Amar: Programa cumprido - Diocese Leiria-Fátima
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ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005<br />
• D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al - 1916-2005 | pág. 167<br />
<strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong><br />
• 90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong> | pág. 179<br />
Tocar no coração da modernidade<br />
• “Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido | pág. 233<br />
Escolas: iguais, mas diferentes!<br />
documentos pastorais • notícias • serviços e movimentos • reflexões • docu
<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Órgão Oficial da <strong>Diocese</strong><br />
ANO XIII • NÚMERO 39 • SETEMBRO / DEZEMBRO • 2005
Ficha Técnica<br />
Director<br />
Luís Inácio João<br />
Chefe de Redacção<br />
Luís Miguel Ferraz<br />
Administrador<br />
Henrique Dias da Silva<br />
Conselho de Redacção<br />
Belmira de Sousa<br />
Jorge Guarda<br />
Luciano Cristino<br />
Manuel Melquíades<br />
Saul Gomes<br />
Capa, Grafismo e Paginação<br />
Luís Miguel Ferraz<br />
Propriedade<br />
<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Sede<br />
Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong><br />
2414-011 <strong>Leiria</strong><br />
Tel. 244 832 760<br />
Fax 244 821 102<br />
Mail: revista@leiria-fatima.pt<br />
E D I Ç Ã O<br />
G R Á F I C A<br />
Periodicidade . Quadrimestral<br />
Tiragem . 420 exemplares<br />
Assinatura anual - 12 euros<br />
Número avulso - 4 euros<br />
Impressão - Gráfica de <strong>Leiria</strong><br />
Depósito Legal - 64587/93<br />
Os textos não assinados das secções noticiosas<br />
são elaborados pelo chefe-de-redacção da<br />
revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base<br />
os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO<br />
e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e<br />
movimentos poderão enviar-nos ecos das suas<br />
iniciativas e programação, para os contactos<br />
indicados nesta ficha técnica.
Índice<br />
Editorial<br />
Dom Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al 157<br />
Documentos Pastorais<br />
Assembleia Diocesana a 2 de Outubro 159<br />
Nomeações Episcopais 159<br />
Nomeações Episcopais 160<br />
Nota episcopal 160<br />
Comunicado do Conselho Presbiteral 161<br />
Nota episcopal “Quem mais está batendo” 162<br />
Nota da Secretaria Episcopal 163<br />
Mensagem de Natal 163<br />
Em Destaque<br />
[ Curso da ETLF reconhecido para leccionar Religião e Moral ] 164<br />
Assembleia Diocesana acolheu Projecto Pastoral 2005/2011 165<br />
D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al • <strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong> 167<br />
Dia 19 de Dezembro • Jornada festiva com irmãos jubilários 171<br />
Relíquias de S. Teresinha em <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> • “Quero passar o meu Céu...” 173<br />
Semana dos Seminários • A Igreja é uma comunidade de chamados 177<br />
Jornadas Missionárias 2005 • Comunicado - Conclusões 178<br />
90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong> • Tocar no coração da modernidade 179<br />
Outras notícias do Santuário… 181<br />
Cáritas coordena • Ajuda a vítimas dos incêndios 187<br />
Encontro nacional dos capelães hospitalares • Assistência espiritual na saúde 189<br />
Jovens sem Fronteiras • As motivações dos Jovens 191<br />
Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia, Dia das Missões e novos Santos 193<br />
Notícias<br />
Acolhimento na catequese 195<br />
Nova equipa no Seminário de <strong>Leiria</strong> 195<br />
Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da <strong>Diocese</strong> 195<br />
Novo livro homenageia o padre Lacerda 196<br />
Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> 196<br />
Encontro Diocesano de Catequistas 196<br />
Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de Carrilhão 197<br />
Central FM premeia Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> 197<br />
Nova paróquia da Cruz da Areia 197<br />
Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vida 198<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 155
Índice<br />
Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de Ourém 198<br />
Congresso Eucarístico da vigararia das Colmeias 199<br />
Convívio Fraterno 988 199<br />
Conselho Pastoral Diocesano fora de portas 200<br />
III Congresso da Família Missionária da Consolata 200<br />
Conselho Nacional do CPM 201<br />
XVII Jornadas nacionais da Pastoral Familiar 202<br />
<strong>Leiria</strong> nos 146 anos das Conferências de S. Vivente Paulo 203<br />
Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde 204<br />
Apostolado da Oração 204<br />
Caminho Neocatecumenal reunido em <strong>Fátima</strong> 205<br />
Novos párocos tomaram posse 205<br />
Equipas de Nossa Senhora 206<br />
Confraria de Nossa Senhora da Encarnação 207<br />
Acção Católica Urbana 207<br />
Jornadas de Pastoral Urbana 208<br />
Escuteiros de Amor comemoram 10 anos 208<br />
Apresentação do Evangelho do Ano em Monte Real 209<br />
Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil 209<br />
Vigararia de <strong>Leiria</strong> aposta na formação 209<br />
Jornada Diocesana da Pastoral Familiar 210<br />
“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades” 210<br />
Alburitel no centenário do Padre Joaquim Lourenço 211<br />
Natal de Acção Católica Rural 212<br />
Reunião Diocesana Secretariados e Movimentos 212<br />
Meditações sobre o Mistério da Encarnação 213<br />
Natal nos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong> 213<br />
Vigararias acolhem tema do “Acolhimento” 214<br />
Serviços e Movimentos<br />
[SDPL] O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã” 215<br />
[Cáritas] “A solidariedade não se esgota no porta-moedas” 219<br />
[SDPF] “A família é um projecto prioritário” 223<br />
Comissão Diocesana Justiça e Paz 229<br />
Encontros mensais de reflexão do MEC 232<br />
Reflexões<br />
“Educação cristã” na sociedade. Ainda faz sentido • Escolas: iguais, mas diferentes! 233<br />
Terço ou Rosário 239<br />
A propósito das eleições • Os poderes da terra e do Céu 242<br />
Índice Geral - 2005 246<br />
156 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Editorial<br />
Dom Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />
O Senhor Dom Alberto faleceu a 7 de Outubro. O seu estado de saúde<br />
progressivamente agravado e a idade avançada vinham anunciando. Mesmo<br />
assim a notícia tocou profundamente a Igreja diocesana que não esquecia a<br />
dedicação de quem a serviu de forma incondicional, primeiro como Bispo<br />
residencial, de 1972 a 1993, depois na continuidade de uma comunhão<br />
espiritual, profunda, atenta e discreta.<br />
<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, Órgão Oficial da <strong>Diocese</strong>, associa-se a esta Igreja que<br />
em solenes exéquias entregou piedosamente nas mãos do Pai aquele que<br />
acolhera nesse mesmo dia 8 de Outubro mas há 33 anos, como Pastor<br />
enviado pela bondade divina.<br />
Figura única, Dom Alberto não cabia nos parâmetros humanos habituais.<br />
Chegando a desapontar os ávidos de brilho e exuberância, tinha na dimensão<br />
espiritual o autêntico esteio da sua vida. A tal ponto que as suas inúmeras<br />
qualidades só eram verdadeiramente perceptíveis aos olhares também<br />
sensíveis à expressão tão profunda como discreta desse seu viver. Dotado<br />
de grande sensibilidade, sofreu na procura de respostas concretas, quase<br />
impossíveis num tempo de tão numerosos e insistentes interrogações.<br />
As suas limitações humildemente assumidas deixavam transparecer a<br />
extraordinária força interior que pedia e agradecia a Deus em quem punha<br />
toda a sua confiança. Além da cooperação de todos na complementaridade<br />
dos ministérios de todo o corpo eclesial, sabia reconhecer a necessidade<br />
da colaboração especial de algumas pessoas para garantia de um exercício<br />
pastoral mais eficaz.<br />
Como acontece com os grandes homens de Deus, a sua vida foi preciosa<br />
para a Igreja e para a humanidade. Não deixou riquezas materiais pois não<br />
estava aí o seu coração. Deixou sim o maior e mais precioso legado espiritual<br />
– o testemunho do dom quotidiano da sua vida em completa fidelidade a Deus<br />
e aos irmãos, num testemunho de grande configuração com o Bom Pastor que<br />
deu a vida pelas suas ovelhas. Dom Alberto continuará presente nas memórias<br />
e nos corações, brilhante como a luz colocada sobre o candelabro.<br />
O Director<br />
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Editorial
Documentos Pastorais<br />
Assembleia Diocesana a 2 de Outubro<br />
Está programada para o primeiro domingo de Outubro, dia 2, a grande<br />
ASSEMBLEIA DIOCESANA; são objectivos principais apresentar o programa<br />
2005-2006 do PROJECTO PASTORAL.<br />
São convocados por este meio todos os Responsáveis de Serviços e Obras,<br />
bem como os principais agentes pastorais da <strong>Diocese</strong>, com o seu Bispo, a saber: o<br />
Clero Diocesano e Religioso, os Membros do Conselho Pastoral e das Comissões<br />
ou Secretariados Diocesanos, os Dirigentes de Movimentos, Associações e Obras,<br />
Representantes das Comunidades Religiosas, Membros dos Conselhos Vicariais<br />
e Paroquiais, os Catequistas, os Ministros Extraordinários da Comunhão e outros<br />
Cristãos mais empenhados no conjunto da pastoral diocesana.<br />
A sessão começa às 15 horas no salão de festas do Colégio da Cruz da Areia, em<br />
<strong>Leiria</strong>, e encerra com a celebração da Eucaristia na igreja da Sé, às 18,30 horas.<br />
O início do PROJECTO PASTORAL no ano da Eucaristia é também sinal de<br />
Graça e de Comunhão.<br />
<strong>Leiria</strong>, 5 de Setembro 2005.<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Nomeações Episcopais<br />
Achamos por bem, ponderadas as condições e as razões das diversas actividades<br />
pastorais e seus agentes:<br />
1. Nomear, apresentando, Capelão dos estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong>, em<br />
substituição do Rev. Pe. Dr. Rui Acácio Amado Ribeiro, o Rev. Pe. Manuel Victor<br />
de Pina Pedro, que, assumindo as novas funções e cessando aquelas para as quais<br />
tinha sido nomeado, nomeadamente as de vigário paroquial de Souto da Carpalhosa<br />
e de Pároco de Carnide e Bidoeira, poderá aceitar o encargo de alguma capelania<br />
paroquial de modo fixo ou em sistema rotativo.<br />
2. Nomear Pároco de Carnide o Rev. Pe. Abel José da Silva Santos, que já aí<br />
exercia as funções de Administrador Paroquial, acumulando com as de Pároco da<br />
Bajouca.<br />
3. Nomear Pároco da Bidoeira o Rev. Pe. Dr. Adelino Filipe Guarda, que deixa<br />
a paroquialidade de Pataias e Alpedriz, a fim de poder dedicar-se mais à função<br />
de docente no Instituto Superior de Estudos Teológicos, em Coimbra, estando<br />
dispensado do c.533§1, pois que a comunidade da Bidoeira não dispõe de casa<br />
paroquial.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 159
Documentos Pastorais<br />
4. Nomear Pároco de Pataias e Alpedriz o Rev. Pe. Virgílio do Rocio Francisco.<br />
5. Nomear Pároco de Reguengo do Fetal o Rev. Pe. Nuno Miguel Heleno Gil.<br />
6. Dispensar da paroquialidade do Olival o Rev. Pe. Elias Ferreira da Costa, por<br />
motivos de saúde, e nomear Pároco da mesma freguesia do Olival o Rev. Pe. Sérgio<br />
Feliciano de Sousa Henriques, Pároco de Caxarias.<br />
7. Nomear Director Diocesano do Apostolado da Oração, em substituição do<br />
Rev. Pe. Adelino Rodrigues Ferreira, o Rev. Pe. Davide Vieira Gonçalves, Prior dos<br />
Pousos.<br />
8. Nomear Assistente eclesiástico da Equipa Responsável pelo Secretariado<br />
Diocesano da Pastoral Juvenil o Rev. Pe. Manuel Henrique Gameiro de Jesus,<br />
Vigário paroquial de Ourém (Nossa Senhora das Misericórdias).<br />
Agradecemos todo o bom trabalho realizado, fazemos votos que as presentes<br />
nomeações tenham o melhor acolhimento e correspondam aos objectivos da mesma<br />
missão pastoral na nossa <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, que se esforça por caminhar em<br />
permanente renovação sinodal.<br />
O presente decreto pode entrar em vigor nesta data, todavia as respectivas<br />
transferências e tomadas de posse deverão oportunamente ser realizadas num prazo<br />
especialmente alargado, de comum acordo, até sessenta dias.<br />
<strong>Leiria</strong>, 16 de Setembro 2005, MO de S. Cornélio e S. Cipriano.<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Nomeações Episcopais<br />
Havemos por bem:<br />
1) Nomear Pároco de Alpedriz e Vigário Paroquial de Pataias, com todos os<br />
poderes/deveres que constam do Código de Direito Canónico, nomeadamente no<br />
can. 1111 § 2, o Reverendo P. Sérgio Jorge Lopes Fernandes.<br />
2) Nomear Director do Centro de Formação e Cultura, na cidade de <strong>Leiria</strong>, o Rev.<br />
P. Dr. Vítor Manuel Leitão Coutinho.<br />
3) Nomear a nova Comissão Diocesana Justiça e Paz, assim constituída: Dr.<br />
Tomás Oliveira Dias, Dr. Eugénio Pereira Lucas, Dra. Catarina de Oliveira Soares,<br />
Dra. Mavíldia Carreira da Costa Frazão Vieira e P. Dr. Luís Inácio João.<br />
<strong>Leiria</strong>, 11 de Outubro 2005<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Nota episcopal<br />
O Sr. D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al faleceu no dia 7 de Outubro de 2005,<br />
Memória de Nossa Senhora do Rosário, e o seu corpo foi sepultado, três dias depois,<br />
160 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Documentos Pastorais<br />
na basílica de Nossa Senhora do Rosário de <strong>Fátima</strong>.<br />
No próximo dia 6 de Novembro, Domingo, vamos celebrar a “Missa do 30º dia”<br />
na Sé de <strong>Leiria</strong>, às 18h30.<br />
Convidamos para a Concelebração todos os Diocesanos e especialmente os<br />
sacerdotes residentes na <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.<br />
No seu “testamento espiritual” diz-nos D. Alberto, em 13 de Agosto 1992, o 53º<br />
aniversário da sua ordenação sacerdotal:<br />
“Ao aproximar-se o momento de partir, concede-me, Senhor, a graça de encarar<br />
o mistério da morte, numa atitude de total abandono nas tuas mãos de Pai. Que a<br />
morte seja para mim não um ocaso mas o dealbar do dia eterno, o vértice duma<br />
vida terrena que culmina no holocausto supremo e definitivo, intimamente unido ao<br />
de Cristo Redentor, no altar da Cruz. Esse será para mim o momento sacerdotal e<br />
pastoral por excelência, porque não há amor maior que o daquele que dá a vida pelos<br />
que ama: Tu, meu Senhor e meu Deus, e em ti e por ti, todos aqueles que Tu amas.<br />
Antecipo desde já esse momento oferecendo-me na totalidade do meu ser por<br />
todos os homens redimidos, particularmente por aqueles que encontrei ao longo<br />
do meu ministério sacerdotal: leigos, sacerdotes, religiosos, crentes e não crentes.<br />
Recolho no altar do meu coração toda a minha existência para depô-la no Teu<br />
coração de Pai. Peço perdão das minhas infidelidades ao Teu amor e ao amor de<br />
todos os homens, meus irmãos.”<br />
Agradecemos o magno testemunho do Sr. D. Alberto, e rezamos para que todos<br />
possamos beneficiar da sua oração, como prometeu: “No Céu amarei a todos os que<br />
peregrinam, com amor maior, porque amarei em Deus e por Deus, como Deus ama.<br />
Em Deus poderei amar numa dimensão maior.”<br />
<strong>Leiria</strong>, 17 de Outubro 2005,<br />
MO de Santo Inácio de Antioquia<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Comunicado do Conselho Presbiteral<br />
O Conselho Presbiteral da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, presidido pelo bispo<br />
diocesano, reuniu-se no dia 17 de Outubro de 2005, no Seminário Diocesano.<br />
Depois do momento de oração inicial, o presidente, pelo facto deste órgão de<br />
consulta episcopal estar a começar um novo mandato, teceu algumas considerações<br />
sobre as suas funções no cuidado pela vida dos presbíteros e da <strong>Diocese</strong>; recordou<br />
que esta reunião decorre pouco depois da morte do seu predecessor D. Alberto Cosme<br />
do <strong>Amar</strong>al, de grata memória, e anunciou que a livraria Gráfica de <strong>Leiria</strong> terá, em<br />
breve, para oferecer a todos os que foram crismados por D. Alberto e seu sucessor, a<br />
edição abreviada do Catecismo da Igreja Católica, recentemente publicado.<br />
De seguida procedeu-se à eleição do secretário e à constituição do secretariado:<br />
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Documentos Pastorais<br />
foi eleito o padre Manuel Armindo Pereira Janeiro e com ele integram o secretariado<br />
os padres Cristiano João Rodrigues Saraiva e Sérgio Feliciano de Sousa Henriques;<br />
calendarizaram-se as sessões do próximo ano e fez-se o balanço do último triénio,<br />
salientando-se as temáticas abordadas mas também a dificuldade em dar-lhes<br />
seguimento; e elegeu-se a Comissão de acompanhamento da aplicação do Estatuto<br />
Económico do Clero do Regulamento de Administração de Bens da Igreja.<br />
Da parte da tarde, os conselheiros reuniram por grupos para reflectir sobre a<br />
aplicação do referido Regulamento e para sugerir temáticas a abordar no próximo<br />
ano.<br />
Depois do plenário abordaram-se questões ligadas ao Seminário e à Pastoral<br />
da Vocação, que a equipa do Seminário assumirá transitoriamente, e ao Projecto<br />
Pastoral Diocesano, no primeiro ano da sua execução. A terminar foi apresentado o<br />
programo para as celebrações dos 90 Anos das Aparições em <strong>Fátima</strong>.<br />
17 de Outubro de 2005<br />
O Secretariado<br />
Nota episcopal<br />
“Quem mais está batendo”<br />
Se é vital “acolhermos” Deus, quem mais está batendo à porta Simbolicamente<br />
poderemos juntá-los em sete grupos, a saber:<br />
1. Os parentes, os vizinhos, os colegas, no próprio ambiente de cada “habitat”,<br />
desde o lar paterno/materno até ao lugar de trabalho, ou estudo, ou lazer.<br />
2. Os migrantes e os imigrantes, que procuram trabalho ou prestam serviços, e os<br />
nómadas que andam de terra em terra; o mundo poderá ter fronteiras alfandegárias,<br />
mas deve ser a casa comum, sem racismos, nem terrorismos.<br />
3. Os peregrinos e viajantes que, por razões de fé ou de passeio, ou de trabalho,<br />
circulam pelas estradas e povoações; não só procurarão “pousada” ou “restauração”,<br />
mas esperam e apreciam o recto “acolhimento”.<br />
4. Os que andam à procura de uma informação ou de um serviço; na cidadania<br />
geral não há estranhos, nem se presume que sejam inimigos; a recta prudência<br />
estabelece a adequada medida do “acolhimento”.<br />
5. Os que nada procuram, mas andam vazios, ou confusos, ou perdidos; saber<br />
encaminhar e dar a mão é “recolher” méritos que não se apagam; apontar os<br />
caminhos no tempo para fora do tempo é sabedoria e comunhão.<br />
6. Aqueles que pertencem a outras confissões cristãs, ou diversa religião, têm<br />
direito a serem respeitados e acolhidos, com tolerância e ecumenismo, mas sem<br />
cobardia ou traição da fé cristã; é sábio quem sabe discernir, no “acolhimento<br />
dialogal e testemunhal”.<br />
162 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Documentos Pastorais<br />
7. Finalmente, no sétimo grupo, poderemos juntar quantos hostilizam os crentes,<br />
ou semeiam profanações e satanismos, ou simplesmente se declaram agnósticos e<br />
laicos... Que grande panóplia plural de várias e avariadas gentes!<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
Nota da Secretaria Episcopal<br />
Em homenagem ao Sr. D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al, foi decidido oferecer um<br />
exemplar do Catecismo da Igreja Católica (compêndio) a quantos foram crismados<br />
por Sua Excelência ou pelo Seu Sucessor.<br />
Por isso, os Diocesanos de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> que receberam das mãos do Senhor D.<br />
Alberto ou do Senhor D. Serafim, nos últimos 33 anos, o Sacramento da Confirmação<br />
ou Crisma, podem levantar na Livraria Gráfica de <strong>Leiria</strong> um exemplar do referido<br />
Catecismo. Basta que, a partir desta data, cada um passe pessoalmente, no horário<br />
comercial, pela Livraria Gráfica de Lema, Rua D. Dinis.<br />
Se recordar é viver, faz muito bem que recordemos os princípios e as regras da<br />
Vida Cristã.<br />
<strong>Leiria</strong>, 13 de Novembro de 2005<br />
Mensagem de Natal<br />
Na preparação do Natal 2005, quero dirigir aos meus queridos Diocesanos uma<br />
breve palavra de saudação e esperança.<br />
O tempo providencial do Advento não é uma pausa na agitação político-social,<br />
mas um reencontro das Famílias.<br />
Na praxe dos cumprimentos, não esqueceremos os mais abandonados. E na febre<br />
das compras teremos presentes os pobres e carenciados. Qualquer ajuda, fruto da<br />
moderação e renúncia, pode ser encaminhada para a Cáritas Diocesana.<br />
A nossa <strong>Diocese</strong>, neste ano pastoral 2005 – 2006, está a reflectir e a praticar o<br />
acolhimento. Vamos acolher o Menino da Vida e todos os meninos para a vida.<br />
Exorto-vos, especialmente os mais novos, a escolher e acolher Cristo, o único<br />
Salvador.<br />
Nos tempos do relativismo e da insegurança, se estivermos com Cristo temos<br />
mais força para testemunhar as razões de viver com dignidade e solidariedade, para<br />
que o mundo seja melhor.<br />
Como prenda de Natal, recomendo o Catecismo da Igreja Católica, e rezo por<br />
vós e por todos os povos e nações, para que haja Pão e Paz para todas as Gentes.<br />
<strong>Leiria</strong>, 1 de Dezembro de 2005<br />
† Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 163
Curso da Escola Teológica de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
reconhecido para leccionar Religião e Moral<br />
Em resposta ao pedido do Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas<br />
Escolas, a Comissão Episcopal da Educação Cristã mostrou-se favorável<br />
ao reconhecimento do Curso de Ciências Morais e Religiosas, ministrado<br />
pela Escola de Formação Teológica de Leigos da diocese de <strong>Leiria</strong> <strong>Fátima</strong>,<br />
“para os efeitos previstos no 3º e 4º escalão das habilitações próprias para<br />
a leccionação da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica”. Na<br />
declaração nº 181/2005, publicada no Diário da República, 2ª Série, de 25<br />
de Agosto, foi oficialmente reconhecido o referido Curso para efeitos de<br />
reconhecimento de habilitações em ordem à leccionação da disciplina de<br />
Educação Moral e Religiosa Católica.<br />
Propostas para o primeiro semestre:<br />
1 - Do Curso Geral de Teologia, a decorrer no edifício do Seminário de<br />
<strong>Leiria</strong>, das 19h00 às 21h00, serão leccionadas, no primeiro semestre:<br />
- segundas-feiras: “Antigo Testamento”, pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes<br />
- quartas-feiras: “Cristologia”, pelo Pe. Dr. Luís Inácio João.<br />
2 – Da Formação Específica, a decorrer no edifício do Seminário, em <strong>Leiria</strong>,<br />
às quintas-feiras, das 19h00 às 21h00, o curso sobre “Comunicação<br />
Social”, pelo Pe. Dr. Rui Acácio.<br />
Propostas para o segundo semestre:<br />
1 - Do Curso Pensar a Fé, serão leccionadas, das 21h00 às 23h00, as seguintes<br />
disciplinas:<br />
- na Marinha Grande, à segunda-feira: “Introdução à História da Igreja”,<br />
pelo Pe. Dr. Luciano Cristino;<br />
- Em Ourém, às segundas e quintas-feiras, na última metade do semestre<br />
(a partir de 12 de Dezembro): “Introdução ao Mistério de Cristo”, por<br />
Frei DR. Herculano Alves;<br />
- Em <strong>Leiria</strong> (Sé), às quartas-feiras: “Introdução ao Mistério da Igreja”,<br />
pelo Pe. Dr. Jorge Guarda.<br />
164 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Assembleia Diocesana acolheu<br />
Projecto Pastoral 2005/2011<br />
Em Destaque<br />
A diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> correspondeu à convocatória do seu Bispo para<br />
uma Assembleia com os seguintes objectivos principais: fortalecer a consciência<br />
da Igreja Diocesana de “muitos num só corpo, em Cristo”; apresentar o programa<br />
para 2005/2006, no âmbito do Projecto Pastoral para 2004-2011; e celebrar o Dia da<br />
Igreja Diocesana.<br />
O salão do Colégio Conciliar de Maria Imaculada, na Cruz da Areia, foi pequeno,<br />
nessa tarde de domingo, 2 de Outubro, para os perto de 700 representantes dos<br />
principais agentes pastorais da <strong>Diocese</strong> e outros fiéis empenhados na sua vida e<br />
missão: padres, membros dos Conselhos Pastorais diocesano, vicariais e paroquiais,<br />
elementos dos Secretariados e Comissões diocesanos, direcções de Movimentos,<br />
Associações e Obras, superiores ou representantes das comunidades religiosas mas-<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 165
Em Destaque<br />
culinas e femininas, direcção dos Institutos Seculares e Novas Comunidades Cristãs,<br />
Catequistas e Ministros Extraordinários da Comunhão. O número de presenças terá<br />
superado em muito as expectativas.<br />
Ainda no momento da oração inicial, D. Serafim manifestou a sua alegria pela<br />
realização da Assembleia e, recordando passos recentes e particularmente significativos<br />
da <strong>Diocese</strong>, e identificando algumas necessidades mais urgentes da sociedade,<br />
afirmou a sua convicção de que a esperança cristã levará ao acolhimento do homem<br />
na sua fragilidade, sem excluir nem condenar ninguém”.<br />
Foram, depois, apresentadas as linhas gerais do Projecto Pastoral Diocesano,<br />
“Testemunhar Cristo, fonte de Esperança”, para os próximos seis anos, salientando<br />
os temas para cada ano: acolhimento, chamamento, formação, comunhão, caridade,<br />
serviço. “Estes temas anuais, como explicou o Pe. Manuel Armindo Janeiro, são, por<br />
sua vez, incluídos em contextos próprios: a pessoa humana e sua condição cristã; a<br />
comunidade cristã; a abertura ao mundo”. A este propósito, o Bispo diocesano lançou<br />
um claro desafio a todos os agentes pastorais para que assumam o projecto como<br />
essencial na caminhada da <strong>Diocese</strong>, nos próximos seis anos.<br />
A Assembleia Diocesana continuou, depois, com uma encenação adaptada do<br />
episódio do encontro de Jesus com a Samaritana, pelo grupo teatral da paróquia da<br />
Bajouca.<br />
Concentrando a atenção na temática do próximo ano, o vigário geral, Pe. Jorge<br />
Guarda, apresentou as orientações gerais da pastoral diocesana e paroquial. Partindo<br />
da certeza de que Jesus oferece o dom de Deus para matar a sede patenteada em<br />
todos os homens e na sociedade, sublinhou a importância do acolhimento, primeiro<br />
passo do Projecto pastoral, como meio imprescindível para a descoberta e acesso a<br />
esse dom. Esse acolhimento, conforme frisou, tem de ser aprendido, antes de mais,<br />
no exemplo de Jesus no Evangelho para ser depois concretizado antes de mais na<br />
comunidade eclesial nomeadamente na abertura à Igreja diocesana enquanto dom de<br />
Deus, com as suas iniciativas, propostas e formações, e na acção pastoral em comunhão<br />
e solidariedade com os outros trabalhadores da vinha.<br />
Já na parte final da Assembleia, ouve partilha de vivências e experiências concretas<br />
de acolhimento. Ambrósio Santos situou algumas dessas experiências no contexto<br />
da acção da Caritas Diocesana, enquanto Inês Lourenço apresentou um caso<br />
concreto de acolhimento a uma família cigana.<br />
Na igreja Catedral, a Assembleia continuou e encerrou a celebração da Eucaristia.<br />
A comunhão na Palavra e no Corpo do Senhor que funda a Igreja, é também<br />
princípio da missão e sustento do compromisso assumido.<br />
166 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />
<strong>Amar</strong>: <strong>Programa</strong> <strong>cumprido</strong><br />
Por Padre Pedro Miguel Viva<br />
Constituiu profunda consternação a notícia do falecimento de Dom Alberto Cosme<br />
do <strong>Amar</strong>al, bispo emérito da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, na sexta-feira, dia 7 de<br />
Outubro. A longa idade (quase 89 anos) e a sua frágil saúde agravada por uma queda<br />
que lhe fracturou o fémur, e a consequente operação, precipitaram o que acabou por<br />
acontecer no Hospital de Santo André, no final da tarde desse dia.<br />
Os seus restos mortais foram levados para a Sé, no sábado, dia 8, pouco depois<br />
das 14 horas. Surpreendente coincidência, neste mesmo dia, 33 anos atrás, entrava<br />
solenemente na Catedral de <strong>Leiria</strong>, saudado pelos cristãos da <strong>Diocese</strong> que recebiam<br />
o seu novo bispo. A ela serviu como bispo residencial até 2 de Fevereiro de 1993.<br />
Agora, entrava em silêncio, e os sinos não replicavam em festa mas pesarosamente,<br />
acordando a cidade para o falecimento do seu antigo pastor.<br />
Em 1 de Outubro de 1989, dia da Igreja Diocesana, em que foi homenageado<br />
pelo seu duplo jubileu (50 anos de presbítero e 25 de bispo), disse, relembrando as<br />
suas primeiras palavras na Sé, a 8 de Outubro de 1972: “Uma palavra resume todo o<br />
meu programa de bispo: amar. <strong>Programa</strong> ambicioso para o pobre e pequeno que sou,<br />
porque toca o limiar do mistério de Deus, mistério de amor infinito, revelado aos<br />
homens na pessoa de Jesus Cristo. Eu queria amar como Cristo amou. Para tanto é<br />
Nota biográfica<br />
D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al<br />
nasceu na freguesia de Touro, Vila<br />
Nova de Paiva, diocese de Lamego,<br />
em 12 de Outubro de 1916. Foi ordenado<br />
sacerdote a 13 de Agosto de<br />
1939. Nomeado bispo auxiliar do<br />
Porto em 8 de Julho de 1964, passou<br />
a auxiliar de Coimbra em 1969. Daqui<br />
transitou para bispo residencial<br />
de <strong>Leiria</strong>, onde exerceu o ministério<br />
episcopal de 1972 a 1993. Neste<br />
ano, passou a bispo emérito e ficou<br />
a residir no Santuário de <strong>Fátima</strong>.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 167
Em Destaque<br />
necessário que Ele esteja em mim, que seja Ele a amar em mim e por mim”. E Cristo,<br />
estamos certos, esteve nele e amou a muitos por ele. Há 33 anos, trazia um programa.<br />
Agora, o seu corpo anunciava na mesma Sé, que o tinha <strong>cumprido</strong> até ao fim.<br />
Naquele dia do seu duplo jubileu, na humildade que lhe era natural, não se ufanou.<br />
Pelo contrário, reconhecendo-se simples e humilde trabalhador na vinha do<br />
Senhor, declarou: “Ao Senhor da Messe, a todos, e sobretudo aos meus diocesanos,<br />
peço perdão de não ter realizado o programa. Mas, sabendo que a força redentora de<br />
Jesus é maior que o pecado, renovo hoje o propósito de dar a vida, gota a gota, no<br />
quotidiano da existência, e dá-la toda no entardecer, que se aproxima, em holocausto<br />
definitivo e supremo. Acredito, porque Ele o disse, na fecundidade dos grãos de<br />
trigo lançados à terra”. Assim fez. Deu toda a sua vida pela Igreja, pelo clero, pelo<br />
Seminário, que dizia ser a “pupila dos olhos de todos nós”.<br />
Despedida da Sé<br />
O silêncio baixou à Sé. Às 18h00, cantaram-se as Vésperas do Ofício de Defuntos<br />
e, pelas 19h00, celebrou-se a Eucaristia, em concelebração presidida pelo Bispo de<br />
<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que, oportunamente, enalteceu<br />
as qualidades deste “pequeno grande homem, de uma espiritualidade profunda”.<br />
Depois da celebração, fez-se novamente silêncio. O silêncio do sepulcro do Senhor.<br />
A tristeza da morte, grávida de esperança na ressurreição para a vida eterna.<br />
Ficaram poucas pessoas, a lembrar o cenário de abandono de Cristo na cruz. Mas as<br />
que estavam mostravam a gratidão ao pastor que deu a vida pelas suas ovelhas.<br />
No domingo, dia 9, a Sé abriu pelas 8h00. Uma hora depois, rezavam-se os<br />
louvores da manhã, com salmos e hinos. A notícia do falecimento de D. Alberto<br />
ia chegando aos diocesanos, apanhando alguns de surpresa. Muitos deslocaram-se<br />
à Catedral para prestarem a sua última homenagem ao seu antigo Pastor. Por ele<br />
se celebrou missa, pelas 11h30, e, à tarde, pelas 17h00, rezou-se o terço, seguido<br />
de Vésperas solenes. Uma hora depois, dava-se início à celebração da Eucaristia,<br />
presidida pelo Bispo diocesano e concelebrada por D. Américo Henriques, bispo<br />
emérito do Arcebispado de Huambo, D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre<br />
e Castelo Branco, D. Manuel Madureira Dias, bispo emérito do Algarve, e cerca de<br />
trinta padres. Presentes, também, alguns dos familiares de D. Alberto, vindos do<br />
Touro, Vila Nova de Paiva, sua terra natal. Nesta celebração eucarística, D. Serafim<br />
referiu-se a D. Alberto como um homem de voz frágil, de pequena estatura, mas de<br />
uma força interior e de uma vivência espiritual marcantes. A Sé estava repleta e os<br />
fiéis – sacerdotes, religiosos e leigos – vindos de toda a <strong>Diocese</strong>, davam graças ao<br />
Senhor pela vida deste servo humilde e dedicado da sua vinha.<br />
No dia seguinte, segunda-feira, pelas 9h30, depois dos ritos fúnebres do “levantamento<br />
do corpo”, os restos mortais de D. Alberto partiram para a Basílica do Santuário<br />
de <strong>Fátima</strong>, na qual, pelas 11h00, foram celebradas as solenes exéquias, com o<br />
canto de Laudes e a celebração da Eucaristia. À saída da cidade do Lis, novamente<br />
168 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
os sinos soaram em agradecimento e despedida definitiva àquele que, durante vinte<br />
anos, fez soar a sua voz de Pastor. Voz frágil na intensidade, mas forte na profundidade<br />
das palavras, que ricas de transcendência não deixavam de ecoar nos ouvidos e<br />
no coração de quantos as ouviam. Era um homem de Deus.<br />
Exéquias<br />
A Basílica de <strong>Fátima</strong> estava repleta de fiéis vindos dos quatro cantos da <strong>Diocese</strong><br />
de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e um pouco de toda a parte. Presidiu à solene Eucaristia o Bispo de<br />
<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e concelebraram mais 26 bispos, entre os quais o Arcebispo Primaz<br />
de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e o<br />
Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, o clero da <strong>Diocese</strong> e cerca<br />
de uma centena de sacerdotes de outras <strong>Diocese</strong>s, nomeadamente Lamego, Porto e<br />
Coimbra. Estiveram ainda presentes representantes do Núncio Apostólico e algumas<br />
autoridades civis.<br />
D. Serafim deu graças a Deus pela vida do seu predecessor e destacou em D.<br />
Alberto o amor à Igreja, ao Papa, aos padres, a quem escrevia sempre aquando do<br />
seu aniversário, e aos leigos, e o seu grande amor a Nossa Senhora e ao Rosário.<br />
Aliás, D. Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al partiu para a casa do Pai precisamente no dia da<br />
memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário.<br />
No final da celebração, o Vigário Geral da <strong>Diocese</strong> leu um telegrama do Santo<br />
Padre, assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Ângelo Sodano, que<br />
no ano 2000, em <strong>Fátima</strong>, leu a terceira parte do “segredo” da mensagem de <strong>Fátima</strong>.<br />
Uma mensagem em que o Santo Padre Bento XVI exprime aos diocesanos de <strong>Leiria</strong>-<br />
<strong>Fátima</strong> a sua união espiritual e o seu agradecimento a Deus pela vida deste Pastor<br />
da Igreja.<br />
Os restos mortais de D. Alberto, repousam agora na parede da capela-mor da<br />
Basílica do Santuário, num túmulo preparado junto à Cruz do Senhor. A seu pedido,<br />
em epitáfio constará: “Alberto Cosme do <strong>Amar</strong>al, 1º Bispo da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> com<br />
o título de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>”.<br />
Uma vida de dádiva<br />
D. Alberto contava: “Quando disse em casa que queria ser padre, mandaram-me<br />
dizer isso ao senhor Abade. E eu nem sabia como fazer e dizer. Ensinaram-me. No<br />
fim da Missa, fui à sacristia e disse-lhe: «Senhor Abade, eu queria ser padre!» Ele,<br />
sorrindo, põe-me a mão sobre a cabeça e diz: «Pois sim, meu menino, mas quando<br />
fores grande, quando fores grande»”.<br />
Na verdade, ainda criança, Alberto já era grande em sabedoria e em graça, pois<br />
queria fazer, e só, o que Deus lhe inspirava ao coração: “A minha vocação para ser<br />
padre, não sei como nasceu. Pertence à ordem do mistério. Tenho a certeza de que a<br />
iniciativa foi de Deus. Que eu me lembre, nunca desejei ser outra coisa … Eu penso<br />
que posso dizer como S. Paulo, que Ele me chamou desde o seio de minha mãe.”<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 169
Em Destaque<br />
Ao perguntarem a D. Alberto, aquando dos 50 anos de presbítero e 25 de bispo,<br />
que experiências mais significativas da sua vida destacaria, refere: “Evidentemente,<br />
a ordenação sacerdotal, na qual eu me senti totalmente «agarrado» pelo Senhor.<br />
Enamorei-me d’Ele. Deixei-me seduzir dos seus encantos… No gesto da prostração,<br />
enrolei-me no manto do meu nada. E tomei consciência de que Ele tinha de ser o<br />
Tudo em mim”.<br />
Umbilicalmente ligado ao sacerdócio, refere também a Eucaristia e a Confissão.<br />
Da sua missa nova não é capaz de falar, tal não foi a sua alegria, de modo que reconhece,<br />
50 anos depois, a audácia as palavras que então escreveu ao Reitor do Seminário<br />
de Lamego, “que agora me fazem corar de vergonha”, mas que expressam um<br />
grande amor à Eucaristia: “Permiti-me, Senhor, que eu celebre sempre a Santa Missa<br />
sobre a Terra, e eu renuncio ao Paraíso”. Tal era o seu apreço pelo sacrifício único de<br />
Cristo, actualizado no altar. Quanto às horas do confessionário, confidencia: “São as<br />
melhores horas do meu sacerdócio. E têm sido tantas! Ainda hoje, sempre que posso,<br />
refugio-me lá. E saio sempre disposto a ser melhor. O maior apelo e desafio vem-me<br />
dali. Também por isso, tenho pedido muito aos sacerdotes que se sentem, todos os<br />
dias, no confessionário!”<br />
No seu coração, o Seminário tem um lugar especial: “O Seminário, «menina<br />
dos olhos», aqui mesmo à mão de semear e sempre presente no meu coração e na<br />
minha oração, polariza todos os meus amores num só amor. Dali brota o caudal da<br />
graça que chega a todos os recantos humanos e geográficos da <strong>Diocese</strong>. Os dias em<br />
que, mediante a ordenação sacerdotal, gero na plenitude do meu sacerdócio outros<br />
sacerdotes, compensam-me superabundantemente de todas as fadigas e canseiras e<br />
dores.”<br />
A 7 de Fevereiro de 1993, ao despedir-se da <strong>Diocese</strong>, na missa de acção de graças,<br />
na Sé, diz: “Novos horizontes se abrem ao meu amor para convosco: horizontes<br />
de silêncio, de apagamento, de ascese mais dura, de ascensão mais penosa, de dádiva<br />
mais pura, de entrega mais gratuita, a culminar no holocausto definitivo e supremo<br />
ao terminar a peregrinação”. E emocionado, diz ainda: “Obrigado, Senhor, por este<br />
amor selectivo, inteiramente gratuito, que fez do nada que sou instrumento das maravilhas<br />
que Tu operaste”.<br />
170 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Dia 19 de Dezembro<br />
Jornada festiva com irmãos jubilários<br />
Em Destaque<br />
A 19 de Dezembro, a Fraternidade Sacerdotal da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> promoveu<br />
uma homenagem do presbitério diocesano aos irmãos, padres Joaquim Duarte Pedrosa,<br />
Fernando de Oliveira Jorge e Martinho Manuel Vieira, que perfizeram 50<br />
anos de sacerdócio. O momento marcante foi a celebração eucarística, na Basílica de<br />
<strong>Fátima</strong>, após o qual se seguiram um almoço de confraternização e uma visita guiada<br />
à Igreja da Santíssima Trindade em construção.<br />
Na celebração da eucaristia estiveram presentes cerca de 80 sacerdotes que concelebraram<br />
com os jubilários, sob a presidência do bispo da diocese. Na homilia,<br />
D. Serafim referiu-se ao Advento como o tempo da esperança. “Uma esperança que<br />
tem a ver com os acontecimentos ocorridos há dois mil anos, mas que se projecta<br />
para o futuro e faz ansiar pela casa do Pai”. Em tom mais pessoal disse “estar muito<br />
comovido com esta celebração do dom do sacerdócio” e terminou convidando todos<br />
os fiéis a uma saudação comum”.<br />
Ao encerrar, os sacerdotes jubilários dirigiram-se assembleia. O Pe Pedrosa aproveitou<br />
o momento sobretudo para uma grandiosa acção de graças a Deus que “tem<br />
em conta o nosso bem acima dos nossos limites e vê mais as nossas capacidades do<br />
que as nossas limitações”. Terminou agradecendo a presença de todos e tão grande<br />
manifestação de comunhão e solidariedade. O Pe Martinho recordou os tempos da<br />
sua infância e a génese da sua vocação, e salientou a importância das outras pessoas<br />
na caminhada vocacional salientando, no seu caso, o prior da sua primeira confissão<br />
e primeira comunhão, o tio padre e seu testemunho de vida e a madrinha com a sua<br />
oração. O Pe Fernando, por último, recordou os tempos difíceis da sua caminhada<br />
sacerdotal e agradeceu a providencial protecção de Nossa Senhora. Não deixou de<br />
sublinhar a acção amiga dos colegas do seminário.<br />
Pe Martinho Manuel Vieira<br />
Nasceu a 2 de Janeiro de 1931, na freguesia de Santa<br />
Catarina da Serra. Foi ordenado Presbítero a 10 de Julho<br />
de 1955 e nomeado coadjutor de Ourém a 18 de Agosto<br />
do mesmo ano. A 20 de Maio de 1957 começou a paroquiar<br />
Ourém. A 22 de Fevereiro de 1960 foi nomeado pároco<br />
substituto da freguesia da Barreira. Entre Fevereiro<br />
de 1966 e Janeiro de 1967 acumulou a paroquialidade<br />
das Cortes e, em 4 de Janeiro de 1975 foi nomeado pároco<br />
da freguesia das Colmeias, onde exerceu o ministério<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 171
Em Destaque<br />
até 8 de Setembro de 2003, altura em que, por motivos de saúde, deixou as Colmeias<br />
e continuou apenas com a paroquialidade da Memória que entretanto havia acumulado.<br />
Pe Joaquim Duarte Pedrosa<br />
Nasceu a 29 de Janeiro de 1932 na freguesia de Monte<br />
Redondo, e foi ordenado Presbítero a 11 de Setembro de<br />
1955. Por provisão de 22 de Outubro de 1955, foi nomeado<br />
pároco de Santa Eufémia, onde ainda hoje se encontra<br />
no exercício do seu ministério.<br />
A 18 de Janeiro de 1987 assumiu temporariamente<br />
a paroquialidade da Boavista, e em Julho de 1994 foi<br />
nomeado Delegado Episcopal para os Religiosos e religiosas.<br />
Pe Fernando de Oliveira Jorge<br />
Nascido a 4 de Junho de 1931 na freguesia do Olival,<br />
foi ordenado Presbítero a 17 de Dezembro de 1955. Foi<br />
nomeado coadjutor da freguesia da Freixianda a 3 de Fevereiro<br />
de 1956 e a 4 de Novembro de 1956 deixou aquela<br />
freguesia para assumir a paroquialidade da Barosa,<br />
sendo ao mesmo tempo ajudante na Câmara Eclesiástica.<br />
A 18 de Março de 1963 foi nomeado Revisor eclesiástico<br />
da <strong>Diocese</strong>, e a 12 de Janeiro de 1967 foi nomeado pároco<br />
da freguesia das Cortes. Em Fevereiro de 1983, por motivos<br />
de saúde, deixou a paróquia das Cortes e foi para o<br />
Santuário de <strong>Fátima</strong> como capelão onde ainda hoje exerce o seu ministério.<br />
172 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Relíquias de Santa Teresinha na diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
“Quero passar o meu Céu<br />
a fazer o bem sobre a terra”<br />
Por Orlando Marques<br />
A pedido da Conferência Episcopal Portuguesa e no contexto do Congresso<br />
Internacional para a Nova Evangelização, Portugal recebeu a visita das relíquias de<br />
Santa Teresinha do Menino Jesus, de 28 de Outubro a 16 de Dezembro.<br />
Todas as dioceses acolheram e veneraram a doutora da Igreja e padroeira das<br />
missões, segundo um programa coordenado pela comunidade dos Carmelitas Descalços.<br />
No dia 28, logo após a chegada ao aeroporto de Figo Maduro (Lisboa), onde<br />
teve lugar uma breve cerimónia, as relíquias partiram para <strong>Leiria</strong> e foram recebidas<br />
pelas 17h00. Ainda nessa Sexta-feira, depois das celebrações na Catedral, o cortejo<br />
dirigiu-se para a Igreja de Regueira de Pontes, onde houve um tempo de oração de<br />
cerca de duas horas, e, às 21h00, seguiu para o Mosteiro de Santa Clara, de Monte<br />
Real onde se seguiu uma vigília e a veneração nocturna pelas irmãs Clarissas.<br />
No Sábado, ainda cedo (8h45), as relíquias partiram para uma visita à Prisão<br />
Escola de <strong>Leiria</strong> e, das 11h00 às 16h00 voltavam a ser expostas na Sé. Os devotos<br />
puderam passar, recolher-se e orar em silêncio e em celebrações animadas por grupos,<br />
nomeadamente de religiosos e religiosas da cidade, com textos bíblicos e Escritos<br />
de Santa Teresa de Lisieux. Às16h30 foram acolhidas pelas Irmãs do Mosteiro<br />
da Visitação de Santa Maria, da Faniqueira, até à partida para <strong>Fátima</strong>, pelas 18h30,<br />
com destino ao Mosteiro das Irmãs Clarissas e, depois, ao Carmelo de São José onde<br />
decorreu uma vigília e veneração nocturna.<br />
No Domingo, dia 30, a visita prosseguiu no Santuário de <strong>Fátima</strong>, integrada no<br />
programa habitual da peregrinação dominical: às 10h15, oração do Terço com Santa<br />
Teresinha, na Capelinha das Aparições, e às 11h00, procissão e Eucaristia no altar do<br />
recinto. Às 16h15, na Basílica, a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> despedia-se das relíquias<br />
que partiam para Santarém.<br />
A escolha do itinerário, limitado desde logo pelo tempo, obedeceu a critérios<br />
que têm a ver com a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. Religiosa carmelita,<br />
dedicou-se à contemplação num convento mas encontrou na maior intimidade com<br />
Deus a mais efectiva ligação à Igreja e à humanidade. A realização do Congresso<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 173
Em Destaque<br />
Nota biográfica<br />
Teresa do Menino Jesus nasceu em Alençon, França, no ano de 1873, e foi<br />
baptizada com o nome de Maria Francisca Teresa Martin. Entrou no Carmelo de<br />
Lisieux aos 15 anos, onde adoptou o nome de Teresa do Menino Jesus e da Santa<br />
Face, e aí viveu intensamente durante nove anos. Morreu em 1897 com apenas<br />
24 anos.<br />
Na sua curta existência Teresinha compreendeu bem que o Menino Jesus se<br />
entregou total e confiadamente ao Pai do céu (por isso se chamou do Menino<br />
Jesus). E compreendeu também que Jesus se fez homem para morrer e ressuscitar<br />
(por isso se chamou da Santa Face).<br />
A sua vida ficou marcada pelo sorriso e pelo amor admirável e forte em relação<br />
às irmãs com as quais conviveu. Foi este amor que cativou o interesse de um<br />
realizador de cinema que, apesar de descrente, quis filmar a vida desta Santa. No<br />
livro História de uma Alma, Teresa relata o seu itinerário espiritual, permeado de<br />
profunda humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus.<br />
Teresinha, Teresa Martin, Santa Teresa de Lisieux, Santa Teresinha, Santa<br />
Teresinha do Menino Jesus, são nomes para a mesma pessoa: Irmã Teresa do<br />
Menino Jesus e da Santa Face, carmelita descalça francesa, do séc. XIX.<br />
Em 1925 foi canonizada por Pio XI, que, dois anos mais tarde, a declarou<br />
padroeira de todos os missionários, juntamente com São Francisco Xavier.<br />
A 3 de Maio de 1944, Pio XII proclamou S. Teresinha como padroeira secundária<br />
de França, e a 19 de Outubro de 1997, dia mundial das missões, João Paulo<br />
II declarou-a Doutora da Igreja e co-padroeira da Europa.<br />
174 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Internacional para a Nova Evangelização constituiu momento particularmente adequado<br />
para contemplar e enaltecer o exemplo de quem trazia sempre a evangelização<br />
no seu coração orante. Pela mesma razão, a Igreja declarou-a padroeira das Missões,<br />
a ela que nunca saiu do convento. Teresa do Menino Jesus, percebeu o amor e a<br />
bondade infinita de Deus, num tempo em que o jancenismo espalhava uma religião<br />
de medo e de rigor. O amor de Deus fazia-se nela amor dos irmãos. Muito nova,<br />
ainda na casa paterna, impressionara-se com correntes niilistas que, sem referências<br />
espirituais nem respeito pelas leis humanas, se atiravam aos fundamentos da própria<br />
sociedade, perpetrando até o crime gratuito. Acompanhou sempre o “processo Pranzini”,<br />
rezou pela conversão do criminoso, sofreu profundamente com a sua execução<br />
e não mais esqueceu os reclusos que algum dia se deixaram enredar nas teias do<br />
crime. A vivência da intimidade com Deus lançou-a de tal modo na comunhão com<br />
os irmãos, que, intuindo a aproximação da morte, exclamava na mais ardente caridade:<br />
«Não ficarei inactiva no céu (…) quero passar o meu céu a fazer o bem sobre<br />
a terra… será como uma chuva de rosas».<br />
O périplo das suas relíquias, mais que a devoção do simples contacto, terá contribuído<br />
para uma (re)descoberta da profundidade dos seus escritos e da da sua espiritualidade<br />
tão simples e actual. A sua vida continua a ser interpelação tocante que<br />
suscita por toda a parte vocações cristãs tanto para a vida religiosa e contemplativa<br />
como para a vida activa na Igreja e no mundo.<br />
Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”<br />
Para dar maior impacto à visita das Relíquias da Santa Teresa do Menino Jesus,<br />
a comunidade dos Carmelitas Descalços, através do seu Centro de Espiritualidade,<br />
promoveu nos dias de 28 a 30 de Outubro, no Centro Pastoral Paulo VI, em <strong>Fátima</strong>,<br />
o Congresso “A ciência do amor em Teresa de Lisieux”.<br />
Alguns dos maiores conhecedores da Espiritualidade Teresiana abordaram<br />
algumas áreas temáticas fulcrais: “O tempo e vida de Santa Teresa de Lisieux”,<br />
“A presença de Santa Teresa na espiritualidade portuguesa”, “A centralidade da<br />
eucaristia em Teresa”, “A experiência do amor misericordioso”, “A convergência<br />
da mensagem dos beatos Franscisco e Jacinta Marto com a de Santa Teresinha”, “A<br />
noite escura da fé em Teresa de Lisieux”, entre outras.<br />
Foi ainda criado um site na Internet especialmente dedicado à santa de Lisieux:<br />
www.santateresinha.org. Nele podem encontrar-se, além do programa de todas as<br />
dioceses e do Congresso, também a biografia de Santa Teresinha, algumas das suas<br />
cartas, testemunhos de devoção, textos, frases que ficaram mais conhecidas, fotos,<br />
etc.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 175
Em Destaque<br />
S. Teresinha na Prisão-Escola<br />
No dia 29 de Outubro, S. Teresinha do Menino Jesus não esqueceu os rapazes<br />
do Estabelecimento Prisional de <strong>Leiria</strong>. Acompanhada por dois padres portugueses,<br />
uma irmã de Lisieux (França) e a guarda nacional, as Relíquias de Sta. Teresinha entraram<br />
pelo portão principal deste estabelecimento. Na capela esperavam-na o grupo<br />
de visitadores, o Grupo Missionário Ondjoyetu (que animou a Eucaristia), o capelão<br />
e os rapazes, alguns ainda sem perceberem muito bem a importância do momento.<br />
Foi com a força dos braços destes rapazes que as Relíquias caminharam até ao<br />
altar e ali permaneceram aos olhos de todos.<br />
O lema de S. Teresinha era “amar a Jesus e fazer com que Ele seja amado por todos”.<br />
Sem dúvida, essa mensagem foi sentida e vivida. Não conseguirei pronunciar<br />
as palavras que o padre Agostinho (condutor da carrinha que transporta as relíquias)<br />
nos dirigiu com tanto amor, principalmente aos rapazes... Posso apenas transmitir o<br />
que transbordou dos corações... o acreditar que Jesus ama a todos...<br />
Durante a homilia não foi apenas um padre que falou, mas um homem, que se<br />
colocou no lugar deles e lhes garantiu que eles são amados e nunca esquecidos...<br />
Através de uma anedota, ‘brincou’ um bocadinho: “De dois malucos à janela de<br />
um manicómio, um pergunta - Quem são aquelas pessoas ali fora a passar O outro<br />
responde - São os externos!” E é verdade! Muitos de nós somos externos, fora<br />
das grades mas também presos interiormente, nas nossas vidas, talvez mais do que<br />
aqueles rapazes.<br />
“Pensar numa pessoa que se ama é rezar por ela”. Enquanto cantava, ouvia e ia<br />
observando, algo dentro de mim fazia os olhos brilhar e esta frase de Santa Teresinha<br />
do Menino Jesus tinha cada vez mas sentido: “Pensar numa pessoa que se ama<br />
é rezar por ela”. Alguns rapazes limpavam os olhos, baixando a cabeça ou olhando<br />
para cima ou para o lado, com alguma vergonha de mostrar o que estavam a sentir<br />
verdadeiramente, pois perceberam, não só através das palavras, mas por acreditarem<br />
que, por muitas coisas erradas que tenham feito na vida, há pessoas que não os esquecem,<br />
que os amam, que os querem ajudar...<br />
Era preciso marcar o encontro com algo que o pudesse relembrar mais tarde.<br />
Além de um postal de Santa Teresinha oferecido, tiraram-se duas fotografias, uma<br />
com todos os presentes, outra com os rapazes e as Relíquias de Santa Teresinha. Foi<br />
tão bom olhar o sorriso deles, que Santa Teresinha, por certo, contemplou mais ainda<br />
do que todos nós.<br />
E porque os rapazes talvez leiam este testemunho: Acreditem que alguém fora<br />
dessas grades vos ama e reza por vocês e, sobretudo, acreditem que Jesus não esquece<br />
ninguém... Obrigada, Santa Teresinha do Menino Jesus...<br />
Sónia Cruz, do Grupo Missionário Ondjoyetu<br />
176 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Semana dos Seminários<br />
Em Destaque<br />
A Igreja é uma comunidade de chamados<br />
Semana dos Seminários,<br />
de 6 a 13 de Novembro,<br />
um momento<br />
ideal para rezar pelas<br />
vocações sacerdotais, na<br />
certeza que as mesmas<br />
são um dom de Deus.<br />
O Seminário de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
foi fundado<br />
em 1672. As recentes<br />
instalações, preparadas<br />
para receber duas centenas<br />
e meia de alunos,<br />
acolheram os primeiros<br />
seminaristas em 2 de<br />
Novembro de 1965. Actualmente, não existe o Seminário Menor, e o Maior integra<br />
o Seminário de Coimbra compartilhado também pelas dioceses de Aveiro e Portalegre-Castelo<br />
Branco, e frequentado ainda por alunos de Cabo Verde. No edifício<br />
de <strong>Leiria</strong> funciona o tempo propedêutico, com a duração de um ano, para os alunos<br />
das referidas dioceses, que preparam a entrada no Seminário Maior. Os potenciais<br />
candidatos até ao 12º ano são objecto de uma atenção regular e um acompanhamento<br />
especial, num sistema de Pré-Seminário instituído recentemente.<br />
Na última década, houve na <strong>Diocese</strong> apenas 16 ordenações sacerdotais, o que é<br />
necessariamente motivo de grande preocupação. Esta Semana sensibilizando-nos<br />
para o seminário, que João Paulo II considerou como “um dos bens mais preciosos”<br />
de qualquer diocese, não pode deixar de despertar preocupação e empenho numa<br />
pastoral vocacional mais corajosa e mais lúcida. O Concílio Vaticano II realçou a<br />
Igreja como um mistério de comunhão e participação que deve realizar-se ao nível<br />
organizativo-pastoral, na cooperação operante, estreita e efectiva dos mistérios ordenados<br />
e laicais. Comunidade de “chamados” a seguir o Senhor Jesus Cristo, a Igreja<br />
constitui-se na correspondência à sua vocação, que supõe a disponibilidade de cada<br />
um dos seus membros para a missão que ela recebeu e a define. Concentrados no<br />
ministério da Ordem sacerdotal, os fiéis oram ao Senhor da Messe implorando a feliz<br />
correspondência ao apelo do Senhor que suscita as vontades e dá toda a diversidade<br />
dos carismas necessários.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 177
Em Destaque<br />
Jornadas Missionárias 2005<br />
Comunicado - Conclusões<br />
As Jornadas Missionárias 2005 decorreram em <strong>Fátima</strong>, no Centro Paulo VI, de<br />
16 a 18 de Setembro, com o tema «Eucaristia e Missão». Dos mais de meio milhar<br />
de participantes, mais de centena e meia eram jovens. O evento foi uma experiência<br />
de multiculturalidade testemunhada pelas expressões de cultura e de fé dos participantes,<br />
vindos de todos os continentes. Os participantes prestaram uma homenagem<br />
a três cristãos de relevo que faleceram em 2005: o Papa João Paulo II, a Irmã Lúcia<br />
e o Irmão Roger de Taizé.<br />
O Documento de Trabalho para o Sínodo dos Bispos sublinha que «a Eucaristia<br />
é o coração pulsante da missão; é a sua fonte autêntica e o seu único fim. Daí que os<br />
cristãos devam afirmar a dimensão missionária da Eucaristia» (n.ºs 88-89).<br />
Analisando os inquéritos sobre a frequência dominical, de 1977, 1991 e 2001,<br />
nota-se uma diminuição progressiva de praticantes. Esta realidade desafia-nos a dedicar<br />
mais atenção ao que significa ser cristão hoje, às implicações morais e sociais<br />
da Eucaristia e aos modos de transmissão da fé.<br />
A história ensina-nos que a celebração da Eucaristia, ao longo dos tempos, tem<br />
sido uma fonte de dinamismo missionário. O que mais contribuiu para a vitalidade<br />
do cristianismo foi a sua humanidade.<br />
Num mundo em que a obsessão da economia é dominante, a Eucaristia é um<br />
desafio à partilha permanente. Daí a urgência de encontrar novas formas de partilha<br />
nas nossas comunidades eucarísticas. Não podemos ficar apenas pelo pão da terra e<br />
pelo pão do amor. Temos que trabalhar por um mundo mais justo.<br />
A Eucaristia é uma interpelação profética contra as fomes do nosso mundo: fome<br />
de pão, de cultura, de justiça, de paz, de amor, de ternura, de alegria, de esperança e<br />
de fé. Compete aos cristãos serem autores e promotores desta partilha.<br />
A Eucaristia tem um cariz comunitário e difusivo. Deve ser fruto de uma verdadeira<br />
iniciação cristã. Sentimos o desafio de acolher a necessidade de re-evangelizar<br />
os baptizados e de re-descobrir a importância de ser sujeitos da evangelização.<br />
A Eucaristia não se entende nem se vive sem as margens da vida em que nasceu e<br />
se desenvolve hoje. É celebração ‘situada’ e ‘sofrida’ na história de um povo em peregrinação<br />
pelas margens. É urgente passar da Ceia do Senhor ao Senhor da Ceia.<br />
Viver hoje a missão é ultrapassar continuamente fronteiras que envolvem e separam<br />
as línguas, as etnias, as culturas e as religiões. A Eucaristia é o sacramento<br />
que nos abre para os caminhos da solidariedade, do diálogo e da caminhada com os<br />
pobres.<br />
<strong>Fátima</strong> 18 de Setembro de 2005<br />
178 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
90 anos das Aparições de <strong>Fátima</strong><br />
Tocar no coração da modernidade<br />
«Deus é amor misericordioso» é<br />
o tema para as comemorações dos 90<br />
anos das Aparições do Anjo e de Nossa<br />
Senhora do Rosário aos três Pastorinhos<br />
de <strong>Fátima</strong>. A efeméride será assinalada<br />
com a inauguração da nova igreja da<br />
Santíssima Trindade, em Maio de 2007,<br />
e um vasto programa de comemorações<br />
a realizar pelo Santuário de <strong>Fátima</strong>. De<br />
Outubro de 2006 a Outubro de 2007, as<br />
iniciativas multiplicam-se em três grandes<br />
áreas: estudos e reflexão, manifestações<br />
artísticas, e meditação e oração.<br />
“Tentando ler a modernidade na sua<br />
trajectória, o desafio é chegar ao coração<br />
da modernidade a partir de <strong>Fátima</strong>. Falando<br />
a crianças Deus fala à cultura actual,<br />
à sociedade do século XXI”, disse<br />
o Pe Armindo Janeiro, coordenador do<br />
programa apresentado na passada quarta-feira,<br />
em conferência de imprensa.<br />
Pretende-se que a “força e a ternura<br />
do amor misericordioso de Deus Pai revelado em Jesus Cristo”, juntamente com<br />
a alegria e a esperança, possam ser sentidas e experimentadas pelos peregrinos e<br />
outras pessoas, através de um conjunto diversificado de oportunidades. “«Misericórdia»<br />
parece ser uma palavra gasta mas, porque Deus é exuberante nas suas expressões,<br />
sobretudo para com os mais humildes, desafia a apatia actual. Ao falarmos<br />
da misericórdia falamos de toda a preocupação de Deus para com o seu povo, e a<br />
modernidade precisa que se acolha o seu sofrimento”, sublinhou o coordenador do<br />
programa.<br />
<strong>Programa</strong> ambicioso<br />
O amor e a misericórdia, «propriedades» da Santíssima Trindade, surgem como<br />
fundo unificador dum vasto plano de iniciativas que terão início em Fevereiro do<br />
próximo ano. Destacam-se quatro congressos teológicos internacionais com grandes<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 179
Em Destaque<br />
nomes mundiais, sobre a figura do Anjo, a Santíssima Trindade, as Associações e<br />
Movimentos de <strong>Fátima</strong> no mundo, e Maria, Mater Misericordiae. Simultaneamente,<br />
ministram-se na Escola Teológica de Leigos de <strong>Leiria</strong>, dois cursos sobre a Actualidade<br />
da Mensagem de <strong>Fátima</strong> e a Documentação crítica de <strong>Fátima</strong>, e realizar-se-ão<br />
três jornadas nacionais sobre o Santuário como lugar de acolhimento, a Protecção<br />
dos Valinhos e Aljustrel, e a problemática das crianças institucionalizadas; e ainda<br />
três Semanas Nacionais dedicadas à Bíblia e à área social, entre outras.<br />
No âmbito das artes, o Santuário, prosseguindo no seu objectivo pedagógico ao<br />
nível geral, lançará vários concursos literários; apresentará três encenações sobre a<br />
vida espiritual dos pastorinhos e a figura do Anjo, e duas peças de teatro; promoverá<br />
quatro exposições de arte sacra, a criação de um conjunto original de obras musicais,<br />
com destaque para uma Oratória à Santíssima Trindade, uma Cantata sobre o<br />
mistério de <strong>Fátima</strong>, e um Festival da canção sobre os Pastorinhos, direccionado em<br />
especial para os jovens; e patrocina uma tradução do tratado «De Trinitate» de Santo<br />
Agostinho.<br />
Na vertente da espiritualidade, haverá grande destaque para a meditação e a oração<br />
e estão já em preparação diversas peregrinações, retiros e vigílias.<br />
Concursos para crianças e jovens artistas<br />
Foram já lançados dois dos concursos artísticos previstos.<br />
Um, destinado a crianças do 1.º ciclo das escolas do país, tem por tema a figura<br />
do Anjo de <strong>Fátima</strong> e como objectivo despertar o interesse das crianças. Os trabalhos<br />
podem ser apresentados sob a forma de desenho ou texto manuscrito, até ao dia 15<br />
de Março de 2006.<br />
Um outro, de artes plásticas, sobre «a figura dos Anjos», destina-se a jovens<br />
artistas nacionais, estudantes dos ensinos secundário e superior, nas expressões de<br />
pintura, escultura e cerâmica e tem como prazo de entrega de 26 de Maio a 15 de<br />
Junho de 2006. O projecto, que visa despertar o interesse dos jovens pela temática<br />
religiosa, tem conta com parcerias da Sociedade Nacional de Belas Artes e o Colégio<br />
de S. Miguel, de <strong>Fátima</strong>.<br />
As inscrições nos concursos são gratuitas e os regulamentos, textos de apoio e<br />
fichas de inscrição podem obter-se em www.santuario-fatima.pt (link “90 anos”), ou<br />
junto do Secretariado dos 90 anos das Aparições – Santuário de <strong>Fátima</strong>).<br />
Bento XVI em <strong>Fátima</strong><br />
A vinda do Papa Bento XVI a <strong>Fátima</strong> traria ainda maior impacto às comemorações<br />
do 90º aniversário das aparições da Cova de Iria. Contudo, é apenas uma<br />
conjectura. Segundo D. Serafim, bispo da <strong>Diocese</strong>, Julho de 2006 seria uma data favorável,<br />
dado que, nesse mês, o Papa vai estar em Valência (Espanha) no V Encontro<br />
Mundial das Famílias. “Outra hipótese é em Maio 2007, havendo um retardamento<br />
do processo de canonização dos Pastorinhos”, disse ainda D. Serafim.<br />
180 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Outras notícias do Santuário…<br />
Em Destaque<br />
Embaixador da Indonésia visitou <strong>Fátima</strong><br />
O embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco Xavier Lopes da Cruz, visitou<br />
o Santuário de <strong>Fátima</strong>, no passado dia 10 de Setembro e participou na missa das<br />
18h30 celebrada na Basílica. Dias depois regressou para tomar parte na Peregrinação<br />
aniversaria de 13 de Setembro.<br />
No testemunho que registou no Livro de Honra do Santuário, Francisco Lopes da<br />
Cruz sublinhou a grande devoção pessoal à Virgem de <strong>Fátima</strong> e referiu o significado<br />
da sua visita. “A minha nomeação como Embaixador da Indonésia para Portugal é<br />
um autêntico milagre de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, depois de dois anos de espera. É<br />
por isso que hoje estou aqui para agradecer este grande favor da Mãe do Céu e, ao<br />
mesmo tempo, pedir-lhe graças para, no cumprimento da minha missão diplomática<br />
em prol da Indonésia e de Portugal, sem excluir Timor-Leste, faça tudo de acordo<br />
com a vontade do Seu filho, e para maior honra e glória de Deus”. O diplomata<br />
manifestou também a intenção de participar em todas as peregrinações aniversárias,<br />
enquanto estiver em Portugal ao serviço na Embaixada da Indonésia.<br />
Escolas consagradas a Nossa Senhora<br />
No passado dia 13 de Setembro, no Santuário de <strong>Fátima</strong>, em inícios de mais um<br />
ano escolar em Portugal, rezou-se pela qualidade da educação e do ensino. “Nesta<br />
semana de início oficial e de abertura solene do novo ano lectivo consagremos a<br />
Nossa Senhora as nossas escolas para que eduquem e ensinem, com valor e qualidade,<br />
assumindo a matriz cultural cristã que oferece ao saber a adquirir o necessário e<br />
imprescindível complemento da sabedoria dos dons do Espírito. Só esta sabedoria<br />
e discernimento que nos vem de Deus, a Sua ajuda e a Sua bênção sustentarão projectos<br />
educativos consolidados”, afirmou durante a homilia D. António Francisco<br />
dos Santos, Bispo Auxiliar de Braga, que presidiu à Peregrinação Internacional de<br />
Setembro.<br />
Rezou-se também pelas famílias, “berço da vida e da vocação”. “Que elas sejam<br />
santuário de vida, comunidades de amor abençoado por Deus e igrejas domésticas,<br />
onde germinem e cresçam vocações para a vida sacerdotal, religiosa, missionária e<br />
para a vida consagrada no mundo”, pediu D. António Francisco.<br />
A todos os participantes na Eucaristia, o Bispo Auxiliar de Braga falou sobre a<br />
centralidade dos santuários na vivência da fé, “na valorização do espírito orante e<br />
contemplativo, na formação religiosa dos crentes, na leitura da Palavra de Deus, na<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 181
Em Destaque<br />
celebração dos sacramentos, particularmente da Reconciliação e da Eucaristia, no<br />
crescimento do espírito comunitário, na consolidação da unidade e comunhão da<br />
Igreja, no acolhimento e discernimento das vocações, nos encontros de movimentos<br />
e grupos apostólicos, na partilha gratuita e no serviço generoso da caridade aos mais<br />
pobres e neste acordar em cada um de nós do espírito de peregrinos à procura de<br />
Deus e dos seus dons, permitindo-nos estabelecer com Ele um diálogo mais denso<br />
e prolongado”.<br />
“A nossa missão convida-nos, no momento histórico presente, a transformarmos<br />
com paciência e perseverança a nossa terra num povo reconciliado, justo e fraterno,<br />
e um mundo a braços com a ausência, o vazio ou a nostalgia de Deus numa humanidade<br />
recriada e redimida onde haja lugar para Deus, tempo e espaço para a oração<br />
e se abram caminhos de santidade, de virtude e de bem. Onde a vida seja um direito<br />
sagrado, inalienável, defendido e respeitado desde a sua concepção”, disse D. António<br />
Francisco dos Santos a propósito do tema da peregrinação mensal: “Que vos<br />
ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12).<br />
12 e 13 Maio em DVD<br />
Em 12 de Outubro foi apresentado em <strong>Fátima</strong> um DVD que documenta as cerimónias<br />
da Peregrinação internacional de Maio passado. Em 2 horas e 4 minutos<br />
o DVD resume os dias 12 e 13 na Cova da Iria, e inclui um extra de dois grupos de<br />
peregrinos a pé, de forma a abordar as vertentes física e espiritual da peregrinação e<br />
a captar o seu testemunho de fé e de vida. Credibilizado com a revisão do Santuário<br />
de <strong>Fátima</strong>, este produto comercial tem também uma vertente humanitária: na apresentação<br />
do DVD em <strong>Fátima</strong> foi já entregue ao presidente da Caritas Portuguesa um<br />
cheque no valor de 5 mil euros para as vítimas do terramoto que assolou os países da<br />
Ásia, e por cada unidade vendida, será doado 1 euro à mesma instituição.<br />
Defender a vida é defender a paz<br />
Na Peregrinação Internacional de Outubro, o Cardeal Carlos Amigo Vallejo, que<br />
presidiu, deixou no vários apelos em defesa da vida, “condição imprescindível para<br />
seguir os caminhos da paz”.<br />
Numa altura em que o debate sobre o aborto é relançado, o Cardeal afirmou<br />
que “se Cristo morreu por todos, ninguém tem o direito de roubar a vida de outro<br />
homem. Somente Deus é o dono da vida de cada um”. Lembrou também que a<br />
Mensagem de <strong>Fátima</strong> “permanece actual” e desafia a “buscar, por todos os meios, o<br />
respeito por todos os homens e mulheres, defendendo a vida de cada pessoa desde a<br />
sua concepção até ao momento da sua morte”.<br />
D. Carlos Amigo Vallejo denunciou ainda as guerras que assolam o mundo, as<br />
182 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
violações dos direitos humanos e todas as “agressões à vida”. Falando aos jornalistas<br />
referiu os milhares de imigrantes africanos que têm tentado entrar no sul de<br />
Espanha: “um imigrante não é apenas um faminto, não é um turista pobre, deve ser<br />
olhado com respeito”. E sublinhou que para solucionar o problema de Melilla e<br />
Ceuta, “a primeira coisa a fazer é tirar todas as muralhas e construir muitas pontes”.<br />
“Temos de contribuir para que estas pessoas tenham conforto e desenvolvimento”,<br />
acrescentou.<br />
Reflectir sobre a sexualidade humana<br />
A temática pastoral do Santuário para o ano 2006 foi apresentada no passado dia<br />
12 de Outubro, em <strong>Fátima</strong>. Tendo como base o sexto mandamento, o tema «Guardar<br />
Castidade», “é relativo às acções do exercício da sexualidade e, portanto, a atenção<br />
irá recair sobre o casamento e sobre o uso da sexualidade”, disse o reitor do Santuário<br />
de <strong>Fátima</strong>, padre Luciano Guerra, em conferência de imprensa.<br />
Missa da Esperança em <strong>Fátima</strong><br />
O Santuário de <strong>Fátima</strong> acolheu pela terceira vez, no passado dia 6 de Novembro,<br />
a «Missa da Esperança», a pedido do Conselho da Comunidade Luso-brasileira.<br />
Ao dirigir-se aos mais de 100 mil participantes, o Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> apelou<br />
ao esforço dos católicos no sentido de se pôr termo à exclusão social, lutando contra<br />
a marginalização de pessoas, e evocou os acontecimentos violentos das últimas<br />
noites em Paris e noutras cidades francesas, realçando a problemática da integração<br />
dos jovens envolvidos.<br />
Após a Eucaristia, milhares de pessoas rezaram a oração do Rosário, na Capelinha<br />
das Aparições, juntamente com Maria Bethânia, Joanna, Kátia Guerreiro, Marco<br />
Paulo e o padre António Maria que cantaram a Nossa Senhora, levando, em alguns<br />
momentos, muitos dos fiéis à emoção. Nesta celebração participaram ainda a actriz<br />
Christiane Torloni, a apresentadora Ana Maria Braga e o Seleccionador nacional de<br />
futebol, Luís Felipe Scolari, que apresentaram algumas preces à Virgem de <strong>Fátima</strong>.<br />
Lisboa consagrou-se à Virgem<br />
No âmbito do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, a cidade de<br />
Lisboa consagrou-se a Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>. A imagem que habitualmente se<br />
encontra na Capelinha das Aparições, foi levada para Lisboa e com ela a coroa na<br />
qual foi incrustada a bala que feriu o Papa João Paulo II no atentado da Praça de S.<br />
Pedro, em Roma. Esta foi a nona saída da imagem que se encontra na Capelinha das<br />
Aparições.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 183
Em Destaque<br />
Enciclopédia de <strong>Fátima</strong><br />
A “Enciclopédia de <strong>Fátima</strong>” é um projecto que o Serviço de Estudos e Difusão<br />
do Santuário (SESDI) tem entre mãos, como informou, em conferência de imprensa,<br />
o director do serviço, Pe Dr Luciano Coelho Cristino. A ser editada pela Principia,<br />
está a ser executada sob a direcção científica do Pe Luciano Cristino e de D. Carlos<br />
Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa. Na mesma conferência foi apresentado o 3º tomo<br />
do volume 3 da Documentação Crítica de <strong>Fátima</strong>, com documentação que abrange o<br />
período de 1920 a 1922, e referente sobretudo à acção do primeiro bispo da <strong>Diocese</strong><br />
de <strong>Leiria</strong> restaurada, D. José Alves Correia da Silva, que nomeou uma comissão de<br />
avaliação dos acontecimentos de <strong>Fátima</strong>.<br />
Na mesma conferência de imprensa salientaram-se ainda duas intervenções. O<br />
novo director do Serviço de Peregrinos, Pe Dr Virgílio do Nascimento Antunes,<br />
apresentou e indicou os objectivos do serviço que coordena. E o director do Serviço<br />
de Ambiente e Construções, Reitor do Santuário, informou que se previa para 15<br />
de Janeiro a conclusão da primeira fase das obras da Igreja da Santíssima Trindade,<br />
data em que entrarão em execução novas fases da empreitada, e que se iria proceder<br />
a uma a restruturação da zona dos tocheiros (queima das velas) e da envolvente da<br />
capelinha, de forma a dar mais dignidade a esse espaço.<br />
Mostra filatélica em Tui homenageia Irmã Lúcia<br />
Filatelistas galegos e portugueses organizaram, na Área Panorâmica da cidade de<br />
Tui, uma exposição sobre temas religiosos, que pretende homenagear a Irmã Lúcia,<br />
vidente de <strong>Fátima</strong>. É uma iniciativa conjunta dos Correios espanhóis e do Grupo<br />
Filatélico de Tui, instituições que emitiram um carimbo de “Homenaje a Sor Lucía”,<br />
com figuras de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong> e dos Pastorinhos, que está a ser aposto na<br />
correspondência expedida daquele espaço de cultura tudense.<br />
No catálogo da exposição insere-se um artigo que propõe uma emissão filatélica<br />
conjunta Espanha/Portugal, de homenagem à Irmã Lúcia. A mostra inclui ainda “Os<br />
Selos de Portugal” sobre Nossa Senhora do Rosário de <strong>Fátima</strong>, emitidos desde 1948,<br />
no território continental e em Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola,<br />
Moçambique, Macau e Timor.<br />
A Canonização dos Pastorinhos avança<br />
O vice-postulador para a causa da canonização dos Pastorinhos, padre Luís Kondor,<br />
entregou no passado dia 30 de Dezembro, no Vaticano, os exames médicos de<br />
um menino curado de diabetes, devido à intervenção dos videntes de <strong>Fátima</strong>. “Se<br />
tudo correr como desejado, o Colégio de Cardeais poderá dar aval à canonização nos<br />
próximos meses e abrir caminho à primeira visita do Papa Bento XVI a Portugal.<br />
184 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Todos o desejamos, mas depende sempre de Roma”, afirma o vice-postulador.<br />
O processo canónico de canonização, iniciado em Outubro de 2004, baseia-se<br />
na possibilidade de ter havido um milagre através da intercessão dos Pastorinhos<br />
de <strong>Fátima</strong>, a cura de um bebé, Filipe Moura Marques, agora com 5 anos, filho de<br />
pais portugueses residentes na Suíça, que terá acontecido em Maio de 2000. A mãe<br />
assistia à beatificação dos Pastorinhos, pela televisão, e ajoelhou-se com o pequeno<br />
ao colo, a rezar. Mais tarde, ao fazer o controlo diário da diabetes, verificou que os<br />
valores estavam alterados e o menino não voltou a precisar de insulina.<br />
Já em 2005, no dia 19 de Fevereiro, foi entregue na Congregação para as Causas<br />
dos Santos a chamada “Positio Super Miraculum” para a canonização de Jacinta e<br />
Francisco Marto, o que implica que o processo documental está completo, traduzido<br />
em italiano, definitivamente encerrado e entregue ao Cardeal Prefeito da Congregação.<br />
Após a análise dos documentos, sete médicos apresentarão uma declaração,<br />
que, no caso de ser positiva, isto é, de confirmar a cura inexplicável no estado actual<br />
da ciência, permitirá à Congregação declarar o milagre da intercessão por Francisco<br />
e Jacinta. Posteriormente, os teólogos examinam o caso, para ver se a referida cura<br />
se pode ou deve atribuir ao poder e intercessão dos dois Pastorinhos. As conclusões,<br />
dos médicos e dos teólogos, serão submetidas ao exame da ‘Ordinaria’ da Congregação,<br />
composta por 30 membros, entre Cardeais, Arcebispos e Bispos.<br />
Passagem de Ano diferente<br />
A Basílica do Rosário de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong> esteve repleta de fiéis que<br />
aí quiseram passar a última noite do ano. A simplicidade e a oração foram as notas<br />
dominantes da última Eucaristia de 2005, celebrada em acção de graças pelos benefícios<br />
recebidos do Senhor ao longo de 2005. Presidiu D. Serafim Ferreira Sousa e<br />
Silva e concelebraram mais de duas dezenas de sacerdotes, vindos dos cinco continentes.<br />
Na sua homília o bispo da <strong>Diocese</strong> centrou-se na tarefa da construção de um<br />
mundo com paz.<br />
Mais um tomo da “Documentação Crítica de <strong>Fátima</strong>”<br />
O Santuário de <strong>Fátima</strong> acaba de editar mais um tomo da Documentação Crítica<br />
de <strong>Fátima</strong>. Trata-se do tomo 3º do terceiro volume, que recolhe toda a documentação<br />
produzida entre 6 de Agosto de 1920 e 2 de Maio de 1922, isto é, desde a tomada de<br />
posse de D. José Alves Correia da Silva, como primeiro bispo da diocese restaurada<br />
de <strong>Leiria</strong>, até à véspera da data da Provisão que abriu o processo canónico diocesano<br />
para averiguação dos factos ocorridos em 1917, em <strong>Fátima</strong>.<br />
Desde 1992, já foram publicados os seguintes volumes: o 1º volume insere todos<br />
os documentos dos interrogatórios oficiais e particulares feitos aos videntes, entre<br />
Maio de 1917 e Abril de 1919, num total de 59 documentos; o 2º volume inclui a do-<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 185
Em Destaque<br />
cumentação do chamado “Processo Canónico Diocesano de <strong>Fátima</strong>”, iniciado com a<br />
Provisão episcopal “A Divina Providência”, de 3 de Maio de 1922 e terminado com<br />
a “Carta Pastoral sobre o Culto de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>”, de 13 de Outubro de<br />
1930, pela qual D. José declarava “como dignas de crédito as visões das crianças<br />
na Cova da Iria” e permitia “oficialmente o culto de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>”.<br />
Este volume é constituído por 11 documentos e mais 17 casos de curas, referidas<br />
sucintamente no relatório final da comissão canónica, apresentado ao Sr. Bispo de<br />
<strong>Leiria</strong>, e que foram publicadas no jornal “Voz da <strong>Fátima</strong>”, fundado a 13 de Outubro<br />
de 1922.<br />
Desde o ano de 2002, resolveu-se retomar a edição científica de toda a documentação<br />
conhecida, por ordem cronológica, desde o ano das aparições. Assim, o<br />
primeiro tomo do 3º volume inclui todos os documentos do período que vai de Maio<br />
de 1917 a 13 de Maio de 1918, com um total de 376 documentos, excluindo os já<br />
editados no 1º volume (que são simplesmente referenciados); o segundo tomo do<br />
mesmo volume, com documentação do período de 18 de Maio de 1918 a 30 de Julho<br />
de 1920, num total de 198 documentos.<br />
O terceiro tomo do 3º volume, agora editado, que abrange o período já indicado,<br />
inclui um total de 228 documentos, entre os quais 147 cartas, 22 documentos<br />
de carácter oficial, 12 notas ou apontamentos, uma memória, 44 artigos de jornal,<br />
um testemunho ou depoimento (relato de graças obtidas) e um livro (Os Episódios<br />
Maravilhosos de <strong>Fátima</strong>, do Dr. Manuel Nunes Formigão). Juntam-se em apêndice<br />
sete fotografias, também da época referida. No período em análise, foram vários os<br />
acontecimentos que levaram à produção de documentos: as primeiras intervenções<br />
do novo bispo na Cova da Iria; a ida da vidente Lúcia para a cidade do Porto, em<br />
Junho de 1921; e a dinamitação da Capelinha das Aparições, na madrugada de 6 de<br />
Março de 1922. São publicadas neste tomo as primeiras 11 cartas da Lúcia, dez das<br />
quais foram escritas à sua mãe, e o seu primeiro depoimento autógrafo, redigido a<br />
5 de Janeiro de 1922, sobre os “Acontecimentos de 1917”, a que podemos chamar,<br />
uma primeira memória da vidente, no estilo das que viria a escrever posteriormente.<br />
A grande maioria dos documentos editados neste tomo (41,7%) pertence ao chamado<br />
Arquivo Formigão, das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de<br />
<strong>Fátima</strong>.<br />
Já começou a preparação de um novo tomo, o primeiro do quarto volume, com<br />
documentação produzida desde Maio de 1922 até 12 de Outubro do mesmo ano,<br />
véspera do início da publicação do jornal “Voz da <strong>Fátima</strong>”.<br />
Aos leitores do “<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>” fazemos um apelo: que as pessoas possuidoras<br />
de documentos de todos os tipos, relacionados com as aparições de <strong>Fátima</strong>, os<br />
videntes, o Santuário, etc., desde 1917, os dêem a conhecer, nos seus originais ou<br />
cópias, para: Serviço de Estudos e Difusão (SESDI), Santuário de <strong>Fátima</strong>, Apartado<br />
31 – 2496-908 FÁTIMA; e-mail: sesdi@santuario-fatima.pt; fax.: 249539605.<br />
P. Luciano Cristino - SESDI<br />
186 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Cáritas coordena<br />
Ajuda a vítimas dos incêndios<br />
“Primeiro as pessoas”, recomendou D. Serafim, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, aos<br />
representantes da Cáritas acerca dos modos de intervenção daquele serviço diocesano<br />
em favor das vítimas dos incêndios. Atender às pessoas, as socialmente mais<br />
fragilizadas, as que tudo perderam, mesmo as suas próprias casas, para que possam,<br />
quanto antes, conhecer um novo tecto que as abrigue e recomeçar as suas vidas com<br />
coragem e confiança, foi a prioridade estabelecida.<br />
A Cáritas desdobrou-se em reuniões de trabalho com as Câmaras de <strong>Leiria</strong>,<br />
Pombal e Ourém, e visitou as freguesias de Albergaria dos Doze, Carnide, Colmeias,<br />
Souto da Carpalhosa, Freixianda, Casal dos Bernardos e Matas, contactando<br />
com muitas famílias, párocos e grupos paroquiais sócio-caritativos, sempre com o<br />
objectivo de conhecer as situações, estabelecer prioridades, definir e articular as<br />
respostas possíveis e mais necessárias, e concretizar uma efectiva comunhão com os<br />
que sofrem. Este trabalho conjunto conduziu à decisão de construir, em diversas freguesias<br />
dos concelhos de <strong>Leiria</strong>, Ourém e Pombal, 15 habitações novas de tipologia<br />
dimensionada à composição dos respectivos agregados. Protocolos de cooperação<br />
entre a Cáritas e aquelas Câmaras consagram as competências respectivas: à Cáritas<br />
o pagamento das construções, e às Câmaras a elaboração dos projectos necessários,<br />
a isenção das taxas e o acompanhamento técnico das obras. A Caritas propõe-se<br />
também ajudar na recuperação de habitações parcialmente afectadas, de famílias de<br />
recursos mais modestos.<br />
A recuperação de uma das casas, no lugar de Várzeas, freguesia do Souto da Carpalhosa,<br />
importou em 6 534,00 euros e foi a primeira em todo o país. Seguiu-se uma<br />
recuperação idêntica, no lugar do Valongo, da freguesia de Colmeias, que importou<br />
em 2 420,00 euros, numa colaboração entre a Cáritas e a Conferência de S. Vicente<br />
de Paulo daquela paróquia. Entretanto, cinco famílias da Ilha, Carnide e Albergaria<br />
dos Doze receberam uma casa nova como prenda de Natal da Cáritas e da Câmara de<br />
Pombal, construções de raiz que foram uma resposta recorde a esta necessidade. “A<br />
agilização de procedimentos por parte das Câmaras e a boa vontade de todos, são um<br />
bom sinal de que, em conjunto, podemos resolver muitas dificuldades, não apenas<br />
na presente crise dos incêndios, mas criando também dinâmicas permanentes”. As<br />
palavras são de Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, proferidas na<br />
cerimónia de entrega das chaves, no passado dia 23 de Dezembro. “Não houve burocracia,<br />
mas acção e solidariedade” disse Eugénio Fonseca, em sintonia com Narciso<br />
Mota, presidente da Câmara de Pombal: “A Cáritas não ficou pelas retóricas, mas<br />
veio com acção e factos concretos”. Um e outro, com Ascenso Simões, secretário de<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 187
Em Destaque<br />
Estado da Administração Interna, e Carlos Jorge, presidente da Cáritas de <strong>Leiria</strong>, expressaram<br />
a mútua congratulação pelo trabalho já realizado e sublinharam o espírito<br />
de colaboração e o trabalho em parceria, que estão na base dos resultados já à vista<br />
de todos. O secretário de Estado enalteceu ainda o espírito de missão que caracteriza<br />
este projecto, referiu-se a Pombal como “um bom exemplo de como somos grandes<br />
nos momentos difíceis” e agradeceu “a acção relevantíssima da Caritas”.<br />
Na cerimónia estiveram o vigário-geral, padre Jorge Guarda, que procedeu à<br />
bênção das novas habitações, o Governador Civil de <strong>Leiria</strong>, os párocos de Carnide e<br />
Albergaria dos Doze, bem como representantes da Cáritas de <strong>Leiria</strong> e de Coimbra e<br />
da Cáritas Paroquial de Carnide.<br />
O milagre da entrega, quatro meses após a tragédia, e de outras que se seguirão,<br />
foi possível graças ao esforço de muitas entidades, e sobretudo, à solidariedade de<br />
milhares de portugueses, sobretudo das comunidades cristãs, que corresponderam ao<br />
apelo da Caritas. Continua a recolha de donativos que poderão ser entregues em qualquer<br />
paróquia ou na Cáritas Diocesana, ou depositados em qualquer balcão da CG-<br />
Depósitos, na conta “Renascença Caritas – Ajuda Portugal”, nº 0697602410830.<br />
«10 Milhões de Estrelas» pela paz<br />
«Dez Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» é o nome da iniciativa que<br />
a Cáritas Portuguesa promoveu neste Natal, pelo terceiro ano consecutivo, tendo<br />
por finalidade fomentar a paz, a solidariedade e a reconciliação, nas famílias, na<br />
sociedade, em todos os espaços de vida das pessoas. Pretendeu-se iluminar a quadra<br />
natalícia, tocando toda a população, independentemente das opções políticas ou religiosas:<br />
“É muito importante conseguir a adesão daqueles que estão afastados ou não<br />
se identificam com a nossa matriz cristã, mas que têm em comum connosco estes<br />
valores universais: paz e solidariedade”, afirmou o director da Cáritas Portuguesa.<br />
Nesse sentido, procurou-se atingir o maior número formal de crianças e jovens das<br />
escolas e universidades, porque “mais generosas e sensíveis a estas problemáticas”.<br />
A operação comportou dois momentos. Um, de cariz pessoal e familiar, na noite<br />
de Natal, com uma vela acesa, à janela de cada casa, símbolo do compromisso dos<br />
que nela habitam, de contribuir para a edificação da paz. O outro momento envolveu<br />
a iluminação de um espaço público, num ambiente festivo e teve lugar em todas as<br />
dioceses de Portugal, no dia 10 de Dezembro. Em <strong>Leiria</strong>, realizou-se no jardim da<br />
cidade, ao fim da tarde, com a participação de diversos grupos de animação musical<br />
e a presença de entidades civis e religiosas. No final, a chama de centenas de fotóforos<br />
fez encher de luz o espaço envolvente, representando o compromisso pessoal e<br />
colectivo de contribuir para a edificação da paz.<br />
Os fundos resultantes (80 cêntimos por vela) reverteram para uma causa internacional:<br />
30% para as crianças de S. Tomé e Príncipe e 70% para o apoio da Cáritas de<br />
Leira a crianças da <strong>Diocese</strong> em situação de insuficiência grave.<br />
188 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Encontro nacional dos capelães hospitalares<br />
Assistência espiritual na saúde<br />
É preciso que todos tenham<br />
direito à assistência espiritual na<br />
doença. Este foi um dos alertas<br />
deixados por mais de meia centena<br />
de Capelães e Assistentes<br />
Espirituais Hospitalares de todo<br />
o país, que se reuniram, a 21 de<br />
Novembro, com o objectivo de<br />
reflectir sobre o seu estatuto e a<br />
sua missão no contexto do Serviço<br />
Nacional de Saúde.<br />
No encontro que contou com<br />
a participação do Dr. Alexandre<br />
Diniz, responsável pela Direcção<br />
de Serviço da Prestação de<br />
Cuidados de Saúde da Direcção-<br />
Geral de Saúde, e com a presença<br />
do Cardeal Javier Lozano Barragán, Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da<br />
Saúde, reafirmou-se a importância do serviço realizado pelos cerca de duzentos Padres,<br />
Diáconos e Religiosos/as que desempenham a tarefa de Capelães e Assistentes Espirituais<br />
e reconheceram-se inúmeras dificuldades com que muitas Capelanias se defrontam.<br />
As dúvidas na interpretação da legislação, que se traduzem na recusa de alguns<br />
Hospitais em contratar Capelães, e a falta de uma definição clara da situação orgânica<br />
das Capelanias no contexto das instituições, constituem alguns problemas<br />
fundamentais.<br />
“Queremos que os nossos irmãos, de todos os credos, tenham iguais facilidades<br />
de acesso para que todos tenham assistência espiritual no tempo da doença”, referiu<br />
o Padre José Nuno, Coordenador dos Capelães Hospitalares, que reconheceu as insuficiências<br />
que o actual modelo de Serviço Religioso Hospitalar comporta face ao<br />
crescente pluralismo que caracteriza a sociedade portuguesa.<br />
Outra das conclusões do encontro sublinha que o acompanhamento espiritual e<br />
a assistência religiosa são dimensões integrantes do processo terapêutico, e exigem<br />
o compromisso do Sistema e das estruturas de saúde. Por isso, os capelães e assistentes<br />
espirituais hospitalares são os primeiros a assumir como prioridade absoluta<br />
o desafio da Formação específica, afirmando que serão dados passos concretos para<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 189
Em Destaque<br />
a realização, em colaboração com as instâncias próprias do Ministério da Saúde,<br />
de um Curso de pós-graduação capaz de oferecer as competências necessárias ao<br />
cumprimento da sua tarefa.<br />
No encontro que precedeu a IX Conferência da Rede Europeia das Capelanias<br />
Hospitalares, a realizar de 17 a 21 de Maio de 2006, em Lisboa, a ideia de constituir<br />
uma Associação Nacional de Capelães e Assistentes Espirituais Hospitalares não<br />
chegou a concretizar-se por falta de acordo.<br />
Situação na <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> é motivo de preocupação<br />
O Pe João Trindade, único capelão da <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, lamentou as dificuldades<br />
que a actual legislação lhe coloca no desempenho da sua missão. Quatrocentas<br />
camas é o número mínimo atribuído a cada Capelão ou Assistente Espiritual<br />
Hospitalar. No caso de <strong>Leiria</strong> o número ultrapassa as 500, o que significa que não<br />
pode haver mais nenhum capelão. “Há lacunas na lei, por isso não é possível que no<br />
Hospital de Santo André haja mais um capelão”, explica o Pe Trindade, “no entanto<br />
o número de doentes que tenho a meu cargo é manifestamente exagerado. Assim não<br />
me é possível prestar a assistência desejável”, lamenta.<br />
Numa altura em que a <strong>Diocese</strong> aposta tudo no «Acolhimento», tema do Projecto<br />
Pastoral para este ano, o seu Capelão Hospitalar afirma que “seria bom que a <strong>Diocese</strong><br />
tivesse também em consideração os Centros Hospitalares e Clínicas privados,<br />
nos quais se encontram também muitos cristãos sedentos da mesma assistência religiosa<br />
e espiritual. Seria importante que fosse nomeado algum Capelão ou Assistente<br />
Espiritual para estes centros de prestação de saúde privados”, para mais e melhor<br />
assistência espiritual, de forma programada.<br />
É no meio da habitual azáfama da assistência espiritual e religiosa aos mais de<br />
500 doentes do Hospital Distrital de <strong>Leiria</strong>, que o Pe Trindade consegue, a muito<br />
custo, encontrar algum tempo para responder às solicitações pontuais dos doentes<br />
internados nas clínicas e centros hospitalares privados, a título pessoal e por dedicação<br />
a um serviço que a <strong>Diocese</strong> deveria estruturar melhor. É também graças ao<br />
grupo de voluntários e de quatro «ministros extra-ordinários da comunhão» que o<br />
acompanham, que a assistência chega, mesmo assim, onde chega.<br />
Questionado acerca das reivindicações trazidas a publico pelos pastores de<br />
outras Confissões Religiosas, o Pe. Trindade desvaloriza-as, afirmando que, “por<br />
exemplo, em <strong>Leiria</strong> o número de doentes de outras Confissões Religiosas e Igrejas<br />
não católicas não ultrapassa os 2 por cento do total dos doentes”, e que o Hospital<br />
tem as suas portas abertas aos pastores que desejem acompanhar os doentes que o<br />
solicitem. “Eu próprio me prontifico a contactar os pastores de outras Confissões ou<br />
Igrejas, sempre que algum doente me manifeste esse desejo”, conclui.<br />
190 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Em Destaque<br />
Jovens sem Fronteiras<br />
As motivações dos Jovens<br />
Por Orlando Marques<br />
Decorreu nos passados dias 19 e 20 de Novembro, em <strong>Fátima</strong>, o Encontro Nacional<br />
de Animadores dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), um movimento missionário<br />
que se organiza em grupos paroquiais espalhados por todo o país e procura fazer<br />
animação missionária nas paróquias consciencializando-as da dimensão universal<br />
da Igreja. Cerca de 130 animadores dos cerca de 40 grupos vieram de todo o País,<br />
para juntos reflectirem sobre as motivações fundamentais dos jovens na sociedade<br />
em que vivem.<br />
Apesar de ligados à Família Espiritana, os JSF trabalham na sua própria comunidade<br />
paroquial, cultivando assim uma dupla dimensão: comunitária e universal.<br />
«A Ponte»<br />
Os JSF realizam actividades múltiplas de âmbito nacional e regional: férias<br />
missionárias, encontros nacionais, participação no <strong>Fátima</strong> Jovem, retiros, encontros<br />
regionais, encontros de animadores, e um encontro de oração mensal por região,<br />
cuja organização roda pelos vários grupos, e que “cada um dinamiza segundo a sua<br />
criatividade, e adapta de acordo com as características da sua região”, como refere a<br />
presidente nacional. Outra das actividades regionais é o «Dia da Fundação» de cada<br />
grupo, ao qual se associam os restantes grupos da região.<br />
Joana Araújo salienta ainda uma actividade de carácter internacional, denominada<br />
«A Ponte», que se traduz num projecto de voluntariado missionário num país de<br />
língua oficial portuguesa. Durante um mês, cerca de 15 jovens, representantes dos<br />
grupos do Minho ao Algarve, “integram uma missão trabalhando ao nível da saúde<br />
e da educação, de acordo com as características locais. Este ano foi no Brasil, em S.<br />
Cristóvão de Cabo Frio, a 150 km do Rio de Janeiro”.<br />
<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> tem com 4 grupos<br />
Os JSF já estão estruturados em quatro zonas: Minho, Douro, Centro e Sul. A<br />
diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> encontra-se integrada na região Centro e conta com quatro<br />
grupos de JSF das paróquias de Casal dos Bernardos, Nossa Senhora das Misericórdias<br />
de Ourém (Caneiro), Santa Eufémia, e Ribeira do Fárrio, cada um com cerca<br />
15 elementos.<br />
Lúcia Pedrosa, animadora do grupo de Santa Eufémia, nomeada vice-presidente<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 191
Em Destaque<br />
da região Centro este fim-de-semana, explicou que “os jovens aderem a este movimento<br />
por vontade própria, com o desejo de irem além do que se faz na paróquia, ao<br />
encontro da missão”. No entanto, integrados numa diocese, participam também em<br />
actividades diocesanas. É o caso do «Shema», da peregrinação diocesana a <strong>Fátima</strong><br />
e da vigília missionária. Contudo, “a dinâmica de trabalho é conjunta a nível nacional”,<br />
sublinha.<br />
Os Jovens gostam da Igreja<br />
No encontro, que serviu sobretudo para analisar e reflectir sobre o lugar dos<br />
jovens na missão eclesial, houve ainda espaço para eleger novos órgãos, tendo sido<br />
Iolanda Prino, animadora do grupo de JSF do Caneiro (Ourém) a escolhida para<br />
presidente da região Centro. Iolanda Prino revelou-nos o sentir dos jovens de hoje e<br />
referiu que “os jovens gostam de estar na Igreja, mas, muitas vezes, não há espaço<br />
para eles. Os mais velhos não os cativam e são os primeiros a criticar e a cortar-lhes<br />
as pernas. Os adultos vão à Igreja por tradição, os jovens têm vergonha de dizer por<br />
que não vão. Devemos ir à Igreja por querer”.<br />
Para os jovens, há muitos aspectos que a Igreja deveria rever. “A liturgia é um<br />
entrave”, afirma a animadora, explicando que, muitas vezes, “é a homilia do pároco<br />
que não atrai os jovens, outras vezes são os cânticos, ou outros aspectos que tornam<br />
as celebrações uma ‘seca’, daí não ajudarem a cativar para a participação na vida<br />
comunitária”.<br />
192 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
23 de Outubro, um domingo grande no Vaticano<br />
Em Destaque<br />
Sínodo dos Bispos, Ano da Eucaristia,<br />
Dia das Missões e novos Santos<br />
O Domingo 23 de Outubro foi de festa<br />
no Vaticano. Na Eucarística que marcou o<br />
final dos trabalhos do Sínodo dos Bispos<br />
e o encerramento do Ano da Eucaristia<br />
convocado ainda por João Paulo II, Bento<br />
XVI canonizou os primeiros santos do seu<br />
pontificado.<br />
Na homilia proferida, o Papa sublinhou<br />
a importância do “dom precioso” do celibato<br />
sacerdotal e pediu coerência, na vida<br />
dos católicos, entre a fé que professam e os<br />
seus comportamentos.<br />
Durante três semanas o Sínodo debateu<br />
a escassez de sacerdotes e examinou também<br />
a perspectiva de ordenar homens casados<br />
que pareceu não ser solução. “Sobre<br />
o mistério eucarístico se funda o celibato que os presbíteros receberam como dom<br />
precioso e sinal do amor indiviso para com Deus e o próximo”, disse o Santo Padre,<br />
pedindo “a todos os membros da Igreja, em primeiro lugar aos sacerdotes, que reavivem<br />
o seu compromisso de fidelidade”.<br />
Bento XVI acrescentou uma palavra clara sobre a necessidade de coerência entre<br />
fé e vida, em particular para os leigos empenhados na política, quando se debatem<br />
leis contrárias à ética cristã: “Também para os leigos a espiritualidade eucarística<br />
deve ser o motor interior de toda a actividade e nenhuma dicotomia é admissível<br />
entre a fé e a vida na sua missão de animação cristã do mundo”.<br />
Mais de 60 mil peregrinos assistiram à apresentação dos novos santos que a<br />
Igreja apontou como “modelos para todos os crentes”: o chileno Alberto Hurtado<br />
Cruchaga (1901-1952), os italianos Felice da Nicosia (1715-1787) e Gaetano Catanoso<br />
(1879-1963), e ainda os polacos Jozef Bilczewski (1860- 1923) e Zygmunt<br />
Gorazdowski (1845-1920).<br />
Em Dia Mundial das Missões, O Papa sublinhou também o exemplo dos missionários<br />
que “testemunham o Evangelho, mesmo com o sacrifício da sua vida” e,<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 193
Em Destaque<br />
posteriormente, na recitação do Angelus, exortou os cristãos a “gastarem a sua vida<br />
pelo bem do mundo”, pois que, “sustentados pela união constante com o Senhor,<br />
realmente presente no sacramento da Eucaristia, poderemos viver a vocação a que<br />
cada cristão é chamado, isto é, ser pão partido pela vida do mundo”.<br />
“É particularmente significativo o nexo que existe entre a missão da Igreja e a<br />
Eucaristia. Com efeito, a acção missionária e evangelizadora é a difusão apostólica<br />
do amor que se encontra concentrado no Santíssimo Sacramento. Quem acolhe Cristo<br />
na realidade do seu corpo e sangue não pode guardar este dom, antes é levado a<br />
partilhá-lo no testemunho corajoso do Evangelho, no serviço aos irmãos em dificuldade,<br />
no perdão das ofensas”, acrescentou ainda.<br />
Bento XVI aludiu aos trabalhos do Sínodo dos Bispos, afirmando que “as suas<br />
reflexões, testemunhos, experiências e propostas foram recolhidas para ser elaborada<br />
uma exortação apostólica pós-sinodal que, tendo em conta as diversas realidades<br />
do mundo, ajuda a desenvolver o rosto da comunidade católica que tende a viver<br />
unida na pluralidade das culturas”.<br />
O exemplo dos Santos<br />
No dia seguinte, em audiência aos peregrinos participantes nas canonizações,<br />
vindos sobretudo da Polónia e do Chile. Para os polacos, o Papa evocou conjuntamente<br />
as virtudes do bispo Bilczewski e do padre Gorazdowski: “oração, amor à<br />
Eucaristia e prática da caridade” – “dando-se totalmente a Deus e ajudando eficazmente,<br />
do ponto de vista material e espiritual, os mais necessitados”. À intercessão<br />
de ambos confiou os fiéis da Ucrânia e da Polónia e as respectivas nações.<br />
Aos peregrinos chilenos, evocando a figura do Padre Hurtado, o Papa apontou<br />
como exemplo a “sua consciência filial diante do Pai, o espírito de oração, o profundo<br />
amor a Maria, a generosidade em dar-se completamente, a sua entrega e serviço<br />
aos pobres”.<br />
Em italiano, Bento XVI exortou os devotos de Gaetano Catanoso a seguirem os<br />
seus passos no “serviço aos últimos, aos mais distantes, abrindo-lhes o coração e<br />
restituindo-lhes a esperança”. “Ele anunciou com ardor apostólico o Reino de Deus,<br />
com a convicção de quem é testemunha; administrou os sacramentos e sobretudo<br />
a divina Eucaristia imergindo-se quotidianamente no mistério do amor oblativo de<br />
Cristo”.<br />
Finalmente, aos sicilianos vindos para a canonização de um modesto frade capuchinho,<br />
Bento XVI observou que, “num mundo fortemente tentado pela busca da<br />
aparência e do bem-estar egoísta, S. Félix recorda a todos que a verdadeira alegria<br />
se esconde muitas vezes nas pequenas coisas e se obtém cumprindo fielmente, em<br />
espírito de serviço, o dever de cada dia”.<br />
194 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
Acolhimento na catequese<br />
Integrada no tema do Acolhimento, a vigararia de <strong>Leiria</strong> planeou para o<br />
presente ano pastoral a criação de um postal a remeter às crianças que frequentam a<br />
catequese, por ocasião do aniversário do seu baptismo. O postal terá duas versões,<br />
uma adequada à infância e outra para a adolescência. A iniciativa visa “comprometer<br />
os catequistas, os pais e as crianças, dando a conhecer e celebrando momentos<br />
marcantes da vida cristã, como é o caso do baptismo”.<br />
Nova equipa no Seminário de <strong>Leiria</strong><br />
No passado dia 15 de Setembro, no Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>, procedeuse<br />
à entrada oficial da nova equipa sacerdotal responsável. Cerca de 25 sacerdotes<br />
concelebraram a Eucaristia, presidida pelo Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e participaram<br />
alguns professores, empregados e convidados. No início da celebração, D. Serafim<br />
apontou o Seminário como a prioridade da acção pastoral, teceu considerações sobre<br />
a sua integração na Igreja diocesana, agradeceu aos membros da equipa cessante e<br />
pediu o empenho de todos para o prosseguimento deste projecto essencial. Depois,<br />
o novo reitor fez a profissão de fé e o juramento, e usou da palavra para referir os<br />
principais projectos em mente, agradecer aos antecessores e pedir a colaboração<br />
dos sacerdotes, presentes e ausentes. Terminada a celebração, todos os participantes<br />
confraternizaram no refeitório principal.<br />
A actual equipa responsável pelo Seminário assegura o acompanhamento dos 7<br />
jovens que no presente ano lectivo integram o Tempo Propedêutico, e é composta<br />
pelo Pe. Manuel Armindo Pereira Janeiro (reitor), Pe. Pedro Miguel Ferreira Viva<br />
(secretário e prefeito) e Pe. Luís Miguel Gonçalves de Miranda (director Espiritual),<br />
este último da diocese de Coimbra.<br />
Encontro dos Religiosas e Religiosos naturais da <strong>Diocese</strong><br />
As religiosas e religiosos naturais de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> realizaram um Encontro-<br />
Peregrinação, no dia 17 de Setembro, para celebrar e dar graças pelo dom da sua<br />
vocação na Igreja. O encontro teve por tema “a Eucaristia na Vida e Missão dos<br />
Religiosos e Religiosas”. Do programa constaram reflexões, testemunhos, Eucaristia<br />
e convívio. Dos cerca de 400 membros dos institutos religiosos, naturais da diocese<br />
de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, participaram cerca 150 naturais de 40 paróquias da <strong>Diocese</strong> e<br />
membros de cerca de trinta institutos. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo<br />
diocesano, presidiu à Eucaristia.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 195
Notícias<br />
Novo livro homenageia o padre Lacerda<br />
No passado dia 24 de Setembro, no Arquivo Distrital de <strong>Leiria</strong>, teve lugar a<br />
apresentação do livro “O Padre Lacerda, Reitor dos Milagres”, da autoria de Ambrósio<br />
Ferreira. Estiveram presentes amigos, admiradores e outras personalidades que, desta<br />
forma, quiseram recordar e conhecer melhor aquele que foi um dos sacerdotes mais<br />
influentes na <strong>Diocese</strong> e no Distrito. Para além de Reitor dos Milagres, o Pe Lacerda<br />
foi também o fundador do semanário O Mensageiro que teve a sua primeira edição<br />
em 7 de Outubro de 1914, com uma tiragem de 700 exemplares, e cujo principal<br />
objectivo era ser porta-voz da luta pela restauração da <strong>Diocese</strong>.<br />
Bispo Auxiliar de S. Paulo visitou <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
D. Joaquim Justino Carreira, natural da paróquia de Santa Catarina, onde<br />
nasceu a 24 de Janeiro de 1950, e actualmente bispo auxiliar de S. Paulo, Brasil,<br />
depois de ter sido ordenado no passado mês de Maio, esteve em <strong>Leiria</strong> durante o<br />
mês de Setembro. No dia 28, celebrou a Eucaristia na Sé, acompanhado por três<br />
sacerdotes do Brasil e alguns amigos e familiares, e outros fiéis que se associaram.<br />
Ao agradecer a presença de todos, confessou a sua satisfação: “fiquei muito feliz<br />
por esta celebração da missa na Sé da diocese onde nasci”. No final da missa teve<br />
um encontro com o bispo da <strong>Diocese</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que o<br />
recebeu na casa episcopal.<br />
D. Joaquim, aos dez anos de idade, partiu com os pais e os irmãos para o Brasil<br />
onde viria a fazer os estudos teológicos e a ser ordenado presbítero em 1977, na<br />
catedral de Jundiaí, depois de ter sido ordenado diácono em Santa Catarina da<br />
Serra, por D. João Pereira Venâncio, então Bispo de <strong>Leiria</strong>. Na diocese de Jundiaí<br />
desempenhou variadas funções pastorais e obteve o mestrado em Matrimónio e<br />
Família pelo Pontifício Instituto para a Família, Pontifícia Universidade Lateranense,<br />
em Roma.<br />
Há cerca de um ano, numa outra passagem por Portugal, fez a peregrinação a pé<br />
desde <strong>Fátima</strong> até S. Tiago de Compostela, caminhando durante 16 dias.<br />
Encontro Diocesano de Catequistas<br />
Realizou-se, no dia 2 de Outubro, no salão do Colégio da Cruz da Areia, o XXXV<br />
Encontro Diocesano de Catequistas da nossa diocese, com o tema: “O Acolhimento<br />
em Catequese e na Comunidade”, desenvolvido pelo padre João Ribeiro, da<br />
diocese do Porto. Depois da reflexão temática, houve ainda um momento de oração<br />
comunitária e a apresentação do programa catequético do próximo ano. O objectivo<br />
desta iniciativa anual é “ajudar as comunidades cristãs a renovarem a catequese para<br />
196 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
que responda cada vez melhor aos desafios lançados pelas crianças e adolescentes”.<br />
De tarde, os catequistas participaram na Assembleia Diocesana comum.<br />
Aniversário do Órgão da Sé e novo Curso de Carrilhão<br />
No passado dia 5 de Outubro, na Catedral de <strong>Leiria</strong>, decorreu uma sessão<br />
comemorativa do 8º aniversário do Grande Órgão, conjuntamente com a inauguração<br />
do Curso Oficial de Carrilhão. A sessão constou de dois concertos, o primeiro às<br />
15h00, com o carrilhanista de Mafra, Abel Chaves, que contou com a participação<br />
de alguns alunos da escola. O segundo, pelas 16h30, já no interior da Sé, com o<br />
conceituado organista italiano Luca Antoniotti.<br />
Central FM premeia Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong><br />
“Por um mundo melhor” foi o tema escolhido para a 13ª gala da rádio leiriense<br />
Central FM, que se realizou no passado dia 20 de Outubro, no auditório Paulo VI<br />
(<strong>Fátima</strong>). Para além da música, dança e poesia, a gala também foi feita de distinções.<br />
De entre os premiados pela rádio leiriense, destacamos o bispo da diocese de <strong>Leiria</strong>-<br />
<strong>Fátima</strong>, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que recebeu o prémio “Prestígio<br />
Cidades de <strong>Leiria</strong> e <strong>Fátima</strong>”. Segundo Emília Pinto, esta escolha justifica-se por<br />
ser uma pessoa que “tem a ver com toda a região”. Numa alusão ao balanço, até ao<br />
momento, da sua missão enquanto Bispo diocesano “O momento mais marcante foi<br />
a beatificação dos pastorinhos”, referiu D. Serafim.<br />
Nova paróquia da Cruz da Areia<br />
No passado dia 23 de Outubro, na igreja da Cruz da Areia, tomaram posse o<br />
Conselho Económico, o Conselho Pastoral e o pároco da nova paróquia, erecta<br />
canonicamente em Julho passado. O Pe. Cristiano Saraiva foi nomeado como<br />
primeiro pároco à frente desta comunidade, e a paróquia passará a designar-se por<br />
“Paróquia de Santa Isabel de Portugal”.<br />
O acontecimento, histórico sobretudo para os cristãos da comunidade, foi<br />
solenizado com um programa especial que compreendeu, de manhã, a celebração da<br />
eucaristia e o juramento dos órgãos paroquiais. À tarde, as restantes oito paróquias da<br />
vigararia vieram associar-se, trazendo um quadro com uma frase bíblica, a marcar a<br />
elevação da Cruz da Areia ao estatuto de paróquia. Seguiu-se uma assembleia de início<br />
das actividades pastorais, onde foi apresentado o programa/calendário de actividades<br />
de toda a vigararia, no qual se destacam encontros e reuniões de formação para agentes<br />
dos diferentes sectores da pastoral, 3 tertúlias sobre o valor da vida, jornadas de pastoral<br />
urbana e o esforço de aplicar gestos de acolhimento na catequese e na liturgia.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 197
Notícias<br />
A sessão continuou com um momento de oração conjunta e terminou com um<br />
convívio preparado pela paróquia da Cruz da Areia. A presença de muitos fiéis das<br />
diferentes paróquias tornou visível a unidade da igreja diocesana.<br />
Irmã Graça Lameiro, missionária para toda a vida<br />
No Dia Mundial das Missões, 23 de Outubro, a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e, de<br />
modo particular a paróquia dos Pousos, estiveram em festa. A Irmã Graça Maria dos<br />
Santos Lameiro fez os seus votos religiosos perpétuos na Congregação das Irmãs<br />
Missionárias da Consolata.<br />
A igreja paroquial dos Pousos, onde foi baptizada a Ir. Graça, foi pequena para<br />
o elevado número de participantes no acto realizado no decurso da celebração<br />
eucarística presidida pelo Bispo da diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.<br />
Concelebraram 15 padres, entre diocesanos e principalmente missionários da<br />
Consolata e participaram ainda muitas irmãs do mesmo instituto.<br />
Esta profissão religiosa perpétua, feita, como é habitual, perante a irmã provincial,<br />
na pessoa da madre Cesariana Corioni, significa o compromisso de se manter na vida<br />
religiosa por toda a vida.<br />
No fim de celebração, todos os presentes foram convidados para um lanche<br />
festivo que teve lugar num espaço anexo à igreja.<br />
Nota biográfica<br />
A irmã Graça Lameiro nasceu a 30/09/1967. É filha de António Gomes Lameiro<br />
e de Deolinda dos Santos Lameiro. Tem um irmão mais novo, o Paulo Lameiro.<br />
Entrou para a congregação missionária das irmãs da Consolata em 1994 e fez os<br />
primeiros votos religiosos em 1998. Durante o seu percurso na congregação, esteve<br />
sete anos em Itália, onde fez a maior parte da sua formação, dois e meio na Colômbia<br />
e um em Portugal. Nos tempos mais próximos, irá trabalhar na animação missionária<br />
no nosso país.<br />
Encerramento do Ano da Eucaristia na vigararia de Ourém<br />
Realizou-se no passado dia 23 de Outubro, na paróquia de Nossa Senhora da<br />
Piedade, cidade de Ourém, o encerramento do Ano Eucarístico de toda a vigararia de<br />
Ourém. A Eucaristia que reuniu mais de 400 cristãos vindos de todas as paróquias,<br />
foi presidida pelo Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>, Pe. Jorge Guarda que, na homilia, se<br />
referiu à ligação da Eucaristia com o tema da <strong>Diocese</strong> para este ano – o acolhimento:<br />
“Se conhecesses o dom que Deus tem para te dar….”<br />
A celebração teve continuidade com a procissão eucarística através das ruas<br />
adjacentes e culminou com a adoração e a bênção do Santíssimo Sacramento.<br />
198 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Congresso Eucarístico da vigararia das Colmeias<br />
Notícias<br />
A vigararia das Colmeias promoveu, entre 28 e 30 de Outubro, um Congresso<br />
Eucarístico, no Centro Cultural de Albergaria dos Doze.<br />
A sessão de abertura, sexta-feira à noite, contou com a presença de D. Augusto<br />
César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, que falou sobre “Ir à missa<br />
porquê A importância da Missa na vida do cristão”.<br />
Os trabalhos continuaram na tarde de sábado, com a colaboração dos Padres<br />
Luciano Guerra, Virgílio Antunes e Jorge Guarda, que proferiram conferências<br />
com os títulos, respectivamente, de “Realmente Presente! A liturgia Eucarística”,<br />
“Deus fala! A Liturgia da Palavra”, “Como celebrar As palavras e os gestos da<br />
Eucaristia”.<br />
O encerramento do congresso, pelas 15h00 de domingo, contou com a presença<br />
do Bispo da <strong>Diocese</strong> que presidiu à Eucaristia.<br />
Convívio Fraterno 988<br />
“O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”. O desafio foi<br />
aceite por vinte e três jovens que se inscreveram no 988º Convívio, de 28 a 31 de<br />
Outubro no Seminário de <strong>Leiria</strong>.<br />
A onda inicial do “tá-se bem”, foi dando lugar ao encontro pessoal de cada um<br />
com o seu “agora” e a “vida de então”, ao dom do diálogo e ao despertar para olhares<br />
e sorrisos. Abrindo parêntesis, todos ficámos a saber que para esboçar um sorriso são<br />
necessários nada mais nada menos do que 17 músculos. Fechar parêntesis.<br />
Jesus, primeiro com o exemplo e depois com o grande mandamento “Amai-vos<br />
como eu vos amei”, é fonte de água viva e apelo sedutor a ser acolhido como dom<br />
do Pai.<br />
Aglutinados por esta força de amor, cada conviva remou à descoberta dos dons<br />
de Deus, verdadeiras âncoras para o “quarto dia” – “A água que eu darei vai tornar-se<br />
fonte que jorra para a vida eterna”.<br />
De cada compromisso fraternal brilha a chama, como que de um farol.<br />
Ao longo dos três dias, a partilha entre companheiros de viagem foi constante e a<br />
música uma presença. Até houve tempo para o “jogo de números”. O encerramento<br />
foi festa de família, partilha da fé e do amor. Os convivas, novos accionistas, foram<br />
testemunhas vivas de que “o essencial é invisível aos olhos”, portanto, não se<br />
aprende, “vê-se” só mesmo com o coração”.<br />
Em jeito de p.s. aqui fica o top musical C.F. 988 que a todos animou: “Estou<br />
alegre”, “Grita comigo”, “Deus precisa de ti” e claro está o hino conviva “Vai pelo<br />
mundo”.<br />
(Luzia Oliveira)<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 199
Notícias<br />
Conselho Pastoral Diocesano fora de portas<br />
O Conselho Pastoral da <strong>Diocese</strong> <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> realizou, no passado dia 29<br />
de Outubro, a terceira reunião do ano 2005. Pela primeira vez, reuniu-se fora do<br />
Seminário de <strong>Leiria</strong>, na igreja paroquial do Arrimal.<br />
Este facto permitiu aos membros do Conselho Pastoral tomar contacto com a<br />
realidade da <strong>Diocese</strong>, o que foi considerado muito importante e mais valia para o<br />
trabalho futuro, pelo que fica registada a intenção de repetir a experiência em outras<br />
áreas da diocese.<br />
Sendo a primeira sessão do ano pastoral 2005/2006, o assunto da ordem do dia<br />
foi o balanço do trabalho desenvolvido pelo Conselho no ano pastoral transacto<br />
e o planeamento do próximo. Sobre a actividade desenvolvida, é de registar o<br />
acompanhamento da elaboração e consequente aprovação do Projecto Pastoral<br />
Diocesano 2005-2011.<br />
As sessões do ano 2006 serão em Fevereiro, Junho e Outubro.<br />
III Congresso da Família Missionária da Consolata<br />
Mais de 260 participantes marcaram presença no III Congresso da Família<br />
Missionária da Consolata, em <strong>Fátima</strong>, de 29 a 30 de Outubro de 2005, que abordou<br />
os principais desafios da Missão, no mundo de hoje. Perante a “mutação acelerada<br />
das Instituições e das tradições religiosas”, que tem levado à perda de “referências<br />
simbólicas” e a uma individualização da identidade do crente, os participantes<br />
defenderam a criação de um “sentido de identidade comunitária”.<br />
Para o sociólogo e teólogo Alfredo Teixeira, um dos conferencistas deste<br />
Congresso, “ainda não encontrámos um modelo eclesial para a mudança que se<br />
está a desenvolver; já não há a estabilidade e identidade que havia há alguns anos<br />
atrás”. Considerou ainda que a identidade crente apresenta hoje um retrato diferente.<br />
“A capacidade de dizer o que se é e onde se está é muito difícil, porque as culturas<br />
já não estão organizadas com fronteiras. A pluralidade interna é hoje explicada de<br />
forma diferente, a própria geografia cristã é influenciada pela mobilidade e já não<br />
temos um modelo paroquial com base no território mas em estilos de vida”, referiu.<br />
O desafio que se impõe, hoje, é “encontrar qualquer coisa que permita gerir esta<br />
pertença comunitária”. Ao contrário de há alguns anos atrás, verifica-se o fim da<br />
“civilização paroquial” tendo o cristão optado por soluções à sua medida. “Hoje, as<br />
pessoas procuram responder a necessidades e estímulos diferentes, e daí procurarem<br />
e irem a diferentes lugares”, concluiu.<br />
No final do Congresso, foram apresentadas as seguintes conclusões:<br />
1. A Família Missionária da Consolata tomou consciência da mutação acelerada<br />
das Instituições e das tradições religiosas e perdeu as referências simbólicas que<br />
alimentaram os crentes.<br />
200 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
2. A perda destas referências leva ao enfraquecimento da fé comunitária e leva a<br />
uma individualização da identidade do crente.<br />
3. Tudo isto conduz à fragmentação e dispersão das comunidades e põe em<br />
questão a necessidade da Igreja como mediação para a salvação.<br />
4. O papel da Igreja é fundamental, através da aproximação e da circulação do<br />
amor, e do testemunho cristão, para que o mundo creia que Cristo é enviado do Pai.<br />
5. A experiência do Zambujal marcada pela presença e actuação dos Missionários<br />
da Consolata e outros agentes pastorais, tem vindo a congregar os diversos grupos<br />
culturais e a criar neles um certo sentido de identidade comunitária.<br />
6. Todo o cristão pode e deve ser um testemunho vivo quaisquer que sejam a sua<br />
condição e o meio em que vive, trabalha e se relaciona.<br />
7. Como Maria que se deixou possuir pelo Espírito Santo e gerou Cristo e O<br />
deu como consolação do Pai a todo o mundo, a Família Missionária da Consolata,<br />
herdeira do carisma do Beato Allamano compromete-se a ser sinal de consolação<br />
para o mundo de hoje.<br />
Conselho Nacional do CPM<br />
Realizou-se a 5 e 6 de Novembro de 2005, na Casa Diocesana da cidade e<br />
<strong>Diocese</strong> de Vila Real, o Conselho Nacional de Outono da Associação Portuguesa<br />
dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM–Portugal). Participaram cerca<br />
de 100 pessoas, entre casais e assistentes, de 16 das 18 dioceses portuguesas, além<br />
da Equipa Responsável Nacional, do seu assistente, P. António Belo, e do Bispo de<br />
Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, que proferiu palavras de apreço e de estímulo<br />
pelo trabalho do CPM e sublinhou que “devemos dar aos noivos o melhor que a<br />
metodologia CPM oferece”.<br />
Do tempo de formação, sobre “O amor ao longo da vida”, salienta-se o<br />
testemunho de dois jovens – Gilda e Nelson – que partilharam uma reflexão mais<br />
amadurecida sobre o que o amor é e exige de cada pessoa, e ainda a presença do<br />
psicólogo José Carlos Gomes da Costa que abordou vários aspectos relativos<br />
aos meios que permitem a manutenção dum casamento no tempo, em direcção à<br />
identidade do casal.<br />
No decurso dos trabalhos, as <strong>Diocese</strong>s analisaram o caminho feito e as<br />
dificuldades a superar. Sabendo que a decisão de casar implica a vontade, a liberdade<br />
e a consciência do acto pelas implicações futuras aos mais diversos níveis, não se<br />
pode permitir a banalização do matrimónio. Por isso, não rejeitando ninguém, há que<br />
acolher, mentalizar e fazer caminho com todos os que, pelos mais variados motivos,<br />
se aproximam do espaço eclesial.<br />
Em algumas dioceses há já paróquias, que dão visibilidade e importância à<br />
preparação para o matrimónio, encerrando essa preparação numa missa comunitária,<br />
na presença dos pais, da família e dos amigos, numa co-responsabilização pelas<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 201
Notícias<br />
novas famílias que se vão constituir. Aos noivos arredados do meio eclesial<br />
há mais de 15 ou 20 anos, importa dar uma nova visão da Igreja e eliminar as<br />
barreiras que impedem um efectivo acolhimento. Desfeitas estas, sobretudo ao<br />
nível paroquial, o CPM atingiria muito mais noivos que os actuais 31% dos que<br />
casam catolicamente.<br />
No encontro, salientou-se também, a responsabilidade da constituição de novas<br />
equipas e da renovação das existentes é dos casais e dos sacerdotes dedicados ao<br />
CPM, e as comunidades devem procurar tirar partido dos noivos que fizeram a<br />
sua preparação, mantendo com eles uma ligação que permita a sua integração em<br />
Movimentos de Pastoral familiar, concretamente no CPM.<br />
Ainda antes da Eucaristia final e do almoço de despedida, foram apresentados<br />
os opúsculos “CPM-Acolhimento aos noivos” e CPM-Aspectos jurídicos e práticos<br />
do casamento”, acabados de editar, e procedeu-se à tomada de posse do Casal<br />
Presidente Nacional para o triénio de 2005/2008.<br />
XVII Jornadas nacionais da Pastoral Familiar<br />
Realizaram-se nos dias 5 e 6 de Novembro, no Centro Pastoral Paulo VI, em<br />
<strong>Fátima</strong>, as XVII Jornadas Nacionais de Pastoral Familiar, subordinadas ao tema<br />
«Pão de Amor no Coração da Família”.<br />
Mais de 200 participantes de todo o País, famílias, jovens e diversos sacerdotes,<br />
reflectiram sobre a importância da Eucaristia na vida familiar, aludindo ao “Ano<br />
da Eucaristia” recentemente encerrado, e sobre algumas das questões tratadas no<br />
recente Sínodo dos Bispos, em Roma.<br />
Na abertura dos trabalhos, D. António Carrilho, Presidente da Comissão<br />
Episcopal do Laicado e Família, contextualizou a temática e apelou à leitura dos<br />
jornais “para uma maior atenção às questões de âmbito familiar” cada vez mais<br />
frequentes.<br />
Numa conferência de carácter bíblico-teológico, e partindo do episódio dos<br />
«discípulos de Emaús», o Pe Dr. António Couto sublinhou a importância de<br />
“ensaiar formas pedagógicas na família de maneira a preparar a vivência da<br />
Eucaristia”.<br />
Aludindo à relação entre Eucaristia e Família, o Pe Dr. João Ribeiro lembrou que<br />
“os grandes momentos da Eucaristia são também grandes momentos da vida familiar<br />
e que a participação na Eucaristia permite às famílias dissipar o relativismo com que<br />
se debatem no quotidiano”.<br />
Tema particularmente candente foi o da «Eucaristia e casais recasados», que<br />
o Pe Manuel Rocha abordou. “Os divorciados recasados esperam uma palavra<br />
de acolhimento e de perdão”. Há que buscar caminhos novos mas “na fidelidade<br />
à doutrina da Igreja e na solidariedade para com o sofrimento destas famílias”,<br />
sublinhou.<br />
202 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
O último dia foi marcado pelo testemunho do casal Líbano Monteiro, das ENS,<br />
sobre o lugar da Eucaristia na sua vida de casal e de família, com destaque para o<br />
“papel dos pais na iniciação dos filhos à Eucaristia”.<br />
A encerrar os trabalhos o Pe Carlos Cabecinhas apresentou propostas da liturgia<br />
para a celebração da «Eucaristia na festa das famílias», e lembrou a “dimensão<br />
nupcial da própria celebração eucarística”.<br />
No final das Jornadas concluiu-se que se deve “estar atento às situações dramáticas<br />
de muitas famílias, à indiferença religiosa, e até à perda da identidade religiosa. A<br />
fidelidade à Eucaristia, no seu ritmo litúrgico de Páscoa semanal, permitirá dissipar<br />
qualquer forma de relativismo e integrar, no quotidiano das famílias, o absoluto de<br />
amor e da verdade que elas são chamadas a espelhar”.<br />
<strong>Leiria</strong> nos 146 anos das Conferências de S. Vivente Paulo<br />
A diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> recebeu, no passado 6 de Novembro, as comemorações<br />
do 146º aniversário das Conferências de S. Vicente de Paulo em Portugal, fundadas<br />
em França por Frédéric Ozanan, em 1833.<br />
A comemoração decorreu no Seminário Diocesano, contou com a presença do<br />
presidente nacional da Sociedade S. Vicente de Paulo, Manuel Torres da Silva,<br />
e incluiu uma palestra, pelo Pe Jorge Guarda, Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>, sobre a<br />
relação do tema do acolhimento, patente no episódio bíblico da Samaritana, com o<br />
trabalho desenvolvido pelas Conferências de S. Vicente de Paulo.<br />
Após este momento de reflexão e análise, os vicentinos tiveram ainda<br />
oportunidade de conhecer o Museu do Seminário e reuniram-se depois para juntos<br />
celebrar a fé na Eucaristia Dominical, à qual se seguiu um convívio que encerrou o<br />
encontro.<br />
O presidente do Conselho Nacional, afirmou que o trabalho hoje realizado pelas<br />
Conferências e pelos cerca de 13 mil vicentinos em Portugal, é tão ou mais importante<br />
que há 146 anos embora as necessidades sejam actualmente mais diversificadas. A<br />
solidão e os novos pobres são hoje problemas sociais muito complexos. Os “novos<br />
pobres”, ou “os pobres envergonhados”, estão entre as maiores necessidades com<br />
que a sociedade se debate. Nestas situações “há que fazer uma primeira abordagem,<br />
tentando obter informações, falando com as pessoas mas de uma forma indirecta.<br />
Depois, mantendo o anonimato, passa-se à entrega de bens alimentares. Claro que<br />
além desta primeira ajuda há ainda outra, a da “cana para ensinar/ajudar a pescar”,<br />
explicou.<br />
Em relação à <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, o presidente do Conselho Nacional<br />
salientou o bom trabalho desempenhado e manifestou a necessidade de mais gente<br />
nova (não só em idade).<br />
Maria Inês Lourenço, coordenadora das Conferências na <strong>Diocese</strong>, apoiando<br />
as afirmações de Manuel Silva, lamentou que adiram a estas iniciativas quase<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 203
Notícias<br />
exclusivamente pessoas aposentadas. “Há falta de renovação nos grupos, e são,<br />
por vezes, as pessoas idosas, algumas com mais de setenta anos, que mantém as<br />
Conferências nas paróquias. Embora se tenha trabalhado na motivação dos jovens,<br />
há ainda um longo caminho a fazer”, salientou.<br />
Apesar de tudo, o cenário não é de todo negro pois entre as 27 Conferências<br />
paroquiais da <strong>Diocese</strong> “algumas, felizmente, têm jovens a trabalhar e com muita<br />
motivação”.<br />
Motivadas e dinâmicas, 27 conferências paroquiais vão dando resposta efectiva<br />
a múltiplas carências. No «teatro de operações», a falta de orientação das famílias, a<br />
carência de relacionamento, a ignorância para resolver problemas a que muitas vezes<br />
deviam responder entidades oficiais (Segurança Social, Instituto de Emprego, etc), e<br />
as situações de pobreza extrema, são os principais alvos.<br />
Na diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, as Conferências detêm hoje uma elevada<br />
importância na luta contra a pobreza que espreita a cada esquina. Contudo “há ainda<br />
muitas paróquias que não têm qualquer apoio social organizado”, refere Maria Inês,<br />
lembrando que “a solução dos problemas passa muitas vezes, e simplesmente, por<br />
alertar as pessoas para os apoios que existem e ir com elas procurar aquilo a que,<br />
legalmente, têm direito”.<br />
Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde<br />
Delinear planos de acção foi o primeiro objectivo da reunião da Comissão<br />
Diocesana da Pastoral da Saúde, que teve lugar no edifício do Seminário, em <strong>Leiria</strong>,<br />
no passado 7 de Novembro.<br />
Dos trabalhos agendados, destacou-se a preparação do Encontro Diocesano<br />
de Pastoral da Saúde, do próximo 28 de Janeiro, sob tema «O Acolhimento ao<br />
doente – um dom para a saúde integral» e que incluirá duas conferências sobre «O<br />
acolhimento de Jesus Cristo: palavras e gestos» e «O acolhimento do doente na<br />
paróquia e na família: dom ou peso», respectivamente.<br />
Aberta a todos, a iniciativa destina-se em especial a agentes de pastoral das<br />
áreas da saúde e solidariedade (visitadores de doentes, voluntários dos hospitais, da<br />
Cáritas, das Conferências S. Vicente Paulo, ministros da comunhão, etc.).<br />
Apostolado da Oração<br />
O Conselho Diocesano da Associação do Apostolado da Oração (AO) é<br />
constituído pelos seguintes elementos: Maria Celeste Moreira e Carminda Conceição<br />
Santos, da paróquia da Bidoeira; Maria Prazeres Fernandes, de Serro Ventoso; Maria<br />
Santa Baptista, do Arrimal; Maria Lucília Pedro e Felismina Rosa, dos Pousos e o<br />
director diocesano.<br />
204 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
Existe vontade de renovar, reactivar, dinamizar, uma associação laical “valiosa e<br />
preciosa” e com um rico património histórico. Nascida no ano de 1844, em França,<br />
vinte anos depois chegou a Portugal, onde conta actualmente cerca 3.000 centros e<br />
meio milhão de associados.<br />
O Conselho diocesano, que se reuniu no Seminário de <strong>Leiria</strong>, no dia 8 de<br />
Novembro, propõe-se realizar um inquérito para averiguar a sua verdadeira situação<br />
e elaborar um ficheiro, vai ter uma sede no Seminário, irá promover um encontro<br />
de zeladoras e uma peregrinação a Santarém (Igreja do Milagre), e planeia iniciar o<br />
MEJ (Movimento Eucarístico Juvenil). Lembra ainda que o terço da capelinha das<br />
aparições de <strong>Fátima</strong>, na primeira sexta-feira de cada mês, seguirá a espiritualidade<br />
do AO e solicita a presença ou sintonia dos associados.<br />
Em cada ano há um tema catalisador. Este ano, o tema proposto, a nível nacional,<br />
é: “a oração feita apostolado”.<br />
Caminho Neocatecumenal reunido em <strong>Fátima</strong><br />
“Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de<br />
Deus para a salvação de todo o que crê, do judeu em primeiro lugar e depois do<br />
grego” (Rm. 16, 1). Foi em torno desta epístola de São Paulo aos Romanos que as<br />
comunidades do Caminho Neocatecumenal da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> se reuniram<br />
em <strong>Fátima</strong>, nos passados dias 11 a 13 de Novembro.<br />
Após um primeiro dia voltado para a conversão e que culminou com uma<br />
celebração penitencial, o encontro prosseguiu centrado no papel da família cristã,<br />
para que seja sinal de Cristo vencedor da morte, da angústia e dos medos, na<br />
sociedade contemporânea. As relações pré-matrimoniais, o aborto, o álcool e a<br />
droga, são algumas das realidades às quais muitas famílias se sentem incapazes de<br />
responder. A valorização do domingo e a transmissão da fé, através do diálogo e da<br />
oração, foram algumas das direcções apontadas, como preconiza o Magistério da<br />
Igreja.<br />
Neste convívio, que culminou com a celebração eucarística presidida pelo Padre.<br />
António das Neves Gameiro, estiveram presentes as comunidades neocatecumenais<br />
das paróquias de Marrazes, Maceira, Santa Catarina da Serra, São Mamede e<br />
Bajouca, num total de cerca de 150 pessoas, incluindo 20 crianças.<br />
Novos párocos tomaram posse<br />
No passado dia 19 de Novembro deu entrada como novo pároco da paróquia do<br />
Reguengo Fétal. O padre Nuno Miguel Heleno Gil fez o juramneto de fidelidade<br />
e a profissão pública de fé durante a Eucaristia, celebrada às 18.30 horas, com a<br />
participação de muitos fiéis da paróquia do Reguengo e das paróquias de Pataias<br />
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Notícias<br />
e de Alpedriz, onde exerceu o ministério como vigário paroquial. Nas palavras<br />
que entretanto dirigiu, o novo pároco manifestou a sua disponibilidade e pediu a<br />
todos colaboração, nomeadamente aos elementos dos diferentes organismos de<br />
acção pastoral. Como símbolo de continuidade na acção e na fé, o pároco cessante,<br />
padre Virgílio do Rocio Francisco, entregou ao padre Nuno o Leccionário. Depois,<br />
a comunidade paroquial fez uma saudação solene e organizou um lanche de<br />
confraternização. O novo pároco fica, entretanto, a residir na residência paroquial<br />
da Barreira.<br />
No dia 20 de Novembro, foi a vez do padre Virgílio do Rocio Francisco entrar de<br />
forma solene no seu novo campo de acção, a paróquia de Pataias. Com a celebração<br />
da Eucaristia às 11.30 horas, e na presença da nova comunidade e de muitos<br />
representantes da paróquia do Reguengo Fétal, o novo pároco prestou juramento<br />
solene e fez a profissão pública de fé. O secretário do Conselho Pastoral Paroquial<br />
apresentou as boas vindas da comunidade e recordou o bom trabalho feito pelos<br />
antecessores ao longo dos últimos anos.<br />
No domingo 27, na eucaristia das 10h30, tomou posse o novo pároco da<br />
Bidoeira, o Pe Adelino Filipe Guarda, num clima de alegria e muita expectativa,<br />
como é habitual nestas ocasiões. Num gesto de acolhimento um representante<br />
da comunidade entregou ao seu novo pároco um cesto com produtos típicos da<br />
localidade, e os adolescentes do 9º ano de catequese entregaram um livro com<br />
mensagens de boas vindas.<br />
Equipas de Nossa Senhora<br />
Os responsáveis de equipas de base e conselheiros espirituais das Equipas de<br />
Nossa Senhora (ENS) tiveram no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro, em<br />
<strong>Fátima</strong>, o habitual encontro anual.<br />
Cerca de 1000 participantes de todo o país procuraram inteirar-se das principais<br />
actividades programadas do Movimento e sintonizar-se com os seus objectivos. «À<br />
descoberta de Cristo» foi a temática em foco que marcará a caminhada preparatória<br />
para o grande encontro internacional de Setembro de 2006 em Lourdes.<br />
Para além das conferências, painéis e testemunhos, a participação dos casais foi<br />
particularmente activa na reflexão e oração em equipas mistas constituídas para o<br />
momento, na adoração ao Santíssimo e na Eucaristia celebrada em conjunto com as<br />
Equipas de Jovens de Nossa Senhora.<br />
Na diocese, as ENS estão bem implantadas. Segundo a estruturação normal<br />
deste movimento de espiritualidade conjugal, as quase trinta equipas, de 4 a seis<br />
casais e um conselheiro espiritual, estão divididas em dois Sectores, A e B com os<br />
respectivos casais responsáveis.<br />
A caminhada conjugal à luz do Evangelho constitui a grande aposta. Os meios<br />
são essencialmente a oração conjugal, o ponto de esforço mensal e o chamado<br />
206 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
“dever de sentar” para diálogo dos esposos. A dinâmica da reunião mensal de<br />
equipa proporciona essencialmente a partilha e um “pôr em comum”, assim como<br />
momentos de oração e de reflexão sobre um tema de estudo.<br />
A abertura da equipa de base para o Movimento e toda a Igreja é incentivada por<br />
uma estrutura de ligação organizativa e pela participação em actividades comuns<br />
proporcionadas a todos: Eucaristia mensal das Equipas, retiro anual e acções<br />
sectoriais, nacionais e até internacionais. O próximo encontro em Lourdes vai contar<br />
com largos milhares de participantes de todos os continentes e marcará o rumo das<br />
ENS para os próximos anos.<br />
Confraria de Nossa Senhora da Encarnação<br />
No cumprimento aos Estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação,<br />
a Direcção recordou e rezou por todos os irmãos falecidos, no passado dia 20 de<br />
Novembro, na Eucaristia dominical do Santuário, às 21h30. Com esta celebração,<br />
em união com Maria Mãe de Jesus, pretendeu-se testemunhar a fé em Cristo<br />
Ressuscitado e aprofundar a consciência da condição de peregrinos que somos da<br />
Casa do Pai.<br />
Acção Católica Urbana<br />
A Acção Católica Urbana promoveu, no dia 24 de Novembro, um encontro de<br />
reflexão dedicado ao tema «Esperança no mundo actual».<br />
A vontade de saber testemunhar a esperança foi a grande motivação que levou<br />
os participantes a renunciar ao calor da fogueira e enfrentar essa fria noite de<br />
Outono.<br />
No encontro, apresentado e desenrolado de forma dinâmica, com a frequente<br />
intervenção dos participantes através de questões e comentários a propósito das<br />
interrogações e «provocações» do convidado, a mansidão, a fidelidade e a humildade,<br />
foram as três propriedades apontadas como desafio e chave mestra para quem quer<br />
ser efectivamente testemunha de esperança no mundo de hoje. “Saber testemunhar a<br />
esperança no dia-a-dia é saber dar lugar ao outro para repousar a sua própria cabeça,<br />
em vez de querer estar sempre em primeiro plano”, sublinhou Horácio Lopes, da<br />
Comunidade Emanuel.<br />
Outro dos desafios deixados pelo convidado foi o de “deixar de ‘borboletar’”.<br />
“As pessoas hoje estão em tudo e não estão em nada, e isto torna-as infiéis aos<br />
compromissos do dia-a-dia, e à sua vocação de baptizados”, explicou.<br />
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Notícias<br />
Jornadas de Pastoral Urbana<br />
As XI Jornadas de Pastoral Urbana, a 25 e 26 de Novembro, proporcionaram<br />
às paróquias da vigararia de <strong>Leiria</strong> uma reflexão sobre o “Acolhimento na Pastoral<br />
Urbana”. A começar pelo “Acolhimento como lugar teológico”, os participantes,<br />
partindo da vida como dom, concentraram-se na pessoa humana como “ser dadoacolhido”<br />
e por isso, vocacionado para “acolher o próprio ser” e o ser do Outro e dos<br />
outros. Daí a urgência em criar e desenvolver condições estruturais de acolhimento.<br />
A exegese do relato bíblico do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4, 4-42),<br />
pôs em destaque o Mestre que destruiu barreiras e laçou pontes.<br />
A paróquia será “comunidade que acolhe” quando estiver atenta aos desafios<br />
da urbanidade e da sociedade no seu todo, sociedade que, originalmente boa mas<br />
atingida pelo pecado, lança desafios de credibilidade, autenticidade e identidade, que<br />
devem provocar em nós, Igreja, o desejo de sermos mais audazes.<br />
A experiência partilhada da comunidade do Campo Grande, Lisboa, sublinhou a<br />
importância do acolhimento, que cria em quem é acolhido a consciência de pertença<br />
à comunidade/Igreja, e realçou o valor do voluntariado no desenvolvimento e<br />
sustentação de acções de carácter pastoral, catequético, sócio-caritativo, e outras.<br />
Por fim, referenciadas várias mutações no rosto da Igreja, nos últimos anos,<br />
salientaram-se algumas pistas que, no contexto da vigararia de <strong>Leiria</strong>, deverão ter<br />
em conta três níveis de intervenção:<br />
1. Os responsáveis devem ser mais criativos e trabalhar em equipa, com maior<br />
serenidade, seriedade e fidelidade a Jesus Cristo;<br />
2. Os “servidores” deverão ser mais empenhados na celebração do mistério da fé,<br />
da reconciliação e na construção de novas relações;<br />
3. A própria comunidade deverá dedicar maior atenção aos que caminham na<br />
retaguarda e acompanhar de forma mais pessoal os que seguem na frente.<br />
Escuteiros de Amor comemoram 10 anos<br />
25, 26 e 27 de Novembro, três dias plenos de recordação e de abertura à<br />
comunidade, preenchidos de um “menu” rico de actividades, foi a melhor forma de<br />
o Agrupamento de Escuteiros 1166, de Amor, comemorar o seu 10º aniversário. A<br />
abertura, na sexta-feira, teve lugar no salão paroquial, com a inauguração de uma<br />
exposição completa de material escutista, uma mostra de fotografia a documentar os<br />
inolvidáveis dez anos e a exibição de um filme escutista, acompanhado de pipocas,<br />
café e bolos. Por fim, ecoaram os parabéns e sopraram-se as dez velas.<br />
O sábado foi preenchido com um mega peddy-paper, sob o tema “Escuteiro por<br />
um dia”. Das 10h00 até às 18h00, dominou o espírito de aventura com elevados<br />
níveis de adrenalina. No domingo o Agrupamento selou de forma inesquecível as<br />
comemorações participando na celebração da Eucaristia de acção de graças.<br />
208 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Apresentação do Evangelho do Ano em Monte Real<br />
Notícias<br />
Foi uma iniciativa da Escola Teológica de Leigos de <strong>Leiria</strong>, que proporcionou<br />
mais uma vez a descoberta dos traços essenciais do evangelista do ano, neste<br />
caso, São Marcos. O encontro teve lugar na paróquia de Monte Real, no primeiro<br />
Domingo do Advento, 27 de Novembro, orientado pelo Pe. Dr. Virgílio Antunes,<br />
formado em ciências bíblicas.<br />
Padre João Ferreira Órfão homenageado em Vermoil<br />
No passado dia 27 de Novembro, a freguesia de Vermoil prestou homenagem ao<br />
seu antigo pároco, no 25º aniversário do seu falecimento ocorrido a 3 de Dezembro<br />
de 1980. A celebração iniciou-se com a Eucaristia de sufrágio e acção de graças,<br />
presidida pelo bispo da <strong>Diocese</strong>, D. Serafim Ferreira e Silva, e concelebrada por<br />
13 sacerdotes. No final, tomou a palavra o presidente da Câmara de Pombal,<br />
Narciso Mota, que procedeu à evocação do Pe. João Órfão. À entrada da igreja foi<br />
apresentada a fotografia do homenageado e descerrada uma lápide que dá o nome do<br />
mesmo ao largo da igreja paroquial.<br />
Nascido no Padrão, freguesia de Pousos, a 3 de Abril de 1901, João Ferreira<br />
Órfão foi ordenado sacerdote em 1927 e iniciou sua actividade pastoral como pároco<br />
em Aljubarrota. Foi ainda professor de Latim no Seminário, antes de ser nomeado<br />
pároco de Vermoil em 1935. Acolhedor e afável na orientação espiritual dos seus<br />
fiéis, o Pe. João foi um homem de alma grande, empreendedor e dinâmico. A ele se<br />
deve a construção da nova igreja de Vermoil inaugurada em 1975, cinco anos antes<br />
do seu falecimento.<br />
Vigararia de <strong>Leiria</strong> aposta na formação<br />
Com o objectivo de desenvolver e melhorar a acção os grupos sócio-caritativos, a<br />
vigararia de <strong>Leiria</strong> realizou a 1 de Dezembro, na paróquia dos Marrazes, uma acção<br />
de formação orientada pelo presidente da Cáritas Nacional, Prof. Eugénio Fonseca,<br />
que contou com 62 participantes vindos das nove paróquias da vigararia.<br />
O padre Augusto Gonçalves, coordenador da iniciativa, afirmou a determinação<br />
da vigararia em investir neste campo para responder às necessidades que sentem as<br />
paróquias perante tantas situações de carência a todos os níveis. E anunciou que é<br />
intenção da vigararia realizar mais três encontros durante o ano, para lançamento dos<br />
trabalhos, formação e análise das actividades, e avaliação e planificação, e organizar<br />
um trabalho de voluntariado em regime de complementaridade com os grupos sóciocaritativos.<br />
Acolher, acompanhar (não apenas visitar), e promover (no sentido de ajudar a<br />
trilhar o caminho) os mais carenciados, foram os pontos principais do encontro.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 209
Notícias<br />
Jornada Diocesana da Pastoral Familiar<br />
«Porque a vida não é um acaso» foi o tema da jornada que o Secretariado<br />
Diocesano da Pastoral Familiar realizou no dia 3 de Dezembro, na Aula Magna do<br />
Seminário de <strong>Leiria</strong>.<br />
Trata-se da missão dos pais, bem como da realização e felicidade dos esposos<br />
que querem abraçar toda a riqueza da relação conjugal e planear com consciência e<br />
responsabilidade o nascimento dos seus filhos. A iniciativa dirigiu-se aos conjugues,<br />
sobretudo em idade de procriarem, a noivos, a jovens, e a quantos querem tomar as<br />
suas opções de forma esclarecida e responsável. Dirigiu-se igualmente aos que se<br />
dedicam a acompanhar casais, noivos e jovens, aos movimentos e equipas paroquiais<br />
da pastoral familiar.<br />
“Cristianismo na Índia, Percursos e Proximidades”<br />
No contexto dos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier, grande<br />
evangelizador do Oriente, os Missionários do Verbo Divino organizaram a 3 e 4 de<br />
Dezembro, em <strong>Fátima</strong>, um Colóquio sobre o «Cristianismo na Índia». Especialistas<br />
portugueses e indianos abordaram a importância do cristianismo ontem e hoje, o<br />
diálogo inter-religioso, o papel da mulher e os desafios missionários, na globalidade<br />
da sua história, riqueza cultural e religiosa, e potencialidades económicas, políticas<br />
e geo-estratégicas desse grande país asiático.<br />
Por estes dias, realizou-se também, no Colégio de Cernache, o AfterXav 2005,<br />
um mega encontro destinado a jovens dos 16 aos 30, algo semelhante ao de Taizé,<br />
que exigiu a transformação do Colégio numa pequena aldeia com capela, cinema,<br />
bar, farmácia, restaurante, livraria e mercado.<br />
As conclusões do colóquio foram as seguintes:<br />
- A Missão continua em acção no mundo e a colaboração de todos os cristãos<br />
na mesma é um imperativo. Os caminhos da Missão passam pela abertura ao<br />
transcendente, o testemunho de amor fraterno e o anúncio de Jesus Cristo;<br />
- A Índia está em profundo processo de transformação a todos os níveis e procura<br />
inspiração na grande riqueza humana, espiritual e cultural dos seus povos. O acesso<br />
de todos à formação e a iguais oportunidades, sem descriminação, é um desafio<br />
imensurável;<br />
- Embora os cristãos sejam uma pequena minoria (2,3%), a sua presença traduzse<br />
em variadíssimas realizações em todos os domínios, desde o serviço aos mais<br />
pobres ao envio de missionários para outros países.<br />
- É crescente o papel desempenhado pela Igreja Católica no diálogo com outras<br />
religiões.<br />
- Foi relevante e inovadora a acção de S. Francisco Xavier no início da época<br />
moderna, como nos nossos dias a actividade e a figura luminosa de Madre Teresa<br />
210 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Notícias<br />
de Calcutá, ao serviço dos mais pobres, revelando o rosto sorridente e acolhedor de<br />
Deus Pai.<br />
- Hoje os Missionários do Verbo Divino, as Servas Missionários do Espírito<br />
Santo e os Missionários em geral continuam a anunciar Jesus Cristo na Índia, através<br />
do testemunho da sua fé, do diálogo com os membros de outras religiões e do serviço<br />
desinteressado aos pobres.<br />
- O exemplo de convivência e de colaboração entre as diversas culturas e<br />
religiões da Índia desafia a promover pontes de afecto, diálogo e solidariedade com<br />
pessoas e grupos pertencentes a outras religiões e culturas.<br />
Alburitel no centenário do Padre Joaquim Lourenço<br />
No passado dia 8 de Dezembro, ocorreu o centenário do nascimento do padre<br />
Joaquim Lourenço, de Alburitel. A paróquia, como nos dias mais festivos, acorreu<br />
para celebrar a efeméride e prestar condigna homenagem. A presença de D. Serafim,<br />
bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, e de D. Américo Henriques, Bispo emérito de Nova Lisboa,<br />
conterrâneo e contemporâneo do padre Joaquim, em Roma, do vigário-geral da<br />
<strong>Diocese</strong> e de alguns sacerdotes que se lhes juntaram, deu à celebração um cunho<br />
diocesano. Até houve quem comentasse que o homenageado merecia que se fosse<br />
mais longe envolvendo a sociedade civil.<br />
O núcleo da mensagem do Senhor Bispo foi um convite para que o testemunho<br />
da família onde nasceram os Padres Lourenço, tenha seguidores e não falte quem dê<br />
continuidade ao ministério que o homenageado e seus irmãos desempenharam em<br />
situações tão difíceis e com tanta abnegação.<br />
O coro local, ensaiado e dirigido pelo padre Artur Ribeiro, deliciou os presentes<br />
com magistral execução do programa escolhido.<br />
No fim da celebração a memória do homenageado foi evocada com a leitura dum<br />
texto enviado pelo Dr. José Nunes Carreira, impedido de estar presente por motivos<br />
de saúde, e o padre João Trindade falou das razões que o levaram a publicar o livro<br />
que acabara de ser apresentado sobre os “Padres Lourenço de Alburitel” e que, de<br />
alguma forma, despoletara esta homenagem.<br />
Seguiu-se a visita ao cemitério onde foi inaugurado um monumento evocativo<br />
do centenário.<br />
De regresso, os convidados visitaram a residência paroquial onde foram<br />
efectuadas obras de beneficiação e restauro de vulto com a ajuda de fundos<br />
comunitários.<br />
A fechar o programa, D. Delfina Lourenço, irmã dos Padres Lourenço, e seus<br />
filhos, obsequiaram os convidados com um jantar oferecido em sua casa que foi<br />
também a primeira residência paroquial.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 211
Notícias<br />
Natal de Acção Católica Rural<br />
A Acção Católica Rural da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, com militantes,<br />
simpatizantes, familiares e amigos, reuniu-se para a habitual Ceia de Natal, que<br />
decorreu no Outeiro da Ranha, paróquia de Vermoil, a 10 de Dezembro. Depois da<br />
celebração da Eucarística, partilhou-se o que cada um levou. No serão de convívio,<br />
cada secção apresentou uma animação previamente preparada. Neste mesmo dia<br />
realizou-se também uma sessão da Escola de Animadores.<br />
Reunião Diocesana Secretariados e Movimentos<br />
Decorreu no passado dia 10 de Dezembro, no Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>,<br />
uma reunião diocesana para responsáveis de secretariados, comissões, associações,<br />
movimentos e obras diocesanas, com o objectivo de “partilhar experiências e<br />
procurar caminhos para que, de forma coordenada, se possa ir acertando o passo e<br />
caminhar juntos”, referiu o Pe. Jorge Guarda, vigário-geral da <strong>Diocese</strong>.<br />
Num primeiro momento os 16 movimentos e serviços diocesanos presentes<br />
partilharam algumas iniciativas ao longo da caminhada de 2005, trocaram,<br />
acentuando aspectos mais ligados ao atendimento e acolhimento.<br />
As Oficinas de Oração sublinharam a necessidade de promover a oração e a<br />
reflexão.<br />
A Escola de Formação Teológica de Leigos e a Escola de Catequistas sublinharam<br />
a necessidade de se delinear o futuro apostando em mais e melhor formação.<br />
O MEC, o SDEIE e a Pastoral dos Ciganos apontaram no mesmo sentido mas<br />
reconhecendo que esse investimento passa também pela promoção do voluntariado.<br />
Em termos de acolhimento, pensou-se nos deficientes, mencionando a necessária<br />
eliminação de algumas barreiras arquitectónicas.<br />
O encontro foi ainda aproveitado para auscultar os secretários, associações e<br />
movimentos presentes sobre o projecto de remodelação do edifício do Seminário<br />
Diocesano, que irá contemplar diferentes espaços para serviços diocesanos, Centro<br />
Pastoral, Casa de Retiros, residência sacerdotal, além do pré-seminário e Tempo<br />
Propedêutico.<br />
Sobre a Pastoral das Vocações afirmou-se a necessidade de promover uma<br />
cultura vocacional e de organizar um verdadeiro serviço de Pastoral Vocacional, e<br />
sublinhou-se o papel imprescindível da família enquanto berço das vocações.<br />
No decorrer dos trabalhos abordaram-se ainda o acolhimento de pessoas numa<br />
fase de perturbação, e a necessidade de uma experiência profunda de Deus e de amor<br />
ao próximo.<br />
212 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Meditações sobre o Mistério da Encarnação<br />
Notícias<br />
No dia 11 de Dezembro, terceiro Domingo do Advento, a Escola Teológica de<br />
Leigos da diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> promoveu, na igreja de São Pedro, em Porto de<br />
Mós, as Meditações sobre o Mistério da Incarnação. Contributo para uma vivência<br />
mais intensa do Natal do Senhor, a reflexão foi orientada pelo padre Doutor Augusto<br />
Pascoal e concluída com o canto de Vésperas.<br />
Natal nos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong><br />
«O perdão, a confiança e a alegria – dons de um menino que iluminam o nosso<br />
caminho», foi o tema proposto pelos visitadores, «Os Samaritanos», aos reclusos e<br />
reclusas dos Estabelecimentos Prisionais de <strong>Leiria</strong>, neste Natal.<br />
As quatro propostas, uma em cada semana do Advento, convergiam na vivência<br />
da noite de Natal. Por isso, nada melhor que começar perguntando: «Gostarias de<br />
construir um presépio» e prosseguir o desafio: «A quem gostarias de pedir perdão»,<br />
«Quem gostarias que to pedisse a ti», e já perto do grande dia, colocar a questão<br />
chave: «Como prepararias a tua cela para receber o nascimento de Jesus Será que a<br />
liberdade e a alegria são dons que o menino Jesus te quer dar neste Natal».<br />
A construção de presépio em materiais reciclados, reflexões sobre textos<br />
alusivos à quadra, e algumas actividades como o origami (dobragens em papel),<br />
criaram ambiente propício para o perdão, a confiança e a alegria, valores essenciais<br />
ao acolhimento do Menino que quer nascer. Mesmo na véspera foi lançado o último<br />
desafio: na noite de Natal acender uma vela na janela da sua cela.<br />
Mas a caminhada iria continuar até à Festa dos Reis nos Estabelecimentos<br />
Prisionais de <strong>Leiria</strong>, em partilha dos reclusos, sobretudo os jovens da Prisão<br />
Escola, com vários grupos de jovens (Batalha, Colmeias, JUFRA/<strong>Leiria</strong>), o grupo<br />
missionário Ondjoyetu e o grupo de Visitadores. Após a missa presidida pelo<br />
capelão, houve festa em cada uma das unidades do estabelecimento, com leitura,<br />
reflexão e partilha de um texto, cânticos e distribuição de lembranças. É de salientar<br />
a participação activa, dinâmica e cheia de boa disposição dos jovens reclusos.<br />
Preso há 4 anos (cumprindo uma pena de 7) o Pedro é um dos muitos jovens que<br />
ali se encontra, mas que tem feito uma caminhada exemplar. Em conversa connosco<br />
frisou bem que é muito duro estar ali, “sobretudo ao nível psicológico”, contudo,<br />
acrescentou, “a Igreja, o grupo dos Visitadores e o capelão, fizeram-me encontrar<br />
na religião uma forma de ultrapassar os problemas e as dificuldades. A revolta,<br />
as dúvidas, o afastamento da família... ultrapassei tudo isso. Hoje tenho vergonha<br />
da forma como antes pensava e agia. Temos de saber lidar com a consciência”.<br />
Fora um líder pela força, hoje é líder pela motivação e consciencialização que foi<br />
conseguindo. Tornou-se um exemplo para os colegas e até desejaria, um dia, se<br />
possível, vir a ser padre.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 213
Notícias<br />
Vigararias acolhem tema do “Acolhimento”<br />
O Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral (SECOPA) da <strong>Diocese</strong><br />
de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> começou a organizar, a partir de Dezembro, encontros de<br />
apresentação do Projecto Pastoral, destinados sobretudo às vigararias. O objectivo é<br />
motivar os principais agentes de pastoral para a reflexão do tema proposto para este<br />
ano – “acolhimento” – e incentivar as comunidades a porem em prática algumas<br />
iniciativas que concretizem esta temática. Já se realizaram estes encontros nas<br />
vigararias de Milagres, Colmeias e <strong>Fátima</strong>, bem como na paróquia da Maceira. Em<br />
geral, a participação foi numerosa, tanto por parte dos párocos como dos leigos mais<br />
directamente envolvidos nas paróquias. Nota-se interesse efectivo pela aplicação do<br />
Projecto, com reflexão nos grupos de acção pastoral e preocupação de passar das<br />
ideias à prática. Exemplo disso foi, em <strong>Fátima</strong>, a própria organização do encontro.<br />
Para além da partilha de ideias e propostas, houve também o acolhimento da equipa<br />
diocesana e dos participantes com uma pequena merenda de convívio, no final,<br />
exemplo claro de uma forma simples de mostrar simpatia, amizade e “acolhimento”.<br />
Outros encontros se seguirão nos próximos meses.<br />
214 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
Carlos Cabecinhas, director da Pastoral Litúrgica<br />
O ano litúrgico - verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”<br />
No arranque de um novo<br />
ano litúrgico, iniciado com o<br />
I domingo do Advento, fomos<br />
aprofundar um pouco este<br />
tema, numa entrevista com o<br />
padre Carlos Manuel Pedrosa<br />
Cabecinhas, licenciado em<br />
Liturgia. Actualmente, este<br />
padre diocesano desempenha<br />
funções na equipa formadora<br />
do Seminário Maior de<br />
Coimbra e é também director<br />
do Secretariado Diocesano de<br />
Pastoral Litúrgica e Música<br />
Sacra, e membro do Secretariado<br />
Nacional de Liturgia.<br />
Nesta pequena conversa, apresenta<br />
alguns dados históricos e<br />
teológicos sobre esta forma de organização da liturgia anual da Igreja e testemunha<br />
também o modo como vive pessoalmente essa organização e como ela pode ser<br />
“pedagógica” para os fiéis.<br />
Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)<br />
Em termos práticos, o que é o ano litúrgico<br />
O ano litúrgico é a celebração, no decurso de um ano, de todo o mistério de Cristo.<br />
Toda a celebração cristã é sempre celebração de Jesus Cristo, mas tal celebração<br />
estende-se, de forma diferenciada, aos vários momentos do ano. No dizer de um<br />
liturgista italiano, “o ano litúrgico não é uma ideia, mas uma pessoa, Jesus Cristo e o<br />
seu mistério realizado no tempo” (Bergamini). Em termos práticos, é a forma como<br />
a Igreja nos propõe celebrar Jesus Cristo, com momentos de particular intensidade.<br />
Tem a duração de um ano solar, ao longo do qual nos vai sendo proposto todo um<br />
caminho de celebração e aprofundamento do conteúdo fundamental da fé cristã.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 215
Serviços e Movimentos<br />
Historicamente, como se chegou à definição do ano litúrgico<br />
O ano litúrgico não conheceu sempre a estrutura e organização de hoje. Num<br />
primeiro momento, a única festa cristã foi a Páscoa, celebrada, quer uma vez por<br />
semana, ao Domingo, quer, de modo mais solene, uma vez por ano. Assim, a mais<br />
antiga festa cristã é o Domingo, “Páscoa semanal”. Partindo daí, passa a dar-se particular<br />
relevo à celebração, uma vez por ano, da mesma festividade. Esta festa anual<br />
da Páscoa, celebrada com uma solene vigília, está testemunhada desde o século II.<br />
Esse núcleo festivo, que é a vigília, dará origem ao Tríduo Pascal e ao Tempo Pascal,<br />
os cinquenta dias que se seguem ao Tríduo. Só posteriormente se estabeleceu um<br />
período de preparação: a Quaresma.<br />
Já estava assim estruturado este ciclo festivo pascal quando, na segunda metade<br />
do século IV, surgiu o ciclo natalício. Para criar um certo paralelismo com o ciclo<br />
pascal, para a celebração do Natal e da Epifania foi criado um tempo de preparação:<br />
o Advento. Quer isto dizer que no século V o ano litúrgico já apresentava a configuração<br />
que hoje conhecemos.<br />
Como está estruturado o ano litúrgico<br />
Como se percebe pela breve apresentação da evolução histórica, o ano litúrgico<br />
tem três grandes ciclos: o ciclo pascal (Quaresma, Tríduo Pascal e Tempo Pascal), o<br />
ciclo natalício (Advento e Tempo do Natal) e o Tempo Comum, isto é, os restantes<br />
momentos do ano litúrgico que não pertencem a nenhum dos ciclos anteriores. É<br />
claro que haveria ainda a referir o chamado “Santoral”, calendário das celebrações<br />
da Virgem Maria e dos Santos, que atravessa todo o ano litúrgico.<br />
Desses tempos e ciclos, qual o principal momento do ano litúrgico<br />
O momento central e mais importante do ano litúrgico é sem dúvida o Tríduo Pascal<br />
da paixão, morte e ressurreição de Jesus. No Tríduo, a celebração fundamental é<br />
a Vigília Pascal. Toda a Quaresma orienta para a vivência e celebração deste Tríduo,<br />
e o Tempo Pascal mais não é do que o prolongamento festivo dessa celebração. Em<br />
segundo lugar, em termos de importância, está a celebração do Natal. Curiosamente,<br />
a nível social, o Natal aparece como mais importante do que a Páscoa. Em terceiro<br />
lugar, destaco o Domingo, como celebração semanal da Páscoa.<br />
Qual é a sensibilidade dos fiéis para a vivência do ano litúrgico<br />
O ano litúrgico apresenta uma estrutura complexa, o que dificulta a sua percepção,<br />
por parte dos féis, como unidade. Julgo que uma parte significativa dos<br />
cristãos não tem consciência clara do “ano litúrgico” como unidade. As celebrações<br />
sucedem-se e a sua sequência é conhecida, mas não se vai muito além disso. A consequência<br />
desta pouca percepção do ano litúrgico como unidade é a inversão da<br />
ordem de importância dos diversos momentos. Um exemplo flagrante é o do ciclo<br />
pascal: tem mais relevo a Quaresma, período de preparação, do que o Tempo Pascal;<br />
216 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
no próprio Tríduo Pascal, não é raro ter igrejas cheias para a celebração da morte do<br />
Senhor, em Sexta-Feira Santa, mas bem menos gente na Vigília Pascal. Sinal desta<br />
insuficiente consciência do ano litúrgico como um todo orgânico é o relevo dado a<br />
algumas “devoções”, manifestações de piedade popular, em detrimento dos momentos<br />
do ano litúrgico. Contudo, esta insuficiente consciência não impede que muitos<br />
cristãos vivam intensamente os momentos mais importantes do ano litúrgico.<br />
Que aspectos litúrgicos e teológicos são enriquecidos<br />
pela organização do ano litúrgico<br />
O ano litúrgico é, antes de mais, um modo de santificação dessa dimensão fundamental<br />
da nossa existência, que é o tempo. É um modo de tornar significativo, do<br />
ponto de vista cristão, o ciclo do ano.<br />
Habituámo-nos a quantificar o tempo com repartições matematicamente iguais<br />
(horas, minutos e segundos; dias, semanas, meses, anos). Nessa lógica quantificadora,<br />
todas as horas são iguais, todos os dias têm a mesma duração… O ano litúrgico dá<br />
“qualidade” a esse tempo, destacando alguns momentos; dá-lhes significado.<br />
Contudo, o ano litúrgico tem também uma motivação “pedagógica”: a celebração<br />
do mesmo Jesus Cristo num ou noutro momento permite-nos captar o sentido e<br />
aprofundar a inesgotável riqueza do Seu mistério, contemplado ora numa perspectiva,<br />
ora noutra.<br />
Qual a sua experiência de vivência do ano litúrgico<br />
A pergunta parece-me vaga. De um modo geral, a minha experiência é a de que o<br />
ano litúrgico é um verdadeiro e eficaz “guia de vida cristã”: permite-me aprofundar<br />
a minha fé e alimentar a minha vida espiritual; põe-me em contacto com a Palavra<br />
de Deus e motiva o confronto da minha vida com ela, bem como uma “leitura cristã”<br />
dos acontecimentos da minha vida e do mundo que me rodeia; permite-me a<br />
saudável alternância entre momentos de grande intensidade e momentos de maior<br />
distensão.<br />
Que conselhos daria a quem pretende viver de forma<br />
mais consciente o ritmo do ano litúrgico<br />
Precisamos de recuperar, antes de mais, a consciência da unidade do ano litúrgico<br />
e da relação dos vários momentos entre si. A nível prático: prestar particular atenção<br />
à Palavra de Deus, às leituras bíblicas que a liturgia nos apresenta em cada tempo<br />
do ano litúrgico, que é sempre um elemento fundamental para uma séria vivência<br />
dos vários momentos; deixar-se guiar pelos textos do Missal, que nos introduzem no<br />
espírito de cada tempo; valorizar, a nível pessoal e familiar, os diversos momentos<br />
festivos…<br />
A Liturgia das Horas oferece também uma grande riqueza de elementos que nos<br />
põem em sintonia com o momento do ano litúrgico que estamos a viver.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 217
Serviços e Movimentos<br />
O Advento é um tempo essencialmente de quê<br />
O Advento é fundamentalmente um tempo de preparação para o Natal, marcado<br />
pela espera, pela expectativa. As Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico apresentam o<br />
tempo do Advento como preparação para o Natal, no qual se celebra a primeira vinda<br />
de Cristo, e como tempo de expectativa da vinda gloriosa de Cristo. Não é um tempo<br />
penitencial, como a Quaresma, embora os convites à conversão, nas palavra de João<br />
Baptista e do profeta Elias, se façam ouvir insistentemente. Tempo de conversão, por<br />
ser tempo de preparação para a vinda do Senhor, é marcado porém pela “piedosa e<br />
alegre expectativa”, segundo as referidas Normas. Os modelos dessa expectativa da<br />
vinda do Senhor são, precisamente, João Baptista e Maria, a mãe de Jesus. Não há<br />
momento mais “mariano” no ano litúrgico do que o Advento e o Tempo do Natal.<br />
Como viver bem o advento<br />
O Advento e o Natal têm sofrido um desgaste notável. De facto, hoje, o Advento<br />
cristão começa quando, há já muito tempo, se iniciou o grande “advento”<br />
comercial. Um tempo de preparação do coração pela conversão vê-se “afogado” em<br />
solicitações consumistas. Para viver bem o Advento será, pois, necessário cultivar a<br />
sobriedade em gastos natalícios, consoada e presentes… Viver bem o Advento será<br />
concentrar-se no fundamental – a preparação interior – dando ao acessório o seu lugar.<br />
A nível litúrgico, a vivência do Advento está marcada pelo convite à preparação<br />
para acolher o Senhor que vem, pela conversão, e à disponibilidade para a vontade<br />
de Deus, a exemplo de Maria, vontade que conhecemos sobretudo pela sua Palavra,<br />
a que importa dar lugar e atenção especial.<br />
218 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Carlos Jorge, presidente da Cáritas Diocesana<br />
“A solidariedade não se esgota no porta-moedas”<br />
Serviços e Movimentos<br />
O presidente da Cáritas Diocesana<br />
fala-nos da organização,<br />
trabalho, sucessos e necessidades<br />
desta estrutura que dinamiza<br />
e coordena a pastoral social<br />
da Igreja de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.<br />
Nomeado há cerca de um<br />
ano, Carlos Jorge encara este<br />
desafio como “interessante e<br />
útil”, serviço concreto à causa<br />
da solidariedade social. Uma<br />
atitude que considera necessário<br />
desenvolver na sociedade,<br />
promovendo a “criatividade das<br />
suas expressões”.<br />
Atenta às necessidades pontuais<br />
que se deparam no dia-adia,<br />
a Caritas procura, sobretudo,<br />
“cuidar de uma pedagogia<br />
de promoção e de criação de<br />
condições de autonomia para<br />
cada pessoa” e investe primordialmente na “animação das comunidades cristãs para<br />
o testemunho da caridade organizada em cada parcela da Igreja”.<br />
Entrevista de Rui Ribeiro (In O Mensageiro)<br />
Como está estruturada a Cáritas a nível nacional e diocesano<br />
A Caritas, em Portugal, está organizada por dioceses e, por conseguinte, na exclusiva<br />
dependência do bispo de cada uma das dioceses.<br />
As vinte Caritas diocesanas estão agrupadas numa união que é a Caritas Portuguesa.<br />
A nomeação do Presidente da Caritas Portuguesa é da competência da Conferência<br />
Episcopal, competindo a cada um dos bispos diocesanos a nomeação das<br />
direcções da respectiva Caritas.<br />
A Caritas Diocesana de <strong>Leiria</strong>, como outras, goza de autonomia e personalidade<br />
jurídica e tem a categoria de Instituição Privada de Solidariedade Social.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 219
Serviços e Movimentos<br />
Que tipo de ajudas lhe são mais requisitadas<br />
A pergunta pode indiciar uma visão um tanto redutora da acção e missão da Caritas<br />
que não pode ser considerada com uma central de distribuição de bens. Cabe-lhe,<br />
na verdade, uma missão de assistência nas situações de maior fragilidade, mas tem<br />
de cuidar de uma pedagogia de promoção e de criação de condições de autonomia<br />
para que cada pessoa possa refazer o seu circuito pessoal. Compete-lhe uma missão<br />
de animação das comunidades cristãs para o testemunho da caridade organizada em<br />
cada parcela da igreja. Cabe-lhe, também, intervir socialmente com empenhamento<br />
directo na prevenção e solução dos problemas. Mas presta, efectivamente, algumas<br />
ajudas às pessoas que a procuram.<br />
Os tipos de ajuda requerida são de uma extrema diversidade e resultam, sobretudo,<br />
de insuficiências do foro psíquico, de desestruturação das famílias (divórcios,<br />
separações…), e de incumprimento de obrigações legais. De um modo geral, é<br />
muito difícil a subsistência familiar quando os ordenados ou salários, pensões ou<br />
subsídios de sobrevivência são extremamente baixos e marcados pela precariedade,<br />
combinados, em certos casos, com encargos de habitação, saúde e outras despesas<br />
de primeira necessidade. As pessoas deparam-se com um mercado de habitação<br />
dirigido, essencialmente, à aquisição de habitação própria, com uma publicidade<br />
que tenta convencer que está ao alcance de todos, com a pressão do marketing que<br />
conduz algumas famílias à assumpção de obrigações que não podem cumprir face<br />
aos seus rendimentos.<br />
Quais os serviços que presta mais regularmente<br />
A acção da Caritas é toda ela um serviço e uma ajuda, quer se considere o dia a<br />
dia do seu atendimento quer se considerem os serviços regulares que presta à comunidade<br />
e às famílias.<br />
No primeiro caso podemos considerar pequenas ajudas financeiras sobretudo<br />
para medicamentos, contas de água e luz, ajudas para rendas de casa, o serviço em<br />
bens de vestuário, em cedência de equipamentos para pessoas com deficiências ou<br />
dependentes, nomeadamente cadeiras de rodas e camas articuladas. Outra ajuda importante<br />
às famílias é a que é prestada no âmbito do programa comunitário de Ajuda<br />
Alimentar a Carenciados através do qual são contempladas mais de mil famílias do<br />
concelho, com dezenas de toneladas de produtos alimentares.<br />
Neste trabalho temos de salientar a importância da intervenção dos grupos paroquiais,<br />
sejam eles Caritas Paroquiais, Conferências de São Vicente de Paulo ou<br />
grupos com outras designações.<br />
Quanto aos serviços que a Caritas oferece regularmente, a Casa do Pedrógão, em<br />
si mesma, é um serviço à diocese e à comunidade. As colónias de férias para crianças<br />
e o espaço de convívio que representa para mais de 400 pessoas idosas, em cada ano,<br />
não esgotam o leque de iniciativas a que se abre aquele espaço. Na verdade, grupos<br />
de escuteiros, movimentos paroquiais, associações diversas encontram nela as<br />
220 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
condições propícias ao desenvolvimento das suas actividades. Mas os portugueses<br />
conhecem a Caritas também pela sua presença activa ao lado das populações, seja<br />
em Portugal ou noutra zona do mundo, por ocasião das grandes tragédias. A onda de<br />
incêndios deste verão é apenas o último caso, o mais próximo, que fez da nossa diocese<br />
a zona de Portugal que mais famílias deixou de mãos vazias, com os seus bens,<br />
incluindo a própria casa, consumidos pelas chamas. A acção da Caritas Diocesana de<br />
<strong>Leiria</strong> foi imediata, nas ajudas de emergência e no apoio possível às corporações de<br />
bombeiros, na mobilização de voluntários e da comunidade para atitudes de partilha<br />
em ordem à reparação dos danos maiores. Carnide, Freixianda, Urqueira, Colmeias,<br />
foram, entre outros, os pólos principais das maiores tragédias e que estão também a<br />
suscitar as maiores atenções da Caritas. Dessas zonas, quinze famílias estão a sentir<br />
a solidariedade activa da Caritas e com ela a de milhares de portugueses que se lhe<br />
associaram na ajuda às vítimas. Algumas famílias, esperamos, irão já passar o Natal<br />
nas novas habitações.<br />
Quais os principais projectos da Caritas Diocesana<br />
Neste momento, mais do que grandes projectos, há preocupação em garantir a<br />
sustentabilidade do que já se faz e que absorve grande parte das energias e recursos<br />
disponíveis. De qualquer forma, a inadequação das actuais instalações está longe de<br />
responder não apenas às necessidades mas também de exprimir com alguma dignidade<br />
o lugar que deve ter na igreja diocesana este serviço da pastoral social.<br />
Naturalmente que nos preocupa também a insuficiência de meios humanos que<br />
sejam detentores de saberes específicos ao nível da complexidade dos problemas<br />
sociais actuais e para desenvolver trabalho em rede com outras instituições congéneres.<br />
Há ainda grande preocupação em desenvolver a formação dos agentes pastorais<br />
na área social em ordem a um serviço mais qualificado.<br />
Que dificuldades e necessidades são mais sentidas<br />
Algumas dificuldades já foram referidas, designadamente a falta de meios humanos<br />
qualificados, instalações e algumas dificuldades, porque não dizê-lo, no rejuvenescimento<br />
das equipas dos colaboradores voluntários.<br />
Existem apoios<br />
É de salientar que a gratuitidade e o voluntariado atingem níveis de excelência.<br />
Os colaboradores voluntários, com a sua dedicação, generosidade e entusiasmo, são<br />
os seus apoios mais firmes. Naturalmente que muitas outras pessoas se revêem nos<br />
programas e objectivos da Caritas, a estimulam e lhe dão todo o género de apoio<br />
mesmo material. Na área dos apoios materiais a ajuda das comunidades cristãs<br />
através da colecta anual do Dia da Caritas e a partilha de bens promovida no espaço<br />
público na mesma ocasião, reúnem meios que são indispensáveis para a acção da<br />
Caritas.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 221
Serviços e Movimentos<br />
Em relação a instituições civis e outros serviços sociais da Igreja,<br />
qual a ligação que é feita<br />
A Caritas não é uma ilha. Estando no mundo e em contacto permanente com<br />
situações da maior fragilidade, precisa de se articular quer com outras organizações<br />
eclesiais quer com organismos oficiais ou da sociedade civil. Actua em estreita colaboração<br />
com os grupos representativos das comunidades cristãs (com destaque<br />
para os grupos Caritas paroquiais e para as Conferências de S. Vicente de Paulo,<br />
tem mesmo estabelecido uma parceria com a paróquia de <strong>Leiria</strong> em ordem a garantir<br />
a sustentabilidade do Centro de Acolhimento de <strong>Leiria</strong>), mas integra do mesmo<br />
modo outras identidade de que são exemplo, entre outras, a sua participação na rede<br />
social dos concelhos de Ourém e <strong>Leiria</strong> a sua articulação com a Segurança Social e<br />
Câmaras Municipais, como acontece agora a propósito dos incêndios. O Trabalho<br />
em parceria é hoje uma exigência a que a Caritas não pode ser alheia por motivos de<br />
eficácia e por ser participante activa no esforço comum na superação das dificuldades<br />
de muitas famílias.<br />
Sente que a sociedade actual está sensibilizada para a<br />
solidariedade e a ajuda aos mais necessitados<br />
A generosidade e a sensibilidade coexistem com a indiferença, pelo que a solidariedade<br />
precisa de ser estimulada. Hoje as pessoas requerem transparência, informação<br />
e conhecimento das causas que suscitem a solidariedade.<br />
Também importa ser criativo quanto às formas por que se exprime a solidariedade<br />
da pessoa ou grupo. Importa fazer crescer e entender que a solidariedade não<br />
se esgota no porta-moedas mas se pode e deve exprimir por muitas outras formas de<br />
bem-querer na vida quotidiana. A Cartitas sente-se muito honrada e estimulada com<br />
os níveis de compreensão com que a sociedade em geral a distingue.<br />
Como sentiu a sua nomeação para presidir a esta instituição<br />
e quais as razões que o levaram a aceitar esse cargo<br />
Tendo cessado a actividade profissional e entrado na situação de aposentado,<br />
fiquei com mais tempo livre disponível. Porque se oferecia um campo de trabalho<br />
diferente, interessante e útil e face à possibilidade de se constituir uma equipa directiva<br />
com pessoas interessadas e experientes, foi com satisfação que aceitei o convite<br />
que me foi dirigido.<br />
De salientar, a disponibilidade e a humildade de algumas pessoas que integravam<br />
a direcção anterior, designadamente do seu presidente, que se prontificaram para<br />
continuar a trabalhar, possibilitando desta forma o aproveitamento dos seus conhecimentos<br />
e experiências para a transição se fazer numa linha de continuidade.<br />
222 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
Luís João, director da Pastoral Familiar<br />
“A família é um projecto prioritário”<br />
No dia 30 de Dezembro, celebrámos a<br />
Sagrada Família. A família tem sido, ao longo<br />
dos tempos, um dos temas preponderantes na<br />
análise da sociedade, sobretudo no que diz<br />
respeito à questão dos principais factores que<br />
garantem ambientes sociais saudáveis. Neste<br />
âmbito, ela é comummente chamada a “célula<br />
base” da sociedade. Todos os estudos referem<br />
que é sobre a “saúde” das famílias que se<br />
constrói a harmonia social, e que surgem graves<br />
problemas sociais e os maiores atropelos<br />
aos direitos humanos e à justiça social quando<br />
a instituição familiar entra em “crise”. Se esta<br />
questão é sempre pertinente, é-o muito mais<br />
nos nossos dias em que o conceito familiar<br />
tem sido alvo de constantes mudanças, alargamentos e alterações. Porque há famílias<br />
“monoparentais”, “separadas”, “desfeitas”, e “recompostas”, e se erguem vozes a<br />
reclamar as “homossexuais” é hoje absolutamente necessário falar de “família tradicional”<br />
para referir o núcleo constituído por pai, mãe e filhos.<br />
Neste contexto, conversámos com o padre Luís Inácio João, director do Secretariado<br />
Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) e assistente dos Centros de Preparação<br />
para o Matrimónio (CPM) e das Equipas de Nossa Senhora (ENS). Encarando a<br />
família como “a célula fundamental” da sociedade, defende que “toda a pastoral<br />
deve ser familiar, ou não será pastoral”, dado que a Igreja vê nela o “sinal da aliança<br />
que Deus estabeleceu com o seu povo”. Quanto aos problemas que a afectam actualmente,<br />
aponta como razão principal a dificuldade da “descoberta da família como<br />
projecto e do reconhecimento da sua prioridade”. Apesar de tudo, encara o futuro<br />
com optimismo, apostando numa pastoral de proximidade, pela criação de “Equipas<br />
Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização local das<br />
acções das famílias para a família”.<br />
Entrevista de Luís Miguel Ferraz (In O Mensageiro)<br />
Começo por perguntar: Ainda faz sentido falar em “família”<br />
Faz sempre sentido falar da família. Se alguma vez deixássemos de falar dela, ela<br />
continuaria a falar em nós.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 223
Serviços e Movimentos<br />
Mas é ainda uma “célula fundamental” ou a sociedade encontrou já<br />
outras formas de se organizar que a possam substituir<br />
A família não é “uma” célula fundamental mas “a” célula fundamental da sociedade.<br />
Seria relativização perigosa confundi-la entre outras quando se destaca como primordial.<br />
Logo que a natureza ou o erro humano lhe infligem rude golpe, soa o alarme<br />
e é urgente remediar, na medida do possível. Premeditar a sua substituição é atentar<br />
gravemente contra a pessoa e, por conseguinte, minar a própria sociedade. Historicamente,<br />
vimos grandes abusos contra a família enquadrados em estratégicas de domínio,<br />
sobretudo ideológico. Os próprios opressores tiveram que emendar a mão, mal,<br />
passando ao proteccionismo, para que ainda lhes restasse sociedade e… domínio.<br />
O que acha das novas formas de união das pessoas, como sejam uniões<br />
de facto, famílias monoparentais, famílias separadas e refeitas, casais<br />
homossexuais É possível integrá-las num tecido social saudável ou<br />
considera que sejam “desvios” da sociedade “perfeita”<br />
Quem não distingue confunde. Não se pode pôr tudo no mesmo saco, nem tudo<br />
dizer de uma só penada. Reconhecer a diversidade e a complexidade dos assuntos e<br />
dos casos, e lidar com os limites de um vocabulário equívoco e conotado é já remar<br />
contra a maré. Quando um assunto está na moda, é fácil que se imponha sem ter sido<br />
encarado a fundo. As situações referidas são demasiado sérias para se ficar impávido<br />
ao ver que a opinião pública tende a considerá-las coisa simples e normal. Por de trás<br />
há dramas que, por mais que se pretenda, não iludem a questão fundamental e basilar<br />
que é, salvo rara excepção, a busca de uma verdadeira expressão familiar. Sendo<br />
assim, essas situações nunca deveriam ser encaradas como sucedâneas ou alternativas<br />
mas como apelos a mais e melhor família. Em todo o caso, na sociedade, sem o<br />
classificativo de perfeita ou imperfeita, deve haver lugar para todos.<br />
Mas, tendo em conta a proliferação dessas outras “expressões familiares”,<br />
a leitura social que faz da realidade familiar dita tradicional é preocupante<br />
ou não há ainda lugar para alarmismos<br />
Deveras preocupante é que se fale da família como coisa do passado e do futuro,<br />
como tábua de salvação, e não como realidade presente e permanente. O adjectivo<br />
“tradicional” é demasiado equívoco e tem sido explorado pejorativamente. Mesmo<br />
assim, a família, não obstante a diversidade e até ambiguidade das suas formas,<br />
emerge sempre como realidade conatural à pessoa humana. E o amor será sempre o<br />
seu cimento mais forte.<br />
Falando, então, do presente, quais são em seu entender os principais<br />
problemas que as famílias modernas enfrentam<br />
Há hoje grande dificuldade, não só em estabelecer prioridades, mas também<br />
em ser fiel ao que se reconhece ser prioritário. O princípio da fruição instintiva do<br />
224 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
imediato e efémero constitui um risco. Os instintos condicionam o homem muito<br />
menos do que os outros seres inferiores, mas não o protegem suficientemente. A<br />
sua inteligência e vontade são decisivas. Só pensando e decidindo coerentemente,<br />
a pessoa humana consegue sobreviver e, significativa coincidência, dignificar-se.<br />
Para o homem, nada é um dado acabado, tudo é um projecto. A família, muito mais<br />
que desfecho inevitável de uma atracção natural, é dada à consideração e à decisão<br />
livre de cada um para a avaliar e nela investir o seu próprio ser. Mas o específico da<br />
família é o amor-comunhão que pressupõe a decisão a dois de empreender a vida<br />
em doação de ambos e de fazer disso um projecto prioritário. Entre os principais<br />
problemas, teremos que destacar essa descoberta da família como projecto e o reconhecimento<br />
da sua prioridade.<br />
E por que se tornou tão difícil encontrar esse “projecto prioritário”<br />
A cultura actual arrasta os próprios contenciosos enrolando as grandes questões,<br />
em vez de as enfrentar. Entre estas, encontra-se a família que, sendo central, é atirada<br />
para a periferia e, sendo incontornável, é adiada muitas vezes através de simulacros<br />
e fugas para a frente. Falei de cultura, incluindo pessoas, instituições e sociedade,<br />
todas dependentes da família e nela influentes. Esta omnipresença e transversalidade<br />
constituem a força e a fraqueza da família, na qual tudo se repercute. Não admira que<br />
o seu próprio seja posto em causa numa civilização que deslocou o seu centro da pessoa<br />
humana, ser em relação, cuja realização implica sempre o outro, para o indivíduo<br />
que se ilude com uma auto-realização mais em competição do que em cooperação.<br />
Este individualismo contradiz a capacidade de entrega, a gratuidade, a descoberta<br />
e valorização das diferenças, a compreensão dos limites, o perdão e a cooperação<br />
num projecto comum, e embala numa concepção redutora da família como bem de<br />
consumo irresistível e imprescindível à auto-realização.<br />
Acha que há solução para esse individualismo<br />
Claro que há e, felizmente, há quem a encontre. De qualquer modo, numa sociedade<br />
plural e de grande comunicação, nunca pensemos que a solução é simples, que<br />
é um exclusivo de alguém, ou que serve apenas a família.<br />
Mas será um regresso aos valores do passado, ou há perspectivas de<br />
uma evolução positiva da actual “desordem” na instituição familiar<br />
Porque a família é uma instituição perene, os valores por ela pressupostos também<br />
o são. Não faz sentido falar de regresso ao passado. Capacidade de entrega, gratuidade,<br />
compreensão e comunhão são valores de sempre, sem os quais se instala a desordem<br />
na família, hoje, tanto como ontem, ou no futuro. O desafio coloca-se em vivê-los em<br />
circunstâncias diferentes. Nisso se comprova a necessária adaptabilidade da família.<br />
Actualmente, numa grande diversidade de expressões, tudo se oferece, o melhor e o<br />
pior. Caducou um sistema social que enquadrava os indivíduos num sistema de refe-<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 225
Serviços e Movimentos<br />
rências pouco menos que inalterável, e parece abrir-se a cada um uma escolha ilimitada<br />
de opções. Digo “parece” porque, na realidade, não é assim, dada a força com que se<br />
apresentam a oferta do vazio e a desmobilização da opção pessoal. De qualquer modo,<br />
para uma boa escolha, exige-se uma capacidade de discernimento muito grande, em<br />
todo o caso bem superior à que a comum educação hoje proporciona.<br />
Sendo certo que há muitas famílias construídas sobre esses “valores<br />
perenes”, para alimentar algum optimismo, podemos encontrar ainda<br />
outros sinais positivos neste contexto da evolução social actual<br />
Essas famílias existem e são as primeiras a advertir que a sociedade lhes coloca<br />
sérios obstáculos e nem sempre presta a cooperação e a complementaridade esperadas<br />
para conseguirem ser família como entendem e desempenhar bem o papel<br />
educativo em relação aos filhos. Esta advertência é muito positiva e parece crescer.<br />
Vai até surgindo alguma mobilização para uma entreajuda e uma acção concertada<br />
no sentido de inverter a tendência para o alheamento e o desânimo. Na prática, vai<br />
encontrando eco o apelo insistente de João Paulo II para que as famílias sejam as<br />
primeiras protagonistas de um movimento de resposta às grandes questões da família<br />
e vai crescendo a consciência de que a família, como já referi, será sempre um<br />
projecto em construção.<br />
A Igreja dedica uma atenção muito especial à família. Será apenas<br />
uma estratégia, como fazem outras instituições que não se permitem<br />
menosprezar essa área fulcral, ou há uma razão mais profunda<br />
São Paulo, ao reparar como homem e mulher deixam pai e mãe para unirem as<br />
suas vidas e destinos, viu aí o melhor sinal da aliança que Deus estabeleceu com o seu<br />
povo, selada na entrega de Cristo até à morte para vida de todos. E, contemplando a<br />
entrega perfeita de Cristo, não se continha que não dissesse aos cônjuges para procederem<br />
do mesmo modo um com o outro. A Igreja ilumina a família com uma nova luz,<br />
ao mesmo tempo que se enriquece e esclarece com a luz que erradia da família. Esta é<br />
a primeira atitude da Igreja, da qual deve partir toda a acção pastoral. Enviada ao homem,<br />
não pode esquecer que ele é chamado por Deus a viver em família, que a família<br />
é o primeiro nível de vivência eclesial – Igreja doméstica – e que a Igreja universal é<br />
chamada a realizar a comunhão como que numa família de famílias.<br />
Centrando-nos na pastoral diocesana e, mais concretamente, nos três<br />
serviços em que trabalha, SDPF, CPM e ENS, como estão organizados<br />
estes serviços e quais são as suas principais linhas de acção<br />
O Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar tem uma função, antes de mais,<br />
de coordenação de todas as iniciativas nesta área. Por isso, procura uma ligação<br />
estreita com os movimentos especializados e as paróquias, que são as unidades fundamentais<br />
da organização diocesana. Os Centros de Preparação para o Matrimónio<br />
226 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Serviços e Movimentos<br />
e as Equipas de Nossa Senhora são movimentos de casais, autónomos, cada um<br />
com o seu carisma próprio. Enquanto os CPM reúnem casais que aceitam fazer uma<br />
caminhada de revisão de vida conjugal e familiar que partilham primeiro entre si e<br />
depois colocam, sob a forma de testemunho, ao serviço dos noivos que se preparam<br />
proximamente para o Matrimónio, as Equipas de Nossa Senhora têm em vista a vivência<br />
espiritual dos próprios casais que se reúnem mensalmente para partilharem a<br />
sua caminhada e porem em comum as suas reflexões, alegrias e dificuldades.<br />
E dentro desses dinamismos, para o corrente ano, há alguma novidade<br />
na acção pastoral, algum projecto ou iniciativa que queira destacar<br />
Consideramos mais importante, este ano, aquilo que já é, ao mesmo tempo, resultado<br />
de esforços efectuados nos anos anteriores. Vinha-se a insistir na constituição<br />
de Equipas Paroquiais de Pastoral Familiar, que permitam uma melhor organização<br />
local das acções das famílias para a família, uma ligação efectiva com o Secretariado<br />
Diocesano e uma representatividade de toda a <strong>Diocese</strong> num futuro Conselho<br />
Diocesano da Família. Com representantes das Equipas Paroquiais já existentes e<br />
com os delegados dos movimentos familiares, o Secretariado Diocesano deu início<br />
a uma colaboração estreita, que se concretizou na organização das jornadas e outras<br />
iniciativas, desde a escolha dos temas ao modo de organização e mobilização. É um<br />
esforço a prosseguir.<br />
Um dos temas mais referidos quando se fala desta área pastoral é a<br />
inserção de pessoas que se separaram e voltam depois a constituir novas<br />
famílias. É feito algum trabalho em concreto neste campo<br />
Ainda há quem continue a imaginar uma solução que passe pela aceitação do<br />
divórcio ou, pelo menos, por uma igualização, como se nada tivesse acontecido,<br />
o que vem dar ao mesmo. Não é assim. Uma atitude pastoral passa, antes de mais,<br />
pelo acolhimento e compreensão do que aconteceu, que não é forçosamente igual em<br />
todos os casos. Pode concluir-se que vale a pena colocar ao Tribunal Eclesiástico a<br />
questão da validade do primeiro matrimónio. Se não, nunca dispensando o discernimento<br />
de cada caso, o diálogo deve alimentar a fé no Senhor Jesus Cristo, que nunca<br />
deixa de amar a todos com um amor único, e o acolhimento na caridade por parte<br />
da Igreja deve levar à descoberta da atitude fundamental do mesmo Senhor que, não<br />
deixando qualquer ambiguidade sobre a recusa do divórcio, manifestou claramente<br />
que continuava a acolher os que erram. O que é importante é que, se não há condições<br />
para uma Comunhão Eucarística, que é a Nova Aliança de que o Matrimónio<br />
indissolúvel é sinal, há outras formas extraordinariamente expressivas de união a<br />
Jesus Cristo e de participação na vida da comunidade. Esta acção pastoral desenvolve-se<br />
essencialmente nas comunidades locais. Um outro aspecto a não descurar<br />
e que sobressai é a necessidade de uma pastoral familiar e matrimonial que prepare<br />
e solidifique as uniões.<br />
| 39 • LEIRIA-FÁTIMA | 227
Serviços e Movimentos<br />
Tendo em conta essa análise, sente que estamos no caminho certo ou<br />
haverá que mudar estratégias pastorais, no caso da nossa diocese<br />
A principal mudança deve ser no sentido de toda a pastoral ser familiar, sob pena<br />
de não ser pastoral, pura e simplesmente. Foi ainda João Paulo II que chamou a<br />
atenção para isso. Dada a importância da família na condição da pessoa humana, na<br />
Igreja e na sociedade, nada pode prescindir dela. Mas, mesmo perante esta ligação<br />
estreita de tudo à família, não pode descurar-se uma pastoral familiar específica<br />
e especializada. E então, abrem-se campos particularmente urgentes, tais como: a<br />
preparação para o matrimónio, remota, próxima e imediata; o acolhimento e acompanhamento<br />
dos casais novos; a pedagogia do diálogo conjugal e familiar; a espiritualidade<br />
conjugal e familiar; o apoio aos pais na educação dos filhos; a formação com<br />
vista a uma paternidade consciente e responsável; e, para retomarmos a prioridade<br />
escolhida pelo Secretariado Diocesano, a constituição em cada comunidade paroquial<br />
de uma equipa de casais especialmente atenta à família, que anime e coordene<br />
toda a acção em prol da família.<br />
Uma mensagem final para as famílias diocesanas…<br />
Gostaria de não esquecer nenhuma família, mesmo independentemente do seu<br />
credo religioso. A todas gostaria de deixar uma mensagem de esperança, dentro do<br />
espírito de Natal que ainda vivemos. Se não for perceptível a todos a extraordinária<br />
surpresa, que os cristãos acolhem, de um Deus que nasceu homem no seio de uma<br />
família humana, todos nos unimos pelo menos na dimensão familiar que o mesmo<br />
Natal tomou na nossa civilização. É a melhor altura para desejar que as famílias se<br />
percebam como um projecto com prioridade diante de todos os outros e para propor<br />
uma união dos esforços de todas as famílias pela família.<br />
V Encontro Mundial das Famílias<br />
Decorrerá de 1 a 9 de Julho de 2006, em Valência (Espanha), o V Encontro Mundial<br />
das Famílias, que contará com a presença do Papa Bento XVI. Convocado pelo<br />
Papa, realiza-se de três em três anos e tem reunido centenas de milhares de famílias<br />
dos cinco continentes para rezar, dialogar, aprender, partilhar e aprofundar a compreensão<br />
da família como dom divino e do seu papel como Igreja doméstica e unidade<br />
base da evangelização. Até à data os organizadores já receberam mais de 25 mil pedidos<br />
de participação de todo o mundo. Ao mesmo tempo decorrerá também a Feira<br />
Internacional das Famílias, que dá a oportunidade às Associações, organizações e<br />
entidades confessionais ou aconfessionais de todo o mundo, que trabalham em favor<br />
da família, de apresentarem a sua identidade, actividades, projectos e experiências<br />
aos inumeráveis participantes do Encontro, numa área de mais de 100 mil metros<br />
quadrados, prevista para mais de um milhão e meio de pessoas.<br />
Inscrições no site oficial do EMF: www.emf2006.org.<br />
228 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Relatório de Actividades do Triénio 2002/2004<br />
Comissão Diocesana Justiça e Paz<br />
Serviços e Movimentos<br />
1 - Nomeada por decreto do Senhor D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva de 17<br />
de Janeiro de 2002, por um período de 3 anos, a Comissão Diocesana Justiça e Paz<br />
iniciou de imediato a sua actividade, no tempo em que, por iniciativa do Papa João<br />
Paulo II, se realizava em Assis o encontro de líderes religiosos de todo o mundo e se<br />
assinava o “Texto do Compromisso Comum para a Paz” - 24 de Janeiro de 2002.<br />
A Comissão fez a sua apresentação pública em 2 de Março seguinte, em sessão<br />
realizada no Auditório da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de <strong>Leiria</strong>, na qual proferiu<br />
uma conferência o Sr. Dr. Bagão Félix, então Presidente da Comissão Nacional<br />
Justiça e Paz, subordinada ao tema “Justiça e paz em Portugal”. Na mesma sessão<br />
foram apresentadas pela Comissão as grandes linhas da sua actividade, à luz de objectivos<br />
coincidentes com os da Comissão Nacional.<br />
De entre essas linhas, destacámos: o estudo e divulgação da Doutrina Social da<br />
Igreja; a apreciação de situações e problemas sociais e a denúncia da violação de<br />
direitos da pessoa humana; a promoção da intervenção dos cristãos no campo político-social,<br />
respeitando o legítimo pluralismo de opiniões e a promoção da justiça e<br />
da paz, em todas as circunstâncias.<br />
Nesta linha, publicámos em 22 do mesmo mês um comunicado público centrado<br />
em problemas actuais de justiça social, na área da diocese.<br />
2 - Passando a abordar questões concretas, divulgámos em 22 de Abril um comunicado<br />
sobre o tema da imigração, desenvolvido em colóquio público realizado a<br />
18 de Maio, no referido auditório, com a colaboração do Secretariado das Migrações<br />
da nossa diocese e a presença e participação de muitos imigrantes da nossa zona. As<br />
intervenções iniciais estiveram a cargo do Dr. Jorge Portas, Director Regional do<br />
Centro do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Padre Sérgio Henriques do Secretariado<br />
Diocesano das Migrações e Roman Bunykovatyy da comunidade ucraniana.<br />
Ainda em 2002, a Comissão debateu internamente o tema, então momentoso, do<br />
novo Código do Trabalho e divulgou em 28 de Novembro a sua tomada de posição<br />
sobre a matéria. Posteriormente, em 23 de Janeiro de 2003 abriu a discussão a debate<br />
público, ainda realizado na C. C. Agrícola Mútuo de <strong>Leiria</strong>, com forte participação<br />
de interessados, sendo o painel inicial de intervenções, representativo de diversas<br />
posições, composto pelos Doutores Luís Brito Correia, Júlio Gomes e Pe. Peter<br />
Stiwell, todos docentes universitários.<br />
Em 17 de Fevereiro seguinte, a Comissão, em seguimento de uma recomendação<br />
unânime do Conselho Pastoral Diocesano, tomou posição pública sobre a ameaça de<br />
guerra com que se debate a Humanidade e, na linha das posições do Papa João Paulo<br />
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Serviços e Movimentos<br />
II, defendeu os valores da paz, do diálogo, do respeito pelo direito internacional e<br />
da solidariedade entre todas as nações. No mesmo sentido, em 28 de Março, após o<br />
início da guerra do Iraque, divulgou novo comunicado, subordinado ao título “Urgência<br />
da paz” e em 15 de Abril participou na organização no II Encontro das Igrejas<br />
Cristãs de <strong>Leiria</strong> pela Paz.<br />
3 - Ainda em 2003, debruçou-se sobre a temática do Desenvolvimento e a Paz e<br />
evocou o 35º Aniversário da “Encíclica Populorum Progressio” do Papa Paulo VI e<br />
sobre a actualidade deste notável documento pontificio. Convidou o Prof. Dr. António<br />
Barbosa de MeIo para uma conferência sobre o tema, que decorreu no auditório<br />
da Livraria Arquivo, seguindo-se, como habitualmente, debate com a assistência.<br />
Posteriormente, no decorrer de 2003, e a propósito da Constituição Europeia,<br />
realizou um debate interno sobre o papel da Igreja na construção das Europa, que<br />
viria a culminar com uma conferência do Senhor D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar<br />
de Lisboa, na Aula Magna do Seminário, em 9 de Fevereiro de 2004, com larga<br />
assistência, subordinada ao tema “Leigos na Europa”. Seguidamente aprofundou o<br />
estudo da situação dos mais desfavorecidos, no nosso país – e em especial na nossa<br />
região – a propósito de dados preocupantes vindos a público – e organizou novo<br />
debate púbico, conjuntamente com a Caritas Diocesana, em 8 de Julho de 2004, na<br />
Aula Magna do Seminário, também muito concorrido, em redor do tema “O problema<br />
da pobreza, a nível nacional e local” introduzido pelo Prof. Dr. Alfredo Bruto<br />
da Costa, da Comissão Nacional Justiça e Paz e pela Assistente Social Drª Mavíldia<br />
Frazão.<br />
Finalmente, em 17 de Dezembro de 2004, novo debate público na Aula Magna<br />
do Seminário, agora orientado pelo Dr. José Dias da Silva.<br />
4 - Para além das realizações públicas promoveu a Comissão diversos debates<br />
internos sobre temas como a liberdade religiosa, os problemas da habitação social<br />
e a situação dos reclusos, com a colaboração de especialistas nos diversos assuntos,<br />
que não foi possível trazer a público, no decorrer do seu mandato. Apesar de todas<br />
as suas lacunas, julga que deu algum contributo para alertar as pessoas para a problemática<br />
actual da justiça e da paz na nossa diocese. Muito agradece o apoio do nosso<br />
Bispo em todas as situações e, bem assim, de todas as instituições e personalidades<br />
que colaboraram nas nossas iniciativas.<br />
Relatório de contas do triénio<br />
Comunicação (correio e telefone) 1006,63 €<br />
Despesas<br />
Artigos de expediente 169,93 €<br />
Conferências e colóquios 795,21 €<br />
<strong>Programa</strong>s, cartazes convites e publicitação 1431,15 €<br />
Receitas<br />
Comparticipação da <strong>Diocese</strong> 3000,00 €<br />
Oferta anónima 500,00 €<br />
Saldo positivo 97,08 €<br />
230 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |
Comunicado da Comissão Justiça e Paz<br />
Conhecer a pobreza, defender a vida<br />
Serviços e Movimentos<br />
A Comissão Diocesana Justiça e Paz, recentemente nomeada pelo Sr. D. Serafim<br />
de Sousa Ferreira e Silva, definiu já os grandes objectivos que se propõe prosseguir<br />
no seu 1º ano de mandato, no seguimento do trabalho realizado pela sua antecessora.<br />
E, assim, na linha dos objectivos definidos para a Comissão Nacional Justiça e<br />
Paz, que são também os da Comissão Diocesana, propõe-se entre outras finalidades:<br />
estudar e divulgar a Doutrina Social da Igreja, à luz do Evangelho, aplicável a situações<br />
concretas do dia a dia da nossa comunidade diocesana; analisar e pronunciar-se<br />
sobre temas que tenham a ver com os direitos do homem, a justiça e a paz; procurar<br />
responsabilizar os cristãos por toda a problemática social e cívica, incentivando-os a<br />
participar na vida pública, sem prejuízo do pluralismo de opções.<br />
Assim, propõe-se retomar o tema da pobreza na nossa comunidade, em todas as<br />
suas facetas, dando seguimento e procurando aprofundar o trabalho empreendido<br />
anteriormente. Para o efeito promoverá um inquérito junto das paróquias, solicitando<br />
a colaboração destas e de instituições particulares de solidariedade – IPSS – nelas<br />
sedeadas. Estudados os resultados, fará a sua apresentação, submetendo-os ao conhecimento<br />
de especialistas e a debate público, na busca de soluções.<br />
Propõe-se também retomar as grandes linhas da Constituição Pastoral sobre a<br />
Igreja no Mundo Contemporâneo, emanada do Concílio Vaticano II, que mantêm<br />
plena actualidade, debruçando-se em especial sobre o capítulo respeitante à “Comunidade<br />
Política”, procurando alertar os cristãos, em particular os jovens, para as suas<br />
responsabilidades no tempo presente e incentivando-os a colaborar na vida pública.<br />
Focando em especial a área da diocese, procurará aprofundar o problema infelizmente<br />
tão actual dos incêndios, suas causas e consequências, em particular no campo<br />
social, assim como danos sofridos e forma de os procurar resolver. Considerará as<br />
responsabilidades em especial do Estado, Sociedade Civil, Igreja e simples cidadãos<br />
e a forma de dar remédio ao passado e prevenir o futuro.<br />
Anuncia-se para o próximo ano um referendo sobre a interrupção voluntária da<br />
gravidez. A Comissão está já a estudar o assunto à luz da ciência e da doutrina da<br />
Igreja e tendo em conta as realidades actuais e, oportunamente, tomará posição pública<br />
e promoverá outras iniciativas.<br />
A Comissão terá ainda em conta outras situações e, em especial, a crise com que<br />
o país e a região se debatem, em particular no que se refere aos aspectos sociais,<br />
e terá sempre presente a problemática da paz nos planos internacional, nacional e<br />
local. Logo que programada a sua actividade, a Comissão divulgará as acções previstas.<br />
Pede desde já a colaboração de instituições públicas e particulares que vierem<br />
a ser solicitadas, assim como da comunicação social, dados os fins de interesse geral<br />
que prossegue.<br />
<strong>Leiria</strong>, 3 de Novembro de 2005<br />
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Serviços e Movimentos<br />
Encontros mensais de reflexão do MEC<br />
O Movimento de Educadores Católicos (MEC) iniciou o novo ano pastoral, no<br />
passado 8 de Outubro, com uma palestra do psicólogo Dr. Carreira, subordinada<br />
ao tema “Discernimento de carismas e espírito de serviço”. Durante cerca de duas<br />
horas, o orador captou a atenção dos professores presentes, discorrendo sobre o conhecimento<br />
pessoal e o contributo de cada um para a ajuda e valorização dos outros.<br />
Como escreveu Henry Adams, “um professor influi para a eternidade; nunca se pode<br />
dizer até onde vai a sua influência”.<br />
Do programa para o novo ano haverá, entre outras iniciativas, encontros mensais,<br />
para estudo de um tema, que será desenvolvido por um orador convidado.<br />
Assim, a 12 de Novembro, foi abordado o tema “Apresentação do Projecto<br />
Pastoral Diocesano e a intervenção dos Movimentos (do MEC) na sua dinâmica”.<br />
Foi orador convidado o Padre Jorge Guarda, Vigário Geral da <strong>Diocese</strong>. Depois de<br />
apresentar resumidamente o Projecto Pastoral da <strong>Diocese</strong> para os próximos anos, o<br />
orador falou do papel que cada cristão deve assumir na sua dinâmica. O Projecto só<br />
interessa e é válido se conseguir mobilizar as pessoas e as instituições. É importante<br />
que cada cristão, individualmente ou em grupo organizado, dê o seu contributo, intervenha<br />
com os seus talentos, ou seus dons ou carismas, em favor da comunidade.<br />
Cada um é único e “a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao<br />
bem comum” (I Cor. 12, 7).<br />
Com grande clareza e capacidade de comunicação o orador manteve o interesse<br />
dos assistentes ao longo das duas horas que durou a conferência, deixando em todos<br />
o desejo sincero de contribuírem para a realização efectiva do Projecto Pastoral Diocesano.<br />
A terminar o Encontro, como era festa de S. Martinho, houve um animado<br />
magusto, e todos conviveram alegremente até ao final da tarde.<br />
O encontro de Dezembro esteve, naturalmente, centrado no mistério do Natal,<br />
o nascimento do Deus Menino, que veio para unir todos os homens como irmãos.<br />
Foi na tarde do dia 16 e teve como orador convidado o Padre Adriano Brites que,<br />
recorrendo à Dinâmica de Grupo, envolveu facilmente todos os presentes num animado<br />
trabalho de reflexão conjunta, a que o mesmo deu o título: «Sob o signo do<br />
acolhimento... é Natal!»<br />
Em perfeita sintonia com o Projecto Pastoral Diocesano, que propõe o Acolhimento<br />
como a principal atitude a cultivar ao longo deste ano, e porque era Natal,<br />
foi sobre o acolhimento que se falou e se reflectiu. E a síntese da reflexão foi assim<br />
resumida pelo Padre Brites no pequeno texto que deixou aos participantes: «Como<br />
Maria, que acolheu com o seu SIM a Palavra de Deus e a fez frutificar para nós, saibamos,<br />
como frágeis vasos de barro, reconstruir o coração para acolher o dom que<br />
Ele nos oferece e o derramar sobre todos os que connosco se cruzam».<br />
No final, todos viveram com intensidade a celebração Eucarística, e continuaram<br />
o encontro com o jantar de Natal, num restaurante dos Marinheiros.<br />
232 | LEIRIA-FÁTIMA • 39 |