Roteiro de Estudos 03 - rochaarnaldo
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Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong><br />
História da Psicologia<br />
Precursores filosóficos da Psicologia (Parte 1)<br />
Objetivos da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>:<br />
Apresentar os principais filósofos da Antigüida<strong>de</strong> que contribuíram para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da Psicologia mo<strong>de</strong>rna.<br />
Relacionar pensadores da Antigüida<strong>de</strong> a seus principais conceitos, teorias e/ou<br />
doutrinas, enfatizando suas contribuições para a Psicologia.<br />
Instruções da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>:<br />
1. Leia o Texto Introdutório da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>.<br />
2. Leia o Texto Base da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>.<br />
3. Responda as questões para orientar a leitura.<br />
4. Procure a professora ou os tutores da disciplina para esclarecer quaisquer<br />
dúvidas.<br />
5. Quando se sentir preparado, procure a professora ou os tutores da disciplina<br />
para fazer a avaliação referente a esta unida<strong>de</strong>.<br />
Texto Introdutório da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>:<br />
Origens do pensamento filosófico oci<strong>de</strong>ntal<br />
Fernanda Pingarilho Mendizabal<br />
Instituto <strong>de</strong> Educação Superior <strong>de</strong> Brasília<br />
Curso <strong>de</strong> Psicologia<br />
A Psicologia mo<strong>de</strong>rna po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada fruto <strong>de</strong> uma longa história, que tem seu<br />
início na distinção entre mente e corpo discutida por filósofos da Antigüida<strong>de</strong>. O que<br />
afastou, paulatinamente, a Psicologia científica <strong>de</strong> suas origens filosóficas se refere<br />
mais aos métodos utilizados na obtenção do conhecimento acerca do ser humano, do<br />
que aos temas estudados por cada disciplina. Por esse motivo, é primordial, para a<br />
compreensão da Psicologia contemporânea, o conhecimento <strong>de</strong> suas raízes no berço<br />
da civilização oci<strong>de</strong>ntal.<br />
A busca por conhecimento e compreensão da realida<strong>de</strong> acompanha o ser humano<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento das primeiras civilizações. O mito é a forma mais antiga<br />
empregada pela humanida<strong>de</strong> na busca <strong>de</strong> sentido para os fenômenos naturais. O<br />
pensamento mítico foi reconhecido por historiadores em diversas civilizações entre os<br />
séculos X e VII a.C., como nas culturas grega, romana e nórdica (Carpigiani, 2010).<br />
Representação dos <strong>de</strong>uses no Olimpo.<br />
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Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong><br />
História da Psicologia<br />
Homero e Hesíodo foram os primeiros gregos a documentar o pensamento mítico.<br />
Ilíada e Odisséia, poemas <strong>de</strong> Homero, marcaram o nascimento da literatura grega. A<br />
Ilíada narra a guerra entre gregos e troianos. Nessa obra, as estratégias <strong>de</strong> guerra,<br />
bem como paixões, emoções, sentimentos e valores humanos são governados por<br />
<strong>de</strong>uses do Olimpo. Na Odisséia, a saga <strong>de</strong> Ulisses é narrada em meio à <strong>de</strong>scrição dos<br />
costumes sociais e do cotidiano das famílias gregas da época. Mais uma vez, fica<br />
clara a interferência <strong>de</strong> forças po<strong>de</strong>rosas e divinas no comando das ações humanas.<br />
Hesíodo, que viveu no século VII a.C., apresentou o relato mítico ao <strong>de</strong>screver a<br />
criação do mundo. Um <strong>de</strong> seus trabalhos mais conhecidos, Teogonia, é consi<strong>de</strong>rado<br />
pelos historiadores a primeira obra religiosa da Grécia, e <strong>de</strong>screve a genealogia dos<br />
<strong>de</strong>uses.<br />
Ilíada e Odisséia <strong>de</strong> Homero<br />
Teogonia <strong>de</strong> Hesíodo<br />
De acordo com Carpigiani (2010), no pensamento mítico, as vonta<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos dos<br />
<strong>de</strong>uses gregos são empregados para explicar o <strong>de</strong>stino dos mortais. Desse modo, os<br />
mitos representam uma tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e organizar a realida<strong>de</strong>. Nesse<br />
contexto, o comportamento humano também passou a ser compreendido e explicado<br />
a partir dos humores dos <strong>de</strong>uses e <strong>de</strong> suas intervenções divinas.<br />
Representação da mitologia grega.<br />
Entre os séculos VII e VI a.C., conhecido como período pré-socrático, a retórica e a<br />
observação da natureza substituíram o pensamento mítico na tentativa <strong>de</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r e explicar o mundo e a realida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>senvolvimento intelectual é um<br />
marco <strong>de</strong>sse período na Grécia antiga, que é consi<strong>de</strong>rado, pelos historiadores, o ponto<br />
<strong>de</strong> partida das ciências humanas e naturais (Carpigiani, 2010).<br />
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História da Psicologia<br />
É no período pré-socrático que nasce a<br />
Filosofia. Tales, que viveu no século VI a.C.,<br />
na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mileto, é consi<strong>de</strong>rado por<br />
historiadores o primeiro filósofo oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Esse pensador caracterizou-se por construir<br />
suas afirmações com base na observação da<br />
natureza, e por explicar o mundo em função<br />
<strong>de</strong> eventos naturais (Carpigiani, 2010;<br />
Heidbre<strong>de</strong>r, 1981; Marx & Hillix, 2007).<br />
Pitágoras (570-496 a.C.), Heráclito (535-<br />
475 a.C.) e Demócrito (460-370 a.C.) foram<br />
pré-socráticos que também influenciaram, <strong>de</strong><br />
forma direta, a construção do pensamento<br />
lógico e racional.<br />
O Pensador (Rodin, 1902).<br />
Pitágoras <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u que a realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser compreendida por meio dos números.<br />
Essa visão foi incorporada pela ciência mo<strong>de</strong>rna, que prioriza os métodos<br />
quantitativos. E a Psicologia não escapa a essa característica da ciência. Métodos<br />
quantitativos são amplamente usados por psicólogos das mais diversas áreas, a fim<br />
<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e explicar a natureza humana (Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Heráclito, por sua vez, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que nada é permanente, que tudo flui e está em<br />
constante transformação, dá origem à noção <strong>de</strong> processo, que está presente em<br />
ciências contemporâneas, como a Física e a Psicologia (Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Demócrito, a sua maneira, <strong>de</strong>u origem ao pensamento atomista ou reducionista,<br />
que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma perspectiva analítica para se compreen<strong>de</strong>r o mundo. De acordo com<br />
esse pensador grego, o universo seria constituído por átomos e, para compreendê-lo,<br />
seria necessário conhecer cada uma <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s indivisíveis. Essa abordagem<br />
reducionista é empregada até hoje em diversas ciências, o que inclui a Psicologia<br />
contemporânea que, em muitas <strong>de</strong> suas correntes, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o estudo do ser humano a<br />
partir <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, ou elementos básicos (Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Na Análise Experimental do Comportamento, por exemplo, os cientistas trabalham<br />
com unida<strong>de</strong>s comportamentais básicas, compostas por relações entre<br />
comportamentos e estímulos ambientais. A partir do estudo sistemático <strong>de</strong>ssas<br />
unida<strong>de</strong>s, os psicólogos comportamentais foram capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver princípios<br />
gerais, que servem como base para a intervenção realizada por esses profissionais<br />
nos mais diversos contextos, como clínicas, consultórios, organizações, escolas e<br />
hospitais.<br />
Os pré-socráticos: Tales <strong>de</strong> Mileto; Pitágoras <strong>de</strong> Samos; Heráclito <strong>de</strong> Éfeso; Demócrito <strong>de</strong> Ab<strong>de</strong>ra.<br />
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História da Psicologia<br />
Entre os pré-socráticos, um grupo <strong>de</strong> pensadores se <strong>de</strong>stacou: os sofistas. Esses<br />
pensadores foram conhecidos por enfocar questões morais e políticas em suas<br />
discussões. O pensamento crítico foi <strong>de</strong>senvolvido pelos sofistas por meio da retórica<br />
em <strong>de</strong>bates públicos. Protágoras foi um famoso sofista que afirmava que “o homem é<br />
a medida <strong>de</strong> todas as coisas”. Com essa afirmação, Protágoras <strong>de</strong>fendia a<br />
impossibilida<strong>de</strong> da formulação <strong>de</strong> uma visão absoluta da realida<strong>de</strong>, pois qualquer<br />
impressão humana seria subjetiva. Desse modo, haveria uma realida<strong>de</strong> para cada<br />
indivíduo. Isto é, dois observadores, investigando um mesmo evento, em um mesmo<br />
instante, po<strong>de</strong>riam encontrar realida<strong>de</strong>s diferentes. Embora discordantes, ambas<br />
po<strong>de</strong>riam representar a verda<strong>de</strong>. De acordo com Protágoras, um mesmo observador<br />
po<strong>de</strong>ria realizar observações diferentes <strong>de</strong> um mesmo evento em momentos distintos,<br />
e ambos os relatos seriam representativos da realida<strong>de</strong>. Vale <strong>de</strong>stacar que essa visão<br />
<strong>de</strong> que tudo é relativo, e <strong>de</strong> que seria impossível conhecer a verda<strong>de</strong> absoluta em<br />
relação ao universo é abraçada por muitos cientistas contemporâneos.<br />
Por esse motivo, ao invés <strong>de</strong> buscar compreen<strong>de</strong>r a natureza fundamental da<br />
realida<strong>de</strong>, os sofistas <strong>de</strong>dicaram-se ao ensino da filosofia, da retórica e da dialética<br />
como habilida<strong>de</strong>s práticas, treinando os jovens <strong>de</strong> sua época nas artes da persuasão<br />
(Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Protágoras e seus alunos.<br />
O exercício do pensamento lógico foi, ao lado da observação, característica do<br />
período pré-socrático. Os pensadores <strong>de</strong>sse período afastaram-se do pensamento<br />
mítico e <strong>de</strong>senvolveram uma linguagem própria, calcada no pensamento racional.<br />
Nesse período, a cultura oci<strong>de</strong>ntal adquiriu e <strong>de</strong>senvolveu princípios <strong>de</strong> lógica e <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m na interpretação da natureza (Carpigiani, 2010).<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento da Filosofia clássica no século V a.C. foi marcado pela figura <strong>de</strong><br />
Sócrates (436-338 a.C.). Aluno dos sofistas Anaxágoras e Protágoras, Sócrates foi<br />
um filósofo i<strong>de</strong>alista, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a alma humana como a se<strong>de</strong> da consciência e do<br />
caráter. Ao consi<strong>de</strong>rar a alma como a origem da vida, Sócrates a compreen<strong>de</strong>u como<br />
constituída por uma natureza distinta e superior à natureza que constitui o corpo e a<br />
matéria. Defen<strong>de</strong>u, também, o autoconhecimento como antídoto para a ignorância, a<br />
malda<strong>de</strong> e a doença humana. Sócrates acreditava que, ao conhecer as causas e os<br />
resultados dos seus atos, o ser humano seria capaz <strong>de</strong> fazer escolhas éticas<br />
(Carpigiani, 2010; Marx & Hillix, 2007).<br />
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História da Psicologia<br />
O método socrático foi consi<strong>de</strong>rado uma alavanca para a evolução do pensamento<br />
filosófico. Esse método, também conhecido como inquérito lógico, consistia em,<br />
primeiramente, elaborar uma série <strong>de</strong> questões bem articuladas, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> um<br />
diálogo sobre o tema proposto (e.g., discussão <strong>de</strong> conceitos como moral e justiça).<br />
Essa etapa <strong>de</strong> seu método, conhecido como “ironia”, caracterizava-se pela<br />
<strong>de</strong>sconstrução do saber, isto é, Sócrates mostrava, por meio <strong>de</strong> sua hábil<br />
argumentação, que idéias bem estabelecidas culturalmente eram, na verda<strong>de</strong>,<br />
confusas e contraditórias. Em seguida, na etapa conhecida como “maiêutica”,<br />
Sócrates buscava construir novas idéias consistentes, usando a razão na busca da<br />
verda<strong>de</strong>. O método socrático propõe, portanto, a construção <strong>de</strong> um conhecimento real<br />
por meio do processo ironia-maiêutica. Por questionar valores e conceitos <strong>de</strong>fendidos<br />
pelos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> sua época, Sócrates foi con<strong>de</strong>nado à morte, acusado <strong>de</strong> corromper a<br />
juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu tempo (Carpigiani, 2010; Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
O julgamento <strong>de</strong> Sócrates.<br />
Sócrates não produziu suas próprias obras. Como não <strong>de</strong>ixou registros por escrito,<br />
tudo o que sabemos sobre esse pensador, sabemos por meio das obras <strong>de</strong> seus<br />
discípulos, como Platão e Xenofonte. Por esse motivo, não sabemos até que ponto as<br />
idéias atribuídas a Platão são suas <strong>de</strong> fato, e não uma interpretação ou releitura<br />
elaborada por seus alunos (Carpigiani, 2010; Marx & Hillix, 2007).<br />
Originários <strong>de</strong> uma família aristocrática <strong>de</strong> Atenas, Platão (427-348 a.C.) foi aluno <strong>de</strong><br />
Sócrates por nove anos. Passou por vários núcleos <strong>de</strong> estudos filosóficos em<br />
diferentes cida<strong>de</strong>s, mas voltou para Atenas e fundou sua própria escola, conhecida<br />
como Aca<strong>de</strong>mia, consi<strong>de</strong>rada por historiadores a primeira universida<strong>de</strong> do mundo<br />
oci<strong>de</strong>ntal. Suas idéias fundamentaram-se no pensamento e no método socrático. Em<br />
sua obra, composta por 36 diálogos, Platão <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, em seus estudos sobre<br />
conhecimento, política e relações sociais, o status divino da alma humana, reforçando<br />
o dualismo alma versus corpo preconizado por Sócrates (Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão.<br />
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História da Psicologia<br />
Platão <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a existência <strong>de</strong> duas fontes <strong>de</strong> conhecimento: a primeira se daria por<br />
meio das sensações; e a segunda, por meio das idéias. Desse modo, o conhecimento<br />
po<strong>de</strong>ria ter duas origens: o conhecimento proveniente do corpo; e o conhecimento<br />
originário da alma. A teoria dualista <strong>de</strong> Platão afirma que o conhecimento obtido por<br />
meio do corpo (i.e., sensações) seria inferior ao conhecimento adquirido por meio da<br />
alma (i.e., idéias). Assim, <strong>de</strong> acordo com esse pensador, o conhecimento proveniente<br />
das sensações seria fugaz, ilusório e passageiro, e dificultaria a aquisição do<br />
verda<strong>de</strong>iro conhecimento (Carpigiani, 2010; Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Segundo Platão, o mundo das idéias, das essências imutáveis, estaria acima do<br />
mundo sensível aos sentidos. Somente por meio da contemplação e do raciocínio<br />
lógico o homem seria capaz <strong>de</strong> conhecer a verda<strong>de</strong>. A alma, para Platão, possui a<br />
verda<strong>de</strong> em si mesma, não se <strong>de</strong>compõe, é eterna, universal, e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />
corpo. A alegoria da caverna ilustra muito bem esse constructo teórico elaborado por<br />
Platão, que pressupõe que o mundo concreto e sensível seria apenas uma<br />
representação imperfeita do mundo das idéias (Heidbre<strong>de</strong>r, 1981).<br />
Ilustração da Alegoria da Caverna proposta por Platão.<br />
Quando Aristóteles (384-322 a.C.) chegou a Atenas, aos 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ingressou<br />
na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Platão, on<strong>de</strong> estudou por 20 anos. Com a morte <strong>de</strong> Platão, Aristóteles<br />
viajou pela Ásia e, ao retornar a Atenas, fundou sua própria escola, conhecida como<br />
Liceu.<br />
Seu pensamento divergiu <strong>de</strong> alguns dos principais postulados platônicos, como o<br />
dualismo alma-corpo. Para Aristóteles, a alma faria parte do corpo, isto é, seria uma<br />
função do organismo, e não uma entida<strong>de</strong> separada, constituída por natureza distinta.<br />
Nesse contexto, Aristóteles resgatou o valor do conhecimento proveniente dos<br />
sentidos. Isto é, ao contrário <strong>de</strong> Sócrates e Platão, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram com furor a<br />
abordagem Racionalista, Aristóteles <strong>de</strong>u os primeiros passos em direção à doutrina<br />
Empirista. Enquanto os racionalistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o conhecimento é proveniente da<br />
razão, os empiristas acreditam que todo e qualquer conhecimento se origina dos<br />
sentidos. Aristóteles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u que ambos, razão e observação, seriam responsáveis<br />
pelo conhecimento do mundo e da alma humana.<br />
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História da Psicologia<br />
Além disso, por ser sistemático, Aristóteles<br />
semeou o alicerce do pensamento científico, pois,<br />
como vimos, alinhou ao método racionalista o<br />
método observacional.<br />
Ele registrava seus experimentos, suas<br />
observações, e as aulas que ministrava. Sua obra<br />
é técnica e classificatória, e <strong>de</strong>u origem à<br />
trajetória da Filosofia na direção do naturalismo,<br />
do empirismo e da ciência.<br />
Aristóteles foi o último dos gran<strong>de</strong>s filósofos da<br />
Antigüida<strong>de</strong>. Sua morte, no último quarto do<br />
século IV a.C., marcou o fim do período mais<br />
original e produtivo da Grécia antiga (Heidbre<strong>de</strong>r,<br />
1981).<br />
Aristóteles<br />
.<br />
Com a expansão do império romano, entre os séculos III a.C. e III d.C., novas or<strong>de</strong>ns<br />
sociais abalaram a cultura e as tradições gregas. Nesse período, novos núcleos<br />
filosóficos emergiram e <strong>de</strong>senvolveram-se, diversificando ainda mais as concepções<br />
existentes acerca do ser humano e sua natureza. Desse modo, <strong>de</strong>spertam o<br />
Epicurismo, o Estoicismo, o Ceticismo e o Neoplatonismo. As concepções <strong>de</strong> ser<br />
humano tornaram-se múltiplas e, em muitos aspectos, divergentes. Assim como os<br />
métodos propostos para estudá-lo.<br />
Referências<br />
Carpigiani, B. (2010). Psicologia: Das raízes aos movimentos contemporâneos. São<br />
Paulo: Cengage Learning.<br />
Ferreira, A. B. H. (2004). Dicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo.<br />
Heidbre<strong>de</strong>r, E. (1981). Psicologias do século XX. São Paulo: Mestre Jou.<br />
Houaiss, A., Villar, M. S., & Franco, F. M. M. (2009). Dicionário Houaiss da língua<br />
portuguesa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Objetiva.<br />
Marx, M. H., & Hillix, W. A. (2007). Sistemas e teorias em psicologia. São Paulo:<br />
Cultrix.<br />
Texto Base da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong>:<br />
Carpigiani, B. (2010). Psicologia: Das raízes aos movimentos contemporâneos. São<br />
Paulo: Cengage Learning.<br />
Ler o capítulo 2: O pensamento psicológico em Sócrates, Platão e Aristóteles, pp. 21-<br />
35.<br />
Glossário da Unida<strong>de</strong> <strong>03</strong><br />
Atomismo. Doutrina filosófica elaborada pelos pensadores gregos Leucipo e<br />
Demócrito segundo a qual toda a matéria é formada por átomos, partículas eternas e<br />
indivisíveis, que se comportam <strong>de</strong> acordo com princípios mecânicos. Conjunto <strong>de</strong><br />
teorias que utilizam-se do conceito originalmente filosófico <strong>de</strong> átomo na explicação dos<br />
fenômenos da natureza (Houaiss & Franco, 2009).<br />
Dialética. Processo <strong>de</strong> diálogo ou <strong>de</strong>bate entre interlocutores comprometidos com a<br />
busca da verda<strong>de</strong> (Houaiss & Franco, 2009). A arte do diálogo ou da discussão<br />
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História da Psicologia<br />
(Ferreira, 2004).<br />
Dualismo. Padrão recorrente <strong>de</strong> pensamento que busca compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> e a<br />
condição humana dividindo-as em dois princípios básicos, antagônicos e<br />
<strong>de</strong>ssemelhantes (e.g., alma e matéria, mente e corpo, aparência e realida<strong>de</strong>) (Houaiss<br />
& Franco, 2009). Doutrina que admite a coexistência <strong>de</strong> dois princípios, geralmente<br />
opostos, como bem e mal, alma e corpo, espírito e matéria (Ferreira, 2004).<br />
Empirismo. Doutrina segundo a qual todo conhecimento provém unicamente da<br />
experiência, limitando-se ao que po<strong>de</strong> ser captado do mundo externo pelos sentidos<br />
(Houaiss & Franco, 2009).<br />
Mito. Relato fantástico sobre seres e acontecimentos imaginários; lenda; narrativa<br />
acerca <strong>de</strong> tempos heróicos; relato simbólico, passado <strong>de</strong> geração em geração <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> um grupo, que narra e explica a origem <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado fenômeno ou costume<br />
(Ferreira, 2004; Houaiss & Franco, 2009).<br />
Mitologia. Conjunto dos mitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado povo; estudo dos mitos, suas origens,<br />
evolução e significado (Houaiss & Franco, 2009).<br />
Naturalismo. Estado do que é produzido pela natureza (Ferreira, 2004). Doutrina que<br />
nega a existência <strong>de</strong> esferas transcen<strong>de</strong>ntes ou metafísicas (Houaiss & Franco, 2009).<br />
Racionalismo. Doutrina que privilegia a razão (i.e., pensamento lógico) como meio <strong>de</strong><br />
conhecimento e explicação da realida<strong>de</strong>; conjunto <strong>de</strong> teorias filosóficas<br />
fundamentadas na suposição <strong>de</strong> que a investigação da verda<strong>de</strong>, conduzida pelo<br />
pensamento puro, ultrapassa, em gran<strong>de</strong> medida os dados imediatos oferecidos pelos<br />
sentidos e pela experiência (Ferreira, 2004; Houaiss & Franco, 2009).<br />
Retórica. A arte da eloqüência, a arte <strong>de</strong> bem argumentar, a arte da palavra; oratória;<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar e expressar-se com <strong>de</strong>senvoltura (Houaiss & Franco, 2009).<br />
Sofista. Mestre da retórica na Grécia antiga, que tomava para si a tarefa <strong>de</strong> ensinar<br />
conhecimentos gerais, gramática, e a arte da eloqüência para os cidadãos gregos<br />
postulantes à participação ativa na vida política (Houaiss & Franco, 2009).<br />
Questões para orientar a leitura:<br />
1. Faça uma pesquisa na internet para compreen<strong>de</strong>r melhor e <strong>de</strong>finir os<br />
conceitos/doutrinas listados abaixo:<br />
- Atomismo<br />
- Dualismo<br />
- Empirismo<br />
- Racionalismo<br />
Você <strong>de</strong>ve buscar nos sites encontrados pelo menos uma <strong>de</strong>finição para cada<br />
conceito/doutrina. Anote as <strong>de</strong>finições escolhidas, especificando o autor e o<br />
ano da publicação citada. Anote também o en<strong>de</strong>reço da página eletrônica da<br />
qual você retirou a citação.<br />
Atomismo:<br />
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História da Psicologia<br />
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Autor(a): ___________________________________ Ano: ________________<br />
Site: ___________________________________________________________<br />
Dualismo:<br />
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Autor(a): ___________________________________ Ano: ________________<br />
Site: ___________________________________________________________<br />
Empirismo:<br />
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Autor(a): ___________________________________ Ano: ________________<br />
Site: ___________________________________________________________<br />
Racionalismo:<br />
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Autor(a): ___________________________________ Ano: ________________<br />
Site: ___________________________________________________________<br />
2. O que você enten<strong>de</strong> por (1) atomismo, (2) dualismo, (3) empirismo e (4)<br />
racionalismo Não copie as <strong>de</strong>finições pesquisadas acima, elabore a<br />
resposta com suas próprias palavras, <strong>de</strong> forma coerente e objetiva, baseado na<br />
pesquisa do item anterior e na leitura dos textos indicados nesta unida<strong>de</strong>.<br />
3. Diferencie o pensamento mítico do pensamento produzido por filósofos présocráticos.<br />
4. Descreva, em suas palavras, o método socrático.<br />
5. Relacione as diferentes concepções <strong>de</strong> alma <strong>de</strong>fendidas pelos filósofos (1)<br />
Platão e (2) Aristóteles.<br />
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História da Psicologia<br />
6. Questão para reflexão – Divergências <strong>de</strong> pensamento a respeito do ser<br />
humano têm origem na antiguida<strong>de</strong>. A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordagens em<br />
Psicologia reflete essa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepções sobre questões humanas.<br />
Atomistas, materialistas, <strong>de</strong>terministas e dualistas foram criticados, e essas<br />
críticas originaram novas formas <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o mundo. Até hoje não há<br />
uma visão <strong>de</strong> homem, mas várias. Não há um método para estudá-lo, mas<br />
vários. Discuta sobre essa diversida<strong>de</strong>: quais são seus pontos positivos e<br />
negativos<br />
7. Questão para organizar idéias e conceitos relevantes – Faça uma tabela<br />
relacionando, <strong>de</strong> forma resumida, os filósofos da Antigüida<strong>de</strong> citados no texto e<br />
suas principais contribuições para a Psicologia. Para isso, utilize o quadro<br />
abaixo.<br />
Filósofo<br />
Principais conceitos e contribuições para a Psicologia<br />
Sócrates<br />
Platão<br />
Aristóteles<br />
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