Perfil do Trabalhador Formal Brasileiro pode ajudar a ... - Sesi
Perfil do Trabalhador Formal Brasileiro pode ajudar a ... - Sesi
Perfil do Trabalhador Formal Brasileiro pode ajudar a ... - Sesi
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Informativo <strong>do</strong> Serviço Social da Indústria - Departamento Nacional - Ano VIII - Outubro 2005 - Nº 79<br />
Realidade<br />
nacional<br />
FOTO: SESI/BAHIA<br />
<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r <strong>Formal</strong> <strong>Brasileiro</strong><br />
<strong>pode</strong> <strong>ajudar</strong> a melhorar a vida da população<br />
8
EDITORIAL<br />
FOTO: MIGUEL ÂNGELO<br />
<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>r<br />
brasileiro<br />
O SESI apresentou à imprensa, no último<br />
dia 4 de outubro, uma pesquisa sobre<br />
o trabalha<strong>do</strong>r brasileiro com carteira<br />
assinada. Comentemos alguns aspectos.<br />
Essa pesquisa, com base nos da<strong>do</strong>s<br />
da RAIS, possui informações sobre o nível<br />
de escolaridade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, cruzadas<br />
com outras, sobre rendimentos,<br />
tipo de atividade por setor, por porte<br />
da empresa, por localização geográfica,<br />
até em nível municipal.<br />
São informações que entregamos,<br />
com exclusividade, ao universo empresarial<br />
e à sociedade, que <strong>pode</strong>rão<br />
orientar decisões estratégicas, públicas<br />
e privadas, inclusive em nossas instituições<br />
ligadas à Confederação Nacional<br />
da Indústria.<br />
No SESI, que desenvolveu a pesquisa,<br />
colhemos elementos importantes<br />
na área de Educação, por exemplo, que<br />
é uma das nossas principais linhas de<br />
ação, confirman<strong>do</strong> o baixo nível de escolaridade<br />
<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r em comparação<br />
com seus vizinhos de Mercosul, com<br />
média de 10 anos de boa escola, ante<br />
seis anos entre nós, de escola pública<br />
apenas razoável. Já foi pior, quan<strong>do</strong> iniciamos,<br />
em 1998, a ampliação <strong>do</strong> programa<br />
de Educação de Jovens e Adul-<br />
tos, a escolaridade média nessa faixa<br />
era de apenas 4,5 anos.<br />
Hoje capacitamos, nesse nível, mais<br />
de 800 mil trabalha<strong>do</strong>res/ano, e o programa<br />
é responsável por essa melhoria,<br />
em números reais e em qualidade.<br />
No perío<strong>do</strong> 2001/2003 houve redução<br />
de 30% de analfabetos nas empresas<br />
industriais, valen<strong>do</strong> registrar que,<br />
nos últimos <strong>do</strong>is anos, alfabetizamos<br />
mais de 300 mil trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Outra revelação da pesquisa é quanto<br />
ao percentual remanescente de analfabetos<br />
na indústria, que era de 1% em<br />
2003, o que nos levará a redirecionar os<br />
nossos investimentos financeiros para<br />
novos programas na Educação de Jovens<br />
e Adultos, para o ensino de segun<strong>do</strong><br />
grau integra<strong>do</strong> com o SENAI, para<br />
uma formação profissional mais compatível<br />
com as demandas da indústria e os<br />
anseios de crescimento <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.<br />
O aumento que se verifica nos níveis<br />
de emprego com carteira assinada só<br />
beneficiará os trabalha<strong>do</strong>res com qualificação<br />
escolar adequada, o que sugere<br />
uma relação de melhoria <strong>do</strong>s níveis de<br />
remuneração já no primeiro emprego.<br />
Outro da<strong>do</strong> importante da pesquisa<br />
SESI/CNI são as disparidades regionais.<br />
Enquanto as regiões Sul, Sudeste<br />
e Centro-Oeste apresentam os melhores<br />
níveis salariais, nas regiões Norte e<br />
Nordeste, onde os níveis escolares são<br />
os mais baixos, também se verificam os<br />
piores índices salariais.<br />
Essa constatação também influirá em<br />
nossas decisões, já para o ano de 2006,<br />
no campo da Educação, quan<strong>do</strong> o fator<br />
regional será considera<strong>do</strong> nos investimentos<br />
e nas metas a serem alcançadas.<br />
Essa pesquisa, importante sob to<strong>do</strong>s<br />
os pontos de vista, como comprovou a<br />
ampla repercussão na grande mídia, a<br />
maior já verificada na instituição, nos<br />
sinaliza para confirmar aquilo que não<br />
<strong>pode</strong>rá ser arrefeci<strong>do</strong> um só momento, a<br />
preocupação pre<strong>do</strong>minante com a Educação,<br />
em to<strong>do</strong>s os seus segmentos e,<br />
entre nós, <strong>do</strong> SESI, com o trabalha<strong>do</strong>r,<br />
parceiro imprescindível na construção<br />
da riqueza <strong>do</strong> Brasil.<br />
Rui Lima <strong>do</strong> Nascimento<br />
Diretor-superintendente <strong>do</strong> SESI Nacional<br />
Publicação mensal editada pela<br />
Unidade de Comunicação Social<br />
<strong>do</strong> Sistema CNI (UNICOM)<br />
Serviço Social da Indústria (SESI)<br />
Diretor Nacional: Arman<strong>do</strong> Monteiro Neto<br />
Diretor-superintendente: Rui Lima <strong>do</strong> Nascimento<br />
Informativo <strong>do</strong> SESI - Serviço Social da Indústria - Ano 8, Nº 79, outubro 2005<br />
Coordena<strong>do</strong>r da UNICOM: Edgar Lisboa<br />
Editor: Edson Chaves Filho<br />
Projeto e produção gráfica:<br />
textodesign@terra.com.br<br />
Filia<strong>do</strong> à Aberje<br />
SESI, a marca da responsabilidade social<br />
SBN Quadra 1, Bloco C - 14º andar<br />
Edifício Roberto Simonsen<br />
CEP 70040-903 - Brasília (DF)<br />
Telefones: (61) 3317-9074/9039<br />
Fax: (61) 3317-9261<br />
www.sesi.org.br<br />
2
FINANÇAS<br />
Equilíbrio financeiro<br />
SESI paulista lança cartilha para ensinar trabalha<strong>do</strong>r<br />
a administrar orçamento familiar<br />
José Ribeiro <strong>do</strong>s Santos,<br />
analista de confiabilidade <strong>do</strong><br />
Departamento Industrial da<br />
Caterpillar, percebeu que mais<br />
da metade (60%) <strong>do</strong>s produtos<br />
adquiri<strong>do</strong>s por sua família nas<br />
compras mensais <strong>do</strong> supermerca<strong>do</strong><br />
era supérflua – e acabava<br />
provocan<strong>do</strong> um rombo no orçamento<br />
familiar. Ao aprender a<br />
fazer o planejamento financeiro<br />
mensal, ele e sua família passaram<br />
a comprar apenas o necessário,<br />
a aproveitar as promoções<br />
e a administrar melhor o salário.<br />
Esse aprendiza<strong>do</strong> veio em boa<br />
hora para Santos e muitos <strong>do</strong>s<br />
4,6 mil emprega<strong>do</strong>s da fábrica<br />
de máquinas e equipamentos da<br />
Caterpillar em Piracicaba, interior<br />
de São Paulo.<br />
Um levantamento realiza<strong>do</strong><br />
pela fábrica em março de 2005<br />
havia mostra<strong>do</strong>, entre outras coisas,<br />
que era crescente o número<br />
de trabalha<strong>do</strong>res com problemas<br />
financeiros. Já nos três primeiros<br />
meses <strong>do</strong> ano, a quantidade<br />
de pedi<strong>do</strong>s de adiantamento de<br />
13º salário superava a <strong>do</strong> mesmo<br />
perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano anterior em 33%.<br />
Além disso, o crédito facilita<strong>do</strong><br />
pelas financia<strong>do</strong>ras e a farta<br />
distribuição de cartão de crédito<br />
pelas administra<strong>do</strong>ras, mostrou<br />
também a pesquisa, levaram a<br />
um consumo desenfrea<strong>do</strong> de produtos<br />
supérfluos. E, agravan<strong>do</strong> a<br />
situação, ao la<strong>do</strong> desses problemas,<br />
a ausência de planejamento<br />
<strong>do</strong> orçamento levava as famílias<br />
ao descontrole financeiro.<br />
Desde o ano passa<strong>do</strong>, a empresa<br />
mantinha, com a colaboração<br />
<strong>do</strong> SESI paulista, um programa de<br />
administração de renda familiar<br />
para <strong>ajudar</strong> seus emprega<strong>do</strong>s a<br />
organizar melhor as despesas.<br />
CURSOS E PALESTRAS<br />
O diagnóstico realiza<strong>do</strong> em<br />
março mostrou, no entanto, segun<strong>do</strong><br />
Celso Souza, consultor<br />
de Recursos Humanos da Caterpillar,<br />
que era preciso reforçar<br />
o trabalho. A empresa decidiu<br />
ampliá-lo e criou o programa<br />
Mais Família, realiza<strong>do</strong> em perío<strong>do</strong><br />
integral e que aborda diversos<br />
assuntos.<br />
Ao constatar que a realidade<br />
financeira <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
da Caterpillar se aplicava a boa<br />
parte <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s da indústria<br />
paulista, o SESI São Paulo<br />
também tomou uma iniciativa e<br />
lançou em agosto a primeira edição<br />
da cartilha Administre Melhor<br />
o seu Dinheiro, com tiragem de<br />
10 mil exemplares. “Mas devi<strong>do</strong><br />
à demanda, já estamos preven<strong>do</strong><br />
FOTO: DIVULGAÇÃO<br />
Souza: pesquisa e<br />
diagnóstico para<br />
<strong>ajudar</strong> funcionários<br />
3
FINANÇAS<br />
FOTOS: SESI/SÃO PAULO<br />
A partir da esquerda: Denise Kawaguti, Maria<br />
Inês Martini Pineda e Maria Luiza, da Diretoria de<br />
Desenvolvimento Sociocultural <strong>do</strong> Regional<br />
Cursos promovi<strong>do</strong>s pelo DR: cresce<br />
interesse pelo assunto<br />
a impressão de novos exemplares”,<br />
diz Maria Inês Martini Pineda,<br />
assistente da Diretoria de<br />
Desenvolvimento Sociocultural<br />
<strong>do</strong> SESI São Paulo.<br />
“Trabalhávamos com material<br />
elabora<strong>do</strong> a partir de outras<br />
cartilhas; agora, temos nossa<br />
própria cartilha”, afirma Maria<br />
Inês. O principal objetivo da<br />
nova cartilha é <strong>ajudar</strong> as pessoas<br />
a alcançar a paz financeira, manter<br />
as contas sob controle e até<br />
poupar para concretizar sonhos<br />
e objetivos. O SESI-SP ministra<br />
cursos de quatro horas e palestras<br />
de uma hora e meia sobre<br />
o assunto, durante os quais são<br />
distribuídas as cartilhas.<br />
O programa remodela<strong>do</strong> da<br />
Caterpillar passou a dar ênfase<br />
ao material e à palestra sobre<br />
o tema Administração de<br />
Renda Familiar, ministra<strong>do</strong> por<br />
um especialista <strong>do</strong> SESI. “O<br />
assunto é importantíssimo e<br />
a cartilha, com texto bem explica<strong>do</strong><br />
e ilustrações, passou<br />
a ter destaque na nova versão<br />
<strong>do</strong> nosso programa”, diz o consultor<br />
de Recursos Humanos da<br />
Caterpillar. Em 28 páginas, a<br />
cartilha apresenta 27 capítulos<br />
sobre os mais varia<strong>do</strong>s temas,<br />
entre os quais Aprenda a<br />
Economizar, Como sair <strong>do</strong> Vermelho,<br />
Equilíbrio Financeiro e<br />
Planejamento Familiar.<br />
“Procuramos passar a mensagem<br />
de que a associação <strong>do</strong><br />
dinheiro e felicidade não depende<br />
<strong>do</strong> quanto você ganha,<br />
mas de como você gasta”, explica<br />
Maria Inês.<br />
POUPANÇA<br />
Consultores financeiros também<br />
dão suas dicas, como a de<br />
que “poupar com sabe<strong>do</strong>ria e<br />
gastar com prudência deve ser a<br />
meta <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r”. O ensinamento<br />
arrebatou o controla<strong>do</strong>r<br />
de logística da Caterpillar, Marcos<br />
Aurélio Rodrigues, que participou<br />
em agosto da primeira versão <strong>do</strong><br />
programa Mais Família.<br />
O que mais chamou sua atenção<br />
foram dicas sobre poupança.<br />
“Tenho um entea<strong>do</strong> que não<br />
tem plano de saúde e aprendi<br />
que preciso guardar dinheiro,<br />
porque imprevistos ocorrem e<br />
se ele a<strong>do</strong>ecer temos de ter uma<br />
reserva”, diz o trabalha<strong>do</strong>r.<br />
A cartilha ajuda a fazer uma<br />
fotografia da situação financeira<br />
<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, explica Maria<br />
Inês, permitin<strong>do</strong> que ele perceba<br />
onde estão seus gastos. É<br />
isso o que também mostram os<br />
depoimentos <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res:<br />
“As pessoas comentam que passaram<br />
a administrar melhor o<br />
que ganham depois de assistir à<br />
palestra”, afirma Santos.<br />
Os Correios de São Paulo<br />
também vão utilizar a cartilha<br />
Administre Melhor o seu Dinheiro<br />
em duas iniciativas <strong>do</strong> Projeto<br />
Gestão <strong>do</strong> Orçamento Familiar,<br />
desenvolvi<strong>do</strong> pela instituição<br />
para sensibilizar seus emprega<strong>do</strong>s<br />
sobre a necessidade de<br />
gerenciar o orçamento para<br />
garantir o equilíbrio financeiro<br />
individual e familiar. “A parceria<br />
com o SESI foi fundamental<br />
devi<strong>do</strong> à sua área de abrangência,<br />
pois, assim como os<br />
Correios, o SESI está presente<br />
em to<strong>do</strong> o interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
de São Paulo”, diz Salete Aparecida<br />
Doretto Ferreira, chefe<br />
da Seção de Serviço Social e<br />
Cidadania. “A parceria com uma<br />
única instituição e sua credibilidade<br />
também foram fatores<br />
primordiais para a efetivação<br />
desse trabalho”, completa.<br />
O SESI participa de <strong>do</strong>is<br />
subprojetos <strong>do</strong>s Correios no Esta<strong>do</strong>.<br />
Um deles é o Acertan<strong>do</strong><br />
as Contas, que dá orientação<br />
sobre como administrar o orçamento<br />
familiar, no qual será<br />
utilizada a cartilha Administre<br />
Melhor o seu Dinheiro. Entre<br />
outubro e novembro, profissionais<br />
<strong>do</strong> SESI vão ministrar pelo<br />
programa 88 palestras a 2,4 mil<br />
trabalha<strong>do</strong>res de 583 municípios,<br />
cerca de 20% <strong>do</strong> efetivo<br />
<strong>do</strong> regional <strong>do</strong>s Correios no interior<br />
de São Paulo, que é de 12<br />
mil pessoas.<br />
O outro programa <strong>do</strong>s Correios<br />
que conta com a participação<br />
<strong>do</strong> SESI é o Geran<strong>do</strong> Renda,<br />
cujo objetivo é contribuir para<br />
melhorar o orçamento <strong>do</strong>méstico<br />
<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s oferecen<strong>do</strong><br />
cursos de produtos, como bolsas,<br />
bijuterias, minijardim, fusing<br />
(bijuteria em vidro recicla<strong>do</strong>),<br />
pintura em seda, borda<strong>do</strong><br />
em pedraria, entre outros. Além<br />
de ensinar a fazer, os cursos <strong>do</strong><br />
programa – que vão de julho a<br />
setembro – orientam também<br />
como vender, produzir embalagem<br />
e divulgar as criações.<br />
4
REGIONAL<br />
Democratização<br />
da informática<br />
Curso de inclusão digital dá novas perspectivas aos<br />
trabalha<strong>do</strong>res de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul<br />
FOTO: SESI/MATO GROSSO DO SUL<br />
O Departamento Regional investiu em instalações com laboratório moderno para substituir sala de aula tradicional<br />
No ano passa<strong>do</strong>, Carlos Roberto<br />
Ferreira, 34 anos, opera<strong>do</strong>r de<br />
empilhadeira, da Bunge Alimentos,<br />
em Campo Grande (MS), nem<br />
se aproximava <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r,<br />
tanto me<strong>do</strong> tinha de cometer algum<br />
erro e prejudicar a produção.<br />
Menos de um ano depois, Ferreira<br />
utiliza o computa<strong>do</strong>r e manuseia<br />
com tranqüilidade o programa de<br />
controle de produção.<br />
“Ele <strong>do</strong>mina completamente<br />
o sistema e faz o trabalho sem<br />
margem de erro”, comenta Noel<br />
Antônio Hennes, encarrega<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
setor. Há seis anos na empresa,<br />
Ferreira nunca havia utiliza<strong>do</strong><br />
um computa<strong>do</strong>r antes de ingressar<br />
no curso Inclusão Digital –<br />
Projeto Estratégico Educação <strong>do</strong><br />
Trabalha<strong>do</strong>r – lança<strong>do</strong> neste ano<br />
pelo SESI Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.<br />
METODOLOGIA<br />
Desenvolvi<strong>do</strong> para alunos<br />
<strong>do</strong> ensino fundamental e médio,<br />
o curso segue meto<strong>do</strong>logia<br />
compartilhada entre aulas de<br />
informática e educação básica.<br />
A idéia, explica Sueli Tavares da<br />
Silva, coordena<strong>do</strong>ra-geral das escolas<br />
<strong>do</strong> Departamento Regional<br />
e responsável pelo programa,<br />
nasceu da necessidade de oferecer<br />
aos alunos <strong>do</strong> curso de Educação<br />
de Jovens e Adultos (EJA)<br />
acesso às novidades tecnológicas<br />
e também de ministrar aulas<br />
mais atraentes, nas quais eles<br />
fossem estimula<strong>do</strong>s a participar<br />
mais das atividades escolares.<br />
“Além disso, estamos preparan<strong>do</strong><br />
melhor o aluno para disputar o<br />
merca<strong>do</strong> de trabalho”, diz.<br />
Para atender 900 alunos neste<br />
ano, o Regional investiu em<br />
laboratórios de informática equipa<strong>do</strong>s<br />
com máquinas de última<br />
geração e com layout moderno.<br />
“Substituímos a sala tradicional<br />
por mesas com divisórias, cadei-<br />
5
FOTOS: SESI/MATO GROSSO DO SUL<br />
REGIONAL<br />
6<br />
Sueli: todas as disciplinas estão integradas<br />
às aulas de informática<br />
RECICLAGEM<br />
A professora de matemática<br />
Elen Fedrigo compartilha a<br />
mesma opinião: “Acho que essa<br />
é uma tendência que veio para<br />
ficar”. A professora relatou como<br />
a inclusão da informática no enras<br />
estofadas, CPUs prateadas e<br />
equipamos com telões para datashow.<br />
Dessa forma, o aluno fica<br />
muito mais motiva<strong>do</strong>”, conta<br />
Sueli. Todas as disciplinas passaram<br />
a ser ministradas uma vez<br />
por semana de forma integrada<br />
com a aula de informática.<br />
As aulas integradas são planejadas<br />
em conjunto pelos professores<br />
das disciplinas tradicionais<br />
da educação básica com os<br />
<strong>do</strong>s cursos de informática. “Além<br />
de aprender as funções básicas<br />
<strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r, o aluno buscará<br />
na internet e nos programas de<br />
informática os conteú<strong>do</strong>s das dis-<br />
Méto<strong>do</strong> de ensino estimula interesse <strong>do</strong>s alunos<br />
ciplinas”, explica a coordena<strong>do</strong>ra.<br />
As aulas são ministradas em datashow<br />
e o desempenho <strong>do</strong>s alunos<br />
é avalia<strong>do</strong> de forma sistemática.<br />
“Essa meto<strong>do</strong>logia de ensino<br />
foi uma novidade muito positiva”,<br />
diz o professor de informática<br />
Gustavo Martins Pereira. Com<br />
os outros professores, ele planeja<br />
os sites e programas para serem<br />
indica<strong>do</strong>s aos alunos em sala de<br />
aula. “Se a aula é de gramática,<br />
por exemplo, acessamos juntos<br />
os sites para fazer os exercícios”,<br />
explica. A pedagogia e a meto<strong>do</strong>logia,<br />
diz, provocam estímulos<br />
nos alunos. “Eles ficam muito<br />
mais interessa<strong>do</strong>s e demonstram<br />
muito mais sede de aprender”,<br />
observa. Para o professor, esse<br />
modelo de ensino inova<strong>do</strong>r deverá<br />
ser segui<strong>do</strong> pelas instituições<br />
de ensino, tanto <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong><br />
quanto <strong>do</strong> público. “A tendência<br />
é que as escolas partam para<br />
esse modelo”, afirma.<br />
sino básico tornou mais interessante<br />
um projeto de reciclagem<br />
que vinha sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong><br />
por to<strong>do</strong>s os estudantes da escola<br />
<strong>do</strong> SESI onde trabalha. “Era um<br />
projeto amplo para ser apresenta<strong>do</strong><br />
na Federação das Indústrias<br />
e, como professora de matemática,<br />
produzi com meus alunos,<br />
durante as aulas de informática,<br />
gráficos, taxas e tabelas referentes<br />
à produção de lixo, tempo de<br />
reciclagem <strong>do</strong>s produtos, entre<br />
outros indica<strong>do</strong>res, que ficaram<br />
muito mais interessantes com a<br />
ajuda <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r e da internet”,<br />
relata.<br />
Para muitos alunos trabalha<strong>do</strong>res,<br />
como Ferreira, o curso de<br />
Inclusão Digital ofereceu a primeira<br />
oportunidade de utilizar<br />
um computa<strong>do</strong>r e <strong>pode</strong> representar<br />
uma promoção de cargo.<br />
“Esse é o meu plano para o futuro”,<br />
diz.<br />
Eliezer Nogueira de Souza,<br />
38 anos, opera<strong>do</strong>r de caldeira,<br />
emprega<strong>do</strong> da Bunge Alimentos<br />
de Campo Grande há 17 anos,<br />
tem o mesmo sonho. “Quero fazer<br />
novos cursos e conseguir um<br />
cargo melhor”, afirma. Até 10<br />
meses antes, quan<strong>do</strong> ingressou<br />
no EJA, ele nunca havia liga<strong>do</strong><br />
um computa<strong>do</strong>r. Souza pretende<br />
aplicar o aprendiza<strong>do</strong> não só no<br />
trabalho, mas também em casa.<br />
“Aprender com o computa<strong>do</strong>r<br />
ajuda muito. Preten<strong>do</strong> usar em<br />
casa com a minha família, pois<br />
acho muito útil na vida pessoal<br />
e profissional.”<br />
A expectativa de Sueli é levar,<br />
até 2006, o curso de Inclusão Digital<br />
ao Educação <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r,<br />
que tem 3 mil alunos. Para isso,<br />
ela pretende contar com a unidade<br />
móvel, para ministrar as aulas<br />
nos locais de trabalho. “Vamos<br />
levar o curso às fábricas no próximo<br />
ano”, afirma.<br />
Os equipamentos e as salas<br />
de aula estão sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong>s em<br />
cursos de informática básica para<br />
pessoas da comunidade e aos sába<strong>do</strong>s<br />
para professores <strong>do</strong> SESI.
ENTREVISTA<br />
A escola ideal<br />
“Devemos considerar os quatro pilares da educação: aprender a ser,<br />
aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a conviver”<br />
Heber Xavier, superintendente <strong>do</strong> SESI Mato Grosso <strong>do</strong> Sul<br />
Jornal SESI Nacional<br />
- O que representa para o<br />
Regional de Mato Grosso<br />
<strong>do</strong> Sul o programa de Inclusão<br />
Digital?<br />
Heber Xavier - É de<br />
suma importância para<br />
dar continuidade à educação<br />
<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, pois é<br />
articula<strong>do</strong> com o ensino<br />
básico e fundamental.<br />
É a oportunidade para o<br />
aluno de elevar a escolaridade<br />
e <strong>do</strong>minar um conhecimento<br />
que é imprescindível<br />
para a inserção<br />
no merca<strong>do</strong> de trabalho.<br />
SN - Quais são as prioridades<br />
<strong>do</strong> Regional?<br />
Xavier – É atender bem<br />
as empresas e os usuários<br />
<strong>do</strong>s serviços, manter o padrão<br />
de qualidade e melhorar<br />
cada vez mais as ações<br />
relacionadas com as atividades-fim em saúde, educação,<br />
esporte, cultura e lazer.<br />
SN - Quais os objetivos para a área da educação?<br />
Xavier - Oferecer ao aluno trabalha<strong>do</strong>r ensino de<br />
qualidade, utilizan<strong>do</strong> as mais modernas tecnologias<br />
em busca de novos conhecimentos. Oferecer formação<br />
continuada aos professores com cursos da UniSESI, preparan<strong>do</strong>-os<br />
para desempenhar melhor a função de educa<strong>do</strong>r.<br />
Otimizar o uso <strong>do</strong>s laboratórios de informática<br />
das escolas com cursos para a comunidade em geral,<br />
buscan<strong>do</strong> a auto-sustentabilidade e fortalecen<strong>do</strong> a visão<br />
de negócios <strong>do</strong> SESI.<br />
SN - Qual é o sistema ideal de educação?<br />
Xavier - Aquele que forma pessoas ativas, flexíveis<br />
e criativas, capazes de acompanhar a rápida evolução<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. As concepções utilitaristas da educação foram<br />
sen<strong>do</strong> substituídas aos poucos por visões mais humanistas.<br />
Para pôr em prática esses valores devemos<br />
considerar os quatro pilares da educação: aprender a<br />
ser, aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a<br />
conviver. Aí teremos a escola ideal, aquela que almeja-<br />
FOTO: SESI/MATO GROSSO DO SUL<br />
mos para nossos alunos,<br />
filhos e netos.<br />
SN - Quais as principais<br />
necessidades da<br />
indústria e <strong>do</strong> industriário<br />
no Esta<strong>do</strong>?<br />
Xavier – É a qualidade<br />
de vida <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r<br />
que, além de<br />
propiciar ao ser humano<br />
as condições mínimas<br />
para uma vida saudável<br />
e digna, é fator primordial<br />
para o aumento da<br />
produtividade da indústria<br />
e o desenvolvimento<br />
social. Para alcançar<br />
essa qualidade de vida<br />
precisamos de ações integradas.<br />
O ser humano<br />
precisa <strong>do</strong> esporte para<br />
ter saúde e de cultura<br />
para educar-se.<br />
SN - Como o SESI <strong>pode</strong>ria<br />
colaborar para atender a essas necessidades?<br />
Xavier - Estamos capacitan<strong>do</strong> uma equipe com<br />
curso de especialização ofereci<strong>do</strong> pela UniSESI, em<br />
parceria com a Universidade Federal <strong>do</strong> Rio de Janeiro,<br />
para prestar consultoria em responsabilidade<br />
social empresarial. Pretendemos, com os profissionais<br />
capacita<strong>do</strong>s, realizar ações nas empresas, analisar<br />
e diagnosticar as necessidades específicas de<br />
cada uma delas, para oferecer soluções integradas<br />
que garantam a conquista de qualidade de vida para<br />
o trabalha<strong>do</strong>r e conseqüentemente aumento na produtividade<br />
das empresas.<br />
SN – Como o senhor vê o SESI no futuro, em sua<br />
atuação em to<strong>do</strong> o País?<br />
Xavier – Vejo o SESI em intensa atividade, exercen<strong>do</strong><br />
suas competências, em posição de destaque da<br />
vanguarda social <strong>do</strong> Brasil. O SESI chegou antes e está<br />
na frente, promoven<strong>do</strong> a qualidade de vida <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />
incentivan<strong>do</strong> a gestão socialmente responsável da<br />
indústria e contribuin<strong>do</strong> para o autêntico, o verdadeiro<br />
desenvolvimento sustentável <strong>do</strong> País.<br />
7
PESQUISA<br />
Retrato <strong>do</strong> Brasil<br />
Levantamento realiza<strong>do</strong> pelo SESI Nacional será base para<br />
ações visan<strong>do</strong> à melhoria das condições de trabalho<br />
Castro, <strong>do</strong> grupo<br />
de mais de três<br />
salários mínimos:<br />
curso <strong>do</strong> SENAI,<br />
quatro promoções<br />
e crescimento<br />
profissional<br />
O <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r <strong>Formal</strong><br />
<strong>Brasileiro</strong>, realiza<strong>do</strong> pelo<br />
Departamento Nacional <strong>do</strong><br />
SESI e divulga<strong>do</strong> no início de<br />
outubro, contém informações<br />
relevantes que <strong>pode</strong>rão contribuir<br />
para melhorar a qualidade<br />
de vida <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. Essa<br />
é a expectativa de técnicos e<br />
especialistas que analisaram a<br />
pesquisa. As informações serão<br />
utilizadas na elaboração<br />
<strong>do</strong> Plano Estratégico 2006 <strong>do</strong><br />
SESI Nacional e os responsáveis<br />
pelo estu<strong>do</strong> esperam que<br />
empresas e instituições brasileiras<br />
também usem o levantamento<br />
para planejar suas<br />
ações e projetos sociais.<br />
“O SESI deverá redirecionar<br />
recursos utiliza<strong>do</strong>s na alfabetização<br />
para o ensino médio integra<strong>do</strong><br />
com educação profissional<br />
<strong>do</strong> SENAI”, diz Rui Lima <strong>do</strong> Nascimento,<br />
diretor-superintendente<br />
<strong>do</strong> SESI. Essa é uma das iniciativas<br />
que, segun<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> da<br />
pesquisa, se mostram necessárias<br />
para avançar no nível de escolaridade<br />
<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r brasileiro.<br />
INCLUSÃO<br />
O número de trabalha<strong>do</strong>res<br />
analfabetos na indústria brasileira<br />
diminuiu 30% entre 2001 e<br />
2003, essa é uma das conclusões<br />
positivas apontadas pelo levantamento.<br />
“Uma das hipóteses<br />
para essa queda é a inclusão<br />
de 1 milhão de trabalha<strong>do</strong>res<br />
no programa SESI Educação <strong>do</strong><br />
Trabalha<strong>do</strong>r”, avalia Alex Mansur,<br />
coordena<strong>do</strong>r da Unidade de<br />
Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento<br />
(PAD) e assessor da superintendência<br />
<strong>do</strong> DN.<br />
O estu<strong>do</strong> mostra que, em<br />
2003, a indústria empregava<br />
5% mais <strong>do</strong> que <strong>do</strong>is anos antes<br />
e que o industriário brasileiro<br />
tinha em média 34 anos,<br />
ganhava até três salários mínimos<br />
e era, na sua maioria, 76%,<br />
<strong>do</strong> sexo masculino. Além disso,<br />
78% estavam emprega<strong>do</strong>s na<br />
indústria de transformação e<br />
15% na construção civil.<br />
FOTO: VICTOR LOFÊGO<br />
8
FOTOS: MIGUEL ÂNGELO<br />
O <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r<br />
traz da<strong>do</strong>s regionaliza<strong>do</strong>s, que<br />
abrangem não só os industriários,<br />
mas to<strong>do</strong>s os emprega<strong>do</strong>s<br />
formais <strong>do</strong> País. Um da<strong>do</strong><br />
importante a considerar: <strong>do</strong><br />
total de 6,8 milhões de industriários<br />
brasileiros, 37% ainda<br />
demandam ensino fundamental<br />
e 30%, o ensino médio. “Os números<br />
mostram que é preciso<br />
investir em ensino fundamental<br />
e ensino médio”, explica Goretti<br />
Pinho, gerente de Educação de<br />
Jovens e Adultos <strong>do</strong> Departamento<br />
Nacional.<br />
Esse resulta<strong>do</strong> indica que<br />
o programa Educação Básica e<br />
Educação Profissional Articulada<br />
SESI/SENAI é uma iniciativa<br />
acertada, e deve ser reforçada.<br />
O programa permite que alunos<br />
de diversas regiões <strong>do</strong> País concluam<br />
de forma simultânea o<br />
ensino médio e o curso técnico.<br />
Goretti: é preciso investir<br />
no ensino fundamental e<br />
no médio<br />
Souza: as informações <strong>pode</strong>rão<br />
ser usadas pelas empresas<br />
MUNICIPALIZAÇÃO<br />
Outras indicações da pesquisa,<br />
enfatiza Goretti, <strong>pode</strong>m<br />
contribuir para o aperfeiçoamento<br />
das estratégias de ação<br />
<strong>do</strong> SESI nos próximos anos. “O<br />
estu<strong>do</strong> mostra, por exemplo,<br />
que no Nordeste há uma concentração<br />
de trabalha<strong>do</strong>res nas<br />
pequenas indústrias”, informa.<br />
“Concluímos, então, que as atividades<br />
têm de ser previstas<br />
para ir até onde as empresas<br />
estão”, avalia.<br />
Para Mansur, a municipalização<br />
<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da pesquisa<br />
é a importante novidade <strong>do</strong><br />
levantamento. Foram pesquisa<strong>do</strong>s<br />
5.500 municípios <strong>do</strong>s<br />
5.560 existentes no País, segun<strong>do</strong><br />
da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE. “É possível<br />
chegar até os municípios<br />
e ter um norte <strong>do</strong> que acontece<br />
na indústria em relação<br />
a educação, faixa etária e gênero”,<br />
diz. “A pesquisa fornece<br />
muitos elementos para ser<br />
analisa<strong>do</strong>s”, acrescenta.<br />
Com a municipalização <strong>do</strong>s<br />
da<strong>do</strong>s é possível saber, por exemplo,<br />
que o Esta<strong>do</strong> de Tocantins<br />
tinha 146,19 mil trabalha<strong>do</strong>res<br />
com carteira assinada em 2003.<br />
A cidade de Joinville, maior pólo<br />
industrial de Santa Catarina,<br />
empregava 118,24 mil pessoas,<br />
das quais apenas 347 eram analfabetas.<br />
É possível saber ainda<br />
que em Carrapateira, município<br />
da Paraíba, 11% <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
formais são analfabetos e<br />
que 99% deles ganham entre um<br />
e três salários mínimos.<br />
Essas informações <strong>pode</strong>m ser<br />
utilizadas por empresas de diversos<br />
segmentos. “Os empresários<br />
têm nessa pesquisa tu<strong>do</strong> para<br />
melhorar o perfil <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e<br />
introduzir benefícios sociais”, salienta<br />
Milton Mattos Souza, especialista<br />
da PAD. “As informações<br />
relativas ao nível de escolaridade<br />
<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e ao tamanho<br />
das empresas indicam que deve<br />
ser feito um investimento crescente<br />
no ensino médio”, avalia<br />
a diretora de Operações <strong>do</strong> SESI,<br />
Mariana Raposo.<br />
Com base no cadastro da Relação<br />
Anual de Informações Sociais<br />
(RAIS) 2003, <strong>do</strong> Ministério<br />
<strong>do</strong> Trabalho e Emprego, foram<br />
pesquisa<strong>do</strong>s 29,5 milhões de<br />
trabalha<strong>do</strong>res, emprega<strong>do</strong>s por<br />
2,5 milhões de estabelecimentos<br />
<strong>do</strong>s setores de extrativismo<br />
mineral, indústria de transformação,<br />
serviços industriais de<br />
utilidade pública, construção<br />
civil, comércio, serviços e outros,<br />
forma<strong>do</strong> pelos segmentos<br />
de administração pública, agropecuária,<br />
extrativa vegetal,<br />
caça e pesca. As fábricas corresponderam<br />
a 15% <strong>do</strong>s estabelecimentos,<br />
totalizan<strong>do</strong> 373,3<br />
mil empresas.<br />
Do universo pesquisa<strong>do</strong>, 6,8<br />
milhões trabalhavam na indústria,<br />
o equivalente a 23% <strong>do</strong>s<br />
emprega<strong>do</strong>s formais em to<strong>do</strong> o<br />
território nacional. A maior parcela<br />
tinha entre 30 e 39 anos de<br />
idade, corresponden<strong>do</strong> a 29,7%<br />
<strong>do</strong> total. Um porcentual de 21,7%<br />
9
FOTO: SESI/BAHIA<br />
PESQUISA<br />
Maria Denise: volta ao ensino fundamental para<br />
melhorar vida profissional<br />
estava com idade entre 40 e 49<br />
anos. A parcela mais jovem,<br />
de 18 a 24 anos, representava<br />
19% <strong>do</strong> total.<br />
Em relação a 2001, o número<br />
de trabalha<strong>do</strong>res formais cresceu<br />
9% em 2003. Na indústria,<br />
esse crescimento foi de 5%. O<br />
setor de serviços, principal emprega<strong>do</strong>r,<br />
concentrava 31,7%<br />
<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res formais. O<br />
segun<strong>do</strong> maior emprega<strong>do</strong>r foi<br />
o denomina<strong>do</strong> “outros”, empregan<strong>do</strong><br />
27,8%. A indústria<br />
detinha 18% <strong>do</strong> total de trabalha<strong>do</strong>res<br />
formais e o comércio,<br />
17,3%. A maior parte <strong>do</strong>s empregos,<br />
52,1%, estava na região<br />
Sudeste, seguida da região Sul,<br />
17,8%, e <strong>do</strong> Nordeste, 17,2%.<br />
SALÁRIOS<br />
Um <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res preocupantes<br />
da pesquisa é com relação<br />
à renda <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. A<br />
maioria, 59,5%, ganhava de um<br />
a três salários mínimos. “Temos<br />
um grande porcentual de trabalha<strong>do</strong>res<br />
ganhan<strong>do</strong> pouco”,<br />
enfatiza Mattos. Apenas 12,3%<br />
deles ganhavam entre cinco e<br />
10 salários mínimos.<br />
A maior concentração de emprega<strong>do</strong>s<br />
com baixo rendimento<br />
estava na região Nordeste, com<br />
41,7% receben<strong>do</strong> até um salário<br />
mínimo. Na região Sudeste, o<br />
porcentual era de 34% e no Sul,<br />
de 11,9%. O Sudeste apresentava<br />
maior concentração<br />
de trabalha<strong>do</strong>res<br />
com renda um pouco<br />
maior, de um a três<br />
mínimos. O porcentual era de<br />
49%. No Nordeste, o porcentual<br />
de trabalha<strong>do</strong>res formais com<br />
essa renda era 19%, o mesmo<br />
da região Sul.<br />
A maior parcela de trabalha<strong>do</strong>res,<br />
42,4%, havia concluí<strong>do</strong><br />
ou cursava o ensino fundamental;<br />
outros 38,1% completaram<br />
ou estavam concluin<strong>do</strong> o ensino<br />
médio e 18% cursavam a universidade<br />
ou possuíam diploma<br />
universitário. A região com<br />
menor renda, o Nordeste, concentrava<br />
o maior porcentual de<br />
analfabetos: 46,7%. Mas numa<br />
das regiões com trabalha<strong>do</strong>res<br />
com renda mais elevada, o Sudeste,<br />
32,7% deles eram analfabetos.<br />
A região Sul tinha 9,1%<br />
de trabalha<strong>do</strong>res formais sem<br />
saber ler nem escrever. No Centro-Oeste,<br />
o porcentual era de<br />
6,9% e no Norte, de 4,5%.<br />
A pesquisa traz também da<strong>do</strong>s<br />
importantes sobre a condição<br />
feminina no merca<strong>do</strong> – quase<br />
a metade da força de trabalho<br />
formal brasileira. Em 2003, as<br />
mulheres ocupavam 40% <strong>do</strong>s<br />
FOTO: LUCIANA CARDOSO<br />
Trabalho garanti<strong>do</strong><br />
Embora ganhe pouco mais de um salário mínimo e só tenha consegui<strong>do</strong> freqüentar<br />
uma sala de aula neste ano, graças ao curso ofereci<strong>do</strong> pela empresa no canteiro de<br />
obras, Luiz Alves Calixto (foto) se diz satisfeito como pedreiro na Construtora Padrão<br />
Comércio e Incorporação de Imóveis, <strong>do</strong> Recife, que tem 49 emprega<strong>do</strong>s. “O que ganho<br />
é o que as empresas da construção civil têm pago e é muito melhor <strong>do</strong> que estar desemprega<strong>do</strong>”,<br />
compara.<br />
Aos 51 anos, Calixto está entre os 10,9% de trabalha<strong>do</strong>res que têm entre 50 e 64<br />
anos e registro em carteira, segun<strong>do</strong> a pesquisa <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r <strong>Formal</strong> <strong>Brasileiro</strong>.<br />
“É muito difícil arrumar emprego com mais idade, por isso para mim está bom”, diz ele,<br />
acrescentan<strong>do</strong> que “o salário é razoável. Dá para sobreviver”.<br />
Fábio Fraga de Castro, gerencia<strong>do</strong>r operacional da Metalúrgica União, em Vila Velha,<br />
no Espírito Santo, também está satisfeito. Ele integra outro grupo, o <strong>do</strong>s 16% de trabalha<strong>do</strong>res<br />
formais com renda superior a três salários mínimos. “Tive oportunidade de crescer<br />
profissionalmente”, avalia Castro, recém-promovi<strong>do</strong> ao cargo, com salário de R$ 943,00,<br />
e na companhia desde 1996, quan<strong>do</strong> ingressou depois de cinco meses de desemprego e de concluir no SENAI o curso de soldagem e de<br />
interpretação de desenho.<br />
“Já fui promovi<strong>do</strong> quatro vezes”, comemora Castro, cujo próximo objetivo é cursar uma faculdade de desenho industrial. “Estudar é<br />
o melhor caminho para se chegar a algum lugar na vida”, conclui.<br />
10
postos de trabalho com<br />
carteira assinada e tinham<br />
mais escolaridade que os<br />
homens. Entre os trabalha<strong>do</strong>res<br />
analfabetos, elas<br />
correspondiam a 19,3%,<br />
enquanto os homens que<br />
não sabiam ler nem escrever<br />
somavam o equivalente<br />
a 80,7% <strong>do</strong> total.<br />
ESCOLARIDADE<br />
Os homens eram a<br />
maioria entre os que tinham<br />
ensino médio completo:<br />
51,2% ante 48,8%<br />
das mulheres. Mas entre os<br />
que cursavam uma universidade,<br />
elas correspondiam<br />
a 53,2% e os homens, a<br />
46,8%. Entre os que tinham<br />
um diploma universitário,<br />
as mulheres eram<br />
55,9% e os homens, 44%.<br />
Apesar da baixa renda e <strong>do</strong><br />
nível de escolaridade aquém<br />
<strong>do</strong> necessário para competir<br />
no merca<strong>do</strong>, como mostra o<br />
<strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r <strong>Formal</strong><br />
<strong>Brasileiro</strong>, os operários vêm<br />
se esforçan<strong>do</strong> para mudar a situação<br />
para melhor. É o caso<br />
<strong>do</strong> carpinteiro baiano Manuel<br />
Santos Oliveira (foto da capa),<br />
FOTO: MIGUEL ÂNGELO<br />
Mariana: da<strong>do</strong>s apontam ensino<br />
médio como prioridade<br />
da Ramos Catarina, empresa de<br />
construção de Salva<strong>do</strong>r. Depois<br />
de 20 anos longe da escola,<br />
ele retomou os estu<strong>do</strong>s neste<br />
ano. “Tinha termina<strong>do</strong> a quarta<br />
série, mas como fiquei para<strong>do</strong><br />
muitos anos tive de refazer a<br />
quarta para <strong>pode</strong>r recomeçar<br />
e já fiz a quinta”, diz. Aos 36<br />
anos, com o ensino fundamental<br />
incompleto e renda entre<br />
um e três salários mínimos,<br />
Oliveira tem exatamente<br />
o perfil <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r<br />
formal brasileiro.<br />
Ele está consciente<br />
das dificuldades e <strong>do</strong>s desafios<br />
a serem venci<strong>do</strong>s.<br />
“As condições de estu<strong>do</strong><br />
são péssimas no Brasil e<br />
por isso só na construção<br />
civil temos 80% de trabalha<strong>do</strong>res<br />
semi-analfabetos,<br />
ou seja, que cursaram<br />
apenas da primeira à<br />
quarta série”, diz. Oliveira<br />
também sabe explicar por<br />
que sua renda e <strong>do</strong>s companheiros<br />
é tão baixa: “mais<br />
tecnologia, menos emprego<br />
e menos renda. Mas só<br />
quem estuda entende isso<br />
e a necessidade de estudar<br />
é cada vez maior”.<br />
A renda baixa, conforma-se<br />
o trabalha<strong>do</strong>r, é melhor <strong>do</strong> que o<br />
desemprego. “Tenho muitos amigos<br />
desemprega<strong>do</strong>s”, lamenta.<br />
Esperança, ele diz, é o que não<br />
falta: “mesmo com todas as dificuldades,<br />
pouco estu<strong>do</strong>, baixa<br />
renda, o trabalha<strong>do</strong>r<br />
tem sempre a esperança<br />
de que um dia<br />
vai melhorar”.<br />
FOTO: MARCELO CAETANO<br />
Perspectivas para as mulheres<br />
Entre os trabalha<strong>do</strong>res analfabetos, as mulheres têm participação de 19,3%, segun<strong>do</strong> a pesquisa.<br />
Entre os profissionais com maior grau de instrução, ensino superior, elas são maioria: 57,5%.<br />
As carreiras de Maria Denise Santos Alves, opera<strong>do</strong>ra de corte na Indústria de Plástico de<br />
Salva<strong>do</strong>r (Implasa), na Bahia, e da advogada Maísa Fischer (foto), gestora <strong>do</strong> Departamento<br />
Corporativo-Jurídico da Empresa Brasileira de Compressores (Embraco), de Joinville (SC), mostram<br />
isso na prática.<br />
Maísa acha que as exigências para cargos mais altos são grandes e que “a mulher tem muita<br />
garra, porque faz dupla jornada de trabalho – em casa e fora”. Maria Denise é um <strong>do</strong>s 159 emprega<strong>do</strong>s<br />
da Implasa e também o retrato <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r formal brasileiro: ganha pouco mais de<br />
um salário mínimo e está completan<strong>do</strong> o ensino fundamental. “Havia cursa<strong>do</strong> até a quinta série<br />
e voltei neste ano, porque quem não estuda não consegue melhorar”, diz. Estar empregada, na<br />
opinião dela, já é uma grande vantagem. “Arrumar trabalho, hoje, é muito difícil, principalmente<br />
para jovens e para os mais velhos”, afirma.<br />
Para a executiva Maísa Fischer, a concorrência masculina só pesa mais quan<strong>do</strong> se trata de cargos de direção. Ela ingressou na organização<br />
em 1983, quan<strong>do</strong> ainda era estudante de Direito. Trilhou uma carreira de sucesso e chegou a ocupar cargos em outras empresas <strong>do</strong> grupo.<br />
“Só há feu<strong>do</strong>s masculinos em cargos de diretoria”, ressalva. “Até o nível gerencial, a mulher caminha bem, mas no topo da pirâmide são<br />
necessários alguns avanços”, explica. A pesquisa <strong>do</strong> <strong>Perfil</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r, na opinião da executiva, é um sinaliza<strong>do</strong>r importante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />
“Reflete o momento da sociedade e as empresas <strong>pode</strong>m utilizá-la para orientação”, avalia.<br />
11
BAWB<br />
Empresas responsáveis<br />
Ações empresariais beneficiam população e trazem lucros<br />
Rocha Loures:<br />
aprendizagem<br />
com os casos<br />
apresenta<strong>do</strong>s<br />
Empresas de to<strong>do</strong> o País tiveram<br />
mais uma oportunidade<br />
de mostrar como as ações sociais<br />
<strong>pode</strong>m trazer benefícios para<br />
a sociedade e ao mesmo tempo<br />
aumentar o lucro delas. Numa<br />
iniciativa pioneira, o SESI Paraná<br />
trouxe o Movimento BAWB<br />
– Business as an Agent of World<br />
Benefit (Negócios como Agentes<br />
para um Mun<strong>do</strong> Melhor), cria<strong>do</strong><br />
nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e que chega<br />
à sua terceira edição no Brasil.<br />
Com o tema Empresas que<br />
Desenvolvem Regiões, Nações e<br />
o Globo, a 3ª Conferência Internacional<br />
BAWB Brasil reuniu cerca<br />
de 600 pessoas, nos dias 6 e<br />
7 de outubro, no Centro de Eventos<br />
da Federação das Indústrias<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná (Fiep), em<br />
Curitiba. Na conferência, foram<br />
apresenta<strong>do</strong>s 50 cases de empresas<br />
que promoveram o desenvolvimento<br />
sustentável e beneficiaram<br />
a sociedade.<br />
“O objetivo <strong>do</strong> BAWB é permitir<br />
aprendizagem por meio <strong>do</strong>s<br />
casos apresenta<strong>do</strong>s. Acreditamos<br />
que isso dará inspiração e fará com<br />
que os profissionais possam replicar<br />
e levar para as suas realidades<br />
exemplos de sucesso de responsabilidade<br />
social empresarial”, diz<br />
Rodrigo Rocha Loures, presidente<br />
da Fiep e responsável pela introdução<br />
<strong>do</strong> movimento no País.<br />
Entre as empresas participantes,<br />
10 são parceiras <strong>do</strong><br />
SESI e algumas contaram com<br />
a participação da instituição<br />
nas iniciativas divulgadas. Uma<br />
delas é o trabalho desenvolvi<strong>do</strong><br />
por jovens de empresas juniores<br />
integrantes da ONG Aliança<br />
FOTOS: GILSON ABREU<br />
12
Empreende<strong>do</strong>ra, de Curitiba. O<br />
SESI investiu R$ 190 mil no projeto<br />
para <strong>ajudar</strong> a ONG a oferecer<br />
assessoria básica a pessoas<br />
carentes empreende<strong>do</strong>ras e treinamento<br />
a menores aprendizes.<br />
“O SESI nos deu gás para ter<br />
acesso a estrutura, conhecimento,<br />
pessoas especializadas. Só assim<br />
<strong>pode</strong>mos deixar de pagar para<br />
trabalhar”, afirmou Rodrigo Brito,<br />
presidente da ONG.<br />
Para elevar o nível de escolaridade<br />
<strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s da Herbarium,<br />
laboratório fitoterápico de<br />
Colombo (PR), o SESI levou salas<br />
de aula para a fábrica. Cerca de<br />
30 emprega<strong>do</strong>s passaram a ter<br />
aulas diariamente após o expediente.<br />
A medida foi fundamental<br />
para elevar a competitividade<br />
da empresa no merca<strong>do</strong>. “O SESI<br />
usou sua expertise para conciliar<br />
o ensino com a realidade da Herbarium,<br />
pois ensinar adultos é<br />
mais complica<strong>do</strong>. Eles precisam<br />
<strong>do</strong> aspecto prático”, avalia Cristina<br />
Beerends, supervisora da<br />
Fundação Herbarium.<br />
A fábrica da Robert Bosch,<br />
de Curitiba, também relatou um<br />
caso bem-sucedi<strong>do</strong> de ação social<br />
em que o SESI entrou como parceiro,<br />
em 1999, quan<strong>do</strong> José Antônio<br />
Fares, diretor <strong>do</strong> Regional,<br />
desenvolveu dentro da fábrica<br />
um projeto de responsabilidade<br />
social. Esse trabalho contribuiu<br />
para a inauguração de uma cooperativa<br />
de costura numa área<br />
de invasão na comunidade onde<br />
está instalada a empresa.<br />
Hoje, mais de 20 mulheres,<br />
com idade entre 23 e 65 anos,<br />
fazem uniformes, embalagens e<br />
camisetas para as grandes companhias<br />
da região. “Fiz um curso<br />
de costura organiza<strong>do</strong> pelo SESI<br />
em parceria com o SENAI para<br />
me aprimorar e foi muito bom”,<br />
relatou a presidente da Coopercostura,<br />
Julieta Cerri.<br />
A Itambé, indústria de cimentos<br />
<strong>do</strong> município de Balsa<br />
Nova (PR), contou com a consultoria<br />
<strong>do</strong> SESI para mapear e<br />
definir as necessidades<br />
da comunidade <strong>do</strong> seu<br />
entorno. Depois, criou<br />
o Programa Itambé de<br />
Participação Social, que<br />
prioriza ações de saúde<br />
e educação em Balsa<br />
Nova e no município<br />
de Campo Largo. Foram<br />
investi<strong>do</strong>s R$ 400 mil<br />
em mais segurança nas<br />
escolas e no acesso aos<br />
colégios, na ampliação<br />
da prática esportiva<br />
entre os alunos, na<br />
construção de postos<br />
de saúde, laboratórios<br />
e salas de aula. “Queremos<br />
ver o resulta<strong>do</strong> daquilo que<br />
fazemos, por isso construímos o<br />
que as comunidades mais precisam”,<br />
explicou a assessora de Comunicação<br />
Rosemeri Ribeiro.<br />
PARCERIAS<br />
A Cal Hidra, fabricante de insumos<br />
para construção civil <strong>do</strong><br />
município de Almirante Tamandaré<br />
(PR), onde o SESI mantém<br />
uma escola de alfabetização e<br />
<strong>do</strong> ensino médio, desenvolve o<br />
projeto A Construção da Prosperidade<br />
Sustentável (Guemba),<br />
destina<strong>do</strong> a valorizar e elevar a<br />
auto-estima de profissionais da<br />
construção civil. Uma das iniciativas<br />
é o Clube de Incentivo<br />
Hidra, com 12<br />
mil associa<strong>do</strong>s no Paraná,<br />
em Santa Catarina<br />
e no Rio Grande <strong>do</strong><br />
Sul, Esta<strong>do</strong>s nos quais<br />
a empresa atua. Entre<br />
os benefícios ofereci<strong>do</strong>s<br />
ao sócio está o<br />
cartão/chaveiro, que<br />
dá direito a descontos<br />
em produtos e serviços<br />
para o trabalha<strong>do</strong>r e<br />
sua família.<br />
Julieta: trabalho<br />
depois de curso de<br />
costura promovi<strong>do</strong><br />
pelo SESI<br />
Cristina: o SESI conciliou ensino<br />
com a realidade da Herbarium<br />
A Petrobras, uma das principais<br />
parceiras <strong>do</strong> SESI no Paraná,<br />
mantém diversos programas volta<strong>do</strong>s<br />
para o seu entorno. Um deles<br />
é o Petrobras na Comunidade,<br />
destina<strong>do</strong> a despertar a consciência<br />
ambiental. O projeto atende<br />
mora<strong>do</strong>res das regiões ribeirinhas<br />
das cidades de Araucária,<br />
Balsa Nova, Contenda, Curitiba<br />
e Porto Amazonas. A Companhia<br />
Paranaense de Energia (Copel),<br />
outra importante parceira da<br />
instituição no Esta<strong>do</strong>, apresentou<br />
na conferência o Programa<br />
Tributo <strong>do</strong> Iguaçu, que atende<br />
500 crianças e jovens em situação<br />
de risco.<br />
13
CULTURA<br />
Dança Pará<br />
Festival <strong>do</strong> SESI transforma chão de fábrica em palco<br />
Mais de mil bailarinos de<br />
to<strong>do</strong> o Brasil participaram <strong>do</strong><br />
14º Festival <strong>do</strong> SESI Dança Pará,<br />
promovi<strong>do</strong> pelo Departamento<br />
Regional, de 1º a 7 de outubro,<br />
no Teatro Gabriel Hermes,<br />
<strong>do</strong> SESI. No programa, ao la<strong>do</strong><br />
de performances competitivas e<br />
não-competitivas, foram realiza<strong>do</strong>s<br />
debates sobre dança, oficinas<br />
e apresentações especiais<br />
fora <strong>do</strong> teatro. O Dança Pará<br />
2005 atraiu um público de mais<br />
de 30 mil pessoas.<br />
Grupos de balé clássico, de<br />
dança moderna, contemporânea,<br />
de rua, de salão, da terceira<br />
idade, folclórica e popular,<br />
além de sapatea<strong>do</strong> e de<br />
jazz, participaram das<br />
apresentações competi-<br />
tivas. “Uma das características<br />
mais marcantes <strong>do</strong> Dança Pará é<br />
reunir profissionais e ama<strong>do</strong>res.<br />
Por exemplo, não fazemos préseleção<br />
para as mostras competitivas”,<br />
explica Maurício Quintairos,<br />
coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> festival.<br />
“Nossos artistas precisam de<br />
espaço para mostrar o trabalho<br />
e o festival tem entre seus objetivos<br />
promover esses artistas<br />
e investir na formação de novos<br />
bailarinos”, diz.<br />
PÚBLICO<br />
“Uma das missões <strong>do</strong> Dança<br />
Pará é o investimento em cultura,<br />
sem deixar de la<strong>do</strong> o público-alvo<br />
<strong>do</strong> SESI, que são os<br />
trabalha<strong>do</strong>res da indústria. Para<br />
isso, contamos com o Circuito<br />
FOTOS: HAMILTON PINTO<br />
14
de Dança, que faz parte<br />
<strong>do</strong> festival e leva alguns<br />
grupos para apresentações<br />
dentro de empresas<br />
de Belém”, conta José<br />
Olímpio, superintendente<br />
<strong>do</strong> Regional.<br />
Neste ano, a empresa<br />
visitada foi a Albras - Alumínio<br />
<strong>Brasileiro</strong>, instalada<br />
em Barcarena, município<br />
da Região Metropolitana<br />
de Belém. As apresentações<br />
para os funcionários<br />
foram durante o horário<br />
<strong>do</strong> almoço.<br />
“As indústrias têm se<br />
empenha<strong>do</strong> para aproximar<br />
os trabalha<strong>do</strong>res das<br />
manifestações artísticas.<br />
Há empresas que já realizaram<br />
concursos entre<br />
os emprega<strong>do</strong>s para selecionar<br />
dançarinos para o Dança Pará”,<br />
conta Quintairos. Na edição<br />
2005, algumas atrações foram<br />
levadas para apresentações públicas<br />
no Coliseu das Artes, no<br />
Espaço São José Liberto, ponto<br />
turístico de Belém.<br />
Quintairos, à esquerda: nossos artistas precisam de espaço.<br />
Olímpio, à direita: investimento em cultura incluin<strong>do</strong> os<br />
trabalha<strong>do</strong>res da indústria<br />
HOMENAGEM<br />
A ‘Noite Waldemar Henrique’,<br />
que lembrou o centenário de nascimento<br />
<strong>do</strong> maestro paraense,<br />
encerrou o festival, que também<br />
homenageou Mestre Verequete,<br />
um <strong>do</strong>s ícones <strong>do</strong> carimbó, ritmo<br />
tradicional paraense.<br />
Entre os participantes convida<strong>do</strong>s<br />
deste ano para ministrar<br />
oficinas estavam os coreógrafos<br />
e bailarinos: Fernan<strong>do</strong><br />
Macha<strong>do</strong>, Eloy Rodrigues e Ana<br />
Botosso, de São Paulo, balé<br />
clássico; Alessandra Fioravante,<br />
de São Paulo, e Ana Andréa,<br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro, dança<br />
moderna; Caio Nunes, <strong>do</strong> Rio<br />
de Janeiro, jazz; Rogério Men<strong>do</strong>nza<br />
e Renata Peçanha, ambos<br />
<strong>do</strong> Rio de Janeiro, salsa e<br />
zouk. Além da oficina de balé<br />
clássico, Ana Botosso conduziu<br />
a de dança teatro e Fernan<strong>do</strong><br />
Macha<strong>do</strong>, a de improvisação.<br />
15
ESPAÇO INTEGRADO<br />
IEL<br />
A serviço da produção<br />
SENAI<br />
Geração de renda<br />
FOTO: DIVULGAÇÃO<br />
Pesquisa inédita que está sen<strong>do</strong> desenvolvida pela Fiat, em<br />
Minas Gerais, estuda como reduzir a interferência das ondas<br />
eletromagnéticas nos componentes <strong>do</strong>s veículos que produz.<br />
Para isso, buscou parceria com mestres e <strong>do</strong>utores das universidades<br />
de Brasília (UnB), Federal de Minas Gerais (UFMG),<br />
Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG) e <strong>do</strong> Centro Federal<br />
de Educação Tecnológica (Cefet-MG), além <strong>do</strong> apoio <strong>do</strong> Centro<br />
de Pesquisa da empresa em Turim, na Itália.<br />
As pesquisas são realizadas na própria empresa e nos<br />
laboratórios que estão sen<strong>do</strong> monta<strong>do</strong>s por ela nas universidades<br />
parceiras, informa Gilmar Laigner de Souza (foto), responsável<br />
pelo setor de Engenharia Experimental e Eletrônica<br />
da Fiat. Os resulta<strong>do</strong>s serão conheci<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is anos.<br />
Para a Fiat, a solução inova<strong>do</strong>ra que sairá desse trabalho<br />
será maior competitividade. Para as universidades,<br />
será um avanço para o desenvolvimento de novas linhas<br />
de investigação – prova disso é que, até agora, o projeto<br />
já se des<strong>do</strong>brou em seis teses de mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>.<br />
A iniciativa da Fiat tem, ainda, uma vantagem adicional:<br />
está sen<strong>do</strong> considerada um modelo para a associação entre<br />
universidades e empresas ten<strong>do</strong> como objetivo o desenvolvimento<br />
tecnológico.<br />
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />
Tecnológico (CNPq) apóia o projeto com o Programa de Capacitação<br />
de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas<br />
(RHAE), que utiliza recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Verde–Amarelo<br />
(interação universidade-empresa) para financiar pesquisa<strong>do</strong>res<br />
em áreas consideradas estratégicas para a Política<br />
Industrial e de Comércio Exterior. Essa iniciativa estimulou<br />
o CNPq a alterar as normas para concessão de bolsas para<br />
mestran<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s com verba <strong>do</strong> RHAE para custear<br />
teses dentro das empresas.<br />
Cria<strong>do</strong> em 1977 para levar<br />
educação profissional aos<br />
municípios onde o SENAI não<br />
tem unidades físicas, o Programa<br />
de Ações Móveis Educação<br />
Profissional (PAM-EP) alcança<br />
os mais distantes pontos <strong>do</strong><br />
território nacional e transforma<br />
o cenário socioeconômico<br />
das comunidades, melhoran<strong>do</strong><br />
a qualidade de vida da<br />
população mais carente ao<br />
contribuir para a geração de<br />
emprego e renda, como o artesanato<br />
da foto.<br />
O PAM-EP vai além <strong>do</strong> ensino<br />
de uma ocupação, pois<br />
prepara as pessoas para atuar<br />
em atividades produtivas com<br />
autonomia, desenvolven<strong>do</strong><br />
habilidades como raciocínio<br />
lógico e aplicação de recursos<br />
materiais e financeiros.<br />
A formação <strong>do</strong>s alunos<br />
atende necessidades e vocação<br />
das comunidades. A<br />
facilitação ao transporte <strong>do</strong><br />
conhecimento é fundamental<br />
nesse programa. Normalmente,<br />
o espaço físico para<br />
FOTO: ROBESPIERRE GIULIANE<br />
a montagem <strong>do</strong>s cursos é cedi<strong>do</strong><br />
pela prefeitura ou pela<br />
igreja local e outros espaços<br />
são ofereci<strong>do</strong>s por empresas,<br />
ONGs e sindicatos.<br />
Os resulta<strong>do</strong>s positivos<br />
desse programa refletem a eficaz<br />
atuação <strong>do</strong>s mais de 450<br />
Agentes de Educação Profissional<br />
<strong>do</strong> SENAI, em to<strong>do</strong> o Brasil.<br />
Eles são <strong>do</strong>centes forma<strong>do</strong>s<br />
pela instituição e qualifica<strong>do</strong>s<br />
para desempenhar as funções<br />
de educa<strong>do</strong>r, estimula<strong>do</strong>r e<br />
consultor na criação de microempreendimentos.<br />
Esses agentes<br />
devem ter contato com a<br />
comunidade, empatia com o<br />
ambiente, conhecer as necessidades<br />
locais e participar efetivamente<br />
da implantação e da<br />
manutenção <strong>do</strong> programa.<br />
O melhor <strong>do</strong> PAM-EP é ser um<br />
programa que supera to<strong>do</strong>s os<br />
tipos de obstáculos e que <strong>pode</strong><br />
ser implanta<strong>do</strong> em qualquer localidade<br />
carente de educação<br />
profissionalizante, sempre com<br />
o objetivo de promover a prática<br />
de responsabilidade social.<br />
16