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Berta Alves - Associação de Professores de Matemática

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ÀS VOLTAS COM AS ISOMETRIAS NO 2.º CICLO<br />

<strong>Berta</strong> <strong>Alves</strong> – Universida<strong>de</strong> do Minho<br />

bgsalves@iec.uminho.pt<br />

Filipe Sousa – Universida<strong>de</strong> do Minho<br />

filipe.fcm@gmail.com<br />

Ema Mame<strong>de</strong> – Universida<strong>de</strong> do Minho<br />

emame<strong>de</strong>@iec.uminho.pt<br />

Resumo<br />

Propõe-se para esta sessão prática a exploração <strong>de</strong> uma pasta <strong>de</strong> material didáctico<br />

contendo activida<strong>de</strong>s contextualizadas com as recentes orientações curriculares<br />

<strong>de</strong>finidas no novo Programa, procurando efectuar uma análise <strong>de</strong> conceitos essenciais<br />

associados ao tópico das isometrias, no 2.º Ciclo do Ensino Básico.<br />

Contextualização Curricular<br />

O Programa <strong>de</strong> Matemática do Ensino Básico (2007) <strong>de</strong>fine como propósito principal<br />

no ensino da Geometria <strong>de</strong>senvolver nos alunos o sentido espacial, realçando a<br />

importância da visualização e da compreensão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> figuras geométricas.<br />

As isometrias começam a ser abordadas no 1.º Ciclo, sendo exploradas no estudo dos<br />

frisos e aprofundadas no 2.º Ciclo, recaindo o seu estudo essencialmente sobre a<br />

reflexão e a rotação. Relativamente a este tema, o programa <strong>de</strong> Matemática do Ensino<br />

Básico (2007) refere que:<br />

O estudo da Geometria <strong>de</strong>ve ter como base tarefas que proporcionem<br />

oportunida<strong>de</strong>s para observar, analisar, relacionar e construir figuras<br />

geométricas e <strong>de</strong> operar com elas. As tarefas que envolvem as isometrias<br />

do plano <strong>de</strong>vem merecer atenção especial neste ciclo, sobretudo as que<br />

dizem respeito a reflexões e rotações, pois permitem a aprendizagem <strong>de</strong><br />

conceitos geométricos <strong>de</strong> forma dinâmica e o aprofundamento da sua<br />

compreensão. (p.36)


Para o 2.º Ciclo, o Programa <strong>de</strong> Matemática do Ensino Básico (2007) reforça ainda a<br />

importância das isometrias para o <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> congruência. Pois,<br />

duas figuras congruentes relacionam-se entre si através <strong>de</strong> reflexões, rotações,<br />

translações ou reflexões <strong>de</strong>slizantes, sendo ainda que “este tipo <strong>de</strong> transformações<br />

permite a exploração, construção e classificação <strong>de</strong> frisos e rosáceas.”(p.37).<br />

Relativamente aos frisos convém ressalvar que já no 1.º Ciclo do Ensino Básico se<br />

<strong>de</strong>fine como objectivo específico “Construir frisos e i<strong>de</strong>ntificar simetrias” (p. 23),<br />

sugerindo “a exploração <strong>de</strong> frisos i<strong>de</strong>ntificando simetrias, <strong>de</strong> translação, reflexão,<br />

reflexão <strong>de</strong>slizante e rotação (meia-volta)” (p. 23).<br />

A simetria é tida como um conceito-chave aten<strong>de</strong>ndo a que se po<strong>de</strong>m caracterizar<br />

“objectos geométricos, simplificar-se argumentos e, com o seu recurso, é possível<br />

elaborar estratégias <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas em muitos casos <strong>de</strong> maior<br />

eficácia.”(p.37).<br />

Alguns conceitos essenciais<br />

As isometrias são um tipo <strong>de</strong> transformações geométricas que mantêm a forma e as<br />

dimensões da figura original, como se po<strong>de</strong> ver no exemplo I. Já a transformação<br />

geométrica representada no exemplo II altera as dimensões da figura inicial, e portanto,<br />

não é uma isometria.<br />

Exemplo I<br />

Exemplo II<br />

Figura 1 – Transformações geométricas<br />

Assim, uma isometria ou movimento rígido é um caso particular <strong>de</strong> uma<br />

transformação geométrica que tem a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar as distâncias entre os<br />

pontos. Ou seja, se f é uma isometria e P e Q dois pontos quaisquer, tem-se que<br />

( f ( P),<br />

f ( ))<br />

d ( P,<br />

Q)<br />

= d Q , isto é, a distância entre esses dois pontos é a mesma que entre<br />

os seus transformados, f (P)<br />

e f (Q)<br />

.


Destacam-se quatro tipos <strong>de</strong> isometrias no plano: a translação, a rotação, a reflexão e<br />

a reflexão <strong>de</strong>slizante. É possível provar que qualquer isometria é <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes quatro<br />

tipos.<br />

Simetria <strong>de</strong> uma figura F é uma isometria T do plano que <strong>de</strong>ixa a figura invariante, <strong>de</strong><br />

modo que T(F) = F (Bastos, 2006). Ou seja, qualquer isometria que transforme uma<br />

dada figura nela própria diz-se uma simetria <strong>de</strong>ssa figura, pelo que, uma figura po<strong>de</strong> ter<br />

simetria <strong>de</strong> reflexão, simetria <strong>de</strong> rotação, simetria <strong>de</strong> translação ou simetria <strong>de</strong> reflexão<br />

<strong>de</strong>slizante.<br />

No entanto, qualquer que seja a figura consi<strong>de</strong>rada, existe sempre uma transformação<br />

geométrica que a <strong>de</strong>ixa invariante, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Sendo assim, Veloso (1998) consi<strong>de</strong>ra<br />

que uma figura é simétrica se admitir, pelo menos, uma simetria diferente da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

Por exemplo, na figura A é possível <strong>de</strong>finir isometrias diferentes da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que a<br />

<strong>de</strong>ixam invariante, nomeadamente, reflexões e rotações. Já na figura B, para além da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, não é possível <strong>de</strong>finir uma transformação geométrica que a <strong>de</strong>ixe invariante.<br />

Figura A<br />

Figura B<br />

Figura 2 - Simetrias<br />

As simetrias em frisos<br />

A análise <strong>de</strong> frisos constitui uma importante fonte <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> simetrias. No friso<br />

seguinte é possível encontrar os quatro tipos <strong>de</strong> simetria, nomeadamente, simetria <strong>de</strong><br />

translação, simetria <strong>de</strong> reflexão, simetria <strong>de</strong> rotação e simetria <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong>slizante.<br />

Figura 3 – Friso<br />

Em qualquer friso, o grupo <strong>de</strong> simetria é sempre infinito e po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>stacar-se 7<br />

tipos <strong>de</strong> frisos diferentes (numa classificação monocromática). A exploração <strong>de</strong>stes


tipos <strong>de</strong> frisos, com material didáctico específico, parece-nos po<strong>de</strong>r constituir uma<br />

oportunida<strong>de</strong> para estudar isometrias na sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> forma divertida, resolvendo<br />

problemas e efectuando pequenas investigações. Deste modo, enten<strong>de</strong>mos po<strong>de</strong>r<br />

apoiar os professores do 2.º Ciclo na implementação das suas aulas sobre isometrias<br />

propondo, discutindo e partilhando tarefas motivadoras para os seus alunos.<br />

Assim, julgamos ser pertinente estimular os professores para a realização <strong>de</strong> aulas<br />

que possibilitem aos seus alunos um contacto com as transformações geométricas,<br />

tão importantes na formação matemática dos alunos. Bastos (2007) justifica a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atribuir uma maior atenção ao estudo das transformações<br />

geométricas, por um lado, pela sua relevância na história da matemática actual, e<br />

por outro “porque constituem um campo rico <strong>de</strong> conexões, uma ferramenta muito<br />

útil para <strong>de</strong>monstrações, para resolver problemas e, <strong>de</strong> uma maneira geral, para<br />

raciocinar sobre o plano e o espaço” (p. 23).<br />

Preten<strong>de</strong>-se nesta sessão prática explorar proprieda<strong>de</strong>s presentes em frisos, com a<br />

utilização <strong>de</strong> materiais didácticos e tarefas para implementação em contexto <strong>de</strong> sala<br />

<strong>de</strong> aula, no 2.º Ciclo.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Bastos, R. (2006). Notas para o Ensino da Geometria – Simetria. Educação e Matemática, 88,<br />

9–11.<br />

Bastos, R. (2007). Notas sobre o Ensino da Geometria – Transformações Geométricas.<br />

Educação e Matemática, 94, 23 – 27.<br />

Ponte, J. P.; Serrazina, L.; Guimarães, H. M.; Brenda, A.; Guimarães, F.; Sousa, H.; Menezes,<br />

L.; Martins, M. E. e Oliveira, P. A. (2007). Programa <strong>de</strong> Matemática do Ensino<br />

Básico. Lisboa: ME/DGIDC.<br />

Veloso, E. (1998). Geometria – Temas Actuais. Lisboa.: Instituto <strong>de</strong> Inovação Educacional.

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