AO DO EXTRATO METANLICO DA Moringa oleifera SOBRE O ...
AO DO EXTRATO METANLICO DA Moringa oleifera SOBRE O ...
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AÇÃO <strong>DO</strong> <strong>EXTRATO</strong> METANÓLICO <strong>DA</strong> <strong>Moringa</strong> <strong>oleifera</strong> <strong>SOBRE</strong> O<br />
CRESCIMENTO MICELIAL DE FITOPATÓGENOS<br />
Romézio Alves Carvalho da SILVA (1); Taciana Oliveira de SOUSA (2); Lucas Pinheiro<br />
DIAS (3); Teresinha de Jesus Aguiar dos Santos ANDRADE (4).<br />
(1) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI, e-mail: romezioh@yahoo.com.br<br />
(2) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI: tacisousa@gmail.com<br />
(3) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI, e mail:lpinheirodias@hotmail.com<br />
(4) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI, e-mail: aguiarte10@yahoo.com.br<br />
RESUMO<br />
O uso intensivo de defensivos agrícolas tem gerado sérios problemas ambientais, esse fato aliado ao elevado<br />
custo de aplicação desses produtos tem impulsionado a busca por novas medidas de controle de pragas no<br />
campo. Neste contexto, as plantas medicais representam uma alternativa para a substituição de pesticidas<br />
sintéticos por produtos naturais, uma vez que estas possuem grande quantidade e variedade de metabólitos<br />
secundários com propriedades biológicas. A Planta <strong>Moringa</strong> <strong>oleifera</strong> Lam. pertence a família <strong>Moringa</strong>ceae,<br />
também é conhecida como moringa, lírio-branco, quiabo-de-quina e cedro. Sendo assim, a presente pesquisa<br />
experimental foi desenvolvida com objetivo de avaliar a ação fungitóxica do extrato metanólico da M.<br />
Oleifera sobre o crescimento micelial dos fitopatógenos Cladosporium sphaerospermum, Colletotrichum<br />
lindemunthianum e Fusarium oxysporum. O extrato foi incorporado ao meio de cultura (B<strong>DA</strong> – Batata,<br />
Dextrose e Ágar) de modo a obter-se diferentes concentrações. Após solidificação do meio, foi feita a<br />
inoculação e incubação a 30ºC durante sete dias. O resultado foi obtido comparando-se o diâmetro das<br />
placas-teste com as testemunhas. O extrato metanólico de M. oleífera apresentou atividade fungitóxica<br />
caracterizada pela inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos testados, sendo a maior sensibilidade<br />
ao extrato observada em Fusarium oxysporum. Resultados como este são animadores, pois confirmam os<br />
dados da literatura de que as plantas representam importantes fontes de compostos com atividade fungitóxica<br />
que podem ser utilizados em substituição aos pesticidas sintéticos.<br />
Palavras-chave: fungitoxidade, <strong>Moringa</strong> oleífera, fitopatógenos.
1. INTRODUÇÃO<br />
O uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos tem causado diversos problemas ao meio ambiente, como<br />
contaminação do solo, água e alimentos, além de contribuir para o aumento do número de pragas resistentes<br />
(BONAL<strong>DO</strong> et al., 2007). Com o objetivo de reduzir os efeitos negativos do uso dessas substâncias e<br />
aumentar a produção de alimentos de melhor qualidade, propiciando assim o desenvolvimento de uma<br />
agricultura "mais limpa", têm-se buscado novas medidas de proteção das plantas contra as doenças.<br />
O emprego de substâncias extraídas de vegetais que podem atuar na inibição de fungos fitopatogênicos<br />
representa uma opção no controle de doenças no campo (COUTINHO et al., 1999). Nesse sentido muitos<br />
pesquisadores têm se dedicado à busca de produtos naturais com atividade fungitóxica e sua aplicação no<br />
controle de fungos fitopatógenos que causam grandes prejuízos para culturas de interesse econômico.<br />
(SILVIA e BASTOS, 2007).<br />
Diante do exposto foi desenvolvida a presente pesquisa experimental com o objetivo de avaliar a ação do<br />
extrato metanólico da <strong>Moringa</strong> <strong>oleifera</strong> Lam. sobre o crescimento micelial de Cladosporium<br />
sphaerospermum, Colletotrichum lindemunthianum e Fusarium oxysporum.<br />
2. FUN<strong>DA</strong>MENTAÇÃO TEÓRICA<br />
O uso prolongado e em grande quantidade de defensivos agrícolas pode levar a contaminação ambiental e<br />
dos alimentos, representando perigo para a saúde dos consumidores. Devido a tais problemas e a necessidade<br />
de se praticar uma agricultura sustentável, diversos estudos vêm sendo conduzidos na busca por métodos<br />
alternativos para o controle de doenças em plantas (KIMATI, 1997).<br />
Um dos focos de estudo são os chamados metabólitos secundários. As plantas produzem diversos compostos<br />
orgânicos, muitos dos quais não participam diretamente de seu desenvolvimento. Essas substâncias referidas<br />
como metabólitos secundários ou produtos naturais desempenham um papel fundamental nas suas interações<br />
de defesa contra predadores e patógenos. Muitos destes metabólitos secundários apresentam atividades<br />
biológicas e têm sido utilizados na indústria farmacêutica e agroquímica (ANDRADE, 2006).<br />
As propriedades antimicrobianas de extratos e óleos essenciais obtidos de plantas medicinais têm sido<br />
reconhecidas empiricamente durante séculos, mas foram confirmadas cientificamente apenas recentemente.<br />
Vários pesquisadores estudam a atividade biológica de plantas medicinais originárias de diversas regiões do<br />
mundo, orientados pelo uso popular das espécies nativas, mostrando que seus extratos e óleos essenciais são<br />
eficientes no controle do crescimento de uma ampla variedade de microrganismos, incluindo fungos<br />
filamentosos, leveduras e bactérias (JANSEN et al., 1987).<br />
Tais produtos podem ser utilizados na agricultura como forma alternativa de controle de fungos<br />
fitopatógenos a exemplo do Cladosporium sphaerospermum, espécie cosmopolita, e invasores secundários de<br />
diferentes plantas, podendo ser isolado do ar, solo, alimentos estocados, têxteis e ocasionalmente do homem<br />
e animais.<br />
Neste trabalho foi avaliada a ação do extrato metanólico M. <strong>oleifera</strong> Lam., planta utilizada na medicina<br />
caseira para tratamento de doenças de pele, sistema digestivo, doenças nas articulações, tratamento da<br />
malária e icterícia. Em alguns países da África, quase todas as partes da planta (folhas, frutos e raízes) são<br />
usadas na alimentação humana, pois possui alto valor nutritivo, como a presença de cálcio, ferro, vitamina C<br />
e carotenóides (FAHEY, 2005; MORINGA, 2008).<br />
A M. oleífera pertence a família <strong>Moringa</strong>ceae, tem baixo custo na sua produção, e é cultivada devido ao seu<br />
valor nutritivo em todas as suas partes, com valores elevados de cálcio, ferro, proteínas, potássio, vitaminas<br />
do complexo B, cobre, além dos aminoácidos naturais essenciais. A M. oleífera é uma planta de fácil<br />
adaptação, dessa forma, não necessita de muita água para sua sobrevivência, por isso é muito plantado no<br />
semi-árido do Brasil (FAHEY, 2005; MORINGA, 2008).<br />
A moringa é uma espécie arbórea ainda pouco conhecida, pode chegar a 10 m de altura, de copa rala, com<br />
folhas (figura 1) compostas bipinadas, de folíolos obovais, pequenos e glabros. Apresenta flores amarelas,
grandes em racemos pendentes. Seus frutos são do tipo cápsula alada e deiscente com aspecto de uma<br />
vagem, podendo medir até 35 cm de comprimento e marcado pelas sementes em seu interior; estas são<br />
trialadas e oleaginosas. É cultivada no Brasil como planta ornamental e medicinal, onde atinge porte muito<br />
menor (LORENZI E MATOS, 2002; BEZERRA et al., 2004).<br />
Figura 1 – Folhas de M. <strong>oleifera</strong><br />
3. METO<strong>DO</strong>LOGIA<br />
3.1 Obtenção do extrato vegetal<br />
As partes dos vegetais em análise, da M. oleífera, foram coletadas no Centro de Ciências Agrárias (CCA) da<br />
UFPI, na cidade de Teresina-PI. As folhas de M. oleífera foram moídas em moinho de facas e extraídas 3<br />
vezes com metanol por um período de aproximadamente 16 dias. O material dissolvido em metanol foi<br />
concentrado em evaporador rotatório sob pressão reduzida.<br />
3.2 Ensaio de inibição do crescimento micelial<br />
A atividade antifúngica foi avaliada por meio da inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos<br />
Cladosporium sphaerospermum, Colletotrichum lindemunthianum e Fusarium oxysporum de acordo com a<br />
metodologia proposta por Franzener et al. (2007). As linhagens de fungos foram cedidas pelo Laboratório de<br />
Fungos Zoospóricos da Universidade Federal do Piauí. O extrato foi incorporado ao meio de cultura (B<strong>DA</strong>)<br />
ainda fundente de modo a obter-se quatro diferentes concentrações: 2, 4 e 6 mg/mL de B<strong>DA</strong>. Após a<br />
solidificação do meio, um disco de micélio de 6 mm de diâmetro foi transferido de uma cultura pura de sete<br />
dias para o centro da placa. A avaliação foi realizada através de duas medições diametralmente opostas das<br />
colônias quando o controle (B<strong>DA</strong> sem adição do extrato) atingiu o máximo de crescimento. O experimento<br />
foi conduzido em triplicata de forma inteiramente casualizada.<br />
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO <strong>DO</strong>S <strong>DA</strong><strong>DO</strong>S<br />
Os dados obtidos no ensaio de inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos sob ação do extrato<br />
metanólico de M. oleífera estão dispostos na Tabela 1.<br />
Tabela 1: Taxas de inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos sob ação do extrato de M. oleífera<br />
Fitopatógeno Controle 2 mg/mL 4 mg/mL 6 mg/mL<br />
Fusarium oxysporum 6,75 21,3% 33,4% 55,9%<br />
Cladosporium sphaerospermum 6,90 20,3% 37,0% 42,0%<br />
Colletotrichum lindemunthianum 5,51 20,0% 26,0% 47,4%
O extrato em estudo mostrou-se eficiente no controle do crescimento micelial de todos os fungos testados,<br />
em especial para F. oxysporum, no qual a taxa de inibição foi superior a 50% para a concentração de 6<br />
mg/mL. Este fitopatógeno apresentou maior sensibilidade ao extrato enquanto a linhagem de C.<br />
sphaerospermum apresentou a maior resistência.<br />
Para o fitopatógeno Fusarium oxysporum a taxa de inibição variou entre 21,3 e 55,9 %, para Cladosporium<br />
sphaerospermum a variação foi de 20,3 a 42 % e para Colletotrichum lindemunthianum a variação foi de 20<br />
a 47, 4%. A partir da analise da variação da taxa de inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos podese<br />
observar que o extrato inibiu de forma considerável o desenvolvimento dos mesmos. Resultados como<br />
este são extremamente animadores uma vez que mostram alternativas menos agressivas para o combate de<br />
doenças no campo.<br />
5. CONCLUSÃO<br />
O extrato metanólico de M. oleífera apresentou atividade fungitóxica caracterizada pela inibição do<br />
crescimento micelial dos fitopatógenos testados. Este resultado aponta o extrato em estudado como uma<br />
fonte alternativa de compostos com atividade fungitóxica, podendo futuramente, depois de mais estudos,<br />
substituir pesticidas sintéticos que tantos males causam ao meio ambiente. Estudos mais detalhados devem<br />
ser realizados com intuito de identificar e isolar os compostos ativos do extrato de M. oleífera.<br />
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PIBIC, Osasco, v.3, n.2, p.151-158, 2006.<br />
COUTINHO, W. M.; ARAÚJO, E.; MAGALHÃES, F. H. L. Efeitos de extratos de plantas<br />
anacardiáceas e dos fungicidas químicos Benomyl e Captan sobre a microflora e qualidade fisiológica<br />
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BONAL<strong>DO</strong>, S. M.; SCHWAN-ESTRA<strong>DA</strong>, K. R. F.; STANGARLIN, J. R.; CRUZ, M. E. S.; FIORI-<br />
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2007.<br />
FRANZENER, G. et al. Atividades antibacteriana, antifúngica e indutora de fitoalexinas de hidrolatos de<br />
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KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN, F. A.; CAMARGO L. E. A.; REZENDE, J. A. M. Manual de<br />
fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. V.2. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda, 1997.<br />
SILVA, D. M. M. H.; BASTOS, C. N. Atividade antifúngica de óleos essenciais de espécies de Piper<br />
sobre Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici. Fitopatol. Bras., v.32, n.2.<br />
2007.<br />
JANSEN A.M., SCHEFFER J.J.C., BAERHEIM S. A. Antimicrobial activity of essential oils from Greek<br />
Sideritis species, Pharmazie, 45: 70. 1987.<br />
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<strong>Moringa</strong> - Uma verdadeira benção da natureza . Disponível em: http://www.moringa.org/site/, acessada<br />
em Maio de 2008.
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LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Instituto<br />
Plantarum, 2002.<br />
BEZERRA, A. M. E.; MOMENTÉ, V. G.; MEDEIROS FILHO, S.; Germinação de sementes e<br />
desenvolvimento de plântulas de moringa (<strong>Moringa</strong> <strong>oleifera</strong> Lam.) em função do peso da semente e do<br />
tipo de substrato. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.295-299, abril-junho 2004.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Ao IFPI pelo espaço e material para realização dos testes, ao Professor Drº Francisco Rodrigues Leal por<br />
conceder as folhas para estudo e ao Laboratório de Fungos Zoospóricos da Universidade Federal do Piauí<br />
por conceder os fungos.