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Amar: Programa cumprido - Diocese Leiria-Fátima

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ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005<br />

• D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al - 1916-2005 | pág. 167<br />

<strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong><br />

• 90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong> | pág. 179<br />

Tocar no coração da modernidade<br />

• “Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido | pág. 233<br />

Escolas: iguais, mas diferentes!<br />

documentos pastorais • notícias • serviços e movimentos • reflexões • docu


<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Órgão Oficial da <strong>Diocese</strong><br />

ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005


Ficha Técnica<br />

Director<br />

Luís Inácio João<br />

Chefe de Redacção<br />

Luís Miguel Ferraz<br />

Administrador<br />

Henrique Dias da Silva<br />

Conselho de Redacção<br />

Belmira de Sousa<br />

Jorge Guarda<br />

Luciano Cristino<br />

Manuel Melquíades<br />

Saul Gomes<br />

Capa, Grafismo e Paginação<br />

Luís Miguel Ferraz<br />

Propriedade<br />

<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Sede<br />

Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong><br />

2414-011 <strong>Leiria</strong><br />

Tel. 244 832 760<br />

Fax 244 821 102<br />

Mail: revista@leiria-fatima.pt<br />

E D I Ç Ã O<br />

G R Á F I C A<br />

Periodicidade . Quadrimestral<br />

Tiragem . 420 exemplares<br />

Assinatura anual - 12 euros<br />

Número avulso - 4 euros<br />

Impressão - Gráfica de <strong>Leiria</strong><br />

Depósito Legal - 64587/93<br />

Os textos não assinados das secções noticiosas<br />

são elaborados pelo chefe-de-redacção da<br />

revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base<br />

os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO<br />

e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e<br />

movimentos poderão enviar-nos ecos das suas<br />

iniciativas e programação, para os contactos<br />

indicados nesta ficha técnica.


Índice<br />

Editorial<br />

Dom Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al 157<br />

Documentos Pastorais<br />

Assembleia Diocesana a 2 de Outubro 159<br />

Nomeações Episcopais 159<br />

Nomeações Episcopais 160<br />

Nota episcopal 160<br />

Comunicado do Conselho Presbiteral 161<br />

Nota episcopal “Quem mais está batendo” 162<br />

Nota da Secretaria Episcopal 163<br />

Mensagem de Natal 163<br />

Em Destaque<br />

[ Curso da ETLF reconhecido para leccionar Religião e Moral ] 164<br />

Assembleia Diocesana acolheu Projecto Pastoral 2005/2011 165<br />

D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al • <strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong> 167<br />

Dia 19 de Dezembro • Jornada festiva com irmãos jubilários 171<br />

Relíquias de S. Teresinha em <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> • “Quero passar o meu Céu...” 173<br />

Semana dos Seminários • A Igreja é uma comunidade de chamados 177<br />

Jornadas Missionárias 2005 • Comunicado - Conclusões 178<br />

90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong> • Tocar no coração da modernidade 179<br />

Outras notícias do Santuário… 181<br />

Cáritas coordena • Ajuda a vítimas dos incêndios 187<br />

Encontro nacional dos capelães hospitalares • Assistência espiritual na saúde 189<br />

Jovens sem Fronteiras • As motivações dos Jovens 191<br />

Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia, Dia das Missões e novos Santos 193<br />

Notícias<br />

Acolhimento na catequese 195<br />

Nova equipa no Seminário de <strong>Leiria</strong> 195<br />

Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da <strong>Diocese</strong> 195<br />

Novo livro homenageia o padre Lacerda 196<br />

Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> 196<br />

Encontro Diocesano de Catequistas 196<br />

Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de Carrilhão 197<br />

Central FM premeia Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> 197<br />

Nova paróquia da Cruz da Areia 197<br />

Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vida 198<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 155


Índice<br />

Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de Ourém 198<br />

Congresso Eucarístico da vigararia das Colmeias 199<br />

Convívio Fraterno 988 199<br />

Conselho Pastoral Diocesano fora de portas 200<br />

III Congresso da Família Missionária da Consolata 200<br />

Conselho Nacional do CPM 201<br />

XVII Jornadas nacionais da Pastoral Familiar 202<br />

<strong>Leiria</strong> nos 146 anos das Conferências de S. Vivente Paulo 203<br />

Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde 204<br />

Apostolado da Oração 204<br />

Caminho Neocatecumenal reunido em <strong>Fátima</strong> 205<br />

Novos párocos tomaram posse 205<br />

Equipas de Nossa Senhora 206<br />

Confraria de Nossa Senhora da Encarnação 207<br />

Acção Católica Urbana 207<br />

Jornadas de Pastoral Urbana 208<br />

Escuteiros de Amor comemoram 10 anos 208<br />

Apresentação do Evangelho do Ano em Monte Real 209<br />

Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil 209<br />

Vigararia de <strong>Leiria</strong> aposta na formação 209<br />

Jornada Diocesana da Pastoral Familiar 210<br />

“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades” 210<br />

Alburitel no centenário do Padre Joaquim Lourenço 211<br />

Natal de Acção Católica Rural 212<br />

Reunião Diocesana Secretariados e Movimentos 212<br />

Meditações sobre o Mistério da Encarnação 213<br />

Natal nos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong> 213<br />

Vigararias acolhem tema do “Acolhimento” 214<br />

Serviços e Movimentos<br />

[SDPL] O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã” 215<br />

[Cáritas] “A solidariedade não se esgota no porta-moedas” 219<br />

[SDPF] “A família é um projecto prioritário” 223<br />

Comissão Diocesana Justiça e Paz 229<br />

Encontros mensais de reflexão do MEC 232<br />

Reflexões<br />

“Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido • Escolas: iguais, mas diferentes! 233<br />

Terço ou Rosário 239<br />

A propósito das eleições • Os poderes da terra e do Céu 242<br />

Índice Geral - 2005 246<br />

156 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Editorial<br />

Dom Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />

O Senhor Dom Alberto faleceu a 7 de Outubro. O seu estado de saúde<br />

progressivamente agravado e a idade avançada vinham anunciando. Mesmo<br />

assim a notícia tocou profundamente a Igreja diocesana que não esquecia a<br />

dedicação de quem a serviu de forma incondicional, primeiro como Bispo<br />

residencial, de 1972 a 1993, depois na continuidade de uma comunhão<br />

espiritual, profunda, atenta e discreta.<br />

<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, Órgão Oficial da <strong>Diocese</strong>, associa-se a esta Igreja que<br />

em solenes exéquias entregou piedosamente nas mãos do Pai aquele que<br />

acolhera nesse mesmo dia 8 de Outubro mas há 33 anos, como Pastor<br />

enviado pela bondade divina.<br />

Figura única, Dom Alberto não cabia nos parâmetros humanos habituais.<br />

Chegando a desapontar os ávidos de brilho e exuberância, tinha na dimensão<br />

espiritual o autêntico esteio da sua vida. A tal ponto que as suas inúmeras<br />

qualidades só eram verdadeiramente perceptíveis aos olhares também<br />

sensíveis à expressão tão profunda como discreta desse seu viver. Dotado<br />

de grande sensibilidade, sofreu na procura de respostas concretas, quase<br />

impossíveis num tempo de tão numerosos e insistentes interrogações.<br />

As suas limitações humildemente assumidas deixavam transparecer a<br />

extraordinária força interior que pedia e agradecia a Deus em quem punha<br />

toda a sua confiança. Além da cooperação de todos na complementaridade<br />

dos ministérios de todo o corpo eclesial, sabia reconhecer a necessidade<br />

da colaboração especial de algumas pessoas para garantia de um exercício<br />

pastoral mais eficaz.<br />

Como acontece com os grandes homens de Deus, a sua vida foi preciosa<br />

para a Igreja e para a humanidade. Não deixou riquezas materiais pois não<br />

estava aí o seu coração. Deixou sim o maior e mais precioso legado espiritual<br />

– o testemunho do dom quotidiano da sua vida em completa fidelidade a Deus<br />

e aos irmãos, num testemunho de grande configuração com o Bom Pastor que<br />

deu a vida pelas suas ovelhas. Dom Alberto continuará presente nas memórias<br />

e nos corações, brilhante como a luz colocada sobre o candelabro.<br />

O Director<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 157


Editorial


Documentos Pastorais<br />

Assembleia Diocesana a 2 de Outubro<br />

Está programada para o primeiro domingo de Outubro, dia 2, a grande<br />

ASSEMBLEIA DIOCESANA; são objectivos principais apresentar o programa<br />

2005-2006 do PROJECTO PASTORAL.<br />

São convocados por este meio todos os Responsáveis de Serviços e Obras,<br />

bem como os principais agentes pastorais da <strong>Diocese</strong>, com o seu Bispo, a saber: o<br />

Clero Diocesano e Religioso, os Membros do Conselho Pastoral e das Comissões<br />

ou Secretariados Diocesanos, os Dirigentes de Movimentos, Associações e Obras,<br />

Representantes das Comunidades Religiosas, Membros dos Conselhos Vicariais<br />

e Paroquiais, os Catequistas, os Ministros Extraordinários da Comunhão e outros<br />

Cristãos mais empenhados no conjunto da pastoral diocesana.<br />

A sessão começa às 15 horas no salão de festas do Colégio da Cruz da Areia, em<br />

<strong>Leiria</strong>, e encerra com a celebração da Eucaristia na igreja da Sé, às 18,30 horas.<br />

O início do PROJECTO PASTORAL no ano da Eucaristia é também sinal de<br />

Graça e de Comunhão.<br />

<strong>Leiria</strong>, 5 de Setembro 2005.<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Nomeações Episcopais<br />

Achamos por bem, ponderadas as condições e as razões das diversas actividades<br />

pastorais e seus agentes:<br />

1. Nomear, apresentando, Capelão dos estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong>, em<br />

substituição do Rev. Pe. Dr. Rui Acácio Amado Ribeiro, o Rev. Pe. Manuel Victor<br />

de Pina Pedro, que, assumindo as novas funções e cessando aquelas para as quais<br />

tinha sido nomeado, nomeadamente as de vigário paroquial de Souto da Carpalhosa<br />

e de Pároco de Carnide e Bidoeira, poderá aceitar o encargo de alguma capelania<br />

paroquial de modo fixo ou em sistema rotativo.<br />

2. Nomear Pároco de Carnide o Rev. Pe. Abel José da Silva Santos, que já aí<br />

exercia as funções de Administrador Paroquial, acumulando com as de Pároco da<br />

Bajouca.<br />

3. Nomear Pároco da Bidoeira o Rev. Pe. Dr. Adelino Filipe Guarda, que deixa<br />

a paroquialidade de Pataias e Alpedriz, a fim de poder dedicar-se mais à função<br />

de docente no Instituto Superior de Estudos Teológicos, em Coimbra, estando<br />

dispensado do c.533§1, pois que a comunidade da Bidoeira não dispõe de casa<br />

paroquial.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 159


Documentos Pastorais<br />

4. Nomear Pároco de Pataias e Alpedriz o Rev. Pe. Virgílio do Rocio Francisco.<br />

5. Nomear Pároco de Reguengo do Fetal o Rev. Pe. Nuno Miguel Heleno Gil.<br />

6. Dispensar da paroquialidade do Olival o Rev. Pe. Elias Ferreira da Costa, por<br />

motivos de saúde, e nomear Pároco da mesma freguesia do Olival o Rev. Pe. Sérgio<br />

Feliciano de Sousa Henriques, Pároco de Caxarias.<br />

7. Nomear Director Diocesano do Apostolado da Oração, em substituição do<br />

Rev. Pe. Adelino Rodrigues Ferreira, o Rev. Pe. Davide Vieira Gonçalves, Prior dos<br />

Pousos.<br />

8. Nomear Assistente eclesiástico da Equipa Responsável pelo Secretariado<br />

Diocesano da Pastoral Juvenil o Rev. Pe. Manuel Henrique Gameiro de Jesus,<br />

Vigário paroquial de Ourém (Nossa Senhora das Misericórdias).<br />

Agradecemos todo o bom trabalho realizado, fazemos votos que as presentes<br />

nomeações tenham o melhor acolhimento e correspondam aos objectivos da mesma<br />

missão pastoral na nossa <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, que se esforça por caminhar em<br />

permanente renovação sinodal.<br />

O presente decreto pode entrar em vigor nesta data, todavia as respectivas<br />

transferências e tomadas de posse deverão oportunamente ser realizadas num prazo<br />

especialmente alargado, de comum acordo, até sessenta dias.<br />

<strong>Leiria</strong>, 16 de Setembro 2005, MO de S. Cornélio e S. Cipriano.<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Nomeações Episcopais<br />

Havemos por bem:<br />

1) Nomear Pároco de Alpedriz e Vigário Paroquial de Pataias, com todos os<br />

poderes/deveres que constam do Código de Direito Canónico, nomeadamente no<br />

can. 1111 § 2, o Reverendo P. Sérgio Jorge Lopes Fernandes.<br />

2) Nomear Director do Centro de Formação e Cultura, na cidade de <strong>Leiria</strong>, o Rev.<br />

P. Dr. Vítor Manuel Leitão Coutinho.<br />

3) Nomear a nova Comissão Diocesana Justiça e Paz, assim constituída: Dr.<br />

Tomás Oliveira Dias, Dr. Eugénio Pereira Lucas, Dra. Catarina de Oliveira Soares,<br />

Dra. Mavíldia Carreira da Costa Frazão Vieira e P. Dr. Luís Inácio João.<br />

<strong>Leiria</strong>, 11 de Outubro 2005<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Nota episcopal<br />

O Sr. D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al faleceu no dia 7 de Outubro de 2005,<br />

Memória de Nossa Senhora do Rosário, e o seu corpo foi sepultado, três dias depois,<br />

160 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Documentos Pastorais<br />

na basílica de Nossa Senhora do Rosário de <strong>Fátima</strong>.<br />

No próximo dia 6 de Novembro, Domingo, vamos celebrar a “Missa do 30º dia”<br />

na Sé de <strong>Leiria</strong>, às 18h30.<br />

Convidamos para a Concelebração todos os Diocesanos e especialmente os<br />

sacerdotes residentes na <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.<br />

No seu “testamento espiritual” diz-nos D. Alberto, em 13 de Agosto 1992, o 53º<br />

aniversário da sua ordenação sacerdotal:<br />

“Ao aproximar-se o momento de partir, concede-me, Senhor, a graça de encarar<br />

o mistério da morte, numa atitude de total abandono nas tuas mãos de Pai. Que a<br />

morte seja para mim não um ocaso mas o dealbar do dia eterno, o vértice duma<br />

vida terrena que culmina no holocausto supremo e definitivo, intimamente unido ao<br />

de Cristo Redentor, no altar da Cruz. Esse será para mim o momento sacerdotal e<br />

pastoral por excelência, porque não há amor maior que o daquele que dá a vida pelos<br />

que ama: Tu, meu Senhor e meu Deus, e em ti e por ti, todos aqueles que Tu amas.<br />

Antecipo desde já esse momento oferecendo-me na totalidade do meu ser por<br />

todos os homens redimidos, particularmente por aqueles que encontrei ao longo<br />

do meu ministério sacerdotal: leigos, sacerdotes, religiosos, crentes e não crentes.<br />

Recolho no altar do meu coração toda a minha existência para depô-la no Teu<br />

coração de Pai. Peço perdão das minhas infidelidades ao Teu amor e ao amor de<br />

todos os homens, meus irmãos.”<br />

Agradecemos o magno testemunho do Sr. D. Alberto, e rezamos para que todos<br />

possamos beneficiar da sua oração, como prometeu: “No Céu amarei a todos os que<br />

peregrinam, com amor maior, porque amarei em Deus e por Deus, como Deus ama.<br />

Em Deus poderei amar numa dimensão maior.”<br />

<strong>Leiria</strong>, 17 de Outubro 2005,<br />

MO de Santo Inácio de Antioquia<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Comunicado do Conselho Presbiteral<br />

O Conselho Presbiteral da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, presidido pelo bispo<br />

diocesano, reuniu-se no dia 17 de Outubro de 2005, no Seminário Diocesano.<br />

Depois do momento de oração inicial, o presidente, pelo facto deste órgão de<br />

consulta episcopal estar a começar um novo mandato, teceu algumas considerações<br />

sobre as suas funções no cuidado pela vida dos presbíteros e da <strong>Diocese</strong>; recordou<br />

que esta reunião decorre pouco depois da morte do seu predecessor D. Alberto Cosme<br />

do <strong>Amar</strong>al, de grata memória, e anunciou que a livraria Gráfica de <strong>Leiria</strong> terá, em<br />

breve, para oferecer a todos os que foram crismados por D. Alberto e seu sucessor, a<br />

edição abreviada do Catecismo da Igreja Católica, recentemente publicado.<br />

De seguida procedeu-se à eleição do secretário e à constituição do secretariado:<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 161


Documentos Pastorais<br />

foi eleito o padre Manuel Armindo Pereira Janeiro e com ele integram o secretariado<br />

os padres Cristiano João Rodrigues Saraiva e Sérgio Feliciano de Sousa Henriques;<br />

calendarizaram-se as sessões do próximo ano e fez-se o balanço do último triénio,<br />

salientando-se as temáticas abordadas mas também a dificuldade em dar-lhes<br />

seguimento; e elegeu-se a Comissão de acompanhamento da aplicação do Estatuto<br />

Económico do Clero do Regulamento de Administração de Bens da Igreja.<br />

Da parte da tarde, os conselheiros reuniram por grupos para reflectir sobre a<br />

aplicação do referido Regulamento e para sugerir temáticas a abordar no próximo<br />

ano.<br />

Depois do plenário abordaram-se questões ligadas ao Seminário e à Pastoral<br />

da Vocação, que a equipa do Seminário assumirá transitoriamente, e ao Projecto<br />

Pastoral Diocesano, no primeiro ano da sua execução. A terminar foi apresentado o<br />

programo para as celebrações dos 90 Anos das Aparições em <strong>Fátima</strong>.<br />

17 de Outubro de 2005<br />

O Secretariado<br />

Nota episcopal<br />

“Quem mais está batendo”<br />

Se é vital “acolhermos” Deus, quem mais está batendo à porta Simbolicamente<br />

poderemos juntá-los em sete grupos, a saber:<br />

1. Os parentes, os vizinhos, os colegas, no próprio ambiente de cada “habitat”,<br />

desde o lar paterno/materno até ao lugar de trabalho, ou estudo, ou lazer.<br />

2. Os migrantes e os imigrantes, que procuram trabalho ou prestam serviços, e os<br />

nómadas que andam de terra em terra; o mundo poderá ter fronteiras alfandegárias,<br />

mas deve ser a casa comum, sem racismos, nem terrorismos.<br />

3. Os peregrinos e viajantes que, por razões de fé ou de passeio, ou de trabalho,<br />

circulam pelas estradas e povoações; não só procurarão “pousada” ou “restauração”,<br />

mas esperam e apreciam o recto “acolhimento”.<br />

4. Os que andam à procura de uma informação ou de um serviço; na cidadania<br />

geral não há estranhos, nem se presume que sejam inimigos; a recta prudência<br />

estabelece a adequada medida do “acolhimento”.<br />

5. Os que nada procuram, mas andam vazios, ou confusos, ou perdidos; saber<br />

encaminhar e dar a mão é “recolher” méritos que não se apagam; apontar os<br />

caminhos no tempo para fora do tempo é sabedoria e comunhão.<br />

6. Aqueles que pertencem a outras confissões cristãs, ou diversa religião, têm<br />

direito a serem respeitados e acolhidos, com tolerância e ecumenismo, mas sem<br />

cobardia ou traição da fé cristã; é sábio quem sabe discernir, no “acolhimento<br />

dialogal e testemunhal”.<br />

162 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Documentos Pastorais<br />

7. Finalmente, no sétimo grupo, poderemos juntar quantos hostilizam os crentes,<br />

ou semeiam profanações e satanismos, ou simplesmente se declaram agnósticos e<br />

laicos... Que grande panóplia plural de várias e avariadas gentes!<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

Nota da Secretaria Episcopal<br />

Em homenagem ao Sr. D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al, foi decidido oferecer um<br />

exemplar do Catecismo da Igreja Católica (compêndio) a quantos foram crismados<br />

por Sua Excelência ou pelo Seu Sucessor.<br />

Por isso, os Diocesanos de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> que receberam das mãos do Senhor D.<br />

Alberto ou do Senhor D. Serafim, nos últimos 33 anos, o Sacramento da Confirmação<br />

ou Crisma, podem levantar na Livraria Gráfica de <strong>Leiria</strong> um exemplar do referido<br />

Catecismo. Basta que, a partir desta data, cada um passe pessoalmente, no horário<br />

comercial, pela Livraria Gráfica de Lema, Rua D. Dinis.<br />

Se recordar é viver, faz muito bem que recordemos os princípios e as regras da<br />

Vida Cristã.<br />

<strong>Leiria</strong>, 13 de Novembro de 2005<br />

Mensagem de Natal<br />

Na preparação do Natal 2005, quero dirigir aos meus queridos Diocesanos uma<br />

breve palavra de saudação e esperança.<br />

O tempo providencial do Advento não é uma pausa na agitação político-social,<br />

mas um reencontro das Famílias.<br />

Na praxe dos cumprimentos, não esqueceremos os mais abandonados. E na febre<br />

das compras teremos presentes os pobres e carenciados. Qualquer ajuda, fruto da<br />

moderação e renúncia, pode ser encaminhada para a Cáritas Diocesana.<br />

A nossa <strong>Diocese</strong>, neste ano pastoral 2005 – 2006, está a reflectir e a praticar o<br />

acolhimento. Vamos acolher o Menino da Vida e todos os meninos para a vida.<br />

Exorto-vos, especialmente os mais novos, a escolher e acolher Cristo, o único<br />

Salvador.<br />

Nos tempos do relativismo e da insegurança, se estivermos com Cristo temos<br />

mais força para testemunhar as razões de viver com dignidade e solidariedade, para<br />

que o mundo seja melhor.<br />

Como prenda de Natal, recomendo o Catecismo da Igreja Católica, e rezo por<br />

vós e por todos os povos e nações, para que haja Pão e Paz para todas as Gentes.<br />

<strong>Leiria</strong>, 1 de Dezembro de 2005<br />

† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 163


Curso da Escola Teológica de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

reconhecido para leccionar Religião e Moral<br />

Em resposta ao pedido do Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas<br />

Escolas, a Comissão Episcopal da Educação Cristã mostrou-se favorável<br />

ao reconhecimento do Curso de Ciências Morais e Religiosas, ministrado<br />

pela Escola de Formação Teológica de Leigos da diocese de <strong>Leiria</strong> <strong>Fátima</strong>,<br />

“para os efeitos previstos no 3º e 4º escalão das habilitações próprias para<br />

a leccionação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica”. Na<br />

declaração nº 181/2005, publicada no Diário da República, 2ª Série, de 25<br />

de Agosto, foi oficialmente reconhecido o referido Curso para efeitos de<br />

reconhecimento de habilitações em ordem à leccionação da disciplina de<br />

Educação Moral e Religiosa Católica.<br />

Propostas para o primeiro semestre:<br />

1 - Do Curso Geral de Teologia, a decorrer no edifício do Seminário de<br />

<strong>Leiria</strong>, das 19h00 às 21h00, serão leccionadas, no primeiro semestre:<br />

- segundas-feiras: “Antigo Testamento”, pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes<br />

- quartas-feiras: “Cristologia”, pelo Pe. Dr. Luís Inácio João.<br />

2 – Da Formação Específica, a decorrer no edifício do Seminário, em <strong>Leiria</strong>,<br />

às quintas-feiras, das 19h00 às 21h00, o curso sobre “Comunicação<br />

Social”, pelo Pe. Dr. Rui Acácio.<br />

Propostas para o segundo semestre:<br />

1 - Do Curso Pensar a Fé, serão leccionadas, das 21h00 às 23h00, as seguintes<br />

disciplinas:<br />

- na Marinha Grande, à segunda-feira: “Introdução à História da Igreja”,<br />

pelo Pe. Dr. Luciano Cristino;<br />

- Em Ourém, às segundas e quintas-feiras, na última metade do semestre<br />

(a partir de 12 de Dezembro): “Introdução ao Mistério de Cristo”, por<br />

Frei DR. Herculano Alves;<br />

- Em <strong>Leiria</strong> (Sé), às quartas-feiras: “Introdução ao Mistério da Igreja”,<br />

pelo Pe. Dr. Jorge Guarda.<br />

164 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Assembleia Diocesana acolheu<br />

Projecto Pastoral 2005/2011<br />

Em Destaque<br />

A diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> correspondeu à convocatória do seu Bispo para<br />

uma Assembleia com os seguintes objectivos principais: fortalecer a consciência<br />

da Igreja Diocesana de “muitos num só corpo, em Cristo”; apresentar o programa<br />

para 2005/2006, no âmbito do Projecto Pastoral para 2004-2011; e celebrar o Dia da<br />

Igreja Diocesana.<br />

O salão do Colégio Conciliar de Maria Imaculada, na Cruz da Areia, foi pequeno,<br />

nessa tarde de domingo, 2 de Outubro, para os perto de 700 representantes dos<br />

principais agentes pastorais da <strong>Diocese</strong> e outros fiéis empenhados na sua vida e<br />

missão: padres, membros dos Conselhos Pastorais diocesano, vicariais e paroquiais,<br />

elementos dos Secretariados e Comissões diocesanos, direcções de Movimentos,<br />

Associações e Obras, superiores ou representantes das comunidades religiosas mas-<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 165


Em Destaque<br />

culinas e femininas, direcção dos Institutos Seculares e Novas Comunidades Cristãs,<br />

Catequistas e Ministros Extraordinários da Comunhão. O número de presenças terá<br />

superado em muito as expectativas.<br />

Ainda no momento da oração inicial, D. Serafim manifestou a sua alegria pela<br />

realização da Assembleia e, recordando passos recentes e particularmente significativos<br />

da <strong>Diocese</strong>, e identificando algumas necessidades mais urgentes da sociedade,<br />

afirmou a sua convicção de que a esperança cristã levará ao acolhimento do homem<br />

na sua fragilidade, sem excluir nem condenar ninguém”.<br />

Foram, depois, apresentadas as linhas gerais do Projecto Pastoral Diocesano,<br />

“Testemunhar Cristo, fonte de Esperança”, para os próximos seis anos, salientando<br />

os temas para cada ano: acolhimento, chamamento, formação, comunhão, caridade,<br />

serviço. “Estes temas anuais, como explicou o Pe. Manuel Armindo Janeiro, são, por<br />

sua vez, incluídos em contextos próprios: a pessoa humana e sua condição cristã; a<br />

comunidade cristã; a abertura ao mundo”. A este propósito, o Bispo diocesano lançou<br />

um claro desafio a todos os agentes pastorais para que assumam o projecto como<br />

essencial na caminhada da <strong>Diocese</strong>, nos próximos seis anos.<br />

A Assembleia Diocesana continuou, depois, com uma encenação adaptada do<br />

episódio do encontro de Jesus com a Samaritana, pelo grupo teatral da paróquia da<br />

Bajouca.<br />

Concentrando a atenção na temática do próximo ano, o vigário geral, Pe. Jorge<br />

Guarda, apresentou as orientações gerais da pastoral diocesana e paroquial. Partindo<br />

da certeza de que Jesus oferece o dom de Deus para matar a sede patenteada em<br />

todos os homens e na sociedade, sublinhou a importância do acolhimento, primeiro<br />

passo do Projecto pastoral, como meio imprescindível para a descoberta e acesso a<br />

esse dom. Esse acolhimento, conforme frisou, tem de ser aprendido, antes de mais,<br />

no exemplo de Jesus no Evangelho para ser depois concretizado antes de mais na<br />

comunidade eclesial nomeadamente na abertura à Igreja diocesana enquanto dom de<br />

Deus, com as suas iniciativas, propostas e formações, e na acção pastoral em comunhão<br />

e solidariedade com os outros trabalhadores da vinha.<br />

Já na parte final da Assembleia, ouve partilha de vivências e experiências concretas<br />

de acolhimento. Ambrósio Santos situou algumas dessas experiências no contexto<br />

da acção da Caritas Diocesana, enquanto Inês Lourenço apresentou um caso<br />

concreto de acolhimento a uma família cigana.<br />

Na igreja Catedral, a Assembleia continuou e encerrou a celebração da Eucaristia.<br />

A comunhão na Palavra e no Corpo do Senhor que funda a Igreja, é também<br />

princípio da missão e sustento do compromisso assumido.<br />

166 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />

<strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong><br />

Por Padre Pedro Miguel Viva<br />

Constituiu profunda consternação a notícia do falecimento de Dom Alberto Cosme<br />

do <strong>Amar</strong>al, bispo emérito da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, na sexta-feira, dia 7 de<br />

Outubro. A longa idade (quase 89 anos) e a sua frágil saúde agravada por uma queda<br />

que lhe fracturou o fémur, e a consequente operação, precipitaram o que acabou por<br />

acontecer no Hospital de Santo André, no final da tarde desse dia.<br />

Os seus restos mortais foram levados para a Sé, no sábado, dia 8, pouco depois<br />

das 14 horas. Surpreendente coincidência, neste mesmo dia, 33 anos atrás, entrava<br />

solenemente na Catedral de <strong>Leiria</strong>, saudado pelos cristãos da <strong>Diocese</strong> que recebiam<br />

o seu novo bispo. A ela serviu como bispo residencial até 2 de Fevereiro de 1993.<br />

Agora, entrava em silêncio, e os sinos não replicavam em festa mas pesarosamente,<br />

acordando a cidade para o falecimento do seu antigo pastor.<br />

Em 1 de Outubro de 1989, dia da Igreja Diocesana, em que foi homenageado<br />

pelo seu duplo jubileu (50 anos de presbítero e 25 de bispo), disse, relembrando as<br />

suas primeiras palavras na Sé, a 8 de Outubro de 1972: “Uma palavra resume todo o<br />

meu programa de bispo: amar. <strong>Programa</strong> ambicioso para o pobre e pequeno que sou,<br />

porque toca o limiar do mistério de Deus, mistério de amor infinito, revelado aos<br />

homens na pessoa de Jesus Cristo. Eu queria amar como Cristo amou. Para tanto é<br />

Nota biográfica<br />

D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />

nasceu na freguesia de Touro, Vila<br />

Nova de Paiva, diocese de Lamego,<br />

em 12 de Outubro de 1916. Foi ordenado<br />

sacerdote a 13 de Agosto de<br />

1939. Nomeado bispo auxiliar do<br />

Porto em 8 de Julho de 1964, passou<br />

a auxiliar de Coimbra em 1969. Daqui<br />

transitou para bispo residencial<br />

de <strong>Leiria</strong>, onde exerceu o ministério<br />

episcopal de 1972 a 1993. Neste<br />

ano, passou a bispo emérito e ficou<br />

a residir no Santuário de <strong>Fátima</strong>.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 167


Em Destaque<br />

necessário que Ele esteja em mim, que seja Ele a amar em mim e por mim”. E Cristo,<br />

estamos certos, esteve nele e amou a muitos por ele. Há 33 anos, trazia um programa.<br />

Agora, o seu corpo anunciava na mesma Sé, que o tinha <strong>cumprido</strong> até ao fim.<br />

Naquele dia do seu duplo jubileu, na humildade que lhe era natural, não se ufanou.<br />

Pelo contrário, reconhecendo-se simples e humilde trabalhador na vinha do<br />

Senhor, declarou: “Ao Senhor da Messe, a todos, e sobretudo aos meus diocesanos,<br />

peço perdão de não ter realizado o programa. Mas, sabendo que a força redentora de<br />

Jesus é maior que o pecado, renovo hoje o propósito de dar a vida, gota a gota, no<br />

quotidiano da existência, e dá-la toda no entardecer, que se aproxima, em holocausto<br />

definitivo e supremo. Acredito, porque Ele o disse, na fecundidade dos grãos de<br />

trigo lançados à terra”. Assim fez. Deu toda a sua vida pela Igreja, pelo clero, pelo<br />

Seminário, que dizia ser a “pupila dos olhos de todos nós”.<br />

Despedida da Sé<br />

O silêncio baixou à Sé. Às 18h00, cantaram-se as Vésperas do Ofício de Defuntos<br />

e, pelas 19h00, celebrou-se a Eucaristia, em concelebração presidida pelo Bispo de<br />

<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que, oportunamente, enalteceu<br />

as qualidades deste “pequeno grande homem, de uma espiritualidade profunda”.<br />

Depois da celebração, fez-se novamente silêncio. O silêncio do sepulcro do Senhor.<br />

A tristeza da morte, grávida de esperança na ressurreição para a vida eterna.<br />

Ficaram poucas pessoas, a lembrar o cenário de abandono de Cristo na cruz. Mas as<br />

que estavam mostravam a gratidão ao pastor que deu a vida pelas suas ovelhas.<br />

No domingo, dia 9, a Sé abriu pelas 8h00. Uma hora depois, rezavam-se os<br />

louvores da manhã, com salmos e hinos. A notícia do falecimento de D. Alberto<br />

ia chegando aos diocesanos, apanhando alguns de surpresa. Muitos deslocaram-se<br />

à Catedral para prestarem a sua última homenagem ao seu antigo Pastor. Por ele<br />

se celebrou missa, pelas 11h30, e, à tarde, pelas 17h00, rezou-se o terço, seguido<br />

de Vésperas solenes. Uma hora depois, dava-se início à celebração da Eucaristia,<br />

presidida pelo Bispo diocesano e concelebrada por D. Américo Henriques, bispo<br />

emérito do Arcebispado de Huambo, D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre<br />

e Castelo Branco, D. Manuel Madureira Dias, bispo emérito do Algarve, e cerca de<br />

trinta padres. Presentes, também, alguns dos familiares de D. Alberto, vindos do<br />

Touro, Vila Nova de Paiva, sua terra natal. Nesta celebração eucarística, D. Serafim<br />

referiu-se a D. Alberto como um homem de voz frágil, de pequena estatura, mas de<br />

uma força interior e de uma vivência espiritual marcantes. A Sé estava repleta e os<br />

fiéis – sacerdotes, religiosos e leigos – vindos de toda a <strong>Diocese</strong>, davam graças ao<br />

Senhor pela vida deste servo humilde e dedicado da sua vinha.<br />

No dia seguinte, segunda-feira, pelas 9h30, depois dos ritos fúnebres do “levantamento<br />

do corpo”, os restos mortais de D. Alberto partiram para a Basílica do Santuário<br />

de <strong>Fátima</strong>, na qual, pelas 11h00, foram celebradas as solenes exéquias, com o<br />

canto de Laudes e a celebração da Eucaristia. À saída da cidade do Lis, novamente<br />

168 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

os sinos soaram em agradecimento e despedida definitiva àquele que, durante vinte<br />

anos, fez soar a sua voz de Pastor. Voz frágil na intensidade, mas forte na profundidade<br />

das palavras, que ricas de transcendência não deixavam de ecoar nos ouvidos e<br />

no coração de quantos as ouviam. Era um homem de Deus.<br />

Exéquias<br />

A Basílica de <strong>Fátima</strong> estava repleta de fiéis vindos dos quatro cantos da <strong>Diocese</strong><br />

de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e um pouco de toda a parte. Presidiu à solene Eucaristia o Bispo de<br />

<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e concelebraram mais 26 bispos, entre os quais o Arcebispo Primaz<br />

de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e o<br />

Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, o clero da <strong>Diocese</strong> e cerca<br />

de uma centena de sacerdotes de outras <strong>Diocese</strong>s, nomeadamente Lamego, Porto e<br />

Coimbra. Estiveram ainda presentes representantes do Núncio Apostólico e algumas<br />

autoridades civis.<br />

D. Serafim deu graças a Deus pela vida do seu predecessor e destacou em D.<br />

Alberto o amor à Igreja, ao Papa, aos padres, a quem escrevia sempre aquando do<br />

seu aniversário, e aos leigos, e o seu grande amor a Nossa Senhora e ao Rosário.<br />

Aliás, D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al partiu para a casa do Pai precisamente no dia da<br />

memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário.<br />

No final da celebração, o Vigário Geral da <strong>Diocese</strong> leu um telegrama do Santo<br />

Padre, assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Ângelo Sodano, que<br />

no ano 2000, em <strong>Fátima</strong>, leu a terceira parte do “segredo” da mensagem de <strong>Fátima</strong>.<br />

Uma mensagem em que o Santo Padre Bento XVI exprime aos diocesanos de <strong>Leiria</strong>-<br />

<strong>Fátima</strong> a sua união espiritual e o seu agradecimento a Deus pela vida deste Pastor<br />

da Igreja.<br />

Os restos mortais de D. Alberto, repousam agora na parede da capela-mor da<br />

Basílica do Santuário, num túmulo preparado junto à Cruz do Senhor. A seu pedido,<br />

em epitáfio constará: “Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al, 1º Bispo da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> com<br />

o título de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>”.<br />

Uma vida de dádiva<br />

D. Alberto contava: “Quando disse em casa que queria ser padre, mandaram-me<br />

dizer isso ao senhor Abade. E eu nem sabia como fazer e dizer. Ensinaram-me. No<br />

fim da Missa, fui à sacristia e disse-lhe: «Senhor Abade, eu queria ser padre!» Ele,<br />

sorrindo, põe-me a mão sobre a cabeça e diz: «Pois sim, meu menino, mas quando<br />

fores grande, quando fores grande»”.<br />

Na verdade, ainda criança, Alberto já era grande em sabedoria e em graça, pois<br />

queria fazer, e só, o que Deus lhe inspirava ao coração: “A minha vocação para ser<br />

padre, não sei como nasceu. Pertence à ordem do mistério. Tenho a certeza de que a<br />

iniciativa foi de Deus. Que eu me lembre, nunca desejei ser outra coisa … Eu penso<br />

que posso dizer como S. Paulo, que Ele me chamou desde o seio de minha mãe.”<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 169


Em Destaque<br />

Ao perguntarem a D. Alberto, aquando dos 50 anos de presbítero e 25 de bispo,<br />

que experiências mais significativas da sua vida destacaria, refere: “Evidentemente,<br />

a ordenação sacerdotal, na qual eu me senti totalmente «agarrado» pelo Senhor.<br />

Enamorei-me d’Ele. Deixei-me seduzir dos seus encantos… No gesto da prostração,<br />

enrolei-me no manto do meu nada. E tomei consciência de que Ele tinha de ser o<br />

Tudo em mim”.<br />

Umbilicalmente ligado ao sacerdócio, refere também a Eucaristia e a Confissão.<br />

Da sua missa nova não é capaz de falar, tal não foi a sua alegria, de modo que reconhece,<br />

50 anos depois, a audácia as palavras que então escreveu ao Reitor do Seminário<br />

de Lamego, “que agora me fazem corar de vergonha”, mas que expressam um<br />

grande amor à Eucaristia: “Permiti-me, Senhor, que eu celebre sempre a Santa Missa<br />

sobre a Terra, e eu renuncio ao Paraíso”. Tal era o seu apreço pelo sacrifício único de<br />

Cristo, actualizado no altar. Quanto às horas do confessionário, confidencia: “São as<br />

melhores horas do meu sacerdócio. E têm sido tantas! Ainda hoje, sempre que posso,<br />

refugio-me lá. E saio sempre disposto a ser melhor. O maior apelo e desafio vem-me<br />

dali. Também por isso, tenho pedido muito aos sacerdotes que se sentem, todos os<br />

dias, no confessionário!”<br />

No seu coração, o Seminário tem um lugar especial: “O Seminário, «menina<br />

dos olhos», aqui mesmo à mão de semear e sempre presente no meu coração e na<br />

minha oração, polariza todos os meus amores num só amor. Dali brota o caudal da<br />

graça que chega a todos os recantos humanos e geográficos da <strong>Diocese</strong>. Os dias em<br />

que, mediante a ordenação sacerdotal, gero na plenitude do meu sacerdócio outros<br />

sacerdotes, compensam-me superabundantemente de todas as fadigas e canseiras e<br />

dores.”<br />

A 7 de Fevereiro de 1993, ao despedir-se da <strong>Diocese</strong>, na missa de acção de graças,<br />

na Sé, diz: “Novos horizontes se abrem ao meu amor para convosco: horizontes<br />

de silêncio, de apagamento, de ascese mais dura, de ascensão mais penosa, de dádiva<br />

mais pura, de entrega mais gratuita, a culminar no holocausto definitivo e supremo<br />

ao terminar a peregrinação”. E emocionado, diz ainda: “Obrigado, Senhor, por este<br />

amor selectivo, inteiramente gratuito, que fez do nada que sou instrumento das maravilhas<br />

que Tu operaste”.<br />

170 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Dia 19 de Dezembro<br />

Jornada festiva com irmãos jubilários<br />

Em Destaque<br />

A 19 de Dezembro, a Fraternidade Sacerdotal da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> promoveu<br />

uma homenagem do presbitério diocesano aos irmãos, padres Joaquim Duarte Pedrosa,<br />

Fernando de Oliveira Jorge e Martinho Manuel Vieira, que perfizeram 50<br />

anos de sacerdócio. O momento marcante foi a celebração eucarística, na Basílica de<br />

<strong>Fátima</strong>, após o qual se seguiram um almoço de confraternização e uma visita guiada<br />

à Igreja da Santíssima Trindade em construção.<br />

Na celebração da eucaristia estiveram presentes cerca de 80 sacerdotes que concelebraram<br />

com os jubilários, sob a presidência do bispo da diocese. Na homilia,<br />

D. Serafim referiu-se ao Advento como o tempo da esperança. “Uma esperança que<br />

tem a ver com os acontecimentos ocorridos há dois mil anos, mas que se projecta<br />

para o futuro e faz ansiar pela casa do Pai”. Em tom mais pessoal disse “estar muito<br />

comovido com esta celebração do dom do sacerdócio” e terminou convidando todos<br />

os fiéis a uma saudação comum”.<br />

Ao encerrar, os sacerdotes jubilários dirigiram-se assembleia. O Pe Pedrosa aproveitou<br />

o momento sobretudo para uma grandiosa acção de graças a Deus que “tem<br />

em conta o nosso bem acima dos nossos limites e vê mais as nossas capacidades do<br />

que as nossas limitações”. Terminou agradecendo a presença de todos e tão grande<br />

manifestação de comunhão e solidariedade. O Pe Martinho recordou os tempos da<br />

sua infância e a génese da sua vocação, e salientou a importância das outras pessoas<br />

na caminhada vocacional salientando, no seu caso, o prior da sua primeira confissão<br />

e primeira comunhão, o tio padre e seu testemunho de vida e a madrinha com a sua<br />

oração. O Pe Fernando, por último, recordou os tempos difíceis da sua caminhada<br />

sacerdotal e agradeceu a providencial protecção de Nossa Senhora. Não deixou de<br />

sublinhar a acção amiga dos colegas do seminário.<br />

Pe Martinho Manuel Vieira<br />

Nasceu a 2 de Janeiro de 1931, na freguesia de Santa<br />

Catarina da Serra. Foi ordenado Presbítero a 10 de Julho<br />

de 1955 e nomeado coadjutor de Ourém a 18 de Agosto<br />

do mesmo ano. A 20 de Maio de 1957 começou a paroquiar<br />

Ourém. A 22 de Fevereiro de 1960 foi nomeado pároco<br />

substituto da freguesia da Barreira. Entre Fevereiro<br />

de 1966 e Janeiro de 1967 acumulou a paroquialidade<br />

das Cortes e, em 4 de Janeiro de 1975 foi nomeado pároco<br />

da freguesia das Colmeias, onde exerceu o ministério<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 171


Em Destaque<br />

até 8 de Setembro de 2003, altura em que, por motivos de saúde, deixou as Colmeias<br />

e continuou apenas com a paroquialidade da Memória que entretanto havia acumulado.<br />

Pe Joaquim Duarte Pedrosa<br />

Nasceu a 29 de Janeiro de 1932 na freguesia de Monte<br />

Redondo, e foi ordenado Presbítero a 11 de Setembro de<br />

1955. Por provisão de 22 de Outubro de 1955, foi nomeado<br />

pároco de Santa Eufémia, onde ainda hoje se encontra<br />

no exercício do seu ministério.<br />

A 18 de Janeiro de 1987 assumiu temporariamente<br />

a paroquialidade da Boavista, e em Julho de 1994 foi<br />

nomeado Delegado Episcopal para os Religiosos e religiosas.<br />

Pe Fernando de Oliveira Jorge<br />

Nascido a 4 de Junho de 1931 na freguesia do Olival,<br />

foi ordenado Presbítero a 17 de Dezembro de 1955. Foi<br />

nomeado coadjutor da freguesia da Freixianda a 3 de Fevereiro<br />

de 1956 e a 4 de Novembro de 1956 deixou aquela<br />

freguesia para assumir a paroquialidade da Barosa,<br />

sendo ao mesmo tempo ajudante na Câmara Eclesiástica.<br />

A 18 de Março de 1963 foi nomeado Revisor eclesiástico<br />

da <strong>Diocese</strong>, e a 12 de Janeiro de 1967 foi nomeado pároco<br />

da freguesia das Cortes. Em Fevereiro de 1983, por motivos<br />

de saúde, deixou a paróquia das Cortes e foi para o<br />

Santuário de <strong>Fátima</strong> como capelão onde ainda hoje exerce o seu ministério.<br />

172 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Relíquias de Santa Teresinha na diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

“Quero passar o meu Céu<br />

a fazer o bem sobre a terra”<br />

Por Orlando Marques<br />

A pedido da Conferência Episcopal Portuguesa e no contexto do Congresso<br />

Internacional para a Nova Evangelização, Portugal recebeu a visita das relíquias de<br />

Santa Teresinha do Menino Jesus, de 28 de Outubro a 16 de Dezembro.<br />

Todas as dioceses acolheram e veneraram a doutora da Igreja e padroeira das<br />

missões, segundo um programa coordenado pela comunidade dos Carmelitas Descalços.<br />

No dia 28, logo após a chegada ao aeroporto de Figo Maduro (Lisboa), onde<br />

teve lugar uma breve cerimónia, as relíquias partiram para <strong>Leiria</strong> e foram recebidas<br />

pelas 17h00. Ainda nessa Sexta-feira, depois das celebrações na Catedral, o cortejo<br />

dirigiu-se para a Igreja de Regueira de Pontes, onde houve um tempo de oração de<br />

cerca de duas horas, e, às 21h00, seguiu para o Mosteiro de Santa Clara, de Monte<br />

Real onde se seguiu uma vigília e a veneração nocturna pelas irmãs Clarissas.<br />

No Sábado, ainda cedo (8h45), as relíquias partiram para uma visita à Prisão<br />

Escola de <strong>Leiria</strong> e, das 11h00 às 16h00 voltavam a ser expostas na Sé. Os devotos<br />

puderam passar, recolher-se e orar em silêncio e em celebrações animadas por grupos,<br />

nomeadamente de religiosos e religiosas da cidade, com textos bíblicos e Escritos<br />

de Santa Teresa de Lisieux. Às16h30 foram acolhidas pelas Irmãs do Mosteiro<br />

da Visitação de Santa Maria, da Faniqueira, até à partida para <strong>Fátima</strong>, pelas 18h30,<br />

com destino ao Mosteiro das Irmãs Clarissas e, depois, ao Carmelo de São José onde<br />

decorreu uma vigília e veneração nocturna.<br />

No Domingo, dia 30, a visita prosseguiu no Santuário de <strong>Fátima</strong>, integrada no<br />

programa habitual da peregrinação dominical: às 10h15, oração do Terço com Santa<br />

Teresinha, na Capelinha das Aparições, e às 11h00, procissão e Eucaristia no altar do<br />

recinto. Às 16h15, na Basílica, a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> despedia-se das relíquias<br />

que partiam para Santarém.<br />

A escolha do itinerário, limitado desde logo pelo tempo, obedeceu a critérios<br />

que têm a ver com a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. Religiosa carmelita,<br />

dedicou-se à contemplação num convento mas encontrou na maior intimidade com<br />

Deus a mais efectiva ligação à Igreja e à humanidade. A realização do Congresso<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 173


Em Destaque<br />

Nota biográfica<br />

Teresa do Menino Jesus nasceu em Alençon, França, no ano de 1873, e foi<br />

baptizada com o nome de Maria Francisca Teresa Martin. Entrou no Carmelo de<br />

Lisieux aos 15 anos, onde adoptou o nome de Teresa do Menino Jesus e da Santa<br />

Face, e aí viveu intensamente durante nove anos. Morreu em 1897 com apenas<br />

24 anos.<br />

Na sua curta existência Teresinha compreendeu bem que o Menino Jesus se<br />

entregou total e confiadamente ao Pai do céu (por isso se chamou do Menino<br />

Jesus). E compreendeu também que Jesus se fez homem para morrer e ressuscitar<br />

(por isso se chamou da Santa Face).<br />

A sua vida ficou marcada pelo sorriso e pelo amor admirável e forte em relação<br />

às irmãs com as quais conviveu. Foi este amor que cativou o interesse de um<br />

realizador de cinema que, apesar de descrente, quis filmar a vida desta Santa. No<br />

livro História de uma Alma, Teresa relata o seu itinerário espiritual, permeado de<br />

profunda humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus.<br />

Teresinha, Teresa Martin, Santa Teresa de Lisieux, Santa Teresinha, Santa<br />

Teresinha do Menino Jesus, são nomes para a mesma pessoa: Irmã Teresa do<br />

Menino Jesus e da Santa Face, carmelita descalça francesa, do séc. XIX.<br />

Em 1925 foi canonizada por Pio XI, que, dois anos mais tarde, a declarou<br />

padroeira de todos os missionários, juntamente com São Francisco Xavier.<br />

A 3 de Maio de 1944, Pio XII proclamou S. Teresinha como padroeira secundária<br />

de França, e a 19 de Outubro de 1997, dia mundial das missões, João Paulo<br />

II declarou-a Doutora da Igreja e co-padroeira da Europa.<br />

174 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Internacional para a Nova Evangelização constituiu momento particularmente adequado<br />

para contemplar e enaltecer o exemplo de quem trazia sempre a evangelização<br />

no seu coração orante. Pela mesma razão, a Igreja declarou-a padroeira das Missões,<br />

a ela que nunca saiu do convento. Teresa do Menino Jesus, percebeu o amor e a<br />

bondade infinita de Deus, num tempo em que o jancenismo espalhava uma religião<br />

de medo e de rigor. O amor de Deus fazia-se nela amor dos irmãos. Muito nova,<br />

ainda na casa paterna, impressionara-se com correntes niilistas que, sem referências<br />

espirituais nem respeito pelas leis humanas, se atiravam aos fundamentos da própria<br />

sociedade, perpetrando até o crime gratuito. Acompanhou sempre o “processo Pranzini”,<br />

rezou pela conversão do criminoso, sofreu profundamente com a sua execução<br />

e não mais esqueceu os reclusos que algum dia se deixaram enredar nas teias do<br />

crime. A vivência da intimidade com Deus lançou-a de tal modo na comunhão com<br />

os irmãos, que, intuindo a aproximação da morte, exclamava na mais ardente caridade:<br />

«Não ficarei inactiva no céu (…) quero passar o meu céu a fazer o bem sobre<br />

a terra… será como uma chuva de rosas».<br />

O périplo das suas relíquias, mais que a devoção do simples contacto, terá contribuído<br />

para uma (re)descoberta da profundidade dos seus escritos e da da sua espiritualidade<br />

tão simples e actual. A sua vida continua a ser interpelação tocante que<br />

suscita por toda a parte vocações cristãs tanto para a vida religiosa e contemplativa<br />

como para a vida activa na Igreja e no mundo.<br />

Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”<br />

Para dar maior impacto à visita das Relíquias da Santa Teresa do Menino Jesus,<br />

a comunidade dos Carmelitas Descalços, através do seu Centro de Espiritualidade,<br />

promoveu nos dias de 28 a 30 de Outubro, no Centro Pastoral Paulo VI, em <strong>Fátima</strong>,<br />

o Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”.<br />

Alguns dos maiores conhecedores da Espiritualidade Teresiana abordaram<br />

algumas áreas temáticas fulcrais: “O tempo e vida de Santa Teresa de Lisieux”,<br />

“A presença de Santa Teresa na espiritualidade portuguesa”, “A centralidade da<br />

eucaristia em Teresa”, “A experiência do amor misericordioso”, “A convergência<br />

da mensagem dos beatos Franscisco e Jacinta Marto com a de Santa Teresinha”, “A<br />

noite escura da fé em Teresa de Lisieux”, entre outras.<br />

Foi ainda criado um site na Internet especialmente dedicado à santa de Lisieux:<br />

www.santateresinha.org. Nele podem encontrar-se, além do programa de todas as<br />

dioceses e do Congresso, também a biografia de Santa Teresinha, algumas das suas<br />

cartas, testemunhos de devoção, textos, frases que ficaram mais conhecidas, fotos,<br />

etc.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 175


Em Destaque<br />

S. Teresinha na Prisão-Escola<br />

No dia 29 de Outubro, S. Teresinha do Menino Jesus não esqueceu os rapazes<br />

do Estabelecimento Prisional de <strong>Leiria</strong>. Acompanhada por dois padres portugueses,<br />

uma irmã de Lisieux (França) e a guarda nacional, as Relíquias de Sta. Teresinha entraram<br />

pelo portão principal deste estabelecimento. Na capela esperavam-na o grupo<br />

de visitadores, o Grupo Missionário Ondjoyetu (que animou a Eucaristia), o capelão<br />

e os rapazes, alguns ainda sem perceberem muito bem a importância do momento.<br />

Foi com a força dos braços destes rapazes que as Relíquias caminharam até ao<br />

altar e ali permaneceram aos olhos de todos.<br />

O lema de S. Teresinha era “amar a Jesus e fazer com que Ele seja amado por todos”.<br />

Sem dúvida, essa mensagem foi sentida e vivida. Não conseguirei pronunciar<br />

as palavras que o padre Agostinho (condutor da carrinha que transporta as relíquias)<br />

nos dirigiu com tanto amor, principalmente aos rapazes... Posso apenas transmitir o<br />

que transbordou dos corações... o acreditar que Jesus ama a todos...<br />

Durante a homilia não foi apenas um padre que falou, mas um homem, que se<br />

colocou no lugar deles e lhes garantiu que eles são amados e nunca esquecidos...<br />

Através de uma anedota, ‘brincou’ um bocadinho: “De dois malucos à janela de<br />

um manicómio, um pergunta - Quem são aquelas pessoas ali fora a passar O outro<br />

responde - São os externos!” E é verdade! Muitos de nós somos externos, fora<br />

das grades mas também presos interiormente, nas nossas vidas, talvez mais do que<br />

aqueles rapazes.<br />

“Pensar numa pessoa que se ama é rezar por ela”. Enquanto cantava, ouvia e ia<br />

observando, algo dentro de mim fazia os olhos brilhar e esta frase de Santa Teresinha<br />

do Menino Jesus tinha cada vez mas sentido: “Pensar numa pessoa que se ama<br />

é rezar por ela”. Alguns rapazes limpavam os olhos, baixando a cabeça ou olhando<br />

para cima ou para o lado, com alguma vergonha de mostrar o que estavam a sentir<br />

verdadeiramente, pois perceberam, não só através das palavras, mas por acreditarem<br />

que, por muitas coisas erradas que tenham feito na vida, há pessoas que não os esquecem,<br />

que os amam, que os querem ajudar...<br />

Era preciso marcar o encontro com algo que o pudesse relembrar mais tarde.<br />

Além de um postal de Santa Teresinha oferecido, tiraram-se duas fotografias, uma<br />

com todos os presentes, outra com os rapazes e as Relíquias de Santa Teresinha. Foi<br />

tão bom olhar o sorriso deles, que Santa Teresinha, por certo, contemplou mais ainda<br />

do que todos nós.<br />

E porque os rapazes talvez leiam este testemunho: Acreditem que alguém fora<br />

dessas grades vos ama e reza por vocês e, sobretudo, acreditem que Jesus não esquece<br />

ninguém... Obrigada, Santa Teresinha do Menino Jesus...<br />

Sónia Cruz, do Grupo Missionário Ondjoyetu<br />

176 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Semana dos Seminários<br />

Em Destaque<br />

A Igreja é uma comunidade de chamados<br />

Semana dos Seminários,<br />

de 6 a 13 de Novembro,<br />

um momento<br />

ideal para rezar pelas<br />

vocações sacerdotais, na<br />

certeza que as mesmas<br />

são um dom de Deus.<br />

O Seminário de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

foi fundado<br />

em 1672. As recentes<br />

instalações, preparadas<br />

para receber duas centenas<br />

e meia de alunos,<br />

acolheram os primeiros<br />

seminaristas em 2 de<br />

Novembro de 1965. Actualmente, não existe o Seminário Menor, e o Maior integra<br />

o Seminário de Coimbra compartilhado também pelas dioceses de Aveiro e Portalegre-Castelo<br />

Branco, e frequentado ainda por alunos de Cabo Verde. No edifício<br />

de <strong>Leiria</strong> funciona o tempo propedêutico, com a duração de um ano, para os alunos<br />

das referidas dioceses, que preparam a entrada no Seminário Maior. Os potenciais<br />

candidatos até ao 12º ano são objecto de uma atenção regular e um acompanhamento<br />

especial, num sistema de Pré-Seminário instituído recentemente.<br />

Na última década, houve na <strong>Diocese</strong> apenas 16 ordenações sacerdotais, o que é<br />

necessariamente motivo de grande preocupação. Esta Semana sensibilizando-nos<br />

para o seminário, que João Paulo II considerou como “um dos bens mais preciosos”<br />

de qualquer diocese, não pode deixar de despertar preocupação e empenho numa<br />

pastoral vocacional mais corajosa e mais lúcida. O Concílio Vaticano II realçou a<br />

Igreja como um mistério de comunhão e participação que deve realizar-se ao nível<br />

organizativo-pastoral, na cooperação operante, estreita e efectiva dos mistérios ordenados<br />

e laicais. Comunidade de “chamados” a seguir o Senhor Jesus Cristo, a Igreja<br />

constitui-se na correspondência à sua vocação, que supõe a disponibilidade de cada<br />

um dos seus membros para a missão que ela recebeu e a define. Concentrados no<br />

ministério da Ordem sacerdotal, os fiéis oram ao Senhor da Messe implorando a feliz<br />

correspondência ao apelo do Senhor que suscita as vontades e dá toda a diversidade<br />

dos carismas necessários.<br />

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Em Destaque<br />

Jornadas Missionárias 2005<br />

Comunicado - Conclusões<br />

As Jornadas Missionárias 2005 decorreram em <strong>Fátima</strong>, no Centro Paulo VI, de<br />

16 a 18 de Setembro, com o tema «Eucaristia e Missão». Dos mais de meio milhar<br />

de participantes, mais de centena e meia eram jovens. O evento foi uma experiência<br />

de multiculturalidade testemunhada pelas expressões de cultura e de fé dos participantes,<br />

vindos de todos os continentes. Os participantes prestaram uma homenagem<br />

a três cristãos de relevo que faleceram em 2005: o Papa João Paulo II, a Irmã Lúcia<br />

e o Irmão Roger de Taizé.<br />

O Documento de Trabalho para o Sínodo dos Bispos sublinha que «a Eucaristia<br />

é o coração pulsante da missão; é a sua fonte autêntica e o seu único fim. Daí que os<br />

cristãos devam afirmar a dimensão missionária da Eucaristia» (n.ºs 88-89).<br />

Analisando os inquéritos sobre a frequência dominical, de 1977, 1991 e 2001,<br />

nota-se uma diminuição progressiva de praticantes. Esta realidade desafia-nos a dedicar<br />

mais atenção ao que significa ser cristão hoje, às implicações morais e sociais<br />

da Eucaristia e aos modos de transmissão da fé.<br />

A história ensina-nos que a celebração da Eucaristia, ao longo dos tempos, tem<br />

sido uma fonte de dinamismo missionário. O que mais contribuiu para a vitalidade<br />

do cristianismo foi a sua humanidade.<br />

Num mundo em que a obsessão da economia é dominante, a Eucaristia é um<br />

desafio à partilha permanente. Daí a urgência de encontrar novas formas de partilha<br />

nas nossas comunidades eucarísticas. Não podemos ficar apenas pelo pão da terra e<br />

pelo pão do amor. Temos que trabalhar por um mundo mais justo.<br />

A Eucaristia é uma interpelação profética contra as fomes do nosso mundo: fome<br />

de pão, de cultura, de justiça, de paz, de amor, de ternura, de alegria, de esperança e<br />

de fé. Compete aos cristãos serem autores e promotores desta partilha.<br />

A Eucaristia tem um cariz comunitário e difusivo. Deve ser fruto de uma verdadeira<br />

iniciação cristã. Sentimos o desafio de acolher a necessidade de re-evangelizar<br />

os baptizados e de re-descobrir a importância de ser sujeitos da evangelização.<br />

A Eucaristia não se entende nem se vive sem as margens da vida em que nasceu e<br />

se desenvolve hoje. É celebração ‘situada’ e ‘sofrida’ na história de um povo em peregrinação<br />

pelas margens. É urgente passar da Ceia do Senhor ao Senhor da Ceia.<br />

Viver hoje a missão é ultrapassar continuamente fronteiras que envolvem e separam<br />

as línguas, as etnias, as culturas e as religiões. A Eucaristia é o sacramento<br />

que nos abre para os caminhos da solidariedade, do diálogo e da caminhada com os<br />

pobres.<br />

<strong>Fátima</strong> 18 de Setembro de 2005<br />

178 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong><br />

Tocar no coração da modernidade<br />

«Deus é amor misericordioso» é<br />

o tema para as comemorações dos 90<br />

anos das Aparições do Anjo e de Nossa<br />

Senhora do Rosário aos três Pastorinhos<br />

de <strong>Fátima</strong>. A efeméride será assinalada<br />

com a inauguração da nova igreja da<br />

Santíssima Trindade, em Maio de 2007,<br />

e um vasto programa de comemorações<br />

a realizar pelo Santuário de <strong>Fátima</strong>. De<br />

Outubro de 2006 a Outubro de 2007, as<br />

iniciativas multiplicam-se em três grandes<br />

áreas: estudos e reflexão, manifestações<br />

artísticas, e meditação e oração.<br />

“Tentando ler a modernidade na sua<br />

trajectória, o desafio é chegar ao coração<br />

da modernidade a partir de <strong>Fátima</strong>. Falando<br />

a crianças Deus fala à cultura actual,<br />

à sociedade do século XXI”, disse<br />

o Pe Armindo Janeiro, coordenador do<br />

programa apresentado na passada quarta-feira,<br />

em conferência de imprensa.<br />

Pretende-se que a “força e a ternura<br />

do amor misericordioso de Deus Pai revelado em Jesus Cristo”, juntamente com<br />

a alegria e a esperança, possam ser sentidas e experimentadas pelos peregrinos e<br />

outras pessoas, através de um conjunto diversificado de oportunidades. “«Misericórdia»<br />

parece ser uma palavra gasta mas, porque Deus é exuberante nas suas expressões,<br />

sobretudo para com os mais humildes, desafia a apatia actual. Ao falarmos<br />

da misericórdia falamos de toda a preocupação de Deus para com o seu povo, e a<br />

modernidade precisa que se acolha o seu sofrimento”, sublinhou o coordenador do<br />

programa.<br />

<strong>Programa</strong> ambicioso<br />

O amor e a misericórdia, «propriedades» da Santíssima Trindade, surgem como<br />

fundo unificador dum vasto plano de iniciativas que terão início em Fevereiro do<br />

próximo ano. Destacam-se quatro congressos teológicos internacionais com grandes<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 179


Em Destaque<br />

nomes mundiais, sobre a figura do Anjo, a Santíssima Trindade, as Associações e<br />

Movimentos de <strong>Fátima</strong> no mundo, e Maria, Mater Misericordiae. Simultaneamente,<br />

ministram-se na Escola Teológica de Leigos de <strong>Leiria</strong>, dois cursos sobre a Actualidade<br />

da Mensagem de <strong>Fátima</strong> e a Documentação crítica de <strong>Fátima</strong>, e realizar-se-ão<br />

três jornadas nacionais sobre o Santuário como lugar de acolhimento, a Protecção<br />

dos Valinhos e Aljustrel, e a problemática das crianças institucionalizadas; e ainda<br />

três Semanas Nacionais dedicadas à Bíblia e à área social, entre outras.<br />

No âmbito das artes, o Santuário, prosseguindo no seu objectivo pedagógico ao<br />

nível geral, lançará vários concursos literários; apresentará três encenações sobre a<br />

vida espiritual dos pastorinhos e a figura do Anjo, e duas peças de teatro; promoverá<br />

quatro exposições de arte sacra, a criação de um conjunto original de obras musicais,<br />

com destaque para uma Oratória à Santíssima Trindade, uma Cantata sobre o<br />

mistério de <strong>Fátima</strong>, e um Festival da canção sobre os Pastorinhos, direccionado em<br />

especial para os jovens; e patrocina uma tradução do tratado «De Trinitate» de Santo<br />

Agostinho.<br />

Na vertente da espiritualidade, haverá grande destaque para a meditação e a oração<br />

e estão já em preparação diversas peregrinações, retiros e vigílias.<br />

Concursos para crianças e jovens artistas<br />

Foram já lançados dois dos concursos artísticos previstos.<br />

Um, destinado a crianças do 1.º ciclo das escolas do país, tem por tema a figura<br />

do Anjo de <strong>Fátima</strong> e como objectivo despertar o interesse das crianças. Os trabalhos<br />

podem ser apresentados sob a forma de desenho ou texto manuscrito, até ao dia 15<br />

de Março de 2006.<br />

Um outro, de artes plásticas, sobre «a figura dos Anjos», destina-se a jovens<br />

artistas nacionais, estudantes dos ensinos secundário e superior, nas expressões de<br />

pintura, escultura e cerâmica e tem como prazo de entrega de 26 de Maio a 15 de<br />

Junho de 2006. O projecto, que visa despertar o interesse dos jovens pela temática<br />

religiosa, tem conta com parcerias da Sociedade Nacional de Belas Artes e o Colégio<br />

de S. Miguel, de <strong>Fátima</strong>.<br />

As inscrições nos concursos são gratuitas e os regulamentos, textos de apoio e<br />

fichas de inscrição podem obter-se em www.santuario-fatima.pt (link “90 anos”), ou<br />

junto do Secretariado dos 90 anos das Aparições – Santuário de <strong>Fátima</strong>).<br />

Bento XVI em <strong>Fátima</strong><br />

A vinda do Papa Bento XVI a <strong>Fátima</strong> traria ainda maior impacto às comemorações<br />

do 90º aniversário das aparições da Cova de Iria. Contudo, é apenas uma<br />

conjectura. Segundo D. Serafim, bispo da <strong>Diocese</strong>, Julho de 2006 seria uma data favorável,<br />

dado que, nesse mês, o Papa vai estar em Valência (Espanha) no V Encontro<br />

Mundial das Famílias. “Outra hipótese é em Maio 2007, havendo um retardamento<br />

do processo de canonização dos Pastorinhos”, disse ainda D. Serafim.<br />

180 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Outras notícias do Santuário…<br />

Em Destaque<br />

Embaixador da Indonésia visitou <strong>Fátima</strong><br />

O embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco Xavier Lopes da Cruz, visitou<br />

o Santuário de <strong>Fátima</strong>, no passado dia 10 de Setembro e participou na missa das<br />

18h30 celebrada na Basílica. Dias depois regressou para tomar parte na Peregrinação<br />

aniversaria de 13 de Setembro.<br />

No testemunho que registou no Livro de Honra do Santuário, Francisco Lopes da<br />

Cruz sublinhou a grande devoção pessoal à Virgem de <strong>Fátima</strong> e referiu o significado<br />

da sua visita. “A minha nomeação como Embaixador da Indonésia para Portugal é<br />

um autêntico milagre de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, depois de dois anos de espera. É<br />

por isso que hoje estou aqui para agradecer este grande favor da Mãe do Céu e, ao<br />

mesmo tempo, pedir-lhe graças para, no cumprimento da minha missão diplomática<br />

em prol da Indonésia e de Portugal, sem excluir Timor-Leste, faça tudo de acordo<br />

com a vontade do Seu filho, e para maior honra e glória de Deus”. O diplomata<br />

manifestou também a intenção de participar em todas as peregrinações aniversárias,<br />

enquanto estiver em Portugal ao serviço na Embaixada da Indonésia.<br />

Escolas consagradas a Nossa Senhora<br />

No passado dia 13 de Setembro, no Santuário de <strong>Fátima</strong>, em inícios de mais um<br />

ano escolar em Portugal, rezou-se pela qualidade da educação e do ensino. “Nesta<br />

semana de início oficial e de abertura solene do novo ano lectivo consagremos a<br />

Nossa Senhora as nossas escolas para que eduquem e ensinem, com valor e qualidade,<br />

assumindo a matriz cultural cristã que oferece ao saber a adquirir o necessário e<br />

imprescindível complemento da sabedoria dos dons do Espírito. Só esta sabedoria<br />

e discernimento que nos vem de Deus, a Sua ajuda e a Sua bênção sustentarão projectos<br />

educativos consolidados”, afirmou durante a homilia D. António Francisco<br />

dos Santos, Bispo Auxiliar de Braga, que presidiu à Peregrinação Internacional de<br />

Setembro.<br />

Rezou-se também pelas famílias, “berço da vida e da vocação”. “Que elas sejam<br />

santuário de vida, comunidades de amor abençoado por Deus e igrejas domésticas,<br />

onde germinem e cresçam vocações para a vida sacerdotal, religiosa, missionária e<br />

para a vida consagrada no mundo”, pediu D. António Francisco.<br />

A todos os participantes na Eucaristia, o Bispo Auxiliar de Braga falou sobre a<br />

centralidade dos santuários na vivência da fé, “na valorização do espírito orante e<br />

contemplativo, na formação religiosa dos crentes, na leitura da Palavra de Deus, na<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 181


Em Destaque<br />

celebração dos sacramentos, particularmente da Reconciliação e da Eucaristia, no<br />

crescimento do espírito comunitário, na consolidação da unidade e comunhão da<br />

Igreja, no acolhimento e discernimento das vocações, nos encontros de movimentos<br />

e grupos apostólicos, na partilha gratuita e no serviço generoso da caridade aos mais<br />

pobres e neste acordar em cada um de nós do espírito de peregrinos à procura de<br />

Deus e dos seus dons, permitindo-nos estabelecer com Ele um diálogo mais denso<br />

e prolongado”.<br />

“A nossa missão convida-nos, no momento histórico presente, a transformarmos<br />

com paciência e perseverança a nossa terra num povo reconciliado, justo e fraterno,<br />

e um mundo a braços com a ausência, o vazio ou a nostalgia de Deus numa humanidade<br />

recriada e redimida onde haja lugar para Deus, tempo e espaço para a oração<br />

e se abram caminhos de santidade, de virtude e de bem. Onde a vida seja um direito<br />

sagrado, inalienável, defendido e respeitado desde a sua concepção”, disse D. António<br />

Francisco dos Santos a propósito do tema da peregrinação mensal: “Que vos<br />

ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12).<br />

12 e 13 Maio em DVD<br />

Em 12 de Outubro foi apresentado em <strong>Fátima</strong> um DVD que documenta as cerimónias<br />

da Peregrinação internacional de Maio passado. Em 2 horas e 4 minutos<br />

o DVD resume os dias 12 e 13 na Cova da Iria, e inclui um extra de dois grupos de<br />

peregrinos a pé, de forma a abordar as vertentes física e espiritual da peregrinação e<br />

a captar o seu testemunho de fé e de vida. Credibilizado com a revisão do Santuário<br />

de <strong>Fátima</strong>, este produto comercial tem também uma vertente humanitária: na apresentação<br />

do DVD em <strong>Fátima</strong> foi já entregue ao presidente da Caritas Portuguesa um<br />

cheque no valor de 5 mil euros para as vítimas do terramoto que assolou os países da<br />

Ásia, e por cada unidade vendida, será doado 1 euro à mesma instituição.<br />

Defender a vida é defender a paz<br />

Na Peregrinação Internacional de Outubro, o Cardeal Carlos Amigo Vallejo, que<br />

presidiu, deixou no vários apelos em defesa da vida, “condição imprescindível para<br />

seguir os caminhos da paz”.<br />

Numa altura em que o debate sobre o aborto é relançado, o Cardeal afirmou<br />

que “se Cristo morreu por todos, ninguém tem o direito de roubar a vida de outro<br />

homem. Somente Deus é o dono da vida de cada um”. Lembrou também que a<br />

Mensagem de <strong>Fátima</strong> “permanece actual” e desafia a “buscar, por todos os meios, o<br />

respeito por todos os homens e mulheres, defendendo a vida de cada pessoa desde a<br />

sua concepção até ao momento da sua morte”.<br />

D. Carlos Amigo Vallejo denunciou ainda as guerras que assolam o mundo, as<br />

182 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

violações dos direitos humanos e todas as “agressões à vida”. Falando aos jornalistas<br />

referiu os milhares de imigrantes africanos que têm tentado entrar no sul de<br />

Espanha: “um imigrante não é apenas um faminto, não é um turista pobre, deve ser<br />

olhado com respeito”. E sublinhou que para solucionar o problema de Melilla e<br />

Ceuta, “a primeira coisa a fazer é tirar todas as muralhas e construir muitas pontes”.<br />

“Temos de contribuir para que estas pessoas tenham conforto e desenvolvimento”,<br />

acrescentou.<br />

Reflectir sobre a sexualidade humana<br />

A temática pastoral do Santuário para o ano 2006 foi apresentada no passado dia<br />

12 de Outubro, em <strong>Fátima</strong>. Tendo como base o sexto mandamento, o tema «Guardar<br />

Castidade», “é relativo às acções do exercício da sexualidade e, portanto, a atenção<br />

irá recair sobre o casamento e sobre o uso da sexualidade”, disse o reitor do Santuário<br />

de <strong>Fátima</strong>, padre Luciano Guerra, em conferência de imprensa.<br />

Missa da Esperança em <strong>Fátima</strong><br />

O Santuário de <strong>Fátima</strong> acolheu pela terceira vez, no passado dia 6 de Novembro,<br />

a «Missa da Esperança», a pedido do Conselho da Comunidade Luso-brasileira.<br />

Ao dirigir-se aos mais de 100 mil participantes, o Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> apelou<br />

ao esforço dos católicos no sentido de se pôr termo à exclusão social, lutando contra<br />

a marginalização de pessoas, e evocou os acontecimentos violentos das últimas<br />

noites em Paris e noutras cidades francesas, realçando a problemática da integração<br />

dos jovens envolvidos.<br />

Após a Eucaristia, milhares de pessoas rezaram a oração do Rosário, na Capelinha<br />

das Aparições, juntamente com Maria Bethânia, Joanna, Kátia Guerreiro, Marco<br />

Paulo e o padre António Maria que cantaram a Nossa Senhora, levando, em alguns<br />

momentos, muitos dos fiéis à emoção. Nesta celebração participaram ainda a actriz<br />

Christiane Torloni, a apresentadora Ana Maria Braga e o Seleccionador nacional de<br />

futebol, Luís Felipe Scolari, que apresentaram algumas preces à Virgem de <strong>Fátima</strong>.<br />

Lisboa consagrou-se à Virgem<br />

No âmbito do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, a cidade de<br />

Lisboa consagrou-se a Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>. A imagem que habitualmente se<br />

encontra na Capelinha das Aparições, foi levada para Lisboa e com ela a coroa na<br />

qual foi incrustada a bala que feriu o Papa João Paulo II no atentado da Praça de S.<br />

Pedro, em Roma. Esta foi a nona saída da imagem que se encontra na Capelinha das<br />

Aparições.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 183


Em Destaque<br />

Enciclopédia de <strong>Fátima</strong><br />

A “Enciclopédia de <strong>Fátima</strong>” é um projecto que o Serviço de Estudos e Difusão<br />

do Santuário (SESDI) tem entre mãos, como informou, em conferência de imprensa,<br />

o director do serviço, Pe Dr Luciano Coelho Cristino. A ser editada pela Principia,<br />

está a ser executada sob a direcção científica do Pe Luciano Cristino e de D. Carlos<br />

Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa. Na mesma conferência foi apresentado o 3º tomo<br />

do volume 3 da Documentação Crítica de <strong>Fátima</strong>, com documentação que abrange o<br />

período de 1920 a 1922, e referente sobretudo à acção do primeiro bispo da <strong>Diocese</strong><br />

de <strong>Leiria</strong> restaurada, D. José Alves Correia da Silva, que nomeou uma comissão de<br />

avaliação dos acontecimentos de <strong>Fátima</strong>.<br />

Na mesma conferência de imprensa salientaram-se ainda duas intervenções. O<br />

novo director do Serviço de Peregrinos, Pe Dr Virgílio do Nascimento Antunes,<br />

apresentou e indicou os objectivos do serviço que coordena. E o director do Serviço<br />

de Ambiente e Construções, Reitor do Santuário, informou que se previa para 15<br />

de Janeiro a conclusão da primeira fase das obras da Igreja da Santíssima Trindade,<br />

data em que entrarão em execução novas fases da empreitada, e que se iria proceder<br />

a uma a restruturação da zona dos tocheiros (queima das velas) e da envolvente da<br />

capelinha, de forma a dar mais dignidade a esse espaço.<br />

Mostra filatélica em Tui homenageia Irmã Lúcia<br />

Filatelistas galegos e portugueses organizaram, na Área Panorâmica da cidade de<br />

Tui, uma exposição sobre temas religiosos, que pretende homenagear a Irmã Lúcia,<br />

vidente de <strong>Fátima</strong>. É uma iniciativa conjunta dos Correios espanhóis e do Grupo<br />

Filatélico de Tui, instituições que emitiram um carimbo de “Homenaje a Sor Lucía”,<br />

com figuras de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong> e dos Pastorinhos, que está a ser aposto na<br />

correspondência expedida daquele espaço de cultura tudense.<br />

No catálogo da exposição insere-se um artigo que propõe uma emissão filatélica<br />

conjunta Espanha/Portugal, de homenagem à Irmã Lúcia. A mostra inclui ainda “Os<br />

Selos de Portugal” sobre Nossa Senhora do Rosário de <strong>Fátima</strong>, emitidos desde 1948,<br />

no território continental e em Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola,<br />

Moçambique, Macau e Timor.<br />

A Canonização dos Pastorinhos avança<br />

O vice-postulador para a causa da canonização dos Pastorinhos, padre Luís Kondor,<br />

entregou no passado dia 30 de Dezembro, no Vaticano, os exames médicos de<br />

um menino curado de diabetes, devido à intervenção dos videntes de <strong>Fátima</strong>. “Se<br />

tudo correr como desejado, o Colégio de Cardeais poderá dar aval à canonização nos<br />

próximos meses e abrir caminho à primeira visita do Papa Bento XVI a Portugal.<br />

184 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Todos o desejamos, mas depende sempre de Roma”, afirma o vice-postulador.<br />

O processo canónico de canonização, iniciado em Outubro de 2004, baseia-se<br />

na possibilidade de ter havido um milagre através da intercessão dos Pastorinhos<br />

de <strong>Fátima</strong>, a cura de um bebé, Filipe Moura Marques, agora com 5 anos, filho de<br />

pais portugueses residentes na Suíça, que terá acontecido em Maio de 2000. A mãe<br />

assistia à beatificação dos Pastorinhos, pela televisão, e ajoelhou-se com o pequeno<br />

ao colo, a rezar. Mais tarde, ao fazer o controlo diário da diabetes, verificou que os<br />

valores estavam alterados e o menino não voltou a precisar de insulina.<br />

Já em 2005, no dia 19 de Fevereiro, foi entregue na Congregação para as Causas<br />

dos Santos a chamada “Positio Super Miraculum” para a canonização de Jacinta e<br />

Francisco Marto, o que implica que o processo documental está completo, traduzido<br />

em italiano, definitivamente encerrado e entregue ao Cardeal Prefeito da Congregação.<br />

Após a análise dos documentos, sete médicos apresentarão uma declaração,<br />

que, no caso de ser positiva, isto é, de confirmar a cura inexplicável no estado actual<br />

da ciência, permitirá à Congregação declarar o milagre da intercessão por Francisco<br />

e Jacinta. Posteriormente, os teólogos examinam o caso, para ver se a referida cura<br />

se pode ou deve atribuir ao poder e intercessão dos dois Pastorinhos. As conclusões,<br />

dos médicos e dos teólogos, serão submetidas ao exame da ‘Ordinaria’ da Congregação,<br />

composta por 30 membros, entre Cardeais, Arcebispos e Bispos.<br />

Passagem de Ano diferente<br />

A Basílica do Rosário de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong> esteve repleta de fiéis que<br />

aí quiseram passar a última noite do ano. A simplicidade e a oração foram as notas<br />

dominantes da última Eucaristia de 2005, celebrada em acção de graças pelos benefícios<br />

recebidos do Senhor ao longo de 2005. Presidiu D. Serafim Ferreira Sousa e<br />

Silva e concelebraram mais de duas dezenas de sacerdotes, vindos dos cinco continentes.<br />

Na sua homília o bispo da <strong>Diocese</strong> centrou-se na tarefa da construção de um<br />

mundo com paz.<br />

Mais um tomo da “Documentação Crítica de <strong>Fátima</strong>”<br />

O Santuário de <strong>Fátima</strong> acaba de editar mais um tomo da Documentação Crítica<br />

de <strong>Fátima</strong>. Trata-se do tomo 3º do terceiro volume, que recolhe toda a documentação<br />

produzida entre 6 de Agosto de 1920 e 2 de Maio de 1922, isto é, desde a tomada de<br />

posse de D. José Alves Correia da Silva, como primeiro bispo da diocese restaurada<br />

de <strong>Leiria</strong>, até à véspera da data da Provisão que abriu o processo canónico diocesano<br />

para averiguação dos factos ocorridos em 1917, em <strong>Fátima</strong>.<br />

Desde 1992, já foram publicados os seguintes volumes: o 1º volume insere todos<br />

os documentos dos interrogatórios oficiais e particulares feitos aos videntes, entre<br />

Maio de 1917 e Abril de 1919, num total de 59 documentos; o 2º volume inclui a do-<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 185


Em Destaque<br />

cumentação do chamado “Processo Canónico Diocesano de <strong>Fátima</strong>”, iniciado com a<br />

Provisão episcopal “A Divina Providência”, de 3 de Maio de 1922 e terminado com<br />

a “Carta Pastoral sobre o Culto de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>”, de 13 de Outubro de<br />

1930, pela qual D. José declarava “como dignas de crédito as visões das crianças<br />

na Cova da Iria” e permitia “oficialmente o culto de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>”.<br />

Este volume é constituído por 11 documentos e mais 17 casos de curas, referidas<br />

sucintamente no relatório final da comissão canónica, apresentado ao Sr. Bispo de<br />

<strong>Leiria</strong>, e que foram publicadas no jornal “Voz da <strong>Fátima</strong>”, fundado a 13 de Outubro<br />

de 1922.<br />

Desde o ano de 2002, resolveu-se retomar a edição científica de toda a documentação<br />

conhecida, por ordem cronológica, desde o ano das aparições. Assim, o<br />

primeiro tomo do 3º volume inclui todos os documentos do período que vai de Maio<br />

de 1917 a 13 de Maio de 1918, com um total de 376 documentos, excluindo os já<br />

editados no 1º volume (que são simplesmente referenciados); o segundo tomo do<br />

mesmo volume, com documentação do período de 18 de Maio de 1918 a 30 de Julho<br />

de 1920, num total de 198 documentos.<br />

O terceiro tomo do 3º volume, agora editado, que abrange o período já indicado,<br />

inclui um total de 228 documentos, entre os quais 147 cartas, 22 documentos<br />

de carácter oficial, 12 notas ou apontamentos, uma memória, 44 artigos de jornal,<br />

um testemunho ou depoimento (relato de graças obtidas) e um livro (Os Episódios<br />

Maravilhosos de <strong>Fátima</strong>, do Dr. Manuel Nunes Formigão). Juntam-se em apêndice<br />

sete fotografias, também da época referida. No período em análise, foram vários os<br />

acontecimentos que levaram à produção de documentos: as primeiras intervenções<br />

do novo bispo na Cova da Iria; a ida da vidente Lúcia para a cidade do Porto, em<br />

Junho de 1921; e a dinamitação da Capelinha das Aparições, na madrugada de 6 de<br />

Março de 1922. São publicadas neste tomo as primeiras 11 cartas da Lúcia, dez das<br />

quais foram escritas à sua mãe, e o seu primeiro depoimento autógrafo, redigido a<br />

5 de Janeiro de 1922, sobre os “Acontecimentos de 1917”, a que podemos chamar,<br />

uma primeira memória da vidente, no estilo das que viria a escrever posteriormente.<br />

A grande maioria dos documentos editados neste tomo (41,7%) pertence ao chamado<br />

Arquivo Formigão, das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de<br />

<strong>Fátima</strong>.<br />

Já começou a preparação de um novo tomo, o primeiro do quarto volume, com<br />

documentação produzida desde Maio de 1922 até 12 de Outubro do mesmo ano,<br />

véspera do início da publicação do jornal “Voz da <strong>Fátima</strong>”.<br />

Aos leitores do “<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>” fazemos um apelo: que as pessoas possuidoras<br />

de documentos de todos os tipos, relacionados com as aparições de <strong>Fátima</strong>, os<br />

videntes, o Santuário, etc., desde 1917, os dêem a conhecer, nos seus originais ou<br />

cópias, para: Serviço de Estudos e Difusão (SESDI), Santuário de <strong>Fátima</strong>, Apartado<br />

31 – 2496-908 FÁTIMA; e-mail: sesdi@santuario-fatima.pt; fax.: 249539605.<br />

P. Luciano Cristino - SESDI<br />

186 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Cáritas coordena<br />

Ajuda a vítimas dos incêndios<br />

“Primeiro as pessoas”, recomendou D. Serafim, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, aos<br />

representantes da Cáritas acerca dos modos de intervenção daquele serviço diocesano<br />

em favor das vítimas dos incêndios. Atender às pessoas, as socialmente mais<br />

fragilizadas, as que tudo perderam, mesmo as suas próprias casas, para que possam,<br />

quanto antes, conhecer um novo tecto que as abrigue e recomeçar as suas vidas com<br />

coragem e confiança, foi a prioridade estabelecida.<br />

A Cáritas desdobrou-se em reuniões de trabalho com as Câmaras de <strong>Leiria</strong>,<br />

Pombal e Ourém, e visitou as freguesias de Albergaria dos Doze, Carnide, Colmeias,<br />

Souto da Carpalhosa, Freixianda, Casal dos Bernardos e Matas, contactando<br />

com muitas famílias, párocos e grupos paroquiais sócio-caritativos, sempre com o<br />

objectivo de conhecer as situações, estabelecer prioridades, definir e articular as<br />

respostas possíveis e mais necessárias, e concretizar uma efectiva comunhão com os<br />

que sofrem. Este trabalho conjunto conduziu à decisão de construir, em diversas freguesias<br />

dos concelhos de <strong>Leiria</strong>, Ourém e Pombal, 15 habitações novas de tipologia<br />

dimensionada à composição dos respectivos agregados. Protocolos de cooperação<br />

entre a Cáritas e aquelas Câmaras consagram as competências respectivas: à Cáritas<br />

o pagamento das construções, e às Câmaras a elaboração dos projectos necessários,<br />

a isenção das taxas e o acompanhamento técnico das obras. A Caritas propõe-se<br />

também ajudar na recuperação de habitações parcialmente afectadas, de famílias de<br />

recursos mais modestos.<br />

A recuperação de uma das casas, no lugar de Várzeas, freguesia do Souto da Carpalhosa,<br />

importou em 6 534,00 euros e foi a primeira em todo o país. Seguiu-se uma<br />

recuperação idêntica, no lugar do Valongo, da freguesia de Colmeias, que importou<br />

em 2 420,00 euros, numa colaboração entre a Cáritas e a Conferência de S. Vicente<br />

de Paulo daquela paróquia. Entretanto, cinco famílias da Ilha, Carnide e Albergaria<br />

dos Doze receberam uma casa nova como prenda de Natal da Cáritas e da Câmara de<br />

Pombal, construções de raiz que foram uma resposta recorde a esta necessidade. “A<br />

agilização de procedimentos por parte das Câmaras e a boa vontade de todos, são um<br />

bom sinal de que, em conjunto, podemos resolver muitas dificuldades, não apenas<br />

na presente crise dos incêndios, mas criando também dinâmicas permanentes”. As<br />

palavras são de Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, proferidas na<br />

cerimónia de entrega das chaves, no passado dia 23 de Dezembro. “Não houve burocracia,<br />

mas acção e solidariedade” disse Eugénio Fonseca, em sintonia com Narciso<br />

Mota, presidente da Câmara de Pombal: “A Cáritas não ficou pelas retóricas, mas<br />

veio com acção e factos concretos”. Um e outro, com Ascenso Simões, secretário de<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 187


Em Destaque<br />

Estado da Administração Interna, e Carlos Jorge, presidente da Cáritas de <strong>Leiria</strong>, expressaram<br />

a mútua congratulação pelo trabalho já realizado e sublinharam o espírito<br />

de colaboração e o trabalho em parceria, que estão na base dos resultados já à vista<br />

de todos. O secretário de Estado enalteceu ainda o espírito de missão que caracteriza<br />

este projecto, referiu-se a Pombal como “um bom exemplo de como somos grandes<br />

nos momentos difíceis” e agradeceu “a acção relevantíssima da Caritas”.<br />

Na cerimónia estiveram o vigário-geral, padre Jorge Guarda, que procedeu à<br />

bênção das novas habitações, o Governador Civil de <strong>Leiria</strong>, os párocos de Carnide e<br />

Albergaria dos Doze, bem como representantes da Cáritas de <strong>Leiria</strong> e de Coimbra e<br />

da Cáritas Paroquial de Carnide.<br />

O milagre da entrega, quatro meses após a tragédia, e de outras que se seguirão,<br />

foi possível graças ao esforço de muitas entidades, e sobretudo, à solidariedade de<br />

milhares de portugueses, sobretudo das comunidades cristãs, que corresponderam ao<br />

apelo da Caritas. Continua a recolha de donativos que poderão ser entregues em qualquer<br />

paróquia ou na Cáritas Diocesana, ou depositados em qualquer balcão da CG-<br />

Depósitos, na conta “Renascença Caritas – Ajuda Portugal”, nº 0697602410830.<br />

«10 Milhões de Estrelas» pela paz<br />

«Dez Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» é o nome da iniciativa que<br />

a Cáritas Portuguesa promoveu neste Natal, pelo terceiro ano consecutivo, tendo<br />

por finalidade fomentar a paz, a solidariedade e a reconciliação, nas famílias, na<br />

sociedade, em todos os espaços de vida das pessoas. Pretendeu-se iluminar a quadra<br />

natalícia, tocando toda a população, independentemente das opções políticas ou religiosas:<br />

“É muito importante conseguir a adesão daqueles que estão afastados ou não<br />

se identificam com a nossa matriz cristã, mas que têm em comum connosco estes<br />

valores universais: paz e solidariedade”, afirmou o director da Cáritas Portuguesa.<br />

Nesse sentido, procurou-se atingir o maior número formal de crianças e jovens das<br />

escolas e universidades, porque “mais generosas e sensíveis a estas problemáticas”.<br />

A operação comportou dois momentos. Um, de cariz pessoal e familiar, na noite<br />

de Natal, com uma vela acesa, à janela de cada casa, símbolo do compromisso dos<br />

que nela habitam, de contribuir para a edificação da paz. O outro momento envolveu<br />

a iluminação de um espaço público, num ambiente festivo e teve lugar em todas as<br />

dioceses de Portugal, no dia 10 de Dezembro. Em <strong>Leiria</strong>, realizou-se no jardim da<br />

cidade, ao fim da tarde, com a participação de diversos grupos de animação musical<br />

e a presença de entidades civis e religiosas. No final, a chama de centenas de fotóforos<br />

fez encher de luz o espaço envolvente, representando o compromisso pessoal e<br />

colectivo de contribuir para a edificação da paz.<br />

Os fundos resultantes (80 cêntimos por vela) reverteram para uma causa internacional:<br />

30% para as crianças de S. Tomé e Príncipe e 70% para o apoio da Cáritas de<br />

Leira a crianças da <strong>Diocese</strong> em situação de insuficiência grave.<br />

188 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Encontro nacional dos capelães hospitalares<br />

Assistência espiritual na saúde<br />

É preciso que todos tenham<br />

direito à assistência espiritual na<br />

doença. Este foi um dos alertas<br />

deixados por mais de meia centena<br />

de Capelães e Assistentes<br />

Espirituais Hospitalares de todo<br />

o país, que se reuniram, a 21 de<br />

Novembro, com o objectivo de<br />

reflectir sobre o seu estatuto e a<br />

sua missão no contexto do Serviço<br />

Nacional de Saúde.<br />

No encontro que contou com<br />

a participação do Dr. Alexandre<br />

Diniz, responsável pela Direcção<br />

de Serviço da Prestação de<br />

Cuidados de Saúde da Direcção-<br />

Geral de Saúde, e com a presença<br />

do Cardeal Javier Lozano Barragán, Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da<br />

Saúde, reafirmou-se a importância do serviço realizado pelos cerca de duzentos Padres,<br />

Diáconos e Religiosos/as que desempenham a tarefa de Capelães e Assistentes Espirituais<br />

e reconheceram-se inúmeras dificuldades com que muitas Capelanias se defrontam.<br />

As dúvidas na interpretação da legislação, que se traduzem na recusa de alguns<br />

Hospitais em contratar Capelães, e a falta de uma definição clara da situação orgânica<br />

das Capelanias no contexto das instituições, constituem alguns problemas<br />

fundamentais.<br />

“Queremos que os nossos irmãos, de todos os credos, tenham iguais facilidades<br />

de acesso para que todos tenham assistência espiritual no tempo da doença”, referiu<br />

o Padre José Nuno, Coordenador dos Capelães Hospitalares, que reconheceu as insuficiências<br />

que o actual modelo de Serviço Religioso Hospitalar comporta face ao<br />

crescente pluralismo que caracteriza a sociedade portuguesa.<br />

Outra das conclusões do encontro sublinha que o acompanhamento espiritual e<br />

a assistência religiosa são dimensões integrantes do processo terapêutico, e exigem<br />

o compromisso do Sistema e das estruturas de saúde. Por isso, os capelães e assistentes<br />

espirituais hospitalares são os primeiros a assumir como prioridade absoluta<br />

o desafio da Formação específica, afirmando que serão dados passos concretos para<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 189


Em Destaque<br />

a realização, em colaboração com as instâncias próprias do Ministério da Saúde,<br />

de um Curso de pós-graduação capaz de oferecer as competências necessárias ao<br />

cumprimento da sua tarefa.<br />

No encontro que precedeu a IX Conferência da Rede Europeia das Capelanias<br />

Hospitalares, a realizar de 17 a 21 de Maio de 2006, em Lisboa, a ideia de constituir<br />

uma Associação Nacional de Capelães e Assistentes Espirituais Hospitalares não<br />

chegou a concretizar-se por falta de acordo.<br />

Situação na <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> é motivo de preocupação<br />

O Pe João Trindade, único capelão da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, lamentou as dificuldades<br />

que a actual legislação lhe coloca no desempenho da sua missão. Quatrocentas<br />

camas é o número mínimo atribuído a cada Capelão ou Assistente Espiritual<br />

Hospitalar. No caso de <strong>Leiria</strong> o número ultrapassa as 500, o que significa que não<br />

pode haver mais nenhum capelão. “Há lacunas na lei, por isso não é possível que no<br />

Hospital de Santo André haja mais um capelão”, explica o Pe Trindade, “no entanto<br />

o número de doentes que tenho a meu cargo é manifestamente exagerado. Assim não<br />

me é possível prestar a assistência desejável”, lamenta.<br />

Numa altura em que a <strong>Diocese</strong> aposta tudo no «Acolhimento», tema do Projecto<br />

Pastoral para este ano, o seu Capelão Hospitalar afirma que “seria bom que a <strong>Diocese</strong><br />

tivesse também em consideração os Centros Hospitalares e Clínicas privados,<br />

nos quais se encontram também muitos cristãos sedentos da mesma assistência religiosa<br />

e espiritual. Seria importante que fosse nomeado algum Capelão ou Assistente<br />

Espiritual para estes centros de prestação de saúde privados”, para mais e melhor<br />

assistência espiritual, de forma programada.<br />

É no meio da habitual azáfama da assistência espiritual e religiosa aos mais de<br />

500 doentes do Hospital Distrital de <strong>Leiria</strong>, que o Pe Trindade consegue, a muito<br />

custo, encontrar algum tempo para responder às solicitações pontuais dos doentes<br />

internados nas clínicas e centros hospitalares privados, a título pessoal e por dedicação<br />

a um serviço que a <strong>Diocese</strong> deveria estruturar melhor. É também graças ao<br />

grupo de voluntários e de quatro «ministros extra-ordinários da comunhão» que o<br />

acompanham, que a assistência chega, mesmo assim, onde chega.<br />

Questionado acerca das reivindicações trazidas a publico pelos pastores de<br />

outras Confissões Religiosas, o Pe. Trindade desvaloriza-as, afirmando que, “por<br />

exemplo, em <strong>Leiria</strong> o número de doentes de outras Confissões Religiosas e Igrejas<br />

não católicas não ultrapassa os 2 por cento do total dos doentes”, e que o Hospital<br />

tem as suas portas abertas aos pastores que desejem acompanhar os doentes que o<br />

solicitem. “Eu próprio me prontifico a contactar os pastores de outras Confissões ou<br />

Igrejas, sempre que algum doente me manifeste esse desejo”, conclui.<br />

190 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Em Destaque<br />

Jovens sem Fronteiras<br />

As motivações dos Jovens<br />

Por Orlando Marques<br />

Decorreu nos passados dias 19 e 20 de Novembro, em <strong>Fátima</strong>, o Encontro Nacional<br />

de Animadores dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), um movimento missionário<br />

que se organiza em grupos paroquiais espalhados por todo o país e procura fazer<br />

animação missionária nas paróquias consciencializando-as da dimensão universal<br />

da Igreja. Cerca de 130 animadores dos cerca de 40 grupos vieram de todo o País,<br />

para juntos reflectirem sobre as motivações fundamentais dos jovens na sociedade<br />

em que vivem.<br />

Apesar de ligados à Família Espiritana, os JSF trabalham na sua própria comunidade<br />

paroquial, cultivando assim uma dupla dimensão: comunitária e universal.<br />

«A Ponte»<br />

Os JSF realizam actividades múltiplas de âmbito nacional e regional: férias<br />

missionárias, encontros nacionais, participação no <strong>Fátima</strong> Jovem, retiros, encontros<br />

regionais, encontros de animadores, e um encontro de oração mensal por região,<br />

cuja organização roda pelos vários grupos, e que “cada um dinamiza segundo a sua<br />

criatividade, e adapta de acordo com as características da sua região”, como refere a<br />

presidente nacional. Outra das actividades regionais é o «Dia da Fundação» de cada<br />

grupo, ao qual se associam os restantes grupos da região.<br />

Joana Araújo salienta ainda uma actividade de carácter internacional, denominada<br />

«A Ponte», que se traduz num projecto de voluntariado missionário num país de<br />

língua oficial portuguesa. Durante um mês, cerca de 15 jovens, representantes dos<br />

grupos do Minho ao Algarve, “integram uma missão trabalhando ao nível da saúde<br />

e da educação, de acordo com as características locais. Este ano foi no Brasil, em S.<br />

Cristóvão de Cabo Frio, a 150 km do Rio de Janeiro”.<br />

<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> tem com 4 grupos<br />

Os JSF já estão estruturados em quatro zonas: Minho, Douro, Centro e Sul. A<br />

diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> encontra-se integrada na região Centro e conta com quatro<br />

grupos de JSF das paróquias de Casal dos Bernardos, Nossa Senhora das Misericórdias<br />

de Ourém (Caneiro), Santa Eufémia, e Ribeira do Fárrio, cada um com cerca<br />

15 elementos.<br />

Lúcia Pedrosa, animadora do grupo de Santa Eufémia, nomeada vice-presidente<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 191


Em Destaque<br />

da região Centro este fim-de-semana, explicou que “os jovens aderem a este movimento<br />

por vontade própria, com o desejo de irem além do que se faz na paróquia, ao<br />

encontro da missão”. No entanto, integrados numa diocese, participam também em<br />

actividades diocesanas. É o caso do «Shema», da peregrinação diocesana a <strong>Fátima</strong><br />

e da vigília missionária. Contudo, “a dinâmica de trabalho é conjunta a nível nacional”,<br />

sublinha.<br />

Os Jovens gostam da Igreja<br />

No encontro, que serviu sobretudo para analisar e reflectir sobre o lugar dos<br />

jovens na missão eclesial, houve ainda espaço para eleger novos órgãos, tendo sido<br />

Iolanda Prino, animadora do grupo de JSF do Caneiro (Ourém) a escolhida para<br />

presidente da região Centro. Iolanda Prino revelou-nos o sentir dos jovens de hoje e<br />

referiu que “os jovens gostam de estar na Igreja, mas, muitas vezes, não há espaço<br />

para eles. Os mais velhos não os cativam e são os primeiros a criticar e a cortar-lhes<br />

as pernas. Os adultos vão à Igreja por tradição, os jovens têm vergonha de dizer por<br />

que não vão. Devemos ir à Igreja por querer”.<br />

Para os jovens, há muitos aspectos que a Igreja deveria rever. “A liturgia é um<br />

entrave”, afirma a animadora, explicando que, muitas vezes, “é a homilia do pároco<br />

que não atrai os jovens, outras vezes são os cânticos, ou outros aspectos que tornam<br />

as celebrações uma ‘seca’, daí não ajudarem a cativar para a participação na vida<br />

comunitária”.<br />

192 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


23 de Outubro, um domingo grande no Vaticano<br />

Em Destaque<br />

Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia,<br />

Dia das Missões e novos Santos<br />

O Domingo 23 de Outubro foi de festa<br />

no Vaticano. Na Eucarística que marcou o<br />

final dos trabalhos do Sínodo dos Bispos<br />

e o encerramento do Ano da Eucaristia<br />

convocado ainda por João Paulo II, Bento<br />

XVI canonizou os primeiros santos do seu<br />

pontificado.<br />

Na homilia proferida, o Papa sublinhou<br />

a importância do “dom precioso” do celibato<br />

sacerdotal e pediu coerência, na vida<br />

dos católicos, entre a fé que professam e os<br />

seus comportamentos.<br />

Durante três semanas o Sínodo debateu<br />

a escassez de sacerdotes e examinou também<br />

a perspectiva de ordenar homens casados<br />

que pareceu não ser solução. “Sobre<br />

o mistério eucarístico se funda o celibato que os presbíteros receberam como dom<br />

precioso e sinal do amor indiviso para com Deus e o próximo”, disse o Santo Padre,<br />

pedindo “a todos os membros da Igreja, em primeiro lugar aos sacerdotes, que reavivem<br />

o seu compromisso de fidelidade”.<br />

Bento XVI acrescentou uma palavra clara sobre a necessidade de coerência entre<br />

fé e vida, em particular para os leigos empenhados na política, quando se debatem<br />

leis contrárias à ética cristã: “Também para os leigos a espiritualidade eucarística<br />

deve ser o motor interior de toda a actividade e nenhuma dicotomia é admissível<br />

entre a fé e a vida na sua missão de animação cristã do mundo”.<br />

Mais de 60 mil peregrinos assistiram à apresentação dos novos santos que a<br />

Igreja apontou como “modelos para todos os crentes”: o chileno Alberto Hurtado<br />

Cruchaga (1901-1952), os italianos Felice da Nicosia (1715-1787) e Gaetano Catanoso<br />

(1879-1963), e ainda os polacos Jozef Bilczewski (1860- 1923) e Zygmunt<br />

Gorazdowski (1845-1920).<br />

Em Dia Mundial das Missões, O Papa sublinhou também o exemplo dos missionários<br />

que “testemunham o Evangelho, mesmo com o sacrifício da sua vida” e,<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 193


Em Destaque<br />

posteriormente, na recitação do Angelus, exortou os cristãos a “gastarem a sua vida<br />

pelo bem do mundo”, pois que, “sustentados pela união constante com o Senhor,<br />

realmente presente no sacramento da Eucaristia, poderemos viver a vocação a que<br />

cada cristão é chamado, isto é, ser pão partido pela vida do mundo”.<br />

“É particularmente significativo o nexo que existe entre a missão da Igreja e a<br />

Eucaristia. Com efeito, a acção missionária e evangelizadora é a difusão apostólica<br />

do amor que se encontra concentrado no Santíssimo Sacramento. Quem acolhe Cristo<br />

na realidade do seu corpo e sangue não pode guardar este dom, antes é levado a<br />

partilhá-lo no testemunho corajoso do Evangelho, no serviço aos irmãos em dificuldade,<br />

no perdão das ofensas”, acrescentou ainda.<br />

Bento XVI aludiu aos trabalhos do Sínodo dos Bispos, afirmando que “as suas<br />

reflexões, testemunhos, experiências e propostas foram recolhidas para ser elaborada<br />

uma exortação apostólica pós-sinodal que, tendo em conta as diversas realidades<br />

do mundo, ajuda a desenvolver o rosto da comunidade católica que tende a viver<br />

unida na pluralidade das culturas”.<br />

O exemplo dos Santos<br />

No dia seguinte, em audiência aos peregrinos participantes nas canonizações,<br />

vindos sobretudo da Polónia e do Chile. Para os polacos, o Papa evocou conjuntamente<br />

as virtudes do bispo Bilczewski e do padre Gorazdowski: “oração, amor à<br />

Eucaristia e prática da caridade” – “dando-se totalmente a Deus e ajudando eficazmente,<br />

do ponto de vista material e espiritual, os mais necessitados”. À intercessão<br />

de ambos confiou os fiéis da Ucrânia e da Polónia e as respectivas nações.<br />

Aos peregrinos chilenos, evocando a figura do Padre Hurtado, o Papa apontou<br />

como exemplo a “sua consciência filial diante do Pai, o espírito de oração, o profundo<br />

amor a Maria, a generosidade em dar-se completamente, a sua entrega e serviço<br />

aos pobres”.<br />

Em italiano, Bento XVI exortou os devotos de Gaetano Catanoso a seguirem os<br />

seus passos no “serviço aos últimos, aos mais distantes, abrindo-lhes o coração e<br />

restituindo-lhes a esperança”. “Ele anunciou com ardor apostólico o Reino de Deus,<br />

com a convicção de quem é testemunha; administrou os sacramentos e sobretudo<br />

a divina Eucaristia imergindo-se quotidianamente no mistério do amor oblativo de<br />

Cristo”.<br />

Finalmente, aos sicilianos vindos para a canonização de um modesto frade capuchinho,<br />

Bento XVI observou que, “num mundo fortemente tentado pela busca da<br />

aparência e do bem-estar egoísta, S. Félix recorda a todos que a verdadeira alegria<br />

se esconde muitas vezes nas pequenas coisas e se obtém cumprindo fielmente, em<br />

espírito de serviço, o dever de cada dia”.<br />

194 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

Acolhimento na catequese<br />

Integrada no tema do Acolhimento, a vigararia de <strong>Leiria</strong> planeou para o<br />

presente ano pastoral a criação de um postal a remeter às crianças que frequentam a<br />

catequese, por ocasião do aniversário do seu baptismo. O postal terá duas versões,<br />

uma adequada à infância e outra para a adolescência. A iniciativa visa “comprometer<br />

os catequistas, os pais e as crianças, dando a conhecer e celebrando momentos<br />

marcantes da vida cristã, como é o caso do baptismo”.<br />

Nova equipa no Seminário de <strong>Leiria</strong><br />

No passado dia 15 de Setembro, no Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>, procedeuse<br />

à entrada oficial da nova equipa sacerdotal responsável. Cerca de 25 sacerdotes<br />

concelebraram a Eucaristia, presidida pelo Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e participaram<br />

alguns professores, empregados e convidados. No início da celebração, D. Serafim<br />

apontou o Seminário como a prioridade da acção pastoral, teceu considerações sobre<br />

a sua integração na Igreja diocesana, agradeceu aos membros da equipa cessante e<br />

pediu o empenho de todos para o prosseguimento deste projecto essencial. Depois,<br />

o novo reitor fez a profissão de fé e o juramento, e usou da palavra para referir os<br />

principais projectos em mente, agradecer aos antecessores e pedir a colaboração<br />

dos sacerdotes, presentes e ausentes. Terminada a celebração, todos os participantes<br />

confraternizaram no refeitório principal.<br />

A actual equipa responsável pelo Seminário assegura o acompanhamento dos 7<br />

jovens que no presente ano lectivo integram o Tempo Propedêutico, e é composta<br />

pelo Pe. Manuel Armindo Pereira Janeiro (reitor), Pe. Pedro Miguel Ferreira Viva<br />

(secretário e prefeito) e Pe. Luís Miguel Gonçalves de Miranda (director Espiritual),<br />

este último da diocese de Coimbra.<br />

Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da <strong>Diocese</strong><br />

As religiosas e religiosos naturais de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> realizaram um Encontro-<br />

Peregrinação, no dia 17 de Setembro, para celebrar e dar graças pelo dom da sua<br />

vocação na Igreja. O encontro teve por tema “a Eucaristia na Vida e Missão dos<br />

Religiosos e Religiosas”. Do programa constaram reflexões, testemunhos, Eucaristia<br />

e convívio. Dos cerca de 400 membros dos institutos religiosos, naturais da diocese<br />

de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, participaram cerca 150 naturais de 40 paróquias da <strong>Diocese</strong> e<br />

membros de cerca de trinta institutos. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo<br />

diocesano, presidiu à Eucaristia.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 195


Notícias<br />

Novo livro homenageia o padre Lacerda<br />

No passado dia 24 de Setembro, no Arquivo Distrital de <strong>Leiria</strong>, teve lugar a<br />

apresentação do livro “O Padre Lacerda, Reitor dos Milagres”, da autoria de Ambrósio<br />

Ferreira. Estiveram presentes amigos, admiradores e outras personalidades que, desta<br />

forma, quiseram recordar e conhecer melhor aquele que foi um dos sacerdotes mais<br />

influentes na <strong>Diocese</strong> e no Distrito. Para além de Reitor dos Milagres, o Pe Lacerda<br />

foi também o fundador do semanário O Mensageiro que teve a sua primeira edição<br />

em 7 de Outubro de 1914, com uma tiragem de 700 exemplares, e cujo principal<br />

objectivo era ser porta-voz da luta pela restauração da <strong>Diocese</strong>.<br />

Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

D. Joaquim Justino Carreira, natural da paróquia de Santa Catarina, onde<br />

nasceu a 24 de Janeiro de 1950, e actualmente bispo auxiliar de S. Paulo, Brasil,<br />

depois de ter sido ordenado no passado mês de Maio, esteve em <strong>Leiria</strong> durante o<br />

mês de Setembro. No dia 28, celebrou a Eucaristia na Sé, acompanhado por três<br />

sacerdotes do Brasil e alguns amigos e familiares, e outros fiéis que se associaram.<br />

Ao agradecer a presença de todos, confessou a sua satisfação: “fiquei muito feliz<br />

por esta celebração da missa na Sé da diocese onde nasci”. No final da missa teve<br />

um encontro com o bispo da <strong>Diocese</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que o<br />

recebeu na casa episcopal.<br />

D. Joaquim, aos dez anos de idade, partiu com os pais e os irmãos para o Brasil<br />

onde viria a fazer os estudos teológicos e a ser ordenado presbítero em 1977, na<br />

catedral de Jundiaí, depois de ter sido ordenado diácono em Santa Catarina da<br />

Serra, por D. João Pereira Venâncio, então Bispo de <strong>Leiria</strong>. Na diocese de Jundiaí<br />

desempenhou variadas funções pastorais e obteve o mestrado em Matrimónio e<br />

Família pelo Pontifício Instituto para a Família, Pontifícia Universidade Lateranense,<br />

em Roma.<br />

Há cerca de um ano, numa outra passagem por Portugal, fez a peregrinação a pé<br />

desde <strong>Fátima</strong> até S. Tiago de Compostela, caminhando durante 16 dias.<br />

Encontro Diocesano de Catequistas<br />

Realizou-se, no dia 2 de Outubro, no salão do Colégio da Cruz da Areia, o XXXV<br />

Encontro Diocesano de Catequistas da nossa diocese, com o tema: “O Acolhimento<br />

em Catequese e na Comunidade”, desenvolvido pelo padre João Ribeiro, da<br />

diocese do Porto. Depois da reflexão temática, houve ainda um momento de oração<br />

comunitária e a apresentação do programa catequético do próximo ano. O objectivo<br />

desta iniciativa anual é “ajudar as comunidades cristãs a renovarem a catequese para<br />

196 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

que responda cada vez melhor aos desafios lançados pelas crianças e adolescentes”.<br />

De tarde, os catequistas participaram na Assembleia Diocesana comum.<br />

Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de Carrilhão<br />

No passado dia 5 de Outubro, na Catedral de <strong>Leiria</strong>, decorreu uma sessão<br />

comemorativa do 8º aniversário do Grande Órgão, conjuntamente com a inauguração<br />

do Curso Oficial de Carrilhão. A sessão constou de dois concertos, o primeiro às<br />

15h00, com o carrilhanista de Mafra, Abel Chaves, que contou com a participação<br />

de alguns alunos da escola. O segundo, pelas 16h30, já no interior da Sé, com o<br />

conceituado organista italiano Luca Antoniotti.<br />

Central FM premeia Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />

“Por um mundo melhor” foi o tema escolhido para a 13ª gala da rádio leiriense<br />

Central FM, que se realizou no passado dia 20 de Outubro, no auditório Paulo VI<br />

(<strong>Fátima</strong>). Para além da música, dança e poesia, a gala também foi feita de distinções.<br />

De entre os premiados pela rádio leiriense, destacamos o bispo da diocese de <strong>Leiria</strong>-<br />

<strong>Fátima</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que recebeu o prémio “Prestígio<br />

Cidades de <strong>Leiria</strong> e <strong>Fátima</strong>”. Segundo Emília Pinto, esta escolha justifica-se por<br />

ser uma pessoa que “tem a ver com toda a região”. Numa alusão ao balanço, até ao<br />

momento, da sua missão enquanto Bispo diocesano “O momento mais marcante foi<br />

a beatificação dos pastorinhos”, referiu D. Serafim.<br />

Nova paróquia da Cruz da Areia<br />

No passado dia 23 de Outubro, na igreja da Cruz da Areia, tomaram posse o<br />

Conselho Económico, o Conselho Pastoral e o pároco da nova paróquia, erecta<br />

canonicamente em Julho passado. O Pe. Cristiano Saraiva foi nomeado como<br />

primeiro pároco à frente desta comunidade, e a paróquia passará a designar-se por<br />

“Paróquia de Santa Isabel de Portugal”.<br />

O acontecimento, histórico sobretudo para os cristãos da comunidade, foi<br />

solenizado com um programa especial que compreendeu, de manhã, a celebração da<br />

eucaristia e o juramento dos órgãos paroquiais. À tarde, as restantes oito paróquias da<br />

vigararia vieram associar-se, trazendo um quadro com uma frase bíblica, a marcar a<br />

elevação da Cruz da Areia ao estatuto de paróquia. Seguiu-se uma assembleia de início<br />

das actividades pastorais, onde foi apresentado o programa/calendário de actividades<br />

de toda a vigararia, no qual se destacam encontros e reuniões de formação para agentes<br />

dos diferentes sectores da pastoral, 3 tertúlias sobre o valor da vida, jornadas de pastoral<br />

urbana e o esforço de aplicar gestos de acolhimento na catequese e na liturgia.<br />

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Notícias<br />

A sessão continuou com um momento de oração conjunta e terminou com um<br />

convívio preparado pela paróquia da Cruz da Areia. A presença de muitos fiéis das<br />

diferentes paróquias tornou visível a unidade da igreja diocesana.<br />

Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vida<br />

No Dia Mundial das Missões, 23 de Outubro, a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e, de<br />

modo particular a paróquia dos Pousos, estiveram em festa. A Irmã Graça Maria dos<br />

Santos Lameiro fez os seus votos religiosos perpétuos na Congregação das Irmãs<br />

Missionárias da Consolata.<br />

A igreja paroquial dos Pousos, onde foi baptizada a Ir. Graça, foi pequena para<br />

o elevado número de participantes no acto realizado no decurso da celebração<br />

eucarística presidida pelo Bispo da diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.<br />

Concelebraram 15 padres, entre diocesanos e principalmente missionários da<br />

Consolata e participaram ainda muitas irmãs do mesmo instituto.<br />

Esta profissão religiosa perpétua, feita, como é habitual, perante a irmã provincial,<br />

na pessoa da madre Cesariana Corioni, significa o compromisso de se manter na vida<br />

religiosa por toda a vida.<br />

No fim de celebração, todos os presentes foram convidados para um lanche<br />

festivo que teve lugar num espaço anexo à igreja.<br />

Nota biográfica<br />

A irmã Graça Lameiro nasceu a 30/09/1967. É filha de António Gomes Lameiro<br />

e de Deolinda dos Santos Lameiro. Tem um irmão mais novo, o Paulo Lameiro.<br />

Entrou para a congregação missionária das irmãs da Consolata em 1994 e fez os<br />

primeiros votos religiosos em 1998. Durante o seu percurso na congregação, esteve<br />

sete anos em Itália, onde fez a maior parte da sua formação, dois e meio na Colômbia<br />

e um em Portugal. Nos tempos mais próximos, irá trabalhar na animação missionária<br />

no nosso país.<br />

Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de Ourém<br />

Realizou-se no passado dia 23 de Outubro, na paróquia de Nossa Senhora da<br />

Piedade, cidade de Ourém, o encerramento do Ano Eucarístico de toda a vigararia de<br />

Ourém. A Eucaristia que reuniu mais de 400 cristãos vindos de todas as paróquias,<br />

foi presidida pelo Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>, Pe. Jorge Guarda que, na homilia, se<br />

referiu à ligação da Eucaristia com o tema da <strong>Diocese</strong> para este ano – o acolhimento:<br />

“Se conhecesses o dom que Deus tem para te dar….”<br />

A celebração teve continuidade com a procissão eucarística através das ruas<br />

adjacentes e culminou com a adoração e a bênção do Santíssimo Sacramento.<br />

198 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Congresso Eucarístico da vigararia das Colmeias<br />

Notícias<br />

A vigararia das Colmeias promoveu, entre 28 e 30 de Outubro, um Congresso<br />

Eucarístico, no Centro Cultural de Albergaria dos Doze.<br />

A sessão de abertura, sexta-feira à noite, contou com a presença de D. Augusto<br />

César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, que falou sobre “Ir à missa<br />

porquê A importância da Missa na vida do cristão”.<br />

Os trabalhos continuaram na tarde de sábado, com a colaboração dos Padres<br />

Luciano Guerra, Virgílio Antunes e Jorge Guarda, que proferiram conferências<br />

com os títulos, respectivamente, de “Realmente Presente! A liturgia Eucarística”,<br />

“Deus fala! A Liturgia da Palavra”, “Como celebrar As palavras e os gestos da<br />

Eucaristia”.<br />

O encerramento do congresso, pelas 15h00 de domingo, contou com a presença<br />

do Bispo da <strong>Diocese</strong> que presidiu à Eucaristia.<br />

Convívio Fraterno 988<br />

“O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”. O desafio foi<br />

aceite por vinte e três jovens que se inscreveram no 988º Convívio, de 28 a 31 de<br />

Outubro no Seminário de <strong>Leiria</strong>.<br />

A onda inicial do “tá-se bem”, foi dando lugar ao encontro pessoal de cada um<br />

com o seu “agora” e a “vida de então”, ao dom do diálogo e ao despertar para olhares<br />

e sorrisos. Abrindo parêntesis, todos ficámos a saber que para esboçar um sorriso são<br />

necessários nada mais nada menos do que 17 músculos. Fechar parêntesis.<br />

Jesus, primeiro com o exemplo e depois com o grande mandamento “Amai-vos<br />

como eu vos amei”, é fonte de água viva e apelo sedutor a ser acolhido como dom<br />

do Pai.<br />

Aglutinados por esta força de amor, cada conviva remou à descoberta dos dons<br />

de Deus, verdadeiras âncoras para o “quarto dia” – “A água que eu darei vai tornar-se<br />

fonte que jorra para a vida eterna”.<br />

De cada compromisso fraternal brilha a chama, como que de um farol.<br />

Ao longo dos três dias, a partilha entre companheiros de viagem foi constante e a<br />

música uma presença. Até houve tempo para o “jogo de números”. O encerramento<br />

foi festa de família, partilha da fé e do amor. Os convivas, novos accionistas, foram<br />

testemunhas vivas de que “o essencial é invisível aos olhos”, portanto, não se<br />

aprende, “vê-se” só mesmo com o coração”.<br />

Em jeito de p.s. aqui fica o top musical C.F. 988 que a todos animou: “Estou<br />

alegre”, “Grita comigo”, “Deus precisa de ti” e claro está o hino conviva “Vai pelo<br />

mundo”.<br />

(Luzia Oliveira)<br />

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Notícias<br />

Conselho Pastoral Diocesano fora de portas<br />

O Conselho Pastoral da <strong>Diocese</strong> <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> realizou, no passado dia 29<br />

de Outubro, a terceira reunião do ano 2005. Pela primeira vez, reuniu-se fora do<br />

Seminário de <strong>Leiria</strong>, na igreja paroquial do Arrimal.<br />

Este facto permitiu aos membros do Conselho Pastoral tomar contacto com a<br />

realidade da <strong>Diocese</strong>, o que foi considerado muito importante e mais valia para o<br />

trabalho futuro, pelo que fica registada a intenção de repetir a experiência em outras<br />

áreas da diocese.<br />

Sendo a primeira sessão do ano pastoral 2005/2006, o assunto da ordem do dia<br />

foi o balanço do trabalho desenvolvido pelo Conselho no ano pastoral transacto<br />

e o planeamento do próximo. Sobre a actividade desenvolvida, é de registar o<br />

acompanhamento da elaboração e consequente aprovação do Projecto Pastoral<br />

Diocesano 2005-2011.<br />

As sessões do ano 2006 serão em Fevereiro, Junho e Outubro.<br />

III Congresso da Família Missionária da Consolata<br />

Mais de 260 participantes marcaram presença no III Congresso da Família<br />

Missionária da Consolata, em <strong>Fátima</strong>, de 29 a 30 de Outubro de 2005, que abordou<br />

os principais desafios da Missão, no mundo de hoje. Perante a “mutação acelerada<br />

das Instituições e das tradições religiosas”, que tem levado à perda de “referências<br />

simbólicas” e a uma individualização da identidade do crente, os participantes<br />

defenderam a criação de um “sentido de identidade comunitária”.<br />

Para o sociólogo e teólogo Alfredo Teixeira, um dos conferencistas deste<br />

Congresso, “ainda não encontrámos um modelo eclesial para a mudança que se<br />

está a desenvolver; já não há a estabilidade e identidade que havia há alguns anos<br />

atrás”. Considerou ainda que a identidade crente apresenta hoje um retrato diferente.<br />

“A capacidade de dizer o que se é e onde se está é muito difícil, porque as culturas<br />

já não estão organizadas com fronteiras. A pluralidade interna é hoje explicada de<br />

forma diferente, a própria geografia cristã é influenciada pela mobilidade e já não<br />

temos um modelo paroquial com base no território mas em estilos de vida”, referiu.<br />

O desafio que se impõe, hoje, é “encontrar qualquer coisa que permita gerir esta<br />

pertença comunitária”. Ao contrário de há alguns anos atrás, verifica-se o fim da<br />

“civilização paroquial” tendo o cristão optado por soluções à sua medida. “Hoje, as<br />

pessoas procuram responder a necessidades e estímulos diferentes, e daí procurarem<br />

e irem a diferentes lugares”, concluiu.<br />

No final do Congresso, foram apresentadas as seguintes conclusões:<br />

1. A Família Missionária da Consolata tomou consciência da mutação acelerada<br />

das Instituições e das tradições religiosas e perdeu as referências simbólicas que<br />

alimentaram os crentes.<br />

200 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

2. A perda destas referências leva ao enfraquecimento da fé comunitária e leva a<br />

uma individualização da identidade do crente.<br />

3. Tudo isto conduz à fragmentação e dispersão das comunidades e põe em<br />

questão a necessidade da Igreja como mediação para a salvação.<br />

4. O papel da Igreja é fundamental, através da aproximação e da circulação do<br />

amor, e do testemunho cristão, para que o mundo creia que Cristo é enviado do Pai.<br />

5. A experiência do Zambujal marcada pela presença e actuação dos Missionários<br />

da Consolata e outros agentes pastorais, tem vindo a congregar os diversos grupos<br />

culturais e a criar neles um certo sentido de identidade comunitária.<br />

6. Todo o cristão pode e deve ser um testemunho vivo quaisquer que sejam a sua<br />

condição e o meio em que vive, trabalha e se relaciona.<br />

7. Como Maria que se deixou possuir pelo Espírito Santo e gerou Cristo e O<br />

deu como consolação do Pai a todo o mundo, a Família Missionária da Consolata,<br />

herdeira do carisma do Beato Allamano compromete-se a ser sinal de consolação<br />

para o mundo de hoje.<br />

Conselho Nacional do CPM<br />

Realizou-se a 5 e 6 de Novembro de 2005, na Casa Diocesana da cidade e<br />

<strong>Diocese</strong> de Vila Real, o Conselho Nacional de Outono da Associação Portuguesa<br />

dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM–Portugal). Participaram cerca<br />

de 100 pessoas, entre casais e assistentes, de 16 das 18 dioceses portuguesas, além<br />

da Equipa Responsável Nacional, do seu assistente, P. António Belo, e do Bispo de<br />

Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, que proferiu palavras de apreço e de estímulo<br />

pelo trabalho do CPM e sublinhou que “devemos dar aos noivos o melhor que a<br />

metodologia CPM oferece”.<br />

Do tempo de formação, sobre “O amor ao longo da vida”, salienta-se o<br />

testemunho de dois jovens – Gilda e Nelson – que partilharam uma reflexão mais<br />

amadurecida sobre o que o amor é e exige de cada pessoa, e ainda a presença do<br />

psicólogo José Carlos Gomes da Costa que abordou vários aspectos relativos<br />

aos meios que permitem a manutenção dum casamento no tempo, em direcção à<br />

identidade do casal.<br />

No decurso dos trabalhos, as <strong>Diocese</strong>s analisaram o caminho feito e as<br />

dificuldades a superar. Sabendo que a decisão de casar implica a vontade, a liberdade<br />

e a consciência do acto pelas implicações futuras aos mais diversos níveis, não se<br />

pode permitir a banalização do matrimónio. Por isso, não rejeitando ninguém, há que<br />

acolher, mentalizar e fazer caminho com todos os que, pelos mais variados motivos,<br />

se aproximam do espaço eclesial.<br />

Em algumas dioceses há já paróquias, que dão visibilidade e importância à<br />

preparação para o matrimónio, encerrando essa preparação numa missa comunitária,<br />

na presença dos pais, da família e dos amigos, numa co-responsabilização pelas<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 201


Notícias<br />

novas famílias que se vão constituir. Aos noivos arredados do meio eclesial<br />

há mais de 15 ou 20 anos, importa dar uma nova visão da Igreja e eliminar as<br />

barreiras que impedem um efectivo acolhimento. Desfeitas estas, sobretudo ao<br />

nível paroquial, o CPM atingiria muito mais noivos que os actuais 31% dos que<br />

casam catolicamente.<br />

No encontro, salientou-se também, a responsabilidade da constituição de novas<br />

equipas e da renovação das existentes é dos casais e dos sacerdotes dedicados ao<br />

CPM, e as comunidades devem procurar tirar partido dos noivos que fizeram a<br />

sua preparação, mantendo com eles uma ligação que permita a sua integração em<br />

Movimentos de Pastoral familiar, concretamente no CPM.<br />

Ainda antes da Eucaristia final e do almoço de despedida, foram apresentados<br />

os opúsculos “CPM-Acolhimento aos noivos” e CPM-Aspectos jurídicos e práticos<br />

do casamento”, acabados de editar, e procedeu-se à tomada de posse do Casal<br />

Presidente Nacional para o triénio de 2005/2008.<br />

XVII Jornadas nacionais da Pastoral Familiar<br />

Realizaram-se nos dias 5 e 6 de Novembro, no Centro Pastoral Paulo VI, em<br />

<strong>Fátima</strong>, as XVII Jornadas Nacionais de Pastoral Familiar, subordinadas ao tema<br />

«Pão de Amor no Coração da Família”.<br />

Mais de 200 participantes de todo o País, famílias, jovens e diversos sacerdotes,<br />

reflectiram sobre a importância da Eucaristia na vida familiar, aludindo ao “Ano<br />

da Eucaristia” recentemente encerrado, e sobre algumas das questões tratadas no<br />

recente Sínodo dos Bispos, em Roma.<br />

Na abertura dos trabalhos, D. António Carrilho, Presidente da Comissão<br />

Episcopal do Laicado e Família, contextualizou a temática e apelou à leitura dos<br />

jornais “para uma maior atenção às questões de âmbito familiar” cada vez mais<br />

frequentes.<br />

Numa conferência de carácter bíblico-teológico, e partindo do episódio dos<br />

«discípulos de Emaús», o Pe Dr. António Couto sublinhou a importância de<br />

“ensaiar formas pedagógicas na família de maneira a preparar a vivência da<br />

Eucaristia”.<br />

Aludindo à relação entre Eucaristia e Família, o Pe Dr. João Ribeiro lembrou que<br />

“os grandes momentos da Eucaristia são também grandes momentos da vida familiar<br />

e que a participação na Eucaristia permite às famílias dissipar o relativismo com que<br />

se debatem no quotidiano”.<br />

Tema particularmente candente foi o da «Eucaristia e casais recasados», que<br />

o Pe Manuel Rocha abordou. “Os divorciados recasados esperam uma palavra<br />

de acolhimento e de perdão”. Há que buscar caminhos novos mas “na fidelidade<br />

à doutrina da Igreja e na solidariedade para com o sofrimento destas famílias”,<br />

sublinhou.<br />

202 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

O último dia foi marcado pelo testemunho do casal Líbano Monteiro, das ENS,<br />

sobre o lugar da Eucaristia na sua vida de casal e de família, com destaque para o<br />

“papel dos pais na iniciação dos filhos à Eucaristia”.<br />

A encerrar os trabalhos o Pe Carlos Cabecinhas apresentou propostas da liturgia<br />

para a celebração da «Eucaristia na festa das famílias», e lembrou a “dimensão<br />

nupcial da própria celebração eucarística”.<br />

No final das Jornadas concluiu-se que se deve “estar atento às situações dramáticas<br />

de muitas famílias, à indiferença religiosa, e até à perda da identidade religiosa. A<br />

fidelidade à Eucaristia, no seu ritmo litúrgico de Páscoa semanal, permitirá dissipar<br />

qualquer forma de relativismo e integrar, no quotidiano das famílias, o absoluto de<br />

amor e da verdade que elas são chamadas a espelhar”.<br />

<strong>Leiria</strong> nos 146 anos das Conferências de S. Vivente Paulo<br />

A diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> recebeu, no passado 6 de Novembro, as comemorações<br />

do 146º aniversário das Conferências de S. Vicente de Paulo em Portugal, fundadas<br />

em França por Frédéric Ozanan, em 1833.<br />

A comemoração decorreu no Seminário Diocesano, contou com a presença do<br />

presidente nacional da Sociedade S. Vicente de Paulo, Manuel Torres da Silva,<br />

e incluiu uma palestra, pelo Pe Jorge Guarda, Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>, sobre a<br />

relação do tema do acolhimento, patente no episódio bíblico da Samaritana, com o<br />

trabalho desenvolvido pelas Conferências de S. Vicente de Paulo.<br />

Após este momento de reflexão e análise, os vicentinos tiveram ainda<br />

oportunidade de conhecer o Museu do Seminário e reuniram-se depois para juntos<br />

celebrar a fé na Eucaristia Dominical, à qual se seguiu um convívio que encerrou o<br />

encontro.<br />

O presidente do Conselho Nacional, afirmou que o trabalho hoje realizado pelas<br />

Conferências e pelos cerca de 13 mil vicentinos em Portugal, é tão ou mais importante<br />

que há 146 anos embora as necessidades sejam actualmente mais diversificadas. A<br />

solidão e os novos pobres são hoje problemas sociais muito complexos. Os “novos<br />

pobres”, ou “os pobres envergonhados”, estão entre as maiores necessidades com<br />

que a sociedade se debate. Nestas situações “há que fazer uma primeira abordagem,<br />

tentando obter informações, falando com as pessoas mas de uma forma indirecta.<br />

Depois, mantendo o anonimato, passa-se à entrega de bens alimentares. Claro que<br />

além desta primeira ajuda há ainda outra, a da “cana para ensinar/ajudar a pescar”,<br />

explicou.<br />

Em relação à <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, o presidente do Conselho Nacional<br />

salientou o bom trabalho desempenhado e manifestou a necessidade de mais gente<br />

nova (não só em idade).<br />

Maria Inês Lourenço, coordenadora das Conferências na <strong>Diocese</strong>, apoiando<br />

as afirmações de Manuel Silva, lamentou que adiram a estas iniciativas quase<br />

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Notícias<br />

exclusivamente pessoas aposentadas. “Há falta de renovação nos grupos, e são,<br />

por vezes, as pessoas idosas, algumas com mais de setenta anos, que mantém as<br />

Conferências nas paróquias. Embora se tenha trabalhado na motivação dos jovens,<br />

há ainda um longo caminho a fazer”, salientou.<br />

Apesar de tudo, o cenário não é de todo negro pois entre as 27 Conferências<br />

paroquiais da <strong>Diocese</strong> “algumas, felizmente, têm jovens a trabalhar e com muita<br />

motivação”.<br />

Motivadas e dinâmicas, 27 conferências paroquiais vão dando resposta efectiva<br />

a múltiplas carências. No «teatro de operações», a falta de orientação das famílias, a<br />

carência de relacionamento, a ignorância para resolver problemas a que muitas vezes<br />

deviam responder entidades oficiais (Segurança Social, Instituto de Emprego, etc), e<br />

as situações de pobreza extrema, são os principais alvos.<br />

Na diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, as Conferências detêm hoje uma elevada<br />

importância na luta contra a pobreza que espreita a cada esquina. Contudo “há ainda<br />

muitas paróquias que não têm qualquer apoio social organizado”, refere Maria Inês,<br />

lembrando que “a solução dos problemas passa muitas vezes, e simplesmente, por<br />

alertar as pessoas para os apoios que existem e ir com elas procurar aquilo a que,<br />

legalmente, têm direito”.<br />

Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde<br />

Delinear planos de acção foi o primeiro objectivo da reunião da Comissão<br />

Diocesana da Pastoral da Saúde, que teve lugar no edifício do Seminário, em <strong>Leiria</strong>,<br />

no passado 7 de Novembro.<br />

Dos trabalhos agendados, destacou-se a preparação do Encontro Diocesano<br />

de Pastoral da Saúde, do próximo 28 de Janeiro, sob tema «O Acolhimento ao<br />

doente – um dom para a saúde integral» e que incluirá duas conferências sobre «O<br />

acolhimento de Jesus Cristo: palavras e gestos» e «O acolhimento do doente na<br />

paróquia e na família: dom ou peso», respectivamente.<br />

Aberta a todos, a iniciativa destina-se em especial a agentes de pastoral das<br />

áreas da saúde e solidariedade (visitadores de doentes, voluntários dos hospitais, da<br />

Cáritas, das Conferências S. Vicente Paulo, ministros da comunhão, etc.).<br />

Apostolado da Oração<br />

O Conselho Diocesano da Associação do Apostolado da Oração (AO) é<br />

constituído pelos seguintes elementos: Maria Celeste Moreira e Carminda Conceição<br />

Santos, da paróquia da Bidoeira; Maria Prazeres Fernandes, de Serro Ventoso; Maria<br />

Santa Baptista, do Arrimal; Maria Lucília Pedro e Felismina Rosa, dos Pousos e o<br />

director diocesano.<br />

204 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

Existe vontade de renovar, reactivar, dinamizar, uma associação laical “valiosa e<br />

preciosa” e com um rico património histórico. Nascida no ano de 1844, em França,<br />

vinte anos depois chegou a Portugal, onde conta actualmente cerca 3.000 centros e<br />

meio milhão de associados.<br />

O Conselho diocesano, que se reuniu no Seminário de <strong>Leiria</strong>, no dia 8 de<br />

Novembro, propõe-se realizar um inquérito para averiguar a sua verdadeira situação<br />

e elaborar um ficheiro, vai ter uma sede no Seminário, irá promover um encontro<br />

de zeladoras e uma peregrinação a Santarém (Igreja do Milagre), e planeia iniciar o<br />

MEJ (Movimento Eucarístico Juvenil). Lembra ainda que o terço da capelinha das<br />

aparições de <strong>Fátima</strong>, na primeira sexta-feira de cada mês, seguirá a espiritualidade<br />

do AO e solicita a presença ou sintonia dos associados.<br />

Em cada ano há um tema catalisador. Este ano, o tema proposto, a nível nacional,<br />

é: “a oração feita apostolado”.<br />

Caminho Neocatecumenal reunido em <strong>Fátima</strong><br />

“Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de<br />

Deus para a salvação de todo o que crê, do judeu em primeiro lugar e depois do<br />

grego” (Rm. 16, 1). Foi em torno desta epístola de São Paulo aos Romanos que as<br />

comunidades do Caminho Neocatecumenal da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> se reuniram<br />

em <strong>Fátima</strong>, nos passados dias 11 a 13 de Novembro.<br />

Após um primeiro dia voltado para a conversão e que culminou com uma<br />

celebração penitencial, o encontro prosseguiu centrado no papel da família cristã,<br />

para que seja sinal de Cristo vencedor da morte, da angústia e dos medos, na<br />

sociedade contemporânea. As relações pré-matrimoniais, o aborto, o álcool e a<br />

droga, são algumas das realidades às quais muitas famílias se sentem incapazes de<br />

responder. A valorização do domingo e a transmissão da fé, através do diálogo e da<br />

oração, foram algumas das direcções apontadas, como preconiza o Magistério da<br />

Igreja.<br />

Neste convívio, que culminou com a celebração eucarística presidida pelo Padre.<br />

António das Neves Gameiro, estiveram presentes as comunidades neocatecumenais<br />

das paróquias de Marrazes, Maceira, Santa Catarina da Serra, São Mamede e<br />

Bajouca, num total de cerca de 150 pessoas, incluindo 20 crianças.<br />

Novos párocos tomaram posse<br />

No passado dia 19 de Novembro deu entrada como novo pároco da paróquia do<br />

Reguengo Fétal. O padre Nuno Miguel Heleno Gil fez o juramneto de fidelidade<br />

e a profissão pública de fé durante a Eucaristia, celebrada às 18.30 horas, com a<br />

participação de muitos fiéis da paróquia do Reguengo e das paróquias de Pataias<br />

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Notícias<br />

e de Alpedriz, onde exerceu o ministério como vigário paroquial. Nas palavras<br />

que entretanto dirigiu, o novo pároco manifestou a sua disponibilidade e pediu a<br />

todos colaboração, nomeadamente aos elementos dos diferentes organismos de<br />

acção pastoral. Como símbolo de continuidade na acção e na fé, o pároco cessante,<br />

padre Virgílio do Rocio Francisco, entregou ao padre Nuno o Leccionário. Depois,<br />

a comunidade paroquial fez uma saudação solene e organizou um lanche de<br />

confraternização. O novo pároco fica, entretanto, a residir na residência paroquial<br />

da Barreira.<br />

No dia 20 de Novembro, foi a vez do padre Virgílio do Rocio Francisco entrar de<br />

forma solene no seu novo campo de acção, a paróquia de Pataias. Com a celebração<br />

da Eucaristia às 11.30 horas, e na presença da nova comunidade e de muitos<br />

representantes da paróquia do Reguengo Fétal, o novo pároco prestou juramento<br />

solene e fez a profissão pública de fé. O secretário do Conselho Pastoral Paroquial<br />

apresentou as boas vindas da comunidade e recordou o bom trabalho feito pelos<br />

antecessores ao longo dos últimos anos.<br />

No domingo 27, na eucaristia das 10h30, tomou posse o novo pároco da<br />

Bidoeira, o Pe Adelino Filipe Guarda, num clima de alegria e muita expectativa,<br />

como é habitual nestas ocasiões. Num gesto de acolhimento um representante<br />

da comunidade entregou ao seu novo pároco um cesto com produtos típicos da<br />

localidade, e os adolescentes do 9º ano de catequese entregaram um livro com<br />

mensagens de boas vindas.<br />

Equipas de Nossa Senhora<br />

Os responsáveis de equipas de base e conselheiros espirituais das Equipas de<br />

Nossa Senhora (ENS) tiveram no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro, em<br />

<strong>Fátima</strong>, o habitual encontro anual.<br />

Cerca de 1000 participantes de todo o país procuraram inteirar-se das principais<br />

actividades programadas do Movimento e sintonizar-se com os seus objectivos. «À<br />

descoberta de Cristo» foi a temática em foco que marcará a caminhada preparatória<br />

para o grande encontro internacional de Setembro de 2006 em Lourdes.<br />

Para além das conferências, painéis e testemunhos, a participação dos casais foi<br />

particularmente activa na reflexão e oração em equipas mistas constituídas para o<br />

momento, na adoração ao Santíssimo e na Eucaristia celebrada em conjunto com as<br />

Equipas de Jovens de Nossa Senhora.<br />

Na diocese, as ENS estão bem implantadas. Segundo a estruturação normal<br />

deste movimento de espiritualidade conjugal, as quase trinta equipas, de 4 a seis<br />

casais e um conselheiro espiritual, estão divididas em dois Sectores, A e B com os<br />

respectivos casais responsáveis.<br />

A caminhada conjugal à luz do Evangelho constitui a grande aposta. Os meios<br />

são essencialmente a oração conjugal, o ponto de esforço mensal e o chamado<br />

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Notícias<br />

“dever de sentar” para diálogo dos esposos. A dinâmica da reunião mensal de<br />

equipa proporciona essencialmente a partilha e um “pôr em comum”, assim como<br />

momentos de oração e de reflexão sobre um tema de estudo.<br />

A abertura da equipa de base para o Movimento e toda a Igreja é incentivada por<br />

uma estrutura de ligação organizativa e pela participação em actividades comuns<br />

proporcionadas a todos: Eucaristia mensal das Equipas, retiro anual e acções<br />

sectoriais, nacionais e até internacionais. O próximo encontro em Lourdes vai contar<br />

com largos milhares de participantes de todos os continentes e marcará o rumo das<br />

ENS para os próximos anos.<br />

Confraria de Nossa Senhora da Encarnação<br />

No cumprimento aos Estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação,<br />

a Direcção recordou e rezou por todos os irmãos falecidos, no passado dia 20 de<br />

Novembro, na Eucaristia dominical do Santuário, às 21h30. Com esta celebração,<br />

em união com Maria Mãe de Jesus, pretendeu-se testemunhar a fé em Cristo<br />

Ressuscitado e aprofundar a consciência da condição de peregrinos que somos da<br />

Casa do Pai.<br />

Acção Católica Urbana<br />

A Acção Católica Urbana promoveu, no dia 24 de Novembro, um encontro de<br />

reflexão dedicado ao tema «Esperança no mundo actual».<br />

A vontade de saber testemunhar a esperança foi a grande motivação que levou<br />

os participantes a renunciar ao calor da fogueira e enfrentar essa fria noite de<br />

Outono.<br />

No encontro, apresentado e desenrolado de forma dinâmica, com a frequente<br />

intervenção dos participantes através de questões e comentários a propósito das<br />

interrogações e «provocações» do convidado, a mansidão, a fidelidade e a humildade,<br />

foram as três propriedades apontadas como desafio e chave mestra para quem quer<br />

ser efectivamente testemunha de esperança no mundo de hoje. “Saber testemunhar a<br />

esperança no dia-a-dia é saber dar lugar ao outro para repousar a sua própria cabeça,<br />

em vez de querer estar sempre em primeiro plano”, sublinhou Horácio Lopes, da<br />

Comunidade Emanuel.<br />

Outro dos desafios deixados pelo convidado foi o de “deixar de ‘borboletar’”.<br />

“As pessoas hoje estão em tudo e não estão em nada, e isto torna-as infiéis aos<br />

compromissos do dia-a-dia, e à sua vocação de baptizados”, explicou.<br />

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Notícias<br />

Jornadas de Pastoral Urbana<br />

As XI Jornadas de Pastoral Urbana, a 25 e 26 de Novembro, proporcionaram<br />

às paróquias da vigararia de <strong>Leiria</strong> uma reflexão sobre o “Acolhimento na Pastoral<br />

Urbana”. A começar pelo “Acolhimento como lugar teológico”, os participantes,<br />

partindo da vida como dom, concentraram-se na pessoa humana como “ser dadoacolhido”<br />

e por isso, vocacionado para “acolher o próprio ser” e o ser do Outro e dos<br />

outros. Daí a urgência em criar e desenvolver condições estruturais de acolhimento.<br />

A exegese do relato bíblico do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4, 4-42),<br />

pôs em destaque o Mestre que destruiu barreiras e laçou pontes.<br />

A paróquia será “comunidade que acolhe” quando estiver atenta aos desafios<br />

da urbanidade e da sociedade no seu todo, sociedade que, originalmente boa mas<br />

atingida pelo pecado, lança desafios de credibilidade, autenticidade e identidade, que<br />

devem provocar em nós, Igreja, o desejo de sermos mais audazes.<br />

A experiência partilhada da comunidade do Campo Grande, Lisboa, sublinhou a<br />

importância do acolhimento, que cria em quem é acolhido a consciência de pertença<br />

à comunidade/Igreja, e realçou o valor do voluntariado no desenvolvimento e<br />

sustentação de acções de carácter pastoral, catequético, sócio-caritativo, e outras.<br />

Por fim, referenciadas várias mutações no rosto da Igreja, nos últimos anos,<br />

salientaram-se algumas pistas que, no contexto da vigararia de <strong>Leiria</strong>, deverão ter<br />

em conta três níveis de intervenção:<br />

1. Os responsáveis devem ser mais criativos e trabalhar em equipa, com maior<br />

serenidade, seriedade e fidelidade a Jesus Cristo;<br />

2. Os “servidores” deverão ser mais empenhados na celebração do mistério da fé,<br />

da reconciliação e na construção de novas relações;<br />

3. A própria comunidade deverá dedicar maior atenção aos que caminham na<br />

retaguarda e acompanhar de forma mais pessoal os que seguem na frente.<br />

Escuteiros de Amor comemoram 10 anos<br />

25, 26 e 27 de Novembro, três dias plenos de recordação e de abertura à<br />

comunidade, preenchidos de um “menu” rico de actividades, foi a melhor forma de<br />

o Agrupamento de Escuteiros 1166, de Amor, comemorar o seu 10º aniversário. A<br />

abertura, na sexta-feira, teve lugar no salão paroquial, com a inauguração de uma<br />

exposição completa de material escutista, uma mostra de fotografia a documentar os<br />

inolvidáveis dez anos e a exibição de um filme escutista, acompanhado de pipocas,<br />

café e bolos. Por fim, ecoaram os parabéns e sopraram-se as dez velas.<br />

O sábado foi preenchido com um mega peddy-paper, sob o tema “Escuteiro por<br />

um dia”. Das 10h00 até às 18h00, dominou o espírito de aventura com elevados<br />

níveis de adrenalina. No domingo o Agrupamento selou de forma inesquecível as<br />

comemorações participando na celebração da Eucaristia de acção de graças.<br />

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Apresentação do Evangelho do Ano em Monte Real<br />

Notícias<br />

Foi uma iniciativa da Escola Teológica de Leigos de <strong>Leiria</strong>, que proporcionou<br />

mais uma vez a descoberta dos traços essenciais do evangelista do ano, neste<br />

caso, São Marcos. O encontro teve lugar na paróquia de Monte Real, no primeiro<br />

Domingo do Advento, 27 de Novembro, orientado pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes,<br />

formado em ciências bíblicas.<br />

Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil<br />

No passado dia 27 de Novembro, a freguesia de Vermoil prestou homenagem ao<br />

seu antigo pároco, no 25º aniversário do seu falecimento ocorrido a 3 de Dezembro<br />

de 1980. A celebração iniciou-se com a Eucaristia de sufrágio e acção de graças,<br />

presidida pelo bispo da <strong>Diocese</strong>, D. Serafim Ferreira e Silva, e concelebrada por<br />

13 sacerdotes. No final, tomou a palavra o presidente da Câmara de Pombal,<br />

Narciso Mota, que procedeu à evocação do Pe. João Órfão. À entrada da igreja foi<br />

apresentada a fotografia do homenageado e descerrada uma lápide que dá o nome do<br />

mesmo ao largo da igreja paroquial.<br />

Nascido no Padrão, freguesia de Pousos, a 3 de Abril de 1901, João Ferreira<br />

Órfão foi ordenado sacerdote em 1927 e iniciou sua actividade pastoral como pároco<br />

em Aljubarrota. Foi ainda professor de Latim no Seminário, antes de ser nomeado<br />

pároco de Vermoil em 1935. Acolhedor e afável na orientação espiritual dos seus<br />

fiéis, o Pe. João foi um homem de alma grande, empreendedor e dinâmico. A ele se<br />

deve a construção da nova igreja de Vermoil inaugurada em 1975, cinco anos antes<br />

do seu falecimento.<br />

Vigararia de <strong>Leiria</strong> aposta na formação<br />

Com o objectivo de desenvolver e melhorar a acção os grupos sócio-caritativos, a<br />

vigararia de <strong>Leiria</strong> realizou a 1 de Dezembro, na paróquia dos Marrazes, uma acção<br />

de formação orientada pelo presidente da Cáritas Nacional, Prof. Eugénio Fonseca,<br />

que contou com 62 participantes vindos das nove paróquias da vigararia.<br />

O padre Augusto Gonçalves, coordenador da iniciativa, afirmou a determinação<br />

da vigararia em investir neste campo para responder às necessidades que sentem as<br />

paróquias perante tantas situações de carência a todos os níveis. E anunciou que é<br />

intenção da vigararia realizar mais três encontros durante o ano, para lançamento dos<br />

trabalhos, formação e análise das actividades, e avaliação e planificação, e organizar<br />

um trabalho de voluntariado em regime de complementaridade com os grupos sóciocaritativos.<br />

Acolher, acompanhar (não apenas visitar), e promover (no sentido de ajudar a<br />

trilhar o caminho) os mais carenciados, foram os pontos principais do encontro.<br />

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Notícias<br />

Jornada Diocesana da Pastoral Familiar<br />

«Porque a vida não é um acaso» foi o tema da jornada que o Secretariado<br />

Diocesano da Pastoral Familiar realizou no dia 3 de Dezembro, na Aula Magna do<br />

Seminário de <strong>Leiria</strong>.<br />

Trata-se da missão dos pais, bem como da realização e felicidade dos esposos<br />

que querem abraçar toda a riqueza da relação conjugal e planear com consciência e<br />

responsabilidade o nascimento dos seus filhos. A iniciativa dirigiu-se aos conjugues,<br />

sobretudo em idade de procriarem, a noivos, a jovens, e a quantos querem tomar as<br />

suas opções de forma esclarecida e responsável. Dirigiu-se igualmente aos que se<br />

dedicam a acompanhar casais, noivos e jovens, aos movimentos e equipas paroquiais<br />

da pastoral familiar.<br />

“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades”<br />

No contexto dos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier, grande<br />

evangelizador do Oriente, os Missionários do Verbo Divino organizaram a 3 e 4 de<br />

Dezembro, em <strong>Fátima</strong>, um Colóquio sobre o «Cristianismo na Índia». Especialistas<br />

portugueses e indianos abordaram a importância do cristianismo ontem e hoje, o<br />

diálogo inter-religioso, o papel da mulher e os desafios missionários, na globalidade<br />

da sua história, riqueza cultural e religiosa, e potencialidades económicas, políticas<br />

e geo-estratégicas desse grande país asiático.<br />

Por estes dias, realizou-se também, no Colégio de Cernache, o AfterXav 2005,<br />

um mega encontro destinado a jovens dos 16 aos 30, algo semelhante ao de Taizé,<br />

que exigiu a transformação do Colégio numa pequena aldeia com capela, cinema,<br />

bar, farmácia, restaurante, livraria e mercado.<br />

As conclusões do colóquio foram as seguintes:<br />

- A Missão continua em acção no mundo e a colaboração de todos os cristãos<br />

na mesma é um imperativo. Os caminhos da Missão passam pela abertura ao<br />

transcendente, o testemunho de amor fraterno e o anúncio de Jesus Cristo;<br />

- A Índia está em profundo processo de transformação a todos os níveis e procura<br />

inspiração na grande riqueza humana, espiritual e cultural dos seus povos. O acesso<br />

de todos à formação e a iguais oportunidades, sem descriminação, é um desafio<br />

imensurável;<br />

- Embora os cristãos sejam uma pequena minoria (2,3%), a sua presença traduzse<br />

em variadíssimas realizações em todos os domínios, desde o serviço aos mais<br />

pobres ao envio de missionários para outros países.<br />

- É crescente o papel desempenhado pela Igreja Católica no diálogo com outras<br />

religiões.<br />

- Foi relevante e inovadora a acção de S. Francisco Xavier no início da época<br />

moderna, como nos nossos dias a actividade e a figura luminosa de Madre Teresa<br />

210 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Notícias<br />

de Calcutá, ao serviço dos mais pobres, revelando o rosto sorridente e acolhedor de<br />

Deus Pai.<br />

- Hoje os Missionários do Verbo Divino, as Servas Missionários do Espírito<br />

Santo e os Missionários em geral continuam a anunciar Jesus Cristo na Índia, através<br />

do testemunho da sua fé, do diálogo com os membros de outras religiões e do serviço<br />

desinteressado aos pobres.<br />

- O exemplo de convivência e de colaboração entre as diversas culturas e<br />

religiões da Índia desafia a promover pontes de afecto, diálogo e solidariedade com<br />

pessoas e grupos pertencentes a outras religiões e culturas.<br />

Alburitel no centenário do Padre Joaquim Lourenço<br />

No passado dia 8 de Dezembro, ocorreu o centenário do nascimento do padre<br />

Joaquim Lourenço, de Alburitel. A paróquia, como nos dias mais festivos, acorreu<br />

para celebrar a efeméride e prestar condigna homenagem. A presença de D. Serafim,<br />

bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e de D. Américo Henriques, Bispo emérito de Nova Lisboa,<br />

conterrâneo e contemporâneo do padre Joaquim, em Roma, do vigário-geral da<br />

<strong>Diocese</strong> e de alguns sacerdotes que se lhes juntaram, deu à celebração um cunho<br />

diocesano. Até houve quem comentasse que o homenageado merecia que se fosse<br />

mais longe envolvendo a sociedade civil.<br />

O núcleo da mensagem do Senhor Bispo foi um convite para que o testemunho<br />

da família onde nasceram os Padres Lourenço, tenha seguidores e não falte quem dê<br />

continuidade ao ministério que o homenageado e seus irmãos desempenharam em<br />

situações tão difíceis e com tanta abnegação.<br />

O coro local, ensaiado e dirigido pelo padre Artur Ribeiro, deliciou os presentes<br />

com magistral execução do programa escolhido.<br />

No fim da celebração a memória do homenageado foi evocada com a leitura dum<br />

texto enviado pelo Dr. José Nunes Carreira, impedido de estar presente por motivos<br />

de saúde, e o padre João Trindade falou das razões que o levaram a publicar o livro<br />

que acabara de ser apresentado sobre os “Padres Lourenço de Alburitel” e que, de<br />

alguma forma, despoletara esta homenagem.<br />

Seguiu-se a visita ao cemitério onde foi inaugurado um monumento evocativo<br />

do centenário.<br />

De regresso, os convidados visitaram a residência paroquial onde foram<br />

efectuadas obras de beneficiação e restauro de vulto com a ajuda de fundos<br />

comunitários.<br />

A fechar o programa, D. Delfina Lourenço, irmã dos Padres Lourenço, e seus<br />

filhos, obsequiaram os convidados com um jantar oferecido em sua casa que foi<br />

também a primeira residência paroquial.<br />

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Notícias<br />

Natal de Acção Católica Rural<br />

A Acção Católica Rural da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, com militantes,<br />

simpatizantes, familiares e amigos, reuniu-se para a habitual Ceia de Natal, que<br />

decorreu no Outeiro da Ranha, paróquia de Vermoil, a 10 de Dezembro. Depois da<br />

celebração da Eucarística, partilhou-se o que cada um levou. No serão de convívio,<br />

cada secção apresentou uma animação previamente preparada. Neste mesmo dia<br />

realizou-se também uma sessão da Escola de Animadores.<br />

Reunião Diocesana Secretariados e Movimentos<br />

Decorreu no passado dia 10 de Dezembro, no Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>,<br />

uma reunião diocesana para responsáveis de secretariados, comissões, associações,<br />

movimentos e obras diocesanas, com o objectivo de “partilhar experiências e<br />

procurar caminhos para que, de forma coordenada, se possa ir acertando o passo e<br />

caminhar juntos”, referiu o Pe. Jorge Guarda, vigário-geral da <strong>Diocese</strong>.<br />

Num primeiro momento os 16 movimentos e serviços diocesanos presentes<br />

partilharam algumas iniciativas ao longo da caminhada de 2005, trocaram,<br />

acentuando aspectos mais ligados ao atendimento e acolhimento.<br />

As Oficinas de Oração sublinharam a necessidade de promover a oração e a<br />

reflexão.<br />

A Escola de Formação Teológica de Leigos e a Escola de Catequistas sublinharam<br />

a necessidade de se delinear o futuro apostando em mais e melhor formação.<br />

O MEC, o SDEIE e a Pastoral dos Ciganos apontaram no mesmo sentido mas<br />

reconhecendo que esse investimento passa também pela promoção do voluntariado.<br />

Em termos de acolhimento, pensou-se nos deficientes, mencionando a necessária<br />

eliminação de algumas barreiras arquitectónicas.<br />

O encontro foi ainda aproveitado para auscultar os secretários, associações e<br />

movimentos presentes sobre o projecto de remodelação do edifício do Seminário<br />

Diocesano, que irá contemplar diferentes espaços para serviços diocesanos, Centro<br />

Pastoral, Casa de Retiros, residência sacerdotal, além do pré-seminário e Tempo<br />

Propedêutico.<br />

Sobre a Pastoral das Vocações afirmou-se a necessidade de promover uma<br />

cultura vocacional e de organizar um verdadeiro serviço de Pastoral Vocacional, e<br />

sublinhou-se o papel imprescindível da família enquanto berço das vocações.<br />

No decorrer dos trabalhos abordaram-se ainda o acolhimento de pessoas numa<br />

fase de perturbação, e a necessidade de uma experiência profunda de Deus e de amor<br />

ao próximo.<br />

212 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Meditações sobre o Mistério da Encarnação<br />

Notícias<br />

No dia 11 de Dezembro, terceiro Domingo do Advento, a Escola Teológica de<br />

Leigos da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> promoveu, na igreja de São Pedro, em Porto de<br />

Mós, as Meditações sobre o Mistério da Incarnação. Contributo para uma vivência<br />

mais intensa do Natal do Senhor, a reflexão foi orientada pelo padre Doutor Augusto<br />

Pascoal e concluída com o canto de Vésperas.<br />

Natal nos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong><br />

«O perdão, a confiança e a alegria – dons de um menino que iluminam o nosso<br />

caminho», foi o tema proposto pelos visitadores, «Os Samaritanos», aos reclusos e<br />

reclusas dos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong>, neste Natal.<br />

As quatro propostas, uma em cada semana do Advento, convergiam na vivência<br />

da noite de Natal. Por isso, nada melhor que começar perguntando: «Gostarias de<br />

construir um presépio» e prosseguir o desafio: «A quem gostarias de pedir perdão»,<br />

«Quem gostarias que to pedisse a ti», e já perto do grande dia, colocar a questão<br />

chave: «Como prepararias a tua cela para receber o nascimento de Jesus Será que a<br />

liberdade e a alegria são dons que o menino Jesus te quer dar neste Natal».<br />

A construção de presépio em materiais reciclados, reflexões sobre textos<br />

alusivos à quadra, e algumas actividades como o origami (dobragens em papel),<br />

criaram ambiente propício para o perdão, a confiança e a alegria, valores essenciais<br />

ao acolhimento do Menino que quer nascer. Mesmo na véspera foi lançado o último<br />

desafio: na noite de Natal acender uma vela na janela da sua cela.<br />

Mas a caminhada iria continuar até à Festa dos Reis nos Estabelecimentos<br />

Prisionais de <strong>Leiria</strong>, em partilha dos reclusos, sobretudo os jovens da Prisão<br />

Escola, com vários grupos de jovens (Batalha, Colmeias, JUFRA/<strong>Leiria</strong>), o grupo<br />

missionário Ondjoyetu e o grupo de Visitadores. Após a missa presidida pelo<br />

capelão, houve festa em cada uma das unidades do estabelecimento, com leitura,<br />

reflexão e partilha de um texto, cânticos e distribuição de lembranças. É de salientar<br />

a participação activa, dinâmica e cheia de boa disposição dos jovens reclusos.<br />

Preso há 4 anos (cumprindo uma pena de 7) o Pedro é um dos muitos jovens que<br />

ali se encontra, mas que tem feito uma caminhada exemplar. Em conversa connosco<br />

frisou bem que é muito duro estar ali, “sobretudo ao nível psicológico”, contudo,<br />

acrescentou, “a Igreja, o grupo dos Visitadores e o capelão, fizeram-me encontrar<br />

na religião uma forma de ultrapassar os problemas e as dificuldades. A revolta,<br />

as dúvidas, o afastamento da família... ultrapassei tudo isso. Hoje tenho vergonha<br />

da forma como antes pensava e agia. Temos de saber lidar com a consciência”.<br />

Fora um líder pela força, hoje é líder pela motivação e consciencialização que foi<br />

conseguindo. Tornou-se um exemplo para os colegas e até desejaria, um dia, se<br />

possível, vir a ser padre.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 213


Notícias<br />

Vigararias acolhem tema do “Acolhimento”<br />

O Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral (SECOPA) da <strong>Diocese</strong><br />

de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> começou a organizar, a partir de Dezembro, encontros de<br />

apresentação do Projecto Pastoral, destinados sobretudo às vigararias. O objectivo é<br />

motivar os principais agentes de pastoral para a reflexão do tema proposto para este<br />

ano – “acolhimento” – e incentivar as comunidades a porem em prática algumas<br />

iniciativas que concretizem esta temática. Já se realizaram estes encontros nas<br />

vigararias de Milagres, Colmeias e <strong>Fátima</strong>, bem como na paróquia da Maceira. Em<br />

geral, a participação foi numerosa, tanto por parte dos párocos como dos leigos mais<br />

directamente envolvidos nas paróquias. Nota-se interesse efectivo pela aplicação do<br />

Projecto, com reflexão nos grupos de acção pastoral e preocupação de passar das<br />

ideias à prática. Exemplo disso foi, em <strong>Fátima</strong>, a própria organização do encontro.<br />

Para além da partilha de ideias e propostas, houve também o acolhimento da equipa<br />

diocesana e dos participantes com uma pequena merenda de convívio, no final,<br />

exemplo claro de uma forma simples de mostrar simpatia, amizade e “acolhimento”.<br />

Outros encontros se seguirão nos próximos meses.<br />

214 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

Carlos Cabecinhas, director da Pastoral Litúrgica<br />

O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”<br />

No arranque de um novo<br />

ano litúrgico, iniciado com o<br />

I domingo do Advento, fomos<br />

aprofundar um pouco este<br />

tema, numa entrevista com o<br />

padre Carlos Manuel Pedrosa<br />

Cabecinhas, licenciado em<br />

Liturgia. Actualmente, este<br />

padre diocesano desempenha<br />

funções na equipa formadora<br />

do Seminário Maior de<br />

Coimbra e é também director<br />

do Secretariado Diocesano de<br />

Pastoral Litúrgica e Música<br />

Sacra, e membro do Secretariado<br />

Nacional de Liturgia.<br />

Nesta pequena conversa, apresenta<br />

alguns dados históricos e<br />

teológicos sobre esta forma de organização da liturgia anual da Igreja e testemunha<br />

também o modo como vive pessoalmente essa organização e como ela pode ser<br />

“pedagógica” para os fiéis.<br />

Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)<br />

Em termos práticos, o que é o ano litúrgico<br />

O ano litúrgico é a celebração, no decurso de um ano, de todo o mistério de Cristo.<br />

Toda a celebração cristã é sempre celebração de Jesus Cristo, mas tal celebração<br />

estende-se, de forma diferenciada, aos vários momentos do ano. No dizer de um<br />

liturgista italiano, “o ano litúrgico não é uma ideia, mas uma pessoa, Jesus Cristo e o<br />

seu mistério realizado no tempo” (Bergamini). Em termos práticos, é a forma como<br />

a Igreja nos propõe celebrar Jesus Cristo, com momentos de particular intensidade.<br />

Tem a duração de um ano solar, ao longo do qual nos vai sendo proposto todo um<br />

caminho de celebração e aprofundamento do conteúdo fundamental da fé cristã.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 215


Serviços e Movimentos<br />

Historicamente, como se chegou à definição do ano litúrgico<br />

O ano litúrgico não conheceu sempre a estrutura e organização de hoje. Num<br />

primeiro momento, a única festa cristã foi a Páscoa, celebrada, quer uma vez por<br />

semana, ao Domingo, quer, de modo mais solene, uma vez por ano. Assim, a mais<br />

antiga festa cristã é o Domingo, “Páscoa semanal”. Partindo daí, passa a dar-se particular<br />

relevo à celebração, uma vez por ano, da mesma festividade. Esta festa anual<br />

da Páscoa, celebrada com uma solene vigília, está testemunhada desde o século II.<br />

Esse núcleo festivo, que é a vigília, dará origem ao Tríduo Pascal e ao Tempo Pascal,<br />

os cinquenta dias que se seguem ao Tríduo. Só posteriormente se estabeleceu um<br />

período de preparação: a Quaresma.<br />

Já estava assim estruturado este ciclo festivo pascal quando, na segunda metade<br />

do século IV, surgiu o ciclo natalício. Para criar um certo paralelismo com o ciclo<br />

pascal, para a celebração do Natal e da Epifania foi criado um tempo de preparação:<br />

o Advento. Quer isto dizer que no século V o ano litúrgico já apresentava a configuração<br />

que hoje conhecemos.<br />

Como está estruturado o ano litúrgico<br />

Como se percebe pela breve apresentação da evolução histórica, o ano litúrgico<br />

tem três grandes ciclos: o ciclo pascal (Quaresma, Tríduo Pascal e Tempo Pascal), o<br />

ciclo natalício (Advento e Tempo do Natal) e o Tempo Comum, isto é, os restantes<br />

momentos do ano litúrgico que não pertencem a nenhum dos ciclos anteriores. É<br />

claro que haveria ainda a referir o chamado “Santoral”, calendário das celebrações<br />

da Virgem Maria e dos Santos, que atravessa todo o ano litúrgico.<br />

Desses tempos e ciclos, qual o principal momento do ano litúrgico<br />

O momento central e mais importante do ano litúrgico é sem dúvida o Tríduo Pascal<br />

da paixão, morte e ressurreição de Jesus. No Tríduo, a celebração fundamental é<br />

a Vigília Pascal. Toda a Quaresma orienta para a vivência e celebração deste Tríduo,<br />

e o Tempo Pascal mais não é do que o prolongamento festivo dessa celebração. Em<br />

segundo lugar, em termos de importância, está a celebração do Natal. Curiosamente,<br />

a nível social, o Natal aparece como mais importante do que a Páscoa. Em terceiro<br />

lugar, destaco o Domingo, como celebração semanal da Páscoa.<br />

Qual é a sensibilidade dos fiéis para a vivência do ano litúrgico<br />

O ano litúrgico apresenta uma estrutura complexa, o que dificulta a sua percepção,<br />

por parte dos féis, como unidade. Julgo que uma parte significativa dos<br />

cristãos não tem consciência clara do “ano litúrgico” como unidade. As celebrações<br />

sucedem-se e a sua sequência é conhecida, mas não se vai muito além disso. A consequência<br />

desta pouca percepção do ano litúrgico como unidade é a inversão da<br />

ordem de importância dos diversos momentos. Um exemplo flagrante é o do ciclo<br />

pascal: tem mais relevo a Quaresma, período de preparação, do que o Tempo Pascal;<br />

216 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

no próprio Tríduo Pascal, não é raro ter igrejas cheias para a celebração da morte do<br />

Senhor, em Sexta-Feira Santa, mas bem menos gente na Vigília Pascal. Sinal desta<br />

insuficiente consciência do ano litúrgico como um todo orgânico é o relevo dado a<br />

algumas “devoções”, manifestações de piedade popular, em detrimento dos momentos<br />

do ano litúrgico. Contudo, esta insuficiente consciência não impede que muitos<br />

cristãos vivam intensamente os momentos mais importantes do ano litúrgico.<br />

Que aspectos litúrgicos e teológicos são enriquecidos<br />

pela organização do ano litúrgico<br />

O ano litúrgico é, antes de mais, um modo de santificação dessa dimensão fundamental<br />

da nossa existência, que é o tempo. É um modo de tornar significativo, do<br />

ponto de vista cristão, o ciclo do ano.<br />

Habituámo-nos a quantificar o tempo com repartições matematicamente iguais<br />

(horas, minutos e segundos; dias, semanas, meses, anos). Nessa lógica quantificadora,<br />

todas as horas são iguais, todos os dias têm a mesma duração… O ano litúrgico dá<br />

“qualidade” a esse tempo, destacando alguns momentos; dá-lhes significado.<br />

Contudo, o ano litúrgico tem também uma motivação “pedagógica”: a celebração<br />

do mesmo Jesus Cristo num ou noutro momento permite-nos captar o sentido e<br />

aprofundar a inesgotável riqueza do Seu mistério, contemplado ora numa perspectiva,<br />

ora noutra.<br />

Qual a sua experiência de vivência do ano litúrgico<br />

A pergunta parece-me vaga. De um modo geral, a minha experiência é a de que o<br />

ano litúrgico é um verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”: permite-me aprofundar<br />

a minha fé e alimentar a minha vida espiritual; põe-me em contacto com a Palavra<br />

de Deus e motiva o confronto da minha vida com ela, bem como uma “leitura cristã”<br />

dos acontecimentos da minha vida e do mundo que me rodeia; permite-me a<br />

saudável alternância entre momentos de grande intensidade e momentos de maior<br />

distensão.<br />

Que conselhos daria a quem pretende viver de forma<br />

mais consciente o ritmo do ano litúrgico<br />

Precisamos de recuperar, antes de mais, a consciência da unidade do ano litúrgico<br />

e da relação dos vários momentos entre si. A nível prático: prestar particular atenção<br />

à Palavra de Deus, às leituras bíblicas que a liturgia nos apresenta em cada tempo<br />

do ano litúrgico, que é sempre um elemento fundamental para uma séria vivência<br />

dos vários momentos; deixar-se guiar pelos textos do Missal, que nos introduzem no<br />

espírito de cada tempo; valorizar, a nível pessoal e familiar, os diversos momentos<br />

festivos…<br />

A Liturgia das Horas oferece também uma grande riqueza de elementos que nos<br />

põem em sintonia com o momento do ano litúrgico que estamos a viver.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 217


Serviços e Movimentos<br />

O Advento é um tempo essencialmente de quê<br />

O Advento é fundamentalmente um tempo de preparação para o Natal, marcado<br />

pela espera, pela expectativa. As Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico apresentam o<br />

tempo do Advento como preparação para o Natal, no qual se celebra a primeira vinda<br />

de Cristo, e como tempo de expectativa da vinda gloriosa de Cristo. Não é um tempo<br />

penitencial, como a Quaresma, embora os convites à conversão, nas palavra de João<br />

Baptista e do profeta Elias, se façam ouvir insistentemente. Tempo de conversão, por<br />

ser tempo de preparação para a vinda do Senhor, é marcado porém pela “piedosa e<br />

alegre expectativa”, segundo as referidas Normas. Os modelos dessa expectativa da<br />

vinda do Senhor são, precisamente, João Baptista e Maria, a mãe de Jesus. Não há<br />

momento mais “mariano” no ano litúrgico do que o Advento e o Tempo do Natal.<br />

Como viver bem o advento<br />

O Advento e o Natal têm sofrido um desgaste notável. De facto, hoje, o Advento<br />

cristão começa quando, há já muito tempo, se iniciou o grande “advento”<br />

comercial. Um tempo de preparação do coração pela conversão vê-se “afogado” em<br />

solicitações consumistas. Para viver bem o Advento será, pois, necessário cultivar a<br />

sobriedade em gastos natalícios, consoada e presentes… Viver bem o Advento será<br />

concentrar-se no fundamental – a preparação interior – dando ao acessório o seu lugar.<br />

A nível litúrgico, a vivência do Advento está marcada pelo convite à preparação<br />

para acolher o Senhor que vem, pela conversão, e à disponibilidade para a vontade<br />

de Deus, a exemplo de Maria, vontade que conhecemos sobretudo pela sua Palavra,<br />

a que importa dar lugar e atenção especial.<br />

218 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Carlos Jorge, presidente da Cáritas Diocesana<br />

“A solidariedade não se esgota no porta-moedas”<br />

Serviços e Movimentos<br />

O presidente da Cáritas Diocesana<br />

fala-nos da organização,<br />

trabalho, sucessos e necessidades<br />

desta estrutura que dinamiza<br />

e coordena a pastoral social<br />

da Igreja de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.<br />

Nomeado há cerca de um<br />

ano, Carlos Jorge encara este<br />

desafio como “interessante e<br />

útil”, serviço concreto à causa<br />

da solidariedade social. Uma<br />

atitude que considera necessário<br />

desenvolver na sociedade,<br />

promovendo a “criatividade das<br />

suas expressões”.<br />

Atenta às necessidades pontuais<br />

que se deparam no dia-adia,<br />

a Caritas procura, sobretudo,<br />

“cuidar de uma pedagogia<br />

de promoção e de criação de<br />

condições de autonomia para<br />

cada pessoa” e investe primordialmente na “animação das comunidades cristãs para<br />

o testemunho da caridade organizada em cada parcela da Igreja”.<br />

Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)<br />

Como está estruturada a Cáritas a nível nacional e diocesano<br />

A Caritas, em Portugal, está organizada por dioceses e, por conseguinte, na exclusiva<br />

dependência do bispo de cada uma das dioceses.<br />

As vinte Caritas diocesanas estão agrupadas numa união que é a Caritas Portuguesa.<br />

A nomeação do Presidente da Caritas Portuguesa é da competência da Conferência<br />

Episcopal, competindo a cada um dos bispos diocesanos a nomeação das<br />

direcções da respectiva Caritas.<br />

A Caritas Diocesana de <strong>Leiria</strong>, como outras, goza de autonomia e personalidade<br />

jurídica e tem a categoria de Instituição Privada de Solidariedade Social.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 219


Serviços e Movimentos<br />

Que tipo de ajudas lhe são mais requisitadas<br />

A pergunta pode indiciar uma visão um tanto redutora da acção e missão da Caritas<br />

que não pode ser considerada com uma central de distribuição de bens. Cabe-lhe,<br />

na verdade, uma missão de assistência nas situações de maior fragilidade, mas tem<br />

de cuidar de uma pedagogia de promoção e de criação de condições de autonomia<br />

para que cada pessoa possa refazer o seu circuito pessoal. Compete-lhe uma missão<br />

de animação das comunidades cristãs para o testemunho da caridade organizada em<br />

cada parcela da igreja. Cabe-lhe, também, intervir socialmente com empenhamento<br />

directo na prevenção e solução dos problemas. Mas presta, efectivamente, algumas<br />

ajudas às pessoas que a procuram.<br />

Os tipos de ajuda requerida são de uma extrema diversidade e resultam, sobretudo,<br />

de insuficiências do foro psíquico, de desestruturação das famílias (divórcios,<br />

separações…), e de incumprimento de obrigações legais. De um modo geral, é<br />

muito difícil a subsistência familiar quando os ordenados ou salários, pensões ou<br />

subsídios de sobrevivência são extremamente baixos e marcados pela precariedade,<br />

combinados, em certos casos, com encargos de habitação, saúde e outras despesas<br />

de primeira necessidade. As pessoas deparam-se com um mercado de habitação<br />

dirigido, essencialmente, à aquisição de habitação própria, com uma publicidade<br />

que tenta convencer que está ao alcance de todos, com a pressão do marketing que<br />

conduz algumas famílias à assumpção de obrigações que não podem cumprir face<br />

aos seus rendimentos.<br />

Quais os serviços que presta mais regularmente<br />

A acção da Caritas é toda ela um serviço e uma ajuda, quer se considere o dia a<br />

dia do seu atendimento quer se considerem os serviços regulares que presta à comunidade<br />

e às famílias.<br />

No primeiro caso podemos considerar pequenas ajudas financeiras sobretudo<br />

para medicamentos, contas de água e luz, ajudas para rendas de casa, o serviço em<br />

bens de vestuário, em cedência de equipamentos para pessoas com deficiências ou<br />

dependentes, nomeadamente cadeiras de rodas e camas articuladas. Outra ajuda importante<br />

às famílias é a que é prestada no âmbito do programa comunitário de Ajuda<br />

Alimentar a Carenciados através do qual são contempladas mais de mil famílias do<br />

concelho, com dezenas de toneladas de produtos alimentares.<br />

Neste trabalho temos de salientar a importância da intervenção dos grupos paroquiais,<br />

sejam eles Caritas Paroquiais, Conferências de São Vicente de Paulo ou<br />

grupos com outras designações.<br />

Quanto aos serviços que a Caritas oferece regularmente, a Casa do Pedrógão, em<br />

si mesma, é um serviço à diocese e à comunidade. As colónias de férias para crianças<br />

e o espaço de convívio que representa para mais de 400 pessoas idosas, em cada ano,<br />

não esgotam o leque de iniciativas a que se abre aquele espaço. Na verdade, grupos<br />

de escuteiros, movimentos paroquiais, associações diversas encontram nela as<br />

220 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

condições propícias ao desenvolvimento das suas actividades. Mas os portugueses<br />

conhecem a Caritas também pela sua presença activa ao lado das populações, seja<br />

em Portugal ou noutra zona do mundo, por ocasião das grandes tragédias. A onda de<br />

incêndios deste verão é apenas o último caso, o mais próximo, que fez da nossa diocese<br />

a zona de Portugal que mais famílias deixou de mãos vazias, com os seus bens,<br />

incluindo a própria casa, consumidos pelas chamas. A acção da Caritas Diocesana de<br />

<strong>Leiria</strong> foi imediata, nas ajudas de emergência e no apoio possível às corporações de<br />

bombeiros, na mobilização de voluntários e da comunidade para atitudes de partilha<br />

em ordem à reparação dos danos maiores. Carnide, Freixianda, Urqueira, Colmeias,<br />

foram, entre outros, os pólos principais das maiores tragédias e que estão também a<br />

suscitar as maiores atenções da Caritas. Dessas zonas, quinze famílias estão a sentir<br />

a solidariedade activa da Caritas e com ela a de milhares de portugueses que se lhe<br />

associaram na ajuda às vítimas. Algumas famílias, esperamos, irão já passar o Natal<br />

nas novas habitações.<br />

Quais os principais projectos da Caritas Diocesana<br />

Neste momento, mais do que grandes projectos, há preocupação em garantir a<br />

sustentabilidade do que já se faz e que absorve grande parte das energias e recursos<br />

disponíveis. De qualquer forma, a inadequação das actuais instalações está longe de<br />

responder não apenas às necessidades mas também de exprimir com alguma dignidade<br />

o lugar que deve ter na igreja diocesana este serviço da pastoral social.<br />

Naturalmente que nos preocupa também a insuficiência de meios humanos que<br />

sejam detentores de saberes específicos ao nível da complexidade dos problemas<br />

sociais actuais e para desenvolver trabalho em rede com outras instituições congéneres.<br />

Há ainda grande preocupação em desenvolver a formação dos agentes pastorais<br />

na área social em ordem a um serviço mais qualificado.<br />

Que dificuldades e necessidades são mais sentidas<br />

Algumas dificuldades já foram referidas, designadamente a falta de meios humanos<br />

qualificados, instalações e algumas dificuldades, porque não dizê-lo, no rejuvenescimento<br />

das equipas dos colaboradores voluntários.<br />

Existem apoios<br />

É de salientar que a gratuitidade e o voluntariado atingem níveis de excelência.<br />

Os colaboradores voluntários, com a sua dedicação, generosidade e entusiasmo, são<br />

os seus apoios mais firmes. Naturalmente que muitas outras pessoas se revêem nos<br />

programas e objectivos da Caritas, a estimulam e lhe dão todo o género de apoio<br />

mesmo material. Na área dos apoios materiais a ajuda das comunidades cristãs<br />

através da colecta anual do Dia da Caritas e a partilha de bens promovida no espaço<br />

público na mesma ocasião, reúnem meios que são indispensáveis para a acção da<br />

Caritas.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 221


Serviços e Movimentos<br />

Em relação a instituições civis e outros serviços sociais da Igreja,<br />

qual a ligação que é feita<br />

A Caritas não é uma ilha. Estando no mundo e em contacto permanente com<br />

situações da maior fragilidade, precisa de se articular quer com outras organizações<br />

eclesiais quer com organismos oficiais ou da sociedade civil. Actua em estreita colaboração<br />

com os grupos representativos das comunidades cristãs (com destaque<br />

para os grupos Caritas paroquiais e para as Conferências de S. Vicente de Paulo,<br />

tem mesmo estabelecido uma parceria com a paróquia de <strong>Leiria</strong> em ordem a garantir<br />

a sustentabilidade do Centro de Acolhimento de <strong>Leiria</strong>), mas integra do mesmo<br />

modo outras identidade de que são exemplo, entre outras, a sua participação na rede<br />

social dos concelhos de Ourém e <strong>Leiria</strong> a sua articulação com a Segurança Social e<br />

Câmaras Municipais, como acontece agora a propósito dos incêndios. O Trabalho<br />

em parceria é hoje uma exigência a que a Caritas não pode ser alheia por motivos de<br />

eficácia e por ser participante activa no esforço comum na superação das dificuldades<br />

de muitas famílias.<br />

Sente que a sociedade actual está sensibilizada para a<br />

solidariedade e a ajuda aos mais necessitados<br />

A generosidade e a sensibilidade coexistem com a indiferença, pelo que a solidariedade<br />

precisa de ser estimulada. Hoje as pessoas requerem transparência, informação<br />

e conhecimento das causas que suscitem a solidariedade.<br />

Também importa ser criativo quanto às formas por que se exprime a solidariedade<br />

da pessoa ou grupo. Importa fazer crescer e entender que a solidariedade não<br />

se esgota no porta-moedas mas se pode e deve exprimir por muitas outras formas de<br />

bem-querer na vida quotidiana. A Cartitas sente-se muito honrada e estimulada com<br />

os níveis de compreensão com que a sociedade em geral a distingue.<br />

Como sentiu a sua nomeação para presidir a esta instituição<br />

e quais as razões que o levaram a aceitar esse cargo<br />

Tendo cessado a actividade profissional e entrado na situação de aposentado,<br />

fiquei com mais tempo livre disponível. Porque se oferecia um campo de trabalho<br />

diferente, interessante e útil e face à possibilidade de se constituir uma equipa directiva<br />

com pessoas interessadas e experientes, foi com satisfação que aceitei o convite<br />

que me foi dirigido.<br />

De salientar, a disponibilidade e a humildade de algumas pessoas que integravam<br />

a direcção anterior, designadamente do seu presidente, que se prontificaram para<br />

continuar a trabalhar, possibilitando desta forma o aproveitamento dos seus conhecimentos<br />

e experiências para a transição se fazer numa linha de continuidade.<br />

222 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

Luís João, director da Pastoral Familiar<br />

“A família é um projecto prioritário”<br />

No dia 30 de Dezembro, celebrámos a<br />

Sagrada Família. A família tem sido, ao longo<br />

dos tempos, um dos temas preponderantes na<br />

análise da sociedade, sobretudo no que diz<br />

respeito à questão dos principais factores que<br />

garantem ambientes sociais saudáveis. Neste<br />

âmbito, ela é comummente chamada a “célula<br />

base” da sociedade. Todos os estudos referem<br />

que é sobre a “saúde” das famílias que se<br />

constrói a harmonia social, e que surgem graves<br />

problemas sociais e os maiores atropelos<br />

aos direitos humanos e à justiça social quando<br />

a instituição familiar entra em “crise”. Se esta<br />

questão é sempre pertinente, é-o muito mais<br />

nos nossos dias em que o conceito familiar<br />

tem sido alvo de constantes mudanças, alargamentos e alterações. Porque há famílias<br />

“monoparentais”, “separadas”, “desfeitas”, e “recompostas”, e se erguem vozes a<br />

reclamar as “homossexuais” é hoje absolutamente necessário falar de “família tradicional”<br />

para referir o núcleo constituído por pai, mãe e filhos.<br />

Neste contexto, conversámos com o padre Luís Inácio João, director do Secretariado<br />

Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) e assistente dos Centros de Preparação<br />

para o Matrimónio (CPM) e das Equipas de Nossa Senhora (ENS). Encarando a<br />

família como “a célula fundamental” da sociedade, defende que “toda a pastoral<br />

deve ser familiar, ou não será pastoral”, dado que a Igreja vê nela o “sinal da aliança<br />

que Deus estabeleceu com o seu povo”. Quanto aos problemas que a afectam actualmente,<br />

aponta como razão principal a dificuldade da “descoberta da família como<br />

projecto e do reconhecimento da sua prioridade”. Apesar de tudo, encara o futuro<br />

com optimismo, apostando numa pastoral de proximidade, pela criação de “Equipas<br />

Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização local das<br />

acções das famílias para a família”.<br />

Entrevista de Luís Miguel Ferraz (In O Mensageiro)<br />

Começo por perguntar: Ainda faz sentido falar em “família”<br />

Faz sempre sentido falar da família. Se alguma vez deixássemos de falar dela, ela<br />

continuaria a falar em nós.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 223


Serviços e Movimentos<br />

Mas é ainda uma “célula fundamental” ou a sociedade encontrou já<br />

outras formas de se organizar que a possam substituir<br />

A família não é “uma” célula fundamental mas “a” célula fundamental da sociedade.<br />

Seria relativização perigosa confundi-la entre outras quando se destaca como primordial.<br />

Logo que a natureza ou o erro humano lhe infligem rude golpe, soa o alarme<br />

e é urgente remediar, na medida do possível. Premeditar a sua substituição é atentar<br />

gravemente contra a pessoa e, por conseguinte, minar a própria sociedade. Historicamente,<br />

vimos grandes abusos contra a família enquadrados em estratégicas de domínio,<br />

sobretudo ideológico. Os próprios opressores tiveram que emendar a mão, mal,<br />

passando ao proteccionismo, para que ainda lhes restasse sociedade e… domínio.<br />

O que acha das novas formas de união das pessoas, como sejam uniões<br />

de facto, famílias monoparentais, famílias separadas e refeitas, casais<br />

homossexuais É possível integrá-las num tecido social saudável ou<br />

considera que sejam “desvios” da sociedade “perfeita”<br />

Quem não distingue confunde. Não se pode pôr tudo no mesmo saco, nem tudo<br />

dizer de uma só penada. Reconhecer a diversidade e a complexidade dos assuntos e<br />

dos casos, e lidar com os limites de um vocabulário equívoco e conotado é já remar<br />

contra a maré. Quando um assunto está na moda, é fácil que se imponha sem ter sido<br />

encarado a fundo. As situações referidas são demasiado sérias para se ficar impávido<br />

ao ver que a opinião pública tende a considerá-las coisa simples e normal. Por de trás<br />

há dramas que, por mais que se pretenda, não iludem a questão fundamental e basilar<br />

que é, salvo rara excepção, a busca de uma verdadeira expressão familiar. Sendo<br />

assim, essas situações nunca deveriam ser encaradas como sucedâneas ou alternativas<br />

mas como apelos a mais e melhor família. Em todo o caso, na sociedade, sem o<br />

classificativo de perfeita ou imperfeita, deve haver lugar para todos.<br />

Mas, tendo em conta a proliferação dessas outras “expressões familiares”,<br />

a leitura social que faz da realidade familiar dita tradicional é preocupante<br />

ou não há ainda lugar para alarmismos<br />

Deveras preocupante é que se fale da família como coisa do passado e do futuro,<br />

como tábua de salvação, e não como realidade presente e permanente. O adjectivo<br />

“tradicional” é demasiado equívoco e tem sido explorado pejorativamente. Mesmo<br />

assim, a família, não obstante a diversidade e até ambiguidade das suas formas,<br />

emerge sempre como realidade conatural à pessoa humana. E o amor será sempre o<br />

seu cimento mais forte.<br />

Falando, então, do presente, quais são em seu entender os principais<br />

problemas que as famílias modernas enfrentam<br />

Há hoje grande dificuldade, não só em estabelecer prioridades, mas também<br />

em ser fiel ao que se reconhece ser prioritário. O princípio da fruição instintiva do<br />

224 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

imediato e efémero constitui um risco. Os instintos condicionam o homem muito<br />

menos do que os outros seres inferiores, mas não o protegem suficientemente. A<br />

sua inteligência e vontade são decisivas. Só pensando e decidindo coerentemente,<br />

a pessoa humana consegue sobreviver e, significativa coincidência, dignificar-se.<br />

Para o homem, nada é um dado acabado, tudo é um projecto. A família, muito mais<br />

que desfecho inevitável de uma atracção natural, é dada à consideração e à decisão<br />

livre de cada um para a avaliar e nela investir o seu próprio ser. Mas o específico da<br />

família é o amor-comunhão que pressupõe a decisão a dois de empreender a vida<br />

em doação de ambos e de fazer disso um projecto prioritário. Entre os principais<br />

problemas, teremos que destacar essa descoberta da família como projecto e o reconhecimento<br />

da sua prioridade.<br />

E por que se tornou tão difícil encontrar esse “projecto prioritário”<br />

A cultura actual arrasta os próprios contenciosos enrolando as grandes questões,<br />

em vez de as enfrentar. Entre estas, encontra-se a família que, sendo central, é atirada<br />

para a periferia e, sendo incontornável, é adiada muitas vezes através de simulacros<br />

e fugas para a frente. Falei de cultura, incluindo pessoas, instituições e sociedade,<br />

todas dependentes da família e nela influentes. Esta omnipresença e transversalidade<br />

constituem a força e a fraqueza da família, na qual tudo se repercute. Não admira que<br />

o seu próprio seja posto em causa numa civilização que deslocou o seu centro da pessoa<br />

humana, ser em relação, cuja realização implica sempre o outro, para o indivíduo<br />

que se ilude com uma auto-realização mais em competição do que em cooperação.<br />

Este individualismo contradiz a capacidade de entrega, a gratuidade, a descoberta<br />

e valorização das diferenças, a compreensão dos limites, o perdão e a cooperação<br />

num projecto comum, e embala numa concepção redutora da família como bem de<br />

consumo irresistível e imprescindível à auto-realização.<br />

Acha que há solução para esse individualismo<br />

Claro que há e, felizmente, há quem a encontre. De qualquer modo, numa sociedade<br />

plural e de grande comunicação, nunca pensemos que a solução é simples, que<br />

é um exclusivo de alguém, ou que serve apenas a família.<br />

Mas será um regresso aos valores do passado, ou há perspectivas de<br />

uma evolução positiva da actual “desordem” na instituição familiar<br />

Porque a família é uma instituição perene, os valores por ela pressupostos também<br />

o são. Não faz sentido falar de regresso ao passado. Capacidade de entrega, gratuidade,<br />

compreensão e comunhão são valores de sempre, sem os quais se instala a desordem<br />

na família, hoje, tanto como ontem, ou no futuro. O desafio coloca-se em vivê-los em<br />

circunstâncias diferentes. Nisso se comprova a necessária adaptabilidade da família.<br />

Actualmente, numa grande diversidade de expressões, tudo se oferece, o melhor e o<br />

pior. Caducou um sistema social que enquadrava os indivíduos num sistema de refe-<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 225


Serviços e Movimentos<br />

rências pouco menos que inalterável, e parece abrir-se a cada um uma escolha ilimitada<br />

de opções. Digo “parece” porque, na realidade, não é assim, dada a força com que se<br />

apresentam a oferta do vazio e a desmobilização da opção pessoal. De qualquer modo,<br />

para uma boa escolha, exige-se uma capacidade de discernimento muito grande, em<br />

todo o caso bem superior à que a comum educação hoje proporciona.<br />

Sendo certo que há muitas famílias construídas sobre esses “valores<br />

perenes”, para alimentar algum optimismo, podemos encontrar ainda<br />

outros sinais positivos neste contexto da evolução social actual<br />

Essas famílias existem e são as primeiras a advertir que a sociedade lhes coloca<br />

sérios obstáculos e nem sempre presta a cooperação e a complementaridade esperadas<br />

para conseguirem ser família como entendem e desempenhar bem o papel<br />

educativo em relação aos filhos. Esta advertência é muito positiva e parece crescer.<br />

Vai até surgindo alguma mobilização para uma entreajuda e uma acção concertada<br />

no sentido de inverter a tendência para o alheamento e o desânimo. Na prática, vai<br />

encontrando eco o apelo insistente de João Paulo II para que as famílias sejam as<br />

primeiras protagonistas de um movimento de resposta às grandes questões da família<br />

e vai crescendo a consciência de que a família, como já referi, será sempre um<br />

projecto em construção.<br />

A Igreja dedica uma atenção muito especial à família. Será apenas<br />

uma estratégia, como fazem outras instituições que não se permitem<br />

menosprezar essa área fulcral, ou há uma razão mais profunda<br />

São Paulo, ao reparar como homem e mulher deixam pai e mãe para unirem as<br />

suas vidas e destinos, viu aí o melhor sinal da aliança que Deus estabeleceu com o seu<br />

povo, selada na entrega de Cristo até à morte para vida de todos. E, contemplando a<br />

entrega perfeita de Cristo, não se continha que não dissesse aos cônjuges para procederem<br />

do mesmo modo um com o outro. A Igreja ilumina a família com uma nova luz,<br />

ao mesmo tempo que se enriquece e esclarece com a luz que erradia da família. Esta é<br />

a primeira atitude da Igreja, da qual deve partir toda a acção pastoral. Enviada ao homem,<br />

não pode esquecer que ele é chamado por Deus a viver em família, que a família<br />

é o primeiro nível de vivência eclesial – Igreja doméstica – e que a Igreja universal é<br />

chamada a realizar a comunhão como que numa família de famílias.<br />

Centrando-nos na pastoral diocesana e, mais concretamente, nos três<br />

serviços em que trabalha, SDPF, CPM e ENS, como estão organizados<br />

estes serviços e quais são as suas principais linhas de acção<br />

O Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar tem uma função, antes de mais,<br />

de coordenação de todas as iniciativas nesta área. Por isso, procura uma ligação<br />

estreita com os movimentos especializados e as paróquias, que são as unidades fundamentais<br />

da organização diocesana. Os Centros de Preparação para o Matrimónio<br />

226 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Serviços e Movimentos<br />

e as Equipas de Nossa Senhora são movimentos de casais, autónomos, cada um<br />

com o seu carisma próprio. Enquanto os CPM reúnem casais que aceitam fazer uma<br />

caminhada de revisão de vida conjugal e familiar que partilham primeiro entre si e<br />

depois colocam, sob a forma de testemunho, ao serviço dos noivos que se preparam<br />

proximamente para o Matrimónio, as Equipas de Nossa Senhora têm em vista a vivência<br />

espiritual dos próprios casais que se reúnem mensalmente para partilharem a<br />

sua caminhada e porem em comum as suas reflexões, alegrias e dificuldades.<br />

E dentro desses dinamismos, para o corrente ano, há alguma novidade<br />

na acção pastoral, algum projecto ou iniciativa que queira destacar<br />

Consideramos mais importante, este ano, aquilo que já é, ao mesmo tempo, resultado<br />

de esforços efectuados nos anos anteriores. Vinha-se a insistir na constituição<br />

de Equipas Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização<br />

local das acções das famílias para a família, uma ligação efectiva com o Secretariado<br />

Diocesano e uma representatividade de toda a <strong>Diocese</strong> num futuro Conselho<br />

Diocesano da Família. Com representantes das Equipas Paroquiais já existentes e<br />

com os delegados dos movimentos familiares, o Secretariado Diocesano deu início<br />

a uma colaboração estreita, que se concretizou na organização das jornadas e outras<br />

iniciativas, desde a escolha dos temas ao modo de organização e mobilização. É um<br />

esforço a prosseguir.<br />

Um dos temas mais referidos quando se fala desta área pastoral é a<br />

inserção de pessoas que se separaram e voltam depois a constituir novas<br />

famílias. É feito algum trabalho em concreto neste campo<br />

Ainda há quem continue a imaginar uma solução que passe pela aceitação do<br />

divórcio ou, pelo menos, por uma igualização, como se nada tivesse acontecido,<br />

o que vem dar ao mesmo. Não é assim. Uma atitude pastoral passa, antes de mais,<br />

pelo acolhimento e compreensão do que aconteceu, que não é forçosamente igual em<br />

todos os casos. Pode concluir-se que vale a pena colocar ao Tribunal Eclesiástico a<br />

questão da validade do primeiro matrimónio. Se não, nunca dispensando o discernimento<br />

de cada caso, o diálogo deve alimentar a fé no Senhor Jesus Cristo, que nunca<br />

deixa de amar a todos com um amor único, e o acolhimento na caridade por parte<br />

da Igreja deve levar à descoberta da atitude fundamental do mesmo Senhor que, não<br />

deixando qualquer ambiguidade sobre a recusa do divórcio, manifestou claramente<br />

que continuava a acolher os que erram. O que é importante é que, se não há condições<br />

para uma Comunhão Eucarística, que é a Nova Aliança de que o Matrimónio<br />

indissolúvel é sinal, há outras formas extraordinariamente expressivas de união a<br />

Jesus Cristo e de participação na vida da comunidade. Esta acção pastoral desenvolve-se<br />

essencialmente nas comunidades locais. Um outro aspecto a não descurar<br />

e que sobressai é a necessidade de uma pastoral familiar e matrimonial que prepare<br />

e solidifique as uniões.<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 227


Serviços e Movimentos<br />

Tendo em conta essa análise, sente que estamos no caminho certo ou<br />

haverá que mudar estratégias pastorais, no caso da nossa diocese<br />

A principal mudança deve ser no sentido de toda a pastoral ser familiar, sob pena<br />

de não ser pastoral, pura e simplesmente. Foi ainda João Paulo II que chamou a<br />

atenção para isso. Dada a importância da família na condição da pessoa humana, na<br />

Igreja e na sociedade, nada pode prescindir dela. Mas, mesmo perante esta ligação<br />

estreita de tudo à família, não pode descurar-se uma pastoral familiar específica<br />

e especializada. E então, abrem-se campos particularmente urgentes, tais como: a<br />

preparação para o matrimónio, remota, próxima e imediata; o acolhimento e acompanhamento<br />

dos casais novos; a pedagogia do diálogo conjugal e familiar; a espiritualidade<br />

conjugal e familiar; o apoio aos pais na educação dos filhos; a formação com<br />

vista a uma paternidade consciente e responsável; e, para retomarmos a prioridade<br />

escolhida pelo Secretariado Diocesano, a constituição em cada comunidade paroquial<br />

de uma equipa de casais especialmente atenta à família, que anime e coordene<br />

toda a acção em prol da família.<br />

Uma mensagem final para as famílias diocesanas…<br />

Gostaria de não esquecer nenhuma família, mesmo independentemente do seu<br />

credo religioso. A todas gostaria de deixar uma mensagem de esperança, dentro do<br />

espírito de Natal que ainda vivemos. Se não for perceptível a todos a extraordinária<br />

surpresa, que os cristãos acolhem, de um Deus que nasceu homem no seio de uma<br />

família humana, todos nos unimos pelo menos na dimensão familiar que o mesmo<br />

Natal tomou na nossa civilização. É a melhor altura para desejar que as famílias se<br />

percebam como um projecto com prioridade diante de todos os outros e para propor<br />

uma união dos esforços de todas as famílias pela família.<br />

V Encontro Mundial das Famílias<br />

Decorrerá de 1 a 9 de Julho de 2006, em Valência (Espanha), o V Encontro Mundial<br />

das Famílias, que contará com a presença do Papa Bento XVI. Convocado pelo<br />

Papa, realiza-se de três em três anos e tem reunido centenas de milhares de famílias<br />

dos cinco continentes para rezar, dialogar, aprender, partilhar e aprofundar a compreensão<br />

da família como dom divino e do seu papel como Igreja doméstica e unidade<br />

base da evangelização. Até à data os organizadores já receberam mais de 25 mil pedidos<br />

de participação de todo o mundo. Ao mesmo tempo decorrerá também a Feira<br />

Internacional das Famílias, que dá a oportunidade às Associações, organizações e<br />

entidades confessionais ou aconfessionais de todo o mundo, que trabalham em favor<br />

da família, de apresentarem a sua identidade, actividades, projectos e experiências<br />

aos inumeráveis participantes do Encontro, numa área de mais de 100 mil metros<br />

quadrados, prevista para mais de um milhão e meio de pessoas.<br />

Inscrições no site oficial do EMF: www.emf2006.org.<br />

228 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Relatório de Actividades do Triénio 2002/2004<br />

Comissão Diocesana Justiça e Paz<br />

Serviços e Movimentos<br />

1 - Nomeada por decreto do Senhor D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva de 17<br />

de Janeiro de 2002, por um período de 3 anos, a Comissão Diocesana Justiça e Paz<br />

iniciou de imediato a sua actividade, no tempo em que, por iniciativa do Papa João<br />

Paulo II, se realizava em Assis o encontro de líderes religiosos de todo o mundo e se<br />

assinava o “Texto do Compromisso Comum para a Paz” - 24 de Janeiro de 2002.<br />

A Comissão fez a sua apresentação pública em 2 de Março seguinte, em sessão<br />

realizada no Auditório da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de <strong>Leiria</strong>, na qual proferiu<br />

uma conferência o Sr. Dr. Bagão Félix, então Presidente da Comissão Nacional<br />

Justiça e Paz, subordinada ao tema “Justiça e paz em Portugal”. Na mesma sessão<br />

foram apresentadas pela Comissão as grandes linhas da sua actividade, à luz de objectivos<br />

coincidentes com os da Comissão Nacional.<br />

De entre essas linhas, destacámos: o estudo e divulgação da Doutrina Social da<br />

Igreja; a apreciação de situações e problemas sociais e a denúncia da violação de<br />

direitos da pessoa humana; a promoção da intervenção dos cristãos no campo político-social,<br />

respeitando o legítimo pluralismo de opiniões e a promoção da justiça e<br />

da paz, em todas as circunstâncias.<br />

Nesta linha, publicámos em 22 do mesmo mês um comunicado público centrado<br />

em problemas actuais de justiça social, na área da diocese.<br />

2 - Passando a abordar questões concretas, divulgámos em 22 de Abril um comunicado<br />

sobre o tema da imigração, desenvolvido em colóquio público realizado a<br />

18 de Maio, no referido auditório, com a colaboração do Secretariado das Migrações<br />

da nossa diocese e a presença e participação de muitos imigrantes da nossa zona. As<br />

intervenções iniciais estiveram a cargo do Dr. Jorge Portas, Director Regional do<br />

Centro do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Padre Sérgio Henriques do Secretariado<br />

Diocesano das Migrações e Roman Bunykovatyy da comunidade ucraniana.<br />

Ainda em 2002, a Comissão debateu internamente o tema, então momentoso, do<br />

novo Código do Trabalho e divulgou em 28 de Novembro a sua tomada de posição<br />

sobre a matéria. Posteriormente, em 23 de Janeiro de 2003 abriu a discussão a debate<br />

público, ainda realizado na C. C. Agrícola Mútuo de <strong>Leiria</strong>, com forte participação<br />

de interessados, sendo o painel inicial de intervenções, representativo de diversas<br />

posições, composto pelos Doutores Luís Brito Correia, Júlio Gomes e Pe. Peter<br />

Stiwell, todos docentes universitários.<br />

Em 17 de Fevereiro seguinte, a Comissão, em seguimento de uma recomendação<br />

unânime do Conselho Pastoral Diocesano, tomou posição pública sobre a ameaça de<br />

guerra com que se debate a Humanidade e, na linha das posições do Papa João Paulo<br />

| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 229


Serviços e Movimentos<br />

II, defendeu os valores da paz, do diálogo, do respeito pelo direito internacional e<br />

da solidariedade entre todas as nações. No mesmo sentido, em 28 de Março, após o<br />

início da guerra do Iraque, divulgou novo comunicado, subordinado ao título “Urgência<br />

da paz” e em 15 de Abril participou na organização no II Encontro das Igrejas<br />

Cristãs de <strong>Leiria</strong> pela Paz.<br />

3 - Ainda em 2003, debruçou-se sobre a temática do Desenvolvimento e a Paz e<br />

evocou o 35º Aniversário da “Encíclica Populorum Progressio” do Papa Paulo VI e<br />

sobre a actualidade deste notável documento pontificio. Convidou o Prof. Dr. António<br />

Barbosa de MeIo para uma conferência sobre o tema, que decorreu no auditório<br />

da Livraria Arquivo, seguindo-se, como habitualmente, debate com a assistência.<br />

Posteriormente, no decorrer de 2003, e a propósito da Constituição Europeia,<br />

realizou um debate interno sobre o papel da Igreja na construção das Europa, que<br />

viria a culminar com uma conferência do Senhor D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar<br />

de Lisboa, na Aula Magna do Seminário, em 9 de Fevereiro de 2004, com larga<br />

assistência, subordinada ao tema “Leigos na Europa”. Seguidamente aprofundou o<br />

estudo da situação dos mais desfavorecidos, no nosso país – e em especial na nossa<br />

região – a propósito de dados preocupantes vindos a público – e organizou novo<br />

debate púbico, conjuntamente com a Caritas Diocesana, em 8 de Julho de 2004, na<br />

Aula Magna do Seminário, também muito concorrido, em redor do tema “O problema<br />

da pobreza, a nível nacional e local” introduzido pelo Prof. Dr. Alfredo Bruto<br />

da Costa, da Comissão Nacional Justiça e Paz e pela Assistente Social Drª Mavíldia<br />

Frazão.<br />

Finalmente, em 17 de Dezembro de 2004, novo debate público na Aula Magna<br />

do Seminário, agora orientado pelo Dr. José Dias da Silva.<br />

4 - Para além das realizações públicas promoveu a Comissão diversos debates<br />

internos sobre temas como a liberdade religiosa, os problemas da habitação social<br />

e a situação dos reclusos, com a colaboração de especialistas nos diversos assuntos,<br />

que não foi possível trazer a público, no decorrer do seu mandato. Apesar de todas<br />

as suas lacunas, julga que deu algum contributo para alertar as pessoas para a problemática<br />

actual da justiça e da paz na nossa diocese. Muito agradece o apoio do nosso<br />

Bispo em todas as situações e, bem assim, de todas as instituições e personalidades<br />

que colaboraram nas nossas iniciativas.<br />

Relatório de contas do triénio<br />

Comunicação (correio e telefone) 1006,63 €<br />

Despesas<br />

Artigos de expediente 169,93 €<br />

Conferências e colóquios 795,21 €<br />

<strong>Programa</strong>s, cartazes convites e publicitação 1431,15 €<br />

Receitas<br />

Comparticipação da <strong>Diocese</strong> 3000,00 €<br />

Oferta anónima 500,00 €<br />

Saldo positivo 97,08 €<br />

230 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |


Comunicado da Comissão Justiça e Paz<br />

Conhecer a pobreza, defender a vida<br />

Serviços e Movimentos<br />

A Comissão Diocesana Justiça e Paz, recentemente nomeada pelo Sr. D. Serafim<br />

de Sousa Ferreira e Silva, definiu já os grandes objectivos que se propõe prosseguir<br />

no seu 1º ano de mandato, no seguimento do trabalho realizado pela sua antecessora.<br />

E, assim, na linha dos objectivos definidos para a Comissão Nacional Justiça e<br />

Paz, que são também os da Comissão Diocesana, propõe-se entre outras finalidades:<br />

estudar e divulgar a Doutrina Social da Igreja, à luz do Evangelho, aplicável a situações<br />

concretas do dia a dia da nossa comunidade diocesana; analisar e pronunciar-se<br />

sobre temas que tenham a ver com os direitos do homem, a justiça e a paz; procurar<br />

responsabilizar os cristãos por toda a problemática social e cívica, incentivando-os a<br />

participar na vida pública, sem prejuízo do pluralismo de opções.<br />

Assim, propõe-se retomar o tema da pobreza na nossa comunidade, em todas as<br />

suas facetas, dando seguimento e procurando aprofundar o trabalho empreendido<br />

anteriormente. Para o efeito promoverá um inquérito junto das paróquias, solicitando<br />

a colaboração destas e de instituições particulares de solidariedade – IPSS – nelas<br />

sedeadas. Estudados os resultados, fará a sua apresentação, submetendo-os ao conhecimento<br />

de especialistas e a debate público, na busca de soluções.<br />

Propõe-se também retomar as grandes linhas da Constituição Pastoral sobre a<br />

Igreja no Mundo Contemporâneo, emanada do Concílio Vaticano II, que mantêm<br />

plena actualidade, debruçando-se em especial sobre o capítulo respeitante à “Comunidade<br />

Política”, procurando alertar os cristãos, em particular os jovens, para as suas<br />

responsabilidades no tempo presente e incentivando-os a colaborar na vida pública.<br />

Focando em especial a área da diocese, procurará aprofundar o problema infelizmente<br />

tão actual dos incêndios, suas causas e consequências, em particular no campo<br />

social, assim como danos sofridos e forma de os procurar resolver. Considerará as<br />

responsabilidades em especial do Estado, Sociedade Civil, Igreja e simples cidadãos<br />

e a forma de dar remédio ao passado e prevenir o futuro.<br />

Anuncia-se para o próximo ano um referendo sobre a interrupção voluntária da<br />

gravidez. A Comissão está já a estudar o assunto à luz da ciência e da doutrina da<br />

Igreja e tendo em conta as realidades actuais e, oportunamente, tomará posição pública<br />

e promoverá outras iniciativas.<br />

A Comissão terá ainda em conta outras situações e, em especial, a crise com que<br />

o país e a região se debatem, em particular no que se refere aos aspectos sociais,<br />

e terá sempre presente a problemática da paz nos planos internacional, nacional e<br />

local. Logo que programada a sua actividade, a Comissão divulgará as acções previstas.<br />

Pede desde já a colaboração de instituições públicas e particulares que vierem<br />

a ser solicitadas, assim como da comunicação social, dados os fins de interesse geral<br />

que prossegue.<br />

<strong>Leiria</strong>, 3 de Novembro de 2005<br />

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Serviços e Movimentos<br />

Encontros mensais de reflexão do MEC<br />

O Movimento de Educadores Católicos (MEC) iniciou o novo ano pastoral, no<br />

passado 8 de Outubro, com uma palestra do psicólogo Dr. Carreira, subordinada<br />

ao tema “Discernimento de carismas e espírito de serviço”. Durante cerca de duas<br />

horas, o orador captou a atenção dos professores presentes, discorrendo sobre o conhecimento<br />

pessoal e o contributo de cada um para a ajuda e valorização dos outros.<br />

Como escreveu Henry Adams, “um professor influi para a eternidade; nunca se pode<br />

dizer até onde vai a sua influência”.<br />

Do programa para o novo ano haverá, entre outras iniciativas, encontros mensais,<br />

para estudo de um tema, que será desenvolvido por um orador convidado.<br />

Assim, a 12 de Novembro, foi abordado o tema “Apresentação do Projecto<br />

Pastoral Diocesano e a intervenção dos Movimentos (do MEC) na sua dinâmica”.<br />

Foi orador convidado o Padre Jorge Guarda, Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>. Depois de<br />

apresentar resumidamente o Projecto Pastoral da <strong>Diocese</strong> para os próximos anos, o<br />

orador falou do papel que cada cristão deve assumir na sua dinâmica. O Projecto só<br />

interessa e é válido se conseguir mobilizar as pessoas e as instituições. É importante<br />

que cada cristão, individualmente ou em grupo organizado, dê o seu contributo, intervenha<br />

com os seus talentos, ou seus dons ou carismas, em favor da comunidade.<br />

Cada um é único e “a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao<br />

bem comum” (I Cor. 12, 7).<br />

Com grande clareza e capacidade de comunicação o orador manteve o interesse<br />

dos assistentes ao longo das duas horas que durou a conferência, deixando em todos<br />

o desejo sincero de contribuírem para a realização efectiva do Projecto Pastoral Diocesano.<br />

A terminar o Encontro, como era festa de S. Martinho, houve um animado<br />

magusto, e todos conviveram alegremente até ao final da tarde.<br />

O encontro de Dezembro esteve, naturalmente, centrado no mistério do Natal,<br />

o nascimento do Deus Menino, que veio para unir todos os homens como irmãos.<br />

Foi na tarde do dia 16 e teve como orador convidado o Padre Adriano Brites que,<br />

recorrendo à Dinâmica de Grupo, envolveu facilmente todos os presentes num animado<br />

trabalho de reflexão conjunta, a que o mesmo deu o título: «Sob o signo do<br />

acolhimento... é Natal!»<br />

Em perfeita sintonia com o Projecto Pastoral Diocesano, que propõe o Acolhimento<br />

como a principal atitude a cultivar ao longo deste ano, e porque era Natal,<br />

foi sobre o acolhimento que se falou e se reflectiu. E a síntese da reflexão foi assim<br />

resumida pelo Padre Brites no pequeno texto que deixou aos participantes: «Como<br />

Maria, que acolheu com o seu SIM a Palavra de Deus e a fez frutificar para nós, saibamos,<br />

como frágeis vasos de barro, reconstruir o coração para acolher o dom que<br />

Ele nos oferece e o derramar sobre todos os que connosco se cruzam».<br />

No final, todos viveram com intensidade a celebração Eucarística, e continuaram<br />

o encontro com o jantar de Natal, num restaurante dos Marinheiros.<br />

232 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |

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