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O trabalho infantil no quadro da Revista Nova Escola (RNE).

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-Não tossir de <strong>no</strong>ite por causa <strong>da</strong> fumaça do for<strong>no</strong>. Aí dá para dormir.<br />

Considerando que a <strong>RNE</strong> é um dos poucos periódicos que chega regularmente às escolas e bibliotecas<br />

públicas do país, sendo instrumento de fácil acesso para muitos professores, inclusive através de assinaturas pessoais,<br />

esse <strong>trabalho</strong> busca acompanhar o seu percurso <strong>no</strong> tocante às formas de abor<strong>da</strong>r o mundo do <strong>trabalho</strong> e<br />

especificamente do <strong>trabalho</strong> <strong>infantil</strong>.<br />

As estatísticas sobre <strong>trabalho</strong> <strong>infantil</strong> mostram as crianças espalha<strong>da</strong>s de Norte a Sul pelo mundo amargo <strong>da</strong><br />

cana-de-açúcar (Silva, 2000), <strong>no</strong> corte de palmas de sisal, nas carvoarias onde os for<strong>no</strong>s atingem a temperatura de<br />

60° C, <strong>no</strong>s garimpos, nas fábricas , nas pedreiras, <strong>no</strong> tráfico de drogas, na indústria do fumo, <strong>no</strong> mundo inteiro. E<br />

muito perto de nós, fazendo protesto contra o <strong>trabalho</strong> doméstico <strong>infantil</strong> que, de acordo com o IBGE, afeta pelo<br />

me<strong>no</strong>s 494 mil me<strong>no</strong>res.<br />

Garimpar que imagens do mundo do <strong>trabalho</strong> estão sendo estampa<strong>da</strong>s num periódico voltado<br />

especificamente para aqueles que li<strong>da</strong>m com as crianças em situação escolar, pode ser instrumento que amplie o<br />

olhar sobre a criança revelando a existência de “infâncias” e testemunhando que a dinâmica do seu desenvolvimento<br />

acontece em muitos outros tempos e espaços de formação, que extrapola os muros escolares. O ser huma<strong>no</strong> não é<br />

só um escolar e muito me<strong>no</strong>s se forma só na escola. É preciso melhor compreender a plurali<strong>da</strong>de de processos de<br />

formação dos sujeitos sociais e este projeto propõe que o começo <strong>da</strong> viagem se dê pelo mundo do <strong>trabalho</strong> <strong>infantil</strong><br />

estampado nas páginas <strong>da</strong> <strong>RNE</strong>.<br />

Um rápido passar de olhos pelos periódicos fornece as mais varia<strong>da</strong>s imagens a respeito <strong>da</strong> situação <strong>da</strong><br />

infância <strong>no</strong> Brasil e <strong>no</strong> mundo. Manchetes como as seguintes, não param de surgir: “Parto lidera ranking de<br />

internações juvenis”: em 2002, foram realizados cerca de 1.700 partos por dia, de meninas de dez a 19 a<strong>no</strong>s”;<br />

“Começa ofensiva anti-prostituição <strong>infantil</strong>”; “Conselho denuncia embriaguez de crianças”; “Trabalho <strong>infantil</strong> persiste<br />

em regiões ricas”; “Infância rouba<strong>da</strong>: <strong>trabalho</strong> <strong>infantil</strong>”; “A expansão <strong>da</strong> infância”; “Berlim tem portinhola para mãe<br />

deixar bebê”; “Quem trabalha, não brinca” e “Lá em casa ninguém estu<strong>da</strong>.”<br />

Tudo isto deixa a mostra que a infância pede passagem erguendo bandeiras sinalizando a difícil travessia nas<br />

“artes de ser gente”. As repeti<strong>da</strong>s imagens romantiza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> criança, carrega<strong>da</strong>s de pureza, ternura e i<strong>no</strong>cência,<br />

mesclam-se com outras e assim vão sendo esculpi<strong>da</strong>s cotidianamente outras imagens, outro real, pelos mais diversos<br />

pe<strong>da</strong>gogos.<br />

Com que lentes a <strong>RNE</strong> aju<strong>da</strong> os professores a enxergar o <strong>trabalho</strong> na infância Conseguimos ver a infância<br />

<strong>no</strong>s estreitos limites de uma sala de aula ou mesmo na escola A imagem de infância confina<strong>da</strong> na escola e <strong>da</strong> criança<br />

que nela vive precisa ser revela<strong>da</strong> sobre outros ângulos e é esse o caminho que o presente <strong>trabalho</strong> de pesquisa tem<br />

trilhado. É preciso acrescentar às imagens de infância tão certinhas que temos, outras imagens. ARROYO<br />

(1998:148) afirma<br />

Que os cursos de formação têm dificul<strong>da</strong>de de cultivar a sensibili<strong>da</strong>de para a compreensão do que<br />

acontece fora <strong>da</strong> escola. Os professores não aprendem a vincular os saberes escolares com os saberes<br />

sociais, a cultura escolar com a cultura dos educandos, a socialização na escola com a socialização em<br />

outros tempos e espaços sociais como a rua, a casa, a igreja, o culto, o terreiro, o pe<strong>da</strong>ço, a ci<strong>da</strong>de, o<br />

<strong>trabalho</strong> e os movimentos sociais.<br />

A teoria pe<strong>da</strong>gógica precisa <strong>da</strong>r conta dos fenôme<strong>no</strong>s educativos que acontecem em todos os tempos e

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