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Entrevista com Dr. Laurence Andrews - Dental Press

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F ó r u m<br />

Espaço aberto à questionamento pertinentes à área<br />

ortodôntica e ortopédica<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong><br />

O aprimoramento dos conceitos e técnicas ortodonticas, e a excelência<br />

dos resultados obtidos ocorrem graças aos estudos desenvolvidos por pessoas<br />

inovadoras e criativas, através de conceitos modernos e determinação<br />

em atingir suas metas terapêuticas. <strong>Dr</strong>. <strong>Laurence</strong> <strong>Andrews</strong>, <strong>com</strong> seu espírito<br />

crítico e revolucionário, no final da década de 50 iniciou suas pesqui-<br />

sas, desenvolvendo um aparelho aperfeiçoado, dinâmico e simplificado. Em 1972, <strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong><br />

publicou “As Seis Chaves da Oclusão Normal”, no qual enfatizou a importância e a necessidade<br />

de que os nossos objetivos de tratamento imitassem a oclusão perfeita natural.<br />

As suas pesquisas culminaram na criação de um aparelho destinado a eliminar dobras<br />

nos fios, as quais eram demoradas e difíceis de reproduzir, de modo que o ortodontista pudesse<br />

dedicar o seu tempo no diagnóstico e nos estudos para se atingir os resultados previsíveis.<br />

Recentemente, <strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> esteve no Brasil participando do I Congresso Internacional de<br />

Ortodontia (Curitiba/PR), divulgando suas últimas pesquisas, e na oportunidade foi realizada<br />

uma entrevista, por eméritos profissionais, para a edição de aniversário da Revista <strong>Dental</strong><br />

<strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Maxilar.<br />

01 - Em qual porcentagem<br />

seu sistema de diagnóstico, os<br />

Seis Elementos, indica a necessidade<br />

de cirurgia ortognática<br />

para que o paciente finalize<br />

atendendo os Seis Elementos<br />

da Harmonia Orofacial <strong>Dr</strong>.<br />

Leopoldino Capelozza.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Setenta e três<br />

dos meus últimos cem pacientes<br />

apresentavam condições que necessitavam<br />

de cirurgia ortognática<br />

para alcançar os Seis Elementos.<br />

Vinte dos setenta e três pacientes<br />

foram selecionados para a cirurgia,<br />

e os outros cinqüenta e três foram<br />

tratados o mais próximo dos Seis<br />

Elementos à medida que suas condições<br />

originais permitiam. Os pacientes<br />

não são rejeitados para tratamento<br />

se escolherem um tratamento<br />

opcional, desde que venham<br />

se sentir melhor <strong>com</strong> o resultado.<br />

02 - Quais as principais razões<br />

pelas quais os pacientes<br />

decidem por um tratamento<br />

opcional ao invés de um tratamento<br />

ótimo <strong>Dr</strong>. Leopoldino<br />

Capelozza.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Custos e riscos.<br />

03 - Qual a sua expectativa<br />

em relação à estabilidade dos<br />

resultados e à saúde da dentadura<br />

a longo prazo <strong>com</strong> um<br />

tratamento que tenha por objetivo<br />

os Seis Elementos <strong>Dr</strong>.<br />

Leopoldino Capelozza.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Não há estudos<br />

sobre os efeitos a longo prazo dos Seis<br />

Elementos <strong>com</strong> relação à estabilidade<br />

ou à saúde. Por produzirem uma harmonia<br />

das estruturas orofaciais, é lógico<br />

que a presença dos Seis Elementos<br />

a longo prazo resultará numa melhor<br />

estabilidade e saúde que o tratamento<br />

opcional.<br />

Entre os aspectos atraentes dos Seis<br />

Elementos estão: é um conjunto <strong>com</strong>pleto<br />

de objetivos orofaciais dentro dos limites<br />

da odontologia; possui melhores referentes<br />

que outras abordagens conhecidas;<br />

apresenta os objetivos de tratamento<br />

que as pessoas mais escolheriam<br />

para si se não houver a preocupação <strong>com</strong><br />

finanças, tempo e risco; correlação entre<br />

os Seis Elementos e a harmonia e a saúde<br />

orofacial. Um benefício adicional é que,<br />

se um paciente escolhe o tratamento<br />

opcional depois que o tratamento ótimo<br />

e o opcional forem explicados, ele não<br />

poderá voltar atrás e posteriormente criticar<br />

o ortodontista por não tê-lo informado<br />

sobre todas as opções.<br />

Os pais e pacientes adultos gostam<br />

muito de conhecer todas as opções. Quando<br />

a cirurgia é necessária para se atender os<br />

Seis Elementos, eles podem ser demonstrados<br />

<strong>com</strong> objetivos visuais do tratamento<br />

(OVT) antes e após abordagens <strong>com</strong> e sem<br />

cirurgia. O paciente então decide.<br />

04 - O senhor re<strong>com</strong>enda que<br />

os pós-graduandos em<br />

ortodontia aprendam a tratar<br />

primeiro <strong>com</strong> o aparelho<br />

edgewise não-programado ou iniciem<br />

diretamente <strong>com</strong> o aparelho<br />

totalmente programado <strong>Dr</strong>. Décio<br />

Rodrigues Martins.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - A medida que nos<br />

aproximamos do ano 2000, não vejo vantagem<br />

em irmos à guerra <strong>com</strong> um avião<br />

de 1930. O conceito e o aparelho straight<br />

wire têm sido aceitos mundialmente. O<br />

tempo dispendido ensinando-se aparelhos<br />

obsoletos deveria ser melhor ocupado<br />

<strong>com</strong> o ensino da montagem de modelos<br />

e de tratamentos <strong>com</strong> objetivos gnatológicos.<br />

Quando um paciente se transfere<br />

para o meu consultório <strong>com</strong> um aparelho<br />

parcialmente programado ou não,<br />

nós o trocamos por um aparelho totalmente<br />

programado, sem custos. Entendemos<br />

que <strong>com</strong>pensaremos o custo <strong>com</strong><br />

a eficiência do tratamento.<br />

REVISTA DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL<br />

VOLUME 2, Nº 5<br />

SETEMBRO / OUTUBRO - 1997<br />

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05 - Em sua opinião, os<br />

iniciantes na ortodontia serão<br />

capazes de diagnosticar utilizando<br />

o método cefalométrico dos<br />

Seis Elementos sem terem aprendido<br />

a cefalometria tradicional<br />

<strong>Dr</strong>. Décio Rodrigues Martins.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Eles devem aprender<br />

os dois, mas por razões diferentes.<br />

A abordagem dos Seis Elementos é melhor<br />

para o diagnóstico porque utiliza<br />

novos pontos de referência que resultarão<br />

em objetivos de tratamento ânteroposteriores<br />

(AP) que são particularizados<br />

para cada indivíduo ao invés das<br />

médias desenvolvidas a partir de uma<br />

norma <strong>com</strong>putadorizada. Quem deseja<br />

ser tratado por médias<br />

Se um paciente fosse diagnosticado<br />

utilizando cada uma das 200 análises<br />

cefalométricas relatadas, a variação para<br />

os objetivos AP poderia muito bem ser<br />

de 14 milímetros. Por que temos tantas<br />

análises Talvez porque estamos tentando<br />

encontrar uma que funcione. Não há<br />

correlação entre os referentes da cefalometria<br />

tradicional e <strong>com</strong> o que seja<br />

esteticamente único para cada indivíduo.<br />

Uma vez que o novo método é experimentado<br />

e <strong>com</strong>parado aos métodos<br />

tradicionais, mesmo pelos conservadores,<br />

a superioridade da abordagem dos<br />

Seis Elementos fica óbvia. O que não será<br />

obsoleto a respeito dos referentes internos<br />

tradicionais é quanto às<br />

superposições no sentido de se aprender<br />

os efeitos do tratamento de um paciente<br />

porque, para aquele objetivo, os<br />

referentes são únicos para aquele indivíduo.<br />

06 - Quando os fios são removidos<br />

e são utilizados os elásticos<br />

up and down para melhorar<br />

a intercuspidação, estes elásticos<br />

irão introduzir uma inclinação<br />

negativa nos dentes posteriores<br />

Se o fizerem, o que o senhor pensa<br />

sobre a utilização dos arcos<br />

(retangulares trançados) para<br />

amenizar estes movimentos indesejáveis<br />

<strong>Dr</strong>. Gastão Moura Neto.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Os elásticos up and<br />

down são usados somente por uma ou<br />

duas semanas, tempo que não é suficiente<br />

para alterar mensuravelmente a<br />

inclinação. Caso os elásticos sejam necessários<br />

por um período mais longo<br />

é preciso contrabalancear. Eu prefiriria<br />

elásticos up and down ao invés de<br />

botões linguais.<br />

07 - O senhor mostra a seus<br />

pacientes uma espécie de tabela<br />

que ilustra a importância da<br />

força contínua para um movimento<br />

dentário eficiente. O senhor<br />

a denomina de tabela da<br />

“Teoria das Dez Horas”. A ilustração<br />

mostra que do momento<br />

em que a força é aplicada, é necessário<br />

aproximadamente 8 a<br />

10 horas de força antes do dente<br />

iniciar o movimento. A tabela<br />

mostra então que se aquela<br />

força é removida por apenas 1<br />

hora e meia, a química do osso<br />

se reverte de osteoclástica para<br />

osteoblástica, então, se a mesma<br />

força for reaplicada ela leva<br />

novamente aproximadamente 8<br />

a 10 horas para que o processo<br />

osteoclástico reinicie. Isto significa<br />

que se o paciente retirar<br />

os elásticos a cada 8 horas durante<br />

meia hora, não haverá progresso<br />

mesmo que ele o use por outras<br />

22 horas e meia. Minha pergunta<br />

é, o senhor realmente acredita que<br />

isto é o que realmente acontece ou<br />

é apenas uma técnica para se estimular<br />

a cooperação do paciente<br />

<strong>Dr</strong>. Roberto Macoto Suguimoto.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Isto ocorre 100%<br />

em alguns pacientes e menos em outros.<br />

A utilidade desta abordagem é que<br />

os dentes que você não quer movimentar<br />

podem ser utilizados <strong>com</strong>o ancoragem<br />

por 8 horas para movimentar os<br />

dentes que você deseja. Apenas mantenha<br />

24 horas de força sobre o dente<br />

que você quer movimentar e mude a<br />

outra extremidade do elástico para um<br />

dente diferente a cada 8 horas.<br />

A dificuldade é medir a responsabilidade<br />

do paciente em seguir a prescrição<br />

das 8 horas. Alguns pacientes<br />

esquecem e ocasionalmente deixam<br />

a força sobre o dente por mais de 10<br />

horas, sendo assim, o uso de um relógio<br />

de pulso <strong>com</strong> alarme ajuda.<br />

Parece haver uma correlação entre a<br />

eficácia da teoria e aquelas que seguem<br />

a prescrição do tempo. Um extenso<br />

relato clínico naquele indivíduo<br />

está sendo preparado <strong>com</strong> um grande<br />

número de relatos de modelos.<br />

Esperamos aprender mais de um estudo<br />

histológico que está sendo conduzido<br />

atualmente.<br />

08 - Qual a sua opinião sobre<br />

<strong>com</strong>o a ortodontia será praticada<br />

na próxima década <strong>Dr</strong>.<br />

Renato Rodrigues de Almeida.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - A montagem de<br />

modelos será rotina; um aparelho<br />

edgewise totalmente programado<br />

será o aparelho fixo de escolha; os<br />

Seis Elementos, referentes, métodos<br />

e classificação serão normas; os<br />

ortodontistas irão evoluir de mecânicos<br />

para diagnosticadores e estrategistas<br />

que supervisionam e dirigem<br />

a equipe de apoio na colagem de<br />

braquetes e troca de fios. Os<br />

ortodontistas irão colaborar muito<br />

mais <strong>com</strong> os cirurgiões maxilofaciais<br />

(quando necessário) para maximizar<br />

a harmonia orofacial de cada<br />

paciente.<br />

09 - Sabemos que o senhor<br />

utiliza o ponto médio da face<br />

da coroa dentária <strong>com</strong>o o local<br />

onde os braquetes devem ser<br />

posicionados. Freqüentemente<br />

encontramos pré-molares <strong>com</strong><br />

coroas muito curtas. Qual é a<br />

sua estratégia de colagem para<br />

tal condição <strong>Dr</strong>. Renato Rodrigues<br />

de Almeida.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Andrews</strong> - Certamente há exceções,<br />

mas em minha clínica notei que era<br />

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VOLUME 2, Nº 5<br />

SETEMBRO / OUTUBRO - 1997<br />

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extremamente raro que apenas algumas<br />

coroas em um arco fossem curtas. Normalmente,<br />

se os pré-molares são curtos<br />

ou longos então as outras coroas do arco<br />

também são. Exceto pelas coroas mal formadas<br />

e para se evitar temporariamente<br />

o choque dente-braquete devido à largura<br />

incorreta do arco, alinhamento, ou<br />

relação interarco, não posso pensar<br />

numa simples situação em que tenha achado<br />

necessário posicionar um braquete<br />

em qualquer outro local que não o ponto<br />

FA da coroa. O aparelho straight-wire é<br />

planejado para atuar naquele local, se<br />

colocado em outro lugar, de fato ele não<br />

é um aparelho straight-wire. Nunca observei<br />

interferência oclusal <strong>com</strong> braquetes<br />

desde que as Seis Chaves para uma<br />

oclusão ótima sejam alcançadas. Com isso<br />

em mente, pode-se dizer que se os braquetes<br />

estão posicionados <strong>com</strong>o prescrito<br />

e há interferência, então a oclusão está<br />

incorreta. Se isto ocorre <strong>com</strong> freqüência,<br />

o primeiro local que examinaria seria a<br />

largura do arco e se ele aceita a largura<br />

da Borda Wala.<br />

Quando os braquetes não podem ser<br />

posicionados corretamente por causa da<br />

interferência oclusal, há várias opções:<br />

1. posicioná-los corretamente abrindo a<br />

mordida temporariamente <strong>com</strong>: a) placa<br />

de mordida ou b) cimento de ionômero<br />

de vidro na superfície oclusal dos molares<br />

inferiores (molar dos 06 anos); 2.<br />

posicionar os braquetes temporariamente<br />

fora da oclusão até que a forma do<br />

arco e a relação interarco sejam melhoradas<br />

a ponto dos braquetes poderem<br />

ser posicionados corretamente.<br />

LEOPOLDINO CAPELOZZA FILHO<br />

- Mestre e Doutor pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade<br />

de São Paulo (FOB-USP).<br />

- Responsável pelo Setor de Ortodontia do Hospital de Pesquisa e<br />

Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais da Universidade de São Paulo<br />

(HPRLLP-USP), em Bauru/SP.<br />

- Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da PROFIS - Bauru/SP.<br />

RENATO RODRIGUES DE ALMEIDA<br />

- Professor Assistente Doutor do Departamento de Ortodontia e<br />

Odontopediatria, Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia<br />

de Bauru/SP.<br />

- Professor Responsável pela Disciplina de Ortodontia da Faculdade de<br />

Odontologia de Lins- UNIMEP<br />

ROBERTO MACOTTO SUGUIMOTO<br />

- Especialista em Ortodontia - PROFIS (Bauru/SP)<br />

- Mestre em Cirurgia Traumatologia e Buco Maxilo Facial - HPRLLP.<br />

GASTÃO MOURA NETO<br />

- Especialista em Ortodontia pelo Hospital de Pesquisa de Lesões Lábio-<br />

Palatais - Centrinho (Bauru SP).<br />

- Membro Fundador do Grupo de Ortodontia pela Técnica Straight-Wire.<br />

- Introdutor da Técnica Straight-Wire em Portugal.<br />

- Professor do Curso de Especialização em Presidente Prudente / SP.<br />

DÉCIO RODRIGUES MARTINS<br />

- Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia, ao nível de<br />

Doutorado, da Faculdade de Odontologia de Bauru.<br />

- Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de<br />

Odontologia de Bauru/USP.<br />

O Conselho Editorial agradece aos eméritos Professores pela participação na Seção Fórum da “Revista<br />

<strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> de Ortodontia e Ortopedia Maxilar” e pela colaboração à ciência ortodôntica <strong>com</strong> o<br />

engrandecimento da qualidade da informação passada aos leitores.<br />

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