. escritos episcopais .provérbio africano: “Se queres ir depressa, corre sozinho; se queres chegarlonge, caminha com os outros”.Outro aspecto fun<strong>da</strong>mental é a comunicação <strong>da</strong> fé e <strong>na</strong> fé entre os presbíteros.O presbitério não se tor<strong>na</strong> lugar de fraterni<strong>da</strong>de sacramental onde nãose privilegiam as relações de fé ao serviço do ministério. De outro modo, asreuniões do clero podem assemelhar-se a assembleias empresariais, lugarespara fazer funcio<strong>na</strong>r a empresa, espaço para distribuição de encargos.A capaci<strong>da</strong>de de partilhar a fé é o princípio de todo o bom trabalho emcomum. Esta partilha realiza-se <strong>na</strong> oração em conjunto, <strong>na</strong> lectio divi<strong>na</strong> partilha<strong>da</strong>,<strong>na</strong> preparação <strong>da</strong> homilia em grupo e de iniciativas pastorais, nosmomentos fraternos de conviviali<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> coragem humilde <strong>da</strong> correcçãofrater<strong>na</strong>...Para alcançar os objectivos <strong>da</strong> comunhão é ain<strong>da</strong> necessária uma autênticaascese ou discipli<strong>na</strong> em ordem a combater e elimi<strong>na</strong>r os modos de pensare os comportamentos que a impedem ou destroem.Antes de mais, é preciso vigiar perante algumas tentações que podemafectar ou desagregar esta comunhão: o isolamento do “orgulhosamente só”(eu faço sozinho e por minha conta); o espírito de indiferença (que me importaos outros?); a atitude de auto-suficiência (não preciso dos outros para<strong>na</strong><strong>da</strong>); o <strong>na</strong>rcisismo de quem põe o “ego” no centro de tudo; e o neoclericalismoderivado <strong>da</strong> sede de protagonismo ou <strong>da</strong> fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de.Alem disso, é aconselhável uma “regra de vi<strong>da</strong> “ pessoal que torne possívelum estilo de vi<strong>da</strong> saudável e orde<strong>na</strong><strong>da</strong> com método de trabalho e discipli<strong>na</strong>.DocumentosAo serviço <strong>da</strong> comunhão <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de cristãA comunhão no presbitério está ao serviço <strong>da</strong> comunhão eclesial que émais vasta. Com efeito, o ministério é para a comuni<strong>da</strong>de. Esta é o lugar normal<strong>da</strong> comunhão do presbítero com os fiéis e onde é chamado a ser o “pivot”<strong>da</strong> comunhão em to<strong>da</strong>s as dimensões.“O padre deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz defazer caminhar <strong>na</strong> uni<strong>da</strong>de todo o rebanho que a bon<strong>da</strong>de do Senhor lhe confiou,aju<strong>da</strong>ndo-o a superar as divisões, a reconciliar as roturas, a apla<strong>na</strong>r oscontrastes e as incompreensões, a perdoar as ofensas” (Bento XVI).O serviço <strong>da</strong> comunhão leva o padre também a promover a corresponsabili<strong>da</strong>de,suscitando colaborações, valorizando e integrando os diversos carismas,serviços e ministérios para a edificação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.| 49 • LEIRIA-FÁTIMA | 43
. escritos episcopais .Testemunho <strong>da</strong> comunhão e promoção vocacio<strong>na</strong>lTudo isto assume um relevo particular <strong>na</strong> promoção vocacio<strong>na</strong>l. Nenhumjovem poderá sentir um chamamento se os seus olhos não contemplam <strong>na</strong>vi<strong>da</strong> frater<strong>na</strong> dos padres e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des algum vestígio <strong>da</strong> <strong>beleza</strong> do Senhore do sacerdócio, capaz de reunir os irmãos e alimentar a comunhão.“Se os jovens vêem padres isolados e tristes, não se sentem certamenteencorajados a seguir o seu exemplo. Ficam perplexos se são levados a pensarque é este o futuro do padre. É importante pois realizar a comunhão de vi<strong>da</strong>que lhes revele a <strong>beleza</strong> do sacerdócio. Então o jovem dirá: “Este pode ser umfuturo também para mim; assim, pode-se viver” (Bento XVI).Concluindo, o futuro <strong>da</strong> Igreja passa através <strong>da</strong> comunhão autêntica atodos os níveis. Nela está a força <strong>da</strong> missão mesmo quando as estruturas sãopobres e débeis. Um presbitério em comunhão é um reflexo <strong>da</strong> <strong>beleza</strong> deDeus-Amor Trinitário e <strong>da</strong> Igreja-Comunhão!Renovando agora as nossas promessas de fideli<strong>da</strong>de a Cristo e à Igrejapeçamos por intercessão <strong>da</strong> Virgem Mãe e do Santo Cura d’Ars: “Senhor,aceita-nos como somos e aju<strong>da</strong>-nos a ser como Tu nos desejas” (João PauloI)! Ámen! Aleluia!Catedral de <strong>Leiria</strong>, 1 de Abril de 2010† António Marto, Bispo de <strong>Leiria</strong>-<strong>Fátima</strong>44 | LEIRIA-FÁTIMA • 49 |