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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Marcelo Cura<strong>do</strong><br />

3 Considerações Finais<br />

Durante a gestão <strong>do</strong> presidente Lula a economia brasileira foi marcada por um processo<br />

de crescimento <strong>do</strong> produto com estabilidade de preços e avanços significativos na distribuição<br />

da renda e redução da miséria. As bases fundamentais de um processo de desenvolvimento<br />

encontraram-se presentes.<br />

Isto não significa evidentemente que o perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> apenas por um comportamento<br />

positivo das variáveis selecionadas. A deterioração <strong>do</strong> Sal<strong>do</strong> em Transações Correntes<br />

é grave e não deve ser analisada apenas <strong>do</strong> ponto de vista contábil, ou seja, não deve levar em<br />

consideração apenas o fato de que este déficit pode ser financia<strong>do</strong> pela entrada de capitais. As<br />

condições de liquidez internacional para os emergentes variam no tempo e o que hoje é um déficit<br />

financiável pode, no futuro próximo, se transformar numa restrição externa ao crescimento.<br />

Em alguma medida, o desequilíbrio externo pode ser atribuí<strong>do</strong> ao processo de valorização<br />

<strong>do</strong> Real no contexto internacional de guerra cambial. É hoje evidente que o governo brasileiro<br />

não tomou as providências necessárias para evitar os efeitos danosos da valorização da moeda<br />

sobre a competitividade externa.<br />

As alterações na pauta de exportação brasileira, com significativa ampliação <strong>do</strong>s produtos<br />

não industriais, é outro elemento preocupante e que passou à margem da discussão no<br />

atual governo. A maior dependência <strong>do</strong> sal<strong>do</strong> comercial em relação à evolução <strong>do</strong>s preços das<br />

commodities é um fenômeno preocupante, ao menos para aqueles que não vislumbram uma alta<br />

de preços destes produtos ad infinitum.<br />

A falta de coordenação entre política monetária e política fiscal é outro elemento que<br />

deve ser destaca<strong>do</strong>. Esta descoordenação é uma das responsáveis pela manutenção das elevadas<br />

taxas de juros reais praticadas ao longo de to<strong>do</strong> o governo Lula. A solução para o problema não<br />

é simples, mas é necessário que os instrumentos de política econômica <strong>do</strong> país ajam de mo<strong>do</strong><br />

coordena<strong>do</strong> e não em direções opostas, como observa<strong>do</strong> em alguns momentos da gestão <strong>do</strong><br />

presidente Lula.<br />

No plano fiscal, a ausência de uma reforma tributária que simplifique e reduza a carga<br />

tributária sobre as atividades produtivas, além evidentemente de reverter seu caráter concentra<strong>do</strong>r<br />

da renda, é outro elemento negativo que deve ser destaca<strong>do</strong>. A atual estrutura tributária<br />

brasileira, além de impedir o crescimento mais acelera<strong>do</strong> das atividades produtivas, reduz os<br />

impactos das políticas de distribuição da renda.<br />

Até que ponto os resulta<strong>do</strong>s positivos de crescimento com estabilidade de preços e<br />

distribuição da renda devem ser credita<strong>do</strong>s ao governo <strong>do</strong> presidente Lula Esta é uma questão<br />

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<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 07, Volume Especial - 2011

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