mercado de créditos de carbono - Revista O Papel
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Setor Econômico<br />
Economic sector<br />
Análise do Comportamento dos<br />
Preços <strong>de</strong> <strong>Papel</strong> e Celulose<br />
As análises divulgadas pelo<br />
<strong>mercado</strong> sobre os preços do<br />
papel e da celulose no cenário<br />
internacional sugerem que as cotações<br />
no setor <strong>de</strong>verão sofrer algum ajuste<br />
ao longo do segundo semestre <strong>de</strong><br />
2010. Os principais argumentos se<br />
direcionam para o aumento <strong>de</strong> oferta<br />
e a redução do consumo chinês.<br />
O aumento da oferta mundial, <strong>de</strong> certa<br />
forma, já está previsto pelos participantes<br />
do setor, uma vez que os dados do<br />
consumo a partir <strong>de</strong> 2007 vinham apontando<br />
forte crescimento. Portanto, nesse<br />
sentido, vale afirmar que os agentes do<br />
setor já precificaram e anteciparam tal<br />
elevação da produção.<br />
O argumento da redução do consumo<br />
chinês chama mais atenção <strong>de</strong>vido à<br />
sua dinâmica “anormal” se comparada<br />
a dos <strong>de</strong>mais players do setor. Po<strong>de</strong>-se<br />
extrair do <strong>mercado</strong> mandarim duas análises<br />
econômicas: a primeira se limita<br />
à política <strong>de</strong> crescimento econômico<br />
sem pressões inflacionárias, o que faz<br />
o governo central implementar ações<br />
corretivas sobre o consumo doméstico;<br />
a segunda está associada à nova política<br />
<strong>de</strong> flexibilização do yuan, que <strong>de</strong>verá<br />
elevar o preço da tonelada importada.<br />
No <strong>mercado</strong> brasileiro, os preços<br />
dos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> papel e celulose ex-<br />
Preço FOB (US$/t)<br />
<strong>Papel</strong> e Celulose: Preço FOB X Câmbio<br />
US$/t (Fob)<br />
portados elevaram-se cerca <strong>de</strong> 31,8%<br />
nos primeiros cinco meses <strong>de</strong> 2010.<br />
Mesmo com as altas das cotações, as<br />
empresas do setor vêm sofrendo com a<br />
volatilida<strong>de</strong> do câmbio, <strong>de</strong>vido às incertezas<br />
da área fiscal na União Europeia<br />
no primeiro semestre <strong>de</strong>ste ano.<br />
Para validar a influência do câmbio,<br />
observa-se no gráfico em <strong>de</strong>staque certa<br />
correlação entre a cotação do dólar<br />
e o preço das exportações <strong>de</strong> papel e<br />
celulose a partir <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2009.<br />
Mesmo com seus comportamentos<br />
não tão uniformes, visualiza-se uma<br />
influência residual do câmbio como<br />
responsável pelo comportamento do<br />
preço FOB (US$/t).<br />
Em termos médios, o preço FOB<br />
apresentou crescimento anual <strong>de</strong> 15%<br />
entre o observado em 2006 e o anualizado<br />
<strong>de</strong> 2010. A<strong>de</strong>mais, enquanto o<br />
preço médio em 2008 encerrou-se em<br />
US$ 482,00/t, no ano <strong>de</strong> 2009 <strong>de</strong>clinou<br />
para US$ 414,50/t, para tão logo atingir<br />
o preço médio <strong>de</strong> US$ 546,20/t nos<br />
cinco primeiros meses <strong>de</strong> 2010. Esses<br />
números mostram a elevada consistência<br />
nas cotações internacionais.<br />
O câmbio, por outro lado, apresentou<br />
valorização média <strong>de</strong> 4,2% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006<br />
até os cinco primeiros meses <strong>de</strong> 2010.<br />
Com uma <strong>de</strong>preciação <strong>de</strong> 8,6% em 2009<br />
R$/US$<br />
Fonte: Secex, Banco Central do Brasil; Elaboração Ricardo Jacomassi<br />
R$/US$<br />
Por Ricardo Jacomassi,<br />
economista, estrategista e colunista<br />
responsável por análises macroeconômicas<br />
e <strong>de</strong> commodities do Infomoney, com base<br />
no Trading Economics<br />
E-mail: ricardo.jacomassi@infomoney.com.br<br />
divulgação lafis<br />
na comparação com 2008, o real ganhou<br />
força nos cinco primeiros meses <strong>de</strong> 2010<br />
e fechou apreciado em 9,4% em relação<br />
ao dólar. Ressaltam-se, com isso, prováveis<br />
perdas <strong>de</strong> receita nos embarques das<br />
empresas domésticas, principalmente<br />
<strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>svalorização do euro diante<br />
do dólar neste início <strong>de</strong> ano.<br />
Apesar das vantagens comparativas<br />
atuando em favor da indústria<br />
brasileira, o setor <strong>de</strong>verá sofrer perda<br />
<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> para as empresas<br />
resi<strong>de</strong>ntes em economias que apresentarem<br />
moedas mais frágeis em relação<br />
ao dólar, como o euro. A fragilida<strong>de</strong><br />
do euro será uma <strong>de</strong>terminante a mais<br />
para a complexa relação formadora <strong>de</strong><br />
preços e <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>rada uma<br />
variável econômica explicativa no jogo<br />
entre a oferta e a <strong>de</strong>manda.<br />
Revela-se, portanto, uma probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ajuste nos preços em torno <strong>de</strong><br />
20% no segundo semestre <strong>de</strong> 2010. Por<br />
outro lado, os 80% restantes indicam<br />
que as cotações se manterão ou se elevarão<br />
em relação aos preços atuais. O<br />
<strong>de</strong>scompasso nos estoques e a retomada<br />
do crescimento da economia mundial<br />
ainda se voltam contra o atual nível <strong>de</strong><br />
produção do setor.<br />
O PAPEL - Abril Julho 2006 2010<br />
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setor econômico