. escritos episcopais .Por isso, esta exposição procura <strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong>de à riqueza e à <strong>beleza</strong>, tantasvezes escondi<strong>da</strong>, do di<strong>na</strong>mismo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> eclesial <strong>na</strong>s suas várias vertentes:<strong>espiritual</strong>, orante e celebrativa, cultural e lúdico-festiva. É uma ver<strong>da</strong>deirafesta <strong>da</strong> alegria, <strong>da</strong> fé, <strong>da</strong> esperança e <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de para a Igreja e para aspessoas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.Eis o rosto <strong>da</strong> nossa Igreja diocesa<strong>na</strong> em exposição, nos seus múltiplosreflexos, uma Igreja viva, que não tem complexos e se quer <strong>da</strong>r a conheceraos de dentro e aos de fora.Para organizar e estruturar esta festa foi necessário um longo percursode muito trabalho, dedicação e conjugação de boas vontades, por parte deinúmera gente envolvi<strong>da</strong>. Contámos com a parceria <strong>da</strong> Câmara (que desdeo primeiro momento ofereceu to<strong>da</strong> a colaboração), <strong>da</strong> Junta de freguesia, <strong>da</strong>Arquivo Distrital, do Posto de Turismo, <strong>da</strong> Cruz Vermelha, do Santuário de<strong>Fátima</strong>, <strong>da</strong> Paróquia <strong>da</strong> Sé e de tantos voluntários <strong>da</strong>s várias comuni<strong>da</strong>des. Atodos, concretamente à Comissão Organizadora, expresso a profun<strong>da</strong> gratidãopelo empenho, pelo entusiasmo e pela paixão que puseram <strong>na</strong> organização<strong>da</strong> festa e no seu êxito. Que Deus lhes pague!Documentos2.Foi uma feliz coincidência a realização desta Festa <strong>da</strong> <strong>Fé</strong> com o Dia<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Leiria</strong>. A ci<strong>da</strong>de pode assim viver uma experiência singular eorigi<strong>na</strong>l entre nós, uma calorosa experiência de comunhão que traz às suasruas a alegria, a conviviali<strong>da</strong>de e a fraterni<strong>da</strong>de características <strong>da</strong> fé cristã.Uma experiência que aju<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de a redescobrir e reencontrar o seu rostoe a sua alma.Um grande presidente <strong>da</strong> câmara, filósofo, teórico e poeta <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, G.La Pira, presidente <strong>da</strong> câmara <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Florença, em Itália, em 1954 escreviaeste texto lindo sobre a ci<strong>da</strong>de: “As ci<strong>da</strong>des têm um rosto próprio, têmpor assim dizer uma alma e um destino próprios. Não são meros armazéns depedra; são misteriosas habitações dos homens e mais ain<strong>da</strong>, de certo modo,misteriosas habitações de Deus”.De facto, a ci<strong>da</strong>de tem uma arquitectura, uma urbanística, uma geografia,uma sociologia e uma psicologia: uma ci<strong>da</strong>de tem as ruas, as praças, as casas,os edifícios públicos, os lugares de culto, de reunião e de divertimento.Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de tem os seus centros de poder cívico, politico, económico; tem apossibili<strong>da</strong>de de uma subsistência económica, de sustentabili<strong>da</strong>de e de segurançaestrutural. Mas o que é que mantém unidos tantos fios de uma tão ricae multiforme complexi<strong>da</strong>de?| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 47
. escritos episcopais .O centro e a alma <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de são as pessoas e a comunhão entreelas. A ci<strong>da</strong>de é para o homem; não o homem para a ci<strong>da</strong>de. À volta <strong>da</strong>spessoas constrói-se a ci<strong>da</strong>de e os seus lugares simbólicos onde se enraíza asua vi<strong>da</strong>: o templo para a sua união com Deus e a sua vi<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong>; a casapara a sua vi<strong>da</strong> de família; a ofici<strong>na</strong> e a empresa para a sua vi<strong>da</strong> de trabalho;a escola para a sua vi<strong>da</strong> intelectual e cultural; o hospital para a sua vi<strong>da</strong> físicasaudável; o mercado para o intercâmbio de bens; as praças para a sua vi<strong>da</strong>de lazer e de convívio.São os lugares simbólicos que exprimem a vi<strong>da</strong> <strong>espiritual</strong>, a vi<strong>da</strong> familiar,a vi<strong>da</strong> económica, a vi<strong>da</strong> cultural, a vi<strong>da</strong> convivial, social e lúdica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.É isto que dá alma à ci<strong>da</strong>de. Portanto, convi<strong>da</strong>-nos a olhar para a ci<strong>da</strong>de, nãoape<strong>na</strong>s como lugar onde dispomos de serviços e de estruturas que oferecembem-estar à nossa vi<strong>da</strong>, mas sobretudo como lugar e espaço onde se realiza avi<strong>da</strong> dos homens <strong>na</strong>s suas várias dimensões.A Festa <strong>da</strong> fé, como evento <strong>espiritual</strong> e cultural, é também um valoracrescentado para a humanização <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de trazendo para o seu centro aconviviali<strong>da</strong>de e a fraterni<strong>da</strong>de do amor, sem o qual o coração humano e aci<strong>da</strong>de dos homens se transformam num deserto <strong>espiritual</strong>.Faz bem ao nosso coração e ao nosso espírito passear pelos “corredores”desta exposição, parar em atitude de silêncio e contemplação, participar nosvários eventos para viver a alegria e a <strong>beleza</strong> <strong>da</strong> comunhão.Boa Festa! Muito obrigado a todos!<strong>Leiria</strong>, 21.05.2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>48 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |