análise sensorial de queijo coalho acrescido de goiabada e pó de ...
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ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO COALHO ACRESCIDO DE<br />
GOIABADA E PÓ DE CASCA DE GOIABA<br />
Francisca Fabrine Farias MARTINS (1); Clara Mítia <strong>de</strong> PAULA (2); Georgia Maciel Dias <strong>de</strong><br />
MORAES (3), Jacqueline da Silva OLIVEIRA (4); Maria Tamires Marques SILVA (5); Nágila<br />
Teotônio do Nascimento (6).<br />
(1) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia - IFCE, Av. Dr. Guarani, 317, Derby Clube 2112.3636, (88)<br />
3112-3666, fabrinefarias@yahoo.com.br (2) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE,<br />
claramitia@yahoo.com.br , (3) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE,<br />
georgiamoraes@yahoo.com.br, (4) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, jackmoral@hotmail.com,<br />
(5) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, tami_marques3@yahoo.com.br,<br />
(6) Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, nagilatn@hotmail.com.<br />
RESUMO<br />
O <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> é um alimento bastante consumido no Brasil, especialmente na região Nor<strong>de</strong>ste. Estudos têm<br />
sido <strong>de</strong>senvolvidos para incrementar esse alimento com a adição <strong>de</strong> ervas e especiarias. A adição <strong>de</strong><br />
<strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> cascas <strong>de</strong> goiaba parece ser uma alternativa <strong>de</strong> agregar ainda mais valor a esse alimento tão<br />
apreciado pelo brasileiro. Esse trabalho teve por objetivo analisar <strong>sensorial</strong>mente amostras <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong><br />
adicionado <strong>de</strong> <strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba. Foram <strong>de</strong>senvolvidas três formulações, sendo formulação<br />
A: sem pó <strong>de</strong> casca; B: 0,5g <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> casca; C 1,0g <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba, todas receberam adição <strong>de</strong> 10g<br />
<strong>de</strong> <strong>goiabada</strong>. As amostras foram avaliadas <strong>sensorial</strong>mente por 60 provadores através <strong>de</strong> escala hedônica <strong>de</strong> 9<br />
pontos e os resultados tratados estatisticamente por meio <strong>de</strong> ANOVA e teste <strong>de</strong> Turkey. As amostras<br />
apresentaram diferença significativa entre si apenas no atributo sabor, on<strong>de</strong> a amostra B apresentou menor<br />
valor (6,38). As notas variaram entre 7,05 e 5,60 referente a gostei mo<strong>de</strong>radamente e nem gostei nem<br />
<strong>de</strong>sgostei respectivamente.<br />
Palavras-chave: <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong>, goiaba, <strong>sensorial</strong>
1 – INTRODUÇÃO<br />
O <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> é um <strong>queijo</strong> tipicamente Nor<strong>de</strong>stino, o qual vem popularizando o consumo por todo Brasil,<br />
movimentando, mensalmente, um mercado em torno <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> reais, o que sinaliza a importância<br />
econômica e social da ativida<strong>de</strong> (SANTANA et al, 2008).<br />
Enten<strong>de</strong>-se por <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> <strong>coalho</strong>, o <strong>queijo</strong> que se obtém por coagulação do leite por meio do <strong>coalho</strong> ou outras<br />
enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação <strong>de</strong> bactérias lácteas selecionadas e<br />
comercializado normalmente com até 10 (<strong>de</strong>z) dias <strong>de</strong> fabricação. É um <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> média a alta umida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
massa semi-cozida ou cozida apresentando um teor <strong>de</strong> gordura nos sólidos totais variável entre 35,0% e<br />
60,0% (BRASIL, 2001).<br />
A goiaba (Psidium guajava, L.) é um dos frutos <strong>de</strong> maior relevância nas regiões subtropicais e tropicais. Isso<br />
<strong>de</strong>ve-se à elevada aceitação <strong>de</strong>sse fruto in natura, bem como à sua gran<strong>de</strong> aplicação industrial e pela<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver em condições adversas <strong>de</strong> clima. O Brasil é um dos gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong><br />
goiaba. No entanto, a alta perecibilida<strong>de</strong>, a sazonalida<strong>de</strong> da cultura e a redução do mercado consumidor <strong>de</strong><br />
doce e creme <strong>de</strong> goiaba, sugerem uma nova adaptação dos industriais a essa realida<strong>de</strong> através da utilização<br />
<strong>de</strong>ssa matéria-prima no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos (REIS et al, 2007).<br />
As cascas <strong>de</strong> frutas ultimamente têm ganhado espaço nos estudos científicos, visto que são portadoras <strong>de</strong><br />
vitaminas, minerais e fibras alimentares, além <strong>de</strong> serem uma alternativa à redução do <strong>de</strong>sperdício alimentar,<br />
po<strong>de</strong>ndo incrementar receitas e melhorar a qua lida<strong>de</strong> da alimentação (GONDIM et al, 2005). Uchoa et al<br />
(2008) ainda complementa que o processamento <strong>de</strong> frutas em larga escala gera gran<strong>de</strong> percentual <strong>de</strong><br />
resíduos, os quais po<strong>de</strong>m perfeitamente serem utilizados no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos, agregando<br />
valor e contribuindo com a preservação do meio ambiente minimizando o <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> resíduos das indústrias.<br />
A qualida<strong>de</strong> do alimento compreen<strong>de</strong>u três aspectos fundamentais: nutricional, <strong>sensorial</strong> e microbiológico.<br />
Com certeza o aspecto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>sensorial</strong> é o mais intimamente relacionado a escolha do produto<br />
alimentício (DUTCOSKY, 2007). A análise <strong>sensorial</strong> é uma ciência que objetiva, principalmente, estudar as<br />
percepções, sensações e reações do consumidor sobre as características dos produtos, incluindo sua aceitação<br />
ou rejeição (MINIM, 2006).<br />
Visando incrementar a produção <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong>, este trabalho teve como objetivo avaliar <strong>sensorial</strong>mente<br />
formulações <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> adicionadas <strong>de</strong> <strong>goiabada</strong> e casca <strong>de</strong> goiaba em pó.
2 – METODOLOGIA<br />
Foram fabricadas três formulações <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> (Tabela 1) <strong>de</strong> forma artesanal na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Hidrolândia/CE, utilizando-se metodologia adaptada à <strong>de</strong> Egito et al (2007). Para a elaboração da massa do<br />
<strong>queijo</strong> utilizou-se a proporção <strong>de</strong> 15 litros <strong>de</strong> leite integral e 100g <strong>de</strong> sal. A <strong>goiabada</strong> foi adquirida em<br />
comércio local. As cascas <strong>de</strong> goiaba, provenientes <strong>de</strong> goiabas previamente higienizadas, foram tratadas<br />
segundo uma adaptação da metodologia empregada por Uchoa et al (2008) ao trabalharem com resíduos <strong>de</strong><br />
goiaba e maracujá. As cascas uilizadas nesse experimento foram secas em estufa a vácuo à temperatura <strong>de</strong><br />
70°C até total remoção da umida<strong>de</strong> do produto. Em seguida seguiram para o <strong>de</strong>ssecador durante 1 hora para<br />
serem trituradas em liquidificador. A <strong>goiabada</strong> e o pó da casca da goiaba foram adicionadas à massa do<br />
<strong>queijo</strong> após a retirada <strong>de</strong> todo soro. O <strong>queijo</strong> enformado e prensado durante um período <strong>de</strong> 6 horas.<br />
Tabela 1 – Percentuais dos ingredientes utilizados na<br />
fabricação do <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> com <strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong><br />
goiaba. Formulações A, B e C com os percentuais <strong>de</strong> pó <strong>de</strong><br />
casca <strong>de</strong> goiaba 0%, 0,5% e 1,0%, respectivamente.<br />
Para a realização da análise <strong>sensorial</strong> 60 provadores foram selecionados, 40 do sexo masculino e 20 do sexo<br />
feminino. Os julgadores avaliaram as amostras através <strong>de</strong> escala hedônica <strong>de</strong> 9 pontos conforme o sugerido<br />
por Dutcosky (2007). Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se ANOVA e Teste <strong>de</strong> Turkey a 5% <strong>de</strong><br />
significância.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos para o teste das formulações <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> adicionadas <strong>de</strong><br />
<strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba.<br />
Tabela 2 - Médias dos valores obtidos para análise <strong>sensorial</strong> das<br />
formulações <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> com <strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba.<br />
Formulações A, B e C com os percentuais <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba<br />
0%, 0,5% e 1,0%, respectivamente.<br />
Médias seguidas <strong>de</strong> letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente<br />
entre si no teste <strong>de</strong> Tukey (p>0,05).<br />
O atributo cor relacionou-se com a indicação “indiferente” na escala hedônica utilizada. Esse apresentou as<br />
menores notas em relação aos <strong>de</strong>mais atributos, embora não tenham diferido entre si. Os valores mais baixos<br />
quanto à cor po<strong>de</strong>m estar relacionados à adição da <strong>goiabada</strong> ao <strong>queijo</strong>, a qual <strong>de</strong>scaracterizou a cor<br />
tradicionalmente conhecida do <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong>. Quanto ao aroma, às notas também não diferiram entre si<br />
significativamente, permanecendo na escala “gostei ligeiramente”, sugerindo que o aroma <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> com<br />
<strong>goiabada</strong> tenha sido reconhecido pelos julgadores. No atributo sabor a amostra B apresentou diferença<br />
significativa entre as <strong>de</strong>mais obtendo a menor nota. É interessante observar que a mostra sem casca (A)<br />
apresentou nota semelhante à com maior percentual <strong>de</strong> casca (C). Subten<strong>de</strong>-se então que a adição <strong>de</strong>sses<br />
percentuais <strong>de</strong> pó da casca <strong>de</strong> goiaba não tenha influenciado o sabor. No entanto, as três amostras<br />
enquadraram-se na escala entre “gostei ligeiramente e gostei mo<strong>de</strong>radamente”. As notas relacionadas à<br />
textura também não diferiram entre si significativamente. Os valores relacionados a “gostei ligeiramente”<br />
po<strong>de</strong>m estar relacionados à adição da <strong>goiabada</strong> a qual conferiu textura diferente à relacionada ao <strong>queijo</strong><br />
<strong>coalho</strong> tradicional. Quanto ao produto analisado <strong>de</strong> maneira geral, não houve diferença significativa entre as<br />
médias apresentadas. Atributos enquadrados entre “gostei ligeiramente” e “gostei mo<strong>de</strong>radamente” <strong>de</strong>notam<br />
certo nível <strong>de</strong> aceitação por parte dos julgadores.<br />
Egito et al (2007) produziram <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> cabra condimentado com orégano, canela e cravo da índia<br />
nas proporções <strong>de</strong> 0,55g, 1,20g e 0,65g <strong>de</strong> condimento por kg <strong>de</strong> massa. A utilização <strong>de</strong> orégano, canela e<br />
cravo da Índia em <strong>queijo</strong>s com leite <strong>de</strong> cabra, mostrou-se ser extremamente satisfatória com relação às<br />
características sensoriais, sugerindo a possibilida<strong>de</strong> da adição <strong>de</strong> outras ingredientes, resultando em novas<br />
varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>queijo</strong>s.<br />
Queijos condimentados com grãos moídos <strong>de</strong> erva-doce em diferentes concentrações: 0,5%, 0,2% e<br />
0,1%.foram <strong>de</strong>senvolvidos por Silva et al (2009). A concentração com 0,1% foi a mais aceita pelos<br />
provadores.
CONCLUSÃO<br />
As formulações <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>coalho</strong> adicionado <strong>de</strong> <strong>goiabada</strong> e pó <strong>de</strong> casca <strong>de</strong> goiaba apresentaram certo nível <strong>de</strong><br />
aceitação do consumidor, no entanto torna-se necessário <strong>de</strong>senvolver novas formulações com percentuais <strong>de</strong><br />
casca para verificar até on<strong>de</strong> a adição <strong>de</strong>sse produto afeta as características organolépticas do <strong>queijo</strong>.<br />
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regulamentos técnicos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manteiga da terra ou manteiga <strong>de</strong> garrafa, <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> <strong>coalho</strong> e <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> manteiga. Instrução<br />
Normativa n°30, <strong>de</strong> 26/06/ 2001. Diário Oficial [da] República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil, Brasília, DF, 16<br />
jul.2001, p.13-15.<br />
DUTCOSKY, S. D. Análise Sensorial <strong>de</strong> Alimentos. 2. ed. rev. e ampl. – Curitiba: Champagnat, 2007.<br />
EGITO, A. S. et al. Processamento <strong>de</strong> <strong>queijo</strong> <strong>de</strong> cabras com ervas aromáticas. Comunicado Técnico –<br />
EMBRAPA. Sobral, n. 81, nov. 2007.<br />
GONDIM J. A. M. et al. Composição centesimal e minerais em cascas <strong>de</strong> frutas. Ciência e Tecnologia <strong>de</strong><br />
Alimentos , Campinas, 25(4): 825-827, out.-<strong>de</strong>z. 2005.<br />
MINIM, V. P. Análise Sensorial: estudos com consumidores. Viçosa: UFV, 2006.<br />
REIS, K. C. et al. Avaliação físico-química <strong>de</strong> goiabas <strong>de</strong>sidratadas osmoticamente em diferentes soluções.<br />
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 3, p. 781-785, maio/jun., 2007<br />
SANTANA, R.F. et al. Qualida<strong>de</strong> microbiológica <strong>de</strong> <strong>queijo</strong>-<strong>coalho</strong> comercializado em Aracaju, SE.<br />
Arquivo Brasileiro <strong>de</strong> Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.6, p.1517-1522, 2008.<br />
SILVA et al. Estudo da aceitação <strong>de</strong> <strong>queijo</strong>s <strong>coalho</strong>s condimentados com diferentes concentrações <strong>de</strong> grãos<br />
moídos <strong>de</strong> erva-doce. Anais I Jornada Nacional da Agroindústria. Disponível em:<br />
http://www.seminagro.com.br/trabalhos_publicados/1jornada/02_ciencia_e_tecnologia_<strong>de</strong>_alialimen/08cta.p<br />
df. Acesso em: 16 set. 2009.<br />
UCHOA, A. M. A. et al. Parâmetros Físico-Químicos, Teor <strong>de</strong> Fibra Bruta e Alimentar <strong>de</strong> Pós Alimentícios<br />
Obtidos <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Frutas Tropicais. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas , 15(2): 58-65,<br />
2008.