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Texto 01 da Unidade 01

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O Estudo <strong>da</strong><br />

História <strong>da</strong><br />

Psicologia<br />

Por que Ertu<strong>da</strong>r o Históri0 d0 Psklllgi0?<br />

Começaremos com uma per8unta básica: poÌ que vocè<br />

está fazendo este cuÌso? Iol.ser oÍelecíalo em um hoÌáÌio<br />

conveniente? ?or que o cuÌso que rcâlmente quèÍla fazeÌ<br />

já está lotado? Por que orÌviu falaÌ que o professoÌ dá notas<br />

altas? Ou será pot queé exisido paÌa o cÌrÌso de psicologiâ?<br />

Se essa úÌtirna peÌgunta se apiica a você, pÌecisamos então<br />

Íazer algumas perSuntas adicionais<br />

lor quc osprofessores ao depaÌtamento de psicologiâ<br />

acredilam que é imporlante paÍa os alunôs estu<strong>da</strong>rem a<br />

história de sua área? ôualapossivel lelevânciã queo passado<br />

tem parâ se entendeÌ o píeserÌte? PoÌ qúe os departamentos<br />

de piicologia têm ofereciáo esse ôurso desde, peÌo menos,<br />

1911, ou melhoÌ, há um século? E por que você acha qúe<br />

dois entÌe três alunos do ProgÌama de gÌaduação incluem<br />

um curso de história <strong>da</strong> psicologia como parte <strong>da</strong>s exigên'<br />

cias Dara sua formação?<br />

Èntre to<strong>da</strong>s as ciências, a psicologia é sem iguâl quanto<br />

a esse aspecto. A maioria dos departanÌentos de ciências<br />

não faz tais exigências e nem mesmo dá um cuÍso de ÌìistóÍia<br />

especifico de sua áÌea. O iÍIteÍesse dos Psicólo3ls em<br />

Psicologiâ?<br />

O Desenvolvimento <strong>da</strong><br />

Psicologia Moderna<br />

Dados Históricos: a<br />

Reconstrução do Passado<br />

<strong>da</strong> Psicologia<br />

tÌistoriosÌaÍiâ: a MeiodoÌogiâ<br />

de lstudo dá Históiiâ<br />

Dãdos Pddidos ou OmitÌdos<br />

InlormâJões Distolct<strong>da</strong>s na<br />

Ìnformaçõ$ Obtl<strong>da</strong>s<br />

úedtante Relâtos<br />

Forças Conteituais na<br />

Psicologia<br />

OpoÌtúni<strong>da</strong>des Advin<strong>da</strong>s


! H6roR|À o Psrcoloc| MoDLRNA<br />

Ëm 1963, foi lançado o louíítal of the History of the Behavíoíat Sciences, um periódico<br />

multidisciDlinaÌ, tendo um psicólogo como editol rcsponsáveÌ. Naquele mesmo ano, foi<br />

estabeleci;o o Archives of the Hist;ry oÍ AmeÌican Psychology [Arqui\ os de História <strong>da</strong><br />

Psicologia AmeÌicala] na UniveÌsity of AkÌon, Ohio, com o objetjvo de atender às necessi<strong>da</strong>des<br />

de coletaÌ e preseÍaÌ mateúais e pesquisas. O aÌqutvo teln a maior coleção do<br />

mündo de materiais sobae a históÌia <strong>da</strong> psicoÌogi4 com mais de 25 loiÌ livros, 15 rnil fotos,<br />

ceÌca de 6 mil ÊImes (inclulndo um filme de Si8mund Fleud), e centenas de mÌÌhaÌes de<br />

catas, manuscdtos e oútÌos documentos.<br />

Em 1985, o proieto de história oral <strong>da</strong> Americân Ìsychological Association (A?A)<br />

começou a graval entrcvistas com ex-pÌesidentes e ex-dÌÌetorcs execuhvos <strong>da</strong> APA com o<br />

obietivo de pÌeseÌvaÌ suas memóÌìas sobrc o desenvolvimento <strong>da</strong> Psicolotia científrca e<br />

proÊssionat. Em 1998, teve inícÌo um peÌiódico tÍimestral chamado J{istory ofPsychology'<br />

;poiado pela Division of the HistoÌy of Psychology lDivisão <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Psicologia] <strong>da</strong><br />

ape (lú.ao ZO, to.taa<strong>da</strong> em 1966), com o objetivo de estu<strong>da</strong>Ì a relação cntre hìstó<strong>da</strong> e<br />

psicoÌogia e também questões relaciona<strong>da</strong>s ao ensino <strong>da</strong> história <strong>da</strong> psicologia'<br />

-<br />

ÊÍr 1969, foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> a InteÌnational Society foÌ the History of the BehavìoÌal and<br />

SociaÌ Sciences (Cheüon Society) lsocie<strong>da</strong>de InteÌnacional parâ a HistóÌia dâs Ciências<br />

do CoúpoÌtamento e Sociall. Treinamento em nível de pós-gÌaduação em HistórÌa <strong>da</strong><br />

Psicologia é oÍerecido em diversas univeÌsi<strong>da</strong>des, lncluindo YoÌk Uoive$ity, UniveÌslty of<br />

New H;mpshile, Unlve.sity of Flori<strong>da</strong>, University oÍ Oklahom4 UniveÌsity of Pennsylvanla<br />

e Texas A&M unive$iry o aumento do Ì1úmeÌo de pubÌicaçóes, encontÌos e arqulvos de<br />

consulta reflete a impoÌtância que os psicólogos dão ao estudo <strong>da</strong> históÌia <strong>da</strong> psicologia'<br />

NatwallÌrente, esses desenvolvinentos não respondem à peÌgunta sobre como uma<br />

pessoa se benelciaÌia com o estudo sobrc a história <strong>da</strong> psicologia' Falando fÌancamente'<br />

;Que proveito pode tiÌaÌ disso? " Como a sua compÌeensão sobÌe a psicologia atuâÌ - com'<br />

po, tuio"nto h.t*u.to funcionam€nto cognittvo _ pode ser infltencta<strong>da</strong> ou âpÌimoÌa<strong>da</strong> se<br />

"<br />

ier o que alguns psicólogos, que já moÌÌeÌam há muito tempo, izeÌam em um laboÌatóÌio<br />

ou disseÌam paÌa um paciente no seu consultório cerca de 50 ou 100 anos atrás?<br />

Consialerc seu conhecimento sobÌe psicologiâ obtjdo em oütÌos cuÌsos' ou seja' que<br />

não há uma úlica foÌma, abol<strong>da</strong>gem ou definição de psìcologia com as quais todos os<br />

psicólo8os concoÌdem. E mais, que existe uma diveÌsi<strong>da</strong>de enoÌme' e até mesmo uma diiisão<br />

eïugmentuçeo tta especúização proâsslonal e científlca, bem como disciplinaÌ'<br />

A[unì psicóLogos dedicam-se às funções cognitivas, enquanto outÌos Ìi<strong>da</strong>m com<br />

as forçãs inànsciúes; e há ain<strong>da</strong> os que tÉbalham someflte com o comPoÌtâmento<br />

observável ou os processos frsiológicos e bioquíúicos A psicologia modeÌI1a compÌeende<br />

váÌias áleas de estudo que pouco paÌecem ter em comum' exceto o grande inteiesse na<br />

naturcza e no comportãmento humanos, e uma abor<strong>da</strong>gem que tenta' de algum modo'<br />

ser'cientílca'<br />

A única linha de tÌabalho que une essas áreas e esses tratamentos distintos paÌa foÌmar<br />

um aontexto coerente é a história, ou set4 a evoluÉo <strong>da</strong> psicologia ao longo do tempÓ<br />

Jo-o,-rrou at.ipti.ru independente. Soáente a explonçaó <strong>da</strong>s origens <strong>da</strong> psicologla e o<br />

esfudo do seu deienvolvimento é que proporciooam uma visão clara <strong>da</strong> natuÌeza <strong>da</strong> psico_<br />

losiaatual.oconhecimentohistóÌicoorganizaadesoldemeestabelecel.lmsigniÂcadoao<br />

qnï p"r""" .". o- .uos, colocando o passado em perspectiva para expÌicaÌ o pÌesente'<br />

'<br />

i"luitos psicólogos aplÌcam uma iécnica semelhante e cõncor<strong>da</strong>m que â influência<br />

do passaao âp<strong>da</strong> aìoúu, o p'"'"tt" Pot alguns psicólogos clínicos tentam<br />

"xemplo:<br />

coripreender os pacientes aduìtos e-xplorando a infância' èxaminando-as-foÍças e os even_<br />

io, qo" pro.,o.* tto paciente deteÌmÌnado tipo de compoÌtamento ou pensamento'


C\pÍÌulo 1 O EsÌuDo D,\ fllÍoR! tx fbcotooÀ 3<br />

Com.a,co4lpilação desses históÌicos/ os clínicos Ìeconstituêm a evoltlçáo:<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do<br />

paclêiite e esse processo, muitâs.vezes, explica os seus padrões atuais de coÌrÌpoÌtamento<br />

i pensamento. Os psicólogos behaviodstas também acÌeditam na iofluência'do passado<br />

nã ÍoÌmação do prcsente. ÁcÌeditam que o condicionamento pÌévio e as expeÌiênclas de<br />

ÌefoÌço deteÌminam o çompoitamento..Em outÌas palavÌas, a própÌia históÌia do ìndiví'<br />

duo pode explicar o seu estado atual ou seia, o que Íomos no passado pode mostúr o<br />

que _ somos no presente.<br />

O caÌtrpo <strong>da</strong>?sicotogia funciona do'mesmo jeito' Este livro'mostra que o estudo formaÌ<br />

<strong>da</strong> históÌia <strong>da</strong>psicologla é a maneira mais sistemática de integÌar as árèas e as qu€stões<br />

que constltuerd a psicologia modeÌna, e peÌmitlÌá âo aluno leconheceÌ as lelações entre<br />

as ideias, as teo as e os esÍoÌços de pesquisa, bem como compreender'de que ÏoÌma as<br />

diferentes peças do quebÌa_cabeça <strong>da</strong> psicotogla.se encaixam paÌa cÌiar uma f,guta coercn_<br />

te. Este-livio também'deve ser consideÌado !m esíldo de caso, ou seja, uma investigação<br />

àãslp"sour, aor e <strong>da</strong>s expeÌiências que foÌmaÌam a psicologia atüal'<br />

icrescentamos<br />

"lr"tttos ain<strong>da</strong> que a históÌia <strong>da</strong> psicologia por si só é fascinante, iá que envolve<br />

dÌainat tÍagédia, heloísmo e Ìevolução, além de um pouco de sexo, dÌogas e comportamentos<br />

toàmente extúvagantesr ApesaÌ do iníclo hesitantei dos eÌlos'e tlos conceitos<br />

eqúlvocados; no geÍal, houve umà níti<strong>da</strong> evolúção na-formação<strong>da</strong> psicologia'contemporânea,<br />

iusti6cável por sua riqueza.<br />

Aqui vai outÌa peÌgunta: poÌ qual ponto còmeçamos qosso estudo <strong>da</strong> hlstóÌia <strong>da</strong>psicologia?<br />

,q.'resoosta depìnãe de.cà-o defittimos 2sícoloiia. As origens <strong>da</strong> áÌea qüe chanÌanos de<br />

psicoìogia poãem ser deteÌmina<strong>da</strong>s em dois períodos diittintos, com ceÌca de 2 mil anos<br />

ãe distãncia um do outÌo. PoÌtantoi a psicologia está entrc as disciplinas mals antlSas'<br />

bem como umâ <strong>da</strong>s mais novas<br />

Poalemos inicialmente tÌaçar ldeias e Êazer especulaçòes à respeito <strong>da</strong> naruÌeza e do<br />

com;;rtamento humano já no século V a.C., quando Plâtào, Áristotejes e oütÌos llósofos<br />

greqàs iá lrabalhavam com multas <strong>da</strong>s questó., q" p'totupuÍì os Psicólotos de hoie'<br />

intìe elsas questoes estão aÌguns dos toúcos básicos abor<strong>da</strong>dos no curso de intrcdução<br />

à psicologia; memória, aprendizagem, motivação, peosamento' percepção e comporÌa'<br />

Íriento anormal, Desse modo, um tnicio porsível para o €studo <strong>da</strong> história dâ psicolÒgia<br />

nos levaria aos antigos textos Âloú6cos sobÌe esses problemas' os quais maÍs taÌde roÌam<br />

incluídos '----õo na disciptina formalmente conheci<strong>da</strong> como psicologia<br />

: -<br />

poà"*ot àpot por estu<strong>da</strong>Í p/sicoÌotia como urÍìa <strong>da</strong>sáteas mais novas €<br />

-d€cstttdô<br />

ao-"çut'zoo u""t uttat, quando a p'skologia modema surgiu <strong>da</strong> Êtosofra e de outras abor<strong>da</strong>'<br />

eens cientificas para procìamar sua próprl identi<strong>da</strong>de cotrìo uma área formal de estudo<br />

'- '-ã"t"<br />

p"J,i"* iliuing',iÍ entre PsicoÌogta modema' abor<strong>da</strong>dâ nesle Iivro e suas raizes<br />

ou se14 os úcuìos que ant"Ld"*- s"* pr"tttrsoro intelectì lais? A distinção não se Ìelaciooo<br />

iu;o ao- ot tçot ae perguntas feitas a respeito <strong>da</strong> natureza humana' mas' sim' cgqÌ:o!<br />

métoalos usados para prccuÍar resPostas às P€rguntas São- a aboÌ<strong>da</strong>8€m e as têcnic?s empÌe_<br />

eaãas que distinguem a antiSa Éloso6a <strong>da</strong> psjcologia moderna e que marcam o surgimento<br />

ãa osicãloqia como uma área de estudo sePara<strong>da</strong>' fun<strong>da</strong>mentalmenle cienl rbca.<br />

Até olltimo quarto do sóclrlo XIX, ôs Êlósofos estll<strong>da</strong>vâm a natureza numana esp"."r"J.,<br />

i"*i"â"<br />

" geneÌalizarÌdo, com base em suas pÌóprlas e{pedências Mas uma


4 HrcÌóRrA DÁ Ps|corocrÀ MoD.RNÁ<br />

transformação importante ocoÌreu quando os fiìósofos começaÌam a aplicaÌ as ÍeÍâmên7<br />

tas e os métodos lá utilizados com sucesso nas ciências biológicas e físicas para exploraÌ<br />

questões relaciona<strong>da</strong>s à natureza humana. Somente quando os pesquisadoÌes passarar4<br />

a ÇonÊaÌ na observação e na expeÌimentação cui<strong>da</strong>dosamente contÍola<strong>da</strong>s paÌa estudâr<br />

a mente humana é que a psicologia começou a adquidr uma identi<strong>da</strong>de distinta <strong>da</strong>s suas<br />

üízes fllosófrcas.<br />

A nova disciplina <strong>da</strong> psicologia pÌecisava de métodos pÌecisos e obietivos pâra li<strong>da</strong>Ì<br />

com o assunto. A Ìnaior paÌte <strong>da</strong> históÌia <strong>da</strong> psicologia, depois de sua separação <strong>da</strong>s úízes<br />

ÂlosóÊcas, é a do desenvolvimento contínuo de ferramentas, técnicas e métodos paÌa<br />

atingiÌ precisão e objetivl<strong>da</strong>de cescèntes, Ìefinando não só as peÌguntas que os psicóÌogos<br />

faziam mas também as Ìespostas que obtinham.<br />

Se procüraimos entender as questóes complexas que definem e dividem a psicoÌogia<br />

atual, então do ponto de palti<strong>da</strong> mais adequado se<strong>da</strong> o século XIX, período em que a<br />

psicologiâ toÌnou-se uma disciplina independente, com métodos de pesquisa distintos e<br />

fun<strong>da</strong>mentação teórica. EmboÌa seja ver<strong>da</strong>de, como já observamos, que os ilósofos como<br />

Platão e AÌistóteles se preocupavam coIn probÌemas que ain<strong>da</strong> hoie são de interesse geÌal,<br />

eles âboÌ<strong>da</strong>vâm esses pÌoblemas de modo muito diferente do que o utilizado peÌos psicólogos<br />

atualmente. Aqueles estudiosos não eram ?sicólogos no mesmo sentido utilizado<br />

hoie em dia.<br />

Um gÌande estudioso <strong>da</strong> históÌia <strong>da</strong> psicologiq Kurt Danziger, faz refeÌência às abor<strong>da</strong>gens<br />

filosófrcas antigas para questões <strong>da</strong> nafureza humana como a "pré-história" <strong>da</strong><br />

psicologia moderna. Ele acÌedita que a "históÌia <strong>da</strong> psicologia se limita ao período em que<br />

ela reconheci<strong>da</strong>mente suÌge como disc4jlina, e que é extÌemamente problemrático ÍaÌar<br />

em uma histó<strong>da</strong> <strong>da</strong> psicologia ant€s disso" (Daíziget apud Btock, 2006, p. 1,2).<br />

A ideia de que os úétodos <strong>da</strong>s ciências físicas e bioÌógicas podiam seÌ aplicados ao<br />

estudo dos fenômenos mentais originou-se tanto do pensamento filosóÊco quanto <strong>da</strong>s<br />

pesquisas fisiológicas realiza<strong>da</strong>s entÌe os séculos XVII e XIX. Èssa época apaixonante<br />

forma o pano de fundo de onde suÌgiu a Èsicologia modeÌna. Veremos que enquanto<br />

os flÌósofos do século XIX estavam abÌindo caminho paú uma investi<strong>da</strong> expeÍimental<br />

ao funcionamehto <strong>da</strong> mente, os Âsiologistas estavam, independentemente, aboÌ<strong>da</strong>ndo<br />

aÌgüns dos mesmos pÌoblemas de üm ponto de vista diferente. Os Asiólogos do século<br />

XIX estavam fazendo gËndes pÌogressospara a compÌeensão dos mecanismos corpoÌais<br />

subiaceÌites aos processos mentais. Seus métodos de estudo diÍerem <strong>da</strong>queles usados pelos<br />

Êlósofos, mas a possível união dessas disciplinas tão discÌepantes - filosofia e isiologia<br />

- formou uma nova árca de estudo que rapi<strong>da</strong>mente ganhou sua pÌópria identi<strong>da</strong>de e<br />

sfdÍrs. A nova áÌea cÌesceu Ìapi<strong>da</strong>mente, tornando-se uma <strong>da</strong>s disciplinas mais popuÌaÌes<br />

entÌe estu<strong>da</strong>ntes unive$itádos atualmente,<br />

D0d0s<br />

t ; . , , ,<br />

lltstqnc1s:0<br />

ftec1nstruclj 00 v0ss000 00 rstcot00t0<br />

Historiografia:a Mefod\l1qi1 de Estud1 d0 HktóriI<br />

Neste livrq IIistória <strong>da</strong> psicologií modrma, tfttamos de duas disciplinas - a hlstória e a<br />

psicologia.-, usando os métodos <strong>da</strong> história para descrcver e compreender a evolttção <strong>da</strong><br />

psicologia. como a anáÌise <strong>da</strong> evotução <strong>da</strong> psicologia depende dos métodos <strong>da</strong> hlstóÌia,


CAPÍTULo I O EsÌuDo DÀ HlsÌoRrÁ DÁ P5Éo(c4i 5<br />

aDÌesentamos uma rápi<strong>da</strong> iníodução sobÌe a definição de'histoÌiografia' que se rêfere<br />

ài técnicas e aos princípios eúpregados na pesquisa histórica'<br />

rristoÌiogÌafid; princípios. métodos e q uestões Íilosóficas envolvì<strong>da</strong>s na pesquha hislórica'<br />

Os<br />

,-pro-blema qúe não ocoFe com os psicóla8o:ot.did::<br />

l-o*ãt, taï"rutá""," diferentes dos ãados científicos A caracte stica mais distintivâ é<br />

aïetoãotogia pu.a coleta dos <strong>da</strong>dos científicos. PoÌ exemploi quando os psicólogos dêsejam<br />

iàvestilarìtguma questão especíÊca - como a identiÊcação <strong>da</strong>s ciÌcunstâncias que<br />

ieuum umu pessoã a ajuãar.outra que esteia em situação difícil; o impacto dos pÌogramas<br />

uu.iarr"i. a"ì"forço ao comportamento dos Íatos de Ìaboratório; ou se a c ança imita o<br />

c;;portarÂqnt9 ;.gressivo eiibtdo na televisão - logo eles c<strong>da</strong>{n situações qu çqtabelêçem<br />

condiçõéS quç,?e.imit4m a geÌação dos <strong>da</strong>dosos<br />

pslcãtogos poaem rcalizal uma exPeÌiência em laboÌatório' obseNaÌ o coÍnpoÌtamento<br />

âo.mundo ieal sob colaliçóes controla<strong>da</strong>s; fazcÌ um levantamento ou calcular a<br />

duas variáveis. Esses métodos peÌmitem aos çientistas obtei<br />

"ãrãfao'attutirti"u,"ntre<br />

uma medi<strong>da</strong> de eontrole sobre as situações ou eventos que optaÌn poÌ estu<strong>da</strong>r'-PoÌ sua<br />

""r, oi""""at poO"." ser reconstruídos ou repetidos poÌ outÍos 'ientistas em épocas e<br />

úres dìferentes. Desse modq é possível verifrcar os <strong>da</strong>dos postedoÌmente' estabelecendo<br />

coindiçoes similares àqueìas do estudo original e repetindo as obseÍvações<br />

.. ,<br />

Entretanto, os dJdos históÌicos não podem seÌ Ìeconstruidos nem Ìepetidos llma<br />

.lt ruçao oaq..úu uÌgum momento dópassado, às vezes há sécuÌos' talvez não tenha<br />

iecetioo o cuiaaao "- aerrúo dos histo<strong>da</strong>dores ao regiltraÌem as paÌticulari<strong>da</strong>des do evento<br />

na éDoca, principalmente no que sc diz resPeito â detalhes pÌeci(oq<br />

lole, ôs pesqulsadores nã; tèm condiçôes de controlar nem de reconslruir os eventos<br />

do oussado pã.u ãxaminálos à luz do conhecimento do presente Fica a pergunta: se nao<br />

iJ i*t.i'" á. t".ldcnte histórico, lo8o, como o historÌador'dcvÊ li!4r coü ele? Quais<br />

"^<br />

<strong>da</strong>doi pode utilizar? E como saber com ceÍteza o que ocorreu?<br />

EÁbora nào possam repeliÍ a sjluaçào para 8eÍar os <strong>da</strong>dos coÍretos' os hisloriadores<br />

ain<strong>da</strong> oossuem iriormaçÒe; sisnifrcativas pâra ânáÌise_ Os <strong>da</strong>dos sobÌe os acontecimentos<br />

do oas'sado estào disponiveis emfÌa8úentos, descrições escritas por paÌücipantes ou testem,inhas,<br />

cartus e diàrios, fotografias e peças de equipamentos d€ laboratóÌio'-entrevístas'<br />

além de outros relatos oÊciais. Ë é com base nessas fontes, nesses pe<strong>da</strong>ços de infomação'<br />

oue os histoÌìadoÌes tentam rec<strong>da</strong>l os eventos e as experiências do passado'<br />

'<br />

essa forma de trabalho é semelha[te à usa<strong>da</strong> pelos alqueólogos que analisáÍi os<br />

fragmentos <strong>da</strong>s civilizâçóes passa<strong>da</strong>s - tais como pontas de flechas' pe<strong>da</strong>ços de potes<br />

de ãreila ou de ossa<strong>da</strong>s humanas - para tenlaí descrever as caracterjsticas destas AÌ8u-<br />

Ããããurç0", urqu"oìógicas proáuzem fragmenlos de informaçòes mai5 detalha<strong>da</strong>s<br />

do.que outÍas, peÌmitindo uma reconstÌuçao mais prccisa Do meslno modo' as escauaçáes<br />

aa nistOtla podem pÌoduzir fragmentos de <strong>da</strong>dos e{lrgmamentçlqbstancials'<br />

a oonto de deixar boucas dúvi<strong>da</strong>s em relaçáo à precisáo do registto' No entanlo' há<br />

ã'ii,. .i..".oa".àt em que os <strong>da</strong>dos podem estar perdidos' diltorcidos ou de alSumâ<br />

ÍoÌma, compÌometidos.


6 H$IÓRLÀ DA PSÌCOLOCÍÀ MODERNÁ<br />

www.uakron.edu/ahãoD<br />

Os Aíchives oÍ the History oÍ Americal psychology [Arquivos od Hisroriâ do<br />

Psicologia AineÍÌcânâ I contêm umà coleçào maravilhosâ de docunentos e oorès,<br />

incluindo tÌabâlhos profissionais dê renornadoS piicólogos, equiparnentos de<br />

: laboratório, pôsteres, irdes e Íilmes.<br />

http://psychclassics.yorku.ca<br />

Estè slte Íoi criado ê é mântidò pelo psÌcólogô ChrisioÌjhêr'Green, dâ york<br />

tjnivêrsity, em'Toiohto, Canadá. Nele há textos completos'deÌnais de 200 ãrti<br />

gose capítulos de livros e 25 liviosde importância para âhistória <strong>da</strong> psicologia.<br />

Entre os trabalhos dÌsponíveis estão osde William James; Sigml]nd,Frêud ê lvan<br />

Pavlov O slte é constanÌemente ôtualizado e dÌsponibilizâ inÍormações úteis<br />

. rpara ca<strong>da</strong> capítulo deste iivro.:Se acessâr o "Google" com.a seguinte Írase:<br />

,Yotk University Hìstory and Theory of Psychology Question & Answer Forum,<br />

: é possÍvel enviar perguntas aÌespeito <strong>da</strong> histórÌà <strong>da</strong> psicologia,. respon der às<br />

peíguntas feitãs por oLtiès pêssoâs, ou ravegar pelo slte paÍa sabêr o qLe<br />

diferentes pessoês êstáo Íalando.<br />

Èm álguns casbs,io ÌegistÌo históÌico'está ìncômpleto porque os <strong>da</strong>doí foÌaú pêÌdidôò,<br />

atfuÌíãs vezes-_delibeÌá<strong>da</strong>mente. cônsidèÌe'o caso de John B. lwàtsont o fün<strong>da</strong>dor <strong>da</strong><br />

es;oh de pensamento behaviodsta. Antes de morÌet, em 1958, aos 80 anos de i<strong>da</strong>de,<br />

ele sistemàticaÍ[ente,quèimÒu suas caÌtas, manuscÌitos e notas de pesquis4 destÌuindo<br />

todo o:reglstlò não-püblicado de-sua Vi<strong>da</strong> e carreiÉ. LoSo; esses <strong>da</strong>dos estão pãra semPrc<br />

DeÌdidos DaÌa a histó 4.<br />

* como os endeleços <strong>da</strong> inteinet podem sofer âlteÌações, a editoa não se rcspontâb'lìza por qúaisqúer pÍoblemas nas<br />

conexões dos stles publicados (N.E.).


C,ApÍÌuLo 1 O EsÌuDo DÁ HrsÌÓeì\ Ír Ps


8 H''ÌÓR'Á DA PsILUIOG'{ MoDEqNA<br />

foram esco-lhidos apenas p;ua causar certa impressão,.seia positiva, negativa ou neutÌa?<br />

um olograto conternporãneo coÌocou o problema <strong>da</strong> seguinte foÌma: ,Quanto mais estudo<br />

o caráteahumano, úais me convenço de que todolos registtos, to<strong>da</strong>s as lembÌancas sao<br />

em maioÌ ou.menor escâla basea<strong>da</strong>s em ilusões..eueÌ queiÌa ou não, a visão é disiorci<strong>da</strong><br />

pela paÍciali<strong>da</strong>de, pela vai<strong>da</strong>de, pelo sentimentaÌisüÌo ou simpÌesmente pela impÌecisão,<br />

assiÍÌ, nãoexiste ver<strong>da</strong>de absolüta.,, (MorÌÍs j apud Adelma, 1996 p. 2A.)<br />

Oferccemo-s mais um exemplo de pe<strong>da</strong>ços de informaçÕes omúdos. Sigmund FÌeud<br />

moÌreu em 1939 e, nos anos seguintes à sua moÌte, váÌios docuÍtrentos e carta; foram publi_<br />

cados oú divulgados aos pesquisadoÌes. GÌande quanti<strong>da</strong>de de documentos é mantioa pera<br />

Biblioteca do CongÌesso, em Washington, DC, e, emboÌa alguns tenham sido divuìgados<br />

em 1998, outÌos ain<strong>da</strong> serão colocados à disposição paÌa pesquísa, conforme o espólio de<br />

FÌeud. A alçgação <strong>da</strong><strong>da</strong> paÌa essa ÍestÌição é a de pÌotegeÌ a pÌivaci<strong>da</strong>de dos paciËntes ce<br />

FÌeud e suas famíIias e talvez.a ÌepuÍação do pÌópÌio Freud e dos familiares ãeÌe. .<br />

. Um famoso pesqulsacloÌ.sobÌe avi<strong>da</strong> detÌeud erÌcontÌou variações consideÌáveis nas<br />

<strong>da</strong>tas de divulgação desse Ínate al. por exemplo::uÌna caata para FÌeud de seu filho mals<br />

velho está sela<strong>da</strong> até 2<strong>01</strong>3, outÌa até 2032. Uma caÌta de um dos oÌientadorcs de iÌeud<br />

será divuEa<strong>da</strong> somente em 2tOZ,I77 anos após a moÍte do autor <strong>da</strong> corre(pondència.<br />

despeÌtando a cuÌiosi<strong>da</strong>de acerca <strong>da</strong> importância do seu conteúdo a ponto de ;xigiÌ tanto<br />

segrcdo e poÌ tão longo tempo. Os psicóÌogos..ÌÌão têm ideia do impacto desses dócumen-<br />

Ìos e manuscÌltos na compÌeensão de FÌeud e dos seus ttabaÌhos..EntÌetanto, até que esses<br />

fÌagmentos de <strong>da</strong>dos,estejam disponíveis paÌa estudo, o conhecimento a respeito deuma<br />

<strong>da</strong>s ÊguÌas mais impoÌtantes <strong>da</strong> psicologla permanecerá jncompÌeto e talvei impreciso.<br />

I nforma<br />

çou Distorcidos<br />

n o ft oduçoo<br />

Oufto problema.ÌefeÉnte aos.<strong>da</strong>dos históÌicos são as informaçõesitransmiti<strong>da</strong>s de Íorma<br />

distoÌci<strong>da</strong> aos histoÍiadores, Nesse caso;.os <strong>da</strong>dos esrão dlspo;iveis, mas ale algum modo<br />

foram alteÌados, talvez,por causa de eÌÌo de ftadlrção de Ìlma língua paÌâ oütÌa ou peÌâs<br />

distoições introdüzi<strong>da</strong>s, de prcpósito ou por.descüido, pelo paÌticipante ou obsetvador<br />

que Ìe8'strou o impoÌtanÍe evenro.<br />

ReÌerimo-nos novamente a Freud comoexemplo do impacto desorientadoÌ <strong>da</strong>s tiaduções.<br />

Nào sào muitos os psicólogos com fluência súfialeiìte pam a leitura do trabalho de<br />

Freud noìidioma oÌi8inal, ou seja, em alemão.,A maioÌia depende <strong>da</strong> opção nìais3deqüa<strong>da</strong><br />

feita pelo tradutoÌ paÌa a tÌadução de uma palavÌa ou ftase. No entanto, a tmdução nem<br />

sempÌe tÌanspõe a intenção original do autoÌ. .<br />

Os tús conceitos Íun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> tcoria <strong>da</strong>.personali<strong>da</strong>de de lreud são o idr o eEo<br />

e o supercgo, temos noÌmaÌmente já estu<strong>da</strong>dos na intÌodução à psicologia, No entanto,<br />

essas palavÍas não representam com precisão as ideias de Freud. Elas são.o equivalente<br />

em latim dâs palavÌas de Freud em alemão: id paÍa .Es (que liteÌalmente sc.traduz como<br />

"isso"),rego paÌa,Lft ("eu'l) e superego pâÌa ürer-Ici ("sobre-eu").<br />

Com o uso de Ìcft ('!eu"), FÌeüd deseiava descÌever algo íntüno e pessoal/ diferenciando-o<br />

de -Ës ("isso'), sendo €sse último algo exteÌno ou distinto do Ì1€u". A gpção do tradutor<br />

pelo uso<strong>da</strong>s palavms eJ.o e íd, emyez de "e!" e "isso", transformou estes conceitos pessoais<br />

em. "teÌmos técnicos fÌios,.que não deriotam as associações Éessoais" (Bettelheiú, 1982,<br />

p. 53). Desse modo, a distinção entÌe "eu" e "isso" (eAo e id) não expressa com a mesma<br />

força a.intenção de Frcud.


CApÍÌuLo I O Êsruoo DÂ HtsÌóRtA DA PsìcoloclA 9<br />

Anaiisemos a expressão lhtrc associ^ção c\tíha<strong>da</strong> por Freud. NeÌa, a paÌavra associa_<br />

ção impÌica a conexão entre düâs ideias ou dois pensamentos, como se cà<strong>da</strong> um atuasse<br />

como um estímulo paú prcvocar o seguinte em uÍna cadeia de estímulos. Essa não eÉ a<br />

proposta de Freud. O seu termo em alemão era tiltfar, que liteÍalmente sisniÉca intrllsão<br />

ou invasão, e não associação.A intenção de FÌeud não eú descÌever uma simples conexão<br />

de ideias, mas .exprcssaÌ .algo <strong>da</strong> mente inconsciente que incontolavelmente invade ou<br />

penetra à força o pensamento consciente. Assim; os <strong>da</strong>dos histólicos - oü seja, as paÌavras<br />

ÌiteÉis de FÌeud - foram mal interpretados no ato <strong>da</strong>. tÌadução. Um pÌovérbio itaÌiano<br />

explessa bem essa ideiat'Itqditorc-TÍadutore (g tfAdqtor é um tfaidg!).<br />

lnfomncões )btidls mediante Relotos lendenciosos<br />

As atitudes dos participarÌtes <strong>da</strong> históri4 na narÌação de eventos impoÌtantes, taÍÌìbém<br />

podem afetaÌ os <strong>da</strong>dos histó cos. As pessoas pÌoduzem, consciente ou inconscientemen_<br />

te, Ìelatos tendenciosos pala se protegeÌem ou para melhotarem a sua imagem pública.<br />

Por exemplo: o psicólogo behaviodsta B. F. Skinner descleveu em sua biogÌaÊa a rigolosa<br />

disciptina a que se impunha como estu<strong>da</strong>nte.-de pós-graduação <strong>da</strong> HaÌvaÌd UniveÌsitt<br />

no Ênal <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1920.<br />

Eu âcoÍ<strong>da</strong>va às 6, estudâva até a hoÌa do câfé'<strong>da</strong>-manhá, assistia às auÌas, seguiâ pa.a os<br />

laboÌatóÌios e as bibliotecâ! e náo tinha mais que 15 minuto! livÌes durante o dia. Estu<strong>da</strong>va<br />

até exatamente t horag <strong>da</strong> Ì\oÌte e dormia Nào frequentava cineÌla ou teatto, raÌamente<br />

assistia â concertos e poucas vezes saía para namoÍaí, e os únicos\livros que Ìia eram de<br />

psicologia e íisiologid. lSkinner, l96Z p. 3q8)<br />

Essa descrição paÌece um fragmento de inloÌmação útil, <strong>da</strong>ndo uma indicação acerca<br />

<strong>da</strong> pe$onali<strong>da</strong>de de Skinnei. No ent4nto, 12 anos após a publicação desse material, e 51<br />

anos depois dos eventos descÌites,,Sìdnnet neSou que seus dias no cuÌso de pós_graduação<br />

tenham sido tão Ìigorosos assim. Ele disse: "Eu estava me valodzando em vez de descrcver<br />

a vi<strong>da</strong> que rcalmeÍIte Ìevava" (Skinnel, 1979, p. 5).<br />

Embora a vi<strong>da</strong> acadêmica de Skinnernâo seja tão Íelevante para a história<strong>da</strong> psicolo'<br />

giq essas diveÍgências nos relatos ilüstÌam as dìÊcul<strong>da</strong>des enÍrenta<strong>da</strong>s pelos historiadoÌes<br />

Qüais sãoas informações ouve.sões mais precisas sobre o incidente? QuaÌ a descrição que<br />

se aproxima mais <strong>da</strong> Ìeali<strong>da</strong>de? Quais são os <strong>da</strong>dos inÍluenciados poÌ ÌembÌanças vagas<br />

ou poÌ Ìelatos própÌios? E como descobdr a ver<strong>da</strong>de?<br />

Êm alguns casos é possível buscaÌ ente os colegas ou obseÌvadoÌes prcYas que confir_<br />

rnem as informações. Se o regime alo culso de pós-graduação de Skinner fosse tão importante<br />

paÌa os histoÌiadoÌes <strong>da</strong> psicologia, eles deveÌiam terÌtaÌ localizaÌ os colegas de classe<br />

ou as agen<strong>da</strong>s pessoals e caÌtas e compaú-las com os própdos rclatos de Skinner sobre<br />

seus diâs em Haryard. Um.biógÌafo, seguindo esse caminho, descobriu conì um e*coleta<br />

que Skinner terÌni[ava os tÉbalhos no laboratório antes dos demais aÌunos e passava o<br />

Ìestante <strong>da</strong>s tardes Iogando pingue-p.ongue.(Bjo*, 1993)<br />

PoÍtanto, aEumas.distolçÕes <strong>da</strong> histôia PldeÈseÍ investiSa<strong>da</strong>s e as divejSências po'<br />

deú ser resolvi<strong>da</strong>s consultando outtas. fontes. Xsse método foi apÌicado'4o relato de FÌeüd<br />

rcÍercnte a alguÌÌs eventos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>. Ele€ostava de se fazer mártir <strong>da</strong> causa psicanalítica,<br />

úm visionário desprczado, ftieitado e caluniado.pela comuni<strong>da</strong>de médica e psiquiátÌica


10 H6ÌóRrÁ DA Psrcolocr{ MoDERNÀ<br />

EÌoest:Jones, o p meiro biógrâfo de FÍeud, ÌefoÌça essas queixas em seus livrcs (Jones,<br />

1953, 1955, 1957).<br />

To<strong>da</strong>via, as infoÌmações descõbertas posteÌiorÍiente Ìevelaram uma sitúação diferente:<br />

O tÌabalho de Frcud não foi ignoÌado em ú<strong>da</strong>. Clúândo estava na meia-idâde, suas ideiâs<br />

exerciam enoÌme influêncla na geração mais iovem dejntelectuais. Sua pÌática clínica Fosperava<br />

e ele eta descÌito como uma c€lebÌidâde..Ble pÌópÌio Íoi responsável poÌ toÌnar esses<br />

Ìegistros obscuÌos: A falsa impressáo que pÍomoveu foi peÌpetra<strong>da</strong> poÌ diveÌsos biógÌafos;<br />

e por várias déca<strong>da</strong>s nossa compreensão Sobrc a.inÍluência de Èeud foi impÌecisa.<br />

O que esses pÌoblemas coÍr os dádos históricos significam paË o estudo <strong>da</strong> históÌia<br />

<strong>da</strong> psicologia? Eles mosttam pÌincipalmente que a compÌeensão <strong>da</strong> hjstó<strong>da</strong> é dinâmlcâ.<br />

Ëla se modi6ca e evolui continuamenter além de seÌ Ìefi'la<strong>da</strong>, ap.imoú<strong>da</strong> e corrigi<strong>da</strong><br />

sempre que novos <strong>da</strong>dos são rcvelados ou ÌeinteryretadOS. ÌolÍanto, a históÌia não pode<br />

seÌ consideÌa<strong>da</strong> temina<strong>da</strong> ou completa. Ela está sempÌe em pÌogÌesso, ou seja, é uma<br />

história sem flm. A naÌÌativa do histo<strong>da</strong>doÍ pode apenas aprcximaÌ ou discuth a ver<strong>da</strong>de;<br />

no entanto, o Ìegistro é complementado a ca<strong>da</strong> nova descoberta ou anáìise sobre os<br />

fíagmentos dos <strong>da</strong>dos histdricos.<br />

fqrcq' L0n|ex|uqts n0 r9@t00t0<br />

Uma ciência como a psicoÌogia não se desenvolve no vazio, suieita apenas às influências<br />

inteÍnas. PoÌ fazeÌ parte de uma cultura ÌrÍais ampla, a psicologia também sofrc influência<br />

<strong>da</strong>s forças externas, que dão Íorma à sua natuÌeza €'dirêção. Paú entendeÌ a históÌia <strong>da</strong><br />

psicologia, é necessáÌio analisaÌ.o contextci eÍÌique.a disciplina evoluiu, as idelas pÌedominantes<br />

na ciência e cultura <strong>da</strong> época, ou seja, ò Zeltgelst o1râmbieÍte cuÌtuÌaÌ do pêÌíodo,<br />

aÌém de examinaÌ as Íorças sociais, econômicas e polítrcas existentes.<br />

DescÌeveremos diveÍsos exemplos, neste l1!Ìo, sobre como essas Íorças,contextuais<br />

influenciaram o passado <strong>da</strong> psicologia-e'contiÍiüaiìiA mol<strong>da</strong>r o prcsente.e o fufuÍd.,Vejamos<br />

a seguiÌ aÌguns exemplos de ÍoÌças contextuais, incluindo as opoÌtuni<strong>da</strong>des resultantes<br />

<strong>da</strong> economia, gueÌras mundiais e pÌeconceito.<br />

Z€ltg€ls& ambiehteinteleduafe cultural ou espírito do peíodo.<br />

1oortuni<strong>da</strong>des Advindos do kononia<br />

OsiprimeiÌos anos do sécülo XX testemunhaÌam úu<strong>da</strong>nças drásticas na nafuÌeza <strong>da</strong> psicologia<br />

ros Estados Unidos e no tipo de tÌabalho que os psicólogos estavam desenvolvendo.<br />

Principalmente em função do cenáÌio ecoÍômicoj muitas bÉdÍtuni<strong>da</strong>des suÌ8iam paÌa<br />

que os psicóIogos apllcassem'seus conhecimentos e técnlcas em busca <strong>da</strong>s solüções paÌa<br />

os pÌotìlemas do mundo real. A pdmeiÍa exPlicação paÌa essa siluação tinha um sentldo<br />

pútico, assim como declaÌou um psicólogo: "Passel a adotaÌ a psicologia aplica<strong>da</strong> para<br />

ganhar a vi<strong>da</strong>" (H. Holling\rofth, apud O'Donnell, 1985, p. 225).<br />

No final do século XIX, o númeÌo de laboratófios ale pslcologla nos Estados UnÍdos<br />

crescia bastante, e aumentava a quanti<strong>da</strong>de de psicóIogos em busca de opoÌtuni<strong>da</strong>des

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