Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná
Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná
Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Fernan<strong>do</strong> de Holanda Barbosa<br />
nacionais e começou a acumular reservas, como indica o Gráfico 2. Num regime de câmbio<br />
flexível puro, os bancos centrais não intervêm no câmbio, deixan<strong>do</strong> que o preço da divisa seja<br />
determina<strong>do</strong> pelo merca<strong>do</strong>. Na prática, o regime de câmbio flexível é “sujo”, isto é, os bancos<br />
centrais intervêm no câmbio. Quais as razões que fundamentam tal comportamento Em primeiro<br />
lugar, se deixar que o merca<strong>do</strong> funcione sem intervenção, ele pode ser bastante volátil.<br />
O banco central atua para reduzir a volatilidade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Em segun<strong>do</strong> lugar, o merca<strong>do</strong> de<br />
câmbio é um merca<strong>do</strong> de ativo e como tal podem existir bolhas. Cabe ao banco central intervir<br />
toda vez que acredite que exista uma bolha. A terceira razão para que o banco central acumule<br />
reservas é a possibilidade de uma crise financeira internacional interromper o fluxo de crédito<br />
para o país, exigin<strong>do</strong> uma mudança abrupta e de magnitude não desprezível na taxa de câmbio.<br />
A acumulação de reservas implica num custo para o país. A esterilização das reservas<br />
requer o financiamento das mesmas pela taxa de juros SELIC e sua aplicação nos merca<strong>do</strong>s<br />
financeiros internacionais rende uma taxa de juros próxima de zero porque elas são aplicadas<br />
em títulos de curto prazo. Aqueles que defendem essa política argumentam que as reservas funcionam<br />
como um seguro e que o custo de seu carregamento é equivalente ao prêmio de seguro.<br />
Todavia, qualquer cálculo mostra que o preço desse seguro é exorbitante. Argumentam também<br />
que a crise financeira de 2008 demonstrou que as reservas internacionais foram essenciais para<br />
tornar o tsunami numa marola. Os números não suportam esse argumento porque apenas uma<br />
fração das reservas foi usada naquela ocasião.<br />
GRÁFICO 2 - CÂMBIO NOMINAL E RESERVAS C â m b io N o m in a l e R e s e rva s<br />
3 0 0 0 0 0<br />
4 ,0 0<br />
2 5 0 0 0 0<br />
3 ,5 0<br />
52<br />
2 0 0 0 0 0<br />
1 5 0 0 0 0<br />
1 0 0 0 0 0<br />
5 0 0 0 0<br />
0<br />
2003.01<br />
2003.05<br />
2003.09<br />
2004.01<br />
2004.05<br />
2004.09<br />
2005.01<br />
2005.05<br />
2005.09<br />
2006.01<br />
2006.05<br />
2006.09<br />
2007.01<br />
2007.05<br />
2007.09<br />
2008.01<br />
2008.05<br />
2008.09<br />
2009.01<br />
2009.05<br />
2009.09<br />
2010.01<br />
2010.05<br />
2010.09<br />
<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 07, Volume Especial - 2011<br />
3 ,0 0<br />
2 ,5 0<br />
2 ,0 0<br />
1 ,5 0<br />
1 ,0 0<br />
0 ,5 0<br />
0 ,0 0<br />
R e s e rva s<br />
C â m b io n o m in a l<br />
O Gráfico 2 mostra a verdadeira razão para o acúmulo de tantas reservas no Brasil<br />
a partir de 2006: a taxa de câmbio caminha ladeira abaixo, exceto no auge da crise, enquanto<br />
as reservas internacionais sobem a ladeira. O discurso oficial <strong>do</strong> BACEN era de que o mesmo