI et al., 2002). Esta hipótese se contrapõe<br />

aos nossos achados e reforça a soroprevalência nula, ao ser identificado a taxa de<br />

0,0% na etnia Zuhu-A´há cuja média de idade foi de 58,2 anos.<br />

Através do presente estudo nota-se diferenças substanciaIs quanto a<br />

prevalência do HTLV I/II em comunidades indígenas do sul do estado do Amazonas<br />

com aqueles descritos no estado do Pará por Ishak et al., ( 2003).<br />

Maloney et al., (1992) estudando a distribuição da soroprevalencia entre 13<br />

tribos da America Central e do Sul (Brasil, Venezuela, Costa Rica e Guiana)<br />

semelhantemente como no nosso estudo, encontrou prevalência nula em 10/13 das<br />

etnias estudadas em índios sul americanos no período entre 1966 a 1984. Incluindo<br />

a etnia Kanamari 0/34, também pesquisada em nosso estudo demonstrando<br />

prevalência igualmente nula 0/55.<br />

Em estudo retrospectivo realizado no Estado do Pará, Nakauchi et al., (1990),<br />

analisaram 137 amostras de soros de índios das comunidades Tiriyo e Mekranoite,<br />

sendo positivas pelo método ELISA 39% e 20% respectivamente, um caso foi<br />

positivo para HTLV-I, confirmado através da técnica de western blot.


40<br />

Em estudo semelhante ao nosso realizado por Gabbai, et al., (1993), em 591<br />

amostras de soro coletadas nos anos de 1985 e 1988 e conservadas a –20oC, de<br />

indígenas de quatro etnias da região amazônica, foi encontrada soroprevalência na<br />

taxa de 0,0% para o HTLV-I, 28 amostras foram positivas para o HTLV-II (4,7%) e<br />

cinco para o HTLVI/II (0,8%).<br />

O vírus linfotrópico de células T, tipo I /II, apresenta soroprevalência distinta em<br />

relação às regiões descritas em alguns trabalhos que envolvem o estado do Pará,<br />

apresentando maior prevalência nessa região para o HTLV-II (ISHAK et al., 1995;<br />

MALONEY et al., 1992; VALLINOTO et al., 2002).<br />

É provável que o vírus linfotrópico de células T humanas tenha vindo para o<br />

Brasil via tráfico de escravos africanos, via imigração japonesa no início do século ou<br />

combinação das vias anteriores. Estudos da variação genômica de cepas do HTLV<br />

certamente contribuirão para esclarecer essas hipóteses (SCHULZ et al., 1991).<br />

A infecção pelo HTLV-II é considerada endêmica em outras populações<br />

indígenas da América do norte, central e do sul, em pesquisa realizada por Fujiyoshi<br />

et al, 1999, foi encontrada as seguintes prevalências para o HTLV-I, em indígenas<br />

de várias etnias e paises: Aymara (Peru) 1,6%, Aymara (Bolívia) 5,3%, Quechua<br />

(Bolívia) 4,5%, Puna (Argentina) 2,3% e Atacama 4,1%. Resultados encontrados<br />

para o HTLV-II: Kayapó (Brasil) 57,9%, Chaco (Paraguay) 16,4%, Alacaf (Paraguay)<br />

34,8% e Yahgan (Chile). Na Colômbia 29-92 (31,5%) em índios Guahibo. Na<br />

Venezuela índios Yaruro e Guahibo 61% HTLV-IIb. Na Argentina, 0,45% a 2,78%<br />

HTLV-I e 2,78% a 21,9% HTLV-II em populações indígenas (Gastaldello et al.,<br />

2004).<br />

A freqüência nula ou muito baixa do HTLV I/II, o que é desejável, em<br />

populações indígenas do sul do estado do Amazonas deve despertar nas<br />

autoridades relacionadas com saúde publica a preocupação de envidar esforços no<br />

sentido de evitar a disseminação deste agente infeccioso para as comunidades<br />

indígenas.<br />

O processo de colonização levou à extinção de muitas sociedades indígenas<br />

que viviam no Amazonas, território dominado, seja pela ação das armas seja pelo<br />

contágio de doenças trazidas dos países europeus para as quais os índios não<br />

tinham anticorpos ou uma imunidade natural, tal como ocorreu com a tuberculose<br />

com os índios do Rio Negro, mas recentemente o vírus da gripe com a população<br />

indígena dos Zuhu-A´há aqui estudada ou ainda, pela aplicação de políticas visando


41<br />

a assimilação pelos índios à nova sociedade implantada, com forte influencia<br />

européia. Embora não se saiba exatamente quantas sociedades indígenas<br />

existissem no Brasil à época da chegada dos europeus, há estimativas sobre o<br />

número de habitantes nativos naquele tempo que variam de 1 a 10 milhões de<br />

indivíduos, para uma população atual de 345.000 índios ().<br />

Estes números nos dão uma idéia da imensa quantidade de pessoas e sociedades<br />

indígenas inteiras exterminadas ao longo destes mais de 500 anos, como resultado<br />

de um processo de colonização baseado no uso da força, por meio das guerras e da<br />

política de assimilação, e da transmissão de doenças infecto-contagiosas. Urge<br />

portanto, a tomada de medidas profiláticas, da educação sanitária para que estas<br />

populações não atinjam a prevalência alarmante de 57% de infectados como<br />

aquelas prevalentes nos índios Kaya<strong>pós</strong> pelo HTLV-II (ISHAK et al., 2003).<br />

Em conclusão, os nossos dados sugerem que a freqüência da infecção pelo<br />

HTLV-I/II em populações indígenas do sul do estado do Amazonas é nula ou muito<br />

baixa, e inferior a observada em populações indígenas do estado do Pará e do<br />

restante do território brasileiro.


42<br />

CONCLUSÃO<br />

1. A soroprevalência da infecção pelo HTLVIII em populações indígenas do sul<br />

do estado do Amazonas é nula ou muito baixa.<br />

2. O presente estudo fornece evidências de que o HTLV- I foi introduzido<br />

recentemente na Amazônia, por apresentarem inclusive as etnias fechadas, 0% de<br />

prevalência, na época da coleta.<br />

3. Deve-se estabelecer uma política em termos de saúde pública para que haja<br />

manutenção da baixa prevalência do vírus no estado do Amazonas através de<br />

medidas profiláticas e educação sanitária.


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Lynphotropic Virus Type-I (HTLV-I) The Jornal of Emergency Medice, v. 8, n. 1, p.<br />

109-119, 2000.<br />

SEIKI, M. et al. General splicing mechanism in the HTLV family. Science, v. 228, p.<br />

1532, 1985.<br />

SHIBATA K. et al. Ocular manifestations in adult T-cell leukemia/lymphoma. Annals<br />

of Hematology, 74:163-8, 1997<br />

VERONESI, R.; FOCACCIA, R. (Eds.) Retroviroses humanas-Doenças<br />

associadas ao HTLV. São Paulo: Atheneu, 2000.<br />

WATANABE, S; SEIKI, M; YOSHIDA, M. Retrovirus terminology. Science, v. 222, p.<br />

1178, 1983.


ANEXOS<br />

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />

AUTORIZAÇÃO<br />

Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo, no qual será determinada a<br />

soroprevalência da infecção pelo HTLV-1, em comunidades indígenas, utilizando-se<br />

amostras de soros, estocadas na Gerência de Virologia, da Fundação de Medicina<br />

Tropical FMT-IMT-AM. Amostras estas, coletadas anteriormente a vigência da<br />

Resolução CNS 196-96, de 10 de outubro de 1996, portanto de acordo com o<br />

exposto, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido não se aplica.<br />

RISCOS ASSOCIADOS AO ESTUDO<br />

Não haverá risco, haja vista tratar-se de material já coletado.<br />

BENEFÍCIOS<br />

De posse dos resultados, medidas preventivas futuras poderão ser adotadas<br />

para os grupos de procedência das amostras.<br />

CONFIDÊNCIA E AVALIAÇÃO DOS REGISTROS<br />

Os registros ou resultados dos testes relacionados ao estudo são exclusivos<br />

dos representantes da FMT-IMT-AM, assegurando a confidencialidade do sujeito da<br />

pesquisa, sendo garantido em conformidade com as normas e leis legais<br />

regulatórias de proteção nacionais ou internacionais.


ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA<br />

EM POPULAÇÕES INDÍGENAS<br />

I- IDENTIFICAÇÃO<br />

Número de identificação<br />

1-Nome<br />

2-Sexo [ ] masculino [ ] feminino<br />

3-Idade<br />

Anos<br />

4-Etnia<br />

5- Tem parceiro ? [ ]sim [ ] não<br />

7-Tempo que vive neste local<br />

8-Razões para mudança<br />

III- OBSERVAÇÕES<br />

Data da entrevista


ANEXO C- Fotografia Etnia Kulina<br />

Figura 16. Etnia Kulina


ANEXO D- Fluxograma do Diagnóstico Laboratorial

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