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Fé na beleza espiritual e moral da vida - Diocese Leiria-Fátima

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ANO XVIII • NÚMERO 49 • janeiro / junho • 2010• Destaque • Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>: Rosto(s) <strong>da</strong> Igreja Diocesa<strong>na</strong> • pág. 63<strong>Fé</strong> <strong>na</strong> <strong>beleza</strong><strong>espiritual</strong> e <strong>moral</strong><strong>da</strong> vi<strong>da</strong>• Decretos • aprovação • pág. 11Estatutos do Conselho Pastoral Diocesano• Documentos • Orientações Pastorais • pág. 26Celebrações <strong>da</strong> Eucaristia Dominical• Teologia/Pastoral • Ordem <strong>da</strong> Visitação foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> há 4 séculos • pág. 99Entrega a Deus, <strong>na</strong> humil<strong>da</strong>de e simplici<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>• História • Saul Gomes • pág. 109<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> – contributos documentaisDOCUMENTOS • decretos • escritos episcopais • VIDA ECLESIAL • notícias • entrevistas • REFLEXÕES • teologia/pastoral • história • DO


<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Órgão Oficial <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>ANO XVIII • NÚMERO 49 • JANEIRO / JUNHO • 2010


Ficha Técnica|Director | Luís Inácio JoãoChefe de Re<strong>da</strong>cção | Luís Miguel FerrazAdministrador | Henrique Dias <strong>da</strong> SilvaConselho de Re<strong>da</strong>cção| Belmira de Sousa, Jorge Guar<strong>da</strong>, Luciano Cristino,Manuel Melquíades, Saul GomesCapa/Grafismo | Luís Miguel FerrazProprie<strong>da</strong>de/Editor | <strong>Diocese</strong> <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> / Gabinete de Apoio aos Serviços PastoraisSedePeriodici<strong>da</strong>de | Semestral| Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong> • 2414-011 <strong>Leiria</strong>Tel.: 244832760 • Fax: 244821102Correio Elec.: revista@leiria-fatima.ptTiragem | 330 exemplaresPreço | 6 euros (avulso) • 12 euros (assi<strong>na</strong>tura anual)Impressão | Tipografia de <strong>Fátima</strong>Depósito Legal | 64587/932 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


Índice. editorial .Rumo ao digital 5Documentos•••. decretos .Nomeações episcopais • Comissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Paz 9Nomeações episcopais • Cáritas Diocesa<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong> 10Decreto de Aprovação dos Estatutos • Conselho Pastoral Diocesano 11Nomeação episcopal • Pároco <strong>da</strong> Ortigosa 19Decreto de nomeação para o triénio 2010/2013 • Conselho Pastoral Diocesano 19. documentos pastorais .Mensagem dos Bispos <strong>da</strong>s <strong>Diocese</strong>s do Centro • Ano Sacerdotal - Quaresma de 2010 21Mensagem quaresmal • Quaresma Ecológica 23Orientações Pastorais • Celebrações <strong>da</strong> Eucaristia Dominical 26. escritos episcopais .Homilia de Ano Novo • Cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> criação, caminho para a paz 29Homilia <strong>na</strong>s exéquias de Monsenhor Henrique Fer<strong>na</strong>ndes <strong>da</strong> Fonseca • Homem de fé e pastor exemplar 33Discurso <strong>na</strong> toma<strong>da</strong> de posse • Comissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Paz e Cáritas Diocesa<strong>na</strong> 36Apelo do Bispo diocesano • Peregri<strong>na</strong>ção do Santo Padre a <strong>Fátima</strong> 39Homilia <strong>da</strong> Missa Crismal • Presbitério em comunhão e ao serviço <strong>da</strong> comunhão 40Visita Papal ao Santuário de <strong>Fátima</strong> • Sau<strong>da</strong>ção do Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> 45Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong> • Discurso i<strong>na</strong>ugural 46Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong> • Acolhimento <strong>da</strong> Virgem Peregri<strong>na</strong> 49Homilia • Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo 51. diversos .Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> • Santo Padre nomeia Monsenhor Manuel Gonçalves Janeiro 53Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> • Pia União <strong>da</strong>s Escravas do Divino Coração de Jesus 55Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> • P. Marcin Strachanowski 57Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> • Nomeações episcopais 58Comunicado do Conselho Presbiteral • Ano dedicado ao serviço à pessoa 60| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 3


ÍndiceVi<strong>da</strong> Eclesial•••. destaque .<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> mobilizou-se para a festa • <strong>Fé</strong> <strong>na</strong> <strong>beleza</strong> <strong>espiritual</strong> e <strong>moral</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> 63Falecimento • Monsenhor Henrique <strong>da</strong> Fonseca 67. especial .Visita Pastoral do Bispo à <strong>Diocese</strong> • Pela vigararia de Ourém… 69. serviços e movimentos .25 anos <strong>da</strong> sua fun<strong>da</strong>ção • Escola de Formação Teológica de Leigos 79Centro de Formação e Cultura e Escola Diocesa<strong>na</strong> Razões <strong>da</strong> Esperança 86Serviço Diocesano de Pastoral <strong>da</strong> Saúde 87Serviço Diocesano de Catequese 87Grupo Missionário Ondjoyetu 88Movimento dos Cursos de Cristan<strong>da</strong>de 89Convívios Fraternos Diocesanos 91Movimento <strong>da</strong>s Equipas de Nossa Senhora 92. entrevistas .Entrevista ao diácono Miguel Sottomayor“Espero que a minha vi<strong>da</strong> seja uma constante entrega a Cristo” 93Reflexões•••. teologia/pastoral .Entrega a Deus, <strong>na</strong> humil<strong>da</strong>de e simplici<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> 99Ordem <strong>da</strong> Visitação foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> há 4 séculos -Visita “guia<strong>da</strong>” ao interior do Convento <strong>da</strong> Batalha: O peso <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, a leveza de Deus -D. António Marto preside à celebração festiva <strong>na</strong> Batalha: “Oásis <strong>espiritual</strong> no deserto do mundo” -Entrevista à Superiora do Convento <strong>da</strong> Batalha: “Fazer subir até ao trono de Deus o «aroma <strong>da</strong>s virtudes»” -. história .<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong> – contributos documentais para a sua história 109Novos e antigos elementos para a história do castelo de <strong>Leiria</strong> 1414 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


EditorialRumo ao digitalTal como anunciado anteriormente, este será o último ano <strong>da</strong> publicaçãoem papel <strong>da</strong> revista “<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> – Órgão Oficial <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>”. A justificaçãofoi já apresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong> nossa edição número 47, de Janeiro/Junho de 2009,e prende-se, sobretudo, com a optimização de recursos materiais e rapidez deresposta que nos é, actualmente, permiti<strong>da</strong> pelo formato <strong>da</strong>s edições digitais.A edição presente, relativa ao primeiro semestre de 2010, apresenta-se jácom algumas opções editoriais condicio<strong>na</strong><strong>da</strong>s por essa perspectiva de alteraçãode formatos.Assim, <strong>na</strong> secção Documentos registamos, como usual, a documentaçãooficial <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>, os escritos episcopais e outros documentos de relevânciapastoral.Quanto à Vi<strong>da</strong> Eclesial, inclui-se ain<strong>da</strong> algum conteúdo noticioso, pensandosobretudo em deixar o registo histórico desse grande acontecimentoque foi a “Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong> – Rosto(s) <strong>da</strong> Igreja Diocesa<strong>na</strong>”. Publicam-se tambémas entrevistas aos párocos <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des onde o Bispo diocesano passouem Visita Pastoral, <strong>da</strong>ndo seguimento ao trabalho iniciado anteriormentenesta rubrica, bem como as informações envia<strong>da</strong>s pelos vários serviços emovimentos diocesanos. Mas não se apresentam já as notícias do resumodo semestre <strong>na</strong> <strong>Diocese</strong> e no Santuário de <strong>Fátima</strong>, tanto pelo desfasamentotemporal entretanto registado, como pelo facto de existirem outros meios defácil acesso a essas informações.Fi<strong>na</strong>lmente, <strong>na</strong> secção Reflexões, publica-se um trabalho de fundo relativoaos 400 anos <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Ordem <strong>da</strong> Visitação e dois artigos de divulgaçãode documentação histórica <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>.O número respeitante ao segundo semestre de 2010 está já <strong>na</strong> fase fi<strong>na</strong>l deprodução, pelo que, em breve, se <strong>da</strong>rá por concluído este projecto no modeloaté agora disponibilizado aos leitores. Nessa altura, divulgaremos a forma eas condições do novo projecto editorial do Órgão Oficial <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>.A Re<strong>da</strong>cção| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 5


Editorial


Documentos. decretos . documentos pastorais .. escritos episcopais . diversos .


. decretos .DocumentosNomeações episcopaisComissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e PazAntónio Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, faz saberquanto segue:Sendo necessário constituir uma nova Comissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Pazpara o triénio 2010-2012, havemos por bem nomear as seguintes pessoas paraa integrar: Doutor Eugénio Pereira Lucas (Presidente), Dr.ª Mavíldia Carreira<strong>da</strong> Costa Frazão, Dr.ª Maria A<strong>na</strong> Carvalho de Castro Barra<strong>da</strong>s Toledo Rolla,Dr. Carlos Magalhães de Carvalho, Ambrósio Jorge dos Santos, P. Dr. LuísInácio João.Esta Comissão é um organismo laical <strong>da</strong> Igreja diocesa<strong>na</strong> com os seguintesobjectivos: sensibilizar a comuni<strong>da</strong>de diocesa<strong>na</strong> e a socie<strong>da</strong>de para osproblemas de justiça nela sentidos; promover e defender os valores <strong>da</strong> justiçae <strong>da</strong> paz, numa reflexão de inspiração cristã; reflectir e divulgar a Doutri<strong>na</strong>Social <strong>da</strong> Igreja; incentivar o compromisso dos cristãos <strong>na</strong> construção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,<strong>da</strong> política e <strong>da</strong> economia; promover uma análise crítica, inspira<strong>da</strong>no humanismo cristão, dos fenómenos sociais. Na sua acção deverá ter emconta as orientações do Magistério <strong>da</strong> Igreja, nomea<strong>da</strong>mente do PontifícioConselho Justiça e Paz, procurando agir em coorde<strong>na</strong>ção com a ComissãoNacio<strong>na</strong>l Justiça e Paz.Fazemos votos de que esta Comissão possa <strong>da</strong>r um bom contributo para arealização destes objectivos.<strong>Leiria</strong>, 2 de Fevereiro de 2010† António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 9


. decretos .Nomeações episcopaisCáritas Diocesa<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong>António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, faz saberquanto segue:Sendo necessário constituir novos corpos sociais <strong>da</strong> Cáritas Diocesa<strong>na</strong> de<strong>Leiria</strong>, para o triénio 2010-2012, nomeamos os seguintes elementos:DirecçãoPresidente: Dr. Júlio Coelho MartinsVice-Presidente: Dr.ª Margari<strong>da</strong> Maria Oliveira Faria Marques RamosSecretário: Dr. Lúcio Manuel Santos Ribeiro AlvesTesoureiro: Dr. Pedro Manuel de Melo Nogueira SantosVogais: Joaquim Ma<strong>da</strong>íl Brilhante PedrosaDr.ª Lucia<strong>na</strong> Margari<strong>da</strong> Lopes Almei<strong>da</strong> dos SantosDr. Manuel Nogueira Gonçalves dos SantosNuno Miguel Vieira dos SantosPedro José Grasi<strong>na</strong> BarrosEng.º Pedro Nuno Carreira AscensoConselho FiscalPresidente: Dr.ª Rosa Maria de Sousa Brilhante PedrosaVogais: Carlos Pereira MendesHenrique Dias <strong>da</strong> SilvaAssistente: P. Dr. Luís Inácio JoãoEstes cargos devem ser exercidos de acordo com os Estatutos, respeitandoas normas diocesa<strong>na</strong>s e as orientações do Bispo diocesano.<strong>Leiria</strong>, 2 de Fevereiro de 2010† António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>10 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. decretos .Decreto de Aprovação dos Estatutos doConselho Pastoral DiocesanoDom António Augusto dos Santos Marto, bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, faz saberquanto segue:Tendo sido oportu<strong>na</strong> e cui<strong>da</strong>dosamente revisto, em sede própria e de acordocom as normas canónicas em vigor, o texto dos Estatutos do Conselho PastoralDiocesano aprovado pelo meu predecessor em 1 de Agosto de 1997, de modoa torná-lo um instrumento mais adequado às actuais exigências e necessi<strong>da</strong>despastorais <strong>da</strong> nossa <strong>Diocese</strong>, havemos por bem, por meio deste Decreto:1. Aprovar e promulgar os presentes Estatutos do CONSELHO PASTO-RAL DIOCESANO de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, que entrarão de imediato em vigor;2. Man<strong>da</strong>r que se proce<strong>da</strong>, de acordo com as disposições estatutárias, àsrespectivas eleições previstas nos artigos 9-10, e que os resultados consig<strong>na</strong>dosem acta nos sejam comunicados.<strong>Leiria</strong>, 26 de Fevereiro de 2010† António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>DocumentosESTATUTOSPREÂMBULO1. São Paulo, ao escrever aos cristãos de Éfeso a propósito do papel doscarismas e ministérios <strong>na</strong> edificação e organização <strong>da</strong> Igreja como corpo visívelde Cristo, recor<strong>da</strong>-lhes: “A ca<strong>da</strong> um de nós foi <strong>da</strong><strong>da</strong> a graça, segundo amedi<strong>da</strong> do dom de Cristo. (...) E foi Ele que a uns constituiu como Apóstolos,Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, em ordem a preparar os santospara uma activi<strong>da</strong>de de serviço, para a construção do Corpo de Cristo, até quecheguemos todos à uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fé e do conhecimento do Filho de Deus, aohomem adulto, à medi<strong>da</strong> completa <strong>da</strong> plenitude de Cristo. (...) É por Ele queo Corpo inteiro, bem ajustado e unido, por meio de to<strong>da</strong>s as junturas, opera oseu crescimento orgânico segundo a activi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s partes, a fimde se edificar <strong>na</strong> cari<strong>da</strong>de” (Ef 4, 7.11-13.15).2. O decreto sobre O Múnus Pastoral dos Bispos <strong>na</strong> Igreja (Christus Dominus),do Concílio Vaticano II, reconhecendo os Bispos como legítimossucessores dos Apóstolos, exorta-os a serem para os seus fiéis, no exercíciodo seu múnus, “bons pastores que conhecem as suas ovelhas e por elas sãoconhecidos como ver<strong>da</strong>deiros pais (...), de tal modo que todos, conscientes| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 11


. decretos .dos seus deveres, vivam e operem em comunhão de cari<strong>da</strong>de” (CD 16). E,para que possam desempenhar com solicitude esta missão que lhes foi confia<strong>da</strong>por instituição divi<strong>na</strong>, o mesmo documento aconselha-os a conhecerembem as necessi<strong>da</strong>des dos seus fiéis, dentro <strong>da</strong>s circunstâncias sociais em quevivem, mostrando interesse por todos, reconhecendo-lhes a obrigação e o direitode colaborarem activamente <strong>na</strong> edificação do Corpo místico de Cristo efavorecendo as várias formas de apostolado em to<strong>da</strong> a diocese e em ca<strong>da</strong> uma<strong>da</strong>s suas partes, coorde<strong>na</strong>ndo a união de to<strong>da</strong>s as obras apostólicas (cf Idem),de maneira que – sublinha – “to<strong>da</strong>s as iniciativas e instituições de carácter catequético,missionário, caritativo, social, familiar ou escolar, e qualquer outrotrabalho com fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de pastoral, tenham um desenvolvimento harmónico,o que ao mesmo tempo fará sobressair mais a uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> diocese” (CD 17).3. Acolhendo a referi<strong>da</strong> doutri<strong>na</strong> eclesiológica de São Paulo, o mesmodecreto conciliar recomen<strong>da</strong> aos Bispos que em to<strong>da</strong>s as dioceses se estabeleçaum Conselho pastoral, presidido pelo Bispo diocesano e formado porclérigos, religiosos e leigos (cf CD 27), definindo como sua principal missão“investigar e apreciar tudo o que diz respeito às activi<strong>da</strong>des pastorais e formularconclusões práticas” (ibidem). Esta recomen<strong>da</strong>ção foi acolhi<strong>da</strong> peloCódigo de Direito Canónico, sob a forma de lei universal para to<strong>da</strong> a Igreja,nos cânones 511-514, os quais sublinham o seu carácter necessário comoórgão consultivo do Bispo.4. Assim, podemos definir o Conselho Pastoral Diocesano (CPD) comoum órgão significativo de aju<strong>da</strong> ao Bispo, no desempenho do seu ministérioapostólico, no qual, a participação eclesial de todos os fiéis (que é um direitoe dever de todos os baptizados), através do aconselhamento <strong>na</strong> Igreja, não sóé necessária como fun<strong>da</strong>mental, em vista a um discernimento para o serviçodo Evangelho que deve ser preocupação comum. De facto, em virtude <strong>da</strong> suaincorporação <strong>na</strong> Igreja pelo Baptismo, todos os fiéis – leigos, clérigos e religiosos– estão habilitados a participar realmente e a construir, dia-a-dia, a comuni<strong>da</strong>dediocesa<strong>na</strong>, pelo que o seu contributo é precioso e imprescindível.5. O CPD tem pois, um duplo significado <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> e organização <strong>da</strong> Igreja:por um lado, representa a imagem <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> comunhão <strong>da</strong> Igrejadiocesa<strong>na</strong>, <strong>da</strong> qual é expressão <strong>na</strong> varie<strong>da</strong>de dos seus membros; por outrolado, e apesar do carácter consultivo que o caracteriza, o CPD deve ser uminstrumento privilegiado <strong>da</strong> comum decisão pastoral, onde o ministério <strong>da</strong>cabeça, próprio do Bispo - no desempenho <strong>da</strong> presidência -, e a co-responsabili<strong>da</strong>dede todos os seus membros, devem encontrar a sua síntese, de modoque, todos “vivam e operem em comunhão de cari<strong>da</strong>de” (CD 16).12 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. decretos .Capítulo INaturezaArtigo 1.°O Conselho Pastoral Diocesano (CPD) é um órgão consultivo auxiliar doBispo, que a ele preside, como expressão <strong>da</strong> co-responsabili<strong>da</strong>de apostólicade todos os baptizados <strong>na</strong> comunhão eclesial.Artigo 2.°O CPD rege-se pelo Direito e demais orientações universais <strong>da</strong> Igreja,por estes Estatutos e outras normas que vierem a ser estabeleci<strong>da</strong>s pelo Bispodiocesano.DocumentosArtigo 3.°O CPD tem voto consultivo. Pode, porém, o Bispo diocesano atribuir-lheforça deliberativa, comunicando previamente ao Conselho essa sua decisão.Artigo 4.°O CPD tem a sua sede no Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>.Capítulo IICompetências e funçõesArtigo 5.ºÉ <strong>da</strong> competência do CPD estu<strong>da</strong>r e apreciar o que diz respeito às principaisorientações e activi<strong>da</strong>des pastorais <strong>na</strong> <strong>Diocese</strong>, em ordem a tor<strong>na</strong>r maisadequado e frutuoso o cumprimento <strong>da</strong> missão eclesial em favor <strong>da</strong>s pessoas(cf cân. 511).Artigo 6.°São funções do CPD:a) Aju<strong>da</strong>r o Bispo diocesano a definir as orientações pastorais comuns atodos, mediante o projecto pastoral e outros instrumentos.b) Promover o discernimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>, tirar conclusõespráticas sobre ela e indicar os caminhos pastorais a seguir.c) Possibilitar a partilha de experiências, projectos e preocupações dos diversosgrupos ou agentes <strong>da</strong> pastoral profética, litúrgica e sócio-caritativa.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 13


. decretos .d) Dar parecer sobre o programa anual de acção pastoral <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>.e) Avaliar periodicamente os resultados <strong>da</strong>s orientações defini<strong>da</strong>s, dosprogramas e <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s.Artigo 7.°No exercício <strong>da</strong>s suas funções, o CPD contará com o apoio e colaboraçãode to<strong>da</strong>s as estruturas do Povo de Deus, públicas ou priva<strong>da</strong>s, podendo mesmoconstituir comissões especiais.Capítulo IIIConstituiçãoArtigo 8.ºO CPD é constituído por leigos, clérigos e membros dos Institutos de Vi<strong>da</strong>Consagra<strong>da</strong>, de modo a retratar a varie<strong>da</strong>de do Povo de Deus <strong>na</strong> <strong>Diocese</strong>,segundo as condições sociais, culturais e de apostolado, e as diferentes zo<strong>na</strong>s(cf cân. 512).§ único. Só devem ser escolhidos fiéis que estejam em ple<strong>na</strong> comunhãocom a Igreja Católica e se distingam pela firmeza de fé, bons costumes eprudência (cf cân. 512 § 3).Artigo 9.°São membros do CPD:§ 1. Em função do seu cargo:a) Vigário Geral.b) Vigário judicial.b) Reitor do Seminário.c) Reitor do Santuário de <strong>Fátima</strong>.§ 2. Por eleição:a) Um representante do Conselho Presbiteral.b) Um representante dos Vigários <strong>da</strong> vara.c) Um representante do Conselho de Coorde<strong>na</strong>ção Pastoral.d) Um leigo representante de ca<strong>da</strong> vigararia, eleito em assembleiaconstituí<strong>da</strong> pelos conselhos pastorais paroquiais, presidi<strong>da</strong> pelo respectivovigário.e) Um representante de ca<strong>da</strong> um dos seguintes departamentos diocesanos,indicados pelos respectivos directores: educação cristã, pas-14 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. decretos .toral juvenil e escolar, pastoral familiar, liturgia, vocações cristãs epastoral social.f) Um representante dos institutos de vi<strong>da</strong> consagra<strong>da</strong> masculinos, outrodos femininos e outro dos seculares, indicados pela respectivaconferência diocesa<strong>na</strong> (CIRP) ou equivalente.g) Três representantes <strong>da</strong>s associações de fiéis, movimentos apostólicose novas comuni<strong>da</strong>des, eleitos em assembleia de responsáveis,convoca<strong>da</strong> e presidi<strong>da</strong> pelo director do departamento diocesano <strong>da</strong>svocações cristãs.§ 3. Por nomeação:Os que o Bispo diocesano queira desig<strong>na</strong>r, sendo desejável que o seunúmero não ultrapasse um décimo do total e que as pessoas escolhi<strong>da</strong>sprovenham de áreas não abrangi<strong>da</strong>s pelo § 2.DocumentosArtigo 10.º§ 1. De ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s eleições a que se refere o § 2 do artigo 9.º, deverálavrar-se uma acta, assi<strong>na</strong><strong>da</strong> pelo presidente ou pelo secretário, <strong>na</strong> qualdevem constar os resultados do escrutínio, com a indicação do número depresenças e ausências, nome dos eleitos, sua <strong>da</strong>ta de <strong>na</strong>scimento, profissão,endereço postal e electrónico e número de telefone e/ou de telemóvel. O presidenteprovidenciará pelo envio, o mais rápido possível, dessa acta à Secretariaepiscopal.§ 2. As eleições serão feitas por sufrágio directo, escrito e secreto.§ 3. Todos os membros eleitos deverão ser confirmados pelo Bispo Diocesano.Artigo 11.º§ 1. O CPD é constituído pelo prazo de três anos.§ 2. Os membros do CPD podem sempre ser nomeados de novo ou reeleitos.§3. Ao vagar a Sede Episcopal, o CPD cessa as suas funções (cf cân. 513 § 2).Artigo 12.º§ 1. Os membros do CPD cessam o man<strong>da</strong>to:a) Por demissão ou por renúncia aceite pelo Bispo diocesano;b) Por cessação do respectivo cargo, os membros <strong>na</strong>tos;c) Por deixarem de pertencer ao grupo que os elegeu.§ 2. As vagas serão preenchi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesma forma <strong>da</strong> anterior desig<strong>na</strong>ção,mas ape<strong>na</strong>s para completar o man<strong>da</strong>to.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 15


. decretos .Capítulo IVOrganizaçãoArtigo 13.ºSão órgãos constitutivos do CPD:a) O Presidente.b) O Secretariado Permanente.c) O Plenário.Artigo 14.ºCompete ao Presidente, que é sempre o Bispo Diocesano:a) Aprovar e promulgar os Estatutos.b) Confirmar os membros a que se refere o artigo 9.º § 2.c) Desig<strong>na</strong>r os membros <strong>da</strong> sua escolha, conforme o artigo 9.° § 3.d) Nomear o Secretário.e) Convocar as reuniões do Plenário e aprovar a agen<strong>da</strong> de trabalhos.f) Presidir, por si, por seus vigários ou delegados, a essas reuniões.g) Aprovar e tor<strong>na</strong>r públicas as conclusões toma<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s reuniões plenárias.h) Coorde<strong>na</strong>r superiormente to<strong>da</strong> a activi<strong>da</strong>de do CPD.Artigo 15.ºO Secretariado Permanente é constituído pelo Secretário e mais doismembros do CPD, eleitos pelo Plenário <strong>na</strong> sua primeira reunião ordinária; omais votado será o Secretário-Adjunto.Artigo 16.ºCompete ao Secretariado Permanente:a) Recolher as manifestações e desejos, opiniões e pareceres dos diocesanos,através dos membros do CPD e por outros meios legítimos.b) Preparar as reuniões, incluindo a agen<strong>da</strong>, tendo em conta os elementosrecolhidos segundo a sua importância e urgência.c) Colaborar, segundo as suas competências, <strong>na</strong> execução <strong>da</strong>s decisõestoma<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s reuniões plenárias.d) Dar parecer ao Presidente, sempre que solicitado, disponibilizando-separa to<strong>da</strong>s as formas de colaboração pastoral.§ único. O Secretariado Permanente reunir-se-á de acordo com as necessi<strong>da</strong>despara o cumprimento <strong>da</strong>s tarefas que lhe incumbem.16 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. decretos .Artigo 17.ºCompete ao Secretário do CPD:a) Moderar as reuniões plenárias do CPD e do Secretariado Permanente.b) Orientar a preparação <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> de trabalhos <strong>da</strong>s reuniões ordináriasdo Plenário e submetê-la à aprovação do Presidente, em conformi<strong>da</strong>decom os artigos 15.º e) e 16.º b).c) Convocar as reuniões do Secretariado Permanente e fixar a agen<strong>da</strong> detrabalhos.d) Di<strong>na</strong>mizar o trabalho, quer do Plenário, quer do Secretariado Permanente,em ordem a ao funcio<strong>na</strong>mento eficiente do CPD.Artigo 18.ºCompete ao Secretário-Adjunto:a) Auxiliar o Secretário em tudo o que lhe for solicitado e substituí-lo emcaso de impedimento.b) Redigir as actas <strong>da</strong>s reuniões do Secretariado Permanente e do Plenário.c) Enviar as convocatórias e demais correspondência.d) Orde<strong>na</strong>r e guar<strong>da</strong>r os documentos <strong>na</strong> sede do CPD, nomea<strong>da</strong>menterelatórios, informações e correspondência.e) Assi<strong>na</strong>r com o Presidente e o Secretário as actas do Plenário e com oSecretário as actas do Secretariado Permanente, rubricando todos osdocumentos do Conselho.DocumentosArtigo 19.ºCompete ao Plenário:a) Fornecer a mais completa informação sobre as necessi<strong>da</strong>des, desejos,problemas e opiniões (cf LG 37) relativos à agen<strong>da</strong> de trabalhos.b) Colaborar no estudo e programação de projectos e acções pastorais epropor iniciativas.c) Pronunciar-se sobre o trabalho e projectos de comissões eventuais, segundoo artigo 7.°.d) Debater propostas e formular conclusões práticas, através de votaçãoou outra forma adequa<strong>da</strong> (cf LG 37; CD 27).| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 17


. decretos .Capítulo VFuncio<strong>na</strong>mentoArtigo 20.ºO CPD reunir-se-á, ordi<strong>na</strong>riamente, duas vezes por ano, e, extraordi<strong>na</strong>riamente,sempre que necessário.Artigo 21.ºA reunião ordinária do CPD deverá ser convoca<strong>da</strong> com um mínimo deum mês de antecedência, devendo, nessa ocasião, ser envia<strong>da</strong> a agen<strong>da</strong> detrabalho.§ único. No caso de julgar insuficiente a documentação sobre os temas <strong>da</strong>agen<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> membro poderá requerer ao Secretariado Permanente as informaçõesque lhe parecerem necessárias para estu<strong>da</strong>r os assuntos a debater. OSecretariado Permanente ajuizará <strong>da</strong> oportuni<strong>da</strong>de de as facultar.Artigo 22.ºCa<strong>da</strong> membro do CPD procurará actuar com eficácia e de modo responsável,quer tomando parte activa <strong>na</strong>s reuniões, quer enviando ao SecretariadoPermanente propostas, notas escritas, relatórios, comunicação de experiências,resultados de inquéritos e entrevistas, quer por outros meios legítimos.Capítulo VIDisposições fi<strong>na</strong>isArtigo 23.ºEstes Estatutos entram em vigor após a promulgação pelo Bispo Diocesanoe serão revistos sempre que for julgado necessário.Artigo 24.ºNos casos omissos ou duvidosos destes Estatutos, compete ao Bispo diocesanoo esclarecimento dos mesmos.18 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. decretos .Nomeação episcopalPároco <strong>da</strong> OrtigosaD. António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, faz saberquanto segue:Tendo em consideração o pedido de dispensa, por motivos de saúde, quenos foi apresentado pelo Rev.º Padre Fer<strong>na</strong>ndo Pereira Ferreira, dispensamolodo múnus de pároco <strong>da</strong> Paróquia de Ortigosa e nomeamos o Rev.º PadreIsidro <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de Alberto como administrador paroquial <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> paróquia,de acordo com os cân. 539 e 540 do C.I.C..Esta nomeação tem efeitos a partir <strong>da</strong> presente <strong>da</strong>ta e é váli<strong>da</strong> até à toma<strong>da</strong>de posse do novo pároco.<strong>Leiria</strong>, 28 de Março de 2010† António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>DocumentosDecreto de nomeação para o triénio 2010/2013Conselho Pastoral DiocesanoAntónio Augusto dos Santos Marto, Bispo <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>,faz saber quanto segue:Tendo em conta que a comunhão eclesial, para poder ser uma reali<strong>da</strong>deviva, orgânica e articula<strong>da</strong>, deve dispor de instrumentos de participação; sabendoque o Bispo <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> exerce o ministério <strong>da</strong> síntese ou <strong>da</strong> comunhãoe não a síntese dos ministérios, havemos por bem, de acordo com os cân. 511e 512 do C.I.C., constituir um novo Conselho Pastoral Diocesano, por tercessado o man<strong>da</strong>to do anterior. De acordo com o Art.º 9.º dos Estatutos desteórgão, nomeio os seguintes elementos para o integrarem:Em função do seu cargo:P. Dr. Jorge Manuel Faria Guar<strong>da</strong> (Vigário Geral)P. Dr. Fer<strong>na</strong>ndo Clemente Varela (Vigário Judicial)P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro (Seminário Diocesano)P. Dr. Virgílio do Nascimento Antunes (Reitor do Santuário de <strong>Fátima</strong>)| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 19


. decretos .Membros eleitos:P. Dr. Rui Acácio Amado RibeiroP. Dr. Orlandino Barbeiro BomP. Dr. José Henrique Domingues PedrosaGonçalo Nuno Caetano <strong>da</strong> SilvaJoaquim Carrasqueiro de SousaDr.ª Isabel Maria de Bastos ReisMaria I<strong>da</strong>li<strong>na</strong> Costa dos Santos GasparJoaquim Oliveira <strong>da</strong> SilvaAbílio Teixeira <strong>da</strong> CruzManuel Alexandre GameiroAntónio Araújo MonteiroMaria Vitória Cordeiro Ferreira SilvaIr.ª Maria Alzira Martins <strong>da</strong> CostaDr. Diogo Carvalho AlvesP. Dr. José Augusto Pereira RodriguesP. Doutor Carlos Manuel Pedrosa CabecinhasSérgio Manuel dos SantosDr. Júlio Coelho MartinsP. José Augusto LeitãoIr.ª Maria <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong>de MachadoLucin<strong>da</strong> de Lurdes Gonçalves TeixeiraCristóvão Conceição GinjaJoaquim Manuel de Magalhães Mexia AlvesFer<strong>na</strong>n<strong>da</strong> de Jesus Ferreira PedrosaMembros desig<strong>na</strong>dos pelo Bispo:Doutor Eugénio Pereira LucasAmbrósio Jorge dos SantosDr.ª Maria de <strong>Fátima</strong> dos Santos SismeiroO Conselho Pastoral Diocesano funcio<strong>na</strong>rá de acordo com os cân. 513 e514 do C.I.C e segundo os seus Estatutos em vigor. Entrará em funções <strong>na</strong>primeira sessão, para a qual serão convocados todos os membros.Esta nomeação é váli<strong>da</strong> pelo período de três anos.<strong>Leiria</strong>, 29 de Junho de 2010.† António Augusto dos Santos Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>20 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. documentos pastorais .Mensagem dos Bispos <strong>da</strong>s <strong>Diocese</strong>s do Centroaos Padres <strong>da</strong>s suas <strong>Diocese</strong>sAno Sacerdotal - Quaresma de 2010Como sabeis, nós, os Bispos <strong>da</strong>s vossas <strong>Diocese</strong>s, como expressão decomunhão entre nós, reunimo-nos todo os meses, indo a ca<strong>da</strong> diocese, pararezar, conviver, partilhar e reflectir os problemas pastorais comuns, sentidose vividos no dia-a-dia.Como estamos no Ano Sacerdotal e a iniciar o tempo <strong>da</strong> Quaresma, decidimos,numa <strong>da</strong>s nossas últimas reuniões, dirigir-vos uma mensagem frater<strong>na</strong> eamiga, como expressão de estima e de gratidão pela vossa colaboração diária e,ao mesmo tempo, como palavra de estímulo para o trabalho pastoral acrescidoque a todos é pedido neste tempo quaresmal, rumo à Páscoa do Senhor.A Quaresma é para vós tempo de maior esforço e aju<strong>da</strong> mútua, porquesois agora especialmente chamados a celebrar o sacramento <strong>da</strong> Reconciliação,com todo o significado que ele tem para a Igreja, para ca<strong>da</strong> um de nós epara os cristãos em geral.Parte essencial do exercício do ministério sacerdotal, tal como a celebração<strong>da</strong> Eucaristia, a celebração <strong>da</strong> Reconciliação convi<strong>da</strong>-nos, não só adeixarmo-nos penetrar de entranhas de misericórdia para os que procuram operdão de Deus, mas, também, ao exercer tão maravilhoso serviço pastoral, aprocurar a nossa própria santificação.Falando aos confessores <strong>da</strong> diocese de Roma (20.3.1989), João Paulodisse-lhes: “Ao comunicarmos aos fiéis a graça e o perdão no sacramento <strong>da</strong>Penitência, realizamos a acção cimeira do nosso sacerdócio, depois <strong>da</strong> celebração<strong>da</strong> Eucaristia… Eu diria que o sacerdote, ao perdoar os pecados, vaide certo modo para além do já sublime ofício de embaixador de Cristo, umavez que quase alcança uma identificação mística com Cristo”. Esta palavra étambém para todos nós, ministros do perdão de Deus.O exemplo do Santo Cura de Ars é, particularmente neste campo, muitoestimulante. Para além do cumprimento dos outros deveres pastorais, eletornou-se, como confessor, ponto de encontro com Deus de todos os penitentesque, idos de muitos lados, o procuravam atraídos pela sua santi<strong>da</strong>de. Elesabia traduzir, de modo simples, um profundo sentido de Deus, rico em mise-Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 21


. documentos pastorais .ricórdia, proporcio<strong>na</strong>ndo aos penitentes acolhimento fraterno, compreensãopaciente e orientação segura para as suas vi<strong>da</strong>s.Estamos conscientes, apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des pastorais senti<strong>da</strong>s neste ministério,em razão de uma tradição pouco esclareci<strong>da</strong>, bem como <strong>da</strong> crescente insensibili<strong>da</strong>deao pecado, que a confissão sacramental é sempre um acontecimentode graça para os que procuram a graça do perdão e <strong>da</strong> reconciliação com Deus.Sede, caríssimos padres, diligentes e generosos, não só no tempo quaresmal,mas ao longo do ano pastoral, proporcio<strong>na</strong>ndo aos cristãos temposadequados, frequentes e com horários acessíveis para que se possam abeirardo sacramento <strong>da</strong> Reconciliação.Se procurarmos nós próprios ser fiéis à celebração pessoal <strong>da</strong> Reconciliação,a misericórdia de Deus, pela experiência <strong>espiritual</strong> vivi<strong>da</strong>, mol<strong>da</strong> o nossocoração e, à imitação de Cristo para com os pecadores, conduz-nos à maiorcompreensão dos penitentes e ao acolhimento fraterno. Todos temos experiência<strong>da</strong> alegria pessoal senti<strong>da</strong>, ao vermos um pecador que se converte e encontrapaz interior no perdão recebido e no amor reencontrado. Quantos frutosproduz este apostolado silencioso do confessionário! Nem nós, mediadores deDeus, Pai rico em misericórdia, o saberemos alguma vez por completo.Este apelo à generosi<strong>da</strong>de e prontidão <strong>na</strong> celebração <strong>da</strong> Reconciliaçãopretende, também, aju<strong>da</strong>r a fideli<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> um ao dom recebido <strong>na</strong> orde<strong>na</strong>çãosacerdotal. Se <strong>na</strong> celebração sacramental se experimenta ao vivo afideli<strong>da</strong>de de Jesus Cristo, Redentor do homem pecador, não pode este seugesto ser senão mais um estímulo à nossa fideli<strong>da</strong>de a Deus e aos irmãos.A dignificação do Sacramento <strong>da</strong> Penitência, em relação ao qual se vaisentindo menor apreço por parte de muitos cristãos, não se poderá operarsem o contributo pessoal e colectivo dos ministros <strong>da</strong> Igreja que nele operam,como mediadores necessários do perdão de Deus.Preparai-vos <strong>espiritual</strong>mente para ca<strong>da</strong> celebração, aju<strong>da</strong>i também os penitentesa prepararem-se para sentirem, em ver<strong>da</strong>de, a dor pelos pecados cometidose o propósito de conversão, e fazei que cresça em todos a confiança<strong>na</strong> misericórdia de Deus, nosso Pai.Desejamos que a Páscoa que se aproxima aumente em vós a alegria do vossosacerdócio e, a exemplo de Cristo, a contínua e generosa dedicação aos irmãos.Unidos ao Senhor e procurando ser fiéis ao seu projecto de salvação universal,vos sau<strong>da</strong>mos com a expressão <strong>da</strong> nossa estima frater<strong>na</strong>.16 de Fevereiro de 2010Os Bispos, diocesanos e eméritos, de Aveiro, Coimbra, Guar<strong>da</strong>,<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, Portalegre e Castelo Branco e Viseu22 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. documentos pastorais .Mensagem quaresmalQuaresma Ecológica1. Para uma ecologia <strong>espiritual</strong>Na Quarta-feira de Cinzas, nós, os cristãos entramos em Quaresma. É umtempo de interiori<strong>da</strong>de de 40 dias que prepara a festa <strong>da</strong> Páscoa, a celebrar decoração purificado e renovado.Reveste a forma de um retiro, pessoal e comunitário, de um itinerário <strong>espiritual</strong>para pôr ordem <strong>na</strong> confusão, para estabelecer relações transparentes,justas e frater<strong>na</strong>s, para saborear o repouso e o silêncio meditativos afi<strong>na</strong>ndoos critérios de vi<strong>da</strong> pelo Evangelho. Numa palavra, para experimentar a existênciaautêntica que nos dá a felici<strong>da</strong>de.Assim entendi<strong>da</strong>, a Quaresma adquire a to<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de uma ver<strong>da</strong>deiraecologia do espírito. Como diz o Santo Padre Bento XVI: “ Tal como existeuma poluição atmosférica que envene<strong>na</strong> o ambiente e os seres vivos, assimexiste uma poluição do coração e do espírito que mortifica e envene<strong>na</strong> a existência<strong>espiritual</strong>”. Nós e o nosso mundo temos necessi<strong>da</strong>de de uma ecologia<strong>espiritual</strong> para regenerar as nossas energias espirituais e morais.Para isso, a pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Quaresma sugere-nos três exercícios espirituaisclássicos: a oração, como escuta de Deus; o jejum, como sobrie<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>e de consumo; e a esmola, como partilha frater<strong>na</strong>. São três palavras-atitudes agravar no nosso coração, como ver<strong>da</strong>deiro caminho para uma ecologia <strong>espiritual</strong>que nos permita respirar o ar puro do espírito, que é o amor <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de,e crescer <strong>na</strong> abertura a Deus e aos outros.Documentos2. “Viver em comunhão <strong>na</strong> Igreja”: retiro <strong>espiritual</strong> do povo de DeusPorém, é <strong>na</strong> escuta mais frequente <strong>da</strong> Palavra de Deus que melhor seexprime o espírito <strong>da</strong> Quaresma. Com efeito, a Palavra desperta a fé, suscitaa vontade de conversão, propõe o significado do mistério pascal de Cristopara nós hoje, provoca o diálogo <strong>da</strong> oração, gera a comunhão <strong>na</strong> Igreja e nomundo.O presente Ano Pastoral é dedicado a descobrir a <strong>beleza</strong> <strong>da</strong> Igreja deJesus como mistério de comunhão de Deus com os homens e dos homens| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 23


. documentos pastorais .entre si e a promover a comunhão e a corresponsabili<strong>da</strong>de em ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>decristã. Para isso é necessário, antes de mais, cultivar a <strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>comunhão como dom de Deus que purifica e liberta to<strong>da</strong>s as nossas relaçõesdo egoísmo e do individualismo, <strong>da</strong> indiferença e <strong>da</strong> divisão, e nos abre ocoração à universali<strong>da</strong>de do amor e do serviço.Neste sentido, continuamos a propor o “retiro do Povo de Deus”, intitulado“Viver em comunhão <strong>na</strong> Igreja”, sob a forma <strong>da</strong> leitura orante efamiliar <strong>da</strong> Palavra de Deus (lectio divi<strong>na</strong>) em pequenos grupos. Peço aospárocos o melhor empenho <strong>na</strong> sua preparação e promoção. E faço votos deuma participação ca<strong>da</strong> vez maior.Este retiro contribui para a ecologia <strong>da</strong>s relações interpessoais, familiarese comunitárias.3. Fraterni<strong>da</strong>de e entreaju<strong>da</strong>: a renúncia quaresmalO Santo Padre lembra-nos uma outra dimensão <strong>da</strong> Quaresma <strong>na</strong> sua mensagempara este ano, sobre a justiça, o amor e a reconciliação. Aí afirma:“Fortalecido por esta experiência (do Amor que recebe de Deus), o cristão élevado a contribuir para a formação de socie<strong>da</strong>des justas, onde todos recebemo necessário para viver segundo a digni<strong>da</strong>de própria <strong>da</strong> pessoa huma<strong>na</strong> eonde a justiça é vivifica<strong>da</strong> pelo amor”.É um chamamento à justiça como virtude pessoal e social. Mas não bastaa justiça para construir uma socie<strong>da</strong>de frater<strong>na</strong>. Tor<strong>na</strong>-se necessária a gratui<strong>da</strong>dedo dom, do amor, <strong>da</strong> partilha, <strong>da</strong> entreaju<strong>da</strong>. Este aspecto dá uma maioractuali<strong>da</strong>de à Quaresma cristã neste “Ano de combate à pobreza e à exclusãosocial”.Assim, por decisão do conselho presbiteral, a colecta <strong>da</strong> renúncia quaresmalé desti<strong>na</strong><strong>da</strong> à reconstrução do povo e <strong>da</strong> Igreja do Haiti, devastados pelacatástrofe do recente terramoto.Também este gesto é expressão <strong>da</strong> ecologia <strong>espiritual</strong> <strong>da</strong> justiça e <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de.4. Peregri<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> esperança: acolher o Papa peregrino de <strong>Fátima</strong>Um outro gesto <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong> quaresmal é a tradicio<strong>na</strong>l Peregri<strong>na</strong>çãoDiocesa<strong>na</strong> a <strong>Fátima</strong>, no próximo dia 21 de Março.Uma peregri<strong>na</strong>ção é uma longa oração feita porventura a pé e com ospés. Mas é sobretudo uma experiência <strong>espiritual</strong> no mais profundo de nós24 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. documentos pastorais .mesmos. É-se peregrino antes de mais com a mente e com o coração em ordema um encontro libertador com Deus. Na peregri<strong>na</strong>ção, tudo começa porum pôr-se a caminho, por um despertar <strong>espiritual</strong> em resposta a um apelo ouimpulso divino.A peregri<strong>na</strong>ção diocesa<strong>na</strong> é uma marcha solidária de um povo de peregrinosque caminham juntos ao encontro <strong>da</strong> Mãe do Bom Conselho para comela renovarem a sua fé, fazerem a revisão de vi<strong>da</strong>, saborearem a experiênciaviva <strong>da</strong>quela comunhão que constitui o coração <strong>da</strong> Igreja.Em Maio será o próprio Papa que virá em peregri<strong>na</strong>ção a <strong>Fátima</strong>, comoSucessor do Apóstolo S. Pedro, que preside à cari<strong>da</strong>de e à comunhão <strong>da</strong> Igrejauniversal.“Quando o Papa se faz peregrino, <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de de Pastor universal <strong>da</strong>Igreja, é to<strong>da</strong> a Igreja que peregri<strong>na</strong> com ele. Por isso, esta sua peregri<strong>na</strong>çãoreveste um grande significado pastoral, doutri<strong>na</strong>l e <strong>espiritual</strong>”, afirmam osbispos em nota pastoral. A este aspecto acresce a feliz coincidência com odécimo aniversário <strong>da</strong> beatificação dos pastorinhos e o centésimo aniversáriodo <strong>na</strong>scimento <strong>da</strong> beata Jacinta.Nós, diocesanos de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, somos os primeiros anfitriões de tãoilustre e estimado peregrino. Queremos pois acolhê-lo com alegria, entusiasmoe devoção filial. O melhor testemunho do nosso afecto e acolhimento seráa participação <strong>na</strong>s celebrações de 12 e 13 de Maio, <strong>da</strong>ndo assim expressãoviva ao lema escolhido para a visita do Papa a Portugal: “Contigo, caminhamos<strong>na</strong> esperança”.Vamos colocar, desde já, o feliz êxito desta peregri<strong>na</strong>ção do Santo Padre<strong>na</strong> nossa oração pessoal e <strong>na</strong> oração universal dos fiéis em ca<strong>da</strong> domingo:“Para que a próxima peregri<strong>na</strong>ção do Santo Padre a <strong>Fátima</strong> ajude a reavivar afé, a animar a esperança, a di<strong>na</strong>mizar a cari<strong>da</strong>de e a fortalecer a nossa comunhão,oremos ao Senhor”.Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, Mãe <strong>da</strong> confiança e Estrela de esperança, nosacompanhe no caminho <strong>da</strong> conversão quaresmal!<strong>Leiria</strong>, 17 de Fevereiro de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 25


. documentos pastorais .Orientações PastoraisCelebrações <strong>da</strong> Eucaristia DominicalAos sacerdotes diocesanos,Aos sacerdotes religiosos,Às religiosas,Aos conselhos pastorais paroquiaisJesus, quando realizou a Última Ceia, ordenou aos seus discípulos: “Fazeiisto em memória de Mim” (Lc 22,19; 1 Cor 11,25). A Igreja, sob a orientaçãodo Espírito Santo, obedecendo àquele man<strong>da</strong>do, deu continui<strong>da</strong>de ao actoe ao dom de Jesus com a celebração <strong>da</strong> Eucaristia. Nela, ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de defiéis encontra-se com o seu Senhor, recebe o dom que Ele faz de si mesmo eacolhe, <strong>na</strong> fé, a revelação do amor infinito de Deus por ca<strong>da</strong> pessoa.A Eucaristia é assim, para os fiéis católicos, expressão e alimento <strong>da</strong> fé,memorial de Cristo vivo e acto de louvor a Deus, fonte de vi<strong>da</strong> segundoDeus e de testemunho do seu amor no mundo (cf. Bento XVI, Sacramento<strong>da</strong> Cari<strong>da</strong>de).Reconhecendo nela um preciosíssimo dom <strong>espiritual</strong>, a Igreja, sob a presidênciade um sacerdote, celebra-a em ca<strong>da</strong> dia e, de modo mais festivo, emtodos os domingos e soleni<strong>da</strong>des.Ao Domingo, efectivamente, por ser o dia <strong>da</strong> Ressurreição do Senhor, éimportante que os fiéis cristãos se reú<strong>na</strong>m para a celebração <strong>da</strong> presença vivado Ressuscitado no meio deles e ain<strong>da</strong> para exprimir a própria identi<strong>da</strong>deeclesial como “assembleia convoca<strong>da</strong> pelo Senhor ressuscitado”. A Eucaristia,a que se chama também Missa, é, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, a “alma do Domingo” (cf.João Paulo II, O Dia do Senhor). Por isso, nesse dia, todo o cristão deveráfazer o possível para participar <strong>na</strong> celebração eucarística.Ao longo do tempo, multiplicaram-se os lugares onde os fiéis se reúnem“no amor de Cristo”, para a Santa Missa. Presentemente, to<strong>da</strong>via, deparamonos,por um lado, com uma maior exigência de quali<strong>da</strong>de litúrgica e <strong>espiritual</strong>em relação às celebrações e, por outro, com uma diminuição <strong>da</strong> frequência<strong>da</strong>s celebrações litúrgicas por parte de muitos católicos, bem como com adiminuição acentua<strong>da</strong> do número de sacerdotes. Tudo isto aconselha a que <strong>na</strong><strong>Diocese</strong> se revejam as condições em que se realizam celebrações dominicais26 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. documentos pastorais .<strong>da</strong> Eucaristia e se proce<strong>da</strong> à reorganização deste serviço litúrgico em ca<strong>da</strong>paróquia.O princípio a seguir, tanto por parte dos sacerdotes e seus colaboradorescomo pelos restantes fiéis, será o de, se necessário for, celebrar menor quanti<strong>da</strong>dede Missas para celebrar melhor. O objectivo a atingir será o de asseguraro bem <strong>espiritual</strong> de todos os fiéis e, ao mesmo tempo, salvaguar<strong>da</strong>r asaúde física e <strong>espiritual</strong> dos próprios sacerdotes. É que, além de presidirem àliturgia, eles deverão ter tempo e capaci<strong>da</strong>de para se dedicarem pessoalmenteà oração e ao cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong>, e ain<strong>da</strong> para desenvolverema evangelização e a vi<strong>da</strong> cristã <strong>da</strong>s pessoas, grupos, comuni<strong>da</strong>des e movimentos.Ano após ano, há padres idosos ou doentes que deixam os serviços pastorais,as novas vocações sacerdotais são insuficientes para as necessi<strong>da</strong>des e,em múltiplos lugares, diminui o número de pessoas que frequentam a Missadominical. Acontece então haver igrejas com poucos fiéis e, não distante <strong>da</strong>li,encontrar-se outra onde também se celebra a Eucaristia. Juntando as duascomuni<strong>da</strong>des poderia até conseguir-se uma melhor quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> celebração.Assim, <strong>na</strong>s circunstâncias actuais, não será possível continuar a manter a celebraçãodominical <strong>da</strong> Santa Missa em todos os lugares em que ela acontecia.Tendo em consideração o que foi dito e as sugestões dos próprios sacerdotes,dou as seguintes orientações e critérios para as opções, quanto aoslugares, onde se deverá manter ou não a celebração <strong>da</strong> Eucaristia dominical:Documentos1. No processo de discernimento para a decisão de reorganizar o serviçolitúrgico dominical, os párocos deverão solicitar o contributo dos respectivosconselhos pastorais e dos outros párocos <strong>da</strong> sua vigararia. Nestesentido, em espírito de colaboração frater<strong>na</strong> e de co-responsabili<strong>da</strong>de<strong>na</strong> missão eclesial, os presbíteros ajudem-se mutuamente para o melhorbem dos fiéis. A decisão pastoral do pároco deve estar suporta<strong>da</strong> noparecer favorável de ambas as instâncias mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>s.2. Na igreja paroquial, deverá assegurar-se, quanto possível sempre, acelebração eucarística.3. Nas outras igrejas (capelas), <strong>da</strong>r-se-á priori<strong>da</strong>de aos lugares ondefuncio<strong>na</strong> um centro de catequese. Considera-se centro de catequese,normalmente, onde houver a frequência de, pelo menos, 50 crianças eadolescentes.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 27


. documentos pastorais .4. Nos casos de assembleias dominicais reduzi<strong>da</strong>s, havendo uma ou maisigrejas a curta distância, os fiéis serão convi<strong>da</strong>dos a congregarem-se<strong>na</strong> igreja que reú<strong>na</strong> melhores condições para nela se celebrar a SantaMissa. Se tal for oportuno, pode admitir-se a alternância ou rotativi<strong>da</strong>deanual dos lugares de celebração.5. Sem prejuízo <strong>da</strong> obrigação que compete aos familiares, <strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong>desparoquiais onde for necessário e possível, organize-se um serviçode transportes para as pessoas que tenham dificul<strong>da</strong>des de deslocação eque desejam participar <strong>na</strong> celebração <strong>da</strong> Santa Missa.6. Onde se justificar, por impossibili<strong>da</strong>de de haver a Santa Missa ou deas pessoas se deslocarem a outra igreja, os párocos podem promover arealização <strong>da</strong> “celebração dominical <strong>na</strong> ausência de sacerdote”, conduzi<strong>da</strong>por um ministro leigo competente (cf. Bento XVI, Sacramento <strong>da</strong>Cari<strong>da</strong>de, 75). Esta solução, no entanto, deve ter sempre um carácterextraordinário, e só se há-de recorrer a ela quando estiverem esgota<strong>da</strong>sas outras possibili<strong>da</strong>des e exclusivamente nos lugares onde as distânciasentre as igrejas (ou capelas) forem de facto consideráveis.Confio ao Serviço Diocesano de Pastoral Litúrgica a missão de cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>formação e credenciação dos ministros para presidirem a tais celebrações.No desempenho de tal missão, os ministros devem reger-se por quantoestá estabelecido no Directório para as celebrações dominicais <strong>na</strong> ausênciado presbítero (1988) e no livro litúrgico para a Celebração dominical<strong>na</strong> ausência do Presbítero, <strong>da</strong> Conferência Episcopal Portuguesa.Os párocos apresentarão ao Serviço Diocesano de Pastoral Litúrgicaos nomes dos candi<strong>da</strong>tos a ministros <strong>da</strong>s celebrações dominicais <strong>na</strong> ausênciade presbítero, que só poderão ser nomeados após completarem aformação específica.7. As comuni<strong>da</strong>des religiosas com Eucaristia dominical que possam participar<strong>na</strong> Santa Missa com a comuni<strong>da</strong>de local mais próxima, libertemos sacerdotes, mesmo religiosos, “para irem servir a Igreja nos lugaresonde houver necessi<strong>da</strong>de, sem olhar a sacrifícios” (cf. Bento XVI, Sacramento<strong>da</strong> Cari<strong>da</strong>de, 25).<strong>Leiria</strong>, 26 de Fevereiro de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>28 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Homilia de Ano NovoCui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> criação, caminho para a pazA “carícia” de Deus, bênção para o novo anoNo início do Ano Novo, a liturgia <strong>da</strong> Palavra convi<strong>da</strong>-nos a começar onosso caminho e a prossegui-lo, dia após dia, com a bênção do Senhor: “OSenhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça resplandecer sobre ti o seurosto e te seja favorável”.Estas palavras são como uma “carícia” que Deus reserva para todos eca<strong>da</strong> um de nós: é-nos comunica<strong>da</strong> no rosto terno do Menino em Belém e norosto materno de Maria, cuja Materni<strong>da</strong>de Divi<strong>na</strong> hoje celebramos. Sim, umacarícia de Deus que testemunha o seu amor terno, a sua proximi<strong>da</strong>de de Pai eAmigo, o seu tomar-nos pela mão e acompanhar-nos, passo a passo, <strong>na</strong> vi<strong>da</strong>,a sua resposta solícita às nossas invocações, o seu conforto <strong>na</strong>s dificul<strong>da</strong>des,a sua consolação nos momentos de provação e de solidão, a sua misericórdiasem limites para com as nossas infideli<strong>da</strong>des... Uma carícia que tem uma forçaextraordinária de nos impulsio<strong>na</strong>r a viver o novo ano <strong>na</strong> fé e <strong>na</strong> cari<strong>da</strong>de,no amor ver<strong>da</strong>deiro.À bênção do Senhor pertencem ain<strong>da</strong> estas palavras: “O Senhor voltepara ti o seu olhar e te conce<strong>da</strong> a paz”. Também este “voltar o olhar” – quesó pode ser olhar de amor – é expressão <strong>da</strong> carícia de Deus. Só dela nos podechegar o grande dom <strong>da</strong> paz.Neste Dia Mundial <strong>da</strong> Paz, o Santo Padre convi<strong>da</strong>-nos a reflectir sobreum tema que interpela to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong>de: “Se queres cultivar a paz, guar<strong>da</strong>a criação”. É um apelo à nossa responsabili<strong>da</strong>de ecológica pela salvaguar<strong>da</strong>do ambiente e de to<strong>da</strong> a criação perante as ameaças que afligem o mundo.DocumentosEmergência ecológica e a causa <strong>da</strong> pazNão podemos esquecer que a nossa geração é talvez a primeira <strong>na</strong> históriaa estar consciente de que a vi<strong>da</strong> e a morte dos seres do nosso planeta e, porconseguinte, <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, dependem <strong>da</strong>s opções que forem toma<strong>da</strong>s nopresente. Esta consciência deriva de evidências que se impõem: ar viciado,| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 29


. escritos episcopais .águas poluí<strong>da</strong>s, solo explorado e degra<strong>da</strong>do, desertificação que avança progressivamente,alterações climáticas, recursos <strong>na</strong>turais e matérias-primas aesgotarem-se, novas doenças que surgem...Os atentados ao ambiente são tão preocupantes como as guerras, os actosterroristas e as violações dos direitos humanos, afirma Bento XVI. Tratasede uma ver<strong>da</strong>deira crise ecológica, de dimensão planetária, que põe emcausa o presente e o futuro <strong>da</strong> criação e <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Por este caminho,o homem corre o risco de ser engolido pelo produto <strong>da</strong> sua obra ou de estar acavar o túmulo debaixo dos seus pés. Não podemos fechar os olhos peranteos si<strong>na</strong>is de alarme.Reflectir sobre a crise ecológica obriga-nos, antes de mais, a repensar arelação íntima do homem com a <strong>na</strong>tureza. Esta é maltrata<strong>da</strong> porque é malama<strong>da</strong>. O grande risco é olhar a <strong>na</strong>tureza ape<strong>na</strong>s com critérios de utili<strong>da</strong>de,produtivi<strong>da</strong>de e lucro; olhá-la como mero armazém de material, como “ummontão de resíduos espalhados ao acaso” a usar e consumir sem limites e semregras. O respeito pela <strong>na</strong>tureza requer um novo olhar.Os cristãos, frente ao “deserto que avança”, anunciado por Nietzsche, eperante a terra ca<strong>da</strong> vez mais desola<strong>da</strong>, deveriam aprender a descobrir <strong>na</strong>profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criação “a escritura <strong>da</strong>s coisas”, as suas lágrimas e os seuslouvores.O jardim <strong>da</strong> criação: dom de Deus, promessa de vi<strong>da</strong> e casa comumÀ luz <strong>da</strong> fé cristã no mistério <strong>da</strong> criação, a <strong>na</strong>tureza não é fruto do acasocaprichoso ou do caos. É dom do amor de Deus; é promessa de vi<strong>da</strong>; é casacomum dos homens e, por isso, motivo de contemplação, de louvor, de acçãode graças e de responsabili<strong>da</strong>de.A Bíblia apresenta-a com a bela imagem do jardim, onde Deus colocao homem para o cultivar e guar<strong>da</strong>r. O jardim é uma grande metáfora <strong>da</strong> inteligênciae do amor de Deus. Esta inteligência de amor cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> terra, masesta é desti<strong>na</strong><strong>da</strong> aos humanos. No jardim, o homem descobre os traços de umcui<strong>da</strong>do amoroso que o precedeu.O jardim mostra que a terra não é um mero depósito de matérias-primas.É um habitat para a circulação <strong>da</strong>s pessoas, do pensamento, <strong>da</strong> inteligência,dos afectos; é uma mora<strong>da</strong> a partilhar em paz, no equilíbrio entre o trabalhoe o recreio, entre os bens a consumir e a <strong>beleza</strong> a salvaguar<strong>da</strong>r <strong>na</strong> sua biodiversi<strong>da</strong>de.Os homens que não cui<strong>da</strong>m e não têm paixão pela guar<strong>da</strong> do jardim tor<strong>na</strong>mi<strong>na</strong>bitável e inóspita a terra inteira. A mensagem do Papa contém uma30 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .expressão maravilhosa e penetrante a este respeito: “Há uma espécie de reciproci<strong>da</strong>de:cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> criação, constatamos que Deus, através <strong>da</strong> criação,cui<strong>da</strong> de nós”.Quanto mais olharmos a <strong>na</strong>tureza como dom de Deus, tanto maior é a suapreciosi<strong>da</strong>de e maior a nossa responsabili<strong>da</strong>de. O homem como criatura entreas criaturas é chamado a viver <strong>na</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, numa comunhão amorosa ede respeito com to<strong>da</strong> a criação.Todos responsáveis pela criação: para uma nova cultura ecológica“Todos somos, pois, responsáveis pela protecção e pelo cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> criação”.A ciência e a técnica, por si sós, não resolvem a crise ecológica. Ela temraízes culturais e éticas profun<strong>da</strong>s. A falta de respeito pela <strong>na</strong>tureza mostraque o homem não desenvolveu ple<strong>na</strong>mente a sua própria humani<strong>da</strong>de.A humani<strong>da</strong>de global tem necessi<strong>da</strong>de de uma profun<strong>da</strong> renovação culturale ética. É indispensável uma mu<strong>da</strong>nça cultural, de mentali<strong>da</strong>de, de critérios,de estilos de vi<strong>da</strong>, que vá à raiz do problema ecológico como problema<strong>moral</strong>.Com efeito, trata-se de uma responsabili<strong>da</strong>de individual e colectiva. Protegere defender o ambiente não pode ser deixado só à boa vontade dos indivíduos.Assim, esta crise pode ser uma “oportuni<strong>da</strong>de histórica de discernimentoe projectação de novos caminhos”(n. 5). Inspirando-nos <strong>na</strong> mensagem doSanto Padre podemos indicar, sumariamente, alguns pontos concretos parauma consciência ecológica correcta, madura e responsável, como caminhopara paz:- viver a fraterni<strong>da</strong>de, como atitude fun<strong>da</strong>mental, a relação amorosa comtodos os seres <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza, à boa maneira de S. Francisco;- recuperar a consciência <strong>da</strong> interdependência entre homem e <strong>na</strong>tureza, asoli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de com to<strong>da</strong> a criação, “inspira<strong>da</strong> pelos valores <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de,<strong>da</strong> justiça e do bem comum”;- mu<strong>da</strong>r o nosso modelo de desenvolvimento que, muitas vezes, tem emvista míopes interesses económicos a qualquer custo, de modo a queeconomia e tecnologia fiquem enriqueci<strong>da</strong>s com a componente ecológica;- considerar a <strong>na</strong>tureza como casa comum de todos os homens e de to<strong>da</strong>sas gerações, que implica a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de com as gerações vindouras detal modo que não lancemos hipotecas sobre elas nem lhes leguemos emherança um deserto em vez de um jardim;Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 31


. escritos episcopais .- promover uma educação ecológica, uma pe<strong>da</strong>gogia do ambiente, atravésduma aliança entre família, escola, universi<strong>da</strong>de, organizações nãogover<strong>na</strong>mentais e meios de comunicação social;- adoptar novos estilos de vi<strong>da</strong> mais sóbrios “nos quais a busca do ver<strong>da</strong>deiro,do belo e do bom e a comunhão com os outros homens, emordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determi<strong>na</strong>m asopções do consumo, <strong>da</strong> poupança e do investimento”(n. 11). O comportamentode ca<strong>da</strong> pessoa tem sempre um peso e uma consequência. Se apessoa se deixa cair no laxismo em numerosas formas de poluição oudesperdício, mesmo aparentemente insignificantes, contribui para umaatitude inconsciente, para o van<strong>da</strong>lismo ambiental, para a tolerância <strong>da</strong>destruição ou degra<strong>da</strong>ção;- cui<strong>da</strong>r e proteger, igualmente, a ecologia huma<strong>na</strong>, afirmando o respeitopela vi<strong>da</strong> huma<strong>na</strong> em to<strong>da</strong>s as suas fases, a digni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa e amissão insubstituível <strong>da</strong> família fun<strong>da</strong><strong>da</strong> no casamento entre um homeme uma mulher. “Quando a ecologia huma<strong>na</strong> é respeita<strong>da</strong> dentro <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de, beneficia também a ecologia ambiental”(n. 12). Como pediro respeito pela vi<strong>da</strong> ambiental se não se respeita a vi<strong>da</strong> huma<strong>na</strong>?O testemunho de S. FranciscoNeste ano de 2010 ocorre o 30º aniversário <strong>da</strong> proclamação de S. Franciscode Assis como Padroeiro dos cultores <strong>da</strong> ecologia, que nos deixou obelíssimo e inspirado Cântico <strong>da</strong>s Criaturas. Contemplando o seu exemploaprendemos a amar a criação e a descobrir nela o espelho do amor infinito doCriador: “Louvado sejas, meu Senhor, com to<strong>da</strong>s as Tuas criaturas; Louvadosejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam pelo Teu amor; louvai e bendizeio meu Senhor e <strong>da</strong>i-lhe graças e servi-O com grande humil<strong>da</strong>de”!Com estes sentimentos desejo a todos vós e às vossas famílias um abençoadoAno Novo!<strong>Leiria</strong>, 1 de Janeiro de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>32 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Homilia <strong>na</strong>s exéquias deMonsenhor Henrique Fer<strong>na</strong>ndes <strong>da</strong> FonsecaHomem de fé e pastor exemplarSurpreendendo a nossa expectativa huma<strong>na</strong>, fomos abalados pela notíciadolorosa <strong>da</strong> morte tão célere do nosso caro Monsenhor Henrique <strong>da</strong> Fonseca.Foi como se um muro de silêncio caísse sobre nós tal como diz o salmista:“Estou perturbado; falta-me a palavra”(Sl 77,5).É humano sentir e <strong>da</strong>r expressão à dor pela separação de um sacerdotetão querido e estimado por to<strong>da</strong> a diocese e colaborador próximo, precioso eapreciado do bispo. Creio que o podemos fazer com as palavras de S. Ber<strong>na</strong>rdo<strong>na</strong> morte do seu irmão, S. Gerardo:“Bem sabeis, meus filhos, quão razoável é a minha dor, quão dig<strong>na</strong> delágrimas é a per<strong>da</strong> que acabo de sofrer, pois compreendeis que fiel amigo foiafastado do meu lado. Vós conhecestes como era a sua atenção pelo dever,a sua diligência pelo trabalho, a sua doçura e amabili<strong>da</strong>de de disposição...Estimámo-nos em vi<strong>da</strong>; porque fomos pois separados pela morte?”.No entanto, depois deste grito do coração ferido, S. Ber<strong>na</strong>rdo confia-seao mistério santo e amoroso de Deus, dizendo: “To<strong>da</strong>via, não esquecerei nenhuma<strong>da</strong>s palavras do Santo... Deus é cari<strong>da</strong>de e quanto mais se está unidoa Deus, mais se está cheio de cari<strong>da</strong>de. Porque a cari<strong>da</strong>de nunca acaba. Tu(meu irmão) não me esquecerás”.Com estes sentimentos de fé quero expressar as nossas condolências, emnome <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> e no meu pessoal, à irmã do Monsenhor Henrique, à auxiliardoméstica, a Gracin<strong>da</strong>, que o acompanhou e assistiu durante tantos anose aos outros familiares.Com estes sentimentos de fé e de esperança queremos fazer memória,viva e cheia de gratidão, de Monsenhor Henrique junto do altar do Senhor,em comunhão de santos <strong>na</strong> eucaristia.DocumentosHomem de fé e Pastor exemplarA leitura do livro do Deuteronómio apresenta-nos a figura de Moisés,chamado pelo Senhor a conduzir o longo e difícil caminho do povo de Deus,| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 33


. escritos episcopais .no qual empenhou to<strong>da</strong> a sua existência até à morte, incutindo-lhe coragem elevando-o às fontes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.Como Moisés, Monsenhor Henrique foi um grande crente, um grande homemde fé, sóli<strong>da</strong>, amadureci<strong>da</strong> e alimenta<strong>da</strong> <strong>na</strong> sarça ardente do ministériopastoral <strong>na</strong>s várias mansões em que serviu.Como Moisés, foi um pastor generoso e exemplar. O seu serviço sacerdotalpassou por múltiplas experiências do ministério - desde pároco nosPousos, <strong>na</strong> Marinha Grande, em Mira d’Aire e <strong>na</strong> Ortigosa até professor noSeminário, secretário episcopal, ecónomo diocesano, assistente <strong>da</strong> LOC e domovimento de casais, coorde<strong>na</strong>dor do Serviço de apoio ao clero e VigárioGeral durante dezanove anos – com disponibili<strong>da</strong>de permanente, semprepronto, a todo o momento, a acudir, animar e encorajar, atento a pôr de parteo que divide e a valorizar o que une.Foi ver<strong>da</strong>deiramente intenso o caminho que o Senhor o chamou a percorrernos 56 anos de sacerdócio ao serviço <strong>da</strong> nossa diocese que ele calcorreoue conheceu como ninguém e sempre ao lado dos seus bispos. Foi um trabalhadorincansável <strong>da</strong> vinha do Senhor! Só a falta de saúde o obrigou a retirarse<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de paroquial.Sobre a morte de Moisés, o livro do Deuteronómio refere: “Moisés, servodo Senhor, morreu ali, <strong>na</strong> terra de Moab, segundo a disposição do Senhor”(34,5).São Gregório de Nisa comenta, esplendi<strong>da</strong>mente, estas palavrassublinhando que o grande “amigo de Deus” é chamado “servo” precisamenteno momento supremo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quando já cumprira a missão que o Senhor lheconfiara. Servo é a palavra que resume to<strong>da</strong> a sua missão.Também Monsenhor Henrique procurou viver a sua missão como servo eserviço humilde, discreto e desprendido, sem olhar a honras e a títulos. Assimo deixou escrito: “Desejo assumir o ministério com todo o empenho e dedicaçãocomo servo e irmão no meio de uma comuni<strong>da</strong>de que possa olhar-mecomo testemunha de serviço e amor”.Impelido pela cari<strong>da</strong>de pastoralA leitura <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> Carta aos Coríntios abre, precisamente, com umaexpressão que, neste nosso contexto, assume um significado particular: “Oamor de Cristo impele-nos”.Trata-se do amor que habita, penetra, possui e plasma a vi<strong>da</strong> dos sacerdotese faz deles “embaixadores de Cristo” e do seu mistério de amor e reconciliação.Envolve-nos e impele-nos a viver não para nós mesmos mas para osoutros. É a cari<strong>da</strong>de pastoral.34 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .O amor recebido de Cristo é restituído aos irmãos e toma as várias formasdos dons do Espírito Santo, a saber, “amor, alegria, paz, paciência, benevolência,bon<strong>da</strong>de, fideli<strong>da</strong>de, mansidão, autodomínio” – dons que caracterizaramo estilo e o ministério sacerdotais de Monsenhor Henrique.A cari<strong>da</strong>de pastoral levava-o a fazer-se próximo e acessível a todos, aolhar a vi<strong>da</strong> concreta <strong>da</strong> sua gente, com uma comunicação que conquistavaos fiéis até os mais pequeninos. É significativa a presença aqui dos acólitos<strong>da</strong> Ortigosa para lhe manifestarem a sua ternura. É também digno de registoo testemunho de D. Alberto Cosme do Amaral: “Monsenhor Henrique serviua Igreja com raro espírito de dedicação e entrega e num total esquecimentode si próprio. As missões oficiais não o impediram de se dedicar ao trabalhoescondido do confessionário e <strong>da</strong> direcção <strong>espiritual</strong>”.Desejaria ain<strong>da</strong> sublinhar o seu amor ao presbitério, a especial dedicaçãoaos irmãos sacerdotes como amigo, irmão e conselheiro atento e atenciosopara com todos, preocupado para que não faltassem as condições huma<strong>na</strong>s eespirituais para o bom desempenho do ministério.DocumentosTestemunho de paz e de alegriaO Evangelho de S. João refere as palavras do Ressuscitado repeti<strong>da</strong>s duasvezes: “A paz esteja convosco”. E depois fala <strong>da</strong> alegria dos discípulos aoverem Jesus ressuscitado.Paz e alegria foram dons que Monsenhor Henrique espalhou à sua volta.Era homem de paz que irradiou alegria sere<strong>na</strong>. A sua presença foi semprepresença de paz. Irradiava alegria e bom humor com espontanei<strong>da</strong>de e creioque agora viva <strong>na</strong> plenitude <strong>da</strong> paz e <strong>da</strong> alegria ao contemplar o rosto de Jesusressuscitado.Que ele peça para nós ao Pai aquela sereni<strong>da</strong>de própria de quem confiavi<strong>da</strong> e morte, presente e futuro <strong>na</strong>s mãos do Deus <strong>da</strong> paz e <strong>da</strong> alegria.Obrigado, caro padre Henrique! To<strong>da</strong> a diocese te está agradeci<strong>da</strong> <strong>na</strong> hora<strong>da</strong> despedi<strong>da</strong>!Que a tua parti<strong>da</strong> não nos faça esquecer o dom de termos tido a tua presença,a tua companhia, o teu testemunho de sacerdote. Bendito seja Deuspelo seu servo!Catedral de <strong>Leiria</strong>, 23 de Janeiro de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 35


. escritos episcopais .Discurso <strong>na</strong> toma<strong>da</strong> de posseComissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Paze Cáritas Diocesa<strong>na</strong>Congrega-nos aqui a solene toma<strong>da</strong> de posse <strong>da</strong>s novas direcções <strong>da</strong> ComissãoDiocesa<strong>na</strong> Justiça e Paz e <strong>da</strong> Caritas Diocesa<strong>na</strong>. Neste momento significativo<strong>da</strong> “passagem de testemunho” quero exprimir, antes de mais, emnome <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> e no meu pessoal, o mais vivo e sentido reconhecimentoàs direcções cessantes, <strong>na</strong> pessoa dos seus presidentes, Senhor Dr. TomásOliveira Dias e Senhor Ambrósio Jorge dos Santos, pela dedicação, competênciae sentido eclesial com que desempenharam o seu man<strong>da</strong>to e a suamissão, não se tendo poupado a esforços e sacrifícios. Asseguro-lhes a minhasincera e constante estima pessoal e a frater<strong>na</strong> comunhão. Que o Senhor osrecompense, os conforte e os acompanhe com as melhores bênçãos.Aos novos empossados, <strong>na</strong> pessoa dos respectivos presidentes, SenhorProf. Doutor Eugénio Lucas e Senhor Dr. Júlio Martins, agradeço a disponibili<strong>da</strong>demanifesta<strong>da</strong> para este serviço à Igreja, endereço-lhes as mais cordiaisfelicitações e faço votos de um fecundo trabalho. Quero ain<strong>da</strong> expressar-lhesa minha alegria em tê-los como meus colaboradores próximos e assegurarlhesto<strong>da</strong> a minha confiança e colaboração.A presente circunstância é também um momento propício para sublinhara relevância do lugar e <strong>da</strong> missão <strong>da</strong> Comissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Paz e <strong>da</strong>Caritas Diocesa<strong>na</strong> <strong>na</strong> Igreja e no mundo. Quisemos proposita<strong>da</strong>mente quea toma<strong>da</strong> de posse fosse simultânea porque são dois órgãos ao serviço <strong>da</strong>missão <strong>da</strong> Igreja no mundo: dão-lhe o rosto social, são dois braços sociais efun<strong>da</strong>mentais para a operativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> missão.De facto, a Igreja vive no mundo e <strong>na</strong> história com a consciência de que “asalegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens, sobretudo dospobres e dos que sofrem, são também as dos discípulos de Cristo e <strong>na</strong><strong>da</strong> existede ver<strong>da</strong>deiramente humano que não encontre eco no seu coração”(GS 1).No desempenho <strong>da</strong> sua missão no mundo e no serviço às pessoas desfavoreci<strong>da</strong>sou carencia<strong>da</strong>s, a Igreja é movi<strong>da</strong> unicamente pelo testemunho doEvangelho do Amor. Tem a consciência de que “evangelizando humanizae humanizando evangeliza”. A sua missão não é de ordem política. Não se36 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .substitui ao Estado. Não é um partido político nem um força política. Respeitandoas competências próprias do Estado esforça-se para que seja garantidoa ca<strong>da</strong> ser humano a sua própria digni<strong>da</strong>de e uma vi<strong>da</strong> condig<strong>na</strong>.No fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> missão e <strong>da</strong> acção social <strong>da</strong> Igreja está a convicção deque “a cari<strong>da</strong>de <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de que Jesus Cristo testemunhou... é a força propulsoraprincipal para o ver<strong>da</strong>deiro desenvolvimento de ca<strong>da</strong> pessoa e <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>deinteira. O amor é uma força extraordinária, que impele as pessoas acomprometerem-se, com coragem e generosi<strong>da</strong>de, no campo <strong>da</strong> justiça e <strong>da</strong>paz”(CV 1), por conseguinte, a empenharem-se <strong>na</strong> construção de um futurodigno do homem, <strong>na</strong> realização de uma socie<strong>da</strong>de mais justa e frater<strong>na</strong>.A cari<strong>da</strong>de “é o princípio não só <strong>da</strong>s microrrelações estabeleci<strong>da</strong>s entreamigos, <strong>na</strong> família, no pequeno grupo, mas também <strong>da</strong>s macrorrelações sociais,económicas, politicas”(CV 2).Este empenho tor<strong>na</strong>-se ca<strong>da</strong> vez mais urgente no mundo globalizadoonde parece prevalecer a lógica do lucro e do próprio interesse. Com efeito,“a socie<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> vez mais globaliza<strong>da</strong> tor<strong>na</strong>-nos vizinhos mas não nos fazirmãos”(CV n. 19). Vivemos num mundo cheio de contradições e contrastes.Hoje a injustiça, a pobreza, a fome e a exclusão social são uma grande interpelaçãohuma<strong>na</strong> e cristã que bra<strong>da</strong> aos céus.A situação que temos diante de nós é clara e arrepiante: mais de mil milhõesde pessoas vivem com menos de um dólar por dia; 20% <strong>da</strong> populaçãomundial absorve 82% dos recursos mundiais enquanto 80% <strong>da</strong> populaçãodispõe ape<strong>na</strong>s de 18%; mais de 200 multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is controlam 27% <strong>da</strong> economiae <strong>da</strong> fi<strong>na</strong>nça mundiais. Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> FAO, morrem, por dia, 36.500crianças no mundo à fome ou por doença: o silencioso sacrifício de 13 milhõesde inocentes por ano! A tudo isto junta-se a crise ecológica, de dimensãoplanetária, que põe em causa o presente e o futuro <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.Entre nós e à nossa porta temos as vítimas <strong>da</strong> crise económica, fi<strong>na</strong>nceirae social com as consequências dramáticas de desemprego e pobreza emcontrate escan<strong>da</strong>loso e gritante com o orde<strong>na</strong>do de alguns gestores de 2,5milhões de euros por ano! A Igreja “não pode nem deve colocar-se no lugardo Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem <strong>na</strong> luta pela justiça...Tocaà Igreja, e profun<strong>da</strong>mente, o empenhar-se pela justiça trabalhandopela abertura <strong>da</strong> inteligência e <strong>da</strong> vontade às exigências do bem comum”(DCest n. 28). É nesta vertente que se insere a Doutri<strong>na</strong> Social <strong>da</strong> Igreja como“proclamação <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de do amor de Cristo <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de” (CV n.5). Assimse entende a missão dos fiéis leigos no mundo em ordem a contribuir para aformação de socie<strong>da</strong>des justas. É também neste sentido que se desenvolve aDocumentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 37


. escritos episcopais .acção <strong>da</strong> Comissão Diocesa<strong>na</strong> Justiça e Paz em ordem a promover o conhecimento<strong>da</strong> doutri<strong>na</strong> social e a sua aplicação concreta aos vários âmbitos <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> social, tendo como horizonte o desenvolvimento integral do homem,contribuindo para um despertar de forças morais e espirituais para esse efeito.A justiça, porém, nunca pode tor<strong>na</strong>r supérfluo o amor de proximi<strong>da</strong>de, <strong>na</strong>linha do apoio concreto, do serviço, <strong>da</strong> partilha, do acolhimento e <strong>da</strong> consolaçãoao próximo carecido de aju<strong>da</strong>, àquele que sofre, sobretudo os pobres,os humilhados, os desprotegidos. A cari<strong>da</strong>de cumpre e transcende a justiça.Num mundo tão ferido como o experimentamos nos nossos dias não há necessi<strong>da</strong>dede demonstrar o que acabamos de dizer.O mundo espera o testemunho do amor cristão que nos é inspirado pelafé. Por isso, “a Igreja nunca poderá ser dispensa<strong>da</strong> <strong>da</strong> prática <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de enquantoactivi<strong>da</strong>de organiza<strong>da</strong> dos crentes, como aliás nunca haverá situaçãoonde não seja precisa a cari<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> cristão, porque o homem além <strong>da</strong>justiça, tem e terá sempre necessi<strong>da</strong>de do amor” (DC est n.29). Eis o campo<strong>da</strong> missão <strong>da</strong> Caritas diocesa<strong>na</strong>, enquanto expressão <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de caritativaorganiza<strong>da</strong> <strong>da</strong> nossa Igreja, actuando com todo o coração e com to<strong>da</strong> ainteligência, em ordem a promover a fraterni<strong>da</strong>de e a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de cristãs,sensibilizando e di<strong>na</strong>mizando as paróquias e colaborando com as instituiçõescivis para uma resposta mais eficaz.Como podemos verificar, os campos de acção <strong>da</strong> Comissão Justiça e Paze <strong>da</strong> Cáritas diocesa<strong>na</strong> cruzam-se, tor<strong>na</strong>do possível uma cooperação em projectoscomuns. O próximo biénio do projecto pastoral diocesano oferece umaboa oportuni<strong>da</strong>de para isso, pois centrar-se-á <strong>na</strong> pastoral sócio-caritativa e notestemunho dos cristãos no mundo.Concluo citando um texto muito belo do Papa Bento XVI que poderáservir como motivação de fundo e inspiração permanente do vosso empenho: “A cari<strong>da</strong>de é o distintivo dos cristãos. É a síntese de to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong>: do quecrê e do que faz. É a luz que dá bon<strong>da</strong>de e <strong>beleza</strong> à existência de ca<strong>da</strong> homem.É o comportamento de quem responde ao amor de Deus e faz <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong>um dom de si a Deus e ao próximo. É o caminho <strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de. A vi<strong>da</strong> dos santos,de ca<strong>da</strong> santo, é um hino à cari<strong>da</strong>de, um cântico vivo ao amor de Deus”!Nossa Senhora, Virgem e Mãe, no canto do Magnificat mostra-nos o quesão o amor e a justiça e donde têm a sua origem e recebem a sua força. À suaintercessão confio a vossa missão ao serviço <strong>da</strong> justiça, do amor e <strong>da</strong> paz <strong>na</strong>nossa queri<strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>. Muito obrigado!<strong>Leiria</strong>, 20 de Fevereiro de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>38 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Apelo do Bispo diocesanoPeregri<strong>na</strong>ção do Santo Padre a <strong>Fátima</strong>Caros irmãos e irmãs:Venho mais uma vez lembrar-vos a próxima visita do Santo Padre a Portugal.Ele vem sobretudo como peregrino do Santuário de <strong>Fátima</strong> tão queridoao nosso povo e a todo o mundo católico. Aqui somos nós, os diocesanos de<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, os primeiros anfitriões a receber tão ilustre e amado peregrino<strong>na</strong> sua quali<strong>da</strong>de de Sucessor do Apóstolo S. Pedro e Pastor universal <strong>da</strong>Igreja.Queremos corresponder à honra <strong>da</strong> sua visita acolhendo-o com júbilo,entusiasmo e afecto e unindo-nos em oração às suas intenções pela Igreja epelos anseios <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. É importante, nesta hora, <strong>da</strong>rmos testemunho<strong>da</strong> Igreja uni<strong>da</strong> ao Papa e solidária com ele.Por isso, apelo do coração à vossa presença e participação pessoal <strong>na</strong>scelebrações de 12 e 13 de Maio, em <strong>Fátima</strong>, presidi<strong>da</strong>s pelo Santo Padre. Nãovos deixeis seduzir pelo comodismo de ver ape<strong>na</strong>s pela televisão.Grato pela vossa atenção a este meu apelo, envio a todos uma sau<strong>da</strong>çãocordial e amiga.<strong>Leiria</strong>, 28 de Abril de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 39


. escritos episcopais .Homilia <strong>da</strong> Missa CrismalPresbitério em comunhãoe ao serviço <strong>da</strong> comunhãoÉ um ver<strong>da</strong>deiro momento de graça este que nos é <strong>da</strong>do viver juntos nestaliturgia <strong>da</strong> Missa Crismal, ver<strong>da</strong>deira festa <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Igreja diocesa<strong>na</strong>reuni<strong>da</strong> à volta do seu Pastor.Nesta Quinta Feira Santa encontramo-nos recolhidos <strong>na</strong> nossa catedralpara celebrar a Eucaristia em que se benzem os santos óleos dos catecúmenos,do crisma e dos enfermos.Em Cristo, todos nós fomos consagrados com o óleo <strong>da</strong> unção e unidosnuma comunhão que é mais forte do que todo o laço humano. É a comunhãode todo povo de Deus, que nos leva a exclamar com o salmista: “Vede comoé bom e agradável viver unidos como irmãos: é como o óleo perfumado derramadosobre a cabeça, a escorrer pela barba de Aarão até à orla <strong>da</strong>s suasvestes” (Sl 133, 1-2).O óleo perfumado é o símbolo <strong>da</strong> força do Espírito, do perfume do amor e<strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de divi<strong>na</strong> que Cristo derrama sobre a cabeça, o coração e os membrosde todos os fiéis baptizados e crismados e os tor<strong>na</strong> mora<strong>da</strong> de Deus; operfume de Cristo que inun<strong>da</strong> de amor a Igreja inteira e faz dela a Casa <strong>da</strong>Comunhão entre Deus e os homens e dos homens entre si.Com este óleo são consagra<strong>da</strong>s as mãos dos sacerdotes para oferecerem,em nome de Cristo, os dons <strong>da</strong> Palavra de Deus e dos Sacramentos <strong>da</strong> Graçaque alimentam a comunhão do Povo de Deus. Por isso, hoje é o dia sacerdotal,por excelência.Sacerdote como vós há trinta e oito anos e bispo no meio de vós há quasequatro, sinto este momento com o coração trepi<strong>da</strong>nte de emoção e de responsabili<strong>da</strong>de.Neste Ano Sacerdotal, em meu nome e no de to<strong>da</strong> a <strong>Diocese</strong>,quero expressar-vos o afecto e a estima do bispo e de todo o povo de Deus,agradecer-vos e encorajar-vos pelo precioso serviço que ofereceis à <strong>Diocese</strong>,pelo zelo que vos move no ministério, por todo o bem que fazeis. Não percaiso ânimo neste momento doloroso em que pesa sobre nós o sofrimento e avergonha por crimes hediondos de alguns sacerdotes e a suspeição genera-40 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .liza<strong>da</strong> resultante <strong>da</strong> exploração mediática de tais casos. O pecado de algunsnão ofusca a abnegação e a fideli<strong>da</strong>de de que a imensa maioria dos sacerdotese religiosos dá prova quotidia<strong>na</strong> e que as nossas comuni<strong>da</strong>des testemunhame reconhecem. Coragem! Acolhamos o apelo à santi<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e à purificação<strong>da</strong> Igreja.Apraz-me fazer ecoar aqui, nesta hora, as palavras do Cardeal Montini(futuro Papa Paulo VI) em 1957: “Quinta Feira Santa! É o nosso dia, comosabeis. Se não o comemoramos nós sacerdotes, quem o pode fazer mais dig<strong>na</strong>mente?E se não nos encontramos neste dia, qual será outro dia mais propício?E se não o dizemos uns aos outros, como teremos ple<strong>na</strong> consciênciadisto?”.Hoje é dia de acção de graças pelo dom do sacerdócio e, em particular,por quantos, neste ano, comemoram os 25 ou 50 anos <strong>da</strong> sua orde<strong>na</strong>ção, comquem nos congratulamos.Lembramos também, com ânimo grato, aqueles que ao longo do ano nosdeixaram para voltarem à casa eter<strong>na</strong> do Pai. E ain<strong>da</strong> os que, por motivo dedoença ou outro, não puderam marcar presença.A memória <strong>da</strong> nossa orde<strong>na</strong>ção neste dia confirma e corrobora a nossapertença ao único presbitério diocesano, como nossa segun<strong>da</strong> e ver<strong>da</strong>deirafamília.Atendendo ao tema do Ano Pastoral quero oferecer-vos uma reflexão sobre“O presbitério em comunhão e ao serviço <strong>da</strong> comunhão”.DocumentosFisionomia do presbitério-comunhãoO ministério apostólico é, antes de mais, um dom de Deus para o serviçodo mistério de comunhão que constitui a Igreja e para ser realizado e vividoem comunhão, precisamente enquanto membros de um presbitério. Este rosto<strong>da</strong> Igreja passa, em grande parte, pelo rosto do nosso presbitério e ministério.O presbitério não é uma mera categoria sociológica que desig<strong>na</strong> a soma detodos os padres à disposição do bispo para as diversos cargos. É antes um corpode ministros, em comunhão de graça e de missão, ao serviço de uma Igrejaparticular, que está junto do bispo e nele encontra o seu princípio de uni<strong>da</strong>de.“Na sua ver<strong>da</strong>de ple<strong>na</strong>, o presbitério é um mistério, quer dizer, uma reali<strong>da</strong>desobre<strong>na</strong>tural porque radica no sacramento <strong>da</strong> Ordem. Este é a sua fonte e a suaorigem. É o lugar do seu <strong>na</strong>scimento e do seu crescimento”(PDV 74).Daqui resulta a sua fisionomia própria: “a de uma ver<strong>da</strong>deira família, deuma fraterni<strong>da</strong>de, cujos laços não são <strong>da</strong> carne e do sangue, mas <strong>da</strong> graça <strong>da</strong>Ordem: uma graça que assume e eleva as relações huma<strong>na</strong>s, psicológicas,| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 41


. escritos episcopais .afectivas e espirituais entre os sacerdotes; uma graça que se expande, penetrae se revela e concretiza <strong>na</strong>s mais varia<strong>da</strong>s formas de aju<strong>da</strong> recíproca”(PDV74), <strong>espiritual</strong> e material, pastoral e pessoal, <strong>na</strong>s reuniões e <strong>na</strong> comunhão devi<strong>da</strong>, de trabalho e de cari<strong>da</strong>de (cf LG 28).Eis um programa de trabalho a desenvolver e pôr em prática! Ser bonspadres individualmente, não faz automaticamente um bom presbitério.A nova situação social do padre já não lhe possibilita viver num contextofamiliar protector como outrora, nem encontrar sempre um acolhimento paroquialconfortável e confortador. Isto pode gerar uma solidão institucio<strong>na</strong>l eum desamparo afectivo por vezes graves.É necessário, pois, construir uma consciência de família sacerdotal dentro<strong>da</strong> qual ca<strong>da</strong> sacerdote saiba e experimente que é alguém: acolhido, reconhecidoe valorizado. Não se trata de restaurar um “corporativismo clerical”, masde reavivar uma fraterni<strong>da</strong>de que ajude ca<strong>da</strong> um a viver com aquela confiança,digni<strong>da</strong>de huma<strong>na</strong> e <strong>espiritual</strong> e brio intelectual, que são necessários paraa missão evangelizadora.Esta fraterni<strong>da</strong>de brota <strong>da</strong> paixão interior pelo mesmo dom recebido, pelomesmo ideal comungado, pela mesma missão partilha<strong>da</strong>.A gramática <strong>da</strong> comunhão: implicações e aplicaçõesA comunhão presbiteral não é espontânea e nem sempre é fácil. Não seimpõe por decreto; é necessário construí-la juntos. Requer conversão <strong>espiritual</strong>e elaboração de uma gramática <strong>da</strong> comunhão para a pôr em prática.Em primeiro lugar, somos chamados a cultivar, com amor paciente e generoso,relações pessoais ver<strong>da</strong>deiramente genuí<strong>na</strong>s, de respeito, de estimae atenção recíprocas, de delicadeza, de confiança mútua, de conhecimentoe diálogo entre as diversas gerações e sensibili<strong>da</strong>des, capazes de elimi<strong>na</strong>r asuspeita, a inveja e o distanciamento, tão inúteis como prejudiciais.Em segundo lugar, somos chamados a realizar a comunhão <strong>na</strong> missão,isto é, a partilhar intenções e projectos pastorais no trabalho em equipa. Paraisso são necessárias algumas atitudes e disposições huma<strong>na</strong>s e espirituais:a participação interessa<strong>da</strong> <strong>na</strong>s reuniões, a liber<strong>da</strong>de de uma escuta sem preconceitos,a franqueza para exprimir o próprio pensamento, o discernimentopastoral capaz de enuclear o bem comum e possível, a disponibili<strong>da</strong>de paraassumir tarefas, a decisão sincera de acolher e ser fiel aos critérios pastorais eàs decisões elaborados e tomados em conjunto para o serviço do Evangelho.Neste aspecto, a vigararia deve ser um lugar fun<strong>da</strong>mental de referência comoespelho de comunhão entre os padres e entre as paróquias. Lembro aqui o42 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .provérbio africano: “Se queres ir depressa, corre sozinho; se queres chegarlonge, caminha com os outros”.Outro aspecto fun<strong>da</strong>mental é a comunicação <strong>da</strong> fé e <strong>na</strong> fé entre os presbíteros.O presbitério não se tor<strong>na</strong> lugar de fraterni<strong>da</strong>de sacramental onde nãose privilegiam as relações de fé ao serviço do ministério. De outro modo, asreuniões do clero podem assemelhar-se a assembleias empresariais, lugarespara fazer funcio<strong>na</strong>r a empresa, espaço para distribuição de encargos.A capaci<strong>da</strong>de de partilhar a fé é o princípio de todo o bom trabalho emcomum. Esta partilha realiza-se <strong>na</strong> oração em conjunto, <strong>na</strong> lectio divi<strong>na</strong> partilha<strong>da</strong>,<strong>na</strong> preparação <strong>da</strong> homilia em grupo e de iniciativas pastorais, nosmomentos fraternos de conviviali<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> coragem humilde <strong>da</strong> correcçãofrater<strong>na</strong>...Para alcançar os objectivos <strong>da</strong> comunhão é ain<strong>da</strong> necessária uma autênticaascese ou discipli<strong>na</strong> em ordem a combater e elimi<strong>na</strong>r os modos de pensare os comportamentos que a impedem ou destroem.Antes de mais, é preciso vigiar perante algumas tentações que podemafectar ou desagregar esta comunhão: o isolamento do “orgulhosamente só”(eu faço sozinho e por minha conta); o espírito de indiferença (que me importaos outros?); a atitude de auto-suficiência (não preciso dos outros para<strong>na</strong><strong>da</strong>); o <strong>na</strong>rcisismo de quem põe o “ego” no centro de tudo; e o neoclericalismoderivado <strong>da</strong> sede de protagonismo ou <strong>da</strong> fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de.Alem disso, é aconselhável uma “regra de vi<strong>da</strong> “ pessoal que torne possívelum estilo de vi<strong>da</strong> saudável e orde<strong>na</strong><strong>da</strong> com método de trabalho e discipli<strong>na</strong>.DocumentosAo serviço <strong>da</strong> comunhão <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de cristãA comunhão no presbitério está ao serviço <strong>da</strong> comunhão eclesial que émais vasta. Com efeito, o ministério é para a comuni<strong>da</strong>de. Esta é o lugar normal<strong>da</strong> comunhão do presbítero com os fiéis e onde é chamado a ser o “pivot”<strong>da</strong> comunhão em to<strong>da</strong>s as dimensões.“O padre deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz defazer caminhar <strong>na</strong> uni<strong>da</strong>de todo o rebanho que a bon<strong>da</strong>de do Senhor lhe confiou,aju<strong>da</strong>ndo-o a superar as divisões, a reconciliar as roturas, a apla<strong>na</strong>r oscontrastes e as incompreensões, a perdoar as ofensas” (Bento XVI).O serviço <strong>da</strong> comunhão leva o padre também a promover a corresponsabili<strong>da</strong>de,suscitando colaborações, valorizando e integrando os diversos carismas,serviços e ministérios para a edificação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 43


. escritos episcopais .Testemunho <strong>da</strong> comunhão e promoção vocacio<strong>na</strong>lTudo isto assume um relevo particular <strong>na</strong> promoção vocacio<strong>na</strong>l. Nenhumjovem poderá sentir um chamamento se os seus olhos não contemplam <strong>na</strong>vi<strong>da</strong> frater<strong>na</strong> dos padres e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des algum vestígio <strong>da</strong> <strong>beleza</strong> do Senhore do sacerdócio, capaz de reunir os irmãos e alimentar a comunhão.“Se os jovens vêem padres isolados e tristes, não se sentem certamenteencorajados a seguir o seu exemplo. Ficam perplexos se são levados a pensarque é este o futuro do padre. É importante pois realizar a comunhão de vi<strong>da</strong>que lhes revele a <strong>beleza</strong> do sacerdócio. Então o jovem dirá: “Este pode ser umfuturo também para mim; assim, pode-se viver” (Bento XVI).Concluindo, o futuro <strong>da</strong> Igreja passa através <strong>da</strong> comunhão autêntica atodos os níveis. Nela está a força <strong>da</strong> missão mesmo quando as estruturas sãopobres e débeis. Um presbitério em comunhão é um reflexo <strong>da</strong> <strong>beleza</strong> deDeus-Amor Trinitário e <strong>da</strong> Igreja-Comunhão!Renovando agora as nossas promessas de fideli<strong>da</strong>de a Cristo e à Igrejapeçamos por intercessão <strong>da</strong> Virgem Mãe e do Santo Cura d’Ars: “Senhor,aceita-nos como somos e aju<strong>da</strong>-nos a ser como Tu nos desejas” (João PauloI)! Ámen! Aleluia!Catedral de <strong>Leiria</strong>, 1 de Abril de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>44 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Visita Papal ao Santuário de <strong>Fátima</strong>Sau<strong>da</strong>ção do Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Santo Padre,É com imensa alegria e profun<strong>da</strong> emoção que, como bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>,dou as boas vin<strong>da</strong>s a tão ilustre e amado peregrino, o nosso Papa BentoXVI. Saúdo-o e agradeço-lhe, de todo o coração, em nome pessoal e de todoeste povo aqui reunido, em multidão, no Santuário de <strong>Fátima</strong>, como num cenáculoa céu aberto, onde pulsa o coração materno de Portugal. Bem-vindo,Santo Padre!Muito obrigado porque quis visitar este Santuário tão querido ao nossopovo e ao mundo católico, onde, no dizer de Vossa Santi<strong>da</strong>de, “Maria ergueua sua cátedra para ensi<strong>na</strong>r aos pequenos videntes e às multidões as ver<strong>da</strong>deseter<strong>na</strong>s e a arte de orar, crer e amar” e onde nos “pede o abandono, cheio deconfiança, <strong>na</strong>s mãos do Amor que sustenta o mundo”.Muito obrigado pela oferta <strong>da</strong> Rosa de Ouro com que quis distinguir onosso Santuário, si<strong>na</strong>l do seu particular afecto.Muito obrigado por nos proporcio<strong>na</strong>r esta extraordinária experiência de <strong>beleza</strong><strong>da</strong> comunhão que constitui a Igreja uni<strong>da</strong> à volta do seu Pastor universal.Muito obrigado, por fim e de modo especial, porque vem confirmar-nos<strong>na</strong> fé, de acordo com o seu ministério de Sucessor de Pedro.A sua peregri<strong>na</strong>ção ocorre, por feliz coincidência, no décimo aniversário<strong>da</strong> beatificação dos pastorinhos e no centésimo do <strong>na</strong>scimento <strong>da</strong> peque<strong>na</strong>Jacinta. São conhecidos o carinho, a oração e os sacrifícios dos pastorinhospela pessoa do Santo Padre e pelos seus sofrimentos.Neste momento quero também assegurar-lhe, Santo Padre, a profun<strong>da</strong> comunhãoe o sincero afecto de todo o nosso povo católico pela sua pessoa epelo seu ministério <strong>na</strong> Igreja e <strong>na</strong> humani<strong>da</strong>de. Conte com a nossa oração, anossa docili<strong>da</strong>de <strong>na</strong> fé e o nosso afecto filial.Dispomo-nos a escutar a sua palavra que ilumi<strong>na</strong> a mente e fala ao coração,que confirma <strong>na</strong> fé e conforta no amor, que é portadora de esperança.Que o Senhor, por intercessão de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong> – “Nossa Senhorados tempos difíceis” (S. João Bosco) – e dos beatos Francisco e Jacinta,lhe dê força, coragem e fecundi<strong>da</strong>de no seu ministério apostólico.Santuário de <strong>Fátima</strong>, 13 de Maio de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 45


. escritos episcopais .Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>Discurso i<strong>na</strong>ugural1. Ao cair <strong>da</strong> noite deste dia 21 de Maio, véspera do aniversário <strong>da</strong> criação<strong>da</strong> nossa <strong>Diocese</strong> e <strong>da</strong> nossa ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong>, é-me <strong>da</strong><strong>da</strong> a feliz ocasião e ograto prazer de i<strong>na</strong>ugurar esta “exposição” sui generis “Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>: Rosto(s)<strong>da</strong> Igreja Diocesa<strong>na</strong>”.Saúdo com viva simpatia e cordial afecto o Senhor D. Serafim, o SenhorGover<strong>na</strong>dor Civil, o Senhor Presidente <strong>da</strong> Câmara de <strong>Leiria</strong> bem como todosos outros Senhores Presidentes <strong>da</strong>s Câmaras e <strong>da</strong>s Juntas de Freguesia edemais autori<strong>da</strong>des civis, académicas e militares que nos dão a honra <strong>da</strong> suapresença.Saúdo ain<strong>da</strong>, afectuosamente, todos vós, caros amigos, irmãos e irmãs,que participais neste momento de alegria e de festa.Devo confessar que este era para mim um momento muito esperado. Trata-sede um evento que culmi<strong>na</strong> o Ano Pastoral <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>, dedicado a “ir aocoração <strong>da</strong> Igreja”, à profundi<strong>da</strong>de do mistério de amor que a habita, a animae a configura no seu rosto visível: o rosto de um povo em comunhão comDeus, com os homens irmãos, com o mundo em que vive.O nosso rosto é sempre novo e diverso, <strong>na</strong>s diversas i<strong>da</strong>des e estações <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> e, contudo, é sempre o mesmo e único. Assim a Igreja de Deus no mundotem um rosto único formado de tantos rostos quantos são os seus membros, assuas comuni<strong>da</strong>des, os seus movimentos e serviços nos lugares onde habitame trabalham.A Igreja somos nós, os vários rostos <strong>da</strong> Igreja: dos fiéis leigos aos sacerdotese religiosos(as), <strong>da</strong>s crianças aos idosos, dos jovens aos adultos, dossolteiros aos casados e viúvos, dos sãos aos doentes, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> contemplativanos mosteiros à vi<strong>da</strong> activa numa multiplici<strong>da</strong>de de serviços do anúnciodo Evangelho, <strong>da</strong> celebração <strong>da</strong> fé e do testemunho <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de frater<strong>na</strong>, <strong>da</strong>paróquia à missão, à descoberta de um vasto mundo, todos animados pelamesma fé, levando uma mensagem de alegria, de comunhão, de fraterni<strong>da</strong>de,de paz. Todos e ca<strong>da</strong> um deles são como as peças preciosas de um mosaicomuito belo que Deus, como um grande artista, concebe dia após dia com ocontributo de ca<strong>da</strong> um.46 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Por isso, esta exposição procura <strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong>de à riqueza e à <strong>beleza</strong>, tantasvezes escondi<strong>da</strong>, do di<strong>na</strong>mismo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eclesial <strong>na</strong>s suas várias vertentes:<strong>espiritual</strong>, orante e celebrativa, cultural e lúdico-festiva. É uma ver<strong>da</strong>deirafesta <strong>da</strong> alegria, <strong>da</strong> fé, <strong>da</strong> esperança e <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de para a Igreja e para aspessoas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.Eis o rosto <strong>da</strong> nossa Igreja diocesa<strong>na</strong> em exposição, nos seus múltiplosreflexos, uma Igreja viva, que não tem complexos e se quer <strong>da</strong>r a conheceraos de dentro e aos de fora.Para organizar e estruturar esta festa foi necessário um longo percursode muito trabalho, dedicação e conjugação de boas vontades, por parte deinúmera gente envolvi<strong>da</strong>. Contámos com a parceria <strong>da</strong> Câmara (que desdeo primeiro momento ofereceu to<strong>da</strong> a colaboração), <strong>da</strong> Junta de freguesia, <strong>da</strong>Arquivo Distrital, do Posto de Turismo, <strong>da</strong> Cruz Vermelha, do Santuário de<strong>Fátima</strong>, <strong>da</strong> Paróquia <strong>da</strong> Sé e de tantos voluntários <strong>da</strong>s várias comuni<strong>da</strong>des. Atodos, concretamente à Comissão Organizadora, expresso a profun<strong>da</strong> gratidãopelo empenho, pelo entusiasmo e pela paixão que puseram <strong>na</strong> organização<strong>da</strong> festa e no seu êxito. Que Deus lhes pague!Documentos2.Foi uma feliz coincidência a realização desta Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong> com o Dia<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong>. A ci<strong>da</strong>de pode assim viver uma experiência singular eorigi<strong>na</strong>l entre nós, uma calorosa experiência de comunhão que traz às suasruas a alegria, a conviviali<strong>da</strong>de e a fraterni<strong>da</strong>de características <strong>da</strong> fé cristã.Uma experiência que aju<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de a redescobrir e reencontrar o seu rostoe a sua alma.Um grande presidente <strong>da</strong> câmara, filósofo, teórico e poeta <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, G.La Pira, presidente <strong>da</strong> câmara <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Florença, em Itália, em 1954 escreviaeste texto lindo sobre a ci<strong>da</strong>de: “As ci<strong>da</strong>des têm um rosto próprio, têmpor assim dizer uma alma e um destino próprios. Não são meros armazéns depedra; são misteriosas habitações dos homens e mais ain<strong>da</strong>, de certo modo,misteriosas habitações de Deus”.De facto, a ci<strong>da</strong>de tem uma arquitectura, uma urbanística, uma geografia,uma sociologia e uma psicologia: uma ci<strong>da</strong>de tem as ruas, as praças, as casas,os edifícios públicos, os lugares de culto, de reunião e de divertimento.Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de tem os seus centros de poder cívico, politico, económico; tem apossibili<strong>da</strong>de de uma subsistência económica, de sustentabili<strong>da</strong>de e de segurançaestrutural. Mas o que é que mantém unidos tantos fios de uma tão ricae multiforme complexi<strong>da</strong>de?| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 47


. escritos episcopais .O centro e a alma <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de são as pessoas e a comunhão entreelas. A ci<strong>da</strong>de é para o homem; não o homem para a ci<strong>da</strong>de. À volta <strong>da</strong>spessoas constrói-se a ci<strong>da</strong>de e os seus lugares simbólicos onde se enraíza asua vi<strong>da</strong>: o templo para a sua união com Deus e a sua vi<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong>; a casapara a sua vi<strong>da</strong> de família; a ofici<strong>na</strong> e a empresa para a sua vi<strong>da</strong> de trabalho;a escola para a sua vi<strong>da</strong> intelectual e cultural; o hospital para a sua vi<strong>da</strong> físicasaudável; o mercado para o intercâmbio de bens; as praças para a sua vi<strong>da</strong>de lazer e de convívio.São os lugares simbólicos que exprimem a vi<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong>, a vi<strong>da</strong> familiar,a vi<strong>da</strong> económica, a vi<strong>da</strong> cultural, a vi<strong>da</strong> convivial, social e lúdica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.É isto que dá alma à ci<strong>da</strong>de. Portanto, convi<strong>da</strong>-nos a olhar para a ci<strong>da</strong>de, nãoape<strong>na</strong>s como lugar onde dispomos de serviços e de estruturas que oferecembem-estar à nossa vi<strong>da</strong>, mas sobretudo como lugar e espaço onde se realiza avi<strong>da</strong> dos homens <strong>na</strong>s suas várias dimensões.A Festa <strong>da</strong> fé, como evento <strong>espiritual</strong> e cultural, é também um valoracrescentado para a humanização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de trazendo para o seu centro aconviviali<strong>da</strong>de e a fraterni<strong>da</strong>de do amor, sem o qual o coração humano e aci<strong>da</strong>de dos homens se transformam num deserto <strong>espiritual</strong>.Faz bem ao nosso coração e ao nosso espírito passear pelos “corredores”desta exposição, parar em atitude de silêncio e contemplação, participar nosvários eventos para viver a alegria e a <strong>beleza</strong> <strong>da</strong> comunhão.Boa Festa! Muito obrigado a todos!<strong>Leiria</strong>, 21.05.2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>48 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>Acolhimento <strong>da</strong> Virgem Peregri<strong>na</strong>Salve, Santa Maria, humilde serva do Senhor, Mãe gloriosa de Cristo enossa celeste Padroeira! Tu vens à nossa ci<strong>da</strong>de visitar-nos como Mãe <strong>espiritual</strong>,Mãe <strong>na</strong> fé e nossa protectora; e nós vimos ao teu encontro para te recebercomo filhos e confiarmo-nos a ti! É to<strong>da</strong> a Igreja diocesa<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>com o seu bispo, os seus presbíteros, os religiosos e religiosas, e os fiéis leigosque hoje te acolhe <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong> e te saú<strong>da</strong> jubilosamente.Sabes, ó Mãe queri<strong>da</strong>, quanto desejei esta tua visita à ci<strong>da</strong>de e à Sé de<strong>Leiria</strong> para invocar a tua especial protecção sobre esta ci<strong>da</strong>de, para te agradeceras inúmeras graças que tens alcançado para o meu ministério e paraconsagrar a diocese ao teu Imaculado Coração!O que diz Maria à ci<strong>da</strong>de dos homens? O que recor<strong>da</strong> a todos a sua presença?Recor<strong>da</strong> a presença <strong>da</strong> Mãe que vela pelos seus filhos. Com o seu estilodiscreto dá a todos paz e esperança nos momentos alegres e tristes <strong>da</strong> existência.Ela é a Mãe Imacula<strong>da</strong> que repete aos homens do nosso tempo o que disseem <strong>Fátima</strong> à pastorinha Lúcia: “Não tenhas medo! Eu nunca te deixarei só.O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduziráaté Deus”.Como um filho levanta os olhos para o rosto <strong>da</strong> mãe e, vendo-o sorridente,esquece todo o medo e to<strong>da</strong> a dor, assim nós, voltando o olhar para Maria,reconhecemos nela o “sorriso” de Deus, reencontramos nela uma nova confiançamesmo no meio dos problemas e dramas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e do mundo.Sim, Maria dá-nos olhos e coração para contemplar o rosto de Deus, oseu Amor misericordioso como força e limite ao poder do mal que avassala omundo. Como temos necessi<strong>da</strong>de desta bela notícia!Com a sua presença, Maria fala-nos de Deus, recor<strong>da</strong>-nos a <strong>beleza</strong> e grandezado Seu Amor. E fala-nos <strong>da</strong> Igreja que <strong>na</strong>sce deste Amor e <strong>da</strong> qual elaé Mãe e modelo. Chama-nos a vivermos <strong>na</strong> fé a Palavra de Deus, a testemunharmosa cari<strong>da</strong>de no serviço ao próximo e a mantermos vigorosa a esperançamesmo no meio <strong>da</strong>s tribulações.Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 49


. escritos episcopais .Mas a ci<strong>da</strong>de dos homens é feita de rostos. Maria, como Mãe cheia de ternurapara com todos, aju<strong>da</strong>-nos a descobrir o rosto dos outros, a profundi<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s pessoas, a olhar os outros com o olhar de Deus: a partir do coração, querdizer, a olhá-los com amor, ternura, misericórdia, especialmente os mais sós,esquecidos, abando<strong>na</strong>dos, explorados.Ela diz a ca<strong>da</strong> um: onde abundou o pecado, possa superabun<strong>da</strong>r a graça apartir do teu coração e <strong>da</strong> tua vi<strong>da</strong>. E a ci<strong>da</strong>de tor<strong>na</strong>r-se-á mais huma<strong>na</strong>, maisbela e mais cristã.Obrigado, Mãe santa, por esta tua mensagem de <strong>beleza</strong> e de esperança.Obrigado, pela tua silenciosa mas eloquente presença no coração <strong>da</strong>nossa ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> nossa e tua queri<strong>da</strong> diocese. Virgem Imacula<strong>da</strong>, reza pornós, reza connosco. Nós também queremos caminhar e rezar contigo.A procissão de velas que acompanha a imagem de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>exprime aos nossos olhos o di<strong>na</strong>mismo <strong>da</strong> Igreja peregri<strong>na</strong> que caminhaem direcção a Cristo, ilumi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela fé, sob a protecção <strong>da</strong> Mãe de Deus.Este acto de caminhar <strong>na</strong> noite, com a vela <strong>na</strong> mão, fala ao mais íntimo denós mesmos, toca o nosso coração e diz mais do que qualquer palavra. Estegesto resume por si só a nossa condição de cristãos a caminho, que temosnecessi<strong>da</strong>de de luz e somos chamados a tor<strong>na</strong>rmo-nos luz.As velas que ilumi<strong>na</strong>m o caminho <strong>na</strong> espessura desta noite significam a féem Jesus Cristo, Luz do mundo, que ilumi<strong>na</strong> a nossa vi<strong>da</strong> e não permite quesejamos envolvidos <strong>na</strong>s trevas do pecado e do mal. “É preciso acreditar <strong>na</strong> luzdurante a noite; é preciso forçar a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> aurora” (Rostand).As velas, ergui<strong>da</strong>s em louvor e adoração, significam também a conversãode ca<strong>da</strong> um e a sua passagem a uma nova existência ilumi<strong>na</strong><strong>da</strong> por Jesus Cristo,cujo mistério contemplamos com Maria <strong>na</strong> oração do Rosário.Que a Virgem Mãe nos ajude a viver como filhos <strong>da</strong> Luz para testemunharmos,ca<strong>da</strong> dia, que Cristo é a nossa luz, a nossa esperança e a nossa vi<strong>da</strong>!Ámen!<strong>Leiria</strong>, 21 de Maio de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>50 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. escritos episcopais .HomiliaSantíssimo Corpo e Sangue de CristoTerra exulta de alegria,Louva teu pastor e guia,Com teus hinos, tua voz.Quanto possas tanto ouses,Em louvá-lo não repouses;Sempre excede o teu louvor.DocumentosHoje a Igreja te convi<strong>da</strong>:O pão vivo que dá vi<strong>da</strong>Vem com ela celebrar.1. Hoje professamos, com grande júbilo, a nossa fé no mistério <strong>da</strong> eucaristia,que constitui o coração <strong>da</strong> Igreja: é o dom que Jesus faz de si mesmo anós, revelando-nos o amor infinito de Deus por ca<strong>da</strong> um.Por isso, a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é uma festasingular e constitui um encontro de fé e louvor para ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de cristã.Nasceu com a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de precisa de afirmar, abertamente, a fé do povo deDeus em Jesus Cristo vivo e presente no Sacramento <strong>da</strong> Eucaristia. Uma festainstituí<strong>da</strong> para adorar, louvar e agradecer publicamente ao Senhor que no“sacramento eucarístico continua a amar-nos até ao extremo”, até ao dom doseu corpo entregue e do seu sangue derramado.2. A celebração eucarística desta tarde reconduz-nos ao ambiente <strong>espiritual</strong>de Quinta feira Santa em que Jesus institui a Eucaristia <strong>na</strong> intimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>última ceia.A festa de hoje quer pôr em evidência que esse dom é desti<strong>na</strong>do a todos,ao mundo inteiro. É Jesus ressuscitado que vem ao nosso encontro e nosassegura como o fez à multidão <strong>na</strong> multiplicação dos pães: “Eu sou o pão <strong>da</strong>vi<strong>da</strong>, o pão vivo descido do céu; quem come deste pão viverá eter<strong>na</strong>mente”.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 51


. escritos episcopais .Sim, Ele é o alimento indispensável que nos sustenta através do desertoárido deste mundo, onde domi<strong>na</strong> mais a lógica do poder e do ter do que a doamor, <strong>da</strong> partilha e do serviço.Comungá-Lo é ser renovado e curado pela força do seu amor. Por isso, aEucaristia é também convite à doação de nós mesmos, a sermos como Jesuspão partido e partilhado para a vi<strong>da</strong> do mundo.3. No termo <strong>da</strong> celebração unir-nos-emos em procissão para levar idealmenteo Senhor Jesus por to<strong>da</strong>s as ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e do mundo. Levá-lo-emosao quotidiano <strong>da</strong> nossa vi<strong>da</strong> para que Ele caminhe por onde nós caminhamos,para que Ele viva onde nós vivemos. A sua passagem entre as casas e pelasruas é uma oferta de alegria, de vi<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira, divi<strong>na</strong> e frater<strong>na</strong>, de paz ede amor.Nós caminhamos pelas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, do mundo, sabendo que o temos anosso lado, que Ele é a nossa esperança.Jesus passa e faz ouvir a sua voz como no livro do Apocalipse: “Eis queestou à porta e bato. Se alguém me escuta e me abre a porta, eu entrarei ecearei com ele e ele comigo”(3,20). Acolhamo-Lo, de todo o coração, com ainvocação <strong>da</strong> liturgia:Bom Pastor, pão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de,Tende de nós pie<strong>da</strong>de.Conservai-nos <strong>na</strong> uni<strong>da</strong>de,Extingui nossa orfan<strong>da</strong>deE conduzi-nos ao Pai.Aos mortais <strong>da</strong>ndo comi<strong>da</strong>,Dais também o pão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>:Que a família assim nutri<strong>da</strong>Seja um dia reuni<strong>da</strong>Aos convivas lá do Céu.<strong>Leiria</strong>, 3 de Junho de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>52 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. diversos .Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Santo Padre nomeiaMonsenhor Manuel Gonçalves JaneiroChegou, ao Bispo diocesano, a comunicação oficial de que o Padre Dr.Manuel Gonçalves Janeiro, desta <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, foi nomeadoMonsenhor pelo Santo Padre Bento XVI.O Senhor Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e todo o Presbitério diocesano congratulam-secom esta nomeação do Santo Padre, que representa um merecido reconhecimentopelo trabalho que este presbítero tem desenvolvido ao serviço<strong>da</strong> Igreja portuguesa e alemã.Mons. Dr. Manuel Janeiro é o Delegado <strong>da</strong> Conferência Episcopal alemãpara coorde<strong>na</strong>r a assistência pastoral às comuni<strong>da</strong>des de língua portuguesa,tendo, assim, a responsabili<strong>da</strong>de de coorde<strong>na</strong>r os párocos e os diversos agentesde assistência pastoral <strong>da</strong>s paróquias de língua portuguesa <strong>na</strong> Alemanha,e de exercer a necessária mediação entre os bispos portugueses e alemães.Os anos de trabalho neste campo pastoral, bem como os estudos e a reflexãoque tem desenvolvido nesta área, permitem considerar Mons. Janeirocomo uma <strong>da</strong>s perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des que melhor conhece os problemas <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>desmigrantes <strong>na</strong> Alemanha. É, por isso, convi<strong>da</strong>do frequente para conferênciase debates, e solicitado como consultor pela conferência episcopalalemã e outras enti<strong>da</strong>des públicas.Nos últimos anos, as suas intervenções têm sido sobretudo sobre temáticas<strong>da</strong>s suas áreas de especialização: integração social, socialização, identi<strong>da</strong>desocial, multiculturali<strong>da</strong>de, família e juventude em contexto de migração,sociologia <strong>da</strong> religião, doutri<strong>na</strong> social <strong>da</strong> Igreja.Mons. Dr. Manuel Janeiro, tem 68 anos de i<strong>da</strong>de e é padre há 44 anos.No Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>, fez o curso de humani<strong>da</strong>des, de filosofiae de teologia.Fez especialização em teologia dogmática, <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de Gregoria<strong>na</strong>,em Roma.Posteriormente, <strong>na</strong> mesma universi<strong>da</strong>de fez o curso de sociologia.Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 53


. diversos .De 1971 a 1977, <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de de Constança, <strong>na</strong> Alemanha, fez estudosde especialização em sociologia <strong>da</strong> religião, sociologia do conhecimento,antropologia e investigação sociológica.Fez ain<strong>da</strong> uma especialização em teorias <strong>da</strong> comunicação e filosofia <strong>da</strong>ciência, <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de de Innsbruck, <strong>na</strong> Áustria.Nesta <strong>Diocese</strong> foi professor no Seminário diocesano e exerceu as funçõesde prefeito no mesmo seminário.Desde 1978 que se encontra <strong>na</strong> Alemanha ao serviço <strong>da</strong> pastoral dos migrantesde língua portuguesa.Desde essa <strong>da</strong>ta que é pároco <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de de Singen.Desde 1991 é Delegado <strong>da</strong> Conferência Episcopal alemã para coorde<strong>na</strong>ra assistência pastoral às comuni<strong>da</strong>des de língua portuguesa.Desde 1994 é Director e Re<strong>da</strong>ctor do jor<strong>na</strong>l “Diálogo Europeu”.Em 2004 foi nomeado “cónego honorário” <strong>da</strong> diocese de Freiburgo.O Senhor D. António Marto felicita Mons. Manuel Janeiro, manifesta-lhea sua estima pessoal e a comunhão de todo o Presbitério diocesano, que sesente muito honrado com esta nomeação.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete Episcopal54 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. diversos .Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Pia União <strong>da</strong>s Escravasdo Divino Coração de JesusNa sua edição de 19 de Março, o semanário “Sol”, sob o título “Igreja e4 freiras disputam milhões”, publica uma notícia relativa ao conflito jurídicoentre a Pia União <strong>da</strong>s Escravas do Divino Coração e as <strong>Diocese</strong>s de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e de Angra do Heroísmo. Sobre a questão, a <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>esclarece o seguinte.1. Na sua missão de governo <strong>da</strong> diocese, segundo as leis <strong>da</strong> Igreja Católica,o Bispo tem o dever de zelar para que, <strong>na</strong>s associações de fiéis diocesa<strong>na</strong>s,públicas e priva<strong>da</strong>s, se viva rectamente a fé cristã, não se introduzam abusosno seu modo de vi<strong>da</strong> religiosa e “os bens sejam utilizados para os fins <strong>da</strong>associação” (ver cânones 305 e 325 do Código de Direito Canónico). Tem,por isso, o dever de exercer vigilância sobre as associações que estejam soba sua tutela.2. A associação de fiéis denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> Pia União <strong>da</strong>s Escravas do DivinoCoração de Jesus, com sede em Aljustrel, <strong>Fátima</strong>, foi instituí<strong>da</strong> pelo Bispo de<strong>Leiria</strong>, actualmente <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, em 1959, estando, por isso, sujeita à suaautori<strong>da</strong>de. Nos seus estatutos tem como fins: “a santificação individual pelocumprimento dos preceitos e conselhos evangélicos e as normas <strong>da</strong> Igreja”, e“a evangelização dos pobres pelo exemplo e prática <strong>da</strong>s obras de misericórdia”(art. 2.º).3. A actual Superiora Geral foi eleita a primeira vez em 22 de Junho de1990 e sucessivamente reeleita por diversos triénios, sempre com a confirmaçãodo Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, excepto em 2005, cuja eleição foi comunica<strong>da</strong>,mas não consta ter sido confirma<strong>da</strong>, como exigem os Estatutos (art.16.º). Segundo estes, a Superiora “nunca poderá ser eleita por mais de doisman<strong>da</strong>tos sucessivos” (art.18.º). O último man<strong>da</strong>to <strong>da</strong> Superiora Geral terminouem 11 de Junho de 2008.4. Tendo em conta a i<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong> <strong>da</strong>s irmãs, a Superiora Geral, coma aju<strong>da</strong> de um seu familiar, advogado, criou, em 2006, a “Fun<strong>da</strong>ção DivinoCoração de Jesus”, instituição particular de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de social, para “garantir,no futuro, a permanência do espírito que presidiu à organização e finsDocumentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 55


. diversos .<strong>da</strong> Pia União, bem como assegurar a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sua acção social junto<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des locais”. Confiando <strong>na</strong> boa fé <strong>da</strong> iniciativa, o bispo de entãoassinou as credenciais que possibilitassem a legalização civil <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção.5. Entretanto, tendo conhecido e exami<strong>na</strong>do atentamente os estatutos <strong>da</strong>Fun<strong>da</strong>ção cria<strong>da</strong>, o actual Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> verificou que ela não asseguraefectivamente a continui<strong>da</strong>de de uma instituição canónica, como é a PiaUnião, nem assegura as suas fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des religiosas, apostólicas e de prática<strong>da</strong>s obras de misericórdia, por se tratar de uma instituição meramente civil,sem qualquer vínculo canónico à Igreja. Segundo a nova situação cria<strong>da</strong>, todosos bens doados à Pia União para os fins indicados ficariam à disposiçãode uma enti<strong>da</strong>de civil autónoma e inteiramente dependente do mesmo familiarque criou a referi<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção.Além disso, houve conhecimento de várias irregulari<strong>da</strong>des <strong>na</strong> administração<strong>da</strong> Pia União e surgiram algumas dúvi<strong>da</strong>s sobre a recém-cria<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção.O familiar <strong>da</strong> Superiora Geral, <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de de procurador, passou a agircomo administrador, registando bens e começando a afectá-los à Fun<strong>da</strong>ção.Recebeu em doação para si próprio um prédio <strong>da</strong> Pia União. Entrou em conflitojudicial com a <strong>Diocese</strong> de Angra, por causa dos bens que pertenciam aoextinto Instituto Rainha dos Apóstolos, ligado desde a sua existência à PiaUnião, procurando registá-los em nome <strong>da</strong> Pia União ou <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção. Pôs àven<strong>da</strong> prédios sem a devi<strong>da</strong> licença para essa alie<strong>na</strong>ção extraordinária.6. Perante estes <strong>da</strong>dos, considerando estar em risco a per<strong>da</strong> dos bens deelevado valor <strong>da</strong> Pia União em favor <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção meramente civil, controla<strong>da</strong>pelo sobrinho <strong>da</strong> Superiora Geral, o Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, exercendo odever de vigilância sobre os bens eclesiásticos, de acordo com o cânone 1276do C.D.C. e as Normas Gerais <strong>da</strong>s Associações de Fiéis <strong>da</strong> Conferência EpiscopalPortuguesa, nomeou um comissário e um comissário adjunto, para administrarema Pia União, a título extraordinário, a fim de salvaguar<strong>da</strong>r que osbens se mantenham <strong>na</strong> posse <strong>da</strong> sua legítima proprietária, que é a Pia União.7. À <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> não movem outros interesses senão o dezelar para que os bens <strong>da</strong> Pia União sejam usados para as fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des próprias,religiosas e caritativas, para as quais foram doados. No caso de extinção <strong>da</strong>Pia União, quanto ao destino dos seus bens, o Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> respeitaráinteiramente a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de que orientou a activi<strong>da</strong>de desta enti<strong>da</strong>de religiosa,conforme as determi<strong>na</strong>ções do Direito Canónico.<strong>Leiria</strong>, 19 de Março de 2010.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete Episcopal56 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. diversos .Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>P. Marcin StrachanowskiFoi com grande surpresa e profun<strong>da</strong> conster<strong>na</strong>ção que a <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>tomou conhecimento, pelos meios de comunicação social, dosfactos de que é acusado o P. Marcin Strachanowski, ocorridos no Brasil, <strong>na</strong>região de Rio de Janeiro.Marcin Strachanowski esteve ao serviço desta <strong>Diocese</strong> desde 21 de Junhode 2007 até 1 de Junho de 2008. Por nomeação do Bispo diocesano exerceufunções de capelão no Santuário de <strong>Fátima</strong>, prestando assistência religiosa aosperegrinos de língua polaca e portuguesa. Durante o tempo <strong>da</strong> sua permanêncianesta <strong>Diocese</strong> não houve queixas relativamente ao seu comportamento, nemsuspeitas ou indícios relacio<strong>na</strong>dos com a situação agora vin<strong>da</strong> a público. Tambémnão era do conhecimento dos responsáveis diocesanos que no seu passadotivesse havido situações do género <strong>da</strong>s que tomamos agora conhecimento.O primeiro pensamento do Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e dos responsáveis pelossectores em que o P. Marcin prestou serviço dirige-se antes de mais paraaqueles que tenham sido vítimas deste seu comportamento absolutamentei<strong>na</strong>ceitável e sem qualquer desculpa, e para todos os que se sentem desiludidospela sua conduta. Esperamos que tanto no foro civil como eclesiástico sepossa conhecer a ver<strong>da</strong>de dos factos, devendo o próprio ser responsabilizadopelos actos de que for considerado culpado. Desejamos ain<strong>da</strong> que MarcinStrachanowski tenha uma oportuni<strong>da</strong>de para recompor a sua vi<strong>da</strong> pessoal, encontreo necessário equilíbrio psíquico e a coerência com os valores cristãos.Marcin Strachanowski é um presbítero <strong>da</strong> diocese de Cracóvia (Polónia),que desde 1997 presta serviço pastoral <strong>na</strong> arquidiocese do Rio de Janeiro (noBrasil). Em carta <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 7 de Março de 2007, solicitou ao Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> autorização para trabalhar pastoralmente nesta diocese, de preferênciano Santuário de <strong>Fátima</strong>. Depois de recolhi<strong>da</strong>s as devi<strong>da</strong>s informações dosArcebispos de Rio de Janeiro e de Cracóvia, perante diversos atestados deidonei<strong>da</strong>de e recomen<strong>da</strong>ções favoráveis, o Bispo diocesano admitiu-o para otrabalho pastoral em <strong>Fátima</strong>. Em Maio de 2008, o próprio comunica ao bispodesta diocese que, com autorização do seu bispo de origem, regressaria nomês seguinte ao Brasil, para aí exercer novamente o ministério sacerdotal.<strong>Leiria</strong>, 28 de Maio de 2010.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo DiocesanoDocumentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 57


. diversos .Comunicado <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>Nomeações episcopaisPor man<strong>da</strong>to do Senhor Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, D. António Marto, são tor<strong>na</strong><strong>da</strong>spúblicas as seguintes nomeações:O P. José Augusto Pereira Rodrigues é nomeado Director do Departamentode Pastoral Familiar, Director do Serviço de Pastoral <strong>da</strong> Saúde e Vigário Paroquial<strong>da</strong>s Paróquias de <strong>Leiria</strong> e Cruz <strong>da</strong> Areia.O P. André Antunes Batista é nomeado Prefeito do Seminário Diocesano.Mantém as funções de Director do Pré-Seminário. Deixa o serviço <strong>na</strong>s capelaniasmilitares e no Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real.O P. Manuel Henrique Gameiro de Jesus é nomeado Director do Serviço Diocesanode Pastoral Juvenil e indigitado para Capelão <strong>da</strong>s capelanias militares <strong>da</strong>Base Aérea de Monte Real e do Regimento de Artilharia de <strong>Leiria</strong>. Assume ain<strong>da</strong>o serviço de capelão do Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, e mantém asfunções de Assistente Diocesano do Movimento dos Convívios Fraternos. Deixao serviço paroquial <strong>na</strong> Marinha Grande.O P. João Pereira Feliciano é nomeado Adjunto do Chanceler e, para o Tribu<strong>na</strong>lEclesiástico, Defensor do Vínculo e Promotor de Justiça. Continua comoPároco de Colmeias.O P. Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas é nomeado Capelão do Santuário de<strong>Fátima</strong>. Mantém as funções de Director do Departamento de Liturgia, membrodo Secretariado Nacio<strong>na</strong>l de Liturgia, Docente no Instituto Superior de EstudosTeológicos de Coimbra e <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica Portuguesa. Deixa as funçõesde Prefeito do Seminário Maior de Coimbra. Passará a integrar o Colégio deConsultores.O P. Adelino Filipe Guar<strong>da</strong> é nomeado Coorde<strong>na</strong>dor do Serviço de Apoio aoClero. Deixa o Serviço de Pastoral <strong>da</strong> Saúde e mantém os restantes serviços: Directordo Centro de Formação e Cultura, Director do Gabinete de Apoio aos Serviços Pastorais,Defensor do Vínculo no Tribu<strong>na</strong>l Eclesiástico, Coorde<strong>na</strong>dor do Serviço para oDiaco<strong>na</strong>do Permanente, Assistente Religioso <strong>da</strong> Escola de Formação Social Rural de<strong>Leiria</strong>, Docente no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e Docenteno Seminário Diocesano de <strong>Leiria</strong>. Passará a integrar o Colégio de Consultores.O P. Vítor Manuel Leitão Coutinho assume a responsabili<strong>da</strong>de do Gabinetede Imprensa <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>. Mantém os serviços que já desempenha e passa a integrartambém o Serviço de Apoio ao Clero.58 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. diversos .O P. Gonçalo Corrêa Mendes Teixeira Diniz é nomeado Pároco de <strong>Leiria</strong>e Cruz <strong>da</strong> Areia. Mantém as funções de Director do Departamento de PastoralJuvenil e Escolar e continua como Docente no Instituto Superior de Estudos Teológicosde Coimbra e no Centro de Formação e Cultura. Deixa o Serviço Diocesanode Pastoral Juvenil.O P. Armindo Castelão Ferreira é nomeado Pároco <strong>da</strong> Marinha Grande. Deixaa paroquiali<strong>da</strong>de de Ourém e as funções de Vigário <strong>da</strong> Vara desta Vigararia.O P. Alcides Rocha dos Santos Neves é nomeado Pároco <strong>da</strong> Ortigosa. Deixao serviço paroquial <strong>na</strong> Marinha Grande.O P. Pedro Manuel Jorge Ferreira é nomeado Pároco de Nossa Senhora <strong>da</strong>sMisericórdias, em Ourém. Deixa o serviço paroquial <strong>na</strong> Caranguejeira.O P. Joaquim de Almei<strong>da</strong> Baptista é nomeado Pároco de Caranguejeira. Deixaa paroquiali<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong> e as funções de Vigário <strong>da</strong> Vara desta Vigararia.O P. Rui Acácio Amado Ribeiro é nomeado Pároco <strong>da</strong> Barreira. Continuacomo Pároco <strong>da</strong>s Cortes e mantém as funções de Director do Jor<strong>na</strong>l “O Mensageiro”e Director do Serviço Pastoral <strong>da</strong> Comunicação Social. Deixa a paroquiali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> Cruz <strong>da</strong> Areia e a coorde<strong>na</strong>ção do Gabinete de Imprensa. Passará aintegrar o Colégio de Consultores.O P. João Carlos Roma Leite Rodrigues e o P. Jovanete Paulo Vieira, <strong>da</strong> Congregaçãodos Marianos <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong> Conceição, são nomeados Párocos «in solidum»de São Mamede. O P. João Carlos Rodrigues assume a tarefa de moderadordo serviço pastoral e deixa o serviço paroquial <strong>na</strong> Maceira.O P. Pedro Miguel Ferreira Viva é nomeado Vigário Paroquial <strong>da</strong> MarinhaGrande. Passa a integrar também o Serviço de Apoio ao Clero. Deixa os serviçosno Seminário Diocesano.O P. Filipe <strong>da</strong> Fonseca Lopes é nomeado por mais um ano AdministradorParoquial do Fárrio.O P. Leonel Vieira Baptista é dispensado de todos os serviços que desempenha<strong>na</strong> <strong>Diocese</strong>, para frequentar um programa de formação contínua durante opróximo ano pastoral.O Diácono Miguel Sottomayor prestará serviço pastoral <strong>na</strong>s paróquias de<strong>Leiria</strong> e Cruz <strong>da</strong> Areia.O P. António Ramos é dispensado, a seu pedido, por motivos de saúde, <strong>da</strong> paroquiali<strong>da</strong>dede São Mamede. Deixa as funções de Vigário <strong>da</strong> Vara desta Vigararia.O Serviço de Apoio ao Clero passará a ser constituído pelos seguintes elementos:P. Adelino Filipe Guar<strong>da</strong>, Mons. Luciano Gomes Paulo Guerra, P. ManuelPedrosa Melquíades, P. Pedro Miguel Ferreira Viva, P. Vítor Manuel LeitãoCoutinho e P. Clemente Dotti.Documentos| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 59


. diversos .O Colégio de Consultores passará a ser constituído pelos seguintes elementos:P. Jorge Manuel Faria Guar<strong>da</strong>, P. Virgílio do Nascimento Antunes, Mons. LucianoGomes Paulo Guerra, P. Manuel Armindo Pereira Janeiro, P. Carlos ManuelPedrosa Cabecinhas, P. Adelino Filipe Guar<strong>da</strong>, P. Rui Acácio Amado Ribeiro.14 de Junho de 2010Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete EpiscopalComunicado do Conselho PresbiteralAno dedicado ao serviço à pessoaPor convocação do Sr. D. António Marto, bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, estevereunido, no dia 8 de Junho, o Conselho Presbiteral <strong>da</strong> diocese.O primeiro ponto <strong>da</strong> agen<strong>da</strong>, de carácter urgente, tratou <strong>da</strong> questão <strong>da</strong>continui<strong>da</strong>de do Seminário Maior em Coimbra e frequência do ISET. Os conselheirosforam inteirados <strong>da</strong> actual situação e manifestaram o seu parecerao bispo diocesano. O Conselho manifestou publicamente a sua alegria econgratulação pela recente visita do Papa Bento XVI ao nosso país e à diocese.De igual modo comunga <strong>da</strong> alegria de D. António que durante esta visitaacompanhou de modo próximo Sua Santi<strong>da</strong>de.No quadro de avaliação do ano pastoral que agora termi<strong>na</strong>, o Conselho congratulou-secom a realização <strong>da</strong> Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>, reconheceu o seu êxito, e manifestouregozijo pela participação dos fiéis, que compareceram de forma participativa ealegre, ao mesmo tempo que endereçou um agradecimento aos organizadorespelo seu trabalho e empenho. Da análise feita pelos conselheiros, destacam-sealgumas acções que marcaram o ano pastoral, a saber: o retiro popular, os encontrosvicariais com os conselhos pastorais e económicos, a peregri<strong>na</strong>ção diocesa<strong>na</strong>a <strong>Fátima</strong>, as visitas pastorais e a carta de comunhão dos sacerdotes.Este Conselho elegeu ain<strong>da</strong> a Comissão para aplicação do Estatuto Económicodo Clero, composta pelo padre João Feliciano, padre José Alves epadre Carlos Cabecinhas, e indicou como seu representante ao Conselho PastoralDiocesano o padre Rui Ribeiro.Em clima de fraterni<strong>da</strong>de sacerdotal e comunhão eclesial, os conselheirosapresentaram um conjunto de propostas e sugestões a ter em conta <strong>na</strong> elaboraçãodo programa pastoral diocesano para o próximo ano, de acordo com otema geral “serviço à pessoa, caminho <strong>da</strong> Igreja”.60 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


Vi<strong>da</strong> Eclesial. destaque . notícias .. serviços e movimentos . entrevistas .


. destaque .<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> mobilizou-se para a festa<strong>Fé</strong> <strong>na</strong> <strong>beleza</strong> <strong>espiritual</strong> e <strong>moral</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>Luís Miguel FerrazO Bispo diocesano lançou o desafio, motivou estruturas, procurou parcerias,apelou à participação alarga<strong>da</strong>. O programa para os dias 21, 22 e 23de Maio prometia varie<strong>da</strong>de de iniciativas, multiplici<strong>da</strong>de de sensibili<strong>da</strong>des,diversi<strong>da</strong>de de vivências, desde o recolhimento <strong>na</strong> oração até à explosão festivados concertos juvenis. Pelo meio, quase como fio condutor, a presença <strong>da</strong>imagem de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, Padroeira desta Igreja particular, numa<strong>da</strong>s suas raras saí<strong>da</strong>s (a 11.ª) <strong>da</strong> Capelinha <strong>da</strong>s Aparições.LMFerrazVi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 63


. destaque .Os diocesanos corresponderam, encheram a ci<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e alegria,de celebração e manifestação pública de fé, mostraram-se <strong>na</strong>s suas varia<strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des, movimentos e serviços. Desde as multidões de abertura eencerramento, pontos altos do acolhimento e despedi<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem maria<strong>na</strong>de <strong>Fátima</strong>, até aos mais pequenos apontamentos de cultura, celebraçãoe espectáculo, podemos dizer que esta primeira “Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>” <strong>da</strong> diocese de<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> foi um sucesso pela mobilização de gente, pela forma comose apresentou <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de, pela riqueza de conteúdos e expressões, pela revelaçãodo(s) rosto(s) desta Igreja: rosto de Deus, que a fundou e é sua cabeça,e rostos de ca<strong>da</strong> um de nós, que somos o seu corpo. Também por isso, umrosto belo, mas que não é perfeito. Podia ter sido melhor, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em queca<strong>da</strong> cristão tivesse <strong>da</strong>do mais de si para a construção do quadro comum. Umtrabalho que não perdeu a oportuni<strong>da</strong>de, pois deverá ser feito todos os dias,a ca<strong>da</strong> momento.O sorriso comovido de D. António Marto nos momentos fi<strong>na</strong>is deste grandefim-de-sema<strong>na</strong> foi bem expressivo. Grato a Deus, a Nossa Senhora e atodos os cristãos que contribuíram para este evento, o prelado não destacoumomentos, não lamentou falhas, não e<strong>na</strong>lteceu particulares… ape<strong>na</strong>s afirmoua sua alegria por pertencer a esta Igreja, manifesta<strong>da</strong> nestes dias em to<strong>da</strong> adiversi<strong>da</strong>de dos dons do Espírito Santo que a anima.Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>A chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, ao fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> tarde de 21de Maio, foi sau<strong>da</strong><strong>da</strong> por alguns milhares de fiéis, vindos de to<strong>da</strong> a <strong>Diocese</strong>.Momentos antes, D. António tinha feito a abertura solene <strong>da</strong> festa. Depois,incorporou a imensa procissão até ao palco <strong>da</strong> praça Paulo VI, onde se fez oacolhimento à Padroeira que seria conduzi<strong>da</strong> até à igreja Catedral, onde permaneceudurante estes dias. Foi uma presença permanente de fiéis, que peregri<strong>na</strong>ramconstantemente ao local para momentos de oração, de celebração<strong>da</strong> Penitência e <strong>da</strong> Eucaristia, de concertos de louvor. Um fio condutor, até aofi<strong>na</strong>l, onde nova multidão acompanhou a imagem em procissão de regresso àpraça Paulo VI, para a celebração eucarística de encerramento.Mensagem de confiançaNa homilia, D. António manifestou o seu contentamento pela forma comoto<strong>da</strong> a festa tinha decorrido e agradeceu aos vários intervenientes o empenhoe dedicação. “A festa é vossa, fostes vós que a fizestes”, afirmou D. António,dirigindo-se aos milhares de fiéis que enchiam o recinto e os espaços anexos64 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. destaque .do jardim Luís de Camões. Salientando a forma entusiástica como o eventofoi recebido pela “ci<strong>da</strong>de dos homens”, justificou: “porque sentia necessi<strong>da</strong>dedesta festa”. Recor<strong>da</strong>ndo a recente visita do Papa, que trouxe “uma dose de<strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de e de esperança” a uma socie<strong>da</strong>de “que vive um certo desencanto,um certo estado de depressão de quem perdeu a confiança <strong>na</strong> vi<strong>da</strong>”,exprimiu o desejo e a convicção de essa <strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de é bem recebi<strong>da</strong>, porque“é o que mais precisa o coração de uma pessoa, o que mais precisa umafamília, o que mais precisa a socie<strong>da</strong>de”.A mensagem do prelado, com voz viva e apelativa, centrou-se no “redespertar<strong>da</strong> confiança” como lição a retirar desta organização: “No coraçãode ca<strong>da</strong> um existe mais capaci<strong>da</strong>de e potenciali<strong>da</strong>de de bem do que de mal;temos de acreditar nesta <strong>beleza</strong> <strong>espiritual</strong> e <strong>moral</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que o Espírito Santonos oferece”. Uma “vi<strong>da</strong> bela” que é sinónimo <strong>da</strong> “santi<strong>da</strong>de a que todos somoschamados, não como turistas do <strong>espiritual</strong> que admiram a santi<strong>da</strong>de nosoutros, mas como chamados a ser santos neste século XXI”, afirmou o Bispo.Santos para o século XXIE terminou com a oferta do “decálogo <strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de popular para o séculoXXI”, que pode resumir-se em “ser santos por opção e escolha pessoal”,“santos em ca<strong>da</strong> momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> quotidia<strong>na</strong>”, “santos no contexto concretodo nosso tempo”, “santos <strong>na</strong> gratui<strong>da</strong>de e <strong>na</strong> doação e serviço aos outros”,“santos que se deixam habitar pelo mistério do amor e <strong>da</strong> santi<strong>da</strong>de de Deus”,“santos em família e em comuni<strong>da</strong>de cristã, uns com os outros e uns pelosoutros”, “santos humildes e penitentes, conscientes <strong>da</strong> fragili<strong>da</strong>de huma<strong>na</strong>,mas também de que Deus é maior do que as nossas fraquezas”, “santos humanos,com uma humani<strong>da</strong>de exemplarmente assumi<strong>da</strong> e vivi<strong>da</strong>”, “santos doamor puro, ver<strong>da</strong>deiro, casto, fiel, alegre, ver<strong>da</strong>deiro e sorridente”, “santos <strong>da</strong>alegria, do bom humor e <strong>da</strong> esperança, que aju<strong>da</strong>m a descobrir as <strong>beleza</strong>s docaminho e as possibili<strong>da</strong>des de vi<strong>da</strong> nova”.Uma mensagem que, com certeza, encheu os corações dos que, novamenteem procissão, acompanharam a Senhora de <strong>Fátima</strong> até à igreja de SantoAgostinho, outro padroeiro <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>, em cujas palavras se baseou a oraçãode despedi<strong>da</strong>.Vi<strong>da</strong> EclesialAdeus como promessaMuito se poderia escrever sobre este fim-de-sema<strong>na</strong> e nunca seria suficientepara relatar ca<strong>da</strong> pormenor, ca<strong>da</strong> realização, ca<strong>da</strong> momento de cultura,de festa, de activi<strong>da</strong>de de rua. Nem para descrever o conteúdo de ca<strong>da</strong> uma| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 65


. destaque .<strong>da</strong>s ten<strong>da</strong>s de exposição <strong>da</strong>s nove vigararias, dos movimentos, serviços, comuni<strong>da</strong>desreligiosas... Sobretudo, não <strong>da</strong>ria para transmitir a vi<strong>da</strong> que encheuas ruas, com especial destaque para as crianças <strong>da</strong> catequese e os jovensque fizeram do sábado um dia de cor, alegria e movimento.Diremos ape<strong>na</strong>s que os lenços brancos, <strong>na</strong> mão do Bispo e de ca<strong>da</strong> um dosfiéis, no momento <strong>da</strong> despedi<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem de Nossa Senhora de <strong>Fátima</strong>, nãosignificaram tanto um adeus a quem parte, mas uma promessa a quem fica.Porque a Mãe continuará a acompanhar esta Igreja, tanto nos momentos defesta como de trabalho, <strong>na</strong>s alegrias e <strong>na</strong>s dificul<strong>da</strong>des. E porque quem viveuestes dias não os sentiu como tarefa acaba<strong>da</strong>, mas como promessa de quemais e melhor se fará no futuro. Com confiança e um sorriso no(s) rosto(s),como nos pede D. António.LMFerraz66 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


FalecimentoMonsenhorHenrique <strong>da</strong> FonsecaUma vi<strong>da</strong> de serviço e dedicaçãoFaleceu no dia 21 de Janeiro o Monsenhor Henrique Fer<strong>na</strong>ndes <strong>da</strong>Fonseca, no Hospital de Abrantes.A celebração exequial realizou-se no sábado, dia 23, <strong>na</strong> Sé Catedralde <strong>Leiria</strong>, presidi<strong>da</strong> pelo nosso Bispo, D. António Marto. No fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> celebração,o funeral dirigiu-se para o cemitério do Olival, onde o corpo foisepultado.Nas palavras de D. Alberto Cosme do Amaral, “Monsenhor Henrique<strong>da</strong> Fonseca serviu a Igreja com raro espírito de dedicação e entrega, e numtotal esquecimento de si próprio”. A Deus agradecemos o dom <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>e tudo o que ele pôde realizar em favor <strong>da</strong> Igreja de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.Vi<strong>da</strong> EclesialDados Biográficos• Nasceu a 7.03.1931, em Aldeia Nova, freguesia do Olival, filho deCarlos Ribeiro <strong>da</strong> Fonseca e de Laura Rodrigues Fer<strong>na</strong>ndes.• Entrou no Seminário de <strong>Leiria</strong> em Outubro de 1941, e terminou ocurso em Julho de 1953.• Orde<strong>na</strong>do Diácono a 12.07.1953, <strong>na</strong> Catedral de <strong>Leiria</strong>.• Orde<strong>na</strong>do Presbítero a 19.09.1953, <strong>na</strong> Catedral de <strong>Leiria</strong>.• Auxiliar <strong>da</strong> Câmara Eclesiástica, de 01.10.1953 até 30.03.1954.• Pároco interino dos Pousos, de 02.01.1954 até 30.03.1954, <strong>da</strong>ta emque foi nomeado Coadjutor <strong>da</strong> Marinha Grande.• Assistente Diocesano <strong>da</strong> LOC (Liga Operária Católica).• A 28.12.1956 foi nomeado Pároco de Mira de Aire.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 67


• A 05.08.1965 foi nomeado Prefeito e Professor do Seminário Diocesanode <strong>Leiria</strong> (onde leccinou História Universal, História de Portugal eHistória <strong>da</strong> Civilização), funções que desempenhou até 26.12.1972.• A 17.10.1970 foi nomeado Aju<strong>da</strong>nte do Ecónomo do Seminário,mantendo os cargos que exercia nessa <strong>da</strong>ta.• A 26.12.1972 foi nomeado Secretário Episcopal.• A 04.08.1979 foi nomeado Vigário Geral <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>, cargo que ocupouaté 20.06.1998.• Nomeado Cónego <strong>da</strong> Sé Catedral a 18.06.1981, nomeado Monsenhor,com o título de Capelão de Sua Santi<strong>da</strong>de, a 14.01.1983.• Membro do Conselho de Administração <strong>da</strong> Gráfica de <strong>Leiria</strong> desde04.08.1984, membro do Conselho Económico Diocesano desde31.12.1984, membro <strong>da</strong> Comissão do Inventário Artístico <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>desde 12.10.1993, membro do Conselho de Administração do Santuáriode <strong>Fátima</strong> desde 25.07.1994.• Ecónomo Diocesano de 31.12.1984 a 9.06.1994.• Pároco de Ortigosa desde 30.09.2000, foi dispensado deste serviço a29.06.2009, por motivos de saúde.• A 13.07.2007 foi nomeado Coorde<strong>na</strong>dor do Serviço de Apoio aoClero, cargo que exerceu até ao fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.68 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. especial . visita pastoral .Visita Pastoral do Bispo à <strong>Diocese</strong>Pela vigararia de Ourém…Continuando em Visita Pastoral pela vigararia de Ourém, D. AntónioMarto esteve <strong>na</strong>s paróquias de Ribeira do Fárrio (7 a 10 de Janeiro), Gondemariae Cercal (13 a 17 de Janeiro), Caxarias (10 a 14 de Fevereiro), Olival(24 a 28 de Fevereiro), Casal dos Ber<strong>na</strong>rdos e Urqueira (10 a 14 de Março).Apresentamos nesta edição uma entrevista aos respectivos párocos, comotem sido hábito em ca<strong>da</strong> caso, sempre com as mesmas perguntas:1. Que pensa <strong>da</strong> iniciativa do Bispo diocesano de fazer uma visita pastorala to<strong>da</strong>s as paróquias?2. Como se preparou a comuni<strong>da</strong>de para receber o seu Bispo?3. Qual foi o critério <strong>na</strong> elaboração do programa?4. De forma geral, como decorreu a visita?5. Houve algum momento especial que queira destacar?6. Qual a principal mensagem ou marca deixa<strong>da</strong> por D. António Marto?7. Quais as expectativas cria<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> Visita Pastoral e que priori<strong>da</strong>despastorais se adivinham em ordem à renovação <strong>da</strong> dinâmica paroquial?Vi<strong>da</strong> EclesialPadre Filipe LopesRibeira do Fárrio1 - É, no meu entender, certamente a formamais rápi<strong>da</strong> e melhor para sentir o pulsar do coração<strong>da</strong> Igreja diocesa<strong>na</strong>. O mundo de hoje, maisdo que palavras, necessita de testemunhos que toquemo interior do ser humano. A visita de D. Antónioé por si um testemunho de amor a Deus, aoshomens e à Igreja.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 69


. especial . visita pastoral .As comuni<strong>da</strong>des paroquiais necessitam também de conhecer, acolher eamar aquele que tem a missão de as orientar. A <strong>Diocese</strong> ganhou um novo fôlegocom a sua vin<strong>da</strong>. As suas Cartas Pastorais são testemunho disso mesmo.Mas é necessário que a comuni<strong>da</strong>de “aperte a mão” <strong>da</strong>quele que estimam.Outro motivo é o futuro <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>. O senhor D. António fica a conheceras comuni<strong>da</strong>des, o espaço geográfico e o trabalho dos sacerdotes, e poderáconduzir melhor o seu povo.2 – A preparação foi cui<strong>da</strong><strong>da</strong>. Fizeram-se reuniões por sectores pastorais,formaram-se grupos de Lectio Divi<strong>na</strong> a partir <strong>da</strong>s propostas apresenta<strong>da</strong>s e,em ca<strong>da</strong> Eucaristia havia uma prece pela visita.3 – Na elaboração do programa, sabendo que a visita seria de ape<strong>na</strong>s quatrodias e tive como principal objectivo o encontro com todos, <strong>na</strong> perspectiva<strong>da</strong> animação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã <strong>na</strong> paróquia.O senhor Bispo teve um serão só com casais, marido e esposa, e encontroscom os jovens, com as crianças <strong>da</strong> catequese, com os confirmandos e com osidosos. O mais participativo foi o do Conselho Paroquial, que juntou todos osintervenientes <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> pastoral <strong>da</strong> paróquia.4 – A visita correu muito bem. As pessoas estavam anima<strong>da</strong>s e entusiasma<strong>da</strong>scom este acontecimento. Foi a primeira vez que o Bispo <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> sedeslocou a esta paróquia.5 - Todos os momentos foram especiais, mas destaco mesmo assim, a Eucaristiade encerramento. Ouvia-se com frequência “nunca vimos coisa assim”.6- Ficam em nós ver<strong>da</strong>deiras marcas. Recordo a mensagem que uma paroquia<strong>na</strong>dirigiu a D. António, no fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> eucaristia:Foi com muita alegria e muito carinho que acolhemos a notícia destaVisita Pastoral.Foi com eleva<strong>da</strong> estima, consideração e reconhecimento que, fi<strong>na</strong>lmente,colocámos os nossos olhos nos olhos de D. António Marto, o nossocoração no coração deste nosso irmão. Ao longo destes quatro diasde Visita Pastoral, pudemos contemplar, através do testemunho do nossoPastor, quão bela e alegre é a <strong>Fé</strong> em Jesus Cristo. Guar<strong>da</strong>mos as suaspalavras de coragem e incentivo para continuarmos, <strong>na</strong> nossa paróquia,o grande projecto de Jesus Cristo. Hoje, neste dia de festa e dia tão espe-70 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. especial . visita pastoral .cial para esta comuni<strong>da</strong>de, agradecemos senti<strong>da</strong>mente a sua presença nomeio de nós. E, desta forma, queremos assumir um compromisso: a paróquia<strong>da</strong> Ribeira do Fárrio vai formar uma ver<strong>da</strong>deira família que viveem comunhão, sem vergonha e sem medo de testemunhar a <strong>Fé</strong>, alegre eparticipativa <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja. Reunidos, assim, à mesma mesa, não haveráespaço para situações de conflito, pois esta visita fomentou em nósum espírito de uni<strong>da</strong>de.Após o falecimento do nosso querido Padre Jorge e, agora, com agraça de podermos continuar a ter entre nós a presença do sacerdote,<strong>na</strong>s pessoas do P. Filipe e do P. Ferreira, estamos em tempo de relançamento.O nosso coração está aberto para acolher o sentido de família,comunhão e fraterni<strong>da</strong>de. Se somos homens e mulheres que partilhamosa mesma fé pelo Baptismo, sejamos os mesmos homens e mulheres capazesde partilhar e promover uma <strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de de comunhão.Num dos encontros, D. António disse-nos que ca<strong>da</strong> um de nós era orosto <strong>da</strong> graça de Deus <strong>na</strong> terra. Assim sendo, hoje queremos tambémdizer que D. António Marto é para nós esse rosto. Bem-haja!7 - No fim <strong>da</strong> mensagem que foi dirigi<strong>da</strong> em nome <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, encontram-sealguns propósitos. Fin<strong>da</strong> a sua leitura, o povo aplaudiu de pé elargamente, demonstrando assim o seu empenhamento. Esta mensagem vaiser coloca<strong>da</strong> em painel <strong>na</strong> frontaria <strong>da</strong> igreja paroquial.Vi<strong>da</strong> EclesialPadre Manuel Santos LopesGondemaria e Cercal1 - Considero que a Visita Pastoral que está emcurso <strong>na</strong> <strong>Diocese</strong> é uma iniciativa não ape<strong>na</strong>s louvávelmas necessária fun<strong>da</strong>mentalmente para to<strong>da</strong>a comuni<strong>da</strong>de paroquial.2 - A Visita Pastoral às paróquias <strong>da</strong> Gondemariae do Cercal foi anuncia<strong>da</strong> com alguma antecedência.Além disso, fez-se a distribuição a crianças, jovens e adultos depagelas alusivas à Visita Pastoral e um convite à oração para que a presençado Bispo se tor<strong>na</strong>sse “ver<strong>da</strong>deiro tempo de graça e momento especial para oencontro e o diálogo do Bispo com os fiéis”.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 71


. especial . visita pastoral .Mais tarde, espalharam-se ain<strong>da</strong> catálogos de mobilização, em diversoslocais <strong>da</strong>s paróquias, de forma a sensibilizar as pessoas para este grandeacontecimento, de carácter <strong>espiritual</strong> e pastoral.3 - O programa foi elaborado pelos diversos movimentos <strong>da</strong>s paróquias e,por fim, sujeito à aprovação do Bispo.4 - A Visita Pastoral às paróquias excedeu to<strong>da</strong>s as expectativas. A participaçãoe o entusiasmo <strong>na</strong> recepção surpreenderam-me, tanto mais que parte<strong>da</strong> Visita Pastoral foi feita durante a sema<strong>na</strong>, portanto, em dias de trabalho.5 - Os momentos especiais ocorreram no sábado e no domingo, pois aEucaristia e os encontros realizados contaram com uma afluência muito significativa<strong>da</strong>s crianças, jovens e adultos.6 - O que de mais importante se registou <strong>da</strong> passagem do nosso Bispo pelasparóquias terá sido a Palavra de Deus, que, de forma convicta e cativante,nos confiou.Na oportuni<strong>da</strong>de, não deixámos de o registar e agradecer publicamente.7 – Quanto a expectativas, é demasiado prematuro anteciparmos quaisquerresultados <strong>da</strong> Visita Pastoral, uma vez que ain<strong>da</strong> não nos reunimos comos diversos movimentos apostólicos <strong>da</strong>s paróquias.Padre Bertolino VieiraCaxarias e Olival1 – A Visita pastoral é uma excelente iniciativaque proporcio<strong>na</strong> o encontro pessoal do Pastor <strong>da</strong>Igreja Diocesa<strong>na</strong> com os fiéis de ca<strong>da</strong> paróquia.Permite aferir <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de cristã <strong>da</strong>s Paróquias,<strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> e iniciativas concretas, <strong>da</strong> vitali<strong>da</strong>dee consciência <strong>da</strong> situação actual, com todosos desafios que se lançam à Igreja e às paróquias.Permite ain<strong>da</strong>, no contacto directo com o Povo de Deus, verificar as vivênciaspessoais e sociais.72 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. especial . visita pastoral .Apesar do limite temporal, por se reduzir a poucos dias ou tardes e noites,permite ao bispo diocesano celebrar, conversar, confirmar <strong>na</strong> fé, desafiar, estimulare incentivar as comuni<strong>da</strong>des cristãs, e sentir a proximi<strong>da</strong>de do Povode Deus. Os fiéis, por seu lado, também animam e estimulam o próprio bispo.Em suma, é uma valorização <strong>da</strong> comunhão eclesial entre o Pastor e o rebanho,usando a imagem evangélica de São João.2 – Em Caxarias, a preparação, que teve diversos momentos, começou pelaconsciencialização dos objectivos e proposta de programa elabora<strong>da</strong> pelo ConselhoPastoral, e prosseguiu com a apresentação e reajustamento dessa propostaem diálogo com o Senhor Bispo. Por fim, realizou-se uma assembleia paroquialpara distribuição de tarefas e verificação do trabalho já feito.Depois, iniciou-se a preparação dos sectores pastorais e Comuni<strong>da</strong>des.Prepararam-se as celebrações eucarísticas, a Confirmação dos adolescentes,os encontros com a Catequese, crianças, adolescentes, jovens e pais, e comos principais membros <strong>da</strong> pastoral paroquial. Tentou-se também <strong>da</strong>r realceao contacto com os Bombeiros Voluntários, instituição estima<strong>da</strong> e relevante<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de local. Por dificul<strong>da</strong>des de agen<strong>da</strong>, não foi possível o contactocom a comuni<strong>da</strong>de escolar.Fez-se a Lectio Divi<strong>na</strong> algumas vezes, <strong>na</strong> igreja paroquial (não em grupos),para rezar a Palavra de Deus e aju<strong>da</strong>r os cristãos a reconhecerem-semelhor <strong>na</strong> Comuni<strong>da</strong>de Paroquial e <strong>na</strong> Igreja que são, e a compreenderem asua inserção <strong>na</strong> Igreja Diocesa<strong>na</strong>, bem como a missão do Bispo e dos pastores<strong>na</strong> vi<strong>da</strong> eclesial.No Olival, houve várias reuniões de preparação: Conselho Pastoral, umaassembleia paroquial e a oração bíblica <strong>na</strong> igreja paroquial feita nos moldes<strong>da</strong> Lectio Divi<strong>na</strong>. Além disso, os sectores <strong>da</strong> Pastoral Paroquial organizaramsepara preparar os diversos momentos de encontro com o nosso bispo. Foiain<strong>da</strong> coorde<strong>na</strong><strong>da</strong> pela Junta de Freguesia, a quem agradeço em nome <strong>da</strong>Paróquia, um encontro com as diversas associações sócio-culturais.Vi<strong>da</strong> Eclesial3 – A elaboração do programa obedeceu aos objectivos traçados pelo nossoBispo: o conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de eclesial, antes de mais, e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>desocial onde se insere a paróquia. Assim, privilegiou-se o contacto com osdiversos agentes pastorais e os fiéis, procurando a maior mobilização e participação<strong>da</strong> paróquia.Tentámos que o Senhor Bispo pudesse conhecer as pessoas que se reúnemnos diversos centros de culto, a maior parte sem Eucaristia dominical.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 73


. especial . visita pastoral .O objectivo foi entendido e bem conseguido, pois houve uma participaçãointeressa<strong>da</strong> e numerosa que é de louvar, apesar <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de dos horárioslaborais. Houve um esforço notório para marcar a presença.4 – A visita foi acontecendo de forma normal, com bom acolhimento aoSenhor Bispo e marca<strong>da</strong> pela sua proximi<strong>da</strong>de afectiva, que é claramente seutimbre. Quer <strong>na</strong>s celebrações e reuniões, quer nos convívios e refeições, acomuni<strong>da</strong>de pôde manifestar o seu carinho ao seu Pastor, correspondendo, deforma espontânea, ao seu modo tão agradável e marcante de estar com todos.5 – Em Caxarias, de to<strong>da</strong>s as celebrações, destacaria a Eucaristia dominical,acção central <strong>da</strong> visita, em que o senhor bispo lançou alguns desafiosà vi<strong>da</strong> de fé, em termos de afirmação dos valores morais e de participaçãoco-responsável <strong>na</strong> paróquia, <strong>na</strong> família e <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de. Foi-lhe oferecido umcabaz com diversos produtos <strong>da</strong> zo<strong>na</strong>, si<strong>na</strong>l material <strong>da</strong> partilha <strong>da</strong> Paróquiacom o Pastor diocesano. Na mesma celebração foram crismados 11 jovens efizeram o seu juramento os membros do novo Conselho Pastoral Paroquial.Foi uma celebração festiva e solene, simples e de comunhão eclesial.Foi ain<strong>da</strong> significativo o encontro com os membros activos <strong>da</strong> PastoralParoquial. Além de uma panorâmica geral <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social e paroquial, o SenhorBispo dirigiu uma palavra específica a todos os sectores, serviços e movimentos,de incentivo e responsabilização pela sua missão concreta.No Olival, destacaria, em primeiro lugar, a celebração e o encontro comos seniores (idosos) e doentes no Centro de Apoio Social do Olival (CASO),que foi marcante pela comunicação próxima do senhor bispo com os maisvelhos, com todo o apreço, estima e atenção que lhes dedica.Foram importantes também a assembleia paroquial, para conectar o nossobispo com a reali<strong>da</strong>de eclesial e social local, os diversos encontros porsectores, com realce para a catequese e pais, os convívios com partilha <strong>da</strong>srefeição, e to<strong>da</strong>s as celebrações eucarísticas, particularmente a de sábado,anima<strong>da</strong> pela Catequese e Escuteiros, e a do Domingo, com a administraçãodo Crisma a 14 jovens.6 – Como referi, o Senhor Bispo marca pelo seu modo próximo, simplese afectivo e pela fé profun<strong>da</strong>, que não deixam ninguém indiferente. A grandemensagem é o seu desejo de renovação e formação dos cristãos, essencialpara que o testemunho de vi<strong>da</strong> e a transmissão <strong>da</strong> fé sejam efectivos, competentese sérios. Ficou ain<strong>da</strong> o desafio à implementação de alguns serviços,74 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. especial . visita pastoral .sobretudo <strong>na</strong> área <strong>da</strong> acção sócio-caritativa e <strong>da</strong> saúde. Além disso, interpelouas paróquias a viverem uma maior corresponsabili<strong>da</strong>de e coorde<strong>na</strong>ção pastoral,a partir do Conselho Pastoral, diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des que o mundo e aIgreja hoje atravessam, desig<strong>na</strong><strong>da</strong>mente no que se refere ao compromisso etestemunho destemido <strong>da</strong> fé.7 – Procurando corresponder às expectativas, em Caxarias vamos reunirbrevemente o Conselho Pastoral para avaliar, discernir e tomar algumas decisõesem ordem à renovação, tendo em conta o que atrás se disse e que vemsendo também reflectido <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de. Esperamos poder contar com maiscristãos disponíveis para as tarefas e missão <strong>da</strong> paróquia, dispostos a formarsee a <strong>da</strong>r o melhor de si mesmos para o bem de to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de.No Olival, há neste momento interesse em renovar os órgãos mais representativos<strong>da</strong> Paróquia, o Conselho Pastoral e o Conselho Económico.Sente-se a necessi<strong>da</strong>de de renovar alguns sectores e serviços e de estu<strong>da</strong>r emcomum as formas de revitalizar a comuni<strong>da</strong>de paroquial e ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s suaspeque<strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong>des, face à dispersão e ao risco persistente de quebra dosentido de comunhão paroquial. As priori<strong>da</strong>des serão defini<strong>da</strong>s em ConselhoPastoral, <strong>na</strong>turalmente.Padre Vitor MiraCasal dos Ber<strong>na</strong>rdos e Urqueira1 – A Visita Pastoral é uma iniciativa é muitoboa. Permite ao Sr. Bispo ficar a conhecer melhora diocese e suas comuni<strong>da</strong>des, com suas dificul<strong>da</strong>dese esperanças. Mas também é muito bom paraas paróquias sentirem que não estão esqueci<strong>da</strong>s,vendo que o Bispo, como bom pastor, se interessapor elas e as visita.Outra vantagem é que a visita, com tudo o que implica de organização epreparação, leva à mobilização de muita gente <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de o que tambémaju<strong>da</strong> a criar novas dinâmicas.Via-se a alegria <strong>da</strong>s pessoas em receberem o Sr. Bispo. Em dois locaisaté se colocaram lápides como memorial <strong>da</strong> visita, por iniciativa <strong>da</strong>s própriaspessoas.Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 75


. especial . visita pastoral .2 – Tendo em conta que cheguei a estas comuni<strong>da</strong>des em Outubro passado,a primeira preocupação foi levar as pessoas a ler a carta pastoral do Sr.Bispo para este ano. A experiência foi boa e ajudou a preparar a fase seguinte.Cerca de dois meses antes <strong>da</strong> visita fizemos uma assembleia paroquialem ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s paróquias em que demos a conhecer a carta do Sr. Bispoa anunciar a visita. Nessa mesma assembleia fizemos trabalho de grupos sobrea referi<strong>da</strong> carta e as principais questões que envolviam a visita. Foramassembleias razoavelmente participa<strong>da</strong>s e que deram um grande impulso àpreparação.A partir <strong>da</strong>í foram distribuí<strong>da</strong>s pagelas com a oração pela visita, que passoua ser reza<strong>da</strong> também <strong>na</strong>s missas dominicais.Após as assembleias paroquias, houve um encontro de formação de líderesque teve como objectivo ajudá-los a orientar os encontros <strong>da</strong> “LectioDivi<strong>na</strong>”. Depois formaram-se os grupos que meditaram e rezaram sobre oscinco temas propostos. Como eram vários grupos, nós, os padres ao serviço<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, procurámos passar pelo menos uma vez por ca<strong>da</strong> um.A caminha<strong>da</strong> dos grupos foi boa e enriqueceu muito as pessoas. Para muitagente foi a primeira vez que tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de rezar deste modo.3 – Tendo em conta que a visita se faria, em simultâneo, <strong>na</strong>s duas paróquiasque têm ao seu serviço os mesmos dois padres, formou-se uma equipainter-paroquial que organizou todo o programa.O principal objectivo foi levar o Sr. Bispo a encontrar-se com os váriosgrupos <strong>da</strong>s paróquias, quer nos âmbitos próprios <strong>da</strong> Igreja, quer <strong>na</strong>queles emque as pessoas se encontram no seu dia-a-dia, como sejam os locais de trabalho.Neste sentido, várias empresas foram contempla<strong>da</strong>s com a visita. Todosos centros de culto foram visitados e to<strong>da</strong>s as pessoas tiveram a oportuni<strong>da</strong>dede se encontrar com o Sr. Bispo. Podemos dizer, em relação a algumas, quefoi ele que foi ao encontro delas.Também houve momentos de convívio e de cariz mais cultural para queo Sr. Bispo ficasse a conhecer melhor a reali<strong>da</strong>de histórica e sociocultural deca<strong>da</strong> paróquia.4 – A visita correu muito bem e até o tempo ajudou. Parou <strong>na</strong>s vésperas edeixou o lugar a belos dias de primavera.Inicialmente, estava prevista a visita a só duas ou três empresas. Mas, ape<strong>na</strong>sse soube, os pedidos surgiram de todos os lados e o Senhor Bispo acaboupor visitar oito. Em to<strong>da</strong>s foi muito bem acolhido, com gestos muito simpáti-76 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. especial . visita pastoral .cos e de grande cordiali<strong>da</strong>de. Numa empresa, já fora <strong>da</strong> hora de laboração, osempregados esperaram e, à chega<strong>da</strong> do Senhor Bispo, puseram as máqui<strong>na</strong>sa trabalhar para que pudesse ver como era o seu trabalho.Também com os idosos o encontro foi muito bonito.À noite, as assembleias contaram com elevado número de participantes.As celebrações <strong>da</strong> Eucaristia foram muito bem prepara<strong>da</strong>s e as pessoas dosvários centros de culto não se pouparam a esforços para preparar tudo <strong>da</strong>melhor maneira possível.De assi<strong>na</strong>lar, ain<strong>da</strong>, os encontros com os jovens e as crianças e adolescentes<strong>da</strong> catequese constituíram uma experiência marcante: nunca tinhamsentido tanto a proximi<strong>da</strong>de do seu Bispo.Em si<strong>na</strong>l <strong>da</strong> sua alegria e gratidão, as pessoas apresentavam espontaneamenteas suas ofertas em bens <strong>da</strong> terra e outros, além dos ofertórios entreguespara aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>s obras do Seminário Diocesano.5 – Podemos destacar dois momentos, principalmente pelo que significaramde comunhão entre as comuni<strong>da</strong>des.No sábado houve ape<strong>na</strong>s uma missa para as duas paróquias, à tarde, noCasal dos Ber<strong>na</strong>rdos, com administração do Crisma a 55 adolescentes. Nodomingo, as duas paróquias voltaram a reunir-se, desta vez em Urqueira, parauma só Eucaristia de encerramento <strong>da</strong> visita. Foram dois momentos importantesque muita gente percebeu e aos quais correspondeu, <strong>na</strong> vivência do quefora o motivo profundo de to<strong>da</strong> a visita: comunhão e co-responsabili<strong>da</strong>de,não ape<strong>na</strong>s dentro <strong>da</strong>s paróquias, mas também entre elas e no sei <strong>da</strong> Igreja.Vi<strong>da</strong> Eclesial6 – Uma <strong>da</strong>s imagens mais fortes do Sr. D. António é <strong>da</strong> proximi<strong>da</strong>de.Espanta e surpreende muita gente a forma atenta e simpática como cumprimentaas pessoas e como se faz próximo, sempre atento a todos.A sua presença também foi um forte convite à renovação <strong>da</strong> fé, <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>dese <strong>da</strong> sua vivência. Também convidou insistentemente a não ter medonem vergonha de ter fé e de seguir a pessoa de Cristo.7 – Agora estamos <strong>na</strong> fase de avaliação, fazendo reuniões com váriosgrupos <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des. No Domingo de Ramos teremos uma assembleiaparoquial em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, com trabalhos de grupo, a fim detirar consequências práticas <strong>da</strong> visita e, a partir delas, definir linhas de renovaçãoem ordem a um melhor testemunho e vivência <strong>da</strong> fé.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 77


. serviços e movimentos .Escola de Formação Teológica de Leigos25 anos <strong>da</strong> sua fun<strong>da</strong>çãoNo dia 10 de Janeiro, a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> comemorou os 25 anos<strong>da</strong> abertura solene <strong>da</strong> Escola de Formação Teológica de Leigos (EFTL), actualmenteintegra<strong>da</strong> no Centro de Formação e Cultura (CFC).Cria<strong>da</strong> por decreto do Senhor Dom Alberto, bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, em28 de Agosto de 1984, a abertura <strong>da</strong> mesma aconteceu em sessão solene realiza<strong>da</strong><strong>na</strong> igreja do Seminário de <strong>Leiria</strong>, apresentando como objectivo formarcristãos mais amadurecidos <strong>na</strong> sua fé, “onde os leigos estejam mais presentese activos… e cresçam no conhecimento de Cristo e do seu Evangelho, <strong>na</strong> adesãoprofun<strong>da</strong> a Ele em to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> e <strong>na</strong> vontade de O servir, colaborando<strong>na</strong> sua obra salvífica”, como disse <strong>na</strong> ocasião o padre Rogério Oliveira, seuprimeiro director.A sessão comemorativa, no Seminário de <strong>Leiria</strong>, contou com o testemunhode três antigos alunos e a conferência “A Formação Teológica de Leigos<strong>na</strong> <strong>Diocese</strong>: passado, presente e futuro”, pelo padre Adelino Guar<strong>da</strong>, actualdirector do CFC. Após este momento mais formal, as deze<strong>na</strong>s de antigosalunos que vieram participar no evento fizeram uma visita à zo<strong>na</strong> remodela<strong>da</strong>do Seminário, guia<strong>da</strong> pelo reitor <strong>da</strong> instituição, padre Armindo Janeiro,seguindo-se a celebração de Vésperas, presidi<strong>da</strong> pelo Bispo diocesano, D.António Marto, e um lanche partilhado entre todos.Na sua intervenção, o padre Adelino Guar<strong>da</strong> acentuou a tónica no futuro,sempre com a meta <strong>da</strong> formação: “Esta escola é de pessoas e para pessoas”.Defendendo que “os leigos não podem contentar-se com a formação que receberampor altura <strong>da</strong> catequese”, este responsável desafiou os presentes aapostarem <strong>na</strong> formação <strong>da</strong> sua fé, usando as palavras de João Paulo II, <strong>na</strong> encíclicaEcclesia in Europa: “a nossa socie<strong>da</strong>de exige cristãos adultos <strong>na</strong> fé”.Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 79


. serviços e movimentos .E um dos antigos alunos, que deu testemunho disso mesmo, foi AntónioRibeiro, leigo de 75 anos, actualmente Ministro Extraordinário <strong>da</strong> Comunhão,confessando que “a catequese começou realmente” para si em 1976,com os Cursilhos de Cristan<strong>da</strong>de, e consolidou-se com a vin<strong>da</strong> para a EFTLem 1986, então com 54 anos. Também muitas religiosas aproveitaram estaformação ao longo dos anos, como testemunhou a irmã Conceição Silva, <strong>da</strong>sFrancisca<strong>na</strong>s Hospitaleiras <strong>da</strong> Imacula<strong>da</strong> Conceição, lembrando “a alegriacom que, no fi<strong>na</strong>l do trabalho, rumava ao seminário para as aulas”.Experiência de comunhão ao serviço <strong>da</strong> comunhãoAs grandes obras têm sempre <strong>na</strong> sua base um alicerce forte e robusto,capaz de as suster e, ao mesmo tempo, capaz de ser desafio e motor em ca<strong>da</strong>tempo e em ca<strong>da</strong> época. É esse alicerce que está <strong>na</strong> génese e, ao mesmo tempo,esconde em si o objectivo ou o fim dessas obras. Ao falarmos <strong>da</strong> EFTL,ou do actual CFC, quisemos procurar as raízes desta instituição. Socorremonosde alguns textos apresentados por ocasião <strong>da</strong> abertura de diferentes anoslectivos e que foram redigidos pelo seu primeiro director, o padre Rogério deOliveira.Uma ideia perpassa todos esses textos e, de alguma forma, resume bem a“perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de” desta escola. Trata-se <strong>da</strong> comunhão. No ano em que a <strong>Diocese</strong>vive o desafio <strong>da</strong> comunhão, relembremos o que então se disse.Logo no primeiro discurso de abertura (10 de Janeiro de 1985), o padreRogério começava por lembrar os desafios trazidos pelo Concílio Vaticano II,para neles fun<strong>da</strong>mentar a existência <strong>da</strong> Escola: “Numa primeira fase, duranteo Concílio e no pós-Concílio, foi a descoberta de que a Igreja não é só a suahierarquia, mas todo o Povo de Deus: que todos quantos foram chamados porCristo, aderiram a Ele pela fé e foram consagrados para participarem <strong>da</strong> suafunção sacerdotal, profética e pastoral ou real, formam a Igreja, com funçõesdiferentes mas com igual digni<strong>da</strong>de. Nesse período era de facto novi<strong>da</strong>de quesomos todos Igreja, igualmente membros, igualmente consagrados, igualmenteresponsáveis. Hoje, repetir esta ver<strong>da</strong>de é dizer o que todos sabem,embora continue a haver muitos cristãos que ain<strong>da</strong> não compreenderam isto:que são Igreja, membros do Corpo de Cristo presente no mundo para o salvar.Para a maioria, porém, trata-se de uma ver<strong>da</strong>de sabi<strong>da</strong>, que já não lhes diz<strong>na</strong><strong>da</strong> de novo. Creio que todos vós estais nesta situação”.E continuava incentivando a que esta ver<strong>da</strong>de sabi<strong>da</strong> por todos passasseà prática: “No entanto, uma coisa é saber esta ver<strong>da</strong>de e outra conhecê-la,80 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. serviços e movimentos .isto é, senti-la, amá-la e vivê-la ou como diz S. João, fazer a ver<strong>da</strong>de. Fazer aver<strong>da</strong>de, neste caso, implica aderir a ela de alma e coração, amá-la como algomuito importante para nós, sentir alegria por sermos membros <strong>da</strong> Igreja, estarempenhado nesta adesão a Cristo e <strong>na</strong> preocupação de O servir”.O discurso continua, depois, com uma aplicação concreta à diocese de<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, afirmando o director: “Para que a nossa <strong>Diocese</strong> seja mais comunitária,onde todos participem de acordo com a sua função própria… ondeos leigos estejam mais presentes e activos, é necessário que se desenvolvam<strong>espiritual</strong>mente: que cresçam no conhecimento de Cristo e do seu Evangelho,<strong>na</strong> adesão profun<strong>da</strong> a Ele em to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> e <strong>na</strong> vontade de O servir, colaborando<strong>na</strong> sua obra salvífica. Para que os leigos, os padres e o Bispo duma <strong>Diocese</strong>se possam completar mutuamente e formar um corpo vivo e harmoniosode Cristo é preciso que todos os membros estejam ple<strong>na</strong>mente desenvolvidossem hipertrofias de uns ou hipotrofia de outros, sem que uns fiquem abafadospela superiori<strong>da</strong>de dos outros. (...) A nossa opção por uma <strong>Diocese</strong> renova<strong>da</strong>,mais comunitária e participativa exige membros renovados, preparados <strong>espiritual</strong>e doutri<strong>na</strong>lmente, empenhados, etc.”É ain<strong>da</strong> no contexto de comunhão e complementari<strong>da</strong>de que termi<strong>na</strong> o seudiscurso, fazendo compreender a importância <strong>da</strong> EFTL, a par com a formaçãoteológica do Seminário, direccio<strong>na</strong><strong>da</strong> para os candi<strong>da</strong>tos ao sacerdócio.É a mesma preocupação e o mesmo alicerce de comunhão que volta a serreferido no discurso de abertura do ano lectivo de 1986/87, agora <strong>na</strong> sequênciado então termi<strong>na</strong>do Sínodo dos Bispos, celebrado em Roma, para celebraros 20 anos do Concílio Vaticano II. No seu “relatório fi<strong>na</strong>l” exprime, entreoutras, a seguinte conclusão: “A ideia central e fun<strong>da</strong>mental dos documentosconciliares é a eclesiologia de comunhão. Isto significa que a Igreja <strong>na</strong>sce <strong>da</strong>comum participação de todos os seus membros do mesmo amor trinitário,<strong>da</strong> mesma Palavra, incar<strong>na</strong><strong>da</strong> em Jesus de Nazaré, do mesmo Espírito queopera tudo em todos, do mesmo Baptismo, do mesmo Pão eucarístico, etc. Éa comum participação desta vi<strong>da</strong> divi<strong>na</strong> e destes mistérios que nos congregaem Igreja, comunhão, comuni<strong>da</strong>de, Povo de Deus, Corpo de Cristo. ComoIgreja, temos uma mesma missão a desempenhar neste mundo que Deus amae quer salvar; temos um sacrifício e um ministério comum, que depois se diversifica,pois dentro desta missão comum ca<strong>da</strong> um tem a sua função própriae complementar como os membros dum só corpo. O corpo é um só e <strong>na</strong> suauni<strong>da</strong>de tem uma presença, um relacio<strong>na</strong>mento e uma missão no mundo masdentro do corpo há membros e tarefas diferentes e complementares: todosigualmente precisos e igualmente dignos; todos recebem dos outros e dão aosVi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 81


. serviços e movimentos .outros em ordem à edificação comum, para que o corpo possa desempenhar amissão que Deus lhe confiou” .E, tal como havia afirmado no ano anterior, o padre Rogério insiste paraque os cristãos não se fiquem pelas ideias bonitas, mas que se deci<strong>da</strong>m poracções concretas: “Não basta, por isso, que tenhamos retomado consciênciadesta ver<strong>da</strong>de teológica. É necessário que os leigos retomem efectivamenteo seu lugar… o lugar específico que lhes compete como direito e comodever. Mas, como serão membros efectivos <strong>da</strong> Igreja se não participaremprofun<strong>da</strong>mente <strong>da</strong> fonte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que gera a Igreja-Comunhão? Isto é, se nãodesenvolverem profun<strong>da</strong>mente a sua <strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de? Se forem membros enfraquecidose com pouca vi<strong>da</strong>? Como serão membros efectivos <strong>da</strong> Igreja se,ao nível <strong>da</strong> fé e <strong>da</strong> sua formação bíblica, teológica e pastoral estiverem numestado de menori<strong>da</strong>de e de subdesenvolvimento? Se se sentirem inferiorese dependentes de alguns que têm o monopólio do saber teológico-pastoral,como poderão ocupar de modo activo, digno e competente o seu lugar <strong>na</strong>Assembleia Santa dos fiéis? Se uns só dão e outros só recebem, onde está aIgreja-comunhão, a «edificação comum», a dependência e a «obediência mútua»de que fala S. Paulo? Nesse caso, temos alguns membros empobrecidos– os leigos – que não podem enriquecer os outros – os ministros – que assimficam também empobrecidos. É o tal corpo desequilibrado e defeituoso!Para bem de todos, para bem <strong>da</strong> Igreja e bom desempenho <strong>da</strong> sua missão nomundo precisamos que os leigos cresçam <strong>espiritual</strong>mente e <strong>na</strong> sua formaçãoteológica. Sem um laicado adulto, temos uma Igreja defeituosa”.Mas, mais do que incentivar à comunhão, ele mesmo se fazia protagonistadesta ideia e desta convicção, ao termi<strong>na</strong>r o seu discurso desse ano pedindoa todos que apresentassem os seus pedidos para que “esta Escola possa respondermelhor às vossas necessi<strong>da</strong>des”. E explicava: “Deveis ser realistas,tendo em conta as nossas limitações, mas também deveis manifestar umasanta ousadia. É o bem <strong>da</strong> Igreja-Comunhão, que queremos ser, que o exige”.Aqui se vê o ver<strong>da</strong>deiro espírito que anima a Escola desde o seu início. Oalicerce é a comunhão entre todos, como forma de prestar assim um melhorserviço à própria Igreja. Por isso, a forma magnífica com que termi<strong>na</strong> estediscurso: “Creio poder afirmar que a principal mola que tem impulsio<strong>na</strong>doesta Escola a continuar tem sido o vosso grande interesse por ela. O sacrifício,que muitos de vós têm feito para não faltarem, apesar <strong>da</strong> distância, docansaço, <strong>da</strong> chuva e do frio, tem sido uma graça para a Escola; uma fonte deenergia que nos anima a todos a continuar com alegria. É assim que a Igrejase constrói: o interesse, o empenho e o sacrifício de ca<strong>da</strong> um estimula e aju<strong>da</strong>82 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. serviços e movimentos .os outros. É isto que nos aju<strong>da</strong>rá a ir ain<strong>da</strong> mais longe. Há paróquias e gruposde leigos que ain<strong>da</strong> não têm notícia <strong>da</strong> Escola; que ain<strong>da</strong> não foram avisadose convi<strong>da</strong>dos a virem a esta sua Escola. Confio sobretudo em vós. Sois vósleigos que deveis assumir com entusiasmo esta tarefa de acor<strong>da</strong>r e di<strong>na</strong>mizaro laicado para que ocupe o lugar que lhe compete <strong>na</strong> Igreja. Agradeço-vostambém as vossas sugestões para que esta Escola seja ca<strong>da</strong> vez mais vossa erespon<strong>da</strong> às vossas necessi<strong>da</strong>des, de acordo com a missão que tendes <strong>na</strong> Igrejae no mundo. Saúdo, particularmente, os que estão entre nós pela primeiravez. Desejo que vos sintais sempre bem, entre irmãos que partilham a mesmafé e as mesmas preocupações. Desejo também que a Escola respon<strong>da</strong> às vossasnecessi<strong>da</strong>des e que possais dizer: valeu a pe<strong>na</strong>. Eu e to<strong>da</strong> a direcção <strong>da</strong>Escola estamos ao vosso dispor. Anima-nos a vontade de fazer desta Escolauma instituição diocesa<strong>na</strong> que marque positivamente o futuro <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> edesse modo contribua para termos uma Igreja mais viva, mais participativa emais eficaz no serviço <strong>da</strong> salvação do mundo que nos foi entregue”.Ao serviço <strong>da</strong> Igreja, entendi<strong>da</strong> esta como ver<strong>da</strong>deiro espaço de comunhão,assim foi desde o seu início este espaço de formação que agora celebraas suas bo<strong>da</strong>s de prata. Estamos certos que a formação que já ofereceu amuitos leigos <strong>da</strong> nossa <strong>Diocese</strong> tem sido um ver<strong>da</strong>deiro motor para que ca<strong>da</strong>vez mais tomemos consciência <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de que somos. O Projecto Diocesanoagora em curso, talvez não fosse possível sem este alicerce e sem estaexperiência de 25 anos.Vi<strong>da</strong> EclesialOs passos <strong>da</strong> EFTL…Com esta motivação, D. Alberto Cosme do Amaral <strong>da</strong>va o mote para aconstituição <strong>da</strong> EFTL, no dia 28 de Agosto de 1984. Em Dezembro do mesmoano, nomeava a direcção, composta então pelo padre Rogério (director),o padre Luís Inácio, e os leigos Emília Lourenço, Belmira de Sousa, JoséAntónio e Paulo Felício. Desde o primeiro momento, é fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Escola<strong>da</strong>r aos leigos “uma sóli<strong>da</strong> formação <strong>espiritual</strong> e doutri<strong>na</strong>l, que há-de serpermanente e estar ao alcance de todos” (Decreto de criação <strong>da</strong> EFTL, 28 deAgosto de 1984).A maneira como foi acolhi<strong>da</strong>, durante os primeiros quatro anos, demonstra,à evidência, que ela corresponde a uma necessi<strong>da</strong>de, senti<strong>da</strong> já por muitosleigos <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>... “para poderem ser testemunhas <strong>da</strong> Ressurreição do Senhor,si<strong>na</strong>is do Deus vivo, <strong>da</strong>r as razões <strong>da</strong> sua esperança, alimentar o mundo| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 83


. serviços e movimentos .com frutos espirituais e ser perante os homens e no meio <strong>da</strong>s reali<strong>da</strong>des terre<strong>na</strong>se temporais aquilo que a alma é no corpo”.A 30 de Setembro de 1988, D. Alberto, procurando aliviar o padre Rogériodo trabalho excessivo que estava a cumular, nomeou Director <strong>da</strong> Escola oPadre Luís Inácio João, que viria a desempenhar esse cargo durante 12 anos epassou a liderar uma Direcção composta ain<strong>da</strong> pelo padre A<strong>na</strong>cleto CordeiroGonçalves de Oliveira, o padre Jorge Manuel Faria Guar<strong>da</strong> e os leigos EmíliaAlmei<strong>da</strong> Lourenço, Jacinta de Jesus Santos, José António Ferreira e JoaquimLuís Fer<strong>na</strong>ndes.No ano lectivo de 1991-1992, abriu o Curso Básico de Ciências Religiosas,com componente científica e componente pe<strong>da</strong>gógica, para complementode habilitação para Professores de Educação Moral e Religiosa Católica.Em 1993, D. Serafim Ferreira e Silva criou o cargo de vice-director <strong>da</strong>Escola e nomeou para o lugar Emília de Almei<strong>da</strong> Lourenço.Entre 1994 e 1999, para além dos cursos teológicos, funcionou um cursode Formação Musical e Litúrgica.Em 1998, <strong>na</strong> 2.ª sessão do Sínodo Diocesano, a Assembleia Sino<strong>da</strong>l propôsao Bispo <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> a criação do CFC e, por provisão de 9 de Junhode 2000, D. Serafim nomeou o padre Armindo Janeiro como “primeiro responsávelde uma comissão promotora e instaladora do Centro Diocesano deFormação e Cultura proposto pela Assembleia Sino<strong>da</strong>l”. De imediato se procedeuà reformulação dos cursos, que apostavam em 3 dimensões:a) Formação – di<strong>na</strong>mização em 3 níveis de acção: diocesano, paroquial,vicarial – curso Pensar a <strong>Fé</strong>;b) Cultura – propostas dentro e fora do espaço eclesial... participação nosprojectos de outros agentes;c) Espirituali<strong>da</strong>de – propostas váriasUm novo passo foi depois <strong>da</strong>do pela Comissão Episcopal <strong>da</strong> EducaçãoCristã que, a pedido do Secretariado Diocesano do Ensino Religioso <strong>na</strong>s Escolas,reconheceu os cursos <strong>da</strong> EFTL para os efeitos previstos no 3.º e 4.º escalões<strong>da</strong>s habilitações próprias para a leccio<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> discipli<strong>na</strong> de EducaçãoMoral e Religiosa Católica.A 11 Outubro de 2005, D. Serafim nomeou director do CFC o padre VítorCoutinho, que procedeu a nova reestruturação do Curso Geral de Teologia.É acrescentado um Curso de Formação Complementar e outro de IniciaçãoTeológica para Noviciados.Em 2006, o novo Bispo diocesano, D. António Marto, nomeou directordo CFC o padre Adelino Guar<strong>da</strong>. É cria<strong>da</strong> a Escola Diocesa<strong>na</strong> “Razões <strong>da</strong>84 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. serviços e movimentos .Esperança”, que persegue vários objectivos e integra várias formações emrelação com outros departamentos e serviços <strong>da</strong> cúria diocesa<strong>na</strong>, bem comocom movimentos e associações eclesiais.De 1985 a 2009, inscreveram-se <strong>na</strong> EFTL 1251 pessoas, que frequentaramas várias propostas de formação: Curso Geral de Teologia, FormaçãoComplementar e Curso Pensar a <strong>Fé</strong>.As palavras de D. António Marto são agora o farol dos caminhos que,no momento presente, a Escola vai traçando: “A situação cultural e religiosaactual <strong>da</strong> Europa exige a presença de católicos adultos <strong>na</strong> fé e de comuni<strong>da</strong>descristãs missionárias que testemunhem a cari<strong>da</strong>de de Deus a todos oshomens. Urge passar de uma fé apoia<strong>da</strong> <strong>na</strong> tradição social a uma fé maispessoal e adulta, esclareci<strong>da</strong> e convicta. A Igreja constrói-se como comunhãode homens e mulheres, adultos e responsáveis <strong>na</strong> fé e no di<strong>na</strong>mismo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>comunitária”. Mais uma vez, como sempre, a comunhão é fun<strong>da</strong>mento e objectivodesta instituição formativa, no contexto <strong>da</strong> pastoral global <strong>da</strong> Igrejaparticular de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 85


. serviços e movimentos .Centro de Formação e Cultura eEscola Diocesa<strong>na</strong> Razões <strong>da</strong> EsperançaPrograma do segundo semestreA Escola Diocesa<strong>na</strong> já tem disponível o programa, <strong>da</strong>tas e outros detalhessobre os vários cursos do 2º semestre no Centro de Formação e Cultura(CFC) e <strong>na</strong> Escola Razões <strong>da</strong> Esperança.Na Escola Razões <strong>da</strong> Esperança, que funcio<strong>na</strong> às terças-feiras, <strong>da</strong>s 21h00às 23h00, as aulas já se iniciaram no dia 2 e prosseguem ao ritmo quinze<strong>na</strong>l,<strong>na</strong>s seguintes <strong>da</strong>tas: 23 de Fevereiro, 9 e 23 de Março, 13 e 27 de Abril, 11 e25 de Maio. O encerramento será no dia 1 de Junho. As discipli<strong>na</strong>s deste 2ºSemestre são, <strong>na</strong> primeira hora, 21h00 – 21h50, “Cristo: Deus e homem” (padreVítor Coutinho – Coorde<strong>na</strong>dor) e “As Celebrações <strong>da</strong> fé” (padre CarlosCabecinhas). Na segun<strong>da</strong> hora, 22h00 – 23h00, Curso de Iniciação de catequistas;Curso Geral de Catequistas / Pe<strong>da</strong>gogia (Ir. Hele<strong>na</strong>); Lectio Divi<strong>na</strong>;Grupos litúrgicos; Acção Sócio-caritativa; Formação para dirigentes CNE –S. Tiago; Movimento dos Cursos de Cristan<strong>da</strong>de e Animação vocacio<strong>na</strong>l.Quanto ao Centro de Formação e Cultura, as aulas serão no Seminário de<strong>Leiria</strong>, à segun<strong>da</strong>-feira <strong>da</strong>s 19h00 às 20h30, nos seguintes dias: 22 de Fevereiro;1, 8, 15, 22 de Março; 19, 26 de Abril; 3, 10, 17, 24, 31 de Maio e 7,14 e 21 de Junho. O tema será “A Igreja em Portugal: do Marquês de Pombalà III República” (Doutor António de Jesus Ramos), Discipli<strong>na</strong> <strong>da</strong> FormaçãoComplementar, à quinta-feira, nos dias 11, 18, 25 de Fevereiro; 4, 11, 18, 25de Março; 15, 22, 29 de Abril; 6, 13, 20, 27 de Maio e 17 de Junho.Das 19h00 às 20h30: Novo Testamento (Dr. Gonçalo Diniz), Discipli<strong>na</strong>do Curso geral de Teologia. Das 21h00 até 22h30: Cristologia (Dr. Luís InácioJoão), Discipli<strong>na</strong> do Curso geral de Teologia.86 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. serviços e movimentos .Serviço Diocesano de Pastoral <strong>da</strong> SaúdeDia do Doente 2010Para assi<strong>na</strong>lar o Dia Mundial do Doente, o Serviço Diocesano de Pastoral<strong>da</strong> Saúde de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> e o Centro Voluntários do Sofrimento convi<strong>da</strong>ramto<strong>da</strong>s as pessoas interessa<strong>da</strong>s em participar <strong>na</strong> celebração <strong>da</strong> Eucaristia, nodia 11 de Fevereiro, quinta-feira, às 16h00, <strong>na</strong> Capelinha <strong>da</strong>s Aparições, noSantuário de <strong>Fátima</strong>.Desde 1993, por iniciativa de João Paulo II, poucos anos após a instituição<strong>da</strong> Comissão Pontifícia para o Apostolado dos Profissio<strong>na</strong>is de Saúde, aIgreja propõe a celebração do Dia Mundial do Doente.2010 é um ano especial, por nele se comemorar o 25.º Aniversário <strong>da</strong> instituição<strong>da</strong> Pastoral <strong>da</strong> Saúde. O tema <strong>da</strong> mensagem que o Papa Bento XVIenviou a to<strong>da</strong> a Igreja, refere esta efeméride e pede que a “Igreja esteja aoserviço do Amor pelos enfermos e por todos os que sofrem”.Serviço Diocesano de CatequeseCampanha para a Quaresma 2010À semelhança do que aconteceu no Advento, o Serviço Diocesano de Catequeseelaborou uma proposta de campanha para a Quaresma 2010, procurandoincentivar a vivência familiar <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong> para a Páscoa, com a construçãode um “canto de oração” em casa, e a proposta de um breve momentode oração em família. Sugeria-se também uma acção por sema<strong>na</strong>.Com uma referência constante ao Baptismo, a proposta procurava reforçara consciência baptismal e aju<strong>da</strong>r a viver a dimensão de “igreja familiar” aque ca<strong>da</strong> família é convi<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>na</strong> Carta Pastoral deste ano: “Família, reavivao dom <strong>da</strong> comunhão que está em ti! Cultiva a <strong>espiritual</strong>i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> comunhão!”(D. António Marto). Nesse sentido, a campanha incluía ain<strong>da</strong> um momentode oração familiar para o dia de Páscoa.No “canto de oração”, em ca<strong>da</strong> sema<strong>na</strong> deveria ser colocado um novosi<strong>na</strong>l, tendo como ponto de parti<strong>da</strong> e ponto de chaga<strong>da</strong> a cruz, a mesma cruzque poderia ser utiliza<strong>da</strong> no momento <strong>da</strong> bênção <strong>da</strong> família, <strong>na</strong> Visita Pascal.Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 87


. serviços e movimentos .Grupo Missionário OndjoyetuCurso de MissiologiaO Grupo Missionário Ondjoyetu, <strong>da</strong> diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, promoveuum Curso de Missiologia, aberto a todos, às sextas-feiras, de 26 de Fevereiroa 28 de Maio de 2011.Com um total de 24 horas, a formação abordou os seguintes temas: “MotivaçãoPessoal Missionária”, “Perfil do Voluntário Missionário”, “Vivênciaem Grupo”, “A Missão <strong>da</strong> Igreja no Mundo”, “<strong>Fé</strong> e Inculturação”, “Espirituali<strong>da</strong>deMissionária”, “A Reali<strong>da</strong>de de Angola”, “A Reali<strong>da</strong>de Socioculturaldo Sumbe e do Gungo”, “A Vivência no Grupo Ondjoyetu”, “Trabalhos eProjectos que se desenvolvem no Gungo”.Os temas foram orientados por missionários voluntários do Grupo Ondjoyetu(Sónia Cruz, Sara Moniz, Maria Angélica Filipe, Armando Franco,A<strong>na</strong> Sofia Pereira, Celi<strong>na</strong> Pedro) e ain<strong>da</strong> pelo Dr. Horácio Lopes, a IrmãGua<strong>da</strong>lupe Rivera e os padres Vítor Mira, José Antunes, Segun<strong>da</strong> Miguel eTony Neves.Os desti<strong>na</strong>tários foram pessoas que quisessem aprofun<strong>da</strong>r os seus conhecimentossobre a Missão e sobre o trabalho que o Grupo Missionário Ondjoyeturealiza no Gungo (Sumbe, Angola).A iniciativa constituiu uma oportuni<strong>da</strong>de de formação para pessoas queesperam um dia poder partir em Missão integrando o Grupo Ondjoyetu e paraquantos desejam crescer no discernimento <strong>da</strong> sua vocação missionária.Há mais de três anos que a nossa diocese tem uma presença permanentejunto do povo do Gungo. Graças aos voluntários leigos que se têm disponibilizadoeste projecto tem seguido o seu percurso e <strong>da</strong>do os seus frutos.Queira Deus que o exemplo e testemunho destas pessoas desperte noutraso mesmo desejo de <strong>da</strong>r um tempo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> à Missão <strong>da</strong> Igreja em latitudesmais distantes. Deus continua a chamar!88 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


Movimento dos Cursos de Cristan<strong>da</strong>de. serviços e movimentos .Simpósio Cursilhista “MCC – 50 Anos”Apesar <strong>da</strong> participação dos cursilhistas <strong>da</strong> diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> terficado aquém do desejado, foi com alegria e entusiasmo que os presentes noSimpósio Cursilhista “MCC – 50 Anos”, que decorreu em <strong>Fátima</strong>, nos dias23 e 24 de Janeiro, testemunharam, <strong>na</strong> Escola do dia 26, tudo o que viverame sentiram <strong>na</strong>queles dois dias. Leigos, sacerdotes e bispos não deixaram de<strong>da</strong>r o seu contributo para a conclusão de que a realização deste Simpósio foium excelente arranque <strong>da</strong>s Comemorações dos 50 Anos do primeiro cursilhoem Portugal.Ficou claro para quem esteve presente no Simpósio:- que “a vi<strong>da</strong> é bela e uma aventura fasci<strong>na</strong>nte que vale a pe<strong>na</strong> viver comgarra e com coragem, mas a vi<strong>da</strong> sem Deus é uma festa incompleta”(padre João Braz);- o que se quer é um “movimento vivo e em mu<strong>da</strong>nça” (padre Senra);- que o “mundo dos Homens precisa que Cristo viva no mundo” (MárioBastos – Setúbal);- que “aquele que não ama o seu irmão a quem vê, não pode amar Deus aquem não vê” (Lucília Miguéns – Portalegre/C.Branco);- que “somos Igreja, o que significa que temos que gastar a vi<strong>da</strong> e sujaras mãos <strong>na</strong> transformação dos Homens e <strong>da</strong>s Mulheres” (padre Cruz);- que “há muitos cristãos a meias” (D. João Alves);- que “ca<strong>da</strong> encontro é sempre o reencontro com Cristo” (Jorge – Porto);- que “os cursilhos são o segredo de vivermos acor<strong>da</strong>dos” (Jaime Custódio- SN);- que “temos que fazer exame de consciência e ver que cursilhistas temossido” (padre Cruz)Foram dois dias de vivência e convivência fantásticas, de partilha de testemunhosmarcantes, de reflexão sobre o que esperamos e queremos para omovimento, mas sobretudo de grande alegria e amizade entre todos os que,integrando esta família cursilhista, saíram determi<strong>na</strong>dos e convictos de quehá muito trabalho a fazer, muito ambiente para transformar, muita barreiraa ultrapassar, com a certeza, contudo, de que “também Eduardo Bonnim foisofredor pela sua fideli<strong>da</strong>de ao carisma fun<strong>da</strong>cio<strong>na</strong>l do MCC” (padre Senra).Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 89


. serviços e movimentos .95º Cursilho de SenhorasDias antes, de 14 a 17 de Janeiro, tinha decorrido, também em <strong>Fátima</strong>, o95.º Cursilho de Senhoras <strong>da</strong> diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>.Foram 15 as que viveram este encontro pessoal com Cristo, numa experiênciaque, a avaliar pelos seus testemunhos no dia do encerramento, transformaráos seus ambientes, pessoais familiares e profissio<strong>na</strong>is. Ao encerramentodeste cursilho, deu-nos a honra de presidir o Bispo diocesano, D. AntónioMarto.A alicerçar a preparação destas irmãs para o seu quarto dia esteve umaequipa lidera<strong>da</strong> pela reitora Célia Alexandre, com a direcção <strong>espiritual</strong> dopadre Alcides Rocha e composta por um total de sete dirigentes.Como habitual, <strong>na</strong> diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, sempre que decorre um novocursilho, reuniram-se os cursilhistas <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> em intendência, no dia 15 deJaneiro, junto à Igreja <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de. Seguiram em procissão, recitandoo terço, até aos Valinhos, sob a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> paróquia de Amor,onde se deu continui<strong>da</strong>de à intendência com a Via-Sacra, esta <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong> paróquia <strong>da</strong> Batalha, e termi<strong>na</strong>ndo com a eucaristia <strong>na</strong> capela doCalvário Húngaro, sob a orientação <strong>da</strong> paróquia de Minde, com os padresFrancisco Pereira e Albino Carreira, respectivamente, director <strong>espiritual</strong> domovimento <strong>na</strong> diocese e pároco de Minde.Apesar do mau tempo que se fazia sentir, foram muitos os que não hesitaramem marcar presença nesta noite de oração pelas novas irmãs, sendo a capelapeque<strong>na</strong> para todos os que se associaram a este momento de intendência.Que a alegria deste re<strong>na</strong>scer <strong>na</strong> fé e no amor de Cristo marque o quarto diadestas mulheres, <strong>na</strong> certeza de que, como dizia Eduardo Bonnin, “A melhorforma de prestarmos culto a Deus é simplesmente ser feliz”.90 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. serviços e movimentos .Convívios Fraternos DiocesanosReforçar os laços que os unemA equipa do Movimento dos Convívios Fraternos organizou um ConvívioDiocesano, nos dias 22 e 23 de Maio de 2010, “uma oportuni<strong>da</strong>de dever reunidos os convivas <strong>da</strong> nossa diocese e reforçar os laços que os unem,bem como de recentrar no essencial do movimento”. A iniciativa, inseri<strong>da</strong> <strong>na</strong>grande Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong>, que a diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong> realizou por estes dias, foiapresenta<strong>da</strong> pelos elementos <strong>da</strong> equipa diocesa<strong>na</strong> numa Missa celebra<strong>da</strong> emvárias paróquias, e teve o seguinte calendário:- Dia 28 de Fevereiro, em Monte Real, às 11h30, para as paróquias deMonte Real, Souto <strong>da</strong> Carpalhosa, Vieira, Carvide, Monte Redondo eBajouca.- Dia 7 de Março, <strong>na</strong> Golpilheira, às 09h30, para as paróquias de Batalha,Calvaria, Porto de Mós, Juncal, Azóia e Maceira. Nas Cortes, às10h30, para as paróquias de Cortes, Pousos, Arrabal e Cruz <strong>da</strong> Areia.Em Amor, às 11h30, para as paróquias de Amor, Marinha, Ortigosa,Barosa e <strong>Leiria</strong>.- Dia 14 de Março, <strong>na</strong>s Chãs, às 11h00, para as paróquias de Milagres,Marrazes, Regueira de Pontes e Santa Eufémia. Em Minde, às 11h30,para as paróquias de Minde, Arrimal e Mendiga. Em Santa Catari<strong>na</strong>,às 11h30, para as paróquias de Santa Catari<strong>na</strong>, Cercal, <strong>Fátima</strong>, Ourém,Caranguejeira, Matas e Olival.Vi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 91


. serviços e movimentos .Movimento <strong>da</strong>s Equipas de Nossa SenhoraRetiro anual para casaisOs sectores de <strong>Leiria</strong> <strong>da</strong>s Equipas de Nossa Senhora promoveram o seuretiro anual, nos dias 26 e 27 de Fevereiro, no Centro de Espirituali<strong>da</strong>de“Francisco e Jacinta Marto”, em <strong>Fátima</strong>, orientado pelo padre Emanuel MatosSilva, com tema “Viviam unidos e punham tudo em comum” (Act 2, 44).Como se refere no Guia <strong>da</strong>s ENS, o retiro é um tempo privilegiado deparagem, de escuta e de oração, e uma oportuni<strong>da</strong>de de renovação <strong>espiritual</strong>.É também um tempo forte para entrar dentro de si mesmo e fazer uma revisãogeral de vi<strong>da</strong>, sobretudo quanto ao seu caminho de crescimento. É também esempre uma possibili<strong>da</strong>de de melhorar o conhecimento do desígnio de Deus,entendido habitualmente de uma maneira fragmenta<strong>da</strong> e sumária, <strong>na</strong>s leituras<strong>da</strong> Palavra e <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> do dia a dia.Assim, ain<strong>da</strong> segundo o mesmo Guia, “os casais <strong>da</strong>s Equipas de NossaSenhora são encorajados a tirar proveito <strong>da</strong> atmosfera especial dos retirospara se renovarem. São convi<strong>da</strong>dos a deixar os locais onde vivem e ondetrabalham para que possam escutar Deus e entender o plano que Ele tem parao casal”.No dia seguinte ao retiro, as Equipas de Nossa Senhora, juntamente coma Equipa <strong>da</strong> Pastoral Familiar, promoveram uma reunião de informação, <strong>na</strong>igreja paroquial dos Marrazes, desti<strong>na</strong><strong>da</strong> a todos os casais, especialmente aosque desejassem “aprofun<strong>da</strong>r a vivência do seu matrimónio, crescer no amorao outro, aos filhos e aos outros, integrando um pequeno grupo (equipa) decasais”.92 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


Entrevista ao diácono Miguel Sottomayor. entrevistas .“Espero que a minha vi<strong>da</strong> sejauma constante entrega a Cristo”No dia 25 de Abril, Dia <strong>da</strong>sVocações, foi orde<strong>na</strong>do umnovo diácono para a diocesede <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>. Trata-se dojovem Miguel Sottomayor,actualmente a estagiar <strong>na</strong> paróquiade Nossa Senhora <strong>da</strong>sMisericórdias, Ourém.Miguel Azevedo SantiagoSottomayor tem 36 anos dei<strong>da</strong>de e é <strong>na</strong>tural de Vila doConde. Proveniente de umafamília católica marca<strong>da</strong> poruma intensa e genuí<strong>na</strong> vi<strong>da</strong>de fé, vivi<strong>da</strong> juntamente comos 8 irmãos, o Miguel deixoude estu<strong>da</strong>r muito cedo. Opercurso escolar foi o normaldurante a escolari<strong>da</strong>de obrigatória.Quando chegou a alturade fazer opções, tirou o cursode formação bancária. Aos 19 anos de i<strong>da</strong>de foi trabalhar <strong>na</strong> área que maiso fasci<strong>na</strong>va, a economia. Com esse objectivo integrou o quadro do BCP. Opercurso profissio<strong>na</strong>l aconteceu de forma normal, graças ao entusiasmo e àvontade com que se agarrou desde o início. No entanto sempre foi perseguidopela ideia de ingressar no seminário e seguir a vi<strong>da</strong> sacerdotal. Nãoconseguindo calar essa voz, aos 30 anos, ganhou coragem, deixou tudo eingressou no Seminário. Durante os anos seguintes fez parte de um grupo deVi<strong>da</strong> Eclesial| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 93


. entrevistas .leigos (grupo Imacula<strong>da</strong>), cuja missão era levar a todo o mundo a devoção aoImaculado Coração de Maria. A passagem por este grupo mais intensificou odesejo de ser padre. No ano de 2004 a vocação ao sacerdócio tornou-se clara.Depois de uma passagem por Roma, onde terminou o curso de Teologia e,devido ao relacio<strong>na</strong>mento próximo com D. António Marto, acabaria por virpara a <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, a fim de termi<strong>na</strong>r o tempo de preparaçãopara a orde<strong>na</strong>ção. No presente ano pastoral colabora com o pároco de Ourém(Nossa Senhora <strong>da</strong>s Misericórdias) ao mesmo tempo que termi<strong>na</strong> algumascadeiras pastorais no ISET, em Coimbra.Para conhecermos melhor o Miguel, fomos ao seu encontro <strong>na</strong>s vésperas<strong>da</strong> orde<strong>na</strong>ção.O Miguel não pertence à diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, mas foi aqui acolhidoe vai ser orde<strong>na</strong>do para esta Igreja particular. Como foi acolhido peloclero diocesano?Senti que era muito bem acolhido e tenho recebido, desde que cá estou,muitas provas de apoio e estima. Na diversi<strong>da</strong>de que a enriquece, sinto auniversali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Igreja.Que razões estão <strong>na</strong> base <strong>da</strong>s profun<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que fez no seu percursode vi<strong>da</strong>? Por que deixar tudo para ser padre?Jesus disse aos seus apóstolos “Não foste vós que Me escolheste, mas Euque vos escolhi”. Esta é a primeira e essencial razão.Senti que Jesus me chamava ao sacerdócio. É claro que poderia dizer quenão. Infelizmente, penso que é o que se passa com muitos jovens que nãoprestam ouvidos a Jesus que os chama. Mas tive a graça de crescer numafamília e num ambiente que nos ensi<strong>na</strong>va e incentivava a cumprir semprea vontade de Deus. Hoje percebo melhor a força com que nos incutiam esteprincípio. Só cumprindo a vontade de Deus, seguindo o exemplo de humil<strong>da</strong>dee obediência de Maria – “faça-se em mim…” – o homem encontra a suaple<strong>na</strong> realização.Neste momento tão importante <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong>, que sentimentos vive interiormente?Grande alegria e, ao mesmo tempo, profundo e pesado sentimento de responsabili<strong>da</strong>decom o passo que se avizinha. Posso mesmo dizer que, não foraa completa confiança e abandono à misericórdia divi<strong>na</strong> e à protecção mater<strong>na</strong>lde Maria, o peso dessa responsabili<strong>da</strong>de poderia ser demasiado. Contudo,94 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. entrevistas .penso que o sentimento que brota mais <strong>na</strong>turalmente do meu coração é o deacção de graças.Estamos a atravessar uma época em que se fazem ouvir muitas críticas eataques à Igreja e aos sacerdotes. Isso não lhe mete medo? Como vê to<strong>da</strong>esta campanha?Medo? “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificareia minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt16,18.Na igreja, sempre houve e sempre haverá pecadores. Reconhecê-lo é condiçãonecessária para podermos receber o perdão de Deus. Esta é semprea atitude <strong>da</strong> Igreja. Só ela renova e salva. Em relação aos ataques à Igreja,compete-nos a nós ser sal <strong>da</strong> terra e luz do mundo. Falar <strong>da</strong> Ver<strong>da</strong>de que éJesus Cristo, com os olhos postos no sucessor de Pedro, é a melhor respostaa esta campanha.Como imagi<strong>na</strong> o seu futuro como padre?Bem, esta é uma <strong>da</strong>quelas perguntas a que dificilmente poderemos responderde forma precisa. Espero que a minha vi<strong>da</strong> seja uma constante entregaa Cristo, que viva sempre com profundo amor os sacramentos que irei serchamado a celebrar e que tudo se traduza no bem dos outros. Ser si<strong>na</strong>l deesperança e alegria para com todos aqueles com quem vier a conviver. Numapalavra: peço a Deus que eu seja, em to<strong>da</strong>s as circunstâncias, um si<strong>na</strong>l visível<strong>da</strong> presença de Cristo no meio dos homens.Vi<strong>da</strong> EclesialA um jovem que esteja a interrogar-se sobre o seu futuro, que palavrasdiria para o encorajar?Em primeiro lugar e, independentemente do caminho que esse jovem venhaa escolher, dir-lhe-ia que procure ser sempre simples, sincero e ver<strong>da</strong>deirono seu coração. Que a felici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s coisas do mundo é sempre passageira,dura só aquele momento. Só há ver<strong>da</strong>deira felici<strong>da</strong>de quando se vence amorte e, com a Ressurreição de Cristo, podemos viver já <strong>na</strong> esperança dessafelici<strong>da</strong>de. Incentivava-o a não ter medo de abraçar com to<strong>da</strong> a coragem ealegria, o caminho e a missão a que Deus, Supremo Bem, o chamar.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 95


Reflexões. teologia / pastoral . história .


. teologia / pastoral .Ordem <strong>da</strong> Visitação foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> há 4 séculosEntrega a Deus,<strong>na</strong> humil<strong>da</strong>de e simplici<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>Por Luís Miguel FerrazFun<strong>da</strong><strong>da</strong> a 6 de Junho de 1610, em Annecy (França), por São Francisco deSales e Santa Joa<strong>na</strong> de Chantal, a Ordem <strong>da</strong> Visitação de Santa Maria celebraagora os seus 400 anos de existência.Na mente do fun<strong>da</strong>dor estava uma congregação femini<strong>na</strong> que se dedicasseao serviço dos pobres e dos doentes, sem a austeri<strong>da</strong>de que marcava as muitasordens religiosas <strong>da</strong> época, to<strong>da</strong>s elas de clausura. Mas a presença <strong>da</strong>s irmãs<strong>na</strong>s ruas causou alguma perplexi<strong>da</strong>de às autori<strong>da</strong>des eclesiásticas, nomea<strong>da</strong>menteao Cardeal Arcebispo de Lyon, ci<strong>da</strong>de onde havia sido fun<strong>da</strong>do osegundo mosteiro <strong>da</strong> Visitação, em 1616. Este Bispo pediu a Francisco deSales que transformasse a Congregação em Ordem e a dedicasse à clausura,o que ele aceitou como si<strong>na</strong>l <strong>da</strong> vontade divi<strong>na</strong>: “Eu não fiz o que queria,fiz o que não queria”. E a co-fun<strong>da</strong>dora completaria: “Deus deu às nossasLMFerrazReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 99


. teologia / pastoral .Irmãs um espírito de inteira submissão à sua Divi<strong>na</strong> Vontade; <strong>da</strong> sua bon<strong>da</strong>derecebemos grande disposição e atractivo para viver em clausura, com inteiraconsolação para as nossas almas”.Ain<strong>da</strong> assim, os fun<strong>da</strong>dores mantiveram a sua intenção origi<strong>na</strong>l de nãoseguir regras tão austeras como as que adoptavam outras ordens religiosas,permitindo que nela ingressassem irmãs de todos os géneros e condições,mesmo que de fraca compleição física, idosas ou doentes. Único objectivo,segundo o fun<strong>da</strong>dor: “Dar a Deus almas tão interiores que sejam julga<strong>da</strong>s dig<strong>na</strong>sde O adorar em espírito e ver<strong>da</strong>de”. As suas virtudes de referência seriama humil<strong>da</strong>de perante Deus e a simplici<strong>da</strong>de para com o próximo.Expansão mundial e presença em PortugalA Ordem rapi<strong>da</strong>mente se expandiu. À <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> morte de Francisco de Sales(1622) existiam já 11 mosteiros, e quando morreu Joa<strong>na</strong> de Chantal (1641) onúmero de casas era já de 87.Ao longo <strong>da</strong> sua história, muitas <strong>da</strong>s suas Irmãs foram exemplos de santi<strong>da</strong>de,como Santa Margari<strong>da</strong> Maria Alacoque (1647-1690), talvez a maisfamosa <strong>da</strong>s Visitandi<strong>na</strong>s, pelas revelações recebi<strong>da</strong>s sobre a consagração eo amor ao Sagrado Coração de Jesus. Mas o “apagamento” característico domodo de vi<strong>da</strong> destas religiosas faz com que poucos conheçam esses exemplose mesmo a própria Ordem. Ain<strong>da</strong> assim, quatro séculos depois <strong>da</strong> sua fun<strong>da</strong>ção,a Visitação está presente em quatro continentes do mundo, com cerca de3000 irmãs em 168 mosteiros.A Ordem chegou a Portugal em 1784, com a fun<strong>da</strong>ção do mosteiro deLisboa. Em 1879 foi fun<strong>da</strong>do o mosteiro do Porto. Com as perseguições de1910, pelo regime <strong>da</strong> I República, as religiosas dispersaram-se por váriosmosteiros europeus, acabando por se juntarem no primeiro mosteiro de Madrid,onde permaneceram até à Guerra Civil de Espanha.Voltaram a formar uma comuni<strong>da</strong>de no nosso país em 1924, num mosteiroem Guilhufe (Pe<strong>na</strong>fiel) e fixaram-se, fi<strong>na</strong>lmente, <strong>na</strong> Batalha, em 1936.A vin<strong>da</strong> para a diocese de <strong>Leiria</strong> ficou a dever-se à intercessão do Dr. CarlosMendes e à generosi<strong>da</strong>de do Bispo D. José Alves Correia <strong>da</strong> Silva, que lhescedeu a Quinta do Casal (Faniqueira, Batalha), que havia sido deixa<strong>da</strong> à <strong>Diocese</strong>por Júlia Charters Crespo, com a condição de as irmãs dedicarem as suasorações ao Seminário Diocesano.Hoje existem três mosteiros <strong>da</strong> Visitação em Portugal, situados em Braga,Vila <strong>da</strong>s Aves e Batalha.100 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. teologia / pastoral.Visita “guia<strong>da</strong>” ao interior do Convento <strong>da</strong> BatalhaO peso <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, a leveza de DeusPara conhecermos mais profun<strong>da</strong>mente estes 400 anos de história e, sobretudoo presente <strong>da</strong> Ordem <strong>da</strong> Visitação, fomos visitar o convento <strong>da</strong> Batalha,<strong>na</strong> diocese de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>. A irmã Maria de Lourdes <strong>da</strong> ConceiçãoMendes (73 anos), superiora desta comuni<strong>da</strong>de, abriu-nos as portas e conduziu-nosamavelmente num “passeio” pela casa.A igreja é o espaço público por excelência, sobretudo <strong>na</strong> celebração dominicalem que participam muitas pessoas <strong>da</strong> locali<strong>da</strong>de. Cola<strong>da</strong> a ela, aárea residencial e de serviços tem no coração um jardim interno, rodeado declaustros, em cujo centro domi<strong>na</strong> uma estátua do Sagrado Coração de Jesus.A decoração é sóbria mas colori<strong>da</strong>, onde as flores imperam, juntamente àsimagens e quadros de cariz religioso. Muitas <strong>da</strong>s peças são feitas pelas irmãs,como é o caso dos vasos em materiais reciclados, antigos potes de azeiteou outros recipientes, panos bor<strong>da</strong>dos, obras de tapeçaria, etc. O ambiente éleve, arejado, com numerosas janelas e porta<strong>da</strong>s a comunicar com os jardinse os espaços agrícolas <strong>da</strong> quinta.Termi<strong>na</strong><strong>da</strong>s as orações <strong>da</strong> manhã e o pequeno-almoço, pelas 10h00, algumasirmãs circulam por ali. A “Mãe”, tratamento carinhoso dedicado à superiora,explica a presença do jor<strong>na</strong>lista de O Mensageiro, que veio para recolherimagens e informações, numa reportagem para <strong>da</strong>r a conhecer a Ordeme o dia-a-dia <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de visitandi<strong>na</strong>. O acolhimento é numa boa-disposiçãocontagiante. “É bom que se dê a conhecer a nossa vi<strong>da</strong>, porque muitaspessoas, mesmo vizinhas, não fazem ideia de existirmos e do que fazemos”,adianta a irmã Joa<strong>na</strong> Margari<strong>da</strong> Maia, que foi muitos anos a superiora desteconvento. É uma <strong>da</strong>s mais idosas, com 92 anos, mas com um impressio<strong>na</strong>ntesorriso permanente e um olhar azul claro e límpido.Aos poucos, a curiosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> “estranha” presença vai concentrando asatenções. Lanço o convite a uma foto de grupo. A superiora man<strong>da</strong> tocar osino para a reunião e em poucos minutos to<strong>da</strong>s comparecem no jardim. Escolhidoo local, frente a um dos altares dos claustros, alinham-se por alturas.“Eu <strong>da</strong>ntes ficava <strong>na</strong> fila de trás, mas a i<strong>da</strong>de já me tirou altura, agora já possoficar à frente”, comenta com bom humor uma <strong>da</strong>s irmãs. Mas foi fácil organizaro grupo e mantê-lo durante alguns minutos para várias fotografias. São 17ao todo, mas ali só estão 15, pois as irmãs Maria Florin<strong>da</strong> Ribeiro (81 anos)e Maria Hele<strong>na</strong> Mota (80 anos) estão acama<strong>da</strong>s.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 101


. teologia / pastoral .A média de i<strong>da</strong>des é eleva<strong>da</strong>, mas pelo movimento não parece, mesmo<strong>da</strong>s duas ou três que já precisam <strong>da</strong> cadeira de ro<strong>da</strong>s para se deslocarem. É ocaso <strong>da</strong> irmã Maria Leonor Ferreira (88 anos), uma <strong>da</strong>s que segue pelas váriassalas, <strong>da</strong>ndo sugestões para fotos e comentando com alegria o trabalho aque algumas se dedicam, como a irmã Maria Ber<strong>na</strong>rdete Amaro (78 anos) <strong>na</strong>cozinha a preparar a refeição, a irmã Maria Margari<strong>da</strong> Jesus (64 anos) <strong>na</strong> salade convívio a bor<strong>da</strong>r, a irmã Maria Jacinta Marques (78 anos) <strong>na</strong> rouparia apassar a ferro, a irmã Maria Pia Cruz (75 anos) no refeitório a preparar as mesaspara o almoço. No serviço exterior, a irmã Maria Augusta Jesus (83 anos)está <strong>na</strong> portaria, enquanto a irmã Maria Clara Gomes (77 anos) vai tratar dosperus, galinhas e outros animais de capoeira.“Já não fazemos tudo o que fazíamos há uns anos, porque a i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>maioria já não o permite”, explica a superiora, apresentado algumas <strong>da</strong>s pessoasque foram contrata<strong>da</strong>s para aju<strong>da</strong>r <strong>na</strong>s lides domésticas e no trabalho docampo. Mas ain<strong>da</strong> asseguram grande parte do serviço, “acumulando tarefasconforme podemos”, como refere a irmã Maria Paula Valente (81 anos), queé assistente, arquivista e trata do economato. Outras ape<strong>na</strong>s dão uma peque<strong>na</strong>aju<strong>da</strong> <strong>na</strong>s tarefas comuns, como a irmã Maria Florin<strong>da</strong> Saraiva (87 anos),que foi sapateira muitos anos, mas agora só faz os “Bentinhos do SagradoCoração”, pequeno corações que oferecem como lembrança. Ou a irmã MariaArman<strong>da</strong> de Moura (81 anos), a quem a doença de Alzheimer limita muito ascapaci<strong>da</strong>des de trabalho.A mais nova é a noviça Rita Maria Sousa, de 37 anos, que tem à suaresponsabili<strong>da</strong>de a enfermaria e os trabalhos informáticos no escritório. Éela que faz a ligação <strong>da</strong>s irmãs às novas tecnologias, sobretudo pela Internet,uma ferramenta de divulgação que as irmãs acreditam ser muito útil para aevangelização de hoje em dia. “Estamos a preparar um site actualizado dosmosteiros portugueses”, lembra a irmã Maria de Lourdes, confiante de queserá uma forma de levar ao público mais jovem a informação sobre esta vocaçãoespecífica. A outra noviça é Sílvia Maria, de 74 anos, que teve já umaexperiência de vi<strong>da</strong> consagra<strong>da</strong> activa e decidiu agora recolher à clausura.A mais idosa, irmã Maria Nadir Faria, de 97 anos, é ain<strong>da</strong> a organista deserviço. Foi ela que compôs a letra e música do Hino <strong>da</strong> Visitação apresentado,no dia <strong>da</strong> festa, pelos Arautos do Evangelho. Faz questão de ir até àcapela <strong>da</strong>s irmãs para uma fotografia <strong>na</strong> sua “função”, que desempenha comdesenvoltura. Refiro a minha admiração pela facili<strong>da</strong>de com que os dedospercorrem os teclados. “É um dom de Deus, para eu continuar a louvá-l’Ocom o som do órgão”, responde.102 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. teologia / pastoral.É <strong>na</strong> capela que me despeço <strong>da</strong>s irmãs, após a oração <strong>da</strong> Hora Intermédia.São 12h00, hora de almoço. Foram duas horas de agradável companhia,simpatia e simplici<strong>da</strong>de no trato. As irmãs acumulam muitos anos de vi<strong>da</strong>,mas a sua vitali<strong>da</strong>de e energia são uma lufa<strong>da</strong> de ar fresco e joviali<strong>da</strong>de. Semdúvi<strong>da</strong>, sente-se que Deus está presente em ca<strong>da</strong> espaço e, sobretudo, emca<strong>da</strong> coração.Os sorrisos <strong>da</strong> despedi<strong>da</strong> são acompanhados pelos votos de “bom trabalho”,para que a reportagem venha a ser “em honra de Deus e para o bomserviço às pessoas”.D. António Marto preside à celebração festiva <strong>na</strong> Batalha“Oásis <strong>espiritual</strong> no deserto do mundo”De modo simples, mas “<strong>na</strong> Acção de Graças por excelência que é a SantaMissa”, a efeméride foi ali comemora<strong>da</strong>, no passado dia 11 de Junho, festa doSagrado Coração de Jesus, numa celebração presidi<strong>da</strong> pelo Bispo diocesano,D. António Marto. Participou ain<strong>da</strong> D. Augusto César, Bispo Emérito de Portalegre/CasteloBranco, bem como diversos sacerdotes <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>,algumas autori<strong>da</strong>des autárquicas locais e cerca de duas cente<strong>na</strong>s de pessoas,entre as quais muitos familiares e amigos <strong>da</strong>s irmãs visitandi<strong>na</strong>s.Afirmando associar-se com muita alegria a esta festa, “<strong>na</strong> proximi<strong>da</strong>de,afecto e gratidão pelo testemunho e pela oração destas irmãs por todos nós epelo mundo”, D. António Marto lembrou a intenção do fun<strong>da</strong>dor, São Franciscode Sales, de que fossem “violetas entre outras flores, pequeni<strong>na</strong>s e decor menos brilhante, mas que dão ao Criador todo o seu perfume”.A propósito do ícone escolhido pela Ordem, o Sagrado Coração de Jesustrespassado por duas lanças, cuja devoção muito se deve à visitandi<strong>na</strong> SantaMargari<strong>da</strong> Maria Alacoque, o Bispo afirmou que este é símbolo <strong>da</strong> “festado amor divino num si<strong>na</strong>l humano, que se manifesta em carinho, amizade eamor, mas também em misericórdia e compaixão”. “O amor de Deus não éum conceito, uma abstracção, mas um coração que leva o nosso a palpitar aomesmo ritmo”, referiu D. António, apontando o exemplo do Evangelho destaEucaristia, em que o Bom Pastor deixou o rebanho todo para ir à procura<strong>da</strong> ovelha perdi<strong>da</strong>. “Por isso esta festa é tão queri<strong>da</strong> ao povo cristão, porqueusa a linguagem do coração, que o povo entende e à qual adere facilmente”,afirmou ain<strong>da</strong> o prelado. “A raiz <strong>da</strong> nossa fé não é um ideal grandioso nemReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 103


. teologia / pastoral .um código de leis, mas um encontro com Deus, pelo coração de Cristo”,acrescentou.Desta reali<strong>da</strong>de resulta o “convite a reconhecer o primado de Deus e doseu amor”, pois “quando se esquece Deus, fica-se mais triste e abando<strong>na</strong>do,perde-se o sentido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e o calor para vencer as dificul<strong>da</strong>des do caminho”.Referindo-se a uma actual “escuridão pelo eclipse dos valores <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de”,o Bispo diocesano apontou a Ordem <strong>da</strong> Visitação como “exemplo vivido,oásis <strong>espiritual</strong> no deserto do mundo e estrela de esperança”, que testemunhaesse amor divino e incita ao amor aos irmãos, já que “no coração de JesusCristo estão todos os seres humanos e nele somos chamados a amar todos osirmãos”.História e convívioNo fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> celebração, António Monteiro, um dos “vizinhos” e amigosdeste mosteiro, fez um breve resumo histórico dos 400 anos <strong>da</strong> Ordem <strong>da</strong>Visitação, “uma semente que cresceu e veio a tor<strong>na</strong>r-se uma grande árvore”.Lembrando, sobretudo, a sua presença em Portugal, a partir de 1784, apósuma viagem atribula<strong>da</strong> de cinco irmãs desde o mosteiro de Annecy, e a expulsão<strong>da</strong> ordem em 1910, António Monteiro frisou o papel de Carlos Mendese do Bispo D. José Alves Correia <strong>da</strong> Silva para a fun<strong>da</strong>ção do Mosteiro <strong>da</strong>Visitação <strong>na</strong> Batalha, aquando do seu regresso em 1933. Para isso, muitocontribuiu também a doação <strong>da</strong> Quinta do Casal que Júlia Charters Crespohavia feito à diocese de <strong>Leiria</strong>. E, sem dúvi<strong>da</strong>, a ligação de várias <strong>da</strong>s perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>desenvolvi<strong>da</strong>s ao <strong>na</strong>scente Santuário de <strong>Fátima</strong>, pelo que, concluiu oorador, “tinha sido <strong>na</strong> Cova <strong>da</strong> Iria que germinou esta promissora semente ede certo por obra e graça <strong>da</strong> Senhora de <strong>Fátima</strong> que a tempo e horas não seesquecera de também ser a Senhora <strong>da</strong> Visitação”.Já no exterior <strong>da</strong> igreja, foi descerra<strong>da</strong> uma placa evocativa desta efeméride,após o canto do Hino <strong>da</strong> Visitação pelo grupo coral dos Arautos doEvangelho, que animara também a liturgia <strong>da</strong> celebração eucarística.Após esse último acto comemorativo, todos os presentes foram convi<strong>da</strong>dospara um lauto lanche oferecido pelas irmãs no rústico espaço do celeiro<strong>da</strong> sua Quinta do Casal <strong>da</strong> Faniqueira.104 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. teologia / pastoral.Entrevista à Superiora do Convento <strong>da</strong> Batalha“Fazer subir até ao trono de Deuso «aroma <strong>da</strong>s virtudes»”A irmã Maria de Lurdes, de 73anos de i<strong>da</strong>de, <strong>na</strong>tural de Lisboa, entrou<strong>na</strong> Ordem <strong>da</strong> Visitação a 25 deOutubro de 1975 e professou a 21 deJaneiro de 1979. Antes disso, esteve20 anos – de 2 de Fevereiro de 1955 a25 de Outubro de 1975 – <strong>na</strong> Congregação<strong>da</strong>s Irmãs do Amor de Deus, 16dos quais foram passados em Angola(Carmo<strong>na</strong> e Vila Nova de Seles).Este é o terceiro man<strong>da</strong>to comosuperiora deste convento, tendo completadojá dois triénios e sido eleitahá um ano para este, que é o segundoconsecutivo.Fomos perguntar-lhe como é,mais concretamente, o dia-a-dia <strong>da</strong>sirmãs e como entende o papel desta Ordem no contexto <strong>da</strong> missão salvífica<strong>da</strong> Igreja. Ao mesmo tempo, partindo do seu testemunho pessoal, quisemossaber que leitura apresenta desta proposta de vi<strong>da</strong>, no contexto de “crise” quemarca to<strong>da</strong>s as vocações <strong>na</strong> Igreja dos nossos dias.Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> num contexto de “combate às heresias”, nomea<strong>da</strong>mente aoCalvinismo, a Ordem <strong>da</strong> Visitação pretendia ser um exemplo de vi<strong>da</strong> emoração e entrega a Deus, aju<strong>da</strong>ndo dessa forma à salvação dos homense à renovação <strong>da</strong> Igreja. Quatro séculos depois, que leitura faz <strong>da</strong> suahistória, nomea<strong>da</strong>mente em Portugal?Nestes 400 anos, a nossa Ordem passou por graves perseguições em França,Espanha e Portugal, chegando mesmo a ter Irmãs Mártires. O principalcontributo contra as heresias passa<strong>da</strong>s e actuais tem sido a nossa fideli<strong>da</strong>deao Santo Padre e à doutri<strong>na</strong> <strong>da</strong> Igreja, pela nossa oração e vi<strong>da</strong> de penitência.LMFerrazReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 105


. teologia / pastoral .Sente que esse ideal fun<strong>da</strong>dor está presente hoje?Sim. Hoje, como no passado, as Irmãs esforçam-se por ser fiéis ao queos Santos Fun<strong>da</strong>dores tanto desejaram, aju<strong>da</strong>ndo com a sua vi<strong>da</strong> escondi<strong>da</strong>,com a sua vi<strong>da</strong> de oração e sacrifício, a Santa Igreja e a salvação do próximo.Inicialmente pensa<strong>da</strong> com uma missão exter<strong>na</strong> de serviço aos pobres edoentes, depressa se converteu em Ordem de clausura. A vi<strong>da</strong> contemplativanem sempre foi bem entendi<strong>da</strong> e é muitas vezes critica<strong>da</strong> por nãoser “produtiva” ou estar “desliga<strong>da</strong>” do mundo. O que significa, afi<strong>na</strong>l,esta opção de clausura?É ver<strong>da</strong>de que há muitas pessoas e até mesmo sacerdotes que não compreendema vi<strong>da</strong> religiosa em Clausura, mas o facto é que ela continua a serde grande auxílio para a Igreja, porque dela continua a subir até ao trono deDeus o “aroma <strong>da</strong>s virtudes”, tocando assim o Coração de Deus e atraindopara a Igreja e para todo o mundo as bênçãos divi<strong>na</strong>s. O Papa João Paulo IIassim o compreendeu quando fundou no Vaticano o Mosteiro Mater Ecclesiaepara aju<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong> ao Papa e a to<strong>da</strong> a Igreja. Presentemente, estão láas visitandi<strong>na</strong>s.A opção pela humil<strong>da</strong>de, simplici<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e “apagamento” peranteo mundo não terá prejudicado, de alguma forma, a expansão e o conhecimento<strong>da</strong> Ordem <strong>da</strong> Visitação por parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e dos próprioscristãos?Aparentemente, sim, somos pouco conheci<strong>da</strong>s. No entanto, a Ordem estáespalha<strong>da</strong> por 4 continentes, o que significa que o Senhor continua a chamare há correspondência a esse chamamento.Reconhecendo-se hoje uma “crise” de vocações, nomea<strong>da</strong>mente, para avi<strong>da</strong> consagra<strong>da</strong>, de que forma essa reali<strong>da</strong>de tem afectado a instituição?Temos sentido esta “crise” como to<strong>da</strong>s as congregações. No entanto, ain<strong>da</strong>temos duas noviças no nosso Noviciado.Quantas visitandi<strong>na</strong>s existem actualmente em Portugal e, concretamente,no convento <strong>da</strong> Batalha? E qual a média de i<strong>da</strong>des?Em Portugal (Batalha, Braga e Vila <strong>da</strong>s Aves) somos 56 Irmãs, sendo 17neste Mosteiro. A nossa média etária é de 77,4 anos! Mas os nossos Mosteirosdo Norte têm Irmãs mais novas.106 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. teologia / pastoral.Falou <strong>na</strong> riqueza eclesial <strong>da</strong> vocação contemplativa. De que forma concretaela se exprime? Como é o dia-a-dia normal <strong>da</strong>s irmãs deste convento?Exprime-se pela nossa entrega total ao Senhor. O nosso dia é muito simples,marcado sobretudo pela oração, com destaque para a Santa Missa, a Liturgia<strong>da</strong>s Horas canta<strong>da</strong> e o terço. Mas também com tempos de trabalho e recreio.Levantamo-nos às 06h25, fazemos oração mental <strong>da</strong>s 07h00 às 08h00,seguindo com oração de Laudes, Missa e Hora Tércia. Às 09h30 tomamoso pequeno-almoço, após o que nos dedicamos aos vários trabalhos. Pelas11h40 rezamos a Hora Intermédia e almoçamos às 12h00, seguindo-se o recreioaté às 14h00, altura <strong>da</strong> oração do Ofício de Leitura, Hora Noa e Terço.Às 16h00 fazemos meia hora de leitura <strong>espiritual</strong> individual, até à meren<strong>da</strong>,pelas 16h30. Depois fazemos a chama<strong>da</strong> “assembleia”, em que nos juntamospara uma leitura comunitária, feita por uma <strong>da</strong>s irmãs enquanto as outrasfazem os seus trabalhos manuais, havendo no fi<strong>na</strong>l uma partilha de comentários.Pelas 18h00 é a oração de Vésperas, segui<strong>da</strong> de meia hora de oraçãocom o Santíssimo Sacramento exposto. O jantar é às 19h30, com recreio atéàs 21h30, para a oração de Completas. O deitar é entre as 22h00 e as 22h30.Aos fins-de-sema<strong>na</strong> os horários variam ligeiramente, mas esta é a nossaroti<strong>na</strong> diária mais comum.A vossa Regra refere que podem aceitar pessoas que queiram fazer ape<strong>na</strong>sum retiro <strong>espiritual</strong> temporário. Costumam ter pedidos dessa <strong>na</strong>tureza?Só aceitamos <strong>na</strong> clausura meni<strong>na</strong>s ou senhoras, solteiras ou viúvas, quepreten<strong>da</strong>m fazer uma experiência vocacio<strong>na</strong>l. Na mente do Fun<strong>da</strong>dor estavaessa possibili<strong>da</strong>de de acolher senhoras em retiro, pois não havia casas comesse tipo de serviço, mas actualmente não o fazemos. Tem a ver sobretudocom a falta de estruturas e pessoas para acompanharem essas pessoas.Num campo mais pessoal, como sentiu o seu chamamento a uma vi<strong>da</strong> deconsagração deste tipo?Estive 20 anos numa congregação missionária. Um dia, ao ler a vi<strong>da</strong> deFrei Maria Rafael, senti que o Senhor me queria também num convento deClausura. A princípio não liguei. Falei a um sacerdote com quem mantinhacorrespondência e ele não aprovou. No entanto, quando veio a este Mosteiroacompanhar uma pretendente, falou em mim e disse-me depois que se euquisesse poderia corresponder-me com uma Irmã para ter mais conhecimentosobre a vi<strong>da</strong> contemplativa.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 107


. teologia / pastoral .Primeiro tentei entrar <strong>na</strong>s religiosas Cistercienses em Espanha, mas nãome aceitaram. Eram outros os desígnios de Deus. Comecei então a escreverpara este Mosteiro (eu estava em Angola) e, ao fim de mais ou menos um ano,escrevi à Superiora, pedindo-lhe a minha admissão. A sua resposta foi negativa,só que essa carta... nunca chegou às minhas mãos. Foi a 1ª carta que seperdeu nos vinte anos em Angola. Vim então a Portugal e falei pessoalmente.Fiz aqui um retiro de 10 dias e, poucos meses depois, entrei.O que encontrou no convento correspondeu às suas expectativas, ou“aprendeu” só depois o que significava ser religiosa contemplativa?A religiosa que me escrevia explicou-me bem como era a vi<strong>da</strong> no conventoe como eu já tinha uma vi<strong>da</strong> comunitária não me foi muito difícil a a<strong>da</strong>ptação.É feliz nesse despojamento voluntário? Não sente sau<strong>da</strong>des de algumascoisas que deixou para trás?Sim, sinto-me feliz, o que não quer dizer que algumas vezes não sinta sau<strong>da</strong>des<strong>da</strong> “minha queri<strong>da</strong> Angola”. Ain<strong>da</strong> “sonhei” com uma fun<strong>da</strong>ção nessepaís, mas já perdi as esperanças, pela falta de vocações.Acha que actualmente é mais difícil optar por um caminho de consagração,do que era quando tomou essa decisão ou noutras épocas mais remotas?Certamente. As jovens de hoje, com to<strong>da</strong>s as liber<strong>da</strong>des que têm, como ambiente barulhento em que vivem, não têm tempo para fazer silêncio eescutar o Senhor que fala baixinho ao coração.Fi<strong>na</strong>lmente, o que diria hoje a uma jovem à procura de respostas parao seu futuro, para lhe mostrar que a Ordem <strong>da</strong> Visitação pode ser umadessas respostas para uma vi<strong>da</strong> feliz, apesar de completamente divergentedos ideias de felici<strong>da</strong>de que a socie<strong>da</strong>de quase nos impõe como universais?Dir-lhe-ia que não tivesse medo de se entregar totalmente ao Senhor e que<strong>na</strong> nossa Ordem ela poderia ser inteiramente feliz, porque a felici<strong>da</strong>de consiste<strong>na</strong> correspondência ao chamamento de Deus. A nossa Ordem tem umaparticulari<strong>da</strong>de que a diferencia <strong>da</strong>s outras: não tem “austeras austeri<strong>da</strong>des”,porque o nosso Santo Fun<strong>da</strong>dor, São Francisco de Sales, dizia que “onde faltao rigor <strong>da</strong> mortificação corporal aí deve haver mais perfeição de espírito”. Eisto porque a Ordem podia receber jovens e senhoras de saúde fraca ou comdefeitos físicos, que não podiam praticar as austeri<strong>da</strong>des <strong>na</strong>quele tempo exigi<strong>da</strong>snoutras congregações.108 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .<strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>– contributos documentais para a sua históriaPor Saul António GomesA per<strong>da</strong> dos arquivos antigos <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong> de <strong>Leiria</strong>, particularmente <strong>na</strong>sequência e como consequência dos acontecimentos infaustos de Oitocentos,entre eles as Invasões Francesas, mas também os acontecimentos de 1832-1834 que levaram à exclaustração dos conventuais, a que se somaram incúriashuma<strong>na</strong>s e acidentes <strong>na</strong>turais, é uma reali<strong>da</strong>de que limita os níveisde aprofun<strong>da</strong>mento de uma investigação em torno <strong>da</strong> história eclesiástica ereligiosa leiriense.Deveremos referir que a existência do conhecido Couseiro, cujos conteúdostêm vindo a seduzir os investigadores que mais se dedicam ao passadodiocesano, mau grado a sua riqueza informativa, em especial para o períodosensivelmente <strong>da</strong> centúria de entre 1550 e 1650, não é suficiente para conhecere detectar de forma totalmente rigorosa os contornos dessa história 1 . Écerto que sobreviveram, em arquivos locais leirienses, alguns tombos documentaisrelativos ao património <strong>da</strong> mitra diocesa<strong>na</strong>, assim como registos origi<strong>na</strong>isou em cópia, de constituições, estatutos e visitações, mas essas fontescarecem de edição e estudo.To<strong>da</strong>via, nos arquivos públicos centrais, em especial <strong>na</strong> Torre do Tombo,encontram-se fundos e coleções de documentos que constituem uma importantereserva de informação acerca do passado leiriense, quer o eclesiástico,Reflexões1 Merecendo uma recente edição, que deve preferir-se a to<strong>da</strong>s as anteriores, <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>deeditorial de Carlos Fer<strong>na</strong>ndes e Ricardo Charters d’Azevedo: Couseiro ou Memórias do Bispadode <strong>Leiria</strong>. Transcrição <strong>da</strong> 2ª edição de 1898, <strong>Leiria</strong>, Ed. Textiverso, 2011.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 109


. história .quer o civil. As chancelarias régias e as <strong>da</strong>s Ordens Militares (hoje Mesa <strong>da</strong>Consciência e Ordens), o Desembargo do Paço, os documentos inquisitoriais(em especial do Tribu<strong>na</strong>l de Lisboa), os acervos de Sés (como a de Coimbra)e de mosteiros e outros institutos religiosos (Santa Cruz de Coimbra, Alcobaçaou Batalha, por exemplo), entre alguns outros, permitem que o historiadorleiriense ace<strong>da</strong> a informação relevante para conhecer a história de <strong>Leiria</strong> e <strong>da</strong>sua região.Deveremos valorizar, por outro lado, a bibliografia mais especificamentede história <strong>da</strong> diocese leiriense em que sobressaem nomes de investigadorescomo Afonso Zúquete, Luciano Justo Ramos, Alfredo de Matos, João Cabral,João Madeira Martins, António Rodrigues Baptista, Jacinto Gil, LucianoCoelho Cristino, Luís Inácio João, Virgolino Jorge, Vítor Serrão, SelmaPousão Smith, Hermínio de Freitas Nunes, Jacinto Gil, Ricardo Chartersd’Azevedo e Carlos Fer<strong>na</strong>ndes, sem ignorar os estudos documentados que eupróprio tenho vindo a levar a cabo e a publicar 2 , para além de outros contributos3 , de que devemos destacar os de Mário Rui Rodrigues 4 .Neste estudo procedemos à publicação de documentação quinhentista diversaque eluci<strong>da</strong> o passado de <strong>Leiria</strong> e <strong>da</strong> sua região e referencia numerososdiocesanos, clérigos e leigos, que nela <strong>na</strong>sceram ou que com ela se relacio<strong>na</strong>ram.Têm particular significado os documentos <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s de 1540 e 1550,em virtude de ilumi<strong>na</strong>rem mais foca<strong>da</strong>mente a vi<strong>da</strong> eclesiástica <strong>na</strong>s vésperas<strong>da</strong> criação <strong>da</strong> diocese, em 1545, quando <strong>Leiria</strong>, pertencente, no eclesiástico,ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, era gover<strong>na</strong><strong>da</strong> pelos prelados destecenóbio, geralmente priores-mores comen<strong>da</strong>tários, infantes filhos e irmãosde reis, como se sabe, e os primeiros anos de vi<strong>da</strong> episcopal <strong>na</strong> mesma, emespecial os do brevíssimo episcopado de D. Sancho de Noronha, eleito masnão confirmado, e os problemas de administração do bispado <strong>na</strong> vacânciaaberta com o seu inesperado falecimento.2 Um apanhado de alguns estudos que dediquei a este assunto pode ler-se em “D. Frei Brás deBarros: elementos sobre os eue spicopado leiriense”, in <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>. Órgão Oficial <strong>da</strong> <strong>Diocese</strong>,Ano XVI, Nº 47, Janeiro-Junho de 2009, pp. 185-248: 193, nota 37.3 Não cumpre, aqui, elencar to<strong>da</strong> a bibliografia recente <strong>da</strong> historiografia eclesiástica e religiosadedica<strong>da</strong> a <strong>Leiria</strong>. Remetemos, tdoavia, para obras de síntese, conjunto e balanço como Catedralde <strong>Leiria</strong>. História e Arte (Coord. Virgolino F. Jorge), <strong>Leiria</strong>, <strong>Diocese</strong> de leiria-<strong>Fátima</strong>, 2005.4 Veja-se, deste investigador, o importante estudo intitulado O Diário “perdido” <strong>da</strong> viagem deJosé Cornide por Espanha e Portugal em 1772. Descrição <strong>da</strong> passagem por Pombal, <strong>Leiria</strong>,Marinha Grande, Batalha, São Jorge, Alcobaça, Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha e Óbidos, Batalha, Ed.CEPAE, 2010.110 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Integramos neste artigo, ain<strong>da</strong>, documentos alusivos à Batalha e ao seuMosteiro, no qual se confirma a adoção neste claustro, por pressão do rei D.Manuel I, dos princípios reformadores observantes por volta de 1513-1514.É um assunto, to<strong>da</strong>via, a precisar de estudo mais aprofun<strong>da</strong>do. D. Manuel,aliás, interveio ain<strong>da</strong> <strong>na</strong> reforma dos estatutos <strong>da</strong> vigararia de Santa Maria <strong>da</strong>Pe<strong>na</strong>, de <strong>Leiria</strong>, como se esclarece <strong>na</strong> documentação aqui reuni<strong>da</strong>, impondomestre de estudos nesta igreja matriz do Priorado de <strong>Leiria</strong>.Nesse contexto reformador e modernizador <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eclesial no territóriodo priorado leiriense, que foi berço fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> diocese, se integra o estabelecimento,em 1524, de uma capelania permanente, como se de uma quaseparóquiase tratasse, <strong>na</strong> ermi<strong>da</strong> de Santa Maria <strong>da</strong> Maceira, por subvençãoe “concerto” do Licenciado Sebastião <strong>da</strong> Fonseca, homem rico e ilustre, influenteno Desembargo do Paço, que obteve a adesão de D. Fr. Brás de Barros,então reformador do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ao seu projeto deengrandecimento <strong>da</strong> ermi<strong>da</strong> maceirense e de garantias de um serviço pastoralmais cómodo para os moradores <strong>da</strong> Maceira e terras mais circunvizinhas.Deixamos aqui arquivados e publicados os documentos que eluci<strong>da</strong>m osfactos e acontecimentos enunciados, como outros igualmente possuidoresde interesse para o conhecimento do passado histórico <strong>da</strong> atual <strong>Diocese</strong> de<strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>, a qual, como referimos, não é particularmente pródiga nestetipo de informação.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 111


. história .Doc. 11514 SETEMBRO, 8, Lisboa – D. Manuel determi<strong>na</strong> ao provedor do Hospital deTodos os Santos, de Lisboa, que entregue, em ca<strong>da</strong> ano, 4 arrobas de açúcar aos Mosteirosde S. Domingos de Lisboa e <strong>da</strong> Batalha, os quais se “fizeram <strong>da</strong> observância”.Torre do Tombo – Hospital de S. José, A-D-A, 004-940, fl. 66v.Terlado d’alvara del Rey nosso senhor per que man<strong>da</strong> <strong>da</strong>r d’esmolla em ca<strong>da</strong> huumanno quatro aRovas d’açucar ao Moesteiro de Sam Domingos desta ci<strong>da</strong>de de Lixboae outras quatro arrovas ao Moesteiro <strong>da</strong> Batalha que ora se fezeram d’oservancia.Reverendo Bispo provedor amigo. Avemos por bem que façaes <strong>da</strong>r aos frades doMoesteiro de Sam Domingos desta ci<strong>da</strong>de quatro arrovas d’açucar. E outras quatroaRovas do Moesteiro <strong>da</strong> Batalha de que lhe fazemos esmola. E man<strong>da</strong>reysassentar as ditãs casas no livro que he feyto honde esta assentado ho açucarque ca<strong>da</strong> huum ano man<strong>da</strong>mos <strong>da</strong>r as confrarias <strong>da</strong> misericordia e outros moesteirosdo Regno pera ho averem em ca<strong>da</strong> huum anno porquanto lhe fazemos a ditã esmolacad’ano, asy como as outras cassas a que ho também man<strong>da</strong>mos <strong>da</strong>r.Fecto em Lixboa a biij dias de Setembro. Damiam Dyaz ho fez de 1514.Nam seja duvy<strong>da</strong> n’antrelinha onde diz aos frades que asy he ver<strong>da</strong>de.Terla<strong>da</strong>do e concertado com ho próprio por mim Bertolameu Rodriguez esprivam.112 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Doc. 21529 JUNHO, 6, Coimbra – Traslado do compromisso estabelecido, em 29 deNovembro de 1524, Évora, entre o Licenciado Sebastião <strong>da</strong> Fonseca, comen<strong>da</strong>dor <strong>da</strong>Ordem de Cristo, e o Cardeal D. Afonso, comen<strong>da</strong>tário do Mosteiro de Santa Cruzde Coimbra, sobre a administração <strong>da</strong> ermi<strong>da</strong> de Santa Maria <strong>da</strong> Maceira, mormentequanto à apresentação de um capelão que nela celebrasse os sacramentos divinos.TT – Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, 2ª incorporação, Maço 13, Documentocom a cota antiga: “Alm. 28, Mº 2, Nº 16”.+Saibham quamtos este estrumento <strong>da</strong>do em publica forma com ho trelado dehuum concerto vyrem como em os seis dias do mês de Junho do anno do <strong>na</strong>scimentode Nosso Sennhor Jhesuu de mil e quinhentos e vymte e nove anos, em a ci<strong>da</strong>de deCoimbra, demtro no Moesteiro de Samta Crruz estamdo hy ho muyto reverendo padreFrey Bras de Bragua <strong>da</strong> Hordem de São Jeronimo, que por especial man<strong>da</strong>do delRey nosso sennhor e comisam do senhor Iffamte Dom Amrrique comen<strong>da</strong>taryo emperpetuum do dito Mosteiro estaa por guover<strong>na</strong>dor delle em ho esprituall e temporalletc. Loguo pelo dito padre foy apresemtado huum concerto feyto por esprito o qualparecya ser feyto per Afonso Diaz sacretaryo do senhor Iffamte Cardeall e asy<strong>na</strong>do aopee do syg<strong>na</strong>l do dito senhor Cardeal Iffamte e pelo Licenciado Bastiam <strong>da</strong> Fonsequae per Frrancisco de Moura, cleriguo de misa morador [sic] e apresentado como ditohee requereo a mym esprivam publico ao diamte nomeado que eu lhe desse o trelladodo dito comcerto em huum publico estrumento pera o ter em o cartoreo do dito Mosteiro,a que o dyto comcerto tocava. E por pertemcer a meu hoficio eu o trelladey aquy.E o teor delle he ho seguimte de verbo a verbuum.§ Dom Afomsso per graça de Deus e <strong>da</strong> Samta Igreja de Roma cardeal do titollode Samta Luzia en septem soliis, iffamte de Portugall, perpetuo administrador do Arcebispadode Lixboa e dos Bispados d’Evora e Viseu e Moesteiros de Samta Cruz deCoimbra e d’Alcobaça etcª. Fazemos saber a vos Diogo Diaz nosso vigairo <strong>da</strong> villa deLeyria e ao cabido e beneficiados <strong>da</strong> nossa ygreja de Samta Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> <strong>da</strong> dita villae a outros quãesquer vygairos que <strong>na</strong> dita villa pelo tempo forem, que hos dias passadosdel Rey e padre que samta gloria aja passou certos man<strong>da</strong>dos // [Fl.1v] em nosso nome pelos quaes hordenou e mandou que <strong>na</strong> hermi<strong>da</strong> de Samta Mariade Maceira, termo <strong>da</strong> dita villa, por estar mais de legoa della e <strong>da</strong> igreja de SamtoEstevam <strong>da</strong> dita villa em cuja parrochia a dita hermi<strong>da</strong> de Maceira estaa se posese pyade baptizar e se disese misa aos domingos e festas por huum capelão que hos freguesespaguariam aa sua custa com dous mil e quinhentos reais que lhe man<strong>da</strong>va <strong>da</strong>r aacusta <strong>da</strong>s rem<strong>da</strong>s do prellado do dito Moesteiro de Samta Cruz que pelo tempo fosse emais a metade <strong>da</strong>s ofertas que aa dita ygreja fosem que pertencem ao dito prellado deSamcta Cruuz, todo esto para aju<strong>da</strong> de paguarem o dito capellam o qual lhe menistraseos samtos sacramentos etc. Sobre a qual cousa os beneficiados e cabido dessa villase agravaram dizendo que poer-se <strong>na</strong> dita igreja de Maceira outro algum capelão queReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 113


. história .<strong>na</strong>m fosse beneficiado <strong>na</strong> dita villa de Leirea lhe era feyto agravo porque lhe tiravammuytas beneses dos que poderiam aver <strong>da</strong>quellas pessoas que avyam de ser cura<strong>da</strong>s<strong>na</strong> dita ygreja de Maceira porque eram seus fregueses e <strong>na</strong>m obriguados a hyr ouvirmisa aa dita sua parrochia de Samto Estevam e nella receber os samtos sacramentosetc. Dizemdo e alegando ho Licenciado Bastiam <strong>da</strong> Fomsequa do Desenbargo dodyto senhor, comen<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Ordem de Christus, que junto <strong>da</strong> dita irmi<strong>da</strong> tem certafazem<strong>da</strong>, que por elle ora reformar a dita hermi<strong>da</strong> e a fazer de novo e a dotar de certasgoyas em que guastara muyto de sua fazem<strong>da</strong> com outras bemfeitorias que <strong>na</strong> ditahermi<strong>da</strong> fezera, elle devia de poor nella o capelão quejamdo ho elle escolhesse semdoydoneo pera que <strong>na</strong> dita ygreja dissesse misa e ministrasse os samtos sacramentos.Sobre os quães dictos nos pasamos outro man<strong>da</strong>do per que mandávamos que ho ditoBastiam <strong>da</strong> Fonsseca com a moor parte dos fregueses que <strong>na</strong> dita irmi<strong>da</strong> avyam deouvir misa e receber os samtos sacramentos // [Fl. 2] posese o capellam nella. E quese os ditos beneficiados a ello tivessem embarguos que os vyesem alleguar peramtenos a certo tempo. Os quães semdo-lhe o dito nosso mam<strong>da</strong>do publicado disseram quetinham legítimos embarguos a se comprir. E enviaram seu procurador perante nos perao aver d’alleguar. E semdo o dito neguocio nesta corte ho dyto Licenciado Bastiam<strong>da</strong> Fomseca e Frrancisco de Moura beneficiado <strong>na</strong> dyta nossa ygreja de Samcta Maria<strong>da</strong> Pen<strong>na</strong>, procurador do dyto cabido, peramte o Licenciado Christovão Estevez dodezembarguo do dyto senhor Rey e nosso procurador, comen<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Hordem deChristos, se vyeram a comcertar nesta maneira que se segue por se apartarem de odeos,trabalhos e despesas e esto de nosso comsemtimento, scilicet,que elle Licenciado Bastiam <strong>da</strong> Fonsseca e seus herdeiros que pelo tempo forem<strong>da</strong> dyta sua fazem<strong>da</strong> que tem jumto <strong>da</strong> dyta hermi<strong>da</strong> de Maceira escolham de todollosbeneficiados <strong>da</strong> dita vylla de Leyrya cleriguos de misa, tiramdo os quatro cleriguosque forem cursas <strong>da</strong>s quatro ygrejas della, e asy ho beneficiado que camtar huumacapella que estaa em São Martinho <strong>da</strong> dyta villa, scilicet,huum beneficiado pera dizer misa <strong>na</strong> dyta ygreja de Maceira e menystrar os samtossacramentos aas pessoas que hos nella ouverem de receber e se este beneficiadoque elle assy escolher nom quiser aceptar o dyto carreguo ho dyto Licenciado escolheraoutro dos dos [sic] beneficiados. E se este segundo ho <strong>na</strong>m quiser aceptar escolheraoutro e outro atee quatro. E se ca<strong>da</strong> huum destes quatro nom quiser aceptar a dytacapelania em tal caso elle Bastiam <strong>da</strong> Fomsequa ou seus herdeiros <strong>da</strong> dyta fazen<strong>da</strong>poderá tomaar huum capellão de fora quem elle quiser pera ter a cura <strong>da</strong> dita ygrejade Maceira. O qual sera exsami<strong>na</strong>do pelo vigairo <strong>da</strong> dyta villa e achamdo-o auto esofeciemte // [Fl. 2v] pera ter a dita cura, lha cometera e lhe <strong>da</strong>rá della carta em forma,em ca<strong>da</strong> huum anno, atee tres anos se tamtos ho dyto Bastiam <strong>da</strong> Fomsequa ho quiserter. Os quaes tres anos acabados ou o tempo que ho asy quiser ter atee os ditos tresanos ho dito Licenciado Bastiam <strong>da</strong> Fomsequa ou seus herdeiros <strong>da</strong> dita fazen<strong>da</strong> seramobriguados a tomaar e escolher outra vez capelão pera a dita igreja beneficiado <strong>na</strong>dita villa de <strong>Leiria</strong>, escolhendo-o <strong>na</strong> maneira sobredita. E asy se fara <strong>da</strong>hy em diamtepera sempre.114 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .O qual capelão quamdo for beneficiado <strong>da</strong> dita villa nom sera removido <strong>da</strong> ditacapella atee tres [anos] se nell hy tamto quiser estar salvo fazemdo elle cousa tal ouleyxamdo de fazer o que deve por que seja rezam de ser removido porque em tallcaso os fregueses ou ell Licenciado ou seus herdeiros apomtaram ao vigairo <strong>da</strong> ditavilla as causas ou rezões porque ho dyto capelão deve ser removido e ho dito vigairose emformara do caso sumariamente sem outra mais demam<strong>da</strong> nem comthem<strong>da</strong>. Eachamdo causa tal per que deve ser removido o removera <strong>da</strong>mdo desto apellaçom eagravo pera o dito nosso Mosteiro de Samta Cruz e se porá outro capellão dos dytosbeneficiados escolhido <strong>na</strong> forma e maneira sobredita e declara<strong>da</strong>.E que hao dito capelão beneficiado de Leirya que ha cura <strong>da</strong> dita ygreja tiver sera<strong>da</strong>do pera soportamento de sua vi<strong>da</strong> pelo dyto Bastyam <strong>da</strong> Fomsequa e seus herdeirose pelos outros fregueses <strong>da</strong> dita ygreja em ca<strong>da</strong> huum anno cem alqueires de triguo dereceber e huuma pipa de vinho de xxb almudes no novo. E quamdo for esterelli<strong>da</strong>deque nom aja <strong>na</strong> terra vinho lhe paguarão por almude a vymte reais como valll nos anosem que ahy há abastamça de vinho e asy lhe seram <strong>da</strong>dos os ii- vc reais aa custa <strong>da</strong>srem<strong>da</strong>s do prellado de Samta Cruz // [Fl. 3] como se ora <strong>da</strong>m ao capelão que <strong>na</strong> ditaygreja serve. E asy avera a metade <strong>da</strong>s ofertas <strong>da</strong> dita hermi<strong>da</strong> e do pee do altar que aoprellado do dito Moesteiro pertemce aver porque a outra metade hee dos beneficiadosde Leirya.Item que o capellão que tiver a cura <strong>da</strong> dita ygreja de Maceira sera obriguado aministrar todos os samtos sacramentos a to<strong>da</strong>llas pessoas que delle ouverem de sercura<strong>da</strong>s. E asy a dizer misa todos hos dominguos e festas do anno primcipães de NossoSenhor e de Nosa Senhora, tiramdo dias de Corpo de Deus que os fregueses <strong>da</strong> ditahermi<strong>da</strong> seram obriguados de hyrem ouvir misa a dita igreja de Samto Estevam suamatriz pera em todo tempo se saber que sam <strong>da</strong> sua parrochya e freguesia, posto quetenham capelão que lhe aja de administrar hos samtos sacramentos <strong>na</strong> dita hermi<strong>da</strong>.E asy lhe dira mais ho dito capelão misa todollos dias dos Apostollos e allem <strong>da</strong>sditas festas primcipães e dias d’Apostollos ho dyto capelão sera obriguado a dizerpella soma<strong>na</strong> tres misas que seram dos fregueses, scilicet, a terça feirra e quarta equinta. E hos outros tres dias, scilicet, segum<strong>da</strong>, sesta e sabado fiquaram ysemtosao dito capelão pera dizer nelles misa a quem elle quiser salvo se em ca<strong>da</strong> huumdos dytos tres dias de segum<strong>da</strong>, sesta e sábado cair alguma festa primcipall ou diad’Apostollo porque em tall caso a misa sera dos fregueses e <strong>na</strong>m do capelão.E acomtecemdo que ho dito capelão <strong>na</strong>m dygua misa em algum dos dias <strong>da</strong>s festasprincipães ou dia d’Apostollo per sy ou per outro cleriguo, que em tal caso perca porella huum alqueire de triguo do seu salairo. E se leyxar por dizer misa <strong>da</strong>s <strong>da</strong> soma<strong>na</strong>que sam dos fregueses que nom seja dia de festa principall ou d’apostollo pode-lla-haemtreguar em outro dia <strong>da</strong>quela soma<strong>na</strong> e <strong>na</strong>m há emtreguamdo <strong>na</strong> dyta soma<strong>na</strong> queperca por ella huum alqueire de trigo. // [Fl. 3v]E semdo caso que venha ha dita ygreja corpo de fi<strong>na</strong>do em dia d’Apostollo queaquella misa que <strong>na</strong>quele dia diser pelo fi<strong>na</strong>do posa della receber sua esmola sem serobriguado a emtreguar outra por . E semdo caso que hos outros fregueses <strong>da</strong> ditaReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 115


. história .ygreja nom queyram paguar mais pera o dito capellão <strong>da</strong>quilo que hora paguam porlhe dizer misa dominguos e festas em tal caso elle Licenciado e seus herdeiros seramobriguados a perfazerem de sua fazem<strong>da</strong> todo o pam dos cem alqueires e pipa devinho imteiramente. E seram suas as tres misas <strong>da</strong> soma<strong>na</strong> que em cima dizemos queham de ser de todollos fregueses. E ho dito Licenciado sera obriguado a <strong>da</strong>r casa aocapellão em que vyva porque ha-de ser obriguado a viver <strong>na</strong> freguesia <strong>da</strong> dita hermi<strong>da</strong>contynua<strong>da</strong>mente e esto atee o capellão com os fregueses fazer casa em que viva <strong>na</strong>dita freguesia.Item porquamto ho dyto Licenciado nos dyse que tynha em vomtade de allarguare acrecemtar a dita ygreja de Maceira por ser ora peque<strong>na</strong>, per esta presemte lhe <strong>da</strong>mospera ello licença.Item as pessoas que ora vam ouvir misa há dita ygreja de Maceira sam as desteslugares seguintes, scilicet,Os PisoõesItem Porto do Carro.Item A de Barbas.Item Mellva.Item a Marinha.Item a Ribeira de Maceira.Item as Porcariças.Item Lemgulhe 5 .Item Cavalynhos.Item Vall <strong>da</strong> Guynha.Item Mamguas.Item o Casall do Salgueiro.Item o Ar<strong>na</strong>ll com hos Moynhos.Item o Moynho de Gonçalo Rodriguez.Item hos de Cima de Maceira.Nos quaes lugares todos ao presemte são acerqua de oytenta fregueses que mam<strong>da</strong>mosque sejam sempre obrigados a hyr ouvir misa e receber os samtos sacramentosaa dita ygreja de Maceira.Item ho dito Licenciado nem seus herdeiros se <strong>na</strong>m chamaram padroeyros <strong>da</strong> ditaygreja de Maceira em tempo algum porque <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de ho <strong>na</strong>m são amtes ho he o priore Mosteiro sobredyto // [Fl. 4] de Samta Cruz por ser fum<strong>da</strong><strong>da</strong> no termho <strong>da</strong> dita villade Leyria, assy como ho sam e devem ser to<strong>da</strong>llas ygrejas fum<strong>da</strong><strong>da</strong>s e fum<strong>da</strong>n<strong>da</strong>s <strong>na</strong>dita villa de <strong>Leiria</strong> de <strong>Leiria</strong> e em seu termo quamto se estemde a jurdição episcopalque ho dito Moesteiro de Samta Cruuz tem <strong>na</strong> dita villa e seu termho, <strong>da</strong>s quães lhepertemce aver todollos dízimos e oblações segumdo mais compri<strong>da</strong>mente se comtem<strong>na</strong>s composições e sentenças feitas e <strong>da</strong><strong>da</strong>s amtre o dito Mosteiro e hos bispos deCoimbra.5 Sic, por Alcogulhe (?).116 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .E esta graça que hora asy fazemos ao dyto Lecemceado de escolher este capellãocomo em cima dito he lha fazemos pelas dytas bemfeytorias e obras que <strong>na</strong> dyta ygrejatem feytas e joyas que lhe asy tem <strong>da</strong><strong>da</strong>s. E porem vos man<strong>da</strong>mos que ho façães asy<strong>da</strong>qui em diamte comprir e guar<strong>da</strong>r como se nesta nossa carta contem muy imteiramentesem outra duvi<strong>da</strong> nem embargo que nella seja posto.Da<strong>da</strong> em a nobre ci<strong>da</strong>de d’Evora, sob nosso sy<strong>na</strong>ll e sello aos xxix dias do mês deNovembro. O secretario Afonso Diaz a fez. Anno de Nosso Sennhor Jesuu Christo demil e quinhemtos e vymte e quatro.O qual comcerto eu Amrrique de Para<strong>da</strong> por autori<strong>da</strong>de real publico esprivam<strong>da</strong>s esprituras prazos e cousas tocantes ao dyto Moesteiro trelladey em este publicoestrumento por man<strong>da</strong>do do dito padre e com o próprio oregi<strong>na</strong>ll o concertey comGriguorio Lourenço, vedor do dyto Mosteiro e o asyney de meu publico sy<strong>na</strong>ll que talhe, em hos seis dias de Junho de 52 com digo vymte e nove.Nom seja duvi<strong>da</strong> as amtrelynhas que dizem, meu senhor, ella, nem omde dizia<strong>Leiria</strong> porque ao comcerto com o próprio se fez ver<strong>da</strong>de.(Assi<strong>na</strong>do) Comcertado com o próprio, Gregorio Lourenço (si<strong>na</strong>l).Doc. 31542 MARÇO, 24, Lisboa - D. João III dá a Diogo Gomes, sobrinho de Henrique<strong>da</strong> Mota, escrivão <strong>da</strong> câmara real, o ofício de escrivão <strong>da</strong>nte o vigário de <strong>Leiria</strong>, emvirtude do falecimento de João Lopes, que trazia esse ofício.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros nº 7, Livro 5, fls. 52v-53.Dom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lem marem Africa senhor de Guimee e <strong>da</strong> conquista <strong>na</strong>vegação e comercio d’Ethiopia, Arabia,Persia e <strong>da</strong> India.A quantos esta minha carta virem faço saber que confiando eu de Diogo Gomezsobrinho d’AnRique <strong>da</strong> Mota meu stprivão <strong>da</strong> camara que nisto servira bem e comodeve e querendo-lhe fazer graça e merce tenho por bem e lhe faço merce em nome deDom Duarte meu filho do officio d’estprivão <strong>da</strong>nte o vigairo <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong> que oraestaa vago per falecimento de Joam Lopez. Notefico-o asy e mando ao dito vigairoque o meta em pose do dito oficio e lho leixe servir e dele usar e aver <strong>da</strong> stpritura quefezer o que he orde<strong>na</strong>do aos stprivães do judicial e[m] meus Reinos segundo forma deminhas orde<strong>na</strong>ções. E bem asy aver a mais com o dito oficio ha custa dos rendeyros<strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que o Priorado de Santa Cruz de Coimbra tem <strong>na</strong> dita vila dezaseis alqueiresde triguo em ca<strong>da</strong> hum anno se per costume e pose antigua os ouve sempre com omesmo oficio o dito Joam Lopez per cujo falecimento vagou. E o dito Diogo Gomezjurara <strong>na</strong> chancelaria de Dom Duarte meu filho que bem e como deve sirva o ditooficio guar<strong>da</strong>ndo o serviço ao dito Dom Duarte meu filho e has partes seu direito. Epera firmeza diso lhe mandey <strong>da</strong>r esta carta per mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pela dita chancelaria.Antonio Ramos a fez em Lixboa, a vinte e quatro dias do mes de Março // [Fl.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 117


. história .53] do ano do <strong>na</strong>cimento de Noso Sennhor Jhesu Christo de j - b c Rij anos. Gaspar deFigueiroa a fiz stprever.E ey por bem que esta carta pase pela chancelaria posto que o tempo em que ouverade pasar seja pasado e pagara chancelaria dereita somente.Em Almeirim a xxx de Janeiro de j - b c Riij.Doc. 41542 JUNHO, 5, Lisboa - O rei D. João III man<strong>da</strong> a Diogo Leitão, recebedor <strong>da</strong>sren<strong>da</strong>s do Priorado de <strong>Leiria</strong>, do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que arremate emconjunto as ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s miunças do dito Priorado, assim como se fazia <strong>na</strong> arreca<strong>da</strong>çãodos vinhos.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros nº 7, Livro 5, fls. 22v-23v.Eu el Rey faço saber a vos recebedor Diogo Leitão recebedor <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que oPriorado de Santa Cruz de Coimbra tem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> e aos que ao diante foremque eu hey por bem e me praz em nome de Dom Duarte meu filho que en todo tempoque <strong>da</strong>quy em diante se aRen<strong>da</strong>rem as meuças que o dito Priorado tem <strong>na</strong> dita vila seaRende misticamente com as duas partes do prelado [e] a terça parte dos beneficiados<strong>da</strong> dita vila, estando sempre presente aos aRen<strong>da</strong>mentos o prioste do cabido comosempre se costumou. E porem quando se asy as ditas meuças aRen<strong>da</strong>rem misticamentea dinheiro a somo do que // [Fl. 23] montar <strong>na</strong> terça parte <strong>da</strong>s ordi<strong>na</strong>rias queos rendeiros paguarem se fara ao dito cabido de maneira que en tudo iguoalmente ajasua terça sem quebra e deminuição alguma. E sendo caso que os ditos beneficiadosqueiram aReca<strong>da</strong>r a sua terça parte <strong>da</strong>s ditas miuças pera despesa somente de suascasas sem outra cautela alguma, ey por bem que o posão fazer contanto que depoisd’aRen<strong>da</strong><strong>da</strong>s as duas partes do prelado se faça repartição <strong>na</strong>s freiguesias asy e <strong>da</strong> maneiraque se agora faz <strong>na</strong> aReca<strong>da</strong>ção do vinho. A qual repartição <strong>da</strong>s meuças se faraantre o recebedor do prelado ou seus rendeiros e o prioste do dito cabido do dia queas duas partes do prelado forem aRen<strong>da</strong><strong>da</strong>s a vinte dias primeiros seguintes. E <strong>na</strong>m seconcertando no dito termo ey por bem e mando o corregedor que ora he e ao diante for<strong>na</strong> comarca <strong>da</strong> dita vila e ao juiz de fora quando o corregedor for ausente ou inpididopro qualquer maneira pera o nom poder fazer que sem apelação e agravo detremineas ditas duvi<strong>da</strong>s e se cumpra o que por ca<strong>da</strong> hum deles neste caso for detremi<strong>na</strong>do eman<strong>da</strong>do. E pera se saber o ver<strong>da</strong>deiro rendimento <strong>da</strong>s duas partes do prelado e peramilhor aReca<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> terça do cabido nenhum dos ditos beneficiados nem priosterecebera cousa alguma <strong>na</strong>m sendo asenta<strong>da</strong> primeiro em livro. O qual oo seu stprivãofara em ca<strong>da</strong> hum anno e nele asentara decrara<strong>da</strong>mente em titolos apartados to<strong>da</strong>lascousas que vier <strong>da</strong> terça parte do cabido. E pasara certi<strong>da</strong>m quando for requeri<strong>da</strong> pelorecebedor do dito prelado <strong>da</strong> soma <strong>da</strong>s cousas que tiver asenta<strong>da</strong>s. O qual recebedorseraa // [Fl. 23v] obrigado a lha pedir em ca<strong>da</strong> hum anno e man<strong>da</strong>r ao stprivão de seu118 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .cargo que faça declaração <strong>da</strong>s ditas certidões em seu livro e as mostrar ao tempo quelhe for toma<strong>da</strong> conta, pera se saber a delygencia que nisto fez. E este alvara seraaregistado nos livros do dito recebedor e prioste pelos stprivães de seus cargos pera sesaber e comprir o que nisto hey por bem emquanto <strong>na</strong>m man<strong>da</strong>r o contrairo.Gaspar de Figueiroa a fez em Lixboa, a cinco dias do mes de Junho de j - b c corentae dous anos.Doc. 51542 JULHO, 5, Lisboa - Alvará de D. João III para que o Dr. Luís de Alarcão,ouvidor no <strong>espiritual</strong> do Priorado de Santa Cruz de Coimbra, recebesse a renuncia deGil Coelho a um benefício simples <strong>na</strong> igreja de Santa Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, de <strong>Leiria</strong>, e oconferisse a Gregório Couceiro.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros nº 7, Livro 5, fl. 23v.Eu el Rey faço saber a quantos este meu alvara virem que eu hey por bem e mepraz em nome de Dom Duarte meu filho que o doutor Luis de Lharcão ouvidor no espritualdo Priorado de Santa Cruz de Coimbra posa receber renunciação do beneficiocimprez que Gil Coelho tem <strong>na</strong> igreja de Santa Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>. E posaconferir e confirmar no dito beneficio a Gregorio Couceiro clerigo d’ordens menoresfilho de Jorge Anes meirinho <strong>na</strong> comarca <strong>da</strong> dita vila. E <strong>na</strong> carta <strong>da</strong> dita confirmaçãoe colação ira o trelado deste alvara. Antonio Ramos o fez em Lixboa, a cinco do mesde Julho de 1542 anos. Gaspar de Figueiroa o fiz stprever.Doc. 61542 JULHO, 18, Lisboa - O Dr. Luís de Alarcão, ouvidor eclesiástico do Prioradode Santa Cruz de Coimbra, confere a posse a Gregório Couceiro, por procuradordeste, de um benefício <strong>na</strong> igreja de Santa Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, de <strong>Leiria</strong>, o qual fora renunciadopor Gil Coelho.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, Livro 5, fls.25v-27.ReflexõesTitulo <strong>da</strong>s confirmações dos beneficios cimprez e curados do Priorado de SantaCruz.O doutor Luis de Larcão ouvidor <strong>na</strong> jurisdição eclesiastica do Priorado e Mosteirode Santa Cruz de Coimbra, polo senhor Dom Duarte, filho del Rey noso senhor etc.Faço saber a quantos esta minha carta de confirmação virem que por parte de GregorioCouceiro clerigo d’ordens menores, filho de Jorge Annes, meirinho <strong>na</strong> comarca <strong>da</strong>vila de <strong>Leiria</strong>, me foy apresentado hum alvara del Rey noso senhor, asi<strong>na</strong>do e pasadopela chancelaria, cujo teor he o que se segue // [Fl. 26]| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 119


. história .Eu el Rey faço saber a quantos este meu alvara virem que eu hey por bem e mepraz em nome de Dom Duarte meu filho que o doutor Luis de Lharcão ouvidor no espritualdo Priorado de Santa Cruz de Coimbra posa receber renunciação do beneficiocimprez que Gil Coelho tem <strong>na</strong> igreja de Santa Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>. E posaconferir e confirmar no dito beneficio a Gregorio Couceiro clerigo d’ordens menoresfilho de Jorge Anes meirinho <strong>na</strong> comarca <strong>da</strong> dita vila. E <strong>na</strong> carta <strong>da</strong> dita confirmaçãoe colação ira o trelado deste alvara. Antonio Ramos o fez em Lixboa, a cinco do mesde Julho de 1542 anos. Gaspar de Figueiroa o fiz stprever.Pedindo-me que pois o dito beneficio era renunciado e eu tinha recebido a renunciaçãoque o dito Gil Coelho do dito beneficio fizera per via de premu<strong>da</strong>ção com outrobeneficio que ele dito Grigorio Couceiro tinha em Nosa Senhora <strong>da</strong> vila <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, queja tinha renunciado, e o dito Gil Coelho estava ja de posse, o quisese confirmar nestede Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>, conforme a provisão de Sua Alteza. E euvisto o que me asy pediam por me constar por hum estromento de premu<strong>da</strong>ção queantre eles Gil Coelho e Grigorio Couceiro fora feito dos ditos beneficios, o dito GilCoelho renunciar o dito seu beneficio, o qual estormento era feito por Gaspar Antunez,cleriguo de misa beneficiado <strong>na</strong> dita igreja de Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, notairoapostolico, aos oito dias do mes de Maio <strong>da</strong> presente Era de 1542, com testemunhasnomea<strong>da</strong>s // [Fl.26v], scilicet, Gaspar Diãz e Joam Nunez, tabaliães moradores <strong>na</strong> ditavila, e eu ter ja recebido a renunciação e por virtude <strong>da</strong> provisão e alvara de Sua Altezae renunciação confirmo no dito beneficio ao dito Grigorio Couceiro em beneficiado eraçoeiro <strong>na</strong> dita igreja de Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, no dito beneficio cimprez que o ditoGil Coelho renunciou per imposição de meu baRete que em nome do dito GrigorioCouceiro pus <strong>na</strong> cabeça de Domingos Diaz stprivão do tesouro <strong>da</strong> senhora infanteDo<strong>na</strong> Isabel seu soficiente procurador como vy por sua procuração feita <strong>na</strong> dita vila de<strong>Leiria</strong>, por Gaspar Antunez, clerigo notairo apostolico, aos oito dias do mes de Maiodo presente anno com testemunhas nomea<strong>da</strong>s Gaspar Diãz e Joam Nunez, tabaliãesmoradores <strong>na</strong> dita vila.Do qual beneficio hey o dito Grigorio Couceiro por provido e confirmo nele empessoa do dito seu procurador e lhe cometo o regimento e gover<strong>na</strong>nça dele no esprituale temporal. E ele seu procurador aceitou a dita confirmação e jurou em minhasmãos em hum livro dos Santos Avangelhos em nome do dito Grigorio Couceiro quecomprira o que se contem no capitolo. Ego, N. de jure jurando, que lhe per mimfoy lido e declarado. Pelo qual mando e virtude d’obidiencia ao vigairo <strong>da</strong> dita vilade <strong>Leiria</strong> e aos beneficiados <strong>da</strong> dita igreja de Nosa Senhora e aos priostes dela queajam <strong>da</strong>quy em diante e recebam // [Fl. 27] o dito Grigorio Couceiro por ver<strong>da</strong>deirobeneficiado e raçoeiro <strong>da</strong> dita igreja no dito beneficio e lhe dem a posse dele e asentoem coro e em cabido e lugar em precição e lhe acu<strong>da</strong>m e fação acudir com os fruitosforos ren<strong>da</strong>s dereitos que ao dito beneficio e ao ver<strong>da</strong>deiro beneficiado dele dereitamentepertence, segundo forma dos estatutos e lau<strong>da</strong>ves custumes <strong>da</strong> dita igreja. Emando a qualquer notairo apostolico ou tabaliam <strong>da</strong> dita vila de <strong>Leiria</strong>, sob pe<strong>na</strong> deexcomunham, que sendo-lhe com esta requerido meta em posse do dito beneficio de120 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> ao dito Grigorio Couceiro pelos autos acostumados e diso lhepasem seu estormento.Gabriel de Moura a fez, em Lixboa, a xbiij de Julho anno de 1542, que como emen<strong>da</strong>do que diz o qual e com as antrelinhas que dizem, confirmar, dos SantosAvangelhos.Doc. 71542 AGOSTO, 11, Lisboa — Carta pela qual D. João III estabeleceu a MariaBoa, viúva de Pero Dias, a tença de quarenta alqueires de trigo <strong>na</strong>s ren<strong>da</strong>s de Stª Cruzde Coimbra, em <strong>Leiria</strong>, conquanto ela tivesse a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s casas do infante D. Duartenesta vila.TT — Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros n.º 7, Livro 5, fls. 6vº-7vº.Registo <strong>da</strong> carta de Maria Boa dos Rtª alqueires de triguo que tem per carta geralem <strong>Leiria</strong> <strong>na</strong>s Ren<strong>da</strong>s de Santa Cruz emquanto tiver a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s casas que hy tem osenhor Dom Duarte filho del Rey noso senhor. // [Fl. 7]Dom Joam per graça de Deus Rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lemmaar em Africa senhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista <strong>na</strong>vegação e comerçio d’EthiopiaArabia Persia e <strong>da</strong> India.A quantos esta minha Carta virem faço saber que eu ey por bem e me praz queemquanto Maria Boa viuva mulher que foy de Pero Diaz estiver <strong>na</strong>s casas que domDuarte meu filho tem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> e servir bem e como deve <strong>na</strong> guar<strong>da</strong> delas ajaem ca<strong>da</strong> hum anno d’esmola do primeiro dia de Janeiro deste anno presente de mil equinhentos e corenta e dous em diante emquanto o eu ouver por bem e <strong>na</strong>m man<strong>da</strong>ro contrairo corenta alqueires de triguo pelas ren<strong>da</strong>s que o Priorado de Santa Cruz deCoimbra tem <strong>na</strong> dita vila, que he outro tanto como tinha per alvara do Ifante domDuarte meu irmão que santa gloria aja que foy roto ao asi<strong>na</strong>r desta carta.Notefico-o asy e mando aos oficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito Dom Duarte meu filhoque lhe asentem nos livros dela os ditos corenta alqueires de triguo e ao recebedorque ora he e ao diante for <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s do dito priorado em <strong>Leiria</strong> que por esta soo cartageral lhos pague em ca<strong>da</strong> hum anno ao tempo e <strong>da</strong> maneira que os atee agora ouve.E polo trelado dicta 6 carta polo scprivão de seu cargo no livro de sua despesae conheçimento <strong>da</strong> dita Maria Boa lhe serão levados em conta em ca<strong>da</strong> hum annoemquanto o eu ouver por bem e não man<strong>da</strong>r o contrairo como dito he. E pera firmezadiso lhe mandey <strong>da</strong>ar esta carta per mim si<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> // [Fl. 7vº] pela chancelariado dito Dom Duarte meu filho e Antonio Ramos a fez em Lixboa a onze dias do mesd’Agosto do ano do <strong>na</strong>cimento de Noso Senhor Jehsu Christo de mil e b c e corenta edous anos. Gaspar de Figueiroa a fez scprever.Reflexões6 Corrigiu “dicta” de “desta.”| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 121


. história .Doc. 81542 OUTUBRO, 5, Lisboa — D. João III confirma a decisão de seu pai, D. Manuel,pela qual se determi<strong>na</strong>va que houvesse um mestre de Gramática em Santa Maria<strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong>. Determi<strong>na</strong>, também, que o salário desse mestre fosse aumentadoem cinco mil reais, conforme a alvará real <strong>da</strong>tado de 23 de Março de 1528.TT — Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros n.º 7, Livro 5, fls. 40-42.Carta do Mestre <strong>da</strong> Gramatica.Dom Joam per graça de Deus Rey de Portugal e dos Al // [Fl. 40vº] garves <strong>da</strong>queme <strong>da</strong>lem maar em Africa Senhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista <strong>na</strong>vegaçam e comerciod’Ethiopia Arabia Persia e <strong>da</strong> India ct. faço saberque por parte dos beneficiados <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong> me foy apresentado hum alvara doIffante dom Duarte meu irmão que santa gloria aja do qual o trelado he o seguinte:O Ifante dom Duarte Duque de Guimarães perpetuu administrador do Priorado deSanta Cruz de Coimbra ct. Faço saber a vos almoxarife <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s do dito Priorado <strong>na</strong>villa de <strong>Leiria</strong> que ora sois e ao diante forem que por parte dos beneficiados <strong>da</strong> dictavila me foy apresentado hum alvara del Rey meu senhor de que o trelado he o que sesegue,Eu el Rey faço saber a vos almoxarife ou recebedor <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s do Priorado doMoesteiro de Santa Cruz em a vila de <strong>Leiria</strong> que ora sois e ao diante fordes que el Reymeu senhor e padre que santa gloria aja, ordenou, que ha dita vila de <strong>Leiria</strong> ouvesemestre de gramatica pera insi<strong>na</strong>r os beneficiados e asy outros que fosem autos peraaprender. E mandou que pera seu mantimento se apartase huma <strong>da</strong>s corenta reções dosditos beneficiados e porque segundo que ora foy çerteficado per Diogo Diãs vigairo<strong>da</strong> dita vila o dito mestre se <strong>na</strong>m acha pera asy ensi<strong>na</strong>r de gramatica por o mantimento<strong>da</strong> dita reção ser muy pouco ey por bem e me praz que o dito mestre que <strong>na</strong> dita vilade <strong>Leiria</strong> ensi<strong>na</strong>r de gramatica aja mais alem <strong>da</strong> dita reção cinco mil rreais a custa <strong>da</strong>sren<strong>da</strong>s do Ifante // [Fl. 41] Dom AnRique meu muito amado e preçado irmão comen<strong>da</strong>tariodo dito Moesteiro emquanto o ouver por bem. Notefico-vo- lo asy e vos mandoque <strong>da</strong>s ditas ren<strong>da</strong>s paguees ao dito mestre que <strong>na</strong> dita villa ensi<strong>na</strong>r de gramatica osditos b — reais em ca<strong>da</strong> hum anno que quero que mais aja, alem <strong>da</strong> dita reção contantoque ele ensine aquelas pessoas en aquela maneira que el Rey meu senhor ordenou queensy<strong>na</strong>se. E pelo trelado deste alvara que voso stprivão em ca<strong>da</strong> hum anno asentara,em seu livro e seu conhecimento com certidão do vigairo <strong>da</strong> dita vila de como ensi<strong>na</strong>de gramatica e guar<strong>da</strong> o regimento del Rey meu senhor vos serão levados em conta.Jorge Rodriguez o fez em Almeirim a xxiij digo xxiij de Março de 1528.Pedindo-me por merce digo pedindo-me que ouvese por bem de lhe confirmar odito alvara o qual hey por bem de confirmar como nele he contheudo e vos mando queemquanto ouver por bem pageis ao dito mestre que ensi<strong>na</strong>r de gramatica <strong>na</strong> dita vilaos ditos b — reais em ca<strong>da</strong> hum anno e pelo trelado deste que o stprivão de voso cargotrela<strong>da</strong>ra em seu livro e certidão do vigairo <strong>da</strong> dita vila como emsi<strong>na</strong> de gramatica e122 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .guar<strong>da</strong> o regimento contheudo no dito alvara e seu conhecimento vos serão levadosem conta e este hey por bem que <strong>na</strong>m pase pela chancelaria. Joam Videira o fez emLixboa // [Fl. 41vº] a xiij d Agosto de j — b c R. Vasco <strong>da</strong> Mota sostprevy.Pedindo me por merçe que alem <strong>da</strong> reção que tem o mestre que emsi<strong>na</strong> de gramatica<strong>na</strong> dita vila ouvese por bem de lhe man<strong>da</strong>r <strong>da</strong>r em ca<strong>da</strong> hum anno os cincomil reais asy e <strong>da</strong> maneira que se contem no trelado do alvara do dito Iffante de queacima vay o trelado. E eu visto seu Requerimento hey por bem e me praz em nome deDom Duarte meu filho eleito arcebispo e senhor de Bragua comen<strong>da</strong>tario perpetumdo Moesteiro de Santa Cruz de Coimbra ctª que o mestre que ensi<strong>na</strong>r de gramatica <strong>na</strong>dita vila aja alem <strong>da</strong> dita reção no trelado do dito alvara acima decrara<strong>da</strong> b — reais emca<strong>da</strong> hum ano pelas ren<strong>da</strong>s que o Priorado de Santa Cruz de Coimbra tem <strong>na</strong> vila de<strong>Leiria</strong> emquanto o eu ouver por bem.Notefico-o asy aos ofiçiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito Dom Duarte meu filho que lhosasentem nos livros dela e ao recebedor que ora he e ao diante for <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que odito Priorado tem <strong>na</strong> dita vila que per esta soo carta geral lhes pague aos quarteis doprimeiro dia de Janeiro deste anno presente de j — b c Rij em diante. E pelo trelado delapelo stprivão de seu cargo no livro de sua despesa e seu conhecimento e certidão dovigairo <strong>da</strong> dita vila, como ensi<strong>na</strong> de gramatica e guar<strong>da</strong> o regimento contheudo no ditoalvara, serão levados em ca<strong>da</strong> hum anno em conta ao dito recebedor emquanto o euouver por bem como dito he. E pera firmeza diso lhe // [Fl. 42] mandey <strong>da</strong>r esta cartaper mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pela chancelaria do dito Dom Duarte meu filho. E o alvarado dito Ifante de que acima nesta carta vay o trelado foy roto ao asi<strong>na</strong>r dela. AntonioRamos a fez em Lixboa, aos çinco dias do mes d’Outubro do anno do <strong>na</strong>cimento deNoso Senhor Jehsu Christo de mil e b c Rij anos. Gaspar de Figueiroa a fiz stprever.Nam faça duvi<strong>da</strong> as antrelinha que diz huma, a quantos esta minha carta virem, eoutra, mais.Doc. 91542 AGOSTO, 11, Lisboa - D. João III confirma a Sebastião Luís, cónego dosantigos do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a tença de dez mil reais, impostos noPriorado de <strong>Leiria</strong>, enquanto não fosse provido de alguma igreja ou vigararia.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Maços de Livros nº 7, livro 5, fls. 39-40.ReflexõesDom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lemmar em Africa, senhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista, <strong>na</strong>vegação e comercio d’Ethiopia,Arabia, Persia e <strong>da</strong> India.A quantos esta minha carta virem faço saber que por parte de Bastiam Luis, conegodos antigos do Moesteiro de Santa Cruz de Coimbra, me foy apresentado humalvara do Iffante Dom Duarte meu irmão que santa gloria aja, do qual o trelado he oque se segue:O Ifante Dom Duarte faço saber a vos Alvaro Botelho, cavaleiro fi<strong>da</strong>lgo <strong>da</strong> casa| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 123


. história .del rey, meu senhor, que roa tendes cargo almoxarife <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s do Prioradode Santa Cruz <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong>, e aos que ao diante forem, que eu ey por beme me praz que Bastiam Luis, conego dos antigos do dito Moesteiro tenha // [Fl. 39v]e aja pera sue mantimento dez mil reais em ca<strong>da</strong> hum anno de Sam Joham que pasoude b c xxxix em diante asy e pela maneira que os atee quy ouve per provisão del Reymeu senhor, os quães lhe seram pagoas aos quarteis do anno e pelo trelado deste queo stprivão de voso cargo trela<strong>da</strong>ra em seu livro. E per este e seu conhecimento vosseram levados em conta os dinheiros que lhe asy pagardes. E sito enquanto o <strong>na</strong>mprover de alguma igreja ou vigararia. E este hey por bem que valha como carta e que<strong>na</strong>m pase pela chancelaria. Joam <strong>da</strong> Videira o fez, em Lixboa, a xix de Maio de b c R.Vasco <strong>da</strong>a Mota o sostprevy.Pedindo me por merce que por ora ser o Priorado de Santa Cruz de Coimbra deDom Duarte meu filho lhe man<strong>da</strong>se <strong>da</strong>r os ditos dez mil reais asy e <strong>da</strong> maneira que osatee quy ouve pelo alvara do dito Iffante meu irmão de que asima vay o trelado. E euvisto seu requerimento e querendo lhe fazer graça e merce hey por bem e me praz emnome de Dom Duarte meu filho que emquanto o dito Bastiam Luis <strong>na</strong>m for providod’igreja ou vigararia e estever <strong>na</strong> obediencia do dito Dom Duarte meu filho, tenha eaja de dia de Sam Joam deste anno em ca<strong>da</strong> hum anno per esta soo carta geral // [Fl.40] que he outro tanto como tinha pelo alvara do Ifante meu irmão de que acima vayo trelado que foy roto ao asi<strong>na</strong>r desta carta. Notefico-o asy e mando aos oficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>do dito Dom Duarte, meu filho, que lhos asentem nos livros dela e ao recebedorque ora he e ao diante for <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que o dito Priorado de Santa Cruz de Coimbratem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> que do dito dia de Sam Joam que ora pasou deste anno presentede j- bc Rij em diante lhe paguem em ca<strong>da</strong> huum anno aos quarteis os ditos x- reaispor esta soo carta geral e pelo trelado dela pelo stprivão de seu cargo no livro de suadespesa e conhecimento do dito Bastiam Luis lhe sera 7 levado em conta o que lhe asypagar <strong>na</strong> maneira acima decrara<strong>da</strong> enquanto <strong>na</strong>m for provido d’igreja ou vigararia eestever <strong>na</strong> obediencia do dito Dom Duarte meu filho como dito he.E pera firmeza diso lhe mandey <strong>da</strong>r esta carta per mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pela chancelariado dito Dom Duarte meu filho. Amtonio Ramos a fez em Lixboa, a xj dias domes d’Agosto do anno do <strong>na</strong>cimento de Noso Senhor Jhesu Christo de j - b c Rij anos.Gaspar de Figueiroa que a fiz stprever.Nam faça duvi<strong>da</strong> antrelinha que diz, de meu.Doc. 101542 AGOSTO, 11, Lisboa - D. João III determi<strong>na</strong> que Fr. Luís de Morais, fradeleigo de Santa Cruz de Coimbra e tesoureiro <strong>da</strong> igreja de Santiago de <strong>Leiria</strong>, aufira de8100 reais em ca<strong>da</strong> ano. a título de seu mantimento.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maço de Livros nº 7, Livro 5, fls. 45v-46.7 Emen<strong>da</strong>do de: “serão”.124 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Dom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lemmar em Africa Sennhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista // [Fl. 46] <strong>na</strong>vegação e comerciod’Ethiopia, Arabia, Persia e <strong>da</strong> India etc.A quantos esta minha carta virem faço saber que eu hey por bem e me praz emnome de Dom Duarte meu filho que emquanto Frey Luis de Morães, frade leigo, estever<strong>na</strong> obediencia do vigairo <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>, tenha e aja des Sam Joamdeste anno presente de j - b c Rij em diante pera seu mantimento em ca<strong>da</strong> hum anno oitomil e cem reais que he outro tanto como tinha per provisão do Ifante Dom Duarte meuirmão que santa gloria aja, que foy rota ao asi<strong>na</strong>r desta carta. E bem asy as ofertas <strong>da</strong>igreja de Santiago <strong>na</strong> dita vila honde ele he tesoureiro asy e <strong>da</strong> maneira que pertencemao dito Dom Duarte meu filho e como as o dito Frey Luis atee quy ouve per provisãodo dito Ifante que foy rota ao asi<strong>na</strong>r desta como dito he. Notefico-o asy e mando aosoficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito Dom Duarte meu filho que o asentes asy nos livros dela.E ao recebedor que ora he e ao diante for <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que o Priorado de Santa Cruz deCoimbra tem <strong>na</strong> dita vila que des dia de Sam Joam que ora pasou deste anno presentede j - b c Rij em diante lhe pague em ca<strong>da</strong> hum anno aso quarteis os ditos biij- e cemreais per esta soo carta gerall e pelo trelado dela pelo stprivão de seu cargo no livro desua despesa e conhecimento do dito Frey Luis lhe seraa leva<strong>da</strong> em conta o que lhe asypagar em ca<strong>da</strong> hum anno <strong>na</strong> maneira acima decrarado. E pera firmeza diso lhe mandey<strong>da</strong>ar esta carta per mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pela chancelaria do dito Dom Duarte meufilho. Antonio Ramos a fez, em Lixboa a xj dias do mes d’Agosto, anno do Nacimentode Noso Senhor Jhesu Christo de j - b c Rij anos. Gaspar de Figueiroa a fiz stprever.Doc. 111542 AGOSTO, 11, Lisboa - D. João III man<strong>da</strong> que se pague a João Álvares deLemos, capelão <strong>da</strong> igreja de Colmeias (<strong>Leiria</strong>) e cónego dos antigos do Mosteiro deSanta Cruz de Coimbra, o mantimento anual de seis mil reais.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, Livro 5, fls. 66-66v.Dom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lemmar em Africa Sennhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista <strong>na</strong>vegação e comercio d’Ethiopia,Arabia, Persia e <strong>da</strong> India etc.A quantos esta minha carta virem faço saber que eu hey por bem e me praz emnome de Dom Duarte meu filho que emquanto Joam Alvarez de Lemos coneguo dosantiguos do Moesteiro de Santa Cruz que ora estaa por capelão <strong>na</strong> igreja <strong>da</strong>s Colmeas<strong>na</strong>m for provido d’igreja ou vigararia e estever <strong>na</strong> obediencia do dito Dom Duarte meufilho tenha e aja de São Joam que ora pasou deste anno presente de mil quinhentos ecorenta e dous em diante, em ca<strong>da</strong> hum anno, seis mil reais que he outro tanto como tinhaper provisão do Ifante Dom Duarte meu irmão que santa gloria aja, que foy rota aoasi<strong>na</strong>r desta carta. Notefico-o asy e mando aos oficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito Dom DuarteReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 125


. história .meu filho que asentem nos livros dela os ditos seis mil reais e ao recebedor que roa hee ao diante for <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que o priorado do dito Moesteiro tem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> quelhos paguem em ca<strong>da</strong> hum anno aos quarteis, per esta soo carta geral enquanto <strong>na</strong>mfor provido d’igreja e ou vigararia e estever <strong>na</strong> obediencia do dito Dom Duarte meufilho como dito he. E pelo trelado desta carta pelo // [Fl. 66v] stprivão de seu cargono livro de sua despesa e conhecimento do dito Joam Alvarez de Lemos lhe seraa emca<strong>da</strong> hum anno levado em conta o que lhe asy pagar <strong>na</strong> maneira acima decrara<strong>da</strong>. Epera firmeza diso lhe mandey <strong>da</strong>r esta carta per mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pela chancelariade Dom Duarte meu filho.Antonio Ramos a fez em Lixboa, a onze d’Agosto do anno do <strong>na</strong>cimento de NosoSenhor Jhesu Christo de j - b c Rij annos. Gaspar de Figueiroa a fiz stprever.Doc. 121542 AGOSTO, 21, Lisboa - D. João III nomeia António Gonçalves, clérigo demissa morador em Pombal, cura <strong>da</strong> igreja de S. Simão [de Litém], termo de <strong>Leiria</strong>,por um ano.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, Livro 5, fl. 24v.Alvara d’apresentação de capelão em Sam Siman.Eu el Rey faço saber a quantos este meu alvara virem que eu hey por bem e mepraz em nome de Dom Duarte meu filho, avendo respeito a boa enformação que tenhod’Antonio Ferr<strong>na</strong>ndez clerigo de misa, morador <strong>na</strong> vila de Pombal, de o apresentarpor cura por hum anno somente <strong>da</strong> igreja de Sam Simão, no termo <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>, aqual igreja he do Priorado de Santa Cruz de Coimbra. Notefico-o asy e encomendo aoreverendo bispo de Coimbra que o confirme pelo dito anno somente, <strong>na</strong> cura <strong>da</strong> ditaigreja. E <strong>na</strong> carta <strong>da</strong> dita cura fara menção como foy o dito Antonio Fer<strong>na</strong>mdez nelaconfirmado a minha apresentação em nome do dito Dom Duarte meu filho.Antonio Ramos a fez, em Lixboa a vinte e hum dias do mes d’Agosto de mil equinhentos e corenta e dous anos. Gaspar de Figueiroa o fez stprever.E tinha este alvara huma postilla que dezia asy:Posto que em cima digua que o cleriguo que apresento por cura <strong>da</strong> igreja de SamSimam se chama Antonio Fer<strong>na</strong>ndez, chama-se Antonio Gonçalvez.E esta postila era outra vez asi<strong>na</strong><strong>da</strong> por el Rey noso senhor.Doc. 131542 OUTUBRO, 25, Lisboa - D. João III confirma a Simão Pires, capelão <strong>da</strong>igreja matriz <strong>da</strong> Batalha, a tença de 17 mil reais em ca<strong>da</strong> ano, conforme lhe tinha sidoconsig<strong>na</strong>do, pelo infante D. Duarte, por alvará de 14 de Agosto de 1539, Lisboa.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, Livro 5, fls. 44-45.126 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Dom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lem marem Africa Sennhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista <strong>na</strong>vegação e comercio d’Ethiopia, Arabia,Persia e <strong>da</strong> India etc. A quantos esta minha carta virem faço saber que por partede Simam Pirez, coneguo dos antiguos que esta por capelão <strong>na</strong> igreja <strong>da</strong> Batalha, mefoy apresentado hum alvara do Ifante Dom Duarte, meu irmão, que santa gloria aja doqual o trelado he o que se segue:O Ifante Dom Duarte etcª. Faço saber a vos almoxarife que ora sois e aos que aodiante forem <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s que o Priorado de Santa Cruz tem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> que euhey por bem e me praz que Simam Pirez, conego dos antiguos, que esta por capelão<strong>da</strong> igreja <strong>da</strong> Batalha, tenha e aja dezasete mil reais em ca<strong>da</strong> hum anno de Sam Joamque pasou de b c trinta e nove em diante. os quaes lhe paguareis aos quarteis do annoe pelo trelado deste que o stprivão de voso cargo trela<strong>da</strong>ra em seu livro //[Fl. 44v] econhecimento do dito Simão Pirez vos seram levados em conta os ditos dezasete milreais e isto emquanto o eu ouver por bem e <strong>na</strong>m man<strong>da</strong>r o contrairo. E esto hey porbem que valha como carta e que <strong>na</strong>m pase pela chancelaria. Joam <strong>da</strong> Videira o fiz, emLixboa a doze d’Agosto de 1540. Vasco <strong>da</strong> Mota o sobstprevy.Pedindo-me por merce que por ora ser o Priorado de Santa Cruz de Coimbra deDom Duarte meu filho lhe man<strong>da</strong>se <strong>da</strong>r os ditos dezasete mil reais asy e <strong>da</strong> maneiraque o atee quy ouve pelo alvara do dito Ifante meu irmão de que acima vay o trelado.E eu visto seu requerimento e querendo-lhe fazer graça e merce hey por bem e meapraz em nome de Dom Duarte meu filho eleito arcebispo e senhor de Bragua queemquanto o dito Simão Pirez <strong>na</strong>m for provido d’igreja ou vigararia e estever <strong>na</strong> obedienciado dito Dom Duarte meu filho e o eu ouver por bem e <strong>na</strong>m man<strong>da</strong>r o contrairotenha e aja de dia de Sam Joam deste anno per esta soo carta geral que he outro tantocomo tinha pelo alvara do dito Infante meu irmão de que acima vay o trelado e o propiofoy roto ao asi<strong>na</strong>r desta carta.Notefico asy e mando aos oficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito om Duarte meu filho quelhos asentem // [Fl. 45] nos livros dela e ao recebedor que ora he e ao diante for <strong>da</strong>sren<strong>da</strong>s que o dito priorado de Santa Cruz de Coimbra tem <strong>na</strong> vila de <strong>Leiria</strong> que do ditodia de Sam Joam que ora pasou deste anno presente de 1542 em diante lhe pague emca<strong>da</strong> hum anno aos quarteis os ditos dezasete mil reais per esta soo carta geral e pelotrelado desta pelo stprivão de seu cargo no livro de sua despesa e conhecimento dodito Simão Perez lhe seraa levado em conta o que lhe asy paguar <strong>na</strong> maneira acimadecrara<strong>da</strong> enquanto não for provido d’igreja ou vigairia [sic] e estever <strong>na</strong> obedienciado dito Dom Duarte meu filho e o eu ouver por bem e <strong>na</strong>m man<strong>da</strong>r o contrairo comodito he. E pera firmeza diso lhe mandey <strong>da</strong>r esta carta per mim asi<strong>na</strong><strong>da</strong> e pasa<strong>da</strong> pelachancelaria do dito Dom Duarte meu filho. Antonio Ramos o fez, em Lixboa aos vintee cinco dias do mes d’Outubro do anno do <strong>na</strong>cimento de Noso Senhor Jhesu Christode mil e quinhentos corenta e dous annos. Gaspar de Figueiroa a fiz stprever.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 127


. história .Doc. 141543 FEVEREIRO, 26, Almeirim - O rei D. João III confirma António Velho,cavaleiro <strong>da</strong> casa do Infante D. Henrique, no ofício de prioste <strong>da</strong>s dízimas e <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>sque Santa Cruz de Coimbra tinha no Priorado de <strong>Leiria</strong>, bem como para o cargo decaseiro <strong>da</strong>s casas do Mosteiro nesta vila, conforme à nomeação que recebera, desseofício, por carta de D. Duarte, irmão do rei, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 24 de Setembro de 1539.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, Livro 5, fls.68v-70v.Dom Joam per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves <strong>da</strong>quem e <strong>da</strong>lemmar em Africa Sennhor de Guinee e <strong>da</strong> conquista // [Fl. 46] <strong>na</strong>vegação e comerciod’Ethiopia, Arabia, Persia e <strong>da</strong> India etc. Em nome de Dom Duarte meu filho eleitoarcebispo e senhor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Bragua primas etc. A quantos esta minha carta viremfaço saber que por parte d’Antonio Velho, cavaleiro <strong>da</strong> casa do Ifante Dom AnRique,meu muito amado e preçado irmão, me foy apresenta<strong>da</strong> huma carta do Ifante DomDuarte, meu irmão, que santa gloria aja, <strong>da</strong> qual o trelado he o seguinte: // [Fl. 69]O Ifante Dom Duarte, duque de Guimarães, perpetum administrador do Moesteirode Santa Cruz etc. Faço saber aos que esta minha carta virem que confiandoeu d’Antonio Velho, cavaleiro <strong>da</strong> casa do ifante Dom AmRique, meu irmão, que meservira bem e fielmente ey por bem e me praz de lhe fazer merce do oficio de priostedos dizimos e ren<strong>da</strong>s que a mim pertencem <strong>na</strong> dita vila de <strong>Leiria</strong> e sua comarca asy epela maneira que o ele deve ser e o atee quy foy per carta do dito senhor Ifante. E istoemquanto for minha merce e com o qual oficio avera outro tanto mantimento comotem o prioste do cabido. O qual Antonio Velho tera huma chave do celeiro do pão quetenho <strong>na</strong> dita vila. Notefico asy aos meus oficiaes <strong>da</strong> dita vila e ao vigairo dela ao qualmando que lhe dem a pose do dito oficio e lho leixem servir e dele usar e aver o mantimentoprões e precalços ao dito oficio orde<strong>na</strong>dos asy e pela maneira que o ele ateequy ouve e milhor se com direito o ele milhor poder aver. E mando ao dito vigairo eaos ditos oficiaes que en todo cumprão e fação cumprir esta minha carta como se nelacontem sem lhe porem duvi<strong>da</strong> nem embarguo algum. O qual mantimento se meterapor ordi<strong>na</strong>rias do anno que vem de bc R em diante aos rendeiros quando se as ren<strong>da</strong>s<strong>da</strong> dita vila aRen<strong>da</strong>rem. E este ano presente de bc xxxix lhe pagara o meu almoxarife.// [Fl. 69v]E bem asy me praz <strong>da</strong>r ao dito Antonio Velho por caseiro e guar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s casas quetenho <strong>na</strong> dita vila pera que tenha delas carguo e as faça repairar e concertar quandocomprir. E mando aos ditos meus oficiaes que sendo requeridos pelo dito AntonioVelho metam em pose <strong>da</strong>s ditas casas, pumar e orta e pertences delas por que as tenhato<strong>da</strong>s de sua mão. E fação despejar quãesquer pesoas que nelas viverem. E somente<strong>da</strong>ram huma casa no dito apousentamento a Maria Boa em que se recolha. A qualavera o mantimento conforme a huma provisão que de mim tem. Joam <strong>da</strong> Videira ofez, em Lixboa a xxiiijº de Setembro, anno de j- bc xxxix. Vasco <strong>da</strong> Mota o sostprevy.128 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .E avera juramento em minha chancelaria.Pedindo-me por merce que por ora ser o Priorado de Santa Cruz de Coimbra dodito Dom Duarte, meu filho, lhe fizese em seu nome merce do dito oficio com o mantimentoa ele orde<strong>na</strong>do asy como o tinha pela carta do dito Ifante Dom Duarte, <strong>da</strong> qualacima nesta vay o trelado.E eu visto seu requerimento e querendo-lhe fazer graça e merce hey por bem eo dou em nome do dito Dom Duarte meu filho por prioste dos dizimos e ren<strong>da</strong>s queo dito om Duarte meu filho pertencem aver <strong>na</strong> dita vila de <strong>Leiria</strong> e sua comarca asye pela maneira que o ele deve ser e o atee quy foy per virtude <strong>da</strong> carta do dito IfanteDom Duarte emquanto for minha merce. // [Fl. 70] Com o qual oficio avera <strong>da</strong> feituradesta carta em diante outro tanto mantimento como tem o prioste do cabido e terahuma chave do celeiro do pão que o dito Dom Duarte meu filho tem <strong>na</strong> dita vila.Notefico-o asy e mando ao vigairo e oficiaes do dito Priorado <strong>na</strong> mesma vila de <strong>Leiria</strong>que lhe dem a pose do dito oficio e lho leixem servir e dele usar e aver o mantimentoao dito oficio orde<strong>na</strong>do. O qual lhe seraa sempre paguo a custa dos rendeiros como seacima contem no trelado <strong>da</strong> carta do dito Ifante que foy rota ao asi<strong>na</strong>r desta.E o dito Antonio Velho jurara <strong>na</strong> chancelaria do dito Dom Duarte, meu filho, quebem e ver<strong>da</strong>deiramente sirva o dito oficio, guar<strong>da</strong>ndo-lhe em todo seu serviço e aspartes seu direito. E mando aos oficiaes <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> do dito Dom Duarte meu filho queo asentem asy nos livros dela. Antonio Ramos a fez, em Almeirim, aos xxbj dias domes de Fevereiro do anno do <strong>na</strong>cimento de Noso Senhor Jhesu Christo de mil e bc Riijannos. Gaspar de Figueiroa a fiz stprever.E o dito Antonio Velho avera de mantimento com o dito oficio tanto digo outrotanto como leva hum beneficiado de todo o pão, legumes e destrebuições em dinheiroe como o ele atee quy ouve e como tem o prioste do dito cabido segundo vy per duascertidões feitas per Francisco Caçapo stprivão <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s do dito Priorado // [Fl. 70v]em <strong>Leiria</strong>, que foram rotas ao asi<strong>na</strong>r desta carta. E o dito mantimento lhe seraa semprepaguo a custa dos rendeiros comos e lhe ora pagua segundo vy pelas ditas certidões eemquanto for minha merce como dito he.Doc. 151543 AGOSTO, 1, Sintra – D. João III perdoa a Antão Boutaca, <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> vila <strong>da</strong>Batalha e estu<strong>da</strong>nte <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra, a prisão a que fora sujeito por, emCoimbra, ter sido apanhado com uma espa<strong>da</strong> dois dedos mais compri<strong>da</strong> do que eraautorizado pela Lei.Torre do Tombo – Chancelaria de D. João III, Livro 13, fl. 273.ReflexõesDom Joham etc. A todollos corregedores ouvidores juízes e justiças officiaes epessoas de meus Reinos e senhorios a que esta minha carta de per<strong>da</strong>m for mostra<strong>da</strong> eo conhecimento dela com direito pertemcer, saude. Faço-vos saber que por parte deAmtão Boutaca me foy apresemtado huum meu allvara por mym asy<strong>na</strong>do e passado| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 129


. história .por minha chancelaria de que o trelado de verbo a verbo he o seguinte:§ Desembargadores do Paço, amiguos. Antão Butaca estu<strong>da</strong>mte em a Universy<strong>da</strong>dede Coimbra que sábado sete dias do sem de Julho querendo-se hyr pera a villa <strong>da</strong>Batalha donde he <strong>na</strong>tural por causa <strong>da</strong>s vocações por não ter espa<strong>da</strong> que levar peraho caminho comprara huma a huum barbeyro já velha e ho dominguo a noyte amtesdo syno se correr que foram oyto do dito mês hyndo-se espedir de hum Damião Luismestre <strong>na</strong> dita Universy<strong>da</strong>de levando a espa<strong>da</strong> <strong>na</strong> mão encontrara com elle huumJoão Gomçallvez que ora serve de alcaide, ho levara preso ao corregedor que era conservadore se achara a dita espa<strong>da</strong> passar dous dedos <strong>da</strong> marca pelo qual fora preso,pedindo-me lhe perdoasse livremente a pen<strong>na</strong> que pelo dito caso emcorria. E visto seurequerimento e por alguns respeyctos que me a isso movem ey por bem e me aprazlhe perdoar lyvrememte a dita pen<strong>na</strong>. E mando que se por outra cousa não for presoseja loguo solto. Notefficovo-llo asy e mando que lhe pases do dito caso per<strong>da</strong>m emforma livrememte. E ho allcaide fiquara resgua[r]<strong>da</strong>do sua justiça se emtemder quea tem comtra o dito Antão Boutaca. Joham de Castilho o fez em Symtra a xxbiijº deJulho de bc Riij.130 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Emvyando-me elle sopricante pedir por merce que lhe perdoasse a culpa que tinhano caso comtheudo no dito allvara, se me a delle em alguma guysa ou maneyra heratheudo e obriguado. E eu vendo o que me elle sopricante asy dizer e pedir emvyouvisto o dito meu allvara. E querendo-lhe fazer graça e merce tenho por bem e me aprazde lhe perdoar livremente ao dito Antão Boutaca sopricamte. E portamto vos mandoque solteys ao dito Antão Boutaca se elle por all não for preso. E <strong>da</strong>quy em dyamte honão prendãis nem mandes prender nem lhe façãees nem consymtãees ser-lhe feito malnem outro algum desaguysado quanto he por rezão do comtheudo em sua pityçam emesta minha carta declarado porque minha merce e vomtade he de lhe asy perdoar pelaguysa que dito he, o que asy cumpry e all não façãees.Da<strong>da</strong> em Symtra ao primeiro dia do mês d’Agosto. Ell Rey ho mandou pelos doutoresLuis Eannes e João Momteiro ambos do seu conselho e seus desembargadoresdo paço e pitiçõees. Lopo de Valla<strong>da</strong>res a fez. Anno do <strong>na</strong>cymento de Nosso SenhorJhesuu Christo de j- bc Riij anos.Doc. 161543 SETEMBRO, 7, [Lisboa] - Confirmação de Sebastião Ferreira, clérigo demissa, por determi<strong>na</strong>ção régia, num benefício <strong>da</strong> igreja de Nossa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> de<strong>Leiria</strong>, vago por morte de António Fer<strong>na</strong>ndes.TT - Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Maços de Livros nº 7, livro 5, fls. 27-28vº.Dioguo Fer<strong>na</strong>ndez Fremoso, capelão del Rey noso senhor e mestre’scola <strong>na</strong> See<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Lixboa etc. A quantos esta minha carta de confirmação virem faço saberque por Sebastião Ferreyra, cleriguo d’ordens de misa, <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> vila de <strong>Leiria</strong>, mefoy apresentado hum alvara de Sua Alteza, cujo teor he o seguinte:Eu el Rey em nome de Dom Duarte meu filho // [Fl. 27v] eleito arcebispo e senhorde Bragua, comen<strong>da</strong>tario do Moesteiro de Santa Cruz de Coimbra, cometo a vos DiogoFer<strong>na</strong>mdez, meu capelão, que confirmeis Sebastiam FeReira, cleriguo d’ordens demisa, <strong>na</strong> reção <strong>da</strong> igreja de Nosa Senhora de <strong>Leiria</strong>, por virtude <strong>da</strong> eleição nestes autosatras contheu<strong>da</strong>. E lhe pasay carta de confirmação em forma em nome do dito DomDuarte, meu filho. Comprio asy posto que este <strong>na</strong>m pase pela chancelaria. AnRique<strong>da</strong> Mota o fez, em Lixboa, a vinte e tres d’Agosto de 1543. E este meu alvara seraatrela<strong>da</strong>do <strong>na</strong> carta de confirmação que lhe pasardes.E bem asy me apresentou o estormento <strong>da</strong> eleição de que no alvara de Sua Altezafaz menção que parecia ser feito e asi<strong>na</strong>do por Diogo Fer<strong>na</strong>mdez clerigo de misae beneficiado em a dita igreja de Nosa Senhora de <strong>Leiria</strong> e notairo apostolico, aosnove dias do mes d’Agosto do anno de 1543. E asy hera si<strong>na</strong>do por Dom Diogo Diãz,conigo do Moesteiro de Santa Cruz e vigairo <strong>na</strong> dita vila de <strong>Leiria</strong>. E por vinte equatro beneficiados segundo por ele parece. Em o qual se continha que o dito vigairoe beneficiados asi<strong>na</strong>dos em cabido por som de campã tangi<strong>da</strong> segundos eu costumeReflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 131


. história .e tomando primeiramente dos //[Fl. 28] Santos Avangelhos conforme ao regimentoque tem del rey Dom Manuel, que santa gloria aja, em nome do Cardeal Ifante, queDeus aja, sendo prior do dito Moesteiro de Santa Cruz confirmado por el Rey nososenhor, emlegeram o dito Sebastiam FeReira por beneficiado no beneficio e reção <strong>da</strong>dita igreja de Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong>, que vagou per morte e falecimentod’Antonio Fer<strong>na</strong>ndez, cleriguo de misa, segundo esto e outras cousas se contem nodito estormento e eleição etc. pedindo-me o dito Sebastiam FeReira que o confirmaseno dito beneficio e reção.E eu visto o dito estormento de eleição e alvara de Sua Alteza, em nome do senhorDom Duarte, seu filho, per que em cometeo que confirme o dito Sebastiam FeReira nodito beneficio e reção per virtude dele, confirmo o dito o dito [sic] Sebastiam FeReirano dito beneficio e reção <strong>da</strong> dita igreja de Nosa Senhora de <strong>Leiria</strong> que vagou per mortee falecimento de Antonio Ferr<strong>na</strong>ndez, ultimo posuidor, por imposisão de baRete queem sua cabeça pus. E hey o dito Sebastiam FeReira por provido do dito beneficio elhe cometo o regimento e gover<strong>na</strong>nça dele no stpritual e temporal sendo no stpritualeleito pelo vigairo. E ele Sebastiam FeReira aceitou a dita confirmação e jurou emminhas mãos, em hum livro dos Santos Avangelhos, que compriria o que se contemno capitolo, Ego nomem de jure jurando, que lhe per mim foy lido. Pelo qual mandoem vertude de obediencia e sob pe<strong>na</strong> de excomunham ao vigairo // [Fl. 28v] <strong>da</strong> ditavila de <strong>Leiria</strong> e aos priostes e beneficiados <strong>da</strong> dita igreja de Nosa Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> <strong>da</strong>dita {vila] de <strong>Leiria</strong> que roa são e ao diante forem que ajam ao dito Sebastião FeReirapor beneficiado e raçoeiro <strong>na</strong> dita igreja de Nosa Senhora do dito beneficio que vagouper morte e falecimento do dito Antonio Ferr<strong>na</strong>ndez. E lhe dem pose dela e asentoem coro e cabido e lugar em procisão e lhe acu<strong>da</strong>m e fação acudir com os fruitos,foros, beneses e ren<strong>da</strong>s que ao dito beneficio pertencem dereitamente como a ver<strong>da</strong>deirobeneficiado, segundo forma dos estatutos e lau<strong>da</strong>ves costumes <strong>da</strong> dita igreja. Emando a qualquer notairo apostolico ou tabaliam <strong>da</strong> dita vila de <strong>Leiria</strong>, sob pe<strong>na</strong> deexcomunham, que sendo com esta requerido meta em posse do dito beneficio de NosaSenhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong> ao dito Sebastiam FeReira pelos autos acostumados. E disolhe pase seu estormento. Gabriel de Moura a fez, a sete dias do mes de Setembro demil e quinhentos e corenta e tres.Doc. 171553 FEVEREIRO, sem dia, Lisboa - Minuta <strong>da</strong> carta régia para o Bispo de <strong>Leiria</strong>acerca dos decretos conciliares de Trento e <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de reforma eclesiástica noReino.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 6, fls. 343-344.Para o Bispo de <strong>Leiria</strong>.Reverendo Bispo, amiguo.Eu el Rey vos envio muito sau<strong>da</strong>r. As cousas conteu<strong>da</strong>s nos decretos deste sagrado132 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Comsilio Tridentino sam tam obrigatorias de sy e tam devi<strong>da</strong>s que <strong>na</strong>m somente pelaobrigaçam que todos os christaãos them de a sguar<strong>da</strong>rem polo asy mam<strong>da</strong>r o sagradoconcilio, mas tambem por serem tam necessarias aa reforma de to<strong>da</strong> a Republicachristãa. E do estado eclesiastico primcipalmente, todos as devem guar<strong>da</strong>r e comprir.E os prelados mays imteiramente, que como <strong>na</strong> obrigaçam precedem os subditosasy no exemplo devem ser os primeiros. E posto que eu asy o comfio guar<strong>da</strong>reys efareys guar<strong>da</strong>r ymteiramente tudo o comteudo e man<strong>da</strong>do nos ditos decretos comosoes obrigado. To<strong>da</strong>via pola gramde obrigaçam que tenho aas cousas dos erviço deNoso Sennhor. E a esta primcipalmente em que comsiste a reformaçam do estadoeclesiastico de meus Regnos e senhorios, obra que eu tamto desejo favorecer e aju<strong>da</strong>r.Pareceo-me que vo-lo devia d’escrever e emcomen<strong>da</strong>r para que alem de therdes a ysotamta obrigaçam sabemdo o comtentamento que receberey de fazerdes o que soeysobrigado, o façaes mays perfectamente. E <strong>na</strong>m somemte guardeys e façaes publicarem to<strong>da</strong> vosa prelazia o sagrado comcilio, mas tambem procureys to<strong>da</strong>s as cousas quevos parecerem que comvem para milhor guar<strong>da</strong>e observancia dele.Eu vos mamdo com esta alguumas lembramças de cousas em que podereys fazermuito serviço a Noso Sennhor e comprir milhor com vosas obrigações agradecer-voseymuito por delas loguo to<strong>da</strong>s em obra. E se tiverdes alguumas lembranças de cousasque poderam aproveitar a outras // [Fl. 343v] prelazias ou d’alguuma cousa que sedeva emem<strong>da</strong>r ou se posa milhor fazer. Muito vos emcomemdo que mo escrevaes e detudo me mamdeys voso parecer porque como esta obra seja de tamto serviço de Deuse eu tenha tamta rezam de a aju<strong>da</strong>r e deseje tamto ver o fructo dela, devo <strong>na</strong>m somenteaju<strong>da</strong>-la e favorece-la muito, mas tambem saber muito em certo o que ca<strong>da</strong> huum dosprelados faz e trabalha nela para asy lho agradecer ou estranhar, segundo vyr que ca<strong>da</strong>huum o faz no proseguimemto e effecto dela.Scripta em Lisboa a de Fevereiro. Pamtaliam Rebello a fez de 1553.Doc. 181556 JULHO, sem dia, Lisboa - D. João III nomeia Álvaro Botelho recebedor <strong>da</strong>sren<strong>da</strong>s do Bispado de <strong>Leiria</strong>, enquanto a Sé deste estivesse vacante.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 9, fl. 140.ReflexõesAlvaro Botelho. Eu el Rey vos emvio muito sau<strong>da</strong>r. Eu screvo ao cabido de<strong>Leiria</strong> pola comfiança que de vos tenho que vos emcarregue de recebedor <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>sdesse Bispado emquanto estaa a See vacamte. Pelo que vos emcomemdo muito queacepteys o ditto careguo e o sirvaes como de vos comfio porque me averey niso porservido de vos.Escripta em Lixboa a de Julho. Pamtaliam Rebelo a fez, de 1556.(Assi<strong>na</strong>do) Rey +.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 133


. história .Doc. 191556 JULHO, sem dia, Lisboa - D. João III informa o Cabido e Digni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Séde <strong>Leiria</strong>, sede vacante por morte de D Sancho de Noronha, que nomeia o Dr. Manuelde Alma<strong>da</strong>, do seu desembargo, para administrador do mesmo até que tivesse novoprelado.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 9, fl. 154.Dayam, digni<strong>da</strong>des, coniguos e cabido <strong>da</strong> See <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong>. Eu el rey vosemvio muito sau<strong>da</strong>r.Por falescimento de Dom Sancho de Noronha que tinha apresentado a Sua Sancti<strong>da</strong>dea ese Bispado a renunciaçam que dele fez o bispo Dom Bras de Barros acepta<strong>da</strong>por Sua Sancti<strong>da</strong>de, o dito Bispado ficou vaguo. E posto que eu detremine de brevementeapresemtar a ele a pesoa que convenha para bem <strong>da</strong>s almas do dicto Bispado.To<strong>da</strong>via por aver muitos dias que <strong>na</strong>m foy vesitado pola absemcia e emfermi<strong>da</strong>de dodito bispo e aver necesi<strong>da</strong>de de remedio presemte vos agradecerey muito emcarregardes<strong>da</strong> gover<strong>na</strong>nça do ditto Bispado a See vacante ao Doctor Manuel d’Alma<strong>da</strong> domeu desembarguo para que no speritual e temporal o proveja e administre emquanto<strong>na</strong>m for provido de pastor propio. E lhe paseys para iso vossa comisam. pelo que vosencomendo muito que a façaes em forma ampla e imteira de todo poder e jurdiçamque os cabidos them a see vacante. E que em tudo o que comprir aa boõa gover<strong>na</strong>nçae administraçam do dito Bispado deys ao dito Doctor todo favor e aju<strong>da</strong>, o que recebereyde vos em muito prazer. E asy em emcaregardes a Alvaro Botelho do oficio ecareguo de recebedor <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s dese Bispado por ser pesoa que bem e fielmente farao que compre a serviço de Nosso Sennhor e bem do ditto Bispado.Escripta em Lixboa, a de Julho. Pamtaliam Rebello a fez, de 1556.(Assi<strong>na</strong>do) Rey +.Doc. 201556 JULHO, 13, Lisboa - Notícia do man<strong>da</strong>do de D. João III para que fosse informadoo antigo bispo de <strong>Leiria</strong>, D. Fr. Brás de Barros, <strong>da</strong> aceitação <strong>da</strong> sua renúnciaao Bispado e <strong>da</strong> morte de D. Sancho de Noronha, proposto para o mesmo, ficandocomo administrador dele o Dr. Manuel de Alma<strong>da</strong>.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 9, fl. 243.Mam<strong>da</strong> el Rey nosso senhor que se faça carta para Dom Bras de Barros antiguobispo de <strong>Leiria</strong>, em que Sua Alteza lhe notifica como per sua renunciação foy aceyta<strong>da</strong>,per Sua Sancti<strong>da</strong>de, em consistorio, e o Bispado de <strong>Leiria</strong> ficou vaguo por falecerDom Sancho de Noronha que Sua Alteza tinha presemtado para o dito Bispado. E quepor ora assim estar vaguo, pera que a See vaguante fosse milhor regido e guover<strong>na</strong>do,posto que determi<strong>na</strong> de apresemtar ao dicto Bispado, brevemente mão<strong>da</strong>va encomen-134 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .<strong>da</strong>r ao cabido que fizesse comisão ao Doctor Manoel d’Alma<strong>da</strong> dos eu desenbarguopera que enquanto ao dicto Bispado não era provi<strong>da</strong> a pessoa que Sua Alteza queriapresemtar tivese carguo <strong>da</strong> administração do dito Bispado a Séé vagante no spiritual etenporal, o que lhe dira mays larguamente o Padre Frey Baltesar Curado, a quem lheaguardecera <strong>da</strong>r credito no que acerca desta materia lhe diser <strong>da</strong> parte de Sua Alteza,em Lixboa a 13 de Julho de 1556 annos.(Assi<strong>na</strong>do) Antonio Pinheiro.Doc. 211556 SETEMBRO, 21, Lisboa - Registo <strong>da</strong>s missivas que D. João III mandouenviar ao Cabido <strong>da</strong> Sé de <strong>Leiria</strong>, a Luís de Araújo, chantre, e a Luís Machado, tesoureiro,do mesmo Cabido, em ordem a que uma parte <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesa capitularfosse aplica<strong>da</strong> à mesa episcopal.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 9, fls. 71-72.Man<strong>da</strong> el Rey nosso senhor que se faça carta pera o cabido <strong>da</strong> See <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de<strong>Leiria</strong>, en que lhe rogua que queira <strong>da</strong>r consentimento pera que as ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vigairariae colheitas, que pollas palavras <strong>da</strong> bulla <strong>da</strong> creiação do Bispado parece que devião deficar com o cabido e aplicar-se a mesa capitular fiquem com o bispo e sejão <strong>da</strong> mesacapitular episcopal as que agora o são e com a fabrica as que pera ella são orde<strong>na</strong><strong>da</strong>se aparta<strong>da</strong>s, como o Sua Alteza de novo man<strong>da</strong> suplicar e decrara, porquanto SuaAlteza ha assi por serviço de nosso senhor e mayor quietação do dito cabido pera quecessem as diferenças que com o prelado podião ter e porque assi per essa separação<strong>da</strong>s ditas ren<strong>da</strong>s como por não poderem aver effecto, algumas outras ren<strong>da</strong>s do cabido<strong>da</strong> See de Coymbra e do Moesteiro de Santa Cruz que ain<strong>da</strong> ao presente tem dentronos limites do dito Bispado de <strong>Leiria</strong>, quanto pello papa forão aplica<strong>da</strong>s a mesa // [Fl.71v] capitular do dicto cabido de <strong>Leiria</strong>, a massa <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s de que se o dicto cabidodeve sostentar fica em notavel diminuição pollo que as pessoas capitulares se nãopodem tam decentemente sostentar como convem a Sua Alteza tera lembrança de lhesfazer merce e acrecentar-lhes as ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesa <strong>da</strong> capitular pello milhor modo quese oferecer. E que lhes agradecera man<strong>da</strong>rem-lhe logo o consenso em forma pera opoder levar este correo.Em Lixboa, a 21 de Septembro de 1556.(Assi<strong>na</strong>do) Antonio Pinheiro.ReflexõesHão-se de fazer duas cartas particulares huma pera o chantre Luys d’Araujo enque lhe Sua Alteza <strong>da</strong> conta do que se escreve ao cabido. E que lhe encarrega muito aconcrusão a reposta breve. E que poys tudo esta nelle e o cabido lhe tem o respeito quelhe sejão por sua pessoa e letras e lhe agradecera concruir se o negocio logo e com abrevi<strong>da</strong>de que convem. Outra pera o thezoureiro // [Fl. 72] Luys Machado, en que lheencomen<strong>da</strong> o negocio e a concrusão delle.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 135


. história .Em Lixboa a 21 de Septembro de 1556.(Assi<strong>na</strong>do) Antonio Pinheiro.E assi agradeça ao chantre Luys d’Araujo o cuy<strong>da</strong>do que tomou d’emprovisar evigiar e prove-llo sem salario algum. E o que fez com os curas e que ouve disto contentamento.E lhe encomen<strong>da</strong> que o faça assi ate aver prelado confirmado.Em Lisboa, 21 de Septembro.(Assi<strong>na</strong>do) Antonio Pinheiro.Doc. 221556 JULHO, Lisboa - D. João III recomen<strong>da</strong> ao Cabido <strong>da</strong> Sé <strong>Leiria</strong> que promovesseo culto <strong>da</strong> Rainha Santa Isabel, uma vez que se alcançara licença pontifícia parase poderem erguer capelas altas com imagem de vulto <strong>da</strong> dita Rainha em todo o Reino.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 9, fl. 349.Dayam, digni<strong>da</strong>des, coniguos e cabido <strong>da</strong> See de <strong>Leiria</strong>. Eu el Rey vos emviomuito sau<strong>da</strong>r.Eu ouve do Sancto Padre huuma bulla pera se poder rezar em todos meus Regnos<strong>da</strong> Rainha Sancta Isabel que estaa sepulta<strong>da</strong> em o Mosteiro de Sancta Clara deCoimbra e asy dela poder aver em to<strong>da</strong>s as igrejas e mosteiros destes Regnos capelaalta e imagem <strong>da</strong> dita Rainha como vereys pelo treslado <strong>da</strong> bulla que com esta vosemvio. pelo que vos encomendo muito que a façaes notefiquar e guar<strong>da</strong>r em todo eseBispado. E porque nesta ci<strong>da</strong>de se fez jaa o oficio <strong>da</strong> ditta Rainha Sancta por ordemdo Arcebispo dela, a qual me pareceo booa, mandey ao Doctor Amtonio Pinheiro quevo-la screvese para saberdes a maneira que se nisso teve e vos comformardes com ela,o que vos muito agradecerey.Scripta em Lixboa, a de Julho. Pamtaliam Rebelo a fez, de 1556.Doc. 231558 AGOSTO, 30, Lisboa - Notícia <strong>da</strong> carta man<strong>da</strong><strong>da</strong> escrever por D. João III aD. Fr. Brás de Barros, bispo que foi de <strong>Leiria</strong>, acerca <strong>da</strong>s inquietações que o cabido<strong>da</strong> Sé <strong>da</strong>quela ci<strong>da</strong>de movia contra ele, informando-o de que man<strong>da</strong>ra cessar taisprocedimentos.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 10, fl. 397.+Man<strong>da</strong> el Rey nosso senhor que se faça carta pera Dom Bras de Barros, bispode <strong>Leiria</strong>, em que lhe Sua Alteza escreva que vio sua carta sobre a inquietação que ocabido de <strong>Leiria</strong> lhe <strong>da</strong>va, <strong>na</strong> renovação <strong>da</strong>s deman<strong>da</strong>s e duvi<strong>da</strong>s que lhe moveram. Eporque em tudo deseja sua quietação e folgua de elle estar consolado o mandou estranharao dito cabido. O qual se lhe mandou desculpar por <strong>na</strong>m capitular e lhe escrever136 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .que em tudo se conformaria com o que lhe Sua Alteza encomen<strong>da</strong>ce e que não fallariamays em as ditas duvi<strong>da</strong>s, o que lhe Sua Alteza por outra sua carta agardeceo e assi lhotornou a encomen<strong>da</strong>r e tem por certo que se lhe não <strong>da</strong>ra mays sobre as ditas duvi<strong>da</strong>sdesconsolação nem inquietação alguma. E que lho quis a elle escrever pera que vissea vontade com que Sua Alteza a iso acudio e pera que estivesse no dito caso quieto eseguro. E se podesse milhor encomen<strong>da</strong>r a Deus e olhar por sua saude.Em Lixboa, a 30 d’Agosto de 1558.(Assi<strong>na</strong>do) Antonio Pinheiro.Doc. 241559 MAIO, sem dia, Lisboa - Minuta <strong>da</strong> carta envia<strong>da</strong>, por el-rei, ao Bispo de<strong>Leiria</strong>, a propósito do casamento contraído por D. Antónia <strong>da</strong> Silveira com um JoãoVaz, tendo ela parentesco com Pêro Carvalho, do conselho régio, e com o Dr. RuiGago.TT - Coleção de S. Vicente, Livro 10, fl. 347.Para o Bispo de <strong>Leiria</strong>.Reverendo Bispo, amiguo. Eu el Rei vos emvio muito sau<strong>da</strong>r. Eu vos screvi comothereis visto que man<strong>da</strong>seis chamar Don<strong>na</strong> Antonia <strong>da</strong> Silveira, filha de Dioguo Botelhoe lhe fizeseis pregunta se era casa<strong>da</strong> com Joam Vaz. E dizendo que sy lha entregaseisloguo. E porque a ese tempo me <strong>na</strong>m diseram o parentesco que a ditta Don<strong>na</strong>Amtonia tinha com Pero Carvalho do meu consselho e com o Doctor Ruy Gaguo e sam imformado queo dicto Dioguo Botelho pretende requerer e aleguar de sua justiça, vos agradecereymuito <strong>na</strong>m comsentirdes que se lhe faça alguum agravo, antes lhe façaes justiça imteiramentecomforme ao que o direito man<strong>da</strong>.Scripta em Lixboa, a de Mayo de 1559 8 .Doc. 251585 AGOSTO, 26, Monção – Registo <strong>da</strong> missiva real, envia<strong>da</strong> ao Bispo de <strong>Leiria</strong>,D. Pedro de Castilho, <strong>da</strong>ndo-lhe indicações de como proceder no caso do cárceredo Bispo <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> e em matéria de integração <strong>da</strong>s vilas de Ourém e de Porto de Mósno Bispado de <strong>Leiria</strong>.Torre do Tombo – Casa Forte, Ms. 71, fls. 5-5v.Reflexões8 No fólio 348, do mesmo códice, lemos o seguinte excerto de uma carta endereça<strong>da</strong> a uma “madreprioresa”, eventualmente a prela<strong>da</strong> do Mosteiro de Santa A<strong>na</strong> de <strong>Leiria</strong>, nos seguintes termos:“(...) Madre prioresa etc. Eu soube como recolhereis nese mosteiro Do<strong>na</strong> Antonia <strong>da</strong> Sylveira,filha de Diogo Botelho, do que recebi contentamento asy por a cali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sua pessoa, comopor ser o caso pera iso. E porque eu o terei grande em a terdes nese mosteiro ate se o dito casodetremi<strong>na</strong>r, vos emcomendo muito que o façaes asy e muito vo-lo agradecerei.”| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 137


. história .Bispo de Leirea.Reverendo Bispo amiguo. Eu El Rey vos envio muito sau<strong>da</strong>r- Recebi a carta queme escrevestes sobre o carcere do Bispo <strong>da</strong> Guoar<strong>da</strong> E confiscação dos bes de seusbens <strong>da</strong> igreja. E tudo o que me nella dezeis me pareceo muito bem E aplicação dosreditos do bispado. E parece-me que o luguar do cacere deve ser o Convento de Calatravano Reyno de Toledo. E que os ditos bens sendo /// [Fl. 5v] pouca quanti<strong>da</strong>dese apliquem as obras <strong>da</strong> Sé. E sendo muita se repartão também porpera a redenção dos cativos. Tudo por as rezões que apontais que me parecerom muitoboas.Ao que toca a anexação <strong>da</strong>s villas de Ourem e Porto de Mos ao Bispado de Leireavos tenho respondido. Ho Cardeal Archiduque meu sobrinho e irmão vos terá já dito oque nisso ouve por bem, em que allem <strong>da</strong>s outras rezões que me a isso moverom tivetambém respeito a vos mo pedirdes.Escrita em Monção, a 26 d’Aguosto 85.138 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .ReflexõesDoc. 25, fl. 5.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 139


. história .Doc. 25, fl. 5v.140 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Novos e antigos elementospara a história do castelo de <strong>Leiria</strong>Saul António GomesO castelo de <strong>Leiria</strong>, levantado a partir de 1135, sintetiza a história quasenove vezes centenária de <strong>Leiria</strong>. Erguido num rochedo alto e formoso,começou por ser uma fortaleza de apropriação de um espaço de fronteiraentre cristãos e muçulmanos. Consolidou o domínio dos portucalenses sobrea costa atlântica a sul do Mondego e de Montemor-o-Velho e tornou-se numaplataforma estratégica para empreendimentos mais au<strong>da</strong>ciosos como a conquistade Santarém.Castelo de <strong>Leiria</strong> - cerca de 1890. (E. L. Pontalis)Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 141


. história .A vila medieval aninhou-se à sua sombra, primeiro protegi<strong>da</strong> pela grandemuralha, levanta<strong>da</strong> antes de 1156, que rodeava a plataforma mais baixado morro, a que se acedia pelas Portas do Sol (Sul) e do Norte (Coimbrãou Castelinhos), depois, sobretudo a partir do último terço do século XII,estendendo-se rapi<strong>da</strong>mente pelos rossios ribeirinhos ao Lis. Em 1211, <strong>Leiria</strong>contava cinco paróquias urba<strong>na</strong>s, a saber, Santa Maria <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, S. Pedro, S.Tiago, Santo Estêvão e S. Martinho.O castelo era o espaço real por excelência. Em torno <strong>da</strong> torre de me<strong>na</strong>gem,protegi<strong>da</strong> por vários círculos de muralhas, concentrava-se a guarniçãomilitar. Quase encosta<strong>da</strong> a ela, levantou-se a igreja, quase ermi<strong>da</strong>, de NossaSenhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong>, paredes-meias com a torre que se chamará <strong>da</strong> “Buçaqueira”.No lado oposto, a poente, abria-se a Porta <strong>da</strong> Traição. A fortaleza foiamplia<strong>da</strong> com novos recintos amuralhados dentro dos quais se concentravamgrandes celeiros, infraestruturas de guar<strong>da</strong> de animais e outros cómodos paraacolhimento de gentes em caso de ataques ou razias dos inimigos.Entre os anos de 1135 e 1195, <strong>Leiria</strong> sofreu várias razias inimigas, algumasdelas, aliás, extremamente destrutivas. Isso sucedeu, por exemplo, em1144, num poderoso ataque que, arrasando <strong>Leiria</strong>, atingiria os campos deSoure. Muitos dos cavaleiros leirienses foram mortos ou feitos prisioneiros.A retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> vila por D. Afonso Henriques, seguramente com o apoio decavaleiros templários, deu origem a algumas len<strong>da</strong>s em que se perpetuou oeco desses terríveis acontecimentos.Uma dessas len<strong>da</strong>s explica a associação dos corvos, elementos benfazejosem ambientes moçárabes e mediterrânicos, à história <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e a sua inclusão,mais tarde, no brasão municipal. Em 1195, D. Sancho, ao outorgar novoforal aos leirienses, recor<strong>da</strong> que acabara de “restituir <strong>Leiria</strong> ao culto divino”.Sabe-se que to<strong>da</strong> a região, por volta de 1190-1195, foi nova e fortementeacossa<strong>da</strong> por combatentes muçulmanos.O Mosteiro de Alcobaça, por exemplo, foi duramente atingido e algunsdos seus monges mortos. Essa terá sido, aliás, uma <strong>da</strong>s razões por que os cisterciensesfizeram levantar, pouco depois, um castelo no monte sobranceiro àabadia. Com ele fechava-se a rede de fortalezas levanta<strong>da</strong>s para consoli<strong>da</strong>çãodo domínio português desta região. Integravam essa rede os castelos, paraalém do de <strong>Leiria</strong>, os castros de Pombal, Ourém e Porto de Mós. Um conjuntode torres/celeiros pontilhava e complementava a estrutura defensiva deste espaço.Mais a sul, destacavam-se os grandes castelos de Torres Novas, Tomar,Alfeizerão e Óbidos.142 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .O castelo de <strong>Leiria</strong> manteria uma vocação predomi<strong>na</strong>ntemente militar atémeados do século XIV. Foi <strong>na</strong>s suas imediações, e envolvendo também a suaposse, que, entre 1245 e 1248, se travaram duros combates entre o exércitode D. Sancho II e o de seu irmão, o Conde de Bolonha, depois rei D. AfonsoIII. Mais tarde, entre 1319 e 1322, o castelo voltou a ser uma peça decisiva<strong>na</strong> guerra que opôs D. Dinis a seu filho e sucessor, o Infante D. Afonso. OInfante granjeara muitas fideli<strong>da</strong>des e simpatias entre os leirienses, que oapoiaram, obrigando D. Dinis a retomar a fortaleza pela força <strong>da</strong>s armas.Muitos desses leirienses, perseguidos pelo rei, refugiaram-se <strong>na</strong> abadia deAlcobaça, onde esperavam conseguir salvar as suas vi<strong>da</strong>s, posto que sem sucesso.Os sol<strong>da</strong>dos de D. Dinis arrancaram-nos à força <strong>da</strong> igreja dos mongese executaram-nos.<strong>Leiria</strong>, entretanto, tor<strong>na</strong>ra-se uma vila gótica aprazível. Situa<strong>da</strong> numa regiãoabun<strong>da</strong>nte para a caça e outras activi<strong>da</strong>des de lazer (D. Dinis, por exemplo,tinha paços à beira-mar <strong>na</strong> povoação de Paredes), central <strong>na</strong>s ligaçõesatlântico-litorais entre o Norte e o Sul de Portugal, reconheci<strong>da</strong> e apeteci<strong>da</strong>pela fertili<strong>da</strong>de dos seus campos, abundância de pescas e riqueza <strong>da</strong>s suasflorestas, <strong>Leiria</strong> viu reforça<strong>da</strong> a sua capaci<strong>da</strong>de de atracção, como terra deestar, junto <strong>da</strong> família real. D. Pedro I tinha, <strong>na</strong> vila, uma <strong>da</strong>s suas concubi<strong>na</strong>spreferi<strong>da</strong>s: D. Beatriz Dias. D. Fer<strong>na</strong>ndo I, seu sucessor, reuniu cortes aquipor duas vezes (1372 e 1376) e a sua mulher, rainha D. Leonor, guar<strong>da</strong>va nospaços reais, junto à igreja de S. Pedro, uma boa parte <strong>da</strong>s suas jóias e baixela.O castelo era ca<strong>da</strong> vez menos uma fortaleza reserva<strong>da</strong> ao exercício <strong>da</strong>guerra para se tor<strong>na</strong>r num espaço palatino. A grande Batalha Real de Aljubarrotanão se travou já em torno do castelo de <strong>Leiria</strong>, mas bem mais a sul,no pla<strong>na</strong>lto de S. Jorge. A nova di<strong>na</strong>stia de Avis levantou em <strong>Leiria</strong> um dosseus mais formosos palácios reais: os paços novos ou <strong>da</strong> alcáçova. O castelosofreu, então, uma profun<strong>da</strong> remodelação. Sobre a muralha volta<strong>da</strong> à ci<strong>da</strong>delevantou-se o novo palácio, dotado de uma galeria de estar caracteriza<strong>da</strong> tantopela sua graciosi<strong>da</strong>de arquitectónica quanto pelo aparato real. Além disso,a velha igreja de Santa Maria foi transforma<strong>da</strong> em capela palati<strong>na</strong>. Reforma<strong>da</strong>no rei<strong>na</strong>do de D. João I, viria a ser amplia<strong>da</strong> pouco depois, encontrando-seem obras, ain<strong>da</strong>, em 1458.O Rei <strong>da</strong> Boa-Memória, ele próprio grande amante de montarias e jogosde cortesia e lazer, tinha nestes paços de <strong>Leiria</strong> um exemplo perfeito do tipode palácio que entendia necessário a uma boa gover<strong>na</strong>ção: aquela que, prestigiandoo rei no exercício <strong>da</strong> sua missão, engrandecesse sobretudo o Reino.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 143


. história .Eis algumas considerações deste mo<strong>na</strong>rca sobre este mesmo problema:“Depois deste alevantarom joguo de solaz e de prazer, e este foi o de<strong>da</strong>nçar e o de tanger, e este joguo he muy pertencente pera os reys, camuyto está bem aos reys serem ledos, que quando os homeens veem seusenhor ledo, muyto folgam por ello, e os de fora que estrangeiros som,sempre o am a bem, e milhor se agasalham com elle. (…) E outrosi quandoos reys fazem suas festas nom podem tam bem mostrar o prazer queam, como por este joguo que a todos parece bem, quando bem feito he, eque os gestos e cousas que am de fazer os cavaleiros e os escudeiros, queo de fazer am, demostrem a ledice de seu senhor, ca muyto está mal aoscavaleiros e escudeiros, quando as cousas que seu senhor faz com ledice,e por honrrar sua casa, vierem a ellas tristemente. Porem devem os cavaleirose escudeiros, quando a estes joguos vierem (…) que alguas vezesfazem os reys em suas casas pollas honrrar, que venham a ellas ledos, ecom bõas vontades. E isto por duas cousas: a primeira por se mostraremque som homeens, que sabem o que am de fazer, ca muyto está bem aosque am de an<strong>da</strong>r em paaço, saberem bem, o que ham de fazer pera honrrarseu senhor (…) segundo as maneiras que aos boons convem teer (…). E asegun<strong>da</strong> que se os cavaleiros e escudeiros servem por receber bem, muysem siso seriam, se nom trabalhassem de fazer as cousas, em que ouveremde servir, que sejam a vontade de seu senhor (…).”D. João I, Livro <strong>da</strong> Montaria, Capº 2“Este joguo [<strong>da</strong>nçar] lhes <strong>da</strong>a folgança, ca se os olhos <strong>da</strong>m cansaçoao entender em veer muytas petiçoões, quem duvi<strong>da</strong>, que nom perca ocansaço em veer a sala muy bem guarni<strong>da</strong> de muy ricos panos, e outrosiveer muytas do<strong>na</strong>s e donzellas muy ricamente vesti<strong>da</strong>s, e tambem cavaleiroscomo escudeiros, que todos nom parasem mentes senom em tomarprazer. Quem duvi<strong>da</strong> que o entender com tam bõas cousas como estasnom perdesse o anojamento que recebesse por as cousas sobreditas. E seo entender cansa em ouvir cousas nojosas de muytos que com elle queremdesembargar, bem parece que se devia alegrar em ouvir os muy docestangeres que fazem os instrumentos. Se o tocar <strong>da</strong>a nojo ao entender domandoopolla maão dizendolhe que lhe dee audiencias, e outrosi <strong>da</strong>ndolhepetiçoões, quem cuy<strong>da</strong>ria que nom perdesse tal enfa<strong>da</strong>mento e nojo emtomar huã fermosa do<strong>na</strong> ou donzella polla maão e <strong>da</strong>nçar com ella.”D. João I, Livro <strong>da</strong> Montaria, Cap 2.144 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .“E porque o estado e honrra dos reys nom está senom nos boons desua terra, porem muyto se devem de guar<strong>da</strong>r, que por nenhum sabor domundo nom perdessem so boons talantes delles. E este apartamento lhesfaz ain<strong>da</strong> de se bem nom tragerem tambem a elles, como aos seus, assiem os corpos, como em suas casas: ca os que sempre an<strong>da</strong>m por matos,que sabor averam em se bem trager. E assi meesmo teremos veedoresdiscretos que saibam [trazer] as salas ricamente aposta<strong>da</strong>s, e que saibamman<strong>da</strong>r fazer estranhos manjares, e to<strong>da</strong>llas cousas que pera casa de humrey, que honrra<strong>da</strong>mente ouvesse de manteer seu estado (…) [cumprem].”D. João I, Livro <strong>da</strong> Montaria, Capº 7.O palácio de D. João I, no alto do castelo leiriense, foi frequentemente habitadopor ele. Em 1400, contratualizou-se aqui o casamento do futuro Duquede Bragança com a filha de D. Nuno Álvares Pereira. Os “Ínclitos Infantes”,rei D. Duarte e Infante D. Pedro, sobremodo, contam-se entre os que maistempo habitaram estes paços. Também D. Afonso V aqui passou largas tempora<strong>da</strong>s<strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>. Este rei, mece<strong>na</strong>s e amante <strong>da</strong>s artes e <strong>da</strong> cultura, entregouos direitos reais sobre <strong>Leiria</strong> aos Vila Real, em 1463. Alguns anos depois,em 1475, cedeu ao Conde D. Pedro de Meneses os paços novos, reservandopara si os paços junto a S. Pedro. Os Vila Real habitarão o palácio real <strong>da</strong>alcáçova por mais de cem anos. Cerca de 1580, ain<strong>da</strong> aí tinham mora<strong>da</strong>.Já nesse tempo, estes velhos paços apresentariam problemas e dificul<strong>da</strong>desque tor<strong>na</strong>vam desaconselhável habitá-los. A <strong>Leiria</strong> do Re<strong>na</strong>scimento edos séculos modernos viu o seu castelo entrar numa lenta letargia e agonia.Francisco Rodrigues Lobo dá nota, <strong>na</strong> sua obra, do arrui<strong>na</strong>mento do monumento.Na déca<strong>da</strong> de 1640, os procuradores de <strong>Leiria</strong> às Cortes procuraramsensibilizar o novo mo<strong>na</strong>rca para a necessi<strong>da</strong>de de se recuperar o velho castro.Debalde. No Século XVIII, o castelo tor<strong>na</strong>ra-se numa ruí<strong>na</strong> impressivapara artistas e curiosos viajantes, numa pedreira para os leirienses que a elerecorriam para colheita de pedraria para as suas construções.Francisco Rodrigues Lobo, no canto 19º do seu poema épico, “O Condestabrede Portugal”, situa no castelo de <strong>Leiria</strong> os episódios maravilhosos em quese revela, por mágica aparição, a descendência real de D. Nuno Álvares Pereira.O poeta leiriense conjuga len<strong>da</strong>s locais sobre o castelo com o seu génio poético.Os episódios remontam a 1400, ano em que se tratou, em <strong>Leiria</strong>, do casamentoentre D. Afonso, filho bastardo de D. João I e futuro duque de Bragança, com afilha de D. Nuno Álvares Pereira. Hesitante, vagueando pelo interior do casteloleiriense, D. Nuno Álvares Pereira é alvo de uma revelação misteriosa.Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 145


. história .“Mas pouco tempo em tais obras reparte, / Que apressado del Reychega hum correyo, / Que quer jurar por Pincepe a Duarte. / Que tem dealta esperança o reyno cheyo: / Para Leyria alegre o Conde parte, / Dondeo Rey fica, e lhe esta carta veyo, / A Villa chega, e pondo os olhos nella, /Vio que nunca antes vira outra mais bella. /Vio aquelle edificio levantado, / Sobre o profundo vão de altos rochedos,/ De dous tam claros rios rodeado, / Povoados de soutos e arvoredos,/ De flores <strong>na</strong>turaes vestido o prado, / Que aos descui<strong>da</strong>dos olhos fazemledos, / Engraçados outeyros, frescos montes. /O doce Patria minha deseja<strong>da</strong>, / Que nunca esqueci<strong>da</strong> em meu versoamoroso, / Que quanto sois mais bella e celebra<strong>da</strong>, / tanto sempre de vóssou mais queyxoso; / Se amor que he <strong>na</strong>tural respeyta a <strong>na</strong><strong>da</strong>, / Mais quea seu fim, que he ser mais generoso / Bem pago estou do muyto que vosquero, / Pois nem temo a ventura, nem <strong>na</strong> espero. /(…)Está ao pé dos paços do Castello, / Sobre aquella alta rocha alevantado,/ Hum sumptuoso Templo altivo e bello, / Que a Senhora <strong>da</strong> Pe<strong>na</strong> henomeado; / Nos pilares, colum<strong>na</strong>s, e modelo, / Naquelle tempo ilustre,e celebrado, / Com os antigos despojos que ficárão, / Das pedras que aColipo hum tempo honrarão.Alli depois que orou, mais satisfeyto, / De seu desejo an<strong>da</strong>ndo se detinha,/ A passa<strong>da</strong> de hum muro ja desfeyto, / Que com huma torre antigaajuntar vinha, / Por hum portal escuro muyto estreyto, / Que ao fundo dehuns penedos encaminha, / Hum vulto vio que entrava; e por seu nome, /Chamando a D. Nun’alvares se lhe some.Por ser o passo escuro e desusado, / Entre enre<strong>da</strong><strong>da</strong>s eras escondido,/ Foy tras delle seguindo o Conde ousado, / Com a espa<strong>da</strong> apunha<strong>da</strong>, esem ruido, / Num corredor se achou muy bem lavrado, / Sobre colum<strong>na</strong>sGoticas erguido, / Aonde huma estreyta esca<strong>da</strong> lhe apparece, / Que malpode julgar para onde dece.Mas vendo aquella entra<strong>da</strong> tam segura, / Desceo por ella ao escondidocentro, / Por ver que gente estranha, ou que aventura, / Podia haver<strong>na</strong>quella cova dentro, /Quero ver se isto he casa, ou sepultura, / Razoavaentre si por onde eu entro, / Quem della me chamou, se gente huma<strong>na</strong> / Sehe sombra que me busca, ou que me enga<strong>na</strong>.Desceo a esca<strong>da</strong> em voltas rodea<strong>da</strong>, / Até parar num quadro ondecahia, / E alli achou huma porta alevanta<strong>da</strong>, / Que em elle alli chegandose lhe abria, / Patente, e livre mostra a larga entra<strong>da</strong>, / E tal o interior lhe146 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .apparecia, / Que bem <strong>da</strong>va aos olhos claro indicio, / Que era de encantamentoso edificio.E deyxando o seu preço tam vistoso, / Que aos sentidos mais livres assombrárão,/ Entrou <strong>na</strong> sala o Conde valeroso, / Que invisiveis ministrosfabricárão: / E qual se a vira o Sol claro e formoso, / ou seus rayos continuonella entrárão, / Estava tam fermosa, alegre e clara, / Que o mesmoSol a luz della invejára.Atravessando a casa huma donzella, / Para elle veyo alegre, e comedi<strong>da</strong>,/ Do rosto tam modesta, humilde, e bella, / Como ayrosa, galante, ebem vesti<strong>da</strong>, / Do mesmo traje algumas vem com ella, / Mas por senhorahe logo conheci<strong>da</strong>, / Sau<strong>da</strong>ndo cortês ao bom Pereyra, / Lhe começa afallar desta maneyra,Não vos altere a estranha novi<strong>da</strong>de, / Alto senhor, que a quem a esteaposento, / Voz traz deveis ha muyto huma vontade, / Que ante vós deveter merecimento. / Outrem a ha de pagar, e em outra i<strong>da</strong>de, / terá fim destaobra o fun<strong>da</strong>mento, / Com o soberano fim d’huma aventura, / Que o tempoesconde em esta sepultura.Neta sou de hum muy nobre Cavalleyro, / Cuja historia he muy larga,eu serey breve, / Que no tempo de Affonso o rey primeyro, / Este Castelloem guar<strong>da</strong> hum tempo teve, / Ain<strong>da</strong> do sangue antigo, e ver<strong>da</strong>deyro, / Aque esse nome vosso origem deve, / Que agora sem primeyro, e sem segundo,/ Mais claro in<strong>da</strong> ha de ser que o Sol no mundo,Pelo roubo que fez de huma donzela, / Que escondi<strong>da</strong> a seu rey trouxeconsigo, / Para poder goza-la, e defende-lla, / E atalhar sua morte, e seucastigo, / Guiado <strong>da</strong> ventura, ou <strong>da</strong> cautella, / De hum Mouro se valeoseu grande amigo, / Que de mortal afronta elle salvára, / Quando a bellaLeyria o Rey tomára.Era este Mouro astuto e poderoso, / Sobre espritos immundos, e profanos,/ Magico encantador maravilhoso, / Famoso entre os Numi<strong>da</strong>s Africanos,/ De <strong>da</strong>r a troca a vi<strong>da</strong> cobiçoso, / A quem guardára a sua em iguais<strong>da</strong>nnos, / Em esta cova occulta, e não pisa<strong>da</strong>, / Fabricou novamente outramora<strong>da</strong>.Com elle aqui viveo sempre encerrado, / Té que chegando a ultimaparti<strong>da</strong>, / tendo hum filho do amigo doutri<strong>na</strong>do, / Na arte de espritos variosaprendi<strong>da</strong>: / Deyxando este lugar todo encantado, / E a sepultura aosolhos escondi<strong>da</strong>, / De ambos se despedio, e em tempo breve, / Traz elle ocharo amigo a morte teve.Viveo depois Arminio, que este era / O nome de meu pay, que a força,Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 147


. história .e rogo, / Tambem por outro engano aqui trouxera, / A que <strong>da</strong>ndo-me avi<strong>da</strong> a perdeo logo: / Tam sabedor <strong>na</strong> arte que aprendera, / Que escureciao Sol, qualhava o fogo, / E formava no ar confusamente, / Machi<strong>na</strong>s, edificios,guerra e gente.Deu por fruto de sua larga i<strong>da</strong>de, / E <strong>da</strong> arte que sabia feya e escura, /Hum livro de alto preço, e de bon<strong>da</strong>de, / Onde escrita ficou minha ventura:/ Onde ja desde grande antigui<strong>da</strong>de, / Té a i<strong>da</strong>de presente e a futura, /Retratados estão por varios annos, / Os Varões singulares Lusitanos.Encanta<strong>da</strong>s as folhas por tal arte, / Que o Heroe que entrasse esta mora<strong>da</strong>,/ Só podesse chegar té aquella parte, / Que dos fados aqui lhe estáguar<strong>da</strong><strong>da</strong>: / E porque vós invicto, e novo Marte! Em quem a fama estásempre occupa<strong>da</strong>, / Ereis fim principal, e o melhor meyo, / Desta prisãoque eu passo, e deste enleyo.Tempos muyto compridos, differentes, / Té ver-vos esperou com grãodesejo, / deyxando-me estas horas tam contentes, / Em que o principioa meu remedio vejo: / Elle vos dera as armas excellentes, / Que <strong>na</strong> terraaonde mais se espalha o Tejo, / Por vos armas, novel se hião buscando, /rey<strong>na</strong>ndo com Leonora o rey Fer<strong>na</strong>ndo.Elle em habito humilde, e perigrino, / Vos temperou a espa<strong>da</strong> luminosa,/ Que o barbeyro sagaz, <strong>da</strong> paga indino, / Vos deu com a nova entãobem duvidosa: / A cujo aço luzente, e corte fino, / Nenhuma alheya forçahe poderosa, / E pelo que esta vin<strong>da</strong> me importava, / A vosso pay fallouquando caçava.Tratou de vosso illustre casamento, / De cujo fruto Europa to<strong>da</strong> espera,/ Eter<strong>na</strong> fama, eterno vencimento, / E o desterro <strong>da</strong> ley barbara, efera, / E porque neste meu raro aposento, / Vós não podeis estar quantoeu quisera, / Vamos vereis a estranha maravilha, / Do Varão singular deque sou filha.A isto o Conde está como espantado, / Lembrando-lhe os si<strong>na</strong>is do quedizia, / E a donzela cortes, brando, incli<strong>na</strong>do, / Com muy bran<strong>da</strong>s razõesse offerecia: / Mostrando-se queyxoso, e magoado, / Do tempo que in<strong>da</strong>o fado differia, / Do seu antigo, e injusto cativeyro, / Desejando ser elleo Cavalleyro.Depois <strong>da</strong> nova offerta cobiçoso, / A outro aposento o leva de cristal,/ Em cuja porta hum drago riguroso, / preso hum escudo tem de Portugal;/ E por cima de hum globo luminoso, / Doutro mais claro, e lucido metal,/ Estava o livro estranho, e grão thesouro, / Brochas de diamante, e pastasd’ouro.148 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .Com respeyto muy grande, e cortesia, / Qual mostrou a donzella comque veyo, / Sobindo alguns degraos que ante elle havia, / O livro abrio demaravilhas cheyo; / Abrindo o proprio seu retrato via, / Tam <strong>na</strong>tural queera hum vivo enleyo, / E a filha deseja<strong>da</strong> illustre, e bella, / E o que humletreyro diz, lia a donzella.D. Nun’alvares Pereyra, em sua i<strong>da</strong>de / A de ouro a Portugal restitui<strong>da</strong>,/ Dará ao Reyno além, <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, / Esta filha famosa, e bem <strong>na</strong>sci<strong>da</strong>; /Da qual ha de ser to<strong>da</strong> a Christan<strong>da</strong>de, / Samea<strong>da</strong> de Heroes cuja vi<strong>da</strong>, /Com mór gloria do sexo feminino, / occupárão o assento cristalino.[Segue-se a enunciação <strong>da</strong> descendência de D. Nuno Álvares Pereira]Deste <strong>na</strong>sce Maria, que consorte, / De Felippe serà segundo Hispano,/ A quem rouba primeyro a dura morte, / Outra do mesmo nome em nosso<strong>da</strong>nno; / Outra Rainha <strong>na</strong>sce altiva e forte / A quem seu perti<strong>na</strong>z, e falsoengano, / Faz borrar deste livro, e desta historia, / E outros indignos ja dehonra, e memoria.Aqui fazia fim esta escritura, / E o Conde ir adiante pretendia / A outrafolha voltando, em sombra escura / O livro, a casa, e tudo se encobria, /O Drago que <strong>na</strong> porta em grande altura, / Com os escudo luzente apparecia,/ Para elle vem voando, e a donzella, / Nem a vio mais, nem soube oConde della.Levou a mão ligeyro á forte espa<strong>da</strong>, / E em tocando o Dragão comhum golpe duro / Desaparece a machi<strong>na</strong> encanta<strong>da</strong>, / E acha esperando osseus junto do muro; / Do que lhe aconteceo não contou <strong>na</strong><strong>da</strong>, / Ficandolhe<strong>na</strong> mente o caso escuro, / E no proprio lugar grande aventura / Quealguma hora vereis noutra escritura.”Francisco Rodrigues Lobo, “O Condestabre de Portugal D. NunoAlvares Pereyra”, Canto XIX, in Obras Politicas, Moraes e Metricasdo Insigne Portugues Francisco Rodrigues Lobo, <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> Cu<strong>da</strong>dede Leyria. Lisboa Oriental, Offici<strong>na</strong> Fereyria<strong>na</strong>, 1723, p. 588-593.ReflexõesNo Século XIX, romântico e saudoso de perdi<strong>da</strong>s I<strong>da</strong>des de Ouro, como amedieval, tempo de virtuosos cavaleiros <strong>da</strong> Távola Redon<strong>da</strong>, de “castelos noar”, de príncipes e princesas, o castelo de <strong>Leiria</strong> tornou-se foco de atenções ede sonhos. Por entre as suas ruí<strong>na</strong>s, passeavam-se, em frescos entardeceres,os modestos burgueses leirienses. Espectáculos de teatro e fogos-de-artifício<strong>da</strong>vam vi<strong>da</strong> fugaz a este cenário de silêncio e de assombro a quem nenhumforasteiro ficava indiferente.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 149


. história .A chega<strong>da</strong> a <strong>Leiria</strong> de Ernesto Korrodi vai provocar uma revolução nestaletargia. O sonho leiriense é acor<strong>da</strong>do pela acção, inteligência ver<strong>da</strong>deiramentegenial e persistência deste grande espírito artístico e filantropo que foiErnesto Korrodi. A edição dos seus Estudos de Reconstrucção do Castelo de<strong>Leiria</strong>, em 1898, marca a mu<strong>da</strong>nça decisiva <strong>na</strong> atitude <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e do paíspara com este castelo.A investigação arquivística tem permitido complementar a informaçãohistórica disponível sobre o passado do monumento, permitindo detectar <strong>da</strong>dosinéditos, precisar contextos históricos e ampliar as cronologias pertinentes.Já depois <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> edição do nosso livro Introdução à História doCastelo de <strong>Leiria</strong>, pela Câmara Municipal de <strong>Leiria</strong>, em 2004, foi possível(re)descobrir, por exemplo, novos <strong>da</strong>dos acerca de alguns alcaides-mores docastelo. Também <strong>na</strong>s obras de Selma Pousão Smith e Mafal<strong>da</strong> de Noronhase encontram importantes referências para a história <strong>da</strong>s elites dirigentes de<strong>Leiria</strong>, algumas delas com residência nos paços castelãos.Para além dos registos literários, como se viu, o estudo do castelo de <strong>Leiria</strong>beneficia de outro tipo de fontes, sobretudo visuais. Quadros de artistascom despectivas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e do castelo, posto que muito raros para o períodoanterior ao século XVIII, e, já desde fi<strong>na</strong>is do século XIX, fotografias, permitemrevisitar, de modo mais rigoroso e mesmo arqueológico, a história domonumento.Na déca<strong>da</strong> de 1890, Eugène Lefèvre-Pontalis, professor de história <strong>da</strong>arte e de arqueologia medievais, em Paris, deslocou-se a Portugal, tendo feitonumerosas fotografias de vários monumentos. Entre eles, o castelo de <strong>Leiria</strong>,mas também os Mosteiros <strong>da</strong> Batalha e de Alcobaça. As suas preciosas fotostêm um elevado valor informativo uma vez que mostram o estado de ruí<strong>na</strong>do monumento nos fi<strong>na</strong>is <strong>da</strong>quela centúria. O arquivo onde se conservamestas fotos é o <strong>da</strong> Société Française d’Archéologie / Ministère de la Culture(França). Podem consultar-se a partir do site Europea<strong>na</strong>. O arquivo <strong>da</strong> antigaDirecção Geral de Edifícios e Monumentos Nacio<strong>na</strong>is guar<strong>da</strong> numerosasimagens antigas do monumento. Algumas anteriores às campanhas de restauro,outras documentando estas mesmas campanhas.Durante longos anos, o acesso a estas fontes visuais era restrito e a reprodução,<strong>da</strong>s mesmas, difícil e dispendiosa. Hoje, consegue-se consultar on lineo acervo em causa, constituído por mais de um milhar de fotos.Em 1850, deu entra<strong>da</strong> no British Museum, por compra, um lote de 21plantas e mapas de lugares e fortificações portuguesas, os quais haviam per-150 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |


. história .tencido a Lorde Wellington, o famoso coman<strong>da</strong>nte dos exércitos anglo-lusosque derrotaram as armas <strong>na</strong>poleónicas em solo português e espanhol.Lord Beresford, duque de Wellington, conheceu bem <strong>Leiria</strong> e a sua região.Vários oficiais ingleses, e mesmo franceses, deixaram, nos seus diáriose <strong>na</strong>s suas cartas, alusões preciosas ao castelo e à ci<strong>da</strong>de. Foi no contextodestas campanhas de Wellington, em Portugal, que lhe chegou a planta docastelo de <strong>Leiria</strong>, que hoje se revela. Leva<strong>da</strong> para Inglaterra, viria a ser referi<strong>da</strong>no Catalogo dos manuscriptos portuguezes existentes no Museu Britannico,de Frederico Francisco de la Figanière, Lisboa 1853. Primitivamenteintegrado <strong>na</strong> secção de “Adden<strong>da</strong>” (Nº 18 208), do British Museum, viria aser transferido, mais recentemente, para a Natio<strong>na</strong>l Library de Londres, ondese encontra. Deixamos, nestas pági<strong>na</strong>s, uma reprodução dessa preciosa plantaque tanta informação relevante traz acerca do mais importante monumento<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong>.O castelo de <strong>Leiria</strong> cerca de 1930. (Foto DGEMN)Reflexões| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 151


. história .Planta do Castelo de <strong>Leiria</strong> (c. 1808-1810) – Londres, British Library - Adden<strong>da</strong>, Ms. 18 208152 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |

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