notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap
notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap
notas sobre a transversalidade na pesquisa e no ... - Anpap
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
18º Encontro da Associação Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />
Transversalidades <strong>na</strong>s Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />
3 - O estado de invisibilidade da <strong>pesquisa</strong> em artes e de seus<br />
profissio<strong>na</strong>is está diretamente relacio<strong>na</strong>do ao desrespeito e à intolerância<br />
pela Arte enquanto forma de conhecimento e tem muitas causas<br />
(endóge<strong>na</strong>s e exóge<strong>na</strong>s), dentre elas:<br />
3.1 – A proeminência da concepção tec<strong>no</strong>científica (mecanicista) <strong>na</strong> forma de<br />
perceber, interpretar e agir <strong>sobre</strong> o mundo, o homem e a <strong>na</strong>tureza – sua<br />
condição de dogma não só para os cientistas, mas para a academia e também<br />
para o senso comum.<br />
3.2 – A luta fratricida entre <strong>pesquisa</strong>dores pelas verbas para o desenvolvimento<br />
da <strong>pesquisa</strong> – e todas as vilanias possíveis e imagináveis que essa luta<br />
pressupõe –, com ganhos incomensuráveis para os profissio<strong>na</strong>is das áreas<br />
(regio<strong>na</strong>is e acadêmicas) hegemônicas. As humanidades e, dentro delas, as<br />
artes contentam-se com migalhas do banquete. Algumas das conseqüências<br />
desse estado de coisas <strong>no</strong> mundinho acadêmico são a baixa auto-estima e a<br />
pusilanimidade de <strong>pesquisa</strong>dores das artes diante de <strong>pesquisa</strong>dores de outras<br />
áreas de conhecimento (consideradas “mais sérias”). Certa vez, diante de um<br />
grupo de <strong>pesquisa</strong>dores de várias áreas que organizavam um grande projeto<br />
institucio<strong>na</strong>l para concorrer a um gordo edital de uma agência de fomento,<br />
perguntei o porquê da ausência da área de Artes <strong>no</strong> grupo – eu era um<br />
“penetra” <strong>na</strong> reunião. A resposta do “deca<strong>no</strong>” do grupo foi mais ou me<strong>no</strong>s esta:<br />
“A área de artes não tem densidade acadêmica relevante e o darwinismo social<br />
demonstra (sic) que <strong>sobre</strong>vivem os mais aptos”. Respondi-lhe da seguinte<br />
maneira: “O chamado “darwinismo social” que o senhor sustenta,<br />
convenientemente esqueceu que a cooperação (operação conjunta) e a<br />
colaboração (laboração conjunta) são também pilares da teoria darwinista<br />
<strong>sobre</strong> a evolução e a <strong>sobre</strong>vivência das espécies. Essa sua defesa do<br />
“darwinismo social” é <strong>na</strong>da mais que uma tentativa teoricamente fajuta – pobre<br />
Darwin! – de manutenção de feudos intelectuais”. Dito isso, obviamente me<br />
retirei da reunião, com a consciência de que tinha conquistado um desafeto<br />
acadêmico. Essa defesa da proeminência das ciências exatas e <strong>na</strong>turais diante<br />
das humanidades ainda está profundamente arraigada <strong>no</strong>s meios acadêmicos<br />
e científicos, apesar das advertências de vários estudiosos da ciência e das<br />
2001